Psi n1 versão final

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REVISTA DE nº1 PSICOLOGIA

Os mistérios da mente e do comportamento

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ESCOLA SECUNDÁRIA DE SEBASTIÃO DA GAMA 12ºA, 12ºB, 12ºC, 12ºD, 12ºG ano letivo 2015/2016

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Editorial A palavra “Psicologia” deriva do grego “estudo da alma ”, significando esta a psique, a dimensão não biológica do ser humano. A psicologia é uma ciência e, como qualquer ciência, tem um objeto de estudo específico, que no caso da psicologia é o estudo do comportamento humano e dos processos mentais, procurando os princípios gerais que os expliquem. Existe, também, uma vertente da psicologia que estuda o comportamento animal. Aliás, as primeiras experiências científicas da psicologia, realizadas por Pavlov e Thorndike, foram feitas com animais, havendo áreas de estudo, como por exemplo a aprendizagem, em que estas experiências têm especial relevância. As pessoas, normalmente, têm um domínio, mesmo que pequeno e superficial, do conhecimento acumulado pela Psicologia científica, o que lhes permite explicar e compreender os outros e a si própria. Por exemplo, quando um amigo chega procurando consolo, mobilizamos a nossa "psicologia" para o ouvir e para compreender seus os problemas. Uma pessoa empática é a que consegue compreender os outros, os seus sentimentos, as suas reações e para isso não é preciso ser psicólogo. O âmbito de estudo da psicologia científica abrange a perceção, a memória, a aprendizagem, a inteligência, as emoções, a motivação, o desenvolvimento e as perturbações mentais. De entre os grandes nomes da Psicologia podemos destacar I. Pavlov, S. Freud, J. Watson, J. Piaget, A. Damásio. Prof. Maria José Carvalho

Índice p. 3 – Adolescência p. 6 – Cérebro p. 11 – Comportamento p. 19 – Emoção p. 21 - Literatura p. 25 – Motivação p. 29 – Perturbações p. 38 – Sexualidade p. 40 - Sonhos p. 44 - Terapias


Adolescência Perspetiva Antropológica

A

adolescência mais do que um conjunto de fatores biológicos que nos transformam em seres reprodutores, tem no ser humano a vital tarefa de operar a passagem da infância ao estado adulto, que contrariamente ao fenómeno biológico difere em tempo e forma consoante as culturas. Margaret Mead foi pioneira no campo da culturalidade da adolescência, publicando em 1928 a obra “Coming of Age”, que ilustra perfeitamente o papel dos fatores culturais no desenvolvimento da personalidade adolescente. A autora descreve o desenvolvimento das raparigas na ilha de Samoa, estabelecendo uma comparação com as jovens da mesma idade na América. A experiencia vivida pelas jovens era sentida de forma diferente nos dois países; as raparigas samoanas encaram a adolescência como um período feliz e despreocupado, não partilhando a experiência de stress e ansiedade vivenciada na América. O clima geral de descontração, o facto de não necessitarem de realizar escolhas pessoais e profissionais e a ausência de rigidez sexual em Samoa representam para a autora a resposta a esta diferença. Na Nova Guiné, onde Margaret Mead também observou os modelos de educação, a população do Norte da ilha regia-se por um complexo sistema de proibições e tabus, a adolescência é vivida como «o começo da vida de adulto», o fim

das brincadeiras despreocupadas e o começo dos anos de espera que culminarão nas obrigações do casamento com um marido que não escolheu. O trabalho de Margaret Mead demonstra de que forma as instituições sociais e repressões morais moldam a experiencia adolescente. Os ritos de iniciação, presentes na maior parte das sociedades primitivas, representam nas mesmas a introdução dos adolescentes na sociedade dos adultos, e tomam portanto grande importância na adolescência nessas culturas. Mais do que o seu aspeto físico de integração há que entender a simbologia destas cerimónias de iniciação. Os rituais de iniciação diferem de sociedade para sociedade, e não se processam normalmente de igual forma nos diferentes sexos; no entanto, que a função destes ritos gira em torno de problemáticas como a afirmação da identidade sexual e estabilização dos papéis sexuais, tendo o objetivo de preparar a criança para o seu estatuto de adulto.

Antropologia é uma ciência que se dedica ao estudo aprofundado do ser humano. É um termo de origem grega, formado por “anthropos” (homem, ser humano) e “logos” (conhecimento). «SIGNIFICADOS.COM.PT»

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maioria dos restantes ritos de iniciação públicos das meninas, uma forma de controle e repressão da sexualidade feminina, fazendo a mulher entrar na sua própria categoria sexual.

Cerimónia de excisão do clitóris no Quénia

Os rituais femininos celebram geralmente o surgimento da primeira menstruação e desenrolam-se maioritariamente no seio da família, contrariamente aos ritos masculinos que tem lugar em cerimónias públicas, que podem assumir manifestações físicas como humilhações, provações ou cirurgias como a circuncisão. Nas raras cerimónias públicas de iniciação das raparigas o tema da fertilidade da futura mãe é dominante, sendo a rapariga menstruada pela primeira vez, muitas vezes, investida de poderes mágicos, bons ou maus. Estes ritos são observáveis em sociedades matrilineares onde a mulher assume um papel importante na tribo. A excisão do clitóris, observada apenas em cerca de duas dezenas de países em Africa é, contrariamente há

Os ritos de iniciação garantem, ao mesmo tempo, a passagem à idade adulta e a agregação das gerações entre si, no seio de uma sociedade unificada, com normas prescritas e papéis claramente definidos, contrariamente à sociedade moderna, estratificada etariamente onde a passagem à idade adulta não está institucionalizada, e é ditada por regras de formação e especialização profissional.

Jovens Xhosa após ritual de circuncisão

Iuri Pereira Vasco Galvão

Margaret Mead nasceu na Pensilvânia, criada na localidade de Doylestown por um pai professor universitário e uma mãe activista social. Graduou-se no Barbard College em 1923 e fez doutorado na Universidade de Columbia em 1929. Em 1925, ficou conhecida pelo trabalho de campo na Polinésia. Entre os anos de 1946 e 1953 Margaret Mead integrou o grupo reunido sob o nome de Macy Conferences, contribuindo para a consolidação da teoria cibernética ao lado de outros cientistas renomados: Arturo Rosenblueth, Gregory Bateson, Heinz von Foerster, John von Neumann, Julian Bigelow, Kurt Lewin, Lawrence Kubie, Lawrence K. Frank, Leonard J. Savage, Molly Harrower, Norbert Wiener, Paul Lazarsfeld, Ralph W. Gerard, Walter Pitts, Warren McCulloch e William Ross Ashby; além de Claude Shannon, Erik Erikson e Max Delbrück.

In Wikipédia

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A adolescência é um novo nascimento A palavra “adolescência” provém do termo latino adolescere (“crescer”) e designa a fase da vida entre a infância e a idade adulta.

O desenvolvimento humano é determinado pela natureza: é uma repetição da nossa “história ancestral” G. Stanley Hall, psicólogo e pedagogo, foi o

primeiro académico a estudar o tema da adolescência, na sua obra Adolescence (1904). Hall, sentia-se influenciado pela teoria da evolução de Darwin e pensava que a infância, reflectia o curso da mudança evolutiva, e que cada indivíduo se desenvolvia segundo a sua “história ancestral”. Hall, influenciou-se pelo “Tormento e Ímpeto” (obra literária) que

defendia uma liberdade de expressão total. Assim, Stanley considerou a adolescência uma fase de rebelião e tumulto emocional, com comportamentos que vão desde a melancolia à temeridade. “ A adolescência anseia por sentimentos fortes e novas sensações” G. Stanley Hall

Na adolescência a monotonia, a rotina e o pormenor são intoleráveis. Tudo é sentido com maior intensidade, procurando-se a sensação pela sensação. Os contributos deste psicólogo foram muito importantes para os estudos atuais. Hall observou um padrão e percebeu que os adolescentes eram muito propensos à depressão, iniciando-se aos 11 anos, aos 15 atinge o seu pico e vai decaindo até aos 23 anos. As suas causas: os defeitos aparentemente insuperáveis, o medo de fazer má figura ou a “fantasia do amor impossível”. Ele considerava que a timidez própria da adolescência leva à autocrítica e à reprovação de si mesmo e dos que estão ao seu redor. G. Stanley Hall conclui assim, que, a adolescência é como um renascimento onde os traços humanos mais elevados se desenvolvem sendo muitas vezes o começo de uma vida melhor. “É na adolescência que os piores e os melhores impulsos pugnam pelo domínio da alma humana.” G. Stanley Hall

A nosso ver a teoria de Stanley Hall é bastante credível. A adolescência é um período confuso, controverso, porém alegre; onde nada passa despercebido e tudo tem um impacto inigualável. Mafalda Branco Maria Teresa Sousa 5


DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA NERVOSO NOS ANIMAIS

O

sistema nervoso serve para a transmissão sensorial e para a integração da atividade do organismo, essas funções condensamse á medida do decorrer da evolução.

Primeiramente aparece nos celenterados (medusas). No decorrer do seu desenvolvimento existem vários níveis: o mais primitivo é o sistema nervoso difuso podendo-se encontrarse nas alforrecas; no desenvolvimento posterior dos seres vivos vai haver uma divisão do sistema nervoso nos vermes. Uma conduz aos invertebrados superiores e outra aos vertebrados.

Fig.1- Sistema nervoso da alforreca

A evolução é caracterizada pela formação de gânglios, onde ocorre os entrelaçamentos dos nervos e nódulos que regulam as reações do animal (minhoca).

Fig.3-Sistema nervoso da abelha

Nos artrópodes (abelhas), assim como em níveis superiores de evolução dos invertebrados, o cérebro é mais evoluído, existindo atividade psíquica; esse desenvolvimento encontra-se dividido em 3 partes (centralização, cefalização hierarquização). A centralização consiste na formação de gânglios. A cefalização consiste essencialmente na concentração/hierarquização de algumas partes do sistema se subordinarem a outras, passando a ser predominantes.

Fig.4-Sistema nervoso das aves Fig.2-Sistema nervoso da minhoca

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O progresso na evolução dos vertebrados faz-se pelo desenvolvimento do sistema nervoso central, que se divide em espinal medula e cérebro, o processo mais importante é a evolução da estrutura e das funções do cérebro (que se encontra dividido em dois hemisférios e núcleo cerebra.

também se formou o sentido tátil (vibrações) e auditivo.

Nas aves a evolução ocorre ao nível do desenvolvimento dos gânglios centrais; nos mamíferos a evolução ocorre ao nível do córtex cerebral, que nos primatas mas em especial no ser humano assume um lugar predominante. De entre as reações recetoras, a visão é a que esta mais fortemente ”corticalizada”. Caso retiremos todo o córtex cerebral a um pombo este não fica cego, mas no homem a destruição bilateral do córtex provoca a sua total cegueira. Dusser de Barenne Para que houvesse formas de comportamento mais complicadas e perfeitas foi necessário o desenvolvimento de recetores à distância e recetores por contacto, estes com localização nas secções mais antigas dos sistemas nervoso, enquanto os recetores à distância se encontram nas secções mais jovens. Parece ser esse o motivo de um receptor químico que inicialmente só servia para distinguir o alimento por meio de contacto direto (gustativo), e que deu origem ao olfato capaz de o distinguir à distância; do mesmo modo

Fig.5-Sistema nervoso humano

O desenvolvimento desses receptores nos animais permitiu que houvesse o desenvolvimento de formas de comportamentos melhor organizadas, e perfeitas, onde os comportamentos psíquicos vão desempenhando um papel cada vez mais importante.

