O espaço como poesia: paisagem

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O ESPAÇO COMO POESIA: PAISAGEM

Mariana Fernanda Amaral de Souza Orientador: Prof. Miguel Gally



Universidade de Brasília Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Mariana Fernanda Amaral de Souza Matrícula: 10/0114890

Este documento apresenta o trabalho de conclusão da disciplina Ensaio Teórico, do Departamento de Teoria e História, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília.

Brasília, DF, 2º semestre de 2015.



Banca Examinadora:

Prof. Orientador Miguel Gally

Profa. Tatiana Terra

Prof. Reinaldo Guedes



Mas é imediatamente após os primeiros metros acima do nível terrestre, que o que me vem à cabeça me intriga mais. Quando as coisas passam a ser vistas do alto, a vida naquele lugar pára e as pessoas e carros continuam se movimentando apenas por inércia. A sensação de não estar mais ali tira toda a vitalidade do lugar. É como se o modo automático fosse ligado para forjar “toda a vida que existe”. No entanto, as lembranças aquelas que registraram a delicadeza das conchas, a pigmentação dos corais e as pessoas que conhecemos, que nos fizeram acreditar num mundo mais humano – estão aqui, para mostrar que há, sim, infinitas coisas acontecendo e que o tempo não pára pra nada nem ninguém. Mas, até que me provem o contrário, ainda acredito que não há mais vida do que dentro de mim. E menciono, aqui, somente aquilo que me vem à cabeça e me faz sentir e me emocionar. Não entro no mérito da vida dos meus anticorpos ou das plaquetas do meu sangue, porque aí não me restariam dúvidas de que estou certa. Refiro-me à minha capacidade de pensar, de sentir saudades daqueles momentos que foram vivos e também, e principalmente, da descarga de sensações quando percebo sua presença. Trecho de carta de arquivo pessoal



julho 2014 – pôr-do-sol. Grécia.


agosto 2015 – lua em Jericoacoara.


Resumo

Trabalhar com a arquitetura é trabalhar também com o espaço. Dessa forma, é importante, para o arquiteto, investigar suas várias formas e concepções. É importante entender como as pessoas veem o espaço e como elas o apreendem. Será que todas as pessoas o entendem da mesma forma? Será que o espaço é o mesmo para todos? Neste ensaio, pretende-se introduzir o conceito de paisagem e como ela dialoga com o espaço, tomando como ponto de partida, então, as possíveis compreensões dele. Palavras-chave: Espaço. Subjetividade. Paisagem.


janeiro 2015 – estrada. Lugar entre dois lugares.


Sumário

1. Entre espaço e paisagem 2. Paisagem e cidade 3. Referências bibliográficas

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julho 2011 – mar, da janela do meu quarto em Brasília.


1. Entre espaço e paisagem “Seria uma suposição ingênua e infundada considerar que a aparência do espaço e do tempo é necessariamente a mesma para todos os seres orgânicos.” 1 Para que sejam reais, sim, todas as coisas devem estar contidas nessa “dimensão conhecida”, algo como um consenso, uma convenção, um acordo entre as pessoas. Mas, ao mesmo tempo, restam dúvidas quanto à universalidade perceptível (visível, palpável, audível, observável, tangível) do extrínseco. Cassirer coloca que existem diferentes níveis de experiências espaciais. Ele denomina espaço e tempo orgânico (ou espaço de ação) como a relação primária entre tal estrutura “unânime” (espaço físico, medido em metros e tempo linear, medido em minutos) e o organismo vivo. Trata-se de um vínculo instintivo: a criatura respondendo a estímulos provenientes do espaço e do tempo para a autopreservação (CASSIRER, 1997, p. 74). Nesse sentido, o autor acrescenta que o homem é inferior a outros seres vivos, pois um recém-nascido humano é totalmente dependente de adultos, diferentemente de outros animais, que já nascem caminhando e sabendo onde procurar por comida. Um nível superior de experiência espacial, Cassirer chama de espaço perceptual (1997, p. 75). Este já é mais complexo, é uma construção proveniente do 1

CASSIRER, Ernst. Ensaio sobre o Homem. Tradução: Tomás Rosa Bueno. 1ª edição, 2ª tiragem. São Paulo: Martins Fontes, 1997, p. 73. 16


dezembro 2013 – estrada para montanha. Itålia. 17


conjunto de respostas de todos os sentidos do corpo. No entanto, essa “qualidade” de espaço é deixada de lado quando se trata de um estudo sobre o conhecimento. Surge daí, um outro grau de espaço, exclusivo – até que se diga o contrário – do homem: o espaço abstrato (1997, p. 76). Procurando se basear em fatos históricos para indicar o início da consciência desse “tipo” espacial, o autor diz que “na vida primitiva e nas condições da sociedade primitiva, raramente encontramos qualquer vestígio da ideia de um espaço abstrato. O espaço primitivo é um espaço de ação” 2. Isto, porque o espaço abstrato a que ele se refere é o espaço geométrico: homogêneo, universal, uniforme e insubordinado à variedade dos nossos sentidos. É um espaço que pode ser representado e esquematizado, ainda que não seja visto. Ao contrário disso, a ideia de espaço para o homem primitivo é relacionada a uma ligação afetiva. Um nativo dessas tribos tem olhos para os mínimos detalhes de seu ambiente. É extremamente sensível a toda mudança na posição dos objetos comuns à sua volta. Mesmo em circunstâncias muito difíceis ele é capaz de encontrar seu caminho. Quando está remando ou velejando, segue com grande precisão todas as voltas do rio que está subindo ou

