Monografia - Espaços de 5km/h em uma cidade a 60km/h

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Espaรงos de 5km/h em uma cidade a 60km/h

Espaรงos de 5km/h em uma cidade a 60km/h

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ESPAÇOS DE 5KM/H EM UMA CIDADE Á 60KM/H

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BACHAREL: MARESSA FREITAS BURGER ORIENTADORA: LARISSA GARCIA CAMPAGNER BANCA EXIMINADORA: JOSÉ EDUARDO BORBA VIVIANE MANZIONE RUBIO

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AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus por me abençoar nessa trajetória, Agradeço a minha família pelo apoio e presença constante. Agradeço as minhas amigas que participaram desta jornada comigo e em especial a minha vó Alzira morales freitas que me apoiou, me ensinou e sempre esteve presente.

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RESUMO

O presente trabalho pretende discutir sobre apropriação e pertencimento de espaços públicos nas metrópoles do século XXI a fim de mostrar a importância do uso destes espaços na vida cotidiana. O trabalho tem seu início com um debate teórico introduzindo o conceito de espaço público e a importância de tornA-lo um lugar com identidade, memoria e vivência, propondo uma discussão em torno da relação entre vida cotidiana na metrópole, apropriação e pertencimento dos espaços públicos. Logo após a apresentação deste conteúdo temos exemplos de estratégias urbanas contemporâneas que buscam novas formas de intervir nos espaços públicos de maneira efêmera e com o objetivo de iniciar um olhar crítico sobre a forma como usamos os espaços atualmente, e propondo ações efetivas de cunho local para responder as necessidades reais da população. Concluindo-se assim a importância da participação popular na vida urbana das cidades e a importância da qualidade dos espaços públicos na qualidade de vida cotidiana do cidadão. Palavras-chave: Espaço público, Pertencimento, Intervenções.

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Cidade,

Apropriação,


ABSTRACT

The present work intends to discuss about appropriation and belonging public spaces in big cities from the XXI century in order to show the importance of the uses of the plublic spaces in the daily life. The search as a whole has it’s beginning with a theoretical debate introducing the concept of public spaces and the importance of making it into a place with identity, memory and experience proposing a discussion around the connection between daily life in big cities x appropriation and belonging public spaces. After the theoretical background we have examples of contemporary urban strategies that search for new ways of intervene in public spaces in a ephemeral way with the objective in initiate a critical look for the way we use public spaces today, and proposing effective local actions to respond the real needs of the population. Thus concluding the importance of the popular participation in the city urban life and the importance of the quality of the plublic spaces in the quality of the daily life of the citizens. Key words: Public Spaces, Cities, Appropriation, Belonging, Interventions.

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SUMÁRIO: INTRODUÇÃO........................................................................... 9 O DESAFIO DO ESPAÇO PÚBLICO NO SÉCULO XXI O espaço público como lugar e não-lugar ............................... 14 cidade como lugar de passagem ...................................................... 18 apropriação e pertencimento do espaço público ................. 22

ESTRATÉGIAS URBANAS CONTEMPORÂNEAS Lúdico na cidade ....................................................................................... 28 urbanismo bottom-up ............................................................................ 32 coletivos urbanos e placemaking .................................................. 37

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PROJETOS DE REFERÊNCIA Urbanity - Aflalo e GAsperini ............................................................. 46 Largo São Francisco - Jan Gehl ....................................................... 49 Collaborative cloud - Büro Ole Scheeren ............................... 53

O PROJETO Conceito ........................................................................................................ 58 Etapa 1 ............................................................................................................... 58 Etapa 2 ............................................................................................................... 64

CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................. 76 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................... 78 9


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INTRODUÇÃO:

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este trabalho busca-se apresentar e propor uma discussão sobre a apropriação e pertencimento do espaço público nas metrópoles do século XXI, com enfoque principal em São Paulo e em algumas intervenções efêmeras de cunho popular, artístico e com a participação da população desta cidade. Nos 5 anos de faculdade fui criando um olhar crítico para a cidade e percebendo por meio de vivências, viagens, aprendizado e leitura que a vida nas grandes metrópoles de hoje se resumem a ganhar tempo em uma vida corrida, agitada e muitas vezes automática; não temos mais momentos de pausa, não temos mais momentos de conversa, apreciação, contemplação, discussões, bate-papo, brincar, lazer... tudo se resume a correria do dia a dia. Nesses 5 anos observei o quanto as pessoas estão vivendo de forma mecânica e cotidiana e o quanto as cidades estão refletindo esse modo de vida, com espaços públicos de qualidade cada vez mais escassos e inexistentes. Por nascer e morar em São Paulo escolhi a cidade como objeto de pesquisa, e em meio a pesquisas e observações notei que neste caso a relação cidade e cidadão é precária por diversos motivos. Inicialmente, pela cultura urbana que obtivemos com a presença, incentivo e prioridade constante em torno do transporte individual motorizado fazendo da cidade uma cidade feita para carros e não pedestres. A partir daí temos a questão econômica que nos leva ao problema da segregação que envolve a especulação junto ao forte estímulo ao lazer em Shoppings Centers, ao morar em condomínio fechado, a relação da mobilidade com o objeto do carro e tudo isso com a falsa ideia de segurança. Todo esse histórico da cidade acabou gerando um distanciamento entre a cidade e o cidadão e o sentimento de pertencimento e apropriação para com a cidade praticamente inexistente; e é exatamente esse ressurgimento de intervenções urbanas efêmeras com objetivo de retomar esse olhar para a cidade e o espaço público que pretendo discutir neste trabalho. O primeiro capitulo introduz o assunto do espaço público por meio de embasamentos de cunho mais teóricos a fim de demonstrar o conceito por trás de uma intervenção propriamente dita. Por meio dos conceitos de lugar e não-lugar tratados por teóricos, arquitetos e filósofos com Schulz, Augé e Tuan Yu-Fu busca-se demonstrar a possibilidade que a arquitetura tem em proporcionar lugares com identidades, histórias, marcas e vivências e a importância desses lugares na vida da cidade e da população, reproduzindo-se em apropriação e pertencimento do espaço por meio dos cidadãos. Junto ao conceito de lugar e não lugar busquei a relação do dia a dia corrido das metrópoles com o conceito de cidade memória e lugares de passagem abordados por Cacciari em seu livro “A Cidade”; hoje a vida nas cidades não tem momentos de pausa por dois motivos: primeiro porque o dia a dia cotidiano repleto de atividades não nos permite parar, e também porque a cidade não nos proporciona momentos de pausa. 11


A cidade é feita de espaços que acabam não criando vínculo nenhum com o cidadão. A partir do momento que esses espaços ficam carregados de memórias, histórias, vivências e identidades eles passam a ser lugares e quanto mais as pessoas se identificam mais elas se apropriam dos espaços, mas para que isso aconteça é preciso fazer parte, fazer acontecer a cidade de forma a gerar mais qualidade de vida e dos espaços. No segundo capítulo apresenta-se de forma prática conceitos teóricos discutidos no capítulo anterior por meio de estratégias urbanas contemporâneas. Primeiramente os conceitos de lúdico como estratégia urbana, Urbanismo Bottom-up ou DIY (faça você mesmo) e o papel dos Coletivos Urbanos na cidade, utilizando diversas pesquisas e livros sobre o assunto e o quanto esse assunto está em voga internacionalmente, e a importância do incentivo e investimento que profissionais da arquitetura e urbanismo junto a participação da população tem nas cidades. Tomei como base pesquisas, estudos e trabalhos realizados por Jan Gehl, Jane Jacobs, Saskia Sassen, Holly Gramazio, pesquisas realizadas por estudantes de universidades como Collumbia e Bronx, Coletivo Basurama, Coletivo Pi, A Batata Precisa de Você e Fórum Aberto Mundaréu da Luz. Através dessas pesquisas percebe-se a importância da participação popular em intervenções no espaço público, a necessidade que temos hoje em olhar para nossa cidade e participar, pertencer e apropriar-se dela, o quão interessante são as intervenções locais e o quão necessárias, a importância dos momentos de lazer e diversão no cotidiano da cidade. Ainda explicita-se o resultado desse trabalho para a vida em comunidade e para a cidade refletindo nas relações, na qualidade de vida e na qualidade dos espaços, proporcionando momentos de pausa, identidade, vivências, diálogos, debates, participação e memórias. Por fim nos dois últimos capítulos trago projetos de referências que vão ao encontro da proposta projetual que apresentei na atividade de Projeto, que giram em torno da recente e crescente presença do mercado imobiliário na cidade de São Paulo com megaprojetos de grandes loteamentos que não buscam um diálogo com a cidade e não incentivam o uso dos espaços públicos e a permeabilidade dos térreos propondo edifícios introspectivos sem participação da população, desvalorizando os espaços públicos e não respondendo as demandas locais de qualidade urbana. Por meio desta pesquisa meu objetivo era também voltar os olhares para os espaços públicos das cidades e propor um debate entre a vida cotidiana nas metrópoles do século XXI e a apropriação e pertencimento dos espaços da cidade propondo momentos de pausa e participação da população na vida urbana da cidade. Quanto ao exercício de projeto meu objetivo é fazer uso dessa estratégia de mercado imobiliário e propor um edifício que conversa com a cidade, oferecendo espaços de qualidade, permeabilidade e participação da população além de manter um desenho contemporâneo atraente e com qualidade arquitetônica.

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FONTE: BRUNO FERNANDES

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O DESAFIO DO ESPAÇO PÚBLICO NO SÉCULO XXI

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O espaço público como lugar e não-lugar

O ESPAÇO PÚBLICO COMO LUGAR E NÃO-LUGAR

O conceito de lugar, considerado por muito tempo como um dos mais problemáticos da Geografia, tem se destacado, recentemente, como uma das chaves para a compreensão das tensões do mundo contemporâneo. Articulando, entre outras, as questões relativas a globalização versus individualismo, às visões de tendência marxista versus fenomenológica ou à homogeneização do ambiente versus sua capacidade de singularização, o lugar tem se apresentado como um conceito capaz de ampliar as possibilidades de entendimento de um mundo que se fragmenta e se unifica em velocidades cada vez maiores. (LUIZ FELIPE FERREIRA, 2000, p. 1).

