ESPAÇOS INTERSTICIAIS ENTRE MUROS DE CONDOMÍNIOS E LOTEAMENTO FECHADOS - Mariana Maniglia

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MARIANA MANIGLIA ENGLER

ESPAÇOS INTERSTICIAIS ENTRE MUROS DE CONDOMÍNIOS E LOTEAMENTOS FECHADOS NA ZONA SUL DE RIBEIRÃO PRETO.

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO APRESENTADO AO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO DA UNIVERSIDADE ESTÁCIO UNISEB, COMO REQUISITO PARCIAL PARA A OBTENÇÃO DO TÍTULO DE ARQUITETA E URBANISTA.

ORIENTADORA: TÂNIA MARIA BULHÕES FIGUEIRA

RIBEIRÃO PRETO 2017



DEDICO ESSE TRABALHO AOS MEUS PAIS, MAURÍCIO E ANA CLÁUDIA, POR TODA A PACIÊNCIA E APOIO DURANTE ESSES ANOS. MINHA FAMÍLIA E AMIGOS, QUE ESTIVERAM AO MEU LADO. POR FIM, AOS MEUS PROFESSORES E MINHA QUERIDA ORIENTADORA, PELAS OPORTUNIDADES, POR TODA SABEDORIA E ATENÇÃO. A CADA UM DELES OFEREÇO MINHA MAIS PROFUNDA APRECIAÇÃO E GRATIDÃO.


INTRODUÇÃO A produção contemporânea de condomínios e loteamentos fechados proliferou nas cidades brasileiras, sobretudo, nas décadas de 1980 e 1990 em regiões metropolitanas, tais como São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte etc. e, nas décadas de 1990 e 2000, nas cidades de porte mediano. Considera-se Ribeirão Preto uma cidade inserida neste porte médio. Conforme defendido por Figueira (2013), em sua dissertação de mestrado, no caso específico de Ribeirão Preto, esta cidade passou a produzir e a vivenciar novos modos de organização econômica e social junto aos interesses imobiliários ao longo das décadas citadas. É visto que os condomínios fechados são, na sua maioria, residenciais de alto padrão (embora na atualidade já são comuns os destinados aos extratos populacionais com renda familiar dita mediana)ora conformados horizontalmente e, portanto, tem uma configuração de casa unifamiliar no lote individualizado; ora conformados verticalmente, como edifícios de múltiplos pavimentos. Em teoria, eles alegam ofertar a sensação de segurança aos seus moradores, além de conforto e melhor qualidade de vida. O presente trabalho não pretende se alongar no julgamento sobre a veracidade dessas características que são utilizadas pela indústria da construção civil, da produção urbana e do marketing imobiliário para venda de unidades autônomas desses condomínios; na realidade, pretende-se discutir que, apesar das mazelas que tal situação urbana causa à cidade, esse tipo de moradia é projetado e ofertado com cada vez mais ênfase, inclusive para extratos populacionais economicamente menos abastados, focando sua destinação para grupos sociais que de fato compartilham situações comuns em seu cotidiano e que, no caso dos condomínios e loteamentos fechados de alto padrão, tem condições de adquirir e morar em regiões economicamente mais valorizadas pelo capital financeiro e mercado imobiliário da cidade, o que gera homogeneização social, econômica e, até mesmo, cultural. Sabe-se que os condomínios (e loteamentos) fechados são tidos como um problema urbano e arquitetônico, principalmente pelo fato de instigarem a segregação econômica e social dentro do solo da cidade, isso por causa do seu dimensionamento exa-

cerbado em termos de espaço construído – que culmina em espraiamento horizontal das cidades e problemas ligados à impactos ambientais, à mobilidade urbana ampliada pelo ineficiente transporte público das cidades latino-americanas e, por fim, pela violência que pode ocorrer externamente a eles, dado ao fato de seus limites. Posto isso, outro dado merece destaque: sabe-se que a problemática da proliferação de condomínios (e loteamentos) fechados nas cidades brasileiras existe há algum tempo (como já informado no parágrafo inicial deste texto), todavia o objetivo do presente trabalho é que se discutam as relações da cidade para com tal problemática e sua proliferação, ou seja, os condomínios e loteamentos fechados, e seu uso indiscriminado pelos geradores da produção das cidades, são um fato urbano e, como tal, há necessidade de problematizá-los a fim de mitigar possíveis impactos negativos de tal fato ao espaço da cidade. Para isso, inicialmente, procura-se compreender como a cidade de Ribeirão Preto se desenvolveu historicamente afim de se chegar ao entendimento do uso constante dessas crescentes configurações sócio espaciais que ocupam atualmente o solo urbano. A partir daí, a discussão aqui colocada vincula-se à percepção de que esse tipo de moradia está de fato ratificada na urbanidade, e o que se pretende salientar é o modo como lidamos com ela. Focando na cidade de Ribeirão Preto, o trabalho de Figueira (2013), alerta que os subsetores SUL 3, 4, 7, 9 e 10 do município, em 2013 (quando o trabalho finalizou sua pesquisa oficial), continham 120 residenciais fechados de alto padrão e hoje, a partir de uma pesquisa da autora do presente trabalho junto à Secretaria de Planejamento e Gestão Pública local, observa-se que esses condomínios ampliaram substancialmente em termos de quantidade, chegando a computar 160 condomínios e loteamentos fechados de conformação horizontais nesta cidade. Tendo esse panorama em vista, objetiva-se problematizar o que fazer, então, com as áreas urbanas externas a eles (as quais denominares aqui por espaços intersticiais) e que tem um grau de vulnerabilidade exacerbado, principalmente pelo fato de (atualmente) não se constituírem como áreas que configuram um po-


tencial de vivacidade para os habitantes do município. Para se ter um exemplo, na grande maioria das vezes, as pessoas que residem em condomínios e loteamentos fechados utilizam tais áreas para entrar e sair de tais locais, configurando seu acesso através de veículos automotores, e são raros os casos de pessoas que realmente caminham por essas regiões exteriores e adjacentes a eles. Daí a questão que nos interpreta:

Como lidar com essas áreas que ficam à margem dos condomínios, as quais estamos denominando de espaços intersticiais?

Apresentada tal situação, o projeto de Arquitetura e Urbanismo do presente trabalho pretende justamente qualificar esses espaços, de maneira a trazer usos outros que não os habitacionais para essas regiões, de modo a auxiliar na vitalidade de tais espaços. O intuito do presente trabalho, por fim, a partir da experimentação projetual aplicada à Ribeirão Preto (mais especificamente na Zona Sul da cidade onde se encontram a maioria dos condomínios e loteamentos fechados de alto padrão e, portanto, uma variabilidade de espaços vazios, intersticiais), é dirimir as deficiências destas áreas externas aos condomínios e loteamentos fechados, buscando aplicar uma vitalidade em tais áreas com proposição de usos como os comerciais, de serviços, culturais, ligados ao lazer e à prática de esportes etc., trazendo uma situação pública de uso desse espaço através do objeto que será desenvolvido pelo presente trabalho.

Figura 1: Diagrama de cheios e vazios FONTE: goo.gl/9i9hTK short URL


SUMÁRIO

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 1.1 Capítulo 01: Situação dos condomínios e loteamentos fechados em Ribeirão Preto.

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1.2 Capítulo 02: Espaços intersticiais - Compreensão de um conceito

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1.3 Capítulo 03: Espaços intersticiais e suas potencialidades de uso

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LEITURAS PROJETUAIS 2.1 Praça das Artes - Brasil Arquitetura

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2.2 Largo do Mercado - Grupo Mader

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2.3 Nove Points “The Forum” - DLIM Architetcts

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2.4 Estar na Rua - URBE

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LEITURAS DA ÁREA DE INTERVENÇÃO 3.1 Caracterização históricada área

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3.2 Dados oficiais

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3.3 Condicionantes urbanísticos (uso do solo/ gabarito/ figura fundo/ equipamentos / hierarquia física e funcional/ vegetação)

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ESTUDO PRELIMINAR 4.1 Restrições legais

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4.2 Conceito X Partido

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4.3 Plano de Massas

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4.4 Desenvolvimento do projeto

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4.5 Programa de necessidades

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ANTEPROJETO 5.1 Memorial justificativo

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5.2 Plantas/Cortes/Elevaçôes

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5.3 Maquete eletrônica

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 6.1 Bibliografia

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ORGANIZAÇÃO

Essa organização se deve ao fato de que, dentre as problemáticas identificadas como temáticas a serem discutidas pelo presente trabalho, deve-se organizar uma ordem de pensamento e de entendimento sobre cada uma delas. A saber: • Como historicamente os condomínios e loteamentos fechados vem se conformado na região Sul de Ribeirão Preto e o que isso significa para a cidade em termos de problemática urbana. • O que podem ser considerados espaços intersticiais, não só vinculados aos condomínios e loteamentos fechados e sua implementação, mas, de uma maneira mais genérica, o que gera nas cidades os espaços intersticiais. • E como esses espaços intersticiais (por serem “sobras” urbanas) podem ser utilizados; que tipo de uso pode ser atribuído a eles a fim de evitar problemáticas inerentes à especulação imobiliária, dado que eles podem ser vazios urbanos ou lotes vagos e, assim, estarem ampliando possibilidades de fomentação da especulação nas cidades. • Por fim, como pode-se transformar tais espaços da cidade em locais com vitalidade urbana, a partir da proposição de programas múltiplos (tais como comerciais, prestação de serviços, equipamentos e ou atividades culturais, artísticas, dentre outras).

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA


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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1 CAPÍTULO 01: SITUAÇÃO DOS CONDOMÍNIOS E LOTEAMENTOS FECHADOS NA ZONA SUL DE RIBEIRÃO PRETO

O primeiro loteamento fechado brasileiro que se tem notícia surgiu em São Paulo na década de 1970 com a criação do Alphaville, localizado em Barueri. Este novo modo de “habitar” a cidade surgiu no Brasil ao observar-se a experiência internacional alocada nos EUA e que ocorria naquele país desde a década de 1950. Sabe-se que o mercado imobiliário, observando o potencial de venda das unidades autônomas desse tipo de proposta de moradia urbana, estruturou um marketing ativo que agia (e ainda age) de forma a fazer uma propaganda extremamente positiva destes conjuntos habitacionais, de modo que se crie um interesse de compra por parte das pessoas que se estabelece, principalmente, sobre o conceito de seguridade que é atrelado a ele, para além de uma relação com o espaço livre, semelhante a uma situação “rural” e que, por fim, oferece lazer vinculado a áreas vegetativas e de atividades esportivas para faixas etárias distintas: nas quais crianças, adolescentes, adultos e idosos possam se sentir seguros de estar. Pautado sobretudo neste discurso, objetivou-se assim uma venda constante dessas unidades habitacionais e deste tipo urbano no país, particularmente no final do século XX e nas duas primeiras décadas do XXI. Estes empreendimentos têm a intenção (ou melhor, usam o discurso) de garantir segurança e uma melhor qualidade de vida às pessoas, visto que essas áreas possuem uma infraestrutura complexa em termos de equipamentos de lazer, fazendo com que seus moradores fiquem cada vez mais alheios ao contato para com a cidade real. Esta infraestrutura, então, oferta aos condôminos duas atividades humanas ligadas basicamente à habitação e ao lazer – este vinculado à alimentação e festividades que podem ser realizadas em áreas popularmente e mercadologicamente conhecidas como gourmets, áreas equipadas com churrasqueira, salão de festas entre outros, ligadas também à recreação lúdica infanto-juvenil, salão de jogos, midiateca, brinquedoteca, salas de musculação, conjunto de piscinas, áreas relacionadas a atividades físicas ou de jogos exclusivas para idosos e adultos, dentre outras.

