miniPelotices - Pictogramas para a cidade de Pelotas

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Universidade Federal de Pelotas Centro de Artes

Pictogramas para a cidade de Pelotas

Mariana de Oliveira do Couto e Silva Orientadora: Profa. Dra. Andreia Bordini Brito

Banca examinadora

Prof. Dr. Alexandre Vergínio Assunção

Profa. Dra. Andreia Bordini Brito

Profa. Dra. Lúcia Bergamaschi da Costa Weymar


da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Design


Agradecimentos À minha orientadora Andreia Bordini, que me ajudou muito mais do que somente no trabalho, pois em vários momentos que precisei ela me deu suporte. À todos os professores do Centro de Artes, que CA minha casa fora de casa. Aos meus amigos, pelas inúmeras trocas de ideias

Aos meus pais, por sempre me apoiarem e por terem tornado tudo isso possível.



Resumo O presente trabalho se propõe a criar pictogramas para a cidade de Pelotas, inspirados em elementos do imaginário pelotense, e aplicá-los em uma sinalização urbana complementar a já existente na cidade, com o objetivo de divulgar o seu

estudo de sinalização e aos conceitos de espaço urbano e patrimônio. Buscando relacionar a pesquisa com a cidade, o trabalho adentrou-se na história de Pelotas e no universo do imaginário urbano. Para o desenvolvimento da prática, foram realizadas análises baseadas no Método e Processo Criativo (GOMES et al., 2001) e exercícios de processo criativo baseado nos estudos de Lessa (1995), Elam (2006) e Poovaiah (2010).

Abstract The present work intend to create pictograms to the city of Pelotas, inspired by elements of the urban imaginary, and apply then on a urban signage complementary to the existent one, with the purpose of disclosing the city’s patrimony and history.

are and where they came from, farther on an introduction to signage study and concepts such as urban space and patrimony. Searching to relate the research with the city, the study dives into the history of Pelotas and into the universe of urban imaginary. For the development of the project, it was accomplished analysis based on the study of GOMES et al. (2001) and creative process exercises based on the studies of Lessa (1995), Elam (2006) and Poovaiah (2010).

Keywords: graphic design, pictograms, signage, city, pelotices


Figura 1 - Pictograma para serviço de check-in p.18 Figura 2 - Placa de trânsito com pictograma para aclive p.19 Figura 3 - Pictograma para café p.20 Figura 4 - Escrita cuneiforme p.23 Figura 5 - Hieróglifos egípcios p.23 Figura 6 - Vinheta p.24 Figura 7 - Quatro sinais de trânsito: à esquerda, como foram idealizados em 1909, e à direita, como são utilizados hoje. p.24 Figura 8 - Exemplos de pictogramas do Isotype p.25 Figura 9 - Pictogramas das Olimpíadas de Tóquio (1964) p.25 Figura 10 - Pictograma de Otl Aicher para as Olímpiadas de Munich (1972) p.26 Figura 11 - Pictograma “Mindless” do artista e designer Pippo Lionni p.26 Figura 12 - Pictogramas do mini Rio p.60 Figura 13 - NoBrand Argentina p.60 Figura 14 - Projeto de identidade visual da cidade do Porto p.61 Figura 15 - Projeto de sinalização para o Cabravale Leip.61 Figura 16 - Sinalização do Hostel Rioow p.62 Figura 17, 18 e 19 - Projeto de sinalização e identidade


visual do aeroporto de Koln Bonn, Alemanha p.62 Figura 20 e 21 - GIFs animados de marcos da arquitetura do designer Michael William Lester p.63 Figura 22 - Ícones de alimentos realizado pelo estúdio coreano HNINE Design p.63 Figura 23 - Cartaz “The City” do designer Matteo Franco p.63 Figura 24 - Pictograma de bicho preguiça do projeto mini Rio p.67 Figura 25 - Pictograma de design carioca do projeto mini Rio p.67 Figura 25 - Pictograma de design carioca do projeto mini Rio p.67 Figura 26 - Pictograma de água oxigenada do projeto mini Rio p.67 Figura 27 - Pictograma de sagui do projeto mini Rio p.67 Figura 28 - Pictograma de biscoitos Globo do projeto mini Rio p.67 Figuras 29, 30, 31 e 32 - mini Lab p.68 Figura 33 - Pictogramas do mini Rio p.69 Figuras 34 - Mini Lab p.70 Figura 35 - Pictogramas do NoBrand Argentina p.72 Figura 36 - Projeto de identidade visual da cidade do Porto p.74 Figura 37 - Pirâmide Lessa (1995) p.85 Figura 38 - Aplicação do método de Elam (2006) p.86 Figura 39 - Aplicação do método de Poovaiah (2010) p.87


Introdução 11 1. Teoria de fundamento 1.1 Pictogramas como meio de comunicação 17 acessível e globalizado 1.2 História dos pictogramas na 22 comunicação visual 1.3 Projetos de sinalização 27 1.4 O designer no projeto 32 de sinalização 1.5 Sinalização no espaço 33 urbano 1.6 Sinalização como modo de preservação 35 do patrimônio material e imaterial 2. Teoria de foco 2.1 Histórico cultural da cidade 41 2.2 Relações entre cidade 44 e imaginário 2.3 Pelotices: O jeito de ser e deixar estar de 51 Pelotas.


3. Teoria de dados 3.1 Problematização 57 3.2 Taxonomia 59 3.3 Análise Linguística 64 3.4 Análise Desenhística 69 1.5 Usuário 77 4. Contribuição 4.1 Mapas mentais 81 4.2 Criação de pictogramas

83

4.3 Os pictogramas

88

4.4 Manual de sinalização 93 Conclusão Referências

103 108



Introdução Pelotas, no Rio Grande do Sul, é uma cidade que possui belos prédios históricos, ruas cobertas de ladrilhos hidráulicos, estimadas docerias e muita umidade. Vim de Porto Alegre para estudar aqui e me tornei uma apaixonada pela cidade. Entretanto, noto que nem todos veem a mesma beleza que eu vejo: conversas sobre demolição dessas “casas velhas” e outras atrocidades, ouvi por entre as portas. Por isso, nasceu em mim o desejo de realizar um projeto que a homenageasse e que pudesse, de certa forma, fazer com que as pessoas vissem com os meus olhos o que eu vejo. A proposta deste projeto é realizar pictogramas de elementos do imaginário pelotense, apelidados carinhosamente de “pelotices”, com o objetivo de divulgar a cultura, o patrimônio histórico e a identidade da cidade. O “Mini” é um empréstimo do nome do projeto Mini Rio, do designer carioca Fabio Lopez, que consiste em um conjunto de pictogramas que homenageiam a cidade do Rio de Janeiro e que serviu de grande inspiração para o meu projeto. jetos e conceitos, caracterizados pelas formas simplirados peças fundamentais na comunicação não-verbal e globalizada (ABDULLAH; HÜBNER, 2005). Dentre as

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nalização urbana para desenvolver concomitantemente com os pictogramas, porque acredito na fusão entre o design e as questões urbanas, ainda mais em uma cidade tão visualmente heterogênea quanto Pelotas. A cidade apresenta um patrimônio histórico e cultural pujante, entretanto possui um sistema de sinalização tos para os transeuntes distraídos ou desavisados. How to get a PhD de Phillips; Pugh (2005), enquanto que o desenvolvimento prático do projeto é baseado no Método e Processo Criativo (GOMES et al., 2001). quatro partes: Teoria de Fundamento, Teoria de Foco, Teoria de Dados e Contribuição. A Teoria de Fundatado da arte do assunto do projeto, e nesse trabalho é ções e desdobramentos; e uma introdução ao universo dos projetos de sinalização, assim como a importância da presença do designer, tendo como base principal os estudos de Abdullah; Hübner, Frutiger, Uebele e Costa. (2005) como a etapa onde é determinada a natureza do problema, detalhando o que será projetado e contextualizando-o. Nessa parte o projeto foi contextualizado na cidade de Pelotas, apresentando sua história

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e sua relação com o imaginário, baseado nos textos de Mario Osório Magalhães, Pesavento e Maffesoli. Na Teoria de Dados são apresentadas a coleta de

trabalho. Nessas duas últimas etapas são expostas técnicas analíticas e criativas de Gomes et al. (2001). O Método e Processo Criativo é fundamentado nos estudos metodológicos de autores como Redig e Bonsiepe e é limitado, onde se entende as necessidades e os objetivos do problema, portanto está difundida na Teoria de Fundamento (Textualização), Teoria de Foco (Contextualização) e Teoria de Dados (Taxonomia, Leitura preparação é a etapa das análises, onde se inicia a busca por soluções para o problema; enquanto a esquentação é a etapa dos processos criativos, em que se volta ao problema de maneira visual com a ajuda de técnicas criativas como a elaboração de mapas mentais e painéis semânticos. Tanto a preparação quanto a esquentação estão englobadas na Teoria de Dados, já que ambas coletam informações e conteúdos para a resolução do problema projetual. do Método e Processo Criativo: iluminação, elaboração

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jeto, enquanto a elaboração é a etapa onde se dá a execução dos pictogramas e do Manual de Sinalização. submetido a uma nova avaliação. No caso deste, que é um projeto de conclusão de curso, portanto, um traba(GOMES et al, 2001).