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urante os 5 anos de faculdade o arquiteto é treinado a desenvolver um olhar crítico e questionador, que junto as vivências, experiências e aprendizados resultam em uma inquietação sobre o modo de vida na cidade e a possibilidade de transforma-la em uma cidade mais agradável e humanizada. Falar sobre humanização e espaços agradáveis em uma metrópole soa um pouco incoerente, porém é exatamente esse o objetivo, como a arquitetura pode agir nos espaços públicos de forma a transforma-los em lugares Antes de discutirmos as grandes metrópoles contemporâneas e suas influências na cultura e na sociedade atual, voltaremos um pouco e analisaremos o conceito de pólis grega e civitas romana, ambos essenciais para o entendimento de vida em comunidade atualmente. Á começar pela pólis, modelo de cidade grega, que consistia em um aglomerado de pessoas, sem vínculo algum ao território, que compõe um conjunto de ideias e práticas políticas objetivando a busca por uma sociedade justa, seja ela onde for, e o civitas modelo romano, também não vinculado ao território, porém consistiam em um aglomerado de pessoas que enalteciam o pertencer aquela comunidade, objetivando a busca por apenas uma sociedade justa e correta, a existente naquele território. Diante desses dois modelos de cidade nota-se desde o princípio a preocupação com a identidade e a forma justa de vida política em sociedade, porém como vimos e vivenciamos sabemos que a vida na cidade hoje é bem diferente do ideal proposto antigamente; em meio a grandes metrópoles como São Paulo, Nova York, Tóquio e tantas outras, a vida em sociedade se resume a conexões em rede; tudo gira em torno da velocidade: de informação, de aprendizado, de mobilidade, nos resultados... o que acaba modificando a forma como usamos e nos conectamos a cidade. A vida cotidiana nas cidades do séc. XXI nos impulsiona para um dia-a-dia cada vez mais atarefado, efêmero, cansativo e repetitivo. O que vemos hoje são dois tipos de metrópoles, aquelas em que as pessoas fazem uso da cidade, 16


O espaço público como lugar e não-lugar

se apropriam, cuidam, e exigem uma cidade que proporcione qualidade de vida e espaços públicos capacitados; e aquelas, como São Paulo, em que as pessoas fazem da cidade um lugar de passagem, não cuidam, não usam, não exigem, não apropriam e acabam dando espaço para a violência, resultando numa péssima qualidade de vida e espaços públicos marginalizados. Esses dois tipos de sociedades são frutos de uma cultura influenciada por um planejamento urbano que faz da cidade uma cidade ativa e participativa ou ativa e alheia. Sendo assim uma solução possível e fisicamente visível e vivencial, é utilizarmos o potencial da arquitetura para transformar espaços públicos urbanos marginalizados, presentes em cidades como São Paulo, em lugares; e assim despertar nas pessoas um olhar e um sentimento de pertencimento para com a cidade. Toda essa inquietação quanto ao uso dos espaços públicos na cidade de São Paulo surgiu, primeiramente, a partir da leitura do livro Cidade para Pessoas do arquiteto dinamarquês Jan Gehl; o livro trata da forma como as cidades resolvem e propõe seus espaços públicos, dentro de seus planejamentos urbanos, o quanto são pensados para a escala das pessoas e quais são as consequências dessas tomadas de decisões para os usuários e para a cidade como um todo; fazendo com que o urbanismo tomasse novos rumos, no sentido de inovações nos planejamentos e novos temas a serem discutidos nos últimos anos, principalmente em cidades europeias, com novas diretrizes que incluem a dimensão do pedestre como o principal agente na ativação dos espaços públicos. Junto a esse pensamento de “cidade para pessoas” temos o conceito de lugar e não-lugar, teoria discutida por alguns arquitetos e não arquitetos como: Noberg-Schulz, Marc Augé e Tuan Yu-Fu. O conceito se formula a partir da discussão, abordada por todos, acerca da diferença entre espaço e lugar nas cidades. Noberg -Schulz trata do conceito se baseando na ideia de fenomenologia do lugar, que consiste na capacidade de dar significado as coisas por meio do estudo da essência. O autor faz uso de nomes como: caráter e espaço para substanciar e materializar esse conceito abstrato, e chega à conclusão de que os espaços são fronteiras materiais e genéricas, qualquer espaço delimitado é um espaço; já o caráter faz o papel do lugar que seria a caracterização e a identidade concedida ao espaço, que quando dadas e compreendidas se tornam lugar. Schulz faz uso de conceitos gregos e romanos como: genius e daimon para constatar que a ideia de lugar está inserida na cultura desde a antiguidade, segundo Schulz os gregos e romanos acreditavam que cada ser possuía um genius, ou um daimon, que seriam um espírito guardião que determinava seu caráter, sua identidade como pessoa; como dito anteriormente essas culturas priorizavam a vida em comunidade, sendo assim a identidade de todos tinha que condizer com o local em que viviam, fazer do espaço um lar, dar identidade ao local; dando origem ao conceito de genius loci que posteriormente serviu de base para o pensamento do lugar e não-lugar na cidade contemporânea. Marc Augé em sua obra: “Não lugares: introdução a uma antropologia da supermodernidade”, discute o conceito de lugar e não-lugar, em que o lugar seria o espaço vivido, do cotidiano, 17


O espaço público como lugar e não-lugar

repleto de afetividade e memória, “é antropológico, impalpável e subjetivo, habitualmente ligado à noção de tempo, onde as ações e competências humanas se sucedem e ganham significado. Todas as vivências culturais, sociais e simbólicas do cotidiano, sejam individuais ou coletivas, manifestam-se nesse palco.” (MARK AUGÉ, 2013). Já o não-lugar seria o oposto, um espaço sem vínculo, não identitário em que o autor faz um comparativo com a sociedade/cidade dos dias de hoje, ele dá o nome de supermodernidade, onde a relatividade, a superficialidade das relações e o individualismo encontram sua materialização nos não-lugares, os espaços funcionais construídos que não promovem as relações sociais e sim uma falsa familiaridade. Sendo assim podemos definir os espaços públicos das cidades contemporâneas como nãolugares, uma vez que além de se limitarem exclusivamente ao caráter físico, são espaços sem identidades, sem essência, sem significado, simplesmente um serviço a favor de uma infraestrutura voltada para a máquina e a velocidade da cidade. As cidades contemporâneas dependentes de um sistema de mobilidade que priorizam os carros transformaram os espaços públicos a um simples serviço a favor de sua mobilidade, deixando em segundo plano a importância do projetar lugares com identidades e coletividades para uso das pessoas. Os ambientes urbanos de nossas cidades configuram, hoje, um compilado de não-lugares, estabelecendo uma cultura de apropriação e pertencimento praticamente inexistente, “As palavras de ordem para os atores dos não-lugares são ação, movimento e inquietude, na acepção mais precisa dos termos. O conversar ou o socializar não é, exatamente, a temática de tais áreas. As relações que se instauram só dizem respeito, estritamente, à atividade final e qualquer interação entre as pessoas acaba por afastá-las de seu objetivo principal.” (ULISSES MACIEL, 2014) Tuan Yu-Fu trata de lugar e espaço com sendo algo único, o que não deixa de estar presente na teoria dos outros dois autores, porém para Tuan o lugar nada mais é que um espaço, anteriormente indiferenciado, transformado em lugar à medida que o conhecemos melhor e o dotamos de valor e identidade. “O espaço transforma-se em lugar à medida que adquire definição e significado” (TUAN YU-FU), a partir do momento que nos é familiar. Para Yu-Fu a melhor materialização para lugar seria o: lar, onde as pessoas se sentem confortáveis, possui identidade, sentimento de segurança o que acaba gerando o pertencimento e apropriação por parte das pessoas para com o lugar. O ato de projetar para as pessoas faz com que o arquiteto tome o cuidado de se preocupar com cada detalhe a ser executado, elevando assim o status de espaço para o de lugar; porém a tarefa não é tão simples assim, cada espaço, mesmo exclusivamente físico, possui suas características próprias, o que faz com que o desafio do arquiteto seja o que NobergSchulz descreve como objetivo da arquitetura, “o propósito existencial da arquitetura é fazer um sítio tornar-se um lugar, isto é revelar os significados já presentes daquele espaço” é saber ver as qualidades e identidades de determinado espaço e destaca-las em seu projeto sem que se torne algo forçado, é a sutileza de mostrar/valorizar algo que sempre esteve ali a fim de incentivar o uso e apropriação dos espaços, ou melhores lugares. 18


O espaço público como lugar e não-lugar

Dar sentido ao presente seria vivencia-lo, porém tratamos aqui de um presente que está em constante mudança devido a velocidade de transformação da cidade, portanto instituímos aqui que a cidade e o indivíduo dependem um do outro e da capacidade de adaptação e inovação um do outro, estabelecendo assim uma relação onde a cidade oferece seus espaços e o indivíduo, de forma coletiva, lhe dá sentido por meio do reconhecimento de sua identidade e essência apropriando-se e transformando-o em lugar.

