Direitos: Esta obra foi disponibilizada sob uma Licença Creative Commons Atribuição Uso nãocomercial 3.0 Brasil. Direitos de distribuição e publicação: CAPES/MEC, conforme Parágrafo Único, do Artigo 5º, da Resolução CD/FNDE nº 24 de 04 de Junho de 2008.
Universidade Federal de Juiz de Fora Reitor: Henrique Duque de Miranda Chaves Filho Instituto de Ciências Exatas Diretor: Rubens de Oliveira Curso de Licenciatura em Computação Coordenação: Fernanda Claudia Alves Campos
Autoria Liamara Scortegagna Comissão Editorial Eduardo Barrére Fernanda Claudia Alves Campos Revisão Gramatical Hortência Cezar Pinto Editoração Eletrônica Eduardo Barrére
Scortegagna, Liamara. Informática e Sociedade / Liamara Scortegagna – 2014. 70 f. : il. Material Didático — Curso de Licenciatura em Computação da Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2014. 1. Educação à Distância. 2. Informática e Sociedade. 3. Política Nacional de Informática. I. Título.
Apresentação O avanço das tecnologias, em especial aquelas associadas à informação e a comunicação, a convergência das diversas mídias para o meio digital e o crescimento da Internet, colocaram o poder computacional na mão de muitos seres humanos. Assim, algumas reflexões e debates são necessários, especialmente para os futuros profissionais das áreas da Licenciatura em Computação, Ciência da Computação e Sistemas de Informação. Questões como: Os profissionais da Licenciatura em Computação, Ciência da Computação e de Sistemas de Informação possuem uma compreensão suficiente, ou adequada, de como a informática vem transformando a sociedade? Tendo ou não, precisam ter? Sentimo-nos confortáveis ou otimistas com o rumo que a nossa civilização está tomando, no processo que vai nos levando rumo a uma "sociedade da informação", ou "sociedade do conhecimento"? Se sim ou se não, por quê? E ainda, qual é o papel dos profissionais destas áreas? A disciplina Informática e Sociedade objetiva fazer com que os alunos reflitam sobre as questões apresentadas, além de estudar e debater o impacto da informática na sociedade sobre a ótica dos profissionais de tecnologia da informação. Para isto, serão abordados temas como: Ciência, tecnologia e sociedade, Desenvolvimento científico e tecnológico e seus impactos na sociedade; A política nacional da informática no Brasil; O profissional de Informática e seu papel; Informática e meio ambiente e a Sociedade e as relações étnico-raciais.
Esta disciplina se constitui essencial para a formação profissional, ajuda na compreensão da sociedade e o mundo que a cerca e auxilia no processo de aprendizagem por meio de uma metodologia que estimula o aluno a se desenvolver autonomamente. O conteúdo apresentado neste material será à base de estudos
e,
semanalmente
Aprendizagem orientações,
no
Moodle, materiais
Ambiente
estarão
Virtual
de
disponibilizadas
complementares,
atividades
de
reflexão e avaliações. Leia atentamente o conteúdo, faça anotações e participe
dos
fóruns
de
discussões
propostos
pela
professora e tutores. Desejo sucesso e bom estudo.
[Sobre a autora] Liamara Scortegagna, Dra. Professora da Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF, possui graduação
em
Informática
pela
Universidade do Contestado - UnC, mestrado Computação
em pela
Ciências
da
Universidade
Federal de Santa Catarina - UFSC e doutorado em Engenharia de Produção também pela UFSC. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/9104271477506670
Iconografia Conheça os diversos ícones utilizados nos materiais didáticos desenvolvidos pelos professores e tutores do curso de Licenciatura em Computação – DCC/UFJF:
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Leitura Complementar.
Comentário do Autor.
Tome nota.
Conclusão ou síntese de conteúdo.
Fique atento.
Sumário Unidade 1 Ciência, Tecnologia e Sociedade 1.1 Ciência, Tecnologia e Sociedade - CTS
08 11
1.1.1 O surgimento da CTS
11
1.1.2 Objetivos sociais da CTS
12
1.1.3 Enfoque educativo da CTS
12
Unidade 2 Desenvolvimento Científico e Tecnológico e seus impactos na 17 sociedade 2.1 Impacto da informática nos indivíduos
17
2.1.1 Necessidades em conhecer as tecnologias e suas aplicabilidades
17
2.1.2 De promessas e ameaças
18
2.1.3 Efeitos das tecnologias nos indivíduos
19
2.2 Impacto das tecnologias na cultura
21
2.2.1 Preconceito
21
2.2.2 Implicações das tecnologias na linguagem
21
2.3 Impacto das tecnologias na ideologia
22
2.3.1 Abordagem ideológica otimista
22
2.3.2 Abordagem ideológica pessimista
23
2.3.3 Abordagem ideológica sob outro ponto de vista
23
2.4 Impacto das tecnologias no sistema psicológico
23
2.5 Impacto das tecnologias sobre a estrutura organizacional
24
2.6 Impacto das tecnologias no sistema administrativo
25
2.7 Impacto das tecnologias na automação
25
2.8 Impacto das tecnologias no trabalho
26
Unidade 3 A política nacional da informática no Brasil
28
3.1 Política nacional de informática - PNI
29
3.1.1 Aspectos positivos
29
3.1.2 Aspectos negativos
29
3.2 Lei da Informática nº 8.248 - 23 de outubro de 1991
30
3.3 Lei da Informática nº 10.176 - 11 de janeiro de 2001
31
3.4 Lei do Software nº 9.609 - 19 de fevereiro de 1998
32
3.5 Lei dos Direitos Autorais nº 9.610 - 19 de fevereiro de 1998
32
3.6 Crimes da Internet – Lei nº 12.737 - 30 de novembro de 2012
33
Unidade 4 O Profissional de Informática e seu papel
35
4.1 A relevância da informática no âmbito da sociedade
35
4.2 A atuação do profissional de informática
37
4.3 Regulamentação da profissão
39
4.3.1 O que é regulamentação
40
4.3.2 Profissão em Informática
40
4.3.3 Regulamentação da Profissão em Informática
41
4.3.4 Alguns órgãos de Informática no Brasil
43
4.3.5 Proposta de Regulamentação da Profissão em Informática no Brasil
44
4.4 Ética na profissão
45
4.4.1 O que é ética?
45
4.4.2 Códigos de ética
47
4.4.3 Os “Dez Mandamentos para Ética na Informática”
48
4.4.4 O que se espera de um profissional de informática?
48
4.4.5 Problemas relacionados à falta de ética na informática
49
Unidade 5 Informática e Meio Ambiente 5.1 TI verde
51 51
5.1.1 Gerenciamento do consumo de energia em TI
53
5.1.2 TI verde e virtualização
57
5.1.3 Benefícios da TI verde
58
5.1.4 Lixo Eletrônico
60
Unidade 6 Sociedade e as relações étnicos-raciais
63
6.1 Etnia e raça
64
6.2 As relações étnicas
65
6.3 As minorias
67
6.3.1 Racismo, preconceito e discriminação das minorias na Internet
67
Informática na Educação
UNIDADE 1 CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE
Estamos vivendo numa era histórica em que os desenvolvimentos científicos, técnicos e sociológicos estão cada vez mais inter-relacionados. Os estudos da Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) têm atribuído um importante papel para os aspectos históricos e epistemológicos da ciência e a interdisciplinaridade na alfabetização em ciência e tecnologia. Eles indicam a necessidade de explorar os conhecimentos sob um caráter mais amplo, tendo uma reflexão crítica. Com o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, estão havendo diversas transformações na sociedade contemporânea, onde reflete em mudanças nos níveis econômicos, político, social e também na evolução do homem. Para iniciarmos nossa discussão sobre CTS, apresentamos a seguir a definição de cada elemento que compõem o tema principal desta unidade.
Ciência A Ciência é considerada como um conhecimento necessário e verdadeiro. O papel da ciência na atualidade não é mais entendido como a busca de domínio do mundo, mas sim salvaguardá-lo, em um contexto em que o conhecimento científico ainda representa uma forma de poder que é percebido como uma prática social, econômica e política e um fenômeno cultural mais do que um sistema teórico-cognitivo.
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Informática na Educação
A ciência está no cotidiano e vem merecendo, cada vez mais, um atento olhar das ciências sociais no sentido de extrair a compreensão de sua extensão e de seu lugar na sociedade e na história (FONSECA, 2007). E ainda, tornou-se poderosa e maciça instituição no centro da sociedade, alimentada e controlada pelos poderes econômicos e estatais.
Tecnologia A tecnologia pode ser compreendida como o conhecimento que nos permite controlar e modificar o mundo. Atualmente a tecnologia está associada diretamente ao conhecimento científico, de forma que hoje tecnologia e ciência são termos indissociáveis. Isso tem levado a uma confusão comum que é reduzir a tecnologia à dimensão da ciência aplicada. A história conta que os avanços técnicos sempre têm forçado mudanças no funcionamento das organizações e da sociedade, mas foi desde a Revolução Industrial, com organização do trabalho nas fábricas, que as organizações constituíram-se no foco destas mudanças sociais. É no contexto institucional que as novas tecnologias se embutiram sobre a natureza das tarefas, trazendo um descompasso entre trabalho e habilidades, mudando as condições de salário e emprego. Segundo Acevedo (1996), a alfabetização tecnológica no contexto de CTS inclui a compreensão de todos esses aspectos da prática tecnológica. Na expectativa de formar um cidadão que possa compreender como a tecnologia tem influenciado o comportamento humano de um desenvolvimento tecnológico sustentável, é essencial que haja uma discussão dos valores envolvidos nas decisões.
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Informática na Educação
A partir da identificação dos valores é que se compreendem melhor as necessidades da sociedade e os aspectos éticos que devem ser considerados no uso mais responsável da tecnologia.
Sociedade A Sociedade é formada por um grupo de indivíduos que vivem em um determinado sistema estando ligados às mudanças dos novos conhecimentos e tecnologias. Podemos denominá-la ainda, como um corpo orgânico estruturado em todos os níveis da vida social, com base na reunião de indivíduos que vivem sob determinado sistema econômico de produção, distribuição e consumo, sob um dado regime político, e obediente a normas, leis e instituições necessárias à reprodução da sociedade como um todo (SIMON, 1999 Apud VAZ et all, 2009). O desenvolvimento tecnológico tem provocado profundas modificações nos modos de vida da sociedade contemporânea. E, a cada dia, deparamo-nos com novos aparatos tecnológicos e sistemas, sendo que, em particular, as áreas de telecomunicações e informática têm presenciado avanços até bem pouco tempo inimagináveis. Esta revolução tecnológica constitui um elemento essencial para a compreensão da nossa modernidade, na medida em que cria formas novas de socialização e, até mesmo, novas definições de identidade cultural e coletiva. Em função disto, considera-se como responsabilidade dos sistemas educativos, fornecerem, a todos, os meios para dominar a proliferação das informações, de selecioná-las e hierarquizar, dando mostras de espírito crítico (CANTÚ, 2005).
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Informática na Educação
1.1 Ciência, Tecnologia e Sociedade – CTS
A CTS corresponde ao estudo das inter-relações entre a ciência, a tecnologia e a sociedade, constituindo um campo de trabalho que se volta tanto para a investigação acadêmica como para as políticas públicas. Baseia-se em novas correntes de investigação em filosofia e sociologia da ciência, podendo aparecer como forma de reivindicação da população para participação mais democrática nas decisões que envolvem o contexto científicotecnológico ao qual pertence. Para tanto, o enfoque CTS busca entender os aspectos sociais do desenvolvimento
técnico-científico,
tanto
nos
benefícios
que
esse
desenvolvimento possa estar trazendo, como também às consequências sociais e ambientais que poderá causar. Os estudos e programas CTS vêm se desenvolvendo desde o seu início em três grandes direções: • no campo da pesquisa: como uma alternativa à reflexão acadêmica sobre ciência e tecnologia; • no campo da política pública: promovendo à criação de diversos mecanismos democráticos que facilitem à abertura e processos de tomada de decisão em questões concernentes a política científico-tecnológica e; • no campo da educação.
