Meteorologia

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Clima de Portugal Continental A análise espacial baseada nas normais de 1961/90 mostra a temperatura média anual a variar entre cerca de 7°C nas terras altas do interior norte e centro e cerca de 18°C no litoral sul. Com base nos mesmos dados mostra-se que a precipitação média anual tem os valores mais altos no Minho e Douro Litoral e os valores mais baixos no interior do Baixo Alentejo. Classificação de Koppen A classificação principal de Koppen divide o clima da Terra em 5 regiões:     

Clima Tropical Húmido; Clima Seco; Clima Temperado com Inverno suave; Clima Temperado com Inverno rigoroso; Clima Polar.

A classificação é baseada, com excepção do Clima Seco, nas temperaturas médias de cada região. O Clima Seco é definido com base na precipitação e evapotranspiração da região. Cada um destes tipos de clima divide-se ainda em sub-climas, tendo em conta a precipitação. O clima de Portugal Continental, segundo a classificação de Koppen, divide-se em duas regiões: uma de clima temperado com Inverno chuvoso e Verão seco e quente (Csa) e outra de clima temperado com Inverno chuvoso e Verão seco e pouco quente (Csb). Onda de Calor Sendo a definição do índice de duração da onda de calor ( HWDI – Heat Wave Duration Index) segundo a Organização Meteorológica Mundial (WCDMP-No.47, WMO-TD No. 1071), considera-se que ocorre uma onda de calor quando num intervalo de pelo menos 6 dias consecutivos, a temperatura máxima diária é superior em 5ºC ao valor médio diário no período de referência. De realçar, no entanto, que esta definição está mais relacionada com o estudo e análise da variabilidade climática (em termos de tendências) do que propriamente com os impactos na saúde pública de temperaturas extremas que possam observar-se num período mais curto. Por exemplo, a ocorrência de 3 dias em que a temperatura seja 10 °C acima da média terá certamente mais impacto na saúde que 7 dias com temperatura 5 °C acima da média. As ondas de calor, que podem ocorrer em qualquer altura do ano, são mais notórias e sentidas pelos seus impactos quando ocorrem nos meses de Verão (Junho, Julho e Agosto). De referir ainda que Junho é o mês de Verão em que as ondas de calor ocorrem com maior frequência em Portugal Continental. Desde a década de 1940, período em que existe informação meteorológica diária num maior numero de estações, têm-se verificado ondas de calor de extensão espaço-temporal variável; no entanto, é a partir da década de 90 que se regista a maior frequência deste fenómeno.

Onda de calor com mais dias de duração em Portugal Continental A onda de calor de Julho-Agosto 2003, que nas regiões do interior do território (Norte, Centro e parte da região Sul) variou entre 16 e 17 dias, foi a onda de calor com maior duração alguma vez registada (desde 1941). No entanto esta onda de calor teve uma extensão espacial inferior à de 1981 (não ocorreu onda de calor nas regiões do litoral e no sotavento algarvio).


Massas de ar em Portugal Continental O conhecimento das características dos diferentes tipos de massas de ar que atingem o território de Portugal Continental e da situação sinóptica a elas associada, é fundamental na análise das situações meteorológicas em tempo real e na previsão do estado do tempo no território. Com efeito, as condições meteorológicas num local específico são determinadas pela dinâmica das circulações atmosféricas e pelas características da massa de ar nesse local. Estas características resultam de propriedades adquiridas pela massa de ar na região de origem e que poderão posteriormente ser alteradas pela acção de diversos factores ao longo do seu trajecto, desde a origem até ao local de observação. Daqui resulta muitas vezes que, embora as situações sinópticas sejam aparentemente idênticas, nem sempre as condições meteorológicas correspondentes são iguais. Está-se então perante dinâmicas da atmosfera diversas mas também perante massas de ar com origens diferentes ou, tendo tido a mesma origem, com alterações distintas durante o seu trajecto até ao local onde se encontram. O estudo pormenorizado das massas de ar em Portugal Continental não é fácil tendo em conta que o território, situado na região sudoeste da Península Ibérica, sofre a influência de factores fisiográficos de dois grandes continentes, a Europa e a África, de um vasto oceano, o Atlântico Norte, e, em menor escala, de um grande mar interior, o Mediterrâneo; por outro lado, as grandes distâncias que o separam das regiões de origem da maioria das massas de ar que o invadem determinam nelas grandes alterações, com aquisição de propriedades que se podem considerar regionais.


Fig. 1.1 - Trajectórias dos principais tipos de massas de ar que influenciam as condições meteorológicas em Portugal Continental

Acresce ainda que a rede de estações de radiossondagem na região em que se inclui o território de Portugal Continental não é suficientemente densa para permitir, em muitos casos, o estudo e acompanhamento pormenorizado das características das massas de ar e das suas alterações. Os principais tipos de massas de ar que influenciam as condições meteorológicas em Portugal Continental são as massas de ar polar e tropical, continental e marítimo, originados ou modificados pelos continentes europeu e africano e Oceano Atlântico, cujas trajectórias médias estão indicadas na Fig. 1.1. Atendendo à distância a que se encontram as regiões de origem das massas de ar árctico, e à natureza da superfície terrestre que elas têm de percorrer, é muito rara a ocorrência deste tipo de massas de ar em Portugal Continental. Com efeito, se uma massa de ar árctico atingir a França, como a sua espessura é pequena, da ordem dos 2000m, ela será bloqueada no seu avanço para sudoeste pelos Pirinéus, que actuam assim como barreira às vagas de ar frio.

Se esta massa de ar passar para a Península Ibérica através dos Pirinéus, do Golfo da Gasgonha e dos montes Cantábricos, com altitudes da ordem de 2500m, ou do Golfo de Leão, as suas características serão profundamente alteradas pela subida daqueles obstáculos, seguida de descida com aquecimento por subsidência, e pelo percurso marítimo com aquecimento pela base e absorção de humidade, tornando o ar mais quente e mais seco no caso do trajecto continental e um pouco mais quente e mais húmido no caso do trajecto marítimo. A massa de ar fica então com características semelhantes às do ar polar continental ou polar marítimo, respectivamente, embora às vezes pouco acentuadas, no segundo caso. As massas de ar nem sempre apresentam propriedades nitidamente distintas, sendo variáveis com a época do ano e com a situação sinóptica. As massas de ar polar apresentam por vezes diferenças tão grandes que a sua identificação se torna difícil, obrigando a considerar tipos de transição, com propriedades intermédias entre o ar polar e o ar tropical, quer continental quer marítimo, conforme a situação sinóptica. As massas de ar tropical, marítimo e continental, cujas regiões de origem estão mais próximas de Portugal Continental, são as menos modificadas e as mais fáceis de identificar quando directas; mas também apresentam, em certas situações sinópticas, propriedades que correspondem à transição de um tipo para outro.

