TCC Mariana Batista - Casa de Cultura Capão Redondo

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CASA DE CULTURA CAPÃO REDONDO

Mariana Batista da Silva 2021



CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC SANTO AMARO BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

MARIANA BATISTA DA SILVA

CASA DE CULTURA CAPÃO REDONDO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

SÃO PAULO 2021



Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Senac Santo Amaro.

Orientador: Prof. Dr. Felipe de Souza Noto Coordenadora: Prof. Dra. Valéria Cássia dos Santos Fialho

SÃO PAULO 2021



“Quando você não democratiza a cultura e concentra as políticas culturais para apenas um setor da elite da sociedade, na prática, o que está dizendo é que não quer levar para o conjunto da sociedade, em especial para os trabalhadores, mecanismos de análise crítica da realidade”. (SAMPAIO, Américo. Rádio Brasil Atual. 2018)

SÃO PAULO 2021


_ RESUMO


O trabalho analisa a importância da cultura para o desenvolvimento local de um determinado lugar, levanta dados relacionados à falta de investimentos das autoridades públicas direcionadas a espaços e equipamentos de cultura e lazer em regiões periféricas, mostra a dificuldade de acesso e opções para os moradores dessas regiões, e faz um comparativo com as atividades culturais paulistanas como um todo. A partir disso, é feito um levantamento de dados que resulta na elaboração do projeto Casa de Cultura Capão Redondo – distrito localizado no extremo sul da cidade de São Paulo – levando em consideração suas necessidades Palavras-chave: Cultura. Espaços culturais. Equipamentos. Periferia.


_ ABSTRACT


The work analyzes the importance of culture for the local development of a given place, raises data related to the lack of investments by public authorities directed to spaces and equipment for culture and leisure in peripheral regions, shows the difficulty of access and options for the residents of these regions, and makes a comparison to cultural activities in São Paulo as a whole. Based on that, a data survey is carried out that proceeds in the elaboration of the Casa de Cultura Capão Redondo project - district located in the extreme south of the city of São Paulo taking into account your needs. Keywords: Culture. Cultural spaces Equipment. Periphery.


_ LISTA DE FIGURAS


Figura 01 – Mapa dos espaços culturais em São Paulo......................20

Figura 16 – Fotos do terreno.........................................................................39

Figura 02 – Gráfico de frequência em atividades culturais...............21

Figura 17– Mapa zoneamento do terreno................................................40

Figura 03 – Gráfico de fatores determinantes........................................22

Figura 18 – Quadro 3 da Prefeitura de São Paulo ..............................40

Figura 04 – Localização do distrito em São Paulo................................23

Figura 19 – Quadro 3A da Prefeitura de São Paulo.............................40

Figura 05 – Mapa de uso e ocupação do solo........................................25

Figura 20 – Corte geral do entorno............................................................41

Figura 06 – Mapa de mobilidade e transporte ......................................26

Figura 21 – Modelagem 3D do entorno em planta.............................42

Figura 07 – Fábrica de Cultura Capão Redondo....................................28

Figura 22 – Vista modelagem 3D do entorno........................................43

Figura 08– Localização Fábrica de Cultura Capão Redondo.............29

Figura 23 – Atividades dos coletivos culturais.......................................44

Figura 09 – Centro Cultural El Tranque.....................................................32

Figura 24 – Tabela das atividades no Capão Redondo ......................45

Figura 10 – Plantas do Centro Cultural El Tranque..............................33

Figura 25 – Tabela programa de necessidades .....................................46

Figura 11 – Edifício Projeto Viver..................................................................34

Figura 26 – Tabelas de agrupamentos.......................................................47

Figura 12 – Perspectiva isométrica do Edifício Projeto Viver............35

Figura 27 – Setorização volumétrica ........................................................48

Figura 13 – Definição da localização do projeto ..................................38

Figura 28 – Tabela da metragem quadrada do projeto.......................49

Figura 14 – Hipóteses de terreno ...............................................................38

Figura 29 – Tabela comparativa de parâmetros do zoneamento...49

Figura 15 – Localização do terreno.............................................................39


_ SUMÁRIO


_ INTRODUÇÃO _ 16

_ A CASA DE CULTURA _ 50 Situação

Segundo pavimento

Implantação

Cobertura

Térreo

Subsolo

Primeiro pavimento

Estrutura

Levantamento de dados

Corte A

Corte D

Atividades culturais no distrito

Corte B

Corte E

_ DIAGNÓSTICO _ 18 Panorama dos espaços culturais em São Paulo Situação cultural nas periferias

Corte C

_ ESTUDOS DE CASO _ 30 Centro Cultural El Tranque

_ MAQUETE ELETRÔNICA _ 66

Edifício Projeto Viver

_ REFERÊNCIAS _ 82 _ O PROJETO _ 36 Terreno Topografia

Programa de necessidades Setorização


_ INTRODUÇÃO


A cultura é um conceito difícil de se explicar. Por ter

seus moradores possam desenvolver o seu próprio modo de expressão

significações variadas, a sua definição vai depender da forma como

artística e cultural; incentivar a participação da comunidade e dar

cada indivíduo a concebe. No entanto, isso não anula a sua

suporte para as necessidades das atividades já existentes na região.

importância para a sociedade, pois é a partir dela que se pode promover transformações sociais em uma comunidade.

Para isso, foi desenvolvido um projeto de uma casa de cultura em umas das regiões periféricas da cidade de São Paulo, o Capão

“(...) todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte,

Redondo. O processo do projeto foi divido por etapas: a princípio foram

moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos

realizadas pesquisas referentes à espaços culturais dentro da cidade

adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade.”

de São Paulo, apontando a grande desigualdade de distribuição de

(TYLOR, E. Primitive Culture. 1871).