Diogo Baleizão

João Silva

Tiago Espírito Santo

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MISTÉRIOS DA MENTE

A

ntónio Rosa Damásio nasceu a 25 de fevereiro de 1944, em Lisboa. É um médico neurologista, neurocientista português, que trabalha no estudo do cérebro e das emoções humanas.

António Damásio Fonte: http://excelenciapt.com/

O seu trabalho, realizado em conjunto com Hannah Damásio, centra-se sobretudo na investigação de problemas da neurologia básica da mente e do comportamento e das doenças de Parkinson e Alzheimer. Os seus estudos debruçam-se sobre a área designada por ciência cognitiva e têm sido decisivos para o conhecimento das bases cerebrais da linguagem, da tomada de decisões, das emoções e da memória.

aprender, para efetuar cálculos lógicos e muitas outras faculdades mentais permaneciam intactas. Segundo Damásio, a operação afetara o córtex pré-frontal que desempenhava um papel importante na articulação da memória, das emoções e das faculdades de raciocínio. Assim, na sua ausência, Elliot tornou-se incapaz de tomar decisões e de planear o curso de uma ação na vida real. Após examinadas as reações emocionais de Elliot, Damásio conclui que este não deixava transparecer qualquer emoção. Posteriormente António Damásio declarou que “As capacidades cognitivas permaneciam intactas, mas tinha perdido a capacidade de sentir, de se emocionar.” Consideradas um elemento perturbador do juízo, as emoções desempenham um papel muito mais relevante, visto que a inteligência é inoperante sem as emoções.

Tese de António Damásio Os estudos de Damásio em pacientes com lesões no córtex pré-frontal permitem concluir que existe uma participação substancial das emoções nos processos de tomada de decisão e raciocínio. Por mais racionais que possamos considerar as nossas decisões, há sempre interferência das emoções. Assim, a ausência de emoções tornar-nos-ia incapacitados da tomada de decisões.

Para Damásio, o objeto de estudo da Psicologia é a interação entre o corpo e a mente, entre processos cognitivos e biológicos ou emocionais. Fonte:http://neuropsicop edagogianasaladeaula.bl ogspot.pt/

Caso de Elliot Elliot, vítima de um tumor cerebral, foi operado com sucesso e o prognóstico revelava-se fantástico. No entanto, depois da operação, Elliot começou a evidenciar perturbações da personalidade que lhe custaram o emprego, o casamento e a família. Este parecia ter-se tornado incapaz de agir de forma coerente e de tomar decisões sensatas na vida quotidiana, como a do restaurante onde iria almoçar. Porém, nos testes de laboratório Elliot revelava-se perfeitamente normal, assim que, a memória, a capacidade de atenção, a aptidão para

É crença generalizada que uma pessoa muito emocional ou que age de “cabeça quente” toma em grande parte, más decisões. Assim, a tomada de decisões sensatas parece exigir cabeça fria, de maneira a avaliar corretamente os prós e contras. Damásio afirma que um reduzido nível de emoção e de paixão é tão prejudicial como um excesso de emoção. Catarina Guedes

Andreea Anghel

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OS NEURÓNIOS DA ÉTICA As bases biológicas do sentido do bem e do mal António Damásio, médico neurologista e investigador português, radicado nos EUA desde 1975, criou uma importante unidade de investigação para o conhecimento da atividade cerebral e das suas relações com a memória, a linguagem, as emoções e os mecanismos de decisão. O estudo do comportamento de doentes, com lesões cerebrais, leva-o a colocar um conjunto de hipóteses inovadoras relativamente ao funcionamento do cérebro.

O caso Phineas Gage

Passou de homem correto, responsável e respeitador a volúvel e desordeiro. O médico que o tratou, J. Harlow, emitiu ent a hipótese de que as lesões cerebrais responsáveis pela mudança da personalidade de Gage permitem pensar que existem no cérebro estruturas dedicadas ao controlo das emoções e do comportamento social.

António Damásio e a mulher já identificaram, em vários doentes com lesões no córtex pré-frontal, alterações de personalidade semelhantes às de Gage. Tal como ele, estes doentes sofrem sempre “ uma perda de capacidade de tomar decisões racionais relativamente a assuntos pessoais e sociais e uma perturbação do processamento das emoções” diz Damásio.

in http://www.psiconlinews.com/

Phineas Gage trabalhava no construção do caminho de ferro americano quando, num acidente de trabalho, foi trespassado, no crânio por uma barra de ferro. Assistido num hospital, acabou por sobreviver 12 anos. Para além de crises de epilepsia esporádicas, manteve intactas a memória, a inteligência, a capacidade de movimento e a aprendizagem. O seu comportamento social e moral é que se alterou radicalmente.

Estas investigações tiveram como consequência a tese de que os comportamentos éticos, morais e até mesmo religiosos possam ser produtos da nossa anatomia cerebral. O que significa que a moral e os sentimentos religiosos terão surgido totalmente por acaso ao longo da evolução do cérebro humano. Mas também que, quando surgiram, revelaram-se tão benéficos em termos de sobrevivência da espécie que nunca mais desapareceram.

Seremos verdadeiramente responsáveis pelas nossas ações?

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M.Gazzaniga, na sua obra “ O Cérebro Ético” tem um capítulo sobre a autonomia intitulado “ O meu cérebro mandou-me fazer isto”.

Seremos totalmente determinados pela nossa biologia?

A Filosofia Moral distingue entre ética e moral. Ética tem a ver com o "bem": é o conjunto de valores que apontam qual é a vida boa na concepção de um indivíduo ou de uma comunidade. Moral tem a ver com o "justo": é o conjunto de regras que fixam condições equitativas de convivência com respeito e liberdade. Éticas cada qual tem e vive de acordo com a sua; moral é o que torna possível que as diversas éticas convivam entre si sem se violarem ou se sobreporem umas às outras. Por isso mesmo, a moral prevalece sobre a ética. No terreno da ética estão as noções de felicidade, de caráter e de virtudes. As decisões de qual propósito dá sentido à minha vida, que tipo de pessoa eu sou e quero vir a ser e qual a melhor maneira de confrontar situações de medo, de escassez, de solidão, de arrependimento são todas decisões éticas.

Quando agimos gostamos de acreditar que fazemos escolhas. Esta é a primeira condição da nossa autonomia e liberdade. Sendo as escolhas determinadas pelo nosso cérebro, talvez reste pouco espaço para sermos inteiramente livres. A autonomia da decisão pessoal, o exercício livre da vontade e a responsabilidade pelas condutas pessoais, questões centrais da Filosofia no campo da ética podem ter de ser equacionadas, a partir de agora, de outro modo.

No terreno da moral estão as noções de justiça, ação, intenção, responsabilidade, respeito, limites, dever e punição. A moral tem tudo a ver com a questão do exercício do direito de um até os limites que não violem os direitos do outro. As duas coisas, claro, são indispensáveis. Sem moral, a convivência é impossível. Sem ética, é infeliz e lamentável.

http://aquitemfilosofiasim.blogspot.pt/

Prof. Maria José Carvalho

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“É completamente inadequado acolher uma criança e amá-la” Donald Winnicott, pediatra e psicanalista inglês, apresenta uma polémica teoria sobre a adoção e o modo como os seus intervenientes a abordam, da qual deriva a citação acima referida. À primeira vista esta frase não tem qualquer sentido pois de uma forma superficial as pessoas pensam que desde que haja amor, carinho e estabilidade as crianças adotadas conseguem-se adaptar de forma pacífica e saudável ao seu novo lar. Winnicott mostra-nos que este processo não é assim tão simples. Crianças provenientes de lares desfeitos e problemáticos estão habituadas a sentimentos como o abandono, assim utilizam o ódio como forma de se protegerem destas emoções que as acompanharam até então. O ódio sentido por estas crianças é projetado nos novos pais, pois por mais que seja o carinho de agora isso não apaga o passado.

A criança espera que o ódio sentido pelos pais os leve a abandoná-la. Quando isso não acontece (os pais reconhecem e aceitam o seu ódio) essa ideia começa a dissipar-se, a criança sente-se amada e começa então a criar fortes vínculos com a nova família. É de realçar que o ódio não é visto (por parte de D.W) como um aspeto totalmente negativo, pois até nas famílias saudáveis este está presente. Um bom exemplo é, o ódio inconsciente que a mãe sente em relação ao bebé, devido aos processos exaustivos envolvidos na gravidez, que a afetam tanto a nível psicológico como físico. A mãe tem de aprender a tolerar o ódio não sendo movida em causa alguma por este. A teoria de Winnicott não foi bem aceite do ponto de vista moral, mas teve uma grande influência no ramo da psicologia do desenvolvimento e da psicanálise.

Mafalda Rilhó, Maria Lourenço 11


Expressões faciais e os seus significados

O

lhamos mais frequentemente para a cara de uma pessoa do que para qualquer outra parte do corpo. Deste modo, em psicologia é possível observar diferentes expressões faciais que podem ser traduzidas nos mais variados significados: sentimentos, sensações e emoções. Ao analisarmos pormenorizadamente as expressões faciais, é possível identificar olhares como: o ”olhar assassino”; o “olhar de curiosidade”; o “olhar autoritário”; o “olhadela de cumplicidade” e ainda “o olhar de lado/ furtivo”.

Por exemplo: ao dirigirmos o nosso olhar para a esquerda acedemos à memória auditiva, ao invés de que se dirigirmos para a direita proferimos novos sons e palavras. Se, por exemplo, orientarmos o olhar para cima é porque estamos a analisar cheiros, recorrendo ao olfacto, contrariamente ao que acontece se dirigirmos o olhar para baixo, em que estamos a analisar sabores, com recurso ao paladar. Em oposição, os sorrisos podem ser diferenciados em 9 tipos, entre os quais, os mais conhecidos são: o sorriso simples, o meio-sorriso, o sorriso aberto, o sorriso -“como tem passado”, o “sorriso-amarelo” e o sorriso de timidez.

“Os olhos falam tanto como a língua com a vantagem de que a linguagem dos olhos não precisa de dicionário para ser compreendida em todas as partes do mundo” Ralph Waldo Emerson Os olhares diferenciam-se ainda pelo posicionamento que os olhos podem ocupar. O que se relaciona com o acesso a diferentes zonas do cérebro, como podemos analisar na imagem seguinte. Fonte: Livro “Como observar as pessoas”

Alguns destes podem ser caracterizados por não exporem os dentes, sorrindo para si mesmos - o sorriso simples; por mostrarem os dentes superiores e por haver contato visual- o meio-sorriso; e ainda o sorriso aberto, em que os dentes superiores e inferiores aparecem, havendo raramente troca de olhares.


Dotados destes conhecimentos podemos aplica-los à análise do famoso quadro Mona Lisa, de Leonardo Da Vinci, devido ao seu sorriso enigmático. Podemos reparar que a sua boca expressa um ligeiro sorriso, os seus olhos mostram-se um pouco tristes e a testa está inexpressiva.

Analisando o sorriso concluímos que é um “sorriso amarelo”, pois nos verdadeiros sorrisos os músculos das bochechas levantam-se, o que não acontece em Mona Lisa. Os seus olhos não demonstram felicidade, porque não se encontram abertos, caraterizando-se assim como uns olhos tristes. Adicionando a tudo isto o facto de Mona Lisa não ter sobrancelhas, mostra-se assim ainda mais misteriosa. Em suma, Mona Lisa é uma combinação de uns olhos tristes e um sorriso misterioso.

