proposta de intervenção
em área de patrimônio hitórico Beatriz Dantas
Evellin Morais
Katarine Neves
Maria Cordeiro
SUMÁRIO ESTE CADERNO TEM COMO OBJETIVO ANALISAR, ATRAVÉS DA ÓTICA URBANA, ASPECTOS DO SÍTIO EM SEU CONTEXTO NA CIDADE EM DETRIMENTO DA ELABORAÇÃO DE UMA PROPOSTA ARQUITETÔNICA DE ANTEPROJETO SOB A ORIENTAÇÃO DO DOCENTE JOSÉ NILSON PEREIRA. A ÁREA DE ESTUDO QUE NOS PERMEOU EM FASE ANALÍTICA E, DEPOIS, PROPOSITIVA, ESTÁ LOCALIZADA ENTRE OS BAIRROS DA BOA VISTA E SANTO AMARO, NO CENTRO DO RECIFE, O BAIRRO DA SOLEDADE. ALGUNS ASPECTOS IMPORTANTES SE VALERAM COMO DIRETRIZES PARA AS INTERVENÇÕES ARQUITETÔNICAS E PAISAGÍSTICAS QUE SERÃO PROPOSTAS, SENDO AS ANÁLISES DA MORFOLOGIA, DA LEGISLAÇÃO, DOS FLUXOS DA ÁREA E DOS USOS E ATIVIDADES PRESENTES NO CONTEXTO E, AINDA, NAS DEFINIÇÕES DE CONSSONÂNCIA E DISSONÂNCIA. A CONSTRUÇÃO DESSA ATIVIDADE FOI REALIZADA PELAS DISCENTES BEATRIZ DANTAS, EVELLIN MORAIS, KATARINE NEVES E MARIA EDUARDA CORDEIRO, DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO DA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO, PARA A DISCIPLINA DE ATELIER DE PROJETO 8.
INTRODUÇÃO 1.1 APRESENTAÇÃO DA ÁREA 1.2 BREVE HISTÓRICO 1.3 LEGISLAÇÃO 1.4 MORFOLOGIA 1.5 FLUXOS 1.6 USOS E ATIVIDADES
ESTUDO PRELIMINAR 3.1 IMPLANTAÇÃO 3.2 VOLUMETRIA 3.3 RITMO 3.4 ESCALA 3.5 DENSIDADE E MASSA 3.6 CORES E TEXTURAS
PERSPECTIVAS
1 2 3 4 5 6
METODOLOGIA 2.1 CONSONÂNCIA E DISSONÂNCIA
ASPECTOS TÉCNICOS 4.1 PLANTAS 4.2 CORTES 4.3 DETALHE
ESTUDOS DE CASO
1
INTRODUÇÃO
1.1APRESENTAÇÃO DA ÁREA O Bairro da Soledade, como já mencionado, tornou-se o foco de pesquisas e análises no âmbito urbanístico, arquitetônico e social, incluindo também o aprofundamento referente ao seu contexto histórico. Com área territorial de 32 hectares e cerca de 2,5 mil habitantes, é pouco conhecida e até mesmo confundida com o bairro da Boa Vista pela sua proximidade. O recorte da área de estudo geral, portanto, localizada na Soledade, foi demarcado partir de principais vias delimitadoras do bairro, configurando uma área bastante significativa para este estudo, como também para a cidade. Esse recorte é desenhado através do perímetro que envolve a Avenida Conde da Boa Vista, a Rua Oswaldo Cruz, a Rua José Fernandes Viêira, a Rua Joaquim Felipe, a Avenida João de Barros, a Rua do Príncipe, a Rua Bispo Cardoso Ayres, a Rua Corredor do Bispo e um pequeno trecho da Rua Gervásio Pires que conecta a Av. Conde da Boa Vista. Após realizar uma importante e necessária análise da área geral de estudo e coletar dados primordiais para um conhecimento ampliado do seu contexto, a pesquisa deverá ser reduzida a uma área específica que apresentará diretrizes para as posteriores intervenções. O estudo minucioso desse local, situa-se no entorno da Praça da Soledade levando em consideração uma pequena porção da Avenida Conde da Boa Vista, uma boa parte da Rua da Soledade e pequeno trecho da Rua Fernandes Viêira.