O Brasil é um país eclético, de cultura vasta e crenças religiosas sincréticas, pelo fato de sua formação étnica ter surgido a

partir da miscigenação de muitos outros povos. Porém, essa origem diversificada resulta, muitas vezes, um entendimento preconceituoso da produção cultural periférica, filtrado pela lente do elitismo cultural e pelo racismo. A desigualdade é uma característica marcante de nosso país, e é

evidente a supremacia de uma classe social nos processos de divisão dentro da cidade, como o trabalho e renda, e fatores como o acesso à saúde, educação, saneamento, segurança e cultura. Levando em consideração a grande desigualdade, e sabendo que a identidade cultural constrói a consciência de uma comunidade, o objetivo do trabalho é buscar a democratização da cultura, aumentando o seu acesso na periferia, possibilitando que

equipamentos para cada região da cidade. Na segunda etapa, a partir da análise e identificação das regiões da cidade que mais carecem de suporte para a prática cultural, foi feita a escolha do distrito do projeto. Na terceira etapa foram levantados os dados sobre o distrito, onde acontece o entendimento da região em diversos setores e são estabelecidas algumas diretrizes para escolha do terreno. A quarta etapa acontece a escolha do terreno e seu estudo aprofundado, é possível identificar seus dados, suas características, inserção no bairro e a relação com o entorno próximo. Por fim, a quinta e última etapa se trata da consolidação desses materiais com o desenvolvimento das primeiras aproximações de projeto para a casa de cultura, partindo do planejamento do programa

de necessidades e estudos de volumetrias, por meio de representações gráficas, como desenhos e modelagem 3D.


_ DIAGNÓSTICO



_

PANORAMA DOS ESPAÇOS CULTUAIS EM SÃO PAULO São Paulo é uma cidade com muitas opções para atividades

culturais. A vida cultural está muito presente no dia a dia de –

Para realização do levantamento foram considerados cinco tipos de equipamentos culturais, entre públicos e privados, classificados como: •

quase – todo o público, com uma grande diversidade de seguimentos como teatros, museus, cinemas, casas de espetáculos

mantida pelos poderes públicos, de porte maior;

e centros culturais.

Casas de cultura: centro cultural de pequeno porte, situado em regiões periféricas para os moradores das comunidades,

A SPTuris, empresa municipal de turismo e eventos, realizou

voltadas para a divulgação de uma modalidade específica,

em 2015 por meio do seu núcleo de estudos e pesquisas, um levantamento sobre a quantidade de espaços culturais disponíveis

Centros culturais: habitualmente ligados a uma instituição

normalmente administrado pela Subprefeitura da região; •

na cidade.

Fábricas e oficinas de cultura: programas da Secretaria de

Estado da Cultura que tem como objetivo ampliar o Figura 01 – Mapa dos espaços culturais em São Paulo.

conhecimento cultural do jovem, por meio da interação com a sua própria comunidade e da participação em oficinas e atividades artísticas; •

Sesc

(Serviço

Social

do

Comércio):

compromisso

de

empresários em colaborar com o cenário social, por meio de ações que proporcionassem melhores condições de vida a seus empregados e familiares, e o desenvolvimento das comunidades onde vivem. O resultado dessa pesquisa mostra que as zonas norte,

leste e sul são as que possuem menos espaços culturais, sendo 54 Fonte: Observatório de Turismo e Eventos http://www.observatoriodoturismo.com.br/pdf/infografico_centrosculturais.pdf

no total, e as zonas oeste e central são as que mais concentram


concentram esse tipo de espaço, com 61. Isso nos faz entender

anos ou mais não frequentou nenhuma atividade cultural em 2017,

que, mesmo com diversas opções e sendo bem reconhecida por

sendo que 36% dos que não vão a nenhum ambiente cultural,

suas atividades culturais, a cidade de São Paulo sofre um grande

recebe até dois salários mínimos. Figura 02 – Gráfico de frequência em atividades culturais.

déficit na distribuição equilibrada desses espaços.

_ SITUAÇÃO CULTURAL NAS PERIFERIAS Um relatório do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – mostrou as desigualdades de acesso à cultura no país, e apontou que não é oferecido amplo acesso na área da cultura para toda sua população. De acordo com a Rede Nossa São Paulo, esse é o setor mais prejudicado pela falta de investimentos públicos,

sendo

que

estes

baixos

recursos

são

alocados

principalmente em regiões centrais. A pesquisa da Rede Nossa São Paulo – 2019 – também aponta que mesmo a média de equipamentos públicos de cultura na cidade sendo de 2,09, São Paulo possui 18 distritos que não têm nenhum tipo de equipamento, seja municipal ou estadual; 70

Fonte: Ibope https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/24-dos-paulistanos-nao-frequentanenhuma-atividade-cultural-na-cidade-aponta-pesquisa.ghtml

que não têm nenhum centro cultural, casa ou espaço de cultura;

Os índices significativos de pessoas que não têm acesso a

81 não têm museu; 73 não têm salas de show e concertos; 53

práticas culturais (24%) são essencialmente pela desigualdade de

não têm cinemas; e 58 não têm teatros.

renda, que além de impossibilitar que paguem por um ingresso,

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Ibope Inteligência em 2018, cerca de um quarto dos paulistanos de 16

muitas

vezes

moram

impossibilitando o acesso.

distantes,

o

que

dificulta

ou

até


Figura 03 – Gráfico de fatores determinantes

_

LEVANTAMENTO DE DADOS O Capão Redondo é um distrito pertencente à subprefeitura

do Campo Limpo, no extremo sul do município de São Paulo – umas das regiões com menos equipamentos culturais presentes, como citado anteriormente –, localizado a cerca de 16km do marco zero da cidade e considerado uma região periférica. Em sua

área de 13,6 km² com 62 bairros, ele abriga uma população de Fonte: Ibope https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/24-dos-paulistanos-nao-frequentanenhuma-atividade-cultural-na-cidade-aponta-pesquisa.ghtml

275.230

habitantes,

que

possui

uma

renda

média

de

R$ 1.400,00.

De acordo com o IBGE, 44% dos pretos e pardos vivem em

De acordo com a Infocidade, entre Campo Limpo e Vila

cidades sem cinemas, contra 34% da população branca; 37%, em

Andrade – os três distritos pertencentes à subprefeitura do Campo

cidades sem museus, contra 25% dos brancos; e que predominam

Limpo – o distrito do Capão Redondo é o que mais possui

mulheres brancas mais velhas entre os que frequentam todas, já

habitantes

entre os que não vão à nenhuma, o perfil é de mulheres mais

19.759 hab/km².

velhas negras ou pardas. As variáveis que diferenciam o perfil daqueles que frequentam todos e nenhuma das atividades avaliadas são a escolaridade, classe social, raça e renda. Isso nos mostra quem são os maiores prejudicados com isso: a população de baixa renda,

população jovem, pessoas negras e moradores de locais periféricos menos privilegiados.

e

maior

densidade

demográfica,

sendo

ela

de

Isso se dá pelo fato de que durante o período dos anos 60 e 70, o Capão passou por um grande aumento populacional. A

classe menos favorecida, que sofria com a queda do poder aquisitivo e os baixos salários, não teve outra opção a não ser ir para a periferia, onde os terrenos eram mais baratos e às vezes até de graça, assim formando as diversas favelas e vilas, que se transformaram mais tarde em bairros.