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CASSIRER, Ernst. Ensaio sobre o Homem. Tradução: Tomás Rosa Bueno. 1ª edição, 2ª tiragem. São Paulo: Martins Fontes, 1997, p. 78. 18


novembro 2013 – Collegno. Itália. 19


descendo. Examinando com mais atenção, porém, descobrimos para a nossa surpresa que, a despeito dessa facilidade, parece haver uma estranha lacuna em sua apreensão do espaço. Se lhe pedem para fazer uma descrição geral, delinear o curso do rio, ele não é capaz de o fazer. Se lhe pedem que desenhe um mapa do rio e de suas voltas, ele dá a impressão de nem mesmo entender a pergunta. CASSIRER, Ernst. 1997, p. 79. Enfim, é na cultura babilônica que Cassirer diz que se encontra a origem de “um pensamento que transcende a esfera da vida prática concreta do homem, que ousa abarcar o universo inteiro em uma visão abrangente“ 3. Essa maneira simbólica (entende-se, também, como matemática, algébrica) de representar o espaço que não é percebido pelos sentidos foi, na verdade, o meio encontrado de propor uma linguagem comum a povos de origens distintas, para equivaler às incógnitas cósmicas. E essa compreensão do espaço abstrato está presente também quando se fala de arquitetura. Étienne-Louis Boullèe considera a arquitetura a concepção, o desenho em detrimento da construção, como referência de sua definição. Ele defende que “é essa 3

CASSIRER, Ernst. Ensaio sobre o Homem. Tradução: Tomás Rosa Bueno. 1ª edição, 2ª tiragem. São Paulo: Martins Fontes, 1997, p. 80. 20


julho 2011 – Santiago. Chile. 21


produção do espírito, é essa criação que constitui a arquitetura, que nós podemos, por conseguinte, definir como sendo a arte de produzir e de levar à perfeição todo e qualquer edifício. A arte de construir não é senão uma arte secundária”. 4 Uma ideia precisa ser representada, primeiro, para que seja executada. É dessa maneira que surge o que se chama de projeto arquitetônico ou urbanístico. Ele é, comumente, representado por desenhos técnicos, que nada mais são do que a esquematização, em linhas, de uma futura construção. São a abstração do espaço, de maneira universal e uniforme, de maneira independente à variedade dos nossos sentidos. Todos os arquitetos são, no mínimo, capazes de ter essa abstração do espaço. E todos os arquitetos são burocratizados para representar suas ideias da mesma forma: com desenhos técnicos. Em 2014, quando eu cursava a disciplina de nome “Teorie del Progetto”, em Turim, os professores fizeram uma experiência com os alunos. De forma aleatória, entregaram a cada um dos estudantes, um fragmento de texto de dois padrões distintos. No primeiro modelo, tinha escrito todas as exigências para uma nova construção de forma explícita, com o número de andares, o índice de aproveitamento

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BOULLÉE, Étienne-Louis. Arquitetura. Ensaio sobre a arte. Tradução: Carlos Roberto M. Andrade. Risco. Revista de pesquisa em arquitetura e urbanismo. Programa de pós-graduação do departamento de arquitetura e urbanismo – EESC-USP, São Paulo, n. 2, 2º/2005, p. 98 – 104. 22


julho 2011 – Santiago. Chile. 23


do lote, se haveria jardim e subsolo. No segundo, tinha a fala de um cliente, um senhor que contava, minuciosamente, o sentimento que desejaria ter quando passasse em cada parte daquele lugar. Eles foram denominados “burocrati” e “artisti”, respectivamente. Cada um dos alunos deveria, então, fazer um projeto de acordo com o texto que havia recebido de forma completamente livre e entregar aos professores, sem discriminar, para que estes pudessem adivinhar se “artista” ou “burocrate”. Os professores, no entanto, não foram capazes de distinguir a natureza dos projetos. E eles chegaram à conclusão que fomos todos “domesticados”. Isso, porque eles esperavam que aqueles que receberam o “progetto artista” fizessem desenhos, colagens ou poemas e, em vez disso, todos os projetos foram representados por desenhos técnicos. Depois disso e analisando todos os trabalhos dos estudantes, fiquei imaginando onde, naqueles desenhos precisos e rígidos, era possível figurar um espaço (futuramente, concreto) que evocasse todos aqueles sentimentos que o senhor tanto queria sentir. Pensei que este espaço subjetivo (pois estava apenas na cabeça do senhor) não era o mesmo espaço abstrato universal e uniforme, mas um segundo. Era um espaço afetivo. E um não equivale ao outro. Talvez, cada um dos alunos que pegou o trecho “artista” tivesse, sim, uma visão que correspondesse àquele lugar. E talvez (ou certamente), essas visões fossem diferentes para cada um, inclusive para o senhor.