SANTO AMARO BOA VISTA
SOLEDADE
ÁREA ANALISADA CONTEXTO
VIAS DE EIXO METROPOLITANO DELIMITAÇÃO DE BAIRROS
1.2 BREVE HISTÓRICO O bairro da Soledade foi criado em 1988, entretanto sua ocupação ocorreu antes mesmo de se tornar um bairro, quando ainda o seu território fazia parte da Boa Vista, em que após um decreto municipal em 1988 passou a ser considerada como um bairro, sob o contexto de ocupação já bem estabelecida, contendo elementos bastante importantes para a época, como também para nossa história, estando alguns, hoje, protegidos como Patrimônio Cultural. Dessa forma, antes mesmo de se tornar bairro, já havia sido erguida, em 1716, a Igreja de Nossa Senhora da Soledade, situada na Rua da Soledade em frente a praça de mesmo nome. Sendo o imóvel mais antigo do bairro, a igreja possui um estilo arquitetônico indefinido devido a uma série de reformas que houveram ao longo do séculos. Suas fachadas são revestidas com pó de pedra escuro, dispondo de sete vitrais em suas laterais, portanto, predomina-se o estilo neoclássico, contendo, ainda, colaboralção do eclético e do gótico. A área contém edificações que se tornaram marcantes na região devido a sua influência histórica e valor cultural. Anos após a construção da Igreja de Nossa Senhora da Soledade, foi construído o Palácio da Soledade, entre 1739 e 1764. O monumento tinha como objetivo sediar o Colégio Nóbrega, estando posteriormente sob a utilidade de residência para os bispos de Olinda, e de outros que vinham do interior. Em 1824, tornou-se quartel das tropas rebeldes durante a Confederação do Equador. Atualmente, funciona como a Superintendência do IPHAN em Pernambuco e o Museu de Arqueologia e Ciências Naturais da Universidade Católica de Pernambuco. Além disso, possui uma das primeiras Casas do Patrimônio, concebidas como pólos de convivência e aprendizado para difundir o conhecimento e promover a qualificação do nosso patrimônio cultural junto com os habitantes de centros urbanos de todo o país. Em 1935, foi construído o primeiro Santuário arquidiocesano Nossa Senhora de Fátima, pelo arquiteto francês Georges Mounier, é dotado de linhas arquitetônicas futuristas em arcos de concreto armado e estilo semi-gótico. A área também contava a história da fábrica de refrigerante Fratelli Vita, instalada no bairro em 1920, na Rua da Soledade. A fábrica era muito conhecida e trouxe nos últimos anos pesquisadores a fim de adquirir mais informações sobre a história da tão famosa fábrica. Infelizmente, restaram ruínas devido ao abandono da edificação que já existia há mais de 100 anos, que logo foi ocupada pela especulação imobiliária. Toda e qualquer localidade, antes mesmo de sua ocupação, apresenta um histórico do seu processo de urbanização, levando em consideração aspectos construtivos e populacionais. No caso do bairro da Soledade não foi diferente, pelo qual ao longo dos séculos obteve um crescimento gradativo em suas construções, tanto de instituições como de residências. Os primeiros indícios de ocupação foram compreendidos no século XVIII, constituindo de duas construções de grande porte como a Igreja Nossa Senhora da Soledade em 1716, e o Palácio da Soledade, hoje registrado como bem tombado, construído entre 1739 e 1764.
MAPA: PROCESSO DE OCUPAÇÃO DO RECORTE ESTUDADO fonte: MENEZES, José Luiz da Mota. Atlas Histórico Cartográfico do Recife. 1988. Posteriormente no século XIX, gradativamente o nível de urbanização foi crescendo, incluindo o sobrado amarelo de esquina com a Rua da Soledade e a Conde da Boa Vista, que hoje funciona como imóvel comércial, o Convento Congregação Santa Dorotéia, situado ao lado da Igreja Nossa Senhora da Soledade, como também casas do tipo porta e janela foram se configurando pelo bairro a medida que ele crescia. Mais tarde, do início para metade do século XX, o bairro já contava com mais construções, como por exemplo a construção da Escola Liceu Nóbrega em 1917, a Fábrica de refrigerante Fratelli, em 1920, e o Santuário de Nossa Senhora de Fátima em 1935, além de outras edificações. Por fim, o século XXI trouxe consigo novas construções, além de muitos edifícios de séculos passados terem passado por reformas, alguns trazendo renovações totais das edificações e outros preservando a tipologia. Uma grande maioria dessas reformas modificaram o espaço interno, adaptado a necessidade comercial, mas preservando apenas as fachadas. A partir desta análise e de sua representação, percebeu-se um progressivo crescimento entre o século XX e XXI, mostrando-se como maior neste estudo. Observa-se também que as paisagens de tempos que antecederam ao presente, em grande parte, ainda permanecem vivas até hoje pela presença de construções do século XVIII e XIX, salvaguardando o início de toda a história de ocupação do bairro.
1.2 LEGISLAÇÃO Este tópico tem como objetivo reunir e analisar os parâmetros legislativos que compõem a área de estudo do Bairro da Soledade, na cidade do Recife, com base nos dados coletados no Novo Plano Diretor de 2020. Fez-se necessário observar tais regramentos, pois os mesmos se tornam peças principais e norteadoras para as futuras proposições de intervenção paisagísticas, urbanísticas e arquitetônicas.