Figura 04 – Localização do distrito em São Paulo

Fonte: Geosampa

O livro “São Paulo: 450 Bairros, 450 Anos” (2004), mostra

Essa imagem é causada pelo descontrole da ocupação urbana e

que o distrito possui um número respeitável de favelas e vilas – já

habitacional que se instalou na cidade de São Paulo por volta da

consideradas bairros –, sendo um total de 58 delas.

década dos anos 50, e se reproduz até os dias atuais.


Para um primeiro entendimento das áreas do distrito do

• ZM (Zonas Mistas): porções do território, localizadas na

Capão Redondo, foi realizada uma análise de uso e ocupação de

Macrozona de Estruturação e Qualificação Urbana, em que se

todo território.

pretende promover usos residenciais e não residenciais, com

Como mostra o mapa a seguir, as zonas predominantes do

predominância do uso residencial, com densidades construtiva e

distrito são:

demográfica baixas e médias, com o objetivo de viabilizar a

• ZEU (Zonas Eixo de Estruturação da Transformação Urbana):

diversificação de usos;

usos

• ZC (Zonas de Centralidades): porções do território localizadas

residenciais e não residenciais com densidades demográfica e

fora dos eixos de estruturação da transformação urbana

construtiva altas, e promover a qualificação paisagística e dos

destinadas à promoção de atividades típicas de áreas centrais, de

espaços públicos de modo articulado ao sistema de transporte

subcentros regionais ou de bairros, em que se pretende promover

público coletivo;

majoritariamente os usos não residenciais, com densidades

porções

do

território

em

que

pretende

promover

• ZEIS – 1 (Zonas Especiais de Interesse Social): porções do território destinadas, prioritariamente, à recuperação urbanística, à regularização fundiária e produção de HIS – Habitações de Interesse

Social

–,

incluindo

a

recuperação

de

construtiva e demográfica médias e promover a qualificação paisagística e dos espaços públicos. É possível notar no mapa que a área onde está inserida a

imóveis

Estação Capão Redondo da Linhas Lilás do Metrô, se consolidou

degradados, a provisão de equipamentos sociais e culturais,

uma centralidade com uso bastante heterogêneo. A população que

espaços públicos, serviço e comércio de caráter local. Dentre as

reside nessa área tem um padrão de renda maior se comparado com

4 ZEIS existentes, a ZEIS – 1 é composta por favelas,

o restante do distrito, isso acontece pelo fato de essa região ser a

loteamentos irregulares e HIS, nos quais podem ser feitas

mais atendida em termos de transporte e, consequentemente, tendo

intervenções de recuperação urbanística, regularização fundiária,

acesso mais fácil às áreas centrais, com isso, terá maiores

produção e manutenção;

infraestruturas e equipamentos que valorizam e atraem uma rede


de comércio e serviços, e empreendimentos residenciais para

Quanto mais afastado da estação do metrô e mais próximo das

apenas a classe média.

divisas do distrito, é possível identificar a presença de uma

Ao se afastar dessa área, podemos observar a mudança

gradual do cenário, obtendo um padrão residencial horizontal de

população mais carente, que moram em favelas e habitações

informais.

baixo padrão e habitações unifamiliares. Figura 05 – Mapa de uso e ocupação do solo

LEGENDA

ZEU ZEIS-1 ZM ZC METRÔ LIMITE DO DISTRITO

Fonte: Geosampa


No levantamento de dados sobre mobilidade e transporte, é

Estrada de Itapecerica na região da estação do metrô, elas fazem a

possível identificar a última estação da Linha Lilás, a Estação Capão

distribuição do trânsito para bairros mais afastados pelas vias

Redondo, o Terminal EMTU - que faz integração com a estação do

coletoras e dão acesso às áreas centrais da cidade. São elas:

metrô -, o Terminal Urbano Capelinha, o e Santo Amaro como a

Avenida Comendador Sant'Anna, Avenida Ellis Maas, Avenida Carlos

estação da CPTM mais próxima.

Lacerda, Avenida Carlos Caldeira Filho e Estrada de Itapecerica.

De acordo com o Geosampa, existem cinco vias principais – arteriais – que passam pela extensão do distrito e se unem na Figura 06 – Mapa de mobilidade e transporte.

LEGENDA METRÔ CPTM TERMINAL URBANO TERMINAL EMTU

CORREDOR VIAS ARTERIAIS

Fonte: Geosampa


Porém, essas poucas estruturas de mobilidade presentes, por

produção artístico-cultural local.

estarem concentradas apenas na ponta norte do Capão, não

No ano de 1990 o movimento hip-hop/rap influenciou toda

conseguem atender às demandas dos moradores, principalmente

uma geração, principalmente de jovens moradores das regiões

dos bairros restritos no extremo.

periféricas, e contribuiu para o surgimento de uma intensa

O único corredor de ônibus presente, que vem da Estrada

produção cultural até os dias de hoje. Essas expressões culturais

de Itapecerica, não dá continuidade distrito adentro, tendo seu

produzidas, endossam representações artísticas sobre a realidade

término na estação do metrô.

que a população enfrenta no seu dia a dia, compondo um conjunto

Essa questão do difícil deslocamento, não acontece somente para

de ações como saraus, literatura, produções audiovisual, músicas,

trajetos com destinos centrais na cidade, mas também dentro do

grafites, danças, cortejos e batucadas, e têm se caracterizado

próprio distrito, de bairro para bairro.

como um movimento político muito forte, com o objetivo de

_

denunciar e combater a desigualdade urbana e ressignificar a

ATIVIDADES CULTURAIS NO DISTRITO O Capão Redondo é reconhecido, há muito tempo, como

imagem da comunidade, dando visibilidade às suas lideranças para mostrarem o que mais acontece naqueles locais.

