SAÚDE-ALCOOLOGIA-PROJECTO-2008a

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CONTRIBUTOS PARA A SÍNTESE DA AVALIAÇÃO DO PA 2005-2008 E PROPOSTA PARA PA 2009 – 2012

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1.

Diagnóstico/antecedentes

Foram levados a cabo levantamentos das interfaces entre o Ensino Superior e a área da toxicodependência. Esses levantamentos iniciados em 2007 estão ainda em curso devendo estar concretizados até ao final de 2008. Os levantamentos incidem nas áreas das (1) ofertas e necessidades formativas no âmbito da toxicodependência, (2) produção de teses e investigações, (3) necessidades e acções neste âmbito, por parte dos Serviços/Gabinetes de Apoio aos Estudantes, (4) necessidades e acções, por parte das Associações Académicas e, finalmente (5) articulação entre a rede social de suporte (IPSS e ONG) e o meio universitário, no âmbito da toxicodependência. Está presentemente em curso a organização de um Inquérito Nacional ao Ensino Superior para a análise da dinâmica académica e hábitos de consumo dos estudantes universitários. Este Inquérito deverá produzir informação diagnóstica no ano de 2009.

2.

Pressupostos

O Ensino Superior é um contexto com um padrão de consumo preponderantemente recreativo de carácter abusivo e pouco controlado de álcool, especialmente associado a festividades académicas como a sejam a Latada, a Recepção ao Caloiro, a Queima das Fitas / Semana Académica / Enterro da Gata, etc. Os estudos realizados pela Dr.ª Vitória Mourão e Dr. Jorge Torgal realçavam já em 1999 uma prevalência significativa do consumo de haxixe entre a população universitária. A procura de ajuda específica para problemas de consumo de substâncias psicoactivas (spa) por parte dos estudantes universitários junto aos serviços do IDT era pouco relevante. Para esta população este tipo de comportamento é eventualmente referido como secundário em pedidos de ajuda noutro tipo de respostas na área da saúde mental, nomeadamente nas consultas psicológicas dos Serviços de Apoio aos Estudantes. Uma maior proximidade do IDT a estes serviços poderá garantir uma melhor resposta na abordagem ao consumo de substâncias psicoactivas. Paralelamente o Ensino Superior enquanto responsável pela formação de futuros profissionais é um parceiro por excelência no desenvolvimento de melhores ofertas formativas, quer aos seus alunos quer a qualquer profissional em busca de um conhecimento especializado em determinada área. A aproximação do IDT ao ensino superior, nomeadamente através da oferta de processos formativos com forte componente prática em áreas como a prevenção e a redução de riscos e a minimização de danos poderá garantir uma aprendizagem mais suportada pela prática – de acordo com as orientações do Tratado de Bolonha – ao mesmo tempo que sensibiliza todo um futuro corpo de profissionais e reforça a capacidade de resposta do terreno. Finalmente, o Ensino Superior enquanto referência na produção científica pode surgir como suporte ao desenvolvimento de uma atitude mais consistente nas intervenções comunitárias, nomeadamente enquanto parceiro no processo de avaliação de projectos.

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3.

Objectivos

Os objectivos do GIES envolvem: - Recolher informação sobre os hábitos de consumo de spa no Ensino Superior. - Promover uma maior participação dos estudantes universitários em projectos de prevenção e redução de riscos. - Promover a formação de técnicos dos Gabinetes/Serviços de Apoio ao Estudante para uma melhor resposta nas áreas do tratamento e prevenção do consumo de spa. - Reforçar a participação do Ensino Superior no aumento da qualidade da intervenção no âmbito da toxicodependência nomeadamente através de uma maior oferta formativa bem como do suporte ao processo de avaliação

4.