1.1.1 O surgimento da CTS A CTS se originou há três décadas a partir de novas correntes de investigação e de um incremento na sensibilidade social e institucional sobre a necessidade de uma regulação democrática da produção científico-tecnológico. Neste campo trata-se de
entender os aspectos sociais do fenômeno
científico-tecnológico, tanto no que se refere a seus condicionantes sociais como no que se refere a suas consequências sociais e ambientais.
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Informática na Educação
O enfoque geral é de caráter interdisciplinar, envolvendo as disciplinas das ciências sociais e a investigação acadêmica em filosofia e a história da ciência e da tecnologia, a sociologia do conhecimento científico e a teoria da educação. CTS define hoje um campo de trabalho bem consolidado institucionalmente em universidades, centros educativos e administrações públicas de numerosos países industrializados.
1.1.2 Objetivos sociais da CTS A CTS objetiva: • Promover a alfabetização científica, mostrando a ciência como atividade humana de grande importância social.
Faz parte da cultura geral nas
sociedades democráticas modernas; • Estimular ou consolidar nos jovens a vocação pelo estudo das ciências e da tecnologia; • Favorecer o desenvolvimento e consolidação de atitudes e práticas democráticas em questões de importância social relacionadas com a inovação tecnológica ou a intervenção ambiental; • Propicia o compromisso de respeito à integração das minorias sociais, assim como o estímulo para um desenvolvimento sócio econômico respeitoso com o meio ambiente e equânime com relação às gerações futuras.
1.1.3 Enfoques educativos da CTS Ao mesmo tempo, a CTS é um campo de estudos, de investigação e, sobretudo, uma proposta educativa inovadora. Como campo de estudos e de investigação, busca compreender melhor a ciência e a tecnologia no seu contexto social. Aborda, assim, as relações mútuas entre os desenvolvimentos científico e tecnológico e os processos sociais subjacentes.
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Informática na Educação
Como proposta educativa geral referencia um novo planejamento do currículo, em todos os níveis de ensino. A educação científica com a orientação do CTS é uma inovação destinada a promover a Alfabetização Científica e Tecnológica, um conceito que pode ser compreendido num sentido amplo como: “a capacidade de ler, compreender e expressar opinião sobre assuntos de caráter científico” (ACEVEDO, 1997). Busca-se como meta educativa geral possibilitar a todas as pessoas a tomada de decisões responsáveis em questões controversas que envolvam relações CTS e que tenham impacto na qualidade de vida. Para Acevedo (1997), um ensino e aprendizagem com a orientação do enfoque CTS pode promover: Aumento da compreensão dos conhecimentos científicos e tecnológicos, assim como suas relações e diferenças, com o propósito de motivar mais o aluno, nas aprendizagens relacionadas com a ciência e com a tecnologia; Emergência de valores importantes para poder entender melhor como a ciência e a tecnologia podem contribuir com a sociedade, considerando a ética como elemento importante e central nas suas mediações, e possibilitar uma intervenção mais qualificada no âmbito social; Desenvolvimento de capacidades que possibilitem uma melhor compreensão dos impactos sociais da ciência e, sobretudo, da tecnologia, permitindo, assim, a inclusão e a participação efetiva dos alunos como cidadãos na sociedade civil, pois “esse ponto de vista é, sem dúvida, o que tem maior interesse numa educação obrigatória e democrática para todas as pessoas”.
Convém explicitar que o enfoque educativo CTS não é uma forma especial de educação, tampouco pode ser reduzido a uma forma de ordenar e selecionar conteúdos no currículo.
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Informática na Educação
No enfoque educativo CTS, os conteúdos deixam de ter importância em si mesmos e passam a serem percebidos em meio a problemas de relevância social. A CTS se baseia no desenvolvimento de atividades com ênfase na tomada de decisões, relacionadas com aspectos sociais do mundo real com um conteúdo importante de ciência e tecnologia. E, o conteúdo científico se constrói sobre uma base de necessidade de conhecer, que também possa prover ao aluno a capacidade de raciocínio crítico para considerar outros aspectos que serão importantes. Assim, o enfoque educativo da Ciência, Tecnologia e Sociedade – CTS compreende em: • Um processo de ensino e aprendizagem com possibilidade de despertar no aluno a curiosidade, o espírito investigador, questionador e transformador da realidade; • Emergir necessidade de buscar elementos para a resolução de problemas que fazem parte do cotidiano do aluno, ampliando-se esse conhecimento para utilizá-lo nas soluções dos problemas coletivos de sua comunidade e sociedade; • O trabalho em sala de aula passa a ter outra conotação; • A pedagogia não é mais um instrumento de controle do professor sobre o aluno; • Professores e alunos passam a descobrir, a pesquisar juntos, a construir e/ou produzir o conhecimento científico, que deixa de ser considerado algo sagrado e inviolável. Ao contrário, está sujeito a críticas e a reformulações, como mostra a própria história de sua produção. Dessa forma, aluno e professor reconstroem a estrutura do conhecimento; • Em nível de prática pedagógica, isso significa romper com a concepção tradicional que predomina (ou predominou... Será?) na escola e promover uma nova forma de entender a produção do saber; • É desmitificar o espírito da neutralidade da ciência e da tecnologia e encarar a responsabilidade política das mesmas. Isso supera a mera
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Informática na Educação
repetição do ensino das leis que regem o fenômeno e possibilita refletir sobre o uso político e social que se faz desse saber; • Os alunos recebem subsídios para questionar, desenvolver a imaginação e a fantasia, abandonando o estado de subserviência diante do professor e do conhecimento apresentado em sala de aula.
Referências Bibliográficas ACEVEDO, J. A. Ciencia, Tecnología y Sociedad (CTS). Un enfoque innovador para la enseñanza de las ciencias. Revista de Educación de la Universidad de Granada, 1997. CANTÚ, E. Elementos para o fortalecimento da mediação docente na educação tecnológica: aplicação no ensino-aprendizagem de redes de computadores. Tese (Doutorado em Engenharia Elétrica). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2005. FONSECA, A. B. Ciência, Tecnologia e desigualdade social no Brasil: contribuições da Sociologia do conhecimento para a educação em Ciências. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciências, vol. 6, n. 2, 2007. RAMOS. E. S., MONTEIRO. R. C.. Concepções sobre ciência, tecnologia e sociedade de estudantes de ensino médio. SINECT. Ponta Grossa- PR. 2012. VAZ. C. R., FAGUNDES. A. B., PINHEIRO. N. A. M..O Surgimento da Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) na Educação: Uma Revisão. I Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia. UTFPR. Curitiba - PR – 2009.
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Informática na Educação
Anotações: __________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________
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Informática na Educação
UNIDADE 2 DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO E SEUS IMPACTOS NA SOCIEDADE1
2.1. IMPACTO DAS TECNOLOGIAS NOS INDIVÍDUOS A humanidade se encontra numa nova era, onde estamos perdendo a importância do trabalho físico que exigia-se na revolução industrial e, ao mesmo tempo, está tornando-se mais valorizado o trabalho mental presente nesta nova revolução da informação.
2.1.1 Necessidade em conhecer as tecnologias e suas aplicabilidades Uma vez que as tecnologias e seus recursos são o motor que impulsiona a sociedade da informação atual, é essencial que as pessoas saibam as aplicações possíveis destes instrumentos, tais como: 1. Conhecer as capacidades e limitações das tecnologias e em especial do computador; 2. Saber como usar as tecnologias e seus recursos; 3. Saber como escolher e adquirir softwares e outros recursos; 4. Avaliar o efeito do uso das tecnologias e de seus recursos (positivos e negativos).
1
Notas sobre o texto: Ensaio baseado no texto original “Impacto de La tecnologia informática em los individuos” disponível em http://pt.scribd.com/doc/26648313/Impacto-de-la-tecnologia-informatica-en-losindividuos. Acesso em 20 mai. 2013.
17
Informática na Educação
2.1.2 De promessas e ameaças A união de computadores e robótica faz pensar em uma sociedade em que a produção de riqueza não está necessariamente ligada ao trabalho e esforço humano, uma vez que possui um grande número de fábricas que produzem bens com a mera presença de apenas um supervisor responsável pelo panejamento e manutenção. O amplo campo das possibilidades que as novas tecnologias oferecem é limitado pelo fator humano. Mas a velocidade de assimilação de uma nova tecnologia não está limitada pelo custo ou dificuldade de aquisição do equipamento, mas a complexidade aparente do uso. A principal dificuldade reside no aspecto psicológico em atitudes em relação as novas máquinas e o medo de algumas pessoas com as tecnologias e em especial com o computador. Sempre que há uma mudança tecnológica surge uma crise. Por exemplo, quando do surgimento dos novos carros houve uma manifestação dos antigos carroceiros, pois acharam que foram prejudicados pois perderam seus empregos, quando na realidade houve uma nova necessidade de mão de obra, como de mecânica, motoristas, revendedores de peças de reposição, etc. Outro exemplo, são os serviços bancários que, com a modernização foram se automatizando e sendo realizados com muitas tecnologias e equipamentos, diminuindo o trabalho humano. Assim, a robótica e informática parecem se esconder atrás da grande fantasma do desemprego, mas a realidade é que há uma grande necessidade de técnicos que permitem que os computadores e os robôs possam ser concebidos, produzidos e, acima de tudo, estarem sendo programados de forma correta. Há um enorme potencial de demanda de técnicos de sistemas, engenheiros de telecomunicações, programadores, analistas, e acima de tudo, usuários com conhecimento das ferramentas tecnológicas que são utilizadas no dia-a-dia. Certamente, as empresas que utilizam novas tecnologias vão aumentar suas atividades e outras serão deslocadas do mercado por esses concorrentes que conseguiram assimilar a nova tecnologia.
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Informática na Educação
Assim, a introdução das tecnologias não tem significado reduções de pessoal, mas, pelo contrário, significam aumento de pessoal, pois as empresas com maior potencial de produtividade, aumentam significativamente a produção e necessitam de mais pessoas para a manutenção e acompanhamento das tecnologias implementadas. Com isso, concluímos que o uso de tecnologias trará as seguintes consequências: a)
Um aumento da produtividade;
b)
Um aumento dos salários, principalmente para funcionários de empresas tecnologicamente equipadas;
c)
Um aumento de postos de trabalho em empresas com tecnologias;
d)
Um aumento do investimento;
e)
Um aumento no tempo de lazer;
f)
Indiretamente, também podemos esperar uma melhor gestão de negócios como resultado de uma maior qualidade da informação recebida através dos sistemas computacionais.
2.1.3 Efeitos das tecnologias nos indivíduos a) Aplicações positivas • Oportunidade de novos empregos: são criados centenas de novos postos de trabalho em áreas como programação, operações com computadores e gestão de sistemas de informação; • Aumento da satisfação no trabalho: cientistas e engenheiros podem resolver problemas interessantes que não tinha considerado, sem a ajuda de computadores; • Uso em negócios/produção de produtos: Usado para evitar o desperdício e melhorar a eficiência, o que pode resultar em preços mais baixos de produtos e melhor serviço para os clientes; • Uso em organizações públicas/prestação de serviço: evitar o desperdício e melhorar a eficiência em serviços do governo, escolas e hospitais. Como
19
Informática na Educação
também, pode apresentar melhor serviço e reduzir a carga tributária sobre os cidadãos; • Uso doméstico: centenas de milhares de computadores foram comprados para uso doméstico, esses sistemas individuais são usados para o entretenimento e diversão, fins educacionais, para controlar o orçamento familiar em outras tarefas.
b) Possíveis implicações • A ameaça de desemprego: o uso do computador pode resultar em redução de funcionários em algumas empresas; • O uso de certas práticas duvidosas de processamento de dados: muitas organizações podem capturar dados sobre cidadãos e utilizados de forma incorreta; • Tendências para a despersonalização: o computador identifica o indivíduo como um número, como na maioria dos sistemas bancários com base no computador, a chave usada para identificar um indivíduo é um número, como o cartão de segurança social, o histórico escolar, o empregado ou o cartão de crédito em conta; • O problema da segurança dos sistemas: a falta de controle sobre os dados de segurança, em alguns casos, levou à destruição de registros de dados de pessoas físicas permitindo o acesso não autorizado, acidental ou intencionalmente á informações confidenciais de natureza privada; • A questão da privacidade: a falta de controle sobre o armazenamento, recuperação e transmissão de dados permitiu o abuso do direito legítimo à privacidade.