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1. Teoria de Fundamento Pictogramas e sinalização urbana como meio de conscientização cultural



1.1

Pictogramas como meio de comunicação acessível e globalizado

Pictogramas são uma forma de comunicação dendo ser compreendidos rapidamente e por pessoseja por ser um estrangeiro seja por ser uma pessoa analfabeta devido à condição social ou a problemas cognitivos. Segundo Tijus et al. (2007, p.2, tradução livre), “eles têm o potencial de serem interpretados de maneira mais precisa e rápida do que palavras. Além do mais, podem servir como ´lembretes instantâneos` de perigo e mensagens instituídas”. Para Tijus et al. (2007, p.2, tradução livre), “um é utilizado para [...] indicar um objeto ou expressar uma ideia”. É uma representação icônica que, para cada do objeto, mantendo sua visualidade. Os pictogramas são muito utilizados em projetos de sinalização, identidade visual e design da informação devido à facilidade de compreensão e ao seu apelo estético. Entretanto, os pictogramas possuem limitações culturais, pois pessoas de diferentes países po-

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Figura 1 Pictograma para serviço de check-in

dem interpretar um símbolo de diferentes maneiras (TIJUS et al., 2007). Um exemplo são os signos utilizados na sinalização de banheiro, pois há culturas que gramas ocidentais. Segundo Lupton (1986, p. 51, tra-

Fonte: http://freepik,com, online, acesso em 20 de agosto de 2016.

dução livre), “pictogramas funcionam se conectando com o vínculo cultural de expectativas das pessoas é um fenômeno natural, é uma criação e, portanto, necessita de um aprendizado, de um acordo entre o emissor e o receptor, o que não omite o pictograma de ser o mais auto explicativo possível ao apontar para fatos claros e concretos. Importante também tomar o cuidado para utilizar o máximo de elementos culturalmente neutros e atentar para o contexto em que ele será utilizado, para evitar ambiguidades e equívocos. Para Frutiger (1999), existem três diferentes tipos de comunicação pictórica. Existem os pictogramas que constituem-se de sinais abstratos tais como os utilizados em sinalização de serviços, como check-in e self-service

-

te não são compreensíveis à primeira vista. Há também os pictogramas formados por diagramas, como os que indicam declive e mão dupla na sinalização de trânsito, e que necessitam de uma aprendizagem prévia para seu entendimento, conforme

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Outra categoria é aquela cujos pictogramas passam a informação de forma imediata, não deixando dú-

Figura 2 Placa de trânsito com pictograma para aclive

mas dessa categoria se utiliza da forma da silhueta pais técnicas de redução. A silhueta é uma espécie p. 54, tradução livre) como “a caverna de Platão renovada em um laboratório empirista³”. Segundo Tijus et al. (2007), os pictogramas

Fonte: http://aimore. net/placas/, online, acesso em 20 de agosto de 2016.

geram uma compreensão mais rápida e clara do que a combinação de letras, facilitando a comunicação com um público variado. Geralmente monocromáticos, apropriam-se da teoria da Gestalt, que cíveis que os mais detalhados e realistas (AICHER; KRANPEM, 1979). Sua simplicidade é conquistada através da redução que, de acordo com Lupton a mais simples expressão do objeto”, o que é uma

Desde os tempos mais remotos, não há preocupação por parte de quem desenas formas do que se observa e se representa. Muito pelo contrário, quanto mais simples e sintético for o pictograma, mais imediato e universal é seu reconhecimento (GOMES, 1998, p.50).

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Para Abdullah; Hübner (2005) pictogramas devem ter características de signo, devem ser capazes de ser imediatamente decifráveis e devem perdo que está sendo representado por meio da abstração. Os autores também apontam que é importante saber a diferenciação dos outros tipos de signos para compreender mais claramente o que são pictogramas de fato, conforme tabela 1:

Iconograma

Representação

ilustrativa;

signo icônico que enfatiza os pontos em comum entre o sigCartograma

ca com funções complexas, como mapas e plantas arquitetônicas.

Figura 3 Pictograma para café

Diagrama

Representação funcional.

Ideograma

Representação de um conceito.

Logograma

Representação

conceitual

como a escrita; signo visual que não leva a dimensão foFonte: http://publicdomainvectors.org/, online, acesso em 20 de agosto de 2016.

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nética em consideração. Tipograma


Fonograma

Representação fonética.

Logograma

Representação pictórica; signo icônico que representa fatos complexos por meio de comunicação visual.

Para compreender com maior profundidade esses termos é preciso entender mais sobre o conca:

proposital humana [...], para atender a um que todos os tipos de ideias humanas possam ser expressas, sejam estas referentes a objetos concretos - imagens - ou sejam referentes a objetos abstratos - palavras (GOMES, 1998, p.43).

representação de imagens, geralmente toscas ou (GOMES, 1998, p.50). Considerado o sistema lógié formada por pictogramas e é relevante não deixar

cujos signos (pictogramas) representam imagens,

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signos (logogramas) representam palavras, e portanto apresentam um nível maior de abstração.

1.2

História dos pictogramas na comunicação visual

-

temporâneo, os pictogramas possuem origem nas Apesar de os pictogramas que conhecemos atualmente serem uma invenção moderna, eles fazem amente na história (ABDULLAH; HÜBNER, 2005). Ao invés de utilizar uma letra para cada som individual, as escritas antigas se utilizavam de imagens das que representavam palavras inteiras.

A escrita sumérica, também chamada de cuneiforme, relacionava-se a signos pictóricos grafados em eram considerados sinais sagrados, criados por sacerdotes e gravados nas paredes dos gigantescos pictóricos deram origem aos signos fonéticos, e por sua vez aos sons silábicos, representando um gran-

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de papel na história da escrita (FRUTIGER, 1999). Antes da invenção da imprensa por Gutenberg

Figura 4 Escrita cuneiforme

a leitura e a escrita eram um privilégio do clero. Portanto, o restante da população desenvolveu um sistema de imagens, símbolos e sinais para registrar o pensamento. Essa comunicação pictórica, que se perdeu quase por completo, continha tanto imagens 1999). Para Flusser (1985), essas pessoas estavam

Fonte: http://conhecertudoemais.blogspot.com.br, online, acesso em 20 de agosto de 2016.

pelas imagens, presos à idolatria. Com o surgimento da imprensa cada vez mais pessoas tiveram acesso à alfabetização e as imagens foram marginalizadas pela textolatria. Com a invenção da imprensa no século XV surgiram sinais pictóricos que, segundo Abdullah e Hübner (2005), são os que mais se assemelham aos Originalmente sobre imagens de folhagens de uva - por isso o nome vinheta, que vem de vinho -, as temáticas logo se expandiram e começaram a surgir

Figura 5 Hieróglifos egípcios

vinhetas relacionadas a todo tipo de tema. Os pictogramas como os conhecemos hoje surgem com a invenção do automóvel e a necessidade de criação de rodovias e de sinais de trânsito. A primeira sinalização urbana com uso de pictogramas surgiu em Paris no ano de 1909. Áustria, Bélgica, Bulgária, França, Reino Unido, Itália, Mônaco e Espanha concordaram no uso de quatro pictogramas que estão em uso

Fonte: http://www. infoescola.com/civilizacao-egipcia/hieroglifos/, online, acesso em 20 de agosto de 2016.

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Figura 6 Vinheta

2005). No início dos anos 1920, um cientista social chamado Otto Neurath, inspirado nos sistemas de escrita antigas, desenvolveu em conjunto com sua equipe um sistema de linguagem pictórica chama-

Fonte: ABDULLAH, R. HÜBNER, R. Pictograms Icons and Signs - A Guide to Information Graphics. New York: Thames and Hudson, 2007.

o qual Neurath batalhou para conseguir o recocos, diagramas, textos e informações públicas mais acessíveis. Neurath acreditava que as pessoas precisavam aprender com desenhos infantis e arte primitiva, olhando para trás para poder progredir (ABDULLAH; HÜBNER, 2005). Projetados pelo artista

Figura 7 Quatro sinais de trânsito: à esquerda, como foram idealizados em 1909, e à direita, como são utilizados hoje.

comunicando de forma simples e visual, conforme dução livre), “um pictograma do Isotype é como tralidade e objetividade. Considerado um dos fundadores do positivismo lógico, Neurath era envolvido ativamente no pretendia encontrar uma base teórica comum entre as diversas ciências. Com seu ambicioso sistema Isotype, modernizou a linguagem pictórica e exer-

Fonte: ABDULLAH, R. HÜBNER, R. Pictograms Icons and Signs - A Guide to Information Graphics. New York: Thames and Hudson, 2007.