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Cidade como lugar de passagem

CIDADE COMO LUGAR DE PASSAGEM

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utro desafio a ser vencido na cidade do século XXI é: como fazer dos espaços algo memorável, que gere interesse, apropriação e não simplesmente lugares de passagem. Vivemos em um mundo em que as distâncias e as fronteiras não são mais um problema, estamos todos conectados por um sistema em rede, invisível aos olhos, porém concreto nos acontecimentos; mesmo estando 24h conectados uns com os outros as pessoas estão perdendo o “relacionar-se uns com os outros” isso é fruto da forma como a vida na cidade se tornou, um vai e vem em que sempre estamos indo, voltando ou tentado chegar em algum lugar, porém nunca estamos de fato nos lugares. Esse modelo de vida metropolitana acaba refletindo uma cidade que não proporciona momentos de pausa, os espaços são projetados para se passar por eles e não permanecer, são espaços sem identidade. O caos urbano, as velocidades dos automóveis e da vida agitada das metrópoles modernas, aliados a falta de segurança nas ruas, criou um novo ambiente urbano muito pouco favorável para a vida comunitária na cidade. Em resposta a essa cidade desfavorável, no século XX arraigou-se a proposta de espaços introvertidos, espaços que viram as costas para a cidade, espaços climatizados, condicionados e artificiais voltados para a lógica do consumo como: Shopping centers e hipermercados; até a tradicional praça, os largos, os barzinhos e as ruas foram trazidos para dentro desses ambientes onde tudo é controlado. Essa atitude gerou uma exclusão das ruas só fazendo piorar a falta de segurança e a feiura que nossas cidades sucessivamente vêm se tornando, ocasionando uma desculturalização quanto ao viver, caminhar, usar, aprender, cuidar e apropriar da cidade. Em meio a tantos desafios e questionamentos, em termos teóricos me voltei a Maximus Cacciari em seu livro chamado A Cidade, onde ele discorre sobre o assunto da cidade-território ou pós-metrópole e a define como “a cidade-território impede toda e qualquer forma de propagação[...] Estamos, agora na presença de um espaço indefinido, homogêneo, indiferente nos seus lugares[...]” (CACCIARI, 2010, p.33), a grande questão tratada em seu texto “A cidade-território (ou Pós-metrópole)” é a de que hoje nós temos um desenraizamento quanto ao lugar, tudo hoje se dissolve nas relações em rede temporais; portanto os lugares, anteriormente tão valorizados e carregado de significados e identidade hoje são meramente lugares de passagem onde os usos são variados não cabendo mais o vínculo e a identificação. Um exemplo do qual ele faz uso é o do habitar (que foi apresentado no subcapítulo anterior, sobre o lugar e não-lugar, sob a perspectiva de Tuan Yu-Fu em que que o espaço se torna lugar a partir do momento que nos é familiar como o lar/habitar), onde ele faz o questionamento: Será possível habitar onde não existam lugares? Para Cacciari o habitar seria a pausa, o sítio onde paramos, portanto, uma cidade só pode ser habitada se dispuser de lugares de pausa. O território pós-metropolitano em sua definição é um lugar indefinido, homogêneo, indiferente aos lugares; 20


Cidade como lugar de passagem

é um território que se modifica rapidamente, impedindo a formação de memórias, portanto não nos permite parar, ou seja, faz da distância seu maior inimigo e faz com que os lugares percam sua marca/atração com o tempo e passem a serem lugares de passagem. No decorrer do texto Cacciari trata da filosofia do território pós-metropolitano que propõe a seguinte questão: “Talvez a nossa alma seja realmente sem casa [...] o nosso corpo, a razão do nosso corpo? E o próprio nômada não terá nada a ver com o lugar? Passa de um lugar para o outro, não se detém a nenhum, mas conhece sempre novos lugares.” (CACCIARI, 2010, p. 45) uma vez que vivemos no território pós-metropolitano, onde as mudanças acontecem a todo instante, as informações, as decisões, as conexões acontecem no mesmo período de tempo, porque então estamos ligados ao lugar físico? Porque não fazemos do nosso próprio corpo um lugar? A resposta à essas questões, segundo Cacciari estão na arquitetura, pois mesmo vivendo como nômades e não se detendo aos lugares, a arquitetura ainda nos prende ao mundo material, a luta incansável da arquitetura de fazer lugares que proporcionem momentos de prazer e qualidade de vida são o que sustentam as cidades e espaços públicos na era da pós-metrópole. Sendo assim Cacciari conclui que arquitetura e mais precisamente o planejamento urbano é algo essencial, é uma das únicas soluções para a cidade contemporânea, onde nos traz memórias e nos proporciona vínculos com os lugares, as histórias e as pessoas presentes, “A linguagem arquitetônica, independente da qualidade deste ou daquele arquiteto, quando intervém a escala urbana, fá-lo com uma filosofia que contradiz totalmente esta tendência a mobilização universal”. (CACCIARI, 2010, p. 49). Em termos práticos voltemos novamente a Jan Gehl, autor do livro "Cidade para Pessoas" no qual ele aprofunda e objetiva um estudo em torno de questões fundamentais à qualidade de vida na cidade e que acaba refletindo na escala dos espaços, nas soluções de mobilidade, vitalidade, sustentabilidade e segurança nas áreas urbanas. Jan Gehl é um arquiteto que dedicou sua vida profissional para o estudo do desenvolvimento das cidades e como ele mesmo diz as cidades, com o passar dos anos, foram uma grande questão para o planejamento urbano que cada vez mais dá conta da importância da escala e comportamento humano em relação a organização e materialização da cidade, e hoje nas grandes metrópoles o pensar a cidade ao nível dos olhos é algo essencial que pode salvar o pouco que resta de contato e apreciação da cidade e da sociedade como um todo comunitário. Gehl começa seu livro fazendo uma dura crítica as cidades contemporâneas em que a forma como estão acontecendo não só está reduzindo as oportunidades para o pedestre como também deixando de lado funções básicas dos espaços públicos como: lugares de encontro, que exercem funções sociais e culturais para a cidade. O que precisa ser feito é pensarmos a cidade como um aglomerado de usos e funções e não setorização de padrões. Apesar de grande parte de seus estudos e práticas serem e xercidos na Europa mais precisa mente na Dina marca, Gehl tem intervenções e estudos em São Paulo ta mbém. 21


Cidade como lugar de passagem

Como o presente trabalho pretende discutir as questões dos espaços para pessoas na cidade de São Paulo, vou me atentar aos trabalhos realizados aqui. A proposta de Gehl para São Paulo é intitulada como: A more people-friendly megacity (Uma megacidade mais amigável) e sua forma de atuação consiste em: primeiramente organizar workshops e reuniões com agentes públicos, universidades, ONG’s, e os próprios residentes na área, e após esse período seus objetivos base são sempre: Estabelecer um centro com mais vitalidade durante o dia e a noite, promover uma cidade com foco na pedestrianização e transporte público e por fim, atrair mais vida ao centro da cidade oferecendo diferentes atividades aos espaços públicos e convidando as pessoas a passarem mais tempo nesses espaços. Por meio dessas diretrizes Jan Gehl fez duas intervenções em São Paulo, uma no Largo de São Francisco e outra no Largo do Paissandu ambas intervenções foram coisas pequenas, simples do ponto de vista de execução, porém ricas no planejamento, projeto, implementação e repercussão na área e em seu entorno.

FONTE: GEHL PEOPLE

FONTE: GEHL PEOPLE

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Cidade como lugar de passagem

Dessa forma, vemos que a teoria e a prática estão caminhando com o mesmo objetivo; a teoria traz a problematização/dilema dos espaços e lugares nas cidades junto ao modo de vida agitado e desvinculado que presenciamos nos dias atuais, e volta a arquitetura e ao urbanismo como solução material para a retomada do pertencimento e apropriação dos espaços na cidade. Em paralelo a tudo isso vemos um exemplo prático e reconhecido atualmente que é o trabalho do arquiteto Jan Gehl, no qual ele retoma as ideias iniciais do que é fazer cidade, retoma a importância do pedestre e da escala humana cercados hoje em dia por uma arquitetura de arranha céus e planejamentos prioritários aos transportes individuais. Olhando para os resultados obtidos pelas intervenções feitas em São Paulo verifica-se que uma intervenção, mínima que for, porém planejada e bem executada nos mostra que: primeiro, os espaços requalificados trazem vitalidade e seguranças para as áreas e entornos implementados; segundo nota-se a aceitação e a carência, por parte do cidadão, de espaços qualificados como esses no decorrer na cidade; comprovando o que Cacciari discorre em seu texto sobre a necessidade de espaços que incentivem a pausa e não a passagem, espaços que gerem memórias e vínculos, lugares, que só acontecem por meio da arquitetura e planejamento urbano de qualidade; e por fim o terceiro ponto é o sentimento de pertencimento e apropriação da cidade que espaços como esses geram no cidadão, é essa cultura do participar, cuidar e fazer cidade que faz a diferença nessa pós-metrópole da velocidade.

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Apropriação e pertencimento do espaço público

APROPRIAÇÃO E PERTENCIMENTO DO ESPAÇO PÚBLICO

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fim de tratar da apropriação e pertencimento dos espaços na cidade inicialmente será abordado alguns conceitos sobre o que vem a ser espaço público, apropriação e pertencimento. A começar pelo espaço público tomei duas definições como base. A primeira está no texto de Jordi Borja, Espaço público, condição da cidade democrática, no qual ele define o espaço público como “ordenamento, desenvolvimento e gestão” e aponta a conectividade como elemento central do planejamento urbano. A segunda definição é a do professor Luiz Guilherme Rivera de Castro em uma entrevista à revista aU, em que ele define o espaço público como: “os lugares urbanos que, em conjunto com infraestruturas e equipamentos coletivos, dão suporte à vida em comum: ruas, avenidas, praças, parques”. Partindo dessas duas visões nota-se que os espaços públicos são fruto de planejamento e gestão e servem como suporte a vida comum na cidade, sendo um bem de todos e para todos. Quanto aos termos apropriação e pertencimento tomei como base o significado das palavras propriamente ditas no dicionário Houaiss. Apropriação é definida como: “ato ou efeito de apropriar-se, de se tornar próprio, adequado, adequação, ocupação.” E pertencimento está definido como: “sentimento de pertencer, membros de uma coletividade, fazer parte, caber. Levando em consideração esses significados verifica-se que ao atrelarmos esses termos ao conceito de espaço público criamos uma identidade/conectividade com os espaços, fazendo com que nos importemos e sentimos parte do todo da cidade. Após essas definições e analisando a cidade em que vivo, São Paulo, vejo a urgência desses sentimentos para com o espaço público tanto por parte dos gestores quanto por parte da população. A falta de segurança, mobilidade, qualidade de vida e convivência na cidade hoje são resultado do mal planejamento urbano que resultou em uma cultura dos cidadãos de dar as costas aos espaços públicos, trata-los como espaços marginalizados e subutilizados, essa cultura também vem acompanhada do mal gerenciamento de políticas públicas na cidade. Veremos mais para frente o exemplo de intervenção, realizada na cidade de São Paulo, pelo arquiteto Jan Gehl em conjunto com o escritório Metro e a prefeitura; o estudo dessa intervenção só comprovou a necessidade que os paulistanos têm em serem incentivados a respeito do valor que um bom espaço público tem para a cidade e o potencial de transformação na qualidade de vida, segurança, mobilidade e convivência na cidade. Quando se tenta o incentivo a apropriação e pertencimento de espaços públicos em uma cidade como São Paulo não pode deixar de lado o termo “privado”, a cultura urbana paulistana é fortemente enraizada no individualismo, sempre houve o incentivo: ao transporte privado, aos espaços privados, a moradia, ao trabalho... o conceito de qualidade de vida e segurança urbana foi atrelado ao termo privatização, as pessoas foram ensinadas a se sentirem seguras em lugares murados e vigiados, 24