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Informática na Educação
2.2 IMPACTO DAS TECNOLOGIAS NA CULTURA O que é cultura? • Desenvolvimento ou melhoria da física ou intelectual ou moral através da educação; • Conjunto de ideias, conhecimentos e costumes que um grupo de pessoas adquirem e transmitem de geração em geração; • Soma de traços comportamentais e crenças aprendidas, bem como, características dos membros de uma sociedade.
As sociedades são caracterizadas por um conjunto de especificidades que os tornam diferentes dos outros, isso chamamos de cultura. As empresas também estão sendo forçadas a ajustar-se à evolução dos computadores/ tecnologias, pois isso irá criar novos empregos e condições de vida. Tecnologias e computadores facilitam e enriquecem nossas vidas.
2.2.1 Preconceito Recusando-se a
aceitar os avanços
tecnológicos, por medo do
desconhecido ou descontentamento, as pessoas precisam de treinamento.
2.2.2 Implicações das tecnologias na linguagem • Possibilidade de expressão através da escrita ou fala; • Idioma falado por um povo ou uma nação; • Formas de se expressar; • Estilo de cada falar. Todos os dias nos é apresentados novas formas computacionais /tecnológicas para realização da comunicação, leitura especializada ou apenas experiências quotidianas e, é muito comum que encontramos termos cujo significado é desconhecido para nós, deixando este vazio intransponível para compreender as questões.
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Informática na Educação
O uso da linguagem da informática nos trouxe possibilidades de acesso a outros idiomas, como Inglês, Francês etc, porém, dependendo da forma de como utilizamos isso no dia-a-dia, podemos enriquecer a nossa cultura ou, ainda, em algum momento, distorcer ou destruir nossa linguagem dependendo de uma boa ou má interpretação que fazemos dos termos.
Alguns termos que utilizamos em nossa linguagem: • Mouse, Scanner, E-mail, CD-Rom, Hacker e Internet.
Existem termos que podem causar confusão na interpretação de uma pessoa que não tem conhecimentos de informática: • Abortar: interromper dramaticamente um processo em execução no seu computador; • Servidor: responsável pelo gerenciamento de listas de discussão; • Navegar: explorar o site, clicando em hiperlinks; • Vírus: Um programa cuja instrução é executada para causar um problema.
2.3 IMPACTO DAS TECNOLOGIAS NA IDEOLOGIA O que é ideologia? Ramo da ciência que lida com as fontes filosóficas e classificação de ideias. Todas as ideias que caracterizam uma escola ou de um autor. São identificadas três abordagens:
2.3.1 Abordagem ideológica otimista Argumenta-se que o uso do computador vai levar a uma maior liberdade e individualidade em um ambiente humano e personalizado e que, podemos ter mais benefícios do que problemas.
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Informática na Educação
2.3.2 Abordagem ideológica pessimista Ao contrário das aplicações otimistas, nesta abordagem chegou-se à conclusão que os seres humanos estão competindo com robos industriais e que as pessoas irão perder os empregos, não terão mais segurança, bem como, nem dignidade social.
2.3.3 Abordagem ideológica sob outro ponto de vista Esta abordagem diz que a tecnologia acompanha a espécie humana desde o seu início e agora, as pessoas estão mais capacitadas e capazes de se adaptar a novas ideias e mudanças que ela causou.
2.4 IMPACTO DAS TECNOLOGIAS NO SISTEMA PSICOLÓGICO A teoria tradicional da administração quase não levou em conta a forma como a tecnologia afetou o sistema psicossocial. O sistema técnico foi considerado como dado e imutável, e assumiu-se que as pessoas iriam se adaptar. Felizmente, os seres humanos são os Srs. adaptáveis e respondeu a rápida evolução da tecnologia. O avanço tecnológico das organizações foi complexas nos últimos 100 anos e, têm exigido grandes ajustes dos sistemas sociais. Técnicas de burocracia, a gestão científica e produção em massa exigiu mudanças fundamentais. Os últimos desenvolvimentos em automação de computadores têm atualmente um papel muito importante, no entanto, pouco se tem estudado a ralação entre a tecnologia e os sistemas psicossociais. A tecnologia afeta os membros de uma organizações de várias maneiras. É um fator-chave para determinar as tarefas necessárias e o grau de especialização. Muitas vezes determina o tamanho e a composição do grupo de trabalho e, a gama de contatos com outros trabalhadores e supervisores. Determina anda, o grau de mobilidade física. Afeta os vários papéis e posições
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Informática na Educação
dos indivíduos nas organizações: geralmente têm melhores habilidades técnicas, significa obter uma posição melhor, mais salário e outras recompensas. As mudanças tecnológicas podem criar incerteza e ansiedade no mercado de trabalho e dos trabalhadores. As habilidades desenvolvidas ao longo de um período pode ser obsoletas, o que afeta vitalmente a sua auto-percepção e motivação.
2.5 IMPACTO DAS TECNOLOGIAS SOBRE A ESTRURA ORGANIZACIONAL
O que é estrutura? É um esquema que determina a forma como as tarefas e atividades são divididas, organizadas e coordenadas por uma empresa/organização. Uma série de estudos realizados pela unidade de pesquisa em Administração Industrial da Universidade de Aston, Inglaterra, forneceu informações sobre a relação entre tecnologia e estrutura. As tecnologias foram classificadas em três componentes: • Tecnologia Operacional: é a técnica utilizada nas atividades de fluxo de trabalho; • Tecnologia de materiais: diz respeito à natureza dos materiais utilizados no processo de transformação; • Tecnologia de conhecimento: diz respeito às características do conhecimento utilizado na organização. A Universidade concluiu que a tecnologia operacional interfere apenas nas variáveis do fluxo de trabalho. Que, a tecnologia é um dos principais determinantes da estrutura de linha de produção e ainda que, estes estudos sugerem que a relação entre a tecnologia e estrutura são complexos. A tecnologia isoladamente não eliminou vários trabalhos de rotina, mas reestruturou as funções de outros trabalhadores e exigiu mudanças de atitudes e comportamentos.
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Informática na Educação
2.6 IMPACTO DAS TECNOLOGIAS NOS SISTEMAS DE ADMINISTRAÇÃO Uma das principais consequências da mudança de tecnologia tem sido a crescente especialização do conhecimento. Sistemas Administrativos na maioria das
organizações
envolvem
muitos
participantes
com
competências
e
oportunidades de formação. Muitos especialistas com formação adequada estão em cargos administrativos: pesquisa e desenvolvimento, especialistas em comunicação e psicólogos industriais e sociólogos. O sistema administrativo moderno não é composto de uma única pessoa que tem conhecimento e poder absoluto, é formada por uma equipe de especialistas treinados que contribuem com suas habilidades para o bom desempenho da organização. Normalmente, estes são os "catalisadores" para ajudar a organização a utilizar e adaptar os novos avanços tecnológicos.
2.7 IMPACTO DAS TECNOLOGIAS NA AUTOMAÇÃO Tecnologias de informática e outras relações com elas estão tendo um grande impacto em todos os níveis das organizações. No nível operacional, automação, máquinas controladas numericamente, robôs industriais e sistemas de fabricação flexíveis, são exemplos do uso da tecnologia. Automação é a fase atual da tendência de longo prazo em direção a uma maior complexidade e modernização de sistemas tecnológicos para a produção de mercadorias. Inclui o link de processos de controle computadorizados e máquinas em um sistema integrado de produção. Máquinas
numericamente
controladas
(computador)
têm
grande
flexibilidade e adaptabilidade em relação com as máquinas - ferramentas tradicionais de um único pedido. Eles podem ser programados para executar várias operações, em diferentes partes, sem um reconhecimento elaborado.
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Informática na Educação
2.8 IMPACTO DAS TECNOLOGIA NO TRABALHO
O que é trabalho? O esforço humano (atividade) realizado objetivando a subsistência humana (manter). Ou seja, o uso da atividade ou esforço físico ou mental para um propósito. Ainda podemos definir como, um conjunto de conhecimento técnicocientífico
que
influenciam
as
manifestações
físicas,
como
máquinas
(computadores) e ferramentas, técnicas e processos para a aplicação e desenvolvimento de informações em um local de trabalho. Todas as organizações que usam computadores tem um efeito muito mais positivo em seus resultados, independente da área de atuação, seja ela governamental, direito, medicina, educação, ciência, engenharia, industria ou negócio. A utilização das tecnologias nos governos auxilia no planeamento, controle e aplicação de leis. Os profissionais da saúde também estão usando computadores para planejar e controlar. Por exemplo, a utilização de avançadas técnicas computacionais para o diagnóstico preciso de doenças em seus pacientes. Por outro lado, na educação as tecnologias te muito a contribuir no processo de ensino e de aprendizagem, seja na possibilidade de contato e interação com alunos, ou mesmo no auxílio aos professores. Por exemplo, simuladores permitem que os alunos possam testar e melhorar habilidades aproximando a experiência do mundo real com o virtual. Outra aplicação das tecnologias está nas empresas que, auxiliam na organização, panejamento e desenvolvimento de diversas atividades, tornando-as mais competitivas no mercado. Por este motivo, muitas empresas estão introduzindo cada vez mais componentes computadorizados no design de automóveis, eletrodomésticos, ferramentas e outros produtos para diferenciá-los da concorrência.
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Anotações: __________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________
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Informática na Educação
UNIDADE 3 A POLÍTICA NACIONAL DA INFORMÁTICA NO BRASIL
Ao refletir sobre a Informática e Sociedade, é preciso também conhecer e analisar o aspecto políticos e jurídicos, incluindo-se aqui as discussões sobre a elaboração de leis, decretos e atos. Neste aspecto é fundamental salientar que as leis regulam as atividades, mas não constituem uma política duradoura, visto que a informática é um setor dinâmico com intervalos de tempo muito curtos, surgindo sempre novidades tecnológicas, aplicações e algumas lacunas para uma possível intervenção de má fé. Nesta unidade, vamos apresentar parte da Legislação da Informática no Brasil, objetivando fomentar a discussão dos aspectos legais, porém não temos a intenção de se fazer desta aula, uma aula de “Direito em Informática”. A legislação da Informática no Brasil teve início com a criação da Política Nacional de Informática – PNI em 1984, substituída posteriormente pela nova Lei da Informática 7.232/84 e atualizada mais recentemente pela nº 8.248 de 23 de outubro de 1991. Para complementar nossa análise, apresentamos a Lei do Software 9.609 de 19 de fevereiro de 1998, Lei dos Direitos Autorais 9610 de 19 de fevereiro de 1998 e finalizamos com a Lei de Crimes na Internet –12.737 de 30 de novembro de 2012. Destacamos que, a partir da Lei da Informática 10.176/01, muitos benefícios
foram
estabelecidos
para
os
empreendedores,
empresas
pesquisadoras e usuários em tecnologias, incidindo diretamente nos profissionais e futuros profissionais desta área, incluindo vocês. Lembrem-se: Leis foram feitas para serem consultadas e nunca decoradas, assim, o importante ao estudar e analisar legislação é o entendimento do que se trata cada uma delas e, conhecer os caminhos para encontrá-las sempre que necessário.