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De certa forma o Isotype supriu a demanda ocasionada pela Revolução Industrial de comunicação rápida para pessoas de diferentes lugares e falando diferentes idiomas. Lima (2008) ressalta que Neu-


ca, e, sim, criar uma linguagem auxiliar, baseada em imagens.

Figura 8 Exemplos de pictogramas do Isotype

Na história dos pictogramas os Jogos Olímpicos indiscutivelmente tiveram uma grande importância. Para Abdullah e Hübner (2005), eles foram o principal estímulo para a criação de signos pictóricos internacionais. Os primeiros foram os das Olimpíadas de Berlim em 1936, entretanto só em 1964, nas um sistema de pictogramas olímpicos. Como o Ja-

Fonte: https://par-

pão possui um alfabeto próprio, se tornou necessápara diferentes culturas e idiomas. Desde então, pic-

wordpress.com online, acesso em 11 de fevereiro de 2017.

togramas têm sido elementos de design constante nos Jogos. Em 1972, nas Olimpíadas de Munique, o designer Otl Aicher seguiu o estilo dos pictogramas japoneses e criou um sistema que criou impacto e é

Figura 9 Pictogramas das Olimpíadas de Tóquio (1964).

10. Por meio de representações estereotipadas de cada esporte e utilizando-se de formas geométricas básicas e mínimas, os pictogramas são consistentes como um alfabeto e funcionam como verdadeiras marcas visuais (ABDULLAH; HÜBNER, 2005). Após o excelente uso das formas e da abs-tração do trabalho de Otl Aicher, iniciou-se uma fase de experimentação na produção de pictogramas abrindo espaço para criação mais individuais. Em contraste com os pictogramas anteriores, neutros e lógicos, cada vez mais surgem pictogramas que exploram a

Fonte: https://smedia-cache-ak0. pinimg.com/, online, acesso em 11 de fevereiro de 2017.

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e Hübner (2005, p.23, tradução livre), “pictogramas devem ser divertidos, ou eles têm que fazer as pessoas pensarem. Esperamos com a respiração contida para o que futuro irá trazer”.

Figura 10 Pictograma de Otl Aicher para as Olímpiadas de Munich (1972).

Fonte: https://s-media-cache-ak0.pinimg. com/, online, acesso em 11 de fevereiro de 2017.

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Figura 11 Pictograma “Mindless” do artista e designer Pippo Lionni.

com/, online, acesso em 11 de fevereiro de 2017.


1.3

Projetos de sinalização

O termo sinalização é compreendido geral-

mente como sinalização viária, podendo também ser interpretado como o suporte físico na qual as informações são aplicadas, ou seja, a placa (LEITE, 2007). Para Almeida (2010, p.18), “sinalização é o processo de veiculação de informações. É o principio de marcar ou sinalizar algo”. Marcar, assinalar e e informar; o que faz o termo sinalização ser muito

amplo e genérico, pois pode se dizer que gestos são utilizados para sinalizar (LEITE, 2007). Para Frutiger (1999), o objetivo primordial da sinalização não é comunicar, e, sim, produzir uma reação imediata no observador. A sinalização pode ser entendida como a transmissão de informações e veículos e como produto de design utilizado para orientar e informar os usuários (ALMEIDA, 2010). No entanto, dentro do campo do design existem uma série de termos que são utilizados para denominar projetos com o objetivo de sinalizar, que são:

, señalética

design da informação, entre outros. O conceito de usar o design de maneira sistemática para projetar

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sinalizações é relativamente novo, entretanto mostrar para as pessoas onde ir é tão antigo quanto a humanidade, e na antiguidade se utilizavam de pilhas de pedras para apontar o caminho nas estradas (UEBELE, 2007). Para Almeida (2010), os projetos de

-

ding estão voltados à orientabilidade do usuário, utilizando-se dos princípios da sinalização para conceder uma agradável experiência ao mesmo. Conforme Gibson (2009, p.13, tradução livre), “um designer de

é responsável por melhorar

como um espaço - seja ele público, comercial ou privado - é experienciado, encontrando ordem no caos sem destruir sua essência¹”. O autor acredita que os melhores sistemas são aqueles que possuem ¹

signer is responsible for enhancing how a space - wheter public, commercial or private - is exing order in caos without destroying character [...]. Great

employ explicit signs and information as well implicit signs and information as well implicit symbols and landmarks that together communicate with accuracy and immediacy.

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placas e informações explícitas, além de símbolos e pontos de referência implícitos, para alcançar o maior nível de precisão e imediação possível. Em 1440, já existia na língua inglesa o termo wayfarer que designava os viajantes de estrada, em especial os andarilhos, e no século 16 surgiu o termo wayfaring pelas estradas (LEITE, 2007). A primeira menção ao termo

foi em 1960, pelo professor e

urbanista Kevin Lynch no livro “A Imagem da Cidade” se referindo ao processo de criar uma imagem mental de um local com base na sensação e na memória (GIBSON, 2009). Vinte anos mais tarde te

-


ture de Romedi Passini, aprofundando as pesquisas People, Signs and Architecture” em co-autoria com Paul Arthur, professor e designer considerado o inventor do termo signage² e criador de diversos projetos inovadores de

(GIBSON, 2009) .

Algum tempo depois, começou a haver uma para designar qualquer tipo de comunicação direcionada à aplicação espacial (GIBSON, 2009) . Alcomo “campo multidisciplinar que engloba o design Segundo o autor, esse campo seria mais abrangente do que o

, envolvendo questões de identi-

dade e sinalização. Em 1996, o arquiteto Richard Saul Wurman lança o livro “Information Architects”, em que são mencionados vários veículos de comunicação tradicionais - como mapas, diagramas, livros, sites e projetos de sinalização - apresentados como uma especialização do design que se desenvolvia há tempos sem possuir um nome - e a qual ele criou o termo arquitetura de informação (GIBSON, 2009) . Atualmente, esse termo é mais utilizado para designar a organização dos sistemas digitais, e para os sistemas analógicos se cunhou o termo design da informação que, conforme Almeida (2010, p.18), é a “área

²Termo em inglês

junto de sinais e placas, podendo se referir tanto à sinalização quanto ao aparato publicitário urbano.

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do design que abrange todos os aspectos da transmissão de informações, contexto, planejamento e Ainda temos o termo señalética³, criado por Juan Costa - professor da Universidade Autônoma de Barcelona e responsável pela direção da coleção editorial “Enciclopédia do Desenho” que, diferentemente dos termos citados anteriormente, não se trata de um novo nome para englobar os campos similares já existentes. A señalética é um sistema de sinais de orientação para o público em locais onde são prestados serviços, formando um triângulo com a arquitetura e a logística de serviços. Cumprindo funções práticas, o sistema responde à necessidade de informação e orientação imediatas, utilizando-se de uma linguagem mais compacta e incorporando sinais para referenciar as coisas (COSTA, 2008). A sinalização viária e urbana surge no início do século XX, fruto da economia industrial e o .³A tradução em português seria a palavra senalética, entretanto esse e o nome dado ao processo de idenpelas marcas e cicatrizes do corpo, então foi utilizado o termo original em espanhol.

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aumento do número de automóveis nas ruas, enquanto a señalética é o fruto do crescimento dos serviços e o aumento do número de empresas. Costa (2008) insere um papel social à sua señalétranseuntes de se orientar nos mais diversos locais, indiferentemente de sua cultura ou local de origem. Para Almeida (2010, p.18), o sistema de Costa “não


impõe atenção, não provoca impacto e nem recorre a ser um sistema praticamente invisível, que cumpra estritamente sua função de informar e guiar os usuários, utilizando-se do máximo de informação com o mínimo de elementos. Em síntese, existem vários termos para designar projetos que envolvem sinalização, contudo poà outra. Temos o

como um campo que

engloba sinalização, se diferenciando dos ou-tros pela sensação de segurança que deve gerar no usuque engloba

e sinalização, adicionando a

questão da identidade; o design da informação, que nada mais é do que um dos campos mais abrangentes do design, englobando todos os termos citados anteriormente; e a señalética que, segundo Almeida (2010, p.18) apud Costa (1992), é “uma evolução da prática da sinalização, [...] que se integra ao espaço, to mais funcional de sinalização”.