Mona Lisa, Leonardo da Vinci

“A face humana- em repouso ou em movimento, no momento da morte ou em vida, no silêncio ou na fala, na atualidade, representada na arte ou gravada numa câmara-é complexa e por vezes uma fonte confusa de informação” Ralph Waldo Emerson

Com a ajuda de inúmeras técnicas de análise através da luz observou-se que Lisa Gherardini utilizava um véu característico das mulheres grávidas ou que acabaram de dar à luz, levando à conclusão de que o retrato teria sido feito em comemoração pelo nascimento do filho. Da Vinci também implicou uma complexa psicologia no enigmático La Gioconda, ou Mona Lisa.

Em conclusão, devemos entender que para distinguir as emoções, as sensações e os Paul sentimentos, podemos observar Ekman & Wallace Friesen, 1972 as expressões faciais de um indivíduo. No entanto nas mais complexas e subtis, não devemos analisar a expressão do rosto em si, pois apesar de esta fornecer muitas informações isoladamente, a totalidade só é percetível quando analisamos todas as relações recíprocas do Homem com o seu ambiente.

Ana Rita Madureira Maria João Santos característico das mulheres grávidas ou que acabaram de dar à luz, levando à conclusão de que o retrato teria sido feito em comemoração ao nascimento do filho e permitindo arriscar a precisão da data de sua criação: 1503.nci inspirou-se

Patrícia Marcelino


As pessoas fazem o que lhes é ordenado

C

onsideras-­‐te uma pessoa obediente? Na teoria és!

cumpria ordens». O psicólogo propôs-­‐se investigar se isso podia ser verdade.

Stanley Milgram, psicólogo social, incidiu o seu estudo na obediência humana.

É possível que uma pessoa saudável abandone a sua noção do bem e do mal perante uma ordem?

Foi no julgamento do criminoso nazi Adolf Eichmann, que Milgram despertou o seu interesse no estudo da obediência, visto que este se defendeu dizendo que «apenas

A experiência de Milgram tinha o objectivo de revelar os aspectos principais da relação entre a autoridade e a obediência.

Os seres humanos são educados para serem obedientes desde muito pequenos

As pessoas fazem o que lhes é ordenado.

Sentimo-­‐nos obrigados a cumprir as ordens das figuras de autoridade…

… inclusive quando contrariam os nossos princípios morais.

O poder do grupo Milgram defendia que a conduta nazi na II Guerra Mundial e a compulsão de obedecer foi resultado direto da situação. Qualquer um de nós poderia ter feito o mesmo nas suas circunstâncias. Ou seja,

quando estamos num grupo tendemos a seguir o comportamento dos que nos rodeiam, mesmo que isso implique contrariar os nossos princípios morais.


A experiência de Milgram Com o objectivo de comprovar a sua teoria, Milgram realizou uma experiência na qual submeteu 40 pessoas, às quais foi dito que iriam ser pagas independentemente do que fizessem na experiência, a ordens de uma figura

autoritária. Esta ordenava que dessem choques eléctricos a uma vítima. A máquina que dava choques só atingia voltagens de 45 volts. Contudo, o participante pensava que a voltagem atingia os 450 volts.

A sociedade exige obediência Conclui-­‐se através da experiência que o ser humano, na generalidade, obedece às ordens que lhe são impostas, contrariando princípios morais adquiridos na educação/socialização. Milgram afirmou que o que determina como nos comportamos não é o tipo de pessoa que somos, mas sim o tipo de situação em que nos encontramos.

O conceito de sociedade apoia-­‐se no pressuposto de que as pessoas estão dispostas a renunciar a alguma liberdade individual e a delegar noutros, com mais autoridade ou de um estatuto social superior, responsabilidade por ações que praticam. João Torres Pedro Fontes Tiago Henriques


LINGUAGEM CORPORAL Apesar de todos sermos diferentes, a linguagem corporal é uma das melhores formas de “decifrar” o que uma pessoa está realmente a sentir. O nosso comportamento parece ser, muitas vezes, complicado de compreender. Porém, tomando a devida atenção a um indivíduo, começamos a observar certos padrões típicos de determinadas emoções. Uma pessoa que esteja nervosa será facilmente identificada devido a gestos como mexer no lóbulo da orelha, bater os dedos na mesa, tapar a boca com a mão enquanto fala, cruzar os braços de modo a sentir-se mais segura, entre outros. O indivíduo terá ainda dificuldade em encontrar as palavras certas, assim como o seu corpo ficará mais rígido. Por vezes, em casos mais graves, poderá até acontecer o ritmo cardíaco acelerar, resultando em hiperventilação associada, muitas vezes, aos ataques de pânico. Oposta ao nervosismo temos a autoconfiança. As pessoas com esta característica conseguem manter o contacto visual durante um período de tempo mais longo.

O queixo inclinado para cima, de modo a que não pareça superior aos outros, é outro sinal que essa pessoa está confortável consigo mesma. O seu corpo, em geral, apresentar-se-á de uma forma muito mais estável que o de uma pessoa nervosa, não sentindo a necessidade de aliviar qualquer tipo de stress através da movimentação corporal.

O autodomínio consiste na nossa capacidade de controlar os nossos impulsos. Este serve para que consigamos lidar com vários problemas de modo calmo e sereno. Seja por causa de nervos num encontro com alguém especial, ou por raiva de alguém, o autodomínio encontra-se presente para nos “guiar” a agir de maneira correta. Um indivíduo, neste caso, irá, por exemplo, agarrar-se aos braços da cadeira, apertar o pulso, distrair-se com outras tarefas, apertar o maxilar, entre muitos outros. A realidade é que existem muitos sinais à nossa volta de como os que nos rodeiam se sentem, a dificuldade está em analisar o outro e encontrar a capacidade para o compreender. Ana Magalhães Monalisa Chaves

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As meninas têm melhores notas que os meninos

O aparecimento de psicólogas femininas reavivou o interesse pelo estudo das diferenças entre sexos. Durante toda a história da vida humana houve uma tendência da literatura psicológica para informar sobre estudos que insistiam nas diferenças entre homens e mulheres em vez das semelhanças.

sobretudo porque as meninas não obtinham melhores pontuações nas provas de aptidão quando se avaliavam todas as matérias. A investigação anterior sobre a motivação de sucesso (para alcançar metas) parecia indicar que os meninos deviam superar as companheiras.

Fonte: https://www.google.pt/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s

Uma psicóloga chamada Eleanor Maccoby em conjunto com a sua aluna Carol Jacklin publicou um livro intitulado “The Pshycology of Sex Diferences” onde deu a conhecer alguns dos seus estudos sobre a diferença de géneros e para demonstrar que as diferenças consideradas entre estes não passam de mitos ou de estereótipos falsos. Embora algumas conclusões tenham comprovado que os meninos são mais agressivos e mais aptos para o cálculo e raciocínio espacial enquanto que as meninas têm mais aptidões verbais, estudos posteriores demonstraram que estas diferenças são negligenciáveis ou mais complexas do que aparentam. Uma diferença visível e irrefutável é que “as meninas têm melhores notas do que os meninos” na escola. Para a psicóloga Maccoby este dado acabava por ser interessante

Estavam mais orientados para o êxito do que as meninas, razão pela qual se empenhavam mais nas tarefas e apresentavam mais condutas exploratórias, as meninas estavam acima de tudo interessadas no êxito nas relações interpessoais, esforçavam-­‐se para agradar os outros e demonstravam pouca segurança em si mesmas em relação a muitas tarefas. No entanto a conclusão da psicóloga foi que as meninas conseguem mais êxitos académicos do que os meninos, mostram mais interesse pelas tarefas relacionadas com a escola desde uma idade menor e têm menos probabilidade de deixar os estudos antes de acabarem o secundário. As melhores notas das meninas refletem uma combinação de maior esforço, interesse e melhores hábitos de trabalho.


O total de estudantes no Ensino Superior em Portugal, no ano de 19781, era de 81.582, sendo em 2011 de 396.268. Este aumento tem vindo a acontecer de forma progressiva ao longo destes trinta e três anos, verificando-­‐se uma alteração significativa no que concerne à distribuição do número de estudantes por sexos.

literatura psicológica para publicar resultados que indicam as diferenças sexuais e ignorar os que indicam igualdade, esta psicóloga contribuiu para a luta contra a designação de homens e mulheres para profissões estereotipadas. Apesar de estar comprovado que “as meninas têm melhores notas que os meninos”, e apesar de estas possuírem também um maior sucesso académico são os homens que ocupam a grande maioria dos cargos e profissões importantes, com maior requisição de estudos e de maior

Em 1978, estavam inscritos no Ensino Superior 47.517 homens e 34.065 mulheres. O ano de 1986 marca a viragem na representação das mulheres no Ensino Superior, visto que, a partir desta data, o número de mulheres tem vindo anualmente a aumentar em relação ao de homens. Em 2011, estão inscritas/os no Ensino Superior 211.641 mulheres e 184.627 homens, verificando-­‐se uma diferença de mais 27.014 mulheres. Se, por um lado, a forte presença feminina no Ensino Superior pode ser considerada um indicador de igualdade de género entre homens e mulheres, por outro lado, este dado revela que esta igualdade não está a ser efetivada. As mulheres continuam a escolher áreas de formação associadas à educação e à saúde que “em grande parte representam uma extensão das suas tradicionais competências desenvolvidas em contexto doméstico e de onde os homens se afastam tendencialmente”. A controvérsia sobre as diferenças inerentes ao sexo está ligada a questões politicas gerais sobre como deve organizar-­‐ se uma sociedade e para que funções homens e mulheres estão preparados por “natureza”. Ao evidenciar a tendência da

renumeração. A taxa de desemprego das mulheres é também superior á dos homens.

Com toda esta controvérsia de ideias acerca de diferenças entre géneros concluímos que as raparigas são o género que possui mais estudos mas no entanto os rapazes são os que ocupam os melhores cargos. No entanto a forma como cada género é inserido na sociedade permite-­‐nos afirmar que “as meninas têm melhores notas que os meninos”. Ana Ferraz Daniela Lima Teresa Cruz


Emoções Afetos e Sentimentos A palavra traduz, em geral, à mente umas das seis emoções ditas primárias ou universais: alegria, tristeza, medo, cólera, surpresa ou aversão. (…) António Damásio

Podemos caracterizar a emoção como um estado mental e fisiológico ligado a uma grande diversidade de sentimentos, pensamentos, desejos, comportamentos e situações. As emoções desempenham uma importante função adaptativa. Das emoções primárias destacamos o medo, a alegria, a tristeza, a raiva, a surpresa e a aversão. As emoções são reações relativamente intensas e passageiras a um dado estímulo. São de fácil observação, têm uma duração breve mas que pode ser de grande intensidade (explosivas e descontroladas). Os sentimentos, ao contrário das emoções, não são observáveis pois estão ligados ao nosso interior e surgem quando tomamos consciência das nossas emoções. Têm uma duração muito maior e podem ser de menor intensidade. Por fim, os afetos são tendências para responder positiva ou negativamente a experiências emocionais relacionadas com pessoas ou objetos; são de construção prolongada e observáveis quando se exprimem através de emoções

As emoções observam-se através de expressões faciais.

Alex morreu - -disse-lhe, e então as pernas fraquejam-lhe, agarra-se ao braço do sofá e deixa-se cair. Mas nem uma lágrima. Só pensa que a sua filha está viva foi sorte que Clara não…-murmura e olha para a mulher e arrepende-se logo deste pensamento, o primeiro que lhe ocorreu. Tem impressão de que o sangue não acaba de lhe chegar a toda a cabeça. Não diz nada, está quieta, olha para o aquário sem o ver e com o dedo acaricia a face. Nem uma lágrima. O coração bate-lhe forte, quase salta do peito, mas nem uma lágrima...”

