Bioworking - Aplicação do design biofílico no ambiente de trabalho compartilhado. TCC - Arquitetura

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COWOKING BIOFÍLICO


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CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO MARIANA GOMES FIALHO

APLICAÇÃO DO DESIGN BIOFÍLICO NO AMBIENTE DE TRABALHO COMPARTILHADO

FORTALEZA 2020 3



MARIANA GOMES FIALHO

APLICAÇÃO DO DESIGN BIOFÍLICO NO AMBIENTE DE TRABALHO COMPARTILHADO

Trabalho Final de Graduação apresentado ao Centro Universitário 7 de Setembro, como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Arquitetura e Urbanismo. ORIENTADOR: Prof. Me. Carlos Eduardo Fontenelle FORTALEZA - CEARÁ 2020



MARIANA GOMES FIALHO

APLICAÇÃO DO DESIGN BIOFÍLICO NO AMBIENTE DE TRABALHO COMPARTILHADO

Aprovada em: __/__/__

Trabalho Final de Graduação apresentado ao Centro Universitário 7 de Setembro, como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________ Prof. Me. Carlos Eduardo Fontenelle Centro Universitáio 7 de Setembro - UNI7 _____________________________ Prof. Me. Felipe Pereira Sardenberg Centro Universitáio 7 de Setembro - UNI7 _____________________________ Rafael Bandeira Sales Arquiteto e Urbanista

DEZEMBRO DE 2020


O presente trabalho de conclusão de curso trata-se de um estudo realizado para a criação de projeto arquitetônico de um protótipo de coworking na cidade de Fortaleza/CE. Nesse estudo, foram levantadas informações sobre coworkings, neuroaquitetura e design biofílico com o intuito de entender esse tipo de ambiente e levantar diretrizes projetuais importantes. O projeto tem como objetivo propor um edifício que permita aos seus usuários uma melhor qualidade de vida no ambiente de trabalho, se utilizando de diversas diretrizes da neuroarquitetura e do design biofílico.

RESUMO

Palavras chaves: Coworking. Design Biofílico. Ambiente de Trabalho. Maraponga. Trabalho compartilhado.


The current term paper is a study that refers to the creation of an architectural project for a coworking prototype in the city of Fortaleza / CE. In this study, information was collected on coworkings, neuro-architecture and biophilic design in order to understand this type of environment and to raise important design guidelines. The project aims to propose a building that allows its users a better quality of life in the work environment, using several guidelines of neuroarchitecture and biophilic design.

ABSTRACT

Keywords: Coworking. Biophilic Design. Workspace. Maraponga. Shared work.


AGRADECIMENTOS


Agradeço, primeiramente, a minha família, meus pais, Magaly e Paulo César, e irmãos, Tiago e Mateus, que me apoiaram sempre em todas as minhas decisões e etapas da minha vida. Que me proporcionaram a possibilidade de estar se formando em Arquitetura e Urbanismo, o curso que desde o dia em que o escolhi só me enriquece com novos conhecimentos e experiencias. Ao Daniel, que esteve ao meu lado por toda essa caminhada me ajudando e incentivando sempre, com a enorme paciência que ele tem. As amigas que o curso me deu de presente e que me ensinaram muito ao longo de todos esses anos. Em especial a Sandra, a Tamara, a Rafaela, a Jéssica, a Izabella e a Hemelly, que sempre estiveram disponíveis a ajudar no que precisasse, vocês são incríveis. Ao meu orientador Cadu, que me deu apoio e esteve sempre disponível a ajudar e agregar conhecimento. Obrigada por todos os ensinamentos e orientações, você foi de extrema importância durante esse processo. Ao Felipe Sadenberg e ao Rafael Bandeira por se disponibilizarem a participar da minha banca examinadora e agregar ainda mais conhecimento ao presente trabalho. Por fim, agradeço a todos que estiveram comigo e que tive a oportunidade de conhecer durante o curso, cada um de vocês me ensinarou a ser uma pessoa e profissional melhor.


SUMÁRIO 01. Apresentação.......................................................................15 1.1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................................................................16 1.2 OBJETIVOS.............................................................................................................................................................................................................................16 1.2.1 OBJETIVO GERAL.................................................................................................................................................................................................16 1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................................................................................................................................16 1.3 METODOLOGIA.........................................................................................................................................................................................................17

02. COWORKING ESPAÇO DE TRABALHO COMPARTILHADO..............19

2.1 SURGIMENTO E DEFINIÇÃO..................................................................................................................................................................20 2.2. PRINCIPAIS MODALIDADES E SERVIÇOS...........................................................................................................................22 2.3. VANTAGENS E DESVANTAGENS.....................................................................................................................................................24 2.4. CENÁRIO ATUAL.........................................................................................................................................................................................................25 2.5. PESQUISA LOCAL.......................................................................................................................................................................................................27

03. ARQUITETURA E SUA INFLUÊNCIA NO COMPORTAMENTO E SAÚDE DOS USUÁRIOS....................................................................31

3.1 SÍNDROME DE BURNOUT E SUAS CONSEQUÊNCIAS.........................................................................33 3.2 CENÁRIO MUNDIAL E BRASILEIRO..............................................................................................................................................34 3.3 NEUROCIÊNCIA E ARQUITETURA...................................................................................................................................................35 3.3.1. PARÂMETROS PROJETUAIS E SUAS INFLUÊNCIAS NO COMPORTAMENTO HUMANO............................................................................................................................................................................................................................................36

04. DESIGN BIOFÍLICO....................................................................41

4.1. O QUE É DESIGN BIOFÍLICO...............................................................................................................................................................43 4.2. PILARES DO PROJETO BIOFÍLICO..................................................................................................................................................44 4.3. IMPACTOS DA APLICAÇÃO DO DESIGN BIOFÍLICO NO AMBIENTE DE TRABALHO.................................................................................................................................................................................................................................................................46

05. PROJETOS REFERÊNCIA............................................................49

5.1. SECOND HOME - HOLLYWOOD...............................................................................................................................................50 5.2. LAR CONSTRUTORA.............................................................................................................................................................................................54 5.3. IT’S BIOFILIA.........................................................................................................................................................................................................................58

06. BIOWORKING...........................................................................63 6.1. DIAGNÓSTICO URBANO..........................................................................................................................................................................64 6.1.1. APRESENTAÇÃO DO BAIRRO......................................................................................................................................................64


6.1.2. APRESENTAÇÃO DO TERRENO................................................................................................................................................69 6.1.3. PARÂMETROS URBANÍSTICOS.....................................................................................................................................................73

6.2 PROJETO BIOWORKING...........................................................................................................................................................75 6.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................................................................................................108

07.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................111


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01. Apresentação...................................................15 1.1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................................................................16 1.2 OBJETIVOS.............................................................................................................................................................................................................................16 1.2.1 OBJETIVO GERAL.................................................................................................................................................................................................16 1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................................................................................................................................16 1.3 METODOLOGIA.........................................................................................................................................................................................................17


1.1 INTRODUÇÃO Diante da crise econômica vivenciada por inúmeros países nos últimos anos, o nível de desemprego se tornou crescente e as pessoas tiveram que desenvolver potenciais para se diferenciarem e conseguirem manter-se empregadas ou investir em seus próprios negócios. A pressão no ambiente de trabalho e a instabilidade dos trabalhadores afetou diretamente nas suas rotinas e gerou o crescimento da Síndrome de Burnout, síndrome causada não só pela rotina e relações de trabalho, mas também pelo espaço construído em si (TRIGO et al., 2007). O número de empreendedores individuais cresceu e uma nova demanda de local de trabalho surgiu de um ambiente que proporcionasse economia, relacionamentos e que fosse adequado para exercer atividades profissionais (LEFORESTIER, 2009). O coworking então surge para atender essas demandas e ir além delas. O coworking é uma nova forma de pensar o ambiente de trabalho, onde se tem como objetivo a interação entre profissionais de diferentes áreas de conhecimento e o compartilhamento de espaços e objetos. Enquanto uma empresa tradicional restringe seu ambiente de trabalho aos seus funcionários ou clientes, o coworking compartilha com vários outros profissionais e empresas, facilitando a interação entre eles, criando uma cadeia de relacionamentos que pode gerar trocas de experiências e serviços, além de baratear o custo de infraestrutura e manutenção (LEFORESTIER, 2009). Esse mercado cresceu cerca de 500% no Brasil 16

e 200% no mundo nos últimos três anos (SCHERER, 2020) e está sendo utilizado para driblar crises financeiras, tendo em vista a economia gerada por estes. Essa tipologia de ambiente corporativo abre margem para novas perspectivas e novos usos ao local de trabalho, aumentando a possibilidade de criar uma atmosfera mais leve e extrovertida, que possam proporcionar maior bem-estar e diversos benefícios aos seus usuários. Aliada com essa liberdade, a utilização da neuroarquitetura e do design biofílico permitirá a melhor interpretação de como as diretrizes projetuais poderão interferir na qualidade do espaço para quem o utilizará.

1.2 OBJETIVOS 1.2.1 OBJETIVO GERAL No presente trabalho tem-se como objetivo elaborar um projeto arquitetônico de um coworking alinhado com as diretrizes do design biofílico.

1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Identificar as potencialidades e problemáticas do espaço coworking; - Entender qual a influência do espaço de trabalho no bem-estar do usuário; - Definir diretrizes projetuais do design biofílico aplicadas ao ambiente de trabalho.


1.3 METODOLOGIA O presente trabalho é classificado como pesquisa exploratória, de acordo com Gil (2002), esse tipo de pesquisa tem como objetivo principal aprimorar ideias por meio, na maioria das vezes, de pesquisa bibliográficas e estudo de caso. Diante disto, esta pesquisa foi desenvolvido em quatro etapas, sendo elas: pesquisa bibliográfica, estudo de projetos de referência, diagnóstico urbano e desenvolvimento do projeto arquitetônico. Na pesquisa bibliográfica, foi realizado o levantamento de informações para embasamento do tema escolhido. Assim, foi buscado por meio de artigos, livros, organizações, revistas e teses científicas o entendimento sobre: • O que é coworking; como essa tipologia de espaço surgiu; qual demanda ele atende e quais suas potencialidades e problemáticas. Além da pesquisa bibliográfica, foi elaborado um questionário com usuários de coworking para levantar dados que mostrem aspectos positivos e negativos dos coworkings de Fortaleza, por meio de um questionário online, com o uso da ferramenta Formulários da plataforma Google Drive; • Os problemas gerados pelo espaço de trabalho, entendendo o impacto desses nos funcioná-

rios e as consequências na economia; • A neuroarquitetura; como o espaço pode interferir no bem-estar do usuário, relacionando-o com o ambiente de trabalho e identificando diretrizes projetuais que devem ser levadas em consideração para projetos corporativos; • O design biofílico; qual a sua definição e quais os seus princípios, levantando dados que mostrem seu real impacto sob os usuários que utilizam espaços projetados com base nesse estilo e, por fim, levantar diretrizes projetuais do estilo para aplicação ao projeto. Na sequência, nos projetos de referência foram analisadas características arquitetônicas de três edifícios já em funcionamento, sendo um internacional e dois nacionais que servirão para definição de aspectos que serão levados em consideração na elaboração do projeto arquitetônico. O diagnóstico urbano consistiu no levantamento de dados socioeconômicos, infraestrutura urbana e legislação, com o objetivo de justificar e entender o local onde o projeto será realizado. No final, foi definido o programa de necessidades, a setorização, o conceito e partido arquitetônicos e o desenvolvimento do projeto arquitetônico com a elaboração de todos os desenhos técnicos e ilustrativos a nível de estudo preliminar.