Apropriação e pertencimento do espaço público

se sentem expostas e vulneráveis quando estão em praças, ruas e largos, mas se sentem confortáveis em shopping centers e condomínios (TERRITÓRIOS EM CONFLITO: SÃO PAULO: ESPAÇO, HISTÓRIA E POLÍTICA – RAQUEL ROLNIK). O resultado dessa falta de incentivo ao exercício da cidadania é expresso de diversas formas, como quando jovens de uma região periférica de São Paulo querem para a sua cidade um shopping center, porque esse equipamento mostra que a cidade não é mais periferia, e sim centro; Ela se expressa quando o sonho da moradia está atrelado a ideia de um loteamento fechado, ou até mesmo quando o Cine Lumiére, um dos poucos cinemas de rua, é fechado sem motivo algum. O que está em pauta é a falta de incentivo a cidadania e o que poucos sabem é que a arquitetura e o urbanismo são hoje uma forte maneira de reerguer ou de desenvolver a cidadania na cidade, promovendo espaços que estimulem a apropriação e pertencimento. Como a Professora Paula Santoro disse em entrevista para a revista aU: “É preciso produzir espaços públicos, com tudo o que possa haver de público nisso. Não se quer apenas que sejam acessíveis fisicamente, mas que sejam lugares de encontro, de tolerância, de mistura de raças, credos, rendas, agradáveis, seguros, de fruição e, principalmente, um lugar onde a cidadania possa se manifestar, onde o exercício da pólis possa acontecer. É isso que faz a cidade ser cidade: o encontro.” (PAULA SANTORO,2013)

A grande questão, como a professora Paula descreveu, é fazer a cidade ser cidade, é proporcionar o encontro e a conectividade; mas como gerar espaços dessa qualidade e com está finalidade em uma metrópole como São Paulo, onde a conectividade se dá por meio digital e o incentivo aos momentos de pausa e contemplação são inexistentes uma vez que somos escravos do “tempo perdido”, estamos sempre em constante movimento e atividade. Além deste fator também temos o fato de vivermos em uma cidade hierarquizada e segregada, com seu desenvolvimento sendo efetivado sem a participação efetiva da população, uma vez que não há estímulo cultural, político, social e urbano para tal preocupação e participação da vida da cidade. A professora e socióloga urbana Saskia Sassen da universidade de Columbia (EUA) fez a abertura do “Seminário Internacional Cidades e Territórios: encontros e fronteiras na busca da equidade” que ocorreu em São Paulo no ano passado, e tratou do tema cidade do século XXI de uma maneira que me estimulou a reflexão quanto a forma como fazemos a cidade e o que fazemos da cidade nos dias atuais; e suas observações são pertinentes para o tema deste subcapítulo O seu discurso como um todo se fundamenta na crescente e atual tendência de megaprojetos nas grandes metrópoles do século XXI, tendência essa que é vista na cidade de São Paulo a tempo real (Durante meu processo de TFG eu acompanhei a inauguração de 9 novos megaprojetos somente na Rua dos Pinheiros em São Paulo). De acordo com Saskia a cidade é incompleta pois está em constante transformação e é repleta de culturas, identidades e características próprias de cada bairro, e esses megaprojetos estão matando a urbanidade da cidade. 25


Apropriação e pertencimento do espaço público

Em seu discurso ela fala sobre a ação do mercado imobiliário nas metrópoles citando que “mais de um trilhão de dólares foram gastos, nas 100 principais cidades do mundo, para compra de imóveis urbanos” esses projetos ocupam muitas vezes quadras inteiras, vendendo uma ideia de um falso espaço urbano onde não há diálogo e participação da população, num projeto que vai acabar incorporando uma grande parcela do térreo da cidade; e é justamente o debate, diálogo e participação, que para Saskia, é fundamental pois resulta em aprendizagem e avanço para as duas partes envolvidas. Ela termina seu discurso ressaltando duas importantes questões para a formação das cidades, a primeira é o valor da vivência; a cidade nada mais é que um conjunto de bairros formados por: histórias, cultura e economia e só se pode propor algo para cidade uma vez que você busca entender e participar dessas vivências, e como ela mesmo diz: não é possível propor algo urbano dentro de um escritório; e isso vai de encontro ao segundo ponto que é a importância dos coletivos urbanos no qual ela chama de: “localidades urbanas”, grupos que se organizam para promover um pensamento reflexivo e um incentivo a atitudes para fazer de seus bairros (seus pedaços urbanos) lugares de qualidade e identidade. Portanto, a relação existente entre a falta de pertencimento e apropriação para com os espaços da cidade com a configuração dos espaços públicos em São Paulo e nas metrópoles contemporâneas é uma série de fatores como: a influência do mercado imobiliário, a cultura enraizada no individualismo, a segregação, a falta de incentivo ao interesse em políticas públicas... Todos esses fatores resultam em uma cidade sem momentos de pausa e com espaços públicos sem qualidade e uma população que não sabe fazer e viver cidade. O que precisamos é sentirmos que a cidade é nossa e que devemos lutar pela qualidade dos espaços, pela qualidade de vida, mobilidade, transporte, segurança e não nos deixarmos levar pela vida metropolitana alienada e valorizarmos os momentos de pausa e vivência da cidade participando e pertencendo a ela.

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Apropriação e pertencimento do espaço público

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FONTE: BASURAMA

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ESTRATÉGIAS URBANAS CONTEMPORÂNEAS

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Lúdico da cidade

LÚDICO NA CIDADE

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este capítulo apresenta-se algumas estratégias urbanas de transformação dos espaços públicos ou privados nas cidades; como a discussão principal sempre deu-se em torno do valor e influência que um espaço bem planejado na cidade tem como impacto na vida cotidiana dos cidadãos e no organismo da cidade como um todo. O lúdico sempre é atrelado a algo fantasioso, divertido como uma brincadeira e esta ideia vinculada aos espaços da cidade tem muita potencialidade a variedade de programas, público a ser atingido, aprendizagem, incentivos a imaginação, uso na mente e do corpo, e outras inúmeras vantagens. Em primeiro lugar ensaia-se um comparativo entre a ideia de Desencantamento do mundo tratada por Max Weber em seu texto Economia e sociologia: fundamentos de uma sociologia compreensiva com a ideia de “desencantamento da cidade” desenvolvido a partir das leituras como: Morte e vida de grandes cidades (JANE JACOBS,2011), Um convite a cidade: Espaços de encontro e passagem (GABRIELA MASSUDA, 2016) e Cidade para Pessoas (JAN GEHL, 2010). Max Weber fala que a passagem para o mundo moderno sucedeu em um desencantamento do mundo pois foi um caminho entre a esfera divina para um mundo completamente racionalizado onde houve um desprendimento da vida política com a vida pública. Através das leituras feitas acredito que hoje vivemos um desencantamento da cidade onde passamos de uma vida serena com qualidade e vivência urbana para vida ilusória de mero mecanismo casual. Neste contexto o lúdico pode desempenhar e vem desempenhando um papel importante em contraponto a essa vida cotidiana mecânica que vivemos atualmente. Com o passar dos anos o lúdico foi cada vez mais se desprendendo da vida adulta e se restringindo somente a algo infantil, até ser retirado por completo do cotidiano, fazendo do trabalho algo completamente mecânico e racional. Essa mudança na vida cotidiana acabou influenciando no desenvolvimento da cidade e na forma como os cidadãos a encaram, com o tempo esta passou a ser um lugar de passagem, estritamente funcional e com o foco na individualidade na mobilidade e nas relações. E o olhar das pessoas em relação a cidade também mudou, a cidade não faz mais parte do mundo interior do cidadão tudo que vale é aquilo que está no limite do condomínio fechado para dentro, ou no limite do Shopping Center para dentro ou até mesmo do carro, resultando em: uso incoerente do transporte particular, desvalorização do transporte público, supervalorização de moradias luxuosas e segregação da população econômica inferior entre outras coisas. Porém ultimamente vemos que o lúdico vem tomando espaço no campo do trabalho, em alguns escritórios pesquisas apontam que o uso de estratégias lúdicas como: jogos, áreas descontraídas, momentos descontraídos e até videogames acabam enriquecendo a relação entre os empregados, o desempenho no trabalho e a vontade de trabalhar. 30


Lúdico da cidade

Em resposta a esse “desencantamento de cidade” uma designer americana chamada Holly Gramazio resolveu desenhar jogos para serem jogados nos espaços públicos da cidade (fig. 03).