Carolina Saragoça Luana Figueira Cátia Gomes

16


QI ou QE

P

Qual o mais importante para o sucesso na vida?

ara explicar o que é e como funciona a

O QI (Quociente de inteligência) que

decidimos

é usado para medir as habilidades cognitivas,

apoiar-nos nas palavras do grande

tais como a capacidade de aprender ou

psicólogo que definiu a mesma – Daniel

compreender situações novas, pouco contribui

Goleman. Para ele, a inteligência emocional é a

para explicar os destinos diferentes de pessoas

maior responsável pelo sucesso ou insucesso

com a mesma instrução e oportunidades.

inteligência

emocional,

dos indivíduos. Como exemplo, recorda que a maioria das situações de trabalho é envolvida por relacionamentos entre as pessoas e, desse modo,

pessoas

com

qualidades

de

relacionamento humano, como afabilidade, compreensão e gentileza têm mais hipóteses de obter o sucesso.

Mas afinal o que é a inteligência emocional?

Segundo Goleman, “É uma forma diferente

de

inteligência

composta

principalmente pelo autoconhecimento, controlo

de

impulsos,

automotivação, habilidade social e pela capacidade de perceber os sentimentos alheios.” com

grande

inteligência

emocional são caracterizadas como empáticas, seja,

verificou-se que os alunos que tinham obtido as notas mais elevadas na universidade, não eram os mais bem sucedidos, em comparação com os colegas com notas mais baixas, no que

Pessoas

ou

Num estudo feito nos Estados Unidos

persistência,

possuem

a

capacidade

respeitava a salário, produtividade ou estatuto nas respectivas áreas.

do

Embora seja evidente a importância

reconhecimento de emoções, de entender

que a inteligência emocional constitui, as

como o outro se sente através do tom de voz,

nossas escolas e cultura ainda sobrevalorizam o

gestos ou expressão facial. A falta de empatia

Qi

pode resultar em atos cruéis, uma vez que o

características próprias do QE (inteligência

individuo pode chegar ao extremo de não

emocional) que têm grande importância para o

sentir medo das consequências dos seus atos,

nosso destino pessoal.

nem piedade pela dor do outro.

esquecendo

assim

uma

série

de

Íris Ventura Inês Gama 17


Admirável Mundo Novo Podemos ser totalmente condicionados? Em 1932, Aldous Huxley escreve o livro “Admirável Mundo Novo”, no qual

descreve

uma

sociedade

modelada cientificamente, em que os seres humanos são condicionados biologicamente e

psicologicamente,

o que leva a sociedade a viver em plena harmonia de acordo as leis e as regras sociais.

A reprodução humana, neste “Mundo Novo”, é feita artificialmente em centros de incubação e de condicionamento.

Estes

centros,

destinados

a

que

fazer

estavam crescer

a

população, também tinham a função de

transmitir

a

informação

às

crianças que estavam em formação. Essa

informação

era

transmitida

através da hipnopedia (método de ensino através do sono). Através destas

informações, o

Estado pretendia moldar o cidadão para exercer um certo tipo de função na sociedade e para aceitar o regime totalitário do mesmo.

No Estado Mundial não havia risco de

ocorrer qualquer revolta por parte dos populares, pois esta sociedade era completamente automatizada e qualquer pessoa sentia-se feliz com a profissão e com o estilo de vida que exercia, devido à manipulação a que era submetida desde o início da sua vida. Nesta encontrar

obra

literária

relacionamento

podemos com

teoria behaviorista de John Watson.

a


Watson

defendeu

comportamento

é

que

influenciado

o

Ao longo da leitura do livro é possível

por

verificar várias vezes a presença de

fatores sociais e educativos, ou seja, somos produtos do meio e por ele somos modelados. Como tal, afirmou:

exemplos desta teoria behaviorista. Um exemplo claro da ocorrência desta teoria nesta narrativa é quando um grupo

“Dêem-me uma dúzia de crianças saudáveis, bem constituídas, e a espécie do mundo que me é necessário para as educar, e eu comprometo-me, tomando-as ao acaso, a formá-las de tal maneira que se tornem um especialista da minha escola, médico, comerciante, jurista e mesmo mendigo ou ladrão, independentemente dos seus talentos, inclinações, tendências, aptidões, assim como da profissão e da raça dos seus antepassados.” John Watson, “Behaviorism”

de bebés é condicionado a não gostar de flores; são-lhes então mostradas várias fotografias de flores e quando os bebés lhes tocam levam choques. Este processo é então repetido até que os bebés fiquem horrorizados apenas com o olhar para as flores. Tanto a teoria de Watson, como o livro defendem que o ser humano pode ser totalmente condicionado.

Esta teoria defende o pressuposto de que aquilo que somos é fruto de vários condicionamentos e influências externas

João Pedro Feio

a que fomos submetidos desde o início da nossa vida.

Watson tinha como propósito a objetividade científica e o estudo dos comportamentos observáveis e que pudessem ser descritos através do conceito de estímulo e resposta, o que indica a semelhança com os experimentos da psicologia animal, ramo em que ele preferia fazer seus experimentos. Devido a esse caráter objetivo e criterioso, foi dada uma contribuição muito importante para a formação da Psicologia científica. Para tal, foram descartadas as ideias mentalistas, assim como os termos empregados por elas como os de consciência, sensação e mente, pelo fato de o Comportamentalismo ter como base estudos mais objetivos e concretos; também porque não eram admitidas grandes diferenças entre o estudo do comportamento de animais e de humanos, pois usavam o conceito de estímulos e respostas em ambos. In Wikipédia


Eça de Queirós e a Psicanálise n’Os Maias Para compreendermos Os Maias de Eça de Queirós à luz da psicanálise, é necessário conhecer e analisar os fatores que podem ter influenciado o autor e determinado a sua vida. A sua origem e contexto familiar, e a época que ele vivenciou foram influências marcantes na sua vida, e tiveram reflexo na sua obra, nomeadamente no destaque por ele dado às personagens femininas e, sobretudo, no tratamento de temas como o adultério e o incesto.

“Eu não tenho biografia” resposta de Eça de Queirós a um editor da sua obra, quando este lhe pediu elementos para a biografia do autor.

José Maria Eça de Queirós nasceu na Póvoa de Varzim, no dia 25 de novembro de 1845. Filho de um amor clandestino entre burgueses foi criado pela madrinha e seu marido durante os primeiros quatro anos da sua vida. Durante este tempo, recebeu a visita da mãe raras vezes e quase sempre às escondidas. Este período da sua vida, caracterizado pela condição humilde em que vivia e pela falta de relação afetiva com os pais foram determinantes para a formação da sua personalidade. Quatro anos após o seu nascimento, os seus pais casam-se mas, mesmo assim, Eça não vai morar com eles, mas com os avós paternos. É a avó quem assegura a sua educação, mas trata-o com indiferença, ao contrário do avô que foi seu amigo e protetor. Mais tarde, vive um período de tempo com os pais e irmãos, mas também aí não consegue encontrar a afetividade que desejava, sendo tratado com cerimónia e um certo afastamento. As circunstâncias relativas aos primeiros anos de vida de Eça influenciaram muito a formação da sua personalidade, e muitos interpretam o seu caráter tímido, revoltado e satírico à luz deste período da sua vida.

Eça desprezava o mundo burguês, com a sua religiosidade hipócrita, devido à sua condição de filho ilegítimo. Por isso, na sua obra, fez inúmeras críticas às instituições, à moral e aos costumes, e essa crítica era expressa ironicamente, como forma de “libertar” a amargura íntima que sentia, divertindo-se com as personagens por ele criadas. O autor d’Os Maias revelou aspetos de personalidade ao longo da sua vida que possuem grande significado psicanalítico. Um destes aspectos relaciona-se com o facto de Eça ser muito supersticioso. Essa forma de encarar a superstição, com medos, sobretudo de assombrações noturnas, é reflexo do seu complexo de Édipo, do seu desejo da companhia da mãe para o confortar nesses momentos de temor.

Eça de Queirós na sua juventude


O intenso complexo de Édipo vivido por Eça reflete-se no sentimento ambivalente entre amá-la e repudiá-la por tê-lo abandonado e ter praticado um comportamento pecaminoso. Para o seu inconsciente, a conduta da sua mãe era uma forma de adultério e, por isso, nos seus romances a família surge quase sempre incompleta, e o adultério e o incesto encontram-se quase sempre presentes. Sendo caracterizado por uma imaginação fértil, mas ferido pela falta de afetividade e pelo afastamento dos pais, surge em Eça de forma insidiosa, no seu subconsciente, um impulso sexual incestuoso, traduzido pela fixação da imagem materna. Este impulso é recalcado violentamente para o seu inconsciente, e tornou-se o motivo para a criação dos seus romances, manifestando-se na sua escrita.

A temática d’Os Maias está voltada para os dramas morais dentro de um determinado contexto social, neste caso, a aristocracia lisboeta e os seus valores decadentes. O foco da obra recai sobre a família dos Maias, nas personagens do avô Afonso, do seu filho Pedro e do neto Carlos. A primeira mulher da história era Maria Eduarda Runa, mulher de Afonso. Ela possuía um caráter fraco que transmitiu ao seu filho Pedro. Este facto tornou-o suscetível aos encantos de Maria Monforte que possuía uma leviandade de caráter, herdada de sua mãe e, por isso, trai Pedro, que sendo fraco de caráter, comete suicídio. Por isso, Afonso da Maia procura educar o neto Carlos de forma oposta à de Pedro, ou seja, de forma prática e reprimindo a emoção. Esta forma de educação é um reflexo da educação do próprio autor, e o personagem Afonso da Maia, íntegro e generoso, reflete a personalidade do seu avô. O tema principal deste romance, o incesto, surge com a personagem Maria Eduarda, que atrai Carlos pelo seu porte e aparência física. A aparente perfeição do amor existente entre os dois é interrompida com o conhecimento da consanguinidade de Maria Eduarda e Carlos Eduardo. Apesar disso, Carlos faz a escolha da prática do incesto consciente, quebrando um tabu social. Realiza assim um desejo proibido do

inconsciente, transformando-o num impulso consciente e real, mesmo com o conhecimento da proibição.

A maioria das personagens femininas d’Os Maias ou são adúlteras ou são incestuosas, e tal parece ser a manifestação da rejeição materna que Eça sofreu.

Eça de Queirós não conhecia o trabalho de Freud, pois A interpretação dos sonhos foi apresentada ao mundo em 1900, exatamente o ano da morte do autor português. No entanto, a ficção de Eça e a psicanálise de Freud refletem a sociedade da época em que viveram e revelam questões ligadas especificamente às mulheres, numa altura em que estas estavam destinadas a permanecer no ambiente doméstico. A visão de Eça das mulheres era triste e amarga, fruto da sua relação materna, e ficou imortalizada em personagens queirosianas como Maria Eduarda.

Freud considerou que as vivências da infância são determinantes para aquilo em que nos tornamos na vida adulta. A relação afetiva com os pais, e especialmente com a mãe, a vivência e superação do complexo de Édipo, se problemáticas, podem deixar marcas indeléveis na personalidade. Estas marcas determinam a nossa relação, enquanto adultos, com nós próprios, com os outros e o mundo, já que a fixação da imagem do progenitor do sexo oposto, apesar de recalcada para o inconsciente, continua a exercer uma profunda influência sobre o modo de pensar, agir e sentir do indivíduo. Para Freud, o complexo de Édipo é a “experiência central dos anos da infância, o maior problema do início da vida e a fonte mais intensa de inadequação posterior.” Dizer que “a criança é o pai do Homem”, ilustra a importância da infância na estruturação da personalidade adulta.