Nuvens Agregado visível de partículas muito pequenas de água no estado líquido ou no estado sólido, ou nos dois, em suspensão na atmosfera, podendo também incluir partículas de água de maiores dimensões e partículas provenientes de gases industriais, fumos, poeiras, etc. A observação mostra que, à parte as nuvens noctilucentes e nacaradas, as nuvens estão geralmente em altitudes desde o nível do mar até 18 km nas regiões tropicais, até 13 km nas regiões temperadas e até 8 km nas regiões polares. Formação As nuvens resultam do arrefecimento do ar por expansão adiabática associada ao movimento vertical do ar ou da mistura turbulenta do ar nas camadas baixas da atmosfera. Devido à diminuição da pressão atmosférica com a altitude, quando o ar sobe a temperatura desce e consequentemente a humidade relativa aumenta, podendo atingir o estado de saturação e de sobressaturação. A existência de núcleos de condensação (por exemplo partículas higroscópicas) provoca a condensação do vapor de água originando a nuvem. A temperaturas inferiores a 0ºC as nuvens são constituídas por gotas de água sobrefundida até cerca de -10ºC nas nuvens estratificadas e até cerca de -25ºC nas nuvens de convecção. Para valores da temperatura inferiores e até cerca de -40ºC a maior parte das nuvens é constituída por gotas de água e cristais de gelo, com predomínio destes.


As dimensões das gotas variam desde um mícron a 100 micra de diâmetro. Embora as gotas de água e os cristais de gelo sejam mais densos que o ar, a sua suspensão na atmosfera deve-se ao facto de os valores de velocidade de queda serem inferiores aos valores dos movimentos verticais ascendentes no interior da nuvem. Movimentos verticais do ar que induzem a formação de nuvens:  Subida do ar devido à Convecção - Nuvens convectivas  Subida forçada do ar devido à Orografia - Nuvens orográficas  Subida de massas de ar de grande extensão horizontal associada a depressões e ou a Descrição: Ci superfícies frontais. Nuvens isoladas em forma de filamentos Classificação das nuvens brancos e delicados ou de A primeira tentativa de classificação das nuvens foi feita em 1803 pelo inglês L. Howard e a bancos ou faixas sua sugestão ainda é a base do sistema actual de classificação adoptado pela Organização estreitas, brancos Meteorológica Mundial. ou quase brancos Esta classificação assenta essencialmente na existência de dez grupos principais, chamados apresentando um géneros, definidos a partir de formas características frequentemente observadas em qualquer aspecto fibroso parte do Mundo e que se excluem mutuamente, ou seja, uma nuvem só pode pertencer a um (como cabelos) género. ou brilho sedoso ou os dois. 1 - Cirro (Ci); São constituídas 2 - Cirrocumulo (Cc)(Cha); por cristais de 3 - Cirrostrato (Cs); gelo. 4 - Altocumulo (Ac); Na imagem 5 - Altostrato (As)(Cma); observam-se 6 - Nimbostrato (Ns); cirros em 7 - Estratocumulo (Sc); filamentos que 8 - Estrato (St)(Cla); terminam em 9 - Cumulo (Cu); gancho ou tufo. 10 - Cumulonimbo (Cb). CL=0; CM=0; CH=4. a) Utilização no código SYNOP Imagem: 1 de 1 0

As nuvens podem também classificar-se consoante a altura da sua base (valores da altura da base respectivamente para as regiões Polares, Temperadas e Tropicais): 1. Nuvens Altas (altura entre 3 e 8 km, 5 e 13 km* e 6 a 18 km) - Ci, Cc, Cs 2. Nuvens Médias (altura entre 2 e 4 km, 2 e 7 km* e 2 a 8 km) - Ac, As 3. Nuvens Baixas (altura inferior a 2 km) - Sc, St, Ns, Cu, Cb *As alturas nas regiões temperadas. Desenvolvendo-se os Ns e os Cb por vários andares.

Nuvens especiais 1. Nacaradas - São nuvens estratosféricas (entre 20 e 30 km de altura) semelhantes a cirros ou altocumulos em forma de amêndoa com irização acentuada como a madrepérola. 2. Noctilucentes - Semelhantes a cirros ténues, em regra azuladas ou prateadas, e às vezes entre alaranjadas e vermelhas, parecendo ser constituídas por poeira cósmica muito fina.


3. Rastos de condensação - Nuvens que se formam a partir de rastos de aviões quando a atmosfera no nível do voo está suficientemente fria e húmida. 4. Nuvens de incêndios - Resultam dos produtos da combustão de grandes incêndios. 5. Nuvens de erupções vulcânicas - São de tipo cumuliforme constituída por partículas sólidas de várias dimensões, poeiras e gotículas de água que podem originar precipitação. 6. Nuvens de poeira ou areia muito fina - Originadas por tempestades de areia no deserto que posteriormente entram na circulação geral na baixa e média troposfera. Quando ocorre precipitação sobre uma nuvem de poeira as gotas de chuva são lamacentas.

1 - Classificação do clima de Portugal segundo Koppen

2 - Precipitação anual 1961-90


3 -Temperatura média anual 1961-90

Previsão do estado do tempo no IM A previsão do tempo é um dos objectivos da investigação meteorológica que, para o atingir, se orienta no sentido de conhecer e compreender os fenómenos atmosféricos.


Conhecidos: o estado da atmosfera num instante inicial, incluindo as condições nas suas fronteiras, inferior (superfície do Globo) e superior (topo da atmosfera), e as leis que governam o movimento da atmosfera, o objectivo da previsão do tempo é determinar o seu estado num instante posterior. Em Meteorologia existem diversos prazos de previsão: • previsão a muito curto prazo (próximas horas) • previsão a curto prazo (1 a 2 dias) • previsão a médio prazo (até 1 semana) • previsão a longo prazo (superior a 1 semana) que inclui a previsão mensal (até 30 dias) e a previsão sazonal • previsão climática (cenários a vários anos) Enquanto que as previsões até 10 dias podem ser consideradas como previsões deterministas, ou seja, conhecendo o estado inicial da atmosfera, e as condições nas suas fronteiras, é possível prever qual vai ser o estado da atmosfera num instante futuro; as previsões de longo prazo e as previsões climáticas são consideradas probabilistas, pois elaboram o cenário futuro mais provável perante determinadas condições iniciais. Deste modo fornecem informação estatística relativa a diversas grandezas para o Globo e para um determinado intervalo de tempo (por exemplo: estatísticas relativas à precipitação acumulada numa semana, num mês, ou num ano, ou relativas à temperatura média em vários anos). As previsões meteorológicas são efectuadas com base na análise de resultados de modelos fisico-matemáticos da atmosfera, designados por modelos numéricos de previsão do tempo (ver previsão numérica do tempo). O IM efectua, diariamente, previsões até 10 dias recorrendo a modelos globais (com informação para todo o globo) e até 2 dias recorrendo ao modelo de área limitada ALADIN (que abrange a área da Península Ibérica e do Atlântico adjacente). O grau de confiança nos resultados dos modelos numéricos de previsão diminui com o tempo, ou seja, uma previsão a 3-4 dias tem, em princípio, maior grau de confiança do que uma previsão a 7-8 dias. Para colmatar esta situação foram desenvolvidos produtos que utilizam uma abordagem probabilista, permitindo estabelecer uma tendência das condições meteorológicas e, consequentemente, aumentar, dentro de certos limites, o grau de confiança de uma previsão. Os campos meteorológicos resultantes da execução destes modelos numéricos são analisados por meteorologistas nos Centros Operacionais de Previsão do estado do tempo no Continente e nos Açores, com vista a elaboração de previsões meteorológicas. Uma previsão do estado do tempo sintetiza assim a informação produzida pelo modelo, o conhecimento das condições meteorológicas actuais, e o conhecimento de fenómenos de dimensão local que é fornecido pela experiência do meteorologista. São assim elaboradas pelo IM, entre outras, previsões para o público em geral, para apoio das actividades aeronáuticas e das actividades marítimas. Para o público, incluindo a Comunicação Social, as previsões são disponibilizadas em formato de texto e em formato gráfico e incluem informação sobre nebulosidade, rumo e intensidade do vento, variações de temperatura, ocorrência e tipo de precipitação (chuva, neve ou granizo) ou outros fenómenos meteorológicos como, por exemplo, trovoada, geada, neblina ou bruma.


