7 minute read

hInspiração

A Arte de Ser Feliz de Cecília Meireles

MINHAS PEQUENAS FELICIDADES CERTAS – Jacyra Carneiro

Advertisement

Montanari

Minhas pequenas felicidades certas Criança sorrindo deitava no chão

Pra ver pequenas nuvens no céu

Elas vinham e se desfaziam então

Em um grande e branco véu.

Eu sorria e olhava o jardim

Muitas flores o enfeitavam

Cada uma dizia pra mim

Que felizes lá se achavam.

Cresci, muito deixei de olhar

Estudo e trabalho não permitiam

Mas ao ouvir minha mãe dedilhar

Sorrindo e dançando me viam.

Mas o tempo foi passando

E vi cada gato chegar

Sorrindo fui caminhando

Aprendendo com eles amar.

Hoje, quando fico o dia a olhar

Ao meu redor os gatos se deitam

Sorrindo me ponho a criar

Eles e a escrita me deleitam.

PEQUENAS FELICIDADES CERTAS – Laerte Temple

Nem todos gostam da segunda-feira. O gato Garfield, conhecido personagem gordo, preguiçoso e ranzinza dos quadrinhos, gosta da segunda-feira porque é o dia da semana mais distante da próxima segunda-feira.

No meu trabalho, todos os dias, de segunda e sexta, eu sempre recebia um Bom Dia efusivo e o sorriso aberto da Solange, morena bonita, simpática e com histórico de vida peculiar. Mas isso não era privilégio só meu. Ela tratava bem todos os colegas, era muito educada e fazia questão de pronunciar todas as palavras sem comer sílabas, esses ou erres finais.No meu trabalho, todos os dias, de segunda e sexta, eu sempre recebia um Bom Dia efusivo e o sorriso aberto da Solange, morena bonita, simpática e com histórico de vida peculiar. Mas isso não era privilégio só meu. Ela tratava bem todos os colegas, era muito educada e fazia questão de pronunciar todas as palavras sem comer sílabas, esses ou erres finais. Era rica? Saúde perfeita? Amor resolvido? Nada disso. Quando a contratei, tinha menos de 20 anos e ensino médio incompleto. O cargo não exigia muito e ela se dedicou ao máximo. Diabética desde a infância, tomava insulina diária antes das refeições. Mãe solteira aos 16, estava só neste mundo e não contava com a ajuda da família. O tempo passou, a dedicação continuou e sua filha engravidou aos 16 anos. O pai, jovem e responsável, transformou o incidente numa família feliz.

A mais nova vovó que conheci continuou sorrindo e fazendo do trabalho sua terapia. Livre da atenção diária à filha, completou o ensino médio, faculdade, casou e o mundo parecia lhe sorrir, mas uma nova gravidez de alto risco, causou anoxia cerebral no bebê –redução do oxigênio no cérebro.

Quando retornou ao trabalho, quebrou o clima de piedade trazendo de volta o belo sorriso e o vibrante Bom Dia. Procurou todo tipo de tratamento para o menino, mas as sequelas o condenaram à vida vegetativa e, ao contrário do genro, o pai abandonou esposa e filho. Houve um tempo que, ao chegar no trabalho, tinha a certeza de que ouviria o melhor Bom Dia de todos, pronunciado até o fim e emoldurado por um belo sorriso. Houve um tempo que, quando alguém me procurava para choramingar, reclamar do cargo ou justificar-se com a frase “tenho um problema”, eu dizia: Não. Quem tem certamente um problema é a Solange. Os outros casos têm solução.

Solange nunca usou qualquer das tribulações para justificar erros ou suplicar compaixão. Eu nunca soube de onde ela tirava tanta força, mas comparava suas atitudes ao personagem bíblico Jó, que mesmo diante de grandes provações, nunca abandonou a fé. Quando deixei o emprego, meu substituto a demitiu.