Joana Marques Santos


MOTIVAÇÃO E LIDERANÇA A liderança é definida como sendo um processo de condutas, pelo meio do qual, um individuo influencia outros para que se realize o que ele quer. Dentro do conceito de liderança existem vários sub conceitos que visam os diferentes tipos de liderança. Contudo, um bom líder tem que saber motivar a sua equipa. Para isso é necessário elogiar os liderados, congratulá-los quando tomam decisões acertadas e sobretudo recompensá-los. “Conforme o tipo de recompensa que utilizemos, influiremos sobre cada tipo de motivação: as recompensas de controlo estimulam a motivação extrínseca, e as recompensas informativas, a motivação intrínseca.” Os treinadores deveriam integrar a preparação psicológica no seu programa treino, tal como incluem a preparação física, técnica, etc. Embora cada pessoa e situação sejam diferentes. Um bom líder tem de saber manter o controlo da sua equipa, e para isso, é necessário saber controlar diversos fatores na sua equipa tais como ansiedade, falta de concentração, pensamentos inadequados e fazer com que a sua equipa nunca se esqueça dos objectivos estipulados. “É melhor liderar a partir da retaguarda, e colocar os outros à frente, especialmente quando estamos a celebrar uma vitória por algo muito bom que aconteceu. Mas deves tomar a linha da frente quando há perigo. Desta forma as pessoas irão apreciar a tua liderança.” Nelson Mandela

Filme Invictus, de Clint Eastwood Depois de passar vinte e sete anos da sua vida na prisão, Nelson Mandela (Morgan Freeman) é solto e eleito presidente da África do Sul. Consciente de que seu país continua sendo racista e economicamente dividido, Mandela pretende acabar definitivamente com essa separação em toda a África do Sul. Com a proximidade do Campeonato Mundial de Rugby, muito popular entre os sul-africanos, que irá acontecer pela primeira vez no país, Mandela vê no desporto uma possível solução para unir toda a população. O plano de Mandela é unir negros e brancos por um mesmo ideal, incentivando a equipa para que seja campeã, tarefa parece impossível, pois está bastante desacreditada. Para a parte negra da população, a equipa de rugby é um símbolo do Apartheid. Mandela convida para uma reunião, o capitão da equipa de rugby, François Pienaar (Matt Damon) e com o incentivo de Mandela esta resgata a sua autoestima, passa a vencer os jogos e consegue ganhar o campeonato.

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A balança entre a motivação e a liderança é difícil de equilibrar para um líder Apesar de a motivação ser uma forma de liderança e até o pilar de uma equipa ou grupo de trabalho, é extremamente complicado para a pessoa que lidera trabalhar com a motivação de cada elemento. Vamos imaginar uma equipa de futebol: hoje em dia cada vez mais, qualquer um sabe dar “pontapés na bola” e qualquer um já encontra condições nos quatro cantos do mundo para evoluir. Deste modo, em termos técnicos e táticos já existe um equilíbrio maior. Assim sendo a motivação e a confiança assumem-se como fundamentais no desempenho de uma equipa. É aí que entra o trabalho do treinador para além do crer e ambição própria de cada elemento do coletivo. E para o líder de um grupo é insustentável conseguir criar uma equipa sem motivação. Mas nunca se consegue motivar e manter confiantes todos os jogadores – quer seja por não gostarem dos métodos de trabalho, posição que desempenham ou por não serem opção. E o mais difícil para quem é líder (numa equipa desportiva) é manter quem não joga, ou quem não obtém resultados, motivado e concentrado. No caso do futebol e em muitos outros desportos coletivos principalmente, o líder pretende não descurar a sua imagem de alguém ‘‘poderoso’’, firme, imparcial e intransponível e assim delega essa parte motivacional aos adjuntos ou outros elementos da equipa técnica, pois por vezes motivar um

individuo que não consegue atingir os objetivos requer um acompanhamento personalizado e especifico, porque dentro de um coletivo existem variadíssimas personalidades. Tal como foi referido e devido ao grande desenvolvimento técnico e táctico que tem diminuído o desnível e a diferença de qualidade entre as equipas desportivas, o aspecto motivacional tem assumido uma dimensão cada vez maior em qualquer colectivo e tem estado na base de qualquer estratégia por parte dos líderes. Damos por último exemplo dos “mind games” que traduzido é algo como os jogos da mente, que são extremamente usados no futebol onde a comunicação social e os media estão sempre em cima do acontecimento, e esta “táctica” é utilizada por diversos treinadores para destabilizar os colegas de profissão e até moralizar os seus próprios jogadores. Resumindo: A motivação é fundamental em qualquer grupo de trabalho, seja desportivo ou de outra índole. Até porque por exemplo no caso do futebol, por detrás de uma equipa técnica e um grupo de jogadores que dão a cara está uma grande estrutura desportiva.

Rafael Lopes Diogo Mariano Nuno Martins

Liderança Autocrática Liderança Democrática - Neste tipo o líder é focado apenas nas tarefas. Ele toma as decisões sozinho sem ter em conta a opinião dos liderados.

- Aqui, o líder pensa um pouco no grupo. Os liderados podem escolher os companheiros de trabalho e têm poder de decisão do processo de trabalho.

Liderança Liberal - Neste tipo de liderança as pessoas têm mais liberdade para realizar os seus projetos. Ou seja, forma-se uma equipa unida que não necessita de supervisão constante.

Liderança Paternalista - Esta liderança pode ser reconfortante para o líder, porém não o é para quem é liderado.

Liderança por Ideal - Na liderança por ideal, a cultura organizacional regese na filosofia e nos modelos mentais do líder, que por sua vez gera um ambiente de participação e de integração dentro do grupo.

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A depressão é a morte de todas as motivações

A

COMO A MOTIVAÇÃO AFETA O NOSSO DIA A DIA?

O

 que motiva o ser humano? O que faz com queiramos atingir os nossos objectivos?

A motivação é uma necessidade ou desejo que dinamiza o comportamento dirigindo-o para uma meta satisfazendo assim as necessidades fisiológicas, ligadas à preservação do organismo, e as psicológicas que são adquiridas por aprendizagem e na interação com o meio. Envolve fenómenos emocionais, sociais e biológicos. Pode dividir-se em motivação interior, proveniente de nós próprios (automotivação) e motivação exterior que provém do ambiente à nossa volta e das nossas experiências de vida. No comportamento motivado existem dois aspetos inseparáveis, o aspeto energético, que determina o vigor e a persistência da ação e o aspeto direcional, que explica a direção da ação. A motivação caracteriza-se por motivos que são a razão de ser do comportamento e que se assumem a forma de necessidades e impulsos. Existem três tipos de necessidades: primárias, secundárias e combinadas.

depressão começa pela

perda da motivação de nos autorrealizarmos. A partir desse momento a situação vai-se degradando até que o individuo perde a motivação até mesmo para as necessidades mais básicas do dia a dia. Esta perda total de motivação impede o ser humano de viver uma vida normal e equilibrada. A motivação ocupa, assim, um lugar muito importante na nossa vida.

Primárias - são inatas e formam-se independentemente da aprendizagem e são necessidades fisiológicas pois têm como objetivo manter o equilíbrio do organismo; Secundárias - resultam da aprendizagem e da influência do meio, variando conforme a sociedade em que se vive e são também conhecidas como necessidades sociais; Combinadas - resultam do efeito combinado de características aprendidas e não aprendidas.

As necessidades desencadeiam impulsos que por sua vez desencadeiam comportamentos. O corpo, normalmente, encontra-se num estado de homeostasia; quando este equilíbrio é perturbado origina-se uma necessidade, que provoca um impulso (tensão), que motiva o organismo para responder reduzindo a tensão e satisfazendo a necessidade, alcançando o objetivo e sendo o equilíbrio assim restaurado. A motivação é a energia básica de todo o nosso comportamento.

Carlota Silva e Patrícia Estevam

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Motivação “Motivação faz-te começar… Hábito faz-te continuar!” “O que faz o Homem não desistir da batalha após perder inúmeras guerras?” A resposta a esta pergunta é até bastante simples: a motivação. A motivação é um processo dinâmico constituído pelo conjunto de fatores (motivos) que ativam, sustentam e dirigem o comportamento para um determinado objetivo, nomeadamente a satisfação de necessidades fisiológicas que garantem a sobrevivência e preservação do organismo; e psicológicas que podem ser adquiridas por aprendizagem ou interação com o meio, não se baseando necessariamente em estados de privação, podendo variar consoante o contexto sociocultural.

Um primeiro fator é a mobilização de energia, que determina o vigor e a persistência da ação. A direção do comportamento é um segundo fator que explica a direção e as mudanças de direção da ação. Por fim, o último fator é a persistência com que se procura atingir determinada meta. Em suma, os motivos são a razão de ser do comportamento, manifestando-se sob necessidades e impulsos. Estes podem ser compreendidos por um ciclo motivacional, baseado na tendência natural do organismo para manter um estado de equilíbrio interno. O psicólogo norte-americano, Abraham Maslow ficou conhecido pela teoria da hierarquia das necessidades

humanas – Pirâmide de Maslow. Segundo Maslow, o ser humano deve procurar realizar a sua natureza humana (autorrealizar-se), seguindo o ritmo das suas próprias necessidades. A pirâmide que este desenvolveu, divide-se em cinco níveis hierárquicos, que exprimem diferentes graus de motivação e de realização.

http://virtualmarketingpro.com/blog/pauloguedes

Em Setembro de 1983, os Estados Unidos da América perderam o troféu mais importante no desporto da vela pela primeira vez em 132 anos. O comandante Dennis Conner e a sua tripulação começaram a trabalhar 12 a 15 horas por dia, 6 a 7 dias por semana, conquistando a desejada America’s Cup em 1987. Dennis Conner e a respetiva tripulação afirmaram que o fizeram pela fama, pelo amor à vela, pelo dinheiro, mas acima de tudo e, pondo de lado todos os restantes fatores, pela excitação de competir e pela vontade de vencer e obter sucesso.

Conclui-se então que existem diversos tipos de motivação, porém qualquer que seja o tipo, esta consegue levar o ser humano a fazer o impensável e a atingir objetivos nunca antes atingidos. Catarina Canteiro

Edgar Teles

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A obesidade É o excesso de peso que atinge uma

E qual o tratamento ?

grande percentagem de população, tanto jovem, como adulta e que, para além de ser uma doença, pode ainda causar problemas mais graves como diabetes e problemas respiratórios.

No entanto há que ter em conta que:

Hoje em dia entende-se que a obesidade não depende só de maus hábitos alimentares mas também de fatores genéticos e biológicos. Nos

últimos

estudos

Os tratamentos normalmente aplicados são a cirurgia, as dietas, os fármacos, o exercício físico e os programas comportamentais.

efetuados

verificou-se que uma criança tem 40% de probabilidade de ser obesa, se um

-à cirurgia só se recorre em casos extremos; -os fármacos são muito nocivos, e caso deixem de ser tomados, podem causar o dobro do peso inicial; Podemos então concluir que o melhor para combater a obesidade é a adoção de comportamentos especiais:

dos progenitores for. Deve-se isto a

- estabelecimento de uma dieta adequada e fixação de hábitos alimentares saudáveis;

razões hereditárias ou a hábitos

- prática de exercício físico;

alimentares aprendidos?