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02. COWORKING ESPAÇO DE TRABALHO COMPARTILHADO..............19 2.1 SURGIMENTO E DEFINIÇÃO..................................................................................................................................................................20 2.2. PRINCIPAIS MODALIDADES E SERVIÇOS...........................................................................................................................22 2.3. VANTAGENS E DESVANTAGENS.....................................................................................................................................................24 2.4. CENÁRIO ATUAL.........................................................................................................................................................................................................25 2.5. PESQUISA LOCAL.......................................................................................................................................................................................................27


2.1 SURGIMENTO E DEFINIÇÃO O ambiente de trabalhado compartilhado surgiu, segundo Leforestier (2009), entre os anos 2000 e 2005 nos Estados Unidos da América, em um cenário de crescimento das empresas individuais, quando houve um aumento de 3,9 milhões de empresas. O processo de administração de uma empresa gera grandes desafios para os administradores e nem todos os problemas que irão surgir durante o processo de gestão podem ser resolvidos pelo responsável. Diante disso, surge a necessidade de uma boa rede de relacionamentos (LEFORESTIER, 2009). Além da procura por uma boa rede de relacionamentos, também houve a busca por parte de empregados liberais, freelancers, empreendedores e pessoas que trabalham em suas residências, por um ambiente de trabalho que existam mais conexões profissionais, pois o home office (Espaço de trabalho em residência) não permite esse tipo de convivência e acaba isolando os adeptos desse tipo de ambiente em relação ao mercado (LEFORESTIER, 2009). O coworking surge nesse cenário como um espaço físico criado para suprir as necessidades de profissionais independentes. Esse tipo de espaço ofe-

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rece toda infraestrutura que um escritório particular possui, porém, de forma compartilhada, onde as empresas ou os profissionais podem a qualquer momento contratar pacotes de utilização desse espaço. Assim, ao invés de cada empresa custear toda essa infraestrutura de forma individualizada, o compartilhamento é feito e os custos consequentemente são divididos e reduzidos por meios de planos de curto, médio e longo período. Além disso, nesse tipo de local, são promovidos eventos e projetados ambientes que proporcionem interação entre os membros e a comunidade onde estão inseridos. Logo, favorece a criação de uma rede de relacionamento que pode influenciar na contratação de serviços, na ampliação do conhecimento e no compartilhamento de experiencias entre os usuários. São espaços criados para gerar interação, criatividade e a sensação de comunidade onde um pode ajudar o outro, tirando a seriedade que as empresas particulares utilizam nos seus escritórios corporativos e trazendo ambientes mais leves, dinâmicos e criativos (LEFORESTIER, 2009). Diferente de cafés, escritórios com-


partilhados e shoppings onde há compartilhamento de mesas, o coworking é um local que proporciona, além de espaços adequado para um trabalho profissional, o compartilhamento de valores e serviços voltados para ambiente corporativos, como recepção, telefonia, salas de reunião, copa, entre outros (LEFORESTIER, 2009). Comparando com os escritórios particulares onde o administrador tem que se preocupar com todas as atividades de manutenção do mesmo, o coworking fornece toda os serviços básicos necessários para o funcionamento dos espaços, como ar condicionado, Wi-fi, limpeza, compra de materiais de serviços gerais, entre outros e administra a manutenção dos mesmos, tirando essa preocupação das empresas. Segundo Coworking Brasil Org (2019), atualmente os coworkings estão presentes, em mais de 195 municípios brasileiros, sendo mais de 1.497 unidades, abrangem desde pequenas até grandes empresas dos mais diferentes ramos profissionais e fornecem os mais diversos serviços, variando de acordo com o perfil e necessidade dos membros.

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2.2. PRINCIPAIS MODALIDADES E SERVIÇOS Os serviços oferecidos nos coworkings são inúmeros, variando de acordo com o público alvo de cada unidade. Entretanto, alguns deles são mais frequentes, segundo Ibiapina (2019), que serão vistos no quadro a seguir: Tabela  1:  Principais modalidades e serviços. Modalidade

Descrição

Forma de Contratação Plano rotativo: O usuário não possui horário fixo, podendo utilizar o espaço a qualquer horário e não possibilita ter uma mesa fixa.

Ambiente utilizado de forma compartilhada, em que cada profissional utiliza uma mesa durante sua Estações de trabalho jornada de trabalho, convivendo com outros memcompartilhadas bros na mesma sala. Sendo a modalidade mais econômica e mais propicia de gerar networking.

Plano de meio período: Possibilita mesa fixa durante um turno pré-estabelecido e utilização de armário individual. Plano de período integral: O usuário pode utilizar o espaço durante todo o horário de funcionamento da unidade de coworking e possibilita a utilização de mesa fixa e armários individuais exclusivos.

Salas privativas

Podendo ser utilizadas por algumas horas para Sala para trabalhar sozinho ou com equipe com atendimento com cliente, ou por plano mensal maior privacidade. ou anual.

Salas de reunião

Disponibilizada tanto para membros quanto Sala equipada com mesa para reunião, projetor e/ para quem não é membro, podendo ser alugaou televisão e quadro branco. da por algumas horas ou ser incluídas em outros pacotes.

Disponibilizada tanto para membros quanto Salas de treinamento Esse ambiente dispõe geralmente de cadeiras, me- para quem não é membro, podendo ser alugasas, projetor, sistema de som e isolamento acústico. da por algumas horas ou ser incluída em outros ou auditório pacotes.

Endereço fiscal

O usuário pode utilizar o endereço do coworking Feito por contrato. Quem está contratando como endereço fiscal da empresa, sem necessaria- não necessariamente precisa ser membro do mente trabalhar no espaço. coworking.

Endereço comercial

Utilização do endereço do coworking em sites, cartões de visita e redes sociais como sede para aten- Serviço fornecido para membros que possuem dimento de clientes, sem necessariamente possuir algum dos planos. um CNPJ. Consiste em administrar o agendamento de reu-

Serviço fornecido para membros que possuem Gerenciamento de niões ou atividades de acordo com o membro ou algum dos planos. agenda e telefone empresa contratante.

Gerenciamento de correspondência

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Consiste no gerenciamento de correspondências, Serviço fornecido para membros que possuem onde o coworking recebe a correspondência e o algum dos planos ou utiliza o serviço de endecliente pode escolher retirar pessoalmente ou que reço fiscal. seja entregue em outro local. Fonte: Ibiapina, 2019 (Elaborado por autor).


Além desses serviços mais comuns, biblioteca, de espaço infantil, de espaço existem alguns que variam de acordo com para animais, entre outras modalidades o público alvo de cada coworking. Sendo que se tornam os diferenciais durante o assim, hoje encontramos coworkings que processo de escolha do coworking. podem ser especializados em um público Abaixo, segue tabela referenou abranger mais profissões, sendo assim, te a infraestrutura e atividades mais variando seu programa necessidades de presentes nas unidades de coworking acordo com a demanda dos seus mem- no Brasil, segundo pesquisa realizabros. Podemos encontrar estúdios de fo- da por Coworking Brasil Org (2019): tografia, de gravação, de cozinhas, de Tabela  2:  Infraestrutura e atividade mais presentes nos coworkings do Brasil. Infraestrutura e atividade

Porcentagem

Ar-condicionado

95%

Serviço de impressão

90%

Aceita cartão de crédito

80%

Cadeiras ergonômicas

73%

Serviço de secretariado

61%

Faz eventos para membros

58%

Bicicletário

48%

Vende produtos de alimentação

45%

Telefone privado

43%

Estacionamento próprio

43%

Vende bebida alcoólica

26%

Permite animais

25%

24 horas de funcionamento

20%

Aluga computadores

19%

Cabine telefônica

16%

Standing desks (Mesas altas)

13%

Estrutura para crianças

3%

Fonte: Coworking Brasil Org, 2019 (Elaborado por autor).

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2.3. VANTAGENS E DESVANTAGENS Leforestier (2009), em sua análise aponta pontos positivos e negativos na prática dos coworkings. Os positivos são: • A economia, tendo em vista a quantidade de gastos para manter um escritório particular; • A flexibilidade: os espaços podem ser alugados por curtos, médios ou longos períodos, além de oferecer possibilidade de expansão e de contratação de serviços de acordo com a necessidade de cada membro ou empresa; • A variedade de serviços oferecidos; • A sociabilidade dos espaços e a realização de eventos que consequentemente geram uma sensação de comunidade e possibilita o networking, facilitando a troca de serviços entre membros, diferentemente do home office onde os profissionais trabalham de forma isolada; • Trabalhar em um ambiente inovador e amigável com pes-

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soas de diversos ramos profissionais. Os negativos são: • A falta de privacidade nos espaços compartilhados, pois conversas e informações consideradas confidenciais podem ser expostas aos outros usuários; • O barulho, pois quando o projeto do espaço é realizado de forma inadequada sem preocupação com a dimensão e acústica do ambiente, pode interferir na qualidade auditiva do local, causando barulhos e consequentemente a distração dos usuários; • O risco de hackers também preocupa os usuários de coworkings, gerando sensação de insegurança aos usuários em relação a proteção dos seus dados e informações; • A impossibilidade de personalização do espaço quando os pacotes não possuem local fixo; • Possíveis choques de horários para utilização da sala de reuniões.