um dos lugares mais perigosos na cidade; a concepção de muitos

No Capão Redondo, nasceu no final dos anos 80 um dos

sobre o distrito ainda remete questões da criminalidade e violência,

maiores grupos de referência do rap nacional: o Racionais Mc's.

isso porque, a cidade de São Paulo deixa de contar com a inclusão

Com um discurso que apontava questões sociais, raciais, políticas,

da periferia no seu desenvolvimento socioeconômico. A falta de

violência policial e o sistema capitalista, o grupo conseguiu dar voz

suportes educacionais e culturais para a população de baixa renda

a uma classe que nunca foi ouvida, e se tornou uma referência

que reside em regiões periféricas, está diretamente relacionado a

para diversas pessoas – principalmente jovens negros – que

esses altos índices indicadores. Mas isso não significa que não há

consumiam suas letras. Racionais Mc's transformou algo que era

interesse pela parte dos moradores. Nas duas últimas décadas,

motivo de vergonha e omissão, em sentimento de orgulho e

outro aspecto vem trazendo novas concepções para as periferias: a

autoestima, levando aos moradores do distrito a vontade de lutar


artisticamente contra a realidade.

e criação, artesanato afro brasileiro, pintura, desenho, escultura,

Desde então o Capão Redondo se tornou um grande polo

xilografia e estêncil e a moda pelo olhar LGBTQI+; tecnologia:

de interesse do movimento artístico cultural, que ultrapassa as

técnico de streaming, marketing digital estratégico, fotografia,

barreias da região. Após pesquisas, é possível citar alguns coletivos

criação e publicação de podcast, cinema e vídeo popular; circo:

culturais presentes no distrito que disponibilizam, de forma

equilibrismo, malabares e palhaço.

autônoma, atividades de lazer e educação para a comunidade:

Figura 07 – Fábrica de Cultura Capão Redondo.

Slam Capão, Sarau do Capão, Sarau do Binho, Sarau na Varanda, Cooperifa, Ateliê Vivo Capão, Associação Capão Cidadão, Instituto Projeto Sonhar, Instituto 1 da Sul, Perifacon, Capãonu. Na maioria das vezes, os encontros dos coletivos acontecem

em espaços públicos como praças, ruas e bares, em lugares improvisados pelos próprios usuários ou no único espaço cultural disponibilizado pelo governo, a Fábrica de Cultura Capão Redondo. A Fábrica possui um ateliê de criação que oferece atividades de iniciação artística de longa duração destinados às crianças e

jovens entre 8 e 21 anos, e são ministradas por educadores ou artistas experientes. São elas: teatro; música: violão, cavaquinho, baixo, ukulelê, guitarra, produção musical: criação de beats, percussão: construção de instrumentos, composição e diversos ritmos e canto; dança

brasileiras, afro brasileiras, contemporânea, urbanas e balé; literatura/sarau: escrituras negras; artes visuais - costura, moda

Fonte: Fábricas de Cultura http://www.fabricasdecultura.org.br/fabrica/capao-redondo


Como podemos observar no mapa, a Fábrica de Cultura

Campo Limpo – ao norte do Capão Redondo– que possui uma

Capão Redondo fica localizada quase no centro do distrito, no Jardim

população de 216.098 habitantes em seus 12,8 km² e fornece

São Bento, com 3,3km de distância do Metrô Capão Redondo – a

cinco espaços culturais, sendo eles: um SESC, um espaço cultural,

cerca de 43 minutos a pé, além disso, o equipamento é o único para

uma casa de cultura municipal e duas bibliotecas públicas.

toda a população, o que o torna incapaz de suprir às altas demandas

Comparado ao Capão Redondo, que possui 275.230 habitantes,

do público.

13,6 km² e apenas um equipamento, a Fábrica de Cultura Capão

Para melhor entendimento do desequilíbrio entre espaços

Redondo.

culturais e demanda da população, temos como exemplo o distrito do Figura 08 – Localização Fábrica de Cultura Capão Redondo.

LEGENDA METRÔ FÁBRICA DE CULTURA CAPÃO REDONDO

Fonte: Geosampa


_ ESTUDOS DE CASO



Figura 09 – Centro Cultural El Tranque.

Para escolha dos seguintes estudos de caso, foram considerados os critérios: •

Programa;

Escala;

Interação com a região;

Necessidades do espaço no bairro. Ambos possuem programas pensados nas necessidades do

local, de acordo com as atividades mais frequentes nos bairros próximos; a escala busca atender a demanda de cada público, mas, independente dela, os edifícios proporcionam aos visitantes a interação com os espaços, especialmente em seus térreos livres. Os dois projetos também foram criados a partir da falta de espaços culturais em bairros carentes localizados em periferias.

_

CENTRO CULTURAL EL TRANQUE Localizado em Santiago do Chile, aos pés da Cordilheira dos

Andes de Lo Barnechea, em uma zona residencial em crescimento que até então possuia pouco equipamento e comércio, o projeto é do ano de 2015 feito pelo escritório BiS Arquitectos. Fonte: Archdaily https://www.archdaily.com.br/br/887710/centro-cultural-el-tranque-bisarquitectos


No terreno de 3.600m² de uma comunidade, o edifício de 1.458m² foi construído como parte do programa estatal de Centros Culturais e Infraestrutura para as comunidades do Chile que, possuindo mais de 50.000 habitantes, não possuem infraestrutura pública deste tipo. Figura 10 – Plantas do Centro Cultural El Tranque.

LEGENDA 1º PAVIMENTO 6 – ARTES CÊNICAS

9- MÚSICA

7- ARTES PLÁSTICAS

10- ADMINISTRAÇÃO

8 - CULINÁRIA

Foi criado um vazio de caráter público para integração do

centro do edifício e os visitantes, cercado por dois volumes opostos LEGENDA TÉRREO 1 – ADMINISTRAÇÃO

4- CAFÉ

2- AUDITÓRIO

5 - PRAÇA

3 - EXPOSIÇÕES

que formam o edifício: o primeiro no térreo com programa mais público – auditório, sala de exposições, cafeteria; e o segundo no primeiro pavimento, suspenso por pilares, com as áreas de formação – oficinas de artes musicais, plásticas, cênicas, culinárias

Fonte: Archdaily https://www.archdaily.com.br/br/887710/centro-cultural-el-tranque-bis-arquitectos


_

EDIFÍCIO PROJETO VIVER Localizado em São Paulo, o projeto é do escritório FGMF

Arquitetos e foi realizado no ano de 2006. Em um terreno de 1.500m², com área construída de 1.000m², o edifício hospeda diversas atividades da Associação Viver em Família – uma ONG assistencial que promove o reforço escolar para jovens, atuando no desenvolvimento humano. Figura 11 – Edifício Projeto Viver.