PEQUENAS FELICIDADES CERTAS – Laerte Temple em paródia à Cecília Meireles

Houve um tempo em que minha janela se abria para um chalé, ou melhor, para uns 40 chalés, todos com luz vermelha sobre a porta. Naquela época, tinha muita mulher dando em cima de mim. Eu morava no piso inferior de um bordel.

Houve um tempo em que minha janela dava para um canal. Canal de esgoto a céu aberto, fedido, com barcos de caixas de papelão, garrafas PET e lixo boiando rumo ao infinito e além. Aquela água retornava às nossas torneiras como potável.

Houve um tempo em que minha janela se abria para um terreiro. Batuque e Candomblé até altas horas. Ai de quem reclamasse! Um dia chegou a polícia e pensei: vão botar ordem no terreiro, mas foram levar o sargento para tomar passe.

Houve um tempo em que minha janela se abria sobre a cidade que parecia feita de giz, mas eram pichações. Perto da janela havia um jardim quase seco. Rosa brigava com o marido por não regar o jardim e fazia greve de sexo até o cabra se aprumar. Jasmínio suicidou-se com 3 facadas nas costas, Rosa casou outra vez e tornou-se vingativa. E de mulher vingativa, até o diabo tem medo.

Quando falo dessas pequenas felicidades certas que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, mas eu, eteno otimista, digo que quando menos se espera, aí é que nada acontece e não há nada tão ruim que não possa piorar. É preciso aprender a olhar, para poder ver as coisas assim.

Infelicidades Certas Sandra Rodrigues

Há famílias dormindo em barracas improvisadas pelas ruas. Algumas crianças andam nuas. As pessoas com fome procuram nas caçambas de lixo por algo que nem mais tem nome. Há ainda muitasguerras pelo mundo. Homens poderosos poderiam parar de matar inocentes e bombardear cidades. Mas preferem se manter nas sombras.

As desigualdades aumentam. O planeta aquece...

Um amigo está doente e ninguém sabe como ele se sente.

Um irmão partiu e nem se sabe quando volta. Um amor se foi.

A saudade caminha em reviravoltas.

As infelicidades certas nos entristecem mais que as tardes vazias que se esvanecem.

Minhas pequenas felicidades certas - Sandra Rodrigues

Andar sob o pôr do sol Pés descalços sobre a areia

Ao longe se avista um mar sem fim Estar longe dos percalços

Caminhar na grama sentindo a terra sob os pés Melhor que escaldapés

Café com amigos numa tarde de domingo Depois do cinema Comentar sobre a melhor cena da trama ou se é teorema

Encontrar um amor antigo e perceber que ele ainda gostaria de estar comigo

Ter uma inspiração repentina Caindo sobre o coração como uma serpentina e Criar poemas na surdina

Sentir presente um amor ausente Transforma tudo o que se sente

Estar sempre encantado com a vida

Que essa não tem volta

Só ida

Surpresas de um instante Que não fazem o mesmo barulho de um livro caído da estante

Minhas pequenas felicidades certas Às vezes encobertas às vezes só alertas

INFELICIDADES INCERTAS ReginaMariass I

As infelicidades incertas aguardam famintos nas enchentes, nos furacões, nos terremotos, na perversão moral, no diurno da madrugada.

Ii

Ele se foi e nem me avisou que a vida continua.

NÃO TER A VERGONHA DE SER FELIZ Yara Pinaffo

“Viver e não ter a vergonha de ser feliz Cantar e cantar e cantar a alegria de ser um eterno aprendiz.” Gonzaguinha

Viver significa passar por altos e baixos, subidas e descidas, e nem sempre alcançar o topo. No entanto, será que o topo é realmente necessário?

Cometemos erros e acertos durante nossa jornada, mas temos a certeza de que nada é eterno. São essas situações que enfrentamos que nos fazem aprender durante o tempo em que estamos aqui neste planeta. Santos Dumont, o pai da aviação, passou toda a sua vida estudando, criando protótipos e perseguindo seu sonho de voar. Sua persistência, apesar de tantas derrotas, o fez vencer. Ele planejou seu caminho, estudou e seguiu em frente.

