Quadra Multifuncional - Valorização de vazios urbanos

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FIAM-FAAM CENTRO UNIVERSITÁRIO

Mariana de Oliveira Moreira

QUADRA MULTIFUNCIONAL valorização de vazios urbanos

SÃO PAULO 2016


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FIAM-FAAM CENTRO UNIVERSITÁRIO

Mariana de Oliveira Moreira

QUADRA MULTIFUNCIONAL valorização de vazios urbanos

Trabalho Final de Graduação apresentado à Banca Examinadora da FIAM-FAAM Centro Universitário, como exigência parcial para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo sob a Orientação do Professor Felipe de Lima Gonzaga.

SÃO PAULO 2016


MOREIRA, Mariana de Oliveira - Quadra Multifuncional - valorização de vazios urbanos / Mariana de Oliveira Moreira São Paulo, 2016. 96 páginas. Notas 1. TFG 2. Quadra Multifuncional

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Mariana de Oliveira Moreira

QUADRA MULTIFUNCIONAL valorização de vazios urbanos

Trabalho Final de Graduação ao curso de Arquitetura e Urbanismo sob a Orientação do Professor Felipe de Lima Gonzaga. Defendido e aprovado em ____de______________de 2016, pela banca examinadora constituída pelos professores:

Felipe de Lima Gonzaga FIAM-FAAM - Orientador

Laura Regina Amaral FIAM-FAAM - Professora

SÃO PAULO 2016

Carlos Américo Kogl Convidado


Aos professores Felipe Lima, Antonio Soukef e Fábio Gallo por todo acompanhamento durante este processo e por me permitirem desenvolver meu projeto da forma como idealizei. Á minha família, principalmente minha querida avó Bina pelo apoio incondicional. Minha grande amiga Soraya Tamate, obrigada por não me permitir desistir. Aos arquitetos Olegário de Sá, Alexandre Appel, Alexandre Alencar (in memoriam), Tatiana Miti, Nicole Smizek e Paula Yoshimura, minha eterna gratidão. Ao meu querido Mestre Daisaku Ikeda agradeço por me incentivar a ter grandes sonhos e me manter no caminho correto.

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INTRODUÇÃO | pág. 11 1. Conceituação do Tema | pág.15 1.1 Urbanização de São Paulo no final do século XIX

1

e início do século XX | pág.15 1.2 Formação de vazios urbanos | pág.16 1.3 Dimensão Humana | pág.17 1.4 Plano Diretor | pág.18 1.5 O Edifício Multifuncional | pág.19 1.6 Multifuncional - valorização do miolo de quadra | pág.20

pág.23 | Análise

2

Socioeconômica e Urbanística .2 pág.23 | Subprefeitura

pág.24 | A Luz

como área de estudo .2.2 pág.30 | Estudo

pág.30 | Uso

Sé .2.1

Urbano .2.3

e Ocupação do solo .2.3.1

pág.31 | Hierarquia pág.32 | Cheios

Viária .2.3.2

e Vazios .2.3.3

3 4

3. Referências Projetuais | pág.35 3.1 Brascan Century Plaza | pág.37 3.2 FL 4300 | pág.41

3.3 City Center DC | pág.45

pág.51 | Projeto Arquitetônico pág.51 | Área

.4

de Intervenção .4.1

pág.54 | Legislação

.4.2

pág.56 | Partido Arquitetônico

.4.3

pág.57 | Condicionantes

do projeto .4.4

pág.59 | Programa

.4.5

pág.62 | Sustentabilidade

.4.6

CONSIDERAÇÕES FINAIS | pág. 77 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS | pág. 79


10


INTRODUÇÃO O processo de expansão urbana é responsável pela configuração da atual cidade de São Paulo, muitas vezes de forma ordenada e satisfatória e por outro lado resultando em áreas degradadas e não aproveitadas até mesmo em regiões de grande importância para a cidade. Esse processo resulta na formação de inúmeros vazios urbanos, espaços ociosos, edifícios deteriorados e grandes quadras cercadas por altos muros, decorrentes do processo de loteamento e ocupação do solo. Descobrir formas de revitalizar essas regiões é o objetivo do trabalho a seguir, sobretudo através da recuperação e valorização desse vazios urbanos que podem se transformar em locais tão ricos para uso da população e até mesmo incorporados ao tecido urbano. Para que seja possível esse tipo de intervenção na cidade, serão estudados conceitos como permeabilidade, visibilidade espacial e a concepção do espaço através da dimensão humana, fatores esses necessários desde o início de um projeto. Para fundamentar a pesquisa, pretende-se estudar projetos com a mesma premissa, buscando programas similares, ambos de uso misto, mas sobretudo com a mesma iniciativa, a relação do espaço público e privado e o estudo de cheios e vazios, relacionados ao entorno consolidado. Outra forma de avaliação é a concepção de um projeto de intervenção urbana, uma quadra multifuncional na região da Luz, cidade de São Paulo. Embora seja uma região rica em bens culturais e históricos, equipamentos educacionais e grande infraestrutura de transporte, os estudos apresentados a seguir apontam suas deficiências e maneiras de tirar partido de um miolo de quadra subutilizado, combinando equipamento de lazer, oferta de serviço, comércio, área de convívio e moradia, de forma a criar novas conexões e transformar positivamente a dinâmica do bairro.


12


Ilustração do Pateo do Colégio - SP (fonte:https://terraurbanismo.wordpress.com/bi blioteca-de-croquis/) - Acesso em 10/10/2016

1

CAPÍTULO


(...) A cidade ĂŠ antes de mais nada um imĂŁ, antes mesmo de

se tornar local permanente de trabalho e moradia. Raquel Rolnik1

14


1. CONCEITUAÇÃO DO TEMA 1.1. século XX

Urbanização de São Paulo no final do século XIX e início do

Com a criação da São Paulo Railway em 1867, para interligar as áreas cafeeiras de São Paulo ao porto de Santos, iniciou de forma efetiva o desenvolvimento da cidade. Após 1880, a abolição da escravatura e a imigração contribuíram para um intenso aumento da população, que na época da inauguração da ferrovia era cerca de 26 mil habitantes e em 1890 atingiu 65 mil, chegando a quase dobrar nos três próximos anos, ultrapassando os 120 mil habitantes, dos quais 70 mil eram estrangeiros. Em 1900 a população chegou a quase 240 mil habitantes. Surgiu então a necessidade de abrigar a crescente população de trabalhadores das fábricas, galpões a armazéns que se instalaram ao longo da ferrovia, iniciando assim a 2 construção das vilas operárias e cortiços . A ideia da “capital do café”, privilegiando os fazendeiros e investidores estrangeiros, não acompanhava as necessidades da população cada vez maior de trabalhadores e o intenso crescimento territorial3. Em 1900 a Light monopolizava a distribuição de energia elétrica e transporte público, os bondes, controlando assim a oferta de infraestrutura e possibilitando a expansão da cidade para novas áreas4.

1- Rolnik, 1995, p. 13 2- Somekh, 2008, p.15 3- Campos, 1999, p. 80 4- Poiani, 2015

Figura 1 – São Paulo (fonte:https://historiadesaopaulo. wordpress.com/582-2/ - Acesso: 06/10/2016)


1.2

Formação de vazios urbanos

O centro de São Paulo, grande núcleo de heterogeneidade urbanística, econômica e social, conserva até hoje os efeitos do passado histórico, com a presença de indústrias têxteis e confecções, e a convivência de inúmeras nacionalidades associada à imigração estrangeira e presença de nordestinos, com perfil econômico baixo, apresentando cada vez mais a tendência ao esvaziamento da ocupação residencial. Local antes frequentado pela elite paulistana, sofreu grande degradação devido às medidas políticas, imobiliárias e sociais, acentuando cada vez mais o desinteresse pela região. Nas últimas décadas houve uma importante mudança de ocupação da região central, afetando a qualidade de vida, concentrando comércio ambulante, moradores de rua e escassa vida noturna, criando uma imagem negativa de espaço violento, sujo e inseguro, com a configuração de vazios urbanos, miolos de quadras subutilizados, 5 geralmente ocupados por estacionamentos . O miolo de quadra é produto do desenvolvimento da cidade sujeita a transformações constantes associadas à mudança no processo econômico e no modo de viver e habitar a cidade. Mesmo com todo aspecto histórico negativo, atualmente nota-se um interesse especial de arquitetos e urbanistas em melhorar a qualidade de vida das cidades. “A quadra aberta é por essência um elemento híbrido conciliador. Permite a diversidade, a pluralidade da arquitetura contemporânea. Ela recupera o valor da rua e da esquina da cidade tradicional, assim como entende as qualidades da autonomia dos edifícios modernos. A relação entre os distintos edifícios e a rua se dá por alinhamentos parciais, o que possibilita aberturas visuais e o acesso mais generoso do sol. Os espaços internos gerados pelas relações entre as distintas tipologias podem variar do restritamente privado ao generosamente público, sem desconsiderar as nuances entre o semipúblico e o semiprivado6.”

5- EMURB, 2004, p.XIX 6- Figueroa, 2005 7- Gehl, 2015, p.3-29

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1.3

Dimensão Humana

O aumento do número de automóveis nas cidades diminui cada vez mais as áreas para pedestre e os espaços públicos dão lugar às construções individuais, acentuando cada vez mais a falta de interesse pela vida urbana. No início do século XXI surgem novos desafios em busca da cidade ideal, com foco na dimensão humana no planejamento das cidades, objetivando quatro características indispensáveis: a cidade viva, que proporciona interação no espaço público, sendo esse convidativo para a população; A cidade segura, com maior fluxo de pessoas fazendo uso dos espaços, eliminando as cidades sem olhos; A cidade sustentável, com a chamada “mobilidade verde”, cidade com infraestrutura que contribui para que um maior número de pessoas opte por caminhar, andar de bicicleta ou utilizar transporte público; E a cidade saudável, onde o caminhar e pedalar faça parte do cotidiano da população, abandonando o sedentarismo do automóvel individual e adotando maior qualidade de vida e saúde alcançada com a prática de 7 atividades físicas . A vida na cidade é uma questão de convite. Uma cidade sem espaço para pedestres e ciclistas sempre será uma cidade vazia, em contrapartida, com a implantação de condições ideais para o ciclista e melhoria na qualidade dos espaços públicos, isso

Figura 2 – Escala Humana Foto da autora


funciona como um convite ao uso de bicicletas e pessoas nas ruas, tornando a cidade viva. Estudos explicam como cidades desenvolvidas como Veneza, Copenhague e Nova York conseguiram criar espaços urbanos convidativos que favoreçam a circulação das pessoas, transformando importantes avenidas com grande fluxo de automóveis em calçadões para pedestre e ciclistas, reconhecendo a grande importância destes para a sustentabilidade e saúde da cidade, favorecendo a vida urbana e o convívio social, com 8 foco na dimensão humana e criação de cidades para pessoas . 1.4

Plano Diretor

O novo Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo define instrumentos urbanísticos que combatam a terra ociosa que não cumpre a função social, incentiva à aproximação do emprego e moradia através da construção de edifícios mistos, com oferta de serviços e equipamentos. Estabelece também instrumentos urbanísticos como o uso de fachada ativa e de quadras abertas para fruição pública, assim como o desincentivo ao uso de automóveis, reduzindo o número de vagas por unidade habitacional, propondo assim uma cultura mais saudável para a população.

Figura 3 – Gestão Urbana ( f o n t e : h t t p : / / g e s t a o u r b a n a . p r e f e i t u r a . s p . g o v. b r / m a r c o regulatorio/plano-diretor/ - Acesso: 26/09/2016) - Tratamento da autora

18


1.5

O Edifício Multifuncional

Os edifícios multifuncionais são também chamados de edifícios híbridos, que trazem um conjunto de variedades de usos no mesmo edifício, proporcionando ao mesmo tempo o morar, trabalhar e lazer. O termo multifuncional é ainda conceitual entre os arquitetos e urbanistas, que se referem a eles como “uso misto”, “híbrido”, ou “uso múltiplo”. Os edifícios multifuncionais podem funcionar provocando a segregação urbana, ou podem integrar e requalificar os espaços urbanos. Alguns edifícios multifuncionais se fecham para a cidade e funcionam de maneira independente, como grandes centros empresariais nas regiões mais valorizadas da cidade, outros, no entanto, integram seus espaços internos ao espaço urbano, fazendo parte da vida da cidade, influenciando seu entorno imediato. Os edifícios multifuncionais surgem como uma alternativa no processo de reconstituição do tecido urbano. Para ele, são espaços que de forma natural, são capazes de integrar atividades diversas proporcionando convivência de diferentes 9 tipos de pessoas . “A implantação dos edifícios multifuncionais no Brasil acompanhou o processo de verticalização que ocorreu a partir da década de 1920, e teve o marco inicial as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Devido a vários fatores, entre eles o desenvolvimento tecnológico, a industrialização, a atuação dos agentes imobiliários e os interesses políticos.” “A combinação dos acessos e a presença de comércio atraem as pessoas a entrarem no edifício, isto é, há uma preocupação projetual em integrar o espaço público com o semipúblico do edifício de modo a trazer os transeuntes para o interior do edifício, por meio da permeabilidade espacial. O pavimento térreo consiste no espaço de integração dos espaços internos em rua pública, sendo o local onde acontece os fluxos, as barreiras e permeabilidades10. ”

8- Gehl, 2015, p.3-29 9 - Zeidler, 1985 10 - Dziura, 2009


1.6

Multifuncional – valorização do miolo de quadra

Localizado em um dos principais eixos de conexão entre as zonas Norte e Sul da cidade, a Av. Tiradentes, e de frente para o Parque da Luz e Pinacoteca do Estado, o terreno passa por constante valorização, devido à variedade de infraestrutura como equipamentos culturais e educacionais. O projeto se desenvolve em uma quadra permeável com praça para convívio da população e fruição pública através de um projeto paisagístico criando ao mesmo tempo ambientes públicos e privados sem a necessidade de grades ou muros. Como se trata de um miolo de quadra, a volumetria se compõe de forma a criar cheios e vazios urbanos, sem perder a característica de uma quadra e ao mesmo tempo criando espaços de convivência e possibilitando circulação pública. O térreo é livre e permeável, seu programa é composto por grandes praças criadas através dos edifícios residenciais e edifício de escritórios, assim como a Midiateca criada no principal acesso, Av. Tiradentes.

Figura 4 – Vista da Estação da Luz Foto da autora

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Ilustração da Estação da Luz (fonte:https://terraurbanismo.wordpress.com/bibliot eca-de-croquis/) - Acesso em 10/10/2016

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CAPÍTULO


(...) A Luz não é um lugar qualquer. A Luz são reticências, não um ponto final. A luz é uma porção de coisas ao mesmo tempo. Cada coisa é um capítulo. Cada capítulo são páginas. Cada página são sensações. E cada sensação é um modo íntimo e pessoal de traduzir o que todo mundo vê por fora.

Lorenço Diaféria11


2. ANÁLISE SOCIOECONÔMICA E URBANÍSTICA 3. REFERÊNCIAS PROJETUAIS 2.1

Subprefeitura Sé

Responsável pela administração pública dos distritos Bom Retiro, Santa Cecília, Consolação, Bela Vista, República, Liberdade, Cambuci e Sé, a Subprefeitura Sé se localiza na região central da cidade de São Paulo, totalizando 26,2 km² de extensão 12 povoados por aproximadamente 374.000 habitantes .

Bom Retiro

Consolação

República

Santa Cecília

Bela Vista

Cambuci Liberdade

Figura 5 – Suprefeitura Sé e seus distritos (fonte:http://transparencia.prefeitura.sp.gov.br/ subprefeituras/paginas/se.aspx - Acesso: 10/09/2016) - Tratamento da autora 11 - Cronista e Jornalista brasileiro 12 - Prefeitura de São Paulo


Figura 6 – Densidade demográfica – Distritos da Subprefeitura Sé (fonte: INFOCIDADE)

2.2

A Luz como área de estudo

A região que conhecemos como Luz, era chamada de Campos do Guaré, local plano entre os rios Tamanduateí e Tietê, frequentemente alagado pela cheia dos rios em época de chuva. Local de passagem de tropas de comerciantes, ligando o centro da cidade ao rio Tietê. A região era ocupada por fazendas de gado e sua proximidade com o centro logo trouxe grande valorização ao local. No início do século XVI a única construção era uma ermida, erguida por Domingos Luis em devoção à Nossa Senhora da Luz, que se tornou ponto de peregrinação dos devotos assim como local de referência para os viajantes. Dessa forma, a região começou a ser chamada de Luz, e assim o nome se consolidou entre a população. Em 1774 foi inaugurado o Convento da Luz, considerado hoje o principal edifício do bairro, e o grande marco do período colonial da cidade. Em 1988 a Unesco o nomeou 13 como Patrimônio Cultural da Humanidade .

24


No século XIX diversas instituições se instalaram na atual Avenida Tiradentes, como a Casa de Correção, o Seminário Episcopal, o Quartel da Luz e a Escola Politécnica. A primeira área de lazer de São Paulo foi inaugurada em 1825, o Jardim Público, atual Parque da Luz, que teve sua construção bastante prolongada, sendo criado inicialmente como Jardim Botânico, em 1790.

Casa de Correção (1860) Convento (1778) Jardim Botânico (1790) Quartel da Luz (1895) Seminário Episcopal (1855) Figura 7 – Região da Luz e seus principais logradouros (fonte: Um Século de Luz)

O desenvolvimento urbano do bairro da Luz se intensificou com a inauguração da ferrovia da São Paulo Railway, em 1867. A região era provida de grande diversidade de comércio e serviços para atender os viajantes, e então, o bairro se tornou o de maior infraestrutura da cidade, com iluminação, rede de água e esgoto e bondes ligando a 14 estação Sé à Estrada de Ferro . A Estação da Luz foi inaugurada em 1901. Hoje tombada como Patrimônio Histórico, sua construção foi um grande marco na história do desenvolvimento urbano da cidade de São Paulo. A Estação ainda não estava totalmente pronta quando foi aberta ao público, faltava a cobertura das plataformas e pintura do prédio entre outras coisas, mas pouco tempo depois de inaugurada ganhou um segundo andar, que mesmo assim não era suficiente para a grande e crescente demanda de passageiros e cargas. A concessão à São Paulo Railway foi renovada e uma das cláusulas determinava a construção de uma nova estação para São Paulo, que suportasse o fluxo de passageiros da cidade, dessa forma, 13 - Elias at al., 2001, pp. 22-139 14 - Soukef, 2000, pp. 47, 48


iniciaram as obras de ampliação das estações. Na Estação da Luz, além do edifício construído com material importado da Grâ-Bretanha e Inglaterra, também houve alteração no traçado viário do bairro, com o rebaixamento do leito da ferrovia e introdução de duas pontes metálicas da Inglaterra servindo como viaduto para ultrapassar a linha férrea pelos veículos, acabando assim com os problemas de transposição da ferrovia em nível. Desde sua construção, a Estação da Luz é considerada grande marco arquitetônico e domina a paisagem da região, influenciando os demais edifícios do entorno, compondo assim um harmonioso conjunto urbano da cidade de São Paulo,

Figura 8 – Estação da Luz em 1925. (fonte: http://www.caubr.gov. br/a-arquitetura-daestacao-da-luz-artigode-beatriz-mugayarkuhl/ - Acesso em 10/09/2016)

Figura 9 – Interior da Estação da Luz, década de 40. (fonte: https://historiadesao paulo.wordpress.co m/luz-e-seusbastidores/ - Acesso em 10/09/2016

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representando o ápice do período cafeeiro, claramente observada a mudança de padrão causada pela influência da riqueza, de uma isolada vila de tropeiros à uma importante metrópole15. Hoje em dia, sobrevivendo ao crescimento desordenado da cidade, a Estação da Luz faz parte do grande acervo cultural e histórico do bairro e da cidade, assim como o Parque da Luz, a Pinacoteca do Estado, a Estação Júlio Prestes, que abriga a sala São Paulo, o Museu da Arte Sacra, e uma ampla rede de equipamentos educacionais, além disso, o bairro da Luz funciona como um grande eixo de acesso à zona norte da capital.

Figura 10 – Estação da Luz em cartão postal. ( f o n t e : http://www.estacaodaluz. org.br/fotos-daesta%C3%A7%C3%A3o -da-luz) - Acesso em 09/09/2016

15 - Soukef, 2000, pp. 51-70

Figura 11 – Interior da Estação da Luz em 2016. (fonte: foto da autora)


Nota-se o traçado viário em direção ao Tietê, a presença do Mosteiro da Luz, da Casa de Correção e do Jardim Público16

16 - Elias at al., 2001, pp. 142-144

Ocupação urbana e abertura de arruamento se intensificam. A ferrovia aparece pela primeira vez16

Já é possível notar pequenas mudanças, como a Faculdade de Direito. A configuração urbana começa a se consolidar com eixo que dará início à Av. Tiradentes16

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LINHA DO TEMPO

Explosiva expansão urbana da cidade, alcançando cerca de 240 mil habitantes na virada do século16

Cidade de São Paulo em grande expansão econômica. A Luz já está consolidada, se inicia a povoação do Bom Retiro e o primeiro loteamento de alto padrão: Campos Elíseos16

Figuras 12 a 16 – Mapas da Cidade de São Paulo (fonte: http://www.arquiamigos.org.br /info/info20/index.html Acesso em 05/09/2016) Tratamento da autora


2.3

Estudo Urbano

2.3.1

Uso e Ocupação do Solo

A região estudada é predominantemente comercial, com atividade voltada para comércio de noivas e uniformes. As poucas habitações existentes são inadequadas para uma região tão rica em infraestrutura e os serviços oferecidos são voltados para visitantes do bairro e estudantes vindos de outras regiões da cidade.

LEGENDA USO DO SOLO Residencial Comércio/Serviço Uso Misto Institucional Educacional Morfologia Urbana Local do Projeto

30


2.3.2

Hierarquia Viária

Nessa delimitação a principal via é a Avenida Tiradentes, eixo de ligação NorteSul da cidade de São Paulo. Completando o sistema estrutural viário, as vias mais importantes e de maior tráfego são: Rua João Teodoro, Rua São Caetano, Rua Mauá e Rua Brigadeiro Tobias. A região é atendida por ampla rede de ônibus, além dasa estações de metrô Luz e Tiradentes e da CPTM.

LEGENDA HIERARQUIA VIÁRIA Via Principal Via Coletora Ferrovia Local do Projeto


2.3.3

Cheios e Vazios

Nota-se claramente que o terreno é um grande vazio urbano, subutilizado, em uma região em grande expansão. Também é possível localizar os bens históricos da região através desse estudo, caracterizados pelos maiores terrenos do bairro, com grandes espaços vazios, não construídos, que fazem parte dos limites dos seus lotes. É interessante observar que a cidade se desenvolveu em volta deles, que mesmo com o passar do tempo se mantiveram íntegros até os dias de hoje.

LEGENDA HIERARQUIA VIÁRIA Cheios Vazios Local do Projeto

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Conceito Quadra Aberta (fonte: http://aflalogasperini.com.br/blog/project/fl-4300/ Acesso: 26/09/2016)

3

CAPĂ?TULO


‘‘Quadra aberta permite reinventar a rua: legível e ao mesmo tempo realçada por aberturas visuais e pela luz do sol. Os objetos continuam sempre autônomos, mas ligados entre eles por regras que impõem vazios e alinhamentos parciais. Formas individuais e formas coletivas coexistem (...)’’ Christian de Portzamparc 17


3. REFERÊNCIAS PROJETUAIS

Serão destacados nesse capítulo três estudos de caso utilizados como referência de projeto. Como a proposta a ser apresentada no próximo capítulo é composta por 4 edifícios com usos distintos interligados por meio da configuração urbana de uma quadra aberta, as referências projetuais a seguir são obras de caráter urbanístico que trabalham a questão do vazio urbano em sua concepção, ressaltando a importância no tratamento desses espaços para a vida da cidade, permitindo a permeabilidade do solo através da intersecção dos edifícios privados com o espaço público. São eles:

Brascan Century Plaza

Figura 17 – Brascan Century Plaza (fonte:http://www.vitruvius.com.br/revistas/ read/projetos/04.044/2397 - Acesso: 26/09/2016)

17 - Portzamparc, 1997, p. 47

FL 4300

Figura 18 – FL 4300 (fonte:http://aflalogasperini.com.br/blog/pro ject/fl-4300/ - Acesso: 26/09/2016)

City Center DC

Figura 19 – City Center DC (fonte:http://www.fosterandpartners.com/pr ojects/city-center-dc/ - Acesso: 26/09/2016)


Figura 20 – Torre principal (fonte:https://arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura /konigsberger-vannucchi-arquitetos-associadoscomplexo-multiuso-21-11-2003 - Acesso: 26/09/2016)

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FICHA TÉCNICA 3.1

Brascan Century Plaza

Localizado no bairro do Itam Bibi, na zona sul da cidade de São Paulo, entre as ruas Joaquim Floriano, Bandeira Paulista, Tamandaré Toledo e Dr. Renato Paes de Barros, o lote que abrigava a antiga fábrica de chocolate Kopenhagem, logo passou a ser alvo da cobiça dos incorporadores. Uma empresa canadense, a incorporadora Brascan, adquiriu o terreno e buscou parceria com o escritório Königsberger

Local: Rua Joaquim Floriano com Rua Bandeira Paulista - Itam Bibi São Paulo Data do projeto: 1998 Entrega da obra: 2003 Área do terreno: 12.600m² Área construída: 93.805m² Arquitetura: Jorge Königsberger e Gianfranco Vannucchi Paisagismo: Benedito Abbud Paisagismo

Figura 21 – Escala Humana (fonte:https://arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura/konigsberger-vannucchi-arquitetos-associados-complexo-multiuso-21-11-2003 - Acesso: 26/09/2016)

Brascan Century Plaza

Vannucchi Arquitetos Assossiados para a definição do futuro empreendimento, surgindo assim o conceito de uma quadra aberta de uso múltiplo agregando as seguintes funções: hospedagem, escritórios, complexo cultural e de lazer e oferta de serviços. Estudando as necessidades do bairro, os arquitetos notaram grande carência de espaços públicos e ausência de centralidade marcante, adotando assim o conceito de


estender o empreendimento privados ao espaço público de uso coletivo. Nota-se no projeto a preocupação com a escala humana e com a cidade, ampliando o espaço coletivo, quebrando assim barreiras no limite entre público e privado, como um convite à apropriação e à convivência. Os arquitetos optaram pela verticalização do empreendimento para que fosse possível projetar uma praça com significativo paisagismo e esculturas de madeira, assim como um curso de espelho d’água que conduz o percurso até o interior dos edifícios 18. O empreendimento é composto por três edifícios: torre com planta em L com 31 pavimentos, 356 unidade hoteleiras e heliponto, torre também com planta em L com 24 pavimentos e 256 conjuntos de escritórios e uma torre retangular com 15 pavimentos de 710m² de área de laje para grandes empresas. Além disso, o complexo possui centro comercial, centro de convenções, praça de alimentação, cinema, academia de ginástica e estacionamento 19.

Figura 22 – Vista da praça (fonte:https://arcoweb.c om.br/projetodesign/arq uitetura/konigsbergervannucchi-arquitetosassociados-complexomultiuso-21-11-2003 Acesso: 26/09/2016)

Figura 23 – Vista aérea (fonte:http://www.bcpo penmall.com.br/century -corporate/ - Acesso: 26/09/2016)

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1 3

2

LEGENDA Edifício de Flats Complexo Cultural Conjuntos Comerciais Edifício de Escritórios

4

1 2 3 4

3

1

Figura 25 – Planta tipo do edifício de flats (fonte:http://www.vitruvius.com.br/rev istas/read/projetos/04.044/2397 Acesso: 26/09/2016) Figura 26 – Planta tipo do edifício de conjuntos comerciais (fonte:http://www.vitruvius.com.br/rev istas/read/projetos/04.044/2397 Acesso: 26/09/2016)

4

Figura 27 – Planta tipo do edifício de escritórios (fonte:http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/ projetos/04.044/2397 - Acesso: 26/09/2016) 18 - Melendez, 2003, pp. 13-23 19 - Corbioli, 2003

Brascan Century Plaza

Figura 24 – Implantação (fonte:http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/04.044/2397 - Acesso: 26/09/2016)


Figura 28 – Residencial a esquerda e Escritórios a direita. (fonte:http://www.archdaily.com.br/br/770329/fl-4300aflalo-and-gasperini-arquitetos - Acesso: 26/09/2016)

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3.2

FL 4300 FICHA TÉCNICA

O FL 4300 é um multifuncional em uma das regiões mais valorizadas de São Paulo, a Faria Lima. É composto por três torres implantadas em uma quadra aberta com 20 acesso por três vias . O projeto arquitetônico é de autoria do escritório aflalo&gasperini e propõe volumes geométricos formando um ‘‘U’’, o que garante um grande vazio no térreo, no centro do terreno, configurando uma

Local: Rua Elvira Ferraz - São Paulo Data do projeto: 2009 Área do terreno: 13.000m² Área construída: 70.683m² Arquitetura: Aflalo & Gasperini Arquitetos Paisagismo: Gil Fialho Paisagismo

20 - Aflalo/Gasperini

Figura 29 – Vista geral do complexo. (fonte:http://www.archdaily.com.br/br/770329/fl-4300-aflaloand-gasperini-arquitetos - Acesso: 26/09/2016)

FL 4300

quadra aberta à circulação de pedestres e uso semi-público. O edifício corporativo possui lajes de 860 m² a 1.075 m². O edifício comercial, com o gabarito mais baixo, localizado no centro do terreno, apresenta conjuntos de 58 m² a 95 m². Já o Edifício residencial, implantado paralelamente ao corporativo, é composto


por apartamentos de 1 dormitório de 35 m² a 64 m². Unindo os três volumes se apresenta uma praça com aproximadamente 1.280 m² com alguns restaurantes abertos ao público. Um espaço de convivência e fruição 21 pública relacionando moradia, trabalho e bem-estar . A altura dos edifícios é diferente, o edifício corporativo possui 15 pavimentos com pé direito de 4,14m e o residencial 17 pavimentos com pé direito de 3,42m. O edifício comercial é o mais baixo de todos, com 12 pavimentos de 3,42m de pé direito. É interligado ao residencial pelo 11º andar através de uma passarela, onde se encontra toda área de lazer, já que o térreo do residencial deu lugar ao restaurante e área de uso público. As fachadas dos edifícios possuem materiais distintos, mas com elementos que se conectam visualmente, proporcionando unidade ao conjunto. A torre corporativa possui em sua fachada vidros laminados com controle solar na cor azul, granito e brises horizontais de alumínio. O edifício comercial possui o mesmo vidro em sua fachada e os terraços foram criados de forma a proporcionar uma área externa para os ocupantes ao mesmo tempo em que funcionam como elemento de sombreamento. A fachada da torre residencial se diferencia das demais por utilizar vidro temperado incolor composto 22 por 3 folhas de correr . Figura 30 a 32 – Vistas do pedestre (fonte:http://www.archd aily.com.br/br/770329/fl -4300-aflalo-andgasperini-arquitetos Acesso: 26/09/2016)

42


2

1 3

Figura 33 – Implantação (fonte:http://www.archdaily.com.br/br/770329/fl-4300-aflalo-and-gasperini-arquitetos - Acesso: 26/09/2016)

Figura 34 – Perspectiva Isométrica (fonte:http://www.archdaily.com.b r/br/770329/fl-4300-aflalo-andgasperini-arquitetos - Acesso: 26/09/2016)

LEGENDA Edifício Residencial 1 Edifício de Escritórios 2 Edifício Corporativo 3

21 - ArchDaily 22 - Finestra, ed. 91

FL 4300

Figura 35 – Corte (fonte:http://www.arch daily.com.br/br/77032 9/fl-4300-aflalo-andgasperini-arquitetos Acesso: 26/09/2016)


Figura 36 – Vista AÊrea (fonte:http://citycenterdc.com/overview - Acesso: 26/09/2016)

44


3.3

City Center DC

O terreno do City Center DC pertencia ao antigo Centro de Convenções de Washington, em uma região muito valorizada da cidade, com vista para a Casa Branca. Anteriormente composto por um único

FICHA TÉCNICA Local: Washington DC Data do projeto: 2006 Área do terreno: 48.500m² Área construída: 84.631m² Arquitetura: Foster + Partners

23 - Foster+Partners

Figura 37 – Escala Humana (fonte:http://www.fosterandpartners.com/projects /city-center-dc/ - Acesso: 10/09/2016)

City Center DC

edifício, o conceito do escritório de Norman Foster é formar vários blocos interligados por ruas internas de circulação exclusiva de pedestres, criado novas conexões com o histórico bairro onde está inserido. Houve uma grande preocupação em fazer referência à história do bairro, até mesmo em relação ao paisagismo, replantando árvores de espécies locais que se integram ao contexto e levando em consideração a escala humana, em contraste com o entorno composto por imponentes edifícios com 23 grande altura . O projeto é composto por 4 edifícios de uso misto, com escritórios, apartamentos, restaurantes, lojas e espaço público. O gabarito predominante é de 10 pavimentos, e os edifícios se encontram no térreo em uma grande praça formada por alamedas de


pedestres, onde se localizam as lojas, com fachadas envidraçadas formando grandes vitrines. Ampliando ainda mais o espaço público do conjunto, paralelamente à alameda se encontra uma ampla praça com espelhos d’água e fontes. Projetado para alcançar a certificação LEED ouro, os edifícios são orientados de acordo com o sol para maior proveito da iluminação natural e possuem telhado verde com captação de águas pluviais para reutilização, além de vidros com tratamento especial para proteção solar e brises. São 2 torres residenciais interligadas através de passarelas envidraçadas, com 216 apartamentos, de 1 a 3 dormitórios, com amplas varandas voltadas para a praça e caixilhos do piso ao teto, possibilitando maior iluminação. As 2 torres de escritórios possuem 24.950m² de laje, vista para os 4 lados e terraços com jardim, também interligadas por passarelas. O térreo é composto por 30.000m² de área pública e semi24 pública, unindo moradia, trabalho e lazer em um único empreendimento . Figura 38 e 39 – Vistas da Praça (fonte:http://citycenterdc.com/ Acesso: 10/09/2016)

Figura 40 – Lazer Residencial (fonte:http://citycenterdc.com/ - Acesso: 10/09/2016)

46


LEGENDA Edifício de Escritórios Edifícios Residenciais Praça Central Lojas/Restaurantes Estacionamento

2

1

1

1 2 3 4 5

2

Figura 41 – Implantação (fonte:http://www.fosterandpartners.com/projects/city-center-dc/ - Acesso: 10/09/2016)

2

2

3

2

2

1

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3

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2

4

4

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Figura 43 – Corte (fonte:http://www.fosterandpartners.com/projects/city-center-dc/ - Acesso: 10/09/2016)

24 - City Center DC

City Center DC

Figura 42 – Implantação - Praça Central (fonte:http://www.fosterandpartners.com/projects/city-center-dc/ - Acesso: 10/09/2016)


48


Croqui da volumetria - Desenho da autora

4

CAPĂ?TULO


(...) A paisagem da cidade é um bem ambiental e constitui elemento essencial ao bem-estar e à sensação de conforto individual e social, 25 fundamental para a qualidade de vida.


4. PROJETO ARQUITETÔNICO

4.1

Área de Intervenção

Como apresentado no capítulo 2, o local da intervenção urbana proposta é a região da Luz - São Paulo. O terreno escolhido trata-se de um miolo de quadra com 11.538m² localizado entre a Av. Tiradentes, Rua João Teodoro, Rua Dutra Rodrigues e Rua São Caetano. Em uma breve leitura dos mapas históricos da cidade de São Paulo, é possível identificar a quadra estudada e as mudanças sofridas em seu entorno desde o início do processo de urbanização. É possível notar o surgimento das primeiras edificações da quadra em 1841, na testada da Av. Tiradentes, mas ainda sem definição das ruas ao redor, já em 1868 as edificações continuam as mesmas, mas começa a aparecer o traçado urbano que delimita a quadra. Em 1881 já aparecem mais edificações na Av. Tiradentes, mas o terreno se mantém vazio até mesmo no início do séc XX.

1841

1810

1881

25 - Art. 85 - PDE

1868

1897

Figura 44 – Mapas Históricos da Cidade de São Paulo (fonte:http://www.arquiamigos.org.br/info/info20/ind ex.html) - Tratamento da autora


A região possui ampla infraestrutura com equipamentos culturais, educacionais e transporte público, identificados através de levantamentos e estudos do entorno, porém, um fator determinante para o projeto que se destacou nos levantamentos foi a carência de habitação de qualidade e oferta de serviços, assim como de um apoio à toda essa infraestrutura já existente. Os estudantes das diversas escolas técnicas da região, que constituem grande parcela do fluxo de pedestres, não tem à disposição um equipamento urbano comum a todos os níveis de estudo, com material de pesquisa e tecnologia, assim como os turistas que visitam os diversos bens culturais históricos concentrados no entorno, público esse mais intenso durante os finais de semana, não encontram com facilidade locais adequados para refeições. Além disso, a ampla rede de equipamentos culturais e educacionais formada pela Pinacoteca do Estado, Parque da Luz, Estação da Luz, Museu da Língua Portuguesa, Sala São Paulo, Museu de Arte

ESTAÇÃO JÚLIO PRESTES

RUA JOSÉ PAULINO

PARQUE DA LUZ

ESTAÇÃO DA LUZ

PINACOTECA

CENTRO RUA SÃO CAETANO

Entre as Estações Luz e Tiradentes do Metrô

52

Grande concentração de patrimônios históricos e culturais da cidade


Sacra, Liceu de Artes e Ofícios, Senac Tiradentes, ETEC, Arquivo Histórico e escolas de ensino infantil, fundamental e médio entre outros, geram fluxo e movimento de pessoas mais intenso no período da manhã e a tarde, deixando a região erma no período noturno, colocando em risco a segurança do bairro em geral. O gabarito da quadra é relativamente baixo, máximo 5 pavimentos, com edifícios bastante desgastados pela ação do tempo, passíveis de futura aquisição pelo mercado imobiliário, em crescente especulação na região. Se trata de uma quadra com uso comercial predominante, específico para o mercado de noivas e uniformes. Em meio a esse cenário o lote em questão se apresenta subutilizado, onde hoje funciona um estacionamento, enquanto o mercado imobiliário aguarda condições propícias para intervir.

CENTRO EDUCACIONAL PAULA SOUZA METRÔ TIRADENTES

ESCOLA ESTADUAL

ZONA NORTE

BATALHÃO DA POLÍCIA

MUSEU DE ARTE SACRA

Figura 45 – Mapa 3D do entorno (fonte: Google Maps) Tratamento da autora

Importantes instituições educacionais

Tradicionais centros de compra e comércio de noivas


4.2

Legislação

De acordo com a legislação vigente a partir de 2016, a quadra pertence a área determinada como Zona Centralidade, localizada fora do eixo de transformação urbana, com uso destinado a atividades típicas de áreas centrais, com densidade construtiva média e promoção da qualificação paisagística e dos espaços 26 urbanos. De acordo com o novo Plano Diretor Estratégico, existem alguns incentivos urbanísticos que estimulam a melhoria do espaço urbano visando aproximar emprego e moradia e contribuir com a dinâmica da vida urbana nos espaços públicos. No terreno o potencial construtivo é de até 2 vezes a área total do lote e a taxa de ocupação de 70%, com um gabarito limitado a 48m.

LEGISLAÇÃO ZONEAMENTO ZC Zona Centralidade

C.A. máximo

T.O. máximo

Gabarito

2,0

0,70

48m

Recuo Mínimo Frente (a) Fundo/Lateral (b) 5m

3m

(a) Art. 69. Não será exigido recuo mínimo de frente quando, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) da face de quadra em que se situa o imóvel esteja ocupada por edificações no alinhamento do logradouro, conforme base georreferenciada cadastral oficial do Município, não se aplicando a exigência de doação para alargamento do passeio público prevista no inciso II do “caput” do art. 67 desta lei. (b) Art. 66. Os recuos laterais e de fundo ficam dispensados: II - quando o lote vizinho apresentar edificação encostada na divisa do lote, conforme análise caso a caso pelo órgão técnico competente, exceto em ZDE27 2, ZPI-1 e ZPI-2;

54


Figura 46 – PDE, 2014, p. 36-37 Tratamento da autora

26 - Gestão Urbana 27 - Diário Oficial


4.3

Partido Arquitetônico

Com base nos fatores levantados anteriormente, a intervenção proposta busca atender às necessidades apontadas, colaborando para o desenvolvimento urbano da região. O partido adotado se desenvolve em um miolo de quadra, criando eixos de travessia de pedestres, de modo a proporcionar um convite ao convívio, trazendo vida e uma nova dinâmica de uso e apropriação do espaço. Uma quadra aberta multifuncional, aproveitando ao máximo o potencial construtivo do lote e fazendo uso dos incentivos urbanísticos do novo plano diretor. Como citado no capítulo 1, o partido arquitetônico propõe a valorização dos vazios urbanos, criando espaços públicos unidos aos diversos usos, de forma a criar fluxo de pessoas em horários variados. Uma nova opção de cultura e lazer, com espaços de permanência e contemplação assim como de fluxo rápido apenas como opção de travessia. Ao mesmo tempo, a intervenção visa oferecer moradia de qualidade numa região tão valorizada e com fácil acesso através das principais vias e transporte público, aproximando moradia e trabalho, com a oferta de comércio e serviços, que em conjunto com o edifício comercial garantem essa diversidade de uso e segurança criada através do fluxo constante. Para isso foram consideradas as características do entorno, como fluxos, edifícios existentes e seus respectivos usos, infraestrutura e a carência gerada pelo conjunto desses fatores.

Figura 47 – Fluxo local Desenho da autora

56


4.4

Condicionantes do Projeto

Iniciado o estudo do entorno do local selecionado para a intervenção, alguns fatores principais determinaram o partido adotado. O fluxo da quadra é bastante intenso, tanto de veículos como de pedestres, mas estes por sua vez, percorrem grandes distâncias, muitas vezes sem segurança quando as lojas estão fechadas. Dessa forma a melhor opção foi criar um eixo de transposição que permite a travessia pelo interior da quadra, ligando a Av. Tiradentes às Ruas João Teodoro e Dutra Rodrigues através de ruas internas que, a partir de uma praça central, interligam os edifícios residenciais ao comercial e à midiateca. Outro fator levado em consideração foi a grande concentração de equipamentos culturais e educacionais da região, em sua maioria importantes patrimônios históricos da cidade que levam grande movimento de público durante seu horário de funcionamento, mas concentrado apenas nas saídas das estações de metrô próximas, estação Luz e Tiradentes. Embora a quadra seja exatamente ao lado da Pinacoteca do Estado, por exemplo, o fluxo de pedestres que por ali circula é produto das lojas de noivas da Rua São Caetano, e após o fechamento das lojas e desses equipamentos culturais, o local fica extremamente vazio. Assim como os estudantes, mais concentrados na região da estação Tiradentes do metrô, apenas uma quadra ao lado, não se sentem seguros no período noturno, além de não encontrarem na região local de estudo, leitura e informação.

Figura 48 – Fluxo proposto para o lote Desenho da autora


Outro importante fator é a falta de oferta de serviços aos moradores e público permanente da região, assim como de moradia adequada. A região ainda possui vilas operárias degradadas e cortiços, ocupados por uma população carente que mesmo morando num bairro central e bem localizado da cidade, não tem à disposição serviços básicos como bancos, correio, supermercados, farmácias ou uma simples padaria. Com o conjunto desses fatores, a quadra foi pensada de forma a buscar soluções para essas questões e atrair novos moradores, adensando e proporcionando novo desenvolvimento para a região. A grande praça contempla dois edifícios residenciais e um comercial, ambos com comércio e serviço no térreo, oferecendo habitação de qualidade, e um polo comercial de fácil acesso. Pensando em diversificar o uso e os horários de público, optou-se por implantar um equipamento de lazer na fachada da Av. Tiradentes, com programação inclusive no horário noturno, a midiateca, que servirá como apoio aos estudantes da região, com locais apropriados para estudos individuais e em grupo, acesso à diversas mídias, oferecendo espaços exclusivos para diferentes idades, desde crianças, público jovem e adultos, e possibilitando amplo horário de funcionamento através do auditório, e em conjunto com os demais estabelecimentos de comércio e serviço, atendem o público em horários diferentes, criando tráfego de pedestres frequente durante todo o dia e à noite. A área permeável une todo o programa proposto, projetada com paisagismo convidativo, áreas sombreadas e espaços externos, funcionando por si só como um equipamento urbano, seja de transição ou permanência, garantindo acesso aos edifícios e unindo-os de forma apropriada, assim como extensão da

58


midiateca, com a possibilidade de diferentes e inusitados eventos. Assim é possível criar uma quadra com intenso adensamento e espaço permeável, não causando a sensação de insegurança nem inibindo o acesso do pedestre. Pensando em espaços que respeitem a escala humana, a quadra permeável e com diversidade de usos é mais atrativa e funciona como local de encontro e bem-estar, além de recuperar e valorizar um espaço subutilizado da cidade. 4.5

Programa

Subsolos Através da Av. Tiradentes, no pavimento térreo, se dá o acesso aos dois pavimentos do subsolo, com uso exclusivo para estacionamento, dividido em residencial no 1º subsolo e comercial no 2º subsolo, limitado a 1 vaga de garagem por unidade habitacional e 1 vaga para cada 70m² de uso comercial, totalizando 391 vagas com circulação de veículos e acesso ao térreo através da projeção das torres residenciais e comercial. Pavimento Térreo O pavimento térreo é composto por uso comercial, cultural, lazer e convívio, projetado na escala humana para atrair o público. Sua implantação permeia todo o terreno, se dividindo entre cheios e vazios. Na principal entrada, pela Av. Tiradentes, está implantada a Midiateca, faceada à empena do lote vizinho. No seu pavimento térreo se encontra um café, auditório, foyer, espaço para exposição e uma recepção para acesso aos pavimentos superiores, assim como a circulação vertical e os sanitários, que podem ser utilizados pelos usuários da midiateca e das lojas em geral. Compondo um eixo de acesso à Rua João Teodoro estão os edifícios residenciais. seus térreos possuem espaços para comércio e serviço, assim como ampla área de

Figura 49 – Ilustração Gestão Urbana (fonte:http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/marcoregulatorio/ - Acesso: 19/10/2016) -


circulação e acesso restrito aos pavimentos superiores de unidades habitacionais. No eixo de ligação com a Rua Dutra Rodrigues se projeta o edifício comercial, com um amplo centro gastronômico no térreo, sanitários e acesso aos escritórios dos pavimentos superiores. Também pela Rua Dutra Rodrigues se dá o acesso de carga e descarga e com doca para suprimento das unidades comerciais. Na intersecção dos quatro edifícios surge a praça central, para a qual se voltam o conjunto de lojas que compõem a midiateca e a área externa coberta de alimentação, criando também espaços de convívio descobertos no centro da praça, e ao longo dos edifícios residenciais e comercial também se distribuem áreas de convívio e contemplação. Primeiro Pavimento No primeiro pavimento estão disposto os usos residencial, cultural e comercial. A partir das lajes criadas através do pavimento térreo dos edifícios. Nesse pavimento da midiateca se distribui o programa educacional, com acervo e espaço digital, um grande vazio com vista para o foyer do pavimento térreo, além de salas de estudo, área administrativa e sanitários. Ainda nesse pavimento é possível acessar uma varanda externa, um grande deck de madeira com espaço para leitura e cinema ao ar livre projetado em uma grande empena aproveitada do edifício vizinho. Os edifícios residenciais iniciam nesse pavimento a tipologia das unidade habitacionais, com 9 unidades por pavimento, sendo 4 unidades nas extremidades do edifício com 93m² e 5 unidades de 65m² no centro, repetindo esse pavimento tipo até o 12º andar, totalizando 108 apartamentos por edifício.

Residencial Comercial Institucional Figura 50 – Diagrama de Uso Desenho da autora 60


Já no edifício comercial é criada uma laje para coworking, espaço para trabalho cada vez mais comum na cidade, facilitado nesse local pelo sistema viário e transporte público. Integrando esse espaço se distribuem duas varandas descobertas com deck de madeira e mobiliário para trabalhar e relaxar, de onde é possível avistar a praça central e os demais edifícios. Segundo Pavimento No segundo pavimento a midiateca encerra seu programa com a ludoteca dedicada ao público infantil, espaço de mídia, estúdio de artes e de fotografia, e filmoteca. No edifício comercial esse é o pavimento tipo que se repete até o 12º andar, com 3 tipologias de escritórios que podem ser redivididos conforme a necessidade do uso. O edifício possui um vazio central por onde se avista os demais andares e onde acontece a circulação horizontal e vertical de cada pavimento, além disso, na extremidade dos edifícios possui ampla abertura possibilitando vista para a praça, demais edifícios e ventilação cruzada. Cobertura Os edifícios residenciais aproveitam a cobertura, no 13º pavimento, para a distribuição de sua área de lazer, espaço comum dos moradores. Composta por salão de festas com espaço gourmet, espaço fitness e jacuzzi em deck de madeira, de onde é possível contemplar a vista para a Pinacoteca do Estado e Jardim da Luz.

Figura 51 – Volumetria Desenho da autora


4.6

Sustentabilidade

Durante a elaboração do projeto houve a preocupação com a sustentabilidade desde a implantação dos edifícios até o destino e reaproveitamento das águas pluviais. Serão previstas placas solares na cobertura dos edifícios para maior proveito dos recursos naturais, e no térreo as áreas de piso sobre a laje do subsolo possuem placas suspensas com sistema de drenagem para capitação de águas pluviais. O terreno possui localização privilegiada, possibilitando uma orientação solar que garante luz natural em todas as fachadas durante todas as estações do ano. 28 Através da carta solar latitude 24º Sul , foi possível desenvolver um estudo de insolação incidente no terreno para a escolha dos elementos arquitetônicos e acabamentos ideais para cada fachada. O alinhamento da fachada da Av. Tiradentes forma um ângulo de 25º em relação ao Norte, ponto de partida para o estudo de todas as fachadas, revelando os seguintes gráficos:

N 25º

Figura 52 – Estudo solar das fachadas Desenho da autora

Fachada 1 Fachada 2 Fachada 3 Fachada4 28- Frota, 2001, p.215

62


A fachada 1, voltada para a Av. Tiradentes, recebe radiação solar direta do meio dia às 18h no verão, das 10h30 às 18h nos equinócios das 10h30 as 17h45 no inverno.

VERÃO 12h - 18h

EQUINÓCIO 10h30 - 18h INVERNO 10h30 - 17h45

Figura 53 – Horário de radiação solar na fachada 1 Desenho da autora

A fachada 2, oposta à fachada 1, recebe radiação solar apenas no período da manhã, no verão do nascer do sol até meio dia, nos equinócios do amanhecer às 11h45 e no inverno das 06h45 às 10h30.

VERÃO 06h - 12h EQUINÓCIO 06h - 11h45 INVERNO 06h45 - 10h30

Figura 54 – Horário de radiação solar na fachada 2 Desenho da autora


Já na fachada 3, voltada para a Rua João Teodoro, recebe incidência solar no verão do nascer do sol ao meio dia, das 06h às 14h45 nos equinócios e das 06h45 às 17h15 no inverno.

VERÃO 06h - 12h EQUINÓCIO 06h - 14h45 INVERNO 06h45 - 17h15

Figura 55 – Horário de radiação solar na fachada 3 Desenho da autora

A fachada 4, oposta à fachada 3, recebe radiação solar no período da tarde, do meio dia às 18h no verão, das 12h30 às 18h nos equinócios e das 15h30 às 17h45 no inverno.

VERÃO 12h - 18h

EQUINÓCIO 12h30 - 18h INVERNO 15h30 - 17h45

64


De acordo com o mascaramento solar foi possível identificar a necessidade de brise para proteção solar em duas fachadas, conforme ilustrações abaixo:

Fachada 01 Brise vertical formando ângulo de 50º em relação à fachada. A solução adotada foi espaçar brises verticais de forma a compor uma fachada interessante, obedecendo o ângulo, protegendo assim de forma eficaz a fachada de vidro no período de maior incidência solar.

PLANTA SEM ESCALA

Figura 57 – Mascaramento solar e solução adotada na fachada 01 Desenho da autora

Fachada 03 Brise horizontal formando ângulo de 70º em relação à fachada. A solução adotada foi compor a fachada com uma moldura projetada a frente, horizontalmente, obedecendo o ângulo, protegendo assim de forma eficaz a fachada de vidro no período de maior incidência solar.

CORTE SEM ESCALA

Figura 58 – Mascaramento solar e solução adotada na fachada 03 Desenho da autora


IMPLANTAÇÃO - PAVIMENTO TÉRREO


Figura 59 – Implantação - Pavimento Térreo Desenho da autora


PRIMEIRO PAVIMENTO


Figura 60 – 1º Pavimento Desenho da autora


SUBSOLOS

1ยบ SUBSOLO - RESIDENCIA

2ยบ SUBSOLO - COMERCIAL

70


AL

Figura 61 – 1º Subsolo Desenho da autora

Figura 62 – 2º Subsolo Desenho da autora


CORTES

CORTE AA

CORTE BB


Figura 63 – Corte AA Desenho da autora

Figura 64 – Corte BB Desenho da autora


CORTES

CORTE CC

CORTE DD


Figura 65 – Corte CC Desenho da autora

Figura 66 – Corte DD Desenho da autora


PLANTA TIPO - RESIDENCIAL

RESIDENCIAL

PLANTA LAZER - RESIDENCIAL

PLANTA COBERTURA - RESIDENCIAL

Figura 68 – Planta Lazer Residencial Desenho da autora

Figura 69 – Planta Cobertura Residencial Desenho da autora


Figura 67 – Planta Tipo Residencial Desenho da autora

ELEVAÇÃO 1 - RESIDENCIAL

Figura 70 – Elevação 1 Residencial Desenho da autora


RESIDENCIAL

ELEVAÇÃO 2 - RESIDENCIAL

ELEVAÇÃO 3 - RESIDENCIAL

Figura 71 – Elevação 2 Residencial Desenho da autora

Figura 72 – Elevação 3 Residencial Desenho da autora


LAYOUT UNIDADE 65m²

LAYOUT UNIDADE 93m²

Figura 73 – Layout unidade 65m² Desenho da autora

Figura 74 – Layout unidade 93m² Desenho da autora


PAVIMENTO TÉRREO

COMERCIAL

Figura 75 – Planta Térreo Comercial Desenho da autora

FACHADA 1 - COMERCIAL

Figura 77 – Elevação 1 - Comercial Desenho da autora

FACHADA 2 - COMERCIAL


1º PAVIMENTO - COWORKING Figura 76 – 1º Pavimento Comercial Desenho da autora

FACHADA 2 - COMERCIAL FACHADA 3 - COMERCIAL Figura 78 – Elevação 2 - Comercial Desenho da autora

Figura 79 – Elevação 3 - Comercial Desenho da autora


COBERTURA COMERCIAL

PAVIMENTO TIPO COMERCIAL

Figura 80 – Planta Tipo Comercial Desenho da autora

COMERCIAL

Figura 81 – Planta Cobertura Comercial Desenho da autora

FACHADA 4 - COMERCIAL

Figura 82 – Elevação 4 - Comercial Desenho da autora


LAYOUT SALA 36m²

LAYOUT SALA 61m²

Figura 83 – Layout Sala 36m² Desenho da autora

Figura 84 – Layout Sala 61m² Desenho da autora


MIDIATECA

PLANTA TÉRREO

PLANTA 1º PAVIMENTO

Figura 85 – Planta Térreo Midiateca Desenho da autora

Figura 86 – Planta 1º Pavimento Midiateca Desenho da autora


PLANTA 2º PAVIMENTO Figura 87 – Planta 2º Pavimento Midiateca Desenho da autora

PLANTA COBERTURA

ELEVAÇÃO 1 - MIDIATECA

Figura 88 – Planta Cobertura Midiateca Desenho da autora

Figura 89 – Elevação 1 - Midiateca Desenho da autora


MIDIATECA

FACHADA 2 - MIDIATECA

FACHADA 3 - MIDIATECA

Figura 90 – Elevação 2 - Midiateca Desenho da autora


QUADRO DE ÁREA QUADRO DE ÁREAS INCENTIVOS URBANÍSTICOS

FACHADA ATIVA USO NÃO RESIDENCIAL

ÁREA DO TERRENO ÁREA PROJETO TOTAL INCENTIVOS TOTAL COMPUTÁVEL

CA TO

Figura 91 – Elevação 3 - Midiateca Desenho da autora

5697,50m² 4558,00m²

11395,00m² 26458,74m² 10255,50m² 21616,43m² LEGISLAÇÃO (2,0) 22790m² (0,70) 7976,50m²

PROJETO (1,9) 21616,43m² (0,33) 3751,84m²


Figura 93 – Vista entrada Av. Tiradentes - Maquete Eletrônica Produção da autora


Figura 92 – Vista Frontal - Maquete Eletrônica Produção da autora


Figura 95 – Vista Praça Central - Maquete Eletrônica Produção da autora


Figura 94 – Vista Rua Dutra Rodrigues - Maquete Eletrônica Produção da autora



CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através das pesquisas realizadas para concepção do trabalho apresentado foi possível compreender a situação da região estudada e seu entorno em relação à realidade da cidade de São Paulo. Uma área de grande valor histórico e intenso fluxo de pessoas que trabalham e estudam na região. Dessa forma foi possível encarar as deficiências encontradas como potencialidades para a revitalização urbana, viabilizando novas áreas de convívio que acolhem a população. Os vazios urbanos decorrentes do desenvolvimento da cidade, muitas vezes esquecidos e subutilizados, se agregados ao plano urbano geram espaços de qualidade propiciando lazer, bem-estar e segurança, muito mais eficaz do que as atuais quadras muradas que isolam da cidade a população que ali se insere. Um miolo de quadra bem projetado é capaz de devolver vida aos espaços degradados da cidade. E é justamente nesse momento que as habilidades do Arquiteto se fazem necessárias, capaz de desenhar sobre esses vazios e criar espaços com usos diversificados, combinando o caráter público e privado e proporcionando segurança sem a necessidade de elementos inibidores, mas garantindo o fluxo de pessoas e sua integração com o objeto construído. Para o desenvolvimento desse tipo de intervenção é importante adotar conceitos como permeabilidade e visibilidade espacial, se preocupando sempre com a escala humana. Locais amplos que possibilitam a fruição sem criar barreiras visuais são mais seguros e frequentados pela população. Outro fator importante é considerar o entorno como condicionante do projeto. A transformação da cidade é inevitável e constante, necessária para que se construa a história e identidade do local, por isso deve-se respeitar os elementos existentes ao mesmo tempo em que se é possível aperfeiçoar as técnicas já utilizadas e projetar algo que se adapte à evolução da cidade e suas necessidades. O projeto de intervenção proposto, a Quadra Multifuncional, partiu do estudo do entorno consolidado e do miolo de quadra subutilizado. A partir disso, priorizou-se a fruição pública através de eixos de conexão entre as ruas da quadra, criando praças e espaços de convivências integrados aos edifícios com fachada ativa no térreo com uso


cultural, de lazer, comércio e serviço. A Quadra também contempla o uso habitacional, na intenção de adensar uma região tão abundante em infraestrutura, e o uso corporativo, aproximando trabalho e moradia. Assim sendo, pode-se perceber a importância do aproveitamento dos vazios urbanos para a criação de espaço público de qualidade, e combinados com o uso misto, são capazes de revitalizar as áreas centrais da cidade. A proposta de intervenção é capaz de cumprir a função de aproveitar um terreno subutilizado restituindo-o ao bairro através de atrativos para a população, recuperando assim uma região de grande importância para a cidade de São Paulo.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 ROLNIK, Raquel. O que é Cidade. São Paulo: Brasiliense, 1995  SOMEKH, Nadia. CAMPOS, Candido Malta. A cidade que não pode parar -

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