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1.4

O designer no projeto de sinalização

Sinalização é uma área de trabalho que inter-

secta arquitetura, engenharia e design; portanto é essencial que o designer se posicione como um pro-

rios projetos de sinalização apresentam problemas diversos - ilegibilidade, pouco contraste, desarmonia com o ambiente, entre outros - por negligenciarem a presença de um designer na equipe de projeto. resolver problemas de comunicação visual, é peça fundamental para um projeto de sinalização que funcione adequadamente, tendo o domínio de cores, nal também deve ter conhecimentos de percepção espacial para entender o espaço que a sinalização será aplicada e poder desenvolver um bom projeto - que pode variar de placas para totens e diversos outros modelos tridimensionais.

32 mini Pelotices


1.5

Sinalização no espaço urbano

Segundo o dicionário Michaelis, a palavra -

cialização das relações sociais e do espaço público que espelha as relações de poder e hierarquia distribuídos na esfera social. O espaço urbano trata-se da cidade, como o centro - local de concentração de serviços, áreas industriais, áreas residenciais e áreas de reserva para futura expansão; ou seja, a organização espacial da cidade (CORRÊA, 2000). De acordo com Santos (2008), a urbanização brasileira é um fenômeno recente, sendo só a partir dos anos 1940 que começa-se a observar o crescimento das taxas de urbanização. Corrêa (2000) considera o espaço urbano como fragmentado e

por isso apresenta a mutabilidade como uma característica presente e complexa. De acordo com Santos (2008), a urbanização brasileira é um fenômeno recente, sendo só

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a partir dos anos 1940 que começa-se a observar o crescimento das taxas de urbanização. Corrêa (2000) considera o espaço urbano como fragmene por isso apresenta a mutabilidade como uma

ca-

racterística presente e complexa. Para Santos Filho (2004), os conceitos de espaço urbano e cidade têm alto grau de abstração, já que se originam de experiências espaciais orgânicas, mática polêmica e considera o urbano como o universo simbólico do mundo contemporâneo. Segundo Corrêa (2000, p.11), “o espaço urbano capitalista é um produto social, resultado de ações acumuladas através do tempo, e engendradas por agentes que produzem e consomem espaço”. Em síntese, a cidade é a espacialização das condições das pessoas que habitam e que já habitaram-a, uma construção coletiva que engendra o desenho do espaço público que é por nós entendido como sendo a cidade real (SANTOS FILHO, 2004).

34 mini Pelotices


1.6

Sinalização como modo de preservação do patrimônio material e imaterial

A palavra patrimônio vem do latim patrimonium dos antepassados, uma herança”, e quando se menciona patrimônio histórico e cultural, geralmente associa-se a monumentos herdados das gerações anteriores (FUNARI, 2001). De acordo com Fonseca (2003, p.56), A imagem que a expressão ‘patrimônio histórico e cultural’ evoca entre as pessoas é a de um conjunto de monumentos antigos que devemos preservar, ou porque constituem obras de arte excepcionais, ou por terem sido palco de eventos marcantes, referidos em documentos e em narrativas de historiadores.

trimônio não é a materialidade do monumento em si, mas a memória e o legado que ele representa. Tanto a palavra patrimônio quanto monumento apresentam referência à lembrança na sua etimologia, o mo-

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neo trimônio acrescentando o conceito de patrimônio imaterial - ou intangível: o conceito de patrimônio passou então, a incluir gastronomia, expressões musicais, lendas, mitos, ritos, saberes, entre outros. De acordo com a Constituição Federal (BRASIL, 1988), em seu artigo 216, o patrimônio cultural brasileiro é entendido como: Os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos da sociedade brasileira, nos quais se incluem: 1. as formas de expressão; 2. os modos de cas, artísticas e tecnológicas; 4. as obras, espaços destinados às manifestações artístico-culturais; 5. os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecoló-

Para Cerqueira (2005, p. 94), a cultura imaterial não é algo mapeável conforme os modelos tradicionais, necessitando de um olhar mais apurado, capaz de traduzir a diversidade cultural e de apropriação urbana em um mapa da cultura “não redutíveis a espacialidade do arquiteto, do urbanista ou do

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geógrafo, que uma cidade, e tudo o que ela possui, não é uma, mas várias cidades”. O patrimônio passa a ser entendido como a relação da sociedade com sua cultura, diferenciando-se da mera noção de monumento, e aproximando-se mais dos conceitos de memória e identidade. Essa ampliação da noção de patrimônio histórico e cultural aproxima o patrimônio da produção artística, pois para a preservação do patrimônio intangível devem ser feitos incentivos à cultura, já que o tombamento é restrito ao patrimônio material. Esses incentivos são portas de entrada para projetos que sirvam para fortalecer a identidade e os costumes locais. O design é uma ferramenta que pode auxiliar na preservação do patrimônio tangível e intangível, por meio de projetos que coloquem-o em evidência, como, por exemplo, uma sinalização que demonstre a importância de monumentos e aspectos culturais para a preservação da memória de um determinado local, como o projeto que aqui se propõe.

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2. Teoria de Foco Pictogramas no contexto cultural e imagĂŠtico de Pelotas



2.1

Histórico cultural da cidade

Pelotas é uma cidade que possui um patrimônio cultural, histórico e arquitetônico muito rico, portanto, para elaborar uma sinalização para a cidade, é preciso investigar sua história e suas peculiaridades. Conforme Magalhães (1993), a cidade começa como uma sesmaria pertencente ao coronel Tomás Luís Osório, doada em 1758. Em 1763, após a invasão espanhola em Colônia de Sacramento, alguns fugitivos se refugiaram na região. Esses refugiados se mantiveram esperando angustiadamente uma possível invasão espanhola até a reconquista, dia 2 de abril de 1776, dia de São Francisco de Paula. Em 1779, inicia-se a construção da primeira charqueada que viria a se tornar um dos principais empreendimentos da região e um dos notórios responsáveis pela sua prosperidade. Com o crescimento econômico, o povoado recebe status de freguesia em 1812, em decreto assinado por Dom João VI, e recebe o nome de São Francisco de Paula, apesar dos moradores já terem batizado o local como Pelotas. Freguesia era um título de autonomia religio-

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sua própria igreja. Ela foi construída nas terras do capitão-mor Antônio Francisco dos Anjos, que negociou-as em lotes urbanos em traçado ortogonal. Esse plano urbanístico se mantem até hoje e serviu de modelo para a construção de novos quarteirões (MAGALHÃES, 1993). A freguesia torna-se vila em 1832 e a povoação começava a avançar até a propriedade de Dona Mariana Eufrásia da Silveira, que acaba doando seus terrenos. Com isso, deslocou-se o eixo central de Pelotas, resultando na construção de uma nova praça, que nunca recebeu uma igreja. “[...] um fenômeno urbano: Pelotas é uma das poucas cidades antigas localizadas a relativa distância” (MAGALHÃES, 1993, p. 25). Pelotas prospera com a indústria pioneira do charque que torna-se a principal base da economia do estado rio-grandense e o maior produto de exportação da Província durante o século XIX. Conforme Magalhães (1993, p.42), “Em síntese, Pelotas, nos primeiros 35 anos do século XIX, transforma-se de incipiente povoação em próspera cidade”. Essa prosperidade desencadeia o apogeu das manifestações culturais na cidade, entre elas a literatura e o teatro, sendo que o Theatro Sete de Abril, inaugurado em 1833, foi um dos primeiros teatros construídos no Brasil.

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Pelotas teve uma origem diversa da maioria das cidades gaúchas e formou uma civilização

ca-

racteristicamente urbana, o que resultou em uma sociedade em que os valores predominantes eram relacionados com as artes, as letras e as ciências. A alta sociedade pelotense cultivava uma vida social intensa, recheada de bailes, banquetes, festas religiosas e, principalmente, saraus. Na Biblioteca Pública, inaugurada em 1875, eles eram frequentes e na maioria das vezes se tornavam verdadeiros concertos musicais (MAGALHÃES, 1993). A abolição da escravatura combinada aos os charqueadas declinassem, acabando com a grande pompa e opulência da cidade e levando os próprios charqueadores a investirem em outros ramos. Hoje em dia, Pelotas é conhecida por ser uma cidade universitária e turística. O turismo é devido ao seu patrimônio histórico e por ser conhecida como a cidade do doce. Existem explicações históricas para a cidade de Pelotas ser considerada uma indústria doceira, a começar pela já mencionada prosperidade proporcionada pelas charqueadas que fez com que a alta sociedade pelotense adquirisse hábitos requintados. Os charqueadores intercambiavam seus produtos com o Nordeste, “ostentando seu poder na aquisição do açúcar” (FERREIRA et al, 2009, p. 98 apud

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MAGALHÃES, 2003). Os doces eram um símbolo de riqueza e requinte uma vez que eram servidos apenas em ocasiões especiais - como nos suntuosos banquetes e nos elegantes bailes - e o açúcar era um produto caro e de difícil acesso. Com a crise do charque, as aristocráticas famílias tiverem que encontrar outras formas de sustento e então surge a ocasiões festivas como aniversários, casamentos e ceias de Natal. As doceiras transformam o doce em um elemento emblemático da cidade, tornando Pelotas uma cidade doceira (FERREIRA et al, 2009).