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Informática na Educação
3.1 Política Nacional de Informática – PNI A PNI - Lei nº 7.232, de 29 de outubro de 1984, foi instituída com prazo de vigência estabelecido em oito anos. Nesse sentido, representou caso único de política setorial regulamentada por lei e com término previamente estabelecido. Apesar disso, foi alvo de fortes pressões internas e internacionais contrárias à reserva de mercado. Sua implementação teve aspectos positivos e negativos. Observem:
3.1.1 Aspectos positivos a) Rápido crescimento da indústria de informática nos anos 80, enquanto a indústria de transformação como um todo permanecia praticamente estagnada; b) Presença majoritária de empresas nacionais; c) A significativa criação de empregos diretos (70 mil até 1989, dos quais 24 mil de nível superior); o elevado nível de gastos em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) das empresas nacionais (cerca de 5% da receita líquida), em relação à média da indústria de transformação; d) Elevado coeficiente de importações (18%) em comparação com a indústria de transformação como um todo.
3.1.2 Aspectos negativos a) Falta de visão estratégica evidenciada por: ausência de sinergias com outras indústrias do complexo eletrônico, não desenvolvimento da indústria de microeletrônica, desatenção quanto à capacitação em software e não aplicação (ou aplicação apenas parcial) dos instrumentos previstos na lei de informática (incentivos fiscais, créditos, investimentos, compras do governo); b) Falta de uma política de exportação, o que impôs limites às possibilidades de ampliação de escalas;
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Informática na Educação
c) Subestimação do ritmo e da intensidade da mudança técnica na indústria eletrônica; d) Não seletividade da política, que superestimou a possibilidade de aparecimento de empresários inovadores e deu oportunidade, de fato, ao surgimento de empresários rentistas (rent-seekers) na indústria de informática, à semelhança do que ocorreu na indústria de transformação de modo geral sob os esquemas de proteção da política industrial. Mas, além de tudo, deve-se mencionar a falta de uma posição política clara e de apoio da própria área econômica do governo federal e a falta de apoio da sociedade à política de informática.
Leitura complementar: Conheça na íntegra a Lei nº 7.232/84 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7232.htm
3.2 Lei da Informática nº 8.248 - 23 de outubro de 1991 Em 1991 uma nova lei de informática foi aprovada no Congresso, confirmando o fim da reserva de mercado, alterando o conceito de empresa nacional, de modo a favorecer maior participação de capital estrangeiro, e criando novos incentivos fiscais para a indústria de informática. A lei 8248/91 revogou a 7232/84, e trouxe como maiores aspectos positivos, o seguinte: a) A indicação formal do propósito de se terminar em 29/10/92, com a chamada reserva de mercado do setor; b) A nova definição de nacionalidade da pessoa do setor; c) A revogação dos art. 9º e 22 da lei original que constituíram o centro da reserva de mercado do âmbito da antiga lei.
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Informática na Educação
A Lei 8248/91 expirou em 29/10/1999, sendo mantida por meio de medida provisórias, até 1/1/02, quando entrou em vigor a Lei 10.176/01 Leitura complementar: Conheça na íntegra a Lei 8.248/91 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8248.htm
3.3 Lei da Informática nº 10.176 - 11 de janeiro de 2001 A lei foi sancionada em janeiro de 2001, para entrar em vigor no dia 1º de janeiro de 2002, o texto veio acompanhado de 194 portarias com incentivos fiscais à expansão da indústria nacional. A Lei da Informática concede incentivos fiscais para empresas do setor de tecnologia (áreas de hardware e automação), que tenham por prática investir em Pesquisa e Desenvolvimento. Esses incentivos fiscais referem-se à redução do IPI em produtos habilitados/incentivados. Esta Lei é uma das poucas iniciativas importantes que foram tomadas em muitos anos, para a adoção de uma política de desenvolvimento. OBS.: A Lei 10.176 de 11 de janeiro de 2001 alterou a Lei nº 8.248, de 23 de outubro de 1991, a Lei nº 8.387, de 30 de dezembro de 1991, e o Decreto-Lei nº 288, de 28 de fevereiro de 1967, dispondo sobre a capacitação e competitividade do setor de tecnologia da informação. Leitura complementar: Conheça na íntegra a Lei 10.176/01 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10176.htm
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Informática na Educação
3.4 Lei do Software nº 9.609 - 19 de fevereiro de 1998 A Lei do Software nº 9.609 dispõe sobre a proteção da propriedade intelectual de programa de computador, sua comercialização no País, e dá outras providências. Estabelece
uma
definição
para
o
programa
de
computador,
a
problematização é a sua aplicabilidade de forma prática, em relação ao registro de software no Instituto Nacional da Propriedade Industrial e no Escritório de Direitos Autorais da Biblioteca Nacional. A proteção à propriedade intelectual de programa de computador é a conferida às obras literárias pela legislação de direitos autorais e tem validade 50 anos a partir do dia 1 de janeiro do ano seguinte à sua divulgação ou criação
Leitura complementar: Conheça na íntegra a Lei 9.609/98 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9609.htm
3.5 Lei dos Direitos Autorais nº 9.610 - 19 de fevereiro de 1998 A Lei de Direitos Autorais, nº 9610/98 que, altera, atualiza e consolida a legislação
sobre
direitos
autorais,
marca
um
avanço
fundamental
na
regulamentação dos direitos do autor quando define, não apenas dos titulares dos direitos autorais, como autores, intérpretes, produtores, mas também sobre as diversas formas de utilização da obra intelectual definindo conceitos quanto à reprodução, transmissão, distribuição de sinal seja por cabo, satélite, fibra ótica etc. A violação dos direitos autorais por pessoas que reproduzem de forma fraudulenta, divulgando ou utilizando de qualquer forma sem a autorização do autor poderá responder judicialmente por perdas e danos, além de, perder todo
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Informática na Educação
material apreendido e ressarcir o titular da obra por todos os exemplares vendidos.
Leitura complementar: Conheça na íntegra a Lei n.º 9.610/98. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610.htm
3.6 Crimes na Internet – Lei nº 12.737 - 30 de novembro de 2012 A Lei 12.737, sobre crimes na internet, também chamada de "Lei Carolina Dieckmann", altera o Código Penal e passa a considerar infração uma série de ações praticadas no meio virtual, principalmente em relação à invasão de computadores, além de punir especificamente esses crimes. As leis tipificam crimes como a invasão de computadores, o roubo de senhas e de conteúdos de e-mail, a derrubada proposital de sites e o uso de dados de cartões de débito e crédito sem autorização do titular. A disseminação de vírus de computador ou códigos maliciosos para roubo de senhas também poderá ser punida com prisão de três meses a um ano, além de multa. A prática de uso de dados de cartões de débito e crédito sem autorização do dono, por exemplo, passará a ser equiparada à falsificação de documento, com penas de um a cinco anos de prisão e multa.
Leitura complementar: Conheça na íntegra a Lei 12.737/12 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12737.htm
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Anotações: __________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________
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UNIDADE 4 O PROFISSIONAL DE INFORMÁTICA E SEU PAPEL
4.1 A relevância da informática no âmbito da sociedade
O desenvolvimento da informática vem continuamente, causando inúmeras transformações na sociedade. Hoje são possíveis realizações que, há pouco mais de 50 anos, faziam parte apenas do mundo da ficção. A sociedade, de modo geral, está constantemente se beneficiando dos progressos da informática sem, muitas vezes, ter noção do uso desta. Como, por exemplo, ao utilizar um telefone celular, assistir televisão, fazer exames médicos, pagar uma conta ou fazer compras, são usos da informática que fazem parte do cotidiano. Ou seja, a sociedade usufrui da informática, na medida em que a realização dessas atividades pressupõe a presença de recursos tecnológicos em algum estágio do processo: no sistema de telecomunicações, na produção da mídia audiovisual, nos equipamentos na área da saúde, nas transações comerciais ou na produção de produtos de consumo. Assim, a informática tornou-se uma ferramenta fundamental e essencial para a sociedade e está espalhada por todos os segmentos. Tendo uso inicialmente no governo, mas atualmente presente em quase todos os estabelecimentos comerciais e nas residências e, sem esta, provavelmente teríamos que recriar nossa sociedade. A informática apresenta grande influência e relevância na sociedade. Na educação, por exemplo, em que o processo de ensinar e aprender se tornou mais dinâmico e, com isso ocorreram mudanças na forma de como as pessoas vivem em sociedade.
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Informática na Educação
Os governos agora estão modernizando seus serviços e quase todos estão com banco de dados interligados e com informações únicas, acredita-se que em mais alguns anos poderemos ter apenas um único cadastro no país, onde constarão todas as nossas informações, sejam elas, pessoais ou profissionais. A forma de fazer negócio se tornou prática e rápida, muito diferente do que era feita há alguns anos atrás. Basta apenas ter acesso à internet e poderemos realizar qualquer transação de compra ou venda. Na área da saúde, pacientes podem consultar médicos, pesquisar sobre suas doenças e tratamentos, buscar especialistas, serviços, medicamentos, resultados de exames, enfim, as tecnologias e a Internet proporcionam uma variedade de recursos que podem ajudar tanto pacientes como profissionais, prestadores de serviços públicos e privados, pesquisadores, dentre outros. Nas residências o número de computadores aumentou consideravelmente. Em 2013, o número de computadores em uso no Brasil somou 118 milhões, o equivalente a três computadores para cada cinco habitantes e a estimativa para 2016, é de ter um computador em uso para cada habitante, ou seja, 200 milhões de máquinas. Junto com o crescimento do número de computadores, temos o acesso à Internet que, de acordo com dados do IBOPE Media o número de pessoas com acesso à internet no Brasil chegou a 105,1 milhões no segundo trimestre do ano de 2013, ampliando ainda mais o uso da informática. Com este aumento de acesso à rede mundial de computadores, estamos vivenciando uma nova realidade de comunicação e de relações pessoais e interpessoais. As redes sociais e os canais de comunicação se proliferaram e as pessoas estão cada vez mais conectadas, construindo conhecimentos de forma colaborativa e buscando informações. A relevância da informática para a sociedade é notória e traz inúmeros benefícios, como podemos verificar nos exemplos citados anteriormente, porém, num país onde as dimensões geográficas são gigantescas e a disparidade social é fato, o acesso a informática e aos recursos tecnológicos ainda é considerável difícil para muitas pessoas e regiões do Brasil. 36
Informática na Educação
4.2 A atuação do profissional de informática Até um tempo atrás, o “Profissional da informática” ou “Profissional da TI” era considerado o “faz tudo”, ou seja, a pessoa que instalava e concertava computadores, desenvolvia softwares, verificara o cabeamento, ou simplesmente instalava novos joguinhos em seu computador. Com o passar do tempo, com a evolução das profissões e das tecnologias, esta antologia foi se modificando, apresentando uma setorização dos profissionais nesta área e a especialização dos profissionais. Hoje
temos
profissionais
especialistas
apenas
em
programação
(desenvolvimento de softwares), redes, design, aplicações para a Internet, segurança, informática na educação, na saúde etc, e o “faz tudo” praticamente deixou de existir. Para auxiliá-los no entendimento desta ampla gama de possibilidades profissionais, vamos apresentar a seguir, uma lista com as principais atuações dos profissionais da informática: •
Administrador de banco de dados: O Administrador de banco de dados é responsável por manter e gerenciar bancos de dados, ou sistema de banco de dados. Este profissional gerencia, atualiza, monitora o centro das informações de um sistema.
•
Analista de redes: O analista de redes ou administrador de redes tem a incumbência de gerenciar o rede local, bem como recursos computacionais diretamente relacionados à rede.
•
Analista de segurança: Responsável pela segurança da rede (equipamento, sistemas operacionais de servidores e clientes e programas utilizados). Também monitora tentativas de invasão e uso indevido dos recursos da rede, além de definir e manter as regras de uso dos recursos computacionais da empresa.
