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História da Arte IV- Gustav Klimt e Secessão Vienense
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Gustav Klimt e a Secessão Vienense Em Viena, no final do século XIX, fervilhavam as ideias de Freud (médico), Schönber (compositor), Musil (romancista), Loos (arquiteto), entre outros. Em meio a essa grande vitalidade intelectual, 19 artistas se rebelaram com a arte acadêmica, formaram um grupo chamado Secessão Vienense (maio de 1987) e construíram um espaço para suas próprias exposições, existente até os dias de hoje (destruído em parte, pelos nazistas, e totalmente reconstruído). Na porta de entrada do prédio (lindo, no estilo Art Nouveau) escreveram: “A cada era sua arte, a cada arte sua liberdade”
Os Secessionistas Eles não promoviam um estilo de arte específica, embora todos estivessem muito próximos da Art Nouveau*, o que eles pregavam mesmo era justamente a liberdade de expressão. O grupo era formado por pintores, arquitetos, designers. Na foto (1902), encontra-se Gustav Klimt (sentado na poltrona), o pintor mais expressivo, com os outros membros da Secessão.
* Estilo internacional de arte decorativa, mais popular no início do século XX. Flores, linhas curvas, arabescos eram explorados em cartazes, móveis, arquitetura, etc.
Gustav Klimt (1862-1918) nasceu nas imediações de Viena, seu pai era ourives e sua mãe queria ser cantora de operetas. Foi o artista mais expressivo deste período em Viena. Acredita-se que Klimt fora influenciado pela filosofia de Schopenhauer (1788 a 1860) e Nietzche (1844-1900), em relação a existência humana. Klimt era simbolista e dialogava com a arte japonesa e africana. Pintava a vida, a morte, a mulher (as ruivas, especialmente), o erotismo, a paixão e o amor. Provocava revolta na sociedade vienense conservadora, mas ao mesmo tempo era muito requisitado. Todas as mulheres da alta sociedade de Viena almejavam ter seus retratos pintados por ele.
A direita, Adele Bloch –1905. feito em óleo e ouro, durou 3 anos para ser pintada. Foi vendida por 135 milhões de dólares e está em NY (Neue Galerie).
Filosofia, Direito e Medicina (1900): obras que foram encomendadas pela Universidade e que causaram um escândalo por terem sido consideradas explicitamente sexuais. Foram pintadas para a sala de aula magna da Universidade de Viena
Hígia (detalhe, ao lado, da obra Medicina) representa a impotência da medicina face às forças do destino (o que causou indignação da sociedade positivista da época). Além disso, mais parece uma feiticeira que a famosa deusa da preservação da saúde. Hígia está dando de beber a serpente, que com o tempo tornou-se símbolo da medicina e farmácia.
Obras: O Beijo e Adão e Eva
As três idades da mulher. A mulher sempre foi o foco de klimt, que nunca se casou mas teve 14 filhos. A mulher ,no imaginário de Klimt, era dual: anjo/demônio,ingênua/ fatal.
Utilizava a simbologia. Dânae, mãe de Perseu, recebe uma visita inesperada de Zeus e engravida –o ato ficou simbolizado pela chuva de moedas de ouro entre suas pernas. As ruivas, influenciado pelo pré-rafaelitas, aparecem muito na obra de Klimt. Os cabelos vermelhos ganham o estatuto de sedução e feminilidade.
Friso de Beethoven (1902): obra realizada para a exposição em homenagem a Beethoven. Baseada na interpretação que Richard Wagner fez da 9ª Sinfonia. Em 3 painéis: o primeiro, representa a “aspiração à felicidade”; o segundo, “as forças inimigas”; e o terceiro, a alegria nobre centelha divina. Nesse último, a direita, o ser humano encontra o amor puro, simbolizado no beijo final.
A ornamentação foi o caminho escolhido por Klimt para criar uma atmosfera de sonho, onde as figuras não estão ligadas a nenhum determinado tempo ou local.
Gustav Klimt adorava plantas e flores (muito presentes nos seus quadros). Seu ateliê era no meio do mato e fazia questão que o seu jardim crescesse livremente, sem muita intervenção, para que pudesse admirar a natureza no seu estado mais primitivo.
Gustav Klimt e Emilie Flöge
Estas fotos são de Klimt e Emilie Floge, sua musa e companheira. Emilie foi uma estilista conhecida, também inovadora, criando túnicas que libertavam a mulher da tirania das roupas apertadas concebidas para valorizarem suas curvas (tal como fez Coco Chanel). Foi para Emile Flöge que Klimt declarou: “todo o ano, custe o que custar, em vez de me casar vou dar uma pintura para você”. Após sua morte (por AVC), foi Emile Flöge que herdou metade de seu patrimonio e manteve seu atelie, seus desenhos e suas pinturas intactas.
Comentários
Klimt, excelente desenhista, estudava minuciosamente suas telas antes de pintá-las. Combinava uma pintura detalhada e realista (o rosto das mulheres, o olhar) com algo mais inacabado e impressionista (o corpo, as vestes), que inclusive se misturava com o fundo do quadro. O colorido é intenso, harmonioso e algumas vezes deixava o desenho aparente e inacabado. Sua obra tinha força, fazia refletir, provocava, mas ao mesmo era delicada e suave. Contrastes sempre são fascinantes. É sempre interessante saber um pouco de como vivia e pensava o artista, assim podemos compreender melhor seu jeito de pintar e sua obra. Em suas telas (enormes), pintava a (e com) paixão e prende assim, até hoje, a atenção do observador.