FONTE: DESIGN CONSUL – HOLLY GRAMAZIO

Ela notou que a experiencia do jogar em ambientes públicos com pessoas diferentes e desconhecidas melhorou e desenvolveu alguns aspectos nas pessoas que participaram (BLOG DESIGN CONSUL – HOW WE GOT GLASGOW PLAYING IN THE STREETS AGAIN) como: comunicação, as pessoas, hoje, têm medo de errar ou se sentir burra então os jogos incentivam a comunicação e a atenção as regras; flexibilidade, as pessoas aprendem a interagir com pessoas de diversas faixas etárias, sexo, cor e limitações físicas incentivando a flexibilidade nas relações e a flexibilidade física nas atividades dos jogos, segurança, a presença de atividades lúdicas em um espaço público trás um sentimento de segurança e vontade de usar o espaço antes esquecido, aparência, o uso de muitas cores remete a algo infantil, o uso de cores que remetem ao dia a dia da cidade acabam atraindo mais os adultos, e por último a precisão que foi a inúmeras tentativas até chegarem ao ponto exato de despertar não só os olhares das crianças mais de todos para os jogos. Outra resposta lúdica, a cidade, vista na prática, dessa vez em São Paulo, foi a de um grupo de moradores que após conversas semanais sobre mobilidade urbana e espaços públicos junto com a vontade de fazer algo para ajudar a cidade, resolveram chamar atenção aos problemas dela por meio de um olhar lúdico com o uso de band-aids:

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Lúdico da cidade

FONTE: COMUNICRIAÇÃO.COM

FONTE: COMUNICRIAÇÃO.COM

A intenção era mostrar os machucados da cidade e fazer isso de uma forma lúdica e divertida acaba chamando mais atenção das pessoas e mudando o olhar das pessoas para a cidade (ARCHDAILY – CURATIVOS URBANOS: UM OLHAR LÚDICO PARA OS PROBLEMAS DA CIDADE). 32


Lúdico da cidade

Por fim uma última intervenção lúdica, também em São Paulo, comprovando a eficácia desse recurso como ação direta no espaço urbano proporcionando a atenção ao espaço público e a cidade foi a intervenção do coletivo Basurama no Viaduto do Chá. Aqui eles utilizaram materiais recicláveis e descartados para fazer balanços onde as pessoas podiam “voltar a infância” ou simplesmente ter um momento de lazer em meio a pontes e viadutos e correrias do dia a dia.

Portanto, o lúdico como estratégia projetual se mostrou muito eficaz e necessário, eficaz porque os objetivos buscados com as intervenções são alcançados, as pessoas olham com outros olhos para os espaços ou para os “machucados” da cidade, como visto anteriormente, e a partir dessa mudança no olhar, as pessoas passam a querer participar mais da cidade, usar mais seus espaços e pertencer mais a eles; É necessário porque além do ponto de vista urbano vimos também uma melhora nas relações entre as pessoas, por meio das atividades, que acabou também influenciando o modo de pensar e reagir a certos modelos mecanizados que a cidade contemporânea nos induz, trazem um pouco mais de diversão e ludicidade as ações do dia a dia.

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Urbanismo Bottom-up

URBANISMO BOTTOM-UP

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este subcapítulo coloca-se a discussão provocada pela professora Saskia Sassen (SEMINáRIO INTERNACIONAl CIDADES E TERRITÓRIOS: ENCONTROS E FRONTEIRAS NA BUSCA DA EQUIDADE, 2017) quando esta fala da essência da cidade incompleta, que são as constantes mudanças, desenvolvimentos, vivências, ações e reações... além da influência e presente ação do mercado imobiliário com seus masterplans e soluções ideais para a vida na cidade. Para um melhor entendimento desse conceito na prática, devemos considerar os processos de design urbano chamados de “top-down” e “bottom-up” que nada mais são que estudos de planejamento urbano ou intervenções urbanas com a sua respectiva origem vinda do poder público e da população, respectivamente. O urbanismo top-down já é muito recorrente nas metrópoles, na realidade é a forma de urbanismo que conhecemos atualmente. Já o urbanismo bottom-up vem sendo objeto de estudos em muitas universidades internacionais como a Collumbia, com a professora Saskia como uma das organizadoras, e a Bronx University, na qual o produto final da pesquisa foi a construção de um site (BOTTOM-UP URBANISM) feito pelos alunos onde eles propõem discuções e apresentam suas pesquisas em diversas áreas em que a forma de urbanismo Bottom-up pode ser aplicada de diversas maneiras, como por exemplo: Graffite, dança, moradia, ocupação, objetos abstratos, tribos e tantos outros. Hoje nas grandes metrópoles do mundo temos um movimento em ascensão que é o urbanismo bottom-up, um movimento que recentemente saiu do âmbito das pesquisas e começou a aparecer na prática do dia a dia das cidades. Esse movimento é uma resposta, por parte da população, a falta de urbanidade e espaços de qualidade na cidade a nível do pedestre. Estamos falando aqui de qualidade espacial e projetual ao nível dos olhos, algo mais palpável e vivencial; esse movimento é contrário ao que se espera pois as ações e incentivos partem da população e não do poder público. São pequenas intervenções em bairros, praças, até mesmo casas e prédios desocupados que vão desde atividades culturais até produção de arte urbana. Está imagem é o resultado de um concurso proposto pela Phillips, em 2011, chamado Cidades Habitáveis, onde a proposta era a própria população realizar projetos urbanos locais na tentativa de fazer uma cidade mais habitável, e essa imagem é o resultado de um dos grupos vencedores 2 anos após o concurso. Essa intervenção foi realizada em Buenos Aires e o projeto partiu da necessidade que os próprios moradores sentiam de lugares para sentar, lugar para brincar, comércio de bairro, segurança e um espaço que eles poderiam chamar de seu. E todo o material utilizado era reciclável ou descartado e acabou se tornando algo útil e sustentável.

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Urbanismo Bottom-up

FONTE: POPUP CITY

Esta forma de fazer urbanismo também é conhecida por urbanismo DIY (Faça Você Mesmo) que seria uma forma de executar esses projetos sozinho sem precisar de outros ou sem depender de outros. Um exemplo muito reconhecido, deste tipo de urbanismo, por seu resultado é o Distrito de Wynwood Arts em Miami (MIAMI ART SCENE) que atualmente é um dos pontos turísticos mais visitados da cidade por sua qualidade de espaço público, as expressões artísticas e suas características casuais e imprevistas do dia a dia. O que todos não sabem é que anteriormente era um bairro de periferia, altamente perigoso e sem qualquer infraestrutura urbana e planejamento. O que mudou foi a iniciativa de um design, morador do bairro, chamado Tony Goldman que com pouco investimento por meio de reuniões e ‘vaquinhas’ dos próprios moradores ele mesmo pintou todas as paredes dos galpões do bairro de branco e trouxe amigos designers para fazerem suas artes nesses muros, isso chamou tanta a atenção dos locais, no sentido de apropriação para com o próprio bairro, que a partir daí os moradores se organizaram para limpar o interior dos galpões abandonados e colocar usos como: comércio, workshops, aulas de dança, grafite e exibições das obras dos próprios artistas que pintaram os muros anteriormente.

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Urbanismo Bottom-up

FONTE: MIAMIART SCENE

FONTE: MIAMIART SCENE

O resultado dessa intervenção por parte dos moradores locais hoje é uma referência de intervenção urbana e de espaço artístico que trouxe segurança, vida pública, novos usos e público diversificado para uma área periférica e sem expectativas de incentivos. 36


Urbanismo Bottom-up

Em 2008 o diretor do Centro de Arquitetura Canadense, Mirko Zardini, e a curadora de arquitetura contemporânea, Giovanna Borasi, selecionaram alguns trabalhos de urbanismo bottomup, pelo mundo, e fizeram uma exibição dos trabalhos chamada: Actions: What You Can Do With the City (Ações: O que você pode fazer com a cidade) o objetivo da exibição era instigar o olhar para novas formas de fazer urbanismo com coisas do dia a dia, como nos desprendermos das ferramentas modernas de se fazer cidade com grandes zoneamentos e divisões de usos... Para exemplificar essa exposição vou apresentar mais um trabalho de urbanismo Bottom-up realizado em Liverpool, Inglaterra, cujo o nome da intervenção foi: Sit In (Sente-se); vendo a necessidade de lugares para sentar no próprio bairro, moradores se juntam para construir bancos, como na imagem abaixo:

FONTE: PLACES JOURNAL

Como Mirko Zardini (PLACES JOURNAL – THE INTERVENTIONIST’S TOOLKIT, 2011) afirma: “They reveal the existence of a world rich in inventiveness and imagination, alien to our contemporary modes of consumption. These actions propose alternative lifestyles, reinvent our daily lives, and reoccupy urban space with new uses.” Ações como estas são importantes e reascendem as relações entre os cidadãos, a criatividade, a inventividade, a iniciativa de fazer o que é preciso para o que é seu, cuidar do que é seu e a vida em comunidade. Atitudes como essas ou incentivos como a realização do concurso mostram que por menores e ‘insignificantes”, em comparação com as grandes intervenções na cidade, essas ações acabam respondendo de forma mais eficaz as carências notadas no dia a dia e podem resultar em algo maior no futuro (PLACES JOURNAL – THE INTERVENTIONIST’S TOOLKIT, 2011). 37


Urbanismo Bottom-up

Mesmo sendo intervenções propostas e executadas por cidadãos, independente da participação do poder público de forma alguma é algo contrário ao governo, esse novo tipo de urbanismo apresenta uma proposta de intervenção mais local e específica, busca atender as necessidades somente percebidas na vivência do dia a dia do bairro sendo assim é um complemento aos masterplans realizados pelo poder público e uma forma mais palpável de fazer cidade e apropriar-se dela.

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Coletivos Urbanos e Placemaking

COLETIVOS URBANOS E PLACEMAKING

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ste subcapítulo aborda sobre a forma de atuação dos coletivos urbanos e placemaking na cidade de São Paulo como mais uma forma atuação no espaço público de maneira inusitada e por meio de manifestações locais sem a participação do poder público. Primeiramente apresenta-se o surgimento desses grupos na cidade, bem como sua história, seus objetivos e suas ações efetivas na metrópole. Os primeiros grupos começaram a surgir a partir dos anos 2000 composto por pessoas da sociedade civil, que se organizavam de forma horizontal, com o objetivo de propor atitudes e inciativas colaborativas sem hierarquia onde todos estão no mesmo patamar. Alguns dos grupos pioneiros como: BijaRi e Praças (im)possíveis continuam seus trabalhos até os dias de hoje com instalações, performances, transformações de objetos cotidianos em mobiliários urbanos e tudo isso acontecendo no espaço urbano e envolvendo públicos diversos. Esses grupos surgiram a partir da discussão por trás do conceito de direito à cidade em resposta às contradições geradas pelo urbanismo visto e imposto na realidade da cidade. Eles têm como objetivo de questionar as condições em que se encontravam os espaços públicos da cidade e transformalo por meio de manifestações e apropriações artísticas. “Todos se unem em torno do mesmo ideal de gerar discussão sobre a prática de construir a cidade através de apropriações e ações imprevisíveis. Chamam a atenção dos cidadãos e atraem olhares aos espaços públicos ociosos, esquecidos pelo poder público e pela sociedade, para ressaltar o ideal de lazer, cultura e convivência em meio ao ambiente urbano.” (PAULA HORI, 2017).