- terapia de grupo;

No que respeita os factos biológicos os conceitos mais importantes assentam

- restruturação cognitiva (análise e modificação dos pensamentos negativos).

na teoria da celularidade adiposa que distingue os obesos com células adiposas de tamanho normal e os obesos

com

células

adiposas

de

tamanho maior; e na teoria do ponto fixo que assenta na disposição no organismo de um ponto fixo que vai funcionar como regulador.

Em termos de números tem-se verificado aumentos consideráveis casos de obesidade. O termo “obesidade” é muito subjetivo pois pode-se considerar alguém obeso pela aparência do mesmo.

A constituição do individuo, assim como os ideais de cada cultura são demasiados amplos para se considerar haver um peso “ideal”.

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Anorexia e Bulimia

São as perturbações mais graves e para além de diferenciadas apresentam semelhanças. Afetam normalmente as mulheres jovens que consideram a magreza um desejo impossível de alcançar.

Anorexia e Bulimia

Fig. 1

Fig. 2

ANOREXIA NERVOSA Sintomas: Redução de peso (atinge um peso muito inferior ao considerado bom para a sua altura e peso) Comportamento: Períodos de jejum ou episódios de sobrealimentação Vómito Utilização de laxantes Prática excessiva de exercício físico Idade mais frequente de manifesto: Adolescência ou pré-adolescência Idade adulta (entre os 25-35 anos) Consequências: Ansiedade/Depressão Problemas laborais ou de estudo Problemas nas relações sociais

BULIMIA NERVOSA Sintomas: Voracidade alimentar Nível de ansiedade e culpa elevado Comportamento: Vómito induzido Utilização de laxantes e diuréticos Períodos de jejum Prática excessiva de exercício físico; Consequências: Ansiedade/ Depressão Elevado grau de impulsividade; Consumo excessivo de álcool e outras drogas. Causas: Não se sabe ao certo as causas justificáveis deste comportamento no entanto a influência sociocultural é um facto de extrema influência, assim como o controlo excessivo por parte dos progenitores.

Laura Reis Duarte Pereira Catarina Ermida

25


AMNÉSIA

O

termo amnésia faz referência a um transtorno da função cognitiva em que a memória é afetada de uma forma proporcionalmente muito mais importante e constante que outros componentes da conduta ou da função intelectual. Existem três tipos de transtornos de memória: -Amnésia anterógrada, ou afetação da capacidade de adquirir nova informação. -Amnésia retrógrada, que afeta factos e episódios, particularmente os que estão próximos do momento em que se produziu a perda de memória. - Amnésia global transitória, este tipo de amnésia não apresenta causas consistentes

que possam ser identificadas, mas existem pesquisas sugerindo que ela pode ser desencadeada por enxaquecas (migraines) ou por um ataque isquémico transitório. A síndrome amnésica costuma ser acompanhada de apatia e falta de interesse pela vida. Algumas amnésias são acompanhadas de fabulações, ou seja, de falsas recordações. A pessoa afirma estar num lugar diferente do que esta, inventa viagens que não afetou, dá aos familiares noticias falsas. Os pacientes não podem diferenciar se a informação é real ou imaginária e não podem localizar os factos vividos numa ordem temporal.

Diferentes causas da amnésia:          

Alguns medicamentos usados contra a doença de Parkinson; Danos ao cérebro devido ao abuso de álcool a longo prazo; Tumores do cérebro; Infecções do cérebro como a sífilis ou HIV/AIDS podem levar à perda de memória; Após a quimioterapia; Lento declínio de memória, como visto na demência causada pela doença de Alzheimer; Doença física geral pode afetar memória e concentração; Transtornos psicológicos podem prejudicar tanto a memória remota quanto a recente, sendo quase sempre temporários. Blackout alcoólico , no qual a pessoa manifesta amnésia sem perda da consciência. O indivíduo intoxicado pode manter uma conversação ou executar outros atos normalmente, mas, após ficar sóbrio, não terá memória do episódio. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Amn%C3%A9sia

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Como viver sem aprender nova informação ______________________________________

O

paciente H. M. é um caso que gerou a maior curiosidade científica.

Era um jovem de 27 anos de idade, que sofria de crises epiléticas muito graves; por isso, sofreu uma intervenção cirúrgica para tentar curar a doença. Foram-lhe removidos os lóbulos temporais do cérebro (onde se situa a “memória”) porque era a zona onde as crises de que padecia tinham origem. Depois da intervenção o paciente ficou incapaz de aprender qualquer informação nova. Não aprendeu novos nomes e não podia regressar à sua nova casa porque era impossível memorizar o trajecto. No entanto, o paciente tinha consciência do seu transtorno e afirmava:

personagens famosas anteriores a 1950, mas não os que tinham conseguido a sua fama durante os últimos três anos antes da operação. As habilidades conservadas por H. M. são as denominadas memórias não manifestas (procedimentos, condicionamento, hábitos, etc.). Também não se modificaram os seus hábitos de comportamento social nem a sua maneira habitual de responder. H.M. é o caso mais estudado da literatura neuropsicológica pelas suas características únicas. Ainda hoje, depois de quarenta anos, a sua amnésia continua a ser objeto de estudo.

“Cada dia é independente dos outros, sejam quais forem as alegrias ou as penas que tenha tido […]. Agora mesmo me interrogo: fiz ou disse algo incorreto? É isso que me preocupa. É como acordar de um sonho; não me lembro de nada.” Recordava perfeitamente a sua infância e adolescência, mas tinha esquecido a morte de um ente querido ocorrida três anos antes da intervenção. Reconhecia todas as Fonte de imagem:blog.oup.com

Gonçalo Cabral Diogo Ravasco

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As Três Faces de Eva

O

transtorno dissociativo de identidade (personalidade múltipla), e que é conhecida popularmente como dupla personalidade, é uma condição mental em que um único indivíduo demonstra características de duas ou mais personalidades ou identidades distintas, cada uma com a sua maneira de perceber e interagir com o meio. As mulheres tendem a ter maior número de identidades do que os homens, em média 15 ou mais, enquanto a média para os homens é de aproximadamente 8 identidades.

Os sintomas deste transtorno, em particular, podem incluir depressão, ansiedade, fobias, ataques de pânico, lapsos e distorções na percepção do tempo, disfunção sexual, transtornos alimentares e preocupações ou tentativas suicidas. Estes pacientes apresentam alguns sintomas que podem remeter a outros como por exemplo, transtornos de ansiedade, personalidade, humor ou até mesmo esquizofrenia

Eva era uma mulher educada e bastante requintada, de 25 anos, casada e com um filho de 4 anos. Eva relatou aos médicos

Eva White Reservada, tímida, reprimida e compulsiva

Eva Black Extrovertida, irresponsável, superficial e histérica

Jane Madura, audaz, interessante e compassiva

um episódio perturbador: comprava uns vestidos extravagantes que não se permitir usar mas não se lembrava de o ter feito. Enquanto explicava isto, a sua atitude alterou-se. Pareceu confusa, por momentos e depois a expressão do seu rosto mudou. Era “Eva Black” personalidade muito diferente de “Eva White”, que não tinha consciência da existência de “Eva Black”, que, pelo contrário, estava completamente consciente da outra. Foi explorada a dinâmica da personalidade com o teste de Rorschach (no qual o sujeito explica como entende umas manchas de tinta). Julgou-se que transtorno de Eva era resultado de ter sofrido maus tratos na infância pelo que o tratamento se centrou no esforço para a fazer regressar à infância através da hipnose. Foi feita uma tentativa para ativar as duas personalidades ao mesmo tempo e Eva entrou em transe.

Era “Eva Black” personalidade muito diferente de “Eva White”, que não tinha consciência da existência de “Eva Black”, que, pelo contrário, estava completamente consciente da outra.

28


Despertou uma terceira pessoa, Jane, que combinava as faces positivas das duas Evas, sem as suas fraquezas. Jane tinha consciência das duas Evas, mas nenhuma tinha consciência de Jane. As duas Evas integram-se em Jane. A melhor abordagem de tratamento depende do indivíduo e do grau de severidade de seus sintomas. O tratamento geralmente inclui uma combinação dos seguintes métodos: na ajuda a educar a

família sobre o transtorno e suas causas, bem como a reconhecer os sintomas de uma recorrência e aprender a lidar melhor com a situação; hipnoterapia que é utilizada como relaxamento intenso, concentração e atenção focada para obter um estado alterado de consciência; musicoterapia que permite ao paciente explorar e expressar os seus pensamentos e sentimentos de forma criativa e segura. Para se perceber melhor este transtorno aconselhamos a visualização de um filme denominado “As Três Faces de Eva”.

Eva White é uma simples dona-de-casa, uma pessoa recatada, reservada e tímida que começa a sofrer de fortes dores de cabeça, desmaios frequentes e momentos de total esquecimento. É mandada ir a um psiquiatra que lhe faz um tratamento de Hipnose (tratamento à base da hipnotização), durante o qual descobre-se que quando sente essas sensações é porque uma outra personalidade assume seu lugar. Durante o mesmo tratamento descobre que tem ainda uma terceira personalidade. Como estas duas outras personalidades nada têm a ver com a Eva White, deu-se outro nome a cada uma delas para que se perceba quando ela “troca” de personalidade: Eva Black, jovem louca, irresponsável, superficial e histérica (tem consciência de Eva White mas não de Jane) e Jane, jovem agradável sem memória, madura, interessante e compassiva (tem consciência das outras duas Evas). O Drama da História é baseado na história real de Christine Sizemore, diagnosticada com um transtorno de múltiplas personalidades. Realizador: Nunnally Johnson

Inês Lopes Joana Teixeira Mafalda Brighton

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AS PERTURBAÇÕES FÓBICAS

Entende-­‐se por fobia um medo excessivo, irracional e persistente perante um objeto, atividade ou situação que dita um desejo imperioso de evitar aquilo que se receia.

Para ser clinicamente aceite, este medo deve ser reconhecido pelo próprio sujeito como desproporcionado e injustificado.

Esta síndrome é composta por três estádios: o medo central, a ansiedade antecipadora e o comportamento de evitação. Este primeiro é caracterizado por uma hiperatividade vegetativa no confronto com o objeto fóbico, a ansiedade antecipadora é o medo com o confronto com o objeto fóbico e, por fim, o comportamento de evitação é originado pela ansiedade antecipadora e condiciona a intensidade desta.

Para combater estas perturbações são utilizadas técnicas como a dessensibilização sistemática e a

exposição gradual ao estímulo temido, baseadas no princípio de que as respostas fóbicas são aprendidas/condicionadas e tem como objetivo a inversão do processo, o seu descondicionamento.

As perturbações fóbicas dividem-­‐se em três categorias: agorafobia, fobia social e fobia simples. A Agorafobia é um transtorno de ansiedade caracterizado por um intenso medo ou pavor de estar em locais onde fugir seria difícil ou embaraço. Está frequentemente ligada ao sofrimento e uma importante limitação: representa 60% de todos os estados fóbicos que exigem tratamento. Costuma começar na metade ou no final na terceira década da vida. Grande parte dos seus pacientes segue uma evolução crónica e incapacitante.

A fobia social é quando uma pessoa teme e evita as situações em que possa ver-­‐se exposta ao olhar dos outros. O medo de ser observado pelas pessoas, pode implicar, um medo de se tornar ridículo e de chamar á atenção, de fracassar na tarefa, de perder o controlo de si mesmo, de cair ou cambalear e de ser mostrar envergonhado. O tratamento desta fobia é através da terapia farmacológica, da terapia comportamentalista e de técnicas de grupo. A fobia simples é o medo irracional de um único objeto ou situação, pelo que tentam evita-­‐lo. Pode sentir-­‐se fobia perante determinados animais, perante as alturas, espaços fechados, etc. O tratamento desta fobia é a exposição mantida de forma sistemática e não existem medicamentos

de eficácia comprovada.