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fevereiro 2015 – Lisboa. 25


Heidegger parece concordar com essa abordagem de espaço como existencial quando diz que “o lugar abre sempre um canto” 5, referindo-se a este último como extensão livre. Isto, porque canto remete a um espaço que pertence à projeção existencial de alguém. Quando uma pessoa diz, por exemplo, que quer “ficar em seu canto”, não se sabe realmente que espaço é esse, mas ela, provavelmente, não se refere a um espaço técnico-físico, concreto e, sim, a um espaço próprio, criado por ela. O cliente, da experiência “burocrate/artista”, imaginava um “canto”. O que eu posso concluir disso é que existe um distanciamento evidente entre a noção de espaço abstrato do homem de cultura, supostamente avançada, e o indivíduo comum que cria seus cantos. E que esse afastamento não existia na sociedade primitiva. Talvez - resgatando o que foi dito por Cassirer -, os homens primitivos não fossem capazes de representar aquele espaço, mas tinham um vínculo tão forte com ele, que conseguiam se orientar sem se perder. Eles percebiam o espaço e o reconheciam de alguma forma. “As tribos primitivas costumam ser dotadas de uma percepção extraordinariamente nítida do espaço.” 6 Talvez o espaço que se percebe, contingente poético, não seja interessante para algumas ciências, mas ele é relevante para a argumentação que pretendo construir aqui. Elias Lopes Lima defende que “o espaço demarcado pelo corpo próprio, o 5

HEIDEGGER, Martin. A arte e o espaço. Tradução: Miguel Gally. Maio, 2010. CASSIRER, Ernst. Ensaio sobre o Homem. Tradução: Tomás Rosa Bueno. 1ª edição, 2ª tiragem. São Paulo: Martins Fontes, 1997, p. 79. 6

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dezembro 2013 – San Sicário. Itália. 27


espaço percebido, é o recorte do espaço abarcado pela percepção. Ele é um campo perceptivo, o meio de nossa experienciação sensório-motor-comunicativa, não possuindo, portanto, delimitações rígidas e precisas.” 7 Um espaço físico pode ser apreendido de diversas formas, pela ativação dos diferentes sentidos, em diferentes situações e momentos. Mas é a cada vez que alguém o vê de uma maneira distinta, ou enxerga um novo elemento - que poderia estar ali, sendo olhado muitas vezes, antes de ter sido visto –, que uma imagem se forma daquele lugar. É essa construção mental, que conecta espaço, objetos visíveis, imaginação, sentimentos e “tempos” que vou tentar caracterizar como paisagem. Ao procurar, no dicionário da língua portuguesa, o termo paisagem, encontro “sf (fr paysage) 1 Extensão de território que se abrange num lance de vista. 2 Desenho, quadro que representa um lugar campestre. 3 Trecho literário de assunto campestre. [...]” 8.Já ao traduzir paisagem para o inglês, encontro landscape, scenery, view. E ao quebrar os dois radicais da primeira tradução, faz-se land + scape, ou seja, terra + fuga. Para o italiano, paesaggio e como significado, acho: “a. Veduta, panorama; parte di territorio che si abbraccia con lo sguardo da un punto determinato. Com riferimento a panorami caratteristici per le loro bellezze naturali, o a località di particolare interesse storico e artístico, ma anche più in generale, a tutto il complesso 7

LIMA, Elias Lopes. Do corpo ao espaço: Contribuíções da obra de Maurice Merleau Ponty à análise geográfica. GEOgraphia. Niterói, ano IX, n° 18, 2007, p. 80. 8 MICHAELIS. Moderno Dicionário da Língua Portuguesa. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php >. Acesso em 23 nov. 2015. 28


fevereiro 2015 – Itália. 29


dei beni naturali che sono parte fondamentale dell’ambiente ecologico da difendere e conservare.”9, ou então: “Porzione di territorio considerata dal punto di vista prospettico o descrittivo, per lo più con un senso affettivo cui può più o meno associarsi anche un’esigenza di ordine artistico ed estetico.”10 Perguntei, também, a algumas pessoas o que elas entendiam por paisagem. Não houve quem não hesitasse ao definir, em palavras, o termo. O que parecia tão óbvio, de repente, tornou-se algo complexo e, até, incompreendido. Por fim, obtive as seguintes respostas:  “Aquilo que você vê é uma paisagem”;  “É uma imagem bonita que te faz sentir uma coisa boa”;  “Uma paisagem é uma porção do mundo”; 9