2.2

Relações entre cidade e imaginário

Segundo o dicionário Michaelis, imaginário é um conjunto de características, valores e símbolos de grupos de pessoas ou de um povo ou comunidade, porém autores como Durand e Maffesoli consideram que amplo, apesar da banalidade com que tem sido utilizado ultimamente. Para Durand

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(1993, p.7), a confusão nos termos relativos ao imaginário é ocasionada pela “extrema desvalorização que sofreu a imaginação, a “phantasia”, no pensamento do Ocidente”. O imaginário, para Maffesoli (2001), é uma maneira francesa de pensar, um estado de espírito que caracteriza um povo. É uma relação entre as coersões sociais - limites sociais impostos a cada ser - e a subjetividade. Para o autor só existe o imaginário coletivo já que o imaginário seria algo que ultrapassaria o indivíduo, impregnando o coletivo, tornando-se o estado de espírito deste. O imaginário é determinado pela ideia de fazer parte de algo, estabelecendo um vínculo. Maffesoli (2001) o chama de cimento social. E, portanto, sendo algo que liga pessoas a outras, não teria como ser individual. De acordo com Silva (2003, p.2), “pelo imaginário o ser constrói-se na cultura [...]. Por meio do imaginário o ser encontra reconhecimento no outro e reconhece-se a si mesmo”. Funcionando como uma força impulsionadora, o imaginário situa o homem no mundo sedimentando um modo de ver, de ser, de agir e de aspirar. O conceito de imaginário apresenta semelhanças com o conceito de cultura, entretanto a cultura é um conjunto de elementos e de fenômenos passíveis sa através de obras - musicais, teatrais, literárias - e

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fatos cotidianos - costumes, maneiras de vestir; enquanto o imaginário permanece em “uma dimensão ambiental, uma matriz, uma atmosfera, aquilo que Walter Benjamin chama de aura (MAFFESOLI, 2001, p. 75)”. Segundo Silva (2003, p.2), “o imaginário é um rio cujas águas se passam muitas vezes no mesmo lugar, sempre iguais e sempre diferentes”. Para o autor, o imaginário funciona como uma grande reservatório que agrega imagens, sentimentos, lembranças, experiências, o que Durand (1993) chama de Museu do Imaginário. e o imaginário já que o imaginado é uma projeção irreal que poderá se tornar real e “emana do real, estrutura-se como ideal e retorna ao real como elemento propulsor”. O autor ainda prossegue:

Todo imaginário é real. Todo real é imaginário. O homem só existe na realidade imaginal. Não há vida simbólica fora do imaginário. [...] o ser humano é movido pelos imaginários que engendra. O homem só existe no imaginário (SILVA, 2003, p.1).

Segundo Maffesoli (2001, p.75), o imaginário é uma “força social de ordem espiritual, uma construção mental, Para Silva (2003), todo indivíduo é submetido a um ima-ginário preexistente e é também um disseminador de imaginários.

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Em síntese, o imaginário é um conjunto de símbolos, conceitos e memórias, de certa forma ligados à mitologia. Conforme Serbena (2003), “A estrutura básica que constitui o mito pode ser considerada como um modelo de funcionamento do imaginário”. Existe um núcleo temático onde variações são criatempo. Pesavento (1999), em O Imaginário da Cidade, traça visões literárias do meio urbano a partir das cidades de Paris, Rio de Janeiro e Porto Alegre, e defende o diálogo da história com a literatura, tendo a história como narrativa e o discurso literário como algo que “dá uma nova existência a coisa narrada”. Para a autora, cidades como Paris não teriam sua notoriedade sem a literatura que as transformaram em “um mito urbano pelo efeito da palavra do escritor que liberou o sonho que se inscrevera na pedra” (PESAVENTO, 1999, p.14). A cidade é criada e transformada pelos hoções humanas. Isso também faz cada cidadão responsável pela formação da imagem de sua cidade, não existindo um crescimento espontâneo, e, sim, uma cidade que cresce com base nos sonhos e ilusões de seus moradores (LUZZARD, 2007, p. 34 apud RYKWERT, 2004).

Para Lynch (1960, p.11),

“Todo o cidadão possui numerosas relações com al-

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gumas partes de sua cidade e sua imagem está imse ao fato de cada pessoa ter uma imagem própria da cidade, que se constrói a partir dos locais que ela frequenta e as relações sentimentais que ela estabelece entre eles. O autor considera a imagem pública de determinada cidade como uma sobreposição de imagens de muitos indivíduos. De acordo com Pesavento (1999), o meio ur“onde as coisas acontecem”. Com relação às interorientar as percepções espaciais, já que elas estão e da imagem própria de cada um. Pesavento (1999, p.9 ) vê a cidade como “por excelência, o lugar do homem, ela se presta à multiplicidade de olhares entrecruzados que, de forma transdisciplinar, aborSegundo Luzzardi (2007, p. 26 apud PESAVENTO, 2004), “a cidade é um livro de pedra”, referindo-se a sua qualidade de guardar memórias e contar histórias. Para Pesavento (1999), as imagens urbanas trazidas pela arquitetura têm o potencial de remeter, assim como a literatura, a um outro tempo. Todo o palimpsesto urbano - incluindo prédios, monumentos, publicidade e arte urbana - contribuem para a memória social e cultural da cidade, e todavia

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também para seu imaginário. Como uma das proposições desse projeto é traçar uma visão poética da cidade de Pelotas, nada mais coerente do que se basear na literatura para alcançar esse propósito. Com relação ao imaginário de Pelotas, temos a obra Satolep de Vitor Ramil, em que o autor descreve poeticamente sua visão da cidade, de forma similar a que Mário Quintana fazia com Porto Alegre em seus poemas. Em Satolep, Ramil cria uma narrativa em que mescla os elementos marcantes do imaginário coletivo com seu ima-gináforma, alguns desses elementos, como a umidade e os ladrilhos hidráulicos. Para Ramil (2008, p.53), a umidade é a responsável pelo fato de a Biblioteca Pública não fechar a noite, com a esperança de que dela saia, já que “A umidade de Satolep fez da Biblioteca a sua casa. [...] só entre seus livros a umidade de Satolep será outra vez encontrada”. Outro elemento marcante do imaginário pelotense abordado em Satolep é o Café Aquários, considerado o café mais antigo de Pelotas, hoje um ponto turístico e também de encontro, principalmente de senhores da melhor idade. Antigamente, porém, era considerado um local frena passagem:

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Vultos, vozes, ruídos de xícaras. Eu nunca entrara lá. Minha mãe também não. O pai dizia não ser apropriada para mulheres e crianças. Embora fosse homem e adulto, também não frequentava o lugar. ‘Reúne gente que não tem o que fazer’, jus-

Dessa forma, a narrativa vai inteirando o leitor sobre diversos aspectos da cidade. Um dos personagens da narrativa, o Cubano, é aparentemente um grande entendedor da arquitetura e urbanismo da cidade, por visitá-la com frequência, e inteira-nos sobre os ladrilhos hidráulicos:

O senhor já acompanhou o processo de feitura artesanal dessas peças, com as quais montam-se mosaicos fabulosos? As tintas são derramadas em moldes sobre uma superfície metálica untada. Quando o molde é retirado, o desenho do mosaico aparece imperfeito, como que prestes a se desfazer. Porém, na mistura de cimento e areia que é então colocada e prensada sobre ele, a face do

do nome hidráulico? Porque é na água que o ladrilho é curado”. (RAMIL, 2008, p.26-27)

Para o Cubano, os ladrilhos são como musas - já que essa é a origem semântica de musaicus - pois nenhum é igual ao outro, e o personagem ainda profetiza: “Toda Satolep é digna das musas. A cidade e seus habitantes são como esses cubos que se engendram mutuamente” (RAMIL, 2008, p.29).