A partir do estudo do novo Plano Diretor do Recife, o bairro está localizado na Região Político Administrativa 1, RPA1. Além disso, também é considerada uma área de Macrozona de Ambiente Construído - MAC, que, por sua vez, tem como objetivo valorizar, conservar, adequar, qualificar e organizar o espaço edificado da cidade, respeitando as diferentes formas de uso e ocupação do solo. Portanto, suas diretrizes estabelecem parâmetros de desenvolvimento urbano de acordo com as condicionantes urbanísticas, ambientais, sociais e econômicas. A MAC possui setores que delimitam os interesses em classificações, estando a presente área localizada na Zona Centro - ZC. Isso porque o território se ajusta dentro de uma região central do Recife, cuja realidade se mostra densamente construída, com forte presença de elementos de patrimônio cultural e de diferentes usos. O seu principal objetivo é o desenvolvimento urbano, estabelecendo prioridade ao pedestre, como também a ocupação de áreas vazias ou subutilizadas num lote edificado. Estando sob a classificação de Setor B da Zona Centro, é importante destacar que esta tem como objetivo específico realizar a transição urbanística entre as áreas de maior adensamento da ZC Setor A e as Zonas Especiais de Interesse Social e de Preservação do Patrimônio Cultural, integrante do Eixo de Preservação localizadas na região. Além disso, no bairro da Soledade há Zonas Especiais de Preservação do Patrimônio Histórico-Cultural - ZEPH, pelo qual estão em processo de mudanças para uma uma nova classificação, a ZEPP - Zonas Especiais de Preservação de Patrimônio Cultural pelo novo Plano Diretor do Recife, 2020. Essa proposição está subdividida em categorias como Sítios Arqueológicos, Conjuntos, Edifícios Isolados e Patrimônio Imaterial, por sua vez orientados em setores, entre eles, a área propõe o SPS - Setor se Preservação de Significância, pelo qual se relaciona a edificações ou conjuntos urbanos visando a preservação dos atributos que os conferem a significância cultural. Há também o SPA - Setor de Preservação Ambiental, em que tem como objetivo configurar áreas de transição entre o setor protegido e as áreas circunvizinhas, quando considerado necessário de acordo com os atributos de cada ZEPP. O território também possui Imóveis Especiais de Preservação - IEP, que temos como exemplo a CELPE - Companhia Energética de Pernambuco, CESA - Centro de Estudos da Saúde, Bar do céu, Instituto Boa vista e a Clínica Implantodontia e Odontologia localizado na rua das Ninfas. Contudo, é importante destacar, ainda, a presença de um Imóvel Tombado neste contexto, este é o Palácio Soledade, pelo qual recebeu esse título em 1938 pelo IPHAN. Em fase propositiva, quanto aos parâmetros legislativos, foram analisados os regramentos da Lei de Uso e Ocupação do Solo, assim como o novo Plano Diretor do Recife e suas propostas de atualização, para verificar a presença de leis na região respeitando cada uma delas. Esses regratamentos levam em consideração diretrizes como afastamentos, área de aproveitamento, taxa de solo natural, coeficiente de aproveitamento construtivo, gabaritos e preservação ao patrimônio histórico-cultural.
PARÂMETROS LEGISLATIVOS:
1.4 MORFOLOGIA A identidade de um local é definida pela união de vários aspectos, entre eles, a sua arquitetura, pela qual tem o poder de revelar a história de uma cidade, do seu povo, como também sua cultura, oferecendo à quem habita ou visita, experiências únicas. A arquitetura atribui originalidade, qualidade e reconhecimento a um determinado local e, por meio de seus diferentes tipos ou formas, revela-se como expressão criativa da individualidade de uma sociedade. Através dos estudos na área escolhida, a análise da morfologia das edificações foi definida a fim de expor o grau de identidade da região: quanto maior for a sua quantidade, maior será a sua identidade. Unidade de Medida: Tipos arquitetônicos. Grau de identidade Tipológica: Recorrência de tipos arquitetônicos similares.
No reconhecimento do espaço, foram notados onze tipos arquitetônicos diferentes. O mais presente no ambiente estudado foi o tipo “casa porta e janela”, com o índice de 26,47%. Essa tipologia se torna expressiva devido a qualidade histórica deste contexto, pelo qual começou a ser urbanizado no século XVIII e se mostra ainda tipologicamente conservado em certo grau. Construções no alinhamento das vias e paredes laterais sobre os limites dos terrenos de morfologia longa e estreita, também é característica dos “sobrados” que de mesmo momento histórico, por sua vez, apresentam cerca de 9,41%, formulando 35,88% das edificações coloniais no total. O segundo maior índice é o do tipo “casa sem recuo lateral”, 15,29%, que, juntamente com a tipologia “outros”, 10%, compõem as edificações mais recentes que se estabeleceram no proveito do ajuntamento de loteamentos de morfologia colonial. Mostra-se importante destacar, por mais, a tipologia de “casa solta no lote” que, com um índice de 13,53%, juntamente com outras tipologias antigas, desenham a predominância de um cenário vernacular. Os edifícios singulares são destaques na paisagem dessa área por serem como um todo imponentes e historicamente relevantes ao seu contexto, marcando por fim, 7,05%. Apresentam entre eles, portanto, um grande potencial econômico, social e cultural, além de representarem pontos de referência. São exemplos a Igreja Nossa Senhora da Soledade, o Palácio da Soledade, a Escola Liceu Nóbrega de artes e ofícios, como também o edifício da Celpe. Imagem 04 - Fonte: Autoral.
7.05%
EDIFÍCIOS SINGULARES
0.58%
EDIFÍCIO PÁTIO
9.41%
SOBRADOS
1.76%
EDF PÓDIO
10.58%
EDF CAIXÃO
CASA DE PORTA E JANELA
10.00%
OUTROS
1.17%
4.11%
GALPÃO
15.29%
EDF SOB PILOTIS
26,47% CASA SEM RECUO LATERAL
13.53%
CASA SOLTA NO LOTE
LEGENDA:
1.5 USOS E ATIVIDADES Os usos influenciam em tudo na conjuntura da cidade, é assim que promovemos olhos para rua, quando queremos atrair os que transitam e é assim que também estagnamos os passeios urbanos, quando murando as edificações de moradias que, no equívoco, se importam em gerar segurança, devido a preocupação com a violência. Para que tenhamos vigilância e movimento nas ruas, por todo o período do dia e em qualquer período do ano, portanto, é necessário unir todos os interesses, integrando esses usos, e, assim, diversificando as atividades. “Uma cidade diversa é uma cidade segura” (JACOBS, 1961). Unidade de Medida: Variações de usos. Grau de Diversidade de Usos: Relação equilibrada entre os percentuais de usos em detrimento de verificar a completude do espaço.