TRECCANI, Vocabulario dela Lingua Italiana. Disponível em: <http://www.treccani.it/vocabolario/ >. Acesso em 25 nov. 2015. “a. Vista, panorama; parte do território que se abraça com o olhar, a partir de um ponto determinado. Referente a panoramas caracterizados pelas suas belezas naturais, ou a locais de interesse histórico e artístico, mas também, de forma mais abrangente, a todo o complexo dos bens naturais que são parte fundamental do ambiente ecológico para se defender e preservar.” (Tradução livre). 10 DEVOTO-OLI, Il dizionario della Lingua Italiana, Le Monnier. Disponível em: <http://www2.unibas.it/architettura/CORSI/MININNI/AA_2011_12/definizioni%20dizionari.pdf >. Acesso em 25 nov. 2015. “Pedaço/segmento de território tido a partir da perspectiva ou da descrição, levando em consideração, principalmente, o senso afetivo, que pode ser associado, aparentemente, a uma necessidade artística e estética.” (Tradução livre). 30


janeiro 2014 – San Sicário. Itália. 31


 “É uma imagem que, geralmente, é composta por muita natureza. Um plano que eu corto na minha cabeça e vejo toda uma composição”;  “É presente. É conforto”;  “Estática. Não eletricidade. Serenidade. Uma coisa que fica lá sem se mexer muito”;  “Depende da referência estética de cada um”;  “A paisagem está afastada”. Milton Santos, por sua vez, ressalta que “a palavra paisagem é frequentemente utilizada em vez da expressão configuração territorial. [...] A rigor, a paisagem é apenas a porção da configuração territorial que é possível abarcar com a visão” 11. Ele explica que configuração territorial, na verdade, “é o conjunto de elementos naturais e artificiais que fisicamente caracterizam uma área.” 12 e que “em muitos idiomas, o uso das duas expressões é indiferente”13. E isso explica alguns dos significados que encontrei nos dicionários. Ou seja, não é inadequado utilizar o termo paisagem para corresponder a um conjunto de elementos que determinam uma característica física para um lugar, mas essa significação não nos interessa aqui. Ainda que apareçam tantas dúvidas ao conceituar paisagem, parece-me que 11

SANTOS, Milton. A natureza do espaço: espaço e tempo; razão e emoção. São Paulo: HUCITEC, 1996, p. 83. 12 Idem, ibidem. 13 Idem, ibidem. 32


janeiro 2015 – Rio. 33


prevalece a compreensão de que seja algo que se possa ver. Fisiologicamente, aquilo que os olhos enxergam é uma projeção, ou seja, é uma imagem daquilo que é. Mas aquilo que se enxerga é aquilo que se vê? Ou melhor, aquilo que se vê e que fica na memória corresponde exatamente àquele lugar que é, que está ali? Esse é apenas um dos pontos de interrogação que cercam a noção de paisagem. Na minha opinião, quando não sabemos o que é uma coisa, talvez seja melhor começarmos pelo que não é. Paisagem não é sonho, nem fantasia, delírio, ou devaneio. Paisagem não é pura criação. Isso, porque ela toma como ponto de partida um mundo concreto, exterior, objetos reais, uma materialidade. Em vista disso, é possível adicionar traços de coletividade na essência do ”objeto” de estudo. Quero dizer, logo no início do texto, eu enunciei que “para que sejam reais, todas as coisas devem estar inseridas nessa dimensão conhecida” e continuei “algo como um consenso, uma convenção, um acordo entre as pessoas”. Ou seja, para que algo seja considerado real, deve ser percebido por mais de uma pessoa e de preferência, por todas. Essa troca de informações, dados, descrições deve ser constante, para que se tenha certeza de que as coisas existem. Por outro lado, existir não induz, necessariamente, o presente, o agora, o atual. E, por inferência imediata, paisagem abrange também, o passado, a memória, porque a história também tem “testemunhas”. Milton Santos parece concordar com essa ideia

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julho 2014 – Capadócia. 35


quando diz que “a paisagem se dá como um conjunto de objetos reais-concretos.”14 e que “nesse sentido, a paisagem é transtemporal, juntando objetos passados e presentes, uma construção transversal.”15 Do futuro, a princípio, não poderia ser, visto que futuro não é consenso, não é unanimidade e, consequentemente, não existe. Mas entender o “pensar no futuro” como criação pura é, talvez, um excesso. Para ilustrar a que me refiro, voltemo-nos à arquitetura como exemplo mais uma vez. Vimos que Boullèe a considera como sendo a concepção - de algo que será construído (portanto, pensar no futuro). No entanto, dizer que a concepção parte, sempre, da inovação seria equivocado. Ao ler um texto sobre metodologias de projeto modernistas, encontrei ideias que considero valer de forma mais abrangente e não só para esse movimento. O arquiteto Colquhoun “vê na transformação de soluções passadas [...] um meio de reconhecer o papel das soluções precedentes na concepção do projeto.” 16 Ou seja, “a intuição é usada para fazer escolhas no processo de projeto, escolhas que em conjunto constituem a intenção do arquiteto.” 17 e para definir intuição ele recorre à ideia do teórico italiano Tomás Maldonado de que 14