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2.3

Pelotices: O jeito de ser e deixar estar de Pelotas

Pelotices são coisas tipicamente pelotenses, hábitos e gostos peculiares daqueles que nasceram na cidade ou que a adotaram. Pelotices podem ser faladas, pensadas, feitas ou consumidas. É falar “merece” quando alguém diz “obrigado”, tomar um café no Aquário e dar aquela espiada no jornal em cima do balcão. É gostar de “lagartiar” na Praça ou no Laranjal na acompanhia de um mate. É acreditar que Pelotas é realmente a cidade mais úmida do mundo, e saber que nem tudo que cai Há também pelotices arquitetônicas, como os ladrilhos. Eles podem ser de origem portuguesa, porém não há como negar que os de Pelotas têm algo que os portugueses não tem. É difícil precisar o tão charmosos quando desgastados e tão interessantes quando com diferentes naturezas são colocados juntos, formando um

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patchwork urbano. Os famosos doces também são de origem portuguesa, entretanto eles possuem a locução adjetiva “de Pelotas” porque suas receitas recee é inegável que uma pelotice sem igual é o fato de que, para os pelotenses, toda hora pode ser hora de comer um doce, principalmente se for um quindim. Existe na cidade uma espécie de antropofagia cultural não só com as heranças portuguesas. Pepelotice. Existe uma mania engraçada de afrancesar tudo, padaria vira “boulangerie”, creperia vira “crêperie”, cabelereiro vira “coiffeur”. Isso são pelotices, assim como certa arquitetura dos prédios antigos, que cesa. A cidade possui uma forte conexão com arte não só nos prédios e monumentos históricos como na efervescência cultural que parece transbordar. Até mesmo a chuva e o vento, em Pelotas, parecem ser diferentes de outros lugares, parecem mais intensos. As ruas da cidade parecem ser embaladas por milongas de Ramil, e ouvintes mais atentos podem escutar ecos de tempos passados mais prósperos, como o barulho das charretes, o badalar do relógio do Mercado...

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3. Teoria de Dados Coleta de materiais para a execução do projeto



3.1

Problematização

Perguntas Bonsiepanas Nessa etapa deve-se responder três perguntas, que tem por objetivo principal: descrever a situação ou objeto a ser melhorado, projetual e relatar quais os métodos a serem utilizados. Essas perguntas foram retiradas do livro Metodologia Experimental - Desenho Industrial de Bonsiepe (1984).

O que desenvolver como projeto? Sinalização de elementos do imaginário da cidade de Pelotas com ênfase no desenvolvimento de pictogramas. Por que projetar o sistema? Para promover o patrimônio histórico e a cultura pelotense, além de desenvolver um sistema de sinalização complementar.

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Como desenhar o projeto? Através do Método de Processo Criativo (GOMES, 2001).

Situação Inicial e Final Para a problematização, utiliza-se o critério

atividade estratégica, para a ampliação do campo e delimita-se sua Situação Final.

Situação Inicial O quê? Pictogramas para elementos do imaginário de Pelotas. Para quem? Moradores e turistas. Situação Final Material: Placas funcionais, de fácil implementação e resistente a intempéries. Processo: Através dos condicionantes ambientais e arquitetônicos, diferentes tipos de conteúdo informacional e tipos de espaços a serem sinalizados.

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3.2

Taxomia

Para melhor entender o mundo e para bem transmitir aos outros o que estava se referindo, foi necessário criar nomes e quafenômenos (GOMES, 2001). O mesmo ocorre nos projetos de design, em que para melhor entender um problema e como ele será solucionada é necessário um levantamento de outros projetos existentes e a criação de nomenclaturas para estes. Nesta etapa propõe-se o levantamenpossuam conceito e estética interessantes para o projeto a ser realizado. Ela é subdividida em três categorias: similares (projetos da mesma natureza do que será realizado), tangíveis (projetos que possuam características que possam ser utilizadas) e referências (conceitos visuais coletados pelo designer).

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1. Similares

Fonte: http://www. minirio.com. br/, online, acesso em 20 de agosto de 2016.

Figura 12 - Pictogramas do projeto Mini Rio do designer Fabio Lopez que se propõe a ilustrar e homenagear o patrimônio cultural da cidade do Rio de Janeiro. Da esquerda para a direita: O Cristo Redentor, a estátua do escritor Carlos Drummond de Andrade e o morro do Corcovado.

Figura 13 - NoBrand, projeto idealizado pelos designers Hernán Berdichevsky e Gustavo Stecher cujo objetivo é representar os elementos culturais da Argentina e transformá-los em produtos.

Fonte: http://www.nobrand.com. ar/, online, acesso em 20 de agosto de 2016.

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Fonte: https://www.behance.net/gallery/20315389/New-identity-for-the-city-of-Porto, acesso em 20 de agosto de 2016.

Figura 14 - Projeto de identidade visual da cidade de Porto, Portugal; realizado pela equipe de designers da White Studio, apresenta ícones inspirados nos azulejos portugueses, que representam a cidade e suas vivências.

2. Tangíveis Figura 15 - Sinalização para o Cabravale Leisure EUA), realizado pelo escritório

australiano

de

design There, que possuí destaque para os pictogramas idealizados especialmente para o projeto. Fonte: http://there.com.au/work/cabravale_centre, acesso em 15 de outubro de 2016.

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Figura 16 - Sinalização do Hostel Rioow, com pictogramas

formados

perfurada.

Fonte: http://www.casaaberta. net/rioow/, acesso em 15 de outubro de 2016.

Figura 17, 18 e 19 - Projeto de sinalização e identidade visual do aeroporto de Koln Bonn, Alemanha; realizado pelo estúdio parisiense Intégral Ruedi Baur. O projeto apresenta uma grande família de pictogramas e uma paleta cromática chamativa e alegre. Fonte: http://irb-paris.eu/projet/index/id/49, acesso em 12 de fevereiro de 2017.

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3. Referências

Fonte: http://www.archdaily.com/785361/see-your-favorite-buildings-brought-tolife-in-these-10-gifs, acesso em 12 de fevereiro de 2017.

Figura 20 e 21 - GIFs animados de marcos da arquitetura como o One Central Park, em Sydney, Australia (à direita) e o hotel Marina Bay Sands em Singapura (à esquerda). Projeto de autoria do designer e ilustrador Michael William Lester.

Figura 22 - Ícones de alimentos realizado pelo estúdio coreano HNINE Design Fonte: https://www. behance.net/hnine , acesso em 12 de fevereiro de 2017.

Figura 23 Cartaz “The City” do designer Matteo Franco. Fonte: https:// www.pinterest. com/ , acesso em 12 de fevereiro de 2017.

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3.3

Análise Linguística

1. Denotativa O uso das técnicas analíticas baseadas na Linguística visa ampliar o vocabulário verbal e visual, propiciando assim, o aumento da Nessa etapa, busca-se em dicionários, encirais que os termos possuem (GOMES, 2001).

Sinalização

1) Ato ou efeito de sinalizar. 2) Emprego de diversos sinais para transmissão a distância ou prevenção a transeuntes e condutores de veículo. 3) Conjunto de sinais instalados em estradas, aeroportos, etc., para efeitos de orientação e prevenção (MICHAELIS, 2016).

Señalética

Sistema de sinais de orientação para o público em locais onde são prestados serviços, formando um triângulo com a arquitetura e a logística de serviços (COSTA, 2008).

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Sistema voltado à orientabilidade do usuário, utilizando-se dos princípios de sinalização para conceder uma agradável experiência ao mesmo (GIBSON, 2009).

Campo multidisciplinar que engloba design

Ambiental

gismo (ALMEIDA, 2010).

Pictórico

1) Relativo à pintura 2) Relativo à imagem 3) Que se presta a ser representado visualmente (MICHAELIS, 2016).

Projeto

1) Plano para realização de um ato, esboço. nhada de um orçamento que torne viável a realização de uma obra. 3) Desígnio, intenção. Etimologia do latim projectu, “lançado”, partícipio passado de projicere, “lançar para a frente” (MICHAELIS, 2016).

Pictograma

1) Desenho ou signo de uma escrita pictográcais públicos, certas indicações simples (MICHAELIS, 2016).

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Cidade

1) Localidade de importância superior à vila, com determinada infraestruturas necessárias caracterizado por uma forte concentração populacional que cria uma rede orgânica de troca de serviços, metrópole. 3) Tipo de vida e hábitos socioculturais do meio urbano, em oposição ao campo (MICHAELIS, 2016).

Urbano

1) Relativo ou pertencente à cidade. 2) Habitante da cidade, em oposição ao rural. 3) Característico ou próprio da cidade (MICHAELIS, 2016).

Imaginário

1) Escultor de imagens. 2) Domínio criado pela imaginação. 3) Conjunto de símbolos e valores cultivados por determinado grupo geralmente através de imagens (MICHAELIS, 2016).

Imagético

1) Que se exprime por meio de imagens. 2) Que revela imaginação (MICHAELIS, 2016).

Poético

1) Relativo à poesia. 2) Próprio para inspirar poetas. 3) Que tem características atribuídas a poesia. 4) Que pelo seu carácter de beleza ou encanto provoca uma emoção estética. 5) Sublime (MICHAELIS, 2016).