Além disso, deve-se levar em consideração, ainda, o conceito de Cidade Compacta formulado por Rogers, pelo qual afirmava “Uma cidade compacta se dá por uma cidade densa e socialmente diversificada onde as atividades econômicas e sociais se sobreponham e onde as comunidades sejam concentradas em torno das unidades de vizinhança”. Esse conceito é demasiadamente relevante para construir uma cidade mais igualitária, redução das distâncias urbanas, entre outras coisas. Com base nos conceitos estudados e no levantamento da área de estudo, verifica-se uma alta variedade de usos, com predominância do serviços, 26,57%, seguido de comércios, 20,97%. As habitações multifamiliares, por sua vez, marcam um índice de 11,89%, revelando certa conformidade entre as partes. Essa região é marcada, ainda, por alguns edifícios educacionais, que promovem uma movimentação intensa de pessoas, atraindo-as para os serviços e comércios, usos mais predominantes na área. Em contrapartida, as habitações unifamiliares são quase inexistentes, pontuando apenas 1,40%, com apenas dois lotes, enquanto que a quantidade de terrenos vazios ou sem uso apontam cerca de 14,69%, o terceiro maior índice, dado preocupante para garantir a vitalidade, segurança, economia e cultura do lugar, elementos esses, que são movidos por pessoas.
Imagem 03 - Google Street View.
21
1.6 FLUXOS As vias de acesso, em que as pessoas podem se deslocar com facilidade e rapidez, são classificadas em eixos metropolitanos, eixos urbanos, vias locais ou vias micro locais, cada uma com sua função de interligar pessoas a diferentes lugares. As vias locais e micro locais são mais estratégicas, pois só unem ruas do mesmo bairro. Um bairro terá mais conectividade se nele apresentar, pelo menos, uma via urbana. As vias de eixos metropolitanos têm a função de ligar bairros e até cidades, apresentando alta conectividade. Unidade de Medida: Metros lineares de ruas com multimodalidade. Grau de Multimodalidade: Percentual de metros lineares de ruas com multimodalidade (que abrigam o máximo de modais em coerência com sua hierarquia viária).
Aplicando esses conceitos na área de estudo, fica claro que ela possui um importante eixo metropolitano para a cidade do Recife, a Av. Conde da Boa Vista, via que corta a cidade de Leste a Oeste e é o principal corredor viário do Centro da cidade metropolitana, passando por ela diariamente 35 mil veículos. Fica evidente, portanto que a região é muito fluente na sua conectividade, pois apresenta, na maioria de suas vias, eixos urbanos, entre eles a Rua da Soledade e a Rua João Fernandes Viêira, juntamente com a Rua do Riachuelo, pelas quais realizam a transição de pessoas dos bairros mais populosos para os centros históricos. A diversidade de modais é a qualidade que define uma rua democrática, agregadora e imperativa, na qual acolhe vários meios de transporte de forma segura e confortável, convidando os usuários a utilizá-la para se locomover de maneira mais prática e igualitária, para um sistema público viário “cidadão”. Essa qualidade permite com que abranja diversos tipos de usuários, tornando-a democrática, sustentável, segura e versátil, garantindo o máximo de aproveitamento para a sociedade. A partir deste estudo, fica bastante perceptível, através do mapa, que nesse no território há ausência de ciclofaixas em 76,61% dos metros lineares, apresentando apenas nas ruas João Fernandes Viêira e do Riachuelo, representando 23,39%, fator que impulsiona a desistência, por parte da população, de utilizar equipamentos sustentáveis para se locomoverem, optando por automóveis particulares, no qual seu uso está presente em todas as vias da região. Essa extensão possui uma grande aliada no fator do transporte público, a Conde da Boa Vista, pelo qual,a cada minuto, passam por ela quatro ônibus. É uma via onde atravessam milhares de pessoas diariamente, devido aos comércios, serviços e instituições de ensino, além de se enquadrar como uma integração espontânea, por muitas pessoas saltarem de um ônibus para outro, promovendo vivência local.
Imagem 24 - Fonte: Autoral.
METODOLOGIA
METODOLOGIA
2
A PRODUÇÃO ARQUITETÔNICA CONTEMPORÂNEA, ANTES DE TUDO, DEVE-SE PARTIR DO CONHECIMENTO ABRANGENTE DO TERRITÓRIO NA QUAL SERÁ INSERIDA. PRIMORDIALMENTE, O ATO DE PROJETAR SE CAMINHA QUANDO HÁ UMA LEITURA COERENTE DO CENÁRIO ARQUITETÔNICO PRÉ-EXISTENTE, POIS CONSTRUIR O NOVO FAZ PARTE DO PASSADO, É LIDAR E INSERIR A NOVIDADE COM SIGNIFICADO, DIALOGANDO COM O CONTEXTO HISTÓRICO E RESPONDENDO COM EFICÁCIA A CONTEMPORANEIDADE PROPOSTA. NIVALDO ANDRADE JUNIOR EM SUA DISSERTAÇÃO METAMORFOSE ARQUITETÔNICA (2006), APRESENTA UM ESTUDO MINUCIOSO REFERENTE ÀS INTERVENÇÕES PROJETUAIS CONTEMPORÂNEAS SOBRE O PATRIMÔNIO EDIFICADO, SUA OBRA APRESENTA CONCEITOS NORTEADORES DE ANÁLISE CONTEXTUAL LEVANDO EM CONSIDERAÇÃO A VOLUMETRIA, ESCALA, IMPLANTAÇÃO, DENSIDADE OU MASSA, RITMO, CORES E TEXTURAS DAS EDIFICAÇÕES PRÉ-EXISTENTES, QUE APÓS ESSA ANÁLISE, SE RESULTA EM UM ELEMENTO ARQUITETÔNICO DISSONANTE OU CONSONANTE.