Plano de Intervenção

Concretizar o levantamento das interfaces do Ensino Superior com a área da toxicodependência até Dezembro de 2008

Aplicar o Inquérito Nacional ao Ensino Superior e tratar os dados até ao final do 1º semestre de 2009

Manter uma intervenção regular nas Festas Académicas (em especial nas Semanas Académicas) mediante o Projecto de Redução de Riscos no Ensino Superior que envolverá a formação e acompanhamento técnico a grupos de estudantes voluntários

Manter o envolvimento regular de Grupos de estudantes universitários no Projecto Eu e os Outros, envolvendo um processo de formação e acompanhamento técnico destes elementos

Iniciar a organização de um trabalho regular de parceria com a RESAPES – Rede de Serviços de Apoio ao Estudante Universitário – que envolverá formação e acompanhamento técnico nas áreas do tratamento e prevenção.

Estabelecer contactos com algumas Faculdades / Escolas Superiores para o desenvolvimento de programas específicos de formação nomeadamente no âmbito das formações ligadas ao desporto e ao ensino.

Promover um Encontro Nacional de carácter científico no qual se debata um maior envolvimento do Ensino Superior nas áreas anteriormente referidas.

5.

Plano de Avaliação

Organização de Protocolos de Avaliação de Processo incluindo grelhas de caracterização dos elementos envolvidos (individuais e institucionais), questionários de avaliação do processo formativo do grupo estratégico (sessão-a-sessão e final), questionário final de avaliação do projecto em termos de suporte recebido, interesse, satisfação, impacto subjectivo, desejo de continuidade. Foram igualmente criadas questionários para a avaliação junto aos grupos-alvo finais (jovens e crianças no âmbito da prevenção e estudantes universitários no âmbito da redução de riscos). No caso do projecto de redução de riscos foi

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G Grrruuupppooo dddeee IInnnttteeerrrvvveeennnçççãããooo nnnooo EEnnnsssiiinnnooo SSuuupppeeerrriiiooorrr ensaiado um processo de recolha de dados de avaliação da intervenção à posteriori com recurso à recolha de endereços electrónicos durante o evento. A estratégia não foi positiva requerendo readaptações para intervenções futuras. Os indicadores utilizados passam pelo grau de adesão às iniciativas. No âmbito da redução de riscos dada a fase embrionária da intervenção não foi possível ainda organizar indicadores mais precisos como por exemplo os número de encaminhamentos de situações de abuso de álcool para os dispositivos de saúde na sequência da intervenção das equipas de voluntários. Foi assumido como indicador a boa receptividade aos materiais distribuídos não se verificando o seu abandono nos recintos das festividades.

6.

Avaliação

Até à data, os dados de avaliação disponíveis para a intervenção no Ensino Superior são essencialmente de processo. No que respeita ao Projecto de Redução de Riscos a avaliação junto dos técnicos envolvidos (com recurso a escala de Likert de 1 = mau a 6 = muito bom) para as condições criadas é positiva, destacandose o apoio proporcionado pelos Serviços Centrais (5,6), o apoio dos Serviços Regionais (5,3), a integração destas tarefas nas funções quotidianas (5,0) e as condições dadas para o seu desenvolvimento (4,7). Solicitados a avaliar o trabalho de articulação com as estruturas parceiras (AA, FA, ARS, CM, GC, PSP/GNR, INEM, etc.), os técnicos do IDT envolvidos no projecto consideraram que a articulação se processou de forma positiva com a moda a situar-se ao nível do muito bom. A equipa técnica do IDT avaliou a formação igualmente de modo muito positivo em especial na qualidade (5,53) e na metodologia (5,53) adoptada mas igualmente no que respeita à quantidade, à organização, aos materiais de suporte e ao grau de habilitação proporcionado (4,89). Quanto ao tempo e à qualidade do apoio prestado bem como à definição e clarificação das funções do grupo de intervenção a avaliação por parte dos técnicos implicados é igualmente boa. A avaliação foi particularmente boa ao nível da relação estabelecida com os voluntários (5,55). Por fim, a avaliação final do projecto junto aos elementos das Equipas Técnicas, expressa a excelente aceitação do projecto por parte deste grupo e a enorme pertinência do mesmo (5,75). Os voluntários avaliaram positivamente o calendário, reforçando apenas que a divulgação poderá ser feita com mais antecedência e de forma mais alargada. Os voluntários consideraram ainda que foi grande (5,07) a aceitação por parte dos participantes nas SA, tendo considerado bom o impacto da intervenção (4,83). O maior impacto parece, contudo, ter sido junto ao grupo de voluntários (5,26) os quais destacam o enorme interesse do projecto (5,74) reforçado pela manifestação maciça do desejo de continuidade do envolvimento no projecto por 97% dos inquiridos. Finalmente junto aos frequentadores dos eventos a avaliação da intervenção dos grupos de voluntários é boa quer para a abordagem (5,37) e relação estabelecida (5,43) quer para a informação prestada (5,33). Quanto ao projecto na sua globalidade, ele recebeu muito boa avaliação, quer na pertinência quer na estratégia adoptada de apostar na relação de pares. Os materiais distribuídos foram considerados pertinentes e adequados. Finalmente, a grande maioria dos estudantes que responderam a este pequeno questionário (97%) consideraram que o projecto deveria ter continuidade.

