BIBLIOLOGIA
Mรณdulo I Curso Bรกsico de Teologia Profยบ Marcio Candido
SUMÁRIO I - A ESTRUTURA DA BÍBLIA 1 - Os Manuscritos 2 - As Traduções da Bíblia 3 - Cristo, O Centro da Bíblia 4 - A Divisão da Bíblia
II - O MANUSEIO DA BÍBLIA 1 - Datas no Texto
6 - Texto
2 - Sumário dos Capítulos
7 - Contexto
3 - Divisões em Capítulos e
8 - Referência
Versículos
9 - Inferência
4 - Divisão do Texto em
10 - Abreviaturas
Parágrafos 5 - Referências Marginais
III - REGRAS DE INTERPRETAÇÃO BÍBLICA 1 - Regra da Interpretação Literal 2 - Regra da Interpretação Cristocêntrica 3 - Regra da Interpretação da Primeira Menção 4 - Regra da Interpretação da Consideração do Contexto
5 - Regra da Interpretação Tríplice 6 - Regra da Revelação Cumulativa 7 - Regra do Bom Senso 8 - Regra da Repetição 9 - Regra do Correto Manuseio da Palavra 10 - Regra da Prática
IV - A FORMAÇÃO DO CÂNON 1 - Antigo Testamento 2 - Literatura Apócrifa 3 - Novo Testamento
I - A ESTRUTURA DA BÍBLIA Do vocábulo grego “biblos” temos o plural “Bíblia”, que quer dizer “livros”, de onde se origina o nome de nossa Bíblia. Um sinônimo de “a Bíblia” é “As Escrituras”, do grego “ta gramata” ou “hai graphai”.
Exemplos: “perguntou-lhes Jesus: nunca leste nas Escrituras” Mateus 21.42; “nunca lestes esta Escritura: A pedra...” Marcos 12.10; “Toda Escritura é divinamente inspirada...” II Ti-móteo 3.16.
1 - Os Manuscritos A Bíblia foi escrita em rolos, que são chamados de “manuscritos”. Esta palavra é indicada em abreviatura por “ms”. Estes manuscritos podem ser encontrados em forma de rolo ou livro, feitos de papiro ou pergaminho.
a) O papiro era preparado de uma planta aquĂĄtica, muito abundante no Egito. Era um material bastante durĂĄvel, contanto que nĂŁo fosse umedecido.
O papiro era forte e durĂĄvel em clima desĂŠrtico e seco. Suas folhas eram brancas e quando novas iam amarelando com o tempo, mas, se guardado em lugar seco nĂŁo prejudicava em nada a sua legibilidade.
h) O pergaminho era feito de peles de animais, curtida e polida, preparada para a escrita. É um material bem mais superior que o papiro, porém, de uso mais recente. Os manuscritos bíblicos possuíam duas formas de caligrafia: uncial e cursiva.
• uncial era escrito em letras maiúsculas e sem separação de palavras.
• cursivo tem letras minúsculas e separação de palavras.
2 - As Traduções da Bíblia A revelação de Deus é para todos os povos e não somente
para
os
judeus,
portanto,
houve
necessidade de se traduzir a Bíblia em outros idiomas.
a) A Septuaginta vocábulo "Septuaginta" deriva do latim e quer dizer "setenta". Escreve-se em algarismo romano "LXX". A Versão dos Setenta foi a primeira versão completa do AT. Esta tradução bíblica foi feita na ilha de Faros, no Porto de Alexandria, no Egito.
Recebeu este nome, porque foi feita por 72 sábios judeus, cada tribo e o trabalho foi feito em 72 dias. Nesta tradução os livros foram divididos por assuntos como estão hoje situados em nossa Bíblia. Por exemplo: Lei, História, Poesia e Profecia. Nesta tradução estão os livros apócrifos.
b) O Pentateuco Samaritano Esta tradução da Bíblia, chamada de "Pentateuco Samaritano"
foi
escrita
na
linguagem
dos
samaritanos que era uma mistura de hebraico e aramaico.