Contrariando a lógica do traçado urbano do centro londrino, no qual as edificações foram construídas lado a lado nas testadas dos lotes, o conjunto de edifícios do Grupo The Economist (1959-64) foram construídos isoladamente, em cada uma das esquinas do quarteirão, fragmentando-o, modificando consideravelmente a leitura do espaço urbano.
2.1 IMPLANTAÇÃO
Conjunto de edifícios do Grupo The Economist (1959-64) Fonte: Google Imagens
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A implantação equivale à localização do novo objeto arquitetônico – seja ele a ampliação de um edifício existente, a complementação de um edifício arruinado ou mesmo um edifício absolutamente novo – com relação ao espaço urbano e às preexistências com as quais se encontra em relação visual – o edifício original que foi ampliado, as ruínas complementadas ou o conjunto em que se insere a nova edificação, respectivamente (JUNIOR,2006). No caso deste presente estudo, trata-se de uma edificação no qual será construída em um terreno vazio de conjuntos históricos consolidados, que se define como consonância quando é respeitada a lógica de traçado urbano e implantação das edificações no tecido. Além disso, Nivaldo aborda a consonância no caso das edificações de esquina, que se tornam de extrema importância devido a sua conformação da malha urbana. No entanto, o edifício do Centro Comercial Haas Haus em Viena (1986-90), propôs assemelha-se ao traçado pré-existente, mesmo que dissonante em outros aspectos, mas respeitoso nas características de implantação.
Centro Comercial Haas Haus em Viena (1986-90) Fonte: Google Imagens
2.2 VOLUMETRIA
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A volumetria corresponde à forma geral ou morfologia da obra arquitetônica. Trata-se, certamente, de um dos aspectos mais importantes na definição da aparência final da obra, ainda que, como veremos a seguir, uma nova arquitetura possa repetir volumetricamente as preexistências vizinhas e, ainda assim, entrar em contraste com elas (JÚNIOR, 2006). Nivaldo aborda a volumetria como um dos aspectos mais importantes da definição final da obra, sendo ela consonante ou dissonante. É certo que de primeiro impacto a forma responde ao conceito estabelecido, porém não se torna determinante num todo, uma vez que se pode ter a repetição volumétrica das pré-existências e mesmo assim ser uma edifício dissonante.
Como exemplo de consonância, Nivaldo apresenta a Embaixada da Suíça em Berlim (1999- 2001),que passou por reforma para ampliação, em que os arquitetos deram continuidade ao alinhamento volumétrico da edificação original, tornando a construção harmoniosa num todo.
2.3 RITMO
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Embaixada da Suíça em Berlim (1999- 2001) Fonte: Google Imagens Como dissonante, é apresentado o edifício sede da Seguradora Swiss Re (1997-2004), que se revela de maneira contraditória no contexto pelo qual está inserido, demonstrando a dificuldade de se articular devido a sua forma e curvas diferentes da pré-existência.
Seguradora Swiss Re (1997-2004) Fonte: Google Imagens
O termo ritmo é tomado emprestado de outras artes envolvendo um elemento de tempo e baseado no movimento, como na música e na dança. (RASMUSSEN, op. cit.: 133) Nivaldo aponta que o ritmo, quando consonante, é quando a nova arquitetura continua com a lógica das aberturas das construções vizinhas. Já quando dissonante, apresenta ritmo completamente diferente do sítio em que se insere. O ritmo se refere à cadência estabelecida pela repetição de determinados elementos utilizados na composição das superfícies-limite do objeto arquitetônico e que configuram a sua aparência: fenestração (aberturas), estrutura (quando aparente e distinguível dos demais elementos que compõem o objeto arquitetônico), elementos de decoração salientes ou escavados na fachada, mudança de materiais ou de cores de acabamento, etc.: (Junior, 2006).
CONSONANCIA DISSONÂNCIA
O edifício do Chase Manhattan Bank em Milão tem sua consonância no ritmo marcada através das vigas e dos pilares em aço, no qual, acompanham o edifício vizinho, respeitando o skyline urbano.
Chase Manhattan Bank (1958 - 1969) Fonte: Google Imagens
Já o Museu Judaico de Berlim que é um anexo do Museu da Cidade, contudo, sem consonância com o edifício histórico. Suas aberturas são estreitas e compridas, sem seguir quaisquer malha ou ritmo, sendo distribuídas de forma dissonante com a malha estabelecida no Museu da Cidade.
O Centro Cultural Carré d’Art é um exemplo de consonância com as construções vizinhas. Norman Foster, feitor do projeto, para atender as necessidades de um programa grande e ao mesmo tempo, pensando conjuntamente com a escala do entorno, colocou quatro dos nove pavimentos no subsolo.
Centro Cultural Carré d’Art (1993) Fonte: Google Imagens
Embaixada da Suíça em Berlim (1999- 2001) Fonte: Google Imagens
2.4 ESCALA
O caso do edifício da Compañia Sudamericana de Vapores, no porto de Valparaíso, no Chile, o arquiteto mexe na escala do edifício existente, tornando-o dissonante com as demais construções, pois ele sai de um edifício correspondente ao seu entorno, com três pavimentos, para inserir uma torre de vidro, modificando o skyline urbano, com a sua condição de localização de uma região portuária com quatro pavimentos por edifício.