SANTOS, Milton. A natureza do espaço: espaço e tempo; razão e emoção. São Paulo: HUCITEC, 1996, p. 83. 15 Idem, ibidem. 16 COLQUHOUN, Alan. Tipologia e metodologia de projeto. In NESBITT, K. (org.). Uma Nova Agenda para a Arquitetura: antologia teórica (1965-1995). São Paulo: Cosac Naify, 2006, p. 273. 17 Idem, ibidem. 36


agosto 2014 – Apricale. Itália 37


“[...] a área da pura intuição deve estar baseada no conhecimento das soluções do passado para problemas afins e a criação é um processo de adaptação às necessidades do presente de formas que têm origem ou em necessidades ou em ideologias estéticas do passado.”18 Anne Cauquelin aparenta sustentar essa ideia quando reflete sobre como foi concebida a imagem de um sonho que sua mãe lhe descreveu. Sonho também não existe, mas a imagem que ela cria dele, a partir daquilo que lhe foi retratado, é formada por instrumentos que, ao contrário, existem. Cauquelin constrói uma linha de raciocínio e constata que o espaço concreto tem papel decisivo no imaginário de cada um. Ela defende a ideia de que as pessoas formulam imagens, em suas mentes, com figuras e formas acumuladas em um “arquivo pessoal”. E este é influenciado por vários aspectos: cultura, religião, crença, fatores climáticos, técnicas disponíveis, vegetação e a própria arquitetura. Ela diz: Tratava-se não de um olhar inocente, mas de um projeto. A natureza se dava apenas por meio de um projeto de quadro, e nós desenhávamos o visível com o auxílio de formas e de cores tomadas de empréstimo a nosso arsenal cultural. O fato de esse

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COLQUHOUN, Alan. Tipologia e metodologia de projeto. In NESBITT, K. (org.). Uma Nova Agenda para a Arquitetura: antologia teórica (1965-1995). São Paulo: Cosac Naify, 2006, p. 273. 38


março 2014 – Sant’Ambrogio di Torino. Itália. 39


arsenal ser levemente diferente para outros indivíduos ou outros grupos não contradizia o fato mesmo da construção do visível. CAUQUELIN, Anne. 2007, p. 26. Nota-se que paisagem sempre será presente, porque se faz quando penso nela, não devendo eu estar, necessariamente, ali, em corpo, a avistando com os olhos, para que a veja. É, portanto, a memória que tem papel decisivo em sua formação. Milton Santos diz que “a paisagem existe, através de suas formas, criadas em momentos históricos diferentes, porém coexistindo no momento atual” 19. Para Karina Dias, “a paisagem deriva de um enquadramento do olhar, alia o lado objetivo e concreto do mundo à subjetividade do observador. A paisagem é uma experiência sensível do espaço” 20. Mas, pelo que elucidei anteriormente, a respeito de a concepção de um lugar ser baseada em exemplos e soluções anteriores, não poderia ela também ser considerada formação de paisagem, ainda que o lugar concreto, não exista?

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SANTOS, Milton. A natureza do espaço: espaço e tempo; razão e emoção. São Paulo: HUCITEC, 1996, p. 84. 20 DIAS, Karina. Entre visão e invisão: Paisagem. Por uma experiência da paisagem no cotidiano. Brasília: UNB, 2010, p. 113. 40


dezembro 2013 – San Siário. 41


Paisagem é vínculo. A “existência” dela é indício de que há uma forte relação entre a pessoa e o espaço. É uma ideia semelhante à de Yi Fu Tuan, quando ele fala de lugar. Ele defende que “o que começa como espaço indiferenciado transforma-se em lugar à medida que o conhecemos melhor e o dotamos de valor.” 21 Porém, aqui, ele parece tratar somente do espaço concreto e paisagem. Mas, poderíamos abarcar também o espaço criado, o canto. De maneira sintética, paisagem é, por assim dizer, uma composição virtual do espaço. Isto é, talvez seja ela o modo de “representar” o espaço subjetivo, mas não mais aquele do homem de cultura avançada, universal e uniforme, ao qual se referia Cassirer. Aquele já é representado por desenhos técnicos. Mas, de representar o espaço subjetivo afetivo, que pode ser tanto aquele percebido pelos sentidos e moldado pela memória, imaginação e pelos sentimentos, como o concebido, pensado com elementos reais. E ela é virtual, porque está em mim. Mas a recíproca não é verdadeira. A paisagem estar em mim não significa que eu estou nela. Ao menos não como um elemento que a compõe. Sobre isso, Elias Lopes Lime diz que o sujeito que vê a paisagem é passivo, “é como se este não intervisse na paisagem a não ser por meio da faculdade perceptiva que a apreende.” 22 Eu, por exemplo, costumo fotografar os 21