O programa foi dividido em dois blocos: um próximo ao limite do terreno e o outro suspenso no sentido transversal, Fonte: Galeria da Arquitetura https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/fgmfarquitetos_/edificiosede-do-projeto-viver/1206

dividindo a praça pública da quadra poliesportiva. O bloco suspenso possibilitou a criação de um pátio coberto que abriga atividades e faz a transição entre a quadra e o restante da praça.


Figura 12 – Perspectiva isométrica do Edifício Projeto Viver

Fonte: Galeria da Arquitetura https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/fgmf-arquitetos_/edificiosede-do-projeto-viver/1206

No térreo do edifício principal está implantada a

produtos, assim sendo possível gerar renda para o edifício.

recepção, casa do zelador e oficina interdisciplinar que se abrem para

No bloco elevado estão as salas de capacitação profissional,

o espaço público através de uma grande porta basculante.

Já no

biblioteca e sala de informática, além de sanitários e depósito. No

andar superior ficam a sala de espera, salas de atendimento médico,

subsolo estão os vestiários que atendem a quadra, e também aos

odontológico, psicológico e jurídico, e uma cozinha experimental para

banhos coletivos organizados pela associação de moradores. A porção

treinamento aberta para a rua, com espaço para a venda de

deste volume que nasce do piso, serve de palco para festividades.


_ O PROJETO



Figura 13 – Definição da localização do projeto

A partir dos estudos de todas as informações coletadas e da escolha do distrito do Capão Redondo como sede do projeto, foi possível iniciar o desenvolvimento da Casa de Cultura Capão Redondo, com a escolha do terreno, levantamento legislativo, análise topográfica, definição do programa de necessidades e

setorização volumétrica

_

TERRENO Fonte: Geosampa

A busca pelo terreno foi guiada por algumas diretrizes que

Foram pré-selecionados oito possíveis terrenos que estão

pudessem se encaixar melhor ao que os estudos mostravam. Então,

presentes nessa área de 500m, cada um deles com suas

para a sua escolha, foi considerado o fácil acesso para os

características físicas, prós e contras:

moradores de todos os bairros do distrito e visitantes, ficando entendido que o local precisaria estar próximo ao metrô, corredores e pontos de ônibus. Um

outro

aspecto

interessante

Figura 14 – Hipóteses de terreno.

LEGENDA PRÉ-SELEÇÕES

seria

estar

próximo

ao

ESCOLHIDO

comércio – o que daria um suporte maior ao projeto. Sendo assim, a melhor região que atende a esses requisitos, seria o norte do distrito do Capão Redondo. Como podemos observar no mapa a seguir, foi determinada uma área de 500m de distância da Estação Capão Redondo. Nessa área foram analisados os terrenos de melhor acesso, visibilidade e, incialmente, priorizados os que fossem vazios e/ou sem uso.

Fonte: Geosampa


O terreno escolhido fica localizado na esquina da Estrada

de Itapecerica, n° 4.015, com a Rua Paulino Vital de Morais. Têm distância de 220m da estação do metrô Capão Redondo – cerca de 3 minutos a pé – e possui uma área de 2.260m². Figura 15 – Localização do terreno

Ele foi escolhido, primeiramente, por cumprir os requisitos definidos anteriormente, por estar em uma das avenidas principais do distrito, o que faz com que esteja em um bom eixo de acesso e

visibilidade, e por estar de esquina com uma rua onde acontece feiras livres em um determinado dia da semana. Essa presença da feira livre é muito importante para a região de diversas formas – economicamente e socialmente –, e fez com que surgisse a oportunidade de criar, posteriormente, uma integração com o térreo do projeto. Figura 16 – Fotos do terreno.

Fonte: Google Earth

LEGENDA TERRENO

FEIRA LIVRE

ESTRADA DE ITAPECERICA

METRÔ

AV. CARLOS CALDEIRA FILHO

PONTOS DE ÔNIBUS

AV. ELLIS MAAS

TERMINAL EMTU

Fonte: Google Maps


Como vimos no levantamento de dados sobre uso e

De acordo com o Quadro 3 da Prefeitura de São Paulo,

ocupação do solo do distrito, que foi feito no início das pesquisas

essa é uma zona que permite um coeficiente de aproveitamento

(figura 05), essa região onde o terreno está situado é classificada

máximo de 4, taxa de ocupação máxima de 0,7 para lotes iguais

como ZEU.

ou maiores a 500m², e recuos mínimos de 5 metros na frente e 3 Figura 17 – Mapa zoneamento do terreno.

metros nos fundos e laterais para edificações com altura superior a 10 metros. Figura 18 – Quadro 3 da Prefeitura de São Paulo.

Fonte: Prefeitura de São Paulo https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/wpcontent/uploads/2016/03/005-QUADRO_3_FINAL.pdf

Também de acordo com a Prefeitura de São Paulo, foi possível identificar a taxa de permeabilidade dessa área, sendo ela de 0,15 para regiões onde se encontram no PA 9 – perímetro de qualificação ambiental 9 –, que é o caso do terreno escolhido. Figura 19 – Quadro 3A da Prefeitura de São Paulo. Fonte: Geosampa

LEGENDA

ZEU

TERRENO

ZEIS – 1

METRÔ

TERMINAL EMTU Fonte: Prefeitura de São Paulo https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/wpcontent/uploads/2016/03/006-QUADRO_3A_FINAL.pdf


_

TOPOGRAFIA

Para melhor entendimento do terreno, sua topografia e

Podemos observar a relação do terreno com os pontos de ônibus,

relação com o entorno, foi feito um corte longitudinal onde é possível

principalmente da Estrada de Itapecerica, e a boa visibilidade da

observar duas das avenidas principais – Estrada de Itapecerica e

Estação Capão Redondo. Isso acontece principalmente pelo fato da

Avenida Carlos Caldeira Filho -, a Estação Capão Redondo e o

topografia ser pouco íngreme em toda extensão do entorno; e como

Terminal EMTU, que faz integração com o metrô.

consequência, a topografia do terreno escolhido também. Figura 20 – Corte geral do entorno

TERRENO

ESTAÇÃO DO METRÔ

ESTRADA DE ITAPECERICA TERMINAL EMTU

760 756

AV. CARLOS CALDEIRA FILHO 755 751


Figura 21 – Modelagem 3D do entorno em planta

TERRENO

FEIRA LIVRE

METRÔ

TERMINAL EMTU


Na modelagem 3D do entorno, é notório a predominância de

perímetro, como citado anteriormente, o local é composto

um gabarito baixo, com média de 3 pavimentos, e a presença de

majoritariamente por comércios e serviços, e residências para a

algumas torres residenciais com mais de 8 pavimentos espalhadas

classe média.

pelas quadras.