Previsão do estado do mar no IM A previsão do estado do mar corresponde a uma descrição detalhada de ocorrências esperadas no estado do mar. A previsão do estado do mar inclui o uso de modelos fisicomatemáticos baseados em diferentes elementos meteorológicos. O estado do mar, num dado instante e local, pode ser descrito por um espectro direccional, que exprime a distribuição da energia das ondas nos domínios da frequência e da direcção. As ondas geradas pelo vento na superfície do oceano constituem um fenómeno complexo que resulta da interacção de vários processos termo-mecânicos, alguns dos quais ainda relativamente pouco conhecidos. Estes processos incluem mecanismos de interacção com assimilação de dados para uma atmosfera turbulenta, processos não lineares, tais como as interacções não lineares ressonantes e de rebentação. Mesmo em condições idealizadas e muito simples, o cálculo envolve a aplicação de modelos numéricos complexos. No Instituto de Meteorologia é utilizado o modelo de simulação numérica das ondas do mar de terceira geração MAR3G (Ver mais» ) para análise e previsão do estado do mar ao largo da costa portuguesa, e que se encontra operacional no Centro de Análise e Previsão do Tempo. A mais recente versão do modelo numérico MAR3G cobre o Atlântico Norte, calcula os espectros direccionais nos nós da malha a partir de séries cronológicas de campos de vento provenientes da disseminação das 12 UTC do modelo atmosférico do Centro Europeu de Previsão do Tempo a Médio Prazo. Para obtenção de informação junto à costa, o modelo é complementado por outro modelo específico, que reproduz os efeitos de abrigo pela costa, refracção, empolamento e dissipação por atrito no fundo(Ver mais» ). As previsões do estado do mar são divulgadas de 6 em 6 h, até 5 dias, com informação específica sobre: estado do mar , ondulação , direcção da ondulação , vaga, intensidade do vento e temperatura da água do mar à superfície. Nas cartas de previsão do estado do mar (Modelo MAR3G) são disponibilizados os parâmetros: a)Altura significativa (Hs) e direcção média vectorial (DMV) das ondas. ALTURA SIGNIFICATIVA E DIRECÇÃO MEDIA VECTORIAL b)Período médio das ondas (Tm). PERIODO MÉDIO DAS ONDAS c)Temperatura da água do mar à superfície. TEMPERATURA DA ÁGUA À SUPERFICIE. Temperatura da água do mar à superfície obtida com base nos resultados do modelo de previsão do Centro Europeu de Previsão do Tempo a Médio Prazo (H+24).


Cartas Meteorológicas Cartas meteorológicas são representações gráficas sobre áreas geográficas de um ou mais elementos e/ou grandezas meteorológicos e são um auxílio precioso para melhor compreender o comportamento da atmosfera num determinado instante e a sua evolução provável no futuro. Como exemplo de cartas meteorológicas, e que são simultaneamente das mais comuns, salienta-se as cartas com a marcação de observações meteorológicas (quer à superfície, quer em altitude) e as que resultam de análises e previsões decorrentes da execução de modelos numéricos de previsão do tempo.


A combinação do conhecimento científico e técnico do meteorologistada com diferentes tecnologias de informação (integração, processamento e visualização da informação meteorológica) permite, por exemplo, analisar uma carta com observações meteorológicas ao nível médio do mar (vulgarmente chamadas de observações de superfície) determinando a localização, nestas cartas, de frentes frias, frentes quentes e frentes oclusas, bem como de centros de acção. Neste caso obtem-se, assim, uma carta meteorológica ao nível médio do mar (vulgarmente chamada de superfície ou análise subjectiva de superfície). Também podem ser representadas em cartas meteorológicas observações em altitude, ou seja, em vários níveis da atmosfera. Contudo, estas observações existem com menor frequência temporal e menor densidade espacial, e são efectuadas essencialmente sobre terra, o que torna a análise destas cartas mais complexa. Por outro lado, os resultados da execução dos modelos numéricos de previsão do estado do tempo são também representados em cartas meteorológicas. Estas cartas e as observações meteorológicas constituem as ferramentas básicas da previsão do estado do tempo.

Carta de superfície Figura 1 - Carta Meteorológica de superfície do Atlântico Norte e Europa para o dia 21/01/1998 às 12 TU

Neste exemplo encontram-se representadas: isóbaras (linhas que unem pontos com igual valor de pressão atmosférica); centros de acção (centros de altas e baixas pressões); frentes (quentes e frias) e marcações com as observações meteorológicas de superfície (synop) efectuadas em cada local de observação.

Grandezas Meteorológicas As grandezas meteorológicas permitem descrever o estado da atmosfera num determinado instante ou ao longo de um período de tempo (através das variações que vão registando). Assim, através da análise da distribuição espacial e temporal das grandezas meteorológicas é possível caracterizar a atmosfera, identificar variações que nela ocorrem e, igualmente, auxiliar na elaboração da previsão do tempo. Os valores das grandezas meteorológicas podem ser representados de diversas maneiras: cartas, gráficos, perfis verticais, diagramas aerológicos, etc. A temperatura do ar, a pressão atmosférica, a velocidade do vento são alguns exemplos de grandezas meteorológicas. A HUMIDADE NA ATMOSFERA A quantidade de vapor de água na atmosfera é muito variável e tem grande importância nos fenómenos


