Revista de Ilustração

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ILUZTRE Ler é vestir a alma Ano 1 | Nº1 | Trimestral 11 de dezembro de 2017

André Carrilho

João Fazenda


verso da capa


SUMÁRIO Ilustradores

André Carrilho

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Entrevista a André Carrilho, por Ana Sousa Dias no Diário de Notícias, no dia 4 de outubro de 2017. “O que eu faço é impossível através de fotografia. O computador faz muito pouca coisa sem uma pessoa a comandar. O meu trabalho tem uma junção de várias coisas, à mão e digital, que dá o caráter que é meu”. Dança e Japoneses

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João Fazenda

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Artigo sobre João Fazenda, por Susana Moreira Marques, no Jornal de Negócios, no dia 4 de setembro de 2015. “Normalmente, os trabalhos vêm ao meu encontro e eu vou ao encontro deles, mas sem uma linha traçada, e às vezes é bom encontrar essas linhas, não estar tão perdido”.

Lisbon Book Fair e Songs

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Fernanda Suarez

André da Loba

“A minha tendência é não ter meios-termos. O meu trabalho reflete isso.”

Ilustrações das princesas da Disney, na atualidade.

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Carolina Guerreiro

“Agora reconhece-se a ilustração como algo importante, com alguma presença.”

Fatinha Ramos

“Desenhar foi a forma que encontrei de sair do hospital”.

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“Só através do traço do desenho, as cidades se tornam, as minhas preferidas”.

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Ficha Técnica

Editorial Revista

Conceito da Capa

Capa: Maria Inês Gesteira

Esta revista de ilustração tem como princípio a leitura, e a visualização de trabalhos realizados por ilustradores mais ou menos conhecidos. É importante dar a conhecer os vários artistas desta área, que usam o desenho como uma crítica ou reflexão social, como meio informativo, narrativo, comercial, científico ou técnico. A revista de ilustração tem como principal foco a palavra “mensagem”. As figuras e as ilustrações da mesma são justificadas pelo significado da palavra, e da sua função. Uma ilustração comunica, tal como um texto ou uma melodia de uma música, sendo que a mesma pode ter várias interpretações, e podem ser dados vários significados por parte dos ilustradores. Esta revista de ilustração tem como título “ILUZTRE”. A palavra “luz” inserida no título “ILUZTRE” representa a ideia, o positivismo, a criatividade, e a nobreza, o que se relaciona com a palavra “ilustre”. Esta remete para alguém conhecido, nobre e que, neste caso, corresponde a alguém que se tornou conhecido pelo seu trabalho e dedicação, na área da ilustração. Nesta revista são apresentados artigos, com entrevistas a dois ilustradores, que considero ilustres, e ainda pequenos artigos. A palavra ilustração, sendo a temática da revista, surge indiretamente, para não ser uma informação objetiva. A cor da revista tem como base os azuis, que transmitem a personalidade e o sonho dos artistas, e a tranquilidade das ondas do mar representadas na capa, quando o ilustrador coloca a mensagem na garrafa, para que as pessoas a encontrem e a tentem decifrar.

A ilustração, criada para a capa da primeira edição desta revista, está inteiramente relacionada com a palavra “mensagem”. Os elementos foram todos desenhados de raíz, para que no seu conjunto fosse criado um ambiente marítimo ilustrativo. Deste modo, foi desenhada uma garrafa com uma mensagem no mar. Esta mensagem que se encontra dentro da garrafa só é lida e compreendida por quem encontrar ou apanhar a mesma. Para isso, é preciso que estejam atentos ao mar. No contexto da ilustração, o papel do ilustrador é transmitir uma determinada mensagem através do desenho, e só quem estiver atento e disponível para receber a mensagem, é que vai compreender. Isto significa que apenas quem estiver atento à garrafa, é que vai receber a mensagem do ilustrador.