Na imagem abaixo é perceptível a relação do terreno com a estação

Essa característica é resultante do uso e ocupação do solo desse

do metrô e com a rua onde acontece a feira livre.

Figura 22 – Vista modelagem 3D do entorno.

TERRENO


_

PROGRAMA DE NECESSIDADES Para dar início ao programa de necessidades da Casa de

expressarem ou se manifestarem artisticamente (dança, poesia,

Cultura Capão Redondo, foi levado em consideração as atividades

leitura de livros, música acústica, pintura, teatro e comidas típicas);

culturais mais praticadas no distrito. Essas atividades foram definidas

grafite; música; dança; fotografia; produção audiovisual; moda;

com base nos coletivos culturais citados anteriormente, e com

teatro.

referência à Fábrica de Cultura Capão Redondo. São elas: slam competição de poesia falada; sarau - encontros para pessoas se Figura 23 – Atividades dos coletivos culturais.

Fonte: Composição autoral. (links nas referências).


Também foi levado em consideração uma pesquisa que mostra quais espaços culturais o distrito possui ou não, e qual distância eles teriam da Estação Capão Redondo. Ela foi baseada

• Sala multiuso: reuniões, eventos, encontros e estudo em grupos ou individual; • Sala de exposições: exposições de obras de fotografias, vídeos,

no gráfico de frequência em atividades culturais (figura 02),

projeções,

adaptada às atividades culturais do distrito e representada por

prioritariamente dos artistas locais;

meio de uma tabela: Figura 24 – Tabela das atividades no Capão Redondo.

pinturas,

vestuários

e

objetos

para

obras

• Pátio: eventos informais que pedem espaços abertos e maiores, como sarau, slam, grafite, apresentações de danças e músicas; • Auditório: eventos mais formais como peças, consertos, musicais, apresentações de dança e música, e cinema; • Biblioteca: leituras, pesquisas e estudos em grupo ou individual;

• Salas de atividades: música, dança, moda, artes, literatura, informática e estudos; • Estúdios: musical e fotográfico. Baseando-se nessas informações, foi concluído que o

A partir da definição dos espaços das atividades culturais, o

projeto deveria ter em seu programa de necessidades cultural,

seguinte passo foi elaborar uma tabela com esses ambientes, suas

ambientes pensados nessas atividades coletivas e que gerassem

quantidades e áreas.

uma integração do edifício com o público e do público entre si.

Essa

Com cada um dos ambientes projetados de acordo com seu uso, seria possível criar um aproveitamento dos espaços, sem deixar de cumprir nenhuma das suas necessidades. Foram determinados os seguintes ambientes para cada uma das suas atividades:

elaboração

acontece

também

para

o

programa

necessidades administrativo, técnico e de convivência:

de


Figura 25 – Tabela programa de necessidades


_

SETORIZAÇÃO Após a elaboração do programa de necessidades das áreas

forma organizada, setorizada e com bom fluxo de circulação.

cultural, administrativa, técnica e de convivência, e a definição das

Esses nove agrupamentos dividem os ambientes levando em

metragens e quantidades de cada um desses ambientes, foram

consideração seus usos semelhantes, a necessidade de estarem

criados nove agrupamentos para os programas serem implantados de

próximo um ao outro e se a área é pública ou restrita.

Figura 26 – Tabelas de agrupamentos

1 PAVIMENTO:

TÉRREO:

2 PAVIMENTO:

AGRUPAMENTO 1

AGRUPAMENTO 4

AGRUPAMENTO 6

PÁTIO

SALAS DE ATIVIDADES

BIBLIOTECA

AGRUPAMENTO 5

AGRUPAMENTO 7

ADMINISTRAÇÃO

MULTIUSO

PALCO AGRUPAMENTO 2

HALL

CAFÉ

EXPOSIÇÃO AGRUPAMENTO 8 AGRUPAMENTO 3

TERRAÇO

AUTIDÓRIO

AGRUPAMENTO 9 CIRCULAÇÃO


Figura 27 – Setorização volumétrica

AGRUPAMENTO 8

AGRUPAMENTO 6

AGRUPAMENTO 7

AGRUPAMENTO 4

AGRUPAMENTO 5 AGRUPAMENTO 3

AGRUPAMENTO 2 AGRUPAMENTO 1

AGRUPAMENTO 9


Podemos observar na composição volumétrica que no térreo

Figura 28 – Tabela da metragem quadrada do projeto

se encontram os três primeiros agrupamentos, ou seja, o pátio

METRAGEM QUADRADA DO PROJETO

externo com palco, a área de exposições e o auditório; esses

TERRENO

2.260

TÉRREO

828

PRIMEIRO PAVIMENTO

1.040

SEGUNDO PAVIMENTO

1.040

ÁREA PERMEÁVEL

480

ÁREA CONSTRUÍDA

2.908

espaços possuem características em comum por serem de uso

coletivo para eventos específicos. O

primeiro

pavimento

abriga

os

dois

seguintes

agrupamentos, com as salas de atividades e administração; são espaços que se complementam e devem ter fácil acesso para alunos e professores.

A integração dos espaços terraço, café e sala multiuso no segundo pavimento, foi pensando para criar uma interação entre os visitantes e torna-lo mais atraente com áreas de convivência, descanso e contemplação. Nesse último pavimento, na parte posterior, está também a

Nessa

segunda

tabela

abaixo

podemos

identificar

comparativo dos parâmetros da taxa de ocupação, coeficiente de aproveitamento, e taxa de permeabilidade que a legislação define para local e os números finais resultantes do projeto.

biblioteca; esse posicionamento faz com que ela fique mais afastada

Figura 29 – Tabela comparativa de parâmetros do zoneamento.

da Estrada de Itapecerica, uma via movimentada com muitos ruídos,

LEGISLAÇÃO

PROJETO

TO MÁX.