Trata-se dos 5 primeiros livros da Bíblia, levados para Samaria por Manassés, um sacerdote expulso de Jerusalém por ter se casado com uma gentia, a filha de Sambalat, governador de Samaria. Em Samaria foi construído um Templo, rival ao de Jerusalém, onde houve a necessidade de se levar para lá uma cópia da Lei.
c) A Vulgata Foi o primeiro livro impresso. Foi a Bíblia da Igreja do Ocidente, na Idade Média. A palavra "Vulgata" vem do latim e significa "vulgos", popular, corrente, do povo. É uma versão feita por Jerônimo. O AT foi traduzido diretamente do hebraico.
O NT foi revisado, uma vez que já havia muitas versões em latim. Foi decretada como Bíblia oficial da Igreja Romana, no Concílio de Trento. Porém, este decreto só foi cumprido em 1592, com a publicação de nova edição da Vulgata pelo Papa Clemente VIII.
c) Os Targuns Os Targuns (= tradução) eram traduções de porções do AT. Trata-se de explicações feitas em aramaico para os judeus que retornavam do cativeiro e haviam esquecido o hebraico. Havia os Targuns do Pentateuco, o dos Livros proféticos e o dos Hagiógrafos.
Estes escritos, embora aperfeiçoados, não tinham
valor
escriturístico.
Não
se
deve
confundir Targuns com "Talmude", que eram traduções e explicações reduzidas à escrita no século II.
e) Versão do Rei Tiago Essa Bíblia foi publicada em 1611 e continua até hoje sendo a Bíblia favorita do povo de fala inglesa. Também chamada de Versão do Rei Tiago.
Também chamada de Versão do Rei Tiago. Pouco depois de subir ao trono da Inglaterra, em 1604, o Rei Tiago, presidiu uma conferência que resultou na escolha de 54 Teólogos, dos quais somente 47 tomaram parte, para fazer uma nova versão.da Bíblia. A Inglaterra já tinha a Bíblia de Wicliff publicada em 1388.
f) Versão Alemã Lutero
preparou
essa
versão
traduzindo
diretamente dos “originais”, isso se deu em 1534. Lutero havia publicado uma outra versão, em 1522, derivada da Vulgata.
g)
A
Bíblia
e
a
Tradução
em
Língua
Portuguesa ARC - Almeida Revista e Corrigida - IBB; ARA - Almeida Revista e Atualizada – SBB;
João Ferreira de Almeida foi Pastor da Igreja Reformada Holandesa,
e
traduziu
a
Bíblia para a o português na cidade de Batávia, na Ilha de Java (Jacarta, Indonésia). O Novo publicado
Testamento em
1681,
Amsterdã, Holanda.
foi em
FIG - Pe. Antonio Pereira de Figueiredo - SBBE (Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira). Editou o NT em 1778 e o AT em 1790, em Portugal;
Soares - Pe. Matos Soares. Versรฃo popular dos catรณlicos brasileiros. Foi publicada em 1933, em Portugal e em 1946, no Brasil. Possui muitos itรกlicos;
Rhoden - Humberto Rhoden, Padre de Santa Catarina. Publicou o Novo Testamento em 1935, do texto grego. CBSP - Centro Bíblico de São Paulo - edição católica;
TB, VB, EB - Tradução, Versão ou Edição Brasileira de 1917. Feita por uma comissão de teólogos brasileiros e estrangeiros. O Novo Testamento foi publicado em 1910 e o Antigo Testamento em 1917. É uma tradução fidelíssima aos originais.
A Tradução do Novo Mundo - é a Bíblia das Testemunhas de Jeová. O texto é mutilado e cheio de interpolação. Eles dizem que é a única tradução correta, mas não conseguem e não podem provar. “Novo Mundo” se refere ao continente americano.
3 - Cristo, Centro da Bíblia O AT descreve uma nação; o NT descreve um homem. A nação foi estabelecida e nutrida por Deus para que desse aquele homem ao mundo. Jesus Cristo é o tema central da Bíblia. Ele mesmo no-lo declarou, como nos mostra as seguintes referências: Jo 5.39; Lc 24.44; At 3.18; Ap 22.16.