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2. Conotativa Nessa etapa, são apresentadas as “imagens sonoras e visuais” dos conceitos, através de um projeto que denote o fator projetual desejado, que neste caso é o fator antropológico. Segundo o dicionário Michaelis, antropologia é a ciência que tem por cos do homem e dos agrupamentos humanos (origem, evolução, desenvolvimento físico e material), bem como seu comportamento, costumes e crenças sociais; portanto, como o projeto Mini Pelotices tem como objetivo homenagear o patrimônio histórico e cultural da cidade de Pelotas, o fator projetual mais relevante é o antropológico. O projeto escolhido para essa análise é o Mini Rio, que assim como o meu projeto, visa ilustrar elementos culturais da cidade. Mini Rio é um projeto de pictogramas do designer Fabio Lopez que se propõe a ilustrar as “carioquices” do Rio de Janeiro, desde daquilo que todo mundo conhece como o Cristo

Figuras 24, 25, 26, 27 e 28: pictogramas de bicho preguiça, design carioca (em homenagem ao designer Sergio Rodrigues), água oxigenada (Blondor), sagui e os tradicionais biscoitos Globo. Fonte: http://www.minirio.com.br/, online, acesso em 20 de agosto de 2016.

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Redentor, Pão de Açúcar e feijoada, a fatos cotidianos da cidade que pessoas de fora

desconhecem, como a tendência

Figuras 29, 30, 31 e 32: MiniLab, projeto paralelo ao Mini Rio que consiste em expe rimentações com os pictogramas a partir de repetições e uso de cores.

escutar profecias do Gentileza e ter seus pertences roubados por saguis.

Fonte: http://www.minirio.com.br/, online, acesso em 20 de agosto de 2016.

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3.4

Análise Desenhística

1. Artefato: pictogramas do projeto Mini Rio

Estrutural

O projeto Mini Rio apresenta pictogramas com contorno cinza e interior vazado; e o seu traço possui uma espessura uniforme e apresenta uma organicidade devido às formas arredondadas que, por sua vez, remetem à ideia de “fofura”. Os pictogramas apresentam um grande detalhamento fazendo uma analogia com as miniaturas. Nas aplicações há um padrão cromático diversiFigura 33: pictogramas do Mini Rio

vando-se a predominância das cores rosa

Fonte: http://www.minirio.com. br/, online, acesso em 20 de agosto de 2016.

Janeiro ser uma cidade quente e alegre. As

e laranja, dialogando com o fato do Rio de

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padronagens exploram a sobreposição de imagens e cores fazendo uma analogia ao caos urbano. volvida especialmente para o projeto e seu traçado é inspirado na característica arredondada dos pictogramas.

Apresenta bom contraste, utilizando-se tanto da presença do traçado quanto do padrão Funcional

cromático para chegar a esse resultado. O uso do contorno possibilita o grande número de detalhes dos pictogramas e a dependendo do tamanho e do contraste, pode acontecer o contrário.

Figura 34 - Mini Lab

Fonte: mini Tipo

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Fonte: http:// www.minirio. com.br/, online, acesso em 20 de agosto de 2016.


Os pictogramas não apresentam uma construção rígida formando uma unidade a partir da repetição de características comuns, e se

Morfológica

to que apresenta um equilíbrio dinâmico. Apesar do número de detalhes maior que o usual para pictogramas a linguagem visual apresenta simplicidade, o que confere pregnância ao projeto.

Padrão cromático

Hierarquia cromática

2. Artefato: pictogramas do projeto NoBrand Argentina

Apresenta pictogramas com contorno preto que é a característica visual mais marEstrutural

cante e, com sua qualidade quase caricatural, acarreta em unidade para o projeto. A cor predominante do projeto é o azul, da

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mesma tonalidade da bandeira argentina. Alguns pictogramas apresentam a cor vermelha devido à ligação da temática do ícone com a cor, como o do Che Guevara, por exemplo. A cor laranja também aparece no projeto, para romper a reduzida paleta

Contraste é a característica mais marcante do projeto devido ao contorno preto espesso contrastando com o fundo azul claro.

Os pictogramas do projeto apresentam formas geometrizadas, porém não apresentam uma grade de construção rígida entre si, o

Morfológica

-

sual projetual como dinâmico. O elemento visual que confere unidade aos pictogra-

Figura 35 - Picto-

mas do projeto é o contorno preto, que

gramas do NoBrand

apresenta uma espessura larga e faz uma analogia com as caricaturas e com o humor argentino. Padrão cromático

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Hierarquia cromática

Fonte: https:// www.behance.net/ gallery/5119481/Nobrand-Argentine-icons online, acesso em 20 de agosto de 2016.


3. Artefato: pictogramas do projeto de identidade visual para a cidade de Porto, PT

O projeto apresenta pictogramas com contorno azul escuro e interior vazado que faEstrutural

zem analogia aos azulejos portugueses. Nas aplicações são construídas padronagens que formam um emaranhado de pictogramas criando uma textura. O traçado dos pictogramas é espesso para os mesmos utilizada é sem serifa e transmite a ideia de clareza e limpeza.

Apresenta bom contraste devido à escolha

Funcional

possui boa leiturabilidade.

Os pictogramas apresentam uma construção a partir de formas geométricas e são Morfológica

concebidos para a possibilidade de serem emendados uns aos outros na construção das aplicações. Apresenta simplicidade pe-

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las formas e pela monocromia. O equilíbrio se caracteriza como dinâmico devido à ausência de uma grade de construção rígida. A unidade se dá a partir da paleta cromática e da espessura do traço, e é também o que confere pregnância ao projeto.

Padrão cromático

Hierarquia cromática

Figura 36 - Pictogramas do projeto do Porto

Fonte: https://www.behance.net/gallery/20315389/New-identity-for-the-city-of-Porto, online, acesso em 14 de fevereiro de 2017.

74 mini Pelotices


4. Considerações Finais Referentes às análises desenhísticas

NoBrand e Porto têm em comum o fato de os pictogramas apresentarem contorno diferentemente dos pictogramas que seguiam o modelo daqueles de Otl Aicher e se utilizavam da silhueta (de acordo com a análise visual essa parece ser uma tendência). Os três projetos também apresentam equilíbrio dinâmico, não se prendendo a grades de construção rígidas e a formatos geometrizados. Com minância da cor azul que, segundo Uebele (2007), é a cor que todos os clientes querem por transmitir

mini Pelotices 75


3.5

Usuário

Pelo fato da aplicação da sinalização ser nas ruas da cidade temos a presença de diferentes grupos de indivíduos, portanto é público-alvo. A ideia do projeto é que ele seja direcionado para pessoas que caminham pela rua; por isso não serão averiguados testes de visibilidade para motoristas, nem a sinalização seguirá para o estatuto de sinalização viária. Os pedestres de uma cidade podem ser dos mais variados grupos sociais a faixas etárias, por conseguinte iremos analisar a região que a região na qual a sinalização será aplicada (os arredores da Praça Cel. Pedro Osório) e algumas pecualiridades da cidade para chegarmos o mais próximo possível de um modelo de usuário para o projeto. O principal mote do projeto é divulgar o patrimônio histórico e a cultura pelotense, desse modo, temos como principais usuários os turistas - que a cidade atrai por conta dos doces tradicionais - e

76 mini Pelotices


as pessoas que se mudaram recentemente para a cidade - em sua maioria estudantes. Em Pelotas, por ser uma cidade universitária, existe um grande número de estudantes vindos de outras cidades que moram perto do local onde estudam e fazem a maioria de seus trajetos a pé. Também há um grande número de transeun -tes composto por pessoas da melhor idade que se mudam para uma localização mais central e podem aproveitar para desfrutar a cidade a pé.

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3. Contribuição Elaboração e apresentação do projeto



4.1

Mapas mentais

Para a geração de alternativas, são direções a serem seguidas na sinalização.

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82 mini Pelotices


4.2

Criação de pictogramas

Pelotas é uma cidade famosa por seu patrimônio histórico e cultural, e muita gente vem conhecer seus atrativos. O projeto Mini Pelotices tem como foco a criação de pictogramas, cujo objetivo é homenagear e apresentar visualmente o imaginário da cidade. O recorte temático do projeto é delimitado a partir de minhas experiências pessoais e da minha interpretação da cidade. Devido ao tempo determinado para a exeMercado Público, Prédios Históricos, Ladrilho Hidraúlico, Café Aquários, Doces Tradicionais, Umidade e Pomba. Aplicados em uma sinalização, a ideia é criar uma brincadeira com fatos cotidianos e fazer as pessoas enxergarem a cidade sob a minha perspectiva. Um aspecto importante do projeto é que ele não constitui uma representação idealizada de Pelotas, porque acredito que os defeitos são parte fundamental da cida-

mini Pelotices 83


gar tão peculiar e interessante. ca para a criação de pictogramas, métodos de sínLessa (1995), Elam (2006) e Poovaiah (2010). Lessa imitativas - em que pictogramas se encaixam - e alcação ou esquematização (economia de elementos particulares). Lessa (1995) propõe um esquema em que os dos nos vértices de um triângulo. Para a concepção dos pictogramas, por meio da verossimilhança, chea estilização da imagem original, de acordo com a Após trabalhar as imagens com base no esquema de Lessa (1995), iniciou-se o processo de traa experimentação de diferentes tratamentos visuais para se chegar a um resultado de fácil reconhecimento e que desperte interesse visual. Entre esses tratamentos, a autora recomenda começar por ex-