Contracapa: Maria Inês Gesteira Artigos: Jornal de Negócios, Diário de Notícias e Expresso Texto no Diário de Notícias: Ana Sousa Dias, Alexandre Soares Texto no Jornal de Negócios: Susana Moreira Marques, Lúcia Crespo Texto no Expresso: Carolina Reis Publicidade: Maria Inês Gesteira Diretora: Maria Inês Gesteira Sede: Rua Pardal Domingues, Nº17, 3040-2020, Coimbra Email: iluztre@gmail.com Site: iluztre.com Facebook: http://facebook.com/ iluztre

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Começa por dizer que está farto dele próprio e de computadores, termina dizendo que os desenhos não interessam nada, o que interessa é que as crianças estejam bem. Pelo meio, o cartoon, a caricatura, as aguarelas feitas num tempo lento. Nasceu em Lisboa em 1974, é ilustrador, cartonista, caricaturista, faz cinema de animação. A conversa surge a pretexto de uma exposição na galeria Abysmo, em Lisboa, com trabalhos que não são exatamente os que o público lhe conhece melhor, sobretudo como caricaturista e cartonista do Diário de Notícias e em muitas e importantes publicações internacionais. Em vez de trabalhar com computador, pinta com aguarelas. O ilustrador trabalha em várias áreas diferentes, e é reconhecido internacionalmente, na maior parte das vezes, pelas críticas que faz à sociedade. As críticas podem ser feitas, quando há assuntos recentes que afetam, de alguma maneira, a sociedade.

ANDRÉ

D.N: Estás farto dos computadores? A.C: Sim, estou farto de computadores. Mas estou farto de mim próprio, mais do que de computadores. Quando se fica conhecido por fazer um determinado trabalho, qualquer evolução tem de ser muito incremental para as pessoas não notarem muito. Tenho de ser cuidadoso. Gosto de trabalhar em Portugal porque me permitem mais experimentação do que lá fora. Às tantas, estou farto de fazer sempre as mesmas coisas, parece que não há descoberta. Enquanto criativo, artista, tenho de trabalhar para mim também, ter gozo, sentir que estou a descobrir. Se for só para clientes, não me dá gozo e começo a ficar infeliz. E não estou habituado a sentir-me infeliz no trabalho.

CARRILHO Ilustração

Cartune Design Animação

D.N: Desde os teus 17 ou 18 anos que a qualidade do teu trabalho se impunha ao olhar. A.C: Tive sorte. Sempre tive qualidade no trabalho para o meio em que me estava a mexer. Se me tivessem posto no New York Times aos 17 não me ia safar. D.N: Chegaste lá cedo, ainda assim. A.C: Sim, aos 29. D.N: O que estudaste? A.C: Não acabei os estudos. Comecei por fazer cartoons, aquilo que estou a fazer agora no Diário de Notícias. Em Macau, aos 17 anos, no jornal Ponto Final que estava a ser criado, deram-me um espaço para fazer um desenho de opinião.

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D.N: Aos 17 anos?! A.C: Fui lá com um portfólio e eles acharam piada. Eu tinha muito a escola do Quino da Mafalda e recortava cartoons de jornais. Quando vim para Portugal, trabalhava no Fiel Inimigo, um jornal satírico, uma espécie de Charlie Hebdo que durou um ano, e aí ganhei alguma estaleca. Na altura não havia computadores e trabalhava-se nas redações. D.N: Desenhando à mão, claro. A.C: Sim. A minha mãe deu-me o meu primeiro computador em 1994. Comecei a estudar design gráfico nas Belas Artes e fui infeliz, não gostei do ensino. Mas conheci o Nuno Saraiva, o Luís Lázaro, o Fernando Guerreiro, pessoas que ainda hoje são influências. D.N: E não ficaste no design gráfico? A.C: No segundo ano o Luís Lázaro, que é pintor e ilustrador, convidou-me para fazer um ateliê de design. Descobri que o design e as artes são áreas onde nunca perguntam se temos curso. Pedem para ver o portfólio, e entra-se numa contradição: se quero trabalhar para o portfólio não posso estar no curso. Não estou a dizer que ninguém deve ir para os cursos, e não me arrependo de ter entrado. E aos meus filhos vou dizer para estudarem... No meu caso específico eu já estava a trabalhar para a imprensa. Um dos primeiros trabalhos que fizemos no ateliê foi a capa do segundo álbum do Abrunhosa. Estávamos com trabalho e eu estava a aprender. Achei que não estava a aprender nada na escola e deixei-a. E mais tarde deixei o design gráfico porque percebi que conseguia sustentar-me melhor a fazer ilustra-