Ele ocupa o lugar central nas Escrituras. Em tipos,
figuras,
sĂmbolos
e
profecias.
O
contemplamos em todos os livros da BĂblia.Cinco palavras referentes a Cristo resumem toda a BĂblia:
a) Preparação = o AT - é uma preparação para o advento de Cristo; b) Manifestação = os Evangelhos - tratam de sua manifestação ao mundo; c) Propagação = o Livro de Atos - trata de sua propagação (seu Nome e seus ensinos);
d) Explanação = as Epístolas - explanam sua doutrina; e) Consumação = o Apocalipse - trata da consumação de todas as coisas referentes a Ele.
4 - A divisão da Bíblia A Bíblia divide-se em duas partes principais: Antigo e Novo Testamento (em hebraico: berit / em grego: diatheke), que significa: aliança, concerto ou testamento.
Tem 66 livros, sendo 39 no AT e 27 no Novo Testamento.
Estes livros foram escritos em um período de cerca de 16 séculos e por cerca de 40 escritores, os
quais
pertenceram
profissões e atividades.
às
mais
variadas
Viveram e escreveram em países, regiões e continentes diferentes, entretanto, seus escritos formam uma harmonia perfeita. Isso prova que um só os dirigia no registro da revelação divina.
• Antigo Testamento Foi escrito originalmente em hebraico. Pequenos trechos como Esdras 4.8 a 6.18; 7.12 a 26; Daniel 2.4 a 7.28 e Jeremias 10.11, foram escritos no idioma aramaico (sirĂaco).
Exemplo: “Então disseram a Eliaquim, Sebna e Joá a Rabsaqué: Pedimos-te que fales em aramaico aos teus servos, porque o entendemos, e não nos fale em judaico, aos ouvidos do povo que está sobre os muros.” II Reis 18 .26
Depois do cativeiro, os judeus passaram a falar aramaico, que era a língua falada por Jesus e seus discípulos, embora também naquele tempo já se conhecesse o “koiné” (comum), idioma popular dos gregos. Algumas palavras no idioma persa
também
se
encontram
no
Antigo
Testamento, como “sátrapa” - Ed 8.36; Dn 3.2, e outras.
O Antigo Testamento se divide em quatro grupos de livros: a) Lei - os 5 primeiros livros, também chamados “Pentateucos”. (Gênesis,
Êxodo,
Deuteronômio);
Levítico,
Números
e
b) História - 12 livros: de Josué a Ester (Josué, Juízes, Rute, I e II Samuel, I e II Reis, I e II Crônicas, Esdras, Neemias e Ester); c) Poesia - 5 livros: de Jó a Cantares (Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares);
d) Profecia - são 17 livros: de Isaías a Malaquias. Que se subdividem em: Profetas maiores (são 5): de Isaías a Daniel (Isaías, Jeremias, Lamentações de Jeremias, Ezequiel e Daniel); e
Profetas menores (são 12): de Oséias a Malaquias (Oséias, Joel, Amos, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias).
• O Novo Testamento Tem 27 livros classificados em quatro grupos: Biografia, História, Epístolas e Profecias. Foi escrito no grego koiné, idioma comum na época, levado a quase todo o mundo existente, por Alexandre, o Grande:
a) Biografia - são os quatro Evangelhos. Três (Mateus, Marcos e Lucas) são chamados de “Sinópticos”, devido ao paralelismo entre eles. Os Evangelhos eram conhecidos na Igreja Primitiva como o “Evangelho”. A razão de haver quatro Evangelhos se compreende pelo seguinte:
• Mateus - se dirige aos judeus e apresenta Jesus como o Messias; • Marcos - se dirige aos romanos e apresenta Jesus como o Rei Vitorioso e Vencedor; • Lucas - escrito aos gregos, apresenta Jesus como o Filho do Homem. É o mais completo; • João - escrito à Igreja, apresenta Jesus como o Filho de Deus.