A essência desses movimentos é gerar discussões e incentivar o uso do espaço público e o olhar para esses espaços que antes eram inexistentes. Na cidade de São Paulo hoje temos inúmeros coletivos urbanos com objetivos e ações diversas seja ocupações de espaço público, discussões sobre gênero e raça, segregação e tantos outros. O foco nessa pesquisa são as intervenções de cunho urbanístico mais especificamente nos espaços públicos e como primeiro exemplo vou citar dois grupos reconhecidos atualmente por suas ações em São Paulo, O "Movimento Baixo Centro", formado em 2012, conhecido pela sua atuação no Minhocão e o coletivo "A Batata Precisa de Você" conhecido por suas ações no Largo da Batata. Ambos têm como propósito propor um exercício de democracia em escala local evidenciando o potencial que os espaços públicos têm, fortalecer a relação afetiva da população com a cidade e transformar espaços de passagem em espaços de lazer.

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Coletivos Urbanos e Placemaking

FONTE: VITRUVIUS

FONTE: VITRUVIUS

FONTE: VITRUVIUS

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Coletivos Urbanos e Placemaking

Para este presente foi feito contato pessoalmente com um coletivo urbano e pode-se aprender, por meio de relatos, todo o processo das intervenções e movimentos. O coletivo em questão foi o antigo Coletivo Pi, fundado por Pamella Cruz e Priscilla Toscano. O coletivo realiza intervenções urbanas efêmeras utilizando a linguagem artística como forma de diálogo entre o público e o espaço. Em meio as ações realizadas me atentei a duas: "Na Sala de Miguel" (2015); que foi uma intervenção em São Miguel Paulista onde o grupo, por meio de doações, produziu um cenário de uma sala de estar em que a própria Pamella e Priscilla ficavam de pijama agindo de forma normal como se estivessem em suas casas. O incômodo gerado instigava os próprios moradores a se aproximarem e buscarem entender o que estava acontecendo e por meio dessas aproximações que as abordagens começavam; o objetivo era estimular um diálogo descomprometido sobre o dia a dia do bairro e fazer com que essas pessoas se sentissem em casa no próprio espaço público onde moravam, o resultado final foi a documentação desses diálogos em um diário com o título: Na Sala de Miguel, e a distribuição desses livros no Festival do Livro e da Literatura de São Miguel para que os próprios moradores tivessem um retorno de seus próprios relatos sobre o bairro, e isso gerou uma relação afetiva por parte dos moradores para com seu bairro, incentivando ações locais futuras de apropriação e pertencimento ao bairro.

FONTE: SP CULTURA

A outra ação realizada pelo grupo foi o "Na Faixa" (2015), uma intervenção elaborada no cruzamento da Av. Brigadeiro Luís Antônio com a Av. Paulista e o grande questionamento foi: Como trabalhar usando uma faixa de pedestre e instigar o olhar para o espaço público? A solução foi pegar ações espetaculares e normais do dia a dia de São Paulo e representa-las de formas opostas em meio a um cruzamento bastante movimentado na cidade, como por exemplo: situações de encontros, dança, desfiles ou até mesmo pequenas atuações com o intuito de instigar o olhar. 41


Coletivos Urbanos e Placemaking

“O legal é que a gente tem diferentes possibilidades da pessoa perceber, interagir e se comunicar ali com aquelas ações; então algumas pessoas de fato entram na lógica do jogo da cena e participam junto, outras olham e depois vem perguntar o que está acontecendo e outras mentem uma indiferença típica da cidade” (PAMELLA CRUZ,2018)

Em conversa com a Pamella Cruz, fundadora do Coletivo, ela descreve essas intervenções como “momentos de suspensão da rotina” onde as pessoas estão na correria do dia a dia da cidade e de repente se deparam com situações vividas no dia a dia ocorrendo em lugares inesperados da cidade, lugares de passagem. É exatamente este olhar, este incômodo que os coletivos buscam, é fazer com que as pessoas percebam que o espaço público está aí para ser usado, ocupado e apropriado.

FONTE: SP CULTURA

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Coletivos Urbanos e Placemaking

Outro coletivo que pesquisei para este trabalho foi o "Fórum Aberto Mundaréu da Luz" que tem uma proposta diferente. Na realidade é um conjunto de coletivos e organizações que integram o Fórum e assim juntos eles têm mais voz e mais espaço para agir, e seu objetivo é propor alternativas que garantam mais qualidade de vida por meio do diálogo com a população local, podendo assim responder as demandas com mais acerto e objetividade. Atualmente o Fórum está atuando no Campos Elíseos com o nome do projeto: "Campos Elíseos Vivo"; o projeto constituiu uma série de debates com diversos profissionais das áreas de: arquitetura, urbanismo, saúde e educação junto com a população com o objetivo de mostrar que apenas utilizando edifícios subutilizados, do próprio bairro Campos Elíseos, é possível viabilizar mais de 3500 unidades habitacionais e de comércio; mas a grande questão por trás deste projeto é a participação popular, o envolvimento da população e o engajamento do Coletivo como um todo em incentivar a participação e incentivar o pensar sobre: O que você deseja para seu bairro? Instigando o pertencimento e apropriação do bairro (CADERNO COM PLANO ALTERNATIVO LUZ, 2018).

FONTE: CADERNO COM PLANO ALTERNATIVO LUZ, 2018

“Ao longo do processo, foram realizados eventos em espaços públicos do bairro; levantamentos de campo; reuniões de organização do Fórum; oficinas com os moradores para discutir soluções para território. O projeto contou com a atuação e participação de companhias e coletivos culturais, organizações que atuam no campo da saúde mental, universidades (por meio de laboratórios e escritórios-modelo de arquitetura e urbanismo, história social e psicologia), ONGs com atuação em políticas urbanas e de assistência social, dentre outros grupos.” (CADERNO COM PLANO ALTERNATIVO LUZ, 2018)

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Coletivos Urbanos e Placemaking

FONTE: CADERNO PLANO ALTERNATIVO LUZ.

A partir desses exemplos nota-se a importância do papel exercido por esses grupos e o resultado obtido da participação da população nas intervenções urbanas. Incluir a população nas intervenções e discussões é essencial para o crescimento da cidade e da relação cidade e cidadão. O papel desses coletivos urbanos, além de instigarem o incômodo para a forma de uso dos espaços, é buscar fazer cidade juntos, apropriar e pertencer juntos, mostrar que a cidade é de todos e temos que cuidar e usar da melhor forma.

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Coletivos Urbanos e Placemaking

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PROJETOS DE REFERÊNCIA

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Urbanity - Aflalo e Gasperini

URBANITY - AFLALO GASPERINI

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Urbanity é um projeto de uso misto feito pelo escritório Aflalo e Gasperini em 2007 localizado em São Paulo mais especificamente na Av. Marginal Pinheiros. Consiste em um complexo de edifícios de usos diversos que se conectam entre si, com uma torre residencial, uma corporativa, um embasamento comercial, conectando os dois edifícios, um térreo com lojas e um grande calçadão. O projeto conta com grandes lajes coorporativas, apartamentos de 44m² a 134m² e salas comerciais de 36m².

FONTE: AFLALOEGASPERINI

Nota-se uma tendência crescente em São Paulo de novos empreendimentos ocupando praticamente quadras inteiras, com escalas de projeto grandes; porém o térreo permanecia com um pensamento voltado para o uso interno/privado do empreendimento, com grades e muros, virando as costas para a cidade, trazendo a ideia do térreo 48


Urbanity - Aflalo e Gasperini

permanecia com um pensamento voltado para o uso interno/privado do empreendimento, com grades e muros, virando as costas para a cidade, trazendo a ideia do térreo com uso diferenciado, no entanto não-público. O Urbanity permanece seguindo a tendência de loteamentos com grandes empreendimentos, contudo seu diferencial é o princípio da intenção de pensar a cidade ao fazer um projeto nesta escala, ao proporem fazer uso do recuo com o projeto de uma praça pública e um grande jardim linear eles não só respeitaram o Plano Diretor estabelecendo uma grande faixa permeável a margem do rio, como também pensaram no diálogo entre os espaços público e privado e no espaço para o pedestre, proporcionando permeabilidade no interior da quadra para os pedestres circularem livremente.

FONTE: AFLALOEGASPERINI

Hoje na cidade de São Paulo vemos uma tendência, que surgiu aproximadamente nos anos 60, de grandes loteamentos com edifícios de diversos usos ocupando muitas vezes até quadras inteiras, porém o pensamento continua atrasado uma vez que as propostas ainda visam um edifício introspectivo/ autônomo, ao invés de desenvolverem desenhos de conexão e permeabilidade entre as quadras e edifícios, vemos um pensamento modernista voltado, ainda, para o interior seja da quadra ou do edifício. "Quadra aberta permite reinventar a rua: legível e ao mesmo tempo realçada por aberturas visuais e pela luz do sol. Os objetos continuam sempre autônomos, mas ligados entre eles por regras que impõem vazios e alinhamentos parciais. Formas individuais e formas coletivas coexistem. Uma arquitetura moderna, isto é, uma arquitetura relativamente livre de convenção, de volumetria, de modenatura, pode desabrochar sem ser contida por um exercício de fachada imposto entre duas fachadas contíguas" (PORTZAMPARC, CHRISTIAN, 1997, P. 47)

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Urbanity - Aflalo e Gasperini

Esse conceito de quadra aberta é visto brevemente no projeto do Aflalo e Gasperini quando se constata o entendimento da necessidade de permeabilidade dos térreos e a intenção de pensar nas pessoas, com a praça e o comércio o projeto ganhou um valor urbano de destaque na cidade. Seguindo essas diretrizes o projeto Urbanity vai ao encontro a minha proposta primeiramente pela tendência dos grandes loteamentos e segundo pela a intenção de pensar o térreo para o uso da cidade, dando oportunidades para momentos de pausa, mostrando que o diálogo entre público e privado e entre os usos é algo necessário e possível, e criando permeabilidade no interior das quadras. Sendo hoje uma solução presente para a dinâmica e os problemas das cidades metropolitanas do século XXI.