meteorológicos, pois, em determinadas cirscunstâncias pode dar origem à formação de nuvens, nevoeiro, neblina, precipitação, orvalho, etc. Para uma dada temperatura, há um limite para a quantidade de vapor de água que o ar pode conter. Quando esse limite é atingido, diz-se que o ar está saturado. Há várias formas de exprimir a quantidade de vapor de água na atmosfera, sendo as mais utilizadas a temperatura do ponto de orvalho e a humidade relativa. Temperatura do Ponto de Orvalho A temperatura do ponto de orvalho é a temperatura para a qual uma porção de ar deve ser arrefecida (a pressão constante) até ficar saturada. Quanto mais próxima a temperatura do ar estiver da do ponto de orvalho, mais o ar está próximo da saturação. Humidade Relativa do ar A humidade relativa mede a quantidade de vapor de água que existe no ar em relação ao máximo que o ar poderia conter à mesma temperatura. Depende não só da quantidade de vapor de água contida no ar, mas também da temperatura deste. Se a quantidade de vapor de água contida no ar permanecer constante, a humidade relativa aumenta se a temperatura descer. Deste modo, mantendo-se a pressão constante e a mesma massa de ar, os valores da humidade relativa são mais elevados de madrugada, visto as temperaturas serem inferiores. A temperaturas mais elevadas, o ar admite maior quantidade de vapor de água. Considera-se que se está perante ar seco se o valor da humidade relativa for inferior a 30% (podendo mesmo ser 0% se estiver completamente seco) e, neste caso, a temperatura do ar é muito superior à do ponto de orvalho (T >> Td). Se o ar estiver saturado, a humidade relativa é 100% e, neste caso, a temperatura do ar é igual à do ponto de orvalho (T = Td). No exemplo da figura 1.a e figura 1.b, a quantidade de vapor de água mantém-se constante. À esquerda, para uma temperatura do ar de 17ºC, a humidade relativa é de 42%. No caso limite de a temperatura descer até ao ponto de orvalho, como mostra do lado direito da figura, a humidade relativa passa a ser 100%.

Figura 1.a - Humidade relativa = 42%

Figura 1.b - Humidade relativa = 100%

A humidade relativa pode ser medida directamente com um higrómetro ou pode ser determinada através de um psicrómetro (ver psicrómetro). Um psicrómetro é constituído por dois termómetros: o termómetro seco e o termómetro molhado. Este indica sempre uma temperatura inferior à do termómetro seco pois possui um depósito envolvido por uma musselina que é mantida sempre molhada e o processo de evaporação consome energia (o ar em redor do sensor do termómetro está assim a uma temperatura mais baixa). A temperatura do termómetro molhado baixa enquanto se der a evaporação, deixa de descer quando a camada de ar em torno da musselina não admitir mais vapor de água. Trata-se da temperatura do termómetro molhado. A quantidade de vapor de água que existe na atmosfera depende da temperatura do ar T, indicada pelo termómetro seco. Quanto mais afastadas estão as temperaturas do termómetro seco e do termómetro molhado, mais seco está o ar. As tabelas psicrométricas dão os valores da humidade relativa do ar a partir dos valores da temperatura do termómetro seco e da temperatura do termómetro molhado. Pressão Atmosférica Todos os seres estão sujeitos à pressão exercida pelo peso dos gases que compõem a atmosfera. Acima e à volta de nós, há biliões de moléculas e átomos que se deslocam a grande velocidade e colidem entre si, com a superfície do globo, com os seres vivos e com qualquer objecto no ar. A pressão atmosférica é a força que o ar exerce por unidade de superfície. A pressão atmosférica varia na vertical diminuindo à medida que se sobe na atmosfera porque a coluna de ar acima desse nível é menor, havendo, por


isso, menos quantidade de moléculas e átomos a exercer peso e a comprimir. A pressão atmosférica também varia na horizontal mas em menor escala. A unidade de pressão atmosférica no Sistema Internacional de Unidades é o Pascal (Pa) e corresponde à pressão exercida pela força de 1 Newton, actuando perpendicularmente numa superfície plana de 1 m2. A unidade utilizada pelos meteorologistas é o hectoPascal (hPa; 1 hPa= 100Pa). A variação da pressão em altitude pode ser calculada através da expressão conhecida como equação hipsométrica que permite relacionar variações de pressão com desníveis altimétricos. Pode ser utilizada com uma boa aproximação desde que se decomponha a atmosfera em camadas nas quais a temperatura e humidade variem quase linearmente. No caso de se considerar uma camada de ar seco e onde a temperatura não varie com a altitude (uma camada isotérmica), a pressão ao nível z, em função da pressão ao nível z0 (z0 = 0 ao nível médio do mar) é dada pela seguinte expressão:

onde R é a constante dos gases ideais para o ar seco (287 J kg-1 K-1) e T a temperatura absoluta: T(K)=t(ºC)+273. A pressão decresce exponencialmente com a altitude e decresce mais rapidamente numa camada de ar frio do que numa camada de ar quente. No caso mais realista de se considerar uma camada de ar húmido substitui-se na expressão anterior a temperatura do ar pela temperatura virtual. O valor da pressão atmosférica média à superfície do globo é de cerca de 101500 Pa ou 1015 hPa. Na figura 2 apresentam-se valores muito aproximados da pressão atmosférica a diversos níveis:

Figura 2 - Variação da pressão atmosférica com a altitude (valores aproximados da a diversos níveis da atmosfera). Como está indicado na figura, a pressão atmosférica atinge os valores máximos ao nível médio do mar. O instrumento utilizado para medir a pressão atmosférica é conhecido por barómetro (ver estações clássicas). A palavra barómetro deriva de duas palavras gregas baros (peso) e metron (medida).

Grandezas Meteorológicas As grandezas meteorológicas permitem descrever o estado da atmosfera num determinado instante ou ao longo de um período de tempo (através das variações que vão registando). Assim, através da análise da distribuição espacial e temporal das grandezas meteorológicas é possível caracterizar a atmosfera, identificar variações que nela ocorrem e, igualmente, auxiliar na elaboração da previsão do tempo. Os valores das grandezas meteorológicas podem ser representados de diversas maneiras: cartas, gráficos, perfis verticais, diagramas aerológicos, etc. A temperatura do ar, a pressão atmosférica, a velocidade do vento são alguns exemplos de grandezas meteorológicas. A HUMIDADE NA ATMOSFERA A quantidade de vapor de água na atmosfera é muito variável e tem grande importância nos fenómenos meteorológicos, pois, em determinadas cirscunstâncias pode dar origem à formação de nuvens, nevoeiro,


