A importância do Jardim Vertical Mariana Cristina Petrazzo Giovannetti 4008222
SUMÁRIO CAPÍTULO I – PLANO DE PESQUISA Resumo…………………………………………………………..01 1. Introdução……………………………………….…........02 1.1 Problemática………………………………………………....02 1.2. Objetivos.........…………………………………………... ….03 1.2.1 Objetivo geral.................................................................03 1.2.2 Objetivos específicos.......................................................03 1.3 Justificativa e relevância do tema................................................................03 1.4. Metodologia……………………….…………….......07 1.4.1 Etapa exploratória.....................................................07 1.4.2 Etapa descritiva.........................................................07 1.4.3 Etapa Conclusiva.......................................................08
CAPÍTULO 2 – RESULTADOS PARCIAIS 2. Contextualização do tema..................................................................08 2.1 Paisagismo........................................................08 2.2 Processo de verticalização urbana..............................................................11 2.3 Verticalização do Paisagismo........................................................12 2.4 A importância dos Jardins Verticais...........................................................16
3. O Projeto referencial Caixa Fórum Madrid.....................................19
CAPÍTULO 4 – LEVANTAMENTO DE DADOS 4. Estudo de caso para a cidade de Ribeirão Preto................................................................21 4.1 A importância da vegetação no meio urbanizado.......................................................25 4.2 Breve histórico sobre o local de estudo..............................................................27 4.3 Situação atual do local de estudo..............................................................28
CAPÍTULO 5 – PROGRAMAÇÃO DE ATIVIDADES FUTURAS 5. Plano de Trabalho.........................................................32 5.1 Cronograma.............................................33 CAPÍTULO 6 – REFERENCIAIS BIBLIOGRÁFICOS 6. REFERÊNCIAS..............................................34
CAPÍTULO 1 – PLANO DE PESQUISA
1.Resumo As cidades cresceram de forma acelerada, sobretudo depois da Revolução Industrial do século XVIII, onde houve um crescimento sem controle, repercutindo-se num desajustado planejamento ambiental e urbano. Atualmente não há mais espaço para os Jardins tradicionais, pois cada vez mais as cidades se tornam verticalizadas; assim, os Jardins Verticais contribuem para os espaços verdes urbanos e se tornam uma oportunidade para a reabilitação do espaço edificado. Proporcionam inúmeras vantagens para o edifício, de que se destacam a eficiência energética e acústica, a proteção da estrutura do edifício ou a melhoria da qualidade do ar interior. Melhoram os aspectos climáticos e socioambientais, como na redução do efeito ilha de calor, no aumento da biodiversidade e na qualidade do ar exterior; além de tudo isso proporciona ao Homem uma sensação de saúde e conforto, exclusivo da Natureza. Com o surgimento da sustentabilidade houve a possibilidade em buscar por melhorias aplicáveis ao ambiente urbano, enfrentando é claro, a escassez de espaços verdes, tais como: praças, parques, reservas florestais, matas ciliares, etc, além de inadequação da infraestrutura das áreas destinadas ao lazer, atividades físicas e recreação ao ar livre. Partindo deste pressuposto, propõe-se como aplicação do conhecimento adquirido no estudo desenvolvido e aqui apresentado, uma estratégia de implantação de um Jardim Vertical, reabilitando o edifício escolhido na cidade de Ribeirão Preto. Inspirado na técnica e mestria de Patrick Blanc, considerado o “pai do Jardim Vertical”, o projeto terá também composições harmônicas e se ajustará ás condições do local. PALAVRAS-CHAVE: Jardins Verticais; Sustentabilidade; Arquitetura Sustentável; Aspectos socioambientais; parede verde; paisagem urbana.