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A intervenção desenvolvida pelo grupo de voluntários cobriu 40 noites, das Semanas Académicas de 9 cidades. Estiveram envolvidos na intervenção 237 voluntários e 51 técnicos do IDT perfazendo mais de 200 horas de acção no terreno. Foram distribuídos 46.655 flyers, 8.500 fitas de pulso, 39.700 preservativos masculinos, 5.000 preservativos femininos, 930 lubrificantes, cerca de 6.000 testes de alcoolemia, aproximadamente 100 kg de chupa-chupas/doces e algumas T-shirts. A estes materiais acrescem 40.000 flyers produzidos pela FA do Porto com a colaboração técnica do IDT.

7.

Avaliação prospectiva

Discussão de resultados e conclusões Considerou-se como Pontos Fortes do Projecto de Redução de Riscos (Strenghts) a (1) Capacidade de mobilização e a disponibilidade pessoal dos técnicos IDT, bem como a (2) diversidade de áreas funcionais que estiveram envolvidas na intervenção (prevenção, redução de riscos, tratamento, reabilitação, formação). De igual modo é de sublinhar a (3) capacidade de mobilização dos jovens. Foi igualmente considerado um ponto forte o (4) bom nível de articulação entre instituições/estruturas que permitiram criar as condições básicas à intervenção e, no decurso desta um bom nível de consistência entre interventores. Também o (5) bom aproveitamento da formação dada que garantiu (6) um excelente nível de Compromisso/Responsabilidade por parte dos voluntários (só duas desistências). Outro ponto forte foi a possibilidade de (7) integrar a análise dos níveis de alcoolemia na intervenção bem como a distribuição de preservativos. Por fim o ultimo ponto forte da intervenção foi o (8) desejo de continuidade de todas as partes integrantes do projecto – voluntários, técnicos e destinatários Considerou-se como Pontos Fracos do projecto (Weaknesses) (1) a escassez de tempo para negociar e consolidar a intervenção com os parceiros de forma a garantir melhores condições físicas e de suporte aos técnicos e voluntários (alimentação, entradas gratuitas no recinto, facilidades de parqueamento, etc.); (2) o pouco tempo que houve para formar grupo com os voluntários antes de iniciar a intervenção foi outro dos pontos fracos identificados; (3) a escassez dos materiais para distribuição foi, em alguns casos, um factor de fragilidade bem como a (4) a dificuldade de transporte dos materiais para distribuição (não foi equacionado a necessidade de sacos de suporte aos grupos de ronda; (5) a funcionalidade dos diários de bordo foi outro dos pontos identificados sendo sugerido um formato maior e com capas duras para facilitar a escrita; (6) a ausência de um flexibilização de horários resultou num ponto fraco ao nível do adequado suporte técnico e, finalmente foi sentida a (7) ausência de um cartão ou material específico que, permitindo a identificação dos interventores, fornecesse simultaneamente os contactos locais para uma potencial continuidade da relação estabelecida em momento posterior. Considerou-se como Oportunidades do projecto (Opportunities) (1) a demonstração do papel dos pares na intervenção no Ensino Superior mais concretamente no âmbito da redução de riscos bem como (2) dar visibilidade ao IDT junto à população universitária, reforçando o seu papel no âmbito da prevenção do abuso de álcool; (3) demonstrar a boa articulação entre diferentes organismos ao nível da prevenção, nomeadamente junto a Prevenção Rodoviária Portuguesa, à Coordenação Nacional do VIH/SIDA, Administração Regional de Saúde e Polícia de Segurança Pública, entre outras, mediante a utilização