neblina, precipitação, orvalho, etc. Para uma dada temperatura, há um limite para a quantidade de vapor de água que o ar pode conter. Quando esse limite é atingido, diz-se que o ar está saturado. Há várias formas de exprimir a quantidade de vapor de água na atmosfera, sendo as mais utilizadas a temperatura do ponto de orvalho e a humidade relativa. Temperatura do Ponto de Orvalho A temperatura do ponto de orvalho é a temperatura para a qual uma porção de ar deve ser arrefecida (a pressão constante) até ficar saturada. Quanto mais próxima a temperatura do ar estiver da do ponto de orvalho, mais o ar está próximo da saturação. Humidade Relativa do ar A humidade relativa mede a quantidade de vapor de água que existe no ar em relação ao máximo que o ar poderia conter à mesma temperatura. Depende não só da quantidade de vapor de água contida no ar, mas também da temperatura deste. Se a quantidade de vapor de água contida no ar permanecer constante, a humidade relativa aumenta se a temperatura descer. Deste modo, mantendo-se a pressão constante e a mesma massa de ar, os valores da humidade relativa são mais elevados de madrugada, visto as temperaturas serem inferiores. A temperaturas mais elevadas, o ar admite maior quantidade de vapor de água. Considera-se que se está perante ar seco se o valor da humidade relativa for inferior a 30% (podendo mesmo ser 0% se estiver completamente seco) e, neste caso, a temperatura do ar é muito superior à do ponto de orvalho (T >> Td). Se o ar estiver saturado, a humidade relativa é 100% e, neste caso, a temperatura do ar é igual à do ponto de orvalho (T = Td). No exemplo da figura 1.a e figura 1.b, a quantidade de vapor de água mantém-se constante. À esquerda, para uma temperatura do ar de 17ºC, a humidade relativa é de 42%. No caso limite de a temperatura descer até ao ponto de orvalho, como mostra do lado direito da figura, a humidade relativa passa a ser 100%.

Figura 1.a - Humidade relativa = 42%

Figura 1.b - Humidade relativa = 100%

A humidade relativa pode ser medida directamente com um higrómetro ou pode ser determinada através de um psicrómetro (ver psicrómetro). Um psicrómetro é constituído por dois termómetros: o termómetro seco e o termómetro molhado. Este indica


sempre uma temperatura inferior à do termómetro seco pois possui um depósito envolvido por uma musselina que é mantida sempre molhada e o processo de evaporação consome energia (o ar em redor do sensor do termómetro está assim a uma temperatura mais baixa). A temperatura do termómetro molhado baixa enquanto se der a evaporação, deixa de descer quando a camada de ar em torno da musselina não admitir mais vapor de água. Trata-se da temperatura do termómetro molhado. A quantidade de vapor de água que existe na atmosfera depende da temperatura do ar T, indicada pelo termómetro seco. Quanto mais afastadas estão as temperaturas do termómetro seco e do termómetro molhado, mais seco está o ar. As tabelas psicrométricas dão os valores da humidade relativa do ar a partir dos valores da temperatura do termómetro seco e da temperatura do termómetro molhado. PRESSÃO ATMOSFÉRICA Todos os seres estão sujeitos à pressão exercida pelo peso dos gases que compõem a atmosfera. Acima e à volta de nós, há biliões de moléculas e átomos que se deslocam a grande velocidade e colidem entre si, com a superfície do globo, com os seres vivos e com qualquer objecto no ar. A pressão atmosférica é a força que o ar exerce por unidade de superfície. A pressão atmosférica varia na vertical diminuindo à medida que se sobe na atmosfera porque a coluna de ar acima desse nível é menor, havendo, por isso, menos quantidade de moléculas e átomos a exercer peso e a comprimir. A pressão atmosférica também varia na horizontal mas em menor escala. A unidade de pressão atmosférica no Sistema Internacional de Unidades é o Pascal (Pa) e corresponde à pressão exercida pela força de 1 Newton, actuando perpendicularmente numa superfície plana de 1 m2. A unidade utilizada pelos meteorologistas é o hectoPascal (hPa; 1 hPa= 100Pa). A variação da pressão em altitude pode ser calculada através da expressão conhecida como equação hipsométrica que permite relacionar variações de pressão com desníveis altimétricos. Pode ser utilizada com uma boa aproximação desde que se decomponha a atmosfera em camadas nas quais a temperatura e humidade variem quase linearmente. No caso de se considerar uma camada de ar seco e onde a temperatura não varie com a altitude (uma camada isotérmica), a pressão ao nível z, em função da pressão ao nível z0 (z0 = 0 ao nível médio do mar) é dada pela seguinte expressão:

onde R é a constante dos gases ideais para o ar seco (287 J kg-1 K-1) e T a temperatura absoluta: T(K)=t(ºC)+273. A pressão decresce exponencialmente com a altitude e decresce mais rapidamente numa camada de ar frio do que numa camada de ar quente. No caso mais realista de se considerar uma camada de ar húmido substitui-se na expressão anterior a temperatura do ar pela temperatura virtual. O valor da pressão atmosférica média à superfície do globo é de cerca de 101500 Pa ou 1015 hPa. Na figura 2 apresentam-se valores muito aproximados da pressão atmosférica a diversos níveis:


Figura 2 - Variação da pressão atmosférica com a altitude (valores aproximados da a diversos níveis da atmosfera). Como está indicado na figura, a pressão atmosférica atinge os valores máximos ao nível médio do mar. O instrumento utilizado para medir a pressão atmosférica é conhecido por barómetro (ver estações clássicas). A palavra barómetro deriva de duas palavras gregas baros (peso) e metron (medida). O AR EM MOVIMENTO A pressão atmosférica varia na vertical e varia também, embora em menor escala, na horizontal. A heterogeneidade na distribuição horizontal da pressão vai criar forças que são as grandes impulsionadoras do movimento do ar; trata-se das forças de gradiente de pressão ou, simplesmente forças de pressão. O gradiente de pressão consiste na variação da pressão atmosférica segundo uma direcção perpendicular às isóbaras e dirigido para os valores mais altos da pressão. Se, numa área extensa, a pressão atmosférica não variar, o gradiente de pressão é nulo nessa região. A força de gradiente de pressão, resultante da variação horizontal da pressão atmosférica, tem uma direcção também perpendicular às isóbaras, mas no sentido das baixas pressões. É esta força que impulsiona o ar a deslocar-se das altas para as baixas pressões. Quando o ar se move, tem que se considerar o factor rotação da Terra. Para um observador situado na superfície terrestre, há um desvio no movimento do ar, que resulta de o observador acompanhar o movimento de rotação da Terra. Assim, para um observador à superfície da Terra, existe uma força que faz desviar o movimento do ar da sua trajectória inicial, encurvando-a. Esta força de inércia chama-se força de Coriolis. A intensidade desta força é proporcional à intensidade do vento e varia com a latitude; no equador é nula e nos pólos é máxima. No


Hemisfério Norte o desvio do movimento do ar, resultante da actuação desta força, é para a direita e no Hemisfério Sul é para a esquerda. Outra força que actua sobre o ar é a força de atrito. Esta força é gerada sempre que existe movimento relativo entre o ar e a superfície do globo ou entre camadas de ar adjacentes. O seu efeito consiste em reduzir a intensidade do vento e em desviá-lo no sentido das baixas pressões. À superfície do Globo, o efeito do atrito é maior sobre terra do que sobre o mar. Acima da camada de atrito, que tem cerca de 1 km de espessura, o atrito torna-se desprezável. Se o ar se deslocar numa região onde não haja atrito e se as isóbaras forem rectilíneas, estabelece-se um equilíbrio entre a força de gradiente de pressão e a força de Coriolis, como mostra a figura 3, e o ar segue um movimento rectilíneo e uniforme - trata-se do vento geostrófico.