1.1 Introdução A pesquisa refere-se à temática dos Jardins Verticais e seus benefícios ao serem aplicados às edificações. O presente capítulo tem por objetivo apresentar o tema desenvolvido nesta monografia. Inicialmente, é apresentada a problemática e os objetivos que norteiam neste trabalho, esclarecidos pela justificativa e relevância do tema, e também pela metodologia que será explicada em etapas. O segundo, o terceiro e o quarto, o leitor poderá tomar conhecimento histórico e específico do conteúdo abordado. Já o último, trata-se do estudo de caso e o projeto em si, que ainda trará as questões ecológicas e a crescente consciencialização do Homem face aos problemas ambientais e tentativa de solucioná-los. 1.2 Problemática Por conta da aceleração do crescimento urbano, o meio ambiente natural vem cada vez mais sendo substituído por densas manchas cinzentas, consolidadas por edifícios e solos impermeabilizados, promovendo cada vez mais um distanciamento entre o homem e a natureza. A cidade de Ribeirão Preto apresenta baixo índice de vegetação natural, a maior parte está concentrada na Zona Sul; a parte Central e mais antiga (onde será implantado o objeto do estudo) apresenta ainda alguns elementos naturais, porém fragmentados e mal-cuidados. Sendo assim, a busca por solucionar os problemas deste local, gera uma série de questões para serem resolvidas nesta pesquisa. ° Quais critérios devem ser adotados para promover a criação de um Jardim Vertical em uma área carente de vegetação na cidade de Ribeirão Preto? ° De que maneira o Jardim Vertical beneficiará a sociedade? ° Quais impactos serão gerados pelo sistema deste Jardim Vertical no local escolhido? ° Quais são as opções mais viáveis para o desenvolvimento do Jardim Vertical?
Objetivos 1.3.1 Objetivo Geral A pesquisa tem como objetivo geral desenvolver uma proposta projetual de um Jardim Vertical em uma área carente de vegetação na cidade de Ribeirão Preto – SP, a fim de melhorar esteticamente a paisagem escolhida, bem como contribuir com questões concernentes ao conforto climático (diminuição dos efeitos da Ilha de calor), aumento da biodiversidade e à conscientização ecológica. Pretende-se sistematizar conceitos, diferentes formas de aplicação, sistemas de rega, tipos de plantas, assim como manutenção exigida para a sua sobrevivência, para uma possível aplicação como solução para a reabilitação do edificado da cidade de Ribeirão Preto. 1.3.2 Objetivos Específicos Identificar áreas carentes de vegetação na cidade de Ribeirão Preto; Discutir o ganho de espaço que o paisagismo vem ganhando em Ribeirão Preto e no Brasil; Propor soluções para o tratamento da paisagem urbana nas áreas centrais de Ribeirão Preto; Analisar a melhoria do ambiente urbano e para sociedade, quando inserido um Jardim Vertical. Aplicar conceitos para a sobrevivência (manutenção) de um Jardim Vertical. • 1.4 Justificativa e relevância do tema Quando inserido um Jardim Vertical num determinado espaço construído, surge uma série de benefícios que melhoram a qualidade do ambiente urbano, bem como criam novas e inovadoras tipologias de verticalidade; conforme alega Costa (2011), em que o interesse em jardins verticais pode ser justificado não só pelo enriquecimento ornamental (o que não deve ser subestimado), como por ser uma tecnologia relativamente nova e que se adapta a espaços reduzidos. Isto se torna uma grande vantagem, já que na maioria das cidades espaços para ajardinamento são escassos, principalmente em áreas de alta densidade populacional.