b) História - é o livro dos Atos dos Apóstolos. Também chamado de Atos do Espírito Santo. Registra a História da Igreja Primitiva. c) Epístolas - são 21: de Romanos a Judas. Contém a doutrina da Igreja. São subdivididas em:
• Eclesiásticas - dirigidas à Igreja. São 9: Romanos, I e II Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, I e II Tessalonicenses; • Individuais - dirigidas a indivíduos. São 4: I e II Timóteo, Tito e Filemom;
• Coletiva - Hebreus. Dirigida aos judeus cristãos; • Universais - dirigidas a todos. São 7: Tiago, I e II Pedro, I, II e III João, Judas. Embora I e II de João sejam dirigidas a pessoas, também se enquadram aqui.
d) Profecia - é o livro do Apocalipse. Trata da volta pessoal do Senhor e das coisas que precederão esse glorioso evento. Obs.: Os livros do Novo Testamento também não estão em ordem cronológica. Os escritores orientais não são como os ocidentais: detalhistas e cronológicos.
Eles escrevem como se assunto tratado fosse do conhecimento de todos. Esse é um dos milagres da Bíblia: Deus não usou o homem como uma máquina. Fez, no estilo de cada um, que Sua Palavra fosse escrita sem contradições ou erros.
O MANUSEIO DA BÍBLIA
A Bíblia é um clássico popular. Embora essa afirmação, pareça contraditória, o fato é que, embora sendo um clássico da literatura, a Bíblia se destina a todos os homens e pode ser perfeitamente entendida em sua essência pelo mais humilde leitor.
Em razão de ser a Bíblia uma coleção de livros agrupados
por
assuntos
consultas,
fez
com
procurasse
métodos
que para
e
de
aos
constantes poucos
facilitar
o
se seu
manuseio. Daí a divisão em capítulos, versículos, parágrafos, etc.
Também a existência de inúmeras versões da Bíblia nos obriga a uma pesquisa, pois nem todas apresentam a mesma característica. Neste capítulo, tentamos dar ao leitor explicações úteis para o correto manuseio do livro de Deus.
1 - Datas no texto As datas impressas no texto de algumas Bíblias, principalmente em outros idiomas (em português, somente nas Bíblias antigas) são da cronologia de Usher, arcebispo anglicano. Foram inseridas no texto bíblico em 1701. A cronologia bíblica, de um modo geral, é incerta.
2 - Sumário dos capítulos São preparados pelos editores e não constam no texto original, com exceções de algumas frases introdutórias aos Salmos como 4, 5, 8, 22, 32, 46, 53, 56, 69, 75, etc.
Esses títulos encontrados no início de alguns capítulos, nem sempre estão de acordo com o texto bíblico. Temos o exemplo da parábola dos dez talentos, quando na realidade, não são dez. Outro exemplo é está em Lucas 16, onde encontramos no sumário: “a parábola do rico e Lázaro”, quando não se trata de uma parábola.
Há de se ter o devido cuidado na interpretação de determinados textos bíblicos, pois, como na maioria das vezes acontece, os títulos de capítulos e parágrafos, encerram a opinião do tradutor ou editor, sobre o assunto em pauta.
3 - Divisões em capítulos e versículos Isso também não existe nos originais. Em alguns casos, essa divisão é prejudicial, pois tira o sentido do texto. A Bíblia que trouxe essa divisão foi a Vulgata, em 1555.
Exemplos em capítulos: a) O capítulo 53 de Isaías deveria começar em Isaías 52.13; a) O capítulo 8 de João deveria começar em João 7.53; b) O capítulo 7 de II Reis deveria começar em II Reis 6.24;
d) O capítulo 3 de Colossenses deveria terminar em Cl 4.1; e) O capítulo 10 de Mateus deveria começar em Mt 9.35; f) O capítulo 5 de Atos deveria começar em Atos 4.36.
Exemplos em versículos: a) Efésios 1.5 deveria começar com as duas últimas palavras de Efésios 1.4; b) I Coríntios 2.9 e 2.10 deveriam ser um versículo; c) João 5.39 e 40 deveriam ser também um só versículo.