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Largo de São Francisco - Jan Gehl

LARGO SÃO FRANCISCO - JAN GEHL

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sse projeto é de uma escala menor, em comparação as outras referências, para darmos um panorama das possíveis intervenções no espaço público objetivando o pertencimento e apropriação no âmbito da escala humana. O projeto foi realizado pelo escritório do arquiteto Jan Gehl juntamente com o escritório brasileiro metro arquitetos e a prefeitura da cidade de São Paulo. Jan Gehl como dito anteriormente é um arquiteto/ urbanista dinamarquês que dedicou 50 anos de sua vida profissional para estudar a cidade, e esses estudos resultaram no tema de sua área de atuação que é: "cidades para pessoas", como pensar os espaços das cidades em uma escala humana em que as pessoas possam utilizar e cuidar. O projeto escolhido para o presente trabalho foi a intervenção realizada no Largo São Francisco, em que Gehl intitulou como: Uma mega-cidade mais amigável. A escolha deste projeto se deu mais pelo processo de planejamento do que pelo projeto material em si. Primeiramente se trata de uma intervenção urbana de baixo custo, porém de alto teor cultural e intencional, porque o objetivo principal foi educar e mostrar para a população paulistana que os espaços públicos foram feitos para serem utilizados de dia e de noite e que estes têm grandes potencialidades no combate a falta de segurança, cultura, educação, cuidado com a cidade.

FONTE: GEHL PEOPLE

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Largo de São Francisco - Jan Gehl

FONTE: GEHL PEOPLE

O processo adotado por Gehl e os escritórios e organizações envolvidos foi de começar por questionamentos e estudos quanto a quantidade de pessoas que circulam pela área, a quantidade de pessoas que atravessam as ruas utilizando a faixa de pedestre, o que as pessoas fazem enquanto estão no Largo e como usam o espaço. Após esse período de analise eles realizaram uma série de workshops, reuniões e atividades a fim de buscar o envolvimento e interesse dos cidadãos locais; por fim começaram a implantar o projeto, com o grande diferencial que logo nos primeiros meses eles implantam um stand com gerentes avaliadores, para conversar com os usuários e sentir se o projeto gerou o sentimento de apropriação e pertencimento esperado, o que acaba preenchendo o vazio existente entre o cidadão e os órgãos públicos presente na cidade de São Paulo, pois a população tem a chance de dizer se o projeto implantado realmente funciona e incorpora as atividades do dia a dia.

FONTE: GEHL PEOPLE

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Largo de São Francisco - Jan Gehl

FONTE: GEHL PEOPLE

O projeto em si equivale-se a um misto entre uma intervenção urbana em média escala envolvendo órgãos públicos e também uma intervenção mais local/ placemaking, porque ao mesmo tempo que abrange uma reestruturação na mobilidade envolvendo mudanças nos pontos de ônibus, faixas de pedestre, acessos, carga e descarga e zonas de estacionamento também inclui cores, arte, materialidade, decks, iluminação, cadeiras de paria, estares urbanos, paginação e atividades culturais locais. O resultado final, como dito anteriormente, compreende o educar e mostrar para os cidadãos paulistanos que a rua e os espaços públicos foram feitos para serem usados de dia e de noite, as pessoas aprendem a medida que usam e interagem com os espaços, o uso de materiais de qualidade e atividades que vão de encontro com as já exercidas no dia a dia mudam a percepção das pessoas pela própria cidade e a junção de diversos órgãos públicos no planejamento e execução da intervenção urbana resulta em um projeto que contempla todas as áreas de estudo urbano.

FONTE: GEHL PEOPLE

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Largo de São Francisco - Jan Gehl

Esta proposta está de acordo com meu projeto por conta do processo de planejamento adotado, um processo que busca estudar, entender, e envolver os cidadãos; educando e criando uma cultura de apropriação e valorização da cidade. Foi um processo que buscou estabelecer uma conexão entre o governo e a população, um projeto que buscou pensar a cidade para as pessoas, intervir no dia a dia dos usuários propondo novas dinâmicas e percepções da cidade.

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Collaborative Cloud - Büro Ole Scheeren

COLLABORATIVE CLOUD - BÜRO OLE SCHEEREN

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ste projeto foi objeto de um concurso elaborado pela Axel Springer SE, uma empresa de mídia alemã, em que o objetivo da competição era criar um espaço de trabalho adequado para o futuro da empresa. O local do projeto será em Berlim, no lugar do antigo muro de Berlim; e a proposta é elaborar algo que concilie o conteúdo histórico com o lugar de trabalho do século XXI. Em meio a três propostas finalistas a que me chamou atenção foi a do escritório alemão Büro Ole Scheeren, onde eles exploraram a ideia de “Nuvem Colaborativa” pela leveza e compartilhamento de funções, ações, usos... por estar localizado em um lugar antigamente muito emblemático que dividiu a cidade e o mundo; o conceito de nuvem colaborativa é uma resposta interessante a esse contexto histórico e ao mesmo tempo é algo extremamente contemporâneo; uma vez que propõe o compartilhamento em uma área anteriormente marcada pela apartação, e propõe volumes e materialidades extremamente atuais.

FONTE: BÜRO OLE SCHEEREN

“In ans age where (digital) work can be performed anywhere, architecture takes on the increasingly critical role of bringing people (physically) together.” (OLE SCHEEREN, 2015) Esse trecho descreve brevemente o assunto principal desse trabalho como um todo, o desafio da arquitetura em unir as pessoas na era digital, e essa proposta de projeto busca enfrentar esse problema propondo um edifício que vai além na mistura de usos, é focado na interação entre as pessoas e a cidade, como proporcionar espaços que contribuem e incentivem a conexão/convívio entre as pessoas. O projeto conta com um térreo e embasamento cívico, com comércio, estares urbanos, áreas para exposição, filmes e atividades urbanas; tem também uma passagem pública que segue exatamente a barreira existente entre o Oeste e o Leste 55


Collaborative Cloud - Büro Ole Scheeren

Alemão que conecta duas praças já existentes no local. O interior do edifício é composto por diversas formas de trabalho: escritórios, co-workings, empresas, autônomos... e todas essas formas de trabalho se conectam ao centro do edifício onde se encontra a grande nuvem colaborativa.

FONTE: BÜRO OLE SCHEEREN

"A Nuvem Colaborativa não apenas forma um espaço real de ideias compartilhadas e interação social, mas projeta sua imagem aberta como um gesto poderoso em relação à cidade, reunindo uma multiplicidade de iniciativas em um espaço de identidade visual compartilhada." (OLE SCHEEREN). Este comentário feito pelo próprio arquiteto elucida algumas das ideias apresentadas nesse trabalho, pois mostra o pensamento que norteia a arquitetura do século XXI; uma arquitetura que propõe espaços de troca e interação tanto entre os usuários quanto com a cidade, é uma arquitetura que busca envolver e fazer parte da cidade, uma arquitetura que que pensa o espaço público de qualidade a fim de incentivar cada vez mais a apropriação da cidade.

FONTE: BÜRO OLE SCHEEREN

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Collaborative Cloud - Büro Ole Scheeren

Mesmo em fase de concurso esse projeto tem um potencial arquitetônico e urbano admirável, a relação com a história, a proposta contemporânea tanto material, quanto plástica e conceitual, a preocupação em pensar no usuário, em qual o papel da arquitetura em restabelecer a relação entre as pessoas na metrópole e a atenção dada a cidade, em como incorporar a cidade e seus espaços ao projeto e vice-versa. O projeto se assemelha ao meu projeto exercido em atividade 2 pela volumetria e modelo de implantação, pensando os espaços e conexões com a cidade; e conceitualmente porque estou tratando do desafio da arquitetura frente ao modelo de vida contemporâneo das metrópoles. Levando em consideração o planejamento urbano de São Paulo que não favoreceu a uma cultura paulistana que apropria e pertence a sua cidade e seus espaços, nota-se que o potencial de mudança desse paradigma por parte da arquitetura, que é algo possível e até mesmo necessário, como um instrumento de educação e valorização da cultura de apropriação e pertencimento da cidade.

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O projeto

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O Projeto

O PROJETO

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O projeto

O CONCEITO

O

conceito por trás do projeto tem duas frentes: a frente urbana, que busca discutir o uso dos espaços públicos e o cotidiano das metrópoles do século XXI, propondo uma arquitetura que faça o papel de integração e incentivo da apropriação e pertencimento da cidade. E a segunda frente que é a projetual, que busca discutir a têndencia do mercado imobiliário atual, onde grandes projetos ocupam quadras inteiras com térreos fechados distânciando a arquitetura da vida urbana e o uso da cidade por parte dos cidadãos. Propondo espaços de qualidade com cultura, atratividade e identidade mantendo a escala humana e incentivando a caminhabilidade, permeabilidade e uso da cidade.