•
Analista de sistemas: O analista de sistemas ou atualmente mais conhecido como sistematizador de informações, é aquele que tem como finalidade realizar estudos de processos computacionais para encontrar o melhor e mais 37
Informática na Educação
racional caminho para que a informação virtual possa ser processada. Este profissional estuda os diversos sistemas existentes entre hardwares e softwares e o usuário final, incluindo seus comportamentos e aplicações. •
Analista de suporte: O analista de suporte é um profissional de TI especialista em tecnologias, constantemente atualizado com novidades mercadológicas de Hardware e Software. Cuida da manutenção da estrutura física de computadores, da estrutura de rede de área local de computadores e de sistemas operacionais.
•
Designer: O designer é o profissional habilitado a efetuar atividades relacionadas ao design gráfico. São de relevância para o designer exercer sua atividade e o domínio sobre as tecnologias que lhe servem de ferramenta, e a construção de um repertório visual.
•
Programador web: Um profissional de programação web é responsável pelo desenvolvimento de sites, portais, fóruns e aplicações voltadas para o ambiente da internet. Normalmente estes serviços podem ser acessados por meio de um navegador e ficam hospedados em servidores web.
•
Programador: Um programador pode ser alguém que desenvolve ou faz manutenção de software em um grande sistema mainframe ou alguém que desenvolve software primariamente para uso em computadores pessoais.
•
Arquiteto de software: O profissional de Ciência da Computação tem capacidade de modelar sistemas e toda a infraestrutura necessária para que o software possa funcionar corretamente. Pode ainda trabalhar com melhoria de processos computacionais e entender e propor soluções para automatização de procedimentos industriais e comerciais.
•
Gerente e empresário de TI: Com formação humanística e de gerência de projetos, este profissional tem ampla capacidade de gerenciar projetos de software, de equipes de desenvolvimento e planejar a criação de sistemas. Com a área em alta atividade no mundo, o bacharel formado em Ciência da Computação, Sistemas de Informação e ainda, Licenciado em Computação podem ser empreendedores e montarem seus próprios negócios. Seja como
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Informática na Educação
consultoria, provedor de serviços computacionais ou de armazenamento de dados, ou dono de uma empresa de desenvolvimento e gerenciamento de softwares. •
Docência e pesquisa: O bacharel em Ciência da Computação, Sistemas de Informação e o Licenciado em Computação, por terem uma formação abrangente e aprofundada nos mais diversos tópicos que compõem a área de informática, podem trabalhar como docentes em instituições de ensino superior e desenvolverem pesquisas em nível de mestrado e doutorado. Sua plenitude de conhecimentos os gabaritam a serem os grandes geradores de novas tecnologias e inovações, características inerentes de grandes pesquisadores no mundo. Especificamente os licenciado em computação, podem atuar nos ensinos fundamental e médio e na educação profissional em cursos técnicos de nível médio. Além disso, poderão atuar em diversos setores, como instrutor em cursos de informática na iniciativa privada, gerente de área de tecnologia em instituições educacionais, coordenador de laboratórios de educação a distância e de suporte a plataformas de EAD e ainda, tutor ou coordenador de disciplinas ministradas à distancia.
4.3 Regulamentação da profissão Ainda não temos um órgão regulamentador ou uma Lei que nos dê respaldo, a discussão e o conhecimento adquirido neste item, certamente serão muito importantes. Partindo desta premissa, iniciamos nossa discussão que permeia duas perspectivas: a) Alguns defendem que a atuação preventiva de um conselho de profissão, no sentido de realizar um rigoroso controle de quem pode ou não exercer a profissão é o meio mais eficaz no controle dos profissionais no mercado de trabalho, dando proteção à sociedade contra falsos profissionais.
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Informática na Educação
b) Por outro lado, há quem defenda a tese de que um conselho de profissão não têm meios eficazes de garantir a qualidade dos profissionais nele registrados, em virtude da grande diversidade na qualidade dos cursos superiores e nos perfis dos profissionais existentes. A partir das duas perspectivas apresentadas, nosso objetivo é apresentar aqui as principais ideias e propostas que estão sendo abordadas quando o assunto é Regulamentação da Profissão em Informática.
4.3.1 O que é Regulamentação? Regulamentação é o ato ou efeito de regulamentar. O ato de redigir e publicar um conjunto de normas, as quais uma associação ou grupo tem de se reger. A regulamentação de uma profissão tem como objetivo a proteção da sociedade contra falsos profissionais, garantindo assim que, ao se contratar algum serviço, tenha-se certeza de que aquele profissional está qualificado a prestá-lo, e que ele será responsável por quaisquer danos, sejam eles materiais, físicos, ou de qualquer natureza que, porventura venham a ser causados em decorrência de seu trabalho.
4.3.2 Profissão em Informática Antes de falarmos da “Profissão de Informática”, vamos esclarecer a diferença entre profissão de um ofício qualquer. Profissão exige certo nível de estudo, formação, um nível acadêmico. Já o ofício, basicamente, requer o conhecimento de alguma “arte”. Profissão é também responsabilidade, mas que requer conhecimentos especiais e muito treinamento. A Profissão em Informática é hoje uma das várias que ainda não possuem um órgão regulamentador em nosso país. Com a decorrência do exercício livre da profissão, qualquer indivíduo que tenha ou ao menos se veja 40
Informática na Educação
com competência e capacidade suficiente, pode atuar como um profissional desta área, disponibilizando. Com isso, atuam hoje no mercado brasileiro de Informática milhares de profissionais com os mais diversos perfis de formação, níveis e graus de competência profissional, atendendo à demanda em uma ampla gama de serviços, desde os mais sofisticados e de alta tecnologia, como os ligados à automação e controle industrial, até os mais simples como pequenos sistemas de controle de estoque. Assim, o mercado escolhe livremente seus profissionais, exigindo, quando necessário, diplomas, certificados e/ou formação específica.
4.3.3 Regulamentação da Profissão em Informática A regulamentação da Profissão em Informática é uma discussão muito eminente, principalmente feita pelos profissionais formados e estudantes da área, que entendem a urgência e a necessidade desta como a melhor forma de interação da defesa dos interesses da sociedade e da estruturação da profissão para seu crescimento com qualidade e responsabilidade, possibilitando assim a sua utilização como um mecanismo de proteção da população. Porém, é notório que o atual cenário apresenta um conflito de interesses. De um lado, os profissionais da área que, legitimamente almejam bons empregos e altos salários, e de outro, os da Sociedade, que deseja, também legitimamente, alta qualidade de bens e serviços, porém com baixos custos. Para atender os anseios dos profissionais, o caminho mais fácil é o estabelecimento por meio de conselhos de profissão, de uma reserva de mercado de trabalho, a qual pode trazer como benefícios à categoria a redução da competição por emprego, uma provável melhor remuneração devido à exclusão de muitos da oferta de profissionais no mercado e um possível aumento de oportunidades de trabalho. Acredita-se que o objetivo em regulamentar a profissão é tão somente dar uma garantia aos clientes que os profissionais de informática sejam competentes (não impedindo não formados/graduados “realmente competentes” em trabalhar).
41
Informática na Educação
Muitos
defendem
ainda,
a
proposta
de
que,
deve
haver
uma
regulamentação da profissão, porém sem reserva de mercado. Ou seja, a criação de conselhos federais e estaduais, reguladores e fiscalizadores, onde as profissões
internas
seriam
divididas
por
graduação
ou
conhecimentos
reconhecidos (diplomas e/ou exames). E, também a criação de regras para que o profissional formado e o técnico tenham reconhecimento e sejam valorizados no mercado de trabalho.
Os que defendem a regulamentação
Os que defendem a não regulamentação
Órgãos que representam a área de Um
grupo
formado
(mas,
não
informática no Brasil (como a SBC), exclusivamente) por professores de estudantes de nível superior que Universidades públicas e privadas, que querem
a
regulamentação
com não estão inseridos no mercado de
reserva de mercado, onde só poderá trabalho e que em sua maioria não tem exercer a profissão aquele que tiver como formação principal a computação, um diploma universitário. Porém, mas sim matemática, engenharia, etc., alguns destes alunos reclamam que e que se dedicam à pesquisa. Por pessoas que não enfrentaram a estudantes que simplificam o debate dificuldade de um vestibular/ENEM e dizendo que não querem pagar "mais que não ficaram anos em uma um sindicato", que os conselhos hoje Universidade estão tirando as vagas existentes
servem
apenas
para
dos que passaram por todo esse “arrancar” dinheiro dos trabalhadores. E processo.
ainda, por alguns empresários que querem manter a desordem atual do mercado de trabalho, onde o principal prejudicado são os empregados.
42
Informática na Educação
4.3.4 Alguns órgãos de Informática no Brasil SBC – Sociedade Brasileira de Computação. Fundada a mais de 30 anos é uma sociedade científica, sem fins lucrativos, que reúne pesquisadores, professores, estudantes e profissionais que atuam em pesquisa científica, educação e desenvolvimento
tecnológico
na
área
genérica
de
Computação.
Conheça a SBC: http://www.sbc.org.br/
ENEC - Executiva Nacional dos Estudantes de Computação. Fundada em dez de setembro de mil novecentos e noventa e três (10/09/1993), é o órgão de associação, coordenação, orientação e representação dos estudantes dos cursos universitários de graduação e pós-graduação na área de computação, em todo o território do Brasil.
Conheça a ENEC: http://www.enec.org.br/PaginaInicial
FENADADOS - Federação Nacional dos Empregados em Empresas e Órgãos Públicos e Privados de Processamento de Dados, Serviços de Informática e Similares. Foi fundada em 4 de dezembro de 1989 e constituída para fins de estudo, organização, coordenação, proteção e representação legal da categoria
43
Informática na Educação
dos Empregados nas Empresas e Órgãos Públicos e Privados de Processamento de Dados, Serviços de Informática e Similares.
Conheça a FENADADOS: http://www.fenadados.org.br/
FENAINFO - Federação das Empresas de Informática é uma entidade representativa de grau superior, fundada em 1990 e tem como objetivo principal defender os interesses das empresas do setor de informática em todo o território nacional pretendendo, para isto, fomentar a criação de sindicatos patronais nos Estados onde estas entidades representativas não existem e fortalecer os sindicatos já existentes.
Conheça a FENAINFO: http://www.fenainfo.org.br/
4.3.5 Proposta de Regulamentação da Profissão em Informática no Brasil Apesar de não termos ainda uma Regulamentação aprovada, muitos estudos e propostas estão sendo realizados. Um dos estudos mais completos sobre a regulamentação da Profissão em Informática no Brasil é realizado (compilado) pelo Prof. Dr. Roberto da Silva Bigonha da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. 44
Informática na Educação
Na homepage do Prof. Bigonha é possível encontrar textos de reflexão sobre o Porque e Como Regulamentar a profissão, Perguntas Frequentes sobre Regulamentação, Projetos de Lei propostos, arquivados e em tramitação, a Proposta da SBC pra a Regulamentação e Ações de conselhos de outras profissões que impactam na profissão de informática. Leitura complementar: Proposta de Regulamentação da Profissão em Informática no Brasil http://homepages.dcc.ufmg.br/~bigonha/Sbc/plsbc.html
4.4 Ética na profissão 4.4.1 O que é ética? Normalmente para qualquer coisa errada que uma pessoa faça, diz-se que “faltou-lhe ética”. Outros colocariam “moral” no lugar de ética. Esse uso meio que indiscriminado da palavra “ética” confunde as pessoas, que acabam por propagar o “erro” e até mesmo os estudiosos e teóricos fazem essa confusão. Assim vamos definir: Ética: A palavra ética é de origem grega derivada de ethos, que diz respeito ao costume, aos hábitos dos homens. Teria sido traduzida em latim por mos ou mores (no plural), sendo essa a origem da palavra moral. Uma das possíveis definições de ética seria a de que é uma parte da filosofia (e também pertinente às ciências sociais) que lida com a compreensão das noções e dos princípios que sustentam as bases da moralidade social e da vida individual. Em outras palavras, trata-se de uma reflexão sobre o valor das ações sociais consideradas tanto no âmbito coletivo como no âmbito individual. Já a Moral, trata do conjunto de valores, de normas e de noções do que é certo ou errado, proibido e permitido, dentro de uma determinada sociedade, de uma cultura. Como sabemos, as práticas positivas de um código moral são importantes para que possamos viver em sociedade, fato que fortalece cada vez mais a coesão dos laços que garantem a solidariedade social. Do contrário, 45
Informática na Educação
teríamos uma situação de caos, de luta de todos contra todos para o atendimento de nossas vontades. Assim, moral tem a ver com os valores que regem a ação humana enquanto inserida na convivência social, tendo assim um caráter normativo. Para se ter uma ideia da variabilidade dos conceitos morais e éticos e para exemplificar a diferença entre eles, um exemplo é o caso da pirataria de software. A moral que é oficializada pela maioria das leis determina que este ato é antiético em todos os seus sentidos, enquanto em uma comunidade que apoia o software livre, a ideia de copiar programas jamais é associada à ilegalidade. Mas a moral que é adotada pela maior parte das pessoas é a que divide a pirataria em duas modalidades: uma mais tênue, que envolve empréstimos inofensivos de CDs a amigos e uso remoto de programas em uma pequena rede e outra forma mais criminal, que visa o lucro à custa do prejuízo do “proprietário intelectual” do programa. A ética é quem define se cada uma das morais é valida no ambiente em que atuam, determina se são boas fontes de aconselhamento na hora de fazer uma escolha do tipo “copiar ou não copiar?” e verifica se não está havendo alguma influência política ou social de alguma organização ou grupo no estabelecimento destes conceitos. Num futuro próximo, talvez as opiniões sejam outras e fatores tecnológicos, jurídicos, etc. podem mudar o ponto de vista ético da situação.