12,5% 2.4. CENÁRIO ATUAL

Gráfico  1:  Escolaridade dos coworkers

Segundo a Coworking Brasil (2019), plataforma que reúne informações25,0% 12,5% de mais de 600 coworkings do Brasil 62,5% para levantamento de dados, de 2018 para 2019 a quantidade de coworkings 25,0% cresceu mais de 25% no Brasil, passan62,5% do de 1.194 para 1.497 espaços disponíveis presentes em 195 municípios brasileiros e também aumentou de 21 para 39 a média de coworkers por espaço. Ensino superior completo Para melhor compreensão dos Ensino superior completo Ensino superior incompleto Ensino superior incompleto usuários dos ambientes de coworking, Pós-graduado (a), mestre (a), doutor (a) Pós-graduado (a), mestre (a), doutor (a) foi realizada uma pesquisa pelo Fonte: Coworking Brasil Org, 2018 (Elaborado por autor) 12,5% Coworking Brasil (2018), que levantou dados de 37 coworkings no Ceará no Gráfico  2:  Tamanho da empresa ano de 2018. Esses dados serão levados em consideração para melhor entendimento do público alvo do projeto. 12,5% 50,0% De acordo com os gráficos 1, 2, 3, 4 e 5 a seguir, pode-se identificar 37,5% que os usuários de coworking no Cea50,0% rá, em sua maioria, são proprietários 37,5% dos seus negócios, possuem nível de ensino superior completo, trabalham individualmente, são profissionais das áreas de marketing, turismo, comercial, 1 pessoa design e direito e seus principais meio 1Até pessoa Até 5 pessoas Entre 5 e 10 pessoas 5 pessoas de transporte para ir aos coworkinEntre 5 e 10 pessoas gs são transportes públicos e bicicletas. Fonte: Coworking Brasil Org, 2018 (Elaborado por autor)

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25,0%  3:  Área de atuação 25,0% Gráfico

Gráfico  5:  Transporte utilizado peloschegar ao coworking

25,0% 25,0%

25,0%

12,5%

12,5% 12,5%

12,5%

12,5%

25,0% 25,0%

12,5%

Marketing Turismo Turismo Marketing Design

37,5%

12,5%

12,5%

Design

37,5%

25,0%

Direito

Direito

Comercial Comercial Outros

Outros

Fonte: Coworking Brasil Org, 2018 (Elaborado por autor)

Transporte Transporte público público Bicileta

Carro próprio

Bicileta Carro próprio Fonte: Coworking Brasil Org, 2018 (Elaborado por autor)

12,5% Gráfico  4:  Perfil Profissional

25,0%

Gráfico  6:  Quantidade de coworkers 12,5% seu espaço que frequentam

12,5%

12,5%

62,5%

12,5%

12,5%

25,0%

75,0%

62,5%

75,0%

Sou proprietário Sou proprietárioindependente Sou profissional Sou profissional independente Sou funcionário de uma empresa Sou funcionário de uma empresa Fonte: Coworking Brasil Org, 2018 (Elaborado por autor)

Menos de 25 Menos Entre de 2525e 50Entre 25 e 50 Entre 50 e 100

Entre 50 e 100

Fonte: Coworking Brasil Org, 2018 (Elaborado por autor)

Sendo assim, pode-se concluir que os espaços coworkings abrangem muitos tipos de profissionais com diversas demandas, enfatizando a riqueza que o compartilhamento entre eles podem agregar para cada um, tendo em vista a promoção de relacionamento entre eles. 26


2.5. PESQUISA LOCAL Para compreender melhor a funcionalidade e a forma em que se é aplicado as atividades de coworking em Fortaleza, foi feito um questionário de forma online em que 11 pessoas que utilizam ou utilizaram algum dos serviços de coworking, responderam 13 perguntas. Esse grupo de pessoas possui entre 20 e 30 anos de idade. Os coworkings abordados nas respostas foram: H2U, GO! Office, Caramelo Coworking, Realiza Coworking, Giro Coworking, Coworking Parquelândia, Tipo CC, In House Workcenter, HG Office, Cidade

Sul Coworking, Forlab e Riomar Office. Foi constatado que 72,8% dos participantes frequentam ou utilizaram os serviços de coworking de 1 a 24 meses (Gráfico 7). A maioria dos entrevistados respondeu que escolheu utilizar o coworking por conta do custobenefício ou porque a empresa onde trabalham utiliza o espaço (Gráfico 8). Em relação aos serviços mais utilizados, a maioria utiliza sala compartilhada, 63,6% dos entrevistados, e sala de reunião, 45,5% dos entrevistados, (Gráfico 9).

9% Gráfico  7:  Período de utilização de serviços do coworking. 9%

6%

9%

36%

9%

9%

Menos de 1 mês 1 a 6 meses 7 a 12 meses 13 a 24 meses Aluguel de sala para ministrar curso

9%

36%

36% Menos de 1 mês Fonte: 1 a 6 meses 7 a 12 meses 13 a 24 meses Aluguel de sala para ministrar curso

Elaborado pelo autor.

Gráfico  8:  Motivo para utilizar o coworking.

Espaço agradável

3

Domicílio fiscal

1

Possibilidade de ter toda infraestrutura

1

A empresa que trabalho utiliza o espaço

5

Networking

3

Custobenefício

7

Fonte: Elaborado pelo autor.

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Gráfico  9:  Serviços mais utilizados. Endereço fiscal/comercial

2

Auditório/Sala de treinamento

2

Sala de reunião

5

Sala privativa

3

Sala compartilhada

7 Fonte: Elaborado pelo autor.

Todos os participantes afirmaram que gostam de utilizar serviços de coworking. As respostas relacionam isso ao custobenefício, ao networking, ao senso de comunidade criado onde um pode ajudar o outro e trocar experiencias, pelo espaço construído ser agradável, extrovertido e prático. Já em relação aos pontos negativos, foi relatado sobre a falta de privacidade, as normas rigidas relacionadas ao relacionamento entre os membros, a desconcentração devido conversas no mesmo ambiente, ao barulho devido a ausência de tratamento acústico e a ausência de espaços mais reservados para descanso. Quanto aos espaços ao ar livre e utilização de elementos naturais apenas três pessoas responderam que nos coworkings em que trabalham possuem jardins ou elementos naturais, como utilização de mobiliário e piso de madeira. Entretanto, o restante relatou que não há a utilização desses elementos nem desses espaços. Em contra partida todos gostariam que os espaços possuissem ambien28

tes ao ar livre e usassem elementos naturais. Sobre melhorias quanto aos coworkings, os participantes responderam que gostariam que existissem: cadeiras mais confortáveis, banheiros internos, recepção, espaço flexível para atividades diversas, sala para ligações, ambiente para descanso, jardim, espaço de convivência, sala privativa, espaço para refeição e espaços ao ar livre. Sendo assim, diante de tais respostas, é perceptível que os participantes gostam de trabalhar em espaços coworkings, mas existem problemas que podem ser considerados de simples solução, como a realização de tratamento acústico, pois a ausência dele atrapalha a produtividade e a privacidade dos membros, dificultando o dia a dia. Por fim, vale ressaltar que de forma unânime, os participantes relataram que gostariam que existissem espaços ao ar livre e a utilização de elementos naturais no espaço, apesar de apenas três deles relatarem que tinham acesso a esse tipo de ambiente.


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03. ARQUITETURA E SUA INFLUÊNCIA NO COMPORTAMENTO E SAÚDE DOS USUÁRIOS...............................................................................31 3.1 SÍNDROME DE BURNOUT E SUAS CONSEQUÊNCIAS.........................................................................33 3.2 CENÁRIO MUNDIAL E BRASILEIRO..............................................................................................................................................34 3.3 NEUROCIÊNCIA E ARQUITETURA...................................................................................................................................................35 3.3.1. PARÂMETROS PROJETUAIS E SUAS INFLUÊNCIAS NO COMPORTAMENTO HUMANO......................................................................................................................................................................................................................................................36


A arquitetura pode ser considerada uma forma de linguagem que comunica não somente a cultura, a estética ou a funcionalidade definida na sua concepção, bem como também, desperta sensações que influenciam no comportamento dos seus usuários (OLIVEIRA, 2012). Tais sensações podem ser positivas ou negativas dependendo das características físicas de cada projeto. Em diversas situações essas sensações não são levadas em consideração em diferentes tipologias arquitetônicas, incluindo os espaços corporativos. A maioria desses espaços possuem como principal objetivo serem mais funcionais e compactos, em que é possível ser estimulado o aumento da concentração e produtividade dos funcionários, sem considerar ainda o bem-estar dos mesmos. Um exemplo disso é o escritório do Facebook no Brasil (FIGURA 1) que, assim como várias empresas, ainda utiliza de elementos tradicionais da arquitetura corporativa,

como utilização de iluminação artificial e tons neutros, sendo ambientes geralmente fechados sem contato com o entorno onde está inserido. Porém, a pouca preocupação dos arquitetos com o que esses ambientes pudessem causar aos funcionários, gerou espaços corporativos desconfortáveis e que são considerados, segundo Trigo et al. (2007), pela concepção teórica sociopsicológica, uma das causas da Síndrome de Burnout (SB), síndrome que está relacionada a problemas psicológicos, como estresse, ansiedade e medo, gerados pelo ambiente e pelas relações de trabalho, ocasionando inúmeros problemas para a população e economia mundial. Com o avanço da neurociência e sua interdisciplinaridade, foi possível entender de forma mais explícita como a arquitetura pode influenciar os seus usuários, assim, auxiliando os arquitetos a projetarem lugares que proporcionem não só funcionalidade, mas também bem-estar.

Figura  1:  Escritório do Facebook no Brasil Fonte: Renê Fraga, disponível em: techtudo.com.br/ ; acesso: 14/04/2020

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3.1 SÍNDROME DE BURNOUT E SUAS CONSEQUÊNCIAS A síndrome de Burnout é um estado de esgotamento físico ligado a inúmeros fatores relacionados com a rotina de trabalho. Esse termo surgiu em 1974 e foi criado pelo médico psicanalista Freudenberger (ABCMED, 2014). Entretanto, os sintomas dessa síndrome já tinham sido documentados em dois artigos nos anos de 1953 e 1960, segundo Carlotto e Câmara (2008, apud Cândido, 2016). Nas primeiras pesquisas realizadas foram considerados que os principais profissionais propensos a desenvolver a síndrome eram os que tinham mais contato diretamente com os clientes, como profissionais da saúde, serviços sociais e educação. Contudo, com o tempo, foi constatado que o fenômeno pode atingir todas as profissões. (CARLOTTO E CÂMARA, 2008, apud CÂNDIDO, 2016). Segundo Trigo at al. (2007), existem quatro concepções teóricas sobre as causas dessa síndrome: a clínica, a sociopsicológica, a organizacional e a sócio-histórica. A mais utilizada atualmente é a sociopsicológica, que trata as características individuais, o ambiente e o trabalho como fatores que podem desencadear os sintomas, classificando-os como individuais e organizacionais (TRIGO at al., 2007). Trigo et al. (2007) lista os fatores organizacionais relacionados ao desenvolvimento do Burnout e as suas consequências, que são: • A burocracia, a falta de autonomia e as normas institucionais rígidas podem dificultar a autonomia, a criativi-

dade e a independência dos funcionários, prejudicando no desenvolvimento das atividades na empresa, tornando os processos mais lentos; • As mudanças organizacionais recorrentes podem provocar clima social prejudicial; • A comunicação ineficiente pode gerar dúvidas e disseminação de informações falhas podendo gerar erros durante as atividades; • A impossibilidade de desenvolvimento de carreira pode desestimular os funcionários; • O ambiente físico, quando não projetado de forma correta, pode gerar sentimentos de ansiedade, medo e impotência; • A sobrecarga de tarefas e convívio com colegas afetados pela SB também são consideradas práticas prejudiciais. Deve-se destacar que além dos fatores relacionados ao trabalho em si, como a falta de autonomia e regras rígidas, o ambiente de trabalho também influencia no desenvolvimento da síndrome, onde as características físicas da empresa influenciam no psicológico dos funcionários que usufruem do espaço, podendo gerar ansiedade, medo e sensação de impotência nos mesmos. Os impactos gerados pela síndrome para os autores Trigo et al. (2007), têm níveis institucionais, pessoais e sociais: • A instituição aumenta seus gastos em relação a tempo e dinheiro, uma vez que duas das consequências é 33


a rotatividade de funcionários e o absenteísmo dos mesmos:

“[...] os indivíduos que estão neste processo de desgaste estão sujeitos a largar o emprego, tanto psicológica quanto fisicamente. Eles investem menos tempo e energia no trabalho, fazendo somente o que é absolutamente necessário e faltam com mais freqüência. Além de trabalharem menos, não trabalham tão bem. Trabalho de alta qualidade requer tempo e esforço, compromisso e criatividade, mas o indivíduo desgastado já não está disposto a oferecer isso espontaneamente. A queda na qualidade e na quantidade de trabalho produzido é o resultado profissional do desgaste.” (MASLACH E LEITER,1997, apud TRIGO et al., 2007).

• Os indivíduos, podem apresentar reações físicas como fadiga, distúrbios de sono, enxaqueca, resfriados ou gripes constantes, transtornos cardiovasculares, distúrbios do sistema respiratório, entre outras. • No tocante a sociedade, pode provocar maus relacionamentos com familiares, colegas de trabalhos e clientes, podendo causar prejuízos emocionais, físicos e financeiros.

3.2 CENÁRIO MUNDIAL E BRASILEIRO A Síndrome de Burnout já foi registrada no CID-10 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde), sendo reconhecida como doença ocupacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS) podendo ser considerada como acidente de trabalho. Essa doença atinge trabalhadores até em países desenvolvidos, como na Alemanha onde 2,7 milhões de pessoas apresentam sinais da SB. No Brasil essa síndrome atinge cerca de 30% dos mais de 100 milhões de trabalhadores. Esse problema mundial aumenta a cada ano, refletindo na saúde e economia de diversos países. Um exemplo disse é o Brasil, em que ocasiona o prejuízo de 3,5% ao

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Produto Interno Bruto do país, (FEHOESP 360, 2017). Esse reflexo na economia é gerado pelo conjunto de fatores que as empresas enfrentam quando seus funcionários adquirem a SB, como afirma Fehoesp (2017): “Foi comprovado que o desequilíbrio na saúde do profissional provoca consequências na qualidade dos serviços prestados e na produção, além de afetar os lucros, tendo em conta que os custos aumentam devido ao absenteísmo, baixas médicas, substituição temporária de trabalhadores, novos processos de recrutamento e seleção, investimento em formação, ou até na requalificação da mão de obra. Essas e outras consequências têm incitado a necessidade de investigação e investimento na qualidade de vida do trabalhador.” (FEHOESP 360, 2017)


3.3 NEUROCIÊNCIA E ARQUITETURA Segundo Hommerding (2019), os elementos arquitetônicos interagem com o cérebro, dessa forma podendo ser responsável por influenciar nos sentimentos e nas ações das pessoas. Com o avanço da neurociência nos últimos anos, foi possível o melhor entendimento de como as diretrizes e elementos arquitetônicos podem influenciar no comportamento humano. Entretanto, a neurociência aplicada à arquitetura é um tema recente e poucos centros de pesquisas são voltados para o assunto (HOMMERDING, 2019). Estudos desenvolvidos na American Institute of Architects mostram que os ambientes alteram o cérebro. Um exemplo disso são os experimentos realizados em ratos que mostraram que os cérebros deles se desenvolviam mais em ambientes mais enriquecidos dinamicamente do que em ambientes com padrões e sem estímulos. Diante disso, pode-se concluir que quanto mais que quanto mais multissensorial for o ambiente, maior é a possibilidade de aprendizado, cognição e reação muscular, além da memória e

criatividade ser de 50% a 70% melhores em ambientes multissensoriais (GONÇALVES E PAIVA, 2018, apud HOMMERDING ,2019). Dessa forma, o ambiente onde o ser humano habita influencia diretamente no seu psicológico, e consequentemente no seu comportamento. Assim, a arquitetura tem o poder de induzir os comportamentos humanos, mesmo que indiretamente sem que os mesmos percebam, podendo gerar consequências positivas quando as diretrizes projetuais são adequadas para causar bem-estar ao seus usuários, ou negativas quando no projeto não é considerada a relação do indivíduo com o espaço projetado, gerando desde desconforto até problemas psicológicos, como a síndrome de Burnout. Como visto anteriormente, o ambiente de trabalho tem influência direta na causa da síndrome de Burnout, podendo provocar sensações nos usuários do espaço como ansiedade e medo.

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3.3.1. PARÂMETROS PROJETUAIS E SUAS INFLUÊNCIAS NO COMPORTAMENTO HUMANO Por meio da interdisciplinaridade da neurociência com a arquitetura, permitiu-se entender como o ser humano reage a determinados aspectos físicos do espaço. Desse modo, serão pontuadas características projetuais que devem ser levadas em consideração durante a concepção dos espaços. • Forma e dimensões: O projeto arquitetônico deve utilizar-se de formas simples, proporção harmoniosa, ordem e simetria (DE GARRIDO, 2013 apud LA FUENTE, 2013). Segundo Hommerding (2018), a simetria, a harmonia e as proporções áurea e fractal fazem com que o cérebro responda de

forma positiva e desperte afeto. O pé direito e as dimensões também podem influenciar no comportamento dos usuários. O pé direito baixo e ambiente pequeno (ver Figura 2) ativa o córtex, aumentando a concentração e o poder crítico. Por outro lado, o pé direito alto e ambientes grandes (ver Figura 3), aumenta a sensação de liberdade e criatividade (HOMMERDING, 2018). Ambientes verticais permitem maior reflexão e aumenta a sensação de temor, enquanto ambiente horizontais proporcionam sensação de movimento e ativa as habilidades motoras (HOMMERDING, 2018).

Figura  2:  Escritório GCA. Fonte: Eduardo Macarios, disponível em Archdaily ; Acesso: 14/04/2020

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Figura  3:  Sede LP arquitetos. Fonte: Luiz Paulo Andrade Arquitetos, disponível em: Archdaily; acesso: 14/04/2020

• Iluminação: A presença de iluminação natural, como pode-se observar a Figura 4, nos ambientes de longa permanência é ideal para manter os ritmos circadianos que os humanos possuem, regulando o ciclo de atividades e de sono. A falta dessa iluminação favorece patologias, como distúrbios afetivos e emocionais, insônia e estresse (DE GARRIDO, 2013 apud LA FUENTE, 2013).

Figura  4:  Escritório Patreon. Fonte: Emily Hagopian, disponível em: Archdaily ; acesso em: 13/04/2020.

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• Cores: As cores também possuem grande importância nas sensações causadas pelo espaço construído. La Fuente (2013) cita algumas sensações que são despertadas por determinadas cores, descritas na tabela a seguir: Tabela  3:  Cores e seus estímulos Cor Vermelho Laranja

Verde

Violeta

Sensações

Exemplos de utilização

Estimula o sistema respiratório, o sistema imunitário e a produção de suco gástrico. Restaurantes Fast Foods e tratamenFornecem a sensação de vitalidade e en- tos de doenças virais. corajamento. Tranquiliza, reduz a pressão arterial e tem poder bactericida. Também proporciona Salas de cirurgias. trabalhar por mais tempo sem sofrer fadiga mental. Sedam e relaxam.

Ambientes para repouso.

Estimula a atividade mental.

Ambientes de trabalho e estudo.

Rosa

Estimula a atividade mental e inibe a raiva.

Ambiente para pessoas com depressão e prisões.

Preto

Estimula sentimentos depressivos, induz fadiga, sono e tristeza.

Branco

Estimula a vitalidade, bom humor e é bactericida.

Azul Amarelo

Fonte: De Garrido, 2013 (Elaborado por autor).

Deve-se destacar que o uso excessivo de uma cor pode causar estresse e até mesmo desenvolver agressividade ao longo do tempo. • Temperatura, humidade e materiais. A temperatura confortável para os seres humanos varia de 20ºC a 26ºC quando a umidade do local está entre 30% e 85%, sendo 28ºC uma temperatura considerada confortável com a umidade abaixo de 50%. Os materiais também influenciam na qualidade do ar, sendo que, os que tem maior capacidade de absorver, reter e retornar à umidade são os mais indicados, pois evitam a condensação no ambiente interno. Sendo assim, os mais indicados são madeira, cortiça, argila, gesso e argamassa de cal. • Contato com a natureza Quando a natureza está integrada ao edifício construído, o espaço se torna harmônico e causa tranquilidade psicológica, proporcionando bem-estar aos seus usu38


ários. Além disso, as vegetações produzem ionização negativa que é um fator saudável, além de ajudar a limpar o ar (LA FUENTE, 2013). Pesquisas comprovam que a inclusão de elementos da natureza no local de trabalho influencia na forma que os funcionários se sentem, deixando-os mais felizes, criativos e produtivos, proporcionando a eles entusiasmo e motivação (BROWING E COOPER, 2015 apud HOMMERDING ,2019). Segundo Browning (2012), os canais neurais do cérebro humano se dividem em dois sistemas, o simpático, que está ligado a função cognitiva, como memória, atenção, raciocínio, planejamento, entre outros, enquanto o sistema parassimpático está relacionado ao relaxamento do corpo. Em um cenário ideal o ser

humano deve buscar o equilíbrio entre eles (BROWNING, 2012). Em ambientes caóticos o sistema simpático sobressai o sistema parassimpático causando estresse, frustração, irritabilidade e distração. Em contraponto, o contato com a natureza aumenta a atividade parassimpática, diminuindo o estresse e a irritabilidade e aumentando a concentração (BROWNING, 2012). Com objetivo de suprir a necessidade do ser humano de se reconectar com a natureza, o design biofílico vem sendo utilizado em diversas tipologias arquitetônicas. Um exemplo disso é a Figura 5 em que a biofilia é utilizada no ambiente residencial, causando inúmeros benefícios aos adeptos a este estilo.

Figura  5:  Biofília: trazendo a natureza para dentro de casa. Fonte: Hirouyki Oki, disponível em: Archdaily; acesso em: 13/04/2020

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04


04. DESIGN BIOFÍLICO....................................................................41 4.1. O QUE É DESIGN BIOFÍLICO...............................................................................................................................................................43 4.2. PILARES DO PROJETO BIOFÍLICO..................................................................................................................................................44 4.3. IMPACTOS DA APLICAÇÃO DO DESIGN BIOFÍLICO NO AMBIENTE DE TRABALHO.................................................................................................................................................................................................................................................................46


Entre os séculos XVIII e XIX, a partir do começo da Revolução Industrial, a sociedade iniciou um processo transformador no seu modo de viver. As pessoas começaram a sair do campo, onde trabalhavam com práticas agrárias tradicionais e passaram a se concentrar em centros urbanos, em que começaram a trabalhar com industrias e empresas. Essa

migração do campo para as cidades ainda ocorre nos dias atuais, e a densidade demográfica dos centros urbanos se intensificam (ver Figura 6). Com essas mudanças, surgiram diversas problemáticas sociais e urbanas, e o distanciamento do homem com a natureza se intensificou (BROWNING, 2012)

Figura  6:  Vista aérea da Avenida Paulista. Fonte: Rafael Neddermeyer, disponível em: https://fotospublicas.com/vista-aerea-avenida-paulista-em-sao-paulo/ ; acesso: 14/04/2020.

A biofilia surge como uma resposta à preocupação causada por esse distanciamento entre os seres humanos e a natureza, e de que maneira isso poderia afetar as pessoas (COOPER E BROWNING, 2015). Com o avanço dos estudos da neuroarquitetura, com base nas atividades do sistema nervoso, foi possível desenvolver os fundamentos da biofilia, as formas de como aplicá-los e qual sua real importân42

cia para os seres humanos. O interesse acadêmico para compreender a relação da natureza com o ser humano se intensificou após a realização de uma pesquisa em 1984 com pacientes hospitalizados, ,onde foi verificado que os pacientes que estavam em quartos que possuíam janela com paisagem natural tiveram níveis menores de dor e recuperação mais rápida (ULRICH, 1984 apud. SEYMOUR, 2016). O número de experimentos que


liga a saúde humana com o contato com a natureza cresceu, podendo assim a biofilia ser considerada tão eficaz quanto alimentação saudável e exercícios físicos (SEYMOUR, 2016). Como foi abordado no capítulo anterior, o ambiente de trabalho pode gerar diversos problemas nos funcionários, tais como: estresse, ansiedade e medo. Esses problemas estão diretamente associados a Síndrome de Burnot e afetam tanto a qualidade de vida da população, quanto a economia das empresas, impactando diretamente no país.

A aplicação do design biofílico pode gerar vários benefícios e amenizar esses problemas, melhorando não só o bem-estar das pessoas, bem como a economia das empresas que utilizam esse estilo. Uma empresa, por exemplo, pode economizar cerca de US $ 2.000,00 por funcionário ao ano ao utilizar de forma adequada a iluminação natural e cerca de US $ 93 milhões por ano em custo com saúde quando permitisse vista para natureza aos seus funcionários (BROWNING, 2012).

4.1. O QUE É DESIGN BIOFÍLICO Segundo Papierska (2017), o termo biofilia, tem origem grega e significa amor à natureza. Foi criado pelo psicólogo social Erich Fromm. No entanto, segundo Browning (2012), foi posto em prática apenas em 1958, quando o biólogo americano Edward O. Wilson percebeu as implicações que eram causadas pelo distanciamento entre os seres humanos e a natureza. Para Edward, a biofilia é a relação natural entre o ser humano e os outros organismos vivos. Para Kerllert e Calabrese (2015), a biofilia é a necessidade essencial do ser humano de se conectar com a natureza, sendo algo intrínseco biologicamente, ele afirma isso se baseando no argumento em que 99% da história da humanidade as pessoas possuíam contato com a natureza, sendo o distanciamento das pesso-

as com o meio ambiente algo recente. Browning (2012) também afirma que a biofilia está relacionada a necessidade que os seres humanos possuem biologicamente de estar em contato com a natureza e que esse contato se reflete no bem-estar, na produtividade e em melhores relacionamentos (BROWNING, 2012). O design biofílico é um estilo que se baseia nos conceitos da biofilia, com a intenção de melhorar não só no âmbito da funcionalidade dos espaços, assim como a qualidade dos mesmos, proporcionando maior bem-estar, melhorando a saúde e aumentando a performance dos seus usuários. Papierska (2017) afirma que a principal intensão do design biofílico é aproximar ao máximo o ser humano a natureza.

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4.2. PILARES DO PROJETO BIOFÍLICO Segundo Browning (2012), o design biofílico é baseado em três pilares principais. O primeiro desses pilares é a incorporação da natureza no espaço construído. Nele busca-se incluir elementos naturais no espaço construído, como plantas, fontes de água, aquários, jardins, luz natural e vista para a natureza exterior ao edifício, como pode ser observado na Figura 7. A inclusão desses elementos dinâmicos da natureza produz as reações biofílicas mais fortes, desenvolvendo melhor a conexão e a afetividade dos usuários com a natureza. O segundo trata-se dos análogos naturais. Esse pilar representa os materiais e padrões que lembram a natureza. Ele é dividido em quatro principais setores que

são as obras de arte representacionais, a ornamentação, as formas biomórficas e o uso de materiais naturais. Kerllert e Calabrese (2015) citam alguns exemplos desses elementos: obras de arte, materiais naturais, tecidos naturais e ornamentação inspiradas pelas formas da natureza (Biomimética). Um exemplo disso ocorre na Figura 8, em que pode-se obervar o uso de tijolo de barro, revestimento de argila e elementos em madeira. Browning (2012) afirma que a utilização desses elementos é muito eficiente em relação a reações biofílicas, porém, os resultados com os elementos vivos e dinâmicos são melhores.

Figura  8:  Residência Cláudia. Fonte: Maria Mira, disponível em: Archdaily; acesso: 15/04/2020

Figura  7:  Casa Soul Garden. Fonte: Monika Sathe Photography, disponível em: Archdaily

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Por fim, o terceiro se refere ao caráter do espaço. Esse pilar se trata das reações psicológicas e fisiológicas em relação a organização espacial. Estudos afirmam que, devido ao ser humano ser nativo da África, a afinidade é maior por paisagens amplas, como nas savanas, que são caracterizadas por possuírem vegetação rasteira e pela presença de árvores que proporcionem sombras (KELLER et al., 2008 apud BROWNING, 2012). Esse tipo de paisagem proporciona sensação

de segurança, proteção e coerência e pode ser alcançado no ambiente construído com o uso de vistas para o exterior e conexões visuais entre ambientes internos (KERLLERT E CALABRESE, 2015). Um exemplo relacionado a essa organização espacial é o escritório Nureca (Ver Figura 9), que apesar de possuir espaços bem delimitados há uma conexão visual muito bem definida, fazendo com que o usuário entenda o espaço de forma rápida.

Figura  9:  Escritório Nureca Inc. Fonte: Andre J Fanthome, Archdaily ; acesso: 15/04/2020.

Kellert e Calabrese (2015), também definem o design biofílico em três pilares, que possuem conceitos similares aos definidos por Browning (2012). Sendo o primeiro chamado por experiência

direta, semelhante a natureza no espaço construído, o segundo experiência indireta, semelhante aos análogos naturais e o terceiro experiencia de espaço de lugar que se assemelha ao caráter do espaço.

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4.3. IMPACTOS DA APLICAÇÃO DO DESIGN BIOFÍLICO NO AMBIENTE DE TRABALHO Uma pesquisa global realizada em 2015 pela incubadora Robertson Cooper, formada por uma equipe de psicólogos especialistas em bem-estar, buscou documentar os reais impactos das aplicações do design biofílico no ambiente de trabalho. Nessa pesquisa foram coletados dados de 7600 funcionários de 16 países, sendo eles: Reino Unido, França, Alemanha, Holanda, Espanha, Suécia, Dinamarca, Emirados Árabes, Estados Unidos, Canadá, Brasil, Austrália, Filipinas, Índia, China e Indonésia (COOPER, 2015).

Além disso, nessa pesquisa também foram analisados quais eram os impactos do uso das cores, da vista para janelas e de elementos naturais dentro dos escritórios (BROWNING E COOPER, 2015). Em relação às cores, o amarelo, o azul, o verde e o branco, foram as cores que mais transmitiram motivação, produtividade, inspiração, criatividade, entusiasmo e felicidade, enquanto a cinza foi considerada desinspiradora e relacionada ao estresse, associada com baixo nível de entusiasmo, criatividade e produtividade, como pode ser visto na Tabela 4:

Tabela  4:  Impacto das cores no ambiente de trabalho. Cor

Impacto

Amarelo

Motivação, produtividade, inspiração e criatividade.

Azul

Motivação, produtividade, felicidade e entusiasmo.

Verde

Motivação, produtividade, inspiração criatividade e entusiasmo.

Marrom

Felicidade.

Branco

Motivação, produtividade, inspiração, felicidade, criatividade e entusiasmo.

Cinza

Estresse e desinspirador. Fonte: BROWNING E COOPER, 2015 (Elaborado por autor).

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Nos escritórios que haviam vista de uma janela para paisagens naturais, os funcionários costumavam passar mais tempo no trabalho, se sentiam menos estressados e mais produtivos e criativos. Enquanto nos escritórios que não possuíam vistas para uma janela, os funcionários reagiam de forma contrária (BROWNING E COOPER, 2015). A inserção de elementos naturais como uso de luz natural, plantas vivas e paredes verdes, foram associados a maiores níveis de produtividade e criatividade, enquanto a falta desses elementos foi relacionada ao aumento de estresse e absentismo por doenças nos funcionários (BROWNING E COOPER, 2015). Também verificou que aqueles que trabalhavam em escritórios mais amplos e leves tinham maiores níveis de bem-estar, motivação, produtividade e criatividade (COOPER, 2015). Com a realização da pesquisa foi

possível identificar que os usuários de espaços que possuem elementos naturais podem aumentar em até 15% a sensação de bem-estar (BROWNING E COOPER, 2015). No relatório também são citadas pesquisas que comprovam a eficácia do uso de vegetações e elementos naturais no ambiente de trabalho. No Reino Unido foi feito um estudo que mostrou que os funcionários que trabalhavam em ambientes com iluminação e vegetação naturais eram 6% mais produtivos que aqueles que não possuíam esses elementos no ambiente de trabalho (BROWNING E COOPER, 2015). Além desses resultados globais, a pesquisa também verificou o que influencia na felicidade, criatividade e produtividade dos funcionários por país. Na Tabela 5 pode-se verificar quais elementos transmitem essas sensações aos funcionários brasileiros.

Tabela  5:  Impacto das cores no ambiente de trabalho. Sensação

Elementos

Felicidade

Uso das cores azul e branca e visibilidade para vida selvagem.

Criatividade

Visibilidade para lagos ou áreas com corpo de água e utilização de elementos aquáticos nos ambientes de trabalho.

Produtividade

Visão para paisagens campestres. Fonte: BROWNING E COOPER, 2015 (Elaborado por autor).

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05


05. PROJETOS REFERÊNCIA............................................................49 5.1. SECOND HOME - HOLLYWOOD...............................................................................................................................................50 5.2. LAR CONSTRUTORA.............................................................................................................................................................................................54 5.3. IT’S BIOFILIA.........................................................................................................................................................................................................................58


5.1. SECOND HOME - HOLLYWOOD Second Home é uma rede de coworkings que está presente em diversos países. A sede que será utilizada como projeto referência é a da cidade Los Angeles, no distrito Hollywood (Figura 10). Foi projetado pelo escritório Selgascano, escritório espanhol de arquitetura, em um terreno de 8.435,60 m², e foi inaugurada em 2019 (ARCHDAILY, 2020).

Figura  10:  Coworking Second Home Hollywood Fonte: Iwan Baan, disponível em: Archdaily; acesso: 21/04/2020

No local haviam dois edifícios já existentes, porém, só um deles foi mantido: o edifício de 1964, projetado pelo primeiro arquiteto afro-americano em Los Angeles, Paul Williams (ARCHDAILY, 2020). O coworking é composto por três pavimentos, sendo um deles subsolo para estacionamento, possui um total de 520 unidades de trabalho e vários equipamentos de uso comum, como café, bar e restaurante, entre outros, por todo o edifício (Ver Figura 11). Na área externa ao edifício, são abriados 60 escritórios privativos, em formatos ovais de quatro tamanhos. O tamanho A possui cerca de 12 m², o B tem entorno de 22 m², o C tem aproximadamente 34 m² e o D possui cerca de 53 m² (Ver Figura 12 e 13). Um aspecto interessante é que apesar de muitos dos ambientes serem compartilhados, há uma divisão clara de ambientes para trabalho, para concentração e para descanso e descontração (Café, restaurante e terraços), fazendo com que a interação entre os membros não atrapalhe quem está concentrado (Ver Figura 11). 50


RESTAURANTE/ BAR

LIVRARIA

CAFÉ

Áreas ao ar livre Ambiente de trabalho Recepção Banheiros Equipamentos de uso comum Circulações certicais Acesso principal Figura 11: Setorização térreo e primeiro pavimento. Fonte: Selgascano (adaptado), disponível em: Archdaily ; acesso: 21/04/2020.

Figura 12: Dimensões escritórios privativos. Fonte: Selgascano (adaptado), disponível em: Archdaily ; acesso: 21/04/2020.

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Figura  13:  Escritórios privativos. Fonte: Selgascano (adaptado), disponível em: Archdaily ; acesso: 21/04/2020.

O Second Home de Hollywood é um exemplo concretizado do uso do design biofílico em um ambiente de trabalho, deixando em evidência sempre o contato com a natureza nos seus ambientes (Figura 14 e 15), utilizando os três pilares base, natureza no espaço, analogias a natureza e conceito de espaço. Como pode-se observar na Figura 15 em todos os ambientes foram utilizados: • A presença de iluminação natural; • A aplicação de cores vibrantes de forma pontual como: a cor amarela, que é uma cor caracterizada por despertar a criatividade, a motivação, a produtividade e a inspiração, utilizada em conjunto com as cores neutras cinza e branco, assim não cansando psicologicamente os usuários dos espaços; • O uso de design: desde os mobiliários até a estrutura dos escritórios privativos, considerando que o design também é uma forma de arte, encaixan52

5 4 3

1

6 2

Figura  14:  Planta térreo. Fonte: Selgascano (adaptado), disponível em: Archdaily ; acesso: 21/04/2020.

do-se no pilar de análogos naturais do design biofílico; • A utilização de vegetação ou de vistas para o jardim externo a edificação.


1

Receção

2

Café

3

Pátio

4

Salas de reunião

3

Sala multiuso

4

Escritório privativo

Figura  15:  Figura 15: Ambientes internos Second Home Hollywood. Fonte: Iwan Baan (adaptado), disponível em: Archdaily ; acesso: 21/04/2020.

Serão utilizados como referências: • O uso da iluminação e da vegetação natural: nos ambientes internos e externos a edificação; • A visibilidade para a área externa do edifício; • A utilização de cores vibrantes de forma pontual e funcional; • A criação de estação de trabalhos ao ar livre; • A implantação de equipamentos de uso comum como: café, bar e restau rante, para assim proporcionar momentos descontraídos aos usuários.

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5.2. LAR CONSTRUTORA A nova sede de escritório da Lar Construtora (Ver Figura 16) está localizada no edifício Dacon (1981) em São Paulo. Foi projetada pelo Superlimão Studio, escritório brasileiro de arquitetura, juntamente com a Lar Construtora em um antigo estacionamento do edifício e foi

inaugurado em 2017. O projeto buscou manter a estrutura original do estacionamento aparente, no caso piso e pilares de concreto (Ver Figura 17), proporcionando um estilo industrial e descolado ao escritório, estilo que se encaixa com a construtora (SUPERLIMÃO, 2017).

Figura  16:  scritório LAR Construtora. Fonte: Maíra Acayaba, disponível em uper limão construtora; acesso: 20/04/2020

O escritório em si foi projetado para manter os três setores principais da empresa (Corporativo, varejo e administrativo) separados, como pode ser visto na Figura 18, de forma que ocorresse facilidade de comunicação entre eles (Figura 19). Algo a se destacar também é a área colaborativa, criada para ser um ambiente de descontração para os funcionários nas horas vagas e também para abrigar pequenos eventos internos (SUPERLIMÃO, 2017). Figura  17:  Hall LAR Construtora. Fonte: Maíra Acayaba, disponível em: Super limão construtora; acess o: 20/04/2020

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Recepção Setor corporativo Salas de renião Banheiros Área colaborativa Sala dos sócios Setor de varejo Setor administrativo Figura  18:  Setorização escritório LAR Construtora. Fonte: Superlimão (Adaptado), disponível: https://www.archdaily.com.br/br/869705/lar-construtora-superlimao-studio-plus-lar-construtora?ad_source=search&adm _ edium=search_resulta_ ll ; acesso: 20/04/2020.

Setor corporativo Setor de varejo Sertor administrativo Acesso principal Circulação entre setores Figura  19:  Setores escritório LAR Construtora Fonte: Superlimão (Adaptado), disponível: https://www.archdaily.com.br/br/869705/lar-construtora-superlimao-studio-plus-lar-construtora?ad_source=search&adm _ edium=search_resulta_ ll ; acesso: 20/04/2020

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As estações de trabalho (Figura 20), em todos os setores e salas, são caracterizadas pelo uso intenso de iluminação artificial e das cores preta e branca, destacando a funcionalidade e o uso desses espaços que devem ser ambientes em que o usuário fique mais concentrado e produtivo, o que se contrasta com os ambientes da recepção (Figura 21) e da

área colaborativa (Figura 22), ambientes que possuem cores mais vibrantes pontualmente, como o amarelo e o verde das plantas, o uso de madeira, e mobiliários mais diversos, assim como também no caso da cabine de madeira que tem na recepção, dando um impressão mais alegre ao espaço devido ao uso da cor amarela.

Figura  20:  Setor corporativo LAR Construtora. Fonte: Maíra Acayaba, disponível em: Super limão construtora; acesso: 20/04/2020

Criado para ser um ambiente de descontração, essa sala abriga mobiliários visualmente mais leves, feitos de metalon e madeira, em diversos modelos como: banquetas, sofá, cadeiras e bancos, proporcionando diferentes formas de utilização do espaço. Existe também, a utilização de vegetação e uma grande esquadria de vidro que tem vista para um jardim, o que enfatiza a intensão de tornar esse ambiente mais relaxante. A iluminação natural adentra ao espaço e também aumenta essa sensação. 56

Figura  21:  Recepção LAR Construtora. Fonte: Maíra Acayaba, disponível em: Super limão construtora; acesso: 20/04/2020


Figura  22:  Área Colaborativa LAR Construtora. Fonte: Maíra Acayaba, disponível em: Super limão construtora; acesso: 20/04/2020.

Será considerado como referência os seguintes aspectos do projeto: • A funcionalidade da planta: Os setores são separados, mas possuem fácil comunicação; • Criação da sala colaborativa: Possuindo uma posição estratégica, sendo posicionada de forma que não atrapalhe os ambientes de trabalho.

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5.3. IT’S BIOFILIA O escritório It’s Biofilia (Ver Figura 23) que inaugurado em 2019 é uma expansão da empresa It’s Informov, localizado em São Paulo, e possui 350,00 m². Esse escritório foi projetado pela própria It’s Informov utilizando os conceitos do design biofílico (ARCHDAILY, 2019).

Figura  23:  Escritório It’s Biofilia Fonte: Alexandre Oliveira – Jafo Fotografia, disponível: Archdaily ; acesso: 20/04/2020

A intensão foi aumentar a produtividade e o bem-estar dos funcionários utilizando os princípios do design biofílico (ARCHDAILY, 2019). É notória a abundância de vegetação por todo o escritório, em paredes, tetos e vasos. Além disso, os materiais naturais, como madeira, pedras e cordas (Ver figuras 24, 25 e 26) são pre-

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dominantes no espaço, estão presentes no forro, paredes, divisórias e armários. O escritório possui além das estações de trabalho, uma sala de reunião (Figura 24), área de descontração e descanso integrada com a copa (Figura 25 e 26), dois banheiros e cabine para conversas em grupo (Figura 27).


Figura  24:  Sala de reunião escritório It’s Biofilia. Fonte: Alexandre Oliveira – Jafo Fotografia, disponível: Archdaily ; acesso: 20/04/2020

Figura  25:  Área de descontração escritório It’s Biofilia Fonte: Alexandre Oliveira – Jafo Fotografia, disponível: Archdaily; acesso: 20/04/2020

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Figura  26:  Copa integrada com área de descontração escritório It’s Biofilia. Fonte: Alexandre Oliveira – Jafo Fotografia, disponível:Archdaily ; acesso: 20/04/2020

Figura  27:  Cabine para conversas escritório It’s Biofilia. Fonte: Alexandre Oliveira – Jafo Fotografia, disponível: Archdaily ; acesso: 20/04/2020

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Outro aspecto importante são as cores. O espaço em sua maioria é marcado pelas cores cinza, verde e bege, cor dos mobiliários feitos de compensado de madeira, favorecendo a sensação de tranquilidade e bem-estar, mas sem perder a seriedade do escritório. A iluminação, também é um aspecto que se destaca, pois ao invés de utilizarem iluminação geral, utilizaram focalizada, criando cenários diferentes no escritório. Na área das estações de trabalho (Ver Figura 23) foram utilizados pendentes centrais nas bancadas, assim quem está sentado não faz sombra na superfície de trabalho, o que geralmente acontece quando se utiliza iluminação geral. Já na área de descontração (Ver Figura 26), a iluminação é focada nos elementos naturais, nas vegetações e pedras, como embaixo dos bancos, proporcionando ao usuário um cenário de descanso visual e psicológico. Nesse projeto será utilizado como referências: • A utilização de materiais naturais: como compensado de madeira, cordas e pedras; • A utilização de vegetação nos ambientes internos; • A ergonomia das estações de trabalhos; • A iluminação focal: variando de acordo com a atividade de cada ambiente; • A criação de cabines: para conversas mais privadas em pequenos grupos.

61


06


06. BIOWORKING...........................................................................63 6.1. DIAGNÓSTICO URBANO..........................................................................................................................................................................64 6.1.1. APRESENTAÇÃO DO BAIRRO......................................................................................................................................................64 6.1.2. APRESENTAÇÃO DO TERRENO................................................................................................................................................69 6.1.3. PARÂMETROS URBANÍSTICOS.....................................................................................................................................................73

6.2 Projeto do Bioworking.........................................................................................................................................................75 6.3 Considerações finais................................................................................................................................................................108


6.1. DIAGNÓSTICO URBANO 6.1.1. APRESENTAÇÃO DO BAIRRO A Maraponga (Figura 28) foi escolhida para abrigar o projeto por ser um bairro que está em constante desenvolvimento e crescimento. Ela vem se tornando uma referência cada vez mais forte para a região onde está inserida, atraindo diversos comércios e habitantes. Além disso, há uma grande concentração comercial

e empresarial na região norte da cidade, o que causa diariamente grandes deslocamentos de pessoas para essa região, provocando congestionamentos no trânsito e transportes públicos. Assim, ao inserir o projeto neste bairro, seria proporcionado aos habitantes da região menores deslocamentos diários.

Figura 28: Localização Maraponga. Fonte: Elaborado por autora.

O bairro fica localizado na capital Fortaleza, na Secretaria Regional V da cidade (Figura 28), próximo aos bairros Parangaba, Itaperi, Jardim Cearense, Mondubim, Manuel Sátiro e Vila Peri, como pode-se ver na Figura 29. Segundo o Censo 2010 do IBGE, o bairro possui 64

10.155 habitantes, sendo 53,5% mulheres e 46,5% homens, tendo uma renda média de R$796,96 por habitante (O IDH geral do bairro é 0,3904, classificado como índice mediano pela plataforma Anuário do Ceará (2019).


Figura 29: Regionais Fortaleza Fonte: Elaborado por autora.

Em relação ao macrozoneamento da cidade, de acordo com a Lei de Uso e Ocupação do Solo de Fortaleza (Lei complementar n° 236, de 11 de agosto de 2017), o bairro se encontra na Zona de Requalificação Urbana 2 (ZRU2), zona destinada a requalificação urbanística e ambiental e à adequação das condições de habitações, acessibilidade e mobili-

dade. Além de estar inserida na ZRU2, o bairro também possui áreas em Zona de Preservação Ambiental e Zona de Recuperação Ambiental, localizadas no Parque Urbano da Lagoa da Maraponga, zona que se encontra deteriorada e abandonada, mas que possui grande potencial paisagístico (Figura 30).

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Figura 30: Macrozoneamento no bairro. Fonte: Elaborado por autora.

A tipologia, como pode ser observado na Figura 31, mais predominante do bairro é a residencial, concentrando as atividades de comércio na Av. Godofredo Maciel. Os principais equipamentos (Figura 32) do bairro são o DETRAN, o Shopping Maraponga Mart Moda e o

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Colégio Provecto, esses equipamentos atraem diariamente público de diversas áreas da cidade para o bairro. O bairro é predominantemente horizontal, sendo a maioria das suas edificações de um a dois pavimentos (Figura 33).

Figura 31: Uso do solo. Fonte: Elaborado pela autoral.


Figura 32: Principais equipamentos. Fonte: Elaborado por autora.

Figura 33: Gabarito do bairro. Fonte: Elaborado por67 autora.


A Avenida Godofredo Maciel é a via mais importante do bairro, classificada como via arterial 1 (Figura 34). Ela interliga a Avenida Presidente Costa e Silva, também chamada de Avenida Perimetral, com a Parangaba. Além disso, é uma das vias que interliga a região metropolitana de Maracanaú a Fortaleza.

Figura 34: Hierarquia Viária. Fonte: Elaborado por autora.

O bairro também possui uma rede de transporte público diversificada, com linhas e paradas de ônibus, estação de metrô da linha Sul, que interliga o município de Pacatuba ao centro de Fortaleza, e sistema cicloviário nas principais avenidas, interligando-se com Montese, Pa-

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rangaba, Mondubim, Parque Dois Irmãos e Maracanaú (Figura 35). Esse também é um fator importante para a escolha do bairro, tendo em vista que a maioria dos usuários de coworkings no Ceará utilizam transportes públicos para se deslocar, como visto no capítulo um deste trabalho.


Figura 35: Rede de transporte público. Fonte: Elaborado por autora.

6.1.2. APRESENTAÇÃO DO TERRENO O terreno (Figura 36, 37 e 38) escolhido fica entre a Av. Godofredo Maciel, a Rua Nigéria, a Rua Carlos Studart e a Rua País de Galés. Próximo ao Colégio Provecto (Figura 39) e ao Parque Urbano da Lagoa da Maraponga (Figura 40 e 41), o terreno engloba um lote que se encontra abandonado e sem uso, um lote que possui uso comercial e um lote

que possui uso residencial. Apesar de ser localizado em uma parte da avenida que é pouco movimentada por pedestres, o terreno tem um grande potencial por ser local de passagem entre bairros, como visto anteriormente, e por ser próximo ao Colégio Provecto, um dos principais equipamentos do bairro.

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PARQUE DA LAGOA DA MARAPONGA

Colégio Provecto

Figura  36:  Localização Terreno Fonte: Google Earth, adaptado.

Figura  37:  Fachada Av. Godofredo Maciel (Oeste). Fonte: Acervo da autora, 2020.

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Figura  38:  Fachada da Rua Carlos Studart (Leste). Fonte: Acervo da autora, 2020.

Figura  39:  Colégio Provecto. Fonte: Acervo da autora, 2020.

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Figura  40:  Parque Urbano da Lagoa da Maraponga. Fonte: Acervo da autora, 2020.

Outras vantagens para o terreno são o potencial paisagístico, o fácil acesso a paradas de ônibus e a proximidade com as estações de metrô tanto da Maraponga quanto da Parangaba como visto na Figura 35. Sobre os aspectos climáticos e geográficos, o terreno possui suas maiores fachadas voltadas para leste e oeste, ou

seja, com insolação direta durante todo o dia, o que não é tão positivo quando relacionado ao clima tropical úmido da cidade. Portanto, necessita de um tratamento especial nessas fachadas, para que o edifício fique termicamente confortável. Vale ressaltar que, segundo a plataforma online Projeteee (2020), a ventilação predominante em Fortaleza é leste e sudeste.

Figura  41:  Lagoa da Maraponga. Fonte: Acervo da autora, 2020.

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6.1.3. PARÂMETROS URBANÍSTICOS O coworking se classifica de acordo com a Lei de Uso e Ocupação do Solo de Fortaleza (Lei complementar n° 236, de 11 de agosto de 2017), no grupo de “Serviços” e subgrupo de “Prestação de Serviços (PS)”. Com o decreto 14.305 de 16 de outubro de 2018, da Prefeitura de Fortaleza (Diário Oficial do Município, ano LXIV, no 16.372, em 26 de outubro de 2018), as atividades de escritórios compartilhados, como coworking e escritórios virtuais, se regulariza. O projeto está inserido na ZRU2, como visto anteriormente, e será classificado por PGV1 por possuir aproximadamente 1.000 m². É importante ressaltar que a Av. Godofredo Maciel é classificada como Via Arterial 1, sendo adequada para atividades classificadas como PGV1. Com base nessas informações os parâmetros urbanos foram coletados na Lei de Uso e Ocupação do Solo de Fortaleza, e foram listados na Tabela 6 a seguir:

Tabela  6:  Parâmetros Urbanísticos. Taxa de Permeabilidade

30%

Taxa de ocupação do solo

60%

Taxa de ocupação do subsolo

60%

Índice de Aproveitamento Básico

1,5

Índice de Aproveitamento Mínimo

0,1

Índice de Aproveitamento Máximo

1,5

Altura Máxima

48 m

Testada Mínima do Lote

5m

Profundidade Mínima do Lote

25 m

Área Mínima do Lote

125 m²

Fração

45

Recuo mínimo frontal

10 m

Recuo mínimo lateral

5m

Recuo mínimo fundo

5m

Fonte: Prefeitura de Fortaleza, adaptado.

Segundo a Lei de Parcelamento Uso e Ocupação do Solo, a quantidade de vagas para a classe PGV1 deve ser definida pelo RIST, então, será utilizado como parâmetro a da classe 2, ou seja, a cada 100 m² de área construída deverá haver 1 vaga de estacionamento.

73


COWOKING BIOFÍLICO

74


6.2 PROJETO BIOWORKING O projeto elaborado, nomeado de Bioworking, é um coworking, pensado principalmente para os profissionais liberais ou autônomos e pequenas empresas que buscam por economia, networking e espaços de qualidade para trabalho. Seu conceito arquitetônico é a integração com a natureza. Assim, o projeto foi elaborado baseado nas principais diretrizes do design biofílico, visto no capítulo três do presente trabalho, com o intuito de ressignificar o ambiente de trabalho e proporcionar aos seus usuários maior produtividade, bem-estar e a qualidade de vida. Diante disso, o edifício terá como diretrizes arquitetônicas:

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Natureza no espaço

Utilização de vegetação nos ambientes internos ao edifício, criação de espaços ao ar livre para trabalho e descanso e visibilidade dos ambientes internos para área verde do terreno e do parque;

Análogos naturais

Utilização de materiais, elementos e cores que remetam a natureza;

Caratér no espaço

Proporcionar legibilidade fácil e fluida do espaço, onde o usuário consiga entender de forma simples o edifício como um todo, com o uso de circulações amplas e de fácil acesso tornando os ambientes integrados entre si;

Aproveitamento dos recursos naturais

O aproveitamento de iluminação e ventilação natural;

Reentrancês nas fachadas

Criação de reentrâncias nas fachadas leste e oeste, que permitam a diminuição de insolação direta nos ambientes internos e, ao mesmo tempo dê maior visibilidade para o parque e a área verde do terreno;

Integração interna e externa A máxima integração dos ambientes internos e externos com a área verde do terreno e do Parque da lagoa da Maraponga, a partir de esquadrias e circulações externas.

76


Na Tabela 7 a seguir foram listados os ambientes que constam no empreendimento. A elaboração do programa necessidade do empreendimento foi baseada nos projetos referências e nas demandas retratadas na pesquisa local realizada com usuários de coworking da cidade de Fortaleza (Presente no capítulo um deste trabalho). Tabela  7:  Programa necessidade. AMBIENTE

QUANTIDADE

ÁREA

Recepção

1

194,00 m²

Cafeteria/bar

1

52,00 m²

Lojas

3

30,00 m²

Estações de trabalho compartilhadas

até 56 estações

123,17 m²

Salas de reunião/vídeo conferência (multiuso)

3

30,00 m²

Cabines compartilhadas reunião (até 6 pessoas)

3

7,50 m²

Cabines compartilhadas (ligações e pequenas reuniões até 2 pessoas)

6

2,85 m²

Sala de descanso

1

29,30 m²

Copa

1

29,30 m²

Terraço multiusos

4

271,50 m²

Escritórios privativos

6

30,00 m²

Treinamento

2

62,30 m²

Administração

1

29,00 m²

BWC’s

6

11,30 m²

Vestiários serviço

2

6,70 m²

Depósitos

2

3,30 m²

APOIO

CORPORATIVO

SETOR PÚBLICO GERAL

PROGRAMA NECESSIDADE

77


MATERIAIS ESCOLHIDOS

Concreto armado

Bloco cerâmico

Cimento queimado

Estrutura aparente em concrteo armado

Piso térreo e praça

Pisos pavimentos 1 e 2

Drywall com OSB Divisória acústica retrátil Tijolo ecológico Paredes internas

Vidro e madeira Esquadrias

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Paredes móveis (sala de treinamento)

Nuvens acústicas Forro ambientes compartilhados

Paredes externas

Espuma acústica Salas de escritórios, multifuncionais e treinamentos.


O terreno possui quatro frentes, em um formato trapezoidal, aplicando o recuo mínimo o resultado é um triângulo. A partir desse triângulo foi criada uma malha quadriculada de 5 x 6 m;

A partir da malha criada foram setorizados as áreas que ficariam fechadas (em cinza) e abertas (em marrom), fazendo com que a natureza externa adentrasse o edifício. Também foi criada uma praça na extremidade da quadra para conectar visualmente o terreno ao Parque da Lagoa da Maraponga;

Após a setorização de áreas abertas e fechadas foram decidos quantos pavimentos cada área teria para cumprir com o programa necessidade. Figura  42:  Volumetria conceitual Fonte: Elaborado por autora.

79


Figura 43: Planta de situação Fonte: Elaborado por autora.

80

Figura 44: Perspectiva vista Av. Godofredo Maciel sem árvores Fonte: Autora


Tabela 8: Taxas gerais do projeto Área do total do terreno

2.933 m²

Área construída

1.582 m²

Taxa de Permeabilidade

38%

Taxa de ocupação do solo

25,9%

Taxa de ocupação do subsolo

0%

Índice de Aproveitamento

0,54

Altura Máxima

15,95 m

Testada Mínima do Lote

5m

Como visto anteriormente o projeto está localizado entre quatro vias. Os acessos de pedestres foram pensados de acordo com os principais fluxos, observando paradas de ônibus e as atividades comerciais no entorno. O acesso do embarque e desembarque se dá pela Av. Godrofredo Maciel e para o estacionamento pela Rua Carlos Studart. Seguindo o conceito de integração a natureza foi buscado no projeto deixar o máximo de área verde possível e criar uma extenção do parque no terreno com a plantação de arvóries por toda área verde.

FACHADA OESTE SEM ÁRVORES

81


PLANTA BAIXA PAVIMENTO TÉRREO COM TERRENO

FACHADA SUL

FACHADA OESTE

FACHADA NORTE

FACHADA LESTE

82


PLANTA BAIXA PAVIMENTO TÉRREO

83


PLANTA BAIXA DO PRIMEIRO PAVIMENTO

84


PLANTA BAIXA SEGUNDO PAVIMENTO

85


PLANTA BAIXA DE COBERTA

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PLANTA DE IMPLATAÇÃO

FACHADA OESTE

FACHADA SUL

FACHADA NORTE

FACHADA LESTE

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CORTES A E B

DETALHAMENTO DA SACADA

88


PLATIBANDA

DETALHAMENTO DA SACADA

ESQUADRIA EM MADEIRA E VIDRO

Guarda corpo em metalon GUARDA CORPO EM METALON

Estrutura em concreto armado

Detalhamento guarda corpo

TIJOLO ECOLÓGICO

DETALHAMENTO DO GUARDA CORPO

Estrutura em metalon VEGETAÇÃO TREPADEIRA

Alambrado quadriculado

Alambrado quadriculado Esquadria em madeira e vidro Vegetação trepadeira

ESTRUTURA APARENTE

Estrutura em metalon Vaso retângular removível

Fixação com parafusos

Figura 45: Perspesctiva fachada Fonte: Elaborado por autora.

89


FACHADAS LESTE E OESTE

90


FACHADAS NORTE E SUL

1

FACHADA NORTE

2

FACHADA SUL

ESCALA

ESCALA

EIXOS ESTRUTURAIS

0

2,5

5

10 m

1/200

0 1/200

2,5

5

10 m

91


92

FACHADA PRINCIPAL AV. GODOFREDO MACIEL


Figura  46:  Perspectiva vista Av. Godofredo Maciel Fonte: Autora.

93


VISTA CICLOVIA DA AV. GODOFREDO MACIEL 94


Figura  47:  Perspectiva ciclovia da Av. Godofredo Maciel Fonte: Autora.

95


Figura  48:  Perspectiva vista entrada principal Fonte: Autora.

ENTRADA PRINCIPAL


ENTRADA ESTACIONAMENTO

Figura  49:  Perspectiva entrada estacionamento Fonte: Autora.


bloco cafeteria, escritรณrios e salas multiuso 98


Figura  50:  Perspectiva vista bloco escritórios Fonte: Autora.

99


praça de convivência 100


Figura  51:  Perspectiva vista praça de convivência Fonte: Autora.

101


vista bloco copa e descanso 102


Figura  52:  Perspectiva vista bloco copa e descanso Fonte: Autora.

103


vista para o parque sala estações compartilhadas

Figura  53:  Perspectiva vista para parque estações compartilhadas Fonte: Autora.


sala estações compartilhadas

Figura  54:  Perspectiva sala estações compartilhadas Fonte: Autora.


sala cabines compartilhadas

Figura  55:  Perspectiva vista cabines compartilhadas Fonte: Autora.


Figura  56:  Perspectiva vista escritório Fonte: Autora.

escritório privativo


6.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS A ideia de criar o projeto arquitetônico do Bioworking no bairro Maraponga veio das experiencias de estágio que tive em duas empresas com escritórios tradicionais. Como estudante de arquitetura, praticamente tudo o que preciso para trabalhar e estudar estão no meu notebook, e ter a necessidade de atravessar a cidade todo dia para estagiar e ir para a faculdade me desgastou muito durante alguns meses. Por meio dessas experiências, me veio em mente o quão desgastante era a vida das pessoas que moram longe dos seus empregos e que precisam se deslocar diariamente por grandes percursos. Ao longo do trabalho, foi observado que o deslocamento era apenas um dos problemas que muitos brasileiros enfrentavam diariamente para exercerem suas profissões. A Síndrome de Burnot, que está em crescente mundialmente, também é um fator grave que afeta a qualidade de vida dos trabalhadores e a economia. A criação do coworking, utilizando as diretrizes do design biofílico, surgiu como alternativa para proporcionar

108

maior flexibilidade e maior bem estar para a população. Nesse objeto de estudo, foi buscado proporcionar maior conforto para os possíveis usuários do espaço, tirando o foco totalmente na funcionalidade e produtividade e dando maior atenção para o bem-estar: um conceito que agrega positivamente às pessoas e empresas. Neste ano (2020), percebemos o quanto somos adaptáveis e o quanto as empresas tradicionais ainda podem evoluir e se flexibilizar, pois a pandemia do novo COVID-19 mudou o cenário mundial e nacional, trazendo à tona novas possibilidades de trabalho a distância. O coworking pode ser uma ótima alternativa para essa flexibilização. Diante disso, espera-se que o presente trabalho tenha agregado conhecimento para que as empresas busquem proporcionar maior bem estar aos seus funcionários, seja criando uma arquitetura mais inclusiva e ligada a natureza, seja utilizando de artifícios que facilite a logística do dia a dia deles com a utilização de coworkings.


COWOKING BIOFÍLICO

109


07


07.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................83

111


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Apêndice: Questionário Questionário realizado online por meio da plataforma Google Formulário. Realizado para levantamento de dados sobre coworkings em Fortaleza, utilizados no presente trabalho. 1. Email 2.

Seu nome

3. Idade 4.

Qual Coworking você frequenta/frequentou?

5. Quanto tempo você utiliza/utilizou os serviços de coworking? o Menos de 1 mês o 1 a 6 meses o 7 a 12 meses o 13 a 24 meses o Outro: _ _ _ _ _ _ _ _ _

6. Por qual motivo você decidiu utilizar os serviços de coworking? o Custo-benefício o Networking o Espaço agradável o A empresa em que trabalho utiliza o espaço o Outro: _ _ _ _ _ _ _ _ _

7. o o o o o o

114

Que tipo de serviços você utiliza? Sala compartilhada Sala privativa Sala de reunião Auditório/Sala de treinamento Endereço fiscal/comercial Outro: _ _ _ _ _ _ _ _ _ _


8. Você gosta de trabalhar em coworking? o Sim o Não

9. Referente a resposta anterior, Porque você gosta ou não gosta?

10. O que você mais gosta em relação ao coworking? 11. O que você não gosta em relação ao coworking? 12. O que você melhoraria ou mudaria no coworking?

13. No Coworking que você frequenta há espa ços ao ar livre ou inclusão de elementos naturais (Fontes de água, plantas, materiais naturais) dentro do espaço? Se sim descreva-os. 14. Você gostaria que houvessem espaços ao ar livre ou elementos naturais dentro do Coworking? o Sim, gostaria o Indiferente o Não gostaria 15. Que tipo de serviço ou ambiente você gostaria que seu coworking tivesse? 16. Descreva sua experiência, levantando pon tos positivos e negativos sobre o coworking em que wtrabalhou.

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