S C &
50 poemas
m. mazieri
&salsa
cebola
50 poemas
poesia
viva em movimento
ĂŠ poesia
avisos
este livro pode não ser um livro.
a mistura de salsa e cebola foi uma experimentação de algum tempo/espaço que resultou em uma combinação quase clichê do mundo contemporâneo aromatizado artificialmente, estrelando capas de salgadinhos do méxico à china.
as experimentações a seguir vem da reflexão do espaço justo das coisas comunicáveis.
qualquer semelhança com as induções de consumo não é mera coincidência, mas sim mera influência do viver urbano do século XXI, rodeado de verdades inventadas por cores, formas e (pre)conceitos.
invente seus próprios avisos.
índice* pré_00 sopa_01 iminência_02 muralha_03 imperceptível_04 toque_05 superfíciefundo_06 amora_07 observação_08 fora_09 imuladarau_10 confuzo_11 j_12 v ã o_13 torredebabel_14 quas_15 cores_16 centrointerrogação_17 (e)ntres_18 nãotoque_19 apego_20 silêncio_21 pensologo_22 sóháotato_23 nada_24 prego_25
distintosparalelos_26 expremer_27 +1viv_28 parede_29 frescor_30 costela_31 (eu)_32 1)(2_33 rabisco_34 onda_35 megafone_36 verde_37 vaca_38 soja_39 vazioparticular_40 ou_41 ego_42 coma_43 sumo_44 promete_45 ser_46 desuso_47 a.b;c:_48 onda2_49 rã_50 pós_50+1
*as páginas não são numeradas
pré fácil. escrever um poema é fácil. só que requer tempo. tempo em forma de experiência, de vivência. tempo de ócio, de não-ação. wu wei. li certa vez uma entrevista com um artista plástico que disse que para escrever o projeto de uma determinada obra tinha gasto 50 anos e 4 minutos. eram os anos que tinha de vida mais os 4 minutos demorados para que o projeto se materializasse no papel. os 50 anos foram fundamentais. o difícil vem nesse tempo. tempo em forma de experiência, de vivência. tempo de ócio, de não-ação. wu wei. os 4 minutos são fáceis. os 4 minutos são o gozo final. escrever um poema é fácil, é 4 minutos. viver, vivenciar, experenciar, é a parte difícil, é 50 anos. exprimir é moleza, mas tem antes todo aquele tempo expremendo. esse tempo pode ser como um brasil antigo, 50 em 5. 40 em 10. 20 em 1, dia. diferente de einstein e igual sua teoria, o tempo é relativo. mas a proporção é sempre próxima. 50/4. os maias viviam em outro calendário. 13/20. e hoje nos impõem o 12/60. proporções. são delas que saem os poemas de um poeta. proporções sutis da vida. 50/4. vida em 13/20. negando o 12/60. assim se faz um poema, dois, três, esses cincoenta. e de onde sai tudo isso? escrever é sempre a liberdade enclausurada. nas palavras, no papel, na tela. o infinito em duas dimensões. transcender as retaspontos com os recursos de curvascores, usar o digital a favor da poesia viva. experimentar em frente a tela, como um pintor. de letras. superar a caneta e usar quase
10 dedos. testar. apagar. deixar. arriscar. o que tem de concreto nisso tudo? o que tem de visual? o que tem de poesia? p o e s i a. pensar fora da caixinha não é nada fácil. tem que explodir. explodi-la. e ainda juntar os cacos num mosaico pseudo-inovador. 2013 dá uma responsa. é um degrau alto. ombro sobre ombro sobre ombro sobre ombro. e pra saber de todos os ombros? a coragem pra olhar pra baixo lá de cima. a paciência de as vezes descer. ser neomillenium dá trabalho. tanta informação, tanto entretenimento, tanto fazer. só que requer tempo. tempo em forma de experiência, de vivência. tempo de ócio, de não-ação. wu wei. juntar as pontas, fazer o círculo se fechar em nós. a revolução somos nós. eu falei que era responsa. ter o que falar pra falar. oque? porque? como? c o m o? c o m o? pois é, como. entra então a opção. isso tudo, esses cincoenta, esse jeito, essa bobagem. já dizia leminski que a poesia é uma inutilidade. gratidão. a poesia é o não-fazer supremo, a arte da inutilidade essencial. e por isso é feita. e por isso isso. por isso cebola e salsa. por isso esses cincoentas. pra isso essa verificação. v e r i f i c ação. dissolver ativopassivo em ser. observar, absorver, deixar passar. transmutar. e antes do fim, os inícios, a base, fundamentos, que mantêm essas letras de pé. então valeu. valeu quem me possibilitou todas as experiências dos meus 50 em vinte e poucos. valeu a quem possibilitou uma troca sincera. valeu a quem me ajudou a escavar as paredes do possível. valeu. gratidão.