TUAN, Yi Fu. Espaço e lugar: a perspectiva da experiência. São Paulo: Difel, 1983, p. 6. LIMA, Elias Lopes. Do corpo ao espaço: Contribuíções da obra de Maurice Merleau Ponty à análise geográfica. GEOgraphia. Niterói, ano IX, n° 18, 2007, p. 82. 22

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fevereiro 2015 – Roma. 43


lugares que visito. Sempre tem alguma coisa que me chama a atenção: uma angulação, uma cor, um efeito de luz e eu a registro. A fotografia é um fragmento da composição que se forma em minha cabeça, ou seja, é um fragmento da paisagem. Outras pessoas que também fotografam o lugar têm seus pontos de vista e, geralmente, não coincidem com o meu. Quando lhes peço que me incluam em suas imagens, o resultado é sempre diferente daquele que eu esperava. E eu não reconheço aquele lugar. Por outro lado, muitas vezes, percebo minha sombra estampada nas superfícies e aquilo, sim, pode se tornar um elemento que constitui a paisagem. Diante disso e ainda pensando sobre o entendimento de Boullèe a respeito da arquitetura e da arte de construir, me questiono: um espaço concreto pode virar uma paisagem, mas uma paisagem pode virar um espaço concreto, com exata semelhança? Seria esse o momento em que o criador, o compositor da paisagem adentraria nela como espaço, que se tornaria, então, percebido?

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janeiro 2015 – Ouro Preto. 45


2. Paisagem e cidade (uma breve análise sobre paisagens urbanas) Para que exista uma paisagem, é necessário o lugar que é visto, mas, em especial, é preciso do sujeito que vê. Isso, porque a imagem do lugar é organizada pela mente daquele que olha e, na memória dele, guardada. A visão está intimamente ligada ao autor (e por que não dizer artista?). Uma colega, apresentando seu trabalho, citou uma frase muito interessante do poeta Wlademir Dias-Pino, que se adapta muito bem a essa consideração. Ele diz: “Quem olha é responsável pelo que vê.” 23 Quando perguntei às pessoas o que elas entendiam por paisagem, muitas citaram o termo “natureza”. Algumas chegaram a dizer que sem natureza, não era paisagem. Acredito que a palavra paisagem esteja estreitamente ligada à palavra contemplação e, talvez, seja esse o motivo da confusão. Afinal, o que mais se faz (ou, ao menos, deveria ser feito) com a natureza senão contemplar? Parar para admirar a natureza é muito mais espontâneo do que o fazer para admirar a cidade, por exemplo. Isso porque a cidade é lugar de movimento, de trocas, de encontros, de pressa. A cidade é lugar de ação. Análoga a essa ideia, Karina Dias coloca que “na rotina, experimentamos frequentemente um estado de cegueira.” 24 Ela explica que “estamos imersos em um 23

DIAS-Pino, Wlademir, citação. In Poema Urbano, Silvana Rezende, 2015. DIAS, Karina. Entre visão e invisão: Paisagem. Por uma experiência da paisagem no cotidiano. Brasília: UNB, 2010, p. 115-116. 24

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fevereiro 2015 – Turim. 47


espaço onde tudo ressoa e chama a ser visto, onde o excesso do que há para ser visto, ouvido e percebido entorpece os nossos sentidos” e que “somados a isso estão a rapidez e a urgência de nossos deslocamentos, sempre tributários de inúmeras finalidades práticas.”25 Em vista disso, pensei que a maior dificuldade em ver o ambiente urbano como paisagem, em detrimento do natural, não seja pela diferença fisionômica, ou pela ausência de uma linha do horizonte definida, mas pelo excesso de vida, de pessoas e, consequentemente, pela carência de calmaria. O indivíduo, como elemento principal para a formação da paisagem, “não tem tempo” para observar aquilo que está a sua volta. Eu chamaria, também, de afastamento. Diria que é preciso um distanciamento entre o lugar e a pessoa. Um espaço para que ela possa imaginar coisas, fantasiar. E, na cidade, o contato com “a vida” é direto e constante, o que vemos parece ser apenas o óbvio: é o que está ali. O espaçamento está latente. Apesar disso, “parece-nos importante destacar que a paisagem como gênero pictórico foi, se assim podemos afirmar, uma exaltação da cidade, pois ela é, antes de tudo, uma invenção urbana, ‘a paisagem é a natureza vista da cidade, de uma