Figura 2: Imagens dos espaços de lazer oferecidos pelo condomínio fechado Jardim Sul localizado na zona sul de Ribeirão Preto FONTE: goo.gl/LKb4xy Página 02


Ou seja, observa-se que as possibilidades excluem outras necessidades humanas, como o acesso a áreas comerciais, serviços de ordem privada e/ou pública, acesso a equipamentos urbanos que garantam saúde, educação, atividades artísticas, culturais entre outras.Os projetos de condomínios e loteamentos fechados focam na mobilidade interna sobretudo de veículos automotores, constituindo arrumamentos para estes e algumas delimitações de eixos de circulação para pedestres, mas claramente priorizam a locomoção via carros/motos, ligando-se à prática mercadológica (e cultural – afinal esta é ligada ao comportamento da sociedade brasileira desde a década de 1950) de ênfase à manutenção da indústria automobilística. Mas, para além da oferta habitacional, da questão do lazer e da mobilidade interna, este fato urbano não oferece outras condições necessárias à vivência cotidiana do ser humano nas cidades, dado que não dialogam com atividades outras como citado anteriormente (as comerciais, de prestação de serviços, oferta de equipamentos educacionais, de saúde, artísticos e culturais, isto é, serviços básicos que dão suporte ao cotidiano de todo usuário da cidade). Na grande maioria das vezes, esses condomínios e loteamentos fechados se situam em regiões afastadas de centros urbanos historicamente consolidados ou mesmo de outras centralidades que dão suporte ao dia-a-dia dos habitantes locais. Isso ocorre por dois fatores principais: o primeiro deles se liga à dimensão que necessitam para serem implantados; os atores do mercado imobiliário vão em busca de regiões demasiadamente grandes, glebas que podem abrigar o programa espraiado que necessitam os projetos mais corriqueiros Nesse sentido, eles se localizam nos subúrbios da cidade justamente porque há mais oferta de regiões com dimensionamento amplo e que possam abrigar tal distribuição funcional. O segundo deles se liga a uma das ideias principais para a venda das unidades habitacionais autônomas dos condomínios e loteamentos fechados: a fuga do morador do caos urbano que as cidades contemporâneas interpelam a eles, ou seja, a proposta de uma vida pacata, tranquila, “rural” conectada ao espaço da urbanidade.

A falta de planejamento urbano e de oferecimento de suporte a condições básicas (como à moradia) por parte do poder público municipal, a condição que o capitalismo financeiro interpela ao cotidiano da sociedade atual – no qual tudo se transforma em produto e precisa gerar lucro – a habilidade de gestores imobiliários de tornarem as unidades habitacionais autônomas dos condomínios e loteamento fechados objetos de fetiche, o desejo que se consegue criar na sociedade comum e a habilidade da indústria da segurança que, para vender, alarma cada vez mais enfaticamente a população quanto a necessidade de se proteger da cidade, tornou cada vez mais comum as pessoas procurarem esse tipo de moradia – já que são vistos como lugares que possuem adequada infraestrutura para moradia e lazer, com projeto de arquitetura e de paisagismo impecáveis, atraindo inicialmente a população com maior poder aquisitivo para essas áreas. Assim, a produção e reprodução dos residenciais fechados ultrapassaram os limites urbanos, localizando-se cada vez mais longe dos centros das cidades, e tornaram complexas as relações de seus moradores para com outras áreas da urbanidade: trazendo má qualidade, por exemplo, para seu dia-a-dia dado que não facilitam acesso a atividades de outras ordens que não as de moradia e lazer, fazendo com que as pessoas que moram nesses lugares utilizem (sempre) seus veículos para atividades corriqueiras como compras em mercados, hortifrútis, padarias, farmácias, acessar seus trabalhos, realizar atividades culturais etc. Desta forma, ampliam de sobremaneira a segregação espacial e ratificam a desigualdade social já tão latente em sociedades de países subdesenvolvidos como a brasileira.

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SEGRE

Eles operam, ainda, no fortalecimento do que se chama de homogeneização social , dado que pelo custo que se precisa arcar com a moradia ofertada por um condomínio ou loteamento fechado, pessoas que são advindas de extratos sociais semelhantes estarão aproximadas e, em contrapartida, indivíduos de classes sociais e/ou experiências de vida distintas estarão apartados, o que se coloca como problema social no momento em que o embate, a troca de ideias, o debate, o reconhecimento do outro e, acima de tudo, o respeito para com as diferenças só consegue se estabelecer em locais onde se permite o convívio entre os diferentes tipos de pessoas. Para além disso, como esses condomínios se encontram distantes do centro histórico e de outras centralidades urbanas , mas precisam estar extremamente vinculados à cidade a partir de vias estruturais e arteriais, os deslocamentos via veículos automotores é uma das poucas alternativas de mobilidade, o que se torna um problema para a municipalidade dado que é preciso constituir uma infraestrutura urbana até eles, portanto é preciso realizar obras de arruamentos, esgotamento sanitário, iluminação pública entre outras, o que gera mais gastos para a prefeitura local. Por fim, o grande número populacional que estabelece moradia em tais localidades precarizam ainda mais a questão da mobilidade devido ao fato que, na chamada hora do rush, o contingente de pessoas/veículos acaba por causar os grandes congestionamentos de trânsito no espaço urbano ou em áreas que circundam seus perímetros. No caso específico de Ribeirão Preto, a conformação destes condomínios e loteamentos fechados se deu a partir de 1960, com as primeiras chácaras e sítios localizados fora do perímetro urbano. Segundo o arquiteto Ozorio Calil Junior (2012), essas moradias inicialmente eram utilizadas apenas nos finais de semana, como opção de lazer próximo às cidades mais alheias ao “caos” urbano. Posteriormente, efetivaram-se como moradia da elite local.

Figura 3: Segregação entre a comunidade Paraisópolis e Figura 4 Morumbi São Paulo FONTE: goo.gl/RMnXX2 Página 04


Com o crescimento das cidades, esses condomínios rurais, que se tornaram em muitos casos a segunda residência e eram utilizadas nos finais de semana e nas férias, passaram a ser as residências permanentes. (...) Naquela época existiam os dois modelos em Ribeirão: condomínios rurais com grandes lotes e condomínios na área urbana, com lotes menores. Com a transformação em residências permanentes, houve a necessidade de levar serviço e o comércio para mais próximo dessas localidades. (CALIL, 2012).

Essa nova maneira de implantação se deu através das áreas periféricas da cidade, visto que estas áreas antigamente possuíam possibilidades de serem subdivididas em lotes maiores e com um valor mais baixo, devido ao fato de não estarem próximas a locais com adequada infraestrutura urbana. É visto que a conformação de condomínios e loteamentos fechados em Ribeirão Preto se deu inicialmente na zona sul, especialmente no distrito Bonfim Paulista, próximo às rodovias José Fregonesi e Antônio Machado Sant’Anna, que se configuraram como as principais vias de expansão deste tipo urbano na cidade. Foi a partir dos anos 2000 que esta expansão de condomínios e loteamentos fechados começou a se intensificar e, para além da região Sul, começou a atingir áreas a Leste oferecidas à classe média. É importante destacar, ainda, que para além do condomínio residencial fechado, a partir da primeira década do século XXI, o loteamento fechado tornou-se outra modalidade implementada na cidade de Ribeirão Preto.O que os difere é que um condomínio possui áreas de uso privativo e comum exclusivamente restritas aos moradores e, portanto, não admite entrada de terceiros que não autorizados. Ele foi regulamentado pela lei federal no 4591 de 1964. Já os loteamentos fechados foram definidos pela lei federal no. 6766de 1979, e suas áreas comuns são de ordem pública, o que não permite que impeçam o acesso de não moradores a elas – esta situação não é devidamente respeitada na grande maioria das vezes, o que escancara a ineficaz aplicabilidade da correta legislação em solo nacional.

GAÇÃO

Figura 4: Condomínio fehado em Morumbi São Paulo FONTE: goo.gl/RMnXX2 Página 05


Apesar de outros setores da cidade apresentarem condomínios e loteamentos fechados, é notável que o setor Sul ainda possui grande parte desses residenciais, o que leva o presente trabalho a escolhê-lo como local para implantação do projeto que se desenvolverá na sequência.

Pode-se observar também que a maior parte dos condomínios se encontra fora do anel viário da cidade. De 160 empreendimentos mapeados, 124 ficam fora do anel viário, representando aproximadamente 78% do total mapeado. (Moreira, 2014).

Figura 5: Localização, no Mapa do Município de Ribeirão Preto, dos residenciais (condomínios e loteamentos) fechados e m 2017. Fonte: Secretaria de Planejamento e Gestão Pública, Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto, 2017.

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.2 CAPÍTULO 02: ESPAÇOS INTERSTICIAIS: COMPREENSÃO DE UM CONCEITO

A importância de se pesquisar sobre o conceito de espaços intersticiais se deve ao fato de o presente projeto dialogar com uma condição não apenas arquitetônica, mas também urbana. Nesse sentido, não tem como desvincular o conceito de espaços intersticiais da área do urbanismo, a qual busca compreender como as aglomerações humanas se qualificam e se organizam e, para além, como estas mesmas aglomerações criam condições adequadas ou não para que seus indivíduos as habitem. Desta forma, e através da leitura do texto “Entre o público e o privado: o espaço intersticial” da autora Vera Lúcia Colussi (2013), pode-se afirmar que o conceito da palavra interstício tem íntima relação com o que está enunciado pelo dicionário inFormal sobre sua definição: um pequeno espaço entre as partes de um todo, entre duas coisas contíguas ou entre células ( JUNIOR, 2008, não paginado). A Biologia caracteriza a palavra interstício como algo que se refere a um pequeno orifício, um pequeno intervalo que separa as moléculas do corpo, ou seja, é o vazio que “está contido” entre duas situações funcionais do organismo humano ou animal. Diretamente relacionada a esta definição, a Arquitetura e o Urbanismo entendem que estes interstícios são vistos espaços da cidade ora qualificados como positivos, ora tidos como negativos. No primeiro caso, ou seja, sobre a visão positiva a respeito do interstício, tem-se que ele se configura pela situação em que a edificação cria uma relação direta e fundamental com suas áreas adjacentes, não tornando esse interstício um espaço residual. O edifício, então, se comunica com suas áreas externas e, portanto, o interstício está absorvido no programa (ou ao menos no uso abstrato – relações de contemplação, por exemplo) da edificação com seu entorno imediato.

Figura 6: Imagens que ilustratam o conceito de interstícios FONTE: goo.gl/XLAj97 Página 08


Por outro lado, a visão negativa sobre o interstício se vincula à conformação de espaços na cidade que produzem situações, grosso modo, “caóticas” para seus usuários. Desta forma, o espaço intersticial é, geralmente, visto como espaço de intervalo, lugar de passagem e não de permanência, sendo, no caso específico que se quer trabalhar, encontrado entre muros de equipamentos e edificações urbanas já implementados, áreas que não podem ser tratadas nem como públicas, nem como privadas, espaços sem utilização e que a população, ao passar por eles, apresenta sensações subjetivas relacionadas à repulsa ou ao receio.

Figura 7: Interstícios na célula e na cidade. Fonte: goo.gl/xhcUIP(Modificada pela autora)

Como podemos observar na figura 7 a seguir disposta – e ainda alicerçados na análise comparativa entre organismos da Biologia e da Arquitetura e Urbanismo –, à esquerda tem-se a representação do organismo humano, o arranjo de células e seus espaços intersticiais. À direita, o organismo da cidade, o destaque de áreas realmente utilizadas pelos seus residentes, quarteirões com edificações e, por oposição, vazios que ou são áreas livres de edificações mais ainda assim com usos propostos (áreas ajardinadas, praças, parques entre outros), ou espaços que podem ser considerados vazios de edifícios, de usos, de história, de memória e/ou de configuração de identidade com os moradores locais: o que chamamos aqui de espaços intersticiais.

Após esse entendimento, é importante citar que o conceito de espaços intersticiais foi recentemente cunhado e está em constante análise no âmbito teórico da Arquitetura e do Urbanismo, portanto, pode-se falar que ele é um conceito contemporâneo. Isso se deve ao fato de que as cidades ocidentais se comportam e se organizam através de vários traçados distintos entre si, e que este traçado se vincula ao comportamento da sociedade de determinado período histórico com relação às atividades necessárias à continuidade de seus modos de produção. Grosso modo, se analisarmos de forma sucinta a organização das cidades ao longo da história da civilização ocidental (da qual fazemos parte), podemos destacar que as cidades-Estados gregas, as conformações urbanas romanas, os burgos do Feudalismo, e mesmo as primeiras experiências de cidades ditas modernas, organizavam-se pela dualidade entre espaço de ordem pública e de cunho privado. O meio termo existente entre estas duas instâncias acabou sendo salientado mais recentemente nas cidades ditas contemporâneas; daí afirmar-se que esse conceito é, ainda, recente. Colussi (2013), por exemplo, define este conceito e vincula seu surgimento às analises que Kevin Linch realizou em seu livro “The Good City Form”, publicado em 1981, ou seja, ambos os autores apresentam tal conceituação em textos acadêmicos recentes se comparados a outras produções da historiografia da Arquitetura e do Urbanismo. Para Colussi (2013, p.95):

O espaço intersticial é o lugar das práticas não tuteladas pela segurança da verdade estabelecida e pelo pré-determinado. É também o lugar do perigo, pois fora do mundo seguro das atividades oficiais, não valem as seguranças da verdade, da cultura, do saber do sentido. É o lugar dos riscos, do imprevisto, um lugar marginal, habitado pela diversidade caótica. Os espaços intersticiais são espaços para a realização de projetos e de inovações no modo de fazer, no modo de agir, no modo de pensar. (COLLUSSI, 2013, p.95).

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Figura 8: Imagens que ilustratam o conceito de interstícios FONTE: goo.gl/jvgFLHL

Portanto, observa-se que ao mesmo tempo que há uma visão negativa sobre os espaços intersticiais porque eles interpelam à subjetividade humana todo o tipo de sensação torpe, dado ao fato de que as pessoas não se sentem convidadas a adentrarem neles, de permanecerem em tais localidades; eles existem fisicamente no interior do solo urbano, não se constituindo fisicamente à margem dele, mas, por não ter um uso efetivo ou por não ter um projeto que os qualifique, tais espacialidades são consideradas marginais às atividades urbanas. Todavia, Colussi (2013) afirma que os espaços intersticiais, justamente por se constituírem como vazios e/ou estarem esvaziados de usos e de significados, possuem um caráter de potencialidade urbana, tendo a possibilidade de admitir formas para se constituir como um positivo locus de implantação de projetos. E é nesse sentido que o presente trabalho se alicerça nesta potencialidade e indica desde já que escolherá áreas da cidade de Ribeirão Preto qualificadas como “restos” urbanos (espaços intersticiais) para a implantação de seu equipamento. Ainda segundo Colussi (2013), é observado que para o espaço intersticial ser um local potencialmente positivo, deve-se interpelar sobre ele projetos que dialoguem não apenas com questões eminentemente técnicas mas que ressaltem o âmbito subjetivo das propostas projetuais urbanas e arquitetônicas, de modo a dialogar não apenas com as necessidades básicas e corriqueiras dos indivíduos da cidade (e, portanto, com a otimização de atividades postuladas pelo modo de produção operante), mas com os aspectos mais abstratos da vida humana. Então, para além de usos funcionais e objetivos, poderiam ser implementadas no espaço intersticial situações que dialogassem diretamente com o lado mais humano dos indivíduos, ou seja, programas, instalações e/ou atividades que se ligassem à arte e à cultura da sociedade atual; bem como a proposta de espaços para nada se fazer, meramente contemplativos, de modo que as pessoas perpassassem por esses espaços ou penetrassem por ele e se sentissem convidadas a permanecer lá não apenas para realizar uma atividade em si, mas também para permanecer ali e simplesmente estar lá, sem maiores pretensões. Página 10


Para além das questões subjetivas que poder vir a potencializar a qualidade dos espaços intersticiais em si, Colussi (2013) indica como eles comparecem no solo urbano das cidades, propondo uma análise pautada em mapas cartográficos já inidicados por Linch (1981), e dialoga com três tipos de cidades: a que este autor denominou de modelo cósmico, a cidade-máquina e o modelo biológico. Assim, ambos retratam como esses espaços intersticiais ocorrem fisicamente na cidade e qual a relação psicológica (abstrata) que eles podem configurar com seus usuários. No primeiro modelo ou cidade cósmica (apresentado à esquerda pela figura 8), os eixos que levam ao core (centros urbanos históricos e que conformam a memória e identidade com moradores locais), cruzam-se a partir dos pontos cardeais e os seus encontros conformam os vazios, os espaços intersticiais, sendo assim espaços ditos positivos dado que promovem o encontro e a sociabilidade neste modelo de cidade. Já na imagem ao centro (apresentada pela figura XX), tem-se exatamente o oposto: a segregação em unidades distintas, com atividades também diferentes entre si, gera em seu entremeio os vazios negativos, formando assim os espaços residuais sem uso e vitalidade. Por fim, na imagem à direita da figura 8, observa-se um modelo de cidade orgânica, comparada a um organismo vivo, em que os vazios são qualificados como positivos por não serem esvaziados de conteúdo/utilidade, isto é, se constituem como locais de permanência. Apesar de sua geometria irregular, este modelo de cidade conecta todas os espaços nela gerados com utilidades distintas e igualmente importantes, assemelhando-se à chamada cidade sustentável (socialmente justa, economicamente viável e ambientalmente correta).

Figura 8: Da esquerda para a direita, localizam-se os três tipos de modelo de cidades citadas por Kevin Linch (1981). A saber: o modelo de cidade cósmica, o da cidade-máquina e o da cidade orgânica. FONTE: goo.gl/xhcUIP

Neste contexto e segundo Alexander (1965), existem dois tipos de espaço vazio (ou intersticial): o negativo e o positivo – como já indicado no início deste capítulo baseado nos escritos de Colussi (2013). O primeiro, caracterizado por espaços que não são aproveitados para uso algum, regiões estas que não despertam a atenção e o desejo de permanência das pessoas, de tal modo que os edifícios projetados em suas proximidades não possuem vínculos com tais áreas e não as qualifiquem, tornando-as assim um espaço resultante residual. Já o espaço exterior positivo se caracteriza quando configura uma integração entre si e os edifícios do entorno, no qual o espaço do público e o do privado conversam entre si, qualificando estas áreas com usos que despertam o prazer de permanecer e que, assim, possuem algum tipo de uso. Para ratificar tal diferença, Guerreiro (2012, p.XX) afirma:

Uma primeira evidência que resulta deste trabalho relativamente aos interstícios urbanos é que estes podem ser de dois tipos: apenas espaços residuais e sem forma (negativos) ou espaços com forma (positivos), onde toda a porção de espaço tem um significado próprio e uma função específica, tal qual as estruturas da natureza. Esta diferenciação repercute na forma como as pessoas apropriam o espaço urbano; muito mais intensa nos espaços públicos com carácter positivo e com grande dificuldade nos espaços com caráter negativo. (GUERREIRO, 2012).

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É necessário compreender o conceito de espaços intersticiais para que se possa apresentar alternativas de como trabalhar com tais vazios da cidade contemporânea, buscando um diálogo e um vínculo mais preciso entre os espaços públicos e privados da urbanidade, de modo que tais vazios sejam potencializadores de experiencias positivas e enriquecedoras para os cidadãos de determinado local, não importando, necessariamente, os usos que a eles se destinam. A partir desta análise, salienta-se que o espaço intersticial não precisa ser necessariamente utilitário de forma objetiva, não precisa ter um programa físico, mas pode dialogar com o universo abstrato de seus usuários. Portanto, o espaço intersticial vazio não é necessariamente negativo, mas pode ser caracterizado como positivo mesmo quando esvaziado e edificação. Isto é, mesmo que alguns destes locais continuem vazios de edifícios, seu redesenho e forma, sua utilização mais fluida e ligada às abstrações humanas, contemplações de paisagens, ativação de situações artístico-culturais entre outros, poderá potencializar tal localidade como convidativa transformando-a em um espaço e permanência e, por fim, permitindo que ela estabeleça um vínculo com os outros espaços da cidade – daí não ser considerada mais um espaço à margem da urbanidade.

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.3 CAPÍTULO 03: ESPAÇOS INTERSTICIAIS E SUAS POTENCIALIDADES DE USOS

O termo “vazio urbano”, também denominado de espaço intersticial, é vinculado à existência de espaços residuais ou áreas ociosas nas cidades. Esse fenômeno surgiu, nas cidades ocidentais, em meados do século XIX como consequência do êxodo rural, do correlato inchaço populacional de áreas urbanas e, por conseguinte, do espraiamento horizontal dessas cidades (modernas), quando elas começaram a se expandir em consequência do seu acelerado crescimento físico para abarcar todo esse contingente populacional. E, também, pelas novas formas de morar e a constante migração de indivíduos entre as cidades em busca de melhor qualidade de vida, como empregos e educação, tornando-as cada vez mais desordenadas e espraiadas – dado a falta de planejamento. Sabe-se, inclusive, que as cidades são constituídas por cheios e vazios e a relação equilibrada entre eles é um dos elementos que torna uma urbanidade bem planejada e mais humanizada. A expressão “vazio urbano” abrange várias interpretações em termos conceituais, dentre as quais se pode destacar: a sua caracterização como um lote vazio e sem uso; uma área momentaneamente vazia e, então, desvalorizada; e espaços ociosos que não cumprem a sua função social tornando-se, assim, áreas especulativas – como pode ser verificado da figura 9 a seguir disposta: VAZIO URBANO

vazio sem uso

remanescente urbano

espaço abandonado (uso inexistente)

vazio físico

área ociosa

elemento subutilizado (em compasso de espera)

vazio físico

espaço residual

espaço intersticial (sobras)

Figura 9: gráfico esquemático sobre o conceito de vazio urbano Fonte: Elaborada pela autora, 2017, com base na fundamentação teórica sobre espaços vazios nas cidades.

Todos esses vazios contribuem para a falta de vitalidade urbana, tornando os percursos de indivíduos nas cidades sujeitos a todo tipo de intercorrencia negativa, tais como violência, criminalidade, usos indiscriminados e inadequados como acúmulo de entulhos e/ou destinação de lixo, além de produzir uma paisagem amorfa sobre a cidade. Os interstícios fazem parte do cotidiano das pessoas mesmo que sua existência seja quase desapercebida, dado que elas perpassam por esses espaços a todo momento, mas não dão a devida atenção a eles por não serem atraídas para tais áreas, muitas vezes tendo sensações de insegurança em relação a tais espacialidades. Para além de uma espécie de invisibilidade, os espaços intersticiais não atraem nem mesmo as tensões do poder público municipal, muito menos os interesses do capital privado: quando áreas externas são de qualidade ruim, somente atividades estritamente necessárias acontecem (GEHL, 2011, p.11). Voltando o olhar para tais invisibilidades, é possível propor qualidades e usos variados em tais espaços que possam proporcionar ocupações distintas, (programas de ordem objetiva e/ou que lidem com a abstração humana), sem a necessidade de intervir drasticamente no traçado já existente da cidade. Atualmente, os vazios urbanos acabam se proliferando a partir de um desenho urbano que prescinde de planejamento e que se destina à mobilidade do veículo automotor, delineando a cidade de forma a priorizar os meios motorizados de circulação, deixando para um segundo plano de importância outras escalas, como a do pedestre, ou a circulação efetiva baseada em modais mais acessíveis e de menor impacto ambiental (como a opção por locomoção através de bicicletas e, portanto, de ciclovias, por exemplo). Apesar de parecer inadequados e sem importância, esses espaços intersticiais merecem a devida atenção tanto quanto as vias públicas e os lotes privados, pois eles se caracterizam como parte da cidade e, para que haja um bom funcionamento desta, todas as partes que a conformam precisam estar devidamente conectadas entre si e absorvidas no cotidiano de seus usuários. Página 14


Esses vazios urbanos “invisíveis” se constituem em espaços com potencialidades que podem ser transformados e revitalizados. A cidade contemporânea necessita de propostas que incentivem a restruturação dessas áreas urbanas, transformando sua paisagem. Para isso é necessário o entendimento desses espaços, analisando o que se aplica (ou ocorre) em cada um desses interstícios, assim como o comportamento da população nestes locais, as condições físicas e morfológicas de tais espaços, as necessidades não atendidas do entorno urbano em que se localizam, da vizinhança em questão, os tipos de uso que as pessoas ali próximas estão propondo para aquela área no momento atual e os fatores psicológicos (abstratos) ligados aos sentimentos que estes lugares propõem aos usuários e/ou transeuntes do local. É notória a problemática imposta pelo vazio urbano no contexto da cidade, bem como a importância de tentar absorvê-lo ao solo urbano, mas ao se projetar tem-se que tomar o devido cuidado para que as mudanças realizadas não se tornem algo meramente conceitual e sem possibilidade de aplicabilidade prática. Para o arquiteto Solá-Morales (ANO, PÁGINA), o espaço intersticial é desafiador, justamente porque ele constitui-se como:

(...) uma área sem limites claros, sem uso atual, vaga, de difícil compreensão na percepção coletiva dos cidadãos, constituindo normalmente um rompimento no tecido urbano. Mas é também uma área disponível, cheia de expectativas, de forte memória urbana, com potencial original: o espaço do possível, do futuro. (SOLÁ-MORALES, 2017).

A complexidade em agregar vitalidade nos espaços intersticiais está na multiplicidade de motivos que levam as pessoas a se deslocarem , ou seja, os fatos de seu cotidiano. É possível amenizar alguns problemas causados pelo crescimento desenfreado dessa população nas grandes cidades e o adensamento de suas atividades urbanas. Para isso é necessário conscientizar a população fazendo com que ela participe das intervenções urbanas propostas pelo poder público e pelo capital privado nas chamas parcerias. Assim esses espaços devem estar preparados para atender as diversas necessidades dos indivíduos que ali serão desenvolvidas, assim como espaços como objeto de encontros casuais, lazer, comércio, serviços entre outros fatores que tornem a cidade mais viva, objetivando-se uma reativação urbana, melhorando a imagem da cidade não necessariamente em busca de capital, mas para os cidadãos que ali residem. Em seu livro “Life Between Buildings” (ANO), por exemplo, o autor Jan Gehl categoriza essas atividades como necessárias, opcionais e sociais. Para que tais intervenções sejam realizadas, devemos considerar e analisar os seguintes fatores: IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA

LOCALIZAÇÃO DOS VAZIOS URBANOS

ANÁLISE DO ENTORNO

PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO

Talvez se os espaços intersticiais hoje existentes fossem pensados e projetados para ser parte integrante da cidade, se criariam ambientes urbanos mais valorizados e utilizados por todos e tais espacialidades possuiriam uma maior interação com a população não apenas de vizinhança, mas também da cidade como um todo.

Figura 10: diagrama esquemático sobre as etapas essenciais que devemos proceder para porpor uma intervenção Fonte: Elaborada pela autora, 2017.

Posto isso, as necessidades da sociedade podem ser expressadas e concretizadas em uma boa arquitetura, que atrai a essência dos indivíduos e a transpõe para seu espaço de convívio cotidiano. Página 15


2

LEITURAS PROJETUAIS

2.1 PRAร A DAS ARTES - Brasil Arquitetura

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Rua Formosa

sol poente

Av. São João

“... uma coisa é o lugar físico, outra coisa é o lugar para o projeto. E o lugar não é nenhum ponto de partida, mas é um ponto de chegada. Perceber o que é o lugar é já fazer o projeto.” — Álvaro Siza

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CONCEITUAÇÃO/PARTIDO

O

Figura 11: vista frontal da fachada do edifício

Figura 12: vista do entorno

Figura 13: vista do edíficio e seu gabarito FONTE DAS FIGURAS 11,12 E 13: Archidaly

edifício foi projetado pelo escritório Brasil Arquitetura que realiza projetos em diversos setores da cidade e teve como principais autores do projeto Francisco Fanucci, Marcelo Ferraz e Luciana Dornellas e foi implantado em 2012 na região central da cidade de São Paulo. Esse escritório busca CRIAR UMA ARQUITETURA A PARTIR DAS EXPERIENCIAS CULTURAIS VIVIDAS EM CADA LUGAR DA CIDADE. A edificação tomou forma devido à existencia de lotes vazios localizados na região central de São Paulo, especificamente na Avenida São João, 281 e vizinhos ao casarão do Conservatório de Música de São Paulo e buscou requalificar essa área. Diferente de outros projetos, O EDIFÍCIO É UM INVESTIMENTO DO PODER PÚBLICO que BUSCA O CONVÍVIO E UM CARÁTER PÚBLICO, TRAZENDO VIVACIDADE PARA ESTA LOCALIDADE URBANA, uma vez que possui um vasto programa de atividades profissionais e educacionais de música e dança. O sistema construtivo da pré-existência conforma-se por alvenaria estrutural, entretanto as partes da intervenção que compoem os novos ambientes utilizam-se do concreto aparente como estrutura e vedação externa e as abertura são compostas por vidros. O sistema de ABERTURAS tem uma relação lúdica com a cidade pois ele existe para iluminar os ambientes internos e conferir-lhes ventilação, mas também transforma o edifício em um objeto escultórico. O dimensionamento dessas aberturas e o sentido delas ora vertical , ora horizontal traz um CARATER DE ALEATORIEDADE para quebar a rigidez do concreto. Utilizando como materialiade fundamental do sistema construtivo. Página 18


IMPLANTAÇÃO A

implantação do edifício se deu através de lotes vazios na região central de São Paulo e desempenhou um papel de requalificação. O projeto tomou como princípio as linhas de continuidade que o lote possuía em relação às ruas do entorno para que, então, através delas o edifício tomasse forma. Os acessos principais à Praça das Artes se dão através das laterais do lote, sendo elas pela Avenida São João e pelas Ruas Formosa e Conselheiro Crispiano. Seu posicionamento possibilita a incidência do sol na manhã em sua fachada sudeste e nordeste e sol da tarde nas demais fachadas . Os ventos predominantes não parecem ter influenciado o sistema de aberturas, já que eles são contrários ao edifício.

sol poente

LEGENDA: Acessos Av. São João Público Edificação (de uso coletivo) Pré existência Vegetação Ventos predominantes

Rua Conselheiro. Crispiniano

Rua Formosa

Figura 14: vista da localização do lote na cidade de São Paulo FONTE: Archidaly

sol nascente Figura 15: implantação FONTE: Archidaly (Modificada pela autora) Página 19


PLANTAS E CORTES a Ru pin ris .C ns Co o ian

a Ru

a os rm Fo

Av

o Jo . Sã

Figura 16: volumetria esquemática do plano de massas do edifício FONTE: Archidaly (Modificado pela autora)

1 -Salas de atelie 2 -Salas de músicas 3 -Restaurante/Café 4 -Teatro 5 -Estacionamento 6 -Cantina

ão

PROGRAMA:

Apoio/Admistração Escolas Corpos Ar�s�cos Restaurante CPDOC Sala de Concertos Estacionamento Ampliação

As

identificações programáticas colocadas nesta prancha foram feitas a partir das observações da aluna sobre peças gráficas . A área do terreno escolhida para a implantação do projeto era um espaço vazio na cidade, um conjunto de lotes que foram desapropriados, e que formavam um amplo terreno, com ruelas que antes não tinham uso efetivo para a sociedade; localizado próximo a edifícios que possuem um valor histórico para a cidade. Tomando isso como partido, foi pensado e projetado um edifício que chama atenção por suas características volumétricas: uma grande estrutura de concreto aparentemente que se contrapõe aos edifícios do entorno (em relação ao seu aspecto formal) e com as marcações lineares do concreto moldado in loco e, para que o edifício não ficasse monótono, optou-se por “ rasgar” várias aberturas de vidro que dão um contraste às fachadas. Outro elemento de grande importancia dessa edificação é o térreo livre, um espaço público na cidade, que convida as pessoas a perpassarem por ele devido à integração que ele faz com as ruas do entorno. O térreo é o pavimento que possui um carater público, visto que ele possui áreas para que as pessoas perpassem por ele, ou que permaneçam ali para desenvolver algum tipo de atividade ou até mesmo contemplar as áreas de convívio existentes, como as praças descobertas e cobertas, além de possuir um café/restaurante localizadoao centro da edificação.

1 5 3

2 Planta pavimento térreo

6 4

Figura 17: planta do edifício FONTE: Archidaly (Modificado pela autora)

LEGENDA: Acessos Público Circulação Vertical Área molhada

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Planta pavimento superior (1ºandar)

O primeiro pavimento do edifício já possui um carater mais

privado, porém com usos que são coletivos, (desde que a pessoa se matricule para poder desenvolver as atividades ali propostas). Neste andar encontra-se um amplo espaço de convivência (Café/ Restaurante) onde se reunem alunos, professores e familiares. No mesmo pavimento localizam-se a sala de administração, as salas de danças com espaços generosos para ensaios, salas de músicas com excelente acústica, atelies para atividades artísticas e um teatro e seu foyer que serve de apoio àquele.

11

7 12 10

9

8

LEGENDA:

Figura 20: sala de música FONTE: Archidaly

Figura 18: planta do edifício FONTE: Archidaly (Modificado pela autora)

Acessos Privado (de uso coletivo) Circulação Vertical Área molhada

Figura 21: sala de ensaio FONTE: Archidaly

Planta pavimento superior (2ºandar)

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7 -Espaço de convívio 8 -Salas de músicas 17 9 -Salas de dança 10 -Teatro e foiers 11-Atelies 12 -Administração 13 -Atelies 14 -Apoio a escola 15 -Salas 16 -Ampliação 17 -Administração

Em cada pavimento, as sala de aula foram cuidadosamente pensadas para estarem distantes umas das outras para que não houvesse ruídos causados pelos instrumentos musicais. A questão do isolamento acústico justifica também os materiais que compõem a fachadas. Já o segundo andar, além de possuir as mesmas atividades que seu pavimento inferior, também apresenta uma ampliação onde se localizará uma discoteca e mais salas para a realização das atividades culturais já existentes.

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Figura 22: sala de ensaio FONTE: Archidaly

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Figura 19: planta do edifício FONTE:Archidaly (Modificado pela autora)

Figura 23: sala de exposições FONTE: Archidaly Página 21


RELEVÂNCIA PARA O PROJETO Destacam-se como características projetuais releantes

os diferentes tipos de uso que um edifício pode ter em um espaço que antes era considerado um lote vazio na cidade. Como estudado, neste local não havia nenhuma ocupação e usos efetivos, os quais aós a implantação deste projeto se constituem por diversas atividades que atraem o público para aquela região da cidade, trazendo uma maior harmonia e vivacidade para este espaço urbano; sobretudo a partir do térreo livre que cria grandes vãos ora cobertos, ora descobertos, os quais convidam as pessoas a perpassarem por eles. Criando, por fim, uma gradação entre espaços públicos e privados. A possibilidade de existir atividades culturais também é um destaque neste projeto, principalmente por aproveitar uma edificação pré existente e criar usos outros que estabelecem um vínculo com ela, com a possibilidade de oferta de lazer que auxiliam a população a fugir do caos da cidade de São Paulo.

Figura 24: cortes FONTE: Archidaly (Modificado pela autora)

O tipo de implantação proposto pelos autores do projeto também foi algo relevante para a escolha da leitura deste edifício, dado que a intervenção se adaptou perfeitamente ao formato irregular dos lotes vazios, propondo uma ocupação destes e indo na contracorrente da especulação imobiliária e do espraiamento das cidades (que apenas oneram os munícipes dado ao fato que incorrem em problemáticas urbanas de várias ordens).

LEGENDA: Estacionamento Circulação térreo (Espaço Edificação (Espaço

Público)

Privado de uso co-

Um dos obstáculos enfrentados pelos arquitetos e engenheiros deste projeto foi o solo ruim que ali exis�a, o lençol freá�co raso dificultou a execução da obra, portanto foram u�lizadas profundas estacas para reforçar a estrutura do prédio.

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2

LEITURAS PROJETUAIS

2.2 LARGO DO MERCADO - Grupo Mader

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O projeto propõe novas maneiras de se aproximar e estar nos edifícios públicos e de se apropriar do espaço urbano ao mesmo tempo.

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CONCEITUAÇÃO/PARTIDO

Figura 25: desenho esquemático FONTE: Archidaly (Modificado pela autora)

As barraquinhas que formamvam um centro popular de compras na região central de Florianópolis provavelmente constituíu-se em um formato linear voltado para a rua, nesse sentido a idéia de linha é muito forte e vira o partido de projeto. A manipulação da forma do projeto proposto pelo arquiteto se dá através das linhas, portanto ele utiliza estas formas irregulares do equipamento para estabelecer um contra ponto entre o que é novo e contemporâneo e o que é pré existente. Nessa lógica o arquiteto utiliza a ideia de solo criado, ou seja, o que é cobertura do projeto será um solo para outro uso, uma laje de piso resultando em um uso de uma praça, área livre.

Este projeto foi um dos classificados no concurso nacional de reurbanização do Centro de Florianópolis, projetado pelo grupo Mader, que conta com quatro profissionais da área. Arq. Leonardo Mader, Arq. Fernanda Kionka Mader, Arq. Bruno Borne e Acad. Rafael Lima. Este grupo é um escritório de referência de arquitetura com projetos no Brasil e nos EUA, e o principal estilo que eles retratam é o contemporâneo, como por exemplo este projeto, pois eles trabalham com uma continuidade de suas formas. O intuito deste projeto objetivou-se em REQUALIFICAR UM ESPAÇO PÚBLICO NA CIDADE, trazendo vivacidade e propiciando uma maior interatividade e convívio entre as pessoas. Cria-se uma nova área pública projetada na cobertura de um Shopping popular da cidade, com o objetivo de proporcionar uma área de lazer e bem estar para as pessoas que ali transitam.

Figura 26: mobiliário projetado para a praça FONTE: goo.gl/xhcUIP

O projeto propõe novas maneiras de se aproximar e estar nos edifícios públicos e de se apropriar do espaço urbano. Essa manipulação do formato linear que se dá o terreno e torna como princípio de projeto do edifício, também se repete na escala do mobiliário, visto que até os bancos e bicicletário possuem dobras, dando a ideia de movimento. Página 26


IMPLANTAÇÃO

sol nascente

sol poente

Figura 27: implantação praça FONTE: goo.gl/xhcUIP

O projeto fica localizado no Centro de Florianópolis na Rua Pedro Ivo, uma região bastante adensada da cidade. O espaço urbano criado fica localizado ao topo de um Shopping Center, criando uma cobertura vegetal utilizando jardins e praças atendendo às necessidades do entorno.

Figura 28: mapa figura fundo FONTE: Pela autora

Mapa esquemático de figura fundo da região central de Florianópolis (imagem ilustrativa feita pela autora do trabalho)

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PLANTAS E CORTES

O projeto chama a atenção por trabalhar com uma

SOBREPOSIÇÃO DE USOS. No subsolo localiza-se o estacionamento que possui uma rampa que dá acesso para veículos posicionada na lateral esquerda da edificação, onde também se localizam a área técnica e um reservatório.É notório que se prevê acesso para os portadores de necessidades especiais, visto que as vagas estão posicionadas estrategicamente próximas às circulações verticais. O projeto conforma-se por uma alvenaria estrutural e está colocado em uma grelha de modo a formar módulos de 7,5mx7,5m, visto que entre os pilares são colocadas 3 vagas de estacionamento cada uma com 2,5m de largura. Assim também são colocadas as lojas do pavimento superior.

Figura 29: planta FONTE: goo.gl/uFsFBN

LEGENDA: Circulação para veículos Estacionamento Circulação vertical Área técnica Reservatório

Figura 30: vista da praça FONTE: goo.gl/uFsFBN Página 28


A

distribuição de espaços se aproveita de linhas deixadas pelo lote e sua topografia. No primeiro pavimento encontra-se ao centro do projeto o centro popular de compras, este apresenta uma modulação, em vista que suas lojas possuem o mesmo formato e tamanho e estão alinhas as linhas de eixo. Já ao lado esquerdo da construção tem uma rampa de veículos que dá acesso ao estacionamento subterrâneo, uma entrada principal para pedestres e um restaurante-café. Na parte inferior do projeto localiza-se a parte administraiva do Shopping e salas com multiplos usos.

LEGENDA:

Figura 32: corte FONTE: goo.gl/uFsFBN (Modificado pela autora)

Espaço urbano (público) Shopping (privado com uso público) Estacionamento (privado)

LEGENDA:

Figura 31: planta FONTE: goo.gl/uFsFBN (Modificado pela autora)

Rampa acesso para veículos Lojas Restaurante/café Área molhada

Salas administrativas/salas multi uso Circulação vertical Circulação interna Acessos principais

RELEVÂNCIA PARA O PROJETO A volumetria do projeto chama a atenção por possuir um formato linear que nos dá a ideia de continuídade de caminhabilidade por esses espaços. Os autores do projeto buscaram criar um espaço urbano que serve de apoio ao centro de compras, mas também para as pessoas que ali transitam, propiciando um espaço agradável de convívio, para que as pessoas possam relaxar, ou realizar atividades físicas, de lazer. Destaca-se também o objetivo de se trabalhar com um resto urbano e com o solo, utilizando cota topografica para descer com o programa de atividades e manipular pavimentos abaixo do nível zero, com isso há uma maior flexibilidade para projetar sem que aja uma concentração de muitos pavimentos sufocando os edifícios que já estão colocados anteriormente. Página 29


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LEITURAS PROJETUAIS

2.3 NOVE POINTS “THE FORUM” - DLIM Architects

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O grupo DLIM busca uma arquitetura sustentável, sofisticação, tecnologia e soluções arquitetônicas criativas.

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CONCEITUAÇÃO/PARTIDO

Figura 33: vista do edifício FONTE: goo.gl/ZCZCw1

O grupo de arquitetos chamado de D.LIM tem como

fundamento a funcionalidade do projeto, e buscam uma arquitetura sustentável mas ao mesmo tempo procuram a sofisticação, tecnologia e soluções arquitetônicas criativas. Projetaram um edifício de uso misto localizado na ilha de Jeju-do na Coreia do Sul, que teve como principal objetivo criar uma arquitetura que valoriza o edifício e o terreno por completo, criando um edifício com mais da metade de sua volumetria escavada ao nível do solo, em um campo de golf bem ao centro da ilha, assim evitou-se as vistas bloqueadas pela vegetação do bosque existente em seu entorno. A volumetria merece destaque dado ao fato que a cobertura da edificação se adapta perfeitamente a um anfiteatro para a acomodação de até 300 pessoas, que podem se sentar na grama ou em acentos de pedra espalhados por toda cobertura. Essa é a característica que mais chama a atenção do projeto, porque além de ser estéticamente muito bonito , ele propõe um uso de uma atividade cultural em um lugar muitas das vezes não utilizado.

O sistema construtivo é de concreto e conforma-se por uma estrutura de laje independente e viga, visto que suas vigas possuem uma espessura robusta para garantir grandes vãos. O posicionamento das aberturas possibilita a incidência do sol em todos os horários durante o dia, posto que a abertura principal está colocada bem ao topo do edifício, permitindo que entre luz do sol nascente e do sol poente iluminando as salas de reunião e os espaços de trabalho que estão localizadas em seu subsolo. As aberturas são colocadas de forma linear e são conformadas por esquadrias de alumínio e vidro. Devido ao sol da tarde o arquiteto preocupou-se com a fachada oeste e propôs um sistema de brises de madeira para barrar a entrada excessiva de luz e calor, além de propor também um elemento decorativo na fachada contrastando com a fachada principal que é grande parte em laje jardim. Outro fator arquitetônico que merece um olhar atento é a iluminação utilizada. Além de grande parte ser iluminação natural, são dispostas arandelas, iluminações de piso , spots por todo o projeto. A volumetria chama a atenção por trabalhar com a ideia de continuidade da natureza, a cobertura propõe que o edifício “converse” com a área externa, que o projeto “infiltre” no bosque. Figura 34,35,36 e 37: vistas internas e externas do edifício FONTE: goo.gl/ZCZCw1 Página 32


IMPLANTAÇÃO

sol poente

sol nascente

Por se tratar de um projeto coreano, a autora do presente

trabalho não sabe ao certo a localização exata do edifício e suas respectivas ruas. Mas é possível o entendimento da leitura quanto a disposição da volumetria no lote dado ao fato da posição solar e ventos predominates. O traçado é bem flexível e procura se adequar ao formato das linhas das curvas de níveis presentes no terreno, por possuir vários declives, optou-se por escavar metade da edificação.

LEGENDA:

Figura 38: implantação do edifício FONTE: goo.gl/ZCZCw1

Anfiteatro Estacionamento P.N.E.

Vegetação

Circulação Vertical Estacionamento Eixos de circulação de veículos Ventos predominantes Página 33


PLANTAS E CORTES

1 2 3 Planta Térreo (sem escala)

Figura 39:planta FONTE: goo.gl/ZCZCw1 Figuras 40,41,42 e 43: vistas internas FONTE: goo.gl/ZCZCw1 (Modificado pela autora)

LEGENDA: Circulação Vertical Salas multiplo uso Espaço de convivência Área molhada Depósito/DML Hall de entrada Acesso de pedestres Acesso de veículos

É

possível acessar o edifício de 4 maneiras distintas. A primeira por uma rampa (1) localizada no corredor lateral esquerdo do edifício que nos dá acesso ao térreo. O segundo acesso se dá por uma escada central (2) que nos dá entrada aosubsolo onde se encontram espaços de convivencia, salas de reuniões e instalações desportivas para sediar jogos de tênis e basquete. E a terceira uma escada (3) localizada entre a escada central e o anfiteatro que nos leva ao pavimento superior da edificação. Página 34


Planta Pavimento Inferior 1 (sem escala) Figura 44: planta FONTE: goo.gl/ZCZCw1(Modificado pela autora)

O quarto acesso se dá por uma rampa na lateral direita

do edifício onde somente veículos podem transitar por ela, dando acesso a um estacionamento coberto. Ao saírem desse estacionamento as pessoas obrigatoriamente se dirigem para uma pequena escada que chega ao hall de entrada e se dirigem à um café/espaço de convivencia ou as salas que possuem alguma atividade cultural (mas que não foram identificadas pela autora).

LEGENDA: Circulação Vertical Salas multiplo uso Espaço de convivência Área molhada Estacionamento Hall de entrada Acesso de veículos

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Figura 46: anfiteatro FONTE: goo.gl/ZCZCw1

LEGENDA:

Circulação Vertical Salas/Atelie Foyer do salão Área molhada Hall de entrada Salão principal

Figura 45: planta FONTE: goo.gl/ZCZCw1(Modificado pela autora)

Planta Pavimento Inferior 2 (sem escala)

O

pavimento inferior 2 carateriza-se por possuir espaços bem distribuidos para o público. É neste pavimento que se localiza o salão principal, onde acontecem atividades diversas, como teatro, apresentações de dança, cinema etambém é usado cpara eventos festivos. Este caracteriza-se por possuir um pé direito duplo que remete a ideia de grandiosidade e torna o ambiente mais arejado e confortável. Em sua lateral esquerda, localiza-se um foyer, este serve como um local de apoio ao salão principal, onde as pessoas costumam ficar antes de começar as atrações, serve como um local de convívio.

No inferior da planta são dispostas salas multi funcionais, usadas para reuniões de trabalho, salas de aula para cursos específicos, atelies, entre outros. A circulação se dá por amplas escadas colocadas em três pontos do edifício e por elevadores.

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Figura 47: corte FONTE: goo.gl/ZCZCw1

No corte é possível identificar o sistema viga pilar.

Pela seção transversal dá para ver que é uma viga de concreto , uma seção maciça. É um sistema tradicional de laje sobreposta em viga que descarrega em pilares de concreto pela análise da seção transversal das vigas e eles tem uma altura elevada de um à dois metros, o que garante grandes vãos.

Além de ser um elemento que traz bastante iluminção interna para o projeto, esta abertura caracteriza-se por ser uma área de convívio e permeável, um espaço para o descanso, onde se pode relaxar entre uma atividade e outra que o edifício propõe.

Figura 48: corte FONTE: goo.gl/ZCZCw1

LEGENDA:

Espaço de convivência/mirante (carater público) Espaço de atividade multifuncionais (privado mas com caráter público) e estacionamento Salão principal e foyer

RELEVÂNCIA PARA O PROJETO Com o entendimento da leitura é possivel elencar alguns aspectos positivos para o projeto, sendo o primeiro deles o fato de podermos edificar não apenas do nível do solo para cima, é concebível que se tenha espaços amplos, uma boa iluminação, ventilação no subsolo. Outra característica relevante é o fato de em um mesmo edifício poder ter vários tipos de atividades distintas, é visto também que o arquiteto responsável pelo projeto procurou priorizar a natureza no espaço público, visto que muitas vezes esta é ignorada.

Figura 49: área de convívio FONTE: goo.gl/ZCZCw1 Página 37


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LEITURAS PROJETUAIS

2.4 ESTAR NA RUA - URBE

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O modo como as cidades são planejadas e o modo como ela foi e é ocupada é reflexo de uma sociedade que está inserida quanto as possibilidades que são dadas aos seus habitantes a partir das características de seu espaço urbano.

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CONCEITUAÇÃO/PARTIDO O presente projeto é conceitual e não foi desenvolvido como um projeto arquitetônico, ele está na escala do conceito/partido. Portanto possui peças gráficas abstratas, esquemas e volumetrias virtuais. Nesse sentido a leitura não será focada em um projeto propriamente dito, mas sim nas concepções inicias de projeto, pequenas intervenções realizadas na cidade de Florianópolis. Para o bom funcionamento das cidades temos que estudar a população e a sua vivência urbana. É observado que com o passar dos anos as pessoas tem deixado o meio rural e estão passando a viver nas cidades. Com isso as cidades estão ficando cada vez maiores e sem planejamento urbano e portanto afetando a qualidade de vida das pessoas que moram nela. O modo como as cidades são planejadas e o modo como ela foi e é ocupada é reflexo de uma sociedade que está inserida quanto as possibilidades que são dadas aos seus habitantes a partir das características de seu espaço urbano. A qualidade dos espaços da cidade afeta diretamente a qualidade de vida das pessoas.

1 - ESCADARIA DA UBRO O objetivo dessa intervenção era fazer com que a escadaria que era apenas um local de passagem se tornasse palco para atividades culturais na rua e não somente no teatro, fazendo com que os degraus fossem lugar de permanência que convidam as pessoas a se senterem ali e com isso trazer vitalidade para as ruas e fachadas e uma maior segurança já que o número de pessoas que irá transitar ali será maior.

2

DEPOIS Figura 51: intervenção 2 FONTE: goo.gl/SSCrFz

1

ANTES

ANTES 2 - VAZIO NA RUA ANITA GARIBALDI

Figura 50: intervenção 1 FONTE: goo.gl/SSCrFz

Por ser uma via bastante apertada pelo fato de existirem edificações que não respeitaram seu afastamento com a rua e com os prédios vizinhos, e por existir um lote vazio entre eles, optou-se por projetar um pequeno espaço de respiro e permanencia para os pedestres. O arquiteto responsávelpreferiu por deixar o térreo livre e propor algum uso em seu pavimento superior.

DEPOIS Página 40


4 - EDIFÍCIO METROPOLITAN

3

DEPOIS

Esta intervenção foi realiza na frente ao comércio do pavimento térreo de um dos grandes edifícios na cidade. A idéia colocada aqui era requalificar a calçada ao lado, que antes não possui uso algum, servia apenas como um local de passagem e não de permenência.A proposta foi elevar o nível da rua ao mesmo nível da calçada criando um calçadão e com isso dando prioridadeaos pedestres. Foi criado também uma espécie de parklet, que se caracterizam por mini praças feitas em vias públicas. São uma extenção da calçada que funcionam como espaço público de lazer e convivência para qualquer pessoa que passe por ali.

5

Figura 51: intervenção 3 FONTE: goo.gl/SSCrFz

ANTES 3 - RUA BULCÃO VIANA Como Florianópolis é uma cidade que possui um centro muito adensado e que possui equipamentos uns próximos aos outros, desvalorizou-se a relaçãodas pessoas com o espaço público, criando a sensação de insegurança nessas áreas. Com isso o objetivo da intervenção era trazer olhos para rua, por isso criou-se um mobiliário dinâmico que convida o pedestre a penetrar nesses lugares, como se fossem ANTES praças lineares.

DEPOIS Figura 53: intervenção 5 FONTE: goo.gl/SSCrFz

4 ANTES 5- FUNDOS DA IGREJA DO ROSÁRIO

Figura 52: intervenção 4

DEPOIS FONTE: goo.gl/SSCrFz

Observando que ao lado da igreja possui uma rua sem saída e que os bancos e mesas de xadrez que ali se encontram são utilizados pelas pessoas não para jogar xadrez, mas sim como um local para a espera, um lugar de descanso. Pensando nisso foi criado um pergolado com novos bancos e floreiras, tornando o lugar de espera mais confortável e agradável, além disso foi implado banheiros públicos ao lado do pergolado e um espelho d’água Página 41


7- PRAÇA DO ARSENAL - RECIFE Foi realizado uma intervenção com o propósito de trazer mobiliários diferenciados para um calçadão de uma praça com a idéia trazer para aquele local atividades culturais, um espaço de permanencia com mobiliários que tragam sombra e conforto para as pessoas poderem se ssentir a vontade enquanto peças de teatro, apresentações de música se apresentem ali.

6

DEPOIS

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Figura 54: intervenção 6 FONTE: goo.gl/SSCrFz

ANTES 6- ESTACIONAMENTO RUA OSMAR CUNHA Os estacionamentos são partes da cidade muito importantes , principalmente quando não se tem um transporte público adequado.As pessoas são obrigadas a utilizarem carros e com isso as vias ficam cada vez mais cheias de automóveis. Pensando nisso foi importantíssimo a implantação de um estacionamento nessa região visto que esta possui muitos comércios e serviços. Além de um estacionamento pensou-se em um espaço de lazer e convívio ao lado, de forma a privilegiar uma quantidade maior de pessoas que estão sempre transitando por ali. ANTES

7

DEPOIS

ANTES Figura 56: intervenção 8 FONTE: goo.gl/SSCrFz

7- ESQUINA ARTISTA BITTENCOURT A intervenção objetivou-se por conformar uma esquina que possuía um espaço vázio e sem uso no centro da cidade de Florianópolis e propôs um mobiliário ousado e dinâmico utilizando uma rede parecida com rede de pescador e utilizou uma iluminação com lâmpadas incandecentes , criando um espaço descontraído, totalmente voltado para as pessoas poderem deitar e relaxar, deitar na rede e contemplar o céu.

Figura 55: intervenção 7 FONTE: goo.gl/SSCrFz Página 42


9

ANTES

9- RIO DA BULHA

DEPOIS

Figura 57: intervenção 9 FONTE: goo.gl/SSCrFz

Uma nova forma de ver os rios da cidade foi dado por esta intervenção que teve como fundamento a criação de um riozinho que além de trazer um carater de natureza, de espaço vivo na cidade, ele também serve como lazer.

RELEVÂNCIA PARA O PROJETO De modo geral , as cidades estão cheias de espaços ociosos, espaços entre o público e o privado que não contemplam o meio em que estão inseridos. Através da leitura destas intervenções urbanas é possível identificar que há vários lotes e vázios urbanos pela cidade que não possuem usos e que causam a sensação de insegurança e medo na população que transitam por essas áreas. Sendo assim é fundamental que o planejamento das cidades retome o seu objetivo e que traga qualidade espacial. É possível identificar potencialidades nestes espaços que podemos agregar características positivas para a cidade, assim estes espaços poderiam chamar a atenção de todos e ser um local convidativo para que as pessoas possam penetrar-se nele. Página 43


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LEVANTAMENTOS DA ÁREA DE INTERVENÇÃO


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LEVANTAMENTO DA ÁREA DE INTERVENÇÂO 3.1 CARACTERIZAÇÃO HISTÓRICA DA ÁREA

Nos

Centro

Área de intervenção

Figura 58: Localização do quadrilátero central na cidade de Ribeirão Preto FONTE: Prefeitura e Secretaria de Planejamento (Modificado pela autora)

Legenda: área de intervenção área de estudo

Figura 59: Localização da área de influência, dos quarteirões e do lote. FONTE: Google Earth (Modificado pela autora)

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Figura 60: Zona Sul de Ribeirão Preto, parte da Av. Prof.João Fiúsa FONTE: Google

anos de 1990, a Zona Sul de Ribeirão Preto começou a ser especulada pelo mercado imobiliário que estava convencido que a região central da cidade estava muito adensada. Optou-se então pelos subsetores que hoje caracterizam a zona Sul. Foi quando decidiram migrar para esta região que tiveram a oportunidade de transformar uma chácara, cujas proprietárias eram as Irmãs Ursulinas, em um grande empreendimento na cidade. As irmãs tinham como objetivo reformar o Colégio Santa Ursula que antes se localizava na região central, mas devido a problemas com a falta de espaço optaram migrar para a Zona Sul. Além de desenvolverem o projeto do que seria o novo colégio das irmãs, foi projetado um bairro de uso misto e dois núcleos residenciais horizontais. Também foi projetada uma ampla avenida que hoje é conhecida com Av. Professor João Fiusa, uma das avenidas mais valorizadas da cidade, com amplas vias para os veículos e conta com um belo paisagismo e quadras com vinte e três prédios, além de possuir algumas áreas comerciais voltadas para a avenida. Com o sucesso do novo empreendimento do colégio e do urbanismo denominado Santa Ângela, algumas construtoras como a Habiearte, Copema, Pereira Alvim, Stéfani Nogueira, começaram a adquirir terrenos nessa região e apostaram que esta região se tornaria uma área valorizada na cidade. Graças a estes empreendimentos a Fiúsa tornou-se um dos principais eixos viários de Ribeirão Preto, conhecida em qualquer lugar por seus prédios e por ser o endereço mais cobiçado da cidade pela sua valorização imobiliária e por ter uma ótima localização que dá acesso ao comércio e serviços.


A escolha da área de intervenção se deu por ser

uma região nova e em desenvolvimento na Zona Sul da cidade de Ribeirão Preto, dado ao fato da divisão de loteamentos ser algo recente visto pela data de aprovação no ano 2000 e está sendo totalmente ocupada por condomínios e loteamentos residenciais fechados, apresentando grandes áreas entre muros que ainda não possuem uma vitalidade urbana. Essa realidade torna possível algumas propostas apresentadas para tornar uma área que apresente usos diversos e um melhor aspecto visual atraindo as pessoas para aquele local e satisfazendo as necessidades dos moradores daquele entorno. Portanto foram realizados alguns levantamentos urbanísticos que permitiram a identificação de alguns lotes/vazios urbanos e caracterizá-los como possíveis espaços potenciais para a cidade. Quanto às características morfológicas da área de intervenção identificou se uma ocupação homogênea estritamente residencial com pouquíssimos ou até mesmo inexistentes equipamentos de serviço, comércio e institucional.

DIVISA DE LOTEAMENTOS

2 0 1 0

Figura 63: Imagem da área de intervenção vista em 2010 FONTE: Google Earth

2 0 1 7

Figura 64: Imagem da área de intervenção vista em 2017 FONTE: Google Earth

É notório um traçado de uma malha linear aberta que possui uma articulação com a malha viária do entorno, como observado na imagem acima. Outra característica da área é que possui uma ocupação formal com o predomínio de residencias de alto padrão dado ao fato do tamanho dos lotes e seus valores no mercado imobiliário. Outro fato que justifica o predomínio de casas de alto padrão na área de estudo são as fachadas e o gabarito que em sua grande maioria possuem dois pavimentos.

DIVISA DE LOTEAMENTOS POR DATA DE APROVAÇÃO

Figura 61: Divisa de loteamentos na da área de intervenção FONTE: Prefeitura junto com a Secretaria de Planejamento

LEGENDA 1970 à 2019 Canadá (JD.) 18/09/1970 Buritis (Cond.) 11/08/1994 Villa de Buenos Aires (Cond.) 22/07/2004 Verona (Cond.) 17/08/2004 Milano (Cond.) 18/08/2004 Bela Vista (Lot.) 03/02/2011 Boungaville (Lot.) 03/02/2011

Interstício ao longo da Av. Prof. João Fiúsa Hospital UNIMED Gleba vazia

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LEVANTAMENTO DA ÁREA DE INTERVENÇÂO 3.2 DADOS OFICIAIS

Projeto de parcelamento uso e ocupação de solo LEGENDA: ÁREAS ESPECIAIS AER- Área especial estritamente residencial

Projeto de lei de parcelamento uso e ocupação de solo LEGENDA: MACROZONEAMENTO ZUP- Zona de urbanização preferencial ZUC- Zona de urbanização controlada

Projeto de lei de parcelamento uso e ocupação de solo LEGENDA: ZONEAMENTO INDUSTRIAL Locais cujo uso do solo consta em memorial descritivo registrado em cartório de registro de imóveis Área de uso misto-II (Índice 1,0) AUM-2 Figura 65,66 e 67: mapa das áreas especiais; mapa de macrozoneamento e mapa de zoneamento industrial respec�vamente FONTE: goo.gl/twI5mI Página 47


A análise dos mapas permite a caracterização da área com uso e ocupação do solo denominado como área especial estritamente residencial, ou seja, há um predomínio de casas e quase não são vistos edifícios institucionais, comerciais e de prestação de serviços. Essa área abrange os subsetores 4, 7 e 9. De acordo com a Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto junto com a Secretaria de Planejamento: “AER - Áreas Estritamente Residenciais, composta por áreas estritamente residenciais, como tal definidas nos loteamentos e condomínios registrados em cartório, pelas chácaras ou sítios de recreio e similares e pela área contida no subsetor S-4 e o loteamento Jardim Califórnia, flexibilizando-se as áreas a menos de 100m das rodovias, opcionalmente permitindo-se atividades não incômodas.” § 1º - Ao longo das demais áreas que compõem a Rodovia Antônio Duarte Nogueira (Anel Viário Contorno Sul) e da Via Expressa que liga Ribeirão à Bonfim Paulista (SP 328) o uso residencial só será permitido após uma faixa de 20 (vinte) metros depois da área destinada às marginais, devendo esta faixa ser arborizada, podendo ser incluídas no percentual de sistema de áreas verdes no caso de loteamentos, condomínios e desmembramentos. § 2º - A faixa de 20 (vinte) metros descrita no parágrafo 1º poderá ainda, ser destinada a uso exclusivamente comercial, prestação de serviço ou industrial, para atividades com índice de risco ambiental 0,5 conforme disposto nesta lei.

ZUP - Zona de Urbanização Preferencial: composta por áreas dotadas de infra-estrutura e condições geomorfológicas propícias para urbanização, onde são permitidas densidades demográficas médias e altas; incluindo as áreas internas ao Anel Viário, exceto aquelas localizadas nas áreas de afloramento do arenito Botucatu-Pirambóia, as quais fazem parte da Zona de Urbanização Restrita ZUC - Zona de Urbanização Controlada: composta por áreas dotadas de condições geomorfológicas adequadas, mas com infra-estrutura urbana insuficiente, incluindo as faixas externas ao Anel Viário Contorno Sul e Anel Viário Contorno Norte onde são permitidas densidades demográficas baixas e médias.

O mapa de zoneamento industrial informa que a região é de uso misto e que há locais cujo uso do solo consta em memorial descritivo registrado em cartório, portanto loteados.

Já o mapa de macrozoneamento permite identificar a área de estudo como zona de urbanização controlada e zona de urbanização preferencial . A primeira delineada com a Avenida Professor João Fiúsa, com o Anel Viário e com a Rodovia José Fregonezi, já a segunda conforma-se pelas Avenidas Presidente Vargas, Professor João Fiúsa e com o Anel Viário.

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LEVANTAMENTO DA ÁREA DE INTERVENÇÂO

3.3 CONDICIONANTES URBANÍSTICOS - USO DO SOLO

LEGENDA: Área Verde Comércio Residencial Prestação de serviços Institucional

O mapa mostra os tipos de uso do solo que são predominantes no quadrilátero na Zona Sul de Ribeirão

Preto, que é delimitado pelas vias Carlos Eduardo Consoni, Giuseppe Cilento, Thomaz Nogueira Gaia, Rodovia Prefeito Antônio Duarte Nogueira, Professor João Fiusa, José Fregonezi e Carlos Ratebe Cury. A caracterítica dessa área é marcada por um uso predominantemente residencial, com isso é notório que se estude a área de modo a criar conectividades com usos outros que não sejam residenciais, mas sim como comércio, serviços, institucioanais, sem que aja conflitos com o sistema de hierarquia viária. O estudo da área permite o entendimento da região estudada e seus principais pontos de fluxos que atraem as pessoas para esta região. O lote escolhido para a implantação do edifício localiza-se em um lote vazio ao lado da Santa Emília e irá se estender ao longo da Avenida Professor João Fiúsa, procurando qualificar todas as áreas ali identificadas como interstícios e conectando diversos usos nesta região. Página 49


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LEVANTAMENTO DA ÁREA DE INTERVENÇÂO 3.3 CONDICIONANTES URBANÍSTICOS - GABARITO

LEGENDA: De 1 á 2 pavimentos De 3 á 5 pavimentos Mais de 5 pavimentos

O mapa indica o gabarito lote a lote na área estudada. Pode-se concluir que a região tem uma pre-

dominância de edifícios entre 1 e 2 pavimentos. Observa-se que há um ou outro edifício mas que estes são de uso institucional e comercial. É notório que na região de estudo está sendo construído o primeiro edifício residencial com mais de dois pavimentos. O lote escolhido para a implantação do projeto localiza-se ao lado de um edifício residencial que está em fase de construção, é um terreno de esquina localizado na Rua Calos Ratebe Cury esquina com a Avenida Professor João Fiúsa. Por ser um lote de esquina e estar rodeado por apenas um edifício, o lote torna-se viável para a implantação do projeto já que haverá uma boa incidência de luz solar e ventos predominantes. Página 50


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LEVANTAMENTO DA ÁREA DE INTERVENÇÂO 3.3 CONDICIONANTES URBANÍSTICOS - FIGURA FUNDO

O mapa de figura-fundo nos mostra que ainda há muitas áreas vazias nessa região, algumas porque ainda não foram loteadas por ser uma zona de expansão recente, mas outras são identificadas como “sobras”, interstícios urbanos por não possuírem um tipo de uso adequado, com mobiliários, iluminação, paginação de piso, tipos de vegetação, portanto a população acaba utilizando esses locais para jogar o lixo e ao passarem por eles, há um sentimento que causa insegurança já que poucos tem o interesse de caminhar por ali pelo fato de não existir usos ali. Mesmo não sendo áreas utilizadas podemos notar pelas imagens que são espaços que tem potencialidades para se desenvolver intervenções urbanistiscas afim de qualificar essas regiões dando harmonia, qualidade visual e bem estar para as pessoas.

Figuras 68,69,70,71 e 72: Vazios urbanos encontrados na área de estudo ao longo da Av. Prof. João Fiúsa, Rua Carlos Rateb Cury e Via Maestro Tom Jobim. FONTE: Capturado pela autora. Página 51


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LEVANTAMENTO DA ÁREA DE INTERVENÇÂO

3.3 CONDICIONANTES URBANÍSTICOS - EQUIPAMENTOS| HIERARQUIA FÍSICA E FUNCIONAL

1

Av. Carlos Consoni

2

Av. Presidente Vargas

7

6

3

Av. Giuseppe Cilento

R. Thomaz Nogueira Gaia

2 Rod. Prefeito Antônio Duarte Nogueira

5 Rod. José Fregonesi

1

4

Figura 80:Casa Blanca

R. Carlos Ratebe Cury Av. Professor João Fiúsa

LEGENDA:

Vias de trânsito rápido Vias coletoras Vias arteriais Vias locais

3

Figura 81:Residencial Florença

4

Figura 82: Santa Emília

Figura 73:Equipamentos; hierarquia física e viária FONTE: Google Earth (Modificado pela autora)

O mapa acima e as imagens ao lado mostram que a área de intervenção ainda é carente em relação a usos comerciais, de serviços e institucionais, pois só foram escontrados 7 equipamentos. Entre eles, 3 comerciais (Santa Emília, Posto de combustível e Zona Sul Motors), 3 de prestação de serviços (Casa Blanca, Residencial Florença e Escritório de Advocacia) e 1 institucional (Unimed). Além disso, o mapa indica a hierarquia física e funcional das vias e as paradas de ônibus existentes na área de intervenção que não possuem nenhum mobiliário para o conforto e sombreamento para as pessoas que utilizam o transporte público, assim como também não há uma preocupação com o calçamento e vias de acesso para pedestres.

Unimed

5

Figuras 77, 75 e 76: Pontos de ônibus e passeios sem vitalidade. FONTE: Capturado pela autora

Figura 83:Posto de combustível

6

Figura 84:Escritório de advocacia

7 Figuras 77, 78 e 79: Passeios no entorno da área de estudo. FONTE: Capturado pela autora Figura 85: Zona Sul Motors

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LEVANTAMENTO DA ÁREA DE INTERVENÇÂO 3.3 CONDICIONANTES URBANÍSTICOS - VEGETAÇÃO

O mapa de extratos vegeta�vos ilustra algumas regiões onde há vegetações na área de intervenção, porém é visto que essas vegetações estão localizadas ao longo dos canteiros das avenidas, outros servem como isolamentos acús�cos devido ao barulho da rodovia e outros estão localizados ao redor e internamente aos condomínios fechados, o que não possibilita que pessoas externas a estes residenciais fechados tenham acesso a estas áreas verdes. Chega- se a conclusão de que não há praças e que os canteiros existentes não são suficientes para que se tenha um caminho sombreado, e áreas de lazer. Figuras 86,87,88,89 e 90: Áreas verdes da área de estudo. FONTE: Capturado pela autora. Página 53


ESTUDO PRELIMINAR


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ESTUDO PRELIMINAR

4.1 RESTRIÇÕES LEGAIS

1

Figura 91: vista do fundo do terreno onde será desenvolvido o edifício multiuso FONTE: Capturada pela autora

sol poente

sol nascente

4.1 RESTRIÇÕES LEGAIS Na Zona de Urbanização Preferencial (ZUP): TAXA DE OCUPAÇÃO: 80%.PARA AS QUADRAS E LOTES: a) área de 140 m² (cento e quarenta metros quadrados), com frente de 7 (sete) metros lineares; para os lotes de esquina a área mínima será de 180 m² (cento e oitenta metros quadrados) e frente mínima de 9 (nove) metros.COEFICIENTE DE APROVEITAMENTO : 5 vezes a área do terreno. RECUOS:Os recúos laterais

ZUP

serão iguais ou superiores a altura do edifício dado pela fórmula H/6, ou 20 metros para vias arteriais, e o mesmo se aplica para os recuos do fundo. O recuo frontal será igual ou superior a 5 metros.ÁREA PERMEÁVEL: 5% (cinco por cento) para lotes com área de até 400 (quatrocentos) metros quadrados; 10% (dez por cento) para lotes com área acima de 400 (quatrocentos) até 1000 (mil) metros quadrados e 15% (quinze por cento) para lotes com área maior que 1000 (mil) metros quadrados.

1

1

ZUC 2

Na Zona de Urbanização Controlada (ZUC): TAXA DE OCUPAÇÃO: 80%.PARA AS QUADRAS E LOTES: Para os lotes de esquina a área mínima será de 300 m² (trezentos metros quadrados) e frente mínima de 12 (doze) metros.COEFICIENTE DE APROVEITAMENTO : 5 vezes a área do terreno. RECUOS:Os recúos laterais serão iguais ou superiores

a altura do edifício dado pela fórmula H/6, ou 20 metros para vias arteriais, e o mesmo se aplica para os recuos do fundo. O recuo frontal será igual ou superior a 5 metros.ÁREA PERMEÁVEL: 10% para lotes com qualquer área. 2

ventos predominates

Figura 92: vista frontal do terreno onde será desenvolvido o edifício multiuso FONTE: Capturada pela autora Página 53


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ESTUDO PRELIMINAR 4.2 CONCEITO X PARTIDO

A partir dos estudos teóricos e dos levantamentos urbanísticos da área desenvolvidos pela autora do presente trabalho, foram identificados alguns espaços interstíciais na Zona Sul de Ribeirão Preto entre os bairros Canadá e Olhos D’Água, que apesar de serem loteamentos recentes, contam com vazios urbanos que não possuem vitalidade atualmente. Pensando no cotidiano das pessoas que moram nessas regiões e das pessoas que perpassam por entre muros todos os dias, a proposta de criar um edifício multiuso parte das premissas e experiências cotidianas de que as pessoas que moram nesses residenciais fechados, (que geralmente se localizam na periferia da cidade), sempre utilizam de seus veículos para percorrerem longas distâncias em busca de serviços/comércio que estão localizados próximos as áreas centrais da cidade. Portanto foi pensando em um edíficio afim de porpor atividades capazes de satisfazer as necessidades dessa população, além de propor também uma conectividade deste edíficio com outros espaços identificados como vazios urbanos afim de trazer uma qualidade visual, convívio, bem- estar , dando acesso a equipamentos de lazer, cultura, etc. A princípio serão definidos o dimensionamento dos espaços, as lojas âncoras, as tipologias e o dimensionamento dos boxes das lojas que vão seguir uma modulação para poder desenvolver o sistema estrutural pré dimensionado assim como o sistema de vedações. Por ser uma grande área de intervenção, o projeto terá uma escala urbana e paralelamente uma escala arquitetônica. Será apresentado um direcionamento para ambas as escalas e propor diretrizes urbanas de projeto como: paginação de piso, definição de mobiliário urbano, definição de áreas ajardinadas, áreas impermeáveis mobiliário com comunicação visual do local, entre outros. Na escala arquitetônica será projetado ums das partes do edifício multiuso, que será o equipamento de comércio e serviços, já os outros ficarão na escala da diretriz, porém eles terão uma forma arquitetônica e será apresentado seus volumes, mas não sua distribuição interna.

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ESTUDO PRELIMINAR 4.3 PLANO DE MASSAS

Figura 93: croqui de um plano de massas desenvolvido pela autora

O plano de massas apresenta algumas propostas conceituais para a região de estudo, definidas a partir da implantação e da disposição do programa de atividades que ali serão desenvolvidas.

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4

ESTUDO PRELIMINAR

4.4 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

DESENVOLVIMENTO DO URBANISMO A proposta inicial do partido de projeto surge através da ciclovia. Ela foi pensada através da disposição de linhas ortogonais fletidas ao longo do canteiro central da Avenida Professor João Fiúsa, caracterizado pela autora do projeto como um interstício. A partir dos ângulos diversos que essas linhas criam, foi proposto áreas de permanência com mobiliários dinâmicos, espaços de sombreamento. Será pensado também em uma paginação de piso que tenha uma comunicação visual com a edificação .

Figura 94: À esquerda um primeiro croqui de uma área de permanência desenvolvido pela autora do projeto e à direita um segundo croqui mais desenvolvido.

DESENVOLVIMENTO DA IMPLANTAÇÃO

MOBILIDADE vias existentes veículos (sistema viário criado) pedestre ciclista

Figura 95: croqui de implantação desenvolvido pela autora

Figura 96: diagrama de vias existentes com o sistema viário criado pela autora Página 55


O paisagismo a ser implantado pela autora , será definido apenas o tipo de vegetação a ser utilizado (gramíneas, arbustivas e arbóreas) mas não será definido a espécie de cada uma.

Figura 97: diagrama de vegetação proposta pela autora

Figura 98: diagrama da implantação final Página 56


DESENVOLVIMENTO DA VOLUMETRIA

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ESTUDO PRELIMINAR

4.5 PROGRAMA DE NECESSIDADES

Ao se desenvolver o programa de foram levados em consideração que as pessoas que vão usufruir deste espaços são pessoas que moram na vizinhança ou que caminham por essa área todos os dias, portanto será um projeto de porte mediano capaz de atender as necessidades daquela região. Para isso foi pensado para cada setor: EDIFÍCIO MULTIFUNCIONAL COMERCIAL

Figura 99: croquis de propostas iniciais volumétricas

A autora do presente trabalho pretende desenvolver um edíficio que traga atividades e usos que são carente nesta região, mas não será totalmente detalhado internamente, dado ao fato de que um ano de trabalho, no processo de TFG, fazer um projeto efetivo de cada um desses equipamentos não será possível, portanto algumas propostas definidas pela autora ficará na etapa de diretriz de projeto.

01 Mercado 13 Boxes (para aluguel de lojas de roupas, sapatos, cosméticos, entre outras) SERVIÇO 01 Restaurante 01 Academia 13 Boxes (para aluguel de clínicas médicas, clínicas odontológicas, salão de beleza, entre outros) CULTURAL 01 Teatro 01 Escola de dança 03 Quadras de tênis 01 Quadra Poliesportiva URBANISMO

Figura 100: primeira maquete física de estudo

01 Ciclovia 05 Áreas de permanência ao longo da Av. Prof. João Fiúsa 03 Praças 05 Espelhos d’água 04 Estacionamentos

Figura 101: segunda maquete física de estudo Página 57


ANTEPROJETO


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ANTEPROJETO

5.1 MEMORIAL JUSTIFICATIVO

1. CONCEITO Desenvolver um equipamento multiuso que dê suporte as pessoas que moram em residenciais fechados e pessoas que transitam nas áreas externas à eles, em um terreno na Zona Sul da cidade de Ribeirão Preto especificamente no bairro Olhos d’água na confluencia da Avenida Professor João Fiúsa e da Rua Carlos Rateb Cury, a afim de qualificar e trazer vivacidade para estes espaços que foram nomeados de espaços intersticiais (entre muros).

2. DIRETRIZES A proposta gerada foi desenvolvida através de um programa de necessidade que atendesse três setores: comercial, serviço e cultural. E que dialogasse com a primeira diretriz de projeto que foi a criação de linhas ortogonais que formavam ângulos maiores ou menores que noventa graus e que construia o passeio do pedestre e do ciclista e, além disso criava áreas de permanência ao longo da Avenida Professor João Fiúsa.

3. PARTIDO DE PROJETO A implantação do edifício surge através da proposta desenvolvida inicialmente através de linhas ortogonais que se cruzam conformando uma ilusão a idéia de dois mundos. O mundo infraestrutural e o mundo cultural, onde o mundo infraestrutural está relacinado ao conceito de mundo real (da política, economia) e o mundo cultural na percepção de mundo das ideias (da arte, cultura). O encontro destes dos universos que podemos denominar de lâmina lucrativa, que organiza a vida humana, o universo prático e o universo do pensamento, fundamentando o partido de projeto e conformando a sobreposição de lajes e uma forma abstrada do edifício.

A ideia da volumetria surge através das diretrizes urbanísticas pensadas na implantação da ciclovia e do passeio do pedestre ao longo da Avenida Professor João Fiúsa, conformada por linhas ortogonais que se cruzam formando ângulos diversos, e alguns deles criando áreas de permanência em seu ângulo de abertura. Em um dos ângulos formados pelas linhas, ele se abre para um grande lote onde se conforma o edifício. Para que dialogasse com estas linhas “dispersas” ao longo da Avenida, projetou-se um formato abstrato no edifício, de modo a criar uma sobreposição de lajes de lajes nervuradas (que permite vãos livres ao longo de todo o projeto), e uma rampa de acesso de leva o pedestre da ciclovia até a edificação. A rampa é outro elemento que marca o projeto devido ao talude que foi criado no terreno. As áreas externas projetadas ocorrem toda no nível da cota 634, enquanto que o edifício propriamente dito ocorre a um metro abaixo, na cota 633. A conformação da volumetria do edifício surge através das diretrizes urbanísticas, pensadas na implantação da ciclovia e do passeio do pedestre ao longo da Avenida Professor João Fiúsa, conformadas por linhas ortogonais que se cruzam formando ângulos diversos e no momento em que estas se abrem, criam-se áreas de permanência. Estas áreas de permanência configuram-se por pequenos espaços com um piso de madeira sustentável, onde o usuário encontra um pergolado que segue o desenho das linhas; um espaço bastante arborizado para que aja sombreamento; bancos e um bicicletário para que as pessoas possam devolver ou alugar bicicletas. Em um dos ângulos em que estas linhas se abrem, há um grande lote caracterizado também como um interstício onde se projetou o edifício. Para que dialogasse com estas linhas “dispersas” ao longo da Avenida, projetou-se um formato abstrato do edifício, de modo a criar uma sobreposição de lajes nervuradas (que permite vãos livres ao longo de todo o projeto), e uma rampa de acesso de leva o pedestre e o ciclistas até a edifício. A rampa é outro elemento que marca o projeto devido ao talude criado no terreno.

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O edifício mescla atividades como comércio, serviço e cultura. Para o setor comercial foi pensado em um pequeno mercado na escala de bairro, onde as pessoas encontram itens fundamentais para o dia-a-dia. Foi projetado também boxes de lojas que se configuram por paredes de gesso acartonado e portas pivotantes e de correr de madeira, com a possibilidade do inquilino poder alugar um ou mais boxes para a implantação da sua loja. Para o setor de serviço foi pensado em uma academia que atendesse aquela região, algo muito procurado na cidade de Ribeirão Preto e um restaurante bar, além de alguns boxes de lojas para aluguel de clínicas médicas, clínicas odontológicas, entres outras. E o setor cultural, que se configura por um teatro, uma escola de dança e quadras esportivas.

Na fachada oeste face sol, foi projetado brises de alumínio horizontais e automatizados, que se movem de acordo com a luz do sol e no restante das fachadas foram utilizadas aberturas de vidro com caixilharia de alumínio na cor preta, além das portas com venezianas de correr que possibilita o usuário move-las de acordo com sua necessidade, devido à luz do sol que nestas fachadas é menos intensa.

Os acessos para pedestre e para o ciclista ocorre pela Avenida Professor João Fiúsa e pela Rua Carlos Rateb Cury, e os acessos de veículos também se dá por essas duas vias, além da via marginal da rodovia onde será utilizada apenas para veículos de carga e descarga. A paginação de piso utilizada nas áreas externas foi feita seguindo as linhas ortogonais do partido de projeto, afim de os pedestres circulem pelo espaço e o apreciem. No passeio foi pensado em um mosaico português na cor bege, enquanto que nas áreas de piso externas foi utilizado um piso permeável. Com base nas leituras projetuais, foi pensado em um uso na cobertura que visa distribuir a melhor vista da cidade, neste pavimento foi pensado em caminhos para que as pessoas percorressem por toda a cobertura tendo uma vista de 360 graus do seu entorno, com algumas áreas de permanência e áreas com uma arborização capaz de dar sombreamento para aquele local.

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ANTEPROJETO

5.2 PLANTAS/CORTES/ELEVAÇÔES

Planta Pavimento Térreo escala 1:500 Página 60


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ANTEPROJETO

5.2 PLANTAS/CORTES/ELEVAÇÔES

Planta Mezanino Térreo escala 1:500 Página 61


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ANTEPROJETO

5.2 PLANTAS/CORTES/ELEVAÇÔES

Planta Pavimento Superior escala 1:500 Página 62


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ANTEPROJETO

5.2 PLANTAS/CORTES/ELEVAÇÔES

Planta Mezanino Superior escala 1:500 Página 63


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ANTEPROJETO

5.2 PLANTAS/CORTES/ELEVAÇÔES

Planta de Cobertura escala 1:500 Página 64


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ANTEPROJETO

5.2 PLANTAS/CORTES/ELEVAÇÔES

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ANTEPROJETO

5.3 MAQUETE ELETRร NICA

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ANTEPROJETO

5.3 MAQUETE ELETRร NICA

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ANTEPROJETO

5.3 MAQUETE ELETRร NICA

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 6.1 BIBLIOGRAFIA

BATTAUS, Daniela. Parâmetros de projeto (patterns) de Christopher Alexander traduzidos para o português. 2013, p.144–146 Disponível em: http://www.iau.usp.br/revista_risco/Risco17-pdf/05_pcritico01_risco17.pdf

REIS, Patrícia. Palmas entre muros, vazios urbanos e ausência de vitalidade. Fev 2010. Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/10.117/3379

BICCA, Paulo. Arquiteturas do vazio. Fev 2017. Disponível e m : h t t p : / / v i t r u v i u s . c o m . b r / rev i s t a s / re a d / a rq u i t e x tos/17.201/6432

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