Figura 3 - Equilíbrio entre as forças de gradiente de pressão e de Coriolis. O ar segue um movimento rectilíneo e uniforme - trata-se do vento geostrófico. No caso de as isóbaras serem curvilíneas, o ar passa a ser actuado também pela força centrífuga. Não havendo atrito, estabelece-se agora equilíbrio entre as três forças: de gradiente de pressão, de Coriolis e centrífuga. Neste caso, o vento também vai ser paralelo às isóbaras, como mostra a figura 3, para o Hemisfério Norte: em (a) no caso de um centro de altas pressões e em (b) no caso de um centro de baixas pressões.

Figura 3.a - Movimento do ar em torno de um centro de Figura 3.b - Movimento do ar em torno de um centro altas pressões no Hemisfério Norte de altas pressões no Hemisfério Norte Nas camadas baixas da atmosfera, onde não se pode desprezar o atrito, tem que se considerar o seu efeito: o vento deixa de ser paralelo às isóbaras e passa a cruzá-las, no sentido das baixas pressões. As figuras 3.a e 3.b mostram, também para o Hemisfério Norte, o movimento do ar em torno de um anticiclone e de uma depressão, no caso de haver atrito.


Figura 3.c - Movimento do ar em torno de um centro de Figura 3.d - Movimento do ar em torno de um centro altas pressões no Hemisfério Norte, considerando o de altas pressões no Hemisfério Norte, considerando o atrito. atrito. Pelo facto de, no Hemisfério Sul, o sentido do desvio na direcção do vento ser para a esquerda, a circulação do ar em torno de um anticiclone e de uma depressão é também no sentido contrário àquela que acontece no Hemisfério Norte.

Sistemas Meteorológicos Os anticiclones e as depressões são sistemas sinópticos e o seu posicionamento e evolução condicionam, de uma forma geral, o estado do tempo num determinado local. Existem sobre o Globo extensas regiões anticlónicas e depressionárias, com posições e condições quase estacionárias durante um longo período de tempo (um ano ou uma estação) e, neste caso, têm o nome de centros de acção. Anticiclones. Ver mais»


Anticiclone São regiões onde os valores de pressão atmosférica são máximos no centro e diminuem à medida que a distância ao centro aumenta. O vento em torno dos anticiclones sopra no sentido do movimento dos ponteiros do relógio no Hemisfério Norte e em sentido contrário no Hemisfério Sul. Considera-se, neste documento, dois tipos de anticiclones: frios e quentes (subtropicais). O anticiclone dos Açores é um exemplo de um anticiclone subtropical. O outro tipo de anticiclone desenvolve-se geralmente durante o Inverno sobre os continentes. No entanto, podem desenvolver-se também nas regiões oceânicas a leste de territórios continentais, a latitudes elevadas. Anticiclone Frio A situação ilustrada é responsável por invernos mais frios e secos em Portugal Continental.

Figura 1 - Campos da pressão ao nível médio do mar (hPa) e do geopotential (mgp) aos 500hPa (cerca de 5000m) previstos pelo modelo do ECMWF para o dia 26/01/2005 às 12 TU, com base na análise do dia 25/01/2005 às 12 TU.

Figura 2 - Campo da advecção de temperatura aos 850hPa (cerca de 1500m) previsto pelo modelo do ECMWF para o dia 26/01/2005 às 12TU, com base na análise do dia 25/01/2005 às 12 TU. Em Portugal Continental, a situação sinóptica é determinada pela acção conjunta de um anticiclone localizado a Oeste das Ilhas Britânicas e de uma depressão centrada no Mediterrâneo Ocidental (ver fig.1). Estes dois centros barométricos originam um fluxo de ar frio proveniente de Nordeste, como se pode constatar pelas zonas de cor verde e azul que indicam advecção de ar muito frio (ver fig.2).

Quentes ou subtropicais O anticiclone conhecido por "anticiclone dos Açores" é um exemplo de um anticiclone subtropical.

Figura 3 -Campos da pressão ao nível médio do mar (hPa) e do geopotential (mgp) aos 500hPa previstos pelo modelo do ECMWF para o dia 18/07/2005 às 12TU, com base na análise do dia 17/07/2005 às 12 TU O estado do tempo em Portugal Continental é condicionado pelo anticiclone dos Açores (situação típica de Verão).


Figura 4 -Pela imagem de satélite (Meteosat) na banda do infravermelho pode observar-se pouca nebulosidade na Península Ibérica. Os anticiclones estão habitualmente associados a condições meteorológicas estáveis, sem precipitação ou com precipitação pouco intensa (consoante a massa de ar presente). As ondas de frio, no Inverno, e de calor, no Verão, estão muitas vezes associadas à persistência de anticiclones sobre o Continente. Estas situações sinópticas favorecem o transporte continental de massas de ar, frio no Inverno e quente no Verão.

Sistemas Meteorológicos Os anticiclones e as depressões são sistemas sinópticos e o seu posicionamento e evolução condicionam, de uma forma geral, o estado do tempo num determinado local. Existem sobre o Globo extensas regiões anticlónicas e depressionárias, com posições e condições quase estacionárias durante um longo período de tempo (um ano ou uma estação) e, neste caso, têm o nome de centros de acção. Anticiclones. Ver mais» Anticiclone São regiões onde os valores de pressão atmosférica são máximos no centro e diminuem à medida que a distância ao centro aumenta. O vento em torno dos anticiclones sopra no sentido do movimento dos ponteiros do relógio no Hemisfério Norte e em sentido contrário no Hemisfério Sul. Considera-se, neste documento, dois tipos de anticiclones: frios e quentes (subtropicais). O anticiclone dos Açores é um exemplo de um anticiclone subtropical. O outro tipo de anticiclone desenvolve-se geralmente durante o Inverno sobre os continentes. No entanto, podem desenvolver-se também nas regiões oceânicas a leste de territórios continentais, a latitudes elevadas. Anticiclone Frio A situação ilustrada é responsável por invernos mais frios e secos em Portugal Continental.


Figura 1 - Campos da pressão ao nível médio do mar (hPa) e do geopotential (mgp) aos 500hPa (cerca de 5000m) previstos pelo modelo do ECMWF para o dia 26/01/2005 às 12 TU, com base na análise do dia 25/01/2005 às 12 TU.

Figura 2 - Campo da advecção de temperatura aos 850hPa (cerca de 1500m) previsto pelo modelo do ECMWF para o dia 26/01/2005 às 12TU, com base na análise do dia 25/01/2005 às 12 TU. Em Portugal Continental, a situação sinóptica é determinada pela acção conjunta de um anticiclone localizado a Oeste das Ilhas Britânicas e de uma depressão centrada no Mediterrâneo Ocidental (ver fig.1). Estes dois centros barométricos originam um fluxo de ar frio proveniente de Nordeste, como se pode constatar pelas zonas de cor verde e azul que indicam advecção de ar muito frio (ver fig.2).