Exemplos em versões: Nas Epístolas de Romanos e Efésios há diversos casos desses. A divisão em versículos também difere um pouco em todas as versões, por exemplo:
a) Daniel 3.24-30 da Almeida Revista e Corrigida corresponde a Daniel 3.91-97 da Matos Soares e da
Antonio
Pereira
de
Figueiredo
(Bíblias
Católicas); b) Lucas 20.30 na Almeida Revista e Corrigida corresponde a Lucas 20.30 e 31 na Tradução Brasileira.
4 - Divisões do texto em parágrafos Também não existe no original, embora seja muito útil para a compreensão da Bíblia. Em português a única versão que contém essa divisão é a Almeida Revista e Atualizada, com um tipo de negrito cada vez que isso ocorre.
Veja, por exemplo, o Salmo 2, que contém cinco parágrafos, tendo cada um, uma aplicação diferente. (1-3; 4-6; 7-9; 10-12a; 12b).
5 - Referências marginais As referências encontradas nas margens de algumas Bíblias, são paralelismos verbais, que indicam outras ocasiões nas quais aquela palavra é empregada. Têm muito valor para quem estuda a Bíblia. 6- Texto São
todas
passagem.
as
palavras
contidas
em
uma
7 - Contexto É tudo aquilo que fica antes ou depois do texto que estamos lendo. Pode ser imediato ou remoto. Vai de uma palavra até um livro inteiro. No caso da Bíblia pode ocupar inclusive, mais de um livro.
Exemplo: • Texto: Hebreus 11.1 - assunto: Fé: “a Fé é a certeza das coisas que se esperam”. • Contexto Imediato: Hebreus 11.11: “...pela Fé também a própria Sara...” • Contexto Remoto: Romanos 10.9: “...e, assim, a Fé vem pela pregação...'
8 - Referência É a conexão direta sobre determinado assunto. A referência indica livro, capítulo, versículo e outras indicações necessárias. Exemplo: Rm 11.17 Rm - abreviatura do livro de Romanos; 11 - número do capítulo; 17 - número do versículo.
Rm 11.17a - "a" - parte inicial do versículo; Rm 11.17b - "b" - parte final do versículo; Rm 11.17ss - "ss" - indica os versículos seguintes; “vv” - versículos; “qv” - recomendação para que veja a referência; “cf” - significa confira; “i.e” - significa isto é.
9 - Inferência Conexão indireta entre assuntos, dedução. Exemplo: Marcos 10.13 - Não está escrito que Jesus sorriu, porém, isso pode ser deduzido pelo modo como tratou as crianças.
10 - Abreviaturas Os livros da Bíblia são abreviados com duas letras
sem
ponto,
sendo
a
primeira
letra
maiúscula. Entre capítulo e versículo usa-se apenas um ponto.
Os capítulos são separados por ponto e vírgula ou somente a vírgula, os versículos salteados por vírgula. Usa-se ainda o hífen para indicar o prosseguimento de um capítulo ou versículo a outro.
Exemplos: Jn 1.3 - Jonas capítulo 1, versículo 3; Jn 1.3, 4 - Jonas capítulo 1, versículo 3 e 4; Jn 1, 3 - Jonas capítulos 1 e 3;
Jn 1.2,3; 4.3, 4 - Jonas capítulo 1, versículo 2 e 3; Jonas capítulo 4, versículo 3 e 4. O ponto e vírgula indica o início de um novo capítulo; Jn 1.3-6 - Jonas capítulo 1, versículos 3 ao 6; Jn 1-3 - Jonas capítulo 1 ao 3;
III – REGRAS DE INTERPRETAÇÃO BÍBLICA 1 - Regra da interpretação Literal Ler a Bíblia literalmente, como faria com qualquer outro livro. O bom senso sempre indicará quando alguma coisa deve ser tomada simbolicamente. Israel é Israel, pedra é pedra.
Com um pouco de atenção, verá que o contexto ou
a
própria
estrutura
da
claramente do que trata o texto.