Resumindo: * Moral é aplicada quando se quer ditar regras de conduta a uma pessoa ou a um grupo. * Ética é a ciência que estuda as várias morais, comparando-as e verificando se são legítimas, se não são influenciadas, se realmente são modelos de referência para a tomada de decisões.
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Informática na Educação
4.4.2 Códigos de ética Não existe um código de ética oficial para os profissionais da Informática, como na Medicina ou no Direito, mesmo porque se houvesse, não abrangeria a todos os praticantes da área, atingindo apenas àqueles que tomassem conhecimento através de disciplinas da graduação, talvez eletivas. Isso se tornar a maior dificuldade em se falar de ética na informática, pois como qualquer pessoa de qualquer área de estudo pode estudar informática, inclusive pessoas que não fazem qualquer curso superior, fica difícil de criar uma regulamentação para que todo profissional do setor deva seguir ao se deparar com situações em que é preciso julgar o que é correto e o que é incorreto. Não sendo a profissão regulamentada, como vimos anteriormente, não existem órgãos fiscalizadores ou estruturas sindicais que zelam pelo bom desempenho do profissional. Em alguns países, foram criadas sociedades que tentam suprir essa necessidade, como a ACM (Association for Computer Machinery), que possuem inclusive códigos de ética, entretanto a punição pela não obediência às diretivas geralmente limita-se ao banimento da associação, sendo
o
comportamento
dos
membros
praticamente
determinado
pela
consciência individual. No Brasil existe a SBC (Sociedade Brasileira de Computação), que exerce grande influência na comunidade da área de informática, uma vez que a maioria dos professores universitários da área são seus associados, ajudando a formar profissionais qualificados. Porém a SBC não possui um código de ética para orientar seus membros, apenas um projeto baseado no código da ACM e da Britsh Computer Society. Outros entidades como, a SUCESU (Associação de Usuários de Informática e
Telecomunicações),
Computação),
ENEC
FENADADOS
(Executiva (Federação
Nacional Nacional
dos dos
Estudantes
de
Empregados
em
Empresas e Órgãos Públicos e Privados de Processamento de Dados, Serviços de Informática e Similares) e a FENAINFO ( Federação das Empresas de Informática) são entidades atuantes no ramo, mas que também não possui um código de ética específico para os profissionais desta área.
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Informática na Educação
4.4.3 Os “Dez Mandamentos para Ética na Informática” O Instituto para Ética da Computação (Brookings Institution, Washington, EUA) criou um pequeno código de conduta que ficou conhecido como "Os Dez Mandamentos para Ética na Informática": 1. Você não deverá usar o computador para produzir danos em outra pessoa; 2. Você não deve interferir no trabalho de computação de outra pessoa; 3. Você não deve interferir nos arquivos de outra pessoa; 4. Você não deve usar o computador para roubar; 5. Você não deve usar o computador para dar falso testemunho; 6. Você não deverá usar software pirateado; 7. Você não deverá usar recursos de computadores de outras pessoas; 8. Você não deverá se apropriar do trabalho intelectual de outra pessoa; 9. Você deverá refletir sobre as consequências sociais do que escreve; 10. Você deverá usar o computador de maneira que mostre consideração e respeito ao interlocutor. Fonte: http://dererummundi.blogspot.com.br/2008/05/os-dez-mandamentos-datica-informtica.html
4.4.4 O que se espera de um profissional de informática? (em relação à ética) a) Profissional deve (visão geral): • Aceitar toda a responsabilidade pelas suas ações; • Ser justo e evitar atos discriminatórios; • Rejeitar qualquer tipo de suborno; • Evitar fazer danos na reputação, propriedade ou integridade física de outrem; • Respeitar a privacidade dos outros.
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Informática na Educação
b) Responsabilidades mais especificas: • Melhorar a percepção que o público tem da informática e das suas consequências; • Não utilizar software obtido de forma ilegal ou menos ética, e respeitar as patentes e direitos de autor; • Não aceder a recursos informáticos ou de comunicações sem autorização; • Assegurar-se de que o software produzido tem todas as especificações documentadas, satisfaz as necessidades dos utilizadores e sem que ele constitua perigo para os dados e privacidade dos mesmos; • Esforçar-se por manter ou melhorar as suas competências técnicas ao longo da sua vida profissional.
4.4.5 Problemas relacionados a falta de ética na informática A Ética na Informática abrange dois aspectos, o profissional de informática e o usuário de informática:
• • • • • •
Problemas relacionados a falta de ética
Problemas relacionados a falta de ética
Profissional de informática
Usuário de informática
Crime com computador (hackers) Criação de vírus Quebra de sigilo a dados Violação de e-mail Violação de pacotes na rede Utilização de softwares “piratas”
• Danificar equipamentos; • Danificar softwares; • Apropriação indébita de trabalho intelectual de outra pessoa; • Utilizar software pirata; • Falta de reflexão sobre as consequências sócias do que se publica na internet (danos morais). • Pedofilia • Racismo • Apologia á violência
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Anotações: __________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________
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UNIDADE 5
INFORMÁTICA E MEIO AMBIENTE Eduardo Barrére2
5.1 TI verde O termo TI Verde, Tecnologia da Informação Verde, nasceu da necessidade em abordar aspectos de sustentabilidade econômica e ecológica no ambiente de TI da empresa. Este termo se justifica pelo fato da TI, assim como muitas ações humanas causam impacto direto no meio ambiente. Já o termo sustentabilidade, ganhou destaque a partir da década de 1980, devido principalmente ao rápido crescimento populacional e a agressão ao meio ambiente decorrente deste crescimento. Assim, os conceitos de sustentabilidade e desenvolvimento econômico são recorrentes e acabaram sendo inseridos em todos os segmentos da sociedade. Segundo Takahashi [1], as práticas de TI Verde podem ser divididas em três níveis: •
TI Verde de incrementação tática: Não modifica a infraestrutura de TI nem as políticas internas, apenas incorpora medidas de contenção de gastos elétricos excessivos. Como exemplos, temos: o uso de monitoramento automático de energia disponível nos equipamentos, o desligamento dos mesmos nos momentos que estão parados, a utilização de lâmpadas econômicas e a otimização da temperatura das salas (ventilação adequada). São medidas simples de serem implementadas e não geram custos adicionais às empresas.
2
Professor do Departamento de Ciência da Computação – DCC – UFJF
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•
TI Verde Estratégico: Exige a convocação de uma auditoria sobre a infraestrutura de TI e seu uso relacionado ao meio-ambiente, desenvolvendo e implementando novos meios viáveis de produção de bens ou serviços de forma ecológica. Como exemplo, a criação de uma nova infraestrutura na rede elétrica visando à sua maior eficiência e sistemas computacionais de menor consumo elétrico (incluindo novas políticas internas e medidas de controle de seus descartes). Além da preocupação com a retenção de gastos elétricos, o marketing gerado pelas medidas adotadas pela marca é também levado em consideração.
•
Deep IT (TI Verde “a fundo”): Mais amplo que os dois primeiros, incorpora o projeto e implementação estrutural de um parque tecnológico visando a maximização do desempenho com o mínimo gasto elétrico; isto inclui projetos de sistemas de refrigeração, iluminação e disposição de equipamentos no local com base nas duas primeiras estruturas anteriores (o que demanda um custo muito maior que as duas primeiras).
São exemplos de práticas do Deep IT: •
Google: as ações variam desde o planejamento do datacenter até a locomoção dos funcionários com veículos híbridos e o consumo de energia alternativa como a solar;
•
Yahoo: com plano ambiental agressivo que inclui desde a construção de datacenters com produção de acordo com as normas e exigências ambientais, o uso da virtualização de servidores, a gestão do consumo elétrico gerado pelo resfriamento de seus equipamentos até a extensão de medidas para o cotidiano dos funcionários.
Você pode realizar ações de TI Verde em várias áreas e com intensidades distintas. Alguns focos: •
Computação com o uso eficiente da energia;
•
Gerenciamento de energia;
•
Projetos de Data Centers Verdes;
•
Virtualização de servidores;
•
Descarte responsável e reciclagem;
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Informática na Educação
•
Utilização de fontes de energia renováveis; e
•
Produtos de TI com selos ecológicos.
Como resultado das ações praticadas pela empresa, podemos ter duas vertentes: •
Redução do consumo de energia e das emissões de carbono: ▪ Atualização de sistema operacional e hardware; ▪ Virtualização de Servidores: utilização de software que “emula” uma máquina virtual como um servidor físico, criando assim, um ambiente isolado e independente da máquina “real”.
•
Infraestrutura e conservação energética: O vice-presidente de ecoresponsabilidade da Sun Microsystems, Dave Douglas, considera os 10 passos seguintes para que um datacenter seja sustentável e com eficiência financeira: 1. Avaliar o consumo e eficiência energética; 2. Redesenhar o sistema de resfriamento; 3. Reconsiderar redundâncias; 4. Utilizar equipamentos ajustáveis em espaço e energia; 5. Virtualizar “storage” e servidores; 6. Utilizar dispositivos “Energy Star” ou com outros “selos Verdes”; 7. Doar ou reciclar servidores em desuso; 8. Verificar a infraestrutura predial; 9. Pesquisar fontes alternativas de energia; 10. Envolver a gerência no processo.
5.1.1 Gerenciamento do consumo de energia em TI Um grande desafio é equalizar a relação entre desempenho (ação que consome muita energia) e sustentabilidade, mas é possível balancear tal equação a fim de minimizar as perdas de desempenho e colaborar com a sustentabilidade. Analisar quando se pode desligar ou quando se pode colocar o computador num estado que ele economize energia, é uma tarefa para os administradores de
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Informática na Educação
infraestrutura de TI que normalmente são auxiliados pelos softwares de gestão e gerenciamento de energia. Existem softwares que analisam o estado do PC e o coloca no modo de menor consumo de energia diminuindo a potência do processador, colocando o computador em modo de espera, modo de hibernação ou até mesmo programando um desligamento. Isso também ocorre com os monitores e outros periféricos como as impressoras. Esses softwares obtêm as informações de medidas de grandezas como tensão e corrente, através do software de gerenciamento da placa mãe do PC. Os softwares de energia apresentam relatórios do consumo de cada equipamento, fornecendo assim aos administradores, informações valiosas que servem de base para tomadas de decisão e procedimentos para reduzir o consumo de energia. São práticas comuns [2]: •
Função Dormir ou Espera: O Environmental Protection Agency (EPA) estimou que os computadores com essas funções habilitadas, utilizam de 60 a 70% da energia de um computador em funcionamento.