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DIAS, Karina. Entre visão e invisão: Paisagem. Por uma experiência da paisagem no cotidiano. Brasília: UNB, 2010, p. 113. 48


fevereiro 2015 – Paris. 49


janela’.” 27 Certamente, quando se vê da janela, existe um certo distanciamento. “Olhar pela janela” é contemplar também, por isso, a maior predisposição em ver a paisagem dali. Mas e quanto ao ver paisagem no cotidiano? O escritor italiano Ítalo Calvino costumava escrever sobre as cidades. Em um documentário sobre a vida dele, rodado em Paris, cidade onde ele mantinha domicílio e um escritório, lhe foi perguntado o motivo de ele nunca ter escrito nada a respeito dela, ainda que ela fosse palco de muitas estórias e sonhos. E ele disse: Finora, non ho scritto su Parigi, mi pare. Forse, per scrivere su Parigi, dovrei staccarmene, dovrei esserne lontano, se è vero che si scrive partendo da uma assenza. Oppure, dovrei esserci dentro fino in fondo, dovrei esserci stato fin dalla giovinezza, se è vero che sono gli scenari dei primi anni della nostra vita quelli che danno forma a nostro mondo immaginario. Forse il punto è questo: Bisogna che un luogo diventi un paesaggio interiore in modo che l’immaginazione prenda ad abitare quel luogo a farne il proprio teatro. Até agora, não escrevi sobre Paris, eu acho. Talvez, para escrever sobre Paris, eu devesse me retirar, devesse estar 27

DIAS, Karina. Entre visão e invisão: Paisagem. Por uma experiência da paisagem no cotidiano. Brasília: UNB, 2010, p. 124. 50


fevereiro 2015 – Coimbra. 51


longe, se é verdade que se escreve partindo de uma ausência. Ou então, deveria estar dentro por inteiro, de forma mais íntima, deveria ter estado desde a juventude, se é verdade que são os cenários dos primeiros anos de nossas vidas que dão forma ao nosso mundo imaginário. Talvez o ponto seja este: É preciso que um lugar se transforme em uma paisagem interior, de maneira que a imaginação viva aquele lugar para fazer o próprio teatro. Trecho retirado do documentário Italo Calvino: un uomo invisibile, 1’40’’, Paris, 1974.Tradução livre. Para Calvino seria necessário ou um distanciamento entre ele e o lugar, ou uma inclusão plena. Mas, partindo do pressuposto de que paisagem é vínculo, dizer que não existe paisagem nos ambientes urbanos é dizer que não há ligação afetiva entre as pessoas e os lugares onde se vive. O que seria equivocado. Tentando assimilar como se formam visões dentro do âmbito citadino, imaginei uma situação quando viajamos para uma cidade desconhecida. Apesar da vida e movimentação que possam existir lá, paisagens, geralmente, são formadas. O que me leva a deduzir que a paisagem na cidade não parte exclusivamente da contemplação. Assim sendo, paisagens poderiam surgir também da ação? Então, investigando mais um pouco, pensei, a princípio, que fossem as pessoas (responsáveis por aquilo que veem) as grandes “responsáveis” pela ausência de 52


dezembro 2013 – Turim. Piazza San Carlo. 53


paisagens em suas cabeças. Pensei que a falta de intimidade com o lugar poderia ser consequência da falta de atividade dos indivíduos dentro das cidades, da falta de vontade de atuar nela, falta de permitir-se experimentar a cidade de outras formas. Em uma palestra com o Coletivo Transverso, DF, um grupo de artistas que faz intervenções nas cidades, por meio de colagens ou impressões em estêncil de poemas em muros da cidade, eles comentaram que a partir do momento em que iniciaram a agir, fazendo sua arte, começaram a ver a cidade como tela. E o mesmo foi dito pelo grafiteiro de Brasília, Yong. Ele, enquanto percorre, despretensiosamente, a cidade, vê todas as superfícies onde poderia incluir o seu grafite. E não é preciso ser artista para ver os espaços da cidade com outros olhos senão como passagem. Certamente, os skatistas que frequentam o Setor Comercial Sul, em Brasília, imaginam aquele lugar como um grande cenário para suas performances. No entanto, pensando por outro lado, seria justo responsabilizar as pessoas pelos sentimentos que elas criam com as cidades? Não teriam, também, as cidades sua parcela de culpa? Dentre as cidades que visitei, muitas delas podem ser caracterizadas como cidades tradicionais, onde as distâncias costumam ser mais curtas, onde os usos dos edifícios são mistos, onde as pessoas se locomovem a pé ou de bicicleta. Era assim, também em Turim, cidade onde morei durante um ano. Em função disso, lá, era normal eu me deparar com elementos completamente novos. Pelo menos, ao meu ver 54