Na vida, o que realmente importa é o percurso, pois é nele que nos reconhecemos através dos olhares daqueles que cruzam nossos caminhos. É nesse caminho que aprendemos a amar, a ser participativos, a viver em comunidade e a ser recíprocos. Não somos definidos por nossos erros ou acertos, mas sim pela habilidade de reconhecê-los e transformar essas experiências em bens preciosos, como perseverança, humildade e fé.

O importante é a jornada em si, e não o destino final. A vida é uma constante evolução e aprendizado, e o sucesso não é medido pelo que alcançamos, mas sim pelas lições que aprendemos ao longo do caminho.

FRUIÇÃO Yara Pinaffo

Vivemos num tempo onde todos os relacionamentos são efêmeros. A cada dia as pessoas correm desesperadamente a fim de obter sucesso, terem mais likes em suas redes sociais, mostrar-se mais feliz que o outro. Zigmunt Bauman nos fala que vivemos na era da ansiedade, em que a felicidade é procurada a todo custo, mas nunca encontrada de forma duradoura.

Nesta conjuntura, os relacionamentos não são poupados. As pessoas entram e saem da vida umas das outras com a mesma rapidez que atualizam suas redes sociais. As conexões são superficiais, e muitas vezes baseadas em interesses breves. Não há espaço para construir relações mais profundas e significativas.

É fácil perceber que essa cultura do efêmero e da instantaneidade traz muitos desafios para as relações interpessoais. As pessoas se sentem sozinhas, desamparadas e incapazes de construir conexões verdadeiras e significativas com outras pessoas. Além disso, a pressão constante para mostrar-se feliz e bem sucedido pode criar uma imagem distorcida da realidade, que dificulta ainda mais a construção de relações autênticas. No entanto, é possível resistir a isso e investir em relacionamentos duradouros e significativos. Isso exige tempo, paciência e dedicação, mas os resultados podem ser muito gratificantes. Quando nos abrimos para o outro de forma genuína, construímos laços de confiança e intimidade que podem nos trazer grande conforto e segurança emocional. Portanto, mesmo em meio a um mundo que valoriza a instantaneidade e a superficialidade, vale a pena investir na construção de relações verdadeiras e duradouras. Afinal, é nos relacionamentos que encontramos um dos sentidos mais profundos da vida.

É tempo de sorrir, sorria! Yara Pinaffo

Sorria, sorria. É tempo de sorrir. Sorria. Sorria para a vida, a vida é alegria.

É tempo de sorrir, sorria!

Programa Silvio Santos

Rodolfo Cezar afirma que sorrir sozinho é bom, mas sorrir em conjunto é como pintar um arco-íris na alma. Sorrir é benéfico para o corpo, rejuvenesce e movimenta a musculatura facial, para a mente, nos livra do tédio e da tristeza, e para o espírito, nos fortalece. O ato de sorrir nos ajuda a esquecer das tristezas e da monotonia das atividades diárias, bem como do estresse da vida contemporânea. Muitas vezes temos medo de sorrir e parecer ridículos, mas um grupo filosófico oriental-religioso nos ensina exercícios do riso e a importância de sorrir para nosso bem-estar físico e mental. Além de ser benéfico para nós, sorrir também ajuda a melhorar a convivência com pessoas próximas e desconhecidas, pois traz alegria e confiança na humanidade. De acordo com Eibl Eibesfeldt, fundador da etologia humana, sorrir é um meio de comunicação universal que informa alegria, aceitação e afeição. Esse pesquisador aponta que o sorrir é presente em todas as culturas humanas. Em resumo, sorrir é mágico, contagiante e pode trazer a luz onde antes havia escuridão. Portanto, sorria!

MANU - Márcia Barrozo

Porque vem Colibri Pipoquinha Andorinha.

Porque é luz de tanta Lua Estrela Pirilampo

Porque nos dias reinicia o Big Bang! Yin e Yang às cansadas mitocôndrias.

Assim, me reencontra

A Deusa mais fecunda _

Felicidade!

Em mote e substantiva substância.

This article is from: