#floresdeplasticodesbotam

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Fundação Municipal de Cultura APRESENTA

#floresdeplásticodesbotam Dulce Flauzino


Sem título, 2015. Fotografia. Coleção do artista


A exposição de Du Flauzino intitulada #floresdeplásticodesbotam reúne um conjunto de obras da artista realizadas entre 2013 e 2015. Trata-se de pinturas em tela com acrílico de grande formato, uma série de fotografias digitais e vídeos-performance, acrescidos de uma instalação site specific e uma performance especialmente idealizada para a vernissage. Mineira de Caratinga, a artista é radicada em Belo Horizonte, é formada em Artes Plásticas pela Escola Guignard da UEMG e tem realizado diversas exposições desde 2010. Du Flauzino é representante de uma nova geração de artistas mineiros que despontam na atualidade, com uma técnica apurada, uma temática contemporânea e uma capacidade de provocar questionamentos. As suas obras refletem plenamente os ensinamentos e a tradição artística do mestre Alberto da Veiga Guignard, guiada pela máxima “liberdade e disciplina”, a qual prega a liberdade da expressão subjetiva do artista e ao mesmo tempo uma metodologia disciplinada do olhar, voltada para o desenvolvimento de uma linguagem própria e da observação continuada do seu entorno.


Além de apresentar em sua obra aspectos da tradição da arte moderna herdada de Guignard, e sofrer influência de Claude Monet e Wassily Kandinsky na escolha das cores e nas pinceladas, Du Flauzino ultrapassa as questões tipicamente modernistas, que pregam a autonomia da arte. A artista cria uma poética própria, um microcosmo que reflete de um modo crítico questões da contemporaneidade, estabelecendo um diálogo diacrônico entre o contexto atual e o passado. Naturezas mortas são representadas através de uma paleta conflitante. Em algumas telas tons vibrantes de amarelo, laranja, vermelho, cor de rosa, branco e verde configuram arranjos de flores no primeiro plano, enquanto que ao fundo descortina-se um cenário melancólico, que ora se desvela plenamente e passa ao papel de protagonista, ora se esconde, predominando o negro, o marrom, o ocre, o azul e o cinza. Distinguemse neste cenário alguns elementos arquitetônicos enigmáticos, os quais são uma alusão não muito evidente a monumentos funerários, túmulos, jazigos e mausoléus. O conflito reside na alegria e viço das flores,


Altar, 2014. Óleo sobre tela, 90 x 110 cm. Coleção do artista


Sem título, 2015. Performance. Coleção do artista


as quais salientam a beleza e a efemeridade da vida, em contraste com a densidade e a profundidade das questões existenciais do ser humano. Na fotografia, novamente temos os mesmos motivos, só que o sentimento de desolação e degradação é elevado ao extremo. Flores de plástico se mostram desbotadas, e as poucas flores frescas que adornavam os monumentos, estão murchas, ressecadas e com suas cores alteradas. A arquitetura do Cemitério do Bonfim se torna mais presente em algumas fotos, enquanto que em outras há uma explosão de felicidade nas cores intensas provenientes das flores artificiais, em uma alusão à estética do kitsch. Há que se destacar entre as obras os vídeos-performance. Um deles é o registro da performance “Núpcias” realizada pela própria artista no Parque Municipal de Belo Horizonte em 2013. São produzidas imagens e situações absolutamente desconcertantes, através de uma noiva de vestido branco que perambula abraçada a um pequeno caixão branco, e que em um segundo momento deposita o caixão no centro de uma mesa,


Mecária, 2014. Acrílica sobre tela, 120 x170 cm. Coleção do artista Melinoe, 2014. Acrílica sobre tela, 120 x170 cm. Coleção do artista


Sem título, 2015. Performance. Coleção do artista


senta-se em uma cadeira posicionada na cabeceira e bebe uma taça de champanhe. Na outra ponta da mesa há uma cadeira vazia, o que denota a ausência de um terceiro personagem (presumindo-se que o segundo personagem seria o morto). A mesa e as cadeiras são cobertas de um tecido vermelho, cuja cor produz significados ambíguos, que denotam por um lado o amor e a paixão do casamento, e por outro lado o sangue e a dor da morte. A performance gera inúmeras possibilidades de leitura, que vão da tragédia grega à psicanálise. As obras que compõe a exposição mostram uma complexidade de sentidos que entrecruzam temas atuais com olhares, rituais e símbolos atemporais. Du Flauzino traz à tona questões fundamentais do ser humano, como a solidão, o abandono, a morte, a memória, a falsidade, o amor, a promessa de felicidade, a alegria e a efemeridade. Ao mesmo tempo em que a artista resgata signos antigos, ela denuncia de modo perturbador o esvaziamento dos seus sentidos e questiona a frivolidade da sociedade contemporânea. Celina Lage é crítica de arte, curadora e professora do Programa de PósGraduação em Artes (PPGA/UEMG). Celina F. Lage Professora Doutora Mediação e Curadoria em Arte e Cultura


Sem título, 2015. Vídeo. Coleção do artista


#floresdeplásticodesbotam 08 a 29 de Agosto de 2015

Ficha técnica: Produção: Tereza Contigo e Claúdia Guerra Curadoria: Celina Lage Produção Local: Ângelo Andrade Apoio: Centro Cultural do Padre Eustáquio Rua Jacutinga, 821. Padre Eustáquio

Realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte Patrocínio


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