Bíblia
indicará
2 - Regra da interpretação Cristocêntrica Cristo é o centro da revelação, o objetivo de toda a revelação bíblica. Direta ou indiretamente, cada passagem da Escritura aponta para Jesus. Enquanto você não tiver uma visão dEle nas passagens estudadas, não terá chegado ao fundamento das mesmas.
3 - Regra da interpretação da Primeira Menção A primeira vez que uma palavra, uma frase, um objeto ou um incidente é mencionado nas Escrituras,
isso
fornece
a
chave
de
seu
significado em qualquer outro lugar da Bíblia, onde quer que ocorra.
Exemplo: Em Gênesis 3, folhas de figueira representam a tentativa de Adão querendo encobrir seu pecado e nudez, pelas obras de suas mãos. Na última vez que se falou em folhas de figueira, em Mateus 21 e Marcos 11 e 13, vemos Jesus amaldiçoando uma figueira sem frutos.
O Mestre acaba de ser rejeitado em Jerusalém. Como as folhas da figueira representam a rejeição do homem ao remédio de Deus, Jesus estava dizendo com este ato que a justiça humana deve ser rejeitada para dar lugar à justiça de Deus e que pela sua própria justiça o homem seria amaldiçoado.
4 - Regra da interpretação da Consideração do Contexto Sempre use o texto em harmonia com o seu contexto, e não como um mero pretexto. Antes de tirar uma conclusão precipitada, investigue de modo completo aquilo que o restante da Bíblia ensina.
5 - Regra da Interpretação Tríplice As Escrituras têm três significados para sua interpretação: a)
Toda
a
Escritura
tem
somente
uma
interpretação primária. É a interpretação pura e simples do que está escrito. Se pedra, é pedra, se Israel, é Israel, etc.
b) Toda a Escritura tem muitas aplicações práticas. Os pregadores, na maioria das vezes, utilizam interpretações práticas para conseguirem maior êxito em suas mensagens. c) Muitas passagens das Escrituras têm em adição a isso uma revelação profética.
Exemplo: O vale de ossos secos de Ezequiel 37.11,12.
• Interpretação primária: Israel espalhada entre as nações. • Aplicações práticas: Entre elas, podemos falar da necessidade de reavivamento na Igreja, pelos crentes. • Revelação profética: Reavivamento da Nação de Israel nos últimos dias.
6 - Regra da Revelação Comulativa: A verdade completa da Palavra de Deus sobre qualquer assunto não deve ser obtida de alguma passagem isolada, mas antes, da revelação cumulativa de todas as passagens que dizem respeito a essa verdade. Ex: Êxodo 10.26
7 - Regra do Bom Senso: Naturalmente,
o
bom
senso
deve
estar
subordinado a Deus. A Bíblia não é um livro difícil ou obscuro como alguns afirmam. Quando usamos o bom senso, evitamos o ridículo. O bom senso dirá quando isto ou aquilo deve ser usado ou aceito figurada ou simbolicamente. Ex: Jo 3.3,4
8 - Regra da Repetição: As
repetições
encontradas
nas
Escrituras,
servem para enfatizar, revelar ou mostrar a importância de alguma passagem a ponto de ser repetida. O Espírito Santo quis que fosse assim.
em verdade, em verdade
Exemplo: João 3.3,5. v.3 – “a isto respondeu Jesus: - em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”; v.5 – “respondeu Jesus: - em verdade, em verdade te digo: quem não nascer, da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus”.
9 - Regra do Correto manuseio da Palavra: Em II Timóteo 2.15, a expressão bem”
é
sacrifícios Testamento.
“que
maneja
tirada do
dos Antigo
O ofertante dividia o cordeiro em trĂŞs partes (exceto no caso da oferta queimada), uma parte era oferecida a Deus, outra ao sacerdote e a outra ficava com aquele que trouxe a oferta.
“Manejar bem” significa simplesmente dar a cada qual o que lhe pertence de direito. A Bíblia divide a humanidade em três povos: Judeus, Gentios e Igreja de Deus.