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MURALHA
sentimental
imperceptĂvel passagem
no toque o choque O E
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superfĂcie
fundo
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ÁRVORE LÁ LONGE
observação
depois do copo d’água vem a tempestade
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fora
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uzo abuzo lambuzo confuzo z z
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A L G K A IA M N D R Q HF W SN U J
o espaço vazio é
vão
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QUAS
cores cores cores cores cores cores cores nĂŁo sĂŁo palavras
riferiaperiferiaperiferiaperiferiaperiferiaperiferiaperif
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centro?
eriferiaperiferiaperiferiaperiferiaperiferiaperiferiaperiferiaperiferiaperiferia pe
iaperiferiaperiferiaperiferiaperiferiaperiferiaperiferiap
e
cuidadocomovĂŁoentreotremeaplataforma cuidadocomovĂŁo ntreasletrasdeumafrase
nĂŁo toque nos feridos
apego nĂŁo nego
largo quando puder
o silĂŞncio tem ? som o silĂŞncio tem ? jeito
penso logo existo nĂŁo sei se
só há o tato o resto é bo ato
nada
uma possibilidade
o conhecimento nos alimenta como o prego na madeira nua
distintos
paralelos
espremex p r i m i
mais um vivente
ocidental
PAREDE SEPARA
R
cor fres
botĂŁo do riso
costela masoquismo
eu
1
2
antes escrevia agora
! E X C L A M A R
so
oz v s o ozsvmozdaammoossvvoozz v s o dam z oeem m u m m a a d q d z u d a q o e m r eamqmuoesvpporsavqouzdaammoossvvoozosvoz u r q p a premqudeamdpamrmaroaqsquvueoemzmmqdduaemmvdoazmz u o praqpprdaraaqamumeomosvsddovaazoprpmzaraqoquseuvempomerzdadaammmdoooassvmoozsvsovzoz mmradquemppraqppurreaamquudeeamdamo e u q a r e p raqu p osvoozzprpraqaq u sue z voz os m z da o m o v v s o v o p m m m muemmosdzavoz svomz osvo ada d prparqauqeuemmddaaprraaq m m zz ue e o da u m q o o ue v aq pr q mpos a v s r m s o a o p m d z zaaq vo mvque vmo ddaa mosvoz e draamm s praquermaqda u o m e q e z m u pr u s o p amprdpaqrauemdamosvoz prpaquppreramaq qudeue voz os m da m praquemdamosvoz
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megafo
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verde
vaca vaca vaca vaca vaca vaca vaca vaca vaca vaca vaca vaca vaca vaca vaca vaca vaca vaca vaca vaca vaca vaca vaca vaca vaca vaca vaca vaca vaca v aca vaca vaca vaca vaca vaca vaca vaca vaca vaca floresta
soja soja soja soja soja soja soja sojasoja soja soja soja soja soja soja soja soja soja soja soja soja soja soja soja soja soja soja soja soja soja soja soja soja soja soja soja floresta
va zi va zi
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o
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o
umeumeumeumeumeumeumeumeumeumeumeumeumeumeumeu
meumeumeumeumeume
particular
meumeumeum
umeumeu
meumeumeumeu
tudo ou
desligue os pontos
compre coma compra come compre compra compre em coma
consuma onsuma nsuma suma nsuma onsuma consumo
promete prometo compromete prometocom meta
pense repense dispense ser
leia antes de
usar
.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a. .a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a. .a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a. .a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a. .a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a. .a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a. .a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a. .a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a. .a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a. .a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a. .a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a. .a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.a.b;a.a.