ETAPA 01

A

etapa 01 objetivou o estudo da área de intervenção, antes da escolha do terreno, onde foram feitas inúmeras visitas de campo com o intuito de conhecer, vivenciar e estudar a área. A ESCOLHA PELA RUA DOS PINHEIROS SE DEU PELA SUA INFLUÊNCIA PARA O BAIRRO E PARA CIDADE, PELA SUA INTENSA VITALIDADE URBANA E ATIVIDADE CULTURAL, ARTÍSTICA E COMERCIAL. AS VISITAS MOSTRARAM QUE A RUA COMO UM TODO TEM DOIS PERFIS CARACTERÍSTICOS: UM ENTRE AS AVENIDAS FARIA LIMA E PEDROSO DE MORAIS COM UMA TIPOLOGIA MAIS AGITADA, IMPESSOAL E COMERCIAL E OUTRA A PARTIR DA PEDROSO ATÉ A VITAL BRASIL COM UMA TIPOLOGIA MAIS ÍNTIMA.COM UM COMÉRCIO LOCAL E RESIDÊNCIA. COMO O TRABALHO TEÓRICO PRETENDE DISCUTIR A APROPRIAÇÃO E PERTENCIMENTO DOS ESPAÇOS OPTEI POR RESTRINGIR A ESCOLHA DO TERRENO ENTRE A PEDROSO E A VITAL POR ALGUNS MOTIVOS: O PERFIL DA ÁREA, A INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE PÚBLICO, A QUALIDADE URBANA E AS OPORTUNIDADES DE INTERVENÇÃO NA ÁREA. O primeiro exercício foi fazer uma releitura das vias de acesso a área e estabelecer uma hierarquia com 3 tipologias: uma em que o fluxo e tipologia permanecem os mesmos, outra em que o fluxo de veículos é reduzido e a terceira tipologia pedestrianizada com fluxo de veículos somente se necessário. Após essa hierarquização pensei em algumas situações mais delicadas como cruzamentos e guias rebaixadas; e para finalizar fiz o estudo dos mobiliários urbanos desde lixeiras e bases para árvores até modelos de parklets e ponto de ônibus.

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O Projeto

ESPAÇO PÚBLICO X ESPAÇO PRIVADO COTIDIANO NA METRÓPOLE VIVÊNCIAS EXPERIÊNCIAS CURSO DE ARQUITETURA VIAGENS OLHAR CRÍTICO

PERTENCIMENTO APROPRIAÇÃO PARTICIPAÇÃO HUMANIZAÇÃO QUALIDADE URBANA CULTURA PEDESTRIANIZAÇÃO COLETIVIDADE CAMINHABILIDADE

espaços de 5km/h em uma cidade á 60km/h

-mostrar o papel do arquiteto e da arquitetura em proporcionar cidades e espaços mais humanos na contemporâniedade; -provocar o despertar de pertencimento e apropriação da cidade; -promover espaços estares urbanos e agradáveis;

públicos, caminhos

-promover pontos de encontro e conexões.

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O projeto

HIERARQUIA DE VIAS FLUXo e tipologia permanecem os mesmos. Fluxo de veículos reduzidos. ruas pedestrianizadas com fluxos de veículos somente se necessário.

av. rebouças av. brigadeiro faria lima av. henrique schaumann av. pedroso de morais rua artur de azevedo rua francisco leitão rua joaquim antunes rua rua rua rua rua rua rua rua rua

dos pinheiros mourato coelho capitão antônio rosa fradique coutinho mateus grou dr. virgilio de carvalho pinto cônego eugênio leite henrique monteiro bianchi bertoldi

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O Projeto

rua rua rua rua rua rua rua rua rua rua rua rua rua rua rua rua

dr. fernandes coelho maria carolina henrique monteiro capitão prudente potiguar medeiros dante carrato antônio bicudo simão alvares teçanda auriflama dr. phidias de barros monteiro pascoal del gaizo estela sezefreda gustav levy santos torres cônego eugênio leite

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O projeto

TIPOLOGIA 01

PLANTA

0

10 5

15

CORTE

TIPOLOGIA 02

PLANTA

0

CORTE

10 5

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15


O Projeto

TIPOLOGIA 03

PLANTA

0

CORTE

10 5

CRUZAMENTOS E GUIAS REBAIXADAS

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15


O projeto

ETAPA 02

A

etapa 02 buscou responder a ação do mercado imobiliário atualmente com o projeto de um edifício multifuncional com usos como: habitação, co-working, FabLab, áreas de exposição, teatro aberto, cinema aberto... O objetivo foi propor um edifício com a linguagem contemporânea que conversasse com a cidade e proporcionasse espaços com qualidade urbana e gerasse o sentimento de pertencimento e apropriação do espaço. Com esses objetivos o produto constituiu em um edifício com usos diversos em seus patamares incentivando o uso dos espaços propostos.

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O Projeto

IMPLANTAÇÃO

Na implantação foi adotada a opção de localizar o edifício na parte superior da quadra dando espaço para um área de praça pública com atividades como: teatro e cinema abertos, auditório, restaurantes e quiosques. Essa disposição deu ao térreo uma permeabilidade e liberdade de usos priorizando a caminhabilidade e a escala humana, convidando e incentivando o pertencimento e apropriação do espaço. Quanto as plantas, o objetivo foi deixar a planta livre por conta dos usos diversos; dando a liberdade de disposição de layout e de uso do espaço. Portanto foi adotado vãos de 23x6,5m possibilitando a planta livre

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O projeto

cafĂŠ mezanino

livraria ĂĄrea externa

1 pavimento

mercado 2 pavimento 68


O Projeto

restaurante apto studio

3 pavimento

apto/studio art battle

4 pavimento

apto/studio studio animação 5 pavimento 69


O projeto

apto/studio studio fotografia

6 pavimento

apto/studio co-working

7 pavimento

apto/studio co-working Fab-lab

8 pavimento

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O Projeto

9 pavimento

apto/studio Co-working FabLab

Área de exposição 10 pavimento

Área de exposição 11 pavimento

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O projeto

bar horta cinema aberto

rooftop

cobertura

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O Projeto

corte 'aa'

Nos cortes nota-se o vazio central, com o movimento resultante do alinhamento das lajes. O partido estrutural utilizado são vigas metálicas, de 90cm e de 30cm de altura, steel deck e pilares em concreto. O uso da estrutura metálica e steel deck é para trazer leveza ao edifício, conversando com o vazio central e com a propostas contemporânea adotada.

corte 'bb' 73


O projeto

corte 'bb"'

detalhe 01 corte perspectivado estrutura

Nos cortes nota-se o vazio central, com o movimento resultante do alinhamento das lajes. O partido estrutural utilizado são vigas metálicas, de 90cm e de 30cm de altura, steel deck e pilares em concreto. O uso da estrutura metálica e steel deck é para trazer leveza ao edifício, conversando com o vazio central e com a propostas contemporânea adotada.

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O Projeto

elevação 1

elevação 2

O objetivo das fachadas era fazer algo que trouxesse leveza, transparência e unidade. O desafio foi fazer uma fachada única e funcional para os diversos usos, sendo assim foi adotado o smart glass(det 02), um vidro que dá a liberdade de transparência e opacidade por meio de controle remoto. Portanto cada uso pode regular o controle de luz e privacidade de acordo com a preferência. Quanto aos caixilhos, o sistema utilizado busca trazer a linguagem contemporânea por meio da parametrização de ângulos através de estudos das fachadas do escritório Herzog & de Meuron. A sua estrutura funciona a partir do jogo entre ângulos de 45 e 60 graus com o travamento a cada 5 pavimentos, evitando assim a flambagem do caixilho; com sua fixação nas lajes por meio de soldas e chapas metálicas como no detalhe 01. 75


O projeto

elevação 3

det. 02 -fachada

elevação 4 76


O Projeto

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O

tema desta monografia abordou a discussão sobre apropriação e pertencimento de espaços público nas metrópoles do século XXI com enfoque principal na cidade de São Paulo; também levando em consideração as intervenções de cunho popular e local com o objetivo de atender as necessidades reais vivenciadas pela população e proporcionar espaços mais humanos na cidade. A relevância desta pesquisa se dá na relação existente entre a cidade e o cidadão quando a qualidade dos espaços públicos e o nível de pertencimento e apropriação existente por parte da população para com a cidade. Esse tema despertou o meu interesse para o estudo e a participação em grupos de intervenções efêmeras na cidade com o objetivo de promover o interesse da população para a qualidade dos espaços, para as diversas formas de uso dos espaços e para o cuidado com a cidade. Essa pesquisa sinaliza que a vida nas cidades hoje está sofrendo a influência do cotidiano mecânico e veloz da tecnologia e isto está afetando a qualidade de vida urbana das cidades. Portanto o surgimento dessas novas estratégias urbanas em contraste com o mercado imobiliário tende a gerar novamente um olhar crítico para a cidade como o objetivo de gerar incômodo nas pessoas quanto a qualidade dos espaços urbanos e retomar as relações pessoais e momentos de pausa na cidade; trazendo identidade, vivência, participação e ações locais que atendem a necessidades reais da população. Por meio da discussão teórica em conjunto com pesquisas e ações práticas na cidade pesquisada, pode-se notar que os espaços públicos estão ganhando qualidade urbana novamente e as pessoas estão mudando seus olhares para a cidade a fim de participar mais, buscar debater e se interessar mais sobre o que está sendo feito na cidade; além de proporem ações locais que acabam incentivando as relações e a participação efetiva na construção de espaços mais vivos e qualitativos. Por fim o meu objetivo com este trabalho é continuar o estudo dessas estratégias urbanas contemporâneas junto a participação efetiva de intervenções na cidade a fim de fazer parte como arquiteta e urbanista em incentivar o olhar crítico da sociedade para a cidade e buscar estimular o pertencimento e apropriação das pessoas para os espaços de suas cidades.

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO 2018 85


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Espaços de 5km/h em uma cidade a 60km/h

O presente trabalho pretende discutir sobre apropriação e pertencimento de espaços públicos nas metrópoles do século XXI a fim de mostrar a importância do uso destes espaços na vida cotidiana. O trabalho tem seu início com um debate teórico introduzindo o conceito de espaço público e a importância de torná-lo um lugar com identidade, memoria e vivência, propondo uma discussão em torno da relação entre vida cotidiana na metrópole, apropriação e pertencimento dos espaços públicos. Logo após a apresentação deste conteúdo temos exemplos de estratégias urbanas contemporâneas que buscam novas formas de intervir nos espaços públicos de maneira efêmera e com o objetivo de iniciar um olhar crítico sobre a forma como usamos os espaços atualmente, e propondo ações efetivas de cunho local para responder as necessidades reais da população. Concluindo-se assim a importância da participação popular na vida urbana das cidades e a importância da qualidade dos espaços públicos na qualidade de vida cotidiana do cidadão.


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