0,7

0,4

CA MÍN./MÁX.

0,5/4

1,2

TP MÍN.

15%

20%

e assim, proporcionando melhor qualidade sonora. A volumetria final possui térreo com área de 828m² e o primeiro e segundo pavimento de 1.040m². O que significa que ela

possui uma taxa de ocupação de 0,4, coeficiente de aproveitamento de 1,2 e 480m² de área permeável (20%).

o


_ A CASA DE CULTURA



_

SITUAÇÃO

Figura 27 – Planta situação.

R.

PAULINO

VITAL

DE

MORAIS

R.

A

A

LANDOLFO

DE ANDRADE

0

10

20

50

METRÔ CAPÃO REDONDO

TERRENO

TERMINAL URBANO EMTU

FEIRA LIVRE


_

IMPLANTAÇÃO Na implantação da Casa de Cultura Capão Redondo temos

duas praças de convivência que estão localizadas nas duas extremidades do terreno, deixando o meio para a construção.

Esse posicionamento permite a criação de dois acessos à casa e dois ambientes externos de descanso; o primeiro - ao lado da Rua Paulino Vital de Morais – pensado principalmente na integração com a feira livre, e o segundo - que dá acesso a entrada secundária do edifício – como um foyer aberto que abriga artes de

grafite nos muros. A área do pátio com palco também conta com duas paredes que expõem grafites e cria um plano de fundo expressivo do projeto para os eventos que forem acontecer nele.

LEGENDA 01

PRAÇA

ACESSO

02

PÁTIO

FEIRA LIVRE

03

PALCO


_

TÉRREO A entrada principal - que vem do pátio externo - dá

acesso ao hall com o balcão de informações, e ao lado uma área livre e ampla para ser capaz de promover qualquer tipo

exposições. No térreo também se encontra o auditório com capacidade de aproximadamente 100 pessoas, e uma área atrás do palco com camarins e banheiros para suporte dos usuários. É válido mencionar o bloco de elevadores, escada de

emergência e de banheiros e bebedouros que se repete nos demais pavimentos, formando um eixo técnico. O acesso ao primeiro pavimento acontece pelos elevadores nesse eixo citado e por uma escada localizada atrás do balcão de informações. LEGENDA 04

HALL

05

EXPOSIÇÕES

06

AUDITÓRIO


_

PRIMEIRO PAVIMENTO Neste

primeiro

pavimento

temos

dois

setores:

pedagógico e administrativo. Possui um total de 8 salas de atividades que são acessadas

por dois corredores paralelos, sendo um deles voltado ao pátio externo; esse corredor dá continuidade ao setor administrativo, à passarela de circulação e por fim, à escada lateral que leva até o segundo pavimento. A parede cega desse pavimento serve como mural artístico de

grafite que chega até o próximo nível – o corredor da biblioteca.

LEGENDA 07 SALA DE INFORMÁTICA

13 SALA DE ARTES

19 SALA DE TRABALHO

08 ESTÚDIO MUSICAL

14 SALA DE MODA

20 LOCKER

09 ESTÚDIO FOTOGRÁFICO

15 ALMOXARIFADO

21 COPA

10 SALA DE MÚSICA

16 RECEPÇÃO ADM

22 VESTIÁRIOS

11 SALA DE DANÇA

17 COORDENAÇÃO

12 SALA DE LITERATURA

18 SALA DE REUNIÕES


_

SEGUNDO PAVIMENTO O segundo pavimento tem a mesma linha de raciocínio

para a distribuição dos ambiente, possuindo dois corredores paralelos que dão acesso à biblioteca, um deles também

voltado ao pátio externo e o outro ao vão da laje recortada. A continuidade do primeiro corredor citado, leva à sala multiuso, café e terraço. A integração desses ambientes faz com que um seja extensão do outro, criando espaços para refeições mas também de descanso, contemplação e

convivência.

LEGENDA 23 RECEPÇÃO BIBLIOTECA

29 SALA MULTIUSO

24 LOCKER

30 CAFÉ

25 ESPAÇO LEITURA

31 COPA

26 ACERVO

32 VESTIÁRIO

27 SALAS DE ESTUDO

33 TERRAÇO

28 ALMOXARIFADO


_

COBERTURA A laje de cobertura possui dois recortes para os vão

do edifício - do pátio externo e do corredor. Os vãos tem como objetivo levar iluminação natural para dentro do

edifício, especificamente o vão do corredor, que não teria luz natural sem ele. A cobertura metálica possui fechamento envidraçado, permitindo proteger o pátio e o corredor sem perder o objetivo principal.

Esse nível tem apenas acesso técnico pela escada de emergências.

LEGENDA 34 LAJE

35 COBERTURA METÁLICA


_

SUBSOLO O subsolo abriga o depósito geral, um espaço criado

para todo o edifício, principalmente à área de exposição mesmo para o primeiro e segundo pavimento que possuem

almoxarifado como suporte. É possível chegar à ele pela escada de emergência e elevadores programados para acesso restrito, fazendo com que facilite o transporte de itens técnicos por todos os pavimentos, mas inviabilizando o acesso aos visitantes.

LEGENDA 36 DEPÓSITO GERAL


_

ESTRUTURA A Casa de Cultura Capão Redondo possui

lajes

nervuradas

com

caixão

perdido

de

45

centímetros de altura. Essa modelo estrutural

possibilita que o projeto tenha maior espaçamento entre pilares por ser mais leve, e mesmo assim, ter aparência e passar a sensação de uma laje pesada como uma maciça. Os pilares possuem 9.70m e 8.35m de

distância entre si, deixando a laje em balanço em alguns ponto – como a passarela de circulação e o terraço. Para conseguir fazer a cobertura da escada lateral externa, foi necessário colocar uma viga

vagão na estrutura metálica.