Quentes ou subtropicais O anticiclone conhecido por "anticiclone dos Açores" é um exemplo de um anticiclone subtropical.

Figura 3 -Campos da pressão ao nível médio do mar (hPa) e do geopotential (mgp) aos 500hPa previstos pelo modelo do ECMWF para o dia 18/07/2005 às 12TU, com base na análise do dia 17/07/2005 às 12 TU O estado do tempo em Portugal Continental é condicionado pelo anticiclone dos Açores (situação típica de Verão).

Figura 4 -Pela imagem de satélite (Meteosat) na banda do infravermelho pode observar-se pouca nebulosidade na Península Ibérica. Os anticiclones estão habitualmente associados a condições meteorológicas estáveis, sem precipitação ou com precipitação pouco intensa (consoante a massa de ar presente). As ondas de frio, no Inverno, e de calor, no Verão, estão muitas vezes associadas à persistência de anticiclones sobre o Continente. Estas situações sinópticas favorecem o transporte continental de massas de ar, frio no Inverno e quente no Verão.

Representação à superfície (n.m.m.) de um Centro Representação da Circulação do ar à superfície (n.m.m.) num de Altas pressões no Atlântico Norte Centro de Altas pressões no Atlântico Norte Por outro lado, as depressões ou centros de baixas pressões estão, em geral, associadas a situações com precipitação, por vezes intensa. Podem desenvolver-se sobre terra devido ao aquecimento diferencial da superfície do Globo (por exemplo em zonas costeiras), designando-se por depressões de origem térmica. Estas depressões observam-se na Península Ibérica, em especial no período entre Maio e Setembro, podendo, em determinadas situações, desencadear instabilidade atmosférica suficiente para originar trovoadas, tipicamente caracterizadas pela ocorrência de aguaceiros (de chuva e/ou granizo), rajadas de vento e relâmpagos. Depressões. Ver mais» Depressões São regiões onde os valores de pressão atmosférica são mínimos no centro e aumentam à medida que a distância ao centro aumenta. O vento em torno das depressões sopra no sentido contrário ao do movimento


dos ponteiros do relógio no Hemisfério Norte e em sentido do movimento dos ponteiros do relógio no Hemisfério Sul. Geralmente as depressões nas latitudes médias têm um sistema frontal associado, sendo nesse caso denominadas depressões frontais. O estado final de uma depressão frontal ocorre quando o ar frio atrás da superfície frontal fria atinge o ar frio à frente da superfície frontal quente. Este estado chama-se oclusão. Na região da frente quente (que tem um declive vertical suave) o ar quente ascende e formam-se nuvens estratificadas de pequeno desenvolvimento vertical que provocam precipitação continua. Por outro lado, na região da frente fria, o ar quente e húmido sobe ao longo dessa superfície (que é mais inclinada que a superfície frontal quente), favorecendo, assim, à frente da superfície frontal fria, o desenvolvimento de nuvens do tipo cumulonimbus e a ocorrência de precipitação em regime de aguaceiros.

Representação à superfície (n.m.m.) de um Centro Representação da Circulação do ar à superfície (n.m.m.) de Baixas Pressões no Atlântico Norte num Centro Baixas Pressões no Atlântico Norte Os sistemas frontais correspondem a regiões de separação de massas de ar com características termodinâmicas distintas e estão associados a depressões, constituindo um mecanismo eficaz de geração de precipitação. Após a passagem de uma superfície frontal fria, podem formar-se regiões organizadas de maior instabilidade atmosférica, designadas por linhas de instabilidade



Periodos de Seca Meteorológica As situações de seca constituem uma ocorrência natural associada essencialmente à falta de precipitação, que se verifica todos os anos em diversas regiões do mundo. Contrariamente aos outros desastres naturais, que geralmente actuam de forma rápida e com impactos imediatos, a seca é o desastre natural de origem meteorológica e climatológica mais complexo e que afecta mais pessoas e durante mais tempo que qualquer outro. Os impactos resultantes deste fenómeno variam conforme a escala espacial e temporal. Longos períodos de seca provocam graves prejuízos económicos, nomeadamente ao nível dos sectores agrícola, pecuário e recursos hídricos, originando muitas vezes o desenvolvimento e propagação de pragas e pestes, o que designadamente em países com economias débeis leva à escassez de alimentos e consequentemente à perda de um número muito


significativo de vidas humanas (estatísticas apontam, em média, para um número superior a 30 000 por ano). Sendo embora um desastre natural que não poderá ser evitado, os seus impactos poderão ser minimizados através da deslocação de grandes quantidades de água ou da promoção do estabelecimento de mecanismos para o seu armazenamento; por seu lado, a má gestão do uso do solo e práticas agrícolas inadequadas, contribuem para a degradação dos solos e dos recursos hídricos, aumentando a vulnerabilidade dos e populações a eventos de seca. Causas da seca em Portugal Continental O problema das secas deve enquadrar-se em anomalias da circulação geral da atmosfera, a que correspondem flutuações do clima numa escala local ou regional. A situação geográfica do território de Portugal Continental é favorável à ocorrência de episódios de seca, quase sempre associados a situações de bloqueio em que o anticiclone subtropical do Atlântico Norte se mantém numa posição que impede que as perturbações da frente polar atinjam a Península Ibérica.

Situação sinóptica (pressão ao nível médio do mar) de 22 de Janeiro de 2005 As situações de seca são frequentes em Portugal Continental, com consequências desastrosas na agricultura e na pecuária, nos recursos hídricos e no bem-estar das populações , sendo de destacar, nos últimos 65 anos, os anos de seca com maior severidade: 1944/46, 1965, 1976, 1980/81, 1991/92, 1994/95 e 1998/99. Nomeadamente as regiões a Sul do Tejo são as mais vulneráveis, e as que têm sido mais afectadas. Definição de Seca Em termos muito gerais define-se seca como um período de persistência anómala de tempo seco de modo a causar problemas na agricultura, na pecuária e/ou no fornecimento de água. A definição de seca depende do ponto de vista do utilizador. Em geral distingue-se entre seca meteorológica, seca agrícola, seca hidrológica e seca socio-económica, Figura 1, ( Whilhite e Glantz, 1987 ).