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Verossimilhança

Estilização

Figura 37 - Pirâmide de Lessa (1995) Fonte: elaborado pela autora (2017)

perimentações com luz e sombra para trabalhar a percepção tridimensional do objeto, seguido por experimentações com silhueta, contorno e pontilhismo; Por último, o método de Poovaiah (2010), que submete os pictogramas à avaliação dos usuários e a um redesenho de acordo com as necessidades encontradas. A proposta metodológica de Poovaiah

mini Pelotices 85


consiste na apresentação dos pictogramas e suas variações para uma avaliação pelo público, afunilando as opções até chegar à opção ideal. Essa metodologia foi aplicada nos pictogramas com conceitos mais abstratos como o da umidade, conforme

Figura 38 - Aplicação do método de Elam (2006) Fonte: elaborado pela autora (2017)

86 mini Pelotices


Figura 39 - Aplicação do método de Poovaiah (2010)

Variações

Avaliação pelas pessoas

Avaliação por designers

Fonte: elaborado pela autora (2017)

mini Pelotices 87


4.3

Os pictogramas

Pomba Ave da família Columbidae, é famosa por aterrorizar os passantes da Praça Cel. Pedro Osório e dos prédios históricos ali próximos com vôos rasantes e presentes aéreos. Apesar de sua fama nefasta, a pomba faz parte da cidade e é uma legítima pelotice.

88 mini Pelotices


Umidade É a quantidade de vapor de água na atmosfera a qual em Pelotas é em quantidade altíssima, levando algumas pessoas a acreditar que seja a cidade mais úmida do mundo. A umidade da cidade faz com que o verão seja escaldante e o inverno excessivamente chuvoso, além de conseguir que tudo, absolutamente tudo, mofe.

Ladrilho O ladrilho hidráulico é uma placa de cimento constituída de areia, pó de mármore e pigmentos com superfície de textura lisa e possui esse nome por ser na água que o ladrilho é curado. É um tipo de revestimento tipicamente artesanal e produzido totalmente à mão, peça por peça; e em Pelotas pode ser visto nas calçadas e nos interiores dos casarões, formando um mosaico de cores e padronagens.

mini Pelotices 89


Doces Tradicionais Principal atrativo turístico da cisão tradicionalmente feitos com ovos e surgiram com a junção da herança portuguesa com a africana. Quindins, bem casados e camafeus são alguns exemplos de doces tradicionais, que antigamente eram preparados para serem servidos nos banquetes, saraus e bailes da alta sociedade pelotense, e hoje são o principal atrativo turístico da cidade.

Prédios históricos De arquitetura eclética, que mescla vários estilos arquitetônicos, os prédios históricos de Pelotas são os vestígios de tempos de glória e opulência e são, sem dúvida, um dos grandes responsáveis pelo charme da cidade. Em volta da Praça Cel. Pedro Osório localizam-se o prédio da Prefeitura, a Biblioteca Pública, o Theatro Sete de Abril, o Grande Hotel, o Banco Pelotense e os casarões.

90 mini Pelotices


Mercado Público Construído em 1874, o Mercado é uma referência da cidade. Foi reformulado entre 1911 e 1914, onde recebeu a torre do relógio e o farol de ferro, importados de Hamburgo, Alemanha, e fazem alusão à Torre Eiffel. Hoje abriga vários restaurantes e confeitarias e, à noite, é um lugar boêmio em que pode-se sentar ao ar livre e apreciar música ao vivo.

mini Pelotices 91


Café Aquarios O mais antigo café de Pelotas, era conhecido por ser frequentado pela boemia da cidade, sendo até por um tempo chamado de “esquina do pecado”. Hoje é frequentado por todo tipo de gente, que se reúne para tomar uma xícara de café e discutir sobre política e cultura. O café perdeu sua aura boêmia porém sua essência intelectual continua, sendo um ponto de encontro de diversas personalidades.

92 mini Pelotices


4.4

Manual de sinalização do projeto

A sinalização proposta neste projeto consiste em placas que serão acopladas na sinalização viária já existente, em uma altura adequada para pedestres. O material escolhido para as placas foi o PVC, por ser resistente à umidade e relativamente acessível, possibilitando a reposição das placas no caso de depredação e vandalismo. Para vincular as placas nos postes de (abraçadeiras), que proporcionam uma

Material: PVC Fixação: Impressão: Plotter de recorte

Tamanhos

Deodoro

CUIDADO

Rua Mal. Deodoro 1001 - 1049

CEP 96020-220 CENTRO

45 cm

25 cm

mini Pelotices 93


Pictogramas e setas

café Aquário

pomba

ladrilho hidraúlic o

mercado públic o

umidade

esquerda

94 mini Pelotices

prédio históric o

direita


Diagramação das placas

CUIDADO

ATENÇÃO

ATENÇÃO

mini Pelotices 95


Cores institucionais As cores foram inspiradas em imagens de Pelotas, conforme painel da pรกgina ao lado.

96 mini Pelotices

C=67% M=38% Y=0 K=0

C=78% M=10% Y=100 K=0

R=87 G=139 B=201

R=53 G=163 B=72

#578BC9

#35A348

C=2% M=17% Y=98% K=0

C=8% M=89% Y=76% K=0

R=251 G=206 B=17

R=221 G=67 B=67

#FBCE11

#DD4343

C=5% M=68% Y=100% K=0

C=0 M=0 Y=0 K=100%

R=231 G=112 B=36

R=35 G=31 B=32

#E77024

#231F20


mini Pelotices 97


Cores

C=8% M=89% Y=76% K=0

CUIDADO

ATENÇÃO

C=67% M=38% Y=0 K=0

R=221 G=67 B=67

R=87 G=139 B=201

#DD4343

#578BC9

ATENÇÃO

C=2% M=17% Y=98% K=0

C=5% M=68% Y=100% K=0

R=251 G=206 B=17

R=231 G=112 B=36

#FBCE11

#E77024

98 mini Pelotices


As fontes apresentadas são apenas material de demonstração, é necessário licenciá-las para uso.

Gill Sans MT ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXY Z abcdefghijklmnopqrstuvwxyz 0123456789 .,?!@#$%¨&*()

Grade de Construção 12

3 4 5 6789

10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 8

8

2 3 4 5 6 7 89

12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98

10 111 2 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70

CUIDADO

mini Pelotices 99


Mapa de alocação das placas Placas Direcionadoras Doces Tradicionais

Café Aquários

Mercado Público

Prédios Históricos

Placas Advertivas Umidade

Pombas

Ladrilhos

100 mini Pelotices


mini Pelotices 101


Modelos das placas

CUIDADO

Félix da Cunha

Andrade Neves

1001 - 1049

1001 - 1049

CEP 96020-220 CENTRO

ATENÇÃO

102 mini Pelotices

CEP 96020-220 CENTRO


XV de novembro

Gen. Neto

1001 - 1049

1001 - 1049

CEP 96020-220 CENTRO

CEP 96020-220 CENTRO

ATENÇÃO

mini Pelotices 103



Conclusão Neste projeto apresentamos uma interpretação pessoal da cidade de Pelotas, com o objetivo de criar pictogramas e aplicá-los em uma sinalização urbana complementar a já existente. Devido à escassa literatura em metodologia de criação de pictogramas, utilizamos uma mistura de métodos

que são pictogramas e de onde eles surgiram, além conceitos como espaço urbano e patrimônio. Dessa forma, pode-se compreender com maior abrangência os objetos a serem projetados (pictogramas e sinalização). Com o intuito de situar o projeto na realidade de Pelotas, investigou-se a história da cidade e

adentramos no mundo do imaginário, tentando

correlacionar com o urbano. No meio das pesquisas e do processo criativo criamos a palavra “pelotice”, que acabou por nomear o trabalho e ganhar um sub capítulo próprio, com um viés mais poético. Fundamento e Teoria de Foco), iniciamos a fase de análises (Teoria de Dados) proposta por Gomes et al. (2001) e logo após principiou-se o desdobra-

mini Pelotices 105


mento do processo criativo, utilizando-se diversas técnicas, incluindo metodologias de Lessa (1995), Elam (2006) e Poovaiah (2010). O resultado desse projeto foram sete pictogramas e sete modelos de placas de sinalização urbana, que traduzem uma visão particular da cidade. Alcançamos os objetivos deste projeto porém ainda há muito a ser explorado e criado, sendo este apenas o início das mini Pelotices.

106 mini Pelotices



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fonte Gotham Light papel Offset 75g Graphimax




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