Os fóbicos têm medo que lhes aconteça algo, já os obsessivos receiam fundamentalmente prejudicar os outros. A medicação reduz as obsessões, os rituais e os sintomas depressivos, permitindo a instauração de uma terapia comportamentalista. As perturbações fobicas nunca chegam a desaparecer por completo, apenas podem ser atenuadas com o auxílio dos tratamentos.

Estas ideias indesejadas atormentam a consciência e produzem na pessoa uma angústia patológica.

As fobias mais estranhas

Estamos perante uma compulsão quando determinados comportamentos se executam contra o desejo do próprio individuo.

Sitofobia medo de comida

Afobia medo de nao ter fobias

Urofobia medo de urinar

sinistrofobia medo do lado esquerdo

A perturbação obsessiva-­‐ compulsiva é uma doença de curso crónico caracterizado pela presença de obsessões ed e compulsões, uma importante fonte de sofrimento que acarreta grave incapacidade pessoa e social.

Ambulofobia medo de andar

Barofobia medo da gravidade

Estima-­‐se que fatores hereditários também possam estar ligados, pois dados demonstram que os familiares de primeiro grau dos pacientes afetados têm uma incidência mais elevada da doença

Nostofobia medo de voltar para casa

Ablutofobia medo de tomar banho

As perturbações obsessivas-­‐compulsivas são pensamentos obcecados que não conseguimos afastar o evitar.

Beatriz Timóteo Marta Jorge Pedro Jesus


A esquizofrenia no filme “Uma mente brilhante”

A

esquizofrenia é um tema marcante que continua a despertar o interesse na sociedade científica. Esta doença psiquiátrica grave e debilitante apresenta um conjunto de sinais e sintomas característicos, associados a uma disfunção social, como delírios, alucinações, alterações do pensamento, alterações afetivas, diminuição da motivação, entre outros. Para uma melhor compreensão desta doença, baseámo-nos na visualização do filme “Uma Mente Brilhante”, dirigido por Ron Howard. Este retrata a vida de Josh Nash, um grande matemático americano que elaborou uma teoria revolucionária no campo da macroeconomia. No filme, este é caracterizado como sendo tímido e introvertido, com dificuldades de socialização, no entanto é extremamente inteligente, visto que está sempre à procura de uma ideia original e, por isso, o espectador não consegue identificar de imediato se o que a personagem vive é ou não real. Ao longo do filme, deparamo-nos com a presença dos sintomas desta doença nesta personagem. Os sintomas consistiam em alucinações visuais e auditivas como, por exemplo, quando Nash dizia ver e ouvir o amigo com quem supostamente teria partilhado o quarto durante os tempos da faculdade, quando mais tarde este passa também a ver a sobrinha do seu antigo colega ou quando este pensa ser chamado para trabalhar no serviço secreto americano para resolver códigos secretos. Contudo, só mais tarde, quando o médico fala com a sua esposa é que se descobre que o mundo em que Nash vivia não era real e que, na verdade, era apenas criado

pelo próprio revelando, assim, todos os sinais de que este era esquizofrénico.

A esquizofrenia resulta de uma interação entre fatores ambientais e genéticos. Esta tanto pode aparecer repentinamente com uma crise excessiva, como surgir lentamente sem apresentar mudanças invulgares e, após alguns anos manifestar-se através de uma crise característica, como foi o caso de Josh Nash. Após descobrir que era esquizofrénico, as crises e as alucinações de Nash continuaram, o que complicou a aceitação da sua doença. Só depois de ser submetido a vários tratamentos, é que os sintomas da doença foram atenuados. Porém, nunca desapareceram e, ao longo de toda a sua vida, Nash teve de aprender a controlar, aceitar e superar a doença, para conseguir ter uma vida normal e estável, acabando até por se tornar mais sociável. Este conseguiu então provar a sua Teoria do Equilíbrio e foi nomeado para o prémio Nobel de Economia pelo seu trabalho. Por fim, podemos concluir que, apesar da esquizofrenia causar um impacto social relativamente forte, a sua evolução pode ser controlada e evitada, principalmente através do apoio familiar e social, bem como através do tratamento e aceitação desta doença. Inês Oliveira; Ana Rita Cavaco

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PSICOSSEXUALIDADE A VIDA SEXUAL SEGUNDO FREUD

______________________________________ Complexo de Édipo Nesta fase o rapaz esta apaixonado pela mãe e, por ciúme, detesta o pai. Deseja tê-la só para si e contenta-se com a ausência do pai e amua quando o vê manifestar alguma ternura pela mãe. O rapaz não manifesta os mesmos sentimentos de ternura em relação ao pai. Preferia antes eliminá-lo, como e tratasse de um concorrente incómodo. Mas por vezes também conseguem manifestar ternura pelo mesmo, é o que Freud chama de ambivalência. Estas atitudes opostas entrariam em conflito na mente de um adulto, mas na criança conciliam-se. A atitude da rapariga, tendo em conta algumas alterações (afastase menos da mãe do que o rapaz do pai), é absolutamente idêntica. Para se tornar um adulto emocionalmente equilibrado, o rapaz e a rapariga devem identificar-se com o progenitor do mesmo sexo, interiorizando comportamentos e atitudes e aprendendo o papel típico do género (masculino ou feminino ) a que pertencem. Um complexo de Édipo mal resolvido é o núcleo das neuroses e também das perversões

Para entender a ideia fundamental de Freud temos que recordar o significado de função sexual, que não é “nem puramente psíquica, nem puramente física”, isto é, não se limita à atividade reprodutora, nem ao prazer dos órgãos genitais. Existem cinco estádios na sexualidade infantil, todos eles indispensáveis e marcantes para a vida social e sexual de um individuo. Desde o nascimento até ao fim da sua vida o ser humano aprende a desenvolver e a exprimir os seus impulsos sexuais de forma aceitável para a sociedade. O primeiro estádio, o estádio oral é determinado pelo prazer obtido no ato de sucção, em que as zonas erógenas são a boca, lábios e língua. Esta fase inicia-se no nascimento e acompanha o bebé até aos seus 12/18 meses. Segue se o estádio anal, no qual o prazer é conseguido através da estimulação do ânus e a retenção e expelição das fezes, acompanhando a criança desde os seus 12/18 meses até aos 3 anos. O estádio fálico apresenta-se em terceiro lugar, e os órgãos genitais tornam-se o centro da atividade erótica da criança. É também neste estádio que a fase afetiva é desenvolvida e a criança tem a sua primeira experiencia sentimental significativa (complexo de Édipo/Eletra). Em quarto lugar temos o estádio de latência em que não temos uma zona erógena pois as pulsões sexuais são sublimadas e convertidas em desejo de conhecimento, e de desenvolvimento intelectual, físico e social, demarcando a vida do individuo entre os 6 e os 11 anos. Por último temos o estádio genital, em que, mais uma vez, a zona erógena são os órgãos genitais. Neste estádio o individuo procura a satisfação do desejo sexual de forma aceitável para a sociedade e ter a capacidade de amar e cuidar de outrem. A partir de 1919, Freud começou a relacionar perversão e o complexo de Édipo, o que trouxe contribuições para os estudos lacanianos da perversão enquanto estrutura psíquica.

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O narcisismo A criança toma também o seu próprio “Eu” como objeto de amor. Freud denominou esta tendência de Narcisismo, que designa um deslocamento da libido para o próprio corpo, ao contrário da libido de objeto ou libido objetiva. Quando o narcisismo reaparece no adulto, trata-se de uma perversão. Para Freud, o narcisismo não nunca desaparece, permanece em segundo plano ou é recalcado. Segundo Freud, aquele que dorme reproduz o estado perfeitamente feliz de narcisismo. Freud estabelece uma relação entre a homossexualidade e o narcisismo, e o narcisismo e a paranoia. A mania da perseguição, onde na maior parte dos casos o perseguidor é do mesmo sexo que o perseguido, é, para o sujeito, uma maneira de se defender contra uma tendência homosexual demasiado forte. . As neuroses narcísicas são difíceis de curar pois, segundo o grau de narcisismo do “Eu” sobre si próprio, as condições indispensáveis para a cura (o diálogo e a transferência) são irrealizáveis. O estudo das neuroses vai influenciar decisivamente a vida sexual de uma criança. Freud assinala entretanto o erro da pedagogia, que acredita ser possível evitar as neuroses controlando e inibindo o desenvolvimento sexual da criança. A vigilância sexual da criança, a repressão das suas práticas de masturbação, por exemplo, produz o efeito contrário: favorece um recalcamento sexual excessivo e deixa a criança indefesa contra o regresso das pulsões na puberdade.

Na sua obra "Três ensaios sobre a teoria da sexualidade" Freud (1905) apresenta pela primeira vez o conceito de perversão. Concebe-a como a permanência na vida adulta de características perversopolimorfas, típicas da sexualidade pré-genital infantil, em detrimento da sexualidade genital por ele considerada normal. O que é uma perversão? Para Freud uma perversão é uma palavra que não implica a mínima reprovação moral, mas sim um desvio em relação à norma sexual, ou seja, um ato que substitua o coito heterossexual. Para o homem, a sexualidade do objeto amado não se limita às zonas genitais, mas estende-se por todo o corpo. Embora os perversos substituam a vagina pelo ânus, boca, mãos, não se limitam a partes corporais do companheiro. Por vezes podem ser substituídas por um objeto inanimado (sapatos, roupa interior, etc…), a isto chamamos fetichismo. Também muito falado na vida sexual do homem é a relação sadismo/masoquismo. O sadista sente prazer em magoar fisicamente o parceiro, e o masoquista sente prazer ao ser magoado. A mais importante das perversões está associada à homossexualidade. Esta condição forma-se a partir da primeira infância. No caso do sexo masculino, a criança sente uma forte atração pela figura materna, afastando-se dos elementos do sexo oposto que o podiam tornar infiel à mãe. A existência de perversões prova que a sexualidade ultrapassa largamente a função reprodutora e a maturidade sexual. Este campo engloba o período infantil que é o único que pode explicar tanto a perversão e a neurose como a vida sexual. Para Freud, a neurose seria o “negativo da perversão”. Sendo assim, o pai da Psicanálise apontava para o caráter selvagem, polimorfo e pulsional da sexualidade perversa.

André Vaz Beatriz Martins Joana Antunes Ruben Elias

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Interpretação dos sonhos

Interpretação dos sonhos antes de Freud

B

asicamente, podemos falar em dois tipos de interpretação antes da psicanálise: a interpretação por decifração e a interpretação simbólica. O primeiro tipo de interpretação é encontrado nos famosos dicionários de sonhos. Não há uma lógica que possa ser definida por trás dos significados de cada elemento. Bem, como era de esperar, este tipo de significação acabou por trazer para a

interpretação reputação.

dos

sonhos

uma

O segundo tipo, interpretação simbólica, pode ser encontrado em sonhos, mais proféticos, que indicam o desenrolar dos eventos futuros. Este tipo de interpretação dos sonhos, a interpretação simbólica, sempre foi muito admirada e louvada. O único problema é que seria necessário para que a interpretação se realizasse um sujeito especialmente capaz, intuitivo, místico ou espiritual. De outro modo, o sonho continua sem interpretação.