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onda vemvemvemvemvemvemvem iaviaviaviaviaviaviav adno onda vemvemvemvemvem aviaviaviaviav adno onda vemvemvemvemvemvem viaviaviaviaviav adno onda vemvemvemvemvemvemvem viaviaviaviaviaviav adno onda vemvem iaviav adno onda vemvemvemvemvemvemvem viaviaviaviaviaviav adno onda vem iav adno
plu ft
t f plu
lta ltasa
a rã saltasa
*adaptação livre do poema de Bashô
pós fácil. escrever um poema é fácil. deixa-lo no papel é mais fácil ainda. transcende-lo. leva-lo do céu ao ralo. o que vale esses cincoentas poemas presos no papel? o que vale a leitura de bunda no fofo? ir a rua. usar o espaço. espacializar. muitos dos poemas daqui já foram pensados pro além página. pro além caixinha. pensados gigantes ou mínimos. pensados em muros, em chãos, em blocos. pensados pesados, pesando. a poesia viva precisa ir as ruas. precisa de movimento. a ausência de movimento é a morte. qual o limite de um poema? o palpite do leminski é que o grafite era o limite. e o que mais? e aonde mais? e como mais? a transcendência celulótica da poesia é responsabilidade de todos. a primeira coisa que ouvi, da primeira pessoa que leu cebola e salsa, foi ‘isso não cabe aqui dentro’. e daí pensei. pensei. refleti. refratei. repensei. vi muitos limites mentirosos. derrubei muros de berlim com alicate de unha. mas isso tudo tinha que existir. que nascer. que se embrionar no mundo. pra daí crescer. e a partir daí o filho é de todos. do clã mundo. do feudo nós. cada um sempre pode ir além do outro. e assim tudo se transforma. ficou claro que o limite desses poemas não é a página, mas que a obrigação de ir além se torna também um outro limite. então deixemos tudo ao seu tempo. tudo como fazemos ser. poder ser poeta é maior do que ser poeta. poder ser grande. poder ser pequeno. poder. só uma página em branco está disposta a virar um poema. só um espaço vazio comporta nossos
anseios. tudo o que eu pensar ser possível já não tem graça. quero mesmo o possível inimaginado. quero mesmo que o fim seja começo. em espiral. e o sentido disso tudo? o sentido tem que ser sentido. a explicação tem que ser sem palavras. uma noite silenciosa só é. numa noite silenciosa eu sou. transcender o poema, transcender o poeta. fazer poesia sem palavras, direto ao ponto, direto ao íntimo. expressar sem pressa. observar, absorver, deixar passar. uma carta aberta ao nada. depois do fim, mais um fim. e mais outro. e mais outro. uma infinidade de fins sucessivos. não nos contentemos com a caixinha. e nem com o caixão. limite seus limites a nenhum. ser poeta é a premissa básica da vida. a forma pra expressar a poesia é variada. do canto do sabiá a construção abandonada. ouvi dizer que o mundo não está carente de beleza, mas sim carente de olhar. tanto faz. uma coisa pede a outra. uma coisa refaz a outra. nos tempos em que não existiam os blogs os pensamentos eram postos em livros e os pensadores chamados de filósofos. tanto faz. o apelo aqui é claro simples. ir a rua. usar o espaço. espacializar. libertar esses cincoentas da opressão da página. faze-los viver o mundo, experenciar as coisas. faze-los serem olhados por olhos de muitas cores, de muitas velocidades, de muitas opiniões. faze-los sempre vivos. e mesmo que morram, revive-los. deixa-los presentes. dá-los de presente a(a) vida. permiti-los adentrar no aqui agora dos seres viventes. congregá-los. é isso. gratidão.
sobre o livro: este livro é em formato digital (pdf) e não tem nenhum tipo de registro ou direito autoral. contamos com a colaboração de que ele seja livremente pirateado com os devidos créditos, não por ego ou algo do tipo mas por facilidade de troca e convivência. as fontes utilizadas são diversas e quem quiser saber especificamente entre em contato que aproveitamos para falar de tipografia.
sobre o autor: m. mazieri é geógrafo por formação, ator por ofício e poeta por fé. nascido em são paulo, na capital, teve a sorte de passar a adolescência em indaiatuba e pôde então andar muito de bicicleta e saber o que é amar em praçinhas. escreve em blogs desde 2009 e atualmente publica seus escritos, experimentações e opiniões em [mmazieri.blogspot.com]. tem facebook, mas não tem instagram.