Compañia Sudamericana de Vapores Fonte: Google Imagens
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A escala pode ser o aspecto definidor do caráter harmonioso ou não da nova arquitetura em relação com as preexistências vizinhas. (Junior, 2006) Nivaldo Vieira aponta que a escala é a correlação entre a nova arquitetura, com as edificações existentes no contexto em que ela será inserida. O seu gabarito se torna consonante quando suas medidas gerais se adaptam com o entorno. Isso é ressaltado não só para novos edifícios, que serão construídos em lotes vazios, mas também para os prédios existentes que queiram aumentar suas dimensões. CONSONANCIA DISSONÂNCIA
2.5 DENSIDADE OU MASSA
Já o Museu Judaico de Berlim que é um anexo do Museu da Cidade, contudo, sem consonância com o edifício histórico. Suas aberturas são estreitas e compridas, sem seguir quaisquer malha ou ritmo, sendo distribuídas de forma dissonante com a malha estabelecida no Museu da Cidade.
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Ao falar sobre densidade ou massa, Nivaldo aponta os materiais que compõem as fachadas como foco. Ele retrata que o maior causador de dissonância de edifícios novos inseridos em contextos históricos é a opção contemporânea do uso do vidro, como material predominante na composição das frentes dos prédios, visto que, edificações antigas são altamente densas e pesadas, com suas pedras e tijolos, destoando do vidro, material leve e pouco denso. Essa nova percepção de materiais entre o cheio e o vazio, peso e leveza trata-se da análise de densidade ou massa.
Museu Judaico de Berlim (1989- 2001) Fonte: Google Imagens
CONSONANCIA DISSONÂNCIA
O Centro Galego de Arte Contemporânea em Santiago de Compostela é um exemplo de uma edificação contemporânea em que o arquiteto optou por manter a consonância com o entorno, usando materiais densos e pesados, materiais semelhantes às construções do sítio.
Embaixada da Suíça em Berlim (1999- 2001) Fonte: Google Imagens
2.6 CORES E TEXTURAS
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No último aspecto, é analisada as características dos materiais utilizados na nova arquitetura em relação aos que foram utilizados na preexistência. A cor se apresenta enfatizando o caráter do edifício, para acentuar sua forma e material, e para elucidar suas divisões. CONSONANCIA DISSONÂNCIA
Nivaldo apresenta como exemplo de consonância, a Casa Cicogna na Fondamenta delle Zattere em Veneza (1954-57), que se mimetiza a paisagem circundante com seu tom amarronzado fazendo referência ao Canal Grande veneziano.
Casa Cicogna na Fondamenta delle Zattere (1954-57) Fonte: Google Imagens
Quanto ao MACBA – Museu de Arte Contemporânea de Barcelona (1987-95), se insere no contexto de forma dissonante por seu edifício se destacar exclusivamente na cor branca, se descaracterizando-se das preexistências de antigas edificações que possuem fachadas em tons marrons e ocres.
Museu de Arte Contemporânea de Barcelona (1987-95) Fonte: Google Imagens
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ESTUDO PRELIMINAR
3.1 IMPLANTAÇÃO Para uma proposição projetual consonante é necessário analisar as diversas formas de implantação presentes no entorno para, dessa forma, pautar em seus padrões a solução que melhor se contextualize com os formatos pré-existentes. O traçado urbano original desse contexto, embora tenha sido bastante modificado ao longo dos anos, mostra-se ainda com bastante evidência. Esse traçado original se configura como loteamentos em sua maioria estreitos, sem recuos frontais ou laterais, colocando-se lado a lado às edificações adjuntas. Além disso, há exemplos de edificações que apresentam pátios internos como: a Fábrica de Jaleco (1), que implanta-se com reentrâncias e saliências, e o Convento Congregação Santa Dorotéia (2) que apresenta pátio central, ambos localizados na Rua da Soledade. Sendo assim, nossa proposta, visando encontrar implantação consonante, tira partido da solução de pátio para, além de manter traçado vernacular, dispor de reentrâncias e saliências que proporcionem um conforto térmico adequado, como também da possibilidade de criar conexões visuais entre os alojamentos.
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Com base no nas edificações em destaque, elaborou-se uma implantação com tais qualidades a fim de propor resultado consonante ao seu contexto.
PÁTIO CENTRAL REENTRÂNCIAS
3.2 VOLUME Além do estudo de implantação, para se compor uma proposta consonante ao seu contexto, é necessário analisar também os volumes pré-existentes. O presente contexto é marcado pela forte presença da arquitetura do século XIX e início do século XX, pelos imponentes sobrados de grandes empenas, platibandas e telhados de duas águas. Isso fica evidente a partir do mapa ao lado onde, por sua vez, traz a análise das morfologias existentes, constatando em termos percentuais a predominância tanto das casas porta e janela, como também dos sobrados.