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A interpretação dos sonhos na perspetiva de Freud

Para Freud o sonho tem dois conteúdos: o conteúdo manifesto – o que o sonhador conta, a narrativa do sonho tal e qual o sonho é lembrado ao acordar ou nos dias seguintes; o conteúdo latente – que é o significado do sonho, depois de analisado. Para chegar ao conteúdo latente, o analista parte das associações individuais do sonhador de cada parte do que sonhou. Na interpretação dos sonhos, Freud introduz um elemento para a interpretação até então inédito, ou seja, ele é o primeiro autor a considerar um elemento a mais para fazer a análise da nossa vida dos sonhos. Além do conteúdo manifesto do sonho (a história dos sonho) Freud também leva em conta as associações do próprio sonhador.

Assim, cada elemento do sonhos deve ser separado dos demais e para cada elemento devemos procurar as associações individuais para as partes do sonho. Por isso, o que contamos ao acordar, o conteúdo manifesto, nunca vai trazer logo de início o significado subjacente do sonho. Existem sonhos que são claro e até fáceis de entender , mas a maior parte vai precisar das associações individuais para que se possa descobrir o significado real, por trás do conteúdo manifesto.

O dicionário dos sonhos, apesar de não ser um livro cientificamente comprovado, podemos retirar dele alguns exemplos que contêm significados como, por exemplo, as nuvens que simbolizam o passado, e será nesse passado (no nosso ou no de outra pessoa) que se vai encontrar a solução que de problemas que surgiram problemas incessantemente uns a seguir aos outros. A pessoa ficará surpreendida ao ver que a chave desses problemas se encontra num passado longínquo. São também vistas como um desejo de uma vida em que se possa dar provas de maior capacidade criadora (num plano intelectual ou artístico). É conveniente fazer esforços nesse sentido. Em pensamento, o irreal mistura-se com realidade nalgum ponto. Longe de ser desanimador este facto deve ajudar o sujeito a manter o equilíbrio. Nada deve fazer em contrário. Ariana Oliveira Patrícia Caldeirinha

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A importância do sono O sono tem uma grande importância para a nossa saúde física e mental. Durante o sono o nosso organismo realiza funções importantíssimas como o fortalecimento do sistema imunitário, secreção e libertação de hormonas (hormona do crescimento, insulina e outros), consolidação da memória, relaxamento e descanso da musculatura. Com a privação do sono o corpo não executa essas funções. O efeito de uma madrugada em claro é semelhante ao de uma embriaguez leve: a coordenação motora é prejudicada e a capacidade de raciocínio fica comprometida. Num estudo realizado pela Universidade de Chicago – EUA, a onze pessoas com idades compreendidas entre os 18 e os 27 anos foram impedidas de dormir mais de quatro horas durante seis dias. O efeito foi assustador. No final do período, o funcionamento do organismo delas era comparado ao de uma pessoa de 60 anos de idade. E os níveis de insulina eram semelhantes aos dos portadores de diabetes. Em pesquisas de laboratório, ratos usados como cobaias não aguentaram mais de dez dias sem dormir. A consequência: morte por infecção generalizada. Fases do sono:  Fase 1 - É a transição entre o estágio de vigília (acordado) e o sono. A melatonina é libertada, induzindo o sono (sonolência);  Fase 2 - Sono leve – Neste estágio, os ritmos cardíaco e respiratório diminuem, os músculos relaxam e a temperatura do corpo cai;  Fase 3 - Zona intermediária entre o sono leve e o profundo;

 Fase 4 - Sono profundo -É nesta fase que ocorre a libertação de hormonas responsáveis pelo crescimento, pelo controlo da fome e pela regulação imunológica;  Fase REM(Rapid Eye Movement) – É quando ocorrem os sonhos. Normalmente, este é o estágio mais profundo do sono. As frequências cardíaca e respiratória aumentam e acontece um relaxamento muscular quase total.

Ao começarmos a dormir passamos pelas quatro primeiras etapas de sono de ondas lentas, que vão aumentando de profundidade de fase para fase, até chegarmos à fase REM (a dos movimentos oculares rápidos). Durante a noite, num sono de sete, oito horas de duração, este ciclo repete-se de quatro a seis vezes. A fase REM é a mais reparadora, se formos privados desta fase de sono, de manhã teremos uma sensação de fraqueza, a capacidade de concentração diminuída, assim como a capacidade de trabalho comprometida. João estudante Catarina Conceição

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O

Inconsciente

“Sonhos é a via real para o conhecimento das atividades inconscientes.“ Sigmund Freud

Sigmund Freud (1856-1939) foi um psiquiatra austríaco que fundou a ciência da psicanálise. Desenvolveu técnicas psicanalíticas como a interpretação dos sonhos e a livre associação, técnica em que o paciente é induzido a falar sobre tudo que lhe vem à mente. O inconsciente é, para Freud, um «lugar psíquico» ou um sistema do nosso aparelho psíquico que contém pensamentos, desejos, sentimentos e impulsos que estão recalcados nas profundezas da nossa mente, aquém da consciência, e é o ponto nuclear da sua abordagem psicanalítica. Freud assumia que os conteúdos inconscientes, apenas se encontravam disponíveis para a consciência de forma disfarçada (através de sonhos e atos falhados, por exemplo). Neste sentido, desenvolveu uma abordagem terapêutica que tem por objetivo dar a conhecer às pessoas os seus próprios conflitos emocionais inconscientes. De acordo com Freud, os sonhos são "a estrada mestra para o inconsciente", a camada mais profunda da mente humana, um mundo íntimo que se oculta no interior de cada indivíduo, comandando o seu comportamento, as suas convicções conscientes e a sua interpretação; os sonhos são a via real que leva ao conhecimento das atividades inconscientes da mente.

e

os

Sonhos

Os sonhos são o ponto de articulação entre o normal e o patológico, são produções e comunicações da pessoa que sonha, e diferente do que muitos pensam, os sonhos não são absurdos, todos possuem sentidos, além de serem manifestações de desejos. E é através do relato feito pelo sonhador que tomamos conhecimento dos seus sonhos, ou seja, o que é interpretado não é o sonho, mas o seu relato. Para Freud a pessoa que sonha sabe o significado do seu sonho, apenas não sabe que sabe, e isso porque a censura o impede de saber. A interpretação é exatamente o caminho que nos leva do conteúdo manifesto dos sonhos, aquele que corresponde à narrativa do sonho tal e qual como este é lembrado pelo sujeito, aos pensamentos/ conteúdos latentes, também chamados de pensamentos ocultos, que correspondem ao verdadeiro significado do sonho, depois de analisado/ interpretado. Uma paciente relatou a Freud um sonho em que comprava, num grande armazém um magnífico chapéu muito caro e preto. A senhora era casada com um homem idoso e muito doente. E apaixonara-se por um homem jovem. A interpretação irá considerar cada um dos elementos do sonho como símbolos de desejos inconscientes, recalcados.

A psicanálise vai procurar exatamente a verdade do desejo, tendo como função fazer aparecer o desejo que o relato oculta devido à censura. Margarida Oliveira

Sara Antunes

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Medicina Psicossomática O que é? A medicina psicossomática preocupa-se com as relações recíprocas entre a mente e o corpo. O facto de as emoções que experimentamos diariamente provocarem mudanças passageiras no nosso organismo é um dado comprovado sobre o qual não restam dúvidas, provando-se assim que a mente, quando angustiada, faz sofrer o corpo correspondente e vice-versa.

Doenças Psicossomáticas O que são? As doenças psicossomáticas são doenças orgânicas de causa psicológica, uma vez que em situações de grande stress emocional o corpo reage “informando” que algo não está bem. Podem afetar vários órgãos tal como a pele (irritação, alergias), o estômago (má digestão, enjoos, vómitos, azia), o intestino (diarreia) e ainda a garganta (Irritação, tosse, dificuldade em respirar, dor e inflamação), o sistema imunológico (gripe, herpes) e a cabeça (dores, enxaqueca).

https://ninanininha.wordpress.com/2011/07/12/doencas-psicossom aticas/

Como se tratam? 1856-1939

Psicanálise

atualidade

Acupuntura

O diagnóstico dos pacientes histéricos de Freud levou-o a pensar que os sintomas psicossomáticos que apresentavam podiam ser explicados através de forças psíquicas. Achava, por isso, que as doenças psicossomáticas podiam ser tratadas com auxílio da psicanálise. Hoje sabe-se que as doenças psicossomáticas e a histeria nada têm em comum, uma vez que os sintomas histéricos dependem do sistema nervoso somático, enquanto que os sintomas psicossomáticos se encontram relacionados com a atividade do sistema nervoso autónomo. Atualmente a acupuntura é, entre outras, uma técnica muito usada no tratamento de doenças psicossomáticas. A acupuntura é uma medicina energética na qual a doença acontece quando existe um défice de energia em qualquer órgão. Esta técnica chinesa está interligada a todos os sentidos e sentimentos, órgãos e vísceras.

A acupuntura trata de 46 doenças em relação à medicina convencional, dito pela OMS. É uma técnica chinesa desenvolvida há mais de cinco mil anos que consiste no tratamento de doenças através das energias circulantes no corpo, pelo que o organismo equilibrado não adoece.


Esta técnica baseia-se na lei da dualidade (yin/yang) que consiste na representação de duas forças opostas e complementares e na lei dos cinco elementos que foi elaborada por filósofos chineses para explicar o comportamento da natureza e dos seres vivos. Na acupuntura a atitude psíquica não se separa da orgânica. Se ocorrer uma falha num órgão, haverá alterações no comportamento psíquico e vice-versa. Assim é possível entender a acupuntura como tratamento de doenças psicossomáticas por considerar a origem psíquica, emocional e afetiva das perturbações orgânicas e funcionais.

Os cães e os gatos também podem fazer tratamentos de acupuntura para melhorar a sua saúde emocional. Isto acontece devido à produção de substâncias como a serotonina e endorfina, que dão a sensação de conforto e relaxamento.

Ema Ramos

,

Marta Pires

Luís Alberto Ferreira Ramos, especialista em medicina tradicional chinesa, começou a exercer acupuntura no ano de 1984, tendo sido reconhecido como doutor pela Open International University For Complementary Medicine e pela Cambridge International University. Participou em várias conferências a nível internacional, sendo que o seu papel na ascensão da medicina alternativa foi bastante ativo durante os seus anos de carreira, especialmente em Portugal. Foi professor na Escola Superior de Biologia e Saúde. Anos mais tarde, abriu o seu consultório em Setúbal onde curou vários pacientes com grande sucesso, reformando-se no ano de 2014.

Numa entrevista ao Dr. Luís Ramos:

Porque escolheu esta área?

Fascinei-me por esta área em virtude dos resultados extraordinários que assisti com pacientes que se encontravam em sofrimento e, efetivamente, as enfermidades acabaram a ser curadas. ,

Como a descobriu? Foi um colega meu que me encaminhou esta área e, por sua vez, orientou-me de maneira a tirar o curso. Com uma certa análise da situação, vi realmente resultados extraordinários e tomei consciência de que era a aquilo que me queria dedicar. ,

Quais as doenças que mais tratou? Há dois tipo de patologias em que atuava mais: a área psicossomática que abrangia o sistema nervoso e problemas psíquicos (depressões, stress, doenças psíquicas, enxaquecas) e na área osteoarticular (artroses, artrites e do foro da coluna vertebral, tais como lombalgias, discopatias, hérnias discais, etc.). No entanto, houve inúmeras outras doenças, nomeadamente ao nível do coração, que tive o prazer de tratar no meu consultório, das quais obtive igualmente bons resultados.


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