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G Grrruuupppooo dddeee IInnnttteeerrrvvveeennnçççãããooo nnnooo EEnnnsssiiinnnooo SSuuupppeeerrriiiooorrr maciça de alcoolímetros e a distribuição de preservativos (masculinos e femininos); (4) tirar proveito da dinâmica deste projecto para dar inicio à introdução de pequenos blocos formativos dirigidos aos estudantes universitários no âmbito da prevenção do abuso de substâncias psicoactivas, ao mesmo tempo (5) que se reforça o papel das associações de estudantes neste processo enquanto parceiras de divulgação e captação de voluntários, articulação esta que poderá assumir um carácter mais estável e protocolado. Finalmente, consideraram-se como Ameaças ao projecto (Threats) alguma confusão de papéis e de enquadramento do grupo de voluntários que poderá resultar no assumir de uma atitude mais próxima da intervenção na crise em contexto de saúde mais fácil a estudantes de enfermagem ou de medicina mas de alto risco para outras áreas de formação. A preocupação dos organizadores com o lucro do evento pode igualmente ser uma ameaça ao desenvolvimento pela não criação das condições mínimas à intervenção dos voluntários, nomeadamente como já foi referido anteriormente o salvo conduto de acesso ao recinto da festa, os canais de comunicação com as estruturas de emergência presentes e a alimentação dos voluntários. Finalmente a sobrecarga dos técnicos de apoio durante este período de tempo resulta numa ameaça à melhor adesão ao projecto e ao sentimento de reconhecimento pelo trabalho desenvolvido.

No que diz respeito ao envolvimento de estudantes universitários em projectos de prevenção, o presente ano permitiu ensaiar o enquadramento técnico – formação e acompanhamento - de 67 estudantes universitários em 8 cidades no âmbito do Projecto Eu e os Outros. A experiência foi genericamente positiva ainda que os dados do questionário de avaliação final só devam estar disponíveis no final deste ano. Finalmente no que diz respeito ao processo de aproximação à Rede dos Serviços de Apoio ao Estudante (RESAPES) a avaliação é igualmente muito positiva, verificando-se interesse e disponibilidade para uma parceria estável que se traduziu no convite à participação na sua assembleia geral e posteriormente à organização de uma sessão de trabalho conjunta coincidente com a assembleia seguinte e na qual se propõem chegar a um planeamento de actividades – essencialmente formativas – para o ano de 2009. A sua boa implantação no Meio Universitário e o domínio das dinâmicas deste contexto deixam antever nestes parceiros um poderoso suporte à consolidação das intervenções preventivas a partir deste contexto bem como o reforço da qualidade de resposta clínica destes serviços em situações que envolvam o consumo de substâncias psicoactivas.

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G Grrruuupppooo dddeee IInnnttteeerrrvvveeennnçççãããooo nnnooo EEnnnsssiiinnnooo SSuuupppeeerrriiiooorrr Documentos de referência

Carta de Missão

Estratégia Nacional de Luta Contra a Droga

Plano de Acção Nacional de Luta Contra a Droga – Horizonte 2008

Relatório OEDT

Relatórios de Actividades do IDT

Relatório de Avaliação do GIES

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