Ou seja, há falta de espaço para criar mais áreas verdes, mas sobram paredes nuas. Um jardim vertical não faz, assim, concorrência à construção de imóveis. Entretanto deixemos aqui bem claro que os jardins verticais não substituem de forma alguma os espaços verdes. Uma vez que considerando o que o crescimento urbano nos lega, concreto, aço e torres de vidro; sendo que o desejo de pelo menos visivelmente tornar estes locais mais “naturais” seja perfeitamente compreensível. Os benefícios dos Jardins Verticais são inúmeros, além da beleza estética e a melhoria do meio, também torna o imóvel ou ambiente mais valorizado; eles são exemplos de como é possível reduzir o impacto ambiental e também obter vantagens funcionais e econômicas. Além de filtrar o ar e reduzir a poluição sonora, as plantas também ajudam a controlar a temperatura e a umidade do local. O controle térmico promovido pelos Jardins Verticais faz com que muitos edifícios construam essas “paredes verdes” para reduzir a energia consumida pelos sistemas de ar condicionado; outros projetos se interessam mais pelo conforto acústico e visual proporcionado pelas plantas variadas. Além de todos estes benefícios, estes jardins oferecem um efeito psicológico muito positivo na vida urbana e cotidiana das pessoas, pois conforme já pesquisado, as plantas tem uma alta capacidade de aliviar o stress; elas ajudam a infiltração da água no solo, assim como podem purificar ambientes; captam, absorvem e filtram a radiação solar, ajudando a reduzir os danos da radiação nociva e, assim ajudam até reduzir incidência de doenças como de câncer. A manutenção é uma questão ainda em discussão, onde existem opiniões distintas entre os arquitetos-paisagistas que acreditam que inspeções aos jardins não são necessárias, (pelo fato desses jardins serem altamente independentes em seu ecossistema); e, os que afirmam haver necessidade de inspeções regulares para que não ocorra sua degradação. Para que esse projeto seja duradouro é preciso haver um planejamento prévio para evitar tais danos (degradações), tornando-se preocupante ao longo do tempo. Ou seja, devem-se estudar principalmente os variados sistemas de irrigação, uma vez que é ele quem mantém um Jardim Vertical vivo. Segundo Costa (2011), o sistema de irrigação, quando eficiente, fornece benefícios significativos, pois dentre os variados tipos de sistemas que existem,
alguns deles permitem regular a quantidade de água e assegurar o transporte de nutrientes. Costa (2011), também acredita que nem todos vêm os jardins verticais de uma forma positiva, uma vez que para muitos se trata apenas de uma “moda”. Os críticos como Schumacher (2013), o qual defende que esses jardins nada mais são do que uma ornamentação cosmética de fachadas que se torna cara e inútil. Entretanto, para os que aderem a este tipo de paisagem, os vêem como um visual agradável e convidativo em edificações urbanas, pois a maioria das cidades apresentam muros “nus” em meio a uma “selva de pedra”. A elaboração deste projeto busca promover a sustentabilidade em meio urbano, deve considerar todo o ciclo de vida da edificação, incluindo desde seu uso até sua manutenção. É preciso aproveitamento de condições naturais locais, integrando ao ambiente natural, de forma a utilizar por matérias-primas que contribuam com a eco eficiência do processo, bem como considerar as características do local de implantação e análise do entorno. Para Nucci (2008) a vegetação e seus benefícios precisam vigorar nas cidades. O autor diz que a vegetação sendo oposta ao asfalto e concreto, não é tão evidente no cenário urbano, ela precisa ser planejada para que sejam trazidas às nossas cidades. Já sabemos que os jardins verticais estão colorindo cada vez mais as cidades e ganhando força no setor da construção civil, mas o fato é que ainda faltam informações sobre este assunto e interesse. A Organizações Mundial de saúde (OMS) recomenda por volta 12 m² de área a ser implantado no Brasil indica que deve haver 20 m² em média, bem distribuídos, por habitante brasileiro. Considerando este fato, percebe-se que a distribuição do verde no município de Ribeirão Preto ocorre de forma desigual, sendo que sua predominância torna-se maior em áreas públicas e privadas de regiões habitadas pela classe média e alta, ditas como áreas nobres. Em regiões habitadas pela população menos privilegiada, não há qualquer planejamento que vise a arborização dos ambientes. No momento em que os profissionais da área e do poder público se conscientizar da grande importância que as construções sustentáveis têm a oferecer para a sociedade e para a natureza,