_

CORTE A Como mostrado anteriormente – desta vez com o edifício

As passarelas voltadas para a Estrada de Itapecerica e para a

implantado – podemos perceber a relação da Casa de Cultura com o

Estação Capão Redondo, cria uma boa visibilidade tanto para quem

entorno.

está no edifício, quanto para quem está no metrô, principalmente

pelo gabarito de altura semelhante.

CASA DE CULTURA CAPÃO REDONDO

ESTAÇÃO DO METRÔ

ESTRADA DE ITAPECERICA TERMINAL EMTU

760 756

AV. CARLOS CALDEIRA FILHO 755 751


_

CORTE B Neste

primeiro

corte

transversal

podemos

observar

Nele também vemos com mais proximidade, a relação que a

principalmente o vazio do pátio externo e dos corredores internos do

passarela e o terraço cria com a Estrada de Itapecerica.

edifício, e a cobertura metálica.

A integração do pátio com a calçada gera uma continuidade “convidando” os pedestres para o edifício de forma imperceptível.

765 ESTRADA DE ITAPECERICA 761

758 756 755

754


_

CORTE C O segundo corte transversal mostra o auditório no térreo, a

Podemos mencionar também sobre a cota em que o edifício

escada que leva ao primeiro pavimento atrás do balcão no hall e os

esta implantado, a 755, isso faz com que ele fique aterrado, em

corredores de circulação voltados para o pátio.

certos pontos, na cota 756.

765

ESTRADA DE ITAPECERICA

761

758 756 755 754

752


_

CORTE D No corte longitudinal podemos ver a Rua Paulino Vital de

Podemos identificar o eixo do bloco técnico com os

Morais, onde acontece a feira livre, e as duas praças nas laterais do

banheiros, elevadores e escada de emergência que se repete em

edifício, com uma delas se integrando a feira.

todos os níveis; e as salas de atividades e a biblioteca em vista.

R. PAULINO VITAL DE MORAIS (FEIRA LIVRE)

765

761

758

755

755


_

CORTE E O segundo corte longitudinal se assemelha ao primeiro, mas

nele conseguimos ver o vão do pátio coberto pela estrutura metálica, o palco, a entrada principal e o auditório no térreo, a escada lateral,

R. PAULINO VITAL DE MORAIS (FEIRA LIVRE)

a sala multiuso e o café nos pavimentos seguintes. O terreno nesse sentido tem pouco desnível, se mantendo na mesma cota de 755 em todo seu comprimento.

765

761

758

755

755



_ MAQUETE ELETRÔNICA



_

FACHADA


_

LATERAL ESQUERDA


_

PRAÇA


_

HALL


_

EXPOSIÇÃO


_

ACESSO PRIMEIRO PAVIMENTO


_

PÁTIO COBERTO


_

ACESSO SEGUNDO PAVIMENTO


_

ACESSO SEGUNDO PAVIMENTO


_

CORREDOR BIBLIOTECA


_

BIBLIOTECA


_

TERRAÇO


_

TERRAÇO


_

CAFÉ


_ REFERÊNCIAS



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https://www.redebrasilatual.com.br/cultura/2018/12/cultura-e-area-mais-prejudicada-pela-falta-de-investimentos-publicos/ > Acesso em 24 de maio de 2021. Rede

Nossa

São

Paulo.

“Mapa

da

Desigualdade

2020

revela

diferenças

entre

os

distritos

da

capital

paulista”.

2020.

Disponível

em:

<

https://www.nossasaopaulo.org.br/2020/10/29/mapa-da-desigualdade-2020-revela-diferencas-entre-os-distritos-da-capital-paulista/ > Acesso em 24 de maio de 2021. Jornal Nacional. “Pesquisa do IBGE mostra como é desigual o acesso à cultura e ao lazer”. 2019. Disponível em:

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Infocidade.

“Dados

demográficos

dos

distritos

pertencentes

às

Subprefeituras”.

2021.

Disponível

em:<https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/subprefeituras/subprefeituras/dados_demograficos/index.php?p=12758 >. Acesso em 25 de maio de 2021. SPBairros. “Capão Redondo”. Disponível em < https://www.spbairros.com.br/capao-redondo/ > Acesso em 25 de maio de 2021. Gestão Urbana SP. “Arquivos do Zoneamento”. Disponível em < https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/marco-regulatorio/zoneamento/arquivos/ > Acesso em 26 de maio de 2021. SOUZA, Renato. “Cultura de periferia em movimento”. Sesc SP. 2014. Disponível em: < https://www.sescsp.org.br/online/artigo/8629_CULTURA+E+PERIFERIA > Acesso em 28 de maio de 2021. Archdaily. “Centro Cultural El Tranque / BiS Arquitectos”. Disponível em < https://www.archdaily.com.br/br/887710/centro-cultural-el-tranque-bis-arquitectos > Acesso em

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Dj.

“Kobra

mostra

os

bastidores

do

grafite

feito

em

homenagem

aos

Racionais

Mc’s”.

Zona

Suburbana.

2014.

Disponível

em

<

https://www.zonasuburbana.com.br/kobra-mostra-os-bastidores-do-grafite-feito-em-homenagem-aos-racionais-mcs/ > Acesso em 2 de junho de 2021. FUENTES, Patrick; MOURA, Sebastião. “Os caminhos que levaram à Perifacon”. Central Periférica. 2020. Disponível em < https://www.centralperiferica.org/post/os-caminhosque-levaram-%C3%A0-perifacon > Acesso em 2 de junho de 2021. DELGRAFITES. Instagram. 2020. Disponível em < https://www.instagram.com/p/CEZrCZZpcXD/ > Acesso em 2 de junho de 2021. DELGADO. Jef. Instagram. 2021. Disponível em < https://www.instagram.com/p/CNNUM35BO2r/ > Acesso em 2 de junho de 2021. REDAÇÃO. Da. “Collab de quebrada: Estrela Lojas e 1daSul fomentam a moda periférica”. Bússola. 2021. Disponível em < https://exame.com/bussola/collab-de-quebradaestrela-lojas-e-1dasul-fomentam-a-moda-periferica/ > Acesso em 2 de junho de 2021.

Grupo Sulnews. “Fábricas de Cultura da Zona Sul apresentam batalha de rap e sarau em fevereiro”. 2019. Disponível em < https://gruposulnews.com.br/fabricas-de-culturada-zona-sul-apresentam-batalha-de-rap-e-sarau-em-fevereiro/ > Acesso em 2 de junho



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