Quando estiver estudando a Bíblia tome o cuidado de verificar para quem Deus está falando, antes de fazer a aplicação. Não se deve misturar Igreja com Israel, fé com obras, lei com graça, Igreja com reino, nem céu com milênio...
10 - Regra da Prática: Cada verdade que Deus revela deve ser praticada, obedecida e posta em operação, pois do contrário nosso estudo será em vão e teremos uma teologia transparente como o gelo. Lembre-se que se conhece melhor a Bíblia 10.26).
praticando-a
(cf.
Hebreus
V - A FORMAÇÃO DO CÂNON 1 - Antigo Testamento A palavra cânon (do hebraico “caneh” = vela, Cf. Ez 40.3) é de origem semítica e, originalmente, significava “instrumento de medir”. Literalmente quer dizer “cana” ou “vara de medir”.
Esta palavra passou a ser usada para designar a lista de livros reconhecidos como a genuína, original, inspirada e autorizada Palavra de Deus, diferenciando-os de todos os outros livros. Bem cedo na História, Deus começou a formação do livro que haveria de ser o meio de sua revelação ao homem:
a) Os Dez Mandamentos escritos em pedras: Ex 31.18; b) As Leis de Moisés escritas num livro e postas ao lado da Arca da Aliança - Dt 31.24-26; c) Foram tiradas cópias deste livro - Dt 17.18; d) Josué fez acréscimos ao Livro da Lei - Is 24.26;
e) Samuel escreveu num livro e o p么s diante de Deus - I Sm 10.25; f) Esse livro foi encontrado 400 anos mais tarde II Rs 22.8-20; g) Os profetas escreveram num livro - Jr 36.32; Zc 7.7-12; h) Esdras leu o livro publicamente - Ne 8.2,3,5,8;
i) Isaías fala do livro do Senhor - Is 34.16; j) Os Salmos já eram cantados em 726 aC.- II Cr 29.30; l) Daniel refere-se aos Livros - Dn 9.2;
m) Neemias achou o livro das genealogias dos judeus que jĂĄ haviam regressado do exĂlio - Ne 7.5; n) O livro estava sendo escrito nos dias de Ester - Et 9.32; o) Um profeta cita outro profeta - Mq 4.1-3.
No Novo Testamento há umas trezentas citações dessas
“Escrituras”.
Eram
ensinadas
regularmente e lidas nas sinagogas. O povo a considerava como “a Palavra de Deus”.
O pr贸prio Senhor Jesus a: a) Leu - Lucas 4.16-20; b) Ensinou - Lucas 24.27; c) Chamou de Palavra de Deus - Marcos 7.13; d) Cumpriu - Lucas 24.44.
• O cânon hebraico é diferente do nosso. Embora contenha os mesmos livros, estão dispostos na seguinte ordem:
T
TORAH
LEI
NEBEIM
PROFETAS
KETUVIM
ESCRITOS
a
N a
K
• As parelhas de livros de: I e II Samuel, I e II Reis, I e II Crônicas, Neemias e Esdras, Doze Profetas Menores, são considerados como um só. Os 24 livros do cânon hebraico são exatamente os 39 do nosso Antigo Testamento.
•
Livros
desaparecidos
citados
no
Antigo
Testamento: a) Livro das Guerras do Senhor - Nm 21.14; b) Livro dos Justos - Js 10.13; II Sm 1.18; c) Livro da História de Salomão - 1 Rs 11.41;
d) História do Rei Davi - I Cr 27.24; e) Crônicas de Natã e Gade - I Cr 29.29; f) História de Natã, Profecias de Aias e Visões de Ido - II Cr 9.29; 12.15 e 26.22; g) Livro de Hozai - II Cr 33.19. 2
2 - literatura Apócrifa São chamados de apócrifos (ocultos; falsos em autenticidade) os escritos produzidos no período interbíblico. Há também outros livros espúrios, tanto no AT como no NT chamados de pseudoepigráficos. Ex: Enoque, os 12 Patriarcas, Moises, Apocalipse de Paulo, etc.