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Foi através de uma análise morfotipológica da área que foi criado um elemento consonante em tais aspectos, mostrando-se volumetricamente similar e por isso estabelecendo relação harmoniosa. Para isso, foram levados em conta algumas tipologias, demarcadas acima, que se mostraram relevantes para nossa composição. Com base nisso, o processo de composição volumétrica, iniciou com a delimitação de volume e a retirada de fatias para compor os pátios centrais, pautados pela morfologia do edifício do Convento (1), estando o comércio localizado no paramento do lote para manter sua relação com a rua. Logo depois foram delimitadas as reentrâncias e saliências, pautadas pela volumetria da Fábrica de Jaleco (2), o que nos possibilitou criar uma volumetria que se adequa às necessidades de conforto, propõe relação entre os blocos e, ainda, se mantém consonante. Com a finalidade de se adequar à porcentagem de mais de 40% de casas porta e janela, o volume comercial se aproxima dessa morfologia encostando no paramento do lote, enquanto o volume posterior se eleva para se adequar às necessidades, tomando como base morfológica o sobrado de esquina com a Avenida Conde da Boa Vista, que funciona como comércio de aluguel de roupas (3).
PÁTIOS
REENTRÂNCIAS
FORMA
3.3 RITMO A elaboração de uma proposta consonante não está completa sem o estudo dos ritmos. Essa avaliação é realizada a partir do desenho de skylines, pelos quais tornarão viáveis as percepções de parcelamentos do solo, como também das marcações das fenestrações. As edificações localizadas na Rua da Soledade, nos loteamentos adjacentes da proposta arquitetônica, apresentam uma variação de 4 (quatro) a 9 (nove) metros de fachada, em sua maioria variam, por sua vez, de 4 (quatro) a 6 (seis) metros. Por outro lado, as edificações da face oposta ao loteamento da proposta, apresentam grandes glebas com variação de 7 (sete) a 28 (vinte e oito) metros de fachadas, estando maior parte entre 15 (quinze) e 28 (vinte e oito) metros lineares. Essa evidente distinção não diz respeito especificamente à descaracterização da pré-existência, muito pelo contrário, nesses casos há uma diferença de morfologia que, estando no mesmo período da história, se tornam distintos devido seus usos. Referindo-se à proposta, procurou-se manter o padrão de suas adjacências, isto é, estabelecendo variação de uma média de 4 (quatro) metros para o volume encostado no paramento, mantendo, por sua vez, consonância com sua pré existência. Quando se refere ao ritmo das fenestrações, também há uma variação quando se trata das faces opostas da Rua da Soledade. Vê-se que há um padrão de distanciamento de em média 2 (dois) metros entre as aberturas dos loteamentos opostos ao da proposta arquitetônica, enquanto na próxima face da rua, observa-se que os afastamentos representam a metade do valor das fenestrações, ficando entre 0,5 e 1 metro. Essa distinção se dá devido ao porte das edificações, uma vez que se adequam aos parcelamentos do solo. Quando se trata da proposta arquitetônica, vê-se que se buscou a demarcação de seus coroamentos, como no contexto original, e ainda se mantiveram as aberturas em afastamentos de no máximo 1 metro, devido ao seu porte e medidas das fenestrações, configurando-se em consonância com a pré existência.
ANÁLISE DO RITMO PARCELAMENTO DO SOLO:
FACHADA RUA DA SOLEDADE - TERRENO
FACHADA RUA DA SOLEDADE - APOSTA AO TERRENO
ANÁLISE DO RITMO DAS FENESTRAÇÕES:
FACHADA RUA DA SOLEDADE - TERRENO
FACHADA RUA DA SOLEDADE - APOSTA AO TERRENO
3.4 ESCALA A Rua da Soledade tem como predominância baixo gabarito. Através da skyline é possível observar que o lado em que o projeto está inserido apresenta no máximo dois pavimentos, sendo de sua maioria edifícios térreos. A partir de uma análise percentual é possível perceber que sua predominância é de edificíos térreos, com mais de 40% do total. Foi na intensão de respeitar esse gabarito predominante que se delimitou térreo o bloco comercial, estabelecendo relação harmoniosa com o entorno. Tomando como referência o sobrado mais alto da calçada, com aproximadamente 11,93 m de altura, contando com seu telhado, foi traçada a proposta projetual posterior, no qual exibe 13,40 m de altura, não se tornando dissonante, pois o seu coroamento está na altura exata do telhado do sobrado de referência. Foi possível projetar esse edifício com quatro pavimentos, devido à altura do pé direito das preexistências ser elevado, tornando assim uma proposta consonante com a escala do seu sítio.
FACHADA RUA DA SOLEDADE - TERRENO
Térreo Térreo + 1 Térreo + 2 Térreo + 3 ou mais
FACHADA RUA DA SOLEDADE - OPOSTA AO TERRENO
ANÁLISE GERAL:
TÉRREO 46,15%
TÉRREO +3 OU MAIS 11,53%
TÉRREO +2 7,69%
TÉRREO +1
34,61%
3.5 DENSIDADE ANÁLISE GERAL:
A Rua da Soledade é composta por edifícios antigos, ou seja, são marcados em suas fachadas, materiais densos e pesados, característica desse tipo arquitetônico, sendo assim a grande maioria de cheios, com 75,25% e em segundo plano, vazios com 23,75%. Para manter a consonância da rua, sendo possível analisar através da skyline, o projeto proposto tem em sua totalidade a maioria cheios, com 78,33%. Contudo, para trazer contemporaneidade ao edifício e o tornar consonante simultaneamente, sem trazer o peso de uma fachada antiga e garantir a sua permeabilidade optou-se pelo uso de uma pele com pequenas aberturas, que cria uma percepção de cheios, ao mesmo tempo traz uma leveza maior a fachada. Os vazios com 21,67%, compostos pelas aberturas, que foram pensadas de acordo com a preexistência, com uma média de esquadrias de 1,10 x 2,10 para portas e 1,10 x 1,40 para janelas. Com isso, a proposta tem 1,00 x 2,10 para as portas e 1,00 x 1,00 para as janelas.