ção. O design gráfico é muito mais duro. D.N: Fazes aquilo de que gostas e podes fazê-lo em casa ou numa esplanada. A.C: Já fiz numa esplanada, por exemplo em Goa, virado para o mar, já fiz muito disso. Mas tenho muito talento para me queixar à minha mulher e dizer que sou muito infeliz no trabalho. Estou a contradizer-me, pronto, sou uma pessoa contraditória. Sim, tenho a sorte de fazer o que gosto.

D.N: Nunca é de memória? A.C: Se for o Donald Trump, o Obama ou o Cavaco é de memória, já fiz muitas vezes. Normalmente vou à internet ver fotos, faço uma composição de fotos dessa pessoa numa página e depois estou a olhar para o ecrã e a desenhar em papel. A partir do momento em que está desenhado em papel e acho que está parecido, digitalizo para o computador e acabo aí o trabalho.

D.N: Voltaste ao básico? A.C: Sempre gostei muito de aguarela. Gostava muito do Corto Maltese do Hugo Pratt e das aguarelas que ele fazia. Dizem que a aguarela é a técnica que não mente, porque é impossível de corrigir, a não ser digitalmente. É trabalhar sem rede. Se se erra tem de se começar de novo. D.N: Acontece-te muito deitar fora? A.C: Não, porque aprendi que se o desenho não estiver parecido com o que estou a ver, ninguém sabe. O que interessa é a qualidade intrínseca do desenho e se está feito de uma maneira interessante para as pessoas. Prefiro assumir esse erro, que acontece sempre, sem tentar corrigir. Deixo que ele fique, porque o olho humano vai perceber e gosta do improviso, em qualquer arte. É sempre pior quando uma pessoa tenta contrariar algo que aconteceu espontaneamente. É uma lição que aprendi no desenho. D.N: Como fazes uma caricatura? A.C: Pedem-me uma caricatura e vou à internet buscar imagens.

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D.N: Não é pegar numa fotografia e manipulá-la? A.C: As pessoas julgam que sim, mas não é. O que eu faço é impossível através de fotografia. O computador faz muito pouca coisa sem uma pessoa a comandar. O meu trabalho tem uma junção de várias coisas, à mão e digital, que dá o caráter que é meu.

A.C: Não, é muito difícil. Eu consigo talvez ensinar uma pessoa, mesmo que desenhe bem, a ficar melhor em caricatura, mas não consigo ensinar ninguém a ser bom caricaturista que não o seja já. A caricatura é um tipo de perceção que não sei explicar, é preciso tê-la. Pode-se treinar mais ou menos mas não se adquire, ou se consegue ou não se consegue.