A denominação “apócrifos” se dá comumente aos 14 escritos contidos em algumas Bíblias de edição romana, misturados entre os livros do Antigo Testamento. • Motivos por serem chamados de apócrifos: a) Foram escritos depois de cessado a inspiração Divina;
b) Os Judeus jamais os reconheceram como Escrituras; c) A Igreja Primitiva jamais os reconheceu como inspirados; d) Foram inseridos na Bíblia quando se fez a tradução para o grego, na Septuaginta;
e)
A
Igreja
Romana,
para
combater
os
protestantes, declarou canônicos 11 dos 14 apócrifos; f) A Igreja Romana denomina de Protocanônicos os
que
chamamos
Deuterocanônicos Apócrifos;
os
de
Canônicos,
que
e
de
chamamos
de
• Os livros são: Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque, I e II Macabeus. • Os apêndices são: Ester, Cânticos dos Três Santos Filhos, História de Susana, Bel e o Dragão. • Três foram rejeitados: III e IV Esdras, a Oração de Manasses.
3 - Novo Testamento Há indicações no Novo Testamento de que ainda nos dias dos Apóstolos e sob a supervisão deles, começara a ser feita a coleção de seus escritos para as Igrejas, os quais eram postos ao lado do AT como inspirada Palavra de Deus.
Pela Sua infinita sabedoria, Deus foi aos poucos, de acordo com as necessidades, preparando capĂtulo por capĂtulo do livro que iria reger a humanidade.
Exemplos: a)
Paulo
reivindicou
para
sua
doutrina
a
inspiração divina - I Co 2.7-13; 14.37; I Ts 2.13; b) O mesmo fez João quanto ao Apocalipse - Ap 1.2; c) O intuito de Paulo era que suas cartas fossem lidas nas Igrejas - Cl 4.16; I Ts 5.27; II Ts 2.15;
d) Pedro escreveu para que “estas coisas” permanecessem na Igreja após sua partida — II Pe 1.15; 3.1,2; e) Paulo citou um livro do NT como Escritura — II Tm 5.18; (esta passagem também evidencia a existência dos livros de Mateus e Lucas — Mt 10.10 e Lc 10.7, ano 65 d.C.);
f) Pedro equipara as EpĂstolas de Paulo Ă s demais Escrituras - II Pe 3.15.16; g) Os Evangelhos de Marcos e Lucas tiveram a autoridade de Pedro e de Paulo para entrarem na Igreja;
Os Concílios Eclesiásticos não deram aos Livros sua autoridade Divina, somente reconheceram que eles a possuíam e a exerciam. • Datas em que os Livros foram escritos: a) Epístolas de Paulo: entre 50 e 67 d.C. (são 13); b) Atos dos Apóstolos: 63 d.C.;
c) Evangelhos: Mt, Mc e Lc entre 60 e 65; Jo 85 d.C.; d)
Hebreus
a
Judas:
entre 68 a 90 d.C.; e) Apocalipse: 96 d.C.
• Requisitos necessários para um livro poder fazer parte do cânon do NT. Exigência feita no III Concílio de Catargo, em 397 d.C.: - Apostolicidade; - Circulação do Livro; - Caráter Concreto do Livro; - Ortodoxia; - Autoridade Diferenciadora; - Leitura em Público.
Muitos Livros, antes de serem reconhecidos como canônicos, foram duramente debatidos. Entre eles estão: as Epístolas de Pedro, João e Judas, Hebreus e Apocalipse. Tudo isso não somente revela o cuidado da Igreja, mas também a responsabilidade que envolvia a canonização.
Antes do 400 d.C. todos os Livros já estavam aceitos. Em 367 d.C. Atanázio, patriarca de Alexandria, publicou uma lista dos 27 livros canônicos, idêntica a que hoje possuímos. Foi aceita pelo Concílio de Hipona, na África, em 393 a.C.
Também no NT encontramos a menção de livros até agora desaparecidos. Exemplos: Carta de Paulo aos Corín ios - 1 Co 5.9; Carta de Paulo aos Laodicenses - Cl 4.16; Palavras de Jesus não encontradas em livros canô-nicos - At 20.35.
fim