•
Protetores de tela (screensavers): O objetivo principal de um protetor de tela, quando foi concebido, era de evitar que o monitor fosse danificado. Os modelos CRT, principalmente os mais antigos, possuíam um grave problema chamado de burn-in, que consistia na perda de imagem do monitor depois de certo tempo. Os monitores LCD trabalham de maneira diferente, não possuindo, portanto, os problemas dos antigos monitores CRT. Nesses modelos, o uso de screensavers pode não ser necessário caso seja habilitada a função de “desligar o monitor” após certo tempo de inatividade. O uso do screensaver pode se tornar um problema se o usuário aplicar um tipo com imagens e fotos que mudam de maneira dinâmica, isso faz até que se aumente o consumo de energia em relação ao trabalho convencional
•
Modo hibernação: Para reduzir o consumo de energia são empregadas técnicas
de
hibernação
de
recursos,
isso
pode
ser aplicado
para
computadores, monitores, impressoras, equipamentos de rede, entre muitos. A hibernação “desliga” o dispositivo em períodos ociosos e essa ociosidade, é baseada em regras estabelecidas pelo sistema de gerenciamento de
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hibernação. O “desligamento” é temporário, e ao ser “acordado”, o equipamento volta a seu estado de funcionamento como estava ao ser hibernado e essa, é a vantagem em relação ao desligamento total. Eletricamente falando, a hibernação é semelhante ao desligamento, inibindo a passagem de corrente pelo circuito do dispositivo. Esta técnica pode ser uma excelente solução em laboratórios com vários computadores que de tempos em tempos ficam ociosos.
Numa simulação de uso, Silva [2] definiu um tempo de uso de 70% de todo o tempo mensurado (7h em 10h, por exemplo). Na Tabela 1 é apresentado os resultados desse estudo, no qual o consumo (W) dos equipamentos operando normalmente e com a função de economia habilitada. Para cada equipamento foi escolhida apenas uma função de economia e na última coluna dessa tabela, é apresentado o percentual de economia quando habilitado o recurso.
Tabela 1: Demonstração de Resultados utilizando uma função de economia de energia [2]
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Quanto os teus equipamentos consomem de energia? Verifique no manual o valor especificado (em Watts), ou se o seu computador for “montado”, pode utilizar como parâmetro a potência da fonte. Lembre-se: Potência(W) = Tensão (V) x Corrente (A). Você pode verificar o quanto o seu equipamento está consumindo num determinado momento com um multímetro (você tem a tensão, mede a corrente e calcula a potência) ou para uma medição por períodos de tempo, um Medidor de Energia.
Atualmente o Sistema Operacional passou a ser um agente importante no consumo de energia de um computador, pois o usuário pode modificar diversas configurações de energia dos computadores. Assim, a parametrização para um melhor desempenho energético com a redução de frequência e voltagem é uma medida simples e que para o uso doméstico de computadores não implica na percepção de desempenho. Exemplos: •
Linux: é possível efetuar este controle pelo recurso CPUFREQ do kernel ou a opção de gerenciamento de energia chamada “modo Laptop”.
•
Windows: a central “Opções de Energia do Sistema Operacional” possibilita gerenciar os tempos de inatividade de alguns componentes e processos que consomem a maior parte da energia de um equipamento como monitor, disco rígido, configurações de desktop, placa sem fio (wireless), processador, processo de exibição de vídeos, consumo energético dos componentes PCI Express, bem como o comportamento do resfriamento do equipamento.
Você Sabia: A ação mais simples a ser adotada pelo usuário é NÃO configurar o protetor de tela e desligar o monitor nos momentos de não operação do mesmo. Isto deve se a consideração que um computador ligado 1hora/dia consome 5kwh/mês, e que ao final de um ano, emite 18 kg de CO2 no ambiente. Isto significa que reduzir uma hora do tempo de operação do computador doméstico implica na redução da emissão de CO2 equivalente à emissão de um carro à gasolina percorrendo 120 km.
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5.1.2 TI verde e virtualização Os servidores normalmente são configurados para atender muito acima da sua capacidade, isso gera uma subutilização de recursos, causando perda de energia. Em muitos casos o consumo de processamento, memória e disco não chegam a 30%. Esse mesmo servidor virtualizado melhora em 60% esse desempenho. São possibilidades desta virtualização [2]: •
Virtualização de Rede: reúne os recursos de computação de uma rede, e divide a largura de banda disponível em canais independentes, que podem ser designados para um servidor ou dispositivo em tempo real. Um exemplo disso são as VPN´s.
•
Virtualização de Servidores: essa sem dúvida é a mais popular, pois oculta a natureza física dos recursos de servidores, incluindo processadores, sistemas operacionais e o software que estão neles. Os servidores do tipo Blade são menores que os servidores de rack tradicionais e de acordo com a IBM® a redução de espaço físico pode chegar a 83%, sem contar a economia de energia que pode ficar em torno de 20% a 40%.
•
Virtualização de Aplicativos: ela isola os programas do hardware e do sistema operacional, os encapsulando como objetos móveis independentes que podem ser deslocados sem afetar os outros sistemas. As tecnologias de virtualização de aplicativos reduzem as alterações relacionadas a aplicativos no sistema operacional fazendo com que a administração seja em muito simplificada. Essa modalidade pode ser implantada, por exemplo, em Call Center´s e laboratórios de informática onde os softwares que os usuários utilizaram já estão pré-definidos e o comportamento pode ser alterado a qualquer momento pelos administradores de forma que essas alterações sejam propagadas imediatamente para os usuários. Outra vantagem da virtualização de aplicativos é a possibilidade de se montar uma infraestrutura para os usuários com terminais do tipo Thin Client.
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Informática na Educação
Você Sabia: Thin Client são terminais compostos por uma arquitetura semelhante à de um computador padrão PC, mas, sua principal característica é de não ter o disco rígido e de não necessitarem de tecnologias de processamento e memória avançadas, pois, todo esse papel, é executado pelo servidor. Em média, um Thin Client consome apenas 20% da energia de um PC, consequentemente geram menos calor, têm um ciclo de vida mais longo comparado a de um PC por não necessitar de upgrade e tudo isso traz redução de custos e menos impacto ambiental
Leitura complementar: Guia para o Gestor de TI Sustentável: http://www.itautec.com.br/media/652021/af_guia_gestor_sustentabilida de.pdf
5.1.3 Benefícios da TI verde Consumidores comerciais e residenciais estão exigindo maior divulgação por parte das empresas no que diz respeito à emissão de CO2, bem como suas iniciativas ambientais e resultados, visto que isso hoje serve como maneira de se obter as credenciais ambientais da empresa. O compromisso com a sustentabilidade serve para divulgação das metas verdes e marketing para a empresa. Como benefício, o retorno de imagem de empresa sustentável e maior interesse dos investidores do mercado financeiro [2]. Atualmente existem certificações interessantes para a área, como a ISO14001 e o Selo Verde.
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Certificações na área de TI Verde: ISO 14001: Norma que define os feitos para estabelecer um Sistema de Gestão Ambiental (SGA). Tem como objetivo equilibrar a manutenção de rentabilidade e a redução do impacto ambiental com organizações comprometidas, assim é possível atingir ambos os objetivos. O certificado ISO 14001 é exigido por diversos países para que bens possam ser importados. No Brasil, a ISO 14001 fortaleceu o conceito de sustentabilidade. Esse certificado é válido por três anos, e deverá receber uma nova auditoria de certificação após esse período.
SELO VERDE: é uma certificação que atende ambientes digitais, que se fundamenta no conceito internacional dos 3Ps, que vem de People (pessoas), Profit (lucro) e Planet (planeta). Quando um órgão ou empresa adquire o Selo Verde, significa que esse ambiente certificado corresponde a critérios de sustentabilidade como: Socialmente justo, economicamente viável e ambientalmente correto. A Cartilha ainda descreve os critérios sociais que devem ser adotados pelos ambientes que almejam o Selo Verde: • Participação em redes sociais • Adoção de práticas inclusivas • Responsabilidade pelo patrimônio público • Ser referência na comunidade como espaço de mobilização local e transformação social • Ser um polo de formação de multiplicadores em conceitos tecnológicos Critérios ambientais: • Aditar práticas ambientalmente responsáveis, utilizando o conceito dos três Rs: REDUZIR, REUTILIZAR, RECICLAR • Assegurar meios de neutralizar as emissões dos gases de efeito estufa • Promover conscientização ambiental na comunidade Critérios econômicos: • Articular parcerias para promoção da sustentabilidade econômica do ambiente digital • Promover inclusão digital através do oferecimento de cursos tecnológicos e profissionalizantes • Adotar procedimentos diagnósticos e de avaliação dos processos executados nos ambientes.
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Em 2009, uma pesquisa realizada pela Sun Microsystems australiana [3], com 1500 respostas de 758 organizações de grande e pequeno porte, na Austrália e na Nova Zelândia, apurou que a redução do consumo de energia elétrica e a redução de custos que isso traz são as principais razões para a utilização de práticas ecologicamente corretas, seguida do menor impacto ambiental e melhoria nos sistemas, vide Figura 1
Figura 1: Principais Razões para a Utilização de Práticas Verdes [3].
5.1.4 Lixo eletrônico Sempre que surgem novas tecnologias, os aparelhos que se possui, aparentam obsolescência ou já não é o melhor da linha. Assim os aparelhos são descartados antes do tempo útil. Empresas e consumidores querem adquirir produtos modernos. O que impressiona é que, atualmente, computadores possuem sua vida útil muito pequena. Menos de dois anos após ter adquirido um computador, o consumidor volta às lojas a procura de máquinas com novas tecnologias e maior capacidade de processamento. E assim, cada vez mais computadores são substituídos facilmente. Estudos indicam que os resíduos eletrônicos representam 5% do lixo no planeta, significando 50 milhões de toneladas produzidas pela população mundial. Só no Brasil, são produzidos 2,6 Kg de lixo eletrônico por habitante, sendo 10
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Informática na Educação
milhões de computadores fabricados, e 150 milhões de celulares e baterias contendo componentes tóxicos. O que agrava a situação do lixo eletrônico dispensado são os resíduos que contém metais pesados, por exemplo, o chumbo, cádmio e mercúrio, entre outros tóxicos, pois precisam de um correto tratamento para evitar danos causados à saúde e ao meio ambiente. O
Serviço
Brasileiro
de
Respostas
Técnicas
(SBRT
-
http://www.respostatecnica.org.br/) apresentou os metais pesados incluídos na fabricação de um computador e celulares, conforme demonstrado na Tabela 2. A contaminação do ser humano se dá pelo contato com esses componentes perigosos, por exemplo, as pessoas que tem um contato direto com placas eletrônicas entre outros resíduos, até mesmo nos lixões. Os resíduos eletrônicos deixados em locais inapropriados e os componentes tóxicos contaminam o solo e os lençóis freáticos, contaminando também a água.
Tabela 2 – Metais contidos no computador e celulares [4] Metais Pesados
Doenças causadas
Chumbo
Prejudicial ao Cérebro e ao sistema nervoso. Afeta sangue, ruins, sistema digestivo e reprodutor.
Cádmio
Agente cancerígeno. Acumula-se nos rins, no fígado e nos ossos, o que pode causar osteoporose, irritação nos pulmões, distúrbios neurológicos e redução imunológica.
Níquel
Causa irritação nos pulmões, bronquite crônica, reações alérgicas, ataques asmáticos e problemas no fígado e no sangue.
Mercúrio
Prejudica o fígado e causa distúrbios neurológicos, como tremores, vertigens, irritabilidade e depressão.