fevereiro 2015 – Domo. Florença. 55


de estrangeira e forasteira. A cada vez que passava por um lugar de costume, indo à universidade, pedalando, ou ao supermercado, caminhando, conseguia ver algo diferente. Karina Dias colocou essa situação quando disse que “perceber ou reconhecer a paisagem no cotidiano é compreendê-la como uma espécie de aparição, como algo que inesperadamente surge diante de nossos olhos, uma espécie de epifania imprevisível. Seria aquele momento onde os prédios deixariam de ser apenas prédios, continuando a ser os mesmo prédios. É o instante onde conseguimos ver a 27 poesia das formas, onde o muro se transforma em nuvem”. Em cidades que propiciam os encontros, que convidam as pessoas para vivenciar seus espaços, é recorrente ver algo desconhecido que estimula nossa criatividade, é recorrente divagar por espaços subjetivos, de nossa imaginação, evocados pelos espaços que estão ali, construídos e, a partir de então, formular uma visão. Oposto a esse tipo de cidade, estão as cidades modernistas, como a que nasci, cresci e vivo até hoje, Brasília. A cidade é muito bonita. É bastante arborizada, tem um lago com uma cor incrível, construções belíssimas, um céu imenso, visto sem muitos problemas devido o

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DIAS, Karina. Notas sobre paisagem, visão e invisão. Visualidades. Revista Do Programa De Mestrado Em Cultura Visual, Goiânia, v. 6, n. 1 e 2, p. 128-141, jan./jun. jul./dez. 2008. 56


outubro 2012 – Rocinha.

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baixo gabarito dos prédios. Há, até, quem quisesse tombar o céu de Brasília como Paisagem Cultural Brasileira 29. Como cidade planejada, ela é dividida em setores com o objetivo de ordenar o espaço urbano e, portanto, direcionar os fluxos e promover uma organização populacional. Dessa forma, temos o setor habitacional, setor hoteleiro, setor de clubes, setor hospitalar, setor de diversões, setor bancário, setor comercial, setor gráfico, setor de garagens etc. Dentro da cidade, as distâncias são extensas. Em algumas zonas, podemos percorrer vários quilômetros sem avistar uma pessoa na rua. Para atividades rotineiras, como ir ao trabalho, ou à padaria, utiliza-se o carro. As pessoas dialogam com os carros. Em função disso, eu diria que é, infelizmente, mais difícil reparar ao nosso redor, ainda que exista tanta beleza. Formar paisagens cotidianas, em cidades onde não se vivencia os espaços, exige uma sensibilidade maior do cidadão. Requer um esforço da pessoa em querer formar uma visão. Berque ilustrou uma situação semelhante à que me refiro. Ele não citava o ambiente urbano, mas uma situação rotineira e cotidiana e, por isso, a conclusão é equivalente à minha. Ele diz:

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PARANHOS, T.; PINHEIRO, R.. Proposta de 'tombamento' do céu de Brasília ganha força e adeptos na cidade. Correio Braziliense, 23 abr. 2014. 58


novembro 2011 – São Paulo. 59


É nesse sentido que devemos compreender as palavras de Paul Cézanne (1839-1906), segundo as quais os agricultores da região de Aix, “não viam” a Sainte-Victoire. Na verdade, para ver a montanha Sainte-Victoire como paisagem, é necessária um regard paysager, ou seja, que procura ver a paisagem. Isto é o que, em outras palavras, expressa Xie Lingyun (385-433), afirmando que é preciso buscar o belo (mei) para ver a paisagem (shanshui); e é este o mesmo fenômeno apontado por Heidegger quando diz que para ouvir, é necessário escutar. (BERQUE, 1996:88) Tradução de Yanci Ladeira Maria. Tese (Mestrado em Geografia Humana). São Paulo, 2010, p. 69. Isso, porque nos locomovemos sempre com o carro e quando estamos dentro deles, cápsulas que “minimizam” as distâncias por aumentarem nossa velocidade de deslocamento, amplifica-se o afastamento entre nós e as coisas que estão ao nosso redor. O afastamento entre mim e a cidade. O interessante, no entanto, é que esse afastamento não nos faz ver melhor o que está de fora, mas nos tira dali, nos faz ir para o nosso canto. Esse afastamento pode nos fazer, sim, contemplar a paisagem, mas não aquela que está diante dos nossos olhos, mas aquela que remete a outros lugares dentro de nós. 60


fevereiro 2015 – Porto. 61


Estar imerso na visibilidade não significa enxergá-la e estar em contato direto com ela não significa percebê-la. DIAS, Karina, 2010, p.114.

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junho 2015 – Turim. 63


junho 2015 – Turim.

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janeiro 2015 – Rio. 65


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outubro 2015 - BrasĂ­lia

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setembro 2013 – Cinque-Terre 71


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novembro 2015 - BrasĂ­lia

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Vídeos Italo Calvino: um uomo invisibile, documentário. Direção: Nereo Rapetti. Paris, 1974. 28 min. As cidades e o desejo Nº 5 - Ítalo Calvino, animação. Direção: Gabriel Bitar, Brasil, 2010, 6 min.

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