Esquema da sequência temporal dos diversos tipos de seca adaptado de www.drought.unl.edu, 2002) Seca Meteorológica – uma medida do desvio da precipitação em relação ao valor normal; caracteriza-se pela falta de água induzida pelo desequilíbrio entre a precipitação e a evaporação, a qual depende de outros elementos como a velocidade do vento, temperatura e humidade do ar, insolação. A definição de seca meteorológica deve ser considerada como dependente da região, uma vez que, as condições atmosféricas que resultam em deficiências de precipitação podem ser muito diferentes de região para região. Seca Agrícola - associada à falta de água causada pelo desequilíbrio entre a água disponível no solo, a necessidade das culturas e a transpiração das plantas. Este tipo de seca está relacionado com as características das culturas, da vegetação natural, ou seja, dos sistemas agrícolas em geral. Seca Hidrológica - relacionada com a redução dos níveis médios de água nos reservatórios e com a depleção de água no solo. Este tipo de seca está normalmente desfasado da seca meteorológica e agrícola, dado que é necessário um período maior para que as deficiências na precipitação se manifestem nos diversos componentes do sistema hidrológico . Seca Socio-Económica - associada ao efeito conjunto dos impactos naturais e sociais que resultam da falta de água, devido ao desequilíbrio entre o fornecimento e a procura dos recursos de água e que vai afectar


directamente as populações . A quantidade e distribuição anual da precipitação, assim como valores elevados da temperatura do ar, são condições que determinam a intensidade e consequências de uma seca. De forma a estimar a possibilidade de ocorrência de uma seca, ou o seu grau de severidade, devem conhecer-se as condições climáticas. Neste contexto para uma certa área, os dados meteorológicos mais importantes que se devem conhecer são a precipitação, a temperatura do ar, a humidade do ar e o conteúdo de água no solo. Índices de seca Uma situação de seca ou de chuva pode ser quantificada por diferentes índices meteorológicos, os quais permitem determinar o respectivo grau de intensidade. Alguns dos índices meteorológicos mais utilizados são os seguintes Percentagem da Normal : razão entre o valor observado da precipitação e o valor normal. Decis, classificação de um intervalo de tempo quanto à precipitação - Divisão da série de precipitação em 10 partes iguais, designadas por 1º Decil, 2º Decil até ao 10º Decil. Pode então dizer-se com que nível de probabilidade podem ser excedidos ou não atingidos determinados valores da precipitação. Um valor inferior ao 2º Decil, é um valor que é excedido em pelos menos 80% dos anos, o que equivale a dizer que tem uma probabilidade de ocorrência de 20%. Classificação de um intervalo de tempo quanto à precipitação Intervalo Inter- Decis 1 2 3,4 5,6 7,8 9 10

Designação Qualitativa extremamente seco muito seco seco normal chuvoso muito chuvoso extremamente chuvoso

Índice de Palmer ou PDSI ( Palmer Drought Severity Index ) - representa uma medida da intensidade da seca (chuva) e responde a condições do tempo que estiveram anormalmente secas ou anormalmente chuvosas. Detecta períodos de seca e classifica-os em termos da sua intensidade. O seu cálculo baseia-se no cálculo dos elementos do balanço hídrico, utilizando dados de temperatura média mensal, precipitação total mensal e conteúdo de água no solo. Classificação para períodos secos e períodos chuvosos do índice de Palmer Classificação de Palmer 4.00 ou superior chuva extrema 3.00 a 3.99 chuva severa 2.00 a 2.99 chuva moderada 0.50 a 1.99 chuva fraca 0.49 a 0.49 normal - 0.50 a -1.99 seca fraca - 2.00 a -2.99 seca moderada - 3.00 a -3.99 seca severa - 4.00 ou inferior seca extrema SPI ( Standardized Precipitation Index ) - O índice meteorológico de seca SPI permite quantificar o défice de precipitação em diferentes escalas temporais: 1, 2, 3, 6, 9, 12.... meses, que reflectem o impacto da seca na disponibilidade das diferentes fontes de água. O cálculo do SPI para qualquer local é baseado em séries longas da


precipitação. Classificação para períodos secos e períodos chuvosos do índice SPI Classificação do SPI 2.00 ou mais 1.50 a 1.99 1.00 a 1.49 - 0.99 a 0.99 - 1.00 a -1.49 - 1.50 a -1.99 - 2.00 ou menos

chuva extrema chuva severa chuva moderada normal seca moderada seca severa seca extrema

As Secas e Portugal Continental Com o objectivo de detectar o número total de secas e os episódios mais longos de seca analisaram-se as séries do índice de seca PDSI ( Palmer Drought Severity Index ) para algumas estações de Portugal Continental com séries longas (desde 1901 e 1922): Porto, Lisboa, Évora e Beja. Situações de seca no Porto, Lisboa, Évora e Beja Nº secas

Estações

Maior nº meses em seca severa/extrema

Seca mais longa

Porto (1922-2004

22

36 meses Mar 1943 a Fev 1946

12

Lisboa (1901-2004)

18

29 meses Nov 1943 a Mar 1946

10

Évora (1901-2004)

28

29 meses Nov 1943 a Mar 1946

12

Beja (1901-2004)

28

29 meses Nov 1943 a Mar 1946

17

Regiões Considerando apenas os últimos 25 anos verifica-se que foi na década de 90 que as situações de seca foram mais frequentes, sendo a seca de 1991 - 1993 a mais longa tendo afectado todo o território continental. Situações de seca nas regiões do Norte/Centro e Sul desde 1980 Seca 1980-81

Região Norte/Centro fraca a severa

Região Sul

Dez 80 a Fev 81 moderada a extrema Dez 80 a Dez 81

1991/92/93 fraca a extrema Nov 91 a Mar 93 1994/95

fraca a extrema

fraca a extrema Nov 91 a Mar 93 Mar 95 a Out 95 moderada a extrema Dez 94 a Out 95

1998/99 moderada a severa Out 98 a Fev 99 moderada a severa Out 98 a Jun 99 1999/2000 fraca a severa Jan 00 a Mar 00 moderada a extrema Dez 99 a Mar 00 Evolução Histórica do Índice de Seca Foi calculado para Portugal Continental o valor mensal do índice PDSI por décadas desde 1961 até 2000 de forma a verificar como evoluíram os episódios de seca (Pires, 2003). Nas duas últimas décadas do século XX, observou-se uma intensificação da frequência de secas, em particular nos meses de Fevereiro a Abril. Análise sumária do comportamento de um painel solar em função da radiação solar sobre ele incidente. Estudo dos rendimentos obtidos em ensaios específicos de funcionamento, e as suas possibilidades em função de alguns valores médios da radiação solar ocorrente no País.







NAO [North Atlantic Oscillation - Oscilação do Atlântico Norte] A Oscilação do Atlântico Norte (North Atlantic Oscillation) é o modo principal de variabilidade da pressão ao nível do mar no Norte do Oceano Atlântico. O padrão espacial da NAO consiste num dipolo com orientação aproximada Norte/Sul com um dos centros localizado sobre a Islândia e o outro, de sinal oposto, estendendo-se pelas latitudes médias do Atlântico Norte e centrado cerca dos 35°N, na zona dos Açores. A oscilação representada neste modo significa que uma depressão intensa na Islândia tende a ocorrer com um anticiclone forte nos Açores (fase positiva da NAO) e uma depressão fraca na Islândia tende a ocorrer com um anticiclone fraco nos Açores (fase negativa da NAO). A NAO tem uma grande influência no tempo da Europa e na parte leste da América do Norte, nomeadamente na temperatura à superfície, precipitação e vento. Apresenta também impactos na ecologia dos sistemas, tanto marinhos como terrestres.


Fase positiva da NAO

Fase negativa da NAO


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