haverá uma grande melhoria do meio, principalmente nos grandes centros urbanos. Portanto, adotar as questões socioambientais, representa um fator determinante para o projeto ao aplicar o desenvolvimento de sistemas sustentáveis que irão promover, sem esgotar os recursos limitados e preciosos que temos. A utilização abusiva destes recursos – que inclui petróleo, carvão, gás natural, minérios, água e alimentos – já tem consequências visíveis; para evitar que tais previsões se concretizem, o grande desafio é conciliar o desenvolvimento com a conservação dos recursos naturais. Para isso, além de soluções tecnológicas e políticas, é necessário que haja uma mudança de comportamento dos indivíduos, através do consumo consciente e atitudes ecologicamente sustentáveis. É certo que as cidades são ecossistemas abertos vulneráveis a eventos climáticos; pois, a expansão urbana voltada para o uso de automóveis leva à construção de infraestruturas cinza (vias, estacionamentos e outras superfícies impermeáveis), que ocasionam impactos recorrentes, como enchentes, deslizamentos, congestionamentos de trânsito, alto consumo de energia, emissão de gases de efeito estufa (GEE) e poluição generalizada. De forma a inverter este problema, os Jardins Verticais serão uma forma de tornar as áreas construídas mais rentáveis, naturais e visualmente agradáveis, minimizando o efeito da poluição do ambiente urbano, devolvendo a natureza á cidade (Mir, 2011). Nesse contexto, a infraestrutura verde tem sido incorporada em planejamentos sustentáveis de longo prazo em várias cidades de muitos países; é apresentada como uma rede com a indicação dos seus principais componentes e de como projetá-la, é também um instrumento para planejamento do uso e ocupação do solo. Na verdade não é um conceito novo, mas atualmente é mais abrangente e emprega conhecimentos técnico-científicos, com a utilização de ferramentas digitais de última geração. Proporciona inúmeros benefícios para que as cidades sejam não apenas mais sustentáveis, mas mais resilientes para enfrentar os efeitos causados pelas mudanças climáticas (Ahern, 2009). Portanto, é preciso desenvolver a perspectiva desta infraestrutura verde, com o conceito que visa conservar a biodiversidade, mantendo os ecossistemas em sua coerência e promovendo uma nova economia sustentável, onde os efeitos adversos da utilização de transporte, energia e do desenvolvimento econômico, sejam atenuados
Metodologia Para organizar as informações apresentadas, serão reunidos em quatro capítulos assuntos relacionados aos Jardins Verticais de diversas fontes, desde livros, publicações, dissertações, artigos ou “sites” da internet, numa tentativa de reunir dados que demonstrem o estado da arte relativamente ao conceito de jardim, que ajudem à sua percepção e que demonstrem o seu papel na reabilitação do edificado assim como as melhorias ambientais para a envolvente. No primeiro capítulo terá a etapa inicial do trabalho, onde serão expostos os conceitos básicos relacionados à Pesquisa. No segundo capítulo faz-se uma contextualização do histórico do paisagismo no Brasil, o processo de verticalização urbana e a verticalização do paisagismo. No terceiro capítulo explora-se e aprofunda-se o tema. Explica-se o que são os Jardins Verticais, faz-se a sua classificação enquanto “Fachada Verde” ou “Parede Viva”, onde e como deverão ser aplicados, técnicas utilizadas, os benefícios e desvantagens, os tipos de plantas mais adequadas a cada sistema e cada situação climática, sistemas de rega e manutenção, segundo teorias e experiências de técnicos de reconhecido mérito como Luis de Garrido e Patrick Blanc. No quarto capítulo analisa-se um projeto de referência, Caixa Forum madrid, na Espanha. E abre espaço para discussão sobre as suas vantagens ou desvantagens, e sempre que possível com bases adquiridas nos resultados das medições técnicas, considerando-se como boas práticas do uso de Jardins Verticais. No último capítulo aborda-se o estudo de caso da cidade de Ribeirão Preto, que será desenvolvido em uma Escola Estadual no centro da cidade, como uma oportunidade para a aplicação de Jardins Verticais na reabilitação do edificado e seu ambiente.
uma mudança de pensamento em relação à natureza, onde os espaços verdes passam a ser uma constante no meio urbano. Esta mudança foi impulsionada por transformações culturais, sociais e económicas, associadas á valorização da razão e da natureza com a adaptação de métodos experimentais e de observação. Passou a haver interesse por fitogeografia e crescimento de plantas. (Bahls, 1998, Ferreira. A.D, 2005) Segundo Ferreira (2005), o primeiro grande modelo de jardim surgiu no século XVI, ao qual se atribuiu o nome de “Jardim Italiano” ou Renascentista. Este caracterizava-se pela organização das suas árvores em simetria onde o seu alinhamento proporcionava ao espaço uma organização racional. Neste período começam ainda a ser planeados os primeiros Jardins Botânicos³ na Europa, de que são exemplo, o jardim Botânico de Pisa e Bolonha em Itália, Leiden na Holanda, ou Montpellier e Paris em França. Caracterