Trilogia das Sombras - Volume 1 - Sombras

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Sombras é uma história de amor, amizade e mistério, que começa com o desaparecimento de Kristen, melhor amiga da protagonista Abbey. Mesmo depois que ela desaparece sem deixar vestígios, Abbey continua a frequentar o lugar favorito das duas: o cemitério de Sleepy Hollow, onde está enterrado o autor da clássica Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça. É lá que conhece Caspian, um rapaz misterioso, cuja relação com a lenda é muito mais íntima do que ela jamais poderia imaginar.


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Prefácio Eles disseram que ela tinha se matado. Todo mundo estava dizendo isso. O que tinha começado apenas como um rumor sussurrou quietamente no recolhimento das pessoas educadas, crescendo em direção a algo que era abertamente discutido em grandes massas de pessoas descortês. Eu estava cansada de ouvi-los falando sobre isso. Eles tinham me interrogado. De novo e de novo, tentando descobrir se eu sabia o que tinha acontecido. Mas minhas respostas não mudavam. No entanto, nunca falhou – alguém perguntaria novamente, como se de um dia para o outro, minha resposta fosse ser diferente.

Eu não sabia, mas deveria... e isso esteve me assombrando desde então.


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Capítulo Um Últimas Palavras ―Do repouso indiferente do local e do caráter peculiar de seus habitantes... este vale isolado é há muito conhecido pelo nome de Sleepy Hollow.‖ — The Legend of Sleepy Hollow by Washington Irving

Era engraçado. Em tempos como esses, eu não deveria pensar em coisas sérias sobre a eternidade, e na vida após a morte, e tudo isso? Com uma olhada nos pequenos grupos formados ao redor da sala, parecia que era isso que eles estavam pensando. Cada rosto sombrio refletia pensamentos religiosos, mas tudo que eu podia pensar era no incidente de tingimento-de-cabelo pelo qual passamos. Foi engraçado. Eu acho que deveria estar pensando em todas as coisas que eu queria dizer. Todas as coisas que eu não poderia dizer. E todas as coisas que eu nunca teria a chance de dizer. Mas eu não estava. Era como se nada disso estivesse realmente acontecendo. Ela só estava desaparecida desde 9 de junho. Sessenta e oito dias. Isso não é tempo o bastante para ela estar... morta. Você não pode ter uma visão do corpo se não há nenhum corpo.


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E alguém não pode ter realmente partido de sua vida para sempre se você não vê o corpo. Isso funciona assim. Era apenas uma representação. Apenas mostrava o que estávamos passando. Eu estava encarando o caixão fechado ha bastante tempo, então alguém se moveu atrás de mim. A mensagem era silenciosa, mas clara. ―Você teve sua vez. Agora mova-se.‖ Eu me movi. Eu me pressionei o mais perto da parede o possível, tentando me misturar. Um cheiro de mofo velho flutuava ao redor de mim, e reconheci o odor de flores após a primavera. Como se a sala em si tivesse absorvido o odor em anos. Colocando uma mão em minhas costas, eu estendi a mão para tocar o amarelado papel de parede. Era áspero embaixo dos meus dedos, e cobria cada centímetro quadrado de uma sala que parecia não ser arrumada desde 1973. Era horrível. A sala estava começando a encher, e eu me esquivei para a esquerda. Aqui, o carpete cor de sopa-de-ervilha estava desgastado em diversos pontos. Fotos velhas de pastores que guardavam seus rebanhos decoravam as paredes, mas todos eles estavam com manchas d‗água e pendurados com um berrante fio dourado. Porquê em todo o mundo, alguém escolheria uma sala como essa para amontoar um grande grupo de pessoas? Esta deve ser sala mais feia que já vi. Um bingo seria mais apropriado. Mas todas as vezes que pensei em escapar desta sala e de todas essas pessoas, minha mãe captava meus olhos e me dava uma olhada. Aquele sinto-muito-querida-masisso-vai-terminar-logo-eu-prometo olhar. O que significava que isso, na verdade, iria ser muito demorado. Especialmente desde que minha mãe e meu pai pareciam mais que felizes de passar vinte minutos conversando com cada pessoa que entrava na sala. Então encarei o horrível papel de parede... e o tapete desgastado... e aquelas pinturas de mau gosto... Eu tinha que sair. Eu dei a minha mãe um sinal, ou pelo menos eu espero te passado algum tipo de aviso, que eu estava escapando para uma caminhada. Ela não respondeu, mas como


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ela estava no outro lado da sala, ela não podia fazer nada para me impedir. A porta mais próxima me levou a um corredor que terminava em um foyer em frente a casa funerária. O foyer era velho e poeirento, e decorado com horríveis flores falsas, e painéis de madeira falsos que cobriam a metade inferior de cada parede. Alguém aparentemente tinha pensado que seria uma boa ideia dar continuação ao tema floral do lado de fora, e havia colado hera verde nas paredes, o que era tão horrível quanto o papel de parede de dentro. Não era algo bom de se olhar. Então eu vi um banco. A chapelaria próxima a ele estava cheia, mas o banco estava vazio, e era todo meu. De repente, eu não me importei com os feios painéis de madeira, nem mesmo com a hera. Parecia silencioso lá no banco, e eu me sentei para contemplar quão legal era esse alguém que tinha pensado em colocar esse banco ali, exatamente para mim. Mas meus pensamentos foram interrompidos quando três pessoas saíram da sala de exibição e começaram a andar em minha direção. Desde que o banco e a chapelaria estavam posicionados perto da saída, eu esperei desesperadamente que eles estivessem de saída. Eu não estava com humor para forçar um sorriso e conversar com pessoas que eu não queria estar perto. Eles estavam vestidos de preto, uma maneira de parecerem adequados, tenho certeza. Srta Horvack, a professora substituta, estava na direita, e eu notei que a Sra. Kelley, a historiadora da cidade, estava na esquerda. Eu não reconheci a mulher que estava no meio. Sleepy Hollow pode ser uma cidade pequena, mas isso não significa que eu


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conheço todo mundo que vive aqui. Seus sussurros barulhentos perturbavam o ar, e eu tentei muito não ouvir o que elas estavam dizendo, mas eu desisti rapidamente quando algo interessante chamou minha atenção. Eu me aproximei da ponta do banco para ouvir. — tentando jogar ovos nos carros pela janela do banheiro. Onze e nove anos, eles tinham. Onze e nove! — A grave voz da Srta. Horvack quebrou enquanto ela falava cada vez mais alto. — Mmm-hmm, — alguém murmurou. — Graças a Deus eu estava lá para impedi-los. Depois de dez minutos eu abri a porta e entrei para dizer que eles já tinham esgotado o tempo limite e eles precisavam sair dali. Foi uma coisa boa eu ter feito isso, — ela resmungou, sua voz ficando mais excitada. —Você não sabe; eles vieram atacando com os ovos, tirando eles de seus bolsos. Eu fiquei espantada. Pasma, na verdade. Sra. Kelley falava agora. — Os pais não se importam mais, e isso é uma vergonha. Não respeitam seus pais e não respeitam os idosos. Nenhum deles. Isso foi o que aconteceu com aquela garota Kirsten, eu aposto. — Eu estava ouvindo mais de perto quando a mulher que eu não conhecia juntou-se a conversa. — Ela não tinha nenhum respeito para sua família. Eu ouvi que ela estava fazendo todos os tipos de besteira, assim como seu irmão. Os suspiros indignados das outras duas mulheres fundiram-se com meu silencioso ataque de descrença. Kirsten nunca faria besteiras. Esta mulher obviamente obteve seus fatos de uma fonte errada.


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— Foi provavelmente relacionado a drogas, — Srta. Horvack concordou. —Essas crianças de hoje só tem feito besteira. Tudo pelas drogas. — Sra. Kelley expressou fortemente sua concordância sobre ‗as drogas‘. — E isso tudo se resume a que? — A terceira mulher fez uma pausa, e em seguida, assumiu a conversa novamente. — Nenhum respeito, como eu disse. Eles não têm respeito por nada. Que pena dos pais dela. Srta. Horvack e Sra. Kelley concordaram rapidamente, apontando severamente mais razões para a óbvia queda da sociedade jovem. Eu não podia acreditar no que estava ouvindo. Quem eram aquelas pessoas para espalhar rumores sobre Kirsten desse jeito? Todo mundo em Sleepy Hollow sabia que a família de Kirsten nunca superou a perda de seu único filho por causa de uma overdose oito anos atrás. Se havia uma coisa em que Kirsten nunca se envolveria, eram as drogas. Cerrando meus punhos, senti cada unha penetrar na palma da minha mãe, e eu tentei controlar minha raiva. Mas eu não podia aguentar mais. Aquelas mulheres estavam erradas, e elas precisavam saber disso. Eu pulei para interrompê-las, mas então vi minha mãe espreitando pelo corredor. Ela me viu também, e levantou uma sobrancelha. — Aí está você, Abigail. Eu conhecia aquele olhar. E aquela sobrancelha. Eu encarei a Sra. Kelley e a Srta. Horvack diretamente nos olhos enquanto passava por elas, para provar que tinha ouvido tudo que elas tinham dito, e para deixá-las sabendo


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que aquilo tinha me deixado muito irritada. Eles fingiram que não perceberam. Quando eu entrei novamente na sala, fui ficar de pé com o meu pai. Ele colocou seus braços em meus ombros, e foi bom sentir o apoio. A conversa que tinha entreouvido corria pela minha cabeça, repetindo-se de novo e de novo. Eu queria confrontar aquelas mulheres e fazer com que as lembranças delas fossem corretas. Dizer a elas o que pensava das pessoas que falavam da Kirsten daquele jeito, e quão inapropriado era. No fim das contas, pensei, eu só queria dizer que elas estavam muito, muito, muito erradas. Ao invés disso, eu só fiquei lá olhando fixamente para o caixão. A foto de Kirsten na escola, do ano passado, tinha sido colocada próximo ao caixão, e me concentrei fortemente na foto, tentando sintonizar todos ao meu redor. A mãe dela tinha me perguntado se podia usar uma foto de nós duas usando um grande chapéu idiota e com grandes sorrisos patetas. Mas eu não tinha sido capaz de responder a ela. Eu simplesmente não sabia o que dizer quando ela me perguntou, então eu acho que ela levou aquilo como um não. Olhando para a foto da escola, de repente desejei que tivesse dito sim. Deveria ter uma foto de nós duas ali, mesmo que isso fosse somente uma encenação. Eu deveria ter sido capaz de dar a Kirsten pelo menos isso. Todos aqui mereciam ver a verdadeira Kirsten, não apenas algo tenso, colocado ao seu lado. As pessoas ao meu redor começaram a curvar as cabeças e fechar os olhos, e percebi que o Reverendo Prescott estava encerrando a noite com uma oração. Não demorou muito, e quando ele terminou, segui minha mãe e meu pai pela sala para nossa rodada final. Os pais de Kirsten estavam muito emocionados, então nós apenas demos um rápido adeus. Na verdade, eu estava um pouco aliviada, porque a última coisa que queria


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fazer era dizer algo terrivelmente inapropriado, como o quanto ia sentir falta da lasanha que a mãe dela costumava fazer para mim. O reverendo Prescott estava perto, junto com todos que estavam saindo. Isso acabou nos dando vinte e cinco minutos para conseguirmos sair da sala, e nunca fiquei tão feliz em ver um corredor. O trio ainda estava lá, só que agora tinham atraído mais pessoas. Elas nem se incomodaram em parar de falar enquanto passava por eles, e suas palavras me acertaram em cheiro. — Coitadinhos — É tão triste, ter que enterrar um caixão vazio. — Eles provavelmente nunca vão achar o corpo. — Se ela estava deprimida, então obviamente foi suicídio. Eu me virei e lancei a Sra. Kelley e a Srta. Horvack outro olhar quando passei, só que dessa vê eu acrescentei gelo nele. Me afastando, passei pelas pesadas portas da saída, e pisei no lado de fora com mamãe e papai, e tentei deixar o ar da noite acalmar meu temperamento. As portas ecoaram com barulho enquanto fechavam atrás de nós. As fofoqueiras nem repararam. Eu fiquei acordada naquela noite, deitada na cama, encarando o teto até que os primeiros sinais da madrugada avançaram para meu quarto. Eu tentei me forçar a dormir um pouco, mas não adiantou muito, e o nascer do sol não ajudou. O tempo ficou nublado e opressor no meio da manhã. O funeral estava marcado para as 16h30min, mas depois do almoço, eu não aguentava mais ficar dentro de casa, então peguei uma leve capa de chuva e avisei a minha mãe que estava saindo para uma caminhada. Ela estava no meio de uma discussão com o papai sobre imprimir folhetos sobre o funeral, então ela só sacudiu a


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cabeça em minha direção. Eu estava do lado de fora antes mesmo dela ter a oportunidade de perguntar onde eu estava indo, agradecida por ela não me fazer sentar e discutir meus sentimentos com ela, ou algo parecido. Não sabendo exatamente aonde eu ia, comecei a subir lentamente a ladeira que fazia um caminho para longe de casa. Uma fria brisa soprou, e parei por um minuto para vestir a capa amarela, mantendo as mãos dentro dos bolsos. Eu observei como o chão se movia embaixo de mim, e não muito tempo depois, me encontrei no único cemitério em toda a cidade de Sleepy Hollow. Ele esticava por quilômetros, e Kirsten e eu vínhamos aqui praticamente todos os dias. Era nosso cemitério. Passando pelos grandes portões de ferro que guardavam a entrada, meus pés seguiram automaticamente o caminho que tomávamos quando vínhamos aqui. Eu fiquei vagando pelo passado, através das colinas com suas árvores e arbustos, e parei em seguida para dar uma olhada ao redor. Sempre tinha algo interessante para ver todas as vezes que eu vinha aqui. Se era uma gravação recente em uma lápide, ou um brinquedo posicionado em um túmulo, sempre era variado. Mas de vez em quando, algo anormal e estranho aparecia. Algo que fazia você imaginar aquele item em particular tinha sido deixado ali, e qual historia por trás disso. Hoje era uma cadeira. Uma cadeira antiga feita de ferro forjado com uma almofada no assento de madeira repousava ao lado de um túmulo recente. A cadeira parecia estar esperando, como se alguém fosse sentar nela para conversar sobre quem tinha sido recentemente enterrado. Era inquietante e belo ao mesmo tempo.


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Hesitando brevemente, dei uma rápida olhada ao redor para me certificar de que ainda estava sozinha. Não queria incomodar nenhum membro da família de luto que pudessem ainda estar por perto. Então me desviei do meu caminho e fui até a cadeira, tomando cuidado ao pisar no solo frouxo. — Posso sentar aqui por um momento? — perguntei à sepultura fresca. — Eu prometo sair se o dono da cadeira aparecer. — Um galho de uma cerejeira balançou para cima e para baixo, e tomei isso como um sim. Cuidadosamente, limpei o assento e me sentei. Vastos campos me cercavam por todos os lados, pontuados com pequenos pontos de cor. Várias árvores de grande porte começavam a perder as folhas, e era um contraste de cores vivas e brilhantes. O cemitério ficaria completamente deslumbrante quando o outono finalmente chegasse e todas as folhas caíssem. — Este é um lugar lindo, — eu disse baixinho, falando com a sujeira ao meu lado. — Eu sei que você não está aqui há muito tempo, mas você vai gostar.

Uma gigantesca árvore estava posicionada atrás de nós, e sua sombra seguia todo o caminho até a colina. Algumas de suas folhas estavam começando a mudar agora, e era de tirar o fôlego. Eu tinha passado tanto tempo nesse cemitério que nem me sentia estranha por estar conversando com um túmulo. — Eu tenho uma amiga que vai ser enterrada aqui hoje, — eu continuei. — Não aqui nesta parte, mas mais lá para baixo, perto da antiga capela. Espero que eles tenham uma árvore lá para ela. Ela gostaria de ter uma árvore. Onde quer que ela esteja... O vento aumentou e fiquei em silêncio. Ele uivava ao meu redor, fazendo um estranho gemido. Era mais triste do que assustador, era como se o vento estivesse de luto pela minha perda. E apesar de que essa coisa era apenas uma perda de tempo, eu definitivamente senti como se tivesse a perdido. De certa forma, eu acho que saber que ela


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realmente estava morta teria sido mais fácil de entender. De certa forma, seria mais fácil de lidar. Algo brilhante chamou minha atenção de repente. Eu me inclinei para frente para ter uma visão melhor. Era um pequeno trator em movimento ao longo de um dos caminhos abaixo. Depois de alguns minutos, ele parou em frente a um toldo. Várias pessoas estavam ao redor, e duas delas estavam segurando pás. Em algum lugar no fundo da minha mente, eu sabia o que eles iam fazer. Eu também sabia que provavelmente não deveria vê-los fazendo isso. Mas não podia me mover. Com a atenção fixada, assisti enquanto eles começaram o lento processo de cavar uma sepultura. A escavadeira levantou e abaixou suas pás várias vezes, voltando todas às vezes com uma pilha escura de sujeira. Em seguida, os trabalhadores entraram com suas pás no buraco. Eu presumi que eles estavam tirando o resto da sujeira. Aconteceu repetidamente, e continuei assistindo-os. Eu deveria ter sentido alguma coisa. Raiva... Nojo... Tristeza. Mas não senti nenhuma dessas coisas. Ao invés disso, eu estava hipnotizada. Quando eles terminaram sua tarefa, a escavadeira recuou.

Os homens jogaram suas pás no chão, e começaram a colocar placas de metal no interior do buraco. Quando terminaram, os trabalhadores montaram um toldo branco e colocaram várias cadeiras ao lado do túmulo. Em seguida, carregaram as pás, entraram no trator e foram embora. Foi incrível ver a transformação completa de um pedaço de terra vazio para um lugar pronto para um sepultamento, e também doía um pouco entender como tudo podia ser facilmente feito.

O vento gemia de novo e vários pingos de chuva caíram sobre minha cabeça. Eu tinha perdido completamente a noção do tempo, e provavelmente deveria voltar para casa correndo e me arrumar para o funeral. Pelo canto do olho, vi uma sombra negra se movendo, mas quando virei para a direção que achei que a sombra tinha ido, não havia nada lá. Voltando para a sepultura ao meu lado, eu levantei minha voz suavemente para


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ser ouvido sobre o barulho do vento. — Obrigada pela companhia.

Levantei-me da cadeira e fiz um aceno de despedida antes de ir embora. Antes de ir, olhei mais uma vez sobre os meus ombros, mas a sombra já tinha sumido. Foi quando o céu se abriu.

Grandes gotas de chuva caíram, batendo com força no chão. Eu enfiei as mãos dentro da minha capa de chuva, para que pelo menos alguma parte do meu corpo ficasse seca. Mesmo que uma parte pequena. O caminho do cemitério tornou-se escorregadio por causa da água e da lama, e espirrou no meus jeans e nos meus sapatos. Infelizmente, eu ainda estava muito longe da entrada, e mais longe ainda da minha casa. Eu não tinha nada pela frente, a não ser um longo, molhado e miserável caminho de volta para casa.


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Capítulo Dois O Funeral ―Ainda ouvem-se cantos peculiares na igreja... Que dizem ser originados legitimamente de Ichabod Crane.‖ — The Legend of Sleepy Hollow, by Washington Irving

Eu mal tive tempo de me secar e trocar a roupa por um vestido preto antes de voltar ao cemitério. O funeral aconteceu dentro da Igreja antiga. E todos os bancos de madeira estavam ocupados. No espaço restante só dava para ficar de pé. A cidade inteira tinha aparecido. Enquanto o barulho da chuva tamborilava no vitral, o reverendo falava firmemente. A maneira como ele falava de Kirsten a fazia parecer menos como a minha melhor amiga, e mais como uma estranha que eu nunca havia conhecido. Era estranho e desconcertante. Um fraco odor impregnava o salão, um cheiro familiar que vinha das caldeiras acesas devido ao tempo cinzento e frio lá fora. Mexi-me desconfortavelmente no banco duro, e encontrei meus olhos vagueando sobre a pintura que estava pendurada acima da cabeça do reverendo. Retratava a cena que ficou famosa por Washington Irving, mostrando o medo de Ichabod Crane, olhando por cima do ombro enquanto um ameaçador cavaleiro sem cabeça galgava atrás dele. Eu tinha perguntado uma vez ao reverendo Prescott o porquê a pintura estava na igreja, ele me disse com grande prazer que preferia manter em vista as virtudes mantendo nossos olhos no Senhor quando o demônio estava bem atrás oferecendo tentações. Quando ele terminou, eu me arrependi de ter perguntado. De repente, o reverendo parou de falar e todos ao meu redor começaram a levantar. Era hora da procissão final. As pessoas saíram da igreja em fila, uma por uma, escondendo-se embaixo de guarda-chuvas, tentando ficar secos embaixo da segurança das


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telhas o máximo que podia. Mas era uma ação inútil, e logo eles aceitaram a derrota.

Eu segui meus pais enquanto eles seguiam a solene multidão que se movia lentamente através dos túmulos. Apesar de a maioria tentar andar cuidadosamente pelos caminhos traiçoeiros, a cada passo que davam um dedo ou calcanhar ficava preso na lama. Eles chegariam sujos e molhados ao túmulo de Kirsten. Escorregando pelo caminho molhado, andei afastada dos outros. Eu fui por um caminho que não estava tão enlameado, mas a chuva escorria pelo meu rosto já que eu não tinha um guarda-chuva comigo. Parecia um déja vu de mais cedo. Novamente fui pega pela chuva. Quando cheguei ao local da sepultura, tive sorte de encontrar um pequeno lugar desocupado embaixo da tenda, e fiquei ali, esperando silenciosamente. Os homens carregaram o caixão até o cemitério, e depois o colocaram dentro da cova, no centro daquelas placas de metal. Minha mãe tentou captar meu olhar, enquanto as pessoas iam até a sepultura para dar seus sentimentos finais e falar algumas palavras. Ela continuou fazendo um pequeno movimento com a cabeça, pedindo que eu fosse lá e falasse algumas coisas, mas apenas sacudi a cabeça para ela. Eu não podia encarar essas pessoas. Não agora e não desse jeito. Tudo isso era uma farsa, mas eu não podia ir lá e falar isso. Mais pessoas subiram. Muitos chegaram a tocar o caixão, e um rapaz colocou uma única flor na tampa. Surpreendeu-me quando ele foi à frente da multidão e disse simplesmente que ia perder a chance conhecer Kirsten melhor. Seu cabelo castanho encaracolado era uma bagunça, e seus olhos castanhos estavam avermelhados e lacrimejantes. Parecia que ele estava pronto para começar a berrar a qualquer momento. Eu o encarei enquanto ele se arrastava. Eu sabia que ele estudava com a gente e que seu nome era Brad ou Brett, mas com exceção disso, eu não sabia nada sobre ele. Então por que ele falava como se realmente fosse sentir falta de Kirsten? Reconheci algumas outras pessoas da escola, algumas líderes de torcida, que falavam sem parar das boas lembranças que tinham de Kirsten.


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Como ela tinha sido uma boa pessoa... Que eles iriam sentir muita falta dela... blá, blá, blá. Tantas palavras inúteis. Eles não conheciam Kirsten realmente. Para eles, era tudo sobre a atenção que iam receber. E então, tudo acabou. Uma última flor foi jogada, uma última lágrima derramada, e o adeus foi dito, o serviço estava terminado e era hora de ir embora. Um caixão vazio colocado sobre o chão duro e frio, era o que simbolizava a vida da minha melhor amiga. Era muito inapropriado. A multidão saiu rapidamente, enfrentando as poças de lama bravamente de volta para seus carros. Eles haviam feito sua parte. Agora era hora de seguir em frente. Eu fiquei onde estava até o último deles ter saído. Minha mãe e meu pai estavam andando com o reverendo Prescott de volta para a igreja, e esperava que eles tivessem entendido que eu precisava de um tempo sozinha. Para resolver algumas coisas. Dando um passo mais para perto, eu me concentrei no caixão. Tudo tinha sido virado de cabeça para baixo nos dois últimos meses. Eu não sabia que caminho seguir agora e não tinha ninguém para perguntar. Isso fez minha cabeça doer, e senti como se nunca fosse capaz de desvendar meus pensamentos. Mas acima de tudo, fazia meu coração doer. Dentro do meu peito eu sentia um enorme aperto que parecia esmagar tudo que tinha lá dentro. Um dia, eu não teria mais nada além de um buraco negro dentro de mim. Uma breve explosão de luz captou meu olhar, e eu olhei para cima, afastando-me temporariamente do meu sofrimento. O sol estava espreitando sob uma nuvem, tentando valentemente aparecer através da chuva. Um raio de luz atingiu a lateral do caixão e transformou uma sombra normal e incômoda em uma estrela. Cada mancha de tinta era momentaneamente iluminada, mostrando a verdadeira cor do caixão, um vermelho sangue vibrante. Eu sorri. Vermelho era nossa cor favorita. E então, o sol desapareceu. Eu estendi a mão e toquei a tampa do caixão. Estava frio. Tão frio que imediatamente agarrou minha mão. Eu quase senti como se estivesse me queimando. Eu fiquei parada lá. Eu não podia dizer nada... Não em voz alta, pelo menos. Mas milhares de pensamentos corriam em minha mente, e milhares de sentimentos explodiam violentamente em meu coração. O tempo imitou minhas emoções. Um forte vento soprou,


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uivando em indignação. As bordas do toldo bateram com raiva nos postes de alumínio que as apoiavam, e causou um horrível zumbido. Até a chuva batia com mais força, ricocheteando amargura. E ai foi quando eu senti que tinha alguém me olhando. Eu olhei através das lápides, das placas memoriais, dos mausoléus e das criptas. Lá, ao lado de um enorme mausoléu construído na encosta de um morro, estava um menino. Vestido em um terno preto, com camisa branca e uma gravata preta, e seu cabelo era tão pálido que parecia quase branco. Suas mãos estavam apertadas na frente do seu corpo e percebi que ele não tinha guarda-chuva e nem uma capa de chuva. Ele estava completamente encharcado. Eu não podia dizer qual cor eram seus olhos, ele estava longe demais para isso, mas ele olhou para mim e seu olhar prendeu o meu. ―Quem é ele? Será que ele conhece a Kirsten? Ou ele está aqui por outra pessoa‖ O vento continuava a uivar a minha volta, e a chuva martelou sobre o escasso abrigo sobre minha cabeça. Quem quer que ele fosse, era louco por estar de pé do lado de fora. Antes que eu pudesse pensar sobre isso, encontrei-me saindo da segurança do toldo. Eu deveria falar com ele, eu pensei. Descobrir se ele estava aqui por Kirsten. Descobrir o porquê ele está me encarando. Dizer-lhe que é doido por estar naquela chuva. Mas o vento me empurrou de volta. A ferocidade foi tão repentina que eu cambaleei para trás, buscando o poste do toldo como apoio. A chuva também não cedeu, e gostas escorriam pelo meu rosto, deixando o mesmo caminho que lágrimas teriam deixado. Com a cabeça erguida, agarrando no poste com toda minha dignidade, eu encarei o estranho. Desafiando-o a se aproximar. Exigindo que ele não olhasse para mim com um abismo em seu olhar. O vento sacudiu suas roupas e sacudiu seu cabelo em direção ao seu rosto, mas ele ficou onde estava. Então ele abaixou sua cabeça ligeiramente. Algo me dizia que isso era um sinal de respeito, então eu acenei de volta. Eu me virei para dar uma última olhada no caixão atrás de mim. Conhecê-lo teria que esperar. Hoje eu tinha coisas diferentes para pensar.


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A chuva começou a abrandar enquanto eu me afastava da sepultura. Avistei meus pais falando com o reverendo nos degraus da igreja, e eu definitivamente não queria ficar presa em nada disso. Movi-me rapidamente para o carro enquanto pegava o celular do bolso e discava o numero da mamãe. Ela enfiou a mão na bolsa e olhou para o telefone antes de dar um pequeno passo para longe do reverendo. — Abbey? — ela disse distraidamente. — Eu vou para casa a pé, ok mãe? — Mesmo à distancia, eu podia dizer que ela não gostou da ideia. Um olhar estava se formando em seu rosto. — Eu acho que você deveria vir com a gente na casa dos Maxwell, Abbey. Eles passaram por um monte de problemas para organizar o encontro, e Kirsten era sua amiga, então é apropriado que você esteja lá— — Mãe — eu suspirei. — Não estou com vontade de ficar no meio de um monte de gente agora. Eu só quero ficar sozinha. — Você deve vir, Abigail. — O uso do meu nome completo não era um bom sinal. Não mesmo. — Você pode ter todo o tempo que precisa depois— — Mas mãe...— — Agora, Abigail—. O clique do telefone me fez voltar a mim. Minha mãe sempre comparecia nos eventos, e isso obviamente significava que eu deveria também. — Tudo bem, que seja, mãe, — eu me queixei enquanto marchava pela escadaria da igreja.


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Esperei com impaciência enquanto eles terminavam a conversa com o reverendo. Eles levaram um tempo, é claro. Depois de dez agonizantes minutos de conversa fiada, eles finalmente se despediram e saímos do cemitério. Foi uma curta viagem de carro até a casa dos Maxwell, mas já haviam carros alinhados pelo quarteirão quando chegamos lá. Meu pai deixou minha mãe e eu na porta da casa para procurar uma vaga para estacionar. Minha mãe deu apenas três passos dentro da casa antes de ser interrompida por alguém. Ouvi o riso atrás de mim e continuei andando pela horda de pessoas e fui direto para a cozinha. Eu encontrei a mãe de Kirsten lá. Ela estava de costa e ambos os braços estavam enterrados em uma pia cheia de espuma e detergente. Quando cheguei mais perto, pude ver que só havia duas canecas e dois pratos na pia. Dificilmente o suficiente para preocupar sobre limpeza quando você tem uma casa cheia de convidados. Então vi que seus ombros estavam sacudindo. Eu não queria interromper sua dor, então fiz meu caminho de volta para o corredor em silêncio. Uma mesa de bebidas tinha sido colocada ali, então peguei um copo limpo e derramei água quente. Coloquei um saquinho de chá de ervas, esperei um minuto, e acrescentei leite e açúcar. O calor do copo em meu aperto me fazia sentir confortável, e eu bebi devagar, bloqueando tudo e todos ao meu redor. Mas meu momento de paz foi interrompido quando alguém de repente esbarrou em meu ombro, fazendo-me agarrar o copo firmemente. — De-desculpe, — a pessoa gaguejou. Virando-me com uma carranca no rosto, vi o garoto de cabelo encaracolado na minha frente. — Tudo bem, — eu disse. — Não se preocupe com isso, Brad Ele pegou uma caneca também, e depois lutou para abrir o saquinho de chá.


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— Na verdade, uh, é Bem. Estou em sua classe na escola— Isso. — Ok, então te vejo por aí. — Eu não estava no clima para uma conversa no momento. Tudo que eu queria era ficar sozinha. Eu pensei em ir ao quarto de Kirsten, mas desisti dessa ideia. Não parecia certo, de alguma maneira, estar no quarto dela sem ela lá. Então, escolhi o porão. Havia um ligeiro cheiro de mofo que senti assim que comecei a descer as escadas. Lá em cima parecia a casa de algum desconhecido com todas aquelas pessoas ao meu redor, mas aqui embaixo, era exatamente como eu lembrava. Eu fiquei aliviada em estar em um ambiente familiar. Uma lâmpada tinha sido acesa na velha mesa de café, e lançava um fraco brilho amarelo, deixando a maioria da sala escondida na escuridão. Esta sala sempre pareceu tão segura e quente para mim no passado que a escuridão não me incomodava em nada. Caminhei até uma celha cadeira de balanço parcialmente coberta pelas sombras, e esperei-a parar para apoiar minha caneca de chá. Inclinei a cabeça para trás, fechei os olhos enquanto balançava a cadeira para frente e para trás, e pensei sobre lembranças antigas. — Está horrível, Abbey. Eu nunca vou sair novamente— A voz chegou até a mim vinda do fundo do banheiro. Pensei ter ouvido um fungar, seguido pelo inconfundível som de soar o nariz. — Vamos Kirsten, abra a porta, — eu implorei. — Deixe-me ver como ficou. Não pode estar assim tão ruim. Abra a porta. — Ah, está ruim sim. Muito, muito ruim. Eu provavelmente deveria raspar minha cabeça. Você sabe quanto custa uma peruca? Ou talvez eu pudesse colocar uns apliques—


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— Você não vai raspar sua cabeça, Kirsten, — eu retruquei em voz alta. — E você sabe o quão caro apliques são? Se está assim tão terrível, nós vamos apenas pintar de outra cor. É uma maneira bem mais fácil. — O que você acha de chapéus?— ela sugeriu. — Pareceria estranho se eu usasse um diferente a cada dia? Apesar dela não poder ver, esacudi minha cabeça para ela e estava prestes a usar a tática se-você-não-sair-eu-vou-entrar quando a fechadura fez um barulho e aporta se abriu lentamente. Eu dei três passos para dentro e tentei fortemente não mostrar o choque em meu rosto. — O que você... fez? — Eu não sei— , ela gemeu, segurando uma mecha mal pintada do cabelo. — Eu estava tão cansada de ter uma chama vermelha na minha cabeça! Eu pensei que a tintura preta ajudaria a escurecer um pouco. Eu sei que está horrível. Ela estava quase chorando de novo. — Hei Kris, não está tão ruim. Deixe-me ver um minuto,— chegando mais perto, eu inspecionei seu cabelo ainda molhado. A tintura preta havia coberto todo vermelho, mas só em certos pontos. — Por que você não seca o cabelo, e então nós veremos se fica diferente? — eu sugeri. — Ok— ela suspirou tristemente e pegou o secador de cabelos embaixo da pia.


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— Por que você não me esperou? — eu gritei sobre o barulho do secador. — Eu poderia ter te ajudado. — Eu não sei, — ela gritou de volta. Eu acho que eu queria que fosse uma surpresa. Só deixar você ver depois de pronto, sabe? Bem, bem feito, é claro. — Você é louca. — Fiz círculos com o dedo no lado da cabeça. Ela riu, e eu me sentei na borda da banheira enquanto eu esperava que ela terminasse. Dez minutos depois os cabelo estava completamente seco, e mostrava mais mechas do que aparentava. Levantei-me. — Agora vamos dar uma olhada nisso outra vez. Ela pegou uma escova e passou pelo seu cabelo, dividindo para o lado como se ela sempre usava. — Está vendo?— Eu disse, reorganizando, e ajeitando. — Se você usá-lo desta forma, parece bom. — Como se você desejasse ter feito isso o tempo todo. — Sério? — Ela se virou de lado a lado na frente do espelho. — Você realmente acha que ele parece bem? Você me diria se não, né? — Claro que eu te diria, Kirsten, é para isso que servem os amigos. Honestamente, parece bom desse jeito. Quase como se você tivesse pintado de preto e acrescentado alguns reflexos vermelhos. Ela deu outra olhada no espelho. — Eu não sei, Abbey. Seus olhos estavam preocupados.


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— Está realmente bom. — Tranquilizei-a. — Realmente. Em seguida, bateu a inspiração. — Ei, se eu fizer mechas vermelhas no meu cabelo? Nós vamos dizer a todos fizemos o cabelo juntas. O que você acha? Seus olhos se iluminaram. — É uma ótima ideia. Obrigado, Abbey. Podemos ir buscar as coisas agora, e ai eu faço seu cabelo depois do jantar. — Combinado. Peguei uma toalha pequena da pilha ao lado dela e comecei a limpar os respingos de tinta sobre a pia. — Mamãe e papai têm uma reunião hoje à noite, então a casa ficará livre para mim, de qualquer maneira. Seu sorriso era enorme. ‗— Eu vou dizer à mamãe que você vai ficar para o jantar. Ela começou a sair do banheiro, mas parou e voltou com um olhar tímido no rosto. — Será que você colocar pode guardar o secador para mim? Balancei a cabeça e sorri para mim mesma enquanto ouvi-a gritar para sua mãe que ela queria lasanha e pão de alho para o jantar.


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Meu prato preferido. Sim, é isso que servem os amigos. Um som suave me fez abrir os olhos e minha cabeça caiu para frente. Olhei para o quarto, certa de que eu ouvia passos. Eu quase o deixei passar. Mesmo que ele estivesse sentado a dois passos de mim, seu terno preto estava completamente misturado com as sombras. Apenas seu cabelo lhe entregava. A cor branca, loura, brilhava no escuro. Ele era o menino do cemitério. Senti que ele olhava para mim, e eu juro que meu coração começou a bater mais rápido. Eu não sabia o que fazer, o que dizer... Mas eu tive que perguntar a ele alguma coisa. Eu falei baixinho, tentando acalmar o meu pulso acelerado. — Você conhece a Kirsten? Eu esperei por sua resposta. Dois batimentos cardíacos passaram ... e depois mais outro. A minha pergunta pairava no espaço entre nós. Não houve resposta. Eu levantei a minha voz ligeiramente, no caso dele não ter me ouvido. — Então, um, como você conhecia Kirsten Maxwell? — Eu movi minha cadeira, e os guincho que fez ecoou pela sala. Tomei um pequeno gole de chá para me distrair.


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— Desculpe, você falou comigo? — Ele falava tão baixinho que no começo eu não tive certeza se tinha imaginado a sua resposta. Fiquei surpresa com a pergunta. Será que ele realmente não tinha me ouvido? — Eu queria saber se você conhecia que Kirsten.— Eu aumentava o tom a cada palavra. — Eu te vi hoje no funeral, e estava justamente pensando como você a conheceu. — Você estava se perguntando como eu conhecia Kirsten, — ele repetiu ainda falando baixinho, quase para si mesmo. Então, sua voz ficou mais alta, e ele se inclinou para mim. — Eu a via... por aí. Mas eu nunca o conheci antes. Ela era algum tipo de admirador secreto ou algo assim? Tentei examiná-lo mais perto, mas ele ainda estava oculto pelas sombras. Sua voz soou mais velha. Talvez fosse um amigo irmão dela? — Você conhece o Thomas? — Thomas? — Ele parecia confuso. — Não, eu não conheço nenhum Thomas. — O irmão da Kirsten? — Eu disse, aguardando a sua resposta. — Não, eu não sabia que ela tinha um irmão. — Sua voz estava mais alta agora. Como se ele estivesse se aproximando, mas eu não o tinha visto se mover. Isso me deixou um pouco nervosa. Aqui estava eu, sozinha com um estranho que tinha vindo à casa de Kirsten e até o seu porão, mas parecia não conhecê-la realmente, ou sua família. Era tudo muito estranho. Eu escondi o meu nervosismo com um pequeno riso.


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— Oh, ok. Bem, eu estou indo lá para cima para ver se eles precisam de ajuda na limpeza — Abandonei meu chá ao pé da cadeira de balanço e fui em direção à escada. Eu dei quatro passos antes de perceber que o desconhecido tinha me seguido. Virei-me. Ele ficou no fundo da escada, obscurecido na escuridão. — Você não precisa ter medo de mim, Abbey. Estou aqui na verdade por causa de você. — Como você sabe meu nome?— Segurei no corrimão da escada. Minha pergunta saiu em um guincho. — Quem é você? O que você que dizer com estar aqui por causa de mim? — Não se preocupe, Abbey. Eu sou um amigo.— Ele se inclinou para frente, colocando-se em um raio de luz para que eu pudesse vê-lo claramente. Choque me atingiu primeiro. Seguido por uma sensação de... Qualquer outra coisa. Ele era lindo. Gostoso total. Eu quase ri ao pensar nisso em um momento como este. Seu cabelo foi a primeira coisa que observei de perto neste momento. A cor pálida era incomum, mas ele tinha um traço acentuado de preto como azeviche na testa. Suas sobrancelhas eram escuras demais, e ele tinha um nariz reto e lábios carnudos. Mas seus olhos foram o que realmente me surpreendeu. Eles eram de um verde claro e chocante que senti um arrepio passando na espinha quando ele olhou para mim. Seus olhos estavam deslumbrantes. E seu olhar era bondoso. — Você é a melhor amiga de Kirsten, certo? — Sua voz soou calma, audível agora, e ele olhou para mim com tal interesse que juro que eu senti um pouco do meu nervosismo desaparecer. — Fale-me sobre el.


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Desviei o olhar por um momento, lisonjeada que ele estava me dando toda a atenção, e depois com raiva de mim mesmo por ter me importado. Meus olhos caíram no canto do quarto onde Kirsten e eu tínhamos passado tanto tempo juntas, e eu comecei a falar sobre isso para me distrair de minhas emoções turbulentas. — Você vê aquele canto ali, perto da estante de livros?— Inclinei-me para apontar, e ele acenou. — Quando éramos pequenas, Kirsten e eu costumávamos vir aqui em dias chuvosos. A mãe dela trazia um par de lençóis e amarrava-os em torno da estante para fazer uma barraca. Então nós pegávamos alguns livros e uma lanterna e sentávamos lá dentro, lendo histórias uma para outra. Sua mãe sempre nos trazia sanduíches de pepino e manteiga de amendoim com todas as cascas cortadas enquanto estávamos lá dentro.— Eu ri com a lembrança. — Nós realmente tivemos a fase do pepino e a fase de manteiga de amendoim. Eu não tenho ideia do por que. — Então eu encontrei-me confessando ainda mais. Era como se Kirsten tivesse esse lugar secreto em seu porão que podíamos vir para cá sempre que chovia. — Eu costumava chamá-lo de meu castelo de chuva mágica, e eu achava que era a coisa mais legal. — Minhas bochechas estavam avermelhadas por causa da história e do quanto tinha revelado. — Eu não sei por que eu disse isso. É muito bobo, né? Ele tinha um olhar divertido no rosto. — Eu não acho que isso seja bobagem. Toda criança deve ter um lugar como esse para brincar. Eu gostaria de ter tido um desses. Parece divertido. — Obrigada — disse, sorrindo para ele. — Essa foi uma boa lambrança. Eu precisava disso. — O silêncio no vão das escadas cresceu, e eu tornei-me ciente de quão alta e rápida a minha respiração soava. Eu concentrei-me em regulá-la, tentando respirar mais normalmente. Ele falou baixinho, e eu tive que inclinar para frente para pegar suas palavras.


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— Se você decidir que quer construir o seu castelo de chuva mágico novamente, Abbey, me diga. Vou ter que parar para uma visita. Minha respiração ofegou sobre essas palavras, e meu coração pulou uma batida pela implicação por trás deles. Eu não soube o que dizer, então não disse nada. Minha mente correu freneticamente, pensando em todas as perguntas que eu tinha para ele. O toque do meu celular nos interrompeu. Olhei para baixo na tela e fiz uma careta quando eu vi quem era. — Desculpe, mas eu tenho que atender. É a minha mãe. Eu andei até o topo da escada e atendi o telefone. — Uh, oi, o que você quer, eu quero dizer, o que está acontecendo, mamãe? Olhei sobre meu ombro. Eu ainda podia ver seus brilhantes olhos verdes. Ele ficou olhando fixamente para mim, então minha resposta para a minha mãe foi um pouco distraída. — Aham, hum... tudo bem. Sua voz ecoou bem alto através do telefone, e eu olhei para longe. — Estou quase pronta também. Eu estava no porão.... Sim, eu sei. É claro que eu vou dizer tchau para os Maxwells. Vejo você em cinco minutos. Eu olhei para trás por cima do meu ombro e sussurrei um pedido de desculpa enquanto eu saia do porão. Ele assentiu e desapareceu nas sombras abaixo enquanto eu me dirigia à cozinha para encontrar a mãe de Kirsten. Ela ainda estava lá, agora secando os pratos, e rastejei hesitantemente para perto. Ela parecia mais calma, e olhou por cima do ombro quando me ouviu chegar.


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— Abbey, oi. Sua voz era suave e seus olhos estavam levemente avermelhados, mas seu sorriso era encorajador. Abraçando-a, lembrei tardiamente que tinha deixado meu copo no porão. Ela não disse nada enquanto me abraçava de volta, mas eu não tinha necessidade de ouvir as palavras. Eu sabia o que ela estava sentindo. — Você quer que eu fique e ajude a limpar?— Eu perguntei. Ela balançou a cabeça. — Não, não se preocupe, querida. Vou dar conta de tudo. Isso vai me dar algo para fazer. — Sua voz quebrou ligeiramente na última frase, mas eu fingi não perceber. — Você nos liga se precisar de alguma coisa, né? Qualquer coisa. — Claro, querida. — Ela tentou me dar um sorriso corajoso, mas não funcionou. — Diga a seus pais adeus para mim. — Ok, — eu respondi. — Eu vou. Cuide-ss.— Ela assentiu com a cabeça, e eu apertei a mão dela uma vez antes de sair da cozinha. Mamãe estava me esperando no corredor. — Eu já volto, e então eu estarei pronto para ir, — eu disse a ela. Em um aceno de acordo, me virei e voltei para o porão. Eu tinha mais um adeus a dizer, mas quando cheguei lá, ele tinha ido embora. — Olá? — Gritei, andando até a cadeira de balanço para recolher o meu copo. Senti-me estúpido por não perguntar seu nome. Eu esbarrei em um interruptor nas proximidades, e a sala foi imediatamente inundada com oito lâmpadas de sessenta watts


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de iluminação fluorescente. Isso apenas confirmou o que eu já sabia. Ele não estava lá. Eu não ia ter a chance de dizer adeus, ou descobrir o seu nome. Eu nem sequer sabia se o veria novamente. Desligando o interruptor de luz no meu caminho de volta para fora, parei por um momento no escuro. — Obrigada, — eu sussurrei por cima do ombro até a sala vazia.


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Capítulo Três Pesadelos e Alucinações ―Eles recebem todos os tipos de crenças maravilhosas; estão sujeitos a transes e visões; e muitas vezes vêem coisas estranhas e ouvem músicas e vozes no ar.‖ — The Legend of Sleepy Hollow— by Washington Irving

Eu não consegui dormir muito nos dias que se seguiram. A escola começaria em duas semanas, mas esta era a última de minhas preocupações. Desde o dia do funeral eu vinha tendo pesadelos. Eu não conseguia me lembrar de nenhum deles, mas eles estavam sempre lá, no fundo da minha mente e no precipício da minha consciência. Então piorou. Eu acordava de repente, meu corpo ensopado de suor, enquanto meus olhos procuravam freneticamente os cantos escuros do meu quarto. Eu normalmente via a forma de uma pessoa. Como se alguém estivesse no quarto comigo. Se eu me concentrasse e focalizasse meus olhos por tempo o suficiente, a forma desaparecia. Eu sabia que não eram nada mais que sombras nas paredes, mas cada noite, por aqueles breves segundos, meu coração martelava em completo horror. Mais de uma vez eu me encontrei chamando o nome de Kirsten. Pedindo, implorando com ela para que ela estivesse lá. Sabendo em minha cabeça que ela não estava, mas esperando em meu coração que sim. Eu pensei que estava ficando maluca.


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Apesar da quarta noite seguida de pesadelos e alucinações, achei que realmente estava ficando um pouco louco. Eu lutei para ficar acordada a noite, dormindo apenas quando a manhã chegava. Eu não me senti nem um pouso descansada, mas pelo menos mantinha os pesadelos acuados. Manter-me ocupada durante a noite toda, no entanto, era um diferente tipo de problema. Primeiro, eu tentei ler. Eu encontrei um livro que não tinha começado ainda, e era interessante o suficiente para segurar minha atenção durante a primeira noite. Mas naquela tarde eu estava muito cansada para ir pegar novos livros, e esse foi o problema quando a noite chegou. Folhear algumas revistas velhas matou o tempo na segunda noite, mas não funcionou muito bem, e eu acabava cochilando. A manhã demorou muito para chegar e me corpo estava ordenando que eu dormisse. Essa foi mais uma noite que eu terminei chamando por Kirsten. Depois de checar meu e-mail, inclusive todas as contas antigas que tinha, eu só tinha conseguido matar cerca de uma hora. Havia novos sites de comprar interessantes, mas eles não prendiam minha atenção também. O que eu estava realmente sentindo falta era o bonequinho* da Kirsten sinalizando que ela estava online também. Quase sempre nos conectávamos ao mesmo tempo, com poucos minutos de diferença. Era estranho não ver seu nome subindo automaticamente. Com um suspiro pesado eu apertei o botão de desligar e assisti enquanto a tela apagava na minha frente. Girando lentamente em minha cadeira, eu estudei o topo da minha escrivaninha. Diversas pilhas de papel estavam empilhadas em um canto, e alguns cd‘s estavam apoiados em uma caixa de joias. Meu celular estava conectado a tomada, piscando uma luz vermelha para mim, sinalizando que estava totalmente carregado. Peguei o aparelho e automaticamente apertei o número um, que era a chama direta para Kirsten. Não foi atá a mensagem da caixa de correio começar a tocar que percebi o quão idiota eu era. O som de sua voz era tão normal, tão familiar... tão real. Eu tinha ligado para o celular dela quase todos os dias antes dela desaparecer, e nunca pensava duas vezes. Mensagens curtas, longas, engraçadas, até mensagens chateadas... Eu já tinha deixado mensagens de todos os tipos.


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Uma coisa tão pequena e insignificante de se fazer, mas agora eu percebia o quão importante cada uma daquelas mensagens realmente tinha sido. Um bip alto do outro lado chamou minha atenção. Eu não sabia se deveria dizer alguma coisa. Segurando a respiração por um segundo, eu pausei, e em seguida em uma corrida de pensamentos e palavras, falei: — Hei, Kirsten, sou eu. Eu não sei... Eu não sei o que falar, nem mesmo o porquê eu estou fazendo isso. Não é como... Isso é... Idiota. Sinto muito. Eu desliguei o telefone, me sentindo frustrada e com raiva de mim mesma por ter ligado. Não era como se ela fosse ligar de volta. Onde quer que ela estivesse, o celular não estava com ela. Ela tinha deixado em casa sem bateria na noite que desapareceu. Agarrando um pedaço em branco de papel da minha escrivaninha, eu comecei a rabiscar. Pequenos desenhos, padrões bizarros, símbolos malucos... Qualquer coisa que me viesse à cabeça. Rabisquei estas coisas repetidamente, novamente, até que tive que pegar uma nova folha. Então eu comecei a escrever meus pensamentos. Qualquer coisa sobre coisa nenhuma. De madrugada, eu tinha enchido oito folhas de papéis com palavras aleatórias. Foi um processo cansativo, mas quando a manhã chegou, eu caí em um sono profundo. Eu pulei o café da manhã e senti como se estivesse saltando o almoço também, e minha mãe me deu um olhar estranho quando tropecei cozinha adentro. — Você está se sentindo bem, Abbey? — ela perguntou, colocando a mão em minha testa. — Sim, eu estou bem, — eu admiti sentada à mesa. — Eu estou tendo dificuldades para dormir, ultimamente. Trazendo duas garrafas d‘água, ela sentou à mesa perto de mim, e me deu uma garrafa. Eu olhei para as minhas mãos descansadas sobre a mesa, não prestando atenção em nada mais.


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— Realmente acho que devo ir para a cama. Estou exausta. — Você acha que não está dormindo bem por causa do funeral? — A pergunta inesperada de minha mãe me assustou.

— Provavelmente tem algo a ver com isso. — A conversa no funeral veio á minha mente e eu ouvi aquelas mulheres falando de Kirsten novamente. — Ou talvez tenha a ver com o fato de que algumas pessoas dessa cidade não tenham nenhuma decência, ou boas maneiras. Ela franziu o cenho. — O que você quer dizer? — Quero dizer que essa cidade é tão estupidamente pequena, tudo que precisa é que uma pessoa comece um rumor falso, e antes que você perceba isso se torna a verdade absoluta. — Frustração atravessou minha voz. — Você sabe do que eu estou falando, mãe, e você sabe que não é certo. Eu ouvi algumas pessoas falando que Kirsten ou tinha se matado ou estava envolvida com drogas. Elas não deveriam estar espalhando rumores como esses. Não é justo com a família dela, e não é justo com ela— Batendo em meu braço, ela usou um tom simpático. — Eu sei como você se sente, Abbey. Mas não há muito que possamos fazer. As pessoas falam. Isso irá morrer eventualmente. — Você NÃO entende e você NÃO sabe como eu me sinto, — eu repreendi. — Ou você faria alguma coisa para parar quem fala da Kirsten por trás. Use sua posição no conselho da cidade. Fala algo a respeito deles.


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— Eu não posso controlar o que as pessoas da cidade pensam, Abigail. Você sabe disso. — Ela levantou e foi até a lava-louças. — Apenas ignore-os; isso vai ser esquecido logo. Eu não podia acreditar que ela estava me falando para ignorá-los. Eu deveria ficar de lado e deixar as pessoas falarem da minha amiga? De jeito nenhum. — Bem, eu posso fazer algo sobre isso, mãe. — Eu estava com raiva. Eu estava furiosa. — Eu posso defender minha melhor amiga. Mesmo que você não esteja disposta. — Saindo da cozinha, eu deixei a água sobre a mesa e martelei escada acima para meu quarto. Eu bati a porta com força para que ela soubesse que eu estava falando sério. Ela provavelmente gritaria comigo mais tarde por isso, mas eu não me importava. Eu só pretendia fechar meus olhos por um ou dois segundos quando deitei na cama, mas devo ter caído no sono, pois a próxima coisa que eu sabia, mamãe estava debruçada sobre mim, chamando meu nome. Lutando para me sentar, eu bocejei alto e esfreguei meus olhos. — Estou cansada... Apenas tirando uma soneca... Por que você me acordou?— eu resmunguei. — Você gostaria de ir à nova loja de ervas comigo? — ela disse. — Aquela após a guarita? Mas é uma hora de distância! Você quer realmente ir lá? — Claro, porque não? Eu tenho uns papéis para deixar na casa do prefeito Archer no caminho, mas, além disso, eu irei se você quiser. Eu estava cansada demais para argumentar se era uma viagem para mim ou para o prefeito, então deixei passar. Pelo menos ela estava tentando. — Ok, — forcei um sorriso. — Vamos


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Nós fomos para o carro e eu peguei algumas uvas para comer. Pular o café da manhã e o almoço estava fazendo algum efeito em mim agora. Não demorei muito para acabar com elas e coloquei a última em minha boca antes de entrar no banco de passageiros. Minha mãe entrou no carro e colocou a chave na ignição, mas não o ligou. Eu fiquei tensa, esperando para ver se uma lição sobre como eu deveria controlar minha raiva estaria vindo. — Abbey...— ela começou. Limpando a garganta uma vez, ela tentou de novo. — Se você precisar falar sobre Kirsten... Ou qualquer outra coisa, bem... Eu quero que você saiba que você sempre pode contar comigo. Se eu não puder ajudar, nós podemos encontrar um profissional que você possa conversar. — Seus olhos azuis estavam cheios de preocupação, mostrando as pequenas rugas ao redor deles. — Obrigada, mãe — Eu sorri fracamente. — Eu vou te falar se eu precisar de algo.— Eu deveria estar tão perto do precipício quanto sentia se mamãe estava falando de me levar a um psicólogo. Minha resposta pareceu satisfazê-la, e ela sorriu de volta para mim, parecendo aliviada de que sua parte tinha terminado. Ela ligou o carro e nós fizemos o caminho ate a casa dos Archers.

Dez minutos depois nós tínhamos chegado lá, e mamãe prometeu que estaria de volta em cinco minutos. Quando a porta bateu, eu peguei a caneta e um pequeno caderno do porta luvas, sabendo que ficaria esperando. Os cinco minutos da minha mãe estavam mais para vinte. Eu comecei fazendo uma lista do que esperava encontrar na nova loja, e estava completamente perdida em pensamentos, quando minha mãe abriu a porta. —


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Desculpe ter demorado tanto, — ela disse, sentando no banco e reajustando o retrovisor. — Eu tive que resolver algumas coisas com o prefeito. — Sem problemas, — eu respondi ainda ocupada com minha lista. Eu acrescentei frascos de teste e óleo de bergamota. Eu estava ficando sem os dois. Nós voltamos à estrada, e eu coloquei o caderno de lado assim que senti que estava adormecendo. Eu sabia que não ia aguentar mais muito tempo. O som da porta abrindo me despertou, eu acordei com um empurrão. Olhando para minha mãe, sorri preguiçosamente. — Desculpe, eu caí no sono. Eu acho que ainda estava muito cansada. — Não se preocupe com isso, — ela disse. — Nós chegamos. Eu virei meu pescoço para absorver tudo enquanto eu saía do carro. Uma grande placa de metal verde com acabamento brilhante nos cumprimentava, proclamando o nome da loja, que era — A Thyme and Reason1 — e eu me apaixonei instantaneamente. A loja em si parecia que tinha existido em outra vida como uma grande cada da virada do século, completa com gingerbread trim2, janelas do chão ao teto, e telhado inclinado. O exterior era pintado diversos tons de magenta e verde que completavam um ao outro maravilhosamente, e eu sabia que esse era o tipo de loja que eu gostaria de ter um dia.

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Um Tomilho e Razão

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São enfeites que colocam nas casas, http://northeasternscalelumber.com/osc/catalog/images/gingerbread.gif

http://img2.timeinc.net/toh/i/g/0107_gingerbread/victorian-trim-09.jpg


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Assim que entramos, eu vi que era melhor do que eu esperava. A loja não tinha só uma grande variedade de ervas, mas também tinha uma seção de jarras e garrafas, frascos e kits de amostras, e embalagens para viagem de todos os tipos. Eles também tinham quase todos os tipos de óleo perfumado conhecido pela humanidade. Eu estava no paraíso. Eu teria passado semanas ali facilmente. Eles tinham quase tudo da minha lista Depois de procurar por quarenta e cinco, percebi que estava testando a paciência de minha mãe, assim eu comecei a estreitar minhas escolhas. Peguei frascos para testes, alguns frascos âmbar grandes, e um novo conjunto de conta-gotas. Mamãe finalmente me alcançou na seção de óleos. — Para que serve o óleo de bergamota? — ela perguntou, me observando enquanto eu decidia qual tamanho do frasco eu iria levar. — Sabe aquele perfume que eu fiz para você no outono passado? Eu quero fazer isso de novo esse ano, mas com um toque mais terroso — Eu debati entre óleo de gengibre ou de amora. — Eu simplesmente amei esse perfume! — ela disse. — Você pode me fazer um nesse inverno também? Algo com essência natalina? — Claro, — respondi, acrescentando hortelã, pimenta, baunilha, óleo e bálsamo para a minha coleção. Então eu peguei ambas as garrafas, de amora e gengibre e acrescentei em minha pilha. A última coisa que eu peguei antes de me obrigar a sair de perto da prateleira foi uma enorme garrafa de óleo de jojoba3. Agora eu tinha tudo que eu 3

óleo ojoba é a cera líquida produzido na semente da jojoba (Simmondsia chinensis) da planta, um arbusto nativo sul do Arizona, Califórnia, sul e noroeste do México.


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precisava. — Eu estou finalmente pronta para ir, — eu disse, cambaleando sob o peso da minhas coisas, enquanto eu liderava o caminho até a frente da loja. — Este lugar é absolutamente lindo, — eu disse a senhora de pé por detrás do caixa, assim que cheguei lá. — Os proprietários fizeram um grande trabalho de decoração, e as entregas são incríveis! Ela riu. — Bem, obrigada. Eu o decorei, e eu aprecio os elogios. — Você tem um site que posso encomendar mais algumas coisas da loja? — eu perguntei ansiosamente. Normalmente, eu abastecia meus estoques em uma loja perto de minha casa, mas ela é realmente pequena e não têm nem metade do o que você tem aqui. Ela riu novamente e acenou com a cabeça, me entregando um cartão de visita com o nome da loja e o endereço do site corajosamente impresso nele. Eu dobrei-o com segurança no meu bolso de trás quando ela começou a passar meus itens. Mamãe me surpreendeu pagando por minhas compras, me dizendo para guardar o dinheiro, e também pegou um CD de música clássica para ela. Eu sorria de orelha a orelha quando demos adeus à proprietária da loja e íamos embora. — Obrigado por ter-me trazido aqui, mamãe — eu disse, empilhando as bolsas no carro. — Foi divertido. Ela apenas sorriu para mim, e subimos em nossos assentos. Nós realmente não falamos no caminho de casa, mas ela colocou o CD que ela tinha comprado, e a música preencheu o silêncio. A viagem de volta foi calma e silenciosa, e eu realmente consegui


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ficar acordada. Mais tarde naquela noite, cercada por minhas compras recentes, eu estava ansiosa para finalmente voltar ao meu trabalho. Desde o desaparecimento abrupto de Kirsten, eu tinha perdido toda minha paixão para fazer perfume. Meu coração não estava ali, então eu desisti completamente. Mas hoje à noite era diferente. Senti-me centrada mais uma vez, pela primeira vez em muito tempo. Eu estava pronta para enfrentar um novo projeto. Eu não tive qualquer preocupação em ficar acordada enquanto eu preparava meu espaço de trabalho. Todas as vezes que eu faço um perfume novo, é necessária constante concentração e grande quantidade de anotações durante todo o todo o processo, então sabia que ia me manter ocupada. A meia noite veio e foi, e eu quase não notei. Quando deram cinco horas da manhã, fiquei surpresa que já era hora de tentar dormir um pouco. Dormi profundamente, e realmente acordei sentindo-me ansiosa e animada no final da tarde. Criação de novos perfumes era um negócio ardil. Envolvia várias rodadas de testes de diferentes combinações de óleo, à procura de reações, verificando notas, comparando amostras, escrevendo as novas notas e, em seguida iniciar o processo inteiro mais uma vez a cada nova escolha perfume. E eu amei cada minuto dela. Havia um milhão de combinações possíveis para um perfume, e cabia a mim encontrar aqueles que se complementavam. Às vezes era difícil, mas nunca era nunca entediante. E a melhor coisa sobre todo o processo foi que cada noite parecia voar. Elas não se arrastavam mais, ameaçando-me com sombras e sonhos.


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Eu comecei a trabalhar um pouco mais cedo cada noite, e dormir um pouco menos durante o dia. Depois de aperfeiçoar a fórmula para o perfume de Outono de mamãe, e a criar um perfume de inverno novo, eu decidi fazer algo diferente. Algo que me encheu de medo e mais do que um pouco de receio, mas uma coisa eu sabia que tinha que fazer. Eu ia fazer um perfume para Kirsten. Ela me pediu várias vezes para fazer um especificamente para ela, mas eu sempre hesitei. Era uma coisa desafiadora para se fazer, a criação de aromas para as pessoas que não só cheirava bem, mas que combinasse misturando com a química do corpo. Desde que Kirsten era minha melhor amiga, sempre senti uma pressão extra para me certificar de que sua assinatura no perfume dela caberia perfeitamente. Eu nunca quis desiludir ela de qualquer maneira. Mas dessa vez eu decidi tentar. Ele acabou sendo muito mais difícil do que eu jamais pensei que poderia ser. Eu não conseguia encontrar aromas que ficassem bem ao misturar, e depois de várias horas de trabalhar sobre eles, levantei da mesa de trabalho e caminhei ao redor da sala para esticar as pernas. Uma dor de cabeça estava começando a despontar entre meus olhos, e eu esfregava minhas têmporas com a ponta dos dedos. De maneira nenhuma poderia continuar trabalhando com fortes essências enquanto estivesse com dor de cabeça. Eu não conseguia me concentrar. Agarrando vários travesseiros no pé da minha cama, levei-os para o assento da janela e montei uma pilha. Esperava que, se descansasse os olhos só por um instante, a dor de cabeça ia embora... Esperava. Eu estabeleci-me em meu ninho de almofadas e descansei minha bochecha contra a vidraça. Foi legal e ajudou a aliviar um pouco o martelar em minha cabeça. Suspirei com o alívio temporário. A posição estava bastante confortável... Poderia ficar assim para horas. Quando abri meus olhos novamente, o mundo exterior estava em um tom suspeito de


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laranja. Então percebi que era o nascer do sol. Eu tinha dormido durante a noite, sem pesadelos. Ao longo dos próximos dias eu lentamente reajustei o cronograma do meu sono. Eu não adormecia até depois da meia-noite, mas pelo menos eu não estava mais dormindo durante o dia. O que era uma coisa muito boa, porque a escola começava na segunda-feira.


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Capítulo Quatro Primeiros dias ―Sua casa-escola era uma construção pequena de um quarto grande, rudemente construído de madeira; as janelas de vidro, em parte, e parcialmente corrigida com folhas de cópia de livros antigos.‖ — The Legend of Sleepy Hollow

Não foi até chegar a quatro quadras longe de casa, na segunda-feira de manhã que percebi que estava indo na direção errada. Parei, abruptamente no meio da calçada. Não haveria mais uma parada diária na casa de Kristen para buscá-la. Não este ano... E não no próximo ano. Isso não aconteceria nunca mais. Uma dor começou a latejar ao redor do meu coração, machucando meu peito. Esfreguei enquanto virava na direção do colégio e comecei a andar lentamente em direção à escola. Sozinha. Eu traguei o ar rapidamente, repetidamente, para tentar fazer com que a sensação fosse embora, mas não foi. Eu continuei sentindo como se estivesse esquecendo alguma coisa durante todo o caminho. Eu ainda estava ocupada com meus pensamentos quando cheguei aos portões de metal que marcavam a entrada do colégio e ao passar por eles, cheguei ao corredor principal. Um grande letreiro com letras gravadas à mão colado na parede à minha esquerda direcionava todo movimento ao ginásio para uma assembleia. Seguindo o som de tênis novo rangendo alto no chão de madeira, polido recentemente, eu me arrastava com a crescente multidão, apenas mais uma estudante em uma fila muito longa.


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Enquanto passava pela porta vermelha giratória, pude ver que diversas fileiras das arquibancadas de metal já tinham sido montadas e foram sendo preenchidas rapidamente. Forçada a me lembrar que ninguém iria guardar um lugar para mim este ano, eu dirigi-me ao fundo da sala e escolhi um lugar ao lado do setor geralmente reservado para os professores. Diretor Meeker estava meio sem jeito em um pódio montado em frente ao ginásio, e ele limpou a garganta ruidosamente várias vezes enquanto esperava que o rangido embaralhado de ruídos cessasse. Ele estava vestindo uma camisa Paisley marrom estilo anos setenta que não lisonjeava sua estrutura imponente, de nenhuma maneira e, infelizmente, já apontavam uma fraca marcação de suor embaixo de cada braço. Era totalmente nojento. Quando o barulho finalmente foi reduzido a um rugido maçante, o diretor Meeker bateu palma uma vez e começou a falar. — Bem-vindos de volta, alunos e professores. Eu acredito que todos tenham tido férias de verão boas e educativas? Suas sobrancelhas grossas subiram em expectativa e ele fez uma pausa. Após um momento de silencio constrangedor, ele ajeitou seus óculos e voltou a falar. — Antes de falar de algumas regras gerais para o próximo ano letivo, eu queria discutir uma recente tragédia que tem afetado muito nossa escola e comunidade. Como a maioria de vocês já sabe durante as férias de verão Kristen Maxwell foi envolvida em um... er... afogamento fatal... acidente. Eu podia ouvir o deslocamento nos bancos, de repente centenas de cabeças pareciam girar e olhar na minha direção.


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Hollow High tinha apenas cerca de quatrocentos alunos, e naquele momento senti como se cada um deles estivesse olhando pra mim. Meus olhos trancaram-se ao chão. Concentrei-me fixamente no dedo do pé do meu sapato, assim não teria que vê-los todos olhando pra mim. Quanto tempo ele vai falar sobre isso? — À luz deste acontecimento, teremos conselheiras extras à disposição de todos que precisem de algum tipo de ajuda. As cabeças deslocaram-se e eu já não era o principal tema de interesse. — Eles estarão disponíveis antes e depois do período de almoço no escritório do conselheiro durante toda a semana. Por favor, não hesite em parar e ver um deles se você sente que precisa conversar com alguém sobre isso. Ele olhou para nós e as sobrancelhas ressuscitaram. — Apenas lembrem-se, pessoal, isso não é um passe livre. Os conselheiros só podem ser utilizados por aqueles que, legitimamente, necessitam deles. Então ele começou a compartilhar algumas de suas memórias sobre Kristen e abriu a palavra para qualquer pessoa que quisesse fazer o mesmo. Vários professores se levantaram e disseram todos os habituais sentimentos falsos. Coisas que as pessoas dizem quando realmente não conhecem a pessoa, mas sentem-se obrigados a elogiá-los de alguma forma. O momento passou como se estivesse através de uma névoa. De vez em quando alguém olhava novamente em minha direção e me dava um olhar claramente perguntando quando eu iria levantar e falar.


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Eu estava realmente começando a ficar cansado desse olhar. De outras pessoas tentando decidir o que eu deveria ou não fazer. Finalmente três meninas soluçando, fungando, com olhos lacrimejantes levantaram-se e fizeram seu caminho lentamente para frente da sala. Elas eram, naturalmente,

as

mais

perfeitamente

vestidas,

perfeitamente

confeccionadas,

perfeitamente pessoas coordenadas de toda a escola. Um sussurro de emoção varreu a multidão. Todo mundo sabia quem eram essas garotas. E eu sabia que nem uma única delas jamais se preocupou em dizer qualquer coisa para Kristen, ou para mim, já que tínhamos começado o ensino médio juntas. A mais alta, e claramente a líder do grupo, Shana Williams, falou primeiro. — Nós só queríamos dizer que não podemos acreditar que uma coisa tão terrível tenha acontecido. Perder um dos nossos colegas em tão tenra idade é tão... tão... trágico.— Ela fungou delicadamente e jogou seu cabelo loiro perfeito com uma mão. Revirei os olhos. Essas meninas não se importam com Kristen. Tudo o que importava era a atenção que estavam recebendo. — A equipe de torcida do colégio decidiu dedicar esta temporada para a memória de Kristen Markell. — Aubra Stanton falou do meio do grupo. Ela era a única morena do grupo. — Faremos o nosso melhor pra que a memória dela fique viva em todos nós.— Eu bufei alto quando ouvi isso, fazendo com que vários professores me olhassem com simpatia. Elas provavelmente pensaram que eu era uma escolha contínua da minha


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dor ou algo assim. A loira menor, Erika alguma coisa, teve a sua vez. — Ela era apenas uma pessoa tão boa, sabe? Eu não posso acreditar que ela realmente se foi. — Ela imediatamente se explodiu em soluços delicados, sendo muito cuidadosa para não manchar sua maquiagem intocável, enquanto as outras duas meninas a abraçavam. Eu quase engasguei. Primeiro, elas nem mesmo sabiam o sobrenome de Kristen, e em seguida elas tiveram a audácia de se levantar e agir como se elas tivessem sido melhores amigas a vida toda? Que besteira. Elas não se preocupavam com Kristen. Elas não tinham conhecido Kristen. O som das minhas botas batendo no chão de madeira ecoaram alto pela sala enquanto eu me levantei e fiz meu caminho pra fora do ginásio. Eu deixei a porta se fechar atrás de mim e não me incomodei em olhar pra trás, preferindo para o maior reservado do banheiro mais próximo para me esconder até que o sinal tocou para o primeiro período. Este ia ser um ano bem longo. A manhã se arrastou, e enquanto todos os outros à minha volta se esforçaram para voltar ao hábito de ouvir professores e tomando notas novamente, eu lutava para não pensar em Kristen. Não havia sequer uma cadeira esperando por ela. Como se ninguém esperasse que ela voltasse.


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Quando o sinal tocou, finalmente, sinalizando o fim da aula de história e o início do almoço, eu deslizei para a fora da porta e corri para o refeitório. Eu precisava desesperadamente de um intervalo. Mas não era mais fácil lá dentro, e eu automaticamente procurei a multidão pelo rosto de Kristen, enquanto eu caminhava para o nosso local de costume. Algumas pessoas sorriram para mim quando passavam por ali, mas eu não consegui sorrir de volta. Eu não queria piedade. Ou companhia forçada. Depois de vinte minutos excruciantes, gastos escolhendo minha comida, eu saí do refeitório, antes da multidão chegar ao corredor principal. Indo para o meu armário, eu estava grata pelo armário de Kristen não ter sido atribuído a ninguém ainda, pois estava diretamente junto ao meu. Enquanto ele estivesse vazio, eu não teria que aturar alguém novo tentando assumir seu espaço. Eu pulei quando o segundo sinal tocou, e então, peguei minha mochila em um movimento assustado. Batendo a porta do meu armário, corri para a próxima aula. A tarde se arrastou ainda mais lenta do que a manhã, e cada segundo era angustiante. Fiquei aliviada ao descobrir que a minha última aula do dia, era apenas uma sala de estudo de curta duração. Uma sala de estudo, eu aprendi rapidamente, juniores e seniores que foram autorizados a pular para o segundo semestre do ano letivo. Esse foi meu ponto alto do dia todo. Mas mesmo o breve momento de felicidade desapareceu, e cinco minutos depois eu estava pronta pra ir. Os dezoito minutos que faltavam até a liberdade pareciam mais como dezoito horas. Já que não estava indo realmente estudar ou qualquer coisa, e ninguém estava sentando próximo a mim, apoiei meus livros até esconder minha cabeça para trás e fechei os olhos. Por um tempo eu só me sentei lá. Pensando no dia até agora e temendo o resto do ano escolar.


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Talvez eu devesse falar com minha mãe sobre estudar em casa... Foi o zumbido alto da campainha e alguém batendo na minha carteira escolar que me acordou abalada. Limpando algumas babas no canto da minha boca com uma mão, eu olhava ao redor pra ver se alguém tinha notado. Felizmente, não havia ninguém para perceber. Eu era a única que ainda estava aqui. Agarrando os livros na minha frente, empurrei-os para a mochila e me dirigi para a porta. Um dia acabado, oitocentos milhões a mais para ir. Peguei o longo caminho para casa, pensando nas horas dolorosas que passei na escola. Não tinha sido agradável, e a última coisa na terra que eu queria fazer era repetir o dia de hoje de novo. Essa ideia de estudar em casa estava começando a soar cada vez melhor. Logo que cheguei à porta de trás e entrei na cozinha, a voz da mamãe me cumprimentou. — Então, como foi seu primeiro dia? O Diretor ligou. Todos os pensamentos de escola-em-casa imediatamente deixaram meu cérebro, e eu estava congelada no lugar. Uns milhões de cenários diferentes passaram por minha mente, enquanto eu assimilava a informação. O que fez o diretor ligar? Estou em apuros pela tempestade fora da reunião? Ou por tirar um cochilo na sala de estudo? Como devo jogar isto? Eu testei a maré lentamente, encolhendo os ombros com indiferença. — Foi tudo bem. Direto Meeker fez uma reunião e mencionou Kristen...


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Olhando com o canto do meu olho, vi que mamãe estava trabalhando em alguns pápeis na mesa, e eu suspirei de alívio. Isso sempre foi um bom sinal. Isso significava que ela estava pensando em algo mais importante do que eu. — Sobre isso que ele ligou. Ela nem sequer olhou pra mim, mas arrastou alguns jornais ao redor. — Ele estava deixando todos os pais cientes sobre os conselheiros extras disponíveis na escola. Espero que você vá dar um bom exemplo para os outros alunos, Abigail. Eu não tinha ideia do que ela quis dizer com isso. — Claro, mãe. — Tanto faz. — Eu vou lá pra cima pra começar meu dever de casa agora. Me chama quando o jantar estiver pronto? — Ok. — Ela respondeu distraidamente, e eu aproveitei para fazer uma fuga rápida para o meu quarto. Jogando minha mochila em cima da cama, fechei a porta atrás de mim e andava pelo quarto, sentindo enjaulada e inquieta. Eu não sabia o que fazer comigo mesma. Eu deveria estar com a Kristen agora. Caminhando pelo cemitério ou passeando na ponte. Falando sobre o primeiro dia de volta à escola e quem tinha usado o quê. Compartilhando observações enquanto lamentávamos sobre como era injusto os professores ordenarem deveres na primeira noite... Qualquer uma dessas coisas.


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Isso não está certo. Eu não estava acostumada a ser tão sozinha. Desesperada para ouvir a voz dela, para me enganar em pensar que tudo estava normal de novo, peguei meu telefone e liguei para o número dela. Fui recebida por um frio automático do-número-que-você-ligou-não-está-mais-na-mensagem-de-serviço. Eu não podia sequer ouvir a sua voz gravada mais. Desmoronando em minha cama, fui bombardeada com imagens do dia. Foi confuso, e devastador, e eu não conseguia mais conter as lágrimas. Eu ainda podia ouvir Diretor Meeker anunciando a morte de Kristen na frente de toda escola. Eu podia ver o armário abandonado junto ao meu, onde ela deveria ter continuado com as coisas dela. Ligar para o telefone dela e não ter resposta... Escorregando para o chão, me enrolei numa pequena bola e balancei pra trás e pra frente; tentando afastar a dor e o vazio, pôr de volta dentro daquele lugar escuro, então eu não iria mais sentir isso. Um aperto agarrou meu coração e estava apertando toda a vida dentro de mim. Eu não podia lidar com este tipo de dor. Era muito grande. Muito bruto. Muito. Quando minha mãe me chamou pra jantar, eu disse a ela que não me sentia bem e estava indo pra cama cedo. Não era uma mentira total, pois meu peito doía e eu me sentia mal do estômago. Mas eu não tinha intenção de ir para cama. Em vez disso, eu terminei todos os meus trabalhos de casa e comecei a trabalhar no perfume de Kristen. Foi uma noite longa e desgastante e eu não dormi. No dia seguinte eu tive um tempo difícil pra me concentrar em minhas aulas na escola e acabei adormecendo na sala de estudos novamente. Mas sabia que não importava. Ninguém se importou com o que eu fazia mesmo assim.


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Na tarde de sexta-feira eu arrastei meu traseiro depois que o último sinal tocou e praticamente corri da sala de aula, mas me acalmei logo que deixei o prédio. Por um lado, fiquei extremamente feliz que iria fazer uma pausa de dois dias daquele inferno miserável que suga alma chamado escola, mas por outro lado, não era como se eu estivesse indo ter todo tipo de diversão ficando sozinha em casa. Eu me arrastava em direção a casa, mas na última hora mudei de direção. Talvez eu não tenha que gastar todo o meu tempo em casa. Bati duas vezes quando cheguei à porta dos Maxwell, fiquei sem jeito na frente da varanda. Normalmente, eu teria seguido Kristen na direita, mas as coisas são... diferentes agora. Então, eu esperei. A mãe de Kristen abriu a porta, e um sorriso largo dividiu seu rosto quando ela viu que era eu. — Abbey, venha. Você não tem que bater. Eu achei que era o carteiro. Eu sorri e entrei no familiar corredor, tentando dificilmente não pensar na última vez que estive aqui. — Hey, Sra. M., eu só queria parar e dizer oi. Com o início da escola e durante toda essa semana, eu tenho estado... ocupada. — Eu terminei indevidamente. Bem, algo assim. Triste, oprimida, chateada, magoada. Ocupada? A mesma coisa. Acenou-me para a sala e sentou-se num pequeno sofá azul bebê, enquanto eu escolhi uma poltrona verde e rosa florida, próxima.


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— Então, como o primeiro ano vai indo até agora? — Ela me perguntou, inclinando-se ligeiramente. — Eles dizem que o primeiro ano é quando você começa todo o trabalho duro fora do caminho para que você possa aproveitar seu último ano. Forcei um sorriso falso. — Eu não duvido. Muito trabalho duro neste ano, isso é verdade. Vai ser difícil. — Com certeza será. Ela disse suavemente, dobrando as mãos juntamente e descansando-as em seu colo. — Eu sei que Kirsten – Sua voz quebrou no nome, mas ela continuou falando. — Bem, ela estava ansiosa por este ano. Ela não conseguia esperar pelo baile de formatura, e começar a procurar por faculdades. Inclinei-me mais perto dela, dei uma palmadinha no braço. — Eu sei que ela estava, Sra. M, eu sei. Eu tentei pensar em outra coisa pra falar. Isso não estava indo muito bem. — Ela deveria estar aqui, Abbey, com você. Sua exclamação repentina ecoou meus pensamentos do início da semana.


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— Começando a escola. Fazendo lição de casa. Fazendo planos para o final de semana. Não... isso. Ela olhou ao redor da sala, impotente. — Agora é só uma casa vazia. — E se ela ainda estiver lá fora?— Perguntei-lhe, de repente. — Por que você desistiu tão cedo? — Eu sabia que não deveria dizer essas coisas, mas eu não consegui parar. O filtro entre meu cérebro e minha boca explodiu espontaneamente. Ela olhou pra mim com tristeza. — Você sabe que ela não está lá fora, Abbey. Você sabe o que encontraram. Ela não podia dizer isso, mas eu sabia do que ela estava falando. — A polícia deveria ter feito mais. — Eu disse com raiva. — Eu vi como essas coisas funcionam em Lei e Ordem. Eles não desistem tão facilmente, e trazem em outras agências. E quanto ao FBI? Por que não chamaram eles? Eles teriam feito alguma coisa. Só porque ela está desaparecida, não significa que está morta. — Não é como se fosse a primeira vez que isso acontece. — Ela refutou. — Quando aquele velho homem caiu ano passado, não encontraram seu corpo por seis meses.


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— Eu sei. É que...— Eu suspirei e sacudi a cabeça. — Como não houve pedido de resgate, nenhuma evidência de sequestro. — E o sangue?— Eu interrompi. — Isso poderia significar que alguém a machucou. Desta vez foi a vez dela balançar a cabeça. — A polícia sabe o que está fazendo, Abbey. Eles disseram que a pequena quantidade de...sangue... na pedra não era compatível com alguém que bateu com a cabeça e caiu. Você já sabe. — Sim, bem, eu ainda acho que eles deveriam estar procurando mais. Como a polícia na TV. — A vida não é um programa de televisão. Ela suspirou cansada antes de se levantar do sofá. — Você quer sorvete? Acho que preciso de hortelã duplo com chocolate agora. Eu assenti, e ela saiu da sala por um instante, antes de voltar com uma caixa grande e duas colheres. Passamos o balde de sorvete pra frente e pra trás várias vezes antes de falar novamente. — Eu não quero desistir dela, Abbey. — Ela disse claramente.


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— Mas precisávamos de algum tipo de encerramento. Com Thomas era diferente. Desta vez nós precisávamos ter algum tipo de fim para tudo. Você entende isso? Eu não entendo. Mas eu desejo com todo meu coração que a tristeza possa ir embora pra ela tão facilmente como o sorvete fazia.


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Capítulo Cinco Escolhas ―Ao longo de um profundo riacho negro, não muito longe da igreja, que antigamente era uma ponte de madeira... Este era um dos lugares favoritos do Cavaleiro Sem Cabeça...‖ — The Legend of Sleepy Hollow

Na terça-feira seguinte, depois de mais um dia difícil na escola, eu tinha uma sensação muito forte que se eu fosse pra casa, ia acabar no chão do quarto novamente, balançando pra trás e pra frente. O que não era uma expectativa agradável. Eu descartei a ideia e comecei a andar, sem saber a onde estava indo, mas sabendo que tinha que continuar. Quando cheguei a uma bifurcação na estrada, fiz uma pausa, pensando sobre minhas opções. Alguma coisa me puxou e disse que direção tomar. Cinco passos depois, os dois enormes portões de ferro que marcava a entrada do Cemitério Sleepy Hollow me cumprimentaram. Inspirei profundamente, dei um passo pra trás, e dois passos pra frente... e conclui meu destino. Eu nunca pensei que algo tão simples como andar pudesse ser tão difícil, mas o primeiro passo era grande. E tão difícil de tomar. Cada movimento que fiz parecia que iria destruir a terra, pois me lembrava da última vez que estive aqui nesse cemitério... a razão pra isso... Não era uma boa memória.


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Concentrando em colocar um pé na frente do outro, eu andei lentamente ao longo do caminho. Eu sabia onde tinha que ir, havia alguém com que eu precisava conversar. Lápides de todas as formas e tamanho apareceram pelo caminho. Jazigos de famílias de muitas gerações foram escondidos atrás da estreita cerca que servia para separar do canteiro. Frágeis barreiras erguidas entre os vivos e os mortos. Mausoléus e criptas, com nomes desbotados que eu sabia de cor, erguiam-se majestosamente para fora da terra. Suas laterais, apesar de devastado pelo efeito do tempo, ainda fornecia um lugar seguro para os corpos que descansam lá dentro, e eu assenti com a cabeça em sinal de respeito às casas dos que partiram. E então eu andei para a cadeira. Ela ainda estava aqui, descansando ao lado de sua sepultura. A fina cobertura de grama agora cresceu acima da superfície da sepultura e flores frescas cercava a borda do canteiro. Acenei olá rapidamente antes de seguir em frente. As árvores em volta de mim estavam explodindo com as cores vivas de outono. Era absolutamente maravilhoso, e eu parei por um momento para aproveitar tudo. Então, eu percebi o quanto eu realmente sentia falta de visitar esse lugar. Era minha casa. Meu santuário. Quando finalmente cheguei ao fim do caminho, virei à esquerda e sai em volta de outro enorme mausoléu esculpido do lado de uma colina. Uma porta de ardósia gigante protegia a entrada, mas meu destino era um próximo lugar... Túmulo onde Washington


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estava. Depois de seguir os estreitos degraus de pedra que me levou num caminho até um pequeno portão de ferro, empurrei vagarosamente o portão aberto e cruzei para o jazigo da família Irving. Eu sabia que este lugar era melhor do que qualquer outro. Kristen e eu parávamos aqui quase todos os dias. Quando éramos mais jovens, brincávamos de faz de conta entre as lápides e gastávamos horas especulando sobre um lendário escritor que fez nossa pequena cidade tão famosa. Nós tínhamos sonhado com as figuras míticas enterradas abaixo da velha seção holandesa e cada uma tinha um medo bobo de histórias de fantasmas que envolvem o Cavaleiro Sem Cabeça4. E em mais de uma ocasião nós compartilhamos nossos segredos para uma contadora de histórias que tinha partido há muito tempo, porém, ainda nos fascinava com suas palavras. Eu não poderia pensar numa forma mais perfeita de ter passado minha infância. De repente, a memória esquecida de um projeto escolar da quarta-série veio à minha cabeça, e sorriu pra mim. Sentia que tinha sido uma vida desde que Kristen e eu cautelosamente copiamos cada nome das lápides Irving e usamos informações de velhos jornais da biblioteca para projetar uma árvore genealógica. Nós também montamos um boletim da família que detalhava os destaques e os favoritos da vida de cada pessoa. Foi um A++ para nós duas. Kristen estava tão orgulhosa do + extra que o professor tinha nos dado. Foi tudo que ela falou durante dias. Eu balancei minha cabeça, e a memória desapareceu novamente 4

"The Legend of Sleepy Hollow" (em português: "A lenda do Cavaleiro Sem-cabeça" ou "A lenda da caverna adormecida") é um conto de Washington Irving incluído na coleção The Sketch Book of Geoffrey Crayon, Gent., escrita enquanto o autor vivia em Birmingham, Inglaterra. A primeira publicação foi em 1820. Ao lado da história de "Rip Van Winkle", "The Legend of Sleepy Hollow" é um dos primeiros exemplos da ficção norte-americana, lidos até hoje.


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afastada para o fundo da minha mente. Realmente tinha sido uma vida inteira pra trás. Dela. Vagando lentamente entre as lápides, levei um tempo para ler as datas e as palavras inscritas sobre elas, dizendo olá a todos da família enquanto passava. Parei próximo a um enorme carvalho que ficava no meio do terreno e passei os dedos sobre as iniciais gravadas nela. Tantas cartas. Tantas histórias diferentes. Mas eu não demorei muito tempo, e quando cheguei à Pedra da Vida de Washington, olhei para a visão familiar de oferendas deixadas para trás por seus adorados fãs. Pilhas de moedas, tostões, vinte e cinco centavos, e até mesmo moeda estrangeira eram empilhadas em torno de sua lápide. As pessoas faziam isso sempre - ou pelo menos enquanto eu vivi aqui - e eu ainda não consegui descobrir a lógica por trás disso. Havia também um par de pequenos papéis dobrados em pequenas pedras ao lado da sepultura. Mensagens, sem dúvida, escrito por um autor famoso. Em uma cidade que celebra e reverencia — A Lenda de Sleepy Hollow — era impossível não aprender sobre Washington Irving. Suas obras eram leituras obrigatórias no currículo escolar como parte da história da cidade, e os alunos eram incentivados na aula de inglês a escreverem carta pra ele, a cada ano Kristen e eu tínhamos escrito várias vezes pra ele. Um monte de crianças gostaram do elemento extra-perigoso que foi entregue junto com uma carta aos mortos na noite de halloween. Nos também tínhamos feito isso. Mas para mim, — A Lenda— sempre foi... mais. Mais do que apenas uma tarefa da escola, ou uma obsessão da cidade. Mais do que apenas um assunto pra falar com a minha melhor amiga. Isso significava mais do que qualquer outra coisa. Eu não sei qual era a conexão, ou porque ainda tem, mas eu acho que sempre esteve lá. Agora por mim, eu arranquei umas violetas solitárias de um ramo de flores que cresciam ao lado da árvore de carvalho para deixar meu sinal.


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— Bom dia pra você, Sr. Irving. — Eu falei baixinho enquanto abaixava para colocar a flor ao lado de uma pilha de moedas. Eu me endireitei, e depois hesitei, não sabia como começar. — Lamento não ter visitado por um tempo. Algumas coisas... mudaram.— Eu não podia pensar muito sobre o que dizer, ou como dizer, então eu deixei as palavras virem naturalmente. — Kristen não veio visitar você também. Ela não vai voltar... não mesmo. Houve um acidente. As palavras soavam ocas e alheias para meus ouvidos. — Há muitos rumores, mas nenhum deles é verdadeiro.— Falei rapidamente, pra poder conseguir isso. — Eles dizem que ela se afogou no rio Crane, mas eles ainda não encontraram o corpo. Um funeral foi realizado há duas semanas. Enterraram o caixão vazio. — Minha voz falhou na última frase, e parei por um minuto. — Isso.. isso é muito bonito. Eu não estava esperando algum tipo de resposta e, obviamente, eu não tive nenhuma. Uma leve brisa passou, e por um segundo eu juro que senti o som de duas meninas rindo. Ouvi mais de perto, mas desapareceu. Não havia ninguém lá. Eu seguia o título da lápide, enquanto infelizmente sussurrava: — Sim, ela não vai voltar. Um ruído suave me distraiu, e me virei para ver um velho de cabelo grisalho tirar as folhas dispersas que haviam caído sobre o pequeno canteiro. Eu não tinha ideia de quanto tempo ele esteve ali, ou o que ele ouviu, mas ele foi surpreendentemente gracioso ao mover a pilha de folhas em torno da sepultura. Depois de fazer cinco ou seis pilhas, ele puxou uma escova de seda do bolso e começou a limpar a parte superior de cada sepultura. Ele não disse nada para mim, ou até mesmo agiu como se soubesse que eu estava lá. Eu lhe dei mais alguns minutos e, em seguida, me aproximei


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dele quando ele caiu de joelhos e começou a tirar ervas que atingem ao longo da borda da grade de ferro. — Eu posso te ajudar com isso, se quiser.— Eu ofereci. Ele olhou pra mim com grandes olhos castanhos que tinham profundas rugas no canto. Ele pareceu surpreso por querer ajudá-lo. — Eu agradeço seu oferecimento, e aceito.— Disse ele suavemente. Olhei para ele interrogativamente. Ele estava falando sério? A maioria das pessoas de idade que eu conheço não sabe falar dessa maneira. Então ele sorriu, e seus olhos brilhavam. Eu poderia dizer que ele sabia exatamente o que eu estava pensando. Me envergonhei, caí de joelhos e comecei a arrancar as ervas descontroladamente, indiferente das manchas de grama que meu jeans provavelmente iria suportar. Trabalhamos lado a lado em silêncio por alguns minutos e, em seguida ele sentou-se de repente. Algo estava em sua mão, e ele mostrou-a para mim. — Olha, temos um prêmio aqui. Olhei duramente para folha verde descansando em sua mão alinhada e cicatrizada. — Hera venenosa? — Adivinhei. Ele sorriu e abanou a cabeça. — Não, algo melhor.


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Em seguida, ele rasgou a folha em duas partes, estalou parte dela em sua boca, e começou a mastigar. Eu vi como ele era louco. Se ele começasse a ter uma convulsão, ou a espumar, eu estava pronta para correr por uma segunda ajuda. — É hortelã. — Ele disse, rindo da minha expressão e segurando a outra metade da folha para mim. Eu, cautelosamente, aceitei a oferta, olhando para ele como um camelô. Levando até meu nariz, eu cheirei profundamente, e fui surpreendida pelo forte aroma. — Você está certo. — Cheirei de novo, sentindo o perfume um pouco mais familiar a cada respiração. — Eu nunca vi isso crescendo antes. Estou acostumada a encontrá-lo em garrafa.— Ele pareceu surpreso, mas satisfeito. — Que maravilha! Tem muitas utilidades. Eu assenti. — Eu uso óleo de essência de hortelã com pimenta e misturo outros óleos para criar perfumes. Era estranho, dizer uma coisa tão pessoal como isso a um desconhecido, mas eu senti orgulho dele parecer satisfeito porque eu sabia o que era. Ele sorriu entusiasmado e se inclinou para trás de seu trabalho. — Essa é uma maneira muito criativa para usá-lo. Quando ele se calou, olhei para ele, realmente vendo pela primeira vez o estranho com que eu estava trabalhando. Ele usava um macacão azul empoeirado, que obviamente tinha sido remendado várias vezes combinando com uma camisa com botão baixo de manga curta. Suas botas pretas eram velhas e usadas, mas elas tinham uma aparência


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confortáveis. Seu cabelo grisalho tocou suavemente o vento, ele parecia ser um avô agradável. — Eu sou Abbey, a propósito. — Eu disse. — Na verdade, é Abigail, mas eu acho Abbey melhor. — Meu nome é Nikolas.— Ele respondeu. — É um prazer conhecê-la, Abbey. Eu comecei a trabalhar com a grama de novo, e não demorou muito para nós dois fazermos o caminho em volta da cerca. Logo que terminamos, arrastamos através das plantas e acrescentamos uma pilha de folhas. Eu não tinha certeza do que fazer depois. — Então, hum, você é amigo da família ou algo assim? — Perguntei meio sem jeito. — Acho que pode se dizer isso. — Respondeu Nikolas. — Você sabe se eles têm um zelador no cemitério que eu suponho fazer esse tipo de coisa, certo? O nome dele é John. Eu tinha encontrado John várias vezes antes, e embora ele fosse muito bom no seu trabalho, ele não era muito amigável. Mas eu acho que precisa de um certo tipo de personalidade para ser capaz de trabalhar sozinho apenas com a companhia dos mortos todos os dias. Definitivamente não é um trabalho para uma pessoa do povo. Nikolas puxou um saco de lixo preto do outro bolso e rapidamente encheu-o com as ervas e as folhas antes que tivesse a chance de oferecer ajuda. — Os velhos hábitos são difíceis. — Disse ele ao amarrar um nó no topo do saco. — Eu sou algo como um zelador.


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Ele sorriu para mim, e os cantos dos seus olhos se enrugaram novamente. — Obrigado por sua ajuda hoje, Abbey e tente relembrar a boas memórias. Elas vão ajudar as mais tristes. Eu vi de perto como ele levantou o saco sobre o ombro e desceu as escadas estreitas, tomando o caminho que o levou para o outro lado do cemitério. Então, obviamente, ele ouviu o que eu disse. E ainda não me incomodou e isso foi estranho. Parando por um momento, eu sabia que meu tempo aqui ainda não havia terminado. Acenei um silencioso adeus à família Irving, tomei meu caminho de volta até o portão, em direção a Velha Igreja Holandesa. Um pavor encheu a boca do estômago no momento em que a estrutura de pedra apareceu à frente, grande e imponente. À minha direita era a Ponte de Washington Irving, onde Kristen tinha caído. À minha esquerda estava o local do enterro de Kristen. Eu olhei em ambas as direções, numa escolha perdida a fazer. Mais uma vez eu senti um puxão. Foi uma invisível direção me conduzindo para o meu destino, me dizendo para onde ir. Então eu escutei. Eu escolhi a ponte. A ponte de Washington Irving era um projeto interminável que ainda estava em construção. Quando era admitida a hipótese para ajudar, traziam mais turistas para recriar a famosa ponte coberta que Ichabod Crane tinha caçado ao longo da — A Lenda— , tudo o que tinha feito até agora foi criar engarrafamentos. E os turistas não gostam de tráfego. Portanto, o plano tinha sido um grande fracasso. Com o atraso da investigação do acidente de Kristen, e os meses de inverno chegando rapidamente, uma retenção temporária tinha sido aplicada ao plano. Da maneira que as coisas estavam indo, provavelmente seriam mais três anos até a ponte ser concluída. Caminhei lentamente até a margem do rio e parei ali. A água escorria agitada e borbulhante, em seu frenético movimento. O salto repentino de um esquilo vibrou em uma


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árvore próximo a mim me assustando, e me movi em direção à ponte. Em direção ao nosso lugar. Muito antes da cidade decidir reconstruir a ponte, Kristen e eu conhecemos no Rio Crane, um nomeado professor desengonçado e apaixonado que se assustou por causa do Cavaleiro no conto da Vida de Washington. Uma plataforma que tinha ficado na parte velha da ponte serviu diretamente um dos concretos de apoio das torres, ele fez um assento fantástico. As vigas de madeira fizeram uma espécie de banco, e seus pés podiam oscilar ao longo do mar aberto. Não havia qualquer grade em frente para segurá-lo no lugar, ou pegálo se caísse, mas era como se estivesse, literalmente, sentado em cima do rio. A construção que tinha feito recentemente fez a plataforma um pouco mais rígida para chegar, mas eu ainda era capaz de alcançar. Eu subi na torre e me prendi, olhando para fora sobre a água. O sol estava quente no meu rosto, mas estava frio por dentro. Se tivesse acontecido realmente aqui, nesse lugar? Eu nunca iria ter outra oportunidade de sentar debaixo dessa ponte e falar com Kristen de novo? Tudo parecia tão surreal. Esta não era a minha vida como eu imaginei. Um carro estrondou por cima, e senti toda a vibração em todo o caminho aos meus pés, mas eu ignorei. Em vez disso, pensei no ano passado, como nossos primeiros dias depois da escola tinham sidos gastos nessa ponte... — Você nunca vai adivinhar quem me perguntou se você está tendo Francês esse ano. — Eu brinquei com Kristen. Seus olhos castanhos se arregalaram. — Quem? — Oh, poderia ter sido Trey Hunter. — Estraguei minha compostura com um grande sorriso.


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— Ele me perguntou onde você normalmente se senta, e se alguém em especial senta perto de você. Meu sorriso cresceu mais ainda quando vi seus olhos se iluminarem com a notícia. — Ele até me agradeceu muito bem depois que eu disse. Acho que ele gosta de você. Ela corou e desviou o olhar. Então, seu sorriso desapareceu um pouco, e ela balançou a cabeça. — Ele provavelmente só quer me perguntar se eu vou trocar de lugar com ele, ou algo assim. Eu não acho que ele realmente queira se sentar ao meu lado. — Você não sabe, Kris. — Sim, eu sei, Abbey. Eu simplesmente.. sei. — Ela encolheu os ombros. Quando ela se virou para mim novamente, a triste Kristen desapareceu e a feliz Kristen estava de volta em seu lugar. — Eu tenho que te mostrar essa nova camisa que eu consegui. — Ela disse entusiasmada. — È um profundo Borgonha, com espartilho de laço na frente. Mas você tem que me deixar usá-lo pelo menos uma vez antes de pegar emprestado, ok? Porque eu sei que você vai totalmente tentar roubá-lo de mim.


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Nosso riso saltou para a água e veio ecoando de volta para nós. Algo pegou no canto da minha visão e eu perdi o som do riso, estalando de volta à realidade com um golpe afiado. Virei à cabeça lentamente, seguindo uma sombra até que eu podia ver claramente o que era. Um pequeno pedaço de fita amarela na cena do crime flutuava ao longo da borda da superfície da água, enrolando na parte de um galho de árvore. Era uma lembrança cruel de que outra coisa tinha acontecido aqui. Eu olhei para a fita, vendo nas ondas da água, e em seguida batendo contra a árvore. Isso não faz parte daqui. Não pertence a lugar algum, mas especialmente em algum lugar que significava muito para mim. Descer do meu lugar era fácil. Eu havia feito isso mil vezes, e não demorou muito para os meus pés baterem firmemente ao redor. Na verdade, retirar o pedaço da fita não foi tão fácil. Eu tentei, a princípio, chegar ao rio e simplesmente livrá-lo da árvore, mas foi preso fortemente com o galho. Então agarrei uma vara com uma ponta afiada e tentei usá-la para desengatar. Mas eu estava muito longe. Não importa o quanto eu mexia, a fita ainda estava pendurada. Então eu tentei me inclinar mais para fora, sobre a água. O que apenas resultou em fazer com que eu segurasse a vara por mais tempo. O mais perto que consegui, a menos que quisesse encaixar naquele pedaço de fita. Pensei em quebrar a vara, mas podia ficar muito curta. Eu teria que surgir com alguma solução diferente. A ideia da vara não estava funcionando. Levantando ao meu redor, vi uma grande pedra que parecia que poderia ser capaz de me dar à assistência que eu precisava. Era o suficiente para chegar perto da árvore se eu estivesse sobre ela, e poderia quebrar a vara e tentar chegar à fita. O único ponto negativo foi que a pedra estava na água. Se eu realmente quisesse aquela fita, ia ter que me molhar. Olhei em volta mais uma vez, um check duplo nas minhas opções. Não havia outras opções. Era isso ou nada. Apoiando juntamente a margem do rio até encontrar um local mais seco e menos lamacento, tirei minhas botas. Depois vieram as minhas meias. Eu meti-as dentro das botas e enrolei o jeans na minha perna até o joelho. A água parecia


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muito alta, e eu não queria ficar mais molhada do que era absolutamente necessário. O primeiro passo correu um arrepio por mim. Ainda que mal cobrissem meus pés, a água estava fria. Eu entrei um pouco mais fundo, rangendo os dentes enquanto o frio rastejava até meus tornozelos. Deixando meu corpo se acostumar com a temperatura apenas por um momento, eu mergulhei para frente, tentando não me cutucar com a vara que eu estava arrastando atrás. Três passos a mais, e eu alcancei a pedra. Subi com cuidado, tentando me equilibrar com a vara na mão. Logo que tive os dois pés firmemente posicionados, eu levantei a vara para cima e quebrei um pedaço para encurtá-la um pouco. Então apontei na direção da fita na cena do crime. A fita deslizou da árvore e desceu para cima da vara. Eu agarrei e segurei na minha mão. Dedilhando a fria e úmida textura enrugada. Eu li as palavras LINHA POLICIAL: NÃO ATRAVESSE repetidas vezes, pensando sobre a razão pela qual tinha sido colocado aqui. E então, meu pé escorregou. A perda repentina de equilíbrio me surpreendeu, e me deixou lutando descontroladamente para recuperar o apoio para meus pés. Eu não podia cair. Não importa o que aconteça, eu não poderia cair. Isso não poderia acontecer comigo também. Eu deixei cair a vara e a fita, e me inclinei ligeiramente à minha esquerda. Um duplo empurrão depois, e uma breve pancada de vento, e eu era capaz de recuperar meu equilíbrio. Vi a fita amarela flutuando no rio, afastando-se ao longo da corrente até que estava fora de vista. Agora que ela tinha ido embora, a paisagem parecia normal novamente.


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Pisando com muito cuidado para fora da pedra, eu fiz meu caminho lentamente de volta à margem. A água não tinha a sensação tão fria agora, mas rodopiou em torno dos meus tornozelos em um movimento arrastado. Foi uma sensação perigosa, como se eu fosse ser arrastada para fora dos meus pés e levada a qualquer momento. Quando cheguei mais perto da borda do rio, eu prestei muita atenção na margem do rio. Qualquer quantidade de surpresas desagradáveis podia estar escondida lá. Coisas que eu não queria perfurar entre meus dedos. Então, o sol refletiu em algo brilhante e meio escondido na lama. Temendo que pudesse ser um pedaço de vidro, me abaixei para olhar de perto. Tudo o que eu podia ver eram meus pés descalços. A superfície clara da água revelou o sangue vermelho profundo que eu tinha pintando nas unhas dos pés. E me lembrei de outro tom de vermelho, a cor do caixão de Kristen. Deixando de lado o que quer que fosse a coisa brilhante, eu sai da água para cima da terra seca. Enquanto andava na direção dos meus sapatos e meias, minha cabeça estava cheia de pensamentos sobre esse dia no cemitério. — Por um momento eu pensei que você estivesse caindo. Eu peguei minhas botas e olhei a minha volta, descontroladamente. Sob a ponte, à minha esquerda, era um garoto. Uma dramática faixa preta se destacava em seu cabelo loiro. Eu dei um duplo passo em direção a ele, tendo o cuidado de olhar o chão já que ainda estava com os pés descalços, e depois olhei diretamente em seus olhos. — Nunca. — Eu zombei. — Eu estava em completo controle o tempo todo. Ele olhou para mim e sua voz era suave.


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— É claro Minha língua amarrou, e eu gostaria de ter algo inteligente a dizer. Ele me olhava com um pequeno sorriso em seu rosto, e eu não conseguia parar de olhar para seus olhos. Eles eram tão vivos. Eu nunca tinha visto um tom de verde assim antes. Um canto de sua boca se contorceu para cima. Ele está rindo de mim? Eu ouvi uma batida maçante e percebi que tinha deixado uma das minhas botas cair. Olhei para baixo silenciosamente até meu cérebro engrenar. Envergonhei-me, e me senti idiota de dez maneiras diferentes, e eu rapidamente joguei a outra ao lado dele e ela afundou no chão. Meus pés estavam secos o suficiente para colocar meus sapatos de volta, mas eu limpei alguma sujeira imaginaria antes de enfiar nas minhas meias. Eu prestava muita atenção em cada pé, ganhando tempo. Ele não ia embora. E ele não disse nada. Depois de gastar uma quantidade extraordinária de tempo em cada bota, e cuidadosamente reorganizando meus jeans, eu sacudi o pó das minhas mãos e me levantei. Ele ainda estava lá, com as mãos no bolso. — Qual o seu nome? — Eu perguntei. — Caspian. Ele não ofereceu qualquer outra coisa. Estava começando a ficar escuro, e eu sabia que tinha que chegar em casa cedo, mas havia algo que eu tinha que perguntar a ele.


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Algo que eu precisava saber. — Naquele dia, na casa de Kristen... o que você quis dizer quando disse que estava lá por causa de mim? Eu segurei minha respiração, esperando ele responder. Ouvi cada palavra claramente quando ele falou. — Eu sei o quanto Kristen significava para você, Abbey. — Você nem mesmo me conhece. Eu não conheço você. Por quê? Seus ombros subiam e desciam enquanto passava a mão pelo cabelo, e ele parecia tímido, de repente. — Eu não sei. Eu pensei que se estivesse lá, iria ajudá-la de alguma forma... eu só queria estar lá para você. Aquelas palavras me tiraram o fôlego. — Obrigada.— eu disse baixinho. — Ajudou. Eu odiaria quebrar o momento, mas eu sabia que estava correndo contra o tempo. — Eu tenho que ir. Preciso ir para casa... jantar... Eu não conseguia olhar diretamente em seus olhos. As palavras que ele acabara de dizer ainda pendia entre nós. Eram grandes e poderosas palavras.


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— Sim, eu também. Uma rua acima da ponte recuou automaticamente enquanto a luz do dia continuou enfraquecendo ao nosso redor. É um brilho ligeiramente descendente, deixando metade do rosto de Caspian aparecendo enquanto a outra metade estava escondida pela escuridão. — Então, foi, hum, um prazer te conhece, Caspian, e... e acho que vou vê-lo algum dia. — Eu disse nervosamente. É esta a maneira correta de dizer adeus? — Como é que você vai chegar em casa. Ele me perguntou. — Eu vou pelo cemitério.— Eu respondi. — Há espaço suficiente para passar entre os dois portões principais. Ou às vezes eu passo pela ponte. Demora mais tempo, mas ela me leva diretamente para a estrada principal, e eu moro logo depois. — Você vai fazer isso, Abbey? Vai pela ponte e pegar a estrada principal? — Ele parecia muito sério. — Sim, eu posso. — Eu disse, embora eu tenha ficado confusa com a lógica por trás de sua pergunta. — Pode haver uma pessoa louca aí só esperando alguém vir andando. Eu não quero que você se machuque. — Ele disse timidamente. Oh, essa era a lógica dele? Eu estive pelo cemitério de noite, dezenas de vezes antes. Embora tivesse sido um tanto assustador, e eu normalmente tinha a Kristen comigo, nunca aconteceu nada. Mas eu mantive a realidade para mim mesma.


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— Ok.— Eu sorri para ele. — Obrigada por pensar em mim. Te vejo depois. Eu me virei para ir embora, tentando esconder meu sorriso megawatts antes que ele pudesse vê-lo. Ele não queria que eu me machucasse? Poxa, demais. Eu poderia realmente estar perto de desmaiar aqui. — E no sábado, Abbey? Você está livre sábado de manhã? Você vai me encontrar aqui? — Sua voz quebrou meus pensamentos vertiginosos. Eu voltei. Não havia atraso em casa, ou obrigação de limpar a casa que me impediria de responder essa. — Estou livre. — Eu tentei soar vago e indiferente sobre isso. — Eu posso encontrálo aqui. — Bom. Sábado, então. — A luz brilhou metade de seu rosto, e ele estava sorrindo. — Boa Noite, Abbey. Bons sonhos. Meu estômago mergulhou. — Boa noite... Caspian. — Eu sussurrei. Eu não sei se me lembrei de sorrir de volta ou não. Eu estava muito ocupada tentando não tropeçar em meus próprios pés quando me virei para a estrada principal. Sim, eu definitivamente iria ter bons sonhos essa noite.


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Capítulo Sete Grandes Esperanças ―Eu confesso não saber como o coração das mulheres são cortejados e vencidos. Para mim, eles sempre foram enigmáticos e motivo de admiração.‖ — The Legend of Sleepy Hollow.

Os próximos dias voaram, mas eu tive problemas para dormir na sexta-feira. Apenas essa noite não eram os pesadelos ou as memórias tristes que me mantinham acordada. Era a excitação. Eu passeei pelo me quarto enquanto meu cérebro trabalhava intensamente. O que eu devo usar? O que eu devo dizer? E se ele pensar que eu sou uma idiota total? E se ele me abraçar? Quando os ponteiros do relógio começaram a se aproximas das três da manhã, me forcei a deitar na cama e pensar em coisas que me fizessem dormir. Mas isso não funcionou, e acabei encarando o teto. Olhando para o relógio novamente, percebi que tinha somente... Droga! Eu não sabia quantas horas eu tinha para dormir ainda. Caspian não tinha me dito que horas iríamos nos encontrar. Agora meu cérebro trabalhava rapidamente de novo, se preocupando com isso. Nove horas era muito cedo? Eu teria que me levantar antes das oito para conseguir me arrumar a tempo. Talvez dez ou dez e quinze


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fosse melhor. Assim eu não pareceria desesperada. Eu poderia aparecer casualmente no cemitério e agir como se não tivesse pensado duas vezes. Sim, isso ia funcionar. Desespero não era nada bom. Satisfeita com minha decisão, fechei meus olhos e pensei na ponte pela centésima vez. Revivendo cada palavra que ele disse, cada gesto que ele fez, examinei a memória por todos os ângulos. Eu não queria perder nenhum mínimo detalhe ou nenhuma nuance sutil que tinha acontecido. Eu não quero que você se machuque. Eu não podia evitar que um grande sorriso se espalhasse pelo meu rosto enquanto eu ouvia aquelas palavras em minha cabeça novamente. Quando finalmente adormeci, sonhei com penetrantes olhos verdes assombrando figuras escuras meio escondidas nas sombras. Eram doces sonhos, na verdade. A manhã de sábado chegou muito rápido. Eu encarei o relógio ainda grogue, me perguntando por que ele tinha soado antes das nove, quando, de repente, me ocorreu o que eu deveria fazer hoje... E com quem eu deveria fazer. Eu pulei da cama e corri para o chuveiro. Cantarolando baixinho, eu ensaboava meu cabelo com o xampu de baunilha e depois passei o gel de toranja rosa. Os dois cheiravam maravilhosamente bem e isso me animou ainda mais. Porém, meu entusiasmo diminuiu enquanto eu secava meu cabelo com a toalha. Eu tentava domar desesperadamente meus cachos em perfeitas espirais, mas eles discordavam de mim veementemente. Era uma batalha rapidamente perdida. Ressentidamente, eu me conformei em torcer varias mechas e prender em um coque frouxo no alto da minha cabeça. Se eu o mantivesse por trinta minutos, então esperançosamente, ele ficaria meio ondulado. Cabelos rebeldes estão voltando à moda, eu tentei convencer o meu reflexo no espelho. É chamado de — suave e romântico. — Você será uma criadora de tendências. Mas eu realmente não queria redefinir as tendências. Só queria ter um cabelo sexy. Com um pesado suspiro, fui me vestir. È claro que meu guarda-


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roupa me deu uma nova crise. A calça cargo que eu tinha pensado em usar não ficavam nem um pouco lisonjeiras no corpo. Se minha bunda era do tamanho que aparentava naquela calça, então eu precisava entrar em uma academia ou fazer um esporte, e logo. Em pânico, procurei pelo meu armário por alguma outra coisa para usar, e logo a cama estava toda coberta pelas minhas opções descartadas. Eu finalmente vesti meus jeans que faziam com que ficasse bonita, e um longo suéter preto envolvente. Eu finalizei com um chapéu quadriculado vermelho e preto. Eu não sabia se Caspian quis dizer para que eu o encontrasse na ponte, mas era lá que eu estava indo. Ignorando o cemitério, me mantive na estrada principal. Meu coração estava batendo mais rápido e borboletas estavam começando a voar em meu estômago. Eu podia ver a ponte agora. Eu fiz uma varredura na beira do rio, mas não o vi. Meu coração afundou. Ele não estava lá. Ainda, eu tentei consolar a mim mesma. Ele não está aqui ainda. Ele disse que ia me encontrar, então não havia motivo nenhum para achar que ele não iria. Talvez ele tenha decidido o contrário, uma vozinha resmungou no fundo da minha cabeça. Ou talvez ele já tenha ido embora. Ele provavelmente tinha outras coisas a fazer ao invés de ficar esperando por mim durante toda a manhã. Dúvidas encheram minha mente, e meus passos desaceleraram. Estou muito atrasada? Eu deveria voltar para casa? Eu chequei a hora em meu relógio novamente: 10:27h. Eu deveria esperar? Por quanto tempo? A incerteza me fez descer até a beira. Eu não podia ver debaixo da ponte, e me agarrei a pequenas frestas de esperança de que ele poderia estar esperando lá por mim. Pisando com cuidado nas árvores e nas pedras soltas, eu desci. Enquanto descia, o espaço entre a ponte e o chão ficou mais visível e vi alguém sentado ao chão lendo um livro. O seu cabelo o denunciou de longe. Meu estômago pulou. Ele estava aqui. Ele olhou para cima


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enquanto me aproximava. Seu sorriso era lindo. — Hey, Abbey. — Meu sorriso em resposta foi tão grande, parecia que meu rosto estava dividido em dois. — Oi, Caspian. Ele ergueu a mão e estendeu uma violeta ligeiramente murcha para mim. — Desculpe-me, está toda... Amarrotada. Eu colhi para você mais cedo. Elas crescem em todos os lugares por aqui. Eu podia sentir a surpresa se espalhando por todo o meu rosto enquanto meu maxilar se encolhia. Eu estava espantada. Eu não sabia o que fazer. Ele estava me trazendo flores? Ok, tecnicamente não era uma dúzia de rosas ou algo assim, mas ainda era, ai meu Deus, maravilhoso. Agarrei a haste da flor, logo em cima de onde o polegar dele estava descansado. Em algum outro universo alternativo, onde eu era legal e não era tímida, eu vi minha mão deslizar para descansar sobre a dele, confiante e sexy. Mas eu não era assim nesse universo, e com um suspiro suave, eu tive certeza de que tinha pelo menos uma polegada de distância entre nossos dedos. — Obrigada, — eu respondi. — É... bonita. Absolutamente linda, Caspian. Ele sorriu para mim novamente, e meu coração derreteu-se em uma poça aos meus pés. Sim, eu queria dizer a ele, que ele tinha acabado de fazer toda fantasia romântica que eu já tive se tornar realidade. Mas desde que Covarde é o meu nome do meio, eu mantive os meus pensamentos para mim.


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Eu fiquei ainda mais tímida quando o seu olhar passou por mim. Esperando freneticamente que o meu cabelo ainda parecesse tão bom quanto ele tinha estado em meu quarto, tentei passar discretamente a língua sobre os dentes, caso eu tivesse qualquer mancha de batom sobre eles. — Eu não tinha certeza do que horas chegar aqui. Você não falou sobre isso. Deixei o meu olhar vagar por ele um pouco também e notei que ele estava vestido com jeans preto e uma longa preta camisa de manga. Ele ficava muito bem neles, deixando seu olhar sombrio e misterioso. E sexy. Muito, muito sexy. Eu estava babando? Meu Deus, eu esperava que não. Ele deu de ombros. — Estou feliz que você pode vir. Desde que você tenha vindo qualquer horário seria bom para mim. Você teve bons sonhos? Dei de ombros, rezando para que não ficasse vermelha e me traísse. — Sim, com certeza, eu acho que sim. Eu realmente não me lembro dos meus sonhos. Mentirosa, mentirosa, calças no fogo5. — Você não veio pelo cemitério, não é? —Ele pareceu preocupado.

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Liars liars, paints on fire = uma brincadeira que as crianças fazem quando alguém mente


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— Não. Eu vim pela estrada principal. — Bom,— ele disse suavemente. — Bom. Olhei para o livro que ele estava segurando. Eu não conseguia ler o título. — Há quanto tempo você está aqui? — Desde das sete. Eu não queria que você ficasse esperando. — Desde as sete? Sete da manhã? — Senti minhas sobrancelhas subindo em minha testa. — Sim. — Ele abaixou a cabeça timidamente e mudou de assunto. — Então, muitas pessoas costumam vir aqui? — Na verdade não. É muito abrigado debaixo da ponte. Ele se virou e fez um leve gesto de liderança à frente com o seu livro. — Depois de você, então. Liderei o caminho debaixo da ponte, segurando forte a minha flor, e o vento bateu na água, soprando uma brisa fresca sobre nós. Eu peguei o leve perfume do meu shampoo de baunilha flutuando com vento, e eu estava contente que eu tinha escolhido algo quente para vestir. Nós nos sentamos um pouco sem jeito, com um pé de espaço entre nós. Eu queria chegar mais perto, mas não sabia como. Usando a desculpa de ajeitar minhas pernas, consegui diminuir o espaço em um centímetro ou dois.


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Ele não pareceu notar nada. Olhei para o rio enquanto falava. — Então, qual o livro você estava lendo antes deu chegar aqui? — Não é exatamente o tópico mais emocionante dos tópicos, mas pelo menos era uma conversa. — Grandes Esperanças. Eu já li uma vez, mas estou lendo novamente para entender umas coisas que perdi. Têm muitos detalhes. Eu conhecia esse. — Pobres Pip e Estella, — eu suspirei. — É meio crueldade continuar fazendo com que eles se encontrassem quando jovens uma vez que eles nunca poderiam ficar juntos no final. — Crueldade foi a única razão para que eles tenham se conhecido, — ele apontou. — Miss Havisham armou isso para ensinar a Estella a partir corações. — Eu sei, — concordei. — Mas você não acha que o amor verdadeiro deveria consertar tudo? Eu não sei, talvez seja apenas a romântica que há em mim... — Eu disfarcei, percebendo que a conversa estava tomando um rumo de amor verdadeiro e finais felizes para sempre. Eu não queria assustá-lo. — Então você acha que o final é acreditável?— Eu guiei a conversa de volta a um terreno seguro. — Eu li várias vezes. Metade do tempo eu penso que é genial, mas na outra eu penso ser inacreditável. Como se Dickens tivesse escolhido a mistura mais improvável e tivesse feito a história funcionar em torno disso. — Eu nunca pensei dessa maneira, Abbey. Eu sempre pintei isso como a maneira de Dickens de mostrar como um simples momento pode afetar vidas tão profundamente.


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O olhar intenso em seu rosto me fez sorrir. Eu não podia acreditar que estava me divertindo tanto falando sobre um livro que tinha sido material de leitura obrigatória para a escola. — Eu realmente não queria ler a princípio. Foi designado como obrigatório para a gente na oitava série, — eu admiti. — Todos os dias nós éramos obrigados a ler um capítulo em voz alta para toda a classe. Era tãooo chato. E depois, quando chegamos a parte sobre o misterioso benfeitor, o garoto sabe tudo disse a todos quem era. Eu não acreditei nele, por isso, peguei o livro em casa para ler e terminei na mesma noite. Eu fiquei completamente chocada porque ele estava certo. — Oh, cara — Caspian sacudiu a cabeça com descrença. — Que idiota. Mas você tem que ser uma leitora muito rápida para ter terminado o livro em uma noite. — Bem, eu acho que sou. Eu posso normalmente terminar um livro em um dia ou dois. Sendo justa, tive que ficar acordada grande parte da noite e então terminar o último capítulo antes da escola no dia seguinte. — Ainda assim é muito impressionante. Seu elogio me encantou. Eu sou boa em mais alguma coisa que eu possa dizer a ele? Eu posso fazer uma torrada francesa de matar... e crepes... e eu sei o nome de todos os vice-presidentes. Não, não, isso é muito sobre mim. Eu não quero que ele pense que eu tenho o ego do tamanho de Manhattan. — E você?— eu perguntei. — Você deve gostar de ler também. Eu não conheci muitos caras que leriam um livro como Grandes Esperanças, ou livro nenhum, para ser sincera, e discutisse isso de bom grado. Você não está secretamente gravando essa conversa para um trabalho da faculdade está?


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Ele sorriu. — Não, eu só decidi ler alguns dos clássicos. Enriquecer-me na literatura. Expandir o meu cérebro. Eu não sei...— Ele desviou o olhar. — Eu não sou um leitor rápido, então isso faz com que eu passe o tempo. — Você tem muito tempo para matar? Você não está na faculdade ou alguma coisa? — Eu me encolhi quando ouvi as minhas perguntas em voz alta. — Desculpe. Você não tem que responder a isso. — Não, está tudo bem. Eu não me importo,— ele disse. — Eu não vou para a faculdade agora. Eu tirei um tempo para... pensar na minha opções. Eu não sabia o que dizer, e fiquei em silêncio. Eu obriguei o meu cérebro, tentando pensar em outra coisa para falar sobre outra coisa que não me fizesse soar: (a) chata ou (b) stalkerish6. Até agora eu não tinha conseguido nada. Então eu pensei sobre o cemitério atrás de nós como inspiração. — Você já morou em Sleepy Hollow? — perguntei-lhe. Ah, bem, eu nunca afirmei ser a melhor conversadora do mundo. — Na verdade, eu sou de White Plains. Me mudei há cerca de dois anos e meio atrás, com meu pai. — De onde você se mudou? — Viemos de West Virginia. Meu pai conseguiu um emprego como o gerente de uma academia. Ele vai, eventualmente, assumi-la quando o proprietário se aposentar. 6

Não consegui uma tradução ao pé da letra, mas: descreve comportamento assustador de uma pessoa.


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Nova York ofereceu um dinheiro melhor do que West Virginia, por isso mudamos. — Ele deslocou o livro que segurava de uma mão para outra. — Fui transferido para a escola White Plains no meio de março, e me formei no penúltimo ano. Você vai para Hollow High, certo? — Sim. — Eu dei um suspiro tímido. — Eu sou júnior. Eu mal posso esperar para me formar. Ele ficou quieto por um momento e depois falou de novo. — E você, Abbey? Você já mora aqui há muito tempo? — Nascida e criada. Mamãe e papai cresceram aqui, foram para a escola juntos aqui, e se casaram aqui. Eu nunca vivi em outro lugar. — Uau. — Ele riu. — Eu aposto que você não pode esperar pela faculdade, e então, sair dessa cidade. Eu sorri para ele. — Né? Na verdade, saindo da casa de meus pais, claro, eu não me importaria de ficar aqui. Belos parques, paisagens, este cemitério... E algumas das melhores pizzas que eu já provei. Ele riu novamente, desta vez mais alto. Foi uma risada muito boa. — Eu concordo com você sobre isso. Nova York definitivamente sabe como fazer uma boa pizza. Nós sorrimos timidamente para o outro.


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— Eu quero começar um negócio, — eu soltei. — Eu já tenho a loja escolhida e tudo mais. É necessário algum trabalho, mas tem uma bela janela. — Sério? — Ele parecia surpreso. — Que tipo de negócio? De repente eu hesitei com a pergunta. Eu já tinha dito muito. Eu não podia acreditar que tinha acabado de dizer isso a ele. Kristen foi a única pessoa que já tinha falado sobre isso. — Eu não tenho certeza ainda, — murmurei, desviando o olhar. — Não? Nenhuma ideia? — ele cutucou delicadamente. — Eu acho difícil acreditar que alguém que já tem o local escolhido para sua empresa não tem quaisquer ideias para o tipo de negócio que realmente quer tocar. — Ok, ok, — eu gemi. — Sim, eu tenho algumas ideias. Ele inclinou a cabeça para um lado, esperando pacientemente pelo meu acabamento. Eu suspirei. Desde que eu já falei isso tudo... — Faço perfumes, e eu pensei em ter um lugar onde as pessoas pudessem ir para conseguir o seu próprio perfume personalizado feito para eles. Eu também acho interessante fazer um pouco de sabonete e shampoo, embora a minha última criação tenha sido um desastre e vai demorar um tempo antes de eu começar a acertar as fórmulas — As palavras derramava-se de mim com muita velocidade. — Basicamente, eu só quero ter uma casa de sabonetes artesanais e artigos para o corpo, e chamá-lo Abbey's Hollow... em honra a Washington Irving.— Eu o espiei, rezando


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silenciosamente para ele não falar de como estúpido isso parecia. Eu não estava pronta para a rejeição. Para seu crédito, ele nem sequer pareceu entediado. — Eu gosto disso — Você gosta?— Perguntei-lhe, um pouquinho chocada. — Mas e o nome? Você acha que é brega. — Não. Eu não acho nem um pouco brega. Eu dei-lhe um olhar que pedia para que me contasse a verdade. — Falando sério, — ele respondeu com uma cara reta. Ele se inclinou um pouco mais perto de mim, e seus olhos fitaram os meus. — Eu realmente gosto da ideia, Abbey. Eu acho que é ótimo. E o nome é a melhor parte. Eu nem sequer pensei duas vezes para contar-lhe mais. — Eu já comecei um plano de negócios, — confessei. — Mas, mamãe e papai estão pressionando-me para ir a alguma universidade de prestígio. Tudo o que realmente quero fazer é ter algumas aulas de negócios locais, e talvez aprender com alguém que dirige sua loja própria ervas. Ou ir para Paris e ver o que posso aprender lá. — Dei de ombros com indiferença. — Eu não quero desperdiçar a minha vida na faculdade por algo que eu não tenho interesse, sabe? Outro pensamento intruso, e eu franzi a testa. — Naturalmente, todos os meus planos podem acabar indo para lugar nenhum. Kristen ia...— Minha voz falhou, e eu me


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interrompi. Olhando para a violeta flácida em minha mão, eu brinquei com a haste e concentrei-me rigidamente para não chorar. — Kristen ia me ajudar com a loja. Tinha as ideias mais surpreendentes para as etiquetes e perfumes... Uma lágrima vazou pelo canto do meu olho e limpei às pressas, tentando não borrar a maquiagem. — Está tudo bem, Abbey — Caspian disse suavemente. — Não chore. Eu acho que é uma boa ideia abrir sua loja. Você estará fazendo Kristen feliz em continuar com seu sonho. — Você acha? — Eu perguntei, tentando inutilmente manter o tremor longe da minha voz. Ele assentiu gravemente e habilmente levou a conversa de volta para meus pais. — E se você se comprometer com eles? — Ele sugeriu. — Se você disser a seu pai e mãe que suas ideias são para agora, talvez eles não vão perder tempo planejando um futuro diferente para você. Você nunca sabe. Vale a pena tentar. O que ele disse fez um sentido incrível. A simplicidade fez-me sentir estúpida por não pensar nisso sozinha. — Obrigada pelo conselho, Caspian. Eu nunca teria pensado em uma resposta tão óbvia. Ela estava ali na minha frente o tempo todo.


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— De nada, — disse ele. — Às vezes, basta olhar o problema de um ângulo diferente. Você pode sempre pedir o meu conselho, Abbey. Vou tentar ajudar sempre que puder. Eu estava ouvindo mais por trás dessa declaração. O que ele realmente queria dizer? Eu não poderia dizer. Eu limpei minha garganta. Hora de passar para coisas mais felizes, para que eu não passasse o dia inteiro fungando e chorando. — Você não quer ver alguma coisa? Há uma pequena cachoeira, no outro lado da ponte. Nós teremos que andar um pouco para alcançá-la. É um pouco escondida. — Se ele notou minha mudança repentina de assunto, ele não mencionou. — Ok. — Ele colocou o livro no chão. — Eu acho que vou deixar o livro aqui e depois volto para buscar. — Ninguém vai roubá-lo, — Eu garanti-lhe com um sorriso antes de levantar. Cuidadosamente, coloquei a flor no bolso da minha calça e tentei limpar qualquer resíduo de rocha ou terra que pudessem ter ficado grudados na minha camisa. Eu não queria descobrir mais tarde que tinha desfilado com pedaços da natureza na minha bunda. Caspian esperou e acenou para que eu indicasse o caminho. Virando, nós saímos debaixo da ponte e ficamos em silêncio enquanto caminhávamos ao longo da margem do rio. — Você já leu alguma coisa... De Edgar Allan Poe?— Arrisquei. Eu tinha de mantêlo falando. Ele ia pensar que eu era uma aberração, se eu ficasse em silêncio o tempo todo. — Eu amei a sua história The Tell-Tale Heart. Falar sobre assustador.. — Vou ter de ler esse, — disse ele. — Já ouvi falar de The Raven, mas não esse.


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— The Pit and the Pendulum é outro bom. Procure este também, — eu disse. Estava realmente ficando cada vez melhor nesta coisa conversa fiada? Talvez fosse porque ele era tão fácil de falar. E ele amava livros. Ele poderia ser mais perfeito? — Eu acho que viver na cidade de Sleepy Hollow significa que você leu a história de Washington Irving, certo? — Ele inclinou-se para pegar um punhado de pedrinhas pequenas, jogando-as suavemente ao redor enquanto falava. — Você está brincando comigo? Eles ensinam isso na primeira série do Ensino Fundamental. Esta cidade idolatra o Sr. Irving. Suas outras histórias foram boas, mas nada pode tirar o topo de The Legend of Sleepy Hollow. — Eu acho que é legal que a casa dele ser por aqui. Fala sobre o amor verdadeiro por sua cidade. Eu balancei a minha cabeça em concordância. — Ele está enterrado aqui. Numa encosta no lote da família de Irving. Fiz uma pausa para me virar e apontei em uma direção geral ao cemitério. — Eu venho muito aí. Vou ter que mostrá-lo algum dia. — É um encontro, — ele disse baixinho, pegando meu olhar. — Tudo bem. É um encontro, — eu falei de volta. As borboletas começaram a nadar em torno de meu estômago de novo, e eu senti minhas bochechas começarem a queimar. Eu parei sob um galho de árvore baixo, segurando meu chapéu com uma mão enquanto também tentava diminuir as batidas de meu coração.


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Inspire e expire. Pensamentos calmos, pensamentos tranquilos. O que ele disse não era grande coisa.

Não era sequer um oficial eu vou te buscar e nós sairemos para jantar. Eu simplesmente ia mostrar-lhe uma velha lápide. Não é grande coisa. Então porque é que estou hiper ventilando? Ele interrompeu a minha mini-sessão de loucura. — Na verdade, eu tenho uma pequena confissão a fazer. Quer ouvir? Eu estava legal. Eu estava calma. Eu poderia lhe responder agora. Dei de ombros. Uhm, SIM! — Claro. O que é?— Eu estava realmente ficando boa nesse negócio de fingir não estar nervosa. — Eu não li a história ainda, — disse. Meu cérebro não devia estar funcionando corretamente. Era a única desculpa que eu tinha. — Que história?— Perguntei idiotamente. Ele riu. — Você sabe, a história que estamos falando? The Legend of Sleepy Hollow? Cheguei a parar e virei para encará-lo. — Espere. O quê? Sério? Você nunca leu The Legend of Sleepy Hollow? Bom Deus, não deixe os nativos ouvirem você dizer isso. Você vai ser amarrado e assado por não ler o livro obrigatório, ou algo assim.


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Ele piscou para mim, e eu quase podia ouvir o sorriso em sua voz quando ele se inclinou para frente e sussurrou em tom conspiratório. — Eu vou ter que contar com você, então, Abbey, para preencher as lacunas na minha educação, antes que algum deles descubra. Você acha que está apta para isso? Minhas bochechas queimaram como fogo, mas consegui manter a minha voz normal. — Eu acho que posso... Mas vamos esperar até ficarmos mais confortáveis. Ouvi minhas palavras, e logo percebi todas as formas que poderiam ser interpretadas, eu parei e depois acelerei. Eu era uma aberração. Uma aberração completa e total da natureza. Chegamos a uma divisão no caminho que nos levou para a esquerda. Espremendo-me entre dois pedregulhos, acenei para Caspian me seguir enquanto eu tentava apagar as minhas palavras anteriores. — Como eu disse, é uma pequena cachoeira, mas eu ainda acho que é muito bonita. — Nós paramos e uma vista panorâmica apareceu diante de nós. Dezenas de pedras estavam espalhadas como uma barreira e tinha água correndo entre elas. Terminava com uma queda livre em uma bacia que tinha menos de dois metros de profundidade. Eu me aproximei e sentei em uma rocha lisa e plana e seca. Era grande o suficiente para duas pessoas, mas para minha decepção, Caspian empoleirou-se num tronco de árvore oco ao meu lado. Ele jogou um punhado de pedras no rio e eles fizeram — plocs— antes de afundarem. Então ele se moveu para me encarar. — Então, a respeito dessa lenda...


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Um grande sorriso correu pelo meu e eu esqueci tudo sobre meu constrangimento anterior. Esta era a minha história. Eu a conhecia de trás para frente, e eu não podia esperar para contar. — Tudo começa com este professor chamado Ichabod Crane, que também é o maestro, motivo de fofocas da cidade, general garoto de recados. Depois de lecionar durante o dia, ele ia de casa em casa para fofocar e contar histórias de fantasmas na noite. Uma das histórias favoritas da época era sobre um soldado de Hessen que tinha perdido a cabeça e havia rumores de que ele assombrava a igreja e a ponte. Ele foi nomeado Cavaleiro Sem Cabeça. Eu prestei atenção para ver se ele estava ficando entediado ou inquieto, mas os olhos de Caspian estavam focados unicamente em mim. Seus olhos eram lindos, e eu tive que lutar para não me perder neles. Levei um segundo para lembrar-me onde eu tinha parado. — Então, Ichabod Crane está feliz ensinando em sua escola e sendo o portador das fofocas, até que um dia ele vê Katrina Van Tassel, filha de Baltus Van Tassel e apaixona-se perdidamente por ela. Claro, eu acho que ele provavelmente se apaixonou por todas as terras, animais e óbvio, a riqueza que Baltus possuía, mas de qualquer maneira, ele estava determinado a possuí-la. Eu abaixei a minha voz e acrescentei-lhe um tom ameaçador. — O que Ichabod rapidamente percebeu, porém, que Katrina era uma conquistadora e já tinha vários pretendentes. O mais popular sendo Brom Bones. Brom era basicamente tudo o que Ichabod não era. Forte, bonito, violento e cheio de si. Um homem muito viril. Caspian bufou, e dei-lhe um meio sorriso rápido.


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— Quando Ichabod começa a tentar cortejar Katrina, Brom fez piadas sobre ele. Aterrorizava os alunos de Ichabod, saqueando sua escola, tirando sarro da sua voz... Todo tipo de coisa. Então tudo acontece em uma grande festa da colheita que Van Tassel deu. Ichabod foi convidado, e tenta finalmente ganhar a mão de Katrina. Mas algo dá errado, e Katrina o despensa. Com o coração partido, Ichabod deixa a festa, em seu velho e coxo, cavalo emprestado, para voltar para casa na escuridão. — Você sabe o que acontece daqui para a frente, né? — Eu me interrompi para perguntar à Caspian. Ele sorriu. — Continue. Isso está ficando bom. Mudei o meu peso para um lado e ajeitei minhas pernas. — Ok, então.... Enquanto Ichabod volta para casa, cada pequeno ruído assusta-o quase até a morte, porque tudo o que ele consegue pensar são todas as histórias de fantasmas que vem contando. Quando de repente ele ouve um cavalo segui-lo. Cada vez mais perto. O tropel ecoa em torno dele, cada vez mais alto. E depois... Ele o vê. O Cavaleiro Sem Cabeça, montando um enorme cavalo preto e carregando sua cabeça na sela vindo direto para ele! Ichabod apressa seu cavalo, mas o Cavaleiro está muito perto, e Ichabod o vê se virar atrás e jogar a cabeça diretamente para ele! Parei para tomar fôlego, e continuei. — E então na manhã seguinte Ichabod Crane é declarado desaparecido, uma abóbora quebrada é encontrada ao lado de seu cavalo solitário, e Brom Bones casa com Katrina Van Tassel, pouco depois, todos rindo a caminho do altar. Caspian olhou para mim, incrédulo. — É isso?


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— Basicamente, — eu disse. — É claro que é muito mais divertido quando você lê a história real, em vez de apenas ouvir a versão resumida, mas é isso. — Então era Brom Bones o tempo todo. Nunca houve nenhum Cavaleiro Sem Cabeça. Apenas alguém que usou um truque maldoso sobre uma pessoa ingênua. — Bem, eu não diria que não há um cavaleiro fantasma. Há sempre histórias flutuando sobre ele; Washington Irving não se limitou a fazer esse acompanhamento. Mas eu não acho que foi o Cavaleiro sem Cabeça que o matou. Acho que foi Brom. Invejoso, miserável Brom, tentando se certificar de que ele seguiria seu rumo. E ele o fez. Então Caspian sorriu, um breve sorriso de você-me-diverte, e balançou a sua cabeça. Eu levantei uma sobrancelha. — O quê?— Exigi. — Uma imagem mental divertida, isso é tudo, — ele disse. Esperei que ele desenvolvesse, ele não parecia querer compartilhar. — Você sabe que é rude manter uma menina esperando, — eu o provoquei. Ele sorriu novamente. — Minhas sinceras desculpas. Eu não quero mostrar meus maus modos. Isso pode esperar para a próxima vez. Balancei a cabeça para ele continuar. — Eu estava imaginando você sendo perseguida por um Cavaleiro Sem Cabeça e em seguida, parando para mandá-lo dar o fora. Foi engraçado.


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— Eu não acho que eu faria isso. — Eu balancei minha cabeça. — O Cavaleiro é uma pessoa que eu não quero conhecer. — Porque ele é um fantasma? Dei de ombros. — Sim, eu acho. Ele não te assustaria? — Nunca, — ele zombou. — Eu sou um homem viril. Eu não conseguia segurar no meu riso. — Sim, claro. — Não importa, no entanto. Eu não vou vê-lo a qualquer momento em breve. Eu não acredito em fantasmas. Caspian esticou as pernas e novamente a decepção bateu em mim porque ele não tinha se sentado ao meu lado. — A única coisa que eu não entendo sobre a história toda é porque a cidade idolatra tanto Washington Irving. Fiquei horrorizada. — Nós idolatramos Washington Irving porque ele era um contador de histórias incríveis, por um motivo. Ele deu vida e imaginação à literatura. Pegando porções e pedaços de pessoas reais, e lugares reais, e misturando-os para este belo conto popular americano que durou muito mais tempo do que ele. Quando você vive em Hollow, você não consegue evitar, deseja comemorar. Ou, pelo menos, é assim que eu sempre senti. Fiquei olhando para os meus pés quando percebi que eu tinha feito um discurso inflamado. Ótimo, agora ele pensava que eu era uma lunática. Ótimo começo para causar uma boa impressão, Abbey. Uma porcaria de impressão.


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Em vez disso, ele fez a coisa mais estranha de todas. Ele começou a bater palmas. — Bravo, Abbey. Você já pensou em correr para o escritório? Fiz uma careta para ele. — Desculpe por isso. Demais? Meus pais são da Câmara Municipal, e às vezes vou às reuniões e acabo entrando nessa de orgulho da cidade e tal. Eu não sou fanática ou coisa assim. Mas é justo que algumas das coisas que eles dizem que fazem muito sentido. Dei de ombros. — Você sabe, como uma futura empresária e dona de um estabelecimento por aqui... Ele sorriu para mim novamente. — Você nunca deve pedir desculpas por qualquer coisa que você acredita Abbey. Eu falei sério. Você seria uma ótima política. — Uh-uh. — Eu balancei minha cabeça. — Não tem nenhuma chance de me tornar uma política. Eu tenho pavor de multidões. Pâ-ni-co. E os discursos? Eu não pude dizer três linhas no nosso jogo quando estávamos no quarto ano. Eu fiquei tão nervosa que vomitei tudo... Bem, algo me diz que o público não gostaria de limpar vômito de suas roupas toda vez que eu tivesse que fazer um discurso. — Eu ri tanto com essa imagem mental que eu realmente tive que enxugar lágrimas. Então eu percebi que eu provavelmente parecia uma hiena rindo e tentei arduamente me recompor. Não há necessidade de mais constrangimento. Felizmente, Caspian estava rindo muito. — Nem todas as reuniões do conselho da cidade são interessantes, — eu apontei, feliz por estar falando de algo diferente. — Na verdade, a maioria delas são muito chatas. Sempre que a conversa se volta para leis de zoneamento, limites de gramado, ou problemas de velocidade, meus olhos começam a se cruzar. Então eu só saio e vou passear em


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algumas das outras salas. Todas as reuniões são realizadas no museu, então foi assim que eu meio que comecei meu tour particular. — Que tipo de coisas que eles têm lá dentro? — ele perguntou, inclinando-se mais perto. — Como os artefatos antigos, ou jornais, ou o quê? Eu tentei exibir as imagens do museu com clareza na minha mente. — Eles têm basicamente de tudo, de coisas que foram encontradas, peças de cerâmica, potes de conservas velhos, balas usadas de mosquete, rodas de corrida – todos os trajes que eram usados na época de Washington. Uma das exposições é dedicada exclusivamente à genealogia de Sleepy Hollow. Quem nasceu aqui, que casaram com as famílias entre si, e como as vidas de seus filhos estavam interligadas. Há uma grande quantidade de Bíblias e recortes de jornais antigos. Eu não tinha certeza se era isso que ele quis dizer sobre os artefatos e jornais. — Se você quer dizer jornais da cidade, no entanto, todos esses são mantidos em uma sala de arquivo da biblioteca. Nós sentamos e falamos sobre tudo e nada durante uma hora, ocasionalmente caindo em momentos de silêncio, apenas interrompido por os ruídos intermitentes de pássaros chamando uns aos outros. O toque do meu celular interrompeu um daqueles silêncios, e o som ecoou em torno de nós. Vendo que era o número de minha mãe na tela, eu mandei para o correio de voz. Se ela realmente precisava de mim, ela deixaria uma mensagem. Quando o identificador de chamadas sumiu, olhei para ver se era hora do almoço. Bem na hora, meu estômago roncou. — Você quer... comer uma fatia de pizza... ou algo assim?


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Eu não podia olhar diretamente nos olhos de Caspian. Minha timidez não tinha desaparecido completamente. Ele hesitou e se levantou. — Abbey, me desculpe, mas eu tenho que ir. Tenho algumas coisas para fazer esta tarde. Eu estou bem, estou calma. — Certo, nenhum problema. Talvez da próxima vez. Eu devo ir também, tenho um trabalho de ciências bem grande para terminar. — Eu saltei da minha rocha. Seu sorriso era deslumbrante e comovente, tudo ao mesmo tempo. — Obrigado, Abbey. Eu passei bons momentos com você hoje. — Sim, com certeza.— Voltamos em direção as pedras. — Quando eu não estava lançando algum discurso, talvez. Seus olhos brilhavam com o riso silencioso, e um pedaço de seu cabelo caiu sobre um olho. Ele ajeitou casualmente. — Você não falou qualquer coisa a toa, — ele me tranqüilizou. — Tudo que nós falamos foi legal. Uma troca de inteligência. Caminhamos lado a lado no percurso para a ponte. Ele desviou os olhos por um momento, e depois os voltou para mim novamente. — Você tem esse jeito de ver as coisas, Abbey.... Coloca todo o meu mundo de cabeça para baixo.


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Eu não sabia o que dizer a essa declaração surpreendente. Devo dizer algo legal em retorno? Eu não tive que me preocupar com isso, porém, porque o meu telefone tocou novamente. O nome da mamãe piscou na tela pela segunda vez. — Desculpe, — eu disse a ele. — Eu provavelmente devo atender. É a minha mãe. Mais uma vez. — Ele balançou a cabeça, e eu abri o telefone. — Ei, mãe.... Sim, o correio de voz acabou de aparecer. Eu não consegui ouvir ainda.... Por quê? O que houve?... Espera – o quê? Sua voz está falhando. Espera.... Eu disse, espera. Nós estávamos quase na ponte agora, e eu andei rapidamente por baixo dela para chegar ao outro lado. A recepção era muito melhor lá. — Ok, repita essa última parte. Você precisa de quê? Qual arquivo? O que está no terceiro gabinete. Ok, entendi. Não é o que está na pilha verde, certo?... Espere um pouco, espere. Cobri o telefone e virei-me para Caspian. Ele tinha parado para pegar o seu livro. — Eu tenho que ir. Minha mãe precisa de alguns documentos para uma reunião que ela está, e eu tenho que pegar para ela. Obrigado por... tudo... Caspian. Eu tive ótimos momentos também. Mal ouvi o seu sussurrou — Tchau, Abbey, — enquanto me afastava da ponte novamente.


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— Sim, mãe, eu ainda estou aqui. Mas por que você não pode pegá-lo? ... Ok. Dême cerca de trinta minutos para pegá-lo para você, ok? — Eu espiei sobre o meu ombro e sibilei outra — Desculpa — enquanto subia o rio. Levantando a mão em despedida, Caspian acenou adeus para mim. Colocando uma mão no meu bolso, eu toquei violeta amassada que repousava ali, e eu não consegui parar de sorrir durante todo o caminho de volta para casa.


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Capitulo Sete Membro Honorário ―Esses pratos de bolos de variados tipos são quase indescritíveis, conhecimento apenas da experiência de uma dona de casa holandesa!‖— A Lenda de Sleepy Hollow

Dizer que eu estava distraída pelo resto do fim de semana seria a mentira do ano. Eu tinha que continuar a me puxar para fora do mundo dos sonhos de volta a realidade. E isso só porque eu decidi que tinha um trabalho de ciências para terminar e que eu não iria voltar pelo rio só no caso que no domingo ele esteve lá. Depois que entreguei a tarefa concluída na manhã de segunda-feira, passei o resto da aula debatendo se devo ou não tomar o caminho de casa, que passava pelo rio. Caspian estaria lá? E se ele estivesse esperando por mim? Ou se ele não estivesse lá agora, mas fosse mais tarde? Havia tantas opções a considerar, eu poderia enlouquecer tentando pensar em tudo. Eu forcei a mim mesma a relaxar; Eu estava pensando muito nisso. Ele saiba que eu tinha ido à escola. Se ele quisesse me ver de novo, ele poderia me encontrar. Então o pânico me atingiu. Oh Deus,e se ele aparecesse aqui, na escola? Eu esperei que o Sr. Knicker bocker não estivesse revisando nada que seria preciso depois para um teste, porque não prestei atenção em uma palavra que ele disse durante aquela aula de ciências. Eu estava muito ocupada tentando resolver o que eu iria fazer. Finalmente eu fiz um plano provisório de esperar lá fora na escola para ter uns 15 minutos extras no caso de Caspian aparecer, e então tomar o caminho pelo o rio se ele não fizesse.


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Mas perto do fim do próximo período, eu estava completamente convencida de que ia parecer desesperada se esperasse na escola e parasse no rio de novo. Eu não queria parecer que estava perseguindo ele por toda a parte. Eu fui de um lado para outro ao longo do dia, mas acabei sendo nocautiada com tanta lição, que estava muito ocupada para me preocupar se Caspian ia ou não aparecer. Eu tinha um monte de livros para colocar dentro da minha minúscula bolsa, e ela se recusava a cooperar. Eu esqueci tudo sobre a ideia de esperar lá fora no fim do dia e rapidamente comecei a ir para casa. O que eu não esqueci porém foi a minha indecisão sobre qual caminho tomar na verdade. Eu tentei convencer a mim mesma de que havia várias razões válidas para ir até o rio. Eu deveria parar lá no caso de outro pedaço de fita da policia tivesse ficado preso em uma árvore. E eu provavelmente deveria ter certeza que ninguém pisou naquela coisa brilhante que eu tinha visto na água. Ou que se alguém tivesse pisado na coisa brilhante, e acabasse sendo um vidro, e não houvesse ninguém por perto para ajudar com o curativo do seu pé? Havia meia dúzia de desculpas que eu poderia ter usado, mas sabia que a verdadeira razão pela qual eu estava indo. Eu queria ver Caspian de novo. Isso era o fim da linha. Nenhuma desculpa mal disfarçada era necessária. Eu segurei a minha respiração em antecipação enquanto ia na direção do rio e tentava trabalhar numa pequena conversa inteligente em minha cabeça. Hei, o que você está fazendo aqui? Wow! Que surpresa! Eu não esperava ver você aqui tão cedo. Vem sempre aqui? Boa jogada, Abbey, me castiguei. Cumprimente-o com uma linha usada em bares. Yeah, Eu não era tão boa nisso.


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Quando cheguei à margem do rio procurei por todo canto, não havia ninguém. Eu olhei várias vezes por debaixo da ponte, mas também eu não o vi sentado lá. Obviamente, eu tinha muito mais tempo livre nas mãos do que ele. E, obviamente, eu era a única que estava desesperada para que nos visemos outra vez. Decepção tomou conta de mim e eu arrastei meus pés o resto do caminho para casa.

Eu não estava de bom-humor quando finalmente cheguei no meu quarto. Lição acabada, e demorou uma eternidade para fazer. Se esta foi uma indicação que esse ano escolar, não ia ser fácil. Eu nem queria pensar na pilha de folhetos lustrosos e panfletos coloridos que a minha mãe e o meu pai tinham começado a colocar no meu caminho. Meu cérebro não podia lidar com qualquer drama da faculdade agora. Era depois das 00:30 quando terminei todas as minhas lições, mas eu ainda estava muito ligada na decepção da ponte para dormir. Então comecei a procurar as minhas anotações para o perfume da Kristen, e sentei para ajustar algumas coisas. As próximas horas voaram. Por causa disso, acabei ficando com apenas três horas de sono para a escola no dia seguinte, e isso resultou em um cochilo interrompido durante as aulas e o caminho mais curto para casa, então eu poderia terminar aquele cochilo. O resto da semana passou da mesma maneira, sem ver Cáspian nem mesmo uma vez no cemitério, ou na ponte, e eu gastei cada noite tentando me distrair com meu projeto de perfume. Mas na sexta-feira eu estava numa emboscada. Eu tinha acabado de fechar a porta do meu armário quando vi uma das cheerleaders, Shana, tentando chamar minha atenção no fim do corredor. Com a


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esperança de evitá-la, eu fiz uma meia volta rápida, e comecei a caminhar na direção oposta. Má ideia. Erika estava vindo por esse caminho, e ela começou a acenar para mim também. Eu congelei, olhando para frente e para trás entre as duas, como um cervo parado nos faróis. Elas devem ter percebido o meu desejo de correr, porque elas começaram a acenar freneticamente. Pareciam duas pessoas em uma ilha deserta, desesperadas para sinalizar o único avião voando no céu. Seus braços estavam batendo loucamente sobre suas cabeças. Aparentemente eu era a única que percebeu como isso parecia louco, embora, porque ninguém mais no corredor meio-vazio prestou qualquer atenção. Shana chegou primeiro em mim, e eu sabia que estava condenada. — Ai está você, — ela disse, abrindo um perfeito, mas muito falso, sorriso. — Nós estávamos tentando chamar sua atenção. Eu só ficava encarando ela. Eu supostamente deveria dizer alguma coisa aqui? Agarrei a primeira coisa que veio à mente. — Oh, yeah, eu, uh, apenas lembrei que eu tinha que parar na sala de inglês. Eu deixei um dos meus livros lá. — Eu sorri fracamente. Será que isso funciona? Será que elas me deixariam em paz? — Bem, isso só vai tomar um minuto. Tenho certeza que você vai ter tempo de sobra. Você conhece Erika, né? — Hei, — Erika disse, que tinha levado muito mais tempo para chegar a meu armário. Provavelmente tinha algo a ver com o fato de que ela havia sido parada por nada menos que sete meninos em sua viagem a partir do outro lado do corredor.


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Eu dei para ela um sorriso forçado. Se eu não convencer muito, vai incentiva-las a me deixar mais rápido? Eu estava agarrada à tênue esperança de que elas fariam. — De qualquer maneira, — continuou Shana, com um olhar entediado no rosto. — O que você acha sobre entrar para o comitê de formatura desse ano? Claro, você só vai ser um membro honorário, mas nós gostaríamos de lhe dar a oportunidade porque, você sabe. Eu não tinha ideia sobre o que ela estava falando. — Desculpe. Eu não quero ser isso. — Ser isso? — zombou Erika. — Não há nada para ser. Nós estamos te perguntando algo. Você diz sim ou não. Sim, mas por que elas estavam fazendo essa pergunta? Erika respondeu meus pensamentos não ditos. — Olha, eu não dou a mínima para você, eu não dou a mínima se você vai ou não participar do comitê de formatura. Todo mundo sabe que você está o tempo todo pobre-de-mim-minha-amiga-morreu que coisa, mas por algum motivo, todos os professores estão comprando. E o diretor Meeker a cima de tudo. Ele está nos forçando a perguntar para você como uma forma confusa de mostrar respeito da memória daquela garota Kristen. Para me dar algum crédito, eu realmente conseguiu segurar meu bufo de descrença. Em que universo paralelo me pedindo para ser um membro honorário do comitê pagaria respeito à memória de Kristen? Antes que eu pudesse sequer tentar seguir essa linha de lógica, Shana falou novamente. — Desde que o baile é em outubro, todo o planejamento importante foi feito na última primavera, é claro. Agora, os membros do comitê oficial do baile de formatura só


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têm que decidir com quais combinações de cores decorar, que tipo de lembranças dar, se terá ou não sorvete no ponche... coisas assim. Como um membro honorário, você conseguirá, assim, ouvir o que nós decidirmos. — Pessoalmente, não vou votar para sorvete de frutas este ano, — Erika se intrometeu. — Aquela matéria é repugnante. Eu não me importo se ele não engorda como até mesmo como sorvete normal. Ainda vai direto para seus quadris. — Não se preocupe, Erika, nós totalmente não temos sorvete no ponche este ano. Eu estou colocando meu pé no chão sobre isso. — Shana deu o voto dela no assunto de sorvete de frutas. Eu tentei muito duramente não pensar sobre todos os pingos de chocolate na fatia de massa de biscoito e sorvete que Kristen e eu tínhamos feito em muitas festas do pijama. Tinha sido praticamente uma exigência para nós. Nem pensei sobre o fato que eu gosto muito de sorvete de fruta no ponche, e sempre fazia um grande esforço para colocar um pedaço disso ao servir minha bebida. Não importa de qualquer jeito, porque não havia nenhuma maneira no inferno que eu ia aceitar uma posição como — membro honorário— por causa do Comitê. Ou qualquer outra posição, quanto ao assunto. Planejar é contra minha religião teria que trabalhar. Era tudo que eu poderia pensar. — Então.— Shana estava falando de novo — Como a Erika disse, nós não nos importamos com o que você faz. Mas o diretor Meeker não acha isso, e ele prometeu para nós primeiro os ingressos da viagem dos seniores se você participar. Adivinhem só? Você vai participar. A primeira reunião será amanhã, no auditório, às nove da manhã. — Não chegue tarde, perdedora, — Erika disse, com um maldoso empurrão no meu ombro esquerdo que me enviando para trás tropecei em meu armário.


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Ambas riram e me virei enquanto eu esfregava meu braço com uma mão. Meu cérebro ainda estava tentando formar uma frase coerente, sensata, que me envolvia as deixando mais baixas do que o chão liso, mas tudo o que saiu foi: — Ow. — Eu olhei para minha mochila, e depois de volta na direção onde elas tinham desaparecido. — Mas— Só o meu armário me ouviu, e ele se preocupava tanto quanto elas. — Dureza, — disse uma voz atrás de mim, e me virei para ver Ben vindo em minha direção. Eu gemi interiormente. Este cara está me seguindo ou coisa assim? Primeiro ele estava no funeral da Kristen, então ele aparece na casa dela, e agora aqui? Ele parou próximo ao armário ao lado do meu. O vazio. — Esse era o armário de Kristen?— ele perguntou, encarando o armário como se ele pudesse ver pelo metal. — Yeah, — eu disse, momentaneamente distraída da minha dor no braço. — Deve ser difícil não vê-la aqui todos os dias. Eu não me acostumei com isso. — Nem eu, — Eu disparei. Ele só olhou para mim então. Seus grandes olhos castanhos eram... Tristes. Como se ele realmente sentisse falta dela.


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O sinal tocou uma vez, nos colocando em ação. Ele deu um passo para trás e virouse para descer o corredor. — Não deixe que as cadelas cheguem até você, Abbey, — ele gritou quando se dirigia para sua próxima aula. — O kay ...?— Eu disse meio sem jeito enquanto apertava minha mochila. Então, balancei minha cabeça. Eu estava usando algum tipo de perfume que atraiu a estranheza? Hoje estava se transformando em um dia muito estranho. Eu caminhei para casa o mais depressa que pude depois da escola, todos os pensamentos de estranheza do dia esquecidos. Algumas combinações do novo perfume de Kristen tinha milagrosamente batido em meu cérebro, e eu estava ansiosa para trabalhar nelas. Minha mãe estava usando o laptop dela à mesa de cozinha quando entrei. Peguei uma laranja e me dirigi até o meu quarto para começar a ficar ocupada. Duas horas depois, após várias rodadas de misturas, de medição, cheirar, e tomar nota, eu tinha proposto um par de cheiros novos que eu estava bem contente. Mas eu ainda precisava de uma segunda opinião. Reunindo vários frascos de teste, eu voltei para a cozinha. — Mãe! — Eu gritei, no meio da escada. — Você está na cozinha? — Sim, eu estou, — sua resposta foi distraída. Eu pulei os últimos degraus e saltei para a cozinha. — Será que você pode cheirar um par destes testes para mim? Eu preciso de um segundo nariz. — Yeah, com certeza. — Ela empurrou seu laptop para o lado. — Eu poderia usar um efeito de todo esse plano Hollow Ball de qualquer maneira.


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— Cheire cada um, e então me conte o que você acha, — eu instruí conforme eu alinhava os frascos na frente dela. — Eu os cheirei todos tantas vezes que os cheiros estão em mim. Ela pegou o primeiro. — Tudo bem. Vou dar o meu melhor. Teve alguém que falou com você sobre a comissão de formatura? Eu quase derrubei o último frasco que eu segurava. — Como você sabe sobre isso? Ela não me respondeu, mas mudou para a próxima amostra e cheirou. — Ooh, eu gosto desta aqui. — Ela pegou o terceiro frasco enquanto eu estava de pé lá e a encarava como se tivesse crescido há pouco um braço extra. — Mãe! — Eu esperei... então eu arqueei minha sobrancelha para ela. — O que? — ela tentou me olhar surpresa, mas eu não comprei isso. — Como você sabe sobre isso? — Exigi novamente. — Diretor Meeker telefonou, — ela admitiu. — Ele mencionou que as meninas da torcida estavam indo falar com você sobre isso. Então eu acho que elas fizeram.

Eu empurrei a última amostra para ela e apontei, indicando que eu queria que ela cheirasse, não falasse. — O que você acha? — Eu perguntei. — Houve qualquer coisa que você gostou ou não gostou, sobre eles? — Eu esperei por sua resposta. — Todos eles têm um aroma único. Numero dois é meu favorito, mas eu realmente não gostei do numero quatro.


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— Isso porque a amostra número dois teve duas notas de baunilha, — eu lhe informei — O que você definitivamente gostou, enquanto o número quatro tem lavanda, o que você definitivamente não gosta. Número dois é meu favorito também, então esse é com o que eu vou. Obrigado por me ajudar. — Eu comecei a recolher os frascos e voltar lá para cima. — Você não respondeu minha pergunta, Abbey. — Seu tom me fez parar morta nas escadas. — Mãe, eu só... — Eu estava irritada. — A resposta é não. Não, eu não vou participar do seu comitê baile estúpido. Fim de história. — Mas por que, Abbey?— Ela me implorou. — O que dói? Você e Kristen têm falado sobre o baile desde que eram meninas. Agora você pode realmente ajudar a planejar isso. Kristen iria querer que você estivesse nisto. E, além disso, não seria divertido conversar as outras meninas sobre seus vestidos? Eu sei que você não gosta do que eu comprei para você, mas não é tarde demais para ir comprar outro. Eu nem mesmo ia entrar na briga eu-não-posso-acreditar-que-você-comprou-umvestido-que-eu-nem-escolhi de novo. Que já tinha acontecido várias vezes. — Não, mãe. Kristen não quer que eu esteja em alguma comissão dirigido por umas estúpidas, garotas falsas que não falaram com qualquer uma de nós desde o ensino médio. Eu acho que sei o que minha melhor amiga que quer que eu faça. — Se você não quer fazer isso pela Kristen, então tudo bem, faça isso pela escola. Pense sobre como irão olhar os seus pedidos para a faculdade. Além disso, seria um bom exemplo, Abbey. Seu pai e eu temos vivido nossas vidas sempre tentando ser um bom exemplo para aqueles que nos rodeiam. Talvez você precise aceitar o convite, simplesmente porque essas meninas tomaram o momento de pensar em você.


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— Elas não pensam em mim, mãe! — eu explodi. — Você sabe mesmo como me pediram? Você sabe? Encurralaram-me no corredor e praticamente me obrigaram a dizer que sim. Tudo por causa do diretor Meeker. Ele queria que elas — honrassem — a memória de Kristen me pedindo para ser membro honorário. É a coisa mais estúpida que eu já ouvi falar. — Bem, naturalmente você não pode ser um membro regular do comitê; você tem que ser votada. Sendo um membro honorário é um privilegio especial. E eu acho que é uma forma extremamente agradável para eles honrarem Kristen. Foi muito atencioso da parte deles. — Sua voz tinha ficado mais alta. — Muito atencioso?— Eu estava quase gritando. — Elas não fizeram isso porque elas foram atenciosas. Elas fizeram isso para que elas pudessem obter algum privilégio estúpido relacionado a escola E — naturalmente — Eu não posso ser um membro regular? Você não está se ouvindo? Eu nunca pedi para ser uma aberração de comitê em primeiro lugar. Eu não me importo se é uma posição honorária, uns votos para posição ou presidente da coisa toda! — Eu só não acho que está certo para você recusar uma oportunidade que nem essa simplesmente porque você não se senti assim.— A voz dela assumiu um tom mortalmente silencioso. — Você não pode parar de viver a vida, Abbey, apenas porque Kristen... Com o passar do tempo melhorará. — Eu estou vivendo a vida, — eu respondi com ar de cansada. Sentia como se de repente todos os músculos em meu corpo tivessem sido esticados até o limite. — Eu ainda estou me levantando para ir à escola, não estou? Ainda estou fazendo minha lição de casa e comendo meus legumes, não é? Eu ainda estou tomando banho, me vestindo, colocando meus sapatos.... se eu ainda faço todas essas coisas, então eu ainda estou vivendo a vida. Mas isso nunca ficará melhor. Não importa quantos comitês eu entre, ou com quantos panfletos de faculdade eu seja entretida, ou ...— Olhei para os frascos nas minhas mãos. —


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Ou quantos perfumes novos que eu faça. Este nó frio sempre estará dentro de mim. Sempre. A voz da mãe era tranqüila, mas firme. — Sinto muito, Abbey. Eu sinto muito que você se sinta assim, e se você precisar falar com um profissional sobre o assunto, então nós podemos arranjar isso para você. Mas você vai aceitar essa oferta. Nenhum outro argumento. — Tudo bem. Tanto faz, mãe.— Eu me afastei. — Mas eu não preciso conversar com um profissional sobre nada. — Um dos frascos de repente caiu da minha mão e estourou em minúsculos pedaços de vidro no chão. O instantâneo cheiro de lavanda encheu o ar. Amostra número quatro. Senti uma sensação de satisfação perversa me encher, mas eu tentei esmagá-la. — Apenas vá, — minha mãe disse. — Eu limparei isso. Nós continuamos essa discussão mais tarde, Abigail. Oh, ótimo, isso é exatamente o que eu queria ouvir: — Nós continuamos essa discussão mais tarde, Abigail. — O que havia para continuar? Minha mente obviamente tinha feito as pazes por mim. Eu subi as escadas, perguntando quantas garrafas de óleo de lavanda que eu poderia — acidentalmente derramar— no meu quarto. Dormi demais no sábado de manhã, e isso era um grande modo para começar um dia de merda e eu nem queria ver o que ia acontecer. Eu não tive tempo para tomar o café da manhã, então eu estava de mau humor com o estômago roncando enquanto eu cortava caminho pelo cemitério para chegar à escola. Em um sábado. — Hei, Abbey. — Sua voz me assustou.


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Eu me virei. — Caspian, oi.— Meu dia instantaneamente foi de muito ruim para muito bom. — Como você está? — Ele estava em pé perto da ponte. — Eu estou bem. Como você está?— Eu dei um sorriso meio tímido, não completamente capaz de olhar diretamente nos seus olhos. — Eu estou bem. Eu estou realmente bem. Você está fazendo alguma coisa hoje? Quer sair um pouco? — Ele me deu um pequeno sorriso muito atraente. Seria ruim se eu o chamasse de adorável? Provavelmente. Garotos geralmente não gostam desse tipo de garota que usa esses termos com eles. — Yeah, eu — Então eu lembrei onde eu supostamente deveria estar indo. — Quero dizer, eu realmente gostaria de ficar, mas eu não posso. Eu tenho essa coisa estúpida na escola e eu tenho que ir. — Não é grande coisa. Talvez outra hora, então. Era só minha imaginação extremamente esperançosa, ou ele tinha um olhar desapontado? — Que tal semana que vem? Eu posso te levar naquela exposição de sepultura viva de Washington. Nós nos encontraremos aqui, no próximo sábado as onze e meia? — Isso deve me dar tempo o suficiente para voltar se eu tivesse outra reunião de baile estúpida. As borboletas começaram a voar no meu estomago. Ele me rejeitaria? — É um encontro, — ele concordou. — Xau, Abbey. Vejo você na próxima semana.— Ele se virou para ir embora.


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— Xau, Caspian!— Eu disse. Ele parou, e me deu um grande sorriso por cima do ombro. Eu sorri de volta como o gato Cheshire7. O que sobre ele que me fez tão ridiculamente feliz? Até que eu chegasse ao auditório da escola, eu estava em um bom humor, que era incrível. Eu nem estava perturbada pelos olhares de morte que recebi de Shana e Erika. — Eu trouxe muffins todos naturais de baixo teor de gordura e água mineral para todo o mundo, — Shana me disse, apontando para uma mesa perto. — Apenas tente não sei, assim, comer tudo, ok? — Erika riu do que ela disse, mas eu simplesmente as ignorava. Pessoalmente, eu teria escolhido uma dúzia de rosquinhas de açúcar, mas desde que eu estava morrendo de fome, eu não podia dar ao luxo de ser exigente. Eu caminhei até a mesa, agarrei um muffin, e deslizei um extra no meu bolso para mais tarde. Então eu roubei uma garrafa de água. Encontrando uma cadeira que estava perto do outro, mas não dentro da conversa, tomei um assento. Olhando ao redor, eu contei um total de doze, sério,

doze pessoas eram

necessárias pra uma reunião do comitê. Em outro canto tinha mesas e tabuleiros montados. Dois caras estavam inclinados no tabuleiro, enquanto o terceiro ficava de fora, assistindo todos os movimentos. Eu notei seus cabelos castanhos encaracolados quase ao mesmo tempo, ele reparou em mim, e Ben olhou para cima, dando-me um enorme sorriso bobo e acenando como um idiota. Eu tentei lhe devolver discretamente um xauzinho, e então virei minha atenção para o muffin em minha mão. Eu deveria ter adivinhado ele estaria aqui. Um minuto e meio depois eu estava seriamente lamentando aquele muffin.

7

Gato do Alice no país das Maravilhas


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— Tudo natural — deve ter significado — feito com serragem natural — ou algo assim, porque era disso que essa coisa tinha gosto. Eu tentei engolir com um gole de água, mas isso só fez a coisa seca, virar uma bagunça molhada. Eu lutei contra um reflexo automático de engasgar e desesperadamente queria ter pegado um guardanapo. Pelo menos então eu poderia cuspir a imitação vergonhosa de muffin. Claro que foi quando Shana decidiu anunciar o meu nome como membro honorário especial e todos voltaram para me olhar. Eu rezei que nenhum pedaço perdido de muffin escapasse da minha boca enquanto eu dava um sorrisinho sem abrir meus lábios. A maioria deles olhou para longe quando Erika começou a falar, e eu freneticamente mastiguei o que restou do bagunçado muffin. Eu engasguei um pouco quando engoli, mas eu acho que só um cara me ouviu. Ele me deu um olhar compreensivo quando me viu colocando o muffin no chão próximo de mim, em grande parte intacto. Olhei atentamente para as outras pessoas na sala, perguntando quantos deles tinham também cometido o erro do muffin. Ninguém mais tinha farelos incriminadores ou migalhas perdidas ao redor. Talvez eles sejam mais espertos do que eu. Duas agonizantes horas se arrastaram muito lentamente, e eu comecei a contemplar se eu poderia ou não me sufocar até a morte com o muffin que estava no meu bolso. Aquele encontro, até agora, tinha sido uma interminável conversa sobre quais as cores para decorar e por quê. Quando parecia que eles tinham feito a sua decisão final, eu rapidamente recolhi os restos se muffin e a garrafa de água vazia para jogar fora. Eu estava indo definitivamente para jogar uma garrafa de óleo de lavanda no chão da cozinha hoje. Minha mãe deve ter que sofrer tanto quanto eu tive desde que ela é a razão para eu estar aqui, em primeiro lugar.


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Passando a lata de lixo poderia fazer meu caminho para fora, eu esperava fugir sem ser interrompida por ninguém. Mais dois passos e eu estaria saindo pela porta. Eu estava tão perto. — Cuidado com os muffins da próxima vez. Eles são assassinos. Olhei por cima do meu ombro enquanto eu empurrava a porta. Erika estava a apenas um pé de distância. Senti meu rosto ficar vermelho, e ela riu alto. Mas eu não me importava, porque a última coisa que ela viu foi meu dedo do meio na sua direção enquanto eu ia para fora. Na segunda-feira, Shana me informou que a comissão de formatura já não precisava de meus serviços honorários. Eu mal continha a minha alegria. Mas o resto da semana na escola parecia que nunca iria acabar. Era como se estivéssemos todos presos em algum tempo continuo de Twilight Zone8, destinados a repetir a mesma aula de novo e de novo. Os segundo do relógio passavam extremamente lentos, quando tudo que eu queria era que sanado chegasse logo e eu finalmente poderia ver. Finalmente, finamente, sábado chegou, e eu estava acordada e pronta para ir às nove e meia. Minha mãe e eu estávamos ainda na fase de só-falo-com-você-quando-fornecessário, então eu andava nas pontas dos pés ao redor dela enquanto eu fazia uma xícara de chá. Uma dose agradável de chá de baunilha era o que eu precisava. Fiquei ainda mais feliz quando eu encontrei um pacote de biscoitos fechado no armário. Então eu passei a hora seguinte, assando biscoitos. Eu tinha um estranho desejo de dar alguma coisa para Caspian, e percebi que ele provavelmente ia preferir os cookies do que perfume. Depois que a terceira fornada tinha 8

seriado americano


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esfriado, eu deslizei uma dúzia de deles em uma caixa de biscoito da sorte vazia e peguei um para beliscar conforme eu ia porta a fora. — Não se esqueça que os Baxleys estão vindo para jantar esta noite, Abigail,— Minha mãe me lembrou áspera enquanto eu saia. Desde que eu ainda teria a maioria do dia com Caspian, eu só concordei em silêncio e fechei a porta atrás de mim. Não valia a pena uma discussão. Eu andei rapidamente para o rio, e ele estava me esperando sob a ponte novamente. Quando cheguei mais perto, gritei para ele e acenou a caixa de biscoito da sorte. Ele sorriu para mim, o sol refletido seu cabelo. Meu coração parou por um momento. Eu não sabia que golpe de sorte tinha causado isso, mas eu me sentia muito, muito sortuda. — Oi, linda, — ele disse calmamente. Eu não o respondi; eu estava muito ocupado olhando para os olhos. Ele estava usando lentes de contato para fazê-los parecer ainda mais vivos? Se fosse assim, então as lentes de contato dessa cor deveriam ser proibidas. Elas poderiam fazer as pessoas pensarem coisas perigosas.... Eu percebi que ele estava esperando por mim para dizer alguma coisa. — Aqui, — disse, empurrando a caixa de biscoitos para ele de repente. — Esses são para você. Um olhar divertido cruzou seu rosto. — Você comprou biscoitos da sorte para mim? Eu preciso de alguma sorte?


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Eu ri. — Não, eles não são biscoitos da sorte. Essa foi à única caixa que eu pude encontrar. Abra. Eles são snickerdoodles9. Eu os assei essa manhã. Seus olhos se iluminaram como de um menino com um brinquedo novo. — Você fez biscoitos para mim? — Ele abriu a caixa e cheirou dentro. O olhar em seu rosto era pura felicidade. — Ahh. Como você sabia que era meu favorito? Obrigado, Abbey. Você não sabe o que isso significa. Eu decidi que estava tudo bem e então que eu faria um perfume de snickerdoodle e o usaria, de forma que um dia ele sentiria meu cheiro assim. — De nada. — Dei de ombros, tentando esconder a minha vertigem extrema sobre o fato de que ele gostou dos biscoitos. — Estou feliz que você goste deles. Pronto para ir?

Uma chuva muito boa começou a cair, e depois me assegurando que se ele não se importava, eu também não me importava, nós começamos nosso tour. Levei-o para o enredo Washington Irving em primeiro lugar, e então lhe mostrei alguns enredos de famílias e os meus favoritos. Mas eu não o levei para onde Kristen foi sepultada, ou a sepultura onde a cadeira estava. Hoje eram lembranças diferentes. Caminhamos pelo cemitério, conversando sobre mais história da cidade, e da lenda. Quando a conversa eventualmente foi para a escola, nós rimos muito comigo tentando imitar meus professores.

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A Snickerdoodle é um tipo de bolinho feito de açúcar com a manteiga ou óleo, açúcar e farinha de laminados no açúcar com canela. Os ovos também podem às vezes ser usado como um ingrediente. Snickerdoodles são caracterizados por uma superfície rachada e pode ser crespa ou macia, dependendo da preferência. Em receitas modernas, o agente de fermentação é freqüentemente fermento em pó, em contraste com as técnicas tradicionais utlizing o bicarbonato eo cremor de tártaro.


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A última parada que fizemos era um túmulo duplo com o nome de família de Crane sobre ele. Foi gravado bastante recente, só um pouco de anos, mas a morte datas indicadas tanto para João e Maria eram as mesmas. — É realmente triste morrer no mesmo dia, — eu disse a ele antes de nos levantarmos. — Deve ter sido algum tipo de acidente ou algo assim, eles não tinham nem sequer sessenta anos ainda. Mas você sabe o que eu amo? Todos os anos no aniversário de suas mortes alguém deixa uma única rosa para eles. Caspian estava calado, e eu não sabia se tinha matado há pouco o humor mais feliz do dia. Eu me virei, olhando o morro à minha esquerda para ver se havia lá qualquer coisa que eu pudesse falar sobre isso que mudaria o humor. Eu não estava tendo sorte, entretanto. Você não consegue exatamente pegar — assuntos — e — vibrações alegres— de um cemitério. Uma figura do outro lado da colina chamou minha atenção, eu apenas vi o cabelo cinza. Nikolas! Coloquei uma mão para acenar, eu torci minha cabeça atrás para Caspian. — Olha! Ali. É— Ele me interrompeu. — Vamos continuar caminhando, Abbey. Eu não acho que devemos estar... nesta chuva. Mas ele estava olhando para a figura no morro enquanto ele disse isto. O-kay. — Podemos voltar para a ponte, — sugeri. Ele concordou, e fomos lá, e passei uma hora conversando sobre filmes, música, livros e muito mais. — Obrigada de novo pelos biscoitos, Abbey. Isso foi muito gentil.— Ele segurou a caixa com uma mão e empurrou a outra mão no bolso dianteiro da calça jeans. — Eu


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desejava que eu tivesse algo para te dar em troca, mas tudo que eu tenho é a minha gratidão eterna. Oh. Meu. Deus. Ele estava usando linhas do manual de Como Ser um Perfeito Cavaleiro ou algo assim? — Você é muito bem-vindo para comer biscoitos, e você não precisa me dar nada em troca, — disse, silenciosamente me dizendo para não desmaiar. — Tente eles com um pouco de chá; eles são grandes mergulhadores. — Eu vou, — ele prometeu. — Xau, Abbey. — Ele saiu na chuva e começou na direção oposta de onde eu estava indo. Me virei, e sai na chuva mesmo. Então eu parei de repente. — Caspian! — Eu gritei. Ele estava mais longe do que eu pensava que estaria. — Eu não vou poder te encontrar no fim de semana que vem; nós estamos indo para nossa cabana no interior. — Não se preocupe com isso, Abbey, — sua voz flutuava de volta para mim. — Eu vou te ver novamente.


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Capitulo Oito notificação breve ―Algo, no entanto, eu receio que deu errado.‖— A Lenda de Sleepy Hollow

Infelizmente, a escola não começou muito bem na segunda de manhã. Eu escapuli de um teste e um questionário e, finalmente, fui repreendida por adormecer na sala de estudo. Eu tentei ficar por cima das coisas colocando um tempo extra para fazer minha lição de casa e realmente me focando em meu projeto para Kristen, mas os pesadelos retornaram. Não houve qualquer alucinação desta vez, mas eu ainda não estava dormindo muito. Então eu comecei a me sentir culpada sobre Caspian. Eu não deveria estar feliz. Por que eu mereço a felicidade? Minha melhor amiga estava morta. E em vez de falar sobre ela, tudo que eu podia fazer era falar sobre mim. Eu, eu, eu, o tempo todo. Eu era uma amiga horrível, e me sentia terrível sobre isso. Foi demais, e na quarta-feira tudo desabou sobre mim. Acabei de me balançar de um lado para outro no chão novamente, como antes. Eu tentei desesperadamente segurar isto, mas um sentimento frio veio congelando esse vazio negro por dentro e endurecendo-o em uma bola de gelo afiada.


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Meu coração estava coberto de minúsculos pedaços de gelo que me apunhalou com cada respiração que dava. Rasgando e triturando, até que eu estava em carne viva e sangrando por dentro. Nada mais que um tremor, desculpa lamentável para um ser humano. Aquela noite foi muito, muito ruim. Eu rigorosamente evitei o rio e o cemitério o resto da semana. Tomando o caminho mais longo para casa depois da escola a cada dia para evitar encontros acidentais, eu tentei muito duramente não pensar em Caspian todo o tempo. Isto significa que tudo o que fazia parecia provocar uma memória dele. Em primeiro lugar, uma das minhas criações cheirava exatamente como biscoitos snicker-doodle. Enfiei essa amostra numa gaveta para ser esquecida. Então teve a repetição de três dias do filme Great Expectations na TV. Eu não assisti nada pelos três dias. Nad. Eu estava começando a pensar que o universo estava dando uma gigantesca risada cósmica a minha custa. Desnecessário dizer, que eu estava extremamente contente quando sai da escola na sexta-feira e pai começou a carregar nossas bolsas na van. Longe de todas as distrações e lembretes, eu poderia realmente ser capaz de relaxar. Eu também tive um bom pressentimento sobre o perfume de Kristen. Esperançosamente, isso ira acontecer na cabana. Bati meus dedos com impaciência no encosto do meu lado, remexendo no meu lugar e esperando para meu pai acabar com a última mala. Depois que terminamos, nós nos sentamos prontos e inquietos, esperando a minha mãe, que ainda estava dentro da casa. Três buzinas e quinze minutos depois ela saiu pela porta da frente segurando uma pasta com alguns papéis caindo. Ela começou a travar a porta, e de repente desapareceu para dentro de novo. Quando ela voltou, tinha o telefone sem fio.


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— Abbey! — ela gritou, gesticulando para que eu vá encontrá-la. — Tem um telefonema para você. Olhei para meu pai, mas ele apenas deu de ombros. — Eu tentarei fazer isto rápido, — eu disse, — e eu a mandarei para fora primeiro assim ela não acha um milhão de outras coisas que têm que ser feitas antes de nós partirmos. Ele sorriu para mim. — Bom plano. Vou distraí-la aqui. Pulando da van, perguntei a minha mãe quem era. Ela balançou a cabeça. — Eu não sei. Alguns meninos. Meu pulso correu e meu coração disparou quando eu peguei o receptor. 75, Caspian? Como ele conseguiu meu número? O que devo dizer? Minha mãe montava guarda em cima da pia, aparentemente encontrou alguma mancha inexistente que precisava ser polida ou limpada — Mãe, — disse com firmeza, segurando a minha mão sobre o telefone, — Vai para a van. O pai precisa de você lá fora. Ele disse que era importante. Eu podia ver o argumento se formando na ponta da sua língua. — Vai! — eu a espantei, virando as costas para ela, mas esperei até que ouvi a porta da frente abrir e fechar de novo antes que eu falasse no telefone. — Alô? — Minha língua estava inchada, minha garganta se fechou. Eu rezei para que fosse capaz de formar pelo menos uma frase semi-coerente. — É Abbey? — A voz do outro lado estava errada. Não era ele.


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— Quem é? — Exigi, empurrei para fora a minha súbita euforia. — É Justin Gaines. Vamos para escola juntos? Uh, assim, eu sei que isso foi rápido e tudo, mas ouvi dizer que você não tem um encontro ainda. Então você quer ir ao baile comigo? Isso era totalmente o que eu não tinha expectativa de ouvir. — Espera — O que? O que você acabou de dizer? Eu pelo menos conheço você? — Bom, uh, nós temos matemática juntos... — E? — eu incitei. — E... é i-isso, — ele gaguejou. E ainda minha perplexidade não cessou. — Então me deixa ver se entendi. Temos apenas uma aula juntos, e você nunca falou comigo antes... correto? — Uh, yeah.— Sua voz soou um pouco enjoada. — Ok, então uma aula, nem uma conversa real... E o que seria a base para você me pedir para ir ao baile com você? Outra coisa que ele disse de repente se encaixou. — E quem exatamente lhe disse que eu não tenho um par? Houve um silêncio completo na outra extremidade. — Alô? Justin? — Eu tinha ido além de confusa e estava agora chateada.


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— Shana Williams, — foi uma resposta calma. — Ela me disse que eu deveria lhe perguntar, como um favor a ela, desde que... você sabe. — Não, eu não sei,— eu cuspi no telefone. — Desde que, você sabe, Kristen Maxwell morreu. E ela era sua amiga. As meninas me disseram sobre a coisa da comissão do baile. Shana então sugeriu que eu lhe perguntasse. Desde que ninguém mais provavelmente iria fazer. Agora o silencio estava na minha extremidade. As cheerleaders estavam arrumando encontros para mim? Não tem como ficar pior do que isso. — A-Abbey? Você está ai? — Parecia que uma festa de vômito estava a caminho. — Justin, — eu disse docemente, — obrigada muitíssimo por ligar, mas da próxima vez que você ver Shana Williams, você pode dizer a ela para ir ao inferno. — Okay, então isso é um não? — Yeah, isso é um grande e gorduroso não. — Eu apertei o botão de desligar e encarei o telefone na minha mão. Claramente teria que ser queimado. A estranheza tinha se espalhado por ele. O som estridente tocou de novo e me fez pular uma milha. Ele não entende a palavra não? Eu apertei o botão FALAR. — Ouça, eu disse para você que na— — Uh, é a Abigail Browning? — outra voz masculina me perguntou. — É Trevor McCreeless. Eu estou ligando sobre o baile.


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Esfreguei minhas têmporas ferozmente. Eu estava ficando com uma dor de cabeça assassina. — Me deixa adivinhar, — suspirei. — Uma das lideres de torcida sugeriu a você ligar? — Bom, yeah, Erika fez. Como você? — Eu sou vidente, — Eu falei petulantemente, o cortando — A resposta é não. Bati o telefone de volta no carregador e coloquei a secretária eletrônica desligada eu definitivamente não precisava que minha mãe ouvisse, Deus sabe quantas mensagens mais estranhas dos meninos me pedindo para ir ao baile. Ela nunca me deixaria sair disso assim. Além, havia só um encontro que eu já sonhei com dizer que sim. Peguei a chave de casa coloquei no meu bolso e corri para a porta. O telefone começou a tocar de novo, quantas pessoas as meninas fizeram com que saibam? Mas eu ignorei e tranquei. Eu só esperava que a minha mãe e o meu pai não pudessem ouvi-lo do carro. — Quem era, querida? — Mãe me perguntou no instante em que sentei e fechei a porta. Curiosa estava escrito na sua cara. — Só alguém da escola. Ele precisava saber alguma coisa sobre o comitê. — Isso não era tecnicamente uma mentira, uma vez que Shana e Erika estavam no comitê, e elas tinham sugerido que ele perguntasse.


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— Vê? — Ela sorriu para mim. — Você não está feliz que fez a escolha certa, Abbey? Eu disse que era uma boa ideia entrar para o comitê. — Ela não esperou pela minha resposta, mas começou a conversar com o pai sobre algo espetacular que ela tinha feito quando estava no comitê do baile no colégio. Eu coloquei meus fones de ouvido e ignorei a conversa deles. O ritmo suave de uma canção lenta descontraída enquanto eu observava as árvores passarem. Eu fechei meus olhos e me concentrei na música, sentindo meu corpo gradualmente dormir. Quando chegamos à cabine e eu dei meu primeiro passo para dentro, e as lembranças da última vez que estivera lá me dominaram. Os detalhes desse terrível telefonema vieram correndo de volta, e eu precisava de um momento para me equilibrar. Eu lutava para não perdê-lo....

— Eu vou buscá-la, — minha mãe disse, terminando com seu último café. — Você me serviria outra xícara? E então me conte mais sobre aquele sonho que você estava me falando. — Ela correu para sala para atender ao telefone a tempo. — Não se preocupe com o sonho, mãe. Não foi nada. Sério, apenas esqueça isso. Eu levantei minha voz para que ela pudesse me ouvir enquanto eu me levantava para pegar o refil do café. Eu ouvi um abafado — Alô — e depois um murmúrio da conversa. Não pude distinguir as palavras, e eu não estava realmente ouvindo de qualquer jeito enquanto eu ia com movimentos automáticos para pegar café pronto. Tomei um gole... Precisava de mais leite. Minha mente voltou para o estranho sonho da noite anterior. Algo sobre isso realmente me incomodou. Alguma coisa no fundo da minha cabeça que só não poderia puxar com o meu dedo.


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Uma súbita agitação ardente tomou conta de mim. A dor veio rápida, apertando minhas entranhas. Afiada e apunhalando. Foi intensa e avassaladora. Eu estava ficando doente. Larguei a caneca de café e voltei para a mesa para me sentar por um minuto. Descansei minha testa sobre a mesa, dei várias respirações profundas, mas a dor não foi embora. — Mãe,— coaxei10, em seguida, tomei uma outra respiração profunda e tentou novamente. — Mãe! Acho que algo está errado. — Virei minha cabeça e coloquei-a de lado. A mesa era boa contra a minha bochecha. Respirando devagar, eu tentei me concentrar. Outra forte dor veio. Desta vez, tirou meu fôlego, e eu me dobrei. Eu nunca mais beberia café de novo. Enquanto eu me sentei lá debruçada sobre a mesa, as fortes dores eventualmente recuaram, elas deixaram para trás uma terrível dor de estômago. Tudo que eu queria era algum Pepto-Bismol11 e minha cama, ASAP. Optando primeiro pela cama, Pepto depois, eu estava devagar, tentando não me mover muito rápido. A última coisa que eu precisava era vomitar por toda a cozinha. Eu manquei até a sala para deixar minha mãe saber que eu estava indo lá para cima. Suas costas estavam viradas para mim, e ela ainda estava no telefone. Encostada no batente da porta, eu tentei chamar sua atenção. — Mãe, eu acho que eu estou doente. Eu vou mentir—

10

É o canto dos sapos e rãs.

11

Remédio para ânsia de vômito.


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— Sim. Tudo bem.... eu entendo. Eu ligarei o—Espere um pouco, eu ligo de volta. Isso deve ter sido quando ela me ouviu. Ela desligou o telefone e se virou. A primeira coisa que eu notei era que sua maquiagem, usualmente tão perfeita, tinha começado a borrar um pouco. Ela sempre era muito cuidadosa com coisas assim. — Abbey.— Ela falou com calma, em voz baixa. — Abbey, Eu preciso que você me ouça... É Kristen. Eles não sabem como aconteceu… é a mãe dela...Eu sinto tanto, querida. Eu não entendia. — O que? O que aconteceu com ela? Aconteceu alguma coisa com a mãe de Kristen? Ela balançou a cabeça para frente e para trás e pegou um lenço de papel da caixa em cima da mesa — Não é a mãe da Kristen. — Ela ainda falava calmamente, mas agora estava esfregando cuidadosamente cada olho para não borrar a maquiagem. — É Kristen, Abbey. É Kristen. É…Kristen...É...Kristen... Eu ouvi as palavras ritmicamente, como a batida lenta de uma batida de coração. É...Kristen...É…Kristen...


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Forcei a memória de volta e lutei para recuperar minha compostura. Meu pai nem se incomodou mesmo em descompactar os sacos do carro, mas sugeriu ir buscar algumas pizzas em vez disso. Rodamos ao redor procurando qualquer lugar que ainda estivesse aberto, e encontramos um velho fliperama dos anos cinquenta que prometia que O DIVERTIMENTO É GRATIS! Quando voltamos para a cabana, naquela noite, eu tropecei no meu quarto e desabei sobre a cama, caindo em um sono agitado. Na manhã seguinte minha mãe me perguntou se eu queria fazer biscoitos de chocolate. Apesar de tudo o que eu realmente queria fazer era ficar na minha quente e agradável cama, eu sabia que ela estava tentando me ajudar a substituir as memórias ruins com boas, então concordei. Depois de me arrastar para fora da cama, eu ajudei a deixar a cozinha pronta, e cavei através de vários gabinetes para encontrar um par de tigelas. — Onde estão os copos de medição? — eu perguntei, com uma de minhas mãos na gaveta de velharias. — Eu acho que colocamos no armário em cima da pia — ela respondeu. Então ela tirou alguns ovos e manteiga da geladeira. — Você se lembra da última vez que cozinhamos juntas aqui? Eu acho que você estava o que, com oito ou nove? — Ugh, está certa. — Fiz careta. — Você me falou que eu gostaria de fato de pão de banana. Ela riu. — Bem, você costumava amar bananas quando você era um bebê, então eu pensei que você amava pão de banana. — Gostar de bananas mole quando você tem dois anos de idade e gostar de bananas e pão misturado junto quando você tem oito anos de idade são duas coisas completamente diferentes, — retorqui, e depois estremeci. — Eu ainda não consigo comer bananas regularmente ao dia porque elas me fazem pensar em pão de banana. E eu odeio a


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cor amarela porque me faz lembrar de bananas! Ela me olhou chocada. — Sério? Eu não tinha ideia que é por isso que você não comia bananas. — Sim, você me traumatizou de maneira ruim quando eu era criança. Eu nunca vou comer bananas novamente. — Adotei uma pose dramática, coloquei uma mão na testa e tentei parecer negligenciada. Mas eu não pude manter um rosto sincero. Minha mãe jogou um pano de prato na minha cabeça, e eu peguei com uma mão — Mãos a obra, odiadora de banana, — Ela ordenou com um tom provocador. Passei o resto do dia trabalhando no perfume da Kristen, e anotei o último par de notas que eu precisaria para o projeto. Foi um momento agridoce, para finalmente terminar aqui na cabana, mas eu estava tremendamente aliviada. Dei uma despedida silenciosa para o fantasma de memórias antigas enquanto nós íamos embora. Estávamos quase em casa antes que eu notasse os olhares preocupados que minha mãe e de meu pai mantinham passando um ao outro. Quando eu peguei meu pai me olhando ansiosamente pela quinquagésima terceira vez no espelho retrovisor, eu sabia que alguma coisa estava acontecendo. — Ei, gente? — Eu perguntei. — O que está acontecendo com vocês dois? Nenhum deles encontrou meus olhos no espelho. — O que você quer dizer, Abbey? Nada há de errado entre seu pai e eu. — Ok, então, o que há de errado em geral? Você dois continuam olhando preocupados. A última vez que olhou você me olhou assim, disse que alguém tinha


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morrido. Eu acho que eu prefiro ouvir que vocês estão se divorciando a ouvir isso de novo, — Eu brinquei. Papai olhou para mamãe. — Diga a ela, — disse ele calmamente. — Espere, não é um divórcio... é isso? — Abbey, — disse minha mãe, — temos algo extremamente importante para lhe dizer, mas não tenho certeza de como você vai levar a notícia. — Mas isso não é um divórcio, certo? Diga-me que isso não é um divorcio!— Minha cabeça girava com o fato de que eu poderia ter para lidar com as famílias separadas e compartilhar feriados. Eu tinha um pouco demais acontecendo no meu próprio mundo, agora ter que aprender a lidar com qualquer coisa assim estava acima disto. — Não, isso não é um divorcio. — Meu pai falou, e acenou para minha mãe continuar. Alívio imediato me atingiu como uma onda de água fria e me deixou quase tonta de alegria. Eu não estava tento sucesso com a bomba. — Abbey... enquanto estávamos na cabana... Bem... — Mãe falou hesitante e com muito cuidado. — Recebemos um telefonema da polícia. Eu senti meu corpo instantaneamente imóvel. — E? — Eles acharam ela, Abbey. Encontraram o corpo de Kristen duas milhas e meias no rio Crane. Ela estava à deriva, e tinha ficado presa sob uma pilha de galhos. Eles vão


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enterrá-la amanhã, às nove horas. Podemos escrever uma nota para a escola, se você quiser ir... Eu sinto muito. Minha mãe esperou pela minha resposta, mas eu balancei a cabeça e depois virei o rosto para a janela. — Eu nunca vou voltar na cabana de novo, — eu disse baixinho. Minha mãe e meu pai não disseram mais nada depois disso. Eu não ia à cerimônia na segunda-feira para enterrar o corpo de Kristen. Eu não podia fazer tudo isso de novo. E eu não pensei sobre Caspian em tudo. Ele era a coisa mais distante na minha cabeça. O baile estava chegando era sábado à noite, e isso era tudo que qualquer um na escola conseguia conversar. Mas eu não poderia esperar o baile terminar. Levou toda a minha concentração permanecer centrada sobre as coisas mundanas da vida. Levantar. Tomar banho. Vestir. Procurar meias que combinem. Tomar café da manhã. Isso parecia ser tudo que eu poderia compreender agora. Acima de tudo eu estava cansada. Eu me sentia tão cansada o tempo todo. Eu tive que começar a colocar dois despertadores porque um sozinho não me acordava. Eu tirava uma soneca depois da escola a cada dia, acenar com a cabeça durante o jantar, e então de


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noite dormia como se estivesse morta. Eu não tinha tempo para pensar em outra coisa, eu estava praticamente dormindo toda hora. Isso não ajudava as coisas exatamente quando eu parecia tão exausta quanto me sentia. Fundos círculos roxos se formaram debaixo de meus olhos, e cada pálpebra parecia que iria ficar permanentemente meio fechada. Meu cabelo era monótono e sem vida, e eu não me importava mais com o que eu usava. Quando eu peguei um vislumbre de mim na escola na quinta-feira, eu estava tentado arrancar o espelho fora do meu armário. Eu estava horrível. Então alguém gritou meu nome e me virei para ver Ben acenando para mim. Eu gemi e interiormente contemplava bater brevemente minha cabeça várias vezes na porta do armário de pura frustração. Seria bom adicionar uma agradável contusão roxa para combinar com os círculos debaixo dos meus olhos. Mas eu não tive tempo suficiente para seguir com meu plano, ele quase me alcançou. O sorriso no rosto tornou-se um olhar preocupado quando ele finalmente chegou ao meu armário. — Hey, Abbey. Como vai você? Você está se sentindo bem? Eu não sorri de volta. — Perfeita. — Parece que você tem um resfriado ou algo assim, — sugeriu. — Yeah, alguma coisa assim,— disse secamente.


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— Ok. — Ele deu de ombros. Ele tinha um olhar engraçado no rosto, como se ele não tinha certeza se deveria continuar ou não. — Olha, Abbey, — ele disse sério. — Eu sei que isso deve ser uma droga para você agora, com a formatura chegando, e ouvir as últimas notícias sobre Kristen. Tenho saudades dela também, mas sei que deve ser um milhão de vezes pior para você. E se você totalmente disser não, eu entendo, mas gostaria de ir ao baile comigo? Eu sei que isso é de repente, e nós não temos que ir como um encontro. Pode ser apenas uma coisa de amigo. O que você acha? No meio dessa toda droga de bagunça, quer tentar ter uma noite de diversão? Se você estiver se sentindo bem para ir, é isso. Ben parecia tão sincero que eu não falei um automático não. Seus grandes olhos castanhos me olhavam com expectativa, como um cachorrinho adorável esperando por sua recompensa. Foi muito doce que ele estava tentando me animar, mas eu tinha esse sentimento irritante... — Será que alguém te pediu para fazer isso? Ele parecia desconfortável. — Bem, 'pedir' não é realmente a palavra... — Ele viu minhas defesas subirem e se fechando para o que estava vindo no seu caminho. Ele tentou recuar. — Eu quero dizer... Veja, Shana disse que algumas das garotas da equipe de torcida estão mencionando o fato que você precisava de um encontro com algum dos caras que elas conhecem. Mas ela não disse especificamente para mim. Eu juro. Eu só ouvi a conversa. Eu estava planejando pedir para você muito antes de sequer ouvir sobre isso. Eu

senti

meu

rosto

esquentar.

Minha

mortificação

estava

completa.

Embaraçosamente, meus olhos começaram a arder com as picadas das lágrimas derramadas.


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— Então por que você não me perguntou antes de você os ouvir falando sobre isso? — Eu perguntei para ele quietamente, mantendo meu olhar desviado para o armário. — Eu… eu…— ele gaguejou. — Desculpe, Ben, mas eu não acredito em você. A resposta é não. — Mas, Abbey, eu... perdi minha cabeça, — ele disse sem jeito. Eu não conseguia olhar para os seus olhos, então eu fechei o meu armário e fui embora. Ele me chamou uma vez, mas eu não me virei. Eu estava tentando segurar as minhas lágrimas... Pelo menos até eu fazer isso anonimamente no banheiro feminino.


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Capitulo Nove De Noite ―Ela usava os ornamentos de ouro amarelo puro, que sua tataravó tinha trazido da Saardam, o charme tentador dos velhos tempos; e, além disso, uma saia curta provocadoramente, para mostrar o mais bonito tornozelo e pé no país.‖ — The Legend of Sleepy Hollow

Evitei Ben pelo resto da semana, e ouvi dizer que uma das meninas seniores acabou o convidando para o baile no último minuto. Eu realmente esperava que ele tivesse um bom momento com ela. Coisas que provavelmente seria estranho entre nós agora, e me senti mal por isso. Sábado de manhã, dia do baile, finalmente chegou, estava brilhante e ensolarado em vez de frio e chuvoso, como achei que deveria ser. Eu puxei as cobertas sobre minha cabeça e tentei ficar na cama enquanto podia, mas eventualmente minha mãe me arrastou para ajudá-la a colocar algumas fantasias no sótão. Anualmente, a Câmara Municipal realizou uma parte Halloween considerou a Hollow Ball na mesma noite que o baile sênior. Eu sempre tive uma suspeita de que a verdadeira razão por trás disso foi para que todos os pais dos juniores e seniores se distraíssem, assim que não precisam se preocupar com o que seus filhos estivessem fazendo. Na maioria das vezes isso parecia funcionar.


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Minha mãe e meu pai sempre iam à festa, como Katrina Van Tassel e Ichabod Crane. Eles tinham roupas de época feitas e os figurinos que eram absolutamente lindos. Um pouco incômodos e pesados, mas lindos. Um ano eu tinha tentado convencer o papai de misturar as coisas e ir como Sr. Irving desde que eu senti que o contador de histórias merecia ter alguém que se vestisse como ele, mas minha mãe não achava que seria ideal para Katrina Van Tassel aparecer com Washington Irving. Tanto faz. Nós estávamos no meio do desempacotamento dos acessórios, quando uma grande nuvem de poeira voou da peruca que eu peguei, e eu espirrei ruidosamente. — Se isso era supostamente para ser protegido por estar guardado no lugar certo, como é que a poeira subiu nela? — perguntei para minha mãe. Ela olhou por cima da jaqueta que ela estava sacudindo. — Eu não sei. Provavelmente é pó de arroz que sobrou do ano passado. Mas não limpe tudo. Acrescentase ao ambiente. — Se você quer ter aranhas em seu cabelo, tudo bem por mim, — eu disse, colocando-a para o lado. Ela riu e jogou um sapato de cetim para mim. — Aqui, verifique se tem aranhas. — Então, ela ficou séria. — Tem a certeza que não querem vir conosco para a festa de hoje à noite? Ou você poderia ir sozinha ao baile. Tenho certeza que muitos de seus amigos vão estar lá. E você nunca sabe quem você pode conhecer. Poderíamos deixá-la no caminho.— Eu suspirei. Ela tinha que ser sempre tão insistente? Ela parecia tão agressiva ultimamente. — Eu não vou à festa hoje à noite, mãe, e eu definitivamente não estou indo ao baile. Sei exatamente quem vou encontrar lá... alguém que já tem um encontro. Além disso, eu não tenho ingresso para isso, ou um vestido que escolhi, para o caso. E você sabe


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o quanto Kristen e eu queríamos ir juntas. Eu não me sinto bem em ir sem ela. Um olhar animado cruzou seu rosto. — Que tal se nós comprássemos um vestido diferente? Eu não queria te forçar antes, mas é o seu primeiro baile. É suposto que nós estivéssemos todas tontas e gastando muito dinheiro no vestido perfeito. — Ela inclinou a cabeça para o lado. — Eu vi um vestido de cetim preto adorável em uma loja de noivas na semana passada. Aposto que eles ainda o têm. Eu sei que você gostará daquele. — Era como ela não tivesse ouvido 90 por cento do que eu disse. — Não, mãe, — eu disse energicamente. — Obrigada de qualquer jeito, mas eu ficarei bem aqui. Provavelmente haverá alguns filmes de monstro, e eu vou assistir eles. Mais, alguém precisa estar aqui para todos os doces ou travessuras. — Eu sabia que ela queria discutir, mas ela deixou passar. Depois que terminamos de desempacotar a última peça da fantasia, minha mãe foi tentar colocar sua roupa. Eu abri um saco de doces. Eu tinha acabado de arrumar tudo em tigelas quando ela voltou. — Como estou? — perguntou ela. — A mesma que no ano passado, — eu respondi. Então ela fez beicinho, e eu joguei um pacote de chocolate para ela. — Oh, vamos lá, mãe. Você sabe que está ótima. — Eu sei. — Ela rasgou pacote minúsculo. — Mas você poderia ter me dito em primeiro lugar. — Colocou o doce na boca, ela mastigava alto enquanto ia trocar de roupa. Caminhei até o sofá e liguei a TV. Mudando de canais cegamente, não estava realmente prestando atenção. Meus olhos continuaram a se arrastar até a janela. Escureceria mais cedo. Quase todas as garotas juniores e seniores provavelmente estavam em um salão de beleza fazendo cabelo e maquiagem agora, se preparando para o baile. Kristen e eu deveríamos estar fazendo isso também.


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Eu tentei não pensar sobre o cabelo loiro-branco em um encontro de olhos verdes... ou nos bonitos vestidos de cetim preto ... ou partilhar a emoção de baile com uma melhor amiga .... Mas eu estava falhando miseravelmente. Kristen deveria estar aqui, e nós deveríamos ir lá. Não era suposto que fosse assim. Não era suposto que eu gastasse meu baile júnior sozinha, em um sofá, sem minha melhor amiga. Depressão sentou em mim igual a um cobertor pesado. O canal que deixei estava passando um filme de vampiros, e eu deixei nesse. Arrumando o travesseiro atrás da minha cabeça, coloquei meus pés para cima e fechei meus olhos. — Abbey, eu vou ter que ir costurar essa barra, ela descosturou quando e fui provala. Precisamos de mais doce? Soda? Qualquer coisa? — voz da minha mãe interrompeu a música de horror malfeitos da televisão.

Eu não lhe respondi, mas virei o rosto no travesseiro. Se tivesse sorte, ela pensaria que eu estava dormindo. A ouvi dar um passo mais perto do sofá, e, em seguida, um momento depois, ela se afastou. Eu acho que eu tive sorte. Houve um ruído farfalhante, e eu percebi que ela estava colocando sua roupa em um saco de roupa de plástico, e, em seguida, um minuto depois, e então um minuto depois eu ouvi a porta sendo trancada. Eu mantive meus olhos fechados, ainda pensando no baile, e não demorou muito para eu realmente cair no sono. O vestido do baile era lindo. Um antiquado estilo vitoriano. O tecido era de cetim vermelho sangue com um veludo preto delicado que modelou um padrão de videira que torcia e se enroscou pelo topo do corpete antes de se arrastar abaixo, nos lados. O cordão na parte de trás foi projetado para imitar os fios de um colete, enquanto uma combinação de renda preta aparecia tão ligeiramente para fora no fundo do vestido e completou a imagem.


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Foi algo saído de um conto de fadas gótico. ''Escolha esse, Kristen. Esse é perfeito para você.— Eu agarrei o cabide e virei para dar ele a ela, mas ela não o pegou de mim. — Eu não posso, Abbey. Eu já tenho um vestido. — Ela apontou para a peça cinza escura esfarrapada de tecido que ela estava. A bainha com costuras rasgadas se parecia que alguém tinha tentado rasgar a roupa em dois pedaços. Horrorizada, vi que a parte inferior do vestido começou a pingar água. — Não, não, — insisti. — Por favor, Kristen, coloque este. Há alguma coisa errada. Mas ela apenas balançou a cabeça e sorriu tristemente para mim. '— Eu não posso, Abbey. Eu não posso. Minha mãe estava chacoalhando meu ombro e chamando meu nome quando eu finalmente acordei. Meu cérebro ainda estava muito nebuloso para processar seu traje, e eu não tinha ideia de quem era à pessoa louca na minha frente. Fiquei lá, piscando, enquanto seu rosto gradualmente entrou em foco e as palavras Kristen desvaneceram-se da minha mente. — Você está acordada agora, Abbey? — ela me perguntou. — Nós temos que sair. Mamãe estava completamente vestida na sua fantasia, e papai estava polindo um de seus sapatos. Eu olhei vagamente ao meu redor. Está escuro agora, e o relógio do DVD está marcando 5:30. Eu estive por um bom tempo. — Yeah, eu estou acordada, mamãe. Eu vejo vocês mais tarde, — eu disse.


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Ela inclinou-se para me dar um abraço, ou a coisa mais próxima que sua fantasia permitiria, e eu sorri tristemente para ela. — Vá em frente, — eu sussurrei. — Eu ficarei bem. Se divirta. — Nós precisamos sair ainda hoje, — meu pai chamou da porta. Minha mãe se levantou. — Estou indo, estou indo. — Então ela olhou para mim. — Doces sobre a mesa. Vamos deixar a luz da varanda acessa. Tenha cuidado e para não ficar acordada até muito tarde. — Ela acariciou sua peruca, uma última vez e partiu para o meu pai. — Oh, e Abbey.— Ela fez uma pausa no meio do caminho — Olhe atrás da porta de seu guarda-roupa. — E com isso eles me deram um ultimo aceno e foram embora. Eu não tinha certeza se queria saber o que ela tinha me deixado. Ingressos para o baile gravado no espelho? Um traje de abóbora para a Hollow Ball deixada na porta? Eu só podia adivinhar. Infelizmente, para a próxima hora tudo que eu podia fazer era adivinhar. A campainha não parava de tocar... e tocar... e tocar. Foi um fluxo interminável de fantasmas, duendes, bruxas, e uma pobre criança que conseguira apenas um hidratante com doces-e-travessuras. Eu o deixei levar duas mãos cheias de doce. Quando houve uma trégua nos clientes, eu desliguei a luz da varanda para que eu pudesse me esgueirar para cima para ver o que a minha mãe tinha deixado. Meu queixo caiu quando abri a porta e viu que estava lá. Pendurado na parte de trás da porta do armário estava o vestido de baile mais lindo que eu já tinha visto.


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Eu toquei primeiro a saia. Ela tinha uma fina camada de tule preto sobre o tafetá preto que brilhava sempre tão ligeiramente quando a luz o atingia. O top do espartilho era de cetim estava frio e liso sob meus dedos e eu descobri uma fita à direita na frente em um padrão de X. Ela ainda deixou um par de saltos pretos de tiras que combinavam perfeitamente. Era incrível. Eu olhava para o vestido por um momento mais longo, então balancei a cabeça e fechei a porta muito delicadamente. Ela podia ser agressiva, e teimosa sem nenhum fim, mas às vezes ela era uma mãe muito, muito boa. Logo que voltei para baixo e acendi a luz da varanda de novo, os monstros pouco a pouco começaram a fazer fila. Eles realmente queriam os seus doces. Comecei a me perguntar se as pessoas estavam enviando as crianças de outras cidades, porque a fila ia crescendo mais e mais. Eu tentei apagar a luz da varanda de novo, mas que não funcionou. Eles apenas tocavam a campainha de qualquer maneira. Depois que a décima primeira pequena face triste se virasse quando eu falei para a criança que estava sem doces, eu não aguentava mais. Ligando para a farmácia mais próxima, eu descobri que eles estavam abertos até nove. E tinham muitos doces. Desde que eram apenas cinco quarteirões de distância, não demorei muito para chegar lá também. Pensei em colocar um INDO BUSCAR MAIS DOCES escrito na porta, mas decidi que não. Pode ter a casa cheia por duendes bravos que querem o doce deles.


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Uma brisa fria tocou ao longo do meu rosto enquanto eu caminhava até a loja, e um par de nuvens pequenas encheu o céu. Eu teria levado mais tempo se eu não estivesse tão preocupada com multidões enfurecidas de crianças pichando12 a casa em busca de doces. Esse pensamento terrível me fez andar um pouco mais rápido. Quando cheguei à farmácia, havia uma limusine preta estacionada do lado de fora, e eu não conseguia descobrir o que ela estava fazendo ali. Então vi uma janela abaixar e tive um lampeje de um smoking dentro. O baile, claro. Um grupo de rapazes que tinham alugado e, provavelmente, estavam em seu caminho para pegar seus encontros. Tentei não dar muita atenção ao motivo pelo qual eles parariam em uma farmácia na noite do baile. Talvez eles ficaram sem doce também? Sorrindo para mim enquanto eu abria a porta, eu desci dois corredores e então levei uma bolada. Tudo estava com 50 por cento de desconto. Dupla bolada. Eu estava tentando decidir se devia ir com uma variedade ou apenas um tipo de doce, quando uma voz do próximo corredor chamou minha atenção. — ...Ele pediu que a menina esquisita, a Abbey, mas ela, o negou,— uma menina disse. — Yeah, e ela foi uma verdadeira cadela sobre isso também. Eu tive que pedir para ele, como, duas vezes antes dele aceitar ir comigo. — Eu pensei que você disse que apenas pediu a ele uma vez e ele— Yeah, tanto faz. Olha, vamos apenas pegar as câmeras e ir embora. Os garotos estão esperando. 12

Aqui estava stampeding que é carimbando, então eu troquei para pichando que faz mais sentido.


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Eu espiei no corredor e ao redor. Havia duas meninas com vestidos para o baile ali e, obviamente, uma delas era a sênior que tinha convidado Ben. Cada uma pegou uma máquina fotográfica descartável e, em seguida, subiram para os caixas. Três pessoas já estavam na fila, e eu poderia dizer que as meninas não estavam felizes com isso. Voltei para a seção de doces, peguei dez sacos aleatórios, e caminhei lentamente para frente. Felizmente alguém tinha chegado à fila atrás delas, então eu não tive a preocupação de chegar muito perto para o meu conforto. Mas eu ainda estava perto o suficiente para ouvir cada palavra que disseram. E elas tinham muito a dizer. — Ele terá muito mais diversão com você, — a menina de vestido rosa garantiu a menina de amarelo. Pelo menos elas foram codificadas por cores, então eu sabia quem era quem. — É claro que ele vai, — disse a de vestido amarelo, com uma jogada de cabeça. Como ela fez isso, eu notei que seu vestido ainda estava com o preço, e saindo do seu zíper lateral para o mundo inteiro ver. Gostaria de saber se a de vestido rosa a diria sobre isso. Mas a de vestido amarelo se manteve falando. — Quero dizer, como ela é rude? Ela deveria ter sido grata que alguém a pediu para ir ao baile de formatura. — Eu ouvi que a torcida inteira teve que praticamente implorar para convidarem-a para ir, como um favor pessoal para eles. — Quão patético é você ter outras pessoas arrumando acompanhantes para você, e ainda acabar com ninguém? Aquela dor. Senti a picada no interior, e uma corrida instantânea de lágrimas. Eu não estou chateada, eu disse a mim mesma. Eu estou chateada. Mas não importa como eu


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realmente estava, ainda tinha a minha visão borrada. Fiquei olhando para o doce em minhas mãos, sem realmente vê-lo. Elas não podem buscar outra caixa lá em cima para ajudar a mover a fila? Tentei ajustar tudo e não ouvir a conversa, mas era como um acidente de carro ruim. Eu não podia me virar. Elas eram as próximas, mas ainda continuaram falando. — Você viu-a na escola esta semana?— perguntou a de vestido rosa. — Ugh, sim. Ela estava terrível. Alguém realmente precisa se despedir das margueritas a meia-noite em noites da semana. — Eu sei, né? — Alguém deveria também dizer para ela não se vestir de preto o tempo todo. É totalmente por fora. O que é que ela, uma garota gótica? E aquilo é chamado de corte de cabelo. Arranje um. A vestida de rosa riu agora. — Talvez ela se vista de preto porque quer emagrecer. Poderia estar escondendo alguns 'pontos problemáticos. Você sabe, desde que a amiga dela morreu, ela está mais e mais estranha. Ela é uma perdedora. Eu não ficaria surpresa se ela pulasse da ponte apenas para ter alguma atenção. — Ela está totalmente tentando explorar o abismo,— disse a de vestido amarelo. — Você sabe que ela está. Primeiro, a colocam na comissão de formatura, e agora eu aposto que todos os professores estão deixando ela com a tarde livre para a lição de casa. Ela provavelmente vai começar a pular aulas para que possa ir chorar em um ombro conselheiro sobre o quanto ela sente saudades da sua amiga morta.


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Por alguma razão, ouvindo essas palavras em voz alta, me pareceu absurdamente engraçado, e eu encontrei-me rindo incontrolavelmente. Eu não conseguia parar. Eu não queria parar. Assim eu valsei meu caminho para baixo do morro sustentando meus braços na forma adequada de dançar, o tempo todo segurando meu frasco de perfume na mão. Entre os ataques de risos histéricos, eu cantarolava trechos de uma canção antiga. Eu fui valsando ao meu redor, ao longo de vários caminhos para chegar ao meu destino final. Eu estava quase lá. Então, meu pé ficou preso na borda de um túmulo quebrado, e ele me fez tropeçar. Tentei recuperar o meu equilíbrio, mas fui difícil. Felizmente, os meus braços estendidos detiveram o impacto da queda. Infelizmente, essa queda foi de encontro à borda da lápide. Ela raspar minhas duas mãos em carne crua. Fiquei ali sentada no chão frio e duro e olhei para as palmas das mãos. A carne havia sido arrancada em linhas irregulares, e estava escorrendo sangue fresco para a superfície. Eu não sabia o que fazer sobre isso. O que eu sabia era que o perfume da Kristen estava faltando. Procurei no chão freneticamente por sinais de vidro quebrado, mas não havia nenhum. Eu finalmente avistei o frasco perto de um tronco de árvore e me arrastei até lá, enquanto a chuva começou. A chuva bateu forte e rápida, e meu vestido foi rapidamente encharcado. Mamãe vai ficar tão chateada. Mantive minhas palmas das mãos para cima na chuva, pelo menos elas não estariam mais sangrentas, em seguida peguei o frasco. De alguma forma ele tinha sobrevivido à queda. Quando avistei a lápide da Kristen, eu desisti de qualquer pensamento de salvar o vestido de baile e se sentei ao lado dela. Foi a primeira vez que eu vi a pedra, e estendi a mão para tocá-la, meio que esperando sentir o choque frio o mesmo que senti quando eu toquei seu caixão. Mas apenas senti como uma pedra. Eu segui o contorno de profundidade das letras esculpidas lá. Ela estava realmente aqui e agora.


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Abri o frasco de perfume, derramei algumas gotas sobre a lápide. Misturado com a chuva, correram em rios minúsculos para o chão, encharcando a sujeira abaixo. — Hey, Kris, — Eu comecei suavemente. — Eu finalmente te fiz um perfume. Agarrei-me as palavras. Fiquei tão entorpecida por dentro que não sabia o que dizer para ela.. — Eu espero que você goste. Usei toranja e gengibre, com apenas um toque de baunilha. Eu acho que combina com você. Levei um tempo para acertar, mas eu queria que ficasse perfeito. — Um punho enorme de tristeza bateu em mim, e meus olhos começaram a transbordar. Eu senti isso submergir do meu interior. — É a noite do baile... hoje ... Kristen,— Eu tentei falar entre soluços. — Nós deveríamos ir… juntas. Mas não desse jeito... Isso não era para ser assim. Um soluço escapou ofegante, e eu estava perdida para palavras novamente. Baixei a cabeça, e minha tristeza se transformou em raiva, ódio puro voltado para Kristen, o mundo, ninguém, eu mesma. O trovão rolou novamente atrás de mim, e me levantei com os punhos cerrados de raiva. — Por que você não está aqui, Kristen? Você deveria estar aqui! — Eu gritei para lápide. — Como você pode apenas cair? Nós nunca caímos na água! — A chuva escorrendo pelo meu rosto, e eu corri. Eu corri rápido e forte, contanto que pudesse chegar até a margem. Eu pensei que tinha visto uma forma branca, e eu corri até minhas pernas doerem, e meus pulmões queimarem. É ela? Ela está aqui? Eu persegui isto até que desapareceu, então me desmoronei em um amontoado à beira da água. Meu corpo se esforçou para lutar por cada respiração, arrastando em um suspiro doloroso e curto, um depois do outro. Eu coloquei um braço em cima da minha cabeça, e


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derramei o resto do perfume na corrente dançante, me aproximando até que eu estivesse ao longo da beira da água. Fechando meus olhos, descansei minha cabeça no redemoinho de água em baixo de mim. Ele sussurrou sedutoramente, convidando-me a perder a minha dor e a tristeza, minha raiva e meu medo, sentir-se calma e serena. Ver Kristen de novo ... Meu cabelo estava flutuando ao meu redor, formando uma aureola negra. A água estava gelando, e embora isso deva me fazer sentir frio, isso não fazia. Ao invés disso sentia como se fosse um calmante nas minhas feridas emocionais. Eu respirei fundo, imaginando Kristen aqui, enquanto o cheiro de toronja, gengibre, e baunilha me cercaram. Mas eu ainda estava entorpecida por dentro. Eu ergui uma mão e deixei-a percorrer o curso, observando como o frasco de perfume vazio flutuou para longe. Fiquei respirando devagar, tentando acalmar minha mente. E então estava começando a funcionar. Eu estava me acalmando. O som de alguém gritando meu nome, me fez abrir os olhos. Caspian estava do outro lado do rio. — Oh Deus, Abbey. Pensei que estivesse morta! — ele gritou. Ele saltou numa grande rocha lisa no meio da água, e depois outra, para se aproximar. Eu não me movi. — Abbey, — ele disse muito calmamente, — O que você está fazendo? Você precisa sair da água. Eu ri alto. — Eu preciso sair da água? Mas Kristen não saiu da água, Caspian. De que outra forma eu poderia alcançá-la?


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— Venha, Abbey, — ele persuadiu, agachando-se perto de mim, mas ainda um par de metros de distância. — Eu não sei o que aconteceu, mas você precisa se levantar e sair da água. Agora.— Sua voz se tornou dura. Eu levantei de repente, e água voou para todos os lugares. A chuva continuava caiando, e eu vi que ele estava encharcado também. Seu cabelo estava grudado em sua cabeça, mas uma risca preta destacou-se nitidamente contra o resto do seu cabelo claro. — Você não sabe o que aconteceu? — eu disse histericamente. — O que aconteceu é que minha melhor amiga morreu, Caspian. Isso foi o que aconteceu. Ela se afogou nesse mesmo rio, lembra? Você estava em seu funeral. Só que não era realmente o seu funeral, porque eles não tinham um corpo para enterrar. Mas eles agora... Ou eles fizeram. Seu corpo foi encontrado na semana passada, e ela foi enterrada. E isso significa que tudo é real. Ela se foi, e eu não estava lá. — O peso das palavras me machucando profundamente. — Eu sei, Abbey. Eu sei a dor que você deve estar sentindo. Mas por que você está aqui agora... e em um vestido? — Seus belos olhos verdes me imploraram para lhe dar as respostas que queria. Eu peguei uma camada do vestido, encharcado e arruinado — Isso?— Segurei para ele, e então deixei cair. — Isso é o meu vestido do baile. Hoje a noite é o baile. Porque essa cidade estúpida não consegue fazer nada normal, nosso baile é no Halloween. Kristen e eu supostamente deveríamos ir juntas com nossos encontros. Mas eu acho que ela tinha um compromisso antes.— Eu ri veemente. — Abbey, venha, por favor, afaste-se da água, — ele implorou. — Venha aqui para mim. Você pode conversar comigo sobre isso. — Conversar com você sobre isso? Eu não posso conversar com você sobre isso. Eu nem mesmo deveria estar aqui com você, Caspian. Eu nunca deveria ter me encontrado


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com você aqui. Esse é o nosso lugar. Meu e da Kristen. E o que eu faço? Eu esqueço tudo sobre ela. Eu não contei para você como ela era uma boa pessoa, ou como era divertida, e quanto ela amava a família dela... ela amava tanto, Caspian.— Falei furiosamente agora. — Kristen gostaria que você fosse feliz, Abbey. Mesmo se isso significou me encontrar aqui. — Você não sabe o que ela gostaria — Gritei, me levantando para enfrentá-lo. Ele também se levantou. O vento chicoteando em torno de nós e levou minhas palavras para longe e, em seguida jogou de volta no meu rosto. Minha respiração estava fora de controle, e eu senti a pura raiva pulsando através de mim novamente. — eu sabia o que ela queria quando ninguém mais sabia. Não qualquer um na escola, nem ninguém nesta cidade, e nem você! Minha voz se tornou tranquila agora. A raiva ainda estava lá, mas estava focada, uma quieta raiva crua. — Você sabe que eu sonhei com ela, na noite que ela morreu? Isso é o quão unida, éramos. Eu sabia que ela estava morrendo. Eu consegui sentir. Eu senti isso, Caspian. Tudo. Mas eu não estava aqui. Eu não parei isso. Eu nem mesmo sabia o que isso significou na manhã seguinte. Ela precisava da minha ajuda, e eu não fui uma boa amiga o bastante para ajudá-la. Então eu acho que isso significa que eu não era realmente a melhor amiga dela, depois de tudo. Eu me virei. Minha fúria morrendo. Eu me senti hesitante e em pedaços, frio de novo dentro de mim enquanto a raiva se tornava tristeza. — Eu não fui ao baile hoje porque ela não estava aqui para ir comigo, — eu disse amargamente. — Oh yeah, e também porque eu sou uma perdedora, e tão patética, que elas têm que arrumar um encontro para mim. Você sabia que elas imploraram para pessoas me pedirem para sair? E elas dizem que eu preciso de um corte e cabelo...— vaguei para longe.


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— Abbey, eu preciso que você fale devagar, — implorou. — Eu não entendo você. Quem pediu para pessoas te chamassem para sair? E quem disse que você precisa cortar o cabelo? — As cheerleaders, — respondi. — E algumas garotas na farmácia. — está tudo bem que essas coisas te incomodem, Abbey. Venha até aqui e podemos sentar juntos. Se você não sente vontade de falar, você não precisa. — Sua voz era calma, mas um pouco instável. Olhei para ele. Ele tinha um olhar selvagem igual ao meu, e eu senti o desejo desesperado de fazê-lo me entender. — Sentir? — zombei. — É ai que você está errado, Caspian. Eu não sinto nada. — E então eu vi alguma coisa mudar em seus olhos. Um olhar de entendimento que me desfez completamente. Dei um passo mais perto dele, e tropecei. — Oh Deus, Caspian, —eu disse horrorizada. — Eu não sinto nada. Foi quando a parede se quebrou. Toda a dor e dormência se racharam e quebraram em um milhão de pedacinhos. Cada um desmoronou, revelando o enorme buraco deixado para trás. Um grande vazio negro em volta do meu coração. Eu comecei a chorar. Lágrimas incontroláveis me consumiram de dentro para fora, e cada uma derramava e rolava, e doía. Caindo de joelhos, eu chorei e chorei e chorei. Eu chorei todas as lágrimas que eu não tinha sido capaz de derramar no funeral dela. Eu chorei todas as lágrimas que tinha estado comigo durante as noites solitárias. Eu chorei pela amiga que tinha perdido, e as memórias que nós não iríamos partilhar.


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E então eu chorei por mim. Abraçando meus joelhos no meu peito, eu chorava todas as lágrimas que haviam estado presas dentro de mim. Toda dor no coração veio derramando em pele retorcida de raiva e emoção crua, antes de escorrer distante do rio até não sobrar nada para trás. Enquanto minhas lágrimas paravam de cair uma por uma, o tempo teve pena de mim e ofereceu suas condolências. O vento cessou e a chuva diminuiu. Caspian esperou em silêncio. Ele simplesmente estava lá pacientemente, até que eu estivesse pronta. Quando ele finalmente voltou a falar, eu olhei para ele com olhos arregalados. — A pergunta para achar a resposta para o que Kristen estava fazendo aqui na noite que ela morreu, — ele sussurrou. — Então, vamos descobrir, Abbey. Vamos descobrir.


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Capítulo Dez Escolhendo Aromas ―Era realmente a noite das bruxas...‖ — The Legend of Sleepy Hollow

Caspian me levou para casa pelo rio, colocando-se como uma barreira silenciosa entre a estrada e eu. E mesmo que não estivesse passando carro nenhum, o gesto me deixou com uma doce dor no fundo da garganta. Eu olhei para meu vestido, molhado e arruinado, enquanto caminhávamos. Manchas de grama e lama riscavam a frente dele. Esperava que meu rosto e cabelos não estivessem tão ruim quanto o vestido. Mas, novamente, eu estava tão cansada que realmente não ligava para como eu aparentava. Bem, talvez eu me importasse um pouco. A casa estava completamente escura quando chegamos lá. Eu estava com tanto frio por estar molhada que não pude me impedir de tremer. Estava congelando do lado de fora. Peguei a chave reserva de um tijolo ao lado da porta da frente e rapidamente a destranquei, e entrei, acendendo todas as luzes. Desamarrando minhas botas enlameadas, chutei-as e tentei não espalhar lama por todos os lugares. Caspian recuou nas sombras da casa. Eu mal podia vê-lo. Até mesmo seu cabelo claro estava escondido na escuridão.


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— Você pode entrar, se quiser, — eu o chamei. — Apenas deixe o seu sapatos na porta. — Olhando para o relógio na parede, eu vi que era quase onze e meia. Mamãe e papai não estariam em casa por pelo menos mais uma hora. — Será que os seus pais não se importam? — perguntou ele, ecoando o meu pensamentos. — Não, eles estão no Baile de Hollow. Eles sempre ficam até o final, como os bons membros do conselho que eles são. E então eles se oferecem para serem os motoristas encarregados, ou para ajudar a limpar depois... E assim por diante. Eles provavelmente vão estar em casa por volta de meia noite e meia, ou até mesmo uma da manhã. Ele saiu da escuridão. — Você gostaria que eu entrasse Abbey? — Seus olhos verdes brilhavam, e ele olhou para mim de perto. — Sim, — eu sussurrei. Então eu limpei minha garganta e tentei novamente. — Sim. Eu olhei para meu vestido. — Eu preciso tirar esse vestido e colocar algo seco. Estou virando um pingente de gelo aqui. Por que não me segue até meu quarto? Tenho certeza que você está congelando também. Ele deu um passo mais perto e de repente estava bem ao meu lado. — Eu não estou com frio, — disse. — Está quente aqui. Olhei para ele por um momento antes de perceber que eu definitivamente precisava me distrair com alguma coisa. Dando um passo para o lado, eu dei a volta e peguei as agora vazias tigelas de doce. As borboletas nadavam em meu estômago, e eu tentei não pensar no fato de que estaríamos na casa... Sozinhos.


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Arrepios corriam para cima e para baixo nas minhas costas. Era tanta coisa para não pensar sobre. — Só vou limpar isso, — eu murmurei. Caspian tirou os sapatos e depois me seguiu para cozinha, enquanto levei mais tempo do que era necessário para lavar cada tigela. Uma vez que elas já estavam secas e guardadas, não havia nada mais a fazer. Eu pigarreei nervosamente. — Bem... Meu quarto é lá em cima, acho que nós... Podemos ir para lá agora. Argh. Eu era patética. Ele não disse nada, mas veio atrás de mim enquanto eu caminhava para a escada. O relógio começou a badalar onze e meia quando começamos a subir, e Caspian parou, ouvindo os toques. — Quase meia-noite, — ele sussurrou atrás de mim. A escada rangeu sinistramente quando dei o próximo passo. Ele estava apenas um passo abaixo de mim, e eu tinha que me lembrar de ver onde eu estava indo. Tropeçar e cair da escada não traria uma impressão muito boa. Quando chegamos ao topo, e estávamos a apenas alguns metros do meu quarto, senti a estranha compulsão de parar. Para prolongar o momento, antes que ele entrasse no meu quarto e visse o meu espaço pessoal. E se ele não gostar dele? Eu deveria ter limpado minhas amostras de perfume? Será que o cheiro dos óleos que eu venho trabalhando está muito forte? E se ele odiar a cor vermelha, que eu pintei? — Você... Você gostaria de algumas roupas secas? — Eu perguntei.


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— Quero dizer, obviamente, não minha, mas eu podia olhar alguma coisa do meu pai. Talvez encontrar um velho jeans para você? Ele me olhou com um sorriso divertido no rosto. — Eu estou bem. Quase seco. Olhei para suas roupas. Elas pareciam estar secas. Silenciosamente eu amaldiçoei o meu vestido e as pesadas camadas de tecido. Ele brincou. — Eu prometo não sentar em sua cama e molhá-la toda. Ele tentava ser engraçado, mas não achei graça nenhuma. Pensamentos dele... Na minha cama... Era perigoso, e ao invés de sentir frio agora me sentia quente. Talvez esta não era uma boa ideia, afinal. Minhas bochechas queimaram como se estivessem em chamas. Seus olhos não estavam brincando mais e eu não sabia dizer se ele estava tendo os mesmos pensamentos sobre a minha cama que eu estava. Ele se moveu para o lado, abrindo meu caminho. Eu racionalizava comigo enquanto entrava no meu quarto. Não era como se estivéssemos namorando. Nós nem segurávamos as mãos ainda. Ele nunca, nem acidentalmente, tinha encostado sua pele na minha. Nada iria acontecer. Olhei para o quarto rapidamente enquanto andava na frente dele, procurando discretamente por roupas sujas e tentando não entrar em pânico. Então lembrei que o dia da lavanderia foi ontem. Não teve tempo para Monte da Roupa Suja se erguer novamente. Caminhando casualmente até a cama, dobrei o lençol e endireitei a ponta do edredom. Então peguei uma meia que estava enrolada ao lado de minha mesa de cabeceira e empurrei alguns animais de pelúcia do assento da janela para dentro do armário. Eu espiei atrás de mim para ver se Caspian tinha notado.


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Ele estava ocupado olhando ao redor do quarto. — Eu só vou me trocar, — disse, indo em direção ao banheiro. Senti-me um pouco estranha ao saber que eu estaria literalmente tirando a roupa a poucos metros de distância dele. A ideia me fez sentir enjoada e excitada, tudo ao mesmo tempo. Kristen tinha sido a única pessoa a entrar em meu quarto, além de meus pais. Tendo Caspian aqui era como expor uma parte secreta de mim. Era aterrorizante. Eu só esperava que ele gostasse do que visse. O pensamento dele não gostar do meu quarto, uma extensão de mim, fez com que eu me contorcesse. Eu parei no meu armário para pegar algumas roupas secas, mas virei para vê-lo parado em frente da mesa em que estavam os meus suprimentos de perfumes. Comecei a pensar se deveria realmente ter convidado-o para vir aqui, quando sua voz me fez parar. — É aqui que você trabalha, Abbey? — Ele parecia tão intrigado que me esqueci de entrar em pânico ... e me trocar ... e caminhei até ele. — Sim, é. — Eu peguei a grande mala que estava em cima da mesa e a abri. Várias linhas de tubos de vidro, frascos e jarras foram expostas. — Quase todos os meus suprimentos estão aqui. Amostras prontas, tubos de teste, óleos essenciais. Tem até um bolso para minhas notas. Ele olhou atentamente a bolsa. — Então você usa o óleo de um tubo e mistura com óleo de outro tubo, e então está pronto? O perfume é feito? — É um pouco mais complicado do que isso. Veja, quando você faz perfume, você precisa ter nota superior, uma nota média, e uma nota inferior. Em seguida, as três notas se misturam para criar o perfume.Uma vez feito isso, você mistura com o óleo do portador, pois óleos essenciais podem ser perigosos se forem aplicados diretamente à pele.


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Minha mão percorreu vários dos minúsculos tubos de vidro transparente. — Na maioria das vezes eu tenho boa sorte com a escolha de aromas que misturam bem. Mas agora, de vez em quando, eu falho. Então eu sempre tomo notas de todos os processos. — Quantos você já fez até agora? — ele perguntou, olhando para todos os meus frascos de amostra. — Um monte. — Eu ri. — As possibilidades são infinitas, realmente. Pode dar pane no cérebro se tentar numerá-las. — Pane no cérebro, né? — Ele sorriu também. Seu sorriso era morno e convidativo, e eu não perdi a oportunidade de sorrir de volta.

— Então o que você faz quando você cria um perfume que você gosta? — Ele tocava uma amostra minúscula. — Você apenas enche um monte desses pequenos? Colocando a mala na cadeira, eu abri uma pequena gaveta no topo da mesa. — Aqui é onde eu guardo os que estão prontos. — Apanhei um grande frasco de cobalto azul e estendi para ele. O vidro de um azul profundo captou a luz do quarto, revelando seu tom verdadeiro, uma jóia. — Eles guardam mais do que meus testes, e eu tenho um monte deles escondidos no meu armário. — Eles são codificados por cores? — Ele olhou para a amostra que eu estava na mão, e em seguida, de volta para mim. — Percebi que você tem tubos de várias cores diferentes.


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— Muito bom. — Fiquei impressionada. — Os óleos essenciais são mantidos em frascos de vidro âmbar, pois ele ajuda a manter a luz. Amostras de perfumes que eu estou trabalhando são mantidas em pequenos frascos de vidro transparente. E perfumes que já estão terminados são colocados em frascos de cobalto. — São estes perfumes que você vai vender no Abby‘s Hollow? Concordei com entusiasmo, e então eu corei. — Desculpe se eu divaguei demais. Eu não quis lhe dar uma aula formal sobre como fazer perfume nem nada assim. Ele riu novamente. — Tenho certeza de que era a versão condensada. É, parece que você gasta um monte de tempo e esforço em seu trabalho, Abbey. Você é, obviamente, muito dedicada. Um dia desses eu vou ter que ser o seu primeiro cliente e pedir-lhe para fazer um perfume para mim. Você acha que pode fazer isso? Olhei em seus olhos verdes e imediatamente pensei em Snickerdoodle cookies e noites de chuva em um cemitério. — Quais são algumas de suas coisas favoritas? — Ouvi-me perguntando a ele. Eu me perguntava quão difícil seria a criação de um perfume para ele. — Hmmm, deixe-me pensar sobre isso.—

Ele se afastou de mim,

momentaneamente, parando em vários pontos diferentes ao redor do meu quarto. — Bem, eu amo cookies Snickerdoodle, mas você já sabia disso. Também gosto de torta de abóbora. Perambulou um pouco mais, e depois voltou para perto mim. Eu fiquei absolutamente imóvel.


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— E baunilha, Abbey. — Sua voz era baixa, pouco mais que um sussurro. — Gosto do cheiro da baunilha. Você tem cheiro de baunilha e... biscoitos de gengibre. E outra coisa que eu não consigo descobrir. Ele estava muito, muito perto agora. Assim como seus lábios. Seus belos lábios. Eu assistia-os enquanto ele falava, como ele enunciava cada palavra, e como dizia meu nome. — Toranja, — eu sussurrei, levantando o olhar. Comecei pelos cabelos e parei em seus olhos. Eles estavam mudando... Escurecendo. — É o aroma de Kristen. Fiz para ela. É por isso que eu fui ao cemitério hoje à noite, para dar a ela. Eu poderia dizer que queria que ele me tocasse, mas algo estava me segurando. Talvez fosse a mesma coisa que me fazia hesitar toda vez que eu pensava em tocá-lo. Medo de rejeição? Ou o medo que uma vez que a nossas peles se tocassem, elas se fundiriam e nós não seriamos capazes de nos afastar? Ele deu um passo para trás abruptamente. O momento foi interrompido, e sentime confusa. Eu não conseguia entender o que estava acontecendo aqui. Ele se afastou novamente, e parou na frente da lareira, olhando para alguma coisa. Eu fui atrás dele para ver o que estava olhando. Era um retrato de mim e Kristen, tirado na noite que tínhamos feito mexas vermelhas em nosso cabelo. Um sorriso lento rastejou em seu rosto enquanto ele estendia a mão para tocar a moldura. Eu assisti em absoluta fascinação. Havia algo sobre ele que prendia minha atenção, era como uma mariposa impotente atraída a uma chama bonita. Caspian suavemente traçou suavemente o padrão da decoração das bordas de prata e, em seguida ele olhou para a parede ao lado da lareira. — Então, devo saber que sua cor favorita é o vermelho?


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Sorri. — Como você descobriu? Pelos reflexos vermelhos na foto, as listras pintadas na parede, ou ..— Eu olhei para trás de mim. — O edredom vermelho na cama? — Foi por acaso, apenas uma suposição minha. Ele virou um pouco e me deu um meio sorriso. — Eu gosto de seu quarto, Abbey. Ele combina com você. As cores aqui são apenas... surpreendentes. Eu nunca vi nada parecido. Ele não poderia ter dito nada mais perfeito naquele momento. Meu coração bateu de forma irregular, e eu orei com todas minhas forças para não chorar com aquelas palavras. Então, sua expressão mudou. — Você gosta de astronomia? Eu ainda estava apreciando a agradável sensação que seu elogio tinha me proporcionado, e estava um pouco perdida em como tínhamos ido de listras vermelhas na parede para astronomia. Dando um passo mais perto, eu vi o meu telescópio encostado contra a parede ao lado dele. — Eu não o uso desde que eu era mais jovem, — eu admiti. — Meu pai comprou para mim e nós costumávamos observar as constelações juntos. Foi assim que meus pais se conheceram, na verdade. Aula de astronomia. Papai amava isso, e minha mãe pegou como a aula como crédito extra.


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Ele abaixou-se e olhou através da lente, brincando com os botões e correndo as mãos sobre ele como uma criança admirando um brinquedo novo. — E você não o usou mais? Porque não? — O olhar de puro espanto em seu rosto era adorável e eu tive que me controlar para não rir. — Eu meio que esqueci sobre ele, na verdade. Fiquei ocupada, tinha outras coisas para fazer. E além do mais, era uma coisa especial entre meu pai e eu. Ele ia me dizer tudo sobre as estrelas e constelações, e todo sábado à noite, íamos para o topo da colina atrás de nossa casa olhar para o céu. Depois que ele se juntou ao conselho da cidade, nunca teve um momento livro. Acho que foi quando eu parei de usá-lo. A compreensão abateu, e eu me virei, sentindo o familiar ardor. Ótimo, agora eu ia chorar. Caspian notou imediatamente. Ele se levantou e saiu de perto do telescópio. — Encontre-me na biblioteca amanhã, — ele insistiu de repente. — Por que? — Eu ainda estava tentando piscar as lágrimas não vertidas, e seguir sua linha de pensamento, ao mesmo tempo. — Você sabe o que o nome Astrid significa? — Ele mudou de assunto de novo, e eu não era capaz de acompanhar. — Não. — Significa 'estrela'. Isso é o que eu penso de você, Abbey. Um dia olhei para cima e lá estava você. Uma mancha de luz ardente cercada por trevas. Você me faz sentir que tudo é possível. E, vendo o telescópio ali, isso só se confirmou.


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— Isso é bonito, Caspian, — eu sussurrei. — Mas o que tem a ver com a biblioteca? Ele deu uma risada, e o som ricocheteou através de mim. — Eu quero que você me encontre amanhã na biblioteca porque eu tenho que ir agora. Mas amanhã eu posso ... Apenas diga um horário e eu vou encontrá-la. Droga. Eu já tinha prometido a mãe que eu iria ajudá-la reorganizar o sótão amanhã de manhã. Eu não o tinha prometido a ela a minha tarde, no entanto. — Amanhã. Na biblioteca. Às duas e meia, eu disse em um sussurro, não querendo falar muito alto. Ele balançou a cabeça em concordância. Alguma coisa oscilou. No fundo da minha mente eu me perguntava se era a eletricidade. Se nós nos beijássemos, haveria faíscas? Inconscientemente dei um passo mais perto. Eu não tinha certeza do que estava prestes a acontecer, mas eu definitivamente queria que algo acontecesse. Havia algo que me arrastava para perto dele dentro de mim, e eu estava perto. Tão perto. Dolorosamente perto. Eu tentei controlar a minha respiração, mas ele saía rápida e mais rápida. Lá embaixo o relógio começou a badalar, e eu prendi a respiração, uma vez que badalava uma vez a cada hora. Dez, onze, doze batidas. Eram meia-noite. Seus olhos começaram a escurecer, eu podia ver as emoções em si. Erguendo um dedo, ele traçou um caminho suave no meu rosto, o mesmo que havia traçado na moldura. Lentamente, quase incerto de si.


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E apesar de estarmos ambos completamente vestidos, com os nossos sapatos, tudo se tornou mais íntimo. Senti-me pequena e delicada perto dele. — Eu realmente preciso ir, Abbey, — ele sussurrou para mim. — Seus pais vão estar em casa logo, e eu...— — Não vá. Fique. — Eu suspirei. Eu queria fechar meus olhos e me impregnar no sentimento de seu toque. Mas eu não podia desviar o olhar. Nem mesmo por um segundo. Meus lábios estavam de repente muito seco, e eu os lambi. Ele assistiu atentamente. Então, ele traçou o meu lábio inferior... Hesitante novamente. Meus olhos fecharam-se lentamente. Agora. Ia acontecer agora. — Eu não sei se...— Ele gemia e, de repente se afastou. Meus olhos se abriram e eu o vi correndo suas mãos através de seu cabelos quase desesperadamente. Aquele olhar selvagem estava de volta em seus olhos, juntamente com alguma coisa determinada, e perigosa. Ele andava pelo quarto várias vezes de forma agitada. Então, ele pareceu clarear sua mente, e virou-se para mim. Urgentemente agarrando o meu rosto entre as mãos, ele olhou para meus olhos. Procurando por algo em neles. — Caspian? O que há de errado? — Abri os olhos, para mostrar o que fosse que ele queria ver. Não tinha certeza do que era.


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Ele olhou por um momento mais, e depois falou. — Prometa-me que você não vai para o rio sozinha de noite novamente. Eu não quero que a mesma coisa aconteça com você, Abbey. Oh Deus, eu pensei que você estava morta naquela água. Eu sabia o que ele estava falando. O desespero em sua voz falou mais alto do que qualquer palavra nunca poderia. — Há tanta coisa que quero, mas não posso ter .... O momento não é certo.— Fechou os olhos e acariciou minha bochecha uma vez. — Só por favor, por favor me encontre amanhã, Abbey. Não se esqueça. Prometa? — Eu não vou esquecer, — eu prometi. — E eu não vou cair. Quando abriu os olhos novamente, ele parecia aliviado, mas irritado. Lançando um olhar sobre o relógio na minha mesa de cabeceira, disse novamente, — Eu realmente tenho que ir. Eu estava perdida. Eu não sabia o que estava acontecendo agora. Eu sabia que o que quase aconteceu, e eu tinha certeza que queria ir de volta para aquele lugar.

— Você não tem que ir, Caspian. ... Não ainda. — Meu olhar relanceou para a cama e então voltou rapidamente para ele. Eu não sabia em que lado eu deveria jogar, qual era meu papel. — Sim, eu sei, Abbey, — ele suspirou. — Acredite em mim, não é que eu não... Eu só preciso ir. — Ele arrastou a ponta do dedo em meu lábio inferior pelo menor dos momentos. — O que eu quis dizer sobre a estrela e o nome Astrid... É para você. Você é minha estrela, — disse ele calmamente. — Por favor, não se esqueça amanhã.


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Então, ele lançou um rápido olhar para baixo. — E não se esqueça de cuidar de suas mãos. Tenha bons sonhos, Astrid. Eu ouvi ele descer as escadas, e então uma porta se abriu e fechou, mas eu não podia me mover. Fiquei muito chocada. Meus pés estavam enraizados no chão, enquanto a expressão — minha estrela— e — Astrid — brincavam na minha cabeça. Em seguida, um enorme sorriso se espalhava em meu rosto, ri alto enquanto tentava girar vacilante. Meu movimento inábil foi refletido no espelho e eu parei e me aproximei. Meus olhos estavam brilhando e minhas bochechas estavam rosadas, mas o resto de mim estava molhado e sujo. Meu cabelo estava uma bagunça, empapado em torno de meus ombros e meu vestido estava manchado pela lama e grama. Eu estendia palma das minhas mãos. Vários irregulares riscos, e as arestas foram escurecidas com sangue seco. As implicações de onde eu estava e que eu tinha feito, de repente bateram em mim. Eu estava louca, eu tinha que ser. Eu poderia ter me afogado no rio. Podia ter batido com a cabeça em uma lápide. Poderia ter sido atacada por alguém escondido no cemitério. Astrid E então eu percebi quem esteve ali comigo, que tinha me tirado da beira do precipício e de dentro da água. Levou-me para casa e teve a certeza que eu estava segura. Ouviu-me murmurar como uma pessoa louca. Esperou ao meu lado enquanto eu chorava. Eu precisava compartilhar isso com alguém, e eu tive a pessoa perfeita ao meu lado. Agarrando um caderno e uma caneta da minha mesa, eu me enrosquei no assento na janela. Meu vestido de baile já tinha começado a secar, então não estava me incomodando em nada, e comecei a escrever uma carta para Kristen. Desde o início, eu disse-lhe tudo. Eu escrevi sobre o quão difícil foi para mim ir ao funeral dela, a acreditar que ela realmente não estava lá. Expliquei o quão perdida me senti durante os últimos


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meses sem ela. O sentimento que tive quando eu toquei seu caixão. Eu descrevi a sensação da fita amarela da polícia na minha mão. Então disse a ela sobre as líderes de torcida, e aquilo que elas tinham feito. Sobre a noite do baile, e as meninas de vestidos rosa e amarelo. Como eu dançava loucamente através o cemitério, e fiz um perfume para ela. Mas o que eu mais escrevi foi sobre uma pessoa com vívidos olhos verdes e cabelo loiro-branco com uma faixa de negro. Expliquei como nos conhecemos, e como ele me fez companhia na casa dela. O passeio que eu tinha dado com ele no cemitério, e nossas conversas sobre literatura clássica. Eu disse-lhe que ele esteve lá por mim hoje à noite, quando finalmente cheguei ao fundo, e como ele fez desaparecer os sentimentos perdidos. A única coisa que eu deixei de fora foi o nome especial que ele tinha me dado. Eu precisava que a minha própria memória privada, por agora, e era a primeira vez que eu mantinha em segredo conscientemente algo de Kristen. Até o momento de eu terminar de escrever, eu tinha preenchido todo um caderno e minha caneta estava ficando sem tinta. Mamãe e papai ainda não estavam em casa, no entanto, o relógio me disse que era uma hora. Levantei-me do banco da janela e peguei o vidro azul com o nome de Kristen sobre ele da minha mesa. Então polvilhei algumas gotas sobre as páginas do caderno. Na minha gaveta também tinha um livro semi-usado, uma caixa de fósforos e uma vela vermelha, então eu borrifei também. Após acender a vela, eu levei até o assento da janela. Sentei e com cuidado, abri a janela. O ar da noite estava claro e frio. Eu respirei fundo e senti-me calma. Muito, muito calma. Eu lentamente arranquei as páginas do caderno, e mantive a vela para fora da janela enquanto eu queimava pedaços de papel, um por um. Eu assisti cada punhado de espiral de fumaça se dirigir para o céu, e as cinzas dispersando pelo vento. O cheiro do perfume misturado com o cheiro da vela criou um véu nebuloso ao meu redor.


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Pensei em uma memória específica com Kristen enquanto eu queimava cada página, e hesitei quando eu finalmente cheguei ao último. — Eu não viu dizer adeus, porque eu espero que alguma parte de você sempre esteja comigo. Então eu vou dizer... A um novo começo. É um final para o nosso velho jeito de fazer memórias, mas eu vou encontrar uma maneira de fazer novas, eu prometo. Eu nunca vou te esquecer, Kristen. Nunca — Prometi enquanto a última página do caderno desapareceu em cinzas na minha frente. Soprei a vela, me sentei no chão e levantei depois para apagar as luzes. Eu estava me sentindo sonolenta, mas eu não queria ir para a cama ainda. Então eu tirei o vestido do baile e deixei-o em uma pilha no chão. Então, eu peguei um short e uma camiseta velha e voltei para minha janela. Resolvi deixar o vestido onde estava até de manhã e depois esconder no armário antes que minha mãe tivesse uma chance de vê-lo. Ia custar uma fortuna para deixá-lo limpo e novo de novo. A próxima coisa que eu soube, era que meu alarme estava soando, informando que eram oito da manhã, e meu rosto estava com a marca do peitoril da janela. Consegui abrir uma pálpebra, vi que a minha janela estava fechada e o vestido que tinha estado no chão tinha sumido.


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Capitulo Onze A Biblioteca ―A partir do momento que Ichabod pôs os olhos sobre estas regiões do prazer, a paz de sua mente estava acabada...‖ — The Legend of Sleepy Hollow

Minha cabeça começou a doer na hora que eu levantei, e tive uma terrível câimbra no meu pescoço. Dormir no peitoril da janela provavelmente não tinha sido a mais brilhante ideia que eu já tive. Movendo-me muito lentamente, verifiquei novamente o chão, e então meu armário, para me certificar de que eu não tinha deixado largado o vestido lá. Sem sorte. O vestido definitivamente estava desaparecido. Eu estava tendo um tempo difícil cuidando disso, apesar de tudo. Café da manhã e algum remédio para dor de cabeça eram as primeiras coisas na minha lista... e então eu me preocuparia sobre o vestido. Rastejando para baixo tomei todo o meu esforço, e tinha que me concentrar muito para não perder nenhum dos passos no caminho para baixo. Minha mãe estava fazendo café quando eu alcancei a cozinha, e ela se virou quando eu tropecei. — Bom Dia, querida. Quer um pouco de café? — Ela ergueu uma caneca vazia.


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— Egghhh — Eu grunhi, esperando que ela iria tomar isso como um não. Eu tirei uma tigela de cereal e então me encolhi enquanto a porta do armário batia com força e o som ecoava na minha cabeça. — Dor de cabeça, — grunhi novamente enquanto eu me movia a passo de caracol para despejar o cereal e leite na tigela. Mal olhando a mesa, eu coloquei a tigela nela e descansei minha cabeça em minhas mãos. Então, eu gemi alto. — Noite difícil?— minha mãe perguntou, vindo se sentar ao meu lado. — Não pergunte, — minha resposta foi abafada. Ela não teve a chance, porque apenas então um gemido ainda mais alto veio da sala. Ela acariciou as minhas costas e esfregou o topo da minha cabeça. — Pobre bebê. Seu pai está sentido a sua dor. Aparentemente, ele não consegue lidar com bebidas misturadas como ele costumava fazer. Acabei sendo a condutora designada na noite passada.— Um horrível, lamentável na-beira-da-morte-gemido irrompeu a partir da sala de novo. — É melhor ir checar ele,— ela disse, colocando a caneca de café para baixo e levantando da mesa. — Eu não o quero estragar o sofá.— Ela hesitou por um momento, e Eu quase ouvia as engrenagens começarem a girar em sua cabeça. Ela pensava alto. — Você não... tem uma dor de cabeça pela a mesma razão que seus pais tem... você tem, Abbey?— — Não, mãe.— Ergui a cabeça uma fração de uma polegada. — É chamado de adormecer em um assento na janela, com o pescoço apoiado em um ângulo estranho. Isso é por que eu tenho uma dor de cabeça.—


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Eu juro que ela realmente suspirou de alívio. — Isso é bom. Me deixe ir ver seu pai e depois eu vou trazer para você algumas aspirinas, ok?— Ela realmente era uma boa mãe. Eu tentei dizer obrigada, mas saiu como outro gemido. Eu debati se eu só poderia ou não ficar onde estava pelo resto do dia, mas eu sabia que tinha que comer meu cereal. Não levaria muito tempo para ele ficar empapado. Alcançando minha colher, levantei minha cabeça e vi os arranhões irritados e vermelhos na minha mão. Eles ainda estavam sangrentos. Eu nunca os limpei ontem a noite. Concentrando na mesa ao lado da tigela, coloquei cereal em minha boca o mais rápido que pude. Eu definitivamente queria pular o interrogatório de dez perguntas que eu sabia que viria da minha mãe se ela visse os arranhões. Engolindo o último dos cereais, me levantei para largar a tigela na pia. Então eu corri um pouco de água fria sobre as palmas das mãos e as enxuguei suavemente com uma toalha. Uma vez que o sangue seco foi lavado, elas não pareciam tão ruins. Minha cabeça começou a latejar uma sinfonia de novo, e cambaleei para trás da pia. Segurei a mão para na minha têmpora latejante e esperei a dor aliviar. Devia ter estado realmente distraída pelas minhas mãos que eu tinha esquecido minha dor de cabeça.

Consegui voltar em pé para a mesa e coloquei minha cabeça em minhas mãos. Não demorou muito para que eu ouvir minha mãe vindo de novo. — Então o que você estava fazendo dormindo na sua janela na noite passada?


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Estava aberta. Tive de fechá-la para que não caísse. Eu abri uma pálpebra e olhei para ela. — Dor de cabeça — implorei pateticamente. — Remédio? Ela jogou as mãos para o ar. — Eu peguei, eu peguei. Você não quer falar sobre isso. Mas se você me contar o porquê, eu vou te dar um belo copo grande de suco de laranja junto com sua aspirina. Eu abri o meu outro olho. Ela tinha sua sobrancelha levantada. — As mães não devem subornar os seus filhos doentes, — murmurei. — Mas se você quer muito saber, eu caí adormecida na janela, porque eu estava curtindo o ar da noite. Havia uma brisa agradável. É isso. Você está feliz agora? — Eu coloquei uma mão na minha têmpora e gemi. Sim, eu poderia ter fingindo um pouco, mas eu realmente tinha uma dor de cabeça assassina. Fechei meus olhos de novo, e um minuto depois, ouvi dois comprimidos e um copo sendo colocados sobre a mesa. Mantendo meus olhos bem fechados, eu coloquei os comprimidos na boca e levei os dois para baixo com o suco. — Obrigada, mãe. — Fiz uma pausa do suco e abri meus olhos novamente. — Eu estou me sentido muito ruim aqui. Está tudo bem se eu for tirar um cochilo antes de começar com o sótão? Ela deve ter se sentido mal com a coisa de subornadora, porque ela me deixou fora da reorganização do sótão e nem sequer perguntou sobre o vestido. Eu me arrastei até as escadas, o meu alarme estava para 12h30min, e cai em uma pilha em cima da cama. Eu dormia antes mesmo de bater as almofadas. ''Vamos, Kristen.— Eu chutei a água com o pé brincando e espirrei água nela. — Tire os sapatos e entre.


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Ela estava sentada na beira do rio, lendo um livro — Agora não, Abbey. Eu estou ocupada. Eu espirrei água uma segunda vez. — O que você está lendo? O que pode ser mais importante do que sua melhor amiga? Ela sorriu e riu, mas não disse nada. Chegando mais perto da beira, eu tentei ver o titulo do livro. Mas Kristen usava suas mãos para esconder uma das páginas. — Você vai jogar água nele, — ela disse. — Não, eu não vou, — protestei. — Olha, eu nem mesmo estou perto. — Eu tentei de novo persuadir ela a entrar no rio. — Abaixe esse livro, Kristen. Você terá muito tempo para lê-lo mais tarde. — — Eu não posso. Tenho que lê-lo agora. Soltei um suspiro de frustração. — Qual é esse? Eu juro que não vai ficar molhado. Kristen sorriu novamente e segurou o livro para eu ver. As páginas estavam ensopadas. Toda a tinta estava correndo junta, e a água corria em coluna vertebral. — Você já fez. Mesmo depois do meu sonho estranho sobre Kristen, quando o alarme disparou, Eu acordei pronta para ir. Se o meu bom humor foi devido ao cochilo, a minha dor de cabeça tinha ido, ou a emoção de quem eu ia ver, era discutível. Mas eu estava excitada... e feliz. De alguma forma eu sabia que a partir de agora eu ia ter um monte de bons dias.


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Passei umas duas horas fazendo uma bela bagunça no banheiro para tentar reanimar as luzes do meu cabelo vermelho desbotado, e evitando estreitamente uma banheira cheia de alvejante indo pelo ralo. As luzes demoraram por um longo tempo, e eu quase tive que começar do zero. Nada disso importava, porém, quando vi o resultado final. Estava perfeito. Quando eu estava pronta para me vestir, o que era suposto ser uma viagem rápida para o meu armário virou um debate angustiante de trinta minutos sobre o que eu deveria usar. Eu fortemente debatida abandonar cor preta para algo diferente, mas finalmente resolvi ir com jeans, uma longa camiseta preta, e uma jaqueta preta. Eu verifiquei minhas mãos e fiquei aliviada ao ver que os arranhões quase curados. Eu passei um pouquinho de pomada em cada um, para me certificar que ficasse desse jeito, soprei eles para secar. Eu ainda tinha 15 minutos antes que tivesse que sair, então voltei à cozinha e aqueci alguns restos de macarrão chinês. Eu fiquei tão fixada numa revista que minha mãe que tinha deixado em cima da mesa antes que eu percebesse, o macarrão sumiu, e assim lá se foi o meu tempo. Impaciente de volta lá em cima, eu peguei meu celular, empurrei vinte dólares no meu bolso, e me perguntei o que mais eu estava esquecendo. Quando meus olhos pousaram na mesa, eu sabia. Corri mais procurando através de uma pilha de frascos de amostra minúsculas todas amontoadas na gaveta da mesa, me amaldiçoando o tempo todo por não os rotular melhor. Mas eu finalmente o encontrei. Liberalmente me mergulhando em perfume o colocando atrás de cada orelha e na garganta, eu respirava na fragrância de biscoitos snickerdoodle. Depois de uma última olhada no espelho, eu estava saindo.


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Eu fiz um tempo realmente incrível para chegar à biblioteca, e fiquei surpresa ao ver que estava adiantada dez minutos. O cheiro reconfortante dos livros me rodeando quando entrei pela porta da entrada de madeira maciça de um espaço familiar. Caspian tinha dito que me encontraria, mas eu não sabia onde deveria esperar. A sala dos velhos arquivos parecia acenar pra mim, e enquanto eu descia, eu desejei saber como Caspian me acharia se eu não ficasse em lugar algum. As lâmpadas tremulavam e arranhavam em cima e o quarto tinha um cheiro velho. Eu andei entre as prateleiras altas, infinitas e labirínticas, literalmente recheada com livros antigos. Todos agora e então um ponto desencapado estava em revelando, assim como a abertura de um dente. Eu me movi silenciosamente, quase reverente, através deste espaço que detinha tanta história. Eu não sei o que me fez olhar por cima quando eu fiz, mas Caspian estava ali num canto. Ele estava vestido com jeans e uma camisa verde escuro. Ele deve ter ouvido os meus passos, pois ele se virou para mim naquele momento exato, e um sorriso enorme estourou em seu rosto. Estava cheio de felicidade. — Astrid.— Foi um sussurro. Eu não deveria ter sido capaz de ouvi-lo, mas eu fiz. Aquele momento, naquele sorriso, resumido, o momento perfeitamente claro do tempo — eu sabia. Foi nesse momento que eu caí de amor por ele. Ele realmente me fez parar, e o tempo congelou por apenas um segundo. Mas o sentimento era tão certo e tão forte, que eu sabia que não estava errada. Depois, tudo voltou ao normal. Caminhei em direção a ele, e ele sorria para mim. Um milhão de pensamentos corriam pela minha cabeça enquanto continuei andando. Ele pode dizer? Está aparecendo no meu rosto? Eu estou dando dica de alguma forma? Quando devo contar a ele? Como devo dizer a ele? Que se ele não sente o mesmo? E se ele não sente?


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Eu tentei ser fria e manter o meu sorriso constante, mas não conseguia parar os pulinhos no meu passo. — Oi, — eu disse timidamente assim que cheguei mais perto. Como você diz oi para alguém que você acabou de descobrir que ama? Sorri novamente e tentei colocar alguns dos meus sentimentos recém-descobertos por trás daquele sorriso. — Estou feliz que você pode fazer isso. — Ele ainda estava sorrindo também. — E realmente feliz que você não esqueceu... Hoje é um dia bom. Era estranho como ele parecia aliviado, e ele atirou-me um pouco fora do equilíbrio. — Como eu poderia esquecer depois de tudo o que você fez por mim na noite passada? — Devo ter parecido tão confusa assim como eu me sentia, porque ele ficou um pouco rosa e abaixou a cabeça. alcançando uma de minhas mãos, ele virou o lado da palma para cima e, lentamente, traçou um dos arranhões. Eu tive que segurar um suspiro enquanto os seus dedos suavemente roçaram a pele delicada. Ele hesitou um pouco, como se ainda tivesse medo de me tocar. Meu braço inteiro vibrou de prazer. Isso era permitido em público? Um arrepio percorreu-me, e um pequeno arrepio levantou-se em meus braços enquanto seus dedos soltaram a minha mão. Eu ri levemente e tentei pedir para não me tocar novamente. — Eu só quero proteger você, Abbey. Ter certeza que você está bem, e que você chegou em casa em segurança, — ele disse. — Eu não quero que nada aconteça com você. — O olhar que ele me deu foi direto ao meu coração.


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Ele começou a acariciar minha mão novamente. Seus dedos eram longos e magros, e muito, muito quente. Eu tentei pensar numa maneira de orientar a conversar outra coisa, mas foi inútil. Meu cérebro foi rapidamente voltando-se para tolices. Bom Senhor. Tudo o que ele fazia era tocar minha mão, e eu estava pronta para dizer tudo que o meu coração era todo dele. E eu tinha certeza que estava chegando ao ponto em que nem ligaria se ele não me amasse de volta, se ele prometia nunca parar de me tocar. Eu não sei se o meu rosto mostrava o que eu estava pensando, ou se ele de alguma forma leu minha mente, mas ele soltou a minha mão e me deu um sorriso torto. — Eu quero falar sobre Kristen hoje. Existequalquer lugar que podemos ir onde não seremos perturbados? Aqui tem cadeiras? Eu realmente não sei o caminho aqui. Meu cérebro estava ainda um pouco nebuloso a partir do sensor de sobrecarga de apenas momentos antes, mas esclareci rapidamente. — Há uma sala no andar de cima para aulas particulares, mas ninguém usa. Posso ir falar com um bibliotecário que eu conheço, se você quiser. Ele acenou com acordo. — Eu vou esperar por você lá. Qual o caminho para cima? Eu andei para a escada de madeira que levam para fora da sala de arquivo. — Siga todo o caminho até o quinto andar. É no final do corredor, à esquerda. Você não irá se perder. Volto já. Ele acenou com a cabeça novamente e começou a subir as escadas. Eu fui ao encontro da minha bibliotecária favorita, Sra. Walker. Ela não teve qualquer problema em me deixar usar a sala, então fui ao encontro de Caspian. O corrimão definitivamente tinha


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teia de aranha quanto mais para cima eu fui, e parecia que outro degrau gemia com a velhice. Não havia quase ninguém na biblioteca, e eu não passei por uma única alma na minha longa jornada. Quando eu finalmente cheguei ao quarto, Caspian remexeu na cadeira. Seus dedos estavam rufando suavemente sobre a mesa na frente dele, e seus olhos se moviam constantemente, nunca se fixou em uma coisa por muito tempo. Mesmo com a minha entrada, eu poderia dizer que ele era preenchido com uma energia incansável. Ele pareceu se acalmar no instante em que ele me viu, porém, e puxou uma cadeira ao lado dele. Eu tinha planejado ficar na frente dele, mas eu não ia discutir a mudança de assento. — Então eu acho que não sé capaz de se safar daqui dentro, —

ele disse

seriamente, apontando para o MATENHA A PORTA ABERTA TODO O TEMPO sinalizado acima do interruptor da luz. Eu puxei a porta, fechando-a para que estivesse aberta apenas um pouco antes de eu fizesse meu caminho até a cadeira. — Bem, eles nunca disseram nada sobre manter bem aberta, — eu propus de volta, séria. Nós dois sorrimos, ao mesmo tempo. — Agora diga-me sobre esse sonho que você teve, — Caspian disse. — Sobre aquela noite no rio. Eu respirei fundo e olhei para a mesa, concentrando minha mente de volta. — Nós tínhamos ido à cabana para o fim de semana,— eu comecei. — Chegamos lá à noite para não fazer nada fora do comum. Desempacotamos nossas coisas, tinha um par de coisas desarrumadas, jantamos e depois fui para a cama. Olhei algumas notas antes de


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adormecer, para um novo perfume que eu estava tentando fazer em casa. Rosa, lavanda e cravo. Eu olhei para ele, e ele estava prestando atenção, totalmente centrado em tudo o que eu disse. Seus olhos estavam concentrados e intensos. Obriguei-me de volta para o assunto em questão. — Eu me lembro de acordar muito naquela noite. Eu estava tendo pesadelos. Mas eles não foram pesadelos diferentes, era sempre o mesmo. Toda vez eu voltava a dormir, só para cair no mesmo pesadelo.— Um sino de alerta começou a tocar na parte de trás do meu cérebro. — Você não se lembra de nada específico sobre o sonho? — ele cutucou delicadamente. O sino ficava mais alto, e eu sabia que a resposta para essa pergunta era sim. Fechei os olhos e deslizei imediatamente de volta para a memória. Imagens vívidas em minha mente surgiram em uma cascata de imagens selvagens, e eu tinha que lutar a minha maneira através de dizer o caminho que estava acontecendo. Elas não fazem sentido, quase como se eu fosse vê-las fora de ordem. Retardando cada imagem, eu cavei mais fundo e tentei lembrar o início do sonho. — Eu não posso fazer isso. Está tudo confuso na minha cabeça. — Deixei escapar um suspiro frustrado e abri os olhos novamente. Minha cabeça estava começando a doer e tudo por causa do maldito toque. — Eu estou tendo dificuldades para colocar tudo juntos agora, mas naquela manhã, me lembrei de um detalhe. Como se eu estivesse realmente no sonho. — Olhei para ele.


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— Tente de novo, Abbey. Olhe o que a rodeia, no sonho, e depois pense sobre o que você está sentindo fisicamente. — Sua voz estava suave, e acalmou a campainha de aviso que estava tinindo tão alto na minha cabeça. Aquele sino que me disse que eu sabia o que tinha acontecido no sonho, mesmo se eu não quisesse lembrar. Eu fechei meus olhos e me concentrei fortemente. De repente eu estava lá. De volta no sonho de novo... a noite que ela morreu. A biblioteca tinha ido embora, e eu estava em um novo lugar. As emoções que eu sentia eram grandes e pesadas, pressionando para baixo em mim. Isto deve ter sido o que Kristen sentia. — Panico. Terror, — eu deixei escapar. — Está frio e eu tenho que lutar contra isso. — Algo explodiu na parte traseira do meu crânio, irrompendo em uma dor terrível que dançavam ao longo do meu cérebro. Olhei vagamente em meu redor, no sonho, através da dor que preencheu a memória. — Há sombras em volta de mim. Mas eu não posso ver nada. É muito escuro. Tudo está escuro. — Eu senti outra onda de sentimento, uma última tentativa desesperada de lutar. — Eu estou tentando lutar contra isso, mas dói, — Eu disse. — Isso não vai me deixar ir. — A dor na minha cabeça foi acompanhada por uma dor no meu peito. Eu não conseguia respirar. Eu estava indo para baixo. Sua mão agarrou a minha, e eu a segurei como se fosse a minha salvação. Eu queria parar. Eu não quero mais fazer isso. Havia outra onda de dor e medo... e depois nada. Ela tinha ido embora. Apenas assim. Eu lentamente abri os olhos e viu Caspian olhando para mim. Seus olhos estavam cheios de compaixão.


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— Eu sinto muito, Abbey. Eu sinto tanto, tanto. Eu não sabia que seria assim para você. Você está bem? Pisquei lágrimas quentes e lhe dei uma risada trêmula. — Wow. Essa foi uma viagem, eu espero não ter que repetir de novo tão cedo. Ele apertou minha mão, e ficamos sentados em silêncio. Fiquei contente com o momento de silêncio para recolher os meus pensamentos. Ele esperou, lançando olhares ansiosos para mim a cada dois segundos. — Eu estou bem, Caspian, — eu finalmente disse, segurando sua mão apertada e olhando nos olhos dele. — Realmente, eu estou bem. — Nós devemos parar de falar sobre isso? — Preocupação encheu seus olhos. — Eu não quero causar mais dor para você, Astrid. Esse nome baniu qualquer pensamento que eu tive, e eu inclinei meus ombros. — Não é você, Caspian. Nunca é você. Se qualquer um desses ficar muito difícil para mim, me dê um momento para trabalhar com ele, e eu vou coonseguir. Kristen merece isso. Ela merece algum tipo de sentimento feito de sua morte. Eu sei que nós vamos passar por isso... juntos. Foi a coisa mais ousada que eu havia dito a ele ainda que em referência, nós juntos. Eu segurei minha respiração e rezei para que ele não fosse esmagar meu coração com sua resposta. — É uma ideia, — ele respondeu, me presenteando com o seu belo sorriso. Seu polegar acariciou a parte de trás do meu polegar e meu coração inchou. Ele olhou pensativo por um instante, e então perguntou: — E antes do sonho? Kristen estava agindo


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estranho, ou aconteceu alguma coisa incomum? Eu repassei essas semanas antes de sua morte em minha mente, mas veio com um branco. — Eu não me lembro de qualquer coisa incomum acontecendo. Nada que fosse fora do comum para mim, assim mesmo. Deveríamos ir comprar roupas para ir a escola, quando voltei do provador, mas isso é muito razoável. — É tão estranho, — ponderou Caspian, distraidamente correndo os dedos pelos cabelos. — O que ela estava fazendo no rio? Ela decidiu ir para uma caminhada? Será que ela escorregou e caiu? Eu queria ter estado lá. — Nós fizemos um pacto quando nós éramos pequenas que nunca iríamos no rio sozinha a noite, no caso de algo acontecer, — eu disse suavemente. — Eu não sei o que teria acontecido para ela quebrar isso. — Olhei para o espaço, tentando imaginar as respostas. — Eu acho que nós nunca saberemos. Engoli em seco o caroço na minha garganta e subitamente peguei sua mão novamente. Ele pareceu surpreso pelo contato, e olhou diretamente para mim. Seus olhos estavam arregalados e claros. — Obrigada, — eu disse. — E obrigada por me encontrar ontem a noite.— Fui sincera e franca, e ele abaixou a cabeça em resposta. — Agora, — eu provoquei, dando a mão um aperto rápido. — Chega de toda essa conversa triste. Quando você vai me dizer o quanto você gosta do meu cabelo? — Eu balancei a cabeça e suguei meu rosto, me fazendo de modelo com a pior pose de moda. Ele riu e puxou um dos cachos de cor vermelha. — Eu gosto do seu cabelo, Abbey. Mas a verdadeira questão é: Você gosta do meu? — Um dedo penteou o cabelo louro desgrenhado para frente até que seu rosto estivesse completamente coberto, e depois ele


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me espreitou com um olho verde quase imperceptível. Eu retornei o favor puxando delicadamente a mecha preta. — Eu gosto especialmente do preto. — É desde a terceira série. Fui a uma festa de aniversário aquática de um garoto e ele quase se afogou. Depois disso só tipo cresceu. — Ele deu de ombros e desviou o olhar indiferente, mas havia alguma tristeza por trás do gesto. Ele sacudiu o cabelo, e eu rapidamente me perguntei quando Deus decidiu que tinha que dar aos caras a capacidade de balançar a cabeça e ter seu cabelo perfeitamente no lugar, enquanto as meninas têm de trabalhar muito mais duro para isso. — É muito estrela do rock, — Eu o provoquei. — Todas as meninas da terceira série devem ter amado ele. — Muitas pessoas não gostaram do preto então, — ele disse. — Não demorou muito tempo para aprender que eu deveria começar a tingi-lo. Ao longo dos anos, bem ... Eu acho que a tinta simplesmente parou de funcionar. O imaginei na terceira série, sendo atormentado por outras crianças por algo que não tinha controle, e meu coração se partiu um pouco por ele. Então ele sorriu novamente e deu outro puxão meu cabelo. A tristeza desapareceu. — Tudo que importa agora é o fato de que você gosta, Abbey. Meu coração cambalhotou. Ele é o homem mais perfeito da Terra.


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Eu não sabia o que dizer, então rapidamente me lancei dentro da história de como eu estritamente evitei meu acidente dessa manhã envolvendo o alvejante e a banheira. Ele começu a rir muito. E então me encontrei o presenteando com outras desventuras do meu cabelo desde a minha infância. Acho que ele gostou mais da história vamos-cortar-nossaprópria-franja-Kristen. Passamos o resto da tarde conversando e segurando as mãos, revezando-se para ver quem poderia rir mais alto. Isto envolveu muitos gestos selvagens e roncos. Eu particularmente gostei do fato de que, tão logo ele percebia que não estava mais segurando a minha mão, ele agarrava-a, quase desesperadamente. Eu tinha sido totalmente ausente às outras vezes que tinha nos encontrado. Não foi até que eu estava realmente enxugando as lágrimas de riso, com apenas uma mão é claro, que lembrei que eu não tinha ideia de que horas eram. Eu tirei meu celular do bolso e chequei as horas. A biblioteca fecharia em menos de uma hora. — Wow, — eu poderia ouvir a surpresa na minha voz. — É já são 5:30. Caspian parou de rir. Um olhar que eu estava começando a reconhecer estava em seu rosto. — Eu odeio dizer isso, Abbey, mas eu preciso ir. — Eu sei. Eu imaginei. — Eu não queria a minha resposta soasse tão deprimida, mas saiu. — Eu vou te dizer o quê. Tenho que encontrar meu pai, oito da noite, mas o que você acha se nos encontrarmos mais tarde? Eu prometo que você estará em casa à meianoite. — Eu não posso, — eu gemi. — Meus pais ainda vivem na Idade das Trevas. Não só tenho que pedir, como, três semanas de antecedência para ir em um encontro, mas o meu


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'toque de recolher oficial — é as nove horas. — Não é grande coisa, Abbey. Eu vou te ver novamente em breve, — ele prometeu, se levantando da cadeira. — Yeah, com certeza. Vou vê-lo novamente pelo rio algum dia. — Fiquei parada, não tinha certeza se eu realmente deveria tentar abraçá-lo ou esperar por ele para me abraçar.

— Isso vai ser no rio, e não no rio, né?— Ele olhou sério. — Certo, — eu concordei, e então pisquei para ele. Ele sorriu, e ficamos lá por um difícil momento. Comecei a dar um passo em direção a ele, mas depois só parei e congelei. — Bem... xau, Abbey. Vejo você mais tarde. — Ele não parece notar os meus movimentos estranhos, e saiu da sala. Eu estava na minha cadeira, me sentindo como um idiota. Talvez eu devesse ter perguntado o seu número de telefone ou algo assim. Então ele chamou meu nome. Eu corri para fora da sala, mas me obriguei a ir mais devagar antes deu chegar no corrimão. Ele estava esperando no pé da escada. Ele colocou um dedo através das grades da escada e me chamou a sua altitude. Ignorando as teias de aranha, me ajoelhei entre os eixos de madeira mal pintada e os


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segurei firmemente. Eu estava apenas alguns centímetros de seu rosto. Ele fez sinal para eu chegar mais perto, e me movi uma fração de uma polegada. Seus olhos tinham um olhar desesperado de novo, e eu procurei neles, não sei o que estava acontecendo. Nós estávamos tão perto, e eu queria naquele momento que tivéssemos pouco para compartilhar. Minhas pálpebras lentamente se fecharam, e eu esperei, mantendo sempre parte do meu corpo completamente imóvel. Seus lábios mal tocaram os meus. Parecia que tudo que ele fazia ao meu redor era hesitante, como se ele estivesse receoso que eu iria quebrar... ou lhe dizer que não. Assim aconteceu. Essa explosão aconteceu na minha cabeça novamente, só que dessa vez não era dor; isso era prazer. Meu coração parou de bater. Meus dedos do pé enrolado. E eu, esperei. Ele beijava como se eu fosse delicada e frágil, uma coisa facilmente quebrável. Eu ouvi um gemido suave, e meus olhos voaram abertos. Eu estava mortificada que eu tinha feito um som. Seus olhos abriram também, e ele olhou para mim, sua boca ainda pressionando a minha. Então, seus olhos escureceram e ele sussurrou meu nome contra os meus lábios, enquanto ele corria um dedo na minha bochecha. Eu fechei meus olhos de novo, e afundei tudo que eu tinha naquele beijo. Suas mãos se movendo do meu rosto para a parte detrás do meu cabelo, e ele estava segurando minha cabeça, quase a embalando. O beijo de repente se tornou mais, e mais desesperado. Eu provei a urgência e pensei que ia morrer de prazer. Será que se nos trancarem na biblioteca a noite, nos


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encontrarão mortos nos braços um do outro? Morrer de prazer? Esse pensamento enviou um arrepio com uma viagem deliciosa para o meu corpo inteiro. Isso é um milhão de vezes melhor que segurar sua mão eu queria que isso nunca acabasse. Tão logo que eu pensei, ele se afastou de mim, e eu sentia a separação por todo o caminho até a minha alma. Ele realmente era uma espécie de leitor de mentes. Eu olhei dentro dos seus olhos, ligeiramente ofegante, e tentei recuperar o fôlego. Eu esperava fervorosamente que eu não fosse uma decepção para ele. Ele estava olhando para mim, o cabelo levemente despenteado, e afastou o cabelo de seus olhos. — Abbey, eu a— Sua voz era um sussurro rouco. Ele quebrou o contato visual comigo e parecia momentaneamente que desceria a escadaria. Então ele olhou para mim de novo. — Eu realmente amo seu cabelo, Astrid. E com um puxão final de um cacho vermelho, ele desapareceu descendo as escadas.


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Capítulo Doze Segredos ―Ele sempre estava pronto, para uma luta ou uma brincadeira.‖ — The Legend of Sleepy Hollow— by Washington Irving

Quando eu acordei na segunda-feira de manhã, de sonhos com longos vestidos brancos e casas com cercas brancas, percebi que meu subconsciente estava realmente apressando as coisas. Mas isso não me impediu de sonhar durante todo o dia na escola. Claro, eu poderia ter revivido aquele beijo um milhão de vezes. Ou talvez tenha pensado no nome do nosso primeiro cachorro. E possivelmente, escrevi nossos nomes cercados por corações. Eu precisava seriamente ir com calma. Caspian nunca disse que me amava. Eu nem mesmo sabia se ele sequer gostava de mim. Nós não tivemos nenhum encontro oficial ainda, e não é como se eu tivesse falado exatamente para ele como eu me sinto. Porém, ainda rabiscava, e sonhava acordada, e sorri alegremente para todos ai meu redor. Nem mesmo os dez milhões de horas extras de dever de casa que cada professor avidamente passou puderam arruinar meu bom humor. Tudo estava bem no meu cantinho no mundo. Na terça-feira eu passei em um teste de História que tinha esquecido totalmente de estudar. Na quarta-feira, a máquina de refrigerante do refeitório não aceitou meu dinheiro, mas depois de uma leve sacudida, cuspiu um refrigerante de qualquer jeito. Mesmo que refrigerante de uva não fosse exatamente o que eu queria, era de graça, então eu não estava reclamando. Mesmo o almoço parecia estar melhorando. Mudei para uma mesa onde conversa era mutuamente


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odiado por várias outras pessoas. Passamos o tempo todo fazendo trabalho de casa, lendo um livro, ou, no caso de um deles, brincando com a nossa comida. E eu não era aquela que brincava com a comida. Não era o momento mais empolgante na minha vida, mas estava melhor do que vinha sendo. Na tarde de quinta-feira eu encontrei um recado de Ben no meu armário me pedindo para encontrá-lo no ginásio depois da escola. Isso realmente me surpreendeu; eu pensei que estávamos evitando um ao outro. Quando a última campainha tocou no final do dia, eu não estava inteiramente certa se devia ir ver o Ben ou não. Eu senti um tipo de culpa por isso. O que Caspian acharia? Ele se importaria de eu estar encontrando outro cara? Quero dizer, não era como se eu estivesse indo ficar com Ben, mas mesmo assim... Minha mochila estava cheia de livros e senti como se tivesse um peso de vinte quilos nas minhas costas, me cansando enquanto andava para frente e para trás na frente do meu armário tentando tomar uma decisão. Se eu fosse ver Ben agora e só ficasse por alguns minutos, então poderia me desculpar sobre a toda a coisa do baile terminar mal e parar no rio a caminho de casa para ver se Caspian estava por lá. E esta foi a opção vencedora. Essa ideia pareceu aliviar minha carga, e meu espírito, e eu fui em direção ao ginásio para procurar por Ben. Assim que eu pisei na sala, vi dois corredores se aquecendo em um canto e senti uma sensação imediata de alívio porque nós não estaríamos sozinho. Então me repreendi por pensar isso, e repeti em voz alta a frase — eu não vou sentir culpa. — Eu era jovem e despreocupada. Ou pelo menos eu deveria ser.


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Certo. Eu levei a minha jovialidade e despreocupação em direção ao outro lado do ginásio, ainda à procura de Ben. Ele não estava aqui ainda? Eu rodei a arquibancada, e foi quando eu o vi, encostado na parede assistindo os corredores. Quando cheguei mais perto, pude ver que ele tinha uma visão perfeita da porta pela qual eu entrei. Ótimo. Será que ele tinha me visto falando comigo mesma? Uma estranha sensação de nervosismo tomou conta de mim enquanto me aproximava dele. Será que ele estava com raiva de mim pelo que eu tinha dito a ele sobre o baile? E se ele tivesse tido um encontro terrível com seu par e quisesse me culpar por isso? Ele me viu e sorriu. — Abbey, estou feliz que você tem visto meu bilhete. O nervosismo se dissipou. Meu sorriso de resposta foi amplo, e eu senti meu rosto corar enquanto ele me olhava. — Ei, Ben,— eu disse, andando até ele e deixando minha mochila cheia de livros na parede. — Eu juro que essa coisa quer me matar. Ele riu. — Sim, todos os professores estão realmente pegando pesado essa semana. Eu espero que nós não tenhamos nenhuma lição de casa para o feriado de Ação de Graças. — Somente em um mundo perfeito, — eu suspirei. — Verdade. — Ele sorriu para mim novamente. — Ei, você mudou seu cabelo. Eu gostei. Eu corei furiosamente e levantei as mãos para tocar meus cachos. — Obrigado.


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Eu estava me sentindo... festiva. — Parece legal, — disse ele. Olhei para o chão de madeira, ainda sentindo o calor em minhas bochechas. Ficamos ali em silêncio, e me perguntei o que ele realmente queria dizer. Talvez eu deva ir primeiro, eu pensei. — Olha, Ben. — Eu tentei olhar em qualquer lugar, menos em seus olhos. — Eu sinto muito pelo que disse a você sobre o baile. Você estava tentando fazer uma coisa agradável, e eu não deveria ter agido como eu agi. Ele balançou a cabeça. — Foi estúpido. Me desculpe. É por isso que eu mandei o bilhete para me encontrar aqui. Eu deveria ter te pedido de volta da primeira vez que eu quis. Você tinha todo o direito de negar. — Ele me deu um olhar esperançoso. — Você me daria uma segunda chance se eu te chamar para sair de novo? Hmm. Qual a melhor forma de contornar esta questão? — Você não tem que lançar o olhar cachorro em mim, Bem.— Eu tentei fazer piada. — Desculpas aceitas. — Eu me virei para pegar minha mochila, mas sua voz me fez parar. — Que tal um abraço, então? Eu olhei para ele, dizendo-me com firmeza para não fazer disso algo maior do que realmente era. As pessoas se abraçam o tempo todo. Isso não queria dizer nada. — Claro. — Eu me aproximei, e ele cruzou os braços em volta de mim. Eu rapidamente levantei os meus para abraçá-lo de volta, e comecei a me afastar quando ele


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se inclinou perto do meu ouvido. Eu podia sentir seu hálito quente, e eu congelei. — Eu realmente gostei do seu cabelo, Abbey, — ele sussurrou, tocando suavemente uma onda que estava perto do meu rosto. Virei a cabeça e fiquei cara a cara com ele. Seus grandes olhos castanhos estavam apenas a alguns centímetros de distância dos meus. Mas na minha cabeça, uma voz diferente estava dizendo essas palavras para mim e por um momento, os olhos eram verdes. Um segundo depois, percebi em que posição eu tinha me colocado. Se eu não me movesse muito rápido, ele teria uma ideia errada. — Sinto muito, Ben, — eu disse, puxando-me para trás dele. — Eu tenho um namorado...— O termo tropeçou na minha língua, mas senti uma sensação quente por dentro quando disse isso. Eu revivi a palavra por dentro e gostei de como soou. — Ah, mas eu - eu pensei ...,— ele gaguejou. — Quero dizer, você tem? Ele se afastou também. — Eu não vi você com ninguém. Ele é daqui? — Ele se formou há dois anos, — eu disse com orgulho. — Oh. Bem, eu ... eu não quis dizer nada com isso. Eu não sei. Apenas pensei que você e eu... desde Kristen. Eu me senti horrível. — Não, está tudo bem. Ninguém sabe realmente sobre isso. É meio recente. — Eu sabia que isso ia acontecer? Era por isso que eu estava me sentindo tão culpada por ir encontrar com ele? Eu tentei melhorar a situação.


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Afinal, ele realmente não me quer. Era óbvio que Kristen tinha foi a única por quem ele teve uma queda. — Se eu não tivesse um namorado, as coisas poderiam ser diferentes. Estou realmente muito lisonjeada que você achava que nós poderíamos - bem... Eu espero que isso não estrague a nossa amizade, Ben. — Oh, Abbey, você está me matando, — ele gemeu. — Primeiro o ‗eu ficaria com você se não tivesse mais ninguém‘ e, em seguida a zona de amizade? Isso é como o beijo da morte. Eu estava arrasada, mas eu não sabia mais o que fazer. Ben deu um suspiro do coração, e então ele riu. — Está tudo bem. Estou apenas brincando. Se você estiver feliz, então estou feliz. Eu ainda estou feliz por ser seu amigo. — Afastei-me dele e inclinei-me para pegar minha mochila. Quando me virei para encará-lo novamente, ele tinha um sorriso no rosto. Mas seus olhos pareciam tristes. — Sinto muito, — eu sussurrei, dando um pequeno aperto em sua mão. Ele balançou a cabeça, e comecei a ir embora. Tanta coisa para o meu bom humor. Ele agora tinha desaparecido completamente enquanto eu pensava sobre a pessoa que eu estava deixando para trás. Decidi contar a Caspian como me sentia assim que chegasse ao rio. Eu tinha que saber se ele não sentia o mesmo por mim. Esperançosamente, a minha confissão não seria em vão, ou então eu estaria me unindo ao clube dos rejeitados. Entretanto, minha determinação foi embora, enquanto passava pelo rio, e depois da ponte. Ele não estava aqui.


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Andei pelo cemitério, procurando em todos os lugares. Mas uma vez que eu percebi que não iria encontrá-lo em um lugar que ele obviamente não estava, eu parei de procurar. Deprimida, eu mantive o meu olhar no chão e segui o familiar caminho de casa. Foi quando olhei para cima para evitar um buraco profundo na estrada que eu o notei. — Cáspian, o que você está fazendo aqui?— Felicidade inundou minha pergunta, e eu não pude deixar de corar. Ele estava sentado ao lado de um grande monumento em um jazigo da família, desenhando em um pedaço de papel. Ele tinha manchas pretas em suas mãos, e ele parecia tão surpreso por me ver como eu estava por vê-lo. — Oi, Abbey.— Um olhar estranho passou pelo seu rosto, e ele empurrou o papel por trás dele. — Eu estou apenas sentado... — Uau. — Eu ri. — Você deve gostar daqui ainda mais que eu. — Mudei minha mochila sem jeito. — Eu sei que nós nos vimos há apenas dois dias atrás, mas... Corei novamente a memoria do nosso último encontro e, em seguida, parei abruptamente quando percebi que eu estava andando a esmo. Ele não disse nada. O silêncio cresceu entre nós, e eu comecei a ficar preocupada. — Você estava esperando... aqui... por mim? — Eu estava esperando por um não a essa pergunta, mas eu podia ver a resposta em seus olhos. — Sim. Parei pelo cemitério e no rio todos os dias. Mas eu não esperei por muito tempo. Outras coisas para fazer, você sabe. — Ele disse. Fiquei com uma sensação de mal estar na boca do estômago. — Eu realmente sinto muito por não ter passado, Cáspian. Eu... Eu não sabia.— Encontrei-me repetindo as palavras de Ben. — Não é nada demais. Nós nos entraremos de novo, ok? — Ele pegou o desenho e se levantou.


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— Caspian, espere, — eu disse. Ele já tinha começado a se afastar. — Quando ... Onde você quer que nos encontremos? — Eu estou muito ocupado este fim de semana, mas acho que podemos nos encontrar aqui sábado, ao meio dia, — ele respondeu sobre seu ombro. — Tchau, Abbey Observei-o ir embora, e estava confusa com seu tom de desprezo. Ok, então ele estava chateado que eu não tivesse passado por ali, mas não foi como se tivessemos estabelecido uma data e hora. E se tivesse seu telefone, eu poderia ter ligado para ele. Fiz uma nota mental para lhe pedir o número no próximo sábado. Chateada, e sem nem mesmo saber muito bem porquê, eu fui para a sepultura de Washington. Como sempre, não havia ninguém lá e eu passei pelo portão. Caminhei em todo o comprimento da área cercada, ainda muito perturbada para sentar no chão. — Como eu ia saber que ele estaria esperando aqui?— Eu murmurrei, meio para mim, meio para o cemitério vazio. — Eu já assumi ser uma leitora de mentes? Não, eu não fiz. Então, como ele pode esperar que eu leia sua mente? — Irada, eu chutei a uma folha perdida no chão. — Chama-se número de telefone. Consiga um.

Enquanto eu ouvia aquelas palavras saindo da minha boca, ecoando as palavras de ódio ditas uma vez por alguém em um vestido de baile, parei de andar imediatamente. Fui sentar ao lado da árvore onde tinham esculpidas as iniciais. Eu enterrei minha cabeça nos meus braços e dobrei as pernas debaixo de mim. Por que ele agiu dessa forma hoje? Era tudo tão confuso. Passos suaves perturbaram a grama em volta de mim, e eu olhei para cima para ver o velho zelador, que vinha para a árvore. Ele estava usando o mesmo


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remendado macacão azul, mas ele estava com uma camisa marrom. Forcei um sorriso na minha cara e olhei para meus pés. — Olá Nikolas. Todo o seu rosto iluminou-se, e o sorriso que ele me deu quase me fez chorar. Ele parecia tão feliz em me ver. — Abbey, que maravilha encontrá-lo aqui de novo! Como você está? Dei de ombros e enfiei as mãos nos bolsos de meus jeans. — Eu acho que estou bem. Meio que está sendo um dia difícil. — Há algo que eu possa ajudar? — Eu não sei. É só... —

Eu hesitei. — Não é como se houvesse nada

especificamente errado, sabe? Eu só não entendo como alguém pode agir de determinada maneira que é muito positivo, e de repente ser diferente. — Como mudar sua mente sobre alguma algo? — ele perguntou. — Não, — eu disse, confusa sobre a forma de descrever o meu dilema. — Deixa para lá. É só... garotos. Eles são insuportáveis. Isso é tudo. Ele tinha aquele olhar malicioso em seu rosto novamente, e disse muito solenemente: — Bem, falando como alguém que já foi, tecnicamente, um rapaz... — Corei, completamente envergonhado agora. — Eu não quero dar nenhuma desculpa para seja lá quem for que você está falando, — ele continuou, — mas... ele é louco.


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Meus olhos se arregalaram, e ele riu. — Eu estou apenas brincando com você. Espero que não se importe. Eu não conseguia esconder meu sorriso, e eu balancei a cabeça para ele. — Você está sendo tão ruim quanto os meninos, — eu provoquei volta. Ele sorriu. — Eu só queria te ver sorrir. Eu espero que você não se importe de aturar um homem velho. Na verdade, no entanto, dê o seu jovem homem algum tempo. Tenho certeza que ele está confuso ou inseguro. O orgulho do homem é uma coisa muito poderosa. — Isso definitivamente é verdade, — eu concordei. — Então você acha que talvez não seja eu, mas ele? Talvez ele esteja apenas lidando com algo pessoal? Nikolas inclinou-se e disse baixinho: — Eu posso dizer que você tem uma alma muito sábia e bondosa, Abbey. E eu sou um excelente juiz de personalidade. Eu não acho que foi alguma coisa que você poderia ter feito. Além disso, se ele não pode superar o que está incomodando, mande-o para mim e eu vou colocá-lo na linha. Para minha vergonha total, eu comecei a chorar. Então eu me inclinei para abraçálo. — Obrigada, Nikolas,— eu sussurrei. — Isso significa muito para mim. Ele soltou um suspiro suave, quase como se eu tivesse o surpreendido, e hesitou sem jeito tentando me abraçar. Ele parecia um pouco enferrujado nisso. Eu rapidamente afastei minhas lágrimas, esfregando as mãos no meu rosto. — Você sabe, — disse ele, — às vezes a gente usa uma fachada, porque temos medo de como as pessoas próximas a nós irão reagir se verem o nosso verdadeiro eu. Só porque


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alguém faz isso, não significa que ele quer te afastar ou que não gosta de você. Eu não vejo como alguém poderia não gostar de você, Abbey Tirando um minuto para me recompor, inclinei-me e agi como se meu tênis estivesse desamarrado. Depois de remexer-me com ele por um tempo, e esperando que meus olhos não estivessem vermelhos e borrados, eu levantei e encarei o rosto de Nikolas. — Eu... Hum... devo ir. Minha mãe provavelmente está me esperando, e eu tenho um monte de lição de casa para fazer. Então... obrigado. Eu realmente agradeço. Ele bateu no meu braço delicadamente e sorriu para mim. — De nada, Abbey. Espero vê-la novamente em breve. Eu balancei a cabeça, tentando não parecer muito envergonhada por ter chorado na frente de um estranho total, e se dirigi-me ao portão. Após uma breve pausa para acenar para Nikolas, desci as escadas e caminhei para casa. Este tinha sido um dia dos infernos. Na manhã de sábado, eu perguntei a minha mãe se ela queria ir comigo à casa dos Maxwells. Já tinha um tempo desde que eu tinha visto a Sra. M., e queria ver como ela estava. Eu fiquei chocada quando a mamãe me disse que ela não tinha nenhum plano e realmente concordou em ir. Eu acho que a última vez que ela teve um fim de semana livre foi, assim, uma década atrás. Debatemos sobre se deveríamos ou não ligar antes, até chegarmos concordarmos em usarmos a abordagem ‗só estávamos de passagem... ‘ Felizmente o Maxwells estavam em casa quando chegamos. Foi bom vê-los novamente e estar no ambiente familiar, mas também era difícil. Tentamos não falar muito sobre Kristen. Quando minha mãe se levantou para se servir de uma xícara de café, tomei como um convite para conversar com a Sra. Maxwell sozinha.


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— Como você está realmente indo, Sra. M.? — Perguntei-lhe baixinho. Ela pegou minha mão e a segurou. Eu poderia dizer que ela estava tentando parecer forte. — Eu estou bem, Abbey. É difícil, obviamente. E Deus sabe que eu nem sequer pensei no que fazer com o quarto dela ainda. Mas estamos levando um dia de cada vez. Uma ideia surgiu na minha cabeça. — Você se importaria se eu subisse lá? — Você não tem que me pedir para ir para o quarto dela, Abbey. Você sabe disso. Você praticamente morava aqui quando... — Ela parou e desviou o olhar. Em pé, dei-lhe um breve abraço. — Obrigada, Sra. M. não vou demorar. — Vireime para sair da sala, e ela me chamou. — Se houver qualquer coisa no quarto de Kristen que você queira, Abbey, vá em frente e pegue. Eu sorri e acenei com a cabeça, em seguida, dirigi-me para as escadas. Parecia uma longa viagem, e respirei fundo para me manter até que chegasse ao quarto dela. No meu quarto podia ser capaz de lidar com os meus pensamentos e emoções em relação a sua morte, mas na verdade entrar no quarto dela era uma história totalmente diferente. Eu lentamente abri a porta, e a visão familiar do papel de parede com pétalas pinks - que Kristen tinha odiado com uma paixão desde ela completou onze anos - me cumprimentou enquanto eu entrava no quarto. Ele não tinha mudado muito desde a última vez que estive aqui. A única grande diferença é que o chão e cama, geralmente cobertas de roupas sujas, agora estavam ambos completamente limpos.


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Mas sua pequena mesa do computador ainda estava uma bagunça. E a velha cômoda branca ainda tinha o seu som com a sua torre de caixas de CD vazio ao lado dele. Sua favorita camisa vermelha estava pendurada na maçaneta da porta do armário também. Quase como se ela fosse estar de volta a qualquer minuto. A tristeza afundou-se em mim enquanto percebia que ela nunca estaria de volta... mas eu a afastei. Nós tínhamos passado muito tempo aqui, e não foi difícil associar praticamente tudo no quarto com algum tipo de memória feliz. Eu me agarrei a esse pensamento, enquanto me movia ao redor do quarto. Havia alguma coisa aqui que me dissesse por que ela tinha ido ao rio naquela noite? Dei uma olhada no seu armário em primeiro lugar, mas nada parecia fora do lugar ali. Folheei sobre a mesa próxima, e que revelou o mesmo resultado. Seu celular estava encostado ao lado do carregador ao lado de um abajur. Afastei o olhar dali e continuei procurando. A única coisa que o armário continha eram roupas, e me livrei delas assim que consegui. Elas ainda cheiravam a seu shampoo favorito, e isso quase me fez cair em meus joelhos. Sentei-me com força na borda da cama, tentando me concentrar nas coisas boas. A mesa de cabeceira ao meu lado tinha uma pequena gaveta, e eu a abri. Um diário estava lá dentro. Peguei-o, eu folheei as páginas. Eu me senti meio mal por espreitar os pensamentos privados de

Kristen, mas tempos

desesperados exigem

medidas

desesperadas. Nada me chamou a atenção, no entanto. Parecia que ela não tinha escrito nada sobre o rio. Então eu notei um dos cantos da colcha estava pendurado contra a borda da estrutura da cama em um ângulo estranho. Eu me inclinei para baixo para endireitá-la. Meus dedos roçaram algo duro, dobrado entre o colchão e as molas, e eu cheguei mais perto para ver o que era. Preso sob o canto da cama estava um pequeno livro com o tamanho de um... diário. Eu tive que mudar a borda do colchão e enfiar minha mão ao lado do quadro, mas


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eu era capaz de alcançá-lo. Quando eu puxei-o para fora, era uma cópia do livro que eu segurava nas minha outra mão. Apenas a capa era vermelha, enquanto a capa do primeiro diário era preta. Agora fiquei intrigada. Eu tinha encontrado vários diários de Kristen? Abri a primeira página do livro preto e procurei por uma data. A primeira entrada era de 19 de abril. Então eu abri a primeira página do livro vermelho para verificar a sua data. 19 de abril... do mesmo ano. Por que ela teve dois diários para o mesmo ano? Sentei-me em meus calcanhares, eu folheei o vermelho, com intenção de encontrar algumas respostas. Eu senti uma pontada de culpa de novo, mas minha curiosidade era muito forte. Eu tentei acalmar a minha consciência, fazendo um acordo comigo mesmo. Se eu ler os diários de uma só vez, e em seguida, colocá-los de volta, eu não estaria realmente fazendo algo errado. E a mãe de Kristen disse que eu poderia fazer qualquer coisa que quisesse. Claro, ela provavelmente estava falando de roupas ou CDs, mas isso estava além. Antes de ter a chance de começar a ler, minha mãe chamou meu nome lá baixo. Eu pulei com a súbita interrupção e fiquei de pé, olhando rapidamente ao redor do quarto. Eu precisava de algo. A camisa vermelha na maçaneta da porta do armário. Perfeito. Agarrei-a e cuidadosamente embalei os diários por dentro. Enquanto eu ia para porta, passei pela mesa de Kristen novamente, um pedaço de papel amassado chamou minha atenção. Um tubo de batom descansava ao lado dele. Eu peguei o batom e removi a tampa, revelando um tom vermelho escuro. Querendo deixar minha marca, meu último adeus, de alguma forma, eu cuidadosamente alisei o papel e rabisquei — Memórias duram para sempre — sobre ele. Então eu assinei o meu nome em uma letra grande, em negrito e fechei o batom antes de guardá-lo com o bilhete na gaveta. Fechando a porta do quarto com cuidado atrás de mim, desci as escadas até onde minha mãe estava esperando.


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Memórias definitivamente duravam para sempre. Assim que cheguei em casa, fui direto para o meu quarto, e tranquei a porta atrás de mim para ter privacidade. Então, pensando duas vezes, fui para dentro do meu armário e tranquei a porta. Eu me acomodei em uma enorme pilha de animais de pelúcia e me sento confortável. Eu não seria interrompida aqui. Eu cuidadosamente coloquei os diários lado a lado, e então comecei pelo preto. A primeira página era inocente o suficiente. Abril 19 sexta-feira de manhã Este fim de semana Abbey e eu vamos comprar alguns óleos essenciais e garrafas que ela precisa. Há uma nova loja que abriu ao lado do shopping, e ela não pode esperar para ir. Eu concordei com a condição de que parássemos no shopping por alguns sapatos novos, e possivelmente um pretzel de canela. Ela agiu como se quisesse me dar uma bronca por isso, mas ela não conseguiu manter uma cara séria por tempo suficiente. Ela é tão engraçada. Depois que voltar, eu tenho que começar trabalho de fim de ano de ciências. Eu não posso me dar ao luxo de receber qualquer coisa menor do que um A-, então eu preciso me apressar. Eu gostaria que a escola fosse mais fácil. Às vezes penso que um dia meu cérebro vai explodir de tanta álgebra, biologia, história que eu estou sendo forçada a meter lá dentro. Oh, bem, outro dia. Kristen P.S. Acabei de voltar do shopping, e eu sou agora a orgulhoso proprietário da mais linda sandália marrom. Anime-se, tempo quente, então eu poderei mostrar a minha linda sandália nova!


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Sorri ao ler o que estava escrito em sua caligrafia, pequena e graciosa. Era tão tipicamente Kristen. Virei-me para o diário vermelho. Abril 19 sexta-feira à noite Decidi iniciar este diário alternativo para falar sobre D. Eu tenho medo de que se eu escrever algum desses aspectos para o meu diário real, ele será tirado de mim, como um sonho. D. me ligou hoje à noite. Nós conversamos por mais de uma hora, e ele quer me encontrar amanhã. Estou tão nervosa. Eu não posso acreditar que ele está realmente interessado em mim. Estou sonhando? Será que vou acordar e descobrir que isso era tudo mentira? Deus, eu espero que não. Eu não acho que poderia lidar com um coração partido. É tão difícil esconder isso de Abbey. Eu quero tanto compartilhar tudo isso com minha melhor amiga. Mas eu sei que não posso. E essa é a coisa mais difícil de todos. K.

Sentei-me em silêncio, atordoada. Minha melhor amiga tinha mantido segredos de mim? Uma dor me atravessou, e empurrei os diários longe, enterrando a cabeça em minhas mãos. Como isso poderia ser verdade? Eu nunca tinha mantido um segredo dela. Minha mente tentava lidar com a impossibilidade da situação. 19 de abril. Ela vinha mantendo segredos de mim desde 19 de abril. Quem é D.? Porque Kristen não me contou sobre ele? Meus olhos se encheram de lágrimas, e eu as deixei cair. Eu não sabia como lidar com isso. O que deveria fazer agora? Parte de mim queria ler mais, para ver se ela revelou


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seus segredos. Mas outra parte de mim estava muito ferida e furiosa, e quis arrancar todas as páginas e rasgá-las em pedaços pequenos. Ela havia me traído. Eu não sabia o que devia fazer. Quando a mamãe me chamou para jantar naquela noite, eu estava melancólica e não falei muito. Eu tinha chegado a um acordo com o fato de que não importava como ou o que eu sentia. Eu tinha que continuar a leitura dos diários. Eles podiam explicar por que Kristen tinha ido ao rio. E segredos ou não, eu devia isso a ela .


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Capítulo Treze Uma boa razão ―...E um livro de sonhos e adivinhação, em que a última era uma folha de papel almaço muito rabiscado e apagado, em várias tentativas infrutíferas de fazer versos em homenagem à herdeira de Van Tassel.‖ —The Legend of Sleepy Hollow

Tive dificuldade de ir e voltar entre os dois diários, então parei de ler o preto e o deixei de lado. De alguns modos era difícil ler aquele. No diário preto ela agia tão normalmente. Como a Kristen que eu achei que conhecia. Era uma mudança abrupta passar para o diário vermelho. Todo o tom era diferente. Até seu estilo de escrita havia mudado. Pelo que pude juntar, Kristen havia conhecido este cara que insistiu em manter o relacionamento deles em segredo, e passara horas conversando com ele ao telefone. Eles estiveram juntos um par de vezes. Ela nunca disse como o conheceu, ou quando eles haviam sido apresentados. Mas eu não pude me impedir de perguntar onde esteve todo aquele tempo. Parecia muito uma traição particular. Ela obviamente fizera muito esforço extra para se assegurar que eu não descobrisse sobre ele. Não consegui entender por que ela fez isso, se ele a fazia tão feliz. Então continuei lendo para achar um vestígio...qualquer vestígio...


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23 de abril – terça-feira a tarde Acho que estou apaixonada ! D. é tão romântico. Ele fingiu colocar uma mecha de cabelo atrás da minha orelha e gentilmente tocou minha bochecha, então aconteceu...nosso primeiro beijo. Não estar com ele é uma tortura – cada hora em que estamos separados eu morro, uma lenta morte de solidão agonizante. Não posso segurar esse sentimento. Eu desejo que pudéssemos passar cada dia juntos. Desejo que sejamos livres para dizer ao mundo. Desejo que ele concorde em me deixar dizer. Abbey. Espero que ele me ligue novamente essa noite. Por favor me ligue, meu amor. Me tire dessa penúria. K. 17 de maio – sexta a noite Hoje D. disse que sou linda. Nunca esquecerei aquele momento. Enquanto eu olhava em seus olhos, quase pude acreditar nele. Então me fez chorar quando me deu uma flor que encontrou. Mas eu tive que esquecer isso. Não queria que ninguém visse. Então ele me prometeu uma dúzia de rosas. Talvez um dia… K. 2 de junho – domingo de manhã Tem exatamente um mês desde que D. e eu tornamos isso oficial. Eu o amo tanto! às vezes não posso acreditar que ele me ganhou. Não sei o que ele fez, mas sei que estaremos juntos para sempre. Sei o que ele quer mas estou apavorada. O pensamento daquilo é aterrorizante... e excitante... e hilariante, mas a maior parte aterrorizante. Na verdade, o que mais me assustava de tudo isso, era o fato de que nunca poderia voltar atrás. Desejo poder falar com Abbey sobre isso. Como você não conta ao seu melhor amigo algo desse tipo? Não sei se posso manter essa coisa em segredo. K.


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Eu penso em nossos últimos dois meses na escola, tentando analisar todo o tempo que estive com Kristen. Por que não prestei mais atenção? E então meus pensamentos se voltavam para outras coisas. Tipo, quantas vezes ela quis que eu desse minha aprovação para que ela pudesse ficar com esse cara? Ou, será que ela contou para ele algum dos meus segredos? Este diário lançou dúvidas de cada palavra que ela havia me dito, e minha mente começou a se afastar de todas as coisas que fizemos juntos. Não podia me impedir de questionar — E se eu tivesse perguntado a ela sobre algo disso, ela mentiria para mim?

Infelizmente, a resposta parecia ser sim. E aquilo doía.

Desejei nunca ter encontrado este lado dela. Eu queria apenas que as coisas voltassem a ser o que eram. Antes que eu descobrisse que minha melhor amiga estava mantendo segredos de mim e mentindo todos os dias. Antes de questionar todos os motivos por trás de suas ações. Antes de perguntar se ela realmente havia sido minha melhor amiga com tudo isso.

26 de julho – sexta à noite

Como posso pensar em uma decisão como essa? Se eu disser não, o que ele vai fazer? Não posso dizer não. Tento me convencer que não é grande coisa. Todo mundo pensa nisso alguma vez. Se inclina para fazer isso. Se inclina para fazer isso. K.


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13 de agosto – terça-feira de manhã

Nós falamos sobre o que íamos fazer, e eu concordei. Eu queria pedir mais tempo para pensar nisso, mas ele já havia me dado quase três meses. Tenho medo de perdê-lo. É tudo em que tenho pensado ultimamente. Encontrei-me obcecada por isso. Pergunto-me se Abbey sabe o que tenho planejado. Ela tinha que ter achado. Como posso manter um segredo desses da melhor amiga que quase lê minha mente. Espero que D. não perceba que Abbey deve saber alguma coisa. Eu não quero .. eu não quero perdê-lo. Oh, Deus, não deixe que eu o perca. K.

16 de agosto – sexta-feira a tarde.

Esta é a noite. Estamos indo para o parque, como sempre. Tenho que estar pronta logo. Estou tão nervosa. Espero que possa fazê-lo feliz. K.

18 de agosto – domingo de manhã Apenas tive outra briga com D. Não entendo por que isso continua acontecendo. Ela pode não me perdoar por ter escondido tudo isso dela, mas preciso falar com alguém. K.

18 de agosto – domingo de manhã II Toda vez que penso que acabou, que estamos apenas muito diferentes. Ele diz algo que muda minha mente. Começo a me perguntar se estou com ele porque quero ou porque ele realmente quer que eu queira. K.


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19 de agosto – segunda-feira de manhã Não posso mais fazer isso. Os segredos... as mentiras...Eu disse a D. que queria contar a Abbey sobre nós e tivemos uma briga enorme. Tive que implorar que ele me desse outra chance. Ele concordou enquanto estávamos indo para o parque. Não sei onde mais podemos ir. Ás vezes desejo que nunca tivéssemos... Não sei o que fazer. Não posso viver sem ele. K.

Era isso. O último texto. Joguei o diário debaixo da cama e balancei a cabeça furiosamente, rejeitando esta nova informação. Não havia modo de ela ter deixado qualquer destas coisas para mim. Estávamos muito próximas para isso. Mas a prova na forma do diário vermelho? Disse-me que estava errada. Kristen havia escondido segredos de mim ... um monte deles. Acordei anormalmente cedo no domingo de manhã. A semana havia voado, mas não conseguia parar de pensar no diário. Estava gostando de tentar resolver um quebracabeça quando não sabia como era a figura. Me forcei para fora da cama, desci para a cozinha para fazer mais alguns cookies para Caspian. Depois de nossa última conversa, estava esperando que ele se satisfizesse enquanto eu oferecia paz. Eu segui a receita do livro automaticamente, sem realmente prestar atenção para o que estava fazendo. Não até que a segunda fornada estava grudando pelo forno, por culpa da minha distração, e eu terminei pegando o cookie quente com minha mão descoberta ao


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invés de simplesmente abaixar o fogo. A queimadura metálica marcou imediatamente, e eu joguei a bandeja sobre o fogão. Felizmente, eu não planejei levantar mais um pouquinho, ou não estaria muito longe de cair. Amaldiçoei meu caminho para a pia da cozinha, e então xinguei mais um pouco quando o telefone começou a tocar. Decidindo que minha queimadura adicional precisava de mais atenção que o telefone, eu despejei água fria e senti imediatamente o bálsamo do alívio. Dez segundos mais tarde minha mão estava meio enrugada, mas o telefone ainda estava tocando. Agarrei um pano-de-prato e passei debaixo d‘água, colocando sobre a pústula que já havia começado a se formar. Me virando para alcançar o telefone atrás de mim, ajeitei o panode-prato em uma posição melhor. — Alô? — Oi, docinho — veio uma voz satisfeita na outra linha. — É a sra. Maxwell. Pensei em pegar a máquina. — Ah, olá, sra. M. — Eu mordi meus sentidos imediatamente. isto é um sinal? Devo falar para ela sobre o diário? — Estava ligando apenas para avisar a sua mãe que não se preocupasse sobre as reservas amanhã a noite. Eu já cuidei delas. — Tudo bem — respondi— Direi a ela. Vocês farão algo especial? — Tivemos um encontro com a cabeça da sociedade histórica. Vai ser divertido. O último foi detestável. O sarcasmo pesado em sua voz me fez ir. — Tenho certeza que será muito excitante.


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— Pelo menos a comida será boa — ela suspirou —Nos encontraremos no Callenini‘s. Eles tem o melhor frango Alfredo daqui. — Aaaaa é. — concordei — Diga a mamãe que me traga bolinho de alho. Amo essas coisas. — Vou dizer. Falamos um pouco mais sobre o restaurante, então a sra. M disse que precisava desligar. Não falei sobre o diário. Não poderia fazer isso. Mas enquanto desligava o telefone, todos os sentimentos de dor e traição ressurgiram e eu senti uma lágrima correr lentamente pelo meu rosto. Outra lágrima seguiu, e eu me mexi a cabeça, chafurdando em um momento de autocomiseração. De repente o timer sobre o forno apitou alto, e me assustou. Eu programei para desligar? Quinze minutos para uma nova fornalha de cookies. Correndo as mãos pelo meu rosto, rapidamente sequei meus olhos. Não tinha tempo para a festa da piedade. Ainda tinha uma bandeja inteira de massa de cookie e mais duas dúzias de cookie para fazer. Então liguei a música mais raivosa que pude encontrar, aumentando até que ecoou através da casa, e cantei a todos pulmões enquanto voltava a trabalhar. Quatro fornalhas de cookie e treze músicas fodonas depois, era tempo de me aprontar para ver Caspian. Exatamente uma hora após isso, estava vestida em jeans e um suéter vermelho, e desci as escadas colocando alguns biscoitos em um saco de papel. Visto que nenhum dos pais gritou para eu abaixar o som antes, percebi que eles provavelmente já estavam fora de casa e um deles em infindáveis reuniões. Deixei alguns biscoitos em um prato próximo à cafeteira para eles encontrarem. Então chequei tudo,


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para ver se estava desligado, agarrei a sacola para Caspian, e bati a porta em meu caminho. Eu não senti frio, primeiro eu me refresquei e caminhei para o vento. Mas não durou muito antes de começar a desejar ter pego o pesado casaco e um par de luvas para sair. O vento soprava forte, e senti sua respiração fria me rasgando. Eu estremeci e inclinei minha cabeça, tentando ignorar o tremor enquanto andava para o cemitério. Fazendo meu caminho através dos portões e em direção à grama em frente ao rio, encontrei Caspian na parte da família Irving. Suas costas estavam viradas, e eles estava todo vestido de preto, mas eu teria reconhecido aquele cabelo em qualquer lugar. Eu desci lentamente, me movendo cuidadosa e silenciosamente, até que estava bem atrás dele. — Caspian. Se ele me ouviu, não deu para perceber. Ele permaneceu perfeitamente parado. Eu dei outro passo e estava agora perto dele. Eles estava encarando a tumba de Washington. Eu estendi minha mão para tocar seu braço. — Moedas. Por que você acha que eles deixam moedas? Sua o voz baixa enviou um arrepio através de mim, e por alguma razão puxei minha mão de volta. Ele virou a cabeça para olhar para mim, e seus olhos estavam levemente desfocados. — Você acha que quer dizer alguma coisa? Pare ele, quero dizer? Ele parecia genuinamente perplexo com a questão. Não tinha certeza se devia responder ou não. Então ele piscou e sua expressão mudou. Um sorriso se formou em seu rosto. — Astrid, estou feliz que você veio.


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Minha cabeça girou. Ele sabia quanto seu sorriso derretia meu coração? Ou o modo que sua voz enviava formigamentos para cima e para baixo de meus braços, e borboletas flutuando de forma selvagem em minha barriga. Algum dia serei capaz de dizer a ele como me faz sentir. Mas não hoje. Sorri de volta. —Ei, Caspian. Meu sorriso o fazia derreter? Minha voz o animava, ou mandava arrepios correndo por sua pele? Eu planejei perguntar essas coisas algum dia. Mas não hoje. — Espero que você não esteja mais chateado comigo. Eu espreitei timidamente para ele. — Chateado com você? — ele perguntou — Por que eu estaria chateado com você? — Porque eu não vim encontrar você semana passada. Pensei que você estivesse irritado com isso. Ele balançou a cabeça. Eu não estava chateado com você. Como você deveria saber que eu estaria aqui? — Não sei. Acho que imaginei ... — franzi. — Não sei. — Não estava chateado, Abbey — ele reafirmou. — Acredita em mim? Ele tinha esse olhar de garotinho sério em seu rosto agora. Anrram, como se eu pudesse resistir aquilo.


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— Tudo bem — suspirei dramaticamente. — Acredito em você. Ri para deixá-lo saber que estava brincando, e recebi um sorriso de volta. Lembrando dos biscoitos, lembre da sacola e entreguei para ele. — Fiz alguns biscoitos para você não ficar chateado comigo. Mas já que você não estava chateado, acho que vou ter que ficar com eles. Ele arrancou a sacola da minha mão. — Pensando melhor, se eles são cookies snickerdoodle*, então acho que preciso deles para ajudar a aplacar minha fúria. — ele fez um olhar zangado de brincadeira. Eu ri desse gesto. — Claro que são snickerdoodle. Eu não faria de nenhum outro tipo para você. Quer sentar embaixo da ponte para comê-los? Deve estar mais quente lá. Eu tremi e esfreguei minhas mãos juntas. Estava realmente frio ali. Ele imediatamente pareceu arrependido. — Você está com frio? Por que não está com uma jaqueta mais pesada? — Quem é você para falar? Você também não está usando. Ele olhou para baixo e pareceu surpreso. Então riu. — Eu nunca uso. Acho que tenho o sangue quente. Mas você está certa a respeito da ponte, vamos para lá. Nos afastamos da tumba de pedra e começamos a descer o morro. Não falamos, mas não era um silêncio desajeitado. Era confortável. Pequenos seixos estalavam embaixo de nossos pés enquanto seguíamos a trilha para a beira do rio. Estava mais frio pela água, até que chegamos embaixo da cobertura da ponte. Já me senti mais quente apenas por estar com ele.


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Outro momento de silêncio passou. Eu olhei para uma rachadura quebrada na parede de concreto que fazia parte do pilar de suporte da ponte. — Então, eu fui ver a mãe de Kristen semana passada, e achei alguma coisa escondida embaixo da cama de kristen. Ela estava mantendo dois diários. — Encarando a rachadura, tentei dar a minha mente outra coisa para se ocupar. — Um estava escrito como a Kristen que conheci, mas o outro... estava repleto de algumas coisas que não estava esperando encontrar. Pude ouvir o quieto sussurro do rio perto de mim, e olhei para a água. — Você já pensou que conhecia alguém e depois descobriu que era tudo mentira? — As palavras explodiram pela minha boca. Os pensamentos que estavam se contorcendo em mim, e eu estava precisando de ajuda para impedi-los. A represa abrira uma brecha. Eu enfiei as mãos nos bolsos, curvada pela frustração. — Pensei que conhecia Kristen. Ela deveria ser minha melhor amiga, e eu dizia tudo a ela. Tudo! Ela estava mentindo para mim o tempo todo, e nem percebi isso. Eu sou tão idiota! Quer dizer, como você podia fazer aquilo com alguém? Como você poderia fingir ser outra pessoa, e esconder quem você realmente é? — Como alguém faria isso? — Eu arrastei meus pés na lama. — Talvez ela não tivesse escolha — disse Caspian levemente. — Algumas pessoas não tem escolha sobre os segredos que guardam. Dispensei a lógica dele. — Kristen tinha escolha. Ninguém a estava forçando a esconder de mim o namorado. Ela podia ter me dito sobre ele a qualquer hora. Além do mais, é quase uma lei sobre ser melhor amiga. Você não mantém segredo com as pessoas que se importa, e você definitivamente não mantém segredos como aquele.


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Minha voz era chocada e eu me senti perigosamente perto do limite. Pisquei rapidamente e respirei. Eu não ia me constranger chorando como um bebê.

— Então, Kristen tinha um namorado secreto, estou certo? Caspian perguntou — Você acha que ela estava encontrando com ele aqui aquela noite?

— Não sei. Mas acho que eles estavam...realmente envolvidos.

Caspian lançou um olhar para mim, mas eu não conseguia encarar seus olhos. Embaraço. Sempre um amigo meu.

— Ela menciona um nome em algum lugar?

Balanço a cabeça. — Apenas a inicial — D. — Definitivamente havia algo errado, Todo seu estilo de escrita havia mudado, como se ela tivesse ficando deprimida. Nunca percebi isso pessoalmente. — eu disse, tristemente – Eu não sei como ela administrou, manter isso de mim. Deve ter sido uma coisa difícil de fazer.

— Tenho certeza que ela teve suas próprias razões, — Caspian disse — Ela deve ter tido. Eu não acho que ela esconderia algo assim de você sem ter uma razão muito boa. Confie nela, Abbey.

— Confiar nela? Depois dela ter mentido para mim por meses?

Ele não respondeu. Mas isso não me incomodou. Eu apenas precisava de alguém, alguém para ouvir minhas frustrações. Nós dois ficamos calados por um longo tempo,


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então me inclinei contra a parede e deslizei para o chão.

Oka, então eu estava procurando alguém pra responder, pra me dizer que eu não estava louca e estava certa por me sentir como me sentia. Mas não falamos sobre mais nada, e um momento depois ele escorregou ao meu lado. Ambos estávamos presos em nossas próprias pequenas palavras.

Meu mundo foi interrompido quando meu telefone tocou. Mensagem de voz. Deslizei para abrir e vi que estava sem sinal. Chequei minhas ligações perdidas e vi o número da mamãe registrado ali.

— Então, você vai comer algum dos seus bolinhos ou esperar até chegar em casa? Perguntei a Caspian, tentando amenizar os ânimos antes que nosso dia terminasse mau.

Ele olhou para mim como se tivesse despertado de um pensamento profundo. — O quê? —Então olhou para a sacola entre nós.

— Ah, sim. — Ele riu — Você está brincando? Não posso esperar para cair de boca. –Ele abriu cuidadosamente a sacola e pegou um cookie que estava partido ao meio. Enquanto ele mordeu, eu olhei para meu telefone outra vez. — Vou checar meu correio de voz, volto já. Ele assentiu e continuou mastigando. Levantei e andei da parte debaixo da ponte para uma área mais distante onde deveria ter um sinal melhor. A voz de mamãe veio alta e clara através da mensagem. Suspirei pesadamente, nem mesmo me preocupando em ouvir o que ela tinha a dizer, e rapidamente apertei o botão de salvar enquanto andava de volta para a ponte.


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— Você sabe — eu falei, fechando meu telefone uma vez que cheguei perto de Caspian. — Se você me der um número de telefone, você vai fazer eu te encontrar muito mais fácil. Havia um olhar encabulado em seu rosto quando ele levantou. — Sei que vai soar muito século vinte mas...eu não tenho um. Meu queixo caiu. — Você não tem um celular? — Não. Não conseguia acreditar no que ele estava dizendo, — Tudo bem, então que tal o telefone de sua casa? Ele balançou a cabeça de novo. — Aquele não funciona, tampouco. Meu pai deixa fora do gancho, ele dorme em horas estranhas. — msn, email ...e ai eu poderia te escrever? Eu pude ver a resposta vindo antes que ele sequer dissesse. Eu estava em estado de choque. — Olha, Abbey — ele disse — Não estou tentando ser esquisito ou nada assim. Eu só não tenho como passar muito tempo em casa. E eu não fico pelo computador quando estou em casa. Não se preocupe sobre isso. Nos encontraremos. Caspian estendeu o resto de seu cookie para mim – Cookie?


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São os melhores que já provei. Eu peguei o pedaço oferecido e sorri. Colocando na minha boca, senti um arrepio só de saber que seus lábios roçaram esse biscoito. Então quase transformei nele me beijando outra vez. Mastiguei alegremente, tomando cuidado para engolir direito, e então passei a língua pelos dentes para remover os farelos. — Vou estar meio ocupado nas próximas duas semanas — ele falou — mas vamos trabalhar em algo. Abri minha boca para protestar, mas ele me cortou. — Já disse que você não se preocupe tanto, Abbey, Relaxe. — Ele estava sorrindo para mim, e eu não pude me impedir de sorrir de volta. Achei que ele fosse notar que eu concordaria com tudo por aquele sorriso. — Tá, tá bom — respondi — Aproveite o resto dos seus cookies e te vejo por aí. — Vê? — ele disse com uma risada — Não é tão difícil não é Astrid? Sem preocupações. —Ele inclinou a cabeça levemente. — Muito obrigado. Tenho certeza que eles acabarão antes que eu chegue em casa, agora, antes de ir embora, feche os olhos e abra a mão. Eu encarei. Ele esperou. Suspirei dramaticamente e estendi minha mão enquanto fechei os olhos. Nada aconteceu.


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— Tem certeza que seus olhos estão fechados? — ele perguntou. — Certeza absoluta. — Promete só abrir em casa? Aquela era uma promessa flexível de fazer. Ele tinha algo para me dar? Era uma caminhada muito, muito longa para casa. — Abigail Astrid? — ele provocou. Eu ri — Sim, sim, prometo. Mesmo que eu morra de curiosidade, prometo não abrir o que quer que você me dê até chegar em casa. Alguma coisa pequena e macia deslizou em minha mão aberta. Senti como um pedaço de roupa e antes que abrisse meus olhos, coloquei dentro do meu bolso. A tentação seria muito grande se eu visse. — Tchau, Abbey — ouvi Caspian falar — Lembre-se de sua promessa. Meus olhos flutuaram abertos, mas ele já estava andando para longe de mim, na direção oposta. Sorri quando senti a pequena coisa em meu bolso. Talvez devesse tentar correr para casa pensei.

— Tchau Caspian — eu disse, me virando para o outro caminho. Mas minha mente voltou para a conversa por celular, e alguma coisa do que ele disse me cutucou. — Espere, Caspian! — eu corri de volta.


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Ele estava muito longe, mas ele ouviu e se virou. –Você sabe, eu nem ao menos sei seu sobrenome! eu gritei. Mesmo à distancia pude ver o lampejo em seus olhos. — Crane! — ele gritou de volta — É Caspian Crane.


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Capítulo Quatorza Novos amigos ―Muitas das pessoas de Sleepy Hollow estiveram presentes na Van Tassel‘s e, como sempre, repartiram suas maravilhosas e selvagens lendas.‖ — A lenda de Sleepy Hollow.

Apenas consegui chegar em casa. O suspense estava me matando. Alternei entre uma corrida e uma caminhada que rapidamente me deixaram ofegante. Não estava em forma para isso. Várias vezes fiquei tentada a olhar o que tinha no meu bolso, mas então ouvia as palavras de Caspian, e a promessa que havia feito, e a culpa me parava. Quando a porta de entrada finalmente entrou em minha visão, fiquei extremamente aliviada. Subi correndo os degraus da varanda, respirando pesadamente e procurando ansiosamente as chaves em meu bolso. Depois de tirá-las do bolso de trás da minha calça com dificuldade, a coloquei na fechadura. Logo a maçaneta girou sozinha e a porta se abriu. Assustada, olhei o rosto de minha mãe. — Oh querida, está aqui. O que aconteceu com você? — Ela perguntou. Estava correndo? Meus olhos se baixaram imediatamente para o chão. Não podia lhe dizer exatamente que estava com um garoto no cemitério. Inspirei repetidamente, tratando de acalmar minha respiração, mas isso não ajudou.


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— O que aconteceu? A voz dela estava se elevando, e levantei a mão para parar sua preocupação. — Não aconteceu nada. — falei. Apenas caminhei... um pouco rápido. — Lembrei... de uma tarefa... que tenho que terminar. — Mas é sábado. — Minha respiração começou a diminuir para um ritmo normal. — Mãe... ninguém quer fazer tarefas no domingo. — Fui até a cozinha e peguei uma garrafa de água antes de desabar sobre um banco ao lado da mesa. Tomei água o mais rápido que pude. — Tenha cuidado. — Ela me advertiu. Ficará doente se beber tão rápido. Coloquei a garrafa vazia sobre a mesa e sorri com ironia. Ela estava muito, muito amável. Sentindo ao redor do meu bolso pela milionésima vez, me perguntava de novo, que surpresa poderia encontrar enquanto passava meus dedos sobre as suaves bordas. Olhei o relógio na parede, e pensei em quão rápido poderia escapar até meu quarto. A curiosidade iria me matar a qualquer segundo. — Fico feliz que tenha recebido minha mensagem sobre esta noite, Abbey. — A voz de minha mãe interrompeu meus planos. Mensagem? Era certo que mamãe havia deixado uma mensagem de voz na ponte. Me retorci em meu lugar. Não havia escutado exatamente o que ela havia mandado. Enganei ela. — Sim, recebi sua mensagem de voz, mas tinha uma recepção terrível na ponte. — Falei por auto, com esperança de que ela entendesse que não havia escutado a mensagem


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completa devido à má recepção. — Está passando muito tempo na ponte. — Ela franziu o cenho. Sei que era seu lugar favorito para ir com Kristen, mas não é saudável para você ficar lá sozinha o tempo todo. Talvez devesse ver se algum de seus amigos da escola possa se juntar a você. Podemos planejar algo divertido, como uma noite de garotas ou algo assim. Se ela apenas soubesse que não estou sozinha quando estou na ponte... Mas isso é algo que não compartilharia com minha mãe. Eu diferi. — Sim, talvez lhes pergunte. Talvez em outra vida. Mas isso colocou um olhar de felicidade no rosto de mamãe e ela começou a falar de novo. — Muito bem, para jantar esta noite com tia Marjorie pensei em carne assada, mas logo lembrei que não sei se ela gosta de carne. E se ela preferir frango ou cordeiro? Me desconectei do resto da conversa. Jantar... Esta noite... Tia Marjorie... sorri fracamente e tratei de assentir em todos os momentos apropriados enquanto mamãe balbuciava ao mesmo tempo em que me agitava na cadeira, ansiosa para ir logo para a intimidade do meu próprio quarto. — É muito agradável que esteja interessada nisto, carinho. Tia Marjorie gostará. Poderia estar abrindo o presente de Caspian neste momento... Neste mesmo segundo, pegando-o em minhas pequenas e gananciosas mãos... Minhas pernas começaram a se mover nervosamente sozinhas, prontas para correr escada acima a


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qualquer momento. — Está muito inquieta. — Mamãe franziu o cenho. — Por que não vai tomar um bom banho quente para acalmar seus nervos? Sei que não vemos tia Marjorie faz muitos anos, mas não é motivo para estar ansiosa. Pulei do banco feliz por ter uma desculpa. — Soa como uma boa ideia, mãe. Estou toda suada e asquerosa por correr também. — Não sei se ela me ouviu. Ela iria fazer outra coisa, provavelmente checar os ingredientes do jantar, ou o que fosse. — Entendo. — Ela riu. — Obrigada, Abbey. Aproveite o banho. Contive minha respiração até escutar seus passos se afastarem. Alcancei meu travesseiro, peguei o presente, o coloquei para fora e o aninhei em meu colo, exalando profundamente. Fiquei olhando a porta por dois minutos, esperando ver se viriam mais interrupções, mas parecia que estava tudo limpo. Creio que me esqueci de respirar enquanto desenrolava algumas capas de tela vermelha. Ficava cada vez menor, até a última camada revelar o tesouro em seu interior. Era um colar. Ele me dera um colar. Muito suavemente o recolhi. Parecia feito de diminutas camadas quadradas de cristais, e as bordas estavam unidas em toda volta. Um pequeno círculo estava atado na parte superior e uma fita de cetim se enroscava através dele. Mas a melhor parte era o que estava debaixo da superfície de vidro. Na frente, com um fundo azul meia-noite, estava o nome Astrid gravada em um tom vermelho escuro que fluía com letra cursiva. Segui as elegantes linhas com a ponta de meus dedos, e cuidadosamente lhe virei ansiosa para ver o outro lado. A parte posterior tinha o mesmo fundo azul brilhante, mas estava salpicado com pequenas estrelas brancas e cada uma pendurada como um perfeito diamante, deslumbrantes com o lenço da noite. Era absolutamente esquisito. A coisa mais bela que


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jamais havia visto. Atando a fita ao redor de meu pescoço, me levantei dando um salto da cama e corri até o espelho. O colar estava na minha garganta, e o laço negro abraçou meu pescoço em um agraciado V. Não havia maneira de que dessem algo tão pessoal a alguém que fosse — apenas seu amigo. Esse pensamento me encheu com uma estranha alegria, e dancei alegremente ao redor do quarto, apenas parando, quando estive perigosamente perto de me chocar com a cabeceira. Fui me olhar mais uma vez no espelho, e repentinamente me lembrei do banho que supostamente deveria estar tomando. Fui até o banheiro, coloquei o tampão na banheira e abri a torneira da água, movendo o botão até encontrar uma temperatura agradável. Logo adicionei uma colherada de sais de banho e fechei a porta atrás de mim enquanto deixava o banheiro para tirar o colar. Pouco a pouco desatei o laço e sustentei o pequeno pingente em minha mão. As bordas do metal estavam ásperas e duras, um contraste com o suave vidro prateado. Me surpreendi com os pequenos detalhes. Onde tinha conseguido isto? Era uma verdadeira obra de mestre. Uma pequena obra de arte certamente que valia mais para mim que qualquer peça feita por Monet ou Van Gogh. O som da água correndo lembrou o banho que havia esquecido de novo, coloquei o colar sobre a cama e corri até o banheiro. Estive há um centímetro de ter uma banheira transbordada, mas cheguei a tempo. Fechei a torneira e me despi antes de submergir um dedo do pé dentro. Estremeci com o contato. Fazia tanto calor que na realidade me deu calafrio. Dando-me um tempo para me adaptar à temperatura, juntei-me pouco a pouco e exalei um feliz suspiro quando fiquei totalmente submergida. Este era o céu em uma banheira.


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Alcançando a bolsa de estopa laranja que continha meus sais de banco, acrescentei outra colherada à água de banho, uma deliciosa essência de torta de abóbora encheu imediatamente o banheiro, inclinei minha cabeça para trás e fechei meus olhos. Os sais ásperos roçaram em minha pele enquanto descia até o fundo e rodei gentilmente minhas mãos ao meu redor, criando pequenas ondas para ajudar a dissolver os sais mais rapidamente. A água estava morna e suave, e senti como se meu corpo começasse a relaxar lentamente. Minha mente estava à deriva, e me encontrei pensando no último par de meses. Muitas coisas haviam acontecido — boas e más. Quando me conscientizei da morte da Kristen, de certa forma, ainda me preocupava por tudo de que me inteirei pelos diários. E sobre os planos para minha história? Verdade que Kristen queria que eu passasse por isso com eles? Logo pensei em Caspian, o que trouxe um sorriso imediatamente ao meu rosto. Não decidi ainda quando ou como ira lhe dizer o que sentia, mas ainda tinha tempo de sobra para descobrir. O momento adequado viria. Eventualmente. Fiquei na banheira até meus dedos se enrugarem e havia revivido aquele beijo da coleção uma e outra vez. Levantei-me a contragosto e me sequei, logo fui inspecionar meu guarda-roupa em busca de algo bonito para vestir. Acabei escolhendo um vestido tipo camisa, de cor rosa, que mamãe havia comprado para mim no ano passado, para a escola. Coloquei-me no vestido para ela, e minhas botas negras de combate para mim. Isso era um bom acordo. Depois de me vestir, coloquei o colar de Caspian na parte posterior e amarrei um pano negro no pescoço para escondê-lo. Realmente não estava com humor para explicar para meus pais de onde o colar tinha vindo, mas logo não ia deixar de usá-lo. Arrastando os pés, desci a escada ao encontro do que seria seguramente a noite mais chata de minha vida. Mamãe aceitou minha sugestão sobre torta de carne, e eu dei um sorriso educado a Tia Marjorie assim que chegou. O jantar permaneceu bastante normal enquanto meus pais mantiveram a maior parte da conversa.


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Tia Marjorie me surpreendeu por completo enquanto ela estava pegando as ervilhas, quando ela anunciou que tinha usado botas negras de combate também, e ela realmente gostou das minhas. O olhar de surpresa no rosto de mamãe foi impagável, e decidi ali mesmo que a tia Marjorie era oficialmente minha nova tia avó favorita. Ela passou o resto da noite, me contando histórias sobre seus anos de jovem rebelde e quando era piloto. Ela ainda tinha seu próprio avião e tudo. Eu continuava insistindo que ela me contasse outras histórias até que a o jantar acabou e haviam passado várias horas sem que nenhum de nós percebesse. Quando ela recolheu seu casaco, eu estava realmente triste por vê-la indo embora, mas prometi que iria visitá-la logo, e ela prometeu me levar em seu avião e me ensinar uma coisa ou duas sobre vôo. Logo ela era oficialmente meu parente favorito de todos os tempos. Não tinha ideia de que alguém tão interessante estivesse relacionado comigo. Não poderia esperar para ir visitá-la. Senti como se o solo tivesse fechado meus olhos apenas por um par de segundos quando chegaram as nove em ponto na manhã seguinte. Certamente não me sentia como se tivesse passado sete horas e meia em uma cômoda cama, rodeada por cômodas almofadas. Mas uma vez que me meti a ducha de água quente fez maravilhas. Tive a sensação de que Caspian poderia estar no cemitério hoje, e que queria lhe agradecer pelo lindo colar.


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Olhei pela janela para avaliar o tempo e vi o vento agitando as árvores, agitando as folhas de cores brilhantes sobre o solo, e fazendo cada uma dançar. Agarrei um casaco vermelho impermeável no caminho até a porta. Não iria pegar um resfriado dessa vez. O ar estava fresco e limpo, respirei profundamente. Tudo estava muito brilhante e novo. Era como um mundo diferente aqui. Senti-me leve, suave e bonita, completamente feliz. Nada poderia arruinar meu bom humor... Exceto vagar pelo cemitério a manhã toda, buscando alguém que não estava ali. Para piorar as coisas, saí sem tomar café-da-manhã de novo, o que significava que estava mais além da fome. Fome, eu tive há uma hora e meia. Agora me sentia como se pudesse comer o desjejum, o almoço e o jantar, todos amontoados um sobre outros. Caminhei ao longo do caminho do cemitério mais uma vez, até o rio, com as mãos firmemente fechadas nos bolsos. Uma vez mais. Faria uma caminhada sobre a ponte, e depois iria embora daqui. Várias fatias de pizza quente e recém-feitas estavam, chamando pelo meu nome, da pizzaria no centro da cidade, não queria negá-las. A decepção pesou na minha mente enquanto olhava por baixo da ponte, desesperada para ver Caspian. Ele não está aqui. Pouco a pouco voltei para o caminho principal do cemitério, mas virei à direita quando normalmente teria virado à esquerda. A rota se dividia, e comecei a caminhar em direção a outra metade do cemitério, dizendo-me que não havia nenhuma razão especial por eu tomar este caminho. Este caminho me levaria para fora do cemitério e para a pizza... eventualmente. Não era como se eu fosse ver Caspian quando terminasse esse lado. Isso definitivamente não iria acontecer. Quase havia me convencido, quando vi alguém. Meu coração se acelerou até que vi que era Nikolas. Decepção chegou para mim. Eu abri minha


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boca para dizer alguma coisa, mas eu percebi que estupidamente não sabia o que dizer. Eu não sei se fiz algum som estranho com a boca entreaberta, ou se ele apenas percebeu que eu estava lá de alguma forma, mas de repente ele se virou e olhou na minha direção. Um sorriso largo tomou seu rosto e eu acenei. Eu sorri de volta e aumentei o ritmo. — Olá, Nikolas. — eu disse quando estava perto. Seu cabelo estava ainda mais bagunçado pelo vento do que antes, mas seus olhos ainda estavam quentes e amigáveis. Ele acenou com a cabeça em uma saudação. — Katy, olha, nós temos um visitante. A jovem de que te falei. —disse Nikolas. Eu me virei na direção onde ele parecia estar falando. Mais abaixo em um outro caminho, uma velha mulher foi colocar uma flor em cada lápide. Ela olhou em nossa direção, e eu pude ver seu rosto enrugado se iluminando em um sorriso. Seus longos cabelos dourados de morango estava preso em ondas suaves, e ela usava uma saia velha que parecia completamente fora de lugar, mas fazia todo o sentido. Ela se inclinou para pegar a cesta do chão e depois se levantou e caminhou em nossa direção. Nikolas estendeu a mão para ajudá-la quando ela nos alcançou. Ela deu um aperto rápido, e Nikolas a apresentou. — Esta é Abigail — e, Abbey, querida. — Ele virou para mim. Ela é minha esposa, Katy. — É um prazer te conhecer. — eu disse. Seus olhos estavam sobre os dele, amistosos e com rugas nos cantos, mas eles eram claramente azuis. Ainda mais brilhantes do que meus próprios olhos azuis.


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— Que bom te conhecer, Abbey. — ela disse. — Nikolas disse que o ajudou a encontrar o Sr. Irvin. Eles gostaram da empresa. Quer se juntar a nós para o chá esta tarde? Ela olhou para mim esperançosamente. — Você tem algum chá de menta? — Perguntei sorrindo a Nikolas. Ambos riram. — Ahh, sim, claro. É o nosso favorito. — disse Katy. — Então eu adoraria. — eu concordei. Katy passou a cesta que ela estava segurando para Nikolas. — Se você levar isso para mim, amor, para o caminho. — Então, ela lhe deu um olhar interrogativo, e ele assentiu uma vez. Segurando minha mão, Katy a colocou na dobra do cotovelo. Não sabia onde iríamos. Não havia nenhuma casa perto deste lado do cemitério, mas ela começou a andar, e tratei de segui-la. Ela foi surpreendentemente rápida para alguém que era, provavelmente, sessenta anos mais velha que eu. Caminhamos um pouco por este caminho. De vez em quando batia um vento forte de um lado para o outro. Quanto mais nos afastávamos, mais eram frequentes torções e voltas. A folhagem também começou a se tornar mais densa. As árvores pareciam estar mais próximas, seus ramos entrelaçados uns com os outros, filtrando a luz solar que abria espaço através de pequenas manchas. O chão estava coberto de musgo e flores espalhadas. Samambaias silvestres abriram caminho na estrada, invadindo nosso espaço. Parecia estar chegando a borda de nossas roupas enquanto passávamos. Suponho que as mudanças no cenário deveriam ter me assustado, mas estar com Nikolas e Katy me relaxou. Eu podia ouvir o canto estridente dos pássaros, cantando uma melodia interminável que só eles sabiam.


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Um golpe seco tap, tap, tap indicava que um pica-pau estava perto, e quando passamos pelo tronco de uma árvore gigante, pude vê-lo. Sua cabeça era da cor vermelho vivo, e parou as bicadas para me olhar, como se espantado ao ver alguém tão próximo de seu território. Tudo era tão... incrível. Passei muito tempo fora, e sem dúvida tinha visto árvores, plantas e aves antes, mas isto... isto era completamente diferente. Aqui fora tudo era selvagem e intocado. Natureza como deve ser. O que mais me surpreendeu foi, talvez, que eu nunca tivesse notado este lugar. Eu tinha pensado que Kristen e eu tivéssemos explorado cada centímetro do terreno do cemitério.

De repente Katy desacelerou e indicou que iríamos atravessar uma pequena ponte de madeira logo a frente. As trêmulas e velhas ripas de madeira e saltaram e balançaram sob os nossos pés quando cruzamos, fazendo um eco ao nosso redor. Isto criou um ambiente estranho, e dei uma olhada atrás de mim mais do que uma vez para ter certeza de que não estava sendo seguida por um cavalo real. E talvez um cavaleiro sem cabeça? Olhei para baixo, para o riacho pouco profundo abaixo de mim e eu me senti idiota. O cavaleiro não podia atravessar a água. O que eu estava pensando? Forcei um riso quando nós descemos na ponte, dei um suspiro de alívio não tão silencioso. Nikolas estava a um passo atrás, mas rapidamente nos alcançou. Fiquei de boca aberta quando olhei para cima e vi o que estava nos esperando mais a frente. Era a casa mais perfeita extraída das páginas de um livro de histórias que eu jamais tinha visto. As paredes foram construídas com o tempo, pedras irregulares redondas, enquanto as telhas do teto pareciam feitas de palha. Várias plantas cresciam em abundância sob o arco de chumbo de cada janela de vidro. Uma videira de flores roxas trepava a chaminé de pedra à esquerda da porta da frente de madeira.


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Wisteria* (gênero de plantas trepadeiras lenhosas, com folhas compostas e flores vistosas de cor violeta ou branca). - eu disse suavemente. Eu reconheci pelo bairro de Irving. – Sua casa é absolutamente linda! - Suspirei com reverência. – Não sabia que moravam aqui atrás.– Katy assentiu. – Obrigada pelo elogio. Eu sei que minha casa agradece. – Havia um brilho em seus olhos. – Eu estou contente que sua casa goste de logios . - disse com um sorriso. Levei mais um momento para observar a beleza ao meu redor, e Nikolas se virou para levar a cesta que vinha carregando em frente a porta. Então, gentilmente abriu a porta e estendeu a mão à espera de Katy, que se inclinou para arrancar uma folha seca do caule da wisteria. Ela colocou a mão sobre ele, e cruzaram a porta juntos, trocando um olhar que me fez ficar com uma intensa saudade de meus avós mortos. – Por favor, sinta-se em casa, Abbey. - disse Katy de dentro da casa. Respirei fundo e entrei, sem saber o que veria. Mas não me decepcionei. Ela era tão bela por dentro como era fora. Havia flores absolutamente por toda parte. A casa parecia ter sido feita por uma florista. Buquês de flores secas ficavam pendurados nas vigas e paredes, enquanto as flores frescas enchiam as garrafas de vidro velho cobrindo toda a superfície do complemento. A prateleira estava arrumada e limpa, e cheia de guloseimas e comida como a de minha casa. Nem mesmo um pedaço de pão. Uma velha roda estava pendurada em uma das paredes brancas, mas o lugar de reunião era uma mesa grande, antiga, construída em frente à lareira de tijolos.


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Fiquei ali sem jeito, sem saber o que fazer agora que estava realmente dentro da casa, mas Katy me disse para sentar e apontou para a mesa. Retirei a cadeira de madeira com decorações esculpidas, fiz o que me disseram. Nikolas se ocupou de uma chaleira de metal pendurada ao lado da lareira, a levando para a pia, e falou baixinho com Katy enquanto a enchia de água. Ela pegou algumas folhas de uma placa na prateleira e levou para ele. Alisando o cabelo revolto com a mão enrugada, ela lançou um olhar que me fez sentir como se estivesse invadindo um momento muito pessoal. Olhei para longe e deixei minha mente vagar. Eu podia me ver totalmente aqui. Rodeada por minhas garrafas, óleos e frascos de vidro. Fazendo meu próprio chá de hortelã com alguém que tinha cabelos brancos-loiros e olhos verdes e um sorriso que me faria derreter. Construiríamos um espaço de trabalho sob a janela ao lado da pia, e criaria meus perfumes ao longo do dia com uma visão perfeita do jardim externo. Um gato gordo e preguiçoso se estendaria em frente a chaminé, e nas tardes, Caspian e eu tomaríamos nosso chá. Ele me ajudaria a etiquetar os odores, encher as garrafas, e levantar todas as coisas que fosses pesadas demais para mim, e falar sobre qualquer coisa enquanto trabalhávamos lado a lado. O repentino som metálico da chaleira que golpeava a chaminé interrompeu meu sonho. Eu estava realmente usando a casa de alguém para satisfazer as minhas necessidades e planejar o futuro de Caspian por ele? O que estava acontecendo comigo? E se ele não quisesse viver em uma casa aconchegante e encher garrafas, ou levantar objetos pesados, ou fazer chá durante o descanso da tarde? E se ele quisesse fazer algo diferente com sua vida? E se ele não me... quisesse? Eu estava enlouquecendo, e obtendo uma forma de me adiantar muito, então respirei fundo e tentei me acalmar. Olhei ao redor e vi que Nikolas estava indo para uma cadeira de balanço no canto com uma pequena faca e um pedaço de pau na mão, enquanto Katy limpava o balcão na frente dela. Ver os dois ali, em um lugar muito querido e obviamente adaptado a eles,


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trouxe uma dor forte no meio do meu estômago. Eles realmente me faziam lembrar de meus avós. Desde que os meus avós morreram um a poucos dias do outro quando eu tinha 6 anos, tinha apenas um punhado de recordações deles. Mas o sentimento geral de amor e ternura que sempre estava ali. Eu lembro vagamente o quanto eles pareciam realmente apreciar a companhia um do outro. Isso era algo muito longe dos avós do lado do meu pai. Eles estavam divorciados a mais tempo do que tinham estado casados e até mesmo não gostavam de ouvir a menção do nome do outro. Eu esperava fervorosamente que isso nunca acontecesse comigo. Eu queria um final feliz e uma casa de pedra no meu futuro. Não queria acabar odiando a pessoa que jurei amor até que a morte nos separasse. Eu prefiria não amar alguém, a que isso acontecesse comigo. Pensamentos de divórcio e histórias posteriores de desgraça, certamente não acrescentariam alegria à tarde, então eu decidi tentar uma conversa trivial. Afinal, não poderia ser pior do que sentar na minha cadeira me deprimindo com meus próprios pensamentos. Disse a primeira coisa que me veio à mente. - Então, gostam da lenda? - Katy e Nikolas estavam olhando para mim como se eu estivesse falando em uma língua estrangeira. - ¬Lenda? - Eles perguntaram inocentemente. - Vocês sabem, - eu detalhei - A Lenda de Sleepy Hollow— . Como vocês vivem aqui ... Fiquei me perguntando se gostavam da lenda ... - Sim, nós apreciamos a lenda. - Nikolas falou antes que eu tivesse a oportunidade de curvar a cabeça e pedir desculpas pela forma socialmente inadequada, obviamente, estava falando. Eu o olhei, ele estava concentrado em diminuir pequenas lascas. - Como vivemos aqui toda a nossa vida, isso é uma história que é próxima e querida para nós. - Katy falou puxando a cadeira ao meu lado. Ela segurava uma pilha de fios coloridos, e eu podia ver duas brilhantes agulhas de tricô saindo pelo lado.


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- E quanto a você, querida? - Ela perguntou. - O que você acha disso? Você parece ter uma forte ligação com o Hollow. - Oh, é um dos meus favoritos. - eu disse rapidamente. - Eu vivi aqui toda a minha vida também, e eu acho ótimo que a cidade tenha histórias como essa. Meus pais estão no conselho da cidade, por isso vou a muitas reuniões com eles, e vejo em primeira mão todos os trabalhos que vão para a preservação de Sleepy Hollow. Katy assentiu com a cabeça quando ele começou a ordenar a pilha de fios. - A conscientização da cidade certamente cresceu ao longo dos anos, mas sempre foi algo especial sobre este lugar. Eu não acho que ninguém iria passar um tempo morando aqui e não sintir que é mágico... a atração da história viva que nos rodeia. Nós mesmos sentimos um vínculo especial com o cemitério. Um clique soou na sala quando ela pegava a agulha e começou a tricotar. Cruzei as mãos na minha frente e observei seus dedos voando através dos movimentos, pressionando e movendo os fios, uma e outra vez. - Você foi no museu de Sleepy Holowan ultimamente?- Eu perguntei me inclinando um pouco para a frente, ainda insegura sobre o que fazer com as mãos. - A exposição da genealogia tem um monte de coisas novas realmente interessantes. - Eu gosto de - a chaleira apitou forte, interrompendo a minha frase e eu pulei pelo ruído inesperado. Nikolas se levantou para pegar um pano da cozinha para manipular a chaleira de água quente. - Só um minuto, querida. - Katy me deu uns tapinhas antes de conseguir três xícaras de chá idênticas. - Deixe-me fazer um chá, e logo poderá continuar. Nikolas lhe trouxe um vaso novo, vertendo cuidadosamente o líquido fumegante, e devolveu a chaleira para seu gancho de ferro. Dois pequenos conjuntos de travessas prateadas repousando no meio da tabela, e os aproximou de nós. Katy trouxe uma vasilha


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de prata da geladeira e a colocou ao lado das outras duas. - O leite está aqui, e essas dois são o açúcar e o mel - ela explicou, tomando sua xícara de chá. Olhei enquanto ela derramou um pouco de leite e algumas gotas de mel em seu chá e, em seguida agradeceu a Nikolas quando pôs três colheres sobre a mesa. Nikolas preparou seu chá da mesma maneira, exceto que usou um pouco mais de mel. Katy sorriu em simulação da desaprovação e ele sorriu como uma criança que estava segurando a segunda fatia de bolo de chocolate. Minha xícara era a próxima. Normalmente preparava o chá como se preparasse o meu café. Três de leite e dois de açúcar. Mas hoje eu provei o mel. Acrescentei algumas gotas extras, como Nikolas, calculando a doçura, o melhor. Enquanto rapidamente agitava minha colher na minha xícara, Katy se acomodou em seu assento e Nikolas retornou à sua cadeira de balanço. Eu tomei um gole cauteloso. Estava surpreendentemente bom. O sabor de menta era claro e forte, muito melhor do que um saco de chá de hortelã genérico e o mel adicionou a quantidade certa de sabor, lhe dando uma vantagem. Tomei outra colherada. Alonguei esse momento. Eu poderia realmente começar a gostar disto. Sentamos em silêncio, e quase me senti como se eu conhecesse Katy e Nikolas toda a vida, e tivesse passado todos os dias bebendo chá com eles. Mas então eu comecei a sentir que eu tinha de recuperar o tempo perdido, e isso me assustou um pouco. Estes não são seus avós, me lembrei com dureza. Embora eles pareçam muito gente boa, eles provavelmente tinham seus próprios netos que realmente vinham para uma visitá-los e tomar chá. Eu era apenas uma estranha que passava. - Vá em frente e termine o que eles estavam dizendo, querida. - pediu Katy com um sorriso caloroso, e eu me forcei a livrar da melancolia. - Só vou dizer que gosto muito da exibição que eles fizeram baseada na vida de Washington. Isso é tudo. Envolvi os dedos ao redor da xícara quente na minha frente. - Você deve ser uma fã dele. disse Katy. - Não há muitas pessoas da sua idade que ajudariam um ancião a cuidar de um


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túmulo.- Oh, eu faria isso para qualquer um. - disparei. - Quero dizer, para qualquer tumba, mas sobretudo por sua sepultura. Minha melhor amiga e eu costumávamos passar muito tempo lá. Conversando com ele e outras coisas. - Olhei para a minha bebida, percebendo o quão louco isso soou. - Bom, - eu disse apressadamente - Não como louca nem nada. Apenas como... fingindo. - Ouvi as minhas palavras e me encolhi interiormente. Sim, isso vai fazerlhes que eu não estou louca. Katy sorriu sobre suas agulhas. -Nós sabemos que você quer dizer, a Abbey. Penso que é maravilhoso. Ele foi muito importante para nós, também. Suas obras são um pedaço da história americana, e eu acho que você faz um grande serviço à sua memória recordando-o dessa forma. - Isso é exatamente o que eu acho dele também! — A Lenda de Sleepy Hollow— é uma história de fantasmas americanos, e eu vivo justo aqui, no meio de tudo. É incrível. Estamos vivendo literalmente na história, e isso me deixa impressionada.

Nikolas riu do meu entusiasmo, e eu fiquei vermelha. - Desculpa. - eu disse. - Às vezes eu deixou me levar um pouco. Katy discordou. - Bobagem. Não há nada de errado com amar a história. Eu aposto que sua amiga sente o mesmo, não? - Bem, ela sentia. Ela... morreu. - Olhei para o que restava do meu chá. - Aqui estão as lembranças tristes novamente. - Disse Nikolas do seu canto. Eu lhe dei um sorriso corajoso e balancei a cabeça. - Hoje não. Eu não vou deixar que as tristezas venham hoje.


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Capítulo Quinze A oferta de trabalho Sua pequena e notável mulherzinha também tinha muito que fazer para atender aos trabalhos da casa e se encarregar do curral, porque, como observou astutamente, os patos e galinhas eram tontos e deveriam ser cuidados, mas as garotas poderiam se cuidar sozinhas. —A lenda de Sleepy Hollow—. Eu parei na beira do rio quase todos os dias durante a semana seguinte, mas Caspian não estava lá. Sei que ele disse que estaria ocupado, mas por que não poderia tirar alguns minutos de seu horário? Visitei Nikolas e Katy mais uma vez, mas só acabei ficando alguns minutos. Eu não era uma companhia muito boa. Uma tarde encontrei—me indo ao túmulo de Kristen. Não tinha estado lá desde a noite do baile de formatura, e realmente não tinha o melhor humor, mas senti a necessidade de ir. Tinha passado muito tempo desde que eu a tinha visto. Quando foi possível ver sua lápide, prendi a respiração. Eu podia sentir a dor ir direto ao meu coração. Algum dia se tornaria mais fácil? Alguma vez seria capaz de me acostumar com o fato de que minha melhor amiga agora vivia aqui? Ajoelhei e toquei a ponta da laje. – Oi Kris. — Tocando as bordas de seu nome gravado, fiquei em silêncio. Era lindo me conectar com ela de forma tão calma.


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Após ficar sentada um momento, comecei a falar sobre a carta que lhe escrevi na noite do baile de formatura. Logo toquei no tema de Caspian e como tinha passado os últimos dias procurando por ele. Eu não mencionei os diários que encontrei, ou os segredos que ela tinha escondido. Eu não estava pronta para falar sobre isso ainda. Talvez nunca estivesse. Começou a escurecer e soube que tinha que voltar para casa, então me levantei, rigidamente da minha posição no chão. Uma das minhas pernas estava dormente, e manquei no caminho de volta do cemitério, deixando Kristen com um rápido adeus e prometendo visitá—la novamente o mais rápido possível. Enquanto caminhei de volta para casa, me inventei desculpas por Caspian. Ele deve ter ido para longe no feriado. Ele ficou doente. Sua família espontaneamente decidiu se mudar para a África... mas eu sabia que nenhuma delas era verdadeira, e a depressão chegou. Manter-me concentrada, me custava bastante. Não dormi muito bem. E até mesmo o meu apetite foi embora. Quando finalmente consegui sair da escola para o feriado do Dia de Ação de Graças, na tarde de segunda—feira, estava completamente agradecida. Minha viagem diária ao cemitério não me deu nenhuma novidade e acabei deitada, acordada, na cama naquela noite. Depois de passar uma hora acordada olhando para o teto, eu sabia que tinha que encontrar algo para fazer antes de enlouquecer. Acendi a lâmpada, e olhei ao redor do quarto. Um saco meio cheio contra a porta chamou a minha atenção. Como íamos ficar pulando de parente em parente durante o feriado de Ação de Graças, eu precisava ter certeza que tinha de me manter ocupada, e assim poderia gastar o menor tempo possível, na realidade, com a extensa família. Passei as próximas duas horas em minha loja de perfumes, procurando diferentes notas de projetos antigos que ainda não tinha acabado. Embalei muitos frascos de amostra,


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uma dúzia de tubos extras de azul cobalto e quase todos os meus óleos essenciais. Depois arrumei outro saco de livros, CDs, filmes e um par de revistas. Quando tudo estava pronto, eu chequei novamente, feliz com o que tinha escolhido. Sentindo uma dor súbita nas costas e o peso nas minhas pálpebras, empilhei agora, uma mala cheia e dois sacos, no canto, e depois tropecei para a cama. Na esperança do sono chegar logo. Iriam me acordar cedo. Considerando que só tive quatro horas de sono naquela noite, sentia—me surpreendentemente bem na manhã seguinte. Pulando fora da cama, corri para garantir meu lugar na van. Se não chegasse lá antes que meu pai terminasse de carregar tudo, eu seria obrigada a suportar uma viagem longa e desconfortável presa entre as pilhas de bagagem. Felizmente, o sucesso foi todo meu, e me assegurei que tudo que eu precisasse para a viagem de sete horas até Ohio estivesse à mão. Papai deve ter apressado a mamãe também, porque apenas cerca de 30 minutos depois, os dois tinham posto um cinto de segurança e nós estávamos a caminho. Tirei um par de fones de ouvido da minha bolsa, os coloquei em meus ouvidos, e coloquei a música baixa. A melodia era lenta e triste, mas me acalmava. Joguei minha cabeça para trás e olhei para a janela quando saímos de casa; eu estava feliz em deixar minha mente simplesmente divagar. As árvores passavam e ficavam turvas, uma após a outra, e tornou—se algo hipnótico. Meus olhos iam de uma para outra, enquanto minha mente passava de pensamento a pensamento. Por que tinha que ser eu, a que tinha descoberto os segredos de Kristen? Por que tinha que ser eu, a que tinha sido traída pela melhor amiga? Por que tinha que ser eu a que era arrastada para longe de casa em casa através da metade do país para ver os parentes que só via uma vez por ano? Por que meus pais não sabiam que ficaríamos igualmente bem


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em casa, como na casa de qualquer um deles? E por que Caspian não tinha um maldito número de celular para que eu pudesse me comunicar com ele? Claramente, o mundo inteiro conspirava contra mim. Infelizmente, meu humor não teve a oportunidade melhorar quando chegamos à casa de meus parentes. Acabei dormindo em uma cadeira desconfortável, meus primos distantes me irritaram infinitamente, e fui lembrada uma ou outra vez, por várias tias, o motivo de que tinha que me concentrar mais na escola, — porque entrar na faculdade não é fácil como ir a um piquenique—. Agora eu estava deprimida, irritada, e louca, de ter que estar nessa família. Graças a Deus, terminou, e nós fomos para a casa de nossos parentes em Nova Jersey. Eles, pelo menos, tinham um quarto extra e um DVD extra também. O tempo passou muito rápido ali. O lugar final da nossa viagem de Ação de Graças era de novo em Nova York, na casa do tio Bob. Ele vivia apenas à uma hora de nós e tinha uma sorveteria que estava a uns vinte minutos de nossa casa. Quando me disseram que íamos visitar a sorveteria, esperei com impaciência o momento. Tio Bob + soverteria = todas as amostras grátis que pudesse comer. Ah, sim, eu não podia esperar essa visita. A viagem não demorou muito, mas eu estava muito cansada de tantos parentes desde a semana passada, então deitei sobre uma poltrona de couro antiga no escritório do


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tio Bob, logo que chegamos lá. Quando acordei, eu podia ouvir a mãe e o pai falando com o tio Bob na verdadeira parte da sorveteria, então silenciosamente voltei para a sala de abastecimento, para comer algumas amostras grátis. Sabia que Tio Bob me deixaria comer todo o sorvete que quisesse, mas minha mãe, por outro lado, era outra história. O almoxarifado era escuro e frio, mas os freezers eram surpreendentemente brilhantes e novos. Eles eram, provavelmente, a única coisa nova aqui. Tio Bob havia tentado decorar a maior parte da sorveteria com uma decoração clássica de 1950, mas acabou parecendo mais algo velho e sem graça, do que antigo e clássico. Depois de onze amostras grátis, não conseguia comer mais sorvete, voltei ao escritório do tio Bob. Um monte de fotos antigas decorava as paredes, e a maioria delas estavam assinadas por pessoas que tinham passado pelo lugar em algum momento. Reconheci um casal de celebridades, e dois cantores, mas o resto, não conseguia reconhecer. Os quadros estavam desgastados e empoeirados, e parecia que deveriam ter sido mudados há vários anos. Neguei com minha cabeça, quando vi mais sinais de negligência na minha turnê no escritório, e jurei a mim mesma, que o meu negócio nunca ficaria assim. Uma vez que cheguei ao escritório, vi mais evidências de que a manutenção não era, obviamente, muito boa, e a limpeza não era —o mais importante— na lista. As caixas estavam por todos os lados. Todas estavam cheias aleatoriamente de papéis, recibos e envelopes fechados. Sob a mesa, ao lado de uma cadeira, havia uma enorme caixa rotulada —vencimentos— em letras pretas. Estavam transbordando também. Um armário estava contra a parede, e tinha uma gaveta semi—aberta, e com uma inspeção maior, descobri que eram apenas pastas vazias.


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Enquanto eu olhava ao redor do escritório, percebi que alguém teria que arrumar ele um pouco. Um escritório não poderia ser tão desorganizado e ainda funcionar bem. E se Tio Bob não funcionava, poderia perder o negócio. Eu não queria que isso acontecesse. Além isso, era algo com que me manter ocupada, enquanto a mãe e o pai lhe contavam cada detalhe e cada uma das coisas que tinham acontecido desde a última vez que o tínhamos visto. Isso iria demorar um pouco. Então, joguei minhas amostras quase vazias na lata de lixo mais próxima, jurei nunca mais tentar comer manteiga de amendoim e sorvete de abacaxi, e comecei a trabalhar. A primeira coisa que fiz foi começar com o escritório, que estava completamente coberto com pilhas de cartas, perto de um alimento caro. Mais ou menos em qualquer lugar que as cartas pudessem ser guardadas ou dispersas, ali estavam... empilhadas e espalhadas. Era uma confusão enorme. Concentrei-me tanto em meu projeto que perdi a noção do tempo e não parei de novo até que ouvi vozes se aproximando. Quando percebi que me chamavam, corri para fora do escritório para encontrá—los. Mamãe me olhou com curiosidade, enquanto me perguntou se eu estava ocupada demais para almoçar. Olhei para o meu jeans, completamente perdida sobre o que dizer, mas depois vi uma faixa de poeira na minha perna. Rapidamente me sacudi, tentando pensar em uma explicação. — Eu estava... só... sacudindo a poeira de algumas... fotos... na parede. — Eu disse fracamente. Ela deve ter acreditado em minha desculpa tão idiota, porque deixou passar. E o pai, e o tio Bob chegaram e fomos todos para uma pizzaria. A pizzaria que fomos estava praticamente vazia, e o proprietário fez, e trouxe pessoalmente as tortas para a nossa mesa. Tio Bob estava no meio de uma história sobre um peru que havia sido queimado no Dia de Ação de Graças do ano passado, quando a


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campainha tocou e Ben entrou no lugar. Suponho que deveria ter ficado surpresa ao vê—lo, mas não. Eu tentei não fazer contato visual direto, e me coloquei um pouco para trás em minha cadeira, mas ele me viu de qualquer maneira. Um segundo depois, a campainha tocou novamente e entrou uma garota que parecia muito familiar. Presumi que ele provavelmente ia para a escola com ela. — Não olhem lá. — sussurrei para todos na mesa. Naquele exato momento, todas as cabeças se voltaram para a porta. — Eu disse não olhem. — rosnei. — São uns garotos que vão para a escola e não quero que me vejam. Mas era tarde demais. — Olá, Abby. — gritou Ben. — Podemos nos sentar com vocês? — A garota com quem ele estava não parecia muito feliz com isso, e eu muito menos. — Claro querido. — minha mãe disse antes que eu tivesse a oportunidade de dizer 'não'. Já pedimos umas pizzas, então porque não ter mais dois garotos? Ben sorriu e pegou a mão da moça, trazendo—a para a nossa mesa. Forcei um sorriso e arrastei minha cadeira para o lado oposto da mesa. Poderiam partilhar a nossa comida, mas isso não significava que eu tinha que sentar ao lado deles. Dizendo que a menina se chamava Ginger, Ben sentou—se, e eu relutantemente fiz a rodada de apresentações, apresentei—os a todos, começando com o pai. Ele e minha mãe pareciam contentes por ter mais companhia, e o tio Bob estava entusiasmadíssimo de ter um público maior para a história do peru, a qual voltou em seguida.


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Consolando—me com uma fatia de pizza, tentei esconder minha humilhação, enquanto Ginger olhava para mim com punhais nos olhos, e eu quis saber exatamente quanto tempo levaria este almoço de vergonha. No retorno para a empresa do tio Bob, mamãe e papai continuaram sua conversa, e voltei para o meu projeto. Eu esperava com isso apagar da minha memória, a pizza e o almoço de hoje. Eu mudei todos os calendários para o mês atual, e empilhei de novo uma pilha de revistas que tinham caído da mesa de café por cima do sofá. A última coisa que fiz foi empurrar uma enorme pilha de correspondência fechada, para a poltrona de couro que servia como cadeira para o escritório. No momento em que terminei, estava coberta de poeira e minhas costas doíam, mas o escritório estava começando a ficar genial. Desmoronando no sofá, tirei meus sapatos e descansei minha cabeça em um travesseiro. Ao Tio Bob teria custado o olho da cara tudo que eu tinha feito, se fosse feito uma limpeza profissional. Era uma coisa boa que eu gostasse tanto de sorvete. Tio Bob poderia me pagar em colheradas. Senti o colar que usava sob minha camisa, toquei—o por um momento e pensei em Caspian. O que ele estaria fazendo agora? Ele estava pensando em mim? Fechei os olhos e tentei descansar, mas pensamentos cheios de chocolate e menta, e sorvete duplo arco—íris dançavam na minha cabeça. Esqueci de descansar. Era hora de buscar o meu pagamento. Eu coloquei de novo os sapatos, balancei meus braços e pernas para tirar a poeira, e dei uma palmada única rapidamente. Uma vez que todos os vestígios de terra já não estavam sobre mim, minha mãe que não me iria olhar estranho novamente. Voltei para a sala de fornecimento e comecei a cobrar duas bolas de sorvete de menta com chocolate duplo arco—íris e sorvete na mesma tigela, lembrando da última vez


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que eu tinha comido sorvete arco—íris. Foi com Kristen no verão passado. Sempre competíamos para ver quem conseguia comer mais sorvete sem congelar o cérebro. Ela geralmente ganhava. Um golpe súbito na porta ao lado do freezer interrompeu meus pensamentos. Segurando a colher em uma mão e o copo na outra, me inclinei sobre o cotovelo para abrir a porta com o pé. — Não é como se estivesse frio aqui, ou algo assim. — disse uma voz. Um braço com um Rolex prata se esticou para agarrar a porta. Quase derrubou meu copo. Um rapaz entrou pela porta e imediatamente preencheu meu espaço. Seus cabelos loiros estavam tingidos com grande cuidado, e os reflexos também foram arrumados com estilo, para simular um look natural e perfeito, e sua jaqueta de couro parecia nova. Senti como se tivessem aberto meus olhos. — Meu pai me perguntou se eu poderia deixar esses papéis. Precisam ser assinados e devolvidos até segunda—feira. — olhou para mim e pareceu me notar pela primeira vez. — Quem é você? — Sou... hum ... sua sobrinha. A sobrinha de Bob. — coloquei a tigela e a colher do sorvete sobre a tampa do freezer. — Sim, que seja. Você pode ter certeza de que ele receba os documentos? Eles são muito im—por—tan—tes. — Ele disse as duas últimas palavras lentamente, como se fossem soletrando para uma criança. Idiota.


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— Claro. — eu disse alegremente. Forcei um maravilhoso, e falso, sorriso. Pode beijar a minha... — Ótimo. — deixou os papéis no freezer e foi até a porta. – Obrigado. — ele disse sarcasticamente enquanto saía. A porta se fechou atrás dele e coloquei minha língua para fora. A cara de pau que algumas pessoas tinham. Depois de preparar o resto do meu sorvete, fechei a porta do freezer e fui ao escritório do tio Bob. Deixei o papel em sua mesa limpa e em seguida fui para me juntar ao resto da família na parte principal da loja. Nós ficamos por uma hora, e Tio Bob nos levou para a van, quando estávamos prontos para ir. A viagem de volta para casa foi tranqüila, e passou rapidamente. Eu não podia esperar para subir as escadas para meu quarto e, finalmente, dormir na minha própria cama por mais de uma noite. Tudo o que eu queria era estar em casa e ficar ali para sempre. Eu nem mesmo reclamei, de ter que carregar minhas malas para cima quando finalmente chegamos. Felizmente me bati com tudo enquanto subia as escadas e tirei meus sapatos tão rápido como eu poderia, quase em silêncio abri a minha bagagem. Eu acho que realmente senti sono logo que minha cabeça tocou no travesseiro e meu corpo se aconchegou sob as cobertas. Deus, como era bom estar em casa. No domingo de manhã levantei cedo e não podia adivinhar porque tinha dormido tão bem, até o estupor que estava sentindo devido ao sono, a causa de tanto dormir, se foi e vi que estava na minha própria cama. Eu nunca tinha me dado conta do quanto amava o meu quarto até que fui forçada a sair. Jurei que não voltaria a acontecer. Pelo menos, não


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até o próximo dia de ação de graças. Enquanto tropeçava para fora da cama para me vestir, passei por uma pilha de roupa suja que tinha saído da minha bagagem, e logo percebi que lavá—la deveria ser o primeiro na minha lista de prioridades para o dia. Eu estava esperando que a mãe quisesse lavar. Carregando o que pude, desci a roupa suja, tropeçando devido ao peso. Imaginei que o mínimo que eu podia fazer era levá—la até onde ela estivesse, pois cuidaria de tudo. Joguei as roupas na máquina de lavar roupa e depois parti para o ataque na cozinha, ou seja, um café—da—manhã. Carregar a roupa realmente dá fome. Depois de devorar duas tigelas de cereal, subi de novo e sentei na minha mesa. Eu estava um pouco cansada, mas não queria voltar para a cama. Não sabia o que fazer na realidade. Deixando de lado alguns trabalhos perdidos pela mesa, puxei um velho livro perfumado, e o olhei sem prestar atenção. Um pensamento pequeno começou a emergir do fundo da minha mente, e ficava buscando, sem ver as páginas que eu tinha diante de mim, mas sim o pensamento desta brilhante e nova idéia que estava se formando. Levantei—me para pegar minha bolsa de perfumes, mas fiquei quieta. Talvez deveria ir ao cemitério de novo no caso de Caspian ter me esperado, pensava isso. E ainda não tinha agradecido o presente. O orgulho misturado com o senso comum estava decidindo o quão boas são as chances de que desta vez realmente iria encontrá—lo. O senso comum me disse que as chances não eram boas. O orgulho me disse que ele deveria vir a minha procura. Então me sentei-me à mesa com a minha mala de perfumes na mão. As aulas


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recomeçarão na segunda—feira, e poderia passar pelo cemitério quando voltasse para casa. Então eu o procuraria. Tudo o que eu tinha de fazer era passar o dia. Obriguei-me a me concentrar em meus projetos inacabados, e foi meu estômago grunhido o que finalmente me desconcentrou. Afastei minhas notas e garrafas, enquanto me levantava para esticar as pernas. Desci para comer algo, e estava prestes a entrar na cozinha quando a mãe me chamou. Gritando em resposta que estava ocupada, procurei algo comestível na geladeira. Tudo o que encontrei foram algumas sobras, e carne para o almoço. Por que não podia encontrar nada para comer? Nunca tínhamos comida em casa. Estava parada frente à dispensa, quando ela me chamou novamente, desta vez mais insistente. Segurando um saco de batatas fritas com uma mão e um saco de biscoitos com a outra, entrei na sala de jantar pisando forte. — Estou ocupada, mãe, estou subindo. Não tenho tempo para conversar. Estava sentada no sofá com o laptop aberto ao seu lado, mas parou um instante e olhou para mim. — Você tem uma chamada Abbey. — Quem é? — Eu perguntei, deixando meus lanches na cadeira mais próxima e correndo para atender ao telefone. — Tio Bob. — Meus dedos estavam ainda no botão de 'falar'. — Tio Bob? — Quase grasnei.


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– Digo... eh... mmm ... por que .... queria falar comigo? Ela encolheu os ombros, dando mais atenção para a tela que para mim. — Eu não sei. Apenas perguntou se você estava livre para falar. Eu engoli meu medo, contei até dez, e apertei o botão. — Olá? Tio Bob? — Sua voz fez um forte eco no receptor, e segurei—o a centímetros do meu ouvido. — Abbey Oi. Como está tudo? — Bem, tio Bob. Tudo bem com as minhas coisas. Como está indo com as suas? — Bem, bem. — respondeu. — Ouça Abbey, eu liguei para perguntar algo. Espero que não se importe. Bem, acho que você não se importa, talvez, se pensar bem. Às vezes, seguir a linha de pensamento Tio Bob era mais fácil falar que fazer. Era algo que todos que estavam ao redor se acostumavam em fazer, mais cedo ou mais tarde. Franzi o cenho. – O que acontece, tio Bob? O que queria me perguntar? — Bem, veja você, é sobre o meu escritório. Eu não pude deixar de notar o que você fez lá. Meu coração caiu aos pés. Oh, não. Lá vem ele. Ele provavelmente estava ligando porque eu tinha mudado alguma coisa importante e agora não conseguia encontrar. — Olha Tio Bob. — eu interrompi. — Eu realmente sinto muito. Só achei que você ia gostar. Eu posso ir lá e... não sei, tentar colocar de volta como estava antes? — sim, claro, como se


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pudesse voltar a poeira e sujeira. Grande Abbey, bem feito. — Está brincando? — Tio Bob falou de novo, alto e claro. – Eu amei. Fez um trabalho tão bom que estava esperando que pudesse voltar e fazê—lo novamente. Basta verificar os jornais e outras coisas. Inclusive fazer um arquivo com isso? Eu pagaria claro. Como um emprego depois da escola. — O que diz? O que dizia? Estava sem palavras. Eu pensei que ele estava ligando para gritar comigo, e ele me oferecia um emprego? Que coisa tão boa era essa? Minha falta de palavras não passou despercebida. — Abbey? Você ainda está aí? Se você se preocupa com o dinheiro, eu posso pagar dez dólares a hora. O que você acha? Eu estava completamente surpresa, mas achei minha voz. — Hum, sim, claro, Tio Bob. Tudo soa bem. Quando quer que eu comece? Creio que me perguntou se queria começar na semana seguinte. Apenas fiz alguns ruídos para aceitar. Eu não podia acreditar que esta ligação realmente estivesse acontecendo. Depois de desligar, minha mãe tinha percebido olhar atordoado que eu tinha quando peguei de volta meus lanches. — O que foi tudo isso? Está tudo bem com o tio Bob? – me perguntou. Ri bem alto. — Sim, está. Tudo bem. Creio... creio que acaba de me oferecer trabalho.


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Capitulo 16 Uma visita ...uma espécie de zumbido silencioso reinou por toda a sala de aula. —A lenda de Sleepy Hollow— Na manhã de segunda—feira acordei com a neve. Enquanto estava deitada na cama assistindo os flocos cintilantes flutuarem lentamente até a terra, me aconcheguei mais em meu ninho quente de cobertor. Eu realmente não queria sair da cama. Talvez eu pudesse falar para minha mãe me trazer um chocolate quente. Comecei a cochilar novamente, mas a voz da minha mãe me empurrou para fora do meu sono. Eu sentei, perdendo o cobertor rapidamente, e lamentei instantaneamente, quando um choque de ar frio gelado soprou sobre mim. Tremendo, peguei o cobertor de novo e me escondi atrás e debaixo do cobertor, ignorando minha mãe quando ela me chamou uma segunda vez. Foi o bater na escada dez minutos mais tarde que foi muito difícil para ignorar. Eu rolei para fora da cama, joguei duas camisetas e um par de calças de moletom por cima do meu pijama, meus pés atolados em um par de meias grossas. Eu não estava feliz com o pensamento de ter que deixar minha cama quentinha. Corri para o topo da escada, mas minha mãe já estava na metade do caminho dela. Ela não parecia muito feliz. —Eu estava prestes a vir te puxar para fora da cama, Abigail. — Oh droga, meu nome completo. — Você só tem quarenta e cinco minutos para ficar pronta para a escola, e então eu vou embora. — — Desculpa mãe — bocejei. — Estou em pé agora. Indo me vestir. Você pode me fazer um pouco de chocolate quente para o café da manhã? — Eu joguei um olhar esperançoso sobre meu ombro, mas ela estava sacudindo a cabeça e resmungando para si mesma e começou a descer as escadas.


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— Okay, esquece a ideia do chocolate quente — murmurei. Voei para o meu banheiro e tomei um banho rápido. Não queria deixar a cascata de água quente, mas eu sabia que estava correndo com pouco tempo. Resmungando sobre chuveiros quentes e manhãs frias, me sequei bruscamente e corri para meu armário. Uma vez lá, peguei um longo suéter e um par de meias vermelhas que nunca tinha usado antes. Quando desci escada abaixo, olhei perdidamente para a mesa da cozinha, onde uma caneca estava sentada, cheia com um pacote de chocolate quente instantâneo. Não é bem o que eu tinha em mente, mas acho que é a intenção que vale, certo? Olhei para o relógio do forno. Dois minutos para ir. Eu não tinha tempo para o chocolate quente de qualquer jeito. Chegando a um dos armários, peguei uma barra de granola e a enfiei na minha bolsa, em seguida, roubei uma maçã da geladeira. Eu acho que o café da manhã seria uma correria hoje. A buzina do carro soou impaciente na entrada da garagem. Com o café da manhã firmemente na mão, fiz malabarismo com minhas chaves rapidamente e tranquei a porta da frente em meu caminho para fora. Ahhh, segundas—feiras. Temos que amá—las. A neve estava linda quando eu pisei lá fora, e ela fez um ruído de trituração suave. Corri para o carro, grata pelo seu calor, e mordi minha maçã enquanto me afastava. O interior era azedo e delicioso, mas lamentei o fato de que não era quente e reconfortante ... como o chocolate quente. —Você quer que eu te busque depois da escola hoje? O clima está ficando mais frio. — Minha mãe disse. — Não, obrigada — Respondi imediatamente. Eu tinha planos que envolviam um cemitério e, esperançosamente, uma visita com Caspian. — Não está tão frio. Além disso, gosto de caminhar na neve. — — Okay. Vejo você quando chegar a casa, então. — O carro parou e eu abri a porta. Mordendo a minha maçã, desci e acenei. — Xau, mãe! — Ela sorriu quando a porta se fechou atrás de mim, e então ela saiu em disparada. Eu olhei para a imponente estrutura cinza que estava na minha frente, puxando minha


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bolsa para mais alto, e relutantemente comecei a marchar em direção a ela. Onde está uma nevasca, quando você precisa de uma? Enquanto eu fazia o meu caminho no corredor da escola, todo mundo ao meu redor parecia que tinha apreciado a descida de uma bela cama aconchegante esta manhã, e enfrentado o mundo frio tanto quanto eu tinha. Narizes vermelhos e olhos com lágrimas, um após o outro. Camadas de lama cobriam o chão de madeira, e mais uma luva tinha sido abandonada, perdida fora de um bolso de casaco, para nunca mais ver sua companheira novamente. Considerando que esse era o último lugar na Terra que eu queria estar agora, me sentia estranhamente alegre neste mar de miséria. O dia escolar passou como muitos outros dias escolares passaram antes disso. Os exames estavam chegando e Janeiro era logo após as férias de Natal, então todos os professores passaram seu tempo explicando o que iria rever nas próximas semanas. Quando o último sinal do dia tocou, a neve já tinha parado. A maior parte do solo tinha ido, com a exceção de alguns trechos que ainda brilhavam aninhados nas sombras. Gritos de alegria encheram o estacionamento enquanto o corpo coletivo escolar foi finalmente libertado de sua prisão para outro dia. Passei longe de todo o barulho e fui em direção ao cemitério, esperando fervorosamente que Caspian estivesse lá. Passando pela beira do rio, eu vi flores marrons em diversas sepulturas, enquanto seguia o caminho do cemitério. Eu não poderia dizer se as flores estavam mortas porque tinham ficado aqui muito tempo ou se elas foram mortas por causa do recente clima frio. De qualquer maneira, estava triste. Eu quase parei uma ou duas vezes para me livrar delas, mas depois pensei melhor. As famílias podem querer fazer isso. Isso é uma coisa engraçada. Algumas pessoas não se importariam se um completo estranho se livrasse das flores mortas sobre a sepultura da sua amada, enquanto outras ficariam profundamente ofendias. Eu escolhi o caminho menos ofensivo e segui em frente, soltando um pequeno — Desculpe — em cada túmulo com flores marrons que deixei para trás. Uma colina familiar ficou à vista, e depois a cerca de ferro pequeno que marcava o lote da família Irving. Assistindo os trechos congelados, subi os degraus de pedra e


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empurrei meu caminho através do portão. As pilhas de moedas estavam ainda perto da sepultura de Washington, mas agora uma garrafa de vidro marrom grosseiramente marcada ABSINTO jazia ao seu lado, ao pé da pedra. Alguém tinha também colocado uma brilhante poinsettia* vermelha em cima de seu indicador que estava perigosamente perto de cair. Eu pisei em torno do frasco de vidro castanho e arrumei a planta, tirando os pedaços de sujeira. * http://utnews.utoledo.edu/wp—content/uploads/2009/11/poinsettia.jpg

Agachando do lado da lapide, tracejei a usada inscrição como tinha feito tantas vezes antes. —Bom dia para você, Sr. Irving. Bom ver você de novo. — Um vento frio soprava em torno de mim, e enfiei a mão no meu bolso, sinceramente lamentando o fato de que eu tinha deixado as luvas em casa. — Espero que você tenha tido uma boa Ação de Graças. — Balancei ligeiramente para trás em meus calcanhares. — Nós passamos nossas férias inteiras visitando os parentes. Foi terrível. — Eu olhei para cima ao céu. Nuvens cinzentas rolavam. Não o tipo que esperamos tempestade que está a caminho, mas do tipo que esperamos que neve está a caminho. Esperançosamente muitos, muitos metros de neve. Silêncio me envolveu, e tremi de novo no frio. Eu sabia que realmente deveria ir. Era tudo muito óbvio que eu não estava indo encontrar Cáspian. Talvez nunca fosse vê—lo novamente. Esse pensamento me encheu com uma dor penetrante, e lutei contra as lágrimas. Tinha sido apenas há duas semanas; era muito cedo para desistir de qualquer esperança. Eu só estava sendo tola e excessivamente dramática. Baixei a cabeça e esperei o nó na minha garganta desaparecer antes de eu falar. — Nós, hum ... temos um pouco de neve hoje. Primeira neve da temporada. Parece bonita e brilhante no chão por toda parte. E alguém deixou uma poinsettia para você. Todo o resto está limpo e arrumado por aqui. Nikolas fez um bom trabalho. — O rangido da porta sendo empurrada me surpreendeu. Torci para ver o que tinha acontecido, e escorreguei. Apoiando-me antes de cair no chão, olhei para cima.


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Era Caspian. Eu pulei para os meus pés, um pouco excitada, e quase corri para ele. Meu Deus, ele estava lindo. Forçando-me a ir mais devagar, silenciosamente repeti uma e outra vez que não pularia nos seus braços de novo. Eu não iria. Seu cabelo estava desarrumado pelo vento, como se tivesse acabado de correr os dedos por ele. E seus olhos... Para o inferno com o não saltar em seus braços. Com o olhar que ele estava me dando agora, seus braços eram o único lugar que eu queria estar. Eu perdi a cabeça cerca de seis centímetros de distância dele. — Oi — eu disse suavemente. — Oi, Astrid. — Ele tinha suas mãos em seus bolsos, e eu queria pegar e colocá—las nas minhas. — Eu tentei encontrar você, mas eu po...— comecei. — Eu realmente senti sua falta — ele disse na mesma hora. Eu pude sentir minhas bochechas se tornarem vermelhas, e embaralhei meus pés, cavando com meu dedo do pé em um buraco imaginário no chão. — Você primeiro — Ele riu. Eu ri também, mas estava repassando suas palavras na minha cabeça. Eu? Eu disse alguma coisa? Pensei nos três segundos atrás. Certo, okay. —Eu tentei encontrar você, para agradecer você o belo presente, mas não pude. E então meus pais me arrastaram para ver os parentes no dia de Ação de Graças, então fiquei fora por um tempo. Você não estava, uh, aqui esperando por mim... você estava? — Um brilho malicioso surgiu em seus olhos antes dele sacudir a cabeça. — Eu deveria totalmente dizer que sim, mas não, não estava. Eu estava ocupado demais. Ação de Graças com a família e tudo mais. — Uma onda de alívio imediato e tontura tomaram conta de mim, e olhei pra ele brevemente. Era tão bom vê—lo aqui, em carne e osso. Minha imaginação não lhe havia feito justiça o suficiente. Hmmm... imaginá—lo... em carne... Eu estava com medo do meu rosto ficar vermelho para sempre. Rapidamente voltei minha atenção para outro lugar. Ele levantou uma sobrancelha zombando de mim e sorriu maliciosamente, e juro que ele sabia o que eu estava pensando.


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Culposamente olhando em volta de mim, eu quis que meu rosto voltasse à sua cor normal. — De qualquer maneira. — Eu limpei minha garganta ruidosamente. — Obrigada, de novo, pelo o belo colar. É perfeito, e adorei. Onde você o encontrou? Nunca vi nada como isso antes. — Era a sua vez de olhar envergonhado, e ele abaixou a cabeça. — Isso é o porquê o fiz. — Ele me espiou, e meu coração se derreteu. Eu estou sonhando? Isso tem que ser um sonho. — Você fez isso? — Algo molhado bateu meu rosto e eu a limpei, esperando impacientemente a sua resposta. — Yeah — ele disse timidamente. — Eu fiz. — Outro ponto molhado bateu no meu nariz, e balancei a cabeça em desgosto. Realmente, não poderia manter a chuva longe um pouco mais? Então algo branco e macio ficou preso na minha pestana. Eu olhei para cima para o céu. Milhões de minúsculos flocos molhados de repente começaram a cair, evaporação, logo que batiam na grama. — Neve! — exclamei. — Está nevando de novo! — Caspian olhou para cima também, e ri dele enquanto ele colocava a língua para fora. A neve passou de uns minúsculos chuviscos molhados para grandes, gordos flocos macios que aterrissaram em nossos cabelos e roupas. Joguei as minhas mãos para cima e girei delicadamente antes de fazer uma parada suave. Meu coração começou a correr quando o seu olhar caiu em meus lábios. Sim, faça isso! Minha mente gritava. Nada seria mais romântico no mundo agora do que um beijo na neve! Ele só olhou para mim, seu olhar verde queimando um buraco no meu coração. Implorei com os meus olhos para ele me beijar. Que era exatamente o que eu queria agora. Ele deu um súbito passo para trás e olhou em volta de nós. Dei um súbito passo para frente. Obviamente, este foi um daqueles momentos estúpidos e ele não entendeu o que eu queria. Eu estava para explicar muito, muito em breve. Mas ele deu mais um passo para trás, e parei de repente confusa. Nós não estávamos na mesma página aqui?


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— Você precisa ir para casa, Abbey. Eu não quero que você pegue essa tempestade — ele disse com urgência. Estiquei a mão, não conseguia me parar. — Ok — disse corajosamente. — Por que você não caminha comigo até lá? — A expressão de dor encheu seus olhos. Ele estendeu a mão também, mas a deixou cair. — Abbey, eu... eu não posso — ele disse, parecendo genuinamente arrependido. — Eu tenho que ir por outro caminho, e estou atrasado. — Seus olhos pareciam tão tristes, isso quebrou meu coração. — Está tudo bem, Caspian. Esquece sobre isso. Eu nunca mencionei isso. — Abaixei minha mão — Vejo você por ai. — Ele deu um passo em minha direção, mas depois parou. —Você tem certeza?— Seu rosto estava preocupado, e meu coração se inundou com calor. — Yeah — Eu respondi. Então decidi testar as águas. — Mas você sabe, se apenas acontecer de você estar livre amanhã a noite, meus pais vão sair. Eles têm uma reunião do conselho da cidade que estão indo. Você poderia vir... se você quiser...— corei de novo. Ele não me respondeu à primeira vista, e tentei não hiperventilar. Ele estava indo me rejeitar. O que eu estava pensando? — Okay — ele disse ferozmente. Seus olhos olharam determinados. — Que horas você me quer? — Oh, a multiplicidade de significados por trás dessas palavras. — Sete e quinze? — disse suavemente. Eu estou fazendo isso? Estou realmente fazendo isso? — A reunião começa as sete e os meus pais saem cerca de dez minutos mais cedo para chegar lá. Como vai ser? — — Soa como um encontro — ele disse, tão suavemente. —Vejo você então, Abbey. — Ele colocou uma mão para se despedir, já passando por mim, e fiz o mesmo. Por um instante, as nossas mãos quase se tocaram. Éramos duas estátuas congeladas com tão pouco, e ainda assim muito, nos separando. Mas então o momento se quebrou e ele foi andando. E eu estava caminhando para casa sozinha. Emocionada com as pontas das minhas


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brilhantes botas vermelha.

Capitulo 17 SINAIS MISTURADOS ...E embora seus jogos amorosos, eram algo como suaves carícias e carinhos de um urso, ainda sussurrado para ela não perder completamente suas esperanças. — A lenda de Sleepy Hollow— Eu caminhei de um lado para outro entre a porta da frente e a escadaria, fixada no relógio da avó enquanto o tempo fazia tique—taque e passando segundo por segundo lentamente. Terça a noite tinha finalmente chegado, e eu era um feixe de nervos. Meus pais tinham acabado de sair para sua reunião, e me senti como se estivesse no modo automático. Verificando a casa toda, conseguindo eliminar tudo o que podia ser embaraçoso, com atenção especial a quaisquer pilhas de roupas. 7:01 rolei ao redor. Então 7:02. Pelas 7:03 eu estava pronta para gritar. 7:15 nunca chegaria aqui. Meus olhos percorreram a sala mais uma vez, e então olhei para baixo para meus sapatos. Esta roupa realmente foi à escolha certa? Devo ir mudá—la? Talvez eu devesse colocar um vestido... O toque da campainha ecoou pela casa e me fez pular para fora da minha pele. Ele estava aqui. Meu coração começou a bater selvagemente, e tentei controlar minha respiração. Oh. Meu. Deus. Ele estava realmente aqui. Na minha casa. A campainha soou novamente e corri para atender. Isso não era grande coisa. Ele tinha estado aqui antes, no meu quarto, pelo menos. Isso nem era grande coisa. Enquanto me movia rapidamente, eu gostaria de ter agarrado um par de pastilhas de hortelã. Tentei o teste da mão—na—boca, mas isso realmente não funciona muito bem,


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e a campainha tocou novamente. Se eu não responder em breve, ele ia pensar que eu estava o ignorando. Cruzando os meus dedos, abri a porta. As dobradiças rangeram assustadoramente enquanto a porta se abria, mas Caspian estava lá com um sorriso no rosto. Estava nevando, e alguns flocos cintilantes repousavam sobre os ombros do seu casaco preto. — Oi, Caspian. Entre — disse nervosamente. Eu não pensaria nos meus pais agora, e como eles provavelmente me matariam se eles soubessem sobre isso. Ele entrou e correu os dedos pelos cabelos, dispersando os flocos de neve. — Prazer em vê—la novamente, Abbey. — Eu guiei o caminho para a sala de estar, sem saber se devo ou não pegar o casaco, ou deixá—lo com ele. — Você também — Eu disse, enfiando um pedaço perdido de cabelo atrás da orelha. — Você quer se sentar ou... ?— — Yeah, com certeza. — Depois de tirar o casaco, dobrou ele e o colocou sobre as costas do sofá antes de tomar um assento. — Está bom aqui? — ele perguntou. — Está bom. — Balançando a mão no que eu esperava que fosse um show de desinteresse casual, tomei um lugar no lado oposto do sofá. — Estou surpresa de você estar usando um. — Coloquei conscientemente o meu suéter cinza e preto listrado, e notei que ele estava vestindo um pesado casaco com borda cinza e calça jeans. O silêncio pairava entre nós e dobrei meus pés debaixo de mim, feliz por não ter colocado nenhum sapato. Ficando mais confortavelmente no sofá, olhei ao redor. A atmosfera era quente, e aconchegante, e romântica... mas eu não conseguia pensar uma coisa para dizer. Caspian estava estudando a sala, olhando para todos os lugares, menos para mim. Suspirei por dentro. Isso não estava acontecendo conforme o planejado. Claro, eu não tinha exatamente feito qualquer plano, mas certamente não o tinha convidado aqui para olhar a parede da sala. Eu precisava de alguma coisa para falar agora — Então como foi sua Ação de Graças?— Eu me aventurei. — Você disse que passou com seus parentes, né? — Ele se voltou para me olhar.


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— Em uma maneira de falar— ele disse lentamente. — Fui para ir ver alguns familiares que não visitava há algum tempo. Foi bom vê—los novamente. Acho que você nunca sabe quanto tempo lhe resta, por isso é bom se atualizar de vez em quando. — Bem, isso foi apenas um pouco patético. — Hum, sim, acho que não. Então, você fez o peru na casa dos seus parentes, ou na sua? Quero dizer, se vocês mesmo fazem peru. Eu não sei, talvez a sua família goste de presunto de Ação de Graças. Ou hambúrguer de tofu, se você for vegetariano. Você é vegetariano? — Ele sorriu e balançou sua cabeça. — Não, não sou vegetariano. Nós geralmente fazemos peru na casa de ninguém, mas na nossa própria. Meu pai não faz a melhor comida do mundo. Ele cozinha bem e organiza, mas o peru é um bocado stretch.— — É só você e seu pai, então? — perguntei hesitantemente. — Você nunca mencionou sua mãe. — Ele brincou com as bordas franjadas de um cobertor ao lado dele no braço do sofá. — Yeah. Só eu e meu pai. Minha mãe foi embora quando eu era bebê, e não a tenho visto desde então. Meu pai nunca fala dela. Não tenho nenhuma idéia de onde ela está. — Olhei para minha calça e tirei um pedaço de fio inexistente. Meus pais não estavam realmente em casa muitas vezes, mas eu sempre soube que eles estariam lá por mim. Não podia imaginar qual seria a sensação de ter um pai tirado assim. Caspian tinha crescido provavelmente se perguntando se ele era de alguma forma culpado que ela o tinha deixado. — Tenho certeza que ela achava que tinha uma boa razão. — Não olhei para cima do meu fio imaginário. — Não havia nada que poderia ter feito para impedi—la. E nada que você fez a fez optar a ir embora.— Olhei para ele, então, e ele estava olhando para longe com um olhar estranho em seus olhos. — Eu sei — ele disse suavemente. — Mas ainda assim, às vezes me pergunto se...— Ele não terminou, e foi quase como se não estivesse falando comigo. Isso enviou um arrepio na espinha, e eu queria trazê—lo de volta para o aqui e agora, comigo. — Você não me disse antes que seu pai era mecânico? E ele estava começando sua própria loja? — Aquilo o levou para fora de seu torpor, e ele olhou para mim novamente. — Yeah, meu pai vai assumir a loja, logo que o proprietário se aposentar. Redigi algumas das plantas para que ele pudesse ter um novo visual da loja —.


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— Qual é o nome do lugar?— perguntei. — É perto daqui?— Então uma palavra que ele tinha dito se ressaltou para mim. — Espera, o quê? Você desenhou a planta da loja para ele? — Ele assentiu, parecendo satisfeito consigo mesmo. — Sim, eu desenhava no chão, planos para ele. Mike, o proprietário, fez uma reforma agora, mas meu pai pretende mudar para mais de uma loja, e estocar com o material de personalizar carros. Ele tem algumas idéias realmente grandes. — — Ohhhh —. Eu estava ficando perdida em toda essa conversa sobre carros. Eles realmente não eram meu negócio. — Então você é um tipo de pessoa que gosta de carro? — Um olhar surpreso cruzou seu rosto. — Eu? Não. De jeito nenhum. Meu pai é aquele que gosta de carros. Embora eu use um maçarico de vez em quando, sou mais na minha arte. Muito para o desânimo perpétuo dele — acrescentou tristemente. Eu me animei. — Você tem uma pasta de desenhos ou algo assim? — — Eu tenho minha coleção de quando trabalhava em uma loja de tatuagem. Antes de mudarmos para cá, desenhei algumas coisas para eles. — Ele parecia feliz agora, seus olhos estavam brilhando de orgulho. Essa notícia foi muito interessante. — Uma loja de tatuagem? — Estendi as minhas pernas por debaixo de mim e aproximei das dele no sofá. — Uau. Você teve uma vida muito emocionante. —Tentei lhe dar meu melhor olhar você—é—tão—sexy—e—eu—estou—impressionada, mas não acho que funcionou. Ele simplesmente riu e correu os dedos pelos cabelos de novo. — Eu não sei se chamo a minha vida emocionante, mas foi legal. — — Você estava desenhando no cemitério aquele dia? Suas mãos estavam pretas. — Ele olhou para longe por um minuto, e pensei que vi um ligeiro corar em seu rosto. Mas poderia ter sido o quarto. Estava ficando muito quente aqui dentro. —Você deve ter visto o carvão — disse ele. — Quando eu uso carvão, uso carvão vegetal. Peguei o hábito de fazer desenhos para tatuagens, e depois fiquei preso a ele. Eu gosto da textura que ele me dá. O único inconveniente é que me esqueço de lavar as mãos


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depois de um tempo —. Então era isso que o fez corar? Porque ele admitiu que ele não lavou as mãos? Eu pensei que era como uma exigência para o cara ser sujo a maior parte do tempo. Mas eu não queria que ele se sentisse mal, então admiti, — fico muito presa com os meus perfumes, também. Quando não sou cuidadosa, posso derramar meus óleos, e nem quando lavo minha roupa um monte de vezes o cheiro sai —. Ele me deu um meio sorriso, e a temperatura do quarto parecia que tinha subido para 112 graus. Bom Deus, esta quente aqui. Desesperada por uma brisa fria, eu pensei em abrir a porta, mas decidi que não. Fui olhar pela janela em vez disso, usando o pretexto de ver a neve que continuava a cair para que eu pudesse sentir o frescor da janela. — Fazer uma tatuagem dói? — perguntei, voltando para ele depois de um minuto olhando a neve. —Você tem alguma? — Ele esticou os pés debaixo da mesa de café na frente dele e mudou ligeiramente o rosto para mim. — Eu não posso falar por ninguém, mas a minha não doeu. Senti uma leve pressão e, em seguida uma picada maçante, mas não doeu. Tudo depende de onde você coloca, quem está fazendo isso, e qual o seu limite de dor. — Eu coloquei minha mão contra o vidro da janela e senti a frieza penetrar em minha pele. — Onde você... tem a sua?— Perguntei olhando a janela em frente de mim, tímida demais para enfrentá—lo. — Duas delas estão nas minhas costas, e uma está no meu braço esquerdo. — Meu truque da janela de repente parou de funcionar, e decidi ser ousada. Voltei ao sofá. — Posso ver elas? — Caspian olhou assustado. Eu esperei, considerando se devia ou não rir como se fosse uma piada ou dizer—lhe para esquecer. MAS EU NÃO QUERIA ESQUECER SOBRE ISSO. Havia muitas coisas que eu... queria. Era hora de ver se ele queria alguma dessas coisas também. Ele não me respondeu, mas sustentou meu olhar atentamente enquanto ele se levantou e começou lentamente a subir sua camisa. Ele se virou e a levantou sobre seus ombros, e esqueci como respirar. A blusa deslizou para fora dele em um movimento muito


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suave e estragou o seu cabelo, deixando—o despenteado e sexy para o futuro. Uma cadeia interligada de pequenos círculos e triângulos negros foram gravados em cada ombro, terminando na metade de suas costas. Foi um belo design que parecia ao mesmo tempo atraente e exótico, e eu sofria para colocar uma mão e segui—la. Ele se voltou para me encarar, e seus olhos verdes olharam através de mim. Eu quebrei o seu olhar e olhei para baixo, engolindo em seco. Seu peito era musculoso, mas não muito e seus quadris eram magros. Uma trilha de pelos loiros pálidos escorria de seu umbigo e desaparecia debaixo do cós da calça jeans. Engoli em seco novamente e tentei muito arduamente não babar. Ele levantou o braço para me mostrar os círculos entrelaçados negros tatuados lá. — Eu sempre fui fascinado com os padrões — ele disse, enquanto eu olhava para ele. — Com os círculos, não há começo nem fim. Ele só vai para sempre. Eu gosto disso. — Ouvi meu coração ecoar bem alto a nossa volta enquanto me arrastava cada respiração, de repente dolorosa. — Você tem alguma tatuagem, Abbey? — ele sussurrou. — Ainda não — eu disse. — Onde você acha que deveria ter uma?— Sem qualquer esforço, parecíamos ter chegado mais perto um do outro. A sala ficou mais quente novamente. Meus olhos caíram involuntariamente para seu peito nu e me imaginei passando um dedo sobre esse projeto tatuado. Então olhei para ele novamente e coloquei tudo o que eu sentia, e tudo o que queria fazer, por trás desse olhar. Ele estremeceu e fechou os olhos. O momento era poderoso, e tão avassalador que fechei meus olhos também. Ele tinha que saber. Ele tinha que ter visto como eu me sentia sobre ele. Eu não poderia dar um sinal de forma mais clara. Queria que ele me beijasse agora. Senti uma leve brisa repentina em cima de mim, e tremi no projeto de frio. Meus olhos se abriram, e vi que ele puxou a camisa de volta. Eu podia sentir a relutância sobre ele agora. — Por quê? — Eu gritei. — Por que você fez isso? Sou eu? Existe algo sobre mim? Eu pensei que você, que sentimos... — Eu suspirei de total frustração e fiquei esperando a sua resposta. Ele não disse nada.


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— Você não gosta de mim? Porque pensei que depois daquele beijo na biblioteca, e o colar, e todas as vezes que conheci... e a noite do baile! Você estava em meu quarto na noite do baile! Pensei que talvez você gos... Eu parei e olhei para o chão. Eu estava balbuciando. De novo. — Abbey, me desculpe. Isso é tudo que posso dizer. — Olhando-me com tristeza em seus olhos, ele tentou explicar. — Eu não quero ser assim. Eu só não sei como... Me perdoe, Astrid. — Uma desculpa e meu nome especial? Era difícil ficar brava com isso — Perdoar você pelo quê, Caspian? Por agir como se você gostasse de mim quando você realmente não gosta? Eu não te entendo, às vezes. Você toma dois passos à frente e então volta cinco. Você age como se você quisesse que eu chegasse em casa em segurança, mas não vai andar comigo. Nós nunca nos encontramos em qualquer lugar normal, como um restaurante ou um shopping, e você sempre tem que estar em outro lugar. — O que está acontecendo? Você quer ficar comigo ou não? — Lágrimas quentes encheram meus olhos, mas me recusei a desviar o olhar. Eu queria que ele visse toda a mágoa e confusão que estava sentindo. Então talvez eu teria uma resposta direta. Ele se virou e começou a andar entre o sofá e uma poltrona. Para frente e para trás. — Por favor, não chore, Astrid — ele implorou. — Eu não mereço isso. Eu sinto muito. Realmente, eu sinto muito. As coisas estão complicadas agora. Não é que eu não ... Eu quero estar com você. Não significa que te dou sinais mistos. Eu só preciso de você para trabalhar comigo de alguma forma. Me dá algum tempo para descobrir tudo. Vamos fazer devagar. — Fazer devagar. O beijo da morte. De repente lembrei das palavras de Ben de outro tempo e lugar, e compreendi exatamente o que ele quis dizer. Ele sentiu uma suspeita igual desejando que não fosse verdade, mas realmente era. Mas meu coração queria Caspian, e estava disposta a fazer o que ele pediu. —Ok. — Eu balancei a cabeça, piscando as lágrimas. — Ok, podemos fazer isso devagar. — Eu ri, trêmula e tentei não pensar sobre em qual página estávamos agora. Esse caminho era muito confuso. —Você quer alguma coisa para comer? Ou beber? Vou para a


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cozinha. Estou com fome. — esperei por sua resposta, mas ele balançou a cabeça. Andar até a cozinha tomou um grande esforço, e respirei fundo, tentando me recompor. Este foi apenas um pequenino obstáculo a ser superado. Não é grande coisa. Peguei uma lata de refrigerante fora da geladeira e a coloquei no balcão antes de cruzar para os armários. Acabei passando por tudo lá dentro. Meu apetite subitamente desapareceu. Eu não tava com tanta sede assim, mas eu precisava de algum tipo de desculpa para ir me acalmar. No caminho de volta para pegar o refrigerante, parei subitamente, quando eu vi meu reflexo na porta do microondas. Meus olhos se arregalaram e minhas bochechas estavam pálidas. Bati no meu rosto e, em seguida as apertei para trazer alguma cor. Passando a mão por meus cachos selvagens, afofei e os reorganizei. Não foi um milagre, mas ajudou um pouco. Arrumei meus ombros, me levantei e marchei direto para a sala, com a bebida na mão. Caspian estava perto da janela olhando a neve, e me sentei no sofá, ao mesmo tempo abrindo o topo da minha lata. — Eu lhe contei que meu tio quer que eu trabalhe na sua loja de sorvete? — Mudar de assunto era a única coisa que conseguia pensar. Eu tomei um gole grande, mas ainda elegante, a partir da lata de refrigerante e continuei. — Eu vou manter seu escritório. Ou algo parecido. Não tenho conhecimento de todos os detalhes ainda, mas tenho que começar este fim de semana. — Caspian se afastou da janela e veio se sentar no sofá, mantendo uma distância muito grande entre nós. Tentei não deixar ser atingida. — Isso é ótimo, Abbey — ele disse. — Sei que você fará um bom trabalho. — Levantei e coloquei o refrigerante agora esquecido sobre a mesa de café. — Acha que sim? Digo, estou realmente preocupada. E se eu errar em algo? É um negócio real aqui, não apenas aquele que tenho pensado. E se não puder fazer isso?— Eu realmente não tinha dado voz a muitos dos meus medos, mas estavam direto lá, borbulhando sob a superfície. — Você vai ser capaz de lidar com isso — ele me assegurou. — Eu tenho fé em você, Abbey. Você não vai estragar tudo, e ele vai lhe dar a prática para quando você estiver pronta para abrir Abbey's Hollow. — Eu me inclinei no sofá, perguntando se iria ver esse dia. Parecia tão longe. E como


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ele tem um jeito de me fazer sentir tão confortável de novo? — Você sabe, desde ontem venho trabalhando nesta ideia para uma nova linha de perfumes. — Excitação encheu minha voz. — É baseado na Lenda de Sleepy Hollow, e cada personagem tem um aroma único. Mas não só os aromas dos personagens, assim como os sentimentos, emoções e configurações. Que eu tinha planejado — O som de uma chave na porta da frente me parou congelada. Nós dois congelamos. Eu podia ouvir vozes abafadas lá fora. — Meus pais! — eu guinchei. — Rápido, sai pela porta dos fundos. Eles não vão te ver assim. — Caspian se levantou e pegou seu casaco, enquanto eu corria. Qualquer segundo agora eles estariam abrindo a porta, e estaria muito ferrada. Ele abriu a porta silenciosamente e corri atrás dele, enfiando apressadamente os meus pés em um velho par de botas deixadas lá fora. —Tchau, Caspian — disse em voz baixa. — Obrigado por ter vindo. Agora vai! — Ele acenou uma despedida silenciosa e saiu para a noite. Eu fiz uma rápida confusão através da neve, enquanto o assistia ir embora, mas estava tendo um tempo difícil para me livrar de todas as pegadas. A neve não estava caindo rápido o suficiente para cobri—las completamente. Isso foi quando a inspiração bateu. Deitei-me no chão e acenei os meus braços e as pernas freneticamente, criando um anjo de neve improvisado. Então escolhi outro lugar e fiz isso de novo. Um terceiro fez o truque, e todas as —evidências— foram arruinadas. Eu tentei não me preocupar com o fato de que minhas pegadas iam de uma distância da casa na direção que ele tinha ido. Eu só esperava que meus pais fossem ficar dentro de casa durante a noite. Estava absolutamente frio aqui fora agora, e meu coração estava disparado em 90 milhas por minuto quando entrei pela porta de trás dou de cara com meus pais perplexos. — Nós estávamos procurando por você — disse a mãe. — Nós pensamos que você tinha adormecido. — — Não. Eu estava aqui fora na neve. Só a notei e eu não podia esperar para ir fazer um anjo de neve. — Será que eles realmente iriam comprar essa? Não tinha mais sete anos.


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— Sem o seu casaco?— perguntou meu pai, com um olhar confuso em sua cara. — Eu, uh, apenas pensei que seria só um minuto ... então não peguei meu casaco. Estou muito cansada, no entanto. Hora de ir para a cama. Vejo vocês de manhã. — Ambos me olhavam enquanto pegava minha lata de refrigerante e me dirigia até a escada. Lancei um olhar discreto sobre o meu ombro para me certificar de que não havia sinais visíveis de que tive um convidado. Eu estava pronta para ir. — Boa noite. Vejo vocês pela manhã — disse novamente, enquanto eu corria para meu quarto no andar de cima. Eu ficaria acordada a noite toda.

Capitulo 18 CONVERSAS INDESEJADAS

...O nosso homem tinha cartas, por isso, era peculiarmente feliz com todos os sorrisos de todas as donzelas do país. —A lenda de Sleepy Hollow— Eu fiz isso durante a maior parte da semana, e pensei que eu tirei. Meus pais nunca iriam descobrir que Caspian tinha vindo quando eles não estavam em casa. Mas não era um bom sinal quando desci para o café da manhã e vi meu pai sentado em uma cadeira lendo o jornal. Meu pai nunca fica em casa até tarde. Ele deveria ter saído para trabalho quase uma hora atrás. Tropeçando na cozinha, eu fingia estar meio adormecida. — Ei, pai, o que você está fazendo aqui? Você não vai se atrasar para o trabalho? — Diga que você está indo para o trabalho .... Por favor, diga que você está indo para o trabalho. Eu esfreguei os olhos


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sonolentamente e olhei para ele. Ele dobrou o papel no meio e o enfiou sob o seu braço. — Por que você não fica em casa hoje, Abbey? Eu acho que deveríamos ter uma pequena conversa. Vou escrever um bilhete para você. — Eu quase me esqueci da cadeira que eu estava puxando. Era isso. Eu estava em apuros. — Ficar — Minha voz falhou. — Ficar em casa? Sem escola? Não podemos conversar agora? Sabe, no café da manhã. Tenho muitos exames chegando, e eu realmente não devo perder nenhuma das coisas que estamos revendo em sala de aula. — Pense, Abbey. Pense muito rápido. Pense numa boa razão do porquê Caspian estava aqui. Com você. Sozinhos. Meu cérebro começou a pensar Novo estudante na cidade? Colega de estudo?[/i] Aluno participante do programa de troca obrigatória? Meu cérebro continuou pensando. — Eu não sei, Abbey — ele disse hesitante. — Sua mãe e eu passamos por muitas coisas e achamos que precisamos discutir com você. — Oh. Meu. Deus. Joguem. Água. No. Meu. Cérebro. Pensei. E de novo. Não. Consegui. Completar. As. Frases. — Pô, pai — eu finalmente cuspi, após um minuto de mau funcionamento do cérebro. — Eu realmente não quero perder nada para os exames. Não podemos apenas falar esta noite, depois da escola? — Depois de ter tido tempo para pensar em muitas, muitas desculpas, contar com a ajuda de muitas pessoas na escola e/ou eventualmente fugir. É claro que havia o problema muito pequeno que eu não conhecia muitas pessoas na escola. Mas isso era uma ponte, que eu poderia atravessar. Mordi os lábios. Quantas semanas eu estaria de castigo se

inventasse uma

desculpa que tem a ver com a escola? Provavelmente, a menor. Foi à única maneira de ir. — Eu sei!— Meu pai disse de repente, praticamente me dando um ataque do coração. — Se você ficar em casa hoje vou fazer panquecas e nós vamos ao boliche. Além


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disso, tenho certeza que seus professores não darão muita matéria que você vai perder. É uma sexta—feira. Eles nunca fazem muito às sextas—feiras. — Bem, ele estava certo sobre isso. Além disso, com panquecas e boliche, eu não poderia estar em muitos problemas. Pelo menos eu não esperava. Meu pai sorriu e acariciou minha mão alegremente enquanto ele aguardava a minha resposta. Interessante ... Muito interessante. Senti minhas esperanças começam a aparecer. Com certeza meu pai estaria com o rosto sério e disciplinador se eu estivesse prestes a ficar encrencada para o resto da minha vida natural. E talvez enquanto como as panquecas posso usar o tempo para pensar em uma desculpa por matar a aula se eu realmente estava nisso profundamente. Eu poderia realmente ser capaz de fazer a coisa funcionar, pensei. — Oh, tudo bem, pai. Você pode escrever para mim um bilhete para a escola hoje. Mas não esqueça, muitas, muitas gotas de chocolate nas minhas panquecas. — — É isso aí — ele disse. — Eu cuido do bilhete agora para você tê—lo para segunda—feira. Então vou começar as panquecas. Você vai se vestir. Elas estarão prontas em aproximadamente quinze minutos. — Eu acendi para ele meu bravo sorriso enquanto levantava. Boliche e longas conversas com meu pai. Yeah, esse dia estava sendo tão chato. Enquanto estava na frente do meu armário tentando escolher a melhor roupa que diria Não, realmente, eu não tinha mais aquele menino, porque eu queria. Eu tive que fazer isso para um projeto da escola, tentei pensar o que dizer para que eles me tirassem do castigo. Eu não tinha um carro ou minha licença ainda, então isso estava fora. E não podiam exatamente me proibir de ver Kristen, de modo que estava fora também. Acho que eles poderiam tirar o trabalho do tio Bob, e todo o dinheiro que trazia. Mas vendo como eu não tinha sequer começado esse trabalho, no entanto, não houve dinheiro para perder. A única alternativa era ficar presa no meu quarto. E enquanto isso definitivamente apresenta uma certeza, não iria ver Caspian, se não fosse por muito tempo, então eu poderia trabalhar no meu mais novo projeto de perfume. Yup. Definitivamente usar uma


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desculpa da escola. Desisti de encontrar uma roupa que permitia reduzir o tempo de castigo e me contentei com uma blusa azul escura e um par de jeans. Depois de colocar minhas botas, desci lentamente as escadas. Meus quinze minutos tinham acabado e meu julgamento me aguardava. Talvez eu devesse elogiar as habilidades do meu pai no boliche... —Algo cheira bem, pai!— Eu disse brilhantemente, com um sorriso falso colado no meu rosto quando entrei pela porta da cozinha. — Espero que você tenha feito um monte de panquecas, porque estou morrendo de fome. — Voltei para a cadeira que eu estava sentada antes, fazendo um rápido pit stop no caminho para a caixa de suco de laranja. Tão longe, tão bom. Meu pai trouxe uma pilha de panquecas empilhadas, pelo menos dez, e no alto uma placa amarela brilhante de manteiga. — Aqui está, Abbey. Deixe-me um par se você puder. Eu vou colocar uma segunda fornada. — Engoli em seco enquanto olhava para a pilha enorme fazendo o seu caminho em direção a mim. Talvez eu tenha exagerado no eu—estou—tão—faminta, apenas um pouco. — Isso é o bastante, pai. Por que você não vem me ajudar a comer essas enquanto elas estão quentes, e então você pode nos fazer mais algumas?— Ele pareceu gostar da ideia e pegou um garfo para si mesmo. — Não esqueça os copos — eu lembrei ele. — Tenho a O.J.— Meu pai comeu sua primeira e a segunda panqueca antes mesmo de eu chegar à metade da minha primeira. —Vamos, Abbey — ele brincou comigo. — Pensei que você estava faminta. — Sorri de volta e me forcei a engolir o resto da minha panqueca, já com medo da segunda. Não foi até que ele estava terminando o último pedaço de sua pilha inteira antes que ele falasse de novo. —Você vai comer o resto dessas? Se você ainda está com fome, eu posso fazer mais. — Eu balancei a cabeça e parei com o garfo no ar. — Está tudo bem, pai. Acho que devo estar ainda satisfeita do jantar na noite passada. Você pode comer estas, se quiser, ao invés de fazer outras. — Ele voluntariamente tomou o resto da minhas panquecas, e eu de bom grado as entreguei. Eu não ia comer nem um terço delas.


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Afundando contra a cadeira, deixei minha perna balançando para frente e para trás, tomando pequenos goles do suco de laranja para me manter ocupada. Eu me perguntei quanto tempo levaria para que a conversa começasse. Meu coração acelerou e me forcei a continuar tomando pequenos goles. Quem eu era para ficar brincando? Estava ferrada. Não tive muito tempo para esperar, porque meu pai comeu o resto das minhas panquecas mais rápido do que ele tinha terminado com as dele, e empurrou o prato para longe. — Abbey — ele disse, entre os goles de suco de laranja. Oh Deus, lá vem. Meu coração batia no ritmo de sapateado, mas ele se lançou para a direita. — Sua mãe e eu temos conversado muito sobre isso ultimamente, e nós queremos a sua opinião sobre isso. — Colocando o suco de lado, ele cruzou as mãos e se sentou na sua cadeira. — Como tem sido... o enfrentamento... ultimamente? Como as coisas estão indo para você desde o acidente? Eu quero dizer, agora que Kristen se foi?— Era uma boa coisa eu estar sentada, ou eu teria caído da cadeira de novo. Era sobre isso o que ele queria conversar? Kristen. Totalmente não vi isso vindo. Achei difícil, e escolhi cuidadosamente as minhas palavras. Eu não poderia contar para ele sobre a noite do baile. Isso apenas traria perguntas demais. E sermões. Definitivamente teria sermões. — Eu lidei com isso do meu jeito. Era muito mais difícil quando encontraram... ela. Mas consegui pensar nela. Estou em paz.— Ele estava prestando muita atenção. — Como têm sido as coisas na escola? Eu sei que não pode ser fácil passar o ano inteiro com sua melhor amiga desaparecida. E sua mãe me contou sobre a comissão de formatura. Já fez amizade com as meninas?— Fiquei completamente chocada com as perguntas que ele estava perguntando. Elas eram realmente intuitivas e perspicazes. — A escola praticamente me suga — admiti — mas isso é toda a escola. Todo mundo me deixa sozinha a maior parte do tempo. Uma vez que o baile acabou, as meninas não tinham duas palavras para me dizer. Eu esperava isso, no entanto. Elas só estavam fazendo isso por atenção. Brinquei distraidamente com o meu copo. Eu estava tão envolvida com Caspian, ultimamente, e obcecada com o que Kristen estava escondendo de mim, que não tinha


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dado muita atenção para a escola. Cada dia realmente estava sozinha. Engraçado como eu nunca tinha notado isso. Meu pai limpou a garganta, e olhei para ele. Suas mãos ainda estavam dobradas juntas e ele parecia um pouco envergonhado. —Abbey, arranjamentos podem ser feitos — ele disse, se inclinando para dar um tapinha desajeitado na minha mão. —Se você precisar mudar de escola, nós podemos fazer isso. Eu sei que a sua mãe não gostaria muito disso, mas quero que você esteja confortável. E se precisar falar com alguém, um psicólogo, ou um orientador, nós podemos arranjar isso, também. Não há nada com que se envergonhar. — Eu tinha algum sinal invisível no meu pescoço que dizia CUIDADO: DOIS PASSOS LONGE DA LOUCA ou alguma coisa assim? Todo mundo sempre assumia que eu precisava de ajuda profissional. Tirei minha mão meio sem jeito. — Não, pai, estou bem. Sério. Obrigada pela oferta sobre a escola, mas estou bem lá, também. — Ele me deu um olhar de interrogação, mas eu balancei minha cabeça. — Eu realmente estou bem, pai. Se eu precisar... qualquer coisa... então você será o primeiro a saber. Tudo bem?— Ele concordou e tirei minha mão, contente de que essa conversa não era o que pensei que seria. — Assim, desde que tudo esteja bem na escola para você, então, você pensou no que vem depois? — ele perguntou. Eu gemi interiormente. O sermão — futuro —. Eu deveria ter sabido que isso iria acontecer. Subi minhas defesas e tentei pensar na melhor maneira de falar sobre isso. —Bom... — comecei lentamente, tentando pensar mais rápido. —Você sabe que eu tinha falado sobre o desejo de abrir o meu próprio negocio. Tenho pensado muito ultimamente. Pesquisando os aspectos diferentes e preparando o terreno, esse tipo de coisa. — Ele não parecia impressionado. — Eu quero dizer detalhes. Que tipo de campo você está pensando entrar? Que tipo principal é que você vai escolher? Quais faculdades específicas você quer fazer? — Suas perguntas me pegaram desprevenida. Sinceramente, eu ainda não tinha


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pensado sobre esses detalhes. — Eu ainda tenho bastante tempo, pai. Há um monte de opções lá fora, e quero me certificar de escolher o caminho certo. Sabe? — Agora ele estava me olhando infeliz. — Você não tem muito tempo, jovem senhorita. Se você quer ser aceita em uma boa escola, então você precisa começar a pensar sobre as provas, experiências, e taxa de inscrição. Há muito trabalho envolvido para entrar em uma faculdade, e isso não é fácil. — Uma ruga estava começando a se formar através de sua testa, e eu sabia que o meu navio estava afundando rapidamente. Pensei nos meus perfumes, e isso era o que queria fazer com minha vida, e então as palavras de Caspian cristalizaram na minha cabeça. Se você contar para seus pais quais são seus ideais agora, então talvez eles não vão perder o seu tempo planejando um futuro diferente para você . — Olha, pai — eu disse — Eu sei que você e minha mãe só têm as melhores intenções no coração, realmente sei disso, mas o que faço com a minha vida é a minha decisão. Eu estou sendo a única que vai arcar com as conseqüências das escolhas que fizer. Eu poderia ir para uma faculdade que você escolher, ou escolher uma das principais que você gosta, e talvez até conseguir um emprego em algum lugar que você aprova, mas não vou ser feliz com isso. — Ele começou a dizer alguma coisa, mas levantei uma mão. — Por favor, apenas me deixe terminar aqui e então você pode rebater tudo que digo, okay? — Ele assentiu com a cabeça, e continuei. — Claro que quero um grande trabalho e um future seguro, mas quero fazer isso do meu jeito. Não quero me tornar uma doutora, ou uma advogada, ou ser das relações públicas, ou uma publicitária. Essas coisas poderiam me levar mais dinheiro, ou eles podem te fazer feliz, mas não vão me fazer feliz. Você não quer que eu seja feliz, pai, acima de tudo? — eu dei a ele meu mais sincero olhar, e ele assentiu com a cabeça lentamente. — Eu só quero ser feliz com minhas escolhas na vida. E como disse, tenho um monte de pensamentos para o meu futuro, muito mais do que a maioria das outras crianças da minha idade. Quero ter minha própria loja no centro da cidade. Eu mesma escolhi o lugar e tudo. Sei como é que vai ser alugar, quais os tipos de custos indiretos que vou ter... Além disso tenho uma lista de inventário que comecei, e quanto disso manter em


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estoque. Tudo o que tenho até agora é escrito em um plano de negócios. Eu sei que ainda precisa de muito trabalho, e sei que vai ser difícil no início, mas estou limitada e determinada para ver isso completo. Do meu jeito. — Eu esperava ter coberto todas as minhas bases, quando algo bateu na minha cabeça. — Oh, e eu faço planos para cursar alguma coisa sobre negócios, talvez até obter um diploma, mas provavelmente vai demorar um pouco e vai ser em uma faculdade local. Quero trabalhar como aprendiz de alguém que já tem uma loja em um campo semelhante enquanto tomo minhas aulas, e usar isso como uma abordagem prática para a minha educação. Essa é uma das razões pela qual estou tão animada sobre trabalhar no Tio Bob, também. Isso me dará alguma experiência prática. — Sentando de volta, respirei fundo. Foi tudo para fora agora. Ele iria amar ou odiar isso. Qualquer um, os gritos, podiam começar. Ele tinha um olhar pensativo no rosto, e eu não poderia dizer se ele estava realmente pensando sobre o que disse, ou pensando em maneiras de rebater isso. Mas ele não disse nada e comecei a ficar nervosa. Isso poderia acabar sendo muito, muito ruim. —Eu acho que é uma ótima ideia, Abbey.— —Você acha?— —Sim, acho — ele disse. —Você expôs os seus planos em uma maneira muito clara, concisa. Você obviamente tomou um tempo pensando bastante sobre isso. E se você realmente tem feito tudo o que você acabou de me dizer, então já está à frente do jogo. Estou muito orgulhoso de você. — Wow. Hoje estava voltando a ser o dia mais fantástico de todos. — Obrigada, pai — eu transbordei. —Você não tem ideia do que isso quer dizer para mim. Pensei que você e minha mãe iriam pirar totalmente quando eu contasse para vocês. Obrigada por estar sendo tão legal sobre isso. — Ele parecia um pouco desconfortável, mas bateu na minha mão novamente. — Bem, eu não sei como sua mãe vai reagir, mas vou dar a notícia a ela suavemente. Afinal, você está certa sobre ser sua decisão, e nós dois queremos que você seja feliz. E se isso significa que você vai ficar mais perto de casa, então tenho certeza que ela não se importa com isso. —


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Eu sorri para ele. Essa conversa estava indo muito bem. — Eu vou te dizer o que mais vou fazer— disse ele abruptamente. — Se você terminar o seu plano de negócios, digamos, no fim do ano letivo, então vou lhe dar três mil dólares em dinheiro para ajudar você a começar. Fechado? — Ele estendeu a mão, e rapidamente me sacudiu. — Fechado. — Como eu ainda tinha que pensar sobre isso. Três mil dólares apenas para terminar o meu plano de negócios? Eu estava chegando lá. Meu pai parecia muito satisfeito consigo mesmo, e estava me sentindo muito feliz também. Sorri para ele e saltei para lhe dar um abraço meio espontâneo. Ele ficou surpreso, mas retornou o abraço, e eu sorria como uma tola, me sentindo absurdamente feliz pelo momento. Então, ele limpou a garganta e sentou ao seu lado. — Você sabe, você parecia mais feliz ultimamente. Mesmo com a morte de Kristen. Existe algo que você quer me dizer?— Vamos ver… Eu estava apaixonada pela primeira vez. Eu não tinha ficado em apuros por ter um menino em casa quando estava lá sozinha. Amanhã eu estava indo começar um doce emprego que pagava muito bem. E eu tinha apenas ganhado um monte de dinheiro para escrever um documento de negócio. Há algo que eu quero dizer a ele? — Não — eu disse com um sorriso. — Você tem certeza? — ele me perguntou, com um olhar provocando um brilho perverso em seus olhos. —Não há nenhum garoto especial na foto? Um garoto que você não tem contado para nós? — Eu tentei muito, muito mesmo não corar, mas senti minhas bochechas ficarem vermelhas. — Aw, pai — disfarcei. —Você conhece, nós garotas. Nós sempre estamos paquerando algum cara ou outro. Isso é uma coisa boba. — Ele riu e empurrou sua cadeira para trás da mesa. — Eu sei, eu sei. Mas não se esqueça de nos apresentar esse alguém especial. Sua mãe e eu queremos conhecer esse rapaz. — —Ok, pai. — Yeah, certo.


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Ele começou a recolher os pratos, e me movi rapidamente para ajudá—lo. — Por que nós não vamos para o boliche agora?— perguntei, tentando mudar de assunto. — Então nós podemos parar para comprar comida chinesa no caminho de volta. — Ainda rindo, ele me deu uma piscadela. — Ok. Vamos deixar os pratos aqui, e vou cuidar deles quando nós voltarmos. Vamos ver quem chega primeiro no carro. — Eu empilhei os pratos e me dirigi para a pia, o deixandoele ter uma vantagem, dizendo a mim mesma que tudo isso era por uma boa causa. Qualquer coisa que tivesse que fazer para ficar com o seu lado bom, totalmente valia a pena. Mesmo que isso fosse boliche... com o meu pai... em público. Boliche foi surpreendentemente bom. Havia apenas uma outra pessoa na pista da esquerda, de modo que praticamente tínhamos que correr do lugar. Acabamos jogando três partidas, e meu pai feliz tripudiou sobre como ele havia vencido dois dos três jogos, mas gentilmente me ofereceu uma revanche. Tinha muita comida chinesa, que foi apreciada por nós dois, depois disso, e decidimos voltar para mais um par de rodadas. Era quase seis horas no momento em que chegamos a casa. Fiquei agradavelmente surpresa como o meu pai, acabou sendo legal. Foi realmente um dia de diversão. Não que eu jamais admitiria isso para ninguém, no entanto. Minha mãe estava em casa, e tinha jantar esperando por nós enquanto entrávamos. Eu avidamente sorvi várias tigelas de sopa de mariscos e comi metade de um pão francês junto com ele. Eu caí na cama um pouco mais tarde naquela noite exausta, mas acolhedora e cheia. Foi uma grande sensação. Na manhã seguinte, no entanto, não me sentia tão grande, uma vez que ainda estava congelando, e tinha que me forçar para fora da cama aconchegante, mais uma vez. Era sábado, e eu tinha um trabalho a fazer. Bocejei e esfreguei meus olhos turvos, enquanto minha mãe ficava dizendo como tinha coisas para fazer nos fins de semana e também que não envolvia ser meu táxi pessoal, enquanto ela me levava para a loja do tio Bob. Mas mudou de tom, quando de bom grado lembrei que eu poderia ir buscar a minha licença a qualquer momento e dirigir para eu mesma por ai. Então, ela rapidamente concordou em dirigir para mim a cada fim de semana.


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Eu sabia que a coisa da licença funcionaria. Minha mãe parou em frente ao tio Bob com uma parada brusca e me disse que estaria de volta para me pegar às cinco. Eu fui despejada de vez sem a menor cerimônia na porta da frente, e ela partiu. Eu poderia jurar que ouvi os pneus cantarem. Voltando para encarar a loja, empurrei meu caminho por entre as portas de vidro. Os sinos tocaram suavemente em cima de mim enquanto eu chamava o tio Bob. — Aqui atrás — foi sua resposta do fundo, algum lugar de perto da área geral do escritório. — Estou feliz que você veio. Tem certeza que isso vai funcionar para você? Eu sei como vocês garotas querem gastar tempo com seus namorados e namoradas nos fins de semana. Quero dizer, isto é, se você tem um namorado. Você ... você tem um desses? — Eu rolei os olhos enquanto caminhava para encontrar ele lá atrás. Eu estava quase com medo de responder. Só Deus sabia onde isso me levaria. Como eu poderia explicar esse meu relacionamento vai— não vai com Caspian? — Não, tio Bob — Falei de volta. — Não tenho um desses. — Na tarde de quarta—feira me vi sentada de pernas cruzadas sob a ponte, olhando à toa para a água. O natal estava apenas duas semanas de distância, e eu não sabia o que devia dar para Caspian. A trituração de cascalho chamou minha atenção, mas eu não tinha que olhar para cima. Eu sabia quem era. Um segundo depois Caspian se aproximou e sentou ao meu lado, balançando a cabeça em silenciosa saudação. Eu balancei a cabeça de volta. Ele não disse nada, e voltei para a água e os meus pensamentos. Ele tinha um bloco de notas na mão e algo magro e preto na outra, e assisti com o canto do meu olho que ele começou a desenhar em uma das páginas. Franzindo a testa, ele parou de desenhar, balançou a cabeça e esfregou um dedo repetidas vezes sobre a página, causando uma mancha escura que florescia. Ele olhou para ela por mais um momento, então virou para uma página nova, fresca e pôs o seu carvão para funcionar novamente. Eu abandonei todos os pensamentos anteriores e angulei meu corpo para vê—lo mais de perto, agora completamente apanhado em que estava fazendo. Não demorou muito para que uma árvore, depois um rio e, finalmente, a própria água começar a tomar


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forma no papel. Seus dedos magros voaram por toda a página, e vi com assombro como cursos curtos, em negrito fixaram residência ao lado de longos e lisos. Criando uma cena que subia e descia junto, espelhando as suas contrapartes da vida real. Foi bonito de ver. — Como foi o seu primeiro fim de semana no seu novo emprego? — ele me perguntou baixinho, nunca tirando os olhos do papel. Eu não conseguia parar de olhar para suas mãos. Eles estavam se movendo tão rápido, mas ele nunca vacilou. Gostaria de saber se na próxima vez que ele me tocasse, seria com toda a confiança, ou hesitação? — Foi ótimo — disse, tentando forçar o meu pensamento em outro lugar. —Tudo o que fiz até agora foi abrir e classificar todas as mensagens do meu tio, mas ele tinha uma tonelada delas. Este fim de semana vou para configurar um novo sistema de arquivo para ele e lhe mostrar como usar. — Suas mãos se moviam. Sombreando agora. Misturando as bordas de uma linha dura em outra. — Então no fim de semana que vem vou começar a guardar todas as suas faturas e informações de fornecedores e fazer um banco de dados para eles. Ele me disse que, eventualmente, ele quer que eu assuma completamente o escritório da sua empresa. Eu meio que não posso acreditar nisso. — — Eu lhe disse que seria ótimo para ele — ele respondeu. —Então, o seu tio lhe pagará com sorvete? Porque estou totalmente disponível, se ele quiser contratar um segundo funcionário.— Eu bufei. — Não, ele não vai me pagar com sorvete, mas recebo todas as amostras grátis que quero. Uma das vantagens de se trabalhar lá. — Vir-me-ei com um sorriso feliz em sua direção, pegando seus olhos por um breve segundo, quando ele olhou para cima. — E você sabe o que mais é legal? Passei sexta—feira com meu pai, falando sobre algumas coisas. Como a escola e outras coisas, e disse a ele sobre meus planos para a loja. Pega essa: Ele realmente recebeu muito bem, e pensou que era uma ótima idéia. Ele até ofereceu me dar alguma dinheiro para eu começar e terminar meu plano de negocio! — Ele sorriu. — Vê? Eu estava completamente certo. — —Yeah, eu ri. —Yeah, você estava —


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Caspian voltou a desenhar, e voltei para a água. — Você sabe — eu disse baixinho, — É realmente bom estar trabalhando com tio Bob. Kristen e eu tínhamos planejado conseguir um emprego depois da escola este ano juntas, e acho que ela gostaria do fato, de que estou trabalhando lá — . Com o canto do meu olho eu podia vê—lo assentir com a cabeça. Então ele perguntou — Você tem aprendido alguma coisa nova sobre o namorado secreto da Kristen?— Peguei um pequeno punhado de pedras, lentamente, as deslocando de lado a lado em minhas mãos. Os pensamentos inesperados dos diários de Kristen me afligiram, e irritada, eu precisava de algo para me distrair. — Não, não tenho. — Eu reajustei minhas pernas e, em seguida, joguei as pedras na água. — Diga-me o que devo fazer Caspian — disse de repente, desesperadamente. Surpreendendo até a mim mesma. — Eu não sei o que fazer. Não há ninguém para perguntar, nenhuma maneira de ter respostas. Não sei quem esse cara era, ou quão envolvido ele poderia estar com o que aconteceu. E se ele estava lá com ela no rio naquela noite? E se ele pudesse ter salvado ela? E se ele estava lá e ela fez algo estúpido e desesperado? Eu nem tenho certeza se quero saber o que aconteceu mais. — Eu coloquei minhas mãos no chão e me empurrei para cima dos meus pés. — Mas preciso saber Caspian. Preciso saber as respostas para essas perguntas. — Ele se sentou. Trabalhando em sua página. —Caspian? — Ainda sem resposta. Eu agarrei meus dedos enquanto chamava seu nome de novo. — Caspian! Diga-me o que eu devo fazer... por favor. — Ele finalmente olhou para cima. — Eu não acho que você quer que diga isso — ele disse lentamente. Eu esperei impacientemente, com as sobrancelhas levantadas, para que ele continuasse. — Por que não?— Solicitei. — Porque — ele disse, no mesmo tom lento — você não gostará. — — Por favor, me diga — Eu implorei. — Se eu não quisesse o seu conselho, então não teria perguntado. —


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Seus dedos se acalmaram, e ele olhou para mim. Eu podia ver uma tempestade se formando em seus olhos. — Nós temos que fazer isso, Abbey? — ele perguntou ferozmente. — Você realmente quer ir lá? Por que você apenas não deixa ir, e nós vamos fingir que isso nunca aconteceu. Basta voltar para a forma como as coisas eram, antes de falarmos sobre qualquer coisa disso. Eu nunca deveria ter trazido isso. — Ele parou, e parecia que estava ficando irritado.

De onde diabos isso veio? Eu não pensei. As palavras só começaram a voar para fora da minha boca. — Oh, não — disse muito calmamente, estufando a minha raiva. — Vamos lá. Vamos definitivamente ir lá. Sou uma garota grande. Posso lidar com isso. Então me diga o que você acha que devo fazer. Vai lá, me diga — eu aferroei. Com um aceno de cabeça ele colocou o caderno e o pedaço de carvão no chão. — Não quero fazer isso, Abbey. Não quero brigar com você. Diga-me o que falar para fazer com que tudo isso vá embora, e eu falarei. Diga-me o que fazer para tornar isso melhor. — Eu comecei a andar, pensei em usar um buraco no chão. Eu não queria fazer isso, mas algo estava errado comigo. Alguma parte da minha mente perversa tinha o prazer em me torturar. Não havia como voltar atrás agora. — Apenas me diga o que vai dizer. Simples assim e isso tudo vai acabar. — Ele sacudiu a cabeça novamente e soltou um grande suspiro. Seus olhos encontraram os meus se travaram enquanto ele também se levantava. Nós encaramos um ao outro, atraídos pelo calor do momento. Nossa raiva era grande e mortal. Algo que não deveria ter existido entre nós. —Ok, você venceu — ele disse simplesmente. — Você sempre ganhará Abbey. Eu não queria te dizer o que fazer porque acho que você deve apenas deixar ir. Permita que Kristen guarde seus segredos. Todo mundo tem segredos, Abbey, até mesmo você, e alguns precisam ser mais protegidos do que outros. Talvez este seja um desses. Talvez suas perguntas nunca serão respondidas, mas acho que você deveria deixar isso assim. Você está feliz agora? — Seus ombros cederam e ele virou de mim para enfrentar o rio. Eu me senti como se tivesse levado um soco no peito.


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—Deixar ir? Você acha que devo apenas deixar ir? Não posso fazer isso, Caspian. Ela era a minha melhor amiga, tenho o direito de saber. E se esse namorado secreto estava envolvido? Não posso deixar que vá, e você não tem direito de me pedir. — Eu estava respirando rápido agora, raiva que cresceu dentro de mim. E mesmo que disse essas palavras amargas com raiva, eu queria fazer com que elas voltassem. Dizer — Sinto muito — e implorar o seu perdão. Fazê-lo entender que era Kristen, e eu mesma. Eu estava realmente brava. Não com ele. Mas não disse essas coisas, e as palavras feias penduradas entre nós. Eu nunca fui boa em qualquer conversa fiada, nem em desculpas. — Desculpe-me Abbey, mas essa não é sua escolha para fazer — ele disse. —Você não sabe se esse cara é responsável por qualquer uma dessas coisas, e Kristen não está aqui para te contar algo diferente. Eles eram os seus segredos para contar... ou guardar. E ela fez sua escolha. — Minhas mãos tremiam e lutei contra a vontade de chorar. Elas não seriam lágrimas de tristeza, mas lágrimas de raiva e frustração. Eu odiava o fato de que se desistisse, iria me fazer parecer como um bebê chorando. — Então, primeiro você me quer para descobrir por que Kristen foi para o rio, mas depois quando faço, você me diz para ir embora? Pensei que você iria me apoiar nessa, mais acho que pensei errado... — As palavras me faltaram, e eu não sabia o que dizer. — Bem, igual como você foi. Tudo sem apoio.— Eu odiava a concluir de forma tênue, mas eu estava muito surpreendida, muito sobrecarregada, para terminar com eloqüência. Levantei minha mão para impedi—lo de responder. — Você sabe o que? — disse cansada. — Apenas não. Não responda isso. Não me dê sua opinião. Não — vai lá. — Não posso lidar com mais essa agora. Eu tenho que ir. Eu. Eu vejo você mais tarde. — Eu não dei uma chance dele falar, mas vi o olhar triste em seus olhos. Afastei-me, atolei minhas mãos no fundo dos meus bolsos. Uma pequena pedra deve ter sido deixada para trás daquelas quando eu estava jogando, porque enquanto empurrei meus punhos em meu jeans, senti o corte repentino na borda áspera de uma pedra contra a palma da minha mão. Estranhamente, não me importava a dor maçante. Foi uma distração do que eu estava deixando para trás.


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E mais, isso não era nada comparado à dor que estava no meu coração quando eu o ouvi sussurrar — Desculpe-me Astrid — enquanto eu caminhava indo embora.

Capítulo Dezenove

O Presente Perfeito

...Outra fonte para o seu terrível prazer era passar as noites de inverno com as velhas esposas holandesas... com uma fileira de maçãs assando e crepitando na fogueira, e escutar aos seus maravilhosos contos de fantasmas e duendes... — A Lenda de Sleepy Hollow —

Eu chorei para dormir pelos próximos dois dias, e evitei o cemitério e o rio a todo o custo. Senti-me depressiva, terrível, e doente do coração. Entre a nossa mais recente briga e a conversa mais cedo sobre — ir devagar —, as coisas não estavam indo bem entre o Caspian e eu. O fato de já ser quase Natal fazia tudo dez vezes pior. O Tio Bob deve ter percebido o meu humor, porque ele continuou me perguntando se eu estava me sentindo bem enquanto eu montava o sistema de arquivo para ele. Disse para ele que tudo estava ótimo, e me senti ótima, mas não acho que ele acreditou em mim. Não é como se eu pudesse culpá—lo, no entanto. Eu estava retraída e silenciosa, com bolsas roxas * permanentes embaixo dos meus olhos. Não exatamente a garota propaganda de saúde. *olheiras Finalmente não agüentei mais ele me atormentando e saí mais cedo no domingo a


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tarde. Ele insistiu em me pagar por um dia inteiro de trabalho e até me deu um bônus de Natal. Eu só tentei não chorar, e dei um grande abraço nele antes de encontrar a mamãe lá fora. O choro era algo que estava ficando irritante, mas estava acontecendo muito nos últimos dias. Por sorte, consegui manter a choradeira no mínimo. A mamãe me surpreendeu ao parar em um shopping a caminho de casa, dizendo que eu estava desesperadamente necessitando de uma terapia sazonal espontânea de compras. Eu discordava fortemente dela. O último lugar que eu queria estar agora era em um shopping lotado vendo todos aqueles casais felizes andando de mãos dadas dividindo as alegrias do Natal um com o outro. Sim, definitivamente não estava com humor para isso. Mas a mamãe sempre foi ótima em estratégia, e me convenceu com promessas de comida de graça e novos sapatos. Enquanto nós nos empurrávamos pelas portas rotatórias, ela seguiu para a praça de alimentação, e pegou para nós alguns rolos de canela frescos e chocolate quente. Enquanto eu mastigava com vontade, não pude evitar pensar que a mamãe deveria ter sido um general de guerra, ou algo assim. Ela havia perdido totalmente a sua vocação. Não deixando espaço para dúvida, ela me guiou para a loja de sapatos, e, inconscientemente, me encontrei sendo a nova dona do mais lindo par de botas marrons. Droga, ela era boa. Nós andamos por tocadores de sinos, embrulhadores de presentes, e os corais de Natal vestidos com roupas antigas. De tempos em tempos nós parávamos para olhar uma loja, mas a maior parte do tempo só olhávamos. Nós até vimos Papai Noel, e um duende muito alto, e muito entediado, então pensamos duas vezes para parar lá. Depois fomos até a janela de um pet shop, e passamos um bom tempo olhando todos os filhotinhos de gatos, mamãe e eu decidimos nos dividir por um tempo, e fomos a caminhos separados. Eu não levei muito tempo para achar uma nova pasta para ela carregar o notebook


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para o seu presente de Natal, e um jogo eletrônico de perguntas sobre beisebol para o papai. Eu nem tinha idéia do que comprar para os Maxwell, e nada me chamou atenção enquanto continuava a procurar, então decidi esperar e dar ao presente deles um pouco mais de tempo. E quanto ao Caspian... eu ainda não sabia o que fazer a respeito disso. Por um lado, eu nem sabia se ainda estávamos nos falando, e muito menos se éramos namorado—e—namorada. Mas por outro lado, não parecia certo não dar nada para ele de Natal. Eu tinha que ser capaz de encontrar algum tipo de presente para dar a ele. Trotei pelo shopping e terminei em uma loja esportiva, uma loja de eletrônicos, e até uma loja de roupas masculinas no caminho, mas ainda não consegui encontrar nada. Quando comecei a considerar meias enquanto me perguntava se eu podia embrulhá—las para presente, soube que era hora de parar. Arrastando as minhas sacolas de volta para a praça de alimentação, parei para pegar outro chocolate quente antes de encontrar um banco. Por um momento só sentei ali na beirada da multidão e assisti ao aglomerado de pessoas passar enquanto soprava gentilmente a minha bebida. Bem no momento que eu estava dando um gole para provar e olhando o meu celular para ver quanto tempo eu ainda tinha antes de ir encontrar a mamãe, alguém se sentou ao meu lado. Eu me mexi surpresa, e tentei segurar o copo de isopor. Minhas sacolas bateram contra as minhas pernas e me virei, pronta para encher o saco de quem havia sentado ali. A Sra. Maxwell sentava ali, fazendo uma leve careta. — Sinto muito, querida; pensei que você me viu chegando. Eu nunca teria chegado de surpresa se soubesse que você estava com uma bebida quente na mão. — — Não tem problema. — Tentei casualmente dizer, mas a bebida ainda estava no meu aperto. Então dei um gole. —— vocês estão? Não vejo vocês faz um tempo. Você


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conseguiu fazer algumas comprar de Natal? — Notei a falta de sacolas dela e mentalmente me chutei. Ela tinha uma pessoa a menos para fazer compras este ano, e eu provavelmente havia lembrado ela disto. — Hoje foi na maior parte só para olhar vitrines — ela respondeu. — Eu não comprei nada desde que, bem, você sabe. As coisas estão diferentes este ano. — Eu me ocupei com a minha bebida novamente, e nós caímos em um silêncio desconfortável. — Então... você pode acreditar que nós já estamos com neve? Espero que seja um Natal branco este ano. — Era podre falar sobre o tempo, mas infelizmente, era tudo o que eu tinha. — Eu sei — ela disse. — A neve é tão linda. Espero também que seja um Natal branco. Mas só neve, não gelo. Eu odeio gelo. — Tomando um gole lento, olhei ao meu redor, acenando em concordância. Sempre será estranho assim entre nós? A mãe de Kristen havia sido como uma segunda mãe para mim, mas agora era como se fôssemos meras conhecidas. Uma morte podia mudar tantas coisas para tantas pessoas. Era de quebrar o coração. — Vocês vão à festa de Ano Novo no museu? — perguntei, esperando que fosse um território seguro. Ela balançou a cabeça. — Eu acho que não. Nós provavelmente vamos ficar em casa este ano e ficarmos sossegados. É melhor. — Um olhar triste cruzou o seu rosto, e pude notar que ela estava lutando para não chorar. Coloquei o meu copo quase vazio no chão perto de mim e alcancei a mão dela. — Eu sei que este Natal será difícil para vocês. Perder Kristen era como perder um membro, e eu podia especialmente sentir a sua dor. Será difícil para todos nós. — Eu respirei fundo, e prometi naquele momento nunca contar para a mãe da Kristen sobre os diários dela. Ela não precisava disso a preocupando.


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— Mas eu vou ver vocês na nossa casa para o jantar de Natal, certo? Você não pode pular isso. E você sabe que alguém tem que meu ajudar a comer todas aquelas dúzias de biscoitos que a mamãe vai inevitavelmente fazer em um surto de loucura. Você não quer me deixar sozinha nisso, quer? Vou acabar ganhando, tipo, cem quilos, e então definitivamente vou ficar brava com vocês quando for forçada a comprar novas roupas. — Ela riu e apertou a minha mão. — Sua mãe realmente fica em um frenesi de fazer biscoitos todo ano. Eu acho que não seria justo te deixar sozinha naquela tristeza. — Eu soltei uma respiração profunda. — Você entende. Obrigada por ficar com pena de mim e da minha pobre cintura. — Ela riu de novo, e o meu espírito se elevou. Talvez eu possa me livrar de todo essa coisa estranha afinal. Um sorriso em seu rosto era definitivamente uma melhora das lágrimas. — Na mesma hora, o mesmo local, então? — perguntei convidando. Ela acenou, e o sorriso ficou em seu rosto. Era tão bom vê—la feliz. Eu queria a fazer ficar dessa maneira para sempre. — Sabe — eu disse suavemente — se você alguma vez precisar adotar uma filha, mesmo que seja, por, umas duas horas, eu sou toda sua. Você sempre foi como uma segunda mãe para mim, e ficaria honrada de retribuir o favor. — Os olhos dela ficaram embargados com isso, e ela balbuciou. — Obrigada — antes de me dar um abraço trêmulo. — Eu preciso ir querida. Eu disse para o Harold que o encontraria em dez minutos. Se não encontrá—lo a tempo, estaremos presos aqui por horas olhando a loja de eletrônicos. Você sabe como os homens são. — Eu acenei, e ela olhou para mim por mais um minuto, e então se virou e foi embora, rapidamente se tornando uma sombra derretida entre todos os outros clientes. Já que eu tinha mais uns dois minutos para matar, decidi olhar a loja de perfume. A mamãe me encontrou dez minutos depois, cheirando feliz várias amostras. —


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Como você sabia que eu estava aqui? — Eu nem me virei. — Hey, mãe. Você já acabou toda a sua compra? — — Sim, sim — ela disse rapidamente. — Mas precisamos ir agora. Esqueci que tenho que fazer cinqüenta e quatro laços vermelhos para todas as lojas participando do Natal em Hollow. Eu quero voltar para casa e começar isso. — — Eu estou pronta para ir quando você estiver. Você acha que os meus perfumes cheiram melhor que esses? — Eu segurei o tubo de teste. — O meu tem uma fragrância mais forte para eles, e não tem tanto cheiro de álcool depois do cheiro. — Ela se inclinou por uma cheirada rápida e fez um cara. — Sim, o seu cheira melhor. Agora pegue as suas sacolas e vamos. — Eu tampei a amostra e peguei as minhas sacolas antes de me virar para ir embora. A mamãe estava tagarelando sobre o quão feliz estava que somente as lojas da Rua Principal estavam participando e que não era toda a rua, porque então ela teria quinhentos laços para fazer... blá, blá, blá. Eu não estava prestando muita atenção na divagação nela. Estava muito ocupada pensando, como o meu perfume Sleepy Hollow se projetava e como eu podia englobar tudo isso com um tema de festas. Estávamos a dez metros das portas de saída quando um pequeno buraco na parede chamou minha atenção. Era uma livrara chamada Hallowed Words, e a placa na porta dizia que era especializada em livros antigos. Eu parei repentinamente, sacolas voando descontroladamente ao meu redor. A mamãe não notou de primeira, mas então ela se virou quando bateu nas portas da frente sozinha. — Eu preciso fazer uma parada aqui — eu disse rapidamente. — Só demorarei cinco minutos, prometo. — O olhar dela era descrente. — Você teve todo o tempo do mundo mais cedo, Abbey. Porque você não foi naquela hora? Eu disse para você que tenho muito trabalho para fazer esta noite. —


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— Por favor, mãe? Só cinco minutos. Você pode ir esquentando o carro e trazê—lo para perto. Prometo que vou demorar só cinco minutos. — Ela encarou. — É melhor que você esteja na porta quando eu chegar lá. Cinco minutos. — — Tudo bem — falei por sobre o meu ombro, pronta para ir em direção à loja. Eu não sabia se encontraria algo lá, ainda mais em cinco minutos, mas tinha um bom pressentimento. Passando pelas portas de vidro era como voltar no tempo. A loja tinha um cheiro de papel de livro velho, e era bom, respirei profundamente, me perguntando por um momento se eu poderia fazer um perfume que cheirasse como livros velhos, mas então rapidamente segui em frente. Cinco minutos estavam se passando, e percebi que não havia maneira de cinco minutos serem suficientes para passar aqui. Os livros estavam literalmente em todo o lugar. Do piso até o teto, fileira após fileira. Prateleiras de livros estavam alinhadas uma atrás da outra, e cada uma era praticamente gemendo sob o seu peso carregado. Eu estava condenada. Nunca conseguiria sair a tempo. Zanzando pelo primeiro corredor, continuei dizendo a mim mesma que deveria ir embora. Era uma perda de tempo. Mas continuei andando, e o primeiro corredor me guiou para o segundo, que me levou para um terceiro, e então virei a direita. Eu estava tentando virar e desistir, quando me deparei com uma exposição no canto. Lá, em duas prateleiras pequenas de bronze, estavam diversos livros velhos, e o preço estava no centro. Um telescópio antigo. Enquanto eu chegava perto, podia ver que a exposição tinha como tema a astronomia. Minha cabeça começou com uma sensação de zumbido, e senti um pequeno choque correr pela minha espinha enquanto olhava com uma adoração e admiração muda. É isso. Eu encontrei o presente perfeito para o Caspian.


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O telescópio estava em perfeitas condições primitivas. Feito de vidro antiquado e um belo metal antigo parecia como algo achado em um laboratório de um cientista louco. Era perfeito. Eu segurei a minha respiração enquanto o segurava, sentindo a sua superfície pesada e sólida na ponta dos meus dedos, e rezei para que ele tivesse um preço que pudesse pagar. Visões de etiquetas de preço marcando duzentos, trezentos, e até quinhentos dólares continuavam a correr pela minha cabeça, e eu desesperadamente esperei que estivesse errada. Quando a etiqueta revelou um preço de cinquenta dólares reduzido pela metade, e 25 dólares marcados ao lado dela, eu praticamente estourei em um canto e dança. Ah, sim, ele era totalmente meu. Cuidadosamente colocando o meu tesouro embaixo de um braço, me virei para os livros e peguei um que era belamente ilustrado com desenhos de estrelas. Era do começo de 1900, e eu não podia acreditar na minha boa sorte. A etiqueta do preço nessa belezinha eram meros oito dólares, e rapidamente o acrescentei para a minha pilha. Sabendo que o meu tempo já havia se passado há muito tempo, tentei encontrar a frente da loja, e ansiosamente esperei pelo vendedor vir despachar as minhas compras. — Você encontrou o que estava procurando? — ele perguntou enquanto passava lentamente as coisas. — Sim — respondi com um grande sorriso. — Eu encontrei exatamente o que estava procurando. —

CAPÍTULO VINTE


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ESTA TEMPORADA

...Livros foram deixados de lado sem serem recolocados nas prateleiras, mesas foram derrubadas, os bancos jogados, e toda a escola virou uma bagunça uma hora antes do horário habitual, irrompendo como uma legião de jovens diabinhos — A Lenda de Sleepy Hollow —

Uns dois dias antes das férias de Natal, foram brutais, e eu não era a única cansada de estudar para as provas. Uma vez que a aula começava, a atenção se desviava rapidamente do que estava sendo escrito no quadro, para quem estava vestindo o que para o próximo baile de Natal. Era ruim o bastante ver os pôsteres coloridos me encarando em todo lugar com sua alegria detestável, mas isso não era nada comparado a apunhalada de solidão que eu sentia sempre que um fragmento de conversa chegava aos meus ouvidos. — Ah meu Deus, tenho o vestido mais perfeito! É vermelho e branco. — Eu pensei que o tema do baile seria romance no inverno na terra das maravilhas? Não. — Eu ouvi dizer que eles vão fazer nevar... — Eu ligava que haveria delicados pingentes e montes de neve fofa falsa cobrindo


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tudo? Não. — Você pode acreditar que vai ter corridas de trenó... — Eu ligava que haveria uma carroça puxada por cavalos disponíveis para que você pudesse dar um passeio romântico do lado de fora com o seu acompanhante? Não. Eu queria ir nesse estúpido baile? Sim. Desesperadamente. Não era realmente justo. Eu tinha um namorado agora. Claro, não estávamos exatamente nos vendo nesse momento, mas eu supostamente deveria ser uma daquelas garotas decidindo que vestido usaria no baile. Não parada do lado de fora olhando para dentro. Uma pontada de culpa me atingiu, quando percebi que somente dois meses atrás eu não havia ido ao baile porque Kristen nunca poderia ter a chance de ir. Sentindo-me como uma melhor amiga terrível, eu prontamente bani todos os pensamentos sobre o baile para o fundo da minha mente, e jurei não pensar nisso novamente. O último sinal tocou ruidosamente acima das nossas cabeças, e me arrancou dos meus pensamentos. As portas se abriram repentinamente ao longo do carredor, enquanto as vozes preenchiam o ar. A maioria dos estudantes nem paravam nos seus armários. Eles tinham duas semanas de liberdade a frente deles, e eles queriam sair. Eu não podia culpá—los.


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Sozinha no corredor vazio, joguei minha bolsa de livros no chão e deixei o zíper bem aberto. A porta do meu armário bateu na porta ao lado, mas eu não liguei. Peguei o meu livro de Literatura Inglesa e o joguei para dentro. Estúpido baile de Natal. O meu livro de álgebra foi o próximo. Estúpidos pingentes e neve falsa. E então o de ciências. E o cavalo provavelmente vai cagar em todo o lugar. Os baques maçantes eram estranhamente satisfatórios, e joguei os últimos dois livros com veemência. Eu estava completamente sem munição agora, e meu armário parecia vazio e desamparado. E então olhei para baixo e vi dezenas de papéis de chiclete, bolas amassadas de papel de caderno, e lápis mastigados espalhados no fundo. Hora para uma limpeza rápida. Tirando vantagem do corredor vazio, arrastei a lata de lixo mais próxima. Era feita de um metal monstruosamente velho e bem barulhento e fez um terrível barulho estridente. Lutei e puxei e praticamente implorei com a coisa para ela cooperar comigo, mesmo que só um pouco. Felizmente, escolheu cooperar, e metade da batalha havia acabado uma vez que o estacionei ao lado do meu armário. Eu comecei a arremessar os papéis de chiclete, anotações de aula esquecidas do último semestre, uma prova antiga de ciência que eu havia procurado em todo lugar, uma


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mão cheia de lápis maltrapilhos, uma foto minha e da Kristen. A foto caiu antes que eu tivesse a chance de reconhecê—la, e então era tarde demais. Enquanto eu encarava a pilha grande lixo nojento, eu sabia. Não podia deixá—la lá. A foto havia sido tirada ano passado em uma viagem da escola, e era a única cópia que eu tinha. Primeiro tentei alcançar com o braço, ficando cuidadosamente longe dos lados nojentos. Mas não alcancei. Eu era uns quinze centímetros mais baixa. Desejei que alguém alto ainda estivesse por aqui que pudesse aparecer de repente e pegá—la para mim, mas uma olhada rápida pelo corredor me disse que havia zero chance de isso acontecer. Eu estava sozinha e dependia só de mim. Então eu tentei... Segurando a minha respiração, e colocando um pedaço de papel como uma barreira entre a minha camiseta e a lata, me lancei com toda a vontade. Não havia muita luz uma vez que entrei, então eu estava tentando achar cegamente até sentir a foto. Também consegui de alguma forma agarrar uma meia barra de chocolate comido enquanto estava fazendo isso, mas rapidamente larguei aquilo e me arrastei para fora de lá. Eu me ergui e saí da lata de lixo, tentando tirar meu cabelo para fora do caminho. E então voltei um passo, com a foto segura nas mãos, e prontamente dei de cara com alguém. Não era exatamente uma das minhas melhores horas. Eu me virei lentamente. Os olhos risonhos do Ben entrou em foco, e ele tinha um olhar estranho em seu rosto, como se ele estivesse segurando uma fungada e uma risada ao mesmo tempo. Ergui minha cabeça enquanto as minhas bochechas ficavam vermelhas. —


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Não é o que você pensa. Eu deixei cair algo acidentalmente lá e tive que tirar. Essa era a única forma. — Ele balançou a cabeça e ainda tinha aquele olhar estranho em seu rosto. Somente com o meu insistente — Vá em frente — que ele dobrou e explodiu em gargalhadas. Mas pelo menos não durou muito. — Desculpa, Abbey — ele disse, limpando as lágrimas. — Sério, eu não quis rir de você. Era só uma visão engraçada. Pensei que talvez você estivesse indo atrás de um sanduíche lá ou algo. — Ele me deu um sorriso bobo, e sorri de volta. Era infeccioso. Eu me inclinei cotra o meu armário e apoiei meu quadril para dar suporte, abandonando todas as tentativas de parecer legal. O que possivelmente pode ter feito o Ben escolher este momento para me encontrar? Ele me deu um sorriso grave e olhei para meu armário nervosamente. — Então, como as coisas estão andando com você, Abbey? — Por um momento, me bateu um deja vu. Já não tinham me perguntado isso antes? — As coisas estão bem — respondi, depois que a sensação passou. — E você? — — Bem... Elas estão boas para mim também — ele disse. — Eu comecei a sair com a Amanda Reynolds. Nós estamos saindo a mais ou menos um mês por aí. — Amanda Reynolds. O nome fez cócegos no fundo do meu cérebro, mas não conseguia lembrar dela. —Desculpa, acho que não conheço ela. — Ele olhou de volta para o armário e então para baixo para a lata de lixo. — Nós, uh, fomos ao baile juntos. —


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Mes lábios fizeram o som antes que eu pudesse pensar. — Oooooooh. — Vestido amarelo. Da noite do baile. Aquela que disse que eu era uma biscate. — Não é como se fosse sério nem nada disso. — Ele deu de ombros. — Mas quem quer ficar sozinho no Natal? — Eu acenei minha cabeça lentamente. Sim, quem quer ficar sozinho no Natal? Ele me olhou nos olhos por um segundo e hesitou, quase como se ele estivesse esperando que eu fosse dizer algo. Permaneci em silêncio, e ele continuou. — Então, de qualquer forma, como estão as coisas entre você e qual é o nome dele? — — Caspian — eu respondi. — O nome dele é Caspian. E as coisas estão bem, eu acho. Nós estamos tentando resolver algumas coisas. Mas está tudo bem. — Ele acenou, e nós dois ficamos lá parados em um silêncio desconfortável. Ben foi que quebrou o beco sem saída. — Aqui. — Ele puxou algo de seu bolso traseiro. — Isso é para você. — Ele tirou um envelope vermelho, e eu olhei para ele surpresa. — É só um cartão de Natal — ele disse, respondendo a minha pergunta silenciosa. — Não é grande coisa. Só, sabe, porque é essa temporada e tal. — Eu olhei novamente para o cartão, muda. Ele havia comprado um cartão de Natal para mim? Eu não havia ganhado um de ninguém mais. Era uma tradição do colegial que você trocasse cartões de Natal com todos os seus amigos a cada ano, mas desde que a Kristen e eu somente éramos amigas uma da outra, isso deixou a nossa lista de cartões bem curta. — Eu não sei o que dizer. — Era verdade, eu realmente não sabia. Ainda não havia pegado o cartão.


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— Não diga nada. Só pegue o cartão. — Ele segurou o cartão mais perto de mim, e o peguei, pateticamente agradecida. — Obrigada, Ben. Isso significa muito para mim. — Vendo que a foto que eu havia sofrido tanto para resgatar do lixo ainda estava na minha mão, eu a lancei para ele. —Eu quero que você fique com isto.— Ele tentou protestar no começo, mas não desisti. Finalmente ele a aceitou. Eu não perdi o fato de que ele havia tocado o rosto sorridente da Kristen antes de ele enfiar a foto no bolso dele. Abaixando a cabeça, ele ficou tímido. —Eu tenho que ir. Se cuide, Abbey, e Feliz Natal.— —Sim, para você também,— falei para ele enquanto se virava e começava a voltar. —Boas festas.— Eu esperei e não abri o envelope do Ben até que comecei a ir para casa. Havia apenas um cartão genérico de Boas Festas dentro, assinado com o nome dele, mas realmente significava algo para mim. Senti-me terrível que não havia dado um para ele, mas era muito tarde agora. Se eu desse um para ele quando nós voltássemos para a escola, pareceria como alguém que obviamente estava devolvendo um favor. Oh, bem. Pelo menos há o ano que vem. Quando finalmente cheguei em casa, suspirei de alívio enquanto tirava a bolsa com os livros dos meus ombros doloridos e deixava—a cair no chão em um arremesso sem descuidado. Eu nem liguei que a mamãe pudesse gritar comigo depois por deixar a bolsa no meio do corredor. Só não importava.


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Andei em direção a cozinha e comecei a movimentar para pegar algum salgadinho antes de seguir para o meu quarto. Depois de ligar o computador, descansei minha cabeça nas mãos enquanto esperava ele iniciar. Eu estava tão cansada. Exaustão era uma constante companhia minha. O computador ligou, bipou e zuniu, e quando todos os barulhos pararam, eu sabia que estava pronto para funcionar. Loguei a internet e levei o meu tempo checando os e— mails. E então naveguei por alguns sites de compras familiares. A maioria deles estava oferecendo GRÁTIS! TRANSPORTE RELÂMPAGO! Para as festas, e mais uma vez minha mente virou para os presentes. Mentalmente conferia a lista na minha cabeça de quem eu já havia comprado, e isso me deixava apenas com o Sr. E a Sra. Maxwell. Ainda incerta do que comprar para eles, digitei ‗presentes raros‘ na caixa da ferramenta de pesquisa. Dentro de segundos dezenas de listas apareceram na minha tela. Eu estava insatisfeita com todos eles até que finalmente encontrei um site anunciando para dar nome a uma estrela. Dez minutos depois eu estava convencida. Dar o nome de Kristen a uma estrela seria o presente perfeito. Os Maxwells iriam amar isso. Rapidamente cliquei o meu caminho até despachar, descontente com o fato de que GRÁTIS! TRANSPORTE RELÂMPAGO! Não era oferecido neste site, e para que eu conseguisse pegar o meu certificado de aviso a tempo para o Natal, iria me custar trinta dólares extra. Mas eu o escolhi de qualquer jeito, já que era Natal e tal, e o Tio Bob tinha me dado um bonus. Enquanto digitava de memória o número de cartão de crédito da mamãe, me lembrei severamente de dar o dinheiro para ela depois. Pensamentos sobre o Tio Bob me lembraram o fato de que eu havia esquecido completamente de comprar um presente para ele, então comecei a clicar o meu caminho por mais sites. Era ainda mais difícil encontrar algo para ele, e uns momentos depois


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desliguei o computador, frustrada pra caramba. Quando fazer compras havia se tornado tão difícil? Eu empurrei minha cadeira e me levantei, andando até o assento da janela. Lá fora, a neve clara estava caindo, e a cena congelada era linda e calma. Dentro, no entanto, eu não sentia nada a não ser preocupação e a ansiedade. Eu queria desesperadamente ir ao cemitério encontrar o Caspian. Decidindo que distração estava em ordem, agarrei meu casaco e me dirigi escada abaixo. Para manter minha mente distraída, desta vez iria na dierção oposta do cemitério. Rua Principal. E talvez até poderia encontrar algo para o Tio Bob enquanto estivesse lá. Lembrei-me das luvas desta vez, e rapidamente as coloquei enquanto eu andava. Dentro de minutos a primeira loja entrou no caminho, Era absolutamente linda, e parei para admirar a decoração. Lacinhos vermelhos e guirlandas verdes acentuadas por bolas de vidro prateadas penduradas do lado de fora da loja, enquanto cordas de pipoca e cintilantes luzes brancas cobriam a parte de dentro. Olhando ao meu redor, notei que essa não era a única frente decorada. Os vizinhos haviam realmente caprichado. Trotei lentamente, observando o grande laço vermelho em cada vitrine de cada janela. Aquilo era certamente trabalho da mamãe. Ela havia criado o perfeito laço claro, e definitivamente adicionava o toque certo. Até mesmo as esquinas das ruas haviam sido decoradas, e uma lâmpada de gás antiga estava colocada em cada esquina. As chamas dançantes piscando por trás da máscara de vidro cobertos cruamente iluminando os flocos de neve que caíam sem parar. Era um espetáculo para ver, e rapidamente me senti como se estivesse sido transportada de volta no tempo. A próxima janela que passei estava sem enfeites e vazia, mas eu parei. Era a minha


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loja. Ou minha futura loja, de qualquer forma. Estiquei uma mão e amorosamente corri meu dedo sobre o vidro sujo. A moldura pintada de madeira estava lascada e descascando, mas não liguei. Estava esperando por mim. Isso seria o meu bebê um dia. Eu sonhava acordada sobre como a montaria. Talvez pudesse usar uma banheira velha garra—pé e armários diferentes para mostrar as minhas mercadorias. Eu podia ter uma seção de leitura, com uma biblioteca de livros antigos, com todos os trabalhos de Washington Irving. Ou talvez haveria mesas antigas, e garrafas boticário. Uma loja com o tipo de beleza a moda antiga. As possibilidades eram infinitas. Meus pensamentos viajavam, mas relutantemente me afastei da janela. Eu não tinha muito tempo restando antes que todas as lojas começassem a fechar, e eu veria o Tio Bob amanhã. Eu precisava encontrar um presente para ele, e precisava encontrar rápido. Uma pequena loja de flores rendeu—me o presente perfeito para o Tio Bob, e ele ficou emocionado com a caneca de melhor chefe do mundo que dei para ele no trabalho, no sábado. Ele fez questão de trazê—la cada vez que ele vinha falar comigo, segurando—a até que eu visse que ele estava com ela. Eu não consegui trabalhar quase nada. No domingo ele parecia satisfeito em deixar a caneca em sua mesa, e finalmente consegui começar um novo projeto. Quando foi a hora da mamãe vir me buscar naquela noite, lembrei ao Tio Bob que o veria em duas semanas, e ele disse de novo que ele estava muito agradecido pela caneca. Eu corri para fora de lá antes que ele tivesse a chance de ir pegá—la novamente. Eu estava finalmente livre para as festas de fim de ano e pronta para o relaxamento começar.


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Pelos próximos três dias dormi até o meia dia, fiz dezenas e dezenas de biscoitos com a mamãe, e bebi litros de chocolate quente. Era completamente tranquilizante. A véspera de Natal veio antes que eu percebesse, e passei grande parte da manhã ajudando a mamãe a encaixotar os biscoitos para todos os membros da nossa extensa família. O que provavelmente explicava porque mamãe sempre virava uma cozinheira maluca todo ano. Nós tínhamos muitos parentes. Depois que nós terminamos de empacotar os últimos, fui para o meu quarto embrulhar alguns presentes sozinha. O certificado dê—nome—a—uma—estrela havia chegado bem a tempo, e estava animadíssima de ver que veio em uma linda moldura preta. Eu adicionei um papel de presente e um laço vermelho e o terminei a tempo. O próximo eram os presentes do papai e da mamãe e eles também não foram demorados para embrulhar. Eu mergulhei profundamente no meu lado criativo para achar uma maneira única de embrulhar os presentes do Caspian. Depois de encontrar um papel de presente azul escuro, e adicionar pequenos adesivos em formato de estrela estrategicamente posicionados, desenhei alguns formatos circulares com uma caneta cinza. O resultado foi perfeito. Tentando encontrar uma caneta vermelha para escrever o nome dele, procurei dentro da minha caixa de suprimentos de perfume. Parei por um minuto quando meus olhos pararam em uma amostra que havia feito para a Kristen. Tirando a tampa da garrafa de vidro azul, derramei um pouco no meu provador e adicionei—o a pilha de presentes. Eu não podia esquecer a minha melhor amiga. Quando a tarefa estava completa, e encontrei a caneta vermelha, meus


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pensamentos vaguearam de volta para o cemitério. Lutei com a decisão de ir ou não lá, enquanto distraidamente escrevia os nomes em cada presente. Era Natal, afinal de contas. E não importava realmente quem disse o que, contanto que tudo estivesse bem entre nós. Indecisão me fez morder meu lábio de preocupação, então decidi me distrair com mais biscoitos. Biscoitos sempre funcionaram antes, e espero, eles não me desapontariam agora. Desci as escadas para a cozinha e me joguei no processo de fazer outra fornada, mas logo que eu percebi que estar com o braço inteiro em massa de biscoito dava a minha mente tempo suficiente para imaginar e me preocupar. Extremamente desgostosa comigo mesma, e me sentindo extremamente deprimida, desisti dos biscoitos, coloquei a massa na geladeira, e marchei de volta para o meu quarto para pensar no que eu deveria fazer. E então a desculpa perfeita me bateu. Presentes para Nikolas e Katy. Eu sabia instintivamente o que a Katy iria gostar, e procurei nos meus perfumes, procurando impacientemente por uma fragrância que não havia utilizado antes. Encontrei uma mistura mais antiga, e depois olhei rapidamente na descrição do rótulo, destravei a tampa e aspirei profundamente. A fragrância, com toques de violeta e madressilva, estava estocada por mais de um ano e havia envelhecido muito bem. Era quase um cheiro à moda antiga, e eu sabia de cara que era o presente perfeito para dar a ela. E então sentei e ponderei sobre o que dar ao Nikolas. Eu não estava completamente certa que ele gostaria de ganhar um perfume de presente de Natal. E mais, não queria que ele tivesse a ideia errada e achar que eu estava dando um dica que ele precisava de um cheiro novo. O odor de biscoitos frescos ainda permaneciam no ar, e me distraiu enquanto o sentia apreciativamente.


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A inspiração me bateu de novo, e segui para o andar de baixo. Da mesma forma que eu sabia que a Katy amaria o perfume, sabia que o Nikolas amaria biscoitos recém assados. Escolhi da seleção de pão de gengibre, snickerdoodle*, biscoitos Russian thumprint* que a mamãe e eu havíamos feito mais cedo. Coloquei-os dentro de uma lata redonda brilhante e colorida. Quando ficou cheia, fechei a tampa e adicionei um laço.

*Os snickerdoodles são biscoitos que antes de assados são envolvidos em uma mistura de açúcar e canela. *http://cocoa—heaven.com/wp—content/uploads/2010/05/dark—chocolate— almond—thumbprint—cookies.jpg

Era hora de virar Papai Noel.

Naveguei pelas ruas cuidadosamente, tentando evitar qualquer pedaço de gelo escondido. A neve ainda estava caindo, e uma camada fina se prendia molhada no chão. Eu escorregava e deslizava uma hora ou outra, mas consegui com sucesso não derrubar minha bolsa de presentes ao longo do caminho. Não levei muito tempo para cruzar a cidade, e a casa dos Maxwells entrou na vista. Pisei cuidadosamente nas escadas estreitas e bati meus pés uma vez quando cheguei na entrada. Sempre houve uma pequena abertura na cortina branca que cobriam a janela da frente que davam de cara ao alpendre, e olhei para dentro enquanto colocava a minha bolsa em um local seco.


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Ambos os Maxwells estavam sentados no pequeno sofá, e eles pareciam estar em uma conversa intensa. Assisti enquanto o Sr. Maxwell gesticulava selvagemente com as mãos enquanto a Sra. Maxwell balançava a cabeça. Quando olhei mais de perto, pude ver que os olhos dela estavam vermelhos, e tinha um lenço todo amassado na mão. Obviamente essa não era a melhor hora para interromper. Silenciosamente procurei na minha bolsa de presentes e retirei o presente deles. Afofando as beiradas do laço levemente amassado, olhei em volta e procurei pelo lugar mais seguro para colocá—lo. A moldura da porta chamou a minha atenção. Era larga, profunda, e seca. Eu encravei o presente, para que ele ficasse apoiado em um ângulo, e o reajustei uma vez ou duas vezes antes de bater suavemente na porta. Mesmo se eles não respondessem na hora, eu sabia que eles o encontrariam mais cedo ou mais tarde. Pegando minha bolsa e dando uma última olhada por sobre o ombro, rastejei para fora do alpendre e segui em direção ao cemitério. Para o meu próximo destino. Puxei meu casaco mais apertado a minha volta enquanto andava, sentindo a picada da neve. Eu não tinha percebido quanta diferença fazia ficar debaixo de um alpendre coberto por aqueles dois minutos. Estava congelando aqui fora. Ao invés de retornar, no entanto, continuei marchando, segurando minha bolsa apertada. Quando cheguei aos portões largos do cemitério, aumentei o passo. Eu ainda tinha uma boa caminhada a minha frente, e o tempo estava ficando pior. Pegando o caminho principal, passei pelo local da tumba do Irving e fui mais para frente para o outro lado do cemitério. A rota ainda estava fresca na minha mente, e segui o percurso cheio de curvas, fazendo diversas viradas quando precisei. Com a respiração gelada de inverno no ar, a floresta ao meu redor era cinza e ameaçadora. Não havia nenhum pássaro desta vez, e a maior parte das plantas haviam


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secado. Tudo parecia tão estéril e vazio, era uma grande diferença da última vez que eu havia estado aqui. Virei meus olhos para frente, continuando pelo caminho a minha frente. Não podia me dar ao luxo de parar agora. Presa em uma tempestade de neve não era um lugar que eu queria estar. Localizando uma grande chaminé de pedra, corri o resto do caminho e bati fortemente quando cheguei a porta da frente. Ela se abriu imediatamente, e Nikolas estava parado lá parecendo preocupado, com a Katy ao seu lado. Os seus olhos se acenderam quando ele viu que era eu, e eles tentaram me chamar para entrar, mas ergui uma mão. — Eu não posso ficar por muito tempo. Só queria desejar aos senhores um Feliz Natal e dar para os senhores isso. — Tirei os presentes da minha bolsa e lancei na mão deles. Um grande sorriso apareceu no rosto de Nikolas enquanto ele passava o perfume para a Katy. Ela segurou o frasco para cima para a luz fraca atrás dela e o examinou ansiosamente. — É perfume — eu expliquei. — Lembram que contei que eu fazia perfume? Esta fragrância é para a senhora, Katy. É só abrir a tampa e segurar o seu dedo em cima enquanto a vira de cabeça para baixo. É dessa forma que você tira pouco. — Ela destravou a tampa e fez como instruí, e então segurou o seu dedo para o nariz para cheirar. — É maravilhoso! — ela exclamou, um olhar de puro prazer em seu rosto. — Eu sinto cheiro de madressilva e violetas selvagens. Duas das minhas coisas favoritas. Você tem um talento e tanto, Abbey. Muito obrigada pelo meu lindo presente. — Eu acenei, impressionada pela habilidade dela de distinguir os cheiros


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individualmente. Nikolas rapidamente virou sua atenção para o presente dele, abrindo espalhafatosamente a tampa da lata. Katy e eu rimos da expressão de alegria em seu rosto quando ele viu o que estava dentro. — Biscoitos! Você, por um acaso, fez algum desses, Abbey? — Eu acenei novamente, respondendo a sua questão. — Sim, ajudei a fazê—los. — — Eles parecem deliciosos. Obrigado, Abbey. Significa ainda mais para mim que você gastou seu tempo e atenção neles. — Eu corei, vencida pelos seus elogios. — Não foi nada. Sério. Vocês dois foram tão legais comigo que só queria dar a vocês uma pequena lembrança do meu agradecimento. — — Por que você não entra e se esquenta um pouco? — Sugeriu Katy. — Eu vou fazer um chá para nós. — Eu balancei minha cabeça lamentosamente. — Eu adoraria, mas não posso. Tenho mais uma parada para fazer, e então tenho que ir para casa para o jantar. Na verdade, é melhor eu já ir. — Katy se inclinou para frente para me dar um abraço rápido. — Tudo bem, querida. Mas venha nos ver de novo para uma visita depois do natal, ok? Nós temos muito que falar. — — Tudo bem. — Nikolas deu um passo para frente para me dar um abraço de lado, e me perdi por um momento em uma memória do meu avô e os abraços de urso dele. Eu apertei bem o Nikolas, desejando até enquanto o soltava que ele fosse o meu avô. Isso seria um bom presente de natal.


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Katy desapareceu por um minuto e então retornou. Ela tinha um pequeno embrulho nas mãos. — Eu quase esqueci. Isso é para você, querida. Nós não tínhamos certeza quando nós te veríamos novamente, então nós estivemos guardando—o. Feliz Natal. — Aceitei o embrulho que ela segurava e o enfiei seguramente na minha bolsa. — Obrigada. Obrigada aos dois. E Feliz Natal para os senhores também. Eu definitivamente vou voltar para vê—los depois do Natal. Guarde um pouco de chá de menta para mim. — Eles riram e acenei enquanto começava o percurso que saía da casa deles. Joguei um último sorriso sobre o meu ombro e gritei — Feliz Natal para todos, e para todos boa noite!— mas o vento cortou minhas palavras e as espalhou nas árvores ao meu redor. Olhando para cima para o céu escurecido infinito, me enfiei dentro do casaco, e parti para encontrar meu caminho de volta ao cemitério. Eu estava quase sem tempo. Quando finalmente voltei a trilha, a segui até chegar a uma tumba conhecida, e parei de repente, golpeada novamente pelo memória viva que a minha melhor amiga estava morta. Eu agarrei o frasco de perfume da Kristen, e então derrubei minha bolsa no chão. Destampando o frasco, o segurei com cuidado, tentando não derramar nada. E então o carreguei e me ajoelhei diretamente em frente à tumba. Limpei um pouco de neve capturada nas letras gravadas esculpidas na superfície antes de falar. — Hei, Kris, Feliz Véspera de Natal. Eu te trouxe um presente. — Jogando perfume no chão congelado, o assisti lentamente devorar uma fina camada de neve e gelo. A fragrância de toranja, gengibre, e baunilha subiu até mim. — Tenho que ir agora


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— mas queria que você soubesse que sua mãe e seu pai não estarão sozinhos no Natal. Eles concordaram em vir jantar. Oh, eu já dei o presentes deles. Consegui uma estrela com o teu nome. — Eu enfiei o agora vazio frasco perto de algumas flores falsas no pé da tumba e então me levantei. — Tchau, Kristen. Vejo você amanhã. Não vou esquecer nossa tradição. — O vento rugiu novamente, e me virei, me abaixando para pegar bolsa enquanto ia embora. O caminho mais rápido para fora do cemitério era passar pelo lote da família Irving, então escolhi aquele caminho, dando uma olhadinha enquanto passava. Percebi imediatamente que o portão de metal estava aberto, e com uma pedra encravada no meio para mantê—lo no lugar. Subi as escadas, intrigada por saber quem havia deixado o portão daquela maneira. Uma investigada rápida na área próxima revelou que não havia sido feito com a intenção de vandalizar as sepulturas. Nada havia sido mexido. Ao invés disse, parecia que havia sido feito para mim... Uma caixa, longa e reta, estava escorada ao lado da sepultura de Washington Irving, e o meu nome estava rabiscado grossamente nela. Ou melhor, como fui perceber quando me aproximei, o meu apelido estava rabiscado nela. Uma pontada agridoce atingiu meu coração enquanto olhava ao meu redor. O pacote definitivamente não estava aqui quando passei por aqui mais cedo. Deve ter sido deixado enquanto estava no chalé. Aparentemente o donatário havia decidido não permanecer por perto, no entanto, porque ele não estava em nenhum lugar a vista.


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Pegando—a, tirei um pouco de neve e a segurei reverentemente. As palavras não abra até o NATAL estavam escritas em letras grandes embaixo do nome Astrid, com vários pontos de exclamação firmes. Eu sorri e olhei ao redor novamente antes de retirar o presente do Caspian da minha bolsa. Desenrolando o cachecol preto do meu pescoço, eu o usei como uma camada extra de proteção para a pequena pilha de Caspian. Não tinha ideia de quanto tempo demoraria até ele os encontrar, mas esperava que eles não ficassem muito molhados. Colocando—os exatamente no mesmo lugar que ele havia colocado o meu, beijei uma ponta do dedo e toquei a pilha. Se eu não conseguisse vê—lo nenhuma vez no Natal, então isso seria a minha mensagem silenciosa para ele. A neve gelada começou a se acumular rapidamente no meu pescoço nu e rapidamente me lembrei de onde eu estava, então enfiei o presente dele na minha bolsa, e dei um passo para longe da sepultura. — Feliz Natal, Caspian — sussurrei para o vento. — Eu amo você. —

Falta 21,22,23,24,25+epilogo

Capítulo Vinte e Um


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Uma tradição

Se alguma vez eu tivesse que desejar ir para um retiro, aonde eu pudesse roubar o mundo de suas distrações... Eu sei que nenhum mais promissor do que este vale pouco. - ‗A Lenda Sleepy Hollow.‘

A neve foi uma companheira gelada enquanto eu fazia meu caminho de volta para casa. O jantar foi carne guisada com pão recém assado, e cheirava divinamente. Mamãe e papai pareciam estar tão distraídos quanto eu, e nós nos movemos um por um para dentro da cozinha, onde nós enchemos uma caneca de sopa e então perambulamos até nossos cantinhos. Era obviamente uma noite de Buffet. Eu carreguei o meu jantar e a minha recompensa até o meu quarto, ansiosa para olhar os meus presentes. O guisado ainda estava muito quente, então eu o coloquei na mesa e coloquei a sacola de presentes na minha cama. Eu tirei a jaqueta molhada que eu ainda estava vestindo, a pendurando na parte de trás da minha porta, e chutei meus tênis encharcados para fora. Depois de encontrar uma calça de moletom e uma camiseta de manga comprida, eu estava seca novamente e rapidamente me acomodei. Pegando o presente do Caspian, e então um do Nikolas e da Katy, eu os coloquei lado a lado e afundei na cama para olhá-los. O do Caspian era difícil de investigar porque tudo o que eu podia ver pelo lado de fora era só uma caixa marrom comum. O aviso de esperar até o Natal pesava na minha consciência, e eu olhei para o relógio. Quatro horas e meia a mais até a meia noite...


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Tecnicamente, se eu esperasse até lá, seria manhã de Natal e eu poderia abri-lo sem violar as regras. Era uma pequena tecnicalidade, mas funcionava para mim. Eu empurrei o presente do Caspian para o lado e me distrai com o pacote do Nicolas e da Katy. Pelo menos eu podia abrir um presente cedo. O pacote no final resultou em algum tipo de cobertura acolchoada longa e vermelha, e uma vez que eu comecei a desenrolá-lo, o pacote dentro foi ficando menor e menor. Uma xícara de porcelana linda foi revelada quando eu puxei o último pedaço do tecido. Era pequeno e delicado, com borda de pregas e uma asa, com a boda folheada a ouro. Pequenas rosas estavam espalhadas pela superfície, e parecia como se cada tivesse sido pintada a mão. Eu a peguei e a admirei de cada ângulo. Parecia haver algo enfiado dentro da xícara, então eu a virei em cima da cama. Uma pequena porção de material vermelho, um pedaço de madeira, e uma folha de papel foram despejadas para fora. Eu examinei o papel primeiro, sorrindo animada quando eu vi uma receita para o chá de menta que estava escrito a mão nele. Tocou o meu coração que eles se dedicaram tanto nesse presente. Eles não poderiam ter escolhido nada mais perfeito para mim. O pequeno pedaço de tecido foi o próximo, e eu o segurei e o estiquei um pouco. Eu pude dizer imediatamente que era um par de luvas vermelhas tricotadas, e eu me virei de volta para o pedaço mais longo de tecido, tardiamente percebendo que era um cachecol combinando. Eles eram adoráveis, e haviam sido feitos na minha cor favorita. Katy era uma boa palpiteira. Eu vesti as luvas e o cachecol e alcancei o pedaço de madeira. Cabia na palma da minha mão e era uma réplica exata da placa nos portões de ferro que dizia CEMITÉRIO DE SLEEPY HOLLOW. Os detalhes eram incríveis. Obviamente foi feito a mão, cada letra era grossa, e se


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destacava com um fundo ensombrado. A palavra ‗Cuidadores‘ havia sido gravada na parte de trás. Eu podia dizer que o Nikolas havia passando muitas horas trabalhando nela. Tocada novamente pela gentileza e generosidade deles, eu me lembrei de passar por lá para vê-los logo eu pudesse. Talvez eu até pudesse levar mais biscoitos comigo. Levantando-me da cama, eu coloquei a xícara e a gravura de madeira na minha mesa, e então alcancei o guisado. Era um pouco estranho estando de luvas, mas naquele ponto eu não ligava de verdade. Exaustão estava tomando conta, e eu só queria comer o jantar tão rápido quanto eu pudesse. Depois de terminar as duas últimas mordidas, eu coloquei a caneca vazia na mesa novamente e fui deitar perto dos presentes do Caspian. O meu estômago estava agradavelmente cheio, e eu senti a sonolência me bater como um martelo. Estaria tudo bem se eu tirasse uma pequena soneca. Até por que, eu tinha quase quatro horas para matar...

Quando eu acordei, o relógio estava piscando 12:48 e eu estava perigosamente perto de rolar em cima da caixa que o Caspian havia me deixado. Eu me sentei grogue e puxei um cobertor a mais ao redor dos meus ombros antes de tirar as luvas que eu ainda estava vestindo. Olhando para o relógio novamente, eu levantei a caixa de papelão. A hora finalmente havia chegado. Um sentimento de nervoso chegou ao meu estômago, mas eu o dispensei e rasguei um dos lados da caixa para abri-la. Um caderno espiral fino e um pequeno pacote embrulhado com um papel vermelho estavam dentro, e eu tirei o pequeno pacote primeiro. Era similar no tamanho e no formato do tecido vermelho que o meu colar havia sido embrulhado antes, e eu decidi abrir este primeiro. Enquanto eu rasgava o papel em uma longa tira, outro colar foi


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revelado. Eu o olhei, abismada, e o segurei contra a luz. Feito da mesma maneira que o outro, o pingente possuía um desenho de um Cavaleiro sem Cabeça de um lado e uma grande abóbora laranja do outro. O Cavaleiro era feito com uma risca negra e grossa de carvão, lindo e dramático, enquanto a abóbora estava totalmente colorida e sombreada. Parecia que havia sido arrancado de uma plantação de abóbora próxima. Ambos os desenhos eram perfeitos, e completamente vivos. Dizer que eu estava meramente feliz com ele seria um grande desserviço. Era uma representação perfeita da lenda que eu amava. Eu não podia acreditar que ele havia feito outro colar para mim. Pulando para fora da cama, eu corri para colocar o colar. Eu me virei de um lado para o outro para olhar no espelho, me maravilhando com sua beleza. Então eu me lembrei do caderno. Eu corri de volta à cama para retornar a minha atenção para ele, e inclinei a caixa. O caderno deslizou dela, fazendo um ruído quando bateu nas cobertas. Um desenho de um lápis estava na capa, mas a parte de trás era feita de papelão. Eu o abri, e a primeira página estava intitulada apenas ‗O Caderno de Desenho‘. Eu estava abismada quando eu virei para a próxima página. Caspian havia feito este lindo desenho do cemitério com nítidas linhas irregulares de tumbas acentuadas contra as curvas mais suaves da grama e das árvores. Ele havia capturado cada minuto de detalhe, até as inscrições nas tumbas e as bordas enroladas das folhas caídas que haviam flutuado das árvores.


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O papel se dobrou levemente quando eu o toquei, e eu sentei em silêncio. Talvez eu deveria ter feito algo para ele também. O presente era tão pessoal, tão... incrível. E se ele não gostasse do telescópio e o livro que eu havia comprado para ele? Como algo comprado de uma loja poderia ser comparado ao tempo e esforço que ele obviamente gastou criando isso? Preocupação e dúvida se instalaram, e eu comecei a passar pelas páginas para me distrair. Parecia que o caderno inteiro estava repleto com desenhos. Havia um de uma ponte, e uma do rio. Outra da sepultura de Washington Irving, e outra depois dessa que era um desenho do alto portão de ferro que guardava a entrada do cemitério. Eles todos foram feitos com carvão, variando de contornos pretos para cenas com inúmeras quantidades de luz e sombras cinza escuras. Eu estava surpreendida quando uma das últimas páginas revelou um desenho meu, e eu olhei ele mais de perto. Caspian havia me desenhado sentada ao lado da sepultura da Kristen, olhando para o além. Uma duas mechas de cabelo voavam suavemente com uma brisa não-existente, e a tristeza era evidente nos meus olhos. Ele havia colocado o título ‗Abbey & Kristen‘. Eu lentamente virei para a próxima página, incerta do que eu iria descobrir. Havia outro desenho meu lá, desta vez no rio no dia do baile. Caspian havia capturado a água corrente perfeitamente, e eu no meu vestido negro, deitada no meio da água com o meu cabelo flutuando ao meu redor. Ele até desenhou a gargantilha que eu usei naquela noite, e os meus olhos estavam queimando. Este retrato estava com o título ‗Dor da Abbey‘. A penúltima página mostrava o desenho de uma fachada de loja, no centro na Rua Principal. Eu não havia dado muitos detalhes para ele, mas foi desenhado exatamente como a loja que eu havia escolhido como minha. Ele também havia adicionado uma placa


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no topo da loja que dizia ‗A Caverna da Abbey‘. Este retrato era chamado ‗O Futuro da Abbey‘. Uma lágrima de repente rolou pela minha bochecha, e eu a sequei, tentando muito não manchar nenhuma das linhas na página. Hesitação me fez parar antes de virar para a última página, mas eu sabia que eu não conseguiria não olhar ela. Então eu contei até três e segurei minha respiração enquanto eu virava para o desenho. Era somente eu, minhas mãos nos quadris e o meu cabelo puxado para um lado, de jeans e blusinha. Ele havia escrito ‗Abbey, a Corajosa‘ no final da página, e eu não consegui descobrir por quê. Então eu vi um pequeno espaço entre a cintura do meu jeans e a barra da minha camiseta. De primeira eu achei que estava imaginando. Mas eu não estava. Bem onde o osso do meu quadril esquerdo deveria estar, Caspian havia desenhado uma tatuagem. O desenho parecia algum tipo de padrão circular e triangular, uma réplica da dele. Eu sorri e balancei minha cabeça, sentindo um brilho quente se acumular em cima de mim. Como eu iria dizer ‗Obrigada‘ por isso! Enquanto eu cuidadosamente fechava o caderno, uma carta caiu das páginas, e eu a peguei, me perguntando como eu não a tinha visto. Prestando atenção a cada palavra, eu ansiosamente comecei a ler.

Querida Abbey, Eu espero que você tenha gostado dos seus presentes de Natal. Eu queria te dar algo que te lembraria de mim. Eu não sei como seguir daqui. Eu não acho que isso está funcionando. O que eu quero e o que eu posso ter são duas coisas diferentes. Sinto muito.


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Tem que ser desse jeito. Feliz Natal (Eu espero) Com amor, Caspian

Meu coração parou de bater e afundou como uma rocha com essas palavras. O brilho quente sumiu, e eu senti um frio nas profundezas do meu ser. Ele estava terminando comigo? Nós tínhamos algo para terminar? Eu abaixei minha cabeça até as minhas mãos e pensei calmamente por um minuto antes das lágrimas chegarem. Mas então elas realmente vieram. Empurrando os desenhos para a beirada da cama, eu tirei o colar e o enfiei embaixo do travesseiro. Eu me enterrei embaixo de uma montanha de cobertas e usei o meu travesseiro para encobrir os meus soluços enquanto eu chorava até dormir. Definitivamente seria um Natal depressivo para mim.

Meus olhos estavam irritados e inchados quando eu acordei na manhã seguinte, e uma olhada no espelho me confirmou que eles pareciam tão ruins quanto eu os sentia. Meu nariz estava entupido também, então eu me arrastei de volta para a cama para deitar embaixo das cobertas por mais umas duas horas. Mamãe foi a primeira a tentar me acordar, me perguntando várias vezes por que eu ainda não estava lá embaixo abrindo os meus presentes. Quando o pensamento de coisas de graça nem me faziam nada, eu sabia que o negócio estava ruim. Eventualmente eu me arrastei para fora da cama e fui cambaleando para o andar


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de baixo como um zumbi. Os rostos da mamãe e do papai estavam felizes e animados, e eu fiz o esforço de desembrulhar os meus presentes, mas eu não ligava realmente para o que eles haviam me dado. Enquanto as pilhas de roupas, livros, sapatos, CDs, e suprimentos de perfume cresciam, eu me sentia pior e pior. Eu tentei fazer uma cara feliz quando eu dei o meu presente a eles, e eles pareciam realmente animados ao ganhá-los, especialmente o papai. Mas mesmo isso não durou muito tempo, e eu acho que a mamãe começou a perceber que tudo era fingimento. - Você está se sentindo doente, Abbey? – ela me perguntou, tomando o seu tempo para separar, dobrar e ajeitar cada pedaço de papel rasgado que ela encontrava. Eu balancei minha cabeça, muito miserável para dizer qualquer outra coisa. Com os meus olhos vermelhos e o meu nariz entupido, eu parecia doente. E por dentro, eu definitivamente me sentia doente. Eu fiz o meu caminho até a janela, me encostando contra o vidro, e encarei o lado de fora. Era um Natal branco, afinal de contas. A mamãe continuou a trabalhar ao meu redor, parando uma vez para sentir a minha testa com as costas de sua mão e murmurar algo sobre temperatura. O papai havia começado a fazer o café da manhã, e não demorou muito para um prato de panquecas com muitas gotas extras de chocolate com um acompanhamento de bacon e ovos aparecessem na minha frente. Eu não me sentia com fome, ou cheia, ou qualquer outra coisa. Eu só me sentia vazia por dentro. Eu cutuquei as panquecas para que eu não machucasse os sentimentos do papai, mas ignorei todo o resto. Depois de uns dois minutos, no entanto, eu entreguei o prato para a mamãe, agradecendo a ambos pelos presentes, e segui para o andar de cima. Hoje parecia um dia para ficar na cama o dia todo, e eu não ia lutar contra isso.


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Quando eu cheguei ao meu quarto, eu só fique lá por um tempo. Eu não podia ir dormir, e os meus pensamentos pareciam perambular de um tópico para o outro. Era como se eu não conseguisse desligar o meu cérebro. Finalmente eu puxei os lençóis até a minha cabeça e tentei fazer um casulo de algum jeito, me enrolar e morrer lá dentro. Minha mão bateu em algo frio e duro quando eu movi o travesseiro, e eu pus a mão nele, sentindo uma pontada de horror preencher o meu estômago enquanto eu libertava o que quer que aquilo fosse. Logo que os meus olhos o reconheceram, as comportas abriram novamente. Instantaneamente mais lágrimas vieram, e eu chorei suavemente enquanto eu sentava lá acariciando o vidro liso. Eu o virei várias vezes compulsivamente. E enquanto eu não achava que fosse realmente possível chorar enquanto você está dormindo, eu não consegui notar a diferença. Minhas lágrimas pareciam que nunca terminariam.

* * *

Horas depois eu senti um lento puxão, aquela vontade preguiçosa que te diz que é hora de levantar porque você já esteve dormindo por muito tempo. Mas queria lutar contra ele. Eu queria ficar onde eu estava para sempre, e nunca mais mover outro músculo. Nunca. No entanto, o puxão era forte e eu fiquei mais e mais acordada, mesmo eu estando lá deitada com os meus olhos firmemente fechados. Eu podia dizer que era tarde do dia porque a luz havia mudado. Sombras brincavam atrás dos meus olhos, e eu os abri para um quarto escurecido com um despertador piscando que me deixou saber exatamente o quão tarde era.


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Sentando devagar, eu olhei o meu entorno. Tudo parecia diferente meio encoberto pela escuridão, e eu tentei sair do meu estado grogue. Algo resmungou na minha mente até eu me lembrar de que dia era. Eu não tinha muito tempo restando. Eu saí exausta da cama e coloquei um jeans e uma blusa o mais rapidamente quanto pude. Mas eu tive que parar diversas vezes para me dar um tempo. Cada músculo no meu corpo doía. Quem ia saber que chorar te esgotava tanto? Eu peguei as minhas luvas e cachecol e os coloquei enquanto eu descia as escadas dois degraus de cada vez. Eu realmente iria ter que me apressar para voltar a tempo de jantar com os Maxwells. Quando eu cheguei na cozinha, e segui para o armário que guardava os antigos potes e merendeiras, e quase caí em cima de uma cadeira. Eu procurei pelos recipientes perto do fundo do armário e tirei um pequeno isolamento térmico para viagem. Justamente o que eu estava procurando. Então eu fiz o meu caminho até a geladeira e tirei vários recipientes de suco. A mamãe veio quando eu estava de costas, mas havia um tom de desaprovação em sua voz. – O que você está fazendo, Abbey? Eu tentei agir como se eu não tivesse a ouvido, enquanto eu procurava o meu prêmio. O tempo estava passando, e eu tinha que fazer isso antes da noite de Natal ter acabado. - E por que você está de luvas e cachecol? Você está com tanto frio assim? Deixeme sentir a sua temperatura de novo. Eu estava procurando desesperadamente agora, movendo caixas de ovos e tigelas de massa de biscoito para fora do caminho. – Eu não estou gripada, mãe. Eu só estou procurando pela gemada. Você comprou este ano? Você sempre compra. – Eu arrisquei um olhar rápido na direção dela. – E por que nós temos três caixas de leite? Quem toma tanto


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leite? Ela se aproximou, tentando se esticar e alcançar a minha testa. - Está na esquerda, depois de dois potes de manteiga e uma sacola de aipo, - ela suspirou. – Mas talvez você devesse tomar um pouco de chá quente ao invés disso. Eu não sei se gemada faria bem para você agora. Eu segurei as térmicas enquanto eu movia os potes de manteiga e pegava a gemada. – Não é para mim, mãe. É nossa tradição, lembra-se? Um olhar preocupado cruzou o seu rosto e ela já estava balançando a cabeça antes de eu terminar de falar. – Não este ano, não é. Você não vai sair lá fora com este tempo. Os Maxwells estarão aqui a qualquer minuto. Eu olhei severamente para o relógio na parede atrás de mim antes de abrir a tampa da térmica e colocar a gemada dentro. – Eles não estarão aqui por pelo menos mais vinte e três minutos. E eu não ficarei fora por muito tempo. Você sabe que eu tenho que fazer isso, mãe. Eu não posso desapontar a Kristen. Eu já falei para ela que eu faria isso por nós duas este ano. A tampa da térmica foi colocada novamente e eu a apertei firme antes de colocar de volta no lugar com um alto pop. Eu coloquei a gemada e o suco e os recipientes de leite de volta na geladeira, e então bati a porta. - Você já falou para quem? O que você quer dizer com isso? – A mamãe parecia confusa. - Eu falei para a Kristen. Sabe... no túmulo dela. Eu disse para ela que eu faria isso por nós duas hoje. Olha, eu estou bem agasalhada, e eu até vou abotoar o meu casaco até o


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topo. Mas tenho que ir. Será rápido, e voltarei a tempo para o jantar, mas para fazer isso, tenho que sair agora. Eu dei um beijo na bochecha dela e peguei as térmicas. Então eu segui para o armário para pegar a minha jaqueta. Ela estava de pé lá com a boca aberta. Ela se segurou por um minuto e ergueu um dedo para mim. – Tudo bem, Abbey. Mas se você pegar pneumonia, não diga que eu não te avisei. E se você se atrasar para o jantar, nós não vamos esperar. - Tudo bem, mãe - eu falei da porta enquanto eu abotoava o meu casaco com uma mão só. – Vejo você logo. Te amo, também. Suas últimas palavras vieram flutuando para mim, meio murmurada enquanto eu fechava a porta da frente. – Não ache que eu vou passar o meu dia inteiro fazendo canja de galinha quando você ficar doente! Eu sorrio para mim mesma. Quem ela acha que está enganando? Provavelmente terá um chocolate quente esperando por mim quando eu chegar a casa mais tarde. Segurando as térmicas em uma mão e o meu casaco com a outra, eu mantive minha cabeça abaixada e andei rapidamente. A neve ainda estava caindo, revirando-se ao meu redor e fazendo um barulho alto embaixo do meu pé. Se continuasse desse jeito, nós teremos uma nevasca de manhã. Enquanto eu marchava para frente, eu pensei sobre a primeira vez que eu havia feito isso...


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* * *

- Apresse-se Kristen. O sol vai se pôr logo. Eu queria fazer isso de dia. - Por que nós não fazemos isso a noite, Abbey? Provavelmente será mais assustador desse jeito. E você tem certeza que a gemada sem açúcar e baixas calorias será suficiente? – ela falou para mim. – Isso foi tudo o que a minha mãe comprou este ano. Eu ri com a pergunta dela. – Claro que sem açúcar está bom. Não é como se ele realmente fosse beber um pouco dela. É só simbólico. E não é pra ser assustador. Deixar cartas no túmulo dela na noite do Halloween era assustador. Mas no Natal? Não é para ser. - Sim? – Kristen deu um sorrisinho. – Bem, diga isso para o Tim Burton. Ele acha que o Natal tem tudo a ver com assustador. Nós duas rimos enquanto nós subíamos a colina e empurrávamos o portão do cemitério. Enquanto nós chegávamos mais perto de seu túmulo, Kristen se inclinou e sussurrou - eu acho que esta deveria ser uma tradição anual. - Concordo - eu sussurrei de volta.

Eu sorri com a memória. Nós nos divertíamos tanto juntas. Era difícil acreditar que isso não aconteceria novamente. O pensamento me deixou sóbria, e quando eu alcancei os portões principais, meus dedos escorregaram no ferro molhado e gelado.


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Frustração se acumulou dentro de mim enquanto eu jogava as minhas térmicas contra o portão em uma explosão repentina de raiva. – Droga! Não aconteceu nada, claro, exceto mandar uma dor ressoante pelo meu braço e a minha omoplata, e eu abaixei minha cabeça por um minuto antes de tentar novamente. Desta vez, enquanto eu me concentrava, o portão se moveu para frente só o bastante para eu deslizar para dentro, e eu estava grata por pequenos auxílios. Eu corri para o túmulo da Kristen primeiro, parando com um derrape na frente dele. – Estou aqui, Kristen. Eu trouxe a gemada. – Eu ergui as térmicas. – Eu vou informá-lo que é para nós duas. Feliz Natal. Eu senti um sentimento estranho de libertação enquanto eu encarava a sua lápide. Talvez realmente estivesse tudo bem que eu não soubesse todos os seus segredos e nunca descobriria quem era o D. Talvez o negócio importante fosse o fato que ela queria me contar, mas por quaisquer razões ela não pôde. Talvez isso fosse o bastante. Erguendo uma mão, eu acenei antes de me virar e ir em direção ao túmulo do Washington Irving. A neve estava mais e mais difícil de enxergar, então eu me apressei para chegar lá o mais rápido possível. Uma vez que eu subi as escadas e passei pelo portão sem escorregar, eu dei uma olhada no lote da família. Eu estava feliz de ver que os presentes de Caspian não estavam mais lá, mas triste de ver que ele não estava em nenhum lugar a vista. Meu coração machucado e esfarrapado deu um pequeno tremor, mas eu deixei o sentimento de lado e me dediquei para a tarefa do momento. Perto do túmulo eu apressadamente desenrosquei a tampa das térmicas. Não foi uma tarefa difícil fazer com as minhas luvas, mas estava muito frio para tirá-las, mesmo que fosse por uns dois segundos. Um minuto depois eu sucedi, e eu coloquei uma pequena


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quantidade dentro da tampa antes de segurá-la em cima do túmulo. – Feliz Natal para o senhor, Sr. Irving. Terá que ser rápido, mas este aqui é meu e da Kristen. Que todos os seus Natais sejam felizes. Eu bati de leve a caneca na pedra, e então dei um gole na minha gemada antes de derrubar os conteúdos das térmicas dentro da terra gelada na minha frente. Eu esperei um breve segundo em silêncio, e acenei minha cabeça uma vez. – Vejo o senhor ano que vem. Ficando de pé, eu recoloquei a tampa nas térmicas enquanto eu fazia o meu caminho para fora do lote da família. A luz do dia estava quase no fim, e eu dei pequenos passos, consciente da possibilidade de um perigoso gelo escondido. Quando eu finalmente havia saído do cemitério, eu apertei o passo, então a caminhada para casa não levou muito tempo. Eu cheguei à porta da frente na mesma hora que os Maxwells estavam colocando o pé na entrada para limpar a neve de seus casacos e botas cheios de neve. Eu dei um rápido abraço em ambos e dei as boas vindas antes que o Sr. Maxwell entrasse. A mãe de Kristen estava com um olhar zombeteiro em seu rosto quando ela viu a grossa camada de neve que cobria o meu casaco. Eu segurei as térmicas para cima como uma resposta para a sua pergunta não feita. – Só tive que passar na casa de um velho amigo. É uma tradição. Ela sorriu um pouco enquanto ela acenava. Eu podia dizer pelo olhar dela que ela sabia exatamente sobre o que eu estava falando. Ela se esticou para outro abraço e me segurou firme por um momento, e então soltou o seu aperto. – Eu queria te agradecer pelo lindo presente, Abbey. Realmente significou muito para nós. - De nada - eu respondi. Ela passou o seu braço pelo meu, e nós fomos para os nossos lugares. A mamãe realmente havia se superado, e a mesa, coberta de pratos, bandejas, travessas, e tigelas,


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estava realmente rangendo com o peso da comida. Eu sentei à esquerda da Sra. M. e peguei a minha taça de água quando todos levantaram as suas taças de champagne para um brinde. – Para celebrações, anos novos saudáveis, e boas memórias daqueles que amamos - entoou papai. - Para aqueles que amamos - ecoou o resto da mesa. Olhando para fora da janela para a neve, eu fiz o meu brinde silencioso. – Para aqueles que amamos...

Capítulo vinte e dois Um novo companheiro Ele que ganhou milhares de corações comuns é por isso merecedor de alguma fama; mas ele que mantém inquestionável poder sobre o coração de uma namoradeira, é de fato um herói. -A Lenda de Sleepy Hollow-

Janeiro chegou como um tiro. Ou ao menos foi assim pra todos os outros. Pra mim foi mais como uma batida maçante. Eu passei a noite de ano novo sozinha, muito deprimida para sequer esperar a bola cair*. Mamãe e papai saíram para celebrar com alguns amigos, então fui cedo para cama. Não era como se eu tivesse qualquer coisa para estar feliz por. Meu namorado não queria ser meu namorado. Minha melhor amiga continuava morta. E o período de testes iria começar assim que eu voltasse pra escola. Definitivamente nada pelo que estar feliz. Em meus últimos e rápidos dias de liberdade, trabalhei sem parar no meu projeto de perfume Sleepy Hollow. Eu teria decidido fazer um


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aroma para cada uma das personagens principais, mas primeiro eu queria criar aromas que evocassem as configurações e emoções da lenda. Eu tinha a combinação perfeita em mente para uma eu queria chamá-la de Midnight Hour, e gastei muitas horas tentando aperfeiçoá-la. Pensei em trabalhar no meu plano de negócios, mas a tentação de brincar com os perfumes era muito forte, e a distração de meus pensamentos era terapêutica. No geral, foi um sombrio e quieto, mas produtivo feriado. *New Year's Eve Ball, globo de luz tradicional na noite de ano novo na Times Square, New York, NY.

Quando a escola começou de novo, nós tivemos dois dias finais de preparação antes dos testes começarem. Eu estava na verdade feliz pelo trabalho extra da escola, e me enterrei em livros o tempo todo. Perecia que eu tinha esquecido quase tudo que nós tínhamos revisado antes do feriado. Meu cérebro parecia vazio e abafado. Tio Bob provavelmente teria brincado sobre minha cabeça animado. No final surpreendi até eu mesma por gerenciar passar em todos os meus testes. Eu suei em matemática, conseguindo um cinco e meio, mas tirei sete em história, e tudo mais foi por volta de nove. Mamãe e papai me deram um bem ensaiado você-tem-de-se-esforçar-mais discurso, é claro, eu deixei entrar por uma orelha e sair pela outra. Eles provavelmente teriam me dado o mesmo discurso se eu houvesse trazido um boletim recheado de noves e alguma coisa. Nós não tínhamos muito do que um descanso da escola uma vez que a nossa semana de testes era encerrada. A próxima bomba infernal foi jogada em cima de nós na próxima segunda de manhã na aula de ciências. Sr. Knickerbocker esperou pacientemente até todos estarem sentados e terem seus livros na mesa antes dele fazer o grande anúncio. Eu estava inquieta com meu lápis, rolando-o para frente e pra trás na mesa, quando o ouvi limpar a garganta. - senhoras e senhores, se eu puder ter a sua atenção. -

O ti-ti-ti parou e a sala cresceu em silêncio. - Eu sei que vocês estão todos bem


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tristes pelo fim dos testes. - Nós gememos em dica, e ele nos deu um largo fingido sorriso. mas tenho uma boa notícia para vocês. Sua gravata dura ligeiramente cortada e ele começou a andar de um lado para outro na frente da sala, mãos batendo atrás das costas dele. Não havia possibilidade de serem boas notícias. Ciência não é igual a boas notícias. Ele veio hesitou e segurou um dedo levantado. - é tempo da ciência, gente. - Outro gemido encheu o ar, mas ele continuou a conversa, como se ele não tivesse nos escutado. - para ser preciso, é tempo de feira de ciências. Aquele maravilhoso momento do ano no qual vocês têm de espremer seus pequeninos cerebrozinhos e então maravilhar-me com seu brilhantismo. Eu rolei os olhos. Essa definitivamente não era uma boa notícia. Sr. Knickerbocker tinha a reputação de não deixar as pessoas escolherem seus próprios parceiros para feira de ciências, e com minha sorte eu ficaria presa com uma das garotas do grupo de líderes de torcida. - Este ano, ao invés do método tradicional de escolher parceiros, vou apenas fazer alfabeticamente começando pelo Z. Assim que você e seu parceiro forem definidos, vou esperar que vocês troquem de assentos. Você ficará sentado próximo de seu parceiro pelo resto do ano escolar. Agora eu realmente segurei minha respiração, e até mesmo rezei silenciosamente. Mentalmente trabalhando meu caminho pelo alfabeto, eu exalei quando percebi que nenhuma das cheerleaders' tinham o sobrenome que começasse com A, B, ou C. Sr. Knickerbocker continuou. - vocês terão três meses para trabalhar no seu projeto. Apresentações são durante a segunda semana de abril. E nesse tempo nós estaremos esperando a feira de ciências e vocês serão responsáveis pela apresentação de seus projetos. Isto irá representar vinte e cinco por cento de suas notas, pessoal, então pensem longamente e bastante. Qualquer questão, por favor, me procurem depois da aula.


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Eu sintonizei quando ele começou a citar os nomes dos pares, e a sala rapidamente se encheu com os sons de cadeiras e mesas sendo arrastadas. Levou um tempo surpreendente para ele chegar ao meu nome, e eu compus uma entediada expressão em meu rosto, esperando que quem quer que fosse que eu ficasse presa pegaria a dica de que eu não estava interessada em fazer novos amigos. Cadeiras continuavam a arranhar o chão com muito barulho, e estudantes se acomodavam, quando ele finalmente chamou meu nome, então perdi quem deveria ser meu parceiro. Sentei congelada em minha cadeira, esperando que a pessoa que fosse se sentar ao meu lado pelos próximos dois meses estivesse se mudando. Porque eu com certeza não estava. Olhando discretamente sobre meu ombro, vi uma garota com um idêntico olhar de tédio na cara, e uma cadeira vazia ao seu lado. Eu me virei de volta para pegar meus livros e ir sentar ao lado dela, quando de todos de repente Ben pipocou ao meu lado. - O que você está fazendo? - eu perguntei pra ele. Estou confusa estava provavelmente escrito na minha testa. Ele apenas levantou sua sobrancelha e me disse. eu sou Bennett. Você é Abey, certo? Compreensão ainda não havia baixado. - Sim, e daí? - Sou seu parceiro - ele riu. Minhas bochechas ficaram vermelhas. - Oh - eu disse desajeitada. - Eu não devo ter prestado atenção. Ele balançou a cabeça e empilhou seus livros num lado. - Então, alguma ideia para o que podemos fazer? Ou onde você não prestou atenção ao que o Sr. Knickerbocker disse? Eu chutei o pé dele sob a mesa, e senti uma faísca de satisfação quando ele se dobrou. Ele continuava rindo, mas eu poderia dizer que ele não queria dizer aquilo. - Não, Sr. Tiro quente ouvinte, eu não tenho ideias. E você? Ele veio com uma ideia envolvendo matemática, DNA, e algum tipo de viagem


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especial, mas eu já estava balançando minha cabeça. - Ora vamos. Caia na real, nerd da ciência. É um projeto de ciências, não ficção cientifica. Se você quiser ficar totalmente responsável pelo projeto, então se faça meu convidado e vá em frente. Mas se você na verdade quer que eu faça algum trabalho, então teremos de escolher algo um pouco menos Star Trek e um pouco mais... normal. Cruzando os braços em frente ao seu peito, ele inclinou a cadeira em duas pernas. Bem, se você não tem nenhuma ideia, então como você pode contribuir? Eu dei de ombros. - Eu não sei. Eu vou até a biblioteca e dou uma olhada em algum livro ou algo assim. Deve haver uma tonelada de idéias lá. Agora ele deu de ombros. -Tanto faz, mas eu não quero que você pule nenhuma boa idéia, então vou com você também. - Você tem o último período livre? - eu perguntei. Ele acenou. - Ok. Então nós vamos. Ele reclinou a cadeira de volta para o chão e piscou pra mim. - Ótimo! É um encontro. Eu apenas enterrei meu rosto nas mãos e balancei a cabeça. Estes seriam uns realmente longos três meses.

Eu tinha concordado em encontrar Ben na porta principal da escola ao final de nossa última aula, e puxei impacientemente a alça da mochila enquanto esperava por ele. O sino havia tocado há dez minutos, e eu estava pronta para dar o fora dali antes que alguém perguntasse o que eu estava fazendo por ali.


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Ele apareceu cinco minutos depois, sorrindo envergonhadamente e sacando alguma desculpa, mas eu já estava deslizando pelas portas duplas feliz em deixá-lo pra trás. Ele me alcançou um minuto depois, e puxou a alça de minha mochila quando eu comecei a virar à esquerda, na direção da biblioteca. - Onde você está indo? Ele perguntou. - O estacionamento é na outra direção. Eu parei. - Não estamos tão longe da biblioteca. Imaginei que pudéssemos ir andando. Ben balançou a cabeça. - Não vou deixar meu carro aqui, e está muito frio. Vamos. Eu suspirei alto enquanto o seguia para o estacionamento de estudantes, navegando pelo labirinto de carros enquanto íamos. - Pelo que eu estou procurando? - Chamei escaneando em muitas direções. - Está bem aqui. Eu não podia mais vê-lo, então segui o som de sua voz e parei quando cheguei a um gasto Jeep Cherokee verde. Ele estava sentado dentro, mexendo na ignição. - Sua carruagem a espera - ele disse sobre o barulho alto. - Venha, entre. - Eu tentei não rir quando o exaustor cuspiu uma lufada de fumaça negra. Joguei minha mochila no banco de trás, sacudi a cabeça enquanto escalava para o assento do passageiro. - Sabe, você é realmente agressivo. Devagar ele tirou o carro da vaga, e briguei com o cinto de segurança por sobre meu ombro. - Aqui ele disse, alcançando e dando um puxão - Você tem de encontrar seu doce lar. - Seu carro tem um doce lar? Você está de brincadeira né? Agora só falta você me dizer que também deu um nome pra ele.


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Ele manteve os olhos na estrada, mas acenou. - É claro. Todos os bons carros têm nome. O nome deste aqui é Candy Christine. Eu não pude evitar. Eu explodi em mais gargalhadas. - Candy Christine? Você inventou esse nome quando você tinha doze anos? Suas bochechas se tornaram brilhantes e vermelhas e ele tomou um tempo checando todos os espelhos antes de me responder. - Como você adivinhou? Eu ganhei o carro quando eu tinha doze anos, ajudei meu pai a reconstruí-lo, e quanto chegou a hora de batizá-lo, eu... uh... apenas coloquei minhas duas coisas favoritas daquele tempo juntas. Eu estava atravessando uma fase extremamente Stephen King. Eu continuei rindo. A imagem era simplesmente hilária. Um Ben de doze anos de idade batizando seu futuro carro de Candy Christine era absurdamente engraçado pra mim. - Desculpe-me - engoli em seco, entre ataques de riso. - Eu acho que podemos ficar felizes por você não ter esperado até ser mais velho para dar um nome ao carro. Candy provavelmente já não seria mais o número um na sua lista de coisas favoritas.Ele deu de ombros. - Você está certa. Se eu tivesse esperado para lhe dar um nome até eu tirar minha licença, então ela teria sido um tipo de doce diferente. - Sorrindo maliciosamente, ele riu quando eu enrubesci por perceber o que ele queria dizer com aquilo. É, eu deveria ter deixado minha boca fechada na coisa toda sobre dar um o nome ao carro. Mas ele ficou com pena de mim e parou de provocar. - Então o que você está dirigindo?- Não estou. - Eu suspirei com tristeza. - Meus pais estão me fazendo esperar para


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tirar minha licença ate eu fazer dezessete. - Cara, isso é um saco. Sem rodas igual a sem liberdade. Eu não consigo imaginar o que eu faria se eu não tivesse Candy Christine. Ela é como da família. - Não é assim tão ruim. - Eu disse. - Meus pais são bem perdidinhos com as regras, então eu tenho seja lá o que eu quiser. E já que cresci andando por todo canto, eu meio que me acostumei a não ter um carro próprio. Minha mãe me dá uma carona até o trabalho nos fins de semana. Nós tínhamos chegado à biblioteca, e ele guiou o carro pelo estacionamento ate encontrar o primeiro lugar vago. - Você trabalha? Legal. Onde? Eu expliquei enquanto saíamos do carro e andávamos para a biblioteca. Ele escutou o que eu disse, e segurou a porta pra mim enquanto entrávamos. Eu não tive a chance de perguntar pra ele se ele tinha um trabalho ou não, porque nós fomos imediatamente cumprimentados por uma bibliotecária cara-fechada que nos deu um olhar bem severo. Parando no meio da frase, eu diminuí meu tom. - Que seção você acha que deveríamos explorar primeiro? - Vamos ver se eles têm uma seção para estudantes - ele sugeriu. - Nós podemos achar algo lá. Eu concordei, e nós imediatamente saímos procurando por aquela seção. Nós não encontramos nada no primeiro andar, e o segundo andar acabou sendo um tempo perdido também. Mas o terceiro andar nos deu exatamente o que estávamos procurando. - Bem aqui. - Ben gesticulou enquanto dávamos a volta no balaustre e subimos o ultimo degrau. Eu posso ver uma seção de estudantes. - Eu o segui através dos arquivos, e nos separamos


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cada um pegando uma extremidade. - Parece até que tem uma seção inteira de ideias para projetos científicos - eu falei da minha metade da estante. - Eu encontrei alguns livros diferentes especificados em matemática e ciências ecoou de volta pra mim. Eu passei mais alguns minutos pesquisando. Eu devo ter realmente me concentrado bastante, porque pulei metros quando Ben deu a volta e veio me surpreender. Seus braços estavam lotados de livros. - Aqui. Eu vou ver quantos livros nós podemos levar. Depois de largar os livros numa pilha aos meus pés, ele saiu, e eu tornei a minha atenção de volta a estante. Quando ele retornou, eu adicionei muitos livros que escolhi à pilha. - A bibliotecária disse que podemos pegar apenas oito livros por vez - ele disse, encarando o monte à minha frente. - E mesmo que nós dois tirássemos oito, nós temos muito mais do que isso aqui. Eu olhei para a pilha e rapidamente contei. Nós tínhamos trinta e dois livros entre nós. - A bibliotecária também mencionou uma sala de estudos dois andares acima, e disse que poderíamos reservá-la por duas horas - ele continuou. - Então eu disse pra ela que usaríamos por enquanto. Disposta a carregar alguns livros comigo? Meu estômago revirou. E não porque eu estava com medo de carregar livros. Não, isso tinha mais a ver com o fato de eu saber exatamente a qual sala de estudos ele se


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referia. Eu hesitei por um instante, mas então sacudi isso pra longe. - Claro - eu disse indiferente. - Vamos lá. - Cada um de nós pegou uma braçada cheia de livros, e Ben se certificou de pegar duas vezes mais do que eu. Eu dei a ele um olhar desdenhoso, mas ele apenas se virou e começou a andar pela porta. - É a coisa máscula a se fazer - ele disse por cima do ombro. - Eu tenho que carregar mais livros do que você. Eu reajustei o monte em meus braços e o segui, tentando manter meus pensamentos para mim mesma. Isso não será tão difícil. É só uma sala. Eu com certeza posso fazer isso. Não vou pensar nem um pouco no Caspian, e no lugar vou pensar apenas em que tipo de projeto de ciências Ben e eu faremos para a feira.

Quando finalmente chegamos à sala, eu despejei meus pesados livros sobre a mesa. Momentaneamente distraída pela dor afiada em meus braços, jurei para mim mesma que eu iria começar a malhar por esses dias. Mais duas viagens como essa iriam me matar. Ben baixou seus livros também, e deu a sala uma breve reavivada. - Acho que é isso pelas próximas duas horas. - Ele olhou para cima, para a pintura do teto descascando, e a figuras cadentes nas paredes. - Parece que eles estouraram o orçamento na decoração de todas as outras salas da biblioteca. Eu lhe dei um sorriso torto enquanto espalhava meus livros na minha frente e me sentava. Então cuidadosamente dei aos livros dele um gentil cutucão para o lado oposto da mesa. Ele ainda continuava rondando a sala, e tentei ignorá-lo, escolhendo um livro que parecia particularmente pesado antes de abri-lo para a mesa de assuntos. - Eles com certeza não querem ninguém saindo com qualquer coisa daqui - ele disse, apontando para o sinal ‗mantenha a porta aberta todo o tempo.‘


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Eu congelei As palavras de Caspian vieram a minha cabeça, e eu ouvi a minha resposta. Bem, eles nunca disseram para deixar a porta escancarada. Banindo impiedosamente a memória, forcei minha atenção de volta ao livro e encarei a página diante de mim. Mas eu não estava vendo as palavras. Eu estava vendo uma memória de cabelos brancos-loiros e profundos olhos verdes que brilhavam sobre um largo sorriso. Aquela vívida faixa preta se destacou, e por um Segundo eu juro que podia quase tocá-lo. A mão do Ben ondulando na minha frente quebrou o momento, e meu pensamento foi destruído. Olhei para ele e levantei uma sobrancelha. - sim? Ele estava se sentando agora, sobre onde eu tinha empurrado os livros dele, e ele parecia irritado. - Eu estava te chamando, mas você não me respondeu. Você está bem? Não, eu não estou bem! Meu cérebro gritou, mas eu apenas dei a ele um irritado olhar. - Desculpe. Eu estava concentrada. Nós temos que fazer algum trabalho aqui, sabe. Ele se inclinou pra trás na cadeira e abriu um livro. - Certo. Deixe-me saber quando você encontrar algo. Dei de ombros e voltei para a página na minha frente, meio animadamente folheando entre algumas seções diferentes. Eu sabia que deveria estar prestando atenção ao que estava na minha frente, mas era realmente difícil fazer meu cérebro cooperar. Lembrando-me novamente da regra não-pensar-em-Caspian, eu comecei a ler sobre um projeto que usava diferentes aromas e uma venda para testar os cinco sentidos. Eu rapidamente fui pega por aquela seção. Essa soava como uma boa ideia.


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Ben interrompeu minha linha de pensamentos. -você acha que poderíamos conseguir um pouco de petróleo, álcool e etanol? Seriam usados totalmente em nome da ciência, é claro. Acho que nós poderíamos fazer nossa própria gasolina. Colocando meu dedo no lugar onde eu estava lendo, olhei para ele. ―E o objetivo disso seria…?- Não ter mais de pagar para pôr gasolina no meu carro. - Ele disse. - Você tem alguma ideia sobre quanto está custando um galão de combustível sem chumbo? Eu rolei os olhos. - Nós não vamos descobrir como fazer gasolina para seu carro como um projeto de ciências. Agora, continue lendo. Retornando para meu lugar, eu tentei terminar a leitura, mas acabava lançando olhares para Ben. Eu sabia exatamente quando ele tinha encontrado outra idéia que ele gostou, porque seus olhos iluminavam e ele se agitava em sua cadeira como um macaco. Suspirando, abaixei meu livro de novo e olhei direto pra ele. - O que é dessa vez? Ele olhou pra mim, praticamente explodindo em seu assento, e disse - O que você acha do espaço-tempo contínuo? Se nós pudéssemos pegar alguns espelhos, e refletir a luz, acho que poderíamos calcular uma teoria de física quântica, e então nós poderíamos...‖ ele parou quando viu minha expressão. - isso se encaixa na categoria anormal? E acenei concordando. - E sobre viagem no tempo?- ele contra-atacou. Eu sacudi a cabeça. - Deixe isso pra NASA, ou seja, lá isso ou qualquer coisa que eles pesquisem. Aqui. Eu acho que encontrei uma. - Enquanto eu lia pra ele do livro eu sustentei um projeto baseado na sensibilidade do nariz e o poder de compensar a perda de sentidos, ele me encarou aéreo.


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- Você ouviu alguma coisa? - eu perguntei quando terminei. - Eu acho que este seria um projeto realmente legal pra fazer. Eu sempre me perguntei o quão forte é o sentido olfativo. Quando estou fazendo meus perfumes, às vezes eu juro que...Ele me interrompeu. - Você faz perfume? Eu não sabia disso. Eu o ignorei e continuei falando do projeto. - Você pode apenas se concentrar aqui, Ben? Por favor? Eu acho que é este o nosso. Não será chato. E você vai poder fazer as pessoas cheirarem coisas nojentas. Quanto mais diversão você pode conseguir? Ele pareceu intrigado com a ideia, e eu tomei a oportunidade para ler para ele um pouco mais do livro, mas ele me interrompeu de novo. - Você vai voltar a pôr aquelas mechas vermelhas no seu cabelo, Abbey? Eu realmente gostava delas. O fôlego me escapou, e me senti feito um peixe, desesperado por ar. Isso me atingiu em cheio no coração, e queimou todo o caminho ate minha alma. Ele não tinha jeito de saber. Não havia forma de dizer que a pergunta dele podia me ferir tanto. - O que você acha do meu?- Ben perguntou. - Eu deveria pôr algumas mechas vermelhas? Elas poderiam combinar com as suas. Ele me deu um sorriso, mas eu apenas me sentei lá em estado de choque. Para meu horror imenso, uma lágrima escorregou por minha bochecha, e eu imediatamente apaguei isso pra longe, abaixando minha cabeça com vergonha. Eu senti a mesa mudar abaixo de mim, e então lá estava um estranho toque em meu braço. - Hey - Ben disse suavemente. – A gente pode fazer o projeto sobre o negócio do olfato. É legal. Eu estava apenas brincando com você sobre os outros. Eu não quis dizer isso pra valer.


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Eu ri sacudidamente, e limpei outra lágrima antes de levantar a cabeça. - Não é isso, Ben, mas obrigada. - Eu olhei em volta a sala e apontei fracamente. - Esta sala… tem algumas memórias pra mim… e quando você disse aquilo das mechas vermelhas, bem... – Ele deixou sua mão cair e deu um passo pra trás. - Isso te lembrou ele, certo? Isso é bom? Ou ruim? Eu balancei a cabeça e passei uma mão no cabelo, levando um cacho para trás da orelha. - Honestamente? Eu não sei ao certo. - parecia ter um corrimento em meu nariz, e eu tentei assuar-lo o mais discretamente possível. - As coisas têm estado meio bagunçadas, e eu não sei o que fazer. É só que estar nesta sala de novo… as lembranças eram muito mais felizes há um tempo, e eu achei que ficaria tudo bem... mas não estou. Ele deu à volta na mesa e pôs a mão em meu braço de novo. - Abbey, está tudo bem. Você deveria ter me dito isso. Nós não temos de ficar aqui.Eu me levantei e comecei a andar pra frente e pra trás. - Tudo bem se formos embora? Nós podemos ir pra minha casa ou algo assim. Talvez pedir pizza? Ele concordou e começou a arrumar os livros. - Eu vou levar estes de volta pra bibliotecária. Você tome o tempo que precisar e me encontre lá embaixo quando você estiver pronta, certo? - Obrigada, Ben. - Eu empurrei o livro que estava lendo para ele. - Peça este aqui para mim, e iremos levar conosco. – Ele recolheu todos os livros da mesa, incluindo os que eu tinha carregado, virou


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pra porta, e então virou de volta pra mim. - Você vai ficar bem agora? Nada mais de lágrimas? Eu não sei como lidar com garotas chorando. Toda vez que minha irmã de cinco anos abre o berreiro, eu acabo comprando uma Barbie pra ela. Você não precisa de uma Barbie nova precisa? Eu sacudi minha cabeça. - Cale-se, Benjamin Bennett. Não esqueça, eu sei da história do nome do carro. Você não iria querer que toda a escola soubesse, agora, gostaria? Ele saiu pela porta, e sua risada ecoou pra mim. Depois de respirar fundo algumas vezes, eu forcei minha espinha e joguei os ombros pra trás. Então a regra não-pensar-noCaspian não funcionou muito bem. Ao menos isso não poderia ficar muito pior do que desmanchar em choro na frente de um colega de classe. Não, eu disse a mim mesma enquanto desligava a luz e deixava a sala atras de mim, isso com certeza não poderia ficar pior. Eu tomei meu tempo descendo os cinco lances de escada, e correndo meu dedo sobre o sujo balaustre enquanto eu ia. Foi quando estava descendo para o primeiro andar que algo familiar chamou minha atenção. Meus olhos registraram isso antes de meu cérebro, mas assim que percebi o que era, eu parti na mesma direção. Eu o segui até o andar de baixo, e me encontrei na pobremente iluminada sala de arquivos. O ar continuava carregado, e torres de livros assombravam-me por todo lado. Eu desci cada corredor, olhando loucamente pra todas as direções. Eu tinha visto um flash de loiro-branco, e só havia uma pessoa que eu conhecia que tivesse essa sombra particular de cabelo. Caspian estava aqui. Eu procurei por todo o lugar, firmemente convencida que eu o tinha visto. Havia tantos lugares aqui embaixo para uma pessoa se esconder. Eu rodei o último corredor antes das escadas pela segunda vez, e foi quando eu o vi sentado numa pequena mesa com um livro em sua frente. Ele não me ouviu chegando, e eu estava quase ao lado dele antes dele olhar pra cima.


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- Oi - eu disse suavemente. Eu olhei pra baixo, para o que ele estava lendo, e vi ilustrações de estrelas. Foi o livro que comprei pra ele de natal. -Oi - ele disse de volta. - Recebi seus presentes. - Ele apontou para o livro, e eu acenei. - São ótimos, obrigado, Abbey. Meu pobre ego machucado elevou-se com o modo como ele pronunciou meu nome.- Recebi o seu também, Caspian. Os desenhos são... incríveis. E o colar é lindo. É claro eu ainda não tinha usado, porque só de vê-lo eu começava a chorar, todas às vezes. Então o colar tinha encontrado um novo lar debaixo do travesseiro, escondido da vista, mas perto dos meus sonhos. Ele olhou de volta para o livro e estranheza encheu o ar entre nós. Procurei em minha mente algo para dizer, mas só consegui me lembrar que Ben estava me esperando, e que eu provavelmente deveria estar em meu caminho de encontrá-lo. - Tenho que ir. Há alguém esperando por mim - eu cuspi. Ele tirou os olhos do livro de novo e olhou pra cima, encontrando meus olhos, e meus joelhos ficaram fracos. Eu sabia que naquele preciso momento eu teria dado qualquer coisa para voltar no tempo e estar naquela sala de estudos com ele de novo - Certo - ele disse, virando um página e quebrando o contato de nossos olhares. - te vejo por aí. - S-sim, te vejo por aí - eu gaguejei. Ele voltou a ler sua página de novo antes mesmo de eu terminar minha fala. Eu solidifiquei minha resolução e vir-me-ei. Se for assim que ele queria agir, então dois podiam jogar aquele jogo.


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Subindo as escadas, eu bisbilhotei por sobre meu ombro uma última vez antes de ele estar completamente fora de vista. Eu quase tropecei quando vi que ele estava me encarando de volta. Meus olhos fecharam dos dele antes de eu me virar e continuar a subir as escadas. Isso não quis dizer nada. Eu não podia me deixar pensar que isso significava algo. Ben estava esperando por mim no balcão, e ele pareceu confuso quando ele me viu nas escadas subindo da ala de arquivos. Ele fez um desempenho duplamente exagerado. Pensei que você estava lá em cima. Eu estava. - Respondi. - Mas vi alguém que eu conhecia e parei para dizer olá. - Eu liderei o caminho pela porta da frente e para a fria luz do sol. Ben me seguiu alguns passos atrás. - Foi o Caspian? Tudo bem para ele, por eu ir ate sua casa? Eu não quero pisar em nenhum calo. Eu olhei para os dois lados antes de atravessar para o estacionamento e ir em direção ao carro dele. - Você não está pisando em nenhum calo. Acredite em mim. Ben não disse nada enquanto entrávamos no carro, e ele ligou Candy Christine. Eu dei a ele as direções para minha casa e fomos em silencio. Quando chegamos, eu fiz apressadas apresentações para mamãe e papai, que aconteceram de estar em casa no mesmo momento, e então pedi uma pizza. Ben e eu fomos direto ao trabalho, pontuando o que precisaríamos para o projeto, e nós passamos a hora seguinte pensando em tudo. Mamãe e papai foram bastante reservados, e eu fiquei completamente maravilhada com o controle deles. Mesmo quando papai começou a piscar pra mim sempre que ele podia encontrar meu olhar, e eu tive que dar pra ele o olhar do eu–vou-te-matar-se-você-não-parar-com-


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isso, eles se controlaram. Eu fiquei chocada. Quando Ben me disse que tinha que ir, eu agarrei meu casaco e me ofereci para acompanhá-lo ate o carro. Eu dei a papai aquele olhar enquanto eu passava, mas ele não piscou. O rápido ar invernal foi legal no meu rosto enquanto eu saía, e eu puxei meu casaco mais pra perto e o abotoei. Ben abriu a porta e se sentou, escorregando sua mochila de livros para o banco do passageiro ao seu lado. Eu parei na janela do lado do motorista. Então como você quer fazer isso? ―Eu tenho trabalho nos fins de semana com meu tio, mas estou livre depois da escola.‖ Ben virou a ignição, e o exaustor fez um puff de fumaça branca no ar frio. - Você quer me encontrar quarta e sexta feira pela tarde? - ele perguntou. - Amanda tem treino de cheerleading esses dias, e eu não começo a trabalhar até as sete da noite. Eu olhei pra baixo, pra calçada sob meus pés. Bom saber que estamos planejando nosso trabalho de ciências em volta da namorada dele. Meus pensamentos devem ter transparecido em meu rosto, porque ele falou um pouco na defensiva. - Ou nós podemos fazer outra coisa. O que funcionar pra você. Eu colhi uma linha do cordão da minha jaqueta antes de olhar pra ele de novo. Tudo bem. Assim funciona pra mim. Nós iremos nos encontrar nesta última aula vaga do dia. - Ele anotou. - Certo - eu disse. - Eu te verei amanhã na escola. E obrigada por ser tão legal sobre tudo hoje, Ben. Eu realmente agradeço. Eu segurei seu olhar para ele saber que eu falava sério. Mas ele só pareceu envergonhado, e deu de ombros como se não fosse grande coisa.


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- Então onde você trabalha?- eu perguntei com um sorriso divertido. Eu queria afastar o tópico da conversa para o mais longe possível de mim antes dele ir embora. Talvez eu vá atormentá-lo. – Ele riu e passou a marcha no carro, mantendo o pé no freio. - Sou garçom no restaurante Horseman's Haunt. Bem, é mais para um glorificado faz tudo. Se você passar lá, vou me certificar de que você receba um copo d‘agua. Por conta da casa. Eu sorri. - Essa é uma oferta muito boa para deixar passar. Ele sorriu e ondulou enquanto ele vagarosamente movimentava o carro pra frente. - Tchau, Abbey. Te vejo por aí. - Tchau,Ben - eu respondi. - Cuide de Candy Christine. Eu ouvi seu whoop de risada enquanto voltava para casa. Papai estava em pé lá, perto da porta, piscando um olho pra mim, e eu cumprimentei enquanto pendurava minha jaqueta. Eu iria obviamente ter de dar pra ele um sermão.

Capítulo vinte e três Confusão


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Ele parecia ser um cavaleiro de grandes dimensões, e montado em um cavalo negro de poderoso porte. "A lenda de Sleepy Hollow"

Janeiro voou e rapidamente chegou fevereiro. Nas quartas e sexta, eu encontrava Ben por uma ou duas na escola, e nos fins de semana eu trabalhei para o tio Bob. Eu continuamente ignorei o cemitério, e todo momento livre que eu tinha gastava com meu plano de negócios. Se alguma vez quis aquele dinheiro do papai, era tempo de trabalhar sério. Eu tinha apenas dois meses restante antes do fim do ano letivo. Foi durante um curto intervalo do trabalho numa terça a noite que me encontrei no humor para uma xícara de chá de hortelã com pimenta. Agarrando minha nova, e ainda não utilizada, xícara de chá da minha mesa, percebi que ainda não tinha tido a chance de agradecer Nikolas e Katy pelo presente de natal deles ainda. Eu estive tão colada com o projeto da feira de ciências, e meus perfumes, e meu coração partido que não tinha passado para uma visita. Eu me senti mal por isso. Eles tinham sido tão bons comigo, e tinha parecido extremamente apressada para minha visita. Era terrível que eu ainda não tivesse parado pra uma visita. Quando a minha água ferveu e eu coloquei um saquinho de chá de hortelã com pimenta na xícara, prometi a mim mesma que se eu terminasse meu trabalho mais cedo hoje, eu iria vê-los. Com meus planos firmemente definidos, voltei lá pra cima e sentei na minha mesa, continuando meus cálculos de estimativas de lucros brutos por três anos. Os meus músculos do pescoço gritando e olhos ardendo finalmente me lembraram que eu estava trabalhando por muito além do tempo, olhei para o relógio na parede com horror. Era quase meia noite. Muito tarde para uma visita, e com escola no dia seguinte, era hora de eu me enfiar na cama. Eu fracamente empurrei meus papéis para um lado da mesa e deixei


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minha xícara vazia lá. Isso poderia esperar ate amanhã para ser lavada. Brigando com muitos bocejos enormes, troquei por um par de pijamas quentes e felpudos, e me aconcheguei para debaixo dos cobertores. Amanhã, eu me assegurei. Eu irei vê-los amanhã *** Mas quando sexta feira de tarde chegou, me encontrei trabalhando no projeto com Ben na escola, e meus planos mudaram de novo. Se eu conseguisse que ele me desse uma carona ate o cemitério e me deixasse na casa de Nikolas e Katy, então eu diria a eles um rápido obrigado e fazer planos para uma visita mais longa outra hora. Essa me pareceu uma sólida ideia, e eu rapidamente fui pega de novo pelo trabalho com Ben. Nós estávamos fazendo uma lista de todas as diferentes coisas que precisaríamos para as pessoas cheirarem, e ele estava fazendo um trabalho completamente desprezível de me enojar. Reajustando meu assento à mesa vazia que estávamos usando, eu dei uma olhada na nossa lista de categorias de novo. Eles eram divididos em sim, não e talvez. - Eu acho que deveríamos adicionar uma nova categoria aqui, Ben - eu disse. - A 'nem a pau' categoria. É onde os ovos podres deveriam estar. Seus ombros balançaram com a gargalhada, e o sorriso em seu rosto era contagiante. Comecei a rir também. - Estou falando sério, Ben - eu disse entre risos. - De forma alguma a gente pode fazer as pessoas cheirarem ovos podres. Você quer que eles vomitem por sobre todo o projeto? Os olhos dele se iluminaram, e eu lancei minhas mãos no ar, sabendo imediatamente que eu apenas dei a ele outra ideia. - Não. Não. Definitivamente não.


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Ele acionou sua expressão sádica. - Vamos, Abbey, você não está fazendo isso ser divertido. Eu achei que você tivesse dito que eu poderia fazer as pessoas cheirarem coisas realmente nojentas. Não foram essas exatamente suas palavras? Eu suspirei em derrota. Ele estava certo. - Certo, certo. - Eu desisti. - Você pode ter os ovos podres, mas nada de vômito. E se as pessoas começarem a vomitar por causa do cheiro, eu vou fazer você limpar tudo, certo? Seu largo sorriso foi à única resposta que tive, enquanto eu sacudia a cabeça e escrevia - Ovos podres debaixo da categoria sim. Quando terminei de escrever, ele se inclinou e arranhou - B.B. - perto. Eu encarei o papel, tentando entender por que ele fez aquilo. Eu olhei pra cima e levantei uma sobrancelha pra ele. - Eu desisto. O que isso significa? Ele apontou para o B.B. - Ben Bennett. Minhas iniciais. Eu não quero que você esqueça de quem foi a ideia maneira. Eu o encarei como se ele tivesse acabado de se tornar verde, bem na frente de meus olhos. - Maneira? Oh, sim. Eu vou me certificar de te lembrar disso quando você estiver enterrado até os joelhos numa pilha de vômito. O olhar que ele me deu foi tão cômico que me dobrei de rir de novo, e uns dois segundos depois ele se juntou a mim. - Sua risada é contagiosa, Abbey - ele me disse depois que me controlei.


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Eu o soquei no braço. - É tudo culpa sua, sabe. Você me faz esquecer-se de tudo e rir demais. Nós nunca conseguiremos terminar este projeto se não colocarmos algum trabalho sério nisso. Ele pegou a caneta de minha mão e rabiscou no papel: - É melhor rir do que chorar, não é? A seriedade da questão dele me bateu, e eu fiquei sóbria, acenando com a cabeça lentamente. Ele continuou a olhar pra o que ele estava fazendo, e continuou rabiscando. Tensão se abateu em volta de meus ombros, e eu pensei de volta na cena na biblioteca, ainda me arrependendo daquele momento de novo. Ben continuou em silencio, até que olhou para seu relógio e então pulou repentinamente. - Oh, cara, estou atrasado. Eu tenho que ir. Eu deveria pegar Amanda as cinco hoje. Nós temos um encontro. Eu saquei meu celular do meu bolso, e vi que já eram 4:53. - Pode ir. Te vejo segunda. Ele catou a mochila enquanto eu afastava a lista que tínhamos feito, e ele se virou para me encarar antes de sair pela porta. - Até mais, Abbey. Tem sido divertido. Você é a melhor parceira que eu já tive num projeto de ciências. Eu ri. - Eu sou a única parceira de ciências que você já teve. Ate agora, nós nem sequer tivemos que participar de uma feira de ciências. Sorrindo, ele levantou um ombro de um jeito casual. - Mesma diferença. - Vá - eu disse. - Dê o fora daqui. - Ele ondulou antes de sair, e eu terminei de


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fechar minha mochila, me certificando de que estava tudo bem guardado. Ben poderia ser um enchedor, mas ao menos ele mantinha minha mente ocupada. Jogando a mochila no ombro, eu fui em direção da porta e parei quando percebi que tinha esquecido de pedir uma carona ate o cemitério pra ele. Eu hesitei, incerta se eu deveria continuar com meu plano e ir andando até a casa de Nikolas e Katy ou se eu deveria ligar pra minha mãe e pedir uma carona pra casa. Dei uma olhada pela janela, para checar o tempo. Estava ficando escuro lá fora, mas estava limpo. Eu peguei meu celular de novo e disquei o número de minha mãe, esperando que ela atendesse. A voz dela soou distraída, e quando ela me disse que o jantar ia atrasar por causa de algum trabalho de última hora, eu me decidi. Eu disse pra ela não se preocupar. Eu iria andando pra casa e pegar algo pra comer no caminho. Depois de checar se eu tinha dinheiro suficiente, ela soprou um audível suspiro de alivio e rapidamente desligou o telefone. Com tudo ajeitado, eu guardei de volta o celular em meu bolso e saí da sala de aula. Era um pouco estranho ainda estar na escola até tão tarde, e me apressei pelos corredores e atravessei as portas principais. O barulho distante de uma enceradeira cantarolava ao fundo, e uns dois professores deixaram de olhar seus papéis quando passei pelas salas onde estavam. Eu lhes dei um sorriso falso e continuei andando, ansiosa para estar em meu caminho. Uma vez que eu estava do lado de fora. Um imediato senso de liberdade me envolveu. Revirando minha mochila, enterrei meus dedos sem luva em meus bolsos e virei em direção ao cemitério. Eu tinha de parar lá. Eu escolhi a direção que me levaria direto ao cemitério cruzando o rio. Era uma escolha perigosa, e era a primeira vez que eu quebrava o pacto com Kristen, mas era o caminho mais rápido. Eu andei rapidamente, e logo cheguei ao banco de pedras que marcou meu destino adiante. Assistindo o turbilhão de água raivosa por um minuto, enviei uma breve prece que eu faria a travessia para o outro lado sem cair. Tudo o que eu tinha que fazer era ter


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atenção ao pisar nas pedras, e eu teria atravessado o rio num minuto. Ancorando minha mochila em meus ombros mais firmemente, e abrindo os braços para me equilibrar melhor, dei um passinho na pedra mais próxima para testar se estava escorregadia. Pareceu que a maior parte da neve havia derretido, mas na água congelante, gelo era minha maior preocupação. Coloquei meu pé na pedra e fiquei parada por um minuto. Até agora, tudo bem. Eu tinha de pisar em mais quatro ou cinco pedras para atravessar tudo. A água corrente se movia rápida, e tentei não olhar diretamente pra baixo. Mantendo meus olhos na outra margem, eu esperancei a próxima pedra. Escolhendo apenas as maiores e planas pedras era um tanto arriscado, mas pisei na próxima e me encontrei no meio do rio. Eu olhei a minha volta, vendo a margem de onde eu acabara de vir, lá atrás, e a margem que eu tentava alcançar tão longe adiante. A próxima pedra era de maneira angular, e eu sabia que seria provavelmente difícil conseguir passar por isso em segurança. Fiz meu movimento, mas meu pé escorregou da pedra e quase alcançou a água. Eu me joguei pra cima e pra trás, tentando manter meu equilíbrio. Tentando de novo, meu pé escorregou pela segunda vez, e eu quase perdi minha mochila. Isso me sacudiu, e eu tive de me forçar a não entrar em pânico. Eu não sabia se deveria continuar indo ou dar meia volta, e me senti cercada. Era quase como meu sonho daquela noite em que Kristen tinha morrido. Eu encarei o rio limpo. Eu sabia que estaria frio. De entorpecer a mente, de tirar o fôlego e frio como gelo. E rápido. A corrente iria ficar a minha volta e me levar se acontecesse de eu cair ali.

Um pensamento me prendeu e eu olhei pra pedra na qual eu estava empoleirada. Foi nessa que ela bateu a cabeça? Será que o sangue da Kristen ainda mancha essas águas em algum lugar? O som de alguém gritando algo me tirou de minha contemplação, e eu lancei um olhar a outra margem do rio. Uma figura escura estava lá, ondulando para mim, e eu mal podia cruzar o contorno integral. Armando um copo com minhas mãos em volta de minha boca, eu gritei - Nikolas é você?


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- Sim, Abbey, sou eu - ecoou de volta. - Espere aí! - eu gritei. - Estou quase chegando! Olhando a pedra na minha frente, vagarosamente escorreguei um pé, tentando um ângulo diferente dessa vez. Funcionou, e eu podia plantar meu pé mais firmemente. Apoiei-me nas duas pedras, segurei minha mochila, e então me lancei. Eu não me mantive firme por muito tempo, mas continuei me movendo. A próxima pedra era a maior de todas, e rapidamente atravessei-a. Quando alcancei a última pedra que ficava entre a terra seca e eu, podia ver o Nikolas em pé próximo a margem do rio. Uma frágil mão estava estendida em minha direção, e me agarrei a ela assim que atingi a margem, grata pela linha da vida. Após dar uma última olhada pra trás, me virei pra ele e deixei toda a gratidão que estava sentindo se expressar em meus olhos. - Obrigada, Nikolas. Você é o segundo homem que vem em meu resgate neste rio. Uma garota poderia se acostumar a este tipo de coisa. Ele arrastou os pés, e fez barulhos de reprovação, mas acho que ele estava satisfeito com minhas palavras. Quando soltei sua mão, ele puxou sua gasta jaqueta de flanela um pouco mais pra perto de seus ombros e me deu um olhar ansioso. - Você não deveria estar cruzando aquele rio, Abbey. Se você tivesse escorregado, ou caído aí, eu não sei o que eu teria feito. Ainda não é a sua hora. - O seu rosto marcado pareceu preocupado, e eu estava devastada por causar a ele alguma preocupação. Eu dei uma batidinha na mão dele suavemente e coloquei um braço em volta de meu ombro. - Eu prometo que não irei cruzar aquele rio de novo tão cedo, Nikolas. Uma vez que eles terminarem de construir a ponte Washington Irving, eu poderei passar por lá toda vez. Certo? - ele acenou e pareceu aliviado. - Alem disso - eu disse - o que você está fazendo aqui fora com este tempo? Katy não está aqui fora também, está? - eu lancei um olhar a minha volta, mas não vi nada.


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Ele pareceu afrontado pela possibilidade de que Katy estaria vagando por aí na fria escuridão. - Minha amada está segura e quente em casa, aconchegada na frente de uma lareira flamejante. Ela não estava se sentindo muito bem, então me ofereci para sair e pegar alguma lenha, e pela rota eu tomei uma pequena caminhada. Eu me preocupei diante do pensamento de Katy estando doente. Eu não podia suportar o pensamento de algo acontecendo com ela, e alcancei ambas as mãos dele urgentemente. -Ela está bem? Vocês precisam que eu faça algo? Nikolas sacudiu sua cabeça. - Ela esta bem. Apenas e pequeno resfriado de inverno. - Colocando uma de minhas mãos debaixo de seu cotovelo, ele virou para a rampa suavemente inclinada. -Nada mais, nada menos. Embora, irei avisá-la sobre sua preocupação por ela. Tenho certeza de que ela ficará grata. - Com apenas uma leve hesitação nós subimos o declive juntos e paramos perto do topo, perto da trilha que ia até sua casa. - Se houver qualquer coisa que eu possa fazer, por favor, me diga. - Eu respondi. Você também pode agradecê-la por mim? As luvas e a encharpe são absolutamente lindas. E a xícara de chá perfeita. - Ele esperou pacientemente enquanto eu tagarelava. - Oh, e obrigada pela escultura! Eu adorei! Os detalhes são incríveis. E como Katy sabia que vermelho é a minha cor favorita? Ela deve ser adivinha ou algo assim. Nikolas sorriu pra mim e apertou meu braço. - Eu irei com certeza passar as doces palavras para ela. Ela teve um pressentimento de que você iria gostar de vermelho. Eu ficarei feliz em falar pra ela que estava certa. Eu sorri e lhe dei um sorriso espontâneo. - Espero que vocês dois tenham passado um feliz natal. - disse em sua orelha. Ele me abraçou e então, deu um passo pra trás, parecendo um pouco encabulado.


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- Então, agora - ele disse, acertando sua jaqueta, devo voltar para minha dama. Diga-me, quando você virá para uma visita?Eu inclinei a cabeça pro lado e dei-lhe um olhar sério. - Bem, já que você não quer que eu cruze o rio à noite... - ele levantou um dedo e balançou a cabeça. E você quer que eu dê a Katy algum tempo para descansar... - eu agi como se estivesse ponderando a questão por um minuto. - Que tal a próxima terça, depois da escola? Eu não tenho planos pra este dia. Está bem por você? Nikolas concordou, e eu cuidadosamente removi minha mão de seu braço. - Certo. Então virei vê-los na terça. Coloque um pouco de chá de hortelã com pimenta na sua chaleira neste dia. Um olhar feliz preencheu seus olhos, e esperei que ele se fosse, mas ele não foi. Então esperei, imaginando se ele esqueceu-se de algo. Ele se virou para encarar a água.

- Você não vai atravessar aquele rio de novo para voltar para casa, vai? - eu pensei ter escutado ele murmurar algo sobre ‗cair novamente‘, mas não tive certeza. - Não - eu disse, balançando minha cabeça. - Vou seguir a outra trilha acima, para o portão principal e - um barulho atrás de mim nos interrompeu, e virei para ver o que era. Soou como se algo tivesse atravessado. Caspian saiu das sombras do mausoléu para minha esquerda, e meu queixo caiu de surpresa. Eu não estava esperando vê-lo ali. - Afaste-se, Abbey. Afaste-se dele agora. - Seu tom me chocou, e seus olhos verdes


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eram frios. Tudo pareceu claro como cristal quando vi uma pedra em suas mãos e senti meus sentidos mudarem. Uma pequena descarga de medo desceu pelas minhas costas, e eu endireitei minha espinha reta. Isso era bem real agora, eu tinha de lidar com isso. Dei as costas ao Nikolas, me movi para ficar na frente dele e levantei uma mão para Caspian, tomando um cauteloso passo à frente. - O que você está fazendo aqui, Caspian? O que há de errado? O punho dele claramente apertado na pedra, mas o que me confundia eram seus olhos. Eles estavam fixados no Nikolas, mas quando mudaram pra mim, suavizaram-se, quase dóceis. Eu parei e encarei. O que está havendo aqui? Ele segurou uma mão, a que não estava segurando uma pedra, e me puxou para seu lado. Sua voz era bem, bem suave. - Apenas venha pra cá comigo, Abbey. Eu tomei um passo automático para perto dele, mas então parei novamente. A pedra me assustava e não pude entender nada. Minha cabeça girava, e coloquei minhas mãos pra cima, tentando tomar algum controle na situação. - Por que você está com uma pedra, Caspian? Eu não sei se você pensa que estou em algum tipo de perigo aqui, mas não estou. Este é o Nikolas, e ele é - a próxima interrupção veio de uma forma que eu não esperava. Uma mão agarrou meu pulso por um lado gentilmente, mas o segurar era sólido e forte. Eu olhei pra trás em surpresa. Era o Nikolas. Havia algo diferente nele, uma sensação de poder e autoridade, e por um segundinho não estive certa sobre de quem sentir medo. Eu me livrei daquele sentimento. E olhei pra baixo ao meu braço. Caspian cuspiu algo, mas não pude ouvi-lo. Nikolas estava


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falando agora, e era apenas para meus ouvidos. - Não tenha medo dele, ou de mim. - ele disse calmamente. - O jovem pensa que está te protegendo. Ele se sente bem certo sobre você. Eu sei que você não entende tudo o que está havendo aqui, Abigail, mas você irá. A hora chegou. Ele soltou meu braço e se posicionou ao meu lado. - Não se preocupe - ele disse para Caspian. - Ela não está em perigo algum, eu prometo. Caspian trocou a pedra de mão e tomou um passo para perto. - Afaste-se velho, se ela não está em nenhum perigo, então por que não a deixa vir para mim? Nikolas se virou e me deu um suave empurrão para frente. - Vá em frente. - Ele sussurrou. - Mostre ao jovem tolo que não sou um mentiroso. Eu dei um passo para perto de Caspian e fiquei a menos de um pé longe dele. Seus olhos estavam angustiados, e eu os procurei, buscando respostas. - Astrid, por favor. Venha aqui. Eu irei te proteger. Eu prometo - ele me implorou. Por um momento hesitei. Eu o imaginei me tomando em seus braços e me levando em segurança para casa. Nós chegaríamos na porta da frente, e ele iria gentilmente me pôr no chão, enquanto nós... De repente eu me acertei na testa. Foco, garota. Foco. Eu não precisava de salvamento. Eu estava com o Nikolas. O homem que eu tinha como avô. Algo estava muito, muito errado aqui, e eu precisava consertar isso. Imediatamente. Depois de fazer um gesto de ‗tempo‘ com minhas mãos, coloquei ambos os punhos em meus quadris e me virei para o Caspian. - Antes de tudo, você precisa largar essa pedra estúpida. Agora.


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Eu cruzei os braços e esperei que ele me escutasse. Quando ele hesitou, eu bati meu pé contra o chão até que ele tivesse completado minhas ordens. - Obrigada - eu disse docemente. Então parti pros negócios. - Agora, eu não sei como as coisas estão entre nós bem agora, Caspian, mas com certeza você não virá aqui me assustar pra caramba, e então destratar um amigo meu. Nikolas deu um passo a frente. - Em um minuto, Nikolas. Eu já falo com você em seguida. - Ele voltou ao seu lugar um olhar castigado em seu rosto. Eu virei de volta para Caspian. - Eu não pude fazer as apresentações adequadas anteriormente, mas este é Nikolas. Ele e sua esposa Katy moram perto daqui. Eles eram guardas, e ambos se tornaram bons amigos meus. E Nikolas, este é Caspian. Ele é meu, bem era meu… ele é apenas um amigo. Agora, por que você estava segurando uma pedra assim, Caspian? Ele pareceu agitado, e moveu ambas as mãos pelos cabelos antes de falar. - Eles não são o que parecem, Abbey. Há mais do que qualquer conversa mole que ele tenha te contado. Ele é perigoso. Bufei em descrença e virei para encarar Nikolas. - Você é perigoso, Nikolas? Ele baixou a cabeça, parecendo para todo o mundo um homem velho e frágil, e então olhou pra mim. - Eu alguma vez te machuquei, Abbey? - Observação feita - respondi. - Agora, você irá explicar ao Caspian aqui, que foi ele quem tomou algum tipo de pílula maluca hoje, que você é apenas um guarda que mora na floresta. Nikolas inclinou sua cabeça de novo e falou para Caspian. - Não importa quem, ou


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o que, nós tenhamos sido em outra vida, tudo que dissemos a ela sobre nós é verdade. - É mentira - Caspian cuspiu. - Eu conheço a verdade. Eu vi o cavalo. E te vi conversando com eles. Minha cabeça estava positivamente rodando agora, e começava a sentir um pouco do frio noturno. Eu não fazia idéia do que as palavras de Caspian significavam. - Eu não sou nada mais que um homem - derrotou Nikolas - e agora mesmo, eu sou um homem que precisa ir pra casa, para ver sua amada. Eu balancei minha cabeça e dei a cada um deles um olhar aborrecido. - Espere. Apenas um minuto. Eu não sei o que está rolando aqui, entre vocês dois, mas quando se sentirem prontos para parar de falar em código secreto, aí vocês saberão onde me encontrar. Caspian falou ante que eu pudesse me afastar de modo digno. – Desculpe-me, Abbey. Eu não queria que você ficasse presa no meio disso. - Disso? O que é disso, Caspian? - eu perguntei irritada. - Eu nunca sei o que estou fazendo com você. Você nunca está onde eu possa encontrá-lo, você esconde coisas de mim o tempo todo... eu apenas não posso amarrar minha cabeça em volta de nada disso. Eu não posso manter tudo isso certo. E agora você está aqui, com uma pedra? O que você ia fazer? Jogar a pedra num cavalo, em Nikolas… ou em mim? Ele pareceu triste, como se seus sentimentos tivessem sido feridos, e isso apenas me deixou louca. Eu era quem deveria estar magoada, aqui. Caspian sacudiu sua cabeça. - Eu nunca iria te machucar, Abbey. Você sabe disso. Senti uma alfinetada de culpa, porque em algum lugar lá no fundo eu sabia daquilo. - Eu


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joguei aquela pedra pra chamar sua atenção. Para te afastar dele. Eu atirei naqueles arbustos ali. - Ele apontou para a moita que estava a pelo menos dez metros distante de onde Nikolas e eu estávamos. - Ainda assim - eu disse, - você realmente me amedrontou, Caspian. Eu não posso lidar com isso por cima de tudo de estranho que está havendo aqui. Eu tenho que… eu só tenho que ir.- Deixe-me ir com você. - Ele se adiantou. Eu levantei uma mão para impedi-lo. - Eu acho que você deveria me deixar sozinha por enquanto. Deixe-me sozinha. Eu olhei pra trás por sobre meu ombro enquanto me afastava daquela confusão toda, e eu não podia ver Caspian. Até seu brilhante cabelo havia derretido no meio da escuridão. Mas Nikolas estava lá, e eu juro que vi o contorno escuro de um cavalo fuçar por detrás dele,enquanto ele abaixava sua cabeça. E isso fez o mais assustador de tudo acontecer. Eu comecei a me questionar, e o quão sã eu realmente estava. Capítulo 24

A LENDA Ichabod estava horrorizado, ao perceber que estava sem cabeça!— mas o seu horror era ainda maior, ao observar que a cabeça, que deveria estar repousada em seus ombros, estava sendo transportada antes dele no punho da sela... -A Lenda do Sleepy Hollow-


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Minha concentração ficou para o fim de semana e a semana seguinte. Mas eu acho que um passeio noturno por meio de um cemitério com o confronto louco faria isso com qualquer um. Ben realmente intensificou a ajuda e ajudou a terminar o projeto de ciências, entretanto, ele até se absteve de me perguntar qualquer dúvida, e eu estava grata pelos pequenos favores. Especialmente porque eu não tinha nenhuma resposta para as perguntas que eu já estava me perguntando. Quando quinta-feira à tarde finalmente chegou, reforcei minha coragem, para parar em seu armário e pedir alguns conselhos. Ele estava conversando com um casal de amigos, mas logo se dispersaram quando me viram aproximando. Ben bateu a porta do armário fechada e esperou por mim. Eu não sabia por onde começar. - Ben, eu queria lhe dizer que... - eu hesitei. Conto para ele tudo? Ou nada? -Olha, eu sei que estou sendo um grande fardo essa semana, e me desculpe sobre isso. Na próxima semana estarei melhor. Eu prometo. Vou cuidar de algo hoje que acho que vai ajudar. Ele não parece saber como reagir, mas só brincava com a barra de sua camisa marrom escuro. - Não se preocupe sobre isso, Abbey - ele disse depois de um momento. Isso é legal. Você lida com isso e se certifica que tudo está bem no seu final. Eu vou cobrir para você. Eu olhei para baixo para minha botas, envergonhada que tinha chegado a isso. - Que parceira eu fui, huh? Ele balançou a cabeça. - Eu não estou jogando o jogo A Culpa da Abbey. Apenas lide com isso, siga em frente, e vem ser minha parceira de novo, ok? - Concordo - respondi. - E, ei, eu sinto muito sobre derrubar as nossas ideias sobre a coisa antes de viajar o espaço e o tempo. Alguém chamou o seu nome do lado oposto do corredor, e ele gritou uma saudação. - Não é um problema - ele disse para mim. - Eu já tinha esquecido. -Posso só perguntar mais uma coisa a você? - eu disse de repente. -Claro. -


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-Você e a Amanda confiam um no outro? Quero dizer, se você descobriu que ela estava guardando segredos de você, e se você perguntar a ela sobre isso? Ele pareceu confuso pela minha pergunta, mas respondeu mesmo assim. - Amanda e eu confiamos um no outro, eu acho, até certo ponto. Nossa relação não é, assim, toda a confiança profunda e significativa, mas que ela não vai me enganar. Até onde sei ou não eu lhe perguntaria por algo que pensei que ela poderia estar escondendo ... yeah, eu faria. Ele deu de ombros. - Sem confiança, que tipo de relacionamento você pode esperar ter com alguém? Eu balancei a cabeça. Suas palavras foram exatamente o que eu precisava ouvir, e ecoavam meus próprios pensamentos sobre o assunto. - Obrigada, Ben. Vejo você mais tarde. Eu sei que seus amigos estão esperando por você. Eu me virei, mas ele segurou minha mão e me olhou diretamente nos olhos. - Não deixe que seu namorado lhe dar qualquer merda, Abbey. Há um monte de outros caras lá fora. Você não precisa de um perdedor. Eu suspirei, e puxei minha mão da sua assim que comecei a andar passos lentos longe de seu armário. - Esse é o problema. Ele não é um perdedor ... e ele é o único que eu quero. - Ben me deu um sorriso triste. - Eu sei o que você quer dizer - ele disse baixinho. Encolhendo os ombros desanimada, eu acenei um adeus enquanto me dirigia para o lado oposto do corredor. Era hora de ir ver Nikolas e Katy, e ter algumas respostas sobre estas questões de uma vez por todas. Ensaiei o que ia dizer por todo caminho a pé para sua casa. Enquanto eu vagava ao longo do caminho, disse a mim mesma para relaxar e jogar com calma. Apressando-me para a porta da frente, eu nervosamente dei uma batida. Katy veio responder, e me saudou com um sorriso quente, quando ela abriu a porta para deixar-me entrar. Nikolas estava sentado em sua cadeira de balanço no canto, e eu dei um pequeno aceno antes de tirar o meu cachecol vermelho e luvas e colocá-los em cima da mesa. O bule já estava borbulhando no fogo, e três lugares tinham sido arranjados em cima da mesa. Sentei-me no lugar que sentei na última vez, e olhei em volta da casa. Nada havia mudado, ainda sentia calorosa e acolhedora por dentro. - Estamos felizes que você veio - disse Katy, sentada à mesa, com suas agulhas de


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tricô na mão. Fiz um gesto para o monte de fios na frente dela. - Fico feliz em ver que você está se sentindo melhor. Nikolas passou meus bons desejos e palavras de agradecimento para você? Ela sorriu. - Ele fez, e estou tão feliz que você gostou dos presentes. Algo me disse que vermelho era a cor. Eu sorri para ela. Eu nem sabia quando, ou como, começar a perguntar minhas questões, então virei para encarar Nikolas no canto e precipitei-me. - Eu realmente sinto muito sobre o que aconteceu na outra noite. Eu não sei por que Caspian estava agindo daquele jeito. Você teve a chance de dizer sobre isso a Katy já? Ele balançou a cabeça uma vez enquanto ele falava. - Eu lhe disse tudo. Tenho certeza que você deve ter algumas perguntas para nós. Eu balancei a cabeça em retorno. -Sim, eu tenho. - Antes de começar, porém - ele disse - Eu quero que você saiba que Katy e eu viemos a admirá-la muito neste curto período de tempo, e penso em você como seria a nossa própria neta.Não pude conter meu sorriso megawatt. - Sério? Sinto-me honrada. Penso em vocês do mesmo jeito. Parece que nós conhecemos uns aos outros por muito mais tempo do que realmente temos. - Isso pode ser porque, de certa forma partilhamos uma ligação muito especial. Eu olhei para ele, imaginando o que poderia ser exatamente. - Você vê, Abbey, há algo ... único sobre você, e seu namorado vê isso também. - Seu nome é Caspian, e eu certamente espero que ele veja algo de especial em mim. - Eu sorri para Katy, mas ela não retribuiu o sorriso. Foi então que eu tive a menor pontada de desconforto no estômago. - Vá em frente - estimulou Nikolas. - Eu não queria interromper. Ele se virou para ver o fogo, pois ele continuou falando. - Na outra noite, quando o Caspian, quando estava tentando defendê-la, ele só pensava que ele estava fazendo o que era certo. Como eu disse, há um forte sentimento lá, e eu acho que poderia ser a razão por trás de suas ações.


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Eu estava ficando frustrada e agora queria que ele chegasse ao ponto, em vez de me dizer coisas que eu já sabia. Eu mal conseguia manter minha boca fechada e os meus pensamentos para mim mesma. Ele começou novamente. - Quando eu te conheci no túmulo dos Washington, fiquei surpreso quando você falou comigo... Outras pessoas não. Você compreende tudo para onde estou indo com isso? Impaciência fez minha cara ficar feia, e suspirei. - Eu realmente quero, mas eu não. O que você quer dizer? - Sua habilidade para me ver e falar comigo, quando ninguém mais pode. É porque nós somos todos uma parte deste lugar.... Nós temos uma ligação com Irving Washington e a - E a lenda de Sleepy Hollow . Comecei a entrar em pânico, mas teimosamente agarrado à pequena esperança de que ele estava brincando, por algum motivo estranho. - Eu não entendo o que você quer dizer, Nikolas. Você está falando coisas sem nexo aqui. - Olhei para Katy por algum tipo de confirmação, mas ela estava olhando para mim sem um pingo de expressão em seu rosto. - Você não vê, querida? - disse ela. - Caspian tinha medo de Nikolas porque ele ainda não nos compreende totalmente. Senti meu coração começar a bater mais forte, e minha respiração ficou mais rápida. Eu estava hiperventilando? Era isso que um ataque de coração parecia? Tentei manter a calma, mas a loucura falada na sala estava começando a ir para a minha cabeça. - O que há para entender? - perguntei a Katy. - Ele é apenas um homem inofensivo de idade, e você é inofensiva, certo? - Eu pensei imediatamente de volta para o chá de hortelã que eu tinha consumido aqui. Bom Deus, essas pessoas colocam folhas para deixar louco em seu chá? Levantei-me e andei ao redor da sala. Nikolas e Katy pareciam estar esperando eu me acalmar. Eles estavam me olhando com expressões aguardando, e ouvi as palavras de Caspian na parte de trás da minha cabeça. Eles não são o que parecem, Abbey. Há muito mais para qualquer falsa história que ele lhe contou. Parei de pagar o meu pensamento e voltei a eles com um grande sorriso no meu rosto. - Eu entendo. Vocês dois são como uma daquelas pessoas que fingem que fazem


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parte da história de vida ou algo assim, certo? Você se veste e vai para campos de batalha e coisas assim. Só que, uma vez que vivemos em Sleepy Hollow, você finge que é uma parte disso. Eu entendo. - Alívio fluiu por mim quando entendi isto. Eles só estavam com sua atuação um pouco longe demais. Katy balançou a cabeça em mim. - Nós não fingimos que somos da lenda. Somos a lenda. Revirando os olhos, olhei para Nikolas. - Sério. Vamos lá, pessoal. Eu preciso que você sejam sinceros comigo. Nikolas se levantou da cadeira e se aproximou de mim. Eu senti que a mudança acontecia de novo, e podia encher o ar. - Eu sei que é duro, Abbey, mas você tem que acreditar em nós - disse ele gentilmente. - O nome completo de Katy é Katrina Van Tassel. Temos provas. Um registro de nascimento, fotos e muito mais ...Eu zombei dele. Ele estava indo longe demais. - E quem você deveria ser? Ichabod Crane? Ou Brom Bones? A lenda diz que ela se casou com Brom, mas eu sempre tive minhas suspeitas de que Ichabod voltou para a história. - Nem um. Eu sou o Cavaleiro Sem Cabeça. Meu queixo caiu ao chão. Na verdade, olhei para baixo para ver se eu precisava pegá-lo de volta. - O Cavaleiro Sem Cabeça? - Eu repeti com um gole. - Mas você ... você ... tem ... bem, uma cabeçaEu mentalmente me castiguei enquanto eu vinha com essa lógica falha, mas, aparentemente, eu estava na terra de loucos agora, por isso espero que eu não esteja louca. - Aparências nem sempre são o que parecem, Abbey - Nikolas disse suavemente. Neste ponto, comecei olhar a porta e calcular o quanto ela estava longe e era a única saída. Se eu começasse a me aproximar, eu poderia fazer isso. -Okay - eu admiti, ri para eles enquanto comecei meus avanços lentos. - Então, se você é o Cavaleiro Sem Cabeça, o real, a partir da lenda, como você veio parar aqui? - Bem, a lenda é verdade - disse Nikolas. - Até o ponto em que eu era um soldado, e morri em batalha. Mas então eu me apaixonei por Katrina. Ela poderia me ver quando ninguém mais conseguia. -


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Eu balancei a cabeça como se eu estivesse acompanhando, e me virei para Katy. Então, o Cavaleiro Sem Cabeça era um fantasma que se apaixonou por você. Mas e quanto Brom Bones? O fim da lenda ... - Eu estava chegando mais perto e mais perto da porta, e acenei para que ela terminasse. Ela tinha uma expressão animada em seu rosto, e senti uma pequena parte de culpa por fazê-los pensar que eu acreditava em sua loucura. - Irving Washington escreveu a lenda de maneira para nos proteger. Ele mudou o final. Chegando por detrás de mim, senti a maçaneta e a girei lentamente. - Então, você realmente terminou com ele, o Cavaleiro Sem Cabeça, em vez, e ambos decidiram ficar em Sleepy Hollow juntos para sempre? Katy sorriu. - Sim, querida, somos os cuidadores do cemitério desde então. Eu estou tão feliz que você acredita em nós. Empurrando a porta aberta, eu estava enquadrada no sol da tarde se inclinando sobre nós. Atualmente - eu disse - Eu acho que vocês são um simpático casal de velhos que têm enganado a si mesmos em pensar essas coisas porque vocês não querem encarar a realidade. Desculpe-me se as coisas ficaram muito estranhas e muito abafadas para vocês, lá fora no mundo real, mas isso é onde eu moro, e é aí que eu vou voltar. Eu me virei e corri o caminho todo o que valeu a pena. Deixando minhas luvas e cachecol para trás. Deixando para trás o calor e a amizade que eu pensava que tinha. E deixando um pedaço do meu coração partido para trás para essas pobres pessoas solitárias.

Capítulo 25 A VERDADE As esposas no velho país, no entanto, que são as melhores juízes sobre estes assuntos, manteram este dia que Ichabod foi velado...


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"A lenda de Sleepy Hollow" Atirei-me no projeto com Ben para me manter ocupada. Ele mantinha minha mente ocupada, e tentei compensar o tempo que eu tinha passado antes, não atrapalhando o meu fim do trabalho. Eu não me permito pensar em cemitérios, ou pessoas de idade que estavam loucos, ou chá de hortelã, ou os meninos de olhos verdes, ou melhores amigas mortas. Cada vez que meus pensamentos começavam a divagar, eu imediatamente tirava um caderno e começava a escrever as ideias para novos aromas para o projeto de ciências. Claro, já tínhamos terminado a nossa lista principal, e era uma dor na bunda lutar com um notebook no escuro à noite na cama ... mas era a única coisa que funcionava. Quando o dia dos namorados estava a menos de uma semana me afastei, eu pedi para uma pessoa trabalhar no Tio Bob's no fim de semana. Eu não estava com vontade de ver casais felizes olhando para os olhos uns dos outros enquanto partilham sundaes juntos. Eu pretendia ficar em casa e continuar meu processo de não pensar em nada. Na tarde de sábado, eu estava deprimida em casa. O tempo estava frio lá fora e desagradável, e não havia acabado trovoadas em toda a manhã. Não é muito adequado para um dia claro e brilhante feliz. Eu realmente deveria ter apenas subido de volta para a cama com um chocolate quente e um bom livro, mas eu estava inquieta. Depois de perambular sem rumo de janela em janela na sala, me arrastei até o sofá. Minha mãe estava lendo um livro lá, então me deixei cair ao lado dela. Peguei o controle remoto e começei a trocar de canal, mas parecia levá-la para sempre de reconhecer o meu tédio. Fiquei suspirando dramaticamente depois de cada comercial, até que finalmente ela fechou seu livro com força e olhou para mim. - Tudo bem. Entendi. Você está entediada ou triste, ou algo assim. Quero falar sobre isso? Eu balancei minha cabeça e mantive teimosamente a petulância. - Por que você não vai até seu quarto, então? Alguns de nós estavam desfrutando de paz e sossego por aqui.


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Eu desliguei a televisão e cruzei os braços diante de mim. Minha mãe pegou o livro novamente e voltou à sua leitura. Inclinei a cabeça para trás para olhar para o teto, tentei seguir uma pequena rachadura de uma extremidade da sala para a outra. Foi um exercício dolorosamente chato, mas não tenho mais nada a fazer. Suspirei de novo. Isso deve ter sido demais para a minha mãe, porque ela bateu seu livro fechado e tava em seus pés. -O silêncio não é apenas o silêncio para você, não é? Pega seu casaco. Vamos ver um filme ou algo assim. Eu me levantei do sofá para pegar meu casaco. - Podemos ver alguma coisa que tenha explosões de bombas? Eu não estou tão no clima para uma comédia romântica.- Vamos ver o que está lá. - Ela se juntou a mim na porta e entrou na sua jaqueta antes de escavar as chaves no pequeno chaveiro no corredor. Nós pisamos lá fora, e eu corri para a van. A chuva tinha parado por um momento, mas o ar ainda estava frio. Assim que ouvi as portas destravarem, eu me mexi até no banco da frente e esperei impacientemente enquanto minha mãe dava partida. Meus dentes batiam, e rapidamente liguei o aquecedor tão alto quanto ele ia. Uma vez que o interior tinha aquecido levemente, e meu nariz já não se sentia como se tivesse sido apanhado no freezer, a mãe colocou as duas mãos no volante e passou a dirigir. Então ela se virou para mim e colocou de volta estacionando. - Por que você não dirigi hoje? - Eu? D-dirigir? - Eu gaguejei. - Mas eu nem sequer tenho a minha autorização, no entanto, e você só me deixou práticar num estacionamento vazio, como, por duas vezes. Ela encolheu os ombros. - Então? Seu décimo sétimo aniversário está chegando em um par de meses, e terá sua licença então. Além disso, é apenas quinze minutos para o teatro, e não há muitas pessoas hoje. A prática vai ser boa para você. - Ok -. Eu agarrei a chance e joguei a porta do passageiro aberta. Minha mãe trocou de lugar comigo e eu cuidadosamente ajustei meus espelhos em seguida, coloquei o cinto de segurança. - Bom trabalho - Minha mãe disse. - Agora é só puxar devagar e com calma. Você sabe o caminho. -


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Olhando para os dois lados, enquanto eu saia da garagem, eu coloquei o meu pisca-alerta ligado, sinalizando um vire à esquerda. Isto é um pedaço de um bolo. Eu tomei meu tempo nas estradas laterais, mas realmente coloquei gás quando entrei na rodovia nove. O sinal postado disse cinquenta e cinco, e eu queria me certificar de que chegava à muito pouco dessa velocidade. Eu passei ao longo, atingindo a minha velocidade e meu passo, e olhei para a minha mãe. Ela estava realmente sorrindo e acenou para mim. - Você está indo muito bem, Abbey. Boa condução. - Eu sorri de volta. Eu só tirei os olhos da estrada por um segundo, mas foi por isso que não vi até que fosse tarde demais. Em frente, caído na estrada a poucos centímetros de distância, estava um dois-porquatro com vários pregos enferrujados saindo dele. Eu bati no freio com força e desviei para a esquerda. E por um par de segundos estávamos no ar antes de tocar o chão de novo. Eu segurei firme no volante, mesmo assim eu ouvi as batidas maçante, e travei novamente até chegarmos a uma parada em um estacionamento de cascalho. - Que diabos isso estava fazendo na estrada? - eu explodi Mamãe não disse nada, mas ela tinha uma expressão doentia em seu rosto. - Desculpe, mãe - eu disse rapidamente: - Eu não quis dizer.Ela me cortou. - Não se preocupe com isso, Abbey. Está bem? - Dei um breve aceno, ela olhou para o espelho lateral. - Você fez o que era necessário. Uma vez que você viu que freiar não estava funcionando a tempo, você saiu do caminho. Foi a coisa mais inteligente a fazer. - Ela suspirou profundamente. - Vamos olhar tudo e ver qual foi o dano. Desliguei o motor e deslizei para fora do meu lugar. Minha mãe já estava caminhando para o seu lado do carro e olhando-o de cima para baixo. - Tudo parece muito bem aqui - ela gritou. Olhei para meu lado e vi imediatamente. - É por aqui, ao meu lado. Ambos os pneus estouraram -. A sensação de mal estar inundado meu estômago. Isso poderia ser realmente uma má notícia para mim e minha futura licença. Minha mãe deu a volta para inspecionar os danos. Agachou-se e olhou para cada pneu antes de me instruir a chamar o reboque. Fiz o que ela pediu, e ela saiu para ir


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espreitar o para-choque. - Porra - eu ouvi um minuto depois. Houve um som alto, e voltei para ver o que ela estava fazendo. - Bem, nós temos um macaco, mas não um estepe - ela me informou. - Não é um estepe que nós tínhamos de bom, de qualquer maneira, mas isso não vem ao caso. Eu falei para seu pai que era preciso substituir o que tinha, e ele me ouviu? Não, ele não fez. Ela continuou falando alto, mesmo quando ela pegou o celular e discou para obter informações do número do caminhão de reboque mais próximo. Então ela ligou para companhia de seguros para lhe dar alguma informação, e eu ouvi ela falando alto com eles, também. Eu fui mover a tábua para fora da estrada desse modo ninguém bateria nela. Deilhe um pontapé feroz com o meu pé, murmurei várias palavras de raiva antes de voltar para o carro. Minha mãe tinha acabado de fazer todos os telefonemas dela, e me disse que poderia muito bem esperar dentro do carro, uma vez que pudesse ser um passatempo. Eu atendi o conselho dela e entrei no lado do passageiro, a uma distância segura do volante. A chuva começou de novo, e nos sentamos lá, encolhidas em silêncio miserável. Duas horas se passaram, e vários telefonemas foram feitos a mais, antes do caminhão de reboque finalmente aparecer. Nós ficamos na chuva com ele enquanto ele carregava a van para cima. - Acho que não vamos estar vendo esse filme, afinal - eu disse para minha mãe. Ela apenas rolou os olhos para cima e me disse para ir para dentro do caminhão de reboque. Eu apertei o meu caminho entre sacos amassados de fast-food e um zilhão de latas de refrigerante vazias antes da minha mãe e o homem do reboque subirem. - Então está próximo de uma oficina aqui? - A minha mãe perguntou para o cara e ela me deu uma cotovelada para dar um pouco mais de espaço. Ele correu uma mão gordurosa pelo cabelo oleoso, antes de responder. -Yeah. Cerca de cinco quilômetros até a estrada aqui é Mike‘s Auto Repair.Minha mãe deu um suspiro audível de alívio. - Se você pudesse nos levar lá, nós realmente apreciaríamos isso. - Ele balançou a cabeça e então mudou à medida que cambaleamos para baixo da estrada.


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Não demorou muito para descobrir que cinco quilômetros passando espremida ao lado de uma mudança de velocidades foi inteiramente demasiado longo para o meu conforto, e felizmente me desembaracei quando chegamos na loja de automóveis. Minha mãe pagou o condutor do reboque, e nós duas corremos para um prédio cinza retangular pequeno. Enquanto ela foi até o balcão de peças, vaguei por um corredor de volta, procurando uma área de espera. Eu a encontrei com bastante facilidade, mas suspirei em desespero enquanto notava que tudo que tinha para oferecer era um velho televisor, uma máquina de café bruto, e um par de revistas de carro. Não era exatamente como eu imaginava passar minha tarde. Mas tomei uma cadeira e estiquei as pernas sobre a cadeira laranja de plástico vazia ao meu lado. Tentei ignorar o cheiro de graxa velha que permeava o ar, e peguei o controle remoto. A televisão teve um total de sete canais, e três deles estavam como fantasmas. - Claro que sim, claro que sim - eu disse para a sala vazia. Fechando meus olhos, coloquei minha cabeça contra a parede atrás de mim, fingindo que estava em casa no sofá. Talvez isso tudo acabe quando eu abrir meus olhos de novo. Alguém entrou na sala, e abri meus olhos para ver que era a minha mãe. - Bem - ela disse. -A boa noticia é que eles têm nossos pneus em estoque, e isso deve levar cerca de uma hora e meia para terminar. Eu gemi. - Quanto tempo vai levar para colocar os pneus, uma vez que eles os têm?- Oh, não vai demorar muito tempo. Mas isso não é a melhor parte. A melhor parte é que, com peças e mão-de-obra, isso vai acabar me custando cento e cinquenta dólares. Eu gemi de novo, desta vez mais alto. Eu poderia me ver fazendo quantidades infinitas de roupa e entregando partes de meus contracheques do Tio Bob pelos próximos cinco anos. - Eu realmente sinto muito, mãe. Vou pagar por isso. Eu não queria fazê-lo. Foi um acidente completo. - Não se preocupe com isso - ela disse. - Eu sei que provavelmente vou me arrepender disso mais tarde, mas os acidentes acontecem a todos. Eu quase levantei e abracei ela direito então, meu alívio foi tão grande. - Obrigada,


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mãe. Realmente, obrigada. Mas eu estava dirigindo muito bem antes disso, certo? Ela olhou para mim. - Não force. Eu ainda poderia te fazer lavar muito mais pratos a partir de agora - alertou. Eu fechei minha boca e fechei os olhos novamente. Tudo o que ela quisesse, apenas contanto que eu não tivesse que pagar esses pneus. - O que temos de nos entreter por aqui? - perguntou. Levantei a mão, apontei na direção geral da TV, ou pelo menos onde eu pensei que a TV estava, uma vez que meus olhos estavam fechados. -A TV que recebe quatro canais, um café velho, e um par de revistas. Sua voz se animou. - Revistas? Eu abri meus olhos brevemente, e depois fechei-os novamente. - Você não vai querer elas. Não a menos que você secretamente lê Car and Driver or Auto Enthusiast. Sua voz caiu. - Oh. Eu reajustei meus pés, e ela ficou em silêncio. Eu mantive meus olhos fechados, alheio a tudo o que ela estava fazendo, e tentei dormir. A próxima coisa que sabia, eu estava empurrada acordada, e me segurando antes que eu caísse da cadeira. Olhei ao redor da sala, sonolenta. Eu devia ter pego no sono depois de tudo. Minha mãe estava escrevendo furiosamente afastada em seu PDA, e bocejei alto antes de ficar em pé. - Eu vou dar um rápido passeio para esticar as pernas um pouco, talvez ver quanto tempo eles vão demorar no carro.- Okay - ela murmurou. Saí da sala de espera e encontrei o meu caminho de volta para a parte principal da loja. Nosso carro ainda estava aguardando para ser colocado no elevador, por isso fui obrigada a ficar um pouco. Exalando alto, virei a esquina e caminhei até o final do corredor, onde parecia ter um outro quarto. Eu não quis entrar para bisbilhotar ou intrometer, mas eu estava entediada fora da minha mente. Isso tinha que contar como circunstâncias atenuantes ou algo assim. Eu coloquei a minha cabeça dentro do quarto e vi um homem de cabelos escuros sentado atrás de uma mesa grande. Ele vestia um macacão de mecânico, mas eu não conseguia ler o crachá costurado sobre ele. Bati duas vezes na moldura de madeira à porta


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e esperei. Ele olhou para cima com uma expressão vazia no rosto, e eu falei, hesitante. - Sinto muito incomodá-lo, senhor, mas minha mãe e eu estamos esperando para a nossa van ser consertada, e eu estava me perguntando se você tivesse algo mais para ler por aqui. Nada relacionado a carro? O homem olhou para mim, depois apontou para o canto. - Há uma caixa de revistas antigas. Elas foram doadas, então não sei o que está lá dentro. Eu acho que poderíamos ter jogado um livro ou dois da última vez que limpamos a loja. Mas você é bem vinda para olhar dentro dela. Eu sorri para ele e fui pegar a caixa. - Obrigada. Tenho certeza que isso vai ajudar a passar o tempo. - Você é muito bem-vinda - ele disse. - Fico feliz em ajudar. A caixa estava meio pesada, mas consegui leva-la do escritório. Eu só dei três passos em direção a sala de espera antes de eu cair, no entanto. Como não havia ninguém nas proximidades, caí de joelhos para ver o que havia dentro. Vasculhando todos os tipos de revistas, incluindo alguns que remontam à década de oitenta, eu rapidamente percebi que havia um monte de porcaria naquela caixa. Um livro robusto, foi enterrado perto do fundo, e eu o peguei, apenas para ler Car Chilton's Guide: Toyota 1984 ao lado antes de colocar dentro de volta. Continuei a cavar. Momentos depois os meus dedos atingiram outra coisa lisa e dura, e eu levantei um anuário empoeirado. Estava voltado para baixo, mas quando eu o virei, fiquei surpresa ao ver que era de White Plains High. E ele tinha apenas dois anos e meio de idade Jackpot. Eu tirei as minhas pernas de baixo de mim e sentei com as pernas cruzadas, de costas para a parede. Todos os meus anuários em casa tinham várias assinaturas e todo rabiscado, cada um me desejando várias maneiras de ter um bom verão, mas percebi que as páginas deste livro permaneia livre de assinaturas. Interessante. Folheando devagar, eu não estava surpresa ao ver que a maioria das fotos foram


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dominadas por gente bonita. Eu manusei por elas até que vi fotos individuais. Um dos professores, em um terno amarrotado e peruca óbvia, chamou minha atenção, e me lembrei de um jogo de Kristen e eu tinha jogado na aula de história no ano passado. - É hora para outra rodada de adivinhar quando o Sr. Ives Toupee vai cair murmurei para mim mesma. - Você era muito boa nesse jogo, Kristen. Pobre Sr. Ives, tinha sido o peso de um monte de piadas desse ano. Toda vez que ele ia atravessar a sala muito rápido, sua peruca mal anexada voava da cabeça dele. Agora, ele mudou de perucas para apliques de cabelo ruim ainda pior. O homem, obviamente, não tinha ideia de quão cruel o ensino médio poderia ser. Eu balancei a cabeça, sorrindo para a memória da peruca voadora. Deus, que tinha sido um ano divertido. Eu continuei foleando, e finalmente cheguei ao último par de páginas. Sentando reta, procurava com meus olhos enquanto olhava para o grupo de senhores que anunciava o final de seus anos de escola. Era uma foto em preto-e-branco da direita antes da formatura no ginásio, e as faces eram difíceis de obter, mas eu escaniei sobre elas, à procura de Caspian. Ele deveria ter estado lá. Esta foi a sua turma. Eu procurei as linhas de nomes na extrema esquerda da foto, amaldiçoando o minúsculo tamanho e quatro fonte que tinha escolhido, e olhei para os C. Ele estaria listado lá. Mas entre Carlotta e Cruz, não havia Crane. Olhei por todos os nomes com C novamente, pensando que eu devo ter perdido, ou ele pode ter sido mal-alfabetizado, mas não consegui encontrá-lo em qualquer lugar. Então fui linha por linha, roçando o dedo até que me deparei com o nome de Caspian estava listado com os Vs. Eles tinham o nome dele como Caspian Vander. O erro que me deixou perplexa. Claro, ele tinha sido um aluno novo e tudo, mas ninguém tinha verificado os registros escolares para garantir que eles não estragassem sobrenomes antes rotulados as fotos? Eu verifiquei de novo o anuário com mais cuidado, mas não vi outras fotos que ele estivesse. Então eu capotei para a seção de retratos dos seniores, pensando que ao menos eles tinham de ser rotulados corretamente. Mas os nomes C listado lá renderam os


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mesmos resultados que antes. Eles tinham um anúncio sob o Vs, mais uma vez, por um Caspian Vander, mas na pequena caixa onde deveria ter havido uma imagem estavam as palavras - Desculpe, não há imagem disponível. - Eu não tinha maneira de saber se era realmente ele ou não. Fechei suavemente o anuário, joguei no meu joelho e descansei o queixo na minha mão. Isso foi estranho. Eu não penso seriamente que havia dois caras chamados Caspian, que só passaram a ir para o mesmo colégio. Era um nome bastante incomum. No entanto, distintamente, lembrei que o Caspian que tinha conhecido me disse que tinha ido pra White Plains High, e seu sobrenome era Crane. Não havia Caspian Crane neste anuário. Passo a passo ecoando alto no corredor interrompeu meus pensamentos, e eu olhei para ver o homem que tinha falado anteriormente. Obviamente ele tinha acabado de sair de seu escritório e foi andando no meu caminho. Eu disse - Oi - automaticamente quando ele passou, mas meus pensamentos não estavam com ele em tudo. Meu cérebro estava ocupado demais tentando descobrir as peças deste quebra-cabeça que tropecei em cima. - Esse anuário estava na caixa? - Ele parecia confuso. - Eu não quis dizer para ele colocar lá. Eu olhei para o anuário, e depois de volta para ele antes mesmo de perceber que ele estava falando comigo. Meu cérebro estava agindo confuso. - Oh, sim - eu soltei, olhando para a caixa. - Estava. - Ahhh, meu cérebro estava de volta. - Você sabe de quem é? Um pequeno sorriso triste jogado em seu rosto. - Sim, eu sei. Foi do meu filho. Pela terceira vez na minha vida o tempo congelou. Eu podia ver seu crachá claramente agora, e ele disse Bill Vander. Quando minhas palavras saíram, lento e distorcido, como se eu fosse falar debaixo d'água. Soou engraçado mesmo para meus próprios ouvidos. - Seu… filho...?Ele balançou a cabeça, e de repente as coisas aceleraram novamente. Tempo correu em torno de mim, e eu sabia que ele estava se movendo muito rápido. Eu tive que desacelerar isso ... para impedir o que vinha ... mas eu não podia.


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- Ele costumava ir ao White Plains High School - disse o homem. - Formou-se há quase três anos. Não pergunte a ele, Abbey. Só não pergunte a ele. - Qual era o seu nome? - perguntei a ele. - Caspian Vander. Por quê? Você o conheceu? Você foi para lá também? Eu não conseguia me parar. - Não. Mas eu acho que vi ele por ai uma ou duas vezes. Cabelo alourado, com uma faixa preta ... e os olhos verdes? O homem riu, mas era um riso triste. - Sim, é ele mesmo. - Ele balançou a cabeça e falou baixinho, quase para si mesmo: - Essa maldita mecha... Não faça isso, Abbey. Apenas não faça isso. Meu cérebro estava absolutamente em pânico agora, com algumas réplicas minúsculas de pensamento. Eu não queria fazer isso, mas eu tinha que saber. Coloquei a minha mão, ou melhor, enfiei a mão para cima, pois eu ainda estava sentada no chão. - Sou Abigail Brownin, Abbey. Ele segurou minha mão e a apertou. - Bill. - Então, Caspian deixou isso para trás quando ele foi para a faculdade ou algo assim? - Não. Não diga isso. Por favor não diga isso. - Ele morreu um pouco mais de dois anos atrás em um acidente de carro. Logo após o Halloween. Algo explodiu na parte de trás da minha cabeça e meus ouvidos realmente tocaram a partir da força dele. Deixei cair o anuário. - Eu tenho que ir a-agora - eu gaguejei, tropeçando nos meus pés. - Sinto muito por seu - Minha mãe ... eu tenho que ir. Cegamente, me virei e senti o meu caminho de volta para a sala de espera, me segurando no muro de suporte. - Você está bem? - ele gritou atrás de mim. Mas eu ignorei. As bordas da minha visão estavam embaçadas e pequenas manchas brancas dançavam por trás de minhas pálpebras quando eu as fechei, mas eu estava sobre a parede e tentei desesperadamente


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não chorar. Minha mãe estava em pé ao longo da cafeteira, fazendo algo com a tampa quando entrei. - Ah bom, você está de volta - disse ela. - Eles me avisaram que isso será apenas mais 20 minutos ou assim. Sentei-me entorpecida nas cadeiras de plástico e puxei meus joelhos até meu peito. Eu não disse nada em voz alta ... mas minha mente estava gritando. Quando finalmente veio a minha mãe 25 minutos depois, e ela pagou a conta, eu sentei no banco do passageiro do carro e olhei para fora da janela. Minha mãe começou a dirigir e ligou o rádio baixo antes de se dirigir na direção da casa. - Não vamos dizer nada sobre isso com seu pai ainda. Ok, Abbey, eu quero informá-lo eu mesma, quando ele estiver de bom humor. Dei de ombros, ainda enfrentava a janela, e fiquei em silêncio. Isso foi bom pra mim. Meu pai e os novos pneus eram as mais distantes das coisas da minha mente agora, considerando que o mecânico me disse que meu namorado estava morto. A chuva começou a bater novamente à direita como se puxada para dentro da garagem, e minha mãe fez uma corrida louca para a porta da frente. Eu fiquei onde estava. A chuva caía forte e rápida, e assisti a respingos de gotas grandes cair e, em seguida, rolar através do pára-brisa. Eu tentei coletar meus pensamentos, mas não consegui. Parecia que todos os fios na minha cabeça tinham sido fritados, como um fuzil tinha estado errado. Mas eu sabia que havia uma coisa que eu poderia fazer que faria tudo melhor. Escalando do carro, eu caminhava lentamente para casa, sem me importar com a chuva. Eu não andei para dentro, mas só abri a porta o suficiente para chamar a atenção da minha mãe. Ela estava puxando alguma coisa fora do freezer, que parecia um saco de almôndegas congeladas. - Eu tenho que fazer algumas coisas, mãe - eu disse. Meu tom de voz estava normal, que de maneira nenhuma me surpreendeu. - Eu não sei quanto tempo vai demorar, mas é importante. Ela olhou por cima do saco na mão. Algo no meu tom, ou cara, deve ter a deixado saber como era sério, porque ela não disse nada. Ela apenas olhou para fora na chuva. Você vai ficar doente se você ficar fora muito tempo. Tente se apressar.


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Eu balancei a cabeça e me desviei, mas ela chamou meu nome. Eu olhei para trás. Espero que um dia você possa me dizer o que está acontecendo, Abbey. Estou preocupada, muito preocupada com você. Lágrimas encheram os olhos e olhei para ela, tentando mostrar a ela o que eu não poderia dizer no momento. Ela deu um passo em direção a mim, os olhos arregalados, mas me afastei e deixei a porta se fechar atrás de mim. Minha mãe não podia me ajudar agora. Apenas uma pessoa poderia. A chuva bateu para baixo, e levantei minha cabeça para que ela me lavasse. Não me importava se eu estava encharcada. Meu casaco cobria meu corpo, mas na medida do meu rosto e cabelo ... Eu apenas não me importei. Eu mantive meu ritmo lento e constante, com o meu destino escolhido em mente. Tentei resolver tudo na minha cabeça, mas ainda não podia pensar com clareza. Era como tentar ler um livro escrito com números em vez de letras. Eu não poderia dar sentido a tudo. Com o tempo vim para a cerca de ferro grande marcando a entrada, e tomei o caminho familiar, funcionando agora enquanto eu ia mais longe e mais longe. Cada passo batendo ecoou o som do meu coração em meu peito, um padrão que foi rodado e voltava dentro da minha cabeça. Por favor, esteja aqui, esteja aqui, cantava. Eu não parei de correr quando o enredo de vida veio para ver, mas mantive a direita em ir para o rio. Meus pés deslizaram sobre a pista enlameada molhada, mas eu continuei empurrando para frente. Eu tinha que encontrar ele. Eu tinha que saber agora. Antes mesmo de eu perceber, minha boca começou a sondar as palavras ecoando dentro do meu cérebro. - Por favor esteja aqui. Por favor, esteja aqui - eu ofegava, tentando controlar meu ritmo. Contornando o declive que levava para a Velha Igreja Holandesa e Rio Crane, fiquei no meu curso. O rio chegou à vista. Eu desacelerei para uma caminhada quando finalmente cheguei ao seu banco de pedra. Escorregando meu caminho, olhei toda a área de novo. Mas ele não estava lá. Eu joguei minha cabeça para trás e uivei a minha frustração com o vento. Onde eu estou indo para encontrar ele? Algo silencioso dentro me agarrou e me disse para calar a boca e prestar atenção.


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Eu empurrei pesadas mechas de cabelo molhado dos meus olhos e imediatamente acalmou minha respiração. Então fiquei muito quieta. Depois, exalando uma vez, respirei fundo e me virei para olhar em direção a ponte novamente. Uma figura escura estava encostada no pilar de concreto, quase misturado completamente. Eu sabia, sem sombra de dúvida que minha busca havia acabado. Saí correndo, e parei sob a segurança da ponte. Apenas um pé de distância dele. Ele pareceu surpreso a me ver. - Abbey, o que... - Por que você não me beijou de novo? - Eu interrompi. - Desde aquele dia na biblioteca? Era real, certo? Eu não fiz isso, fiz? Ele não disse nada, e dei um passo mais perto. Agora eu tinha apenas seis centímetros de distância dele. - É porque você não quer? - Silêncio novamente. - Ou porque você não pode?Ele deu um passo de distância, e eu juntei tudo, de repente, querendo o confronto. - Eu conversei com Nikolas e Katy. Tinham algumas coisas interessantes a dizer. Gosto de como eles pensam que são realmente personagens da 'Lenda de Sleepy Hollow. - Eu dei uma gargalhada exagerada ao absurdo. - Nikolas pensa que é o suposto Cavaleiro Sem Cabeça, que se apaixonou por Katy, que é diminutivo para Katrina, como em Van Tassel, enquanto ele era um fantasma. Lindas coisas malucas. Quanto você sabe sobre isso? - Eu olhei pra baixo, esperando uma reação. - Isso poderia explicar algumas coisas sobre eles - ele disse calmamente. Então, mais alto - eu não sabia mais do que você. Juro, Abbey. - E que tal sobre o seu sobrenome, então, Caspian?- eu perguntei. - Qual é o seu sobrenome? Seu real sobrenome?Ele olhou para mim, mas não respondeu. Eu me senti como reforço para ele e cutucando ele enquanto eu enunciava cada palavra. - Minha mãe e eu paramos em uma oficina hoje - eu comecei. - Conheci um homem que tinha o nome de Bill. Eu também encontrei um anuário da White Plains High lá de dois anos e meio atrás. Engraçado, porém, não há ninguém chamado Caspian Crane lá. Somente um Caspian Vander.


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Seu olhar me disse tudo, e eu tropecei para trás, quase caindo. - Isso é verdade, então? - sussurrei - Mas como - por que...?Ele passou as mãos pelos cabelos. Um gesto que eu tinha encontrado uma vez cativante era agora de quebrar o coração. - Eu não sei por que, Abbey. Eu nem mesmo sei como. Tudo o que sei é que estou aqui, e você está aqui, e de alguma forma ...- Ele não terminou. - Mas seu pai. Ele disse que estava em um carro... acidente de carro - Eu coloquei uma mão até a boca para sufocar um soluço, mas foi um ato inútil. Não adianta tentar segurar uma onda com um único saco de areia. Ele balançou a cabeça, e dor encheu seus olhos. - Eu não acredito em você - eu disse ferozmente. - Todos nesta cidade inteira ficaram loucos, e eu sou a única pessoa sã. Eu não sei por que o homem disse aquilo hoje, mas não acredito nele. E não acredito em você - Eu apontei um dedo acusador para ele. Ele estendeu uma mão. - Abbey, me desculpe. Eu não queria que você descobrisse deste jeito. Eu esperava que nós pudéssemos encontrar uma maneira... Eu não sei. E então pensei que poderia ser melhor se eu tentasse para fazer você ficar longe de mim, mas isso só... Tentei não olhar nos olhos dele. Isso era muito impressionante agora. - Seu sobrenome é Vander? perguntei. Ele balançou a cabeça uma vez. - Então por que você me disse que era Crane? Ele olhou para a água ao nosso lado, rolando e rodando sob o ataque implacável da chuva. - Por algum motivo eu estava atraído por este rio. Um dia, no ano passado, eu vi você e Kristen aqui no cemitério, e desde então ... Já se tornou uma espécie de meu refúgio, me trouxe certo senso de paz. Então, quando você perguntou meu nome, apenas escolhi sair dessa forma. Eu não conseguia olhar para ele. - E o resto? Se aquele era o seu pai ... era tudo verdade? - Dirigi às minhas perguntas para o rio, eu não queria ver seu rosto. - Eu não sei - ele sussurrou. - Eu vi os artigos de jornal, mas não consigo lembrar de nada. É tudo preto. Tudo o que sei é que sou atraído por este lugar, e por você. Você é


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tão bonita ... Onde quer que você vá, eu vejo essas cores. Você é a única... Eu me virei para encará-lo agora. - Talvez não seja realmente verdade, então - eu disse ansiosamente. - Quero dizer, talvez você só teve uma concussão ou algo assim, e é por isso que você não tem uma parte da memória. Ou talvez eles tenham a identidade errada. Ele balançou a cabeça. - Abbey, não. - Mas você não sabe! - eu gritei com ele. - Você apenas não sabe! Ele chegou mais perto, até que ele estava bem próximo a mim. - Pegue minha mão - ele ordenou baixinho. Eu olhei para ele incrédula. - O que? - Pegue minha mão - ele disse de novo. Eu suspirei e estendi a mão para tocá-lo. Mas meus dedos deslizaram através dele. Eu voltei para cima, para fora na chuva, horrorizada. - O que você fez? - eu gritei, dançando perigosamente perto do limite da histeria. Por que você fez isso? - É como Isso é, Abbey - ele disse. - É exatamente como isso é. Agora eu estava balançando a cabeça freneticamente, para trás. Parecia que eu estava à beira de um colapso nervoso. Algo estava quebrado na minha cabeça, algum tipo de fio foi desarrumado. -E naquela noite no meu quarto? - Perguntei, tentando me agarrar a algum pequeno fio de sanidade. Você tocou meu rosto. E na biblioteca eu segurei sua mão. E beijei você. E você me beijou de volta, caramba. Então faça o que você fez, então agora -. Eu estava navegando além da repartição histérica, evidente chateada e irritada. Ele caminhou para perto de mim, até que ele estava apenas sob a borda da ponte. Eu não posso fazê-lo novamente, Abbey. É por isso que fiquei longe de você. Foi só por um dia. Naquele dia, especificamente. Eu pisei para trás sob a segurança da ponte. - Faz novamente - disse. – Deixe-me ver você fazer isso de novo. - Eu estendi minha mão, e ele posicionou o braço por cima dela. Então ele virou para baixo. Meus olhos se abriram e saltaram para fora da minha cabeça enquanto eu


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observava seu braço inteiro passar pelo meu. Então, ele trouxe para cima e fez isso de novo. Eu só senti o simples fio de um arrepio cada vez que ele passava por mim. - Chega - gaguejei, me curvando para colocar minhas mãos sobre minha cabeça. Estava latejante, e a mesma explosão de sentimento estava acontecendo na base do meu pescoço novamente. - Agora você vê, Abbey? Caspian perguntou. - Você entende porque eu tive que ficar longe? Minha cabeça explodiu, enviando uma vaga e temporária sombra sobre o meu globo ocular esquerdo. Quando clareou, tropecei nos meus pés e apoiada na chuva de novo. Segurando ambos os braços na minha frente, eu os usei como escudo para defender. Então a dor no meu coração veio. Foi uma dor lancinante brutal, tão forte que me fez cair de joelhos e miserável. Levantando novamente, e novamente, eu vomitava até que nada foi deixado, meu corpo estremecendo e em convulsão. Quando o pior já tinha passado, me arrastei até a borda do rio. Não dando atenção a minha roupa, ou o sabor salgado em minha boca, eu mergulhei nessa fria água correndo e lavei a boca. Barulho suave atrás de mim me disse que Caspian tinha me seguido, mas ele recuou. Eu peguei os meus cabelos pesados, encharcado em uma mão e torci para o lado antes de chegar aos meus pés. Eu estava completamente encharcada, mas eu não prestava atenção a isso. - Só me diga uma coisa - eu sussurrei através de uma dor de garganta quando me virei para encará-lo. As lágrimas derramadas, e eu lutava para recuperar minha compostura. - Naquela noite em meu quarto, e no dia seguinte na biblioteca ... se você, você ia dizer que me amava? Ele balançou a cabeça, mas não respondeu. Eu esperava. E olhei profundamente em seus olhos. - Pelo menos me dê a dignidade de uma resposta, Caspian - Eu chorei quando vários minutos se passaram. - Você me deve muito Ele olhou para longe, e depois de volta para mim novamente. Quando ele falou,


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cada palavra era pesada e cheia de agonia, como se elas estivessem sendo retiradas do fundo da sua alma. - Claro que eu não te amo, Astrid. Eu não tenho uma alma. Eu não sei o que esse sentimento é, mas isso não é amor. Não pode ser.- Mas eu... amo você - Eu disse entrecortada. E com essa confissão, eu virei de costas para ele e fui embora.

Fim... Série The Hollow continua em: The Haunted


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