VAZIOS
23,75%
CHEIOS 75,25%
FACHADA RUA DA SOLEDADE - TERRENO
73,77% 26,23%
72,58% 65,77% 75,77% 54,84% 68,68% 27,42% 34,23% 24,23% 45,16% 31,32%
PROPOSTA
78,33%
21,67%
73,33% 26,67%
69,92% 30,08%
63,48% 42,85% 51,61% 57,15%
71,45% 28,55%
66,35% 49,92% 80,68% 33,65% 50,08% 19,32%
75,95% 24,05%
FACHADA RUA DA SOLEDADE - OPOSTA AO TERRENO 73% 27%
86,67% 13,33%
83,66% 16,34%
94,55% 5,45%
60,48% 39,52%
85,23% 14,77%
52,87% 47,13%
74,76% 25,24%
66,69% 33,31%
69,30% 41,70%
70,17% 29,83%
3.6 CORES E TEXTURAS Na área de análise, a maioria das fachadas se encontram descaracterizadas. Por isso, a modificação de cores e texturas é nítida e sua preservação não foi assegurada. Observa-se, através da skyline, que é uma rua com o uso de cores vibrantes, sendo ela, com predominância na sua grande maioria. A proposta de projeto trazida para esta área, espelha as cores mais neutras. O branco usado nos ripados e pele remete a clareza de algumas edificações existentes, já a madeira, tom mais escuro, é usada para manter uma linha tênue entre essas variações de coloração. Trazendo esse estudo, fica claro a consonância do edifício com o entorno, buscando a inserção desse, de forma unitária com os demais, mantendo e respeitando a história do local e a expressividade das construções existentes.
TEXTURAS DE REFERÊNCIA
"
Através do estudo na skyline, é nítido a presença de cores marcantes nas fachadas. Elas são a de grande maioria, como mostra o gráfico, com predominância de 88% da sua totalidade. A área conta com apenas 12% de edificações com ausência de cor, ou seja, com uso da cor branca em suas faces. AUSÊNCIA DE COR 12%
COR
88%
ANÁLISE DAS CORES E TEXTURAS:
44
ASPECTOS TÉCNICOS
BB
CC
5
PERSPECTIVAS
PERSPECTIVAS INTERNAS
COMÉRCIO
APARTAMENTO TIPO 1
66
ESTUDO DE CASO
CASA NA RUA DAS PRAÇAS VOLUMETRIA A nova edificação se apresenta com volume consonante em relação ao contexto no qual foi inserida. A Casa na Rua da Praça foi construída de forma coerente e harmoniosa às preexistências, seguindo a mesma volumetria, se assemelhando às construções existentes, trazendo principalmente uma repetição dos edifícios mais próximos em sua morfologia, se camuflando entre o contemporâneo e o histórico.
IMPLANTAÇÃO As edificações históricas preexistentes aproveitam total ou quase que totalmente o limite da malha urbana ortogonal em percentual construtivo, sem recuos laterais e frontais, apenas posterior, em sua maioria se alinham na testada frontal do lote, fazendo a mesma repetição no quarteirão. A implantação do edifício em estudo está em consonância, situada em um lote de esquina, o mesmo buscou se inserir no traçado urbano respeitando a malha ortogonal, considerando ainda o alinhamento das edificações de cada lado da rua.
ESCALA A escala está completamente consonante com o entorno. O arquiteto optou por usar cinco pavimentos, por isso, devido ao baixo gabarito, ele trouxe interferências projetuais como recuos no último pavimento, para garantir a altura dos apartamentos vizinhos. Portanto é uma nova arquitetura, que se adapta ao sítio antigo em que está inserido.
RITMO A edificações preexistentes seguem um mesmo ritmo e suas fenestrações, com isso a nova edificação apresenta uma relação de consonância com seu entorno. As aberturas de portas e janelas seguem em um mesmo parcelamento vertical e horizontal como também busca alinhar-se ao mesmo coroamento das construções mais próximas, e principalmente assemelhando-se ao seu contexto. Com isso, a edificação se relaciona fortemente com o antigo, podendo ser facilmente confundida com a arquitetura histórica existente.
DENSIDADE OU MASSA
CORES E TEXTURAS
As aberturas do edifício foram desenhadas de forma consonante com o entorno. O arquiteto fez uma releitura de cheios e vazios para seu prédio, trazendo a contemporaneidade de uma nova arquitetura, sem estar dissonante com o contexto. A quantidade de cheios e vazios está disposta de forma equilibrada com o sítio, fazendo assim concordância da densidade ou massa com os edifícios vizinhos. O arquiteto não usa de elementos leves como o vidro, para compor toda sua fachada e ressaltar que é um edifício novo, mas sim, traz os elementos característicos das edificações da rua, buscando o novo nas esquadrias e em uma fachada lisa, livre de adornos.
A cor escolhida para este projeto se enquadra na paleta de cores da região, pois são construções com tons neutros e terrosos. A textura não difere das demais, usando apenas um material diferente no térreo, para marcar a contemporaneidade do objeto arquitetônico, sem sair da sua exata consonância.
7
REFERÊNCIAS
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