Zinco
Produz secura na garganta, tosse, fraqueza, generalizada, arrepios, febre, náusea e vômito.
dor
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Informática na Educação
Você pode ajudar, participe do nosso projeto de lixo eletrônico: www.ufjf.br/computadorvelho
Referências Bibliográficas [1] Takahashi, A. C. et al. TI Verde: conceitos e práticas. Guia do Hardware. Disponível em: http://www.hardware.com.br/artigos/ti-verde/ [2] Silva, M. R. P., Zaneti, G. B., Zago, M. G. and Souza, A. N. TI Verde – Princípios e Práticas Sustentáveis para Aplicação em Universidades. III Simpósio Brasileiro de Sistemas Elétricos – SBES, 2010. [3] Murugesan, S. H. Green IT: Principles and Practices. IT Pro January/February 2008. IEEE Computer Society, 2008. [4] Abreu, A. F., Monteiro, M. S. anda Romito, P. R. Ti Verde – Implementação de Práticas Sustentáveis em Empresa de Tecnologia da Informação. IX SEGET – Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia, 2012.
Anotações: __________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________
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Informática na Educação
UNIDADE 6
SOCIEDADE E AS RELAÇOES ÉTNICOS-RACIAIS
A formação da sociedade brasileira é composta por diferentes grupos étnico-culturais que a caracterizam em termos culturais, como uma das mais ricas do mundo. Contudo, sua história é marcada por desigualdades e discriminações, especificamente contra negros e indígenas, impedindo, desta forma, seu pleno desenvolvimento econômico, político e social. No decorrer da História do Brasil, discriminação, racismo e preconceito sempre fizeram parte do cotidiano da vida da população afrodescendente, refletindo-se ainda mais na vida de mulheres, homens e crianças desprestigiados social e economicamente. No ano de 1854 o decreto nº 1.331 legitimou a não admissão de escravos nas escolas públicas, mais adiante, em 1878 o decreto nº 7.031-A determinou que os negros só poderiam estudar a noite e ainda assim, vários mecanismos foram desenvolvidos afim de, dificultar tal oportunidade de educação. Estabelecia-se, desde então, um divisor étnico-racial que se enraizou nos sistemas escolares e daí se dissipou para toda a sociedade brasileira. Muitos anos depois busca-se alterar este quadro, a partir do mesmo veículo, a Educação, objetivando minimizar a discriminação e as diferenças sociais. Em 2003, a Lei nº 10.639 estabelece a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileiras e africanas nas escolas públicas e privadas do ensino fundamental e médio. O Parecer do Concelho Nacional de Educação CNE/CP 03/2004, aprovou as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnico-
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Informática na Educação
Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileiras e Africanas e, a Resolução CNE/CP 01/2004, detalha os direitos e as obrigações dos Estados, munícipios e Distrito Federal para a implementação da lei que, compõem um conjunto de dispositivos legais considerados como indutores de uma política educacional voltada para a afirmação da diversidade cultural e da concretização de uma educação das relações étnico-raciais nas escolas, desencadeada a partir dos anos 2000. É nesse mesmo contexto, foi aprovado em 2009 o Plano Nacional das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações ÉtnicoRaciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana (BRASIL, 2009).
6.1 Etnia e raça Etnia é um termo de origem grega e significa povo. É utilizado para denominar um determinado grupo de indivíduos que possuam afinidades de idioma e cultura, independente do país em que estejam. Um grupo étnico (sinônimo de etnia), consiste em um grupo de indivíduos que partilham as mesmas tradições, costumes, língua, ou seja, a mesma cultura. Ainda, etnia é uma expressão utilizada também de forma pejorativa podendo revelar preconceito contra um determinado grupo racial, ou para mostrar pessoas excluídas, que são minoria. ....Etnia é exatamente a sua tradução, é um grupo de indivíduos que possuem os mesmos fatores culturais, como religião, língua, roupas...
Raça é um conceito para categorizar diferentes populações de uma mesma espécie biológica desde suas características físicas.
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Informática na Educação
Na antropologia, eram utilizadas várias classificações de grupos humanos, conhecidos como "raças humanas", mas desde que começou-se a usar os métodos genéticos para estudar populações humanas, essas classificações e o próprio conceito de raças humanas deixaram de ser utilizados, persistindo o uso do termo apenas na política. ... Raça humana é normalmente uma classificação de ordem social, onde a cor da pele e origem social ganham sentidos, valores e significados distintos. As diferenças mais comuns referem-se à cor de pele, tipo de cabelo, conformação facial e cranial, ancestralidade e, em algumas culturas, genética.
A diferença entre raça e etnia é que, etnia também compreende os fatores culturais, como a nacionalidade, religião, língua e as tradições, enquanto raça compreende apenas os fatores morfológicos, como cor de pele, constituição física, estatura, etc. A palavra etnia muitas vezes é usada erroneamente como um eufemismo para raça.
6.2 As relações étnicas Todas as situações nas quais diferentes culturas/etnias são colocadas em contato por qualquer razão, são denominadas de relações étnicas. Esse contato normalmente é determinado pelo deslocamento de grupos de pessoas de uma etnia para outros lugares, onde encontra-se outro grupo étnico. Os motivos podem ser variados, como a ocupação de territórios, atividades comerciais, exploratórias, estabelecimento de vínculos de parceria ou amizade, busca de condições de vida diferentes e oportunidades, dispersão de um povo em consequência de preconceito ou perseguição política, religiosa, étnica ou mesmo de guerras. Atualmente o mundo todo conjectura de uma forma mais intensa sobre o convívio entre as diferentes culturas/etnias. Exemplos de questões e situações nas quais as relações étnicas estão no centro dos debates são: a) Como resolver os conflitos entre Israel e a Palestina? 65
Informática na Educação
b) Qual é a importância da eleição de Barack Hussein Obama como Presidente dos Estados Unidos da América? c) Qual é a realidade dos povos indígenas que convivem com a nossa sociedade aqui no Brasil? E quais são suas reivindicações? d) Quais são os principais argumentos a favor e contra a política de cotas para
afrodescendentes
ingressarem
nas
universidades
públicas
brasileiras? Não é possível termos consenso nas respostas a essas questões, pois são polêmicas e, dependendo da perspectiva a partir da qual se avalia, podemos obter respostas muito desencontradas. Com a globalização, onde o contato entre as diferentes culturas e povos é cada vez mais intenso e necessário, existe uma preocupação e uma tendência a considerar
reprováveis
às
atitudes
que
resultem
em
discriminação,
preconceito, exclusão ou práticas moralmente/fisicamente agressivas contra as minorias. A garantia dos direitos e as lutas pelo tratamento igualitário entre os povos têm trazido à tona importantes discussões e são protegidas por leis internacionais de Direitos Humanos como: O direito de estar protegido contra a discriminação racial, o ódio e a violência; Direito á igual proteção diante das leis relativas à questão de origem étnica e racial; O direito de grupos étnicos e raciais de desfrutar de sua própria cultura, de praticar sua própria religião e de usar sua própria língua; Direito de se beneficiar de medidas afirmativas adotadas pelo Estado para promover a harmonia racial e os direitos das minorias raciais; Direito de pedir asilo por razões bem fundamentadas pelo receio de
perseguição com
base na
raça,
religião, nacionalidade,
pertencimento a um grupo social particular ou opinião política e Direito à assistência, dentre outras. Saiba mais sobre os Direitos Humanos http://www.onu.org.br/a-onu-em-acao/a-onu-e-os-direitos-humanos/
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Informática na Educação
6.3 Minorias sociais A exclusão e a discriminação provocam o surgimento de organizações que buscam dignidade e respeito através de ações políticas. As chamadas minorias sociais estão à margem, como se nunca tivessem contribuído para construção da história cultural, social e política do nosso país. As minorias podem ser conceituadas como “todos os grupos sociais que são considerados inferiores e contra os quais existe discriminação”. (KOSOVSKI, 2001). Assim, quando se fala em minorias, refere-se a todas as pessoas que, de algum modo, são objeto de preconceito social e/ou não têm os seus direitos respeitados. Exemplos
destes
agrupamentos
incluem
negros/afrodescendentes,
indígenas, imigrantes, mulheres, homossexuais, trabalhadores do sexo, idosos, moradores de favelas, portadores de deficiências, obesos, pessoas com certas doenças, moradores de rua, ex-presidiários etc. Porém, as minorias não são compostas apenas dos agrupamentos listados acima. Existem casos, como o de profissionais que não são selecionados ou são dispensados simplesmente pela análise da aparência, sem ao menos terem o direito de demonstrar sua competência e habilidades. Esses atos de discriminação e preconceito cercam nossa sociedade o tempo todo.
6.3.1 Racismo, preconceito e discriminação das minorias na Internet “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, ou por sua origem, ou sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se elas aprendem a odiar, podem ser ensinadas a amar, pois o amor chega mais naturalmente ao coração humano do que o seu oposto. A bondade humana é uma chama que pode ser oculta, jamais extinta”. Nelson Mandela
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Informática na Educação
A Internet surgiu para facilitar e interligar a comunicação entre o mundo, porém, no ano 2000 com o surgimento das redes sociais, as relações se estreitaram e o repasse de informações ficou muito ágil. Assim, observamos uma invasão do uso destas redes em todos os locais, materializando a tão comentada globalização. Sabemos que as redes sociais facilitam a vida de muitas pessoas, mas por outro lado, elas se apresentam como armas poderosas para a prática do racismo, preconceito e discriminação das minorias sociais. Definimos aqui o racismo como uma forma de pensar, de ver e dar valor às coisas. Uma pessoa racista acredita que os seres humanos não são iguais, que existem grupos humanos (raças) inferiores a outros e, por isso mesmo, não precisam ser tratados com a mesma consideração e respeito. Quando falamos de preconceito, estamos nos referindo a um julgamento prévio negativo. Ou seja, julgar uma pessoa sem, ao menos, conhecê-la, baseando-se só na aparência, cor da pele, origem, classe social, orientação sexual etc. Exemplo de preconceito é quando alguém acha que "todo pobre é vagabundo", "todo preto é ladrão", todo homossexual é safado" e assim por diante. Já a discriminação é a conduta propriamente dita, ou seja, é o ato que expõe o racismo ou o preconceito e atinge outra pessoa. Ocorre quando, por exemplo, a pessoa é revistada ou quando lhe são dirigidas palavras ofensivas, ou quando é negado o direito de frequentar determinados ambientes unicamente em razão
da
cor
da
pele,
condição
social
ou
religião.
É a desconfiança, o tratamento truculento, violento ou de indiferença, movido unicamente por preconceito. As consequências do racismo, preconceito e a discriminação podem levar à exclusão das pessoas pertencentes as minorias sociais, obrigando-as a fazerem coisas desumanas, submetendo-as a humilhação, causando perturbações mentais que por vezes, levam as pessoas a decorrências extremas, podendo até atentarem contra suas próprias vidas.
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Informática na Educação
Na internet não é diferente, apesar de ter sido planejada para unir as pessoas e as etnias, observamos que, está sendo utilizada por algumas pessoas para vincular o racismo, o preconceito e a discriminação com relação aos negros, homossexuais e outros grupos de minorias.
Você sabia? No Brasil, racismo é crime inafiançável e imprescritível. Isso quer dizer que é um crime grave e, por isso, quem comete racismo não tem direito a pagar fiança para responder em liberdade e nunca estará livre de ser punido (mesmo após muitos anos o Estado não perde o direito de aplicar a devida punição). Às vítimas de discriminação étnica é assegurado o acesso aos órgãos de Ouvidoria Permanente, à Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, em todas as instâncias. Em qualquer relação de consumo são direitos básicos do consumidor previstos no Código de Defesa do Consumidor (CDC), dentre outros: - liberdade de escolha e igualdade nas contratações; - prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais.
Referências Bibliográficas BRASIL. Plano Nacional das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. 2009. KOSOVSKI, E. Minorias e discriminação. In: SÉGUIN, Elida (Coord.). Direito das minorias. Rio de Janeiro: Forense, 2001.
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Informática na Educação
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