D.N: E no cartoon? Tens de criar uma imagem que represente um acontecimento, uma situação. A.C: É uma simplificação, um exagero, um retrato de uma opinião que tenho acerca de determinada coisa que se está a passar. Numa caricatura penso pouco, é mais imediato. Num cartoon tenho de pensar e pesquisar sobre o assunto. Durante muito tempo achei que não conseguia mas comecei a ver que o que estava a fazer era oco de sentido, um bocado vazio de opinião, de um processo de raciocínio. Então achei que a minha autoria tinha de passar também por aí, e se calhar mais por aí do que por uma qualquer técnica visual. Tinha de passar por uma metodologia de raciocínio e de interpretação do mundo. E tive a sorte de o DN me dar um espaço para eu fazer essas experimentações. D.N: Lembro-me do dia do atentado do Charlie Hebdo e do que tu fizeste: um lápis com umas raízes. Transformaste uma situação numa imagem, sem seres literal: não puseste lá o Charlie Hebdo, as armas, os mortos. A.C: Foi complicado. Tinha acabado de chegar de uma viagem de várias horas de Macau, estava de jet lag, e mal pude dormir. Tinha conhecido no ano anterior no Porto uma das pessoas mortas, e fiquei tocado. Fui para a net ver o que se estava a passar e os cartonistas de todo o mundo tinham desenhos de fúria e de dor. O DN lançou-me o desafio de fazer uma capa e eu tinha quatro ou cinco horas para pensar naquilo. Já estou treinado a baixar as expectativas do que consigo fazer a nível técnico com tão pouco tempo. Portanto, pensei numa imagem simples. A simplicidade da imagem vem também do pouco tempo que eu tinha. E lembrei-me de ir pelo outro lado, o lado da esperança, ou seja: isto é horrível, mas estes tipos vão desaparecer e nós vamos continuar cá, isto vai passar e vamos aprender e ultrapassar. D.N: O que apanhas numa caricatura? Os traços fora do comum? Há maneira de explicar?

D.N: Vai diretamente do cérebro para a mão? A.C: Vai da memória. É a capacidade de desenhar a memória que todos temos daquela pessoa e saber identificar onde está essa memória. O cérebro humano avalia caras - e tudo em geral - por pontos-chave. Não estou a ver todos os pormenores deste microfone ou da tua cara. Vemos pontos que achamos relevantes em comparação com tudo o resto. E o caricaturista, no fundo, identifica esses pontos e, de uma maneira artística, evidencia-os. Às vezes é só apagar. Para desenhar o príncipe Carlos, por exemplo, posso apagar toda a cara, deixar o nariz e as orelhas, e fica uma caricatura do príncipe Carlos. Texto por Ana Sousa Dias Diário de Notícias, 04 de outubro de 2017

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É ilustrador. É assim que o costumam apresentar. Mesmo que esteja a lançar um livro só de desenhos em que nada é uma ilustração de outra coisa, ou tudo é, porque a arte no fundo é sempre uma ilustração de outra coisa para chegar a uma nova. Mesmo que esteja a fazer performance como fez recentemente no Teatro Maria Matos, trazendo o seu processo de desenho para o palco para o partilhar com um público infantil. Quer desenhe para crianças ou para adultos. Quer trabalhe em papel, online ou em filmes de animação. Quer desenhe para Lisboa ou para Nova Iorque. A verdade é que vem tudo do mesmo lugar, da vontade de explorar a ilustração como campo da imagem. É uma revolução recente, à qual assistiu e ajudou a fazer, e, se olharmos bem, vemos como a ilustração passou a fazer parte do nosso dia-a-dia como nunca até aqui. E também vem de um estúdio, num espaço partilhado, em Londres, onde vai todos os dias, como se tivesse dias de trabalho para cumprir, mas cumpre-se apenas a si mesmo.

JOÃO

FAZENDA Ilustração

Texto por Susana Moreira Marques Jornal de Negócios, 04 de setembro de 2015

1. “Ainda acredito nos livros. Este livro, “Trama”, reúne desenhos que fui fazendo ao longo de 10 anos. Muitos deles iam sendo publicados em blogues ou no Facebook mas acabavam por desaparecer - até eu me esquecia deles. Fez sentido fazer um livro. Um livro guarda as coisas. São desenhos que fui fazendo ao lado do meu trabalho mais conhecido de ilustração, como uma espécie de ginásio, um espaço de respiração. Apercebi-me que muitos dos temas que me interessam estavam ali de uma forma ou de outra, de uma forma até involuntária. Percebi que havia coisas que estavam sempre comigo. Fiquei surpreendido por ver que era possível, “a posteriori”, encontrar os fios que os ligavam. Foi um processo que me obrigou a olhar para o meu próprio trabalho de outra maneira. Normalmente, os trabalhos vêm ao meu encontro e eu vou ao encontro deles, mas sem uma linha traçada, e às vezes é bom encontrar essas linhas, não estar tão perdido. Chamei-lhe “Trama”, pela ideia de trama gráfica e, ao mesmo tempo, de trama de história. Os meus desenhos acabam sempre por ter um lado narrativo forte. Toda a minha disciplina de desenho esteve sempre associada à narrativa. A banda desenhada foi a minha escola e eu sempre vi a imagem e o texto como estando lado a lado, cruzando-se. E, mesmo quando faço só desenho, quando não estão lá palavras, não quer dizer que não esteja lá um texto. Este livro não tem palavras, mas acho que os desenhos têm mi-

Pintura Banda Desenhada Desenho Animação

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crohistórias. Alguns talvez sejam mais próximos só de uma expressão, mas com outros pode-se perder tempo a lê-los. “ 2. “Tornei-me ilustrador um pouco por acidente. A ilustração como hoje a entendemos - e o ilustrador - é um conceito relativamente recente, pelo menos no panorama português. Quando eu tinha 15 anos, não se falava de ilustração. Há 20 anos não havia cursos de ilustração e ninguém ia estudar ilustração. Apesar de existir alguma ilustração, quer em livros quer em jornais, a situação era completamente diferente e a ideia de construir um percurso artístico nesta área era inviável. Eu queria fazer design gráfico e acabei por fazer pintura. Antes disso, já fazia banda desenhada. E, antes disso, já tinha feito ilustrações pontuais, embora sem muita consciência do que era aquilo. E depois, de repente, comecei a ter mais trabalho de ilustração, comecei a ter mais pedidos e quando dei por mim estava a fazer ilustração numa base semanal. Transformou-se numa coisa cada vez mais séria e começou a ocupar cada vez mais o meu tempo e às tantas era ilustrador. Dei por mim e era ilustrador. E entretanto já se falava sobre ilustração, já parecia viável. Às vezes posso soar como um velho a falar. Mas a verdade é que tenho quase 20 anos de trabalho e em 20 anos, nesta área, tudo mudou muito. Pelo meio houve toda a revolução digital. Aos 15 anos, eu fazia fanzines, a preto e branco, com fotocópias e agora isso parece uma coisa muito antiga... O equivalente das fanzines hoje são os blogues e talvez o Instagram. E há 20 anos os ilustradores nacionais não faziam coisas para o estrangeiro. A distância existia. Hoje posso estar aqui, em Lisboa, a fazer ilustração para

Espanha ou para os Estados Unidos. Eu apanhei o período de transição. Aqueles que têm agora 25 anos são talvez a primeira geração que toma estas coisas como certas.“ 3. “Estava em Londres para aí há cinco meses, tinha mandado o meu portefólio para alguns sítios e estava à procura de trabalho, quando fui contactado por um jornalista da revista Monocle para fazerem um perfil meu para aparecer numa lista de figuras a seguir no próximo ano. Eu não sabia muito bem como é que aquilo tinha acontecido, mas achei óptimo. Fiz a entrevista e saiu o perfil. Eu, acabado de chegar a Londres, pensei: isto está a ser bestial, isto é o melhor cartão de apresentação que se pode ter de quando se está numa cidade nova. E não aconteceu nada. Cá em Portugal até foi notícia, mas no Reino Unido não aconteceu nada. Eu a pensar que ia chover trabalho... Zero. Indirectamente, viver em Londres acabou por ser bom, por tudo o que a cidade oferece, por tudo a que se consegue aceder. Sinto uma influência grande da cidade: é sempre muito estimulante. Mas, em termos concretos, profissionais, até hoje não aconteceu nada. Pode acontecer a qualquer momento essa é a sensação que se tem nas cidades muito grandes. Numa cidade como Londres há espaço para toda a gente. Há muito a acontecer, há muitas pessoas com trabalho muito bom, muitas pessoas realmente com coisas para dizer. Aqui em Portugal há esta ideia de que de repente uma pessoa dá o salto, torna-se famoso, faz muito contactos - e é fácil chegar às pessoas. Em Londres é fácil chegar a algumas pessoas mas são tantas pessoas, e é tão grande... Fazem-se contactos e é sempre bom, mas tem outra expressão.

Londres continua a ser uma cidade desconhecida, de alguma maneira. Tenho sempre mais para descobrir e será sempre assim, nunca irei conhecer tudo. Isso é bom, gosto dessa ideia. Ter um filho mudou bastante a minha relação com a cidade. Mas confesso que acho que mudava em qualquer lado. Londres é uma cidade que tem uma certa dinâmica muito aliciante, de pessoas que circulam muito. “ Jornal de Negócios, 04 de setembro de 2015

Sinopse do Livro: Talvez

no início tenha sido um esboço, pouco importa. O que aqui interessa é que estas páginas permitem entrar na oficina e ver o artista a trabalhar. Este livro contém uma única palavra, ainda por cima, desenhada: Trama, isto é, a linha narrativa que une os fragmentos de uma história. Mas haverá por aqui alguma história a não ser a do olhar de João Fazenda, um dos mais produtivos e desafiantes produtores de imagem da atualidade? Ou é João Fazenda que nos trama porque nos faz ver as cores do mundo num livro a preto e branco? O livro foi classificado como um livro de design e ilustração, e tem 112 páginas.

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Dança

Neste livro, o ilustrador apresenta um casal, composto por duas metades que são tão diferentes quanto o dia e a noite. Ela é sorridente, glamorosa, descontraída elegante e parece flutuar por ser tão leve. Ele ele é contido, quer dançar mas o corpo não acompanha, vive num mundo cinzento e pesado, onde cada gesto e movimento é previsível, até perceber que há pesos que devem ser esquecidos.

Japoneses

Ilustrações para um livro que coleciona contos antigos japoneses.

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Lisbon Book Fair

Conjunto de desenhos que representam os tipos de leitores. Estes foram expostos em 2016, na Feira do Livro em Lisboa, com a colaboração da Silvadesigners studio. Os desenhos são a preto e branco, e todos têm um elemento em comum que está relacionado com a temática, um livro.

Songs

Livro constituído por dezassete histórias curtas em prosa, acompanhadas por um desenho. A relação entre o desenho e o texto procura complementaridades visuais que não estavam previstas.

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André da Loba As suas ilustrações são quase sempre figuras simples reduzidas aos seus contornos, mas esta abordagem minimalista pode levar a enganos - André acha que a ilustração deve ter uma postura provocativa. «Não sou um gajo de cinzentos. A minha tendência é não ter meios-termos. O meu trabalho reflete isso.» Texto por Alexandre Soares Diário de Notícias, 09 de março de 2012

Cláudia Guerreiro "Antigamente as pessoas que faziam as Belas-Artes eram pintores, escultores, ou iam pelo desenho mas não pela ilustração. E havia cursos alternativos para quem quisesse fazer ilustração. Hoje acho que as coisas se misturam um bocadinho, uma boa parte dos ilustradores pode nem ter curso ou vem dos cursos alternativos que, às vezes, são mais direcionados. E, se calhar, há muita gente que fazia bonecos – como algumas pessoas gostam de dizer – e hoje os bonecos já são ilustrações e já são respeitados. Isso é bom. É o fenómeno da moda, mas, pelo menos, agora reconhece-se a ilustração como algo importante, com alguma presença.” Texto por Carolina Reis Expresso, 14 de abril de 2017

Fatinha Ramos "Estava no hospital, ia para casa, partia um osso, voltava ao hospital e por lá ficava mais uns meses. Era sempre assim. Desenhar foi a forma que encontrei de sair do hospital. Desenhava compulsivamente. Uma vez, tivemos um acidente de carro, parti o pulso direito e então comecei a desenhar com a mão esquerda. Eu não podia era ficar sem desenhar!” Chegou a fazer retratos dos profissionais da ortopedia que depois ficaram expostos na parede. Nascia assim a sua primeira exposição, aos oito anos, no Hospital Pediátrico de Coimbra, em Celas. “Em 2011, já eu vivia na Bélgica, fui ao hospital e os desenhos ainda estavam no corredor. Fiquei ali parada a olhar para eles e uma enfermeira explicava-me: estes retratos são de uma menina que viveu aqui muito tempo…” Texto por Lúcia Crespo Jornal de Negócios, 11 de agosto de 2017

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S U A R E Belle

Snow White

Pocahontas

Mulan

Ariel

Jasmine

Cinderela

Z Fernanda

Merida

Tiana

A ilustradora Fernanda Suarez mostra como seriam as princesas da Disney, na atualidade. A artista dedica-se a esta ĂĄrea, que diz ser a sua paixĂŁo.

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Ana Gil

Ilustração para o Lawrence’s Hotel - Literatura, Gastronomia e História

Ana Gil é uma ilustradora e arquitecta que preenche as horas dos seus dias a ilustar, e que é apaixonada por conhecer o mundo através das linhas do desenho. A ilustradora nasceu em Lisboa, mas vive na Outra Banda. Desde cedo, começou a desenhar com a mão do lado do coração, e é a partir desse momento que explora aquilo que é do seu interesse. Ana Gil viaja com material de desenho, e não com uma máquina fotográfica porque “Só através do traço do desenho, as cidades se tornam, as minhas preferidas”, afirma Ana Gil. Este processo faz com que ela transporte o mundo consigo.

Ilustração do Palácio da Pena

Ana Ros no Sangue na Guelra 2016

Ilustração Palácio Nacional de Sintra ou Palácio da Vila

Antonia Klugmann no Sangue na Guelra 2016

Illustração Rua Consigliéri Pedroso, Lawrence's Hotel

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João Fazenda

Grande Prémio BIG 2017

PALÁCIO VILA FLOR

I

E XPOS Ç Ã O Exposição dos autores selecionados ao Prémio BIG e Prémio BIG Revelação: Abigail Ascenso, Alex Gozblau, Ana Biscaia, Ana Braga, André Carrilho, André Ruivo, Ângela Vieira, António Jorge Gonçalves, Bárbara R., Carolina Celas, Cinara Pisco, Constança Araújo Amador, Cristiano Salgado, Cristina Valadas, Daniela Gomes, Esgar Acelerado, Evelina Oliveira, Fatinha Ramos, Filipe Abranches, Gonçalo Viana, Hélder Oliveira, Helena Zália, Inês Machado, Inês Oliveira, João Vaz de Carvalho, Joana de Rosa, Joana Estrela, Joanna Latka, João Fazenda, João Maio Pinto, José Manuel Saraiva, Luís Manuel Gaspar, Mariana, a miserável, Nuno Saraiva, Paulo Buchinho, Rachel Caiano, Renata Bueno, Ricardo Ladeira Carvalho, Ricardo Reis, Rui Vitorino Santos, Sara Bandarra, Sebastião Peixoto, Susa Monteiro, Susana Lima, Susana Matos, Tiago Albuquerque, Tiago Baptista, Tiago Guerreiro, Tina Siuda, Yara Kono.

10h00 14h00 TERÇA

14OUT

13h00 19h00 SÁBADO

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DEZ

Carolina Celas

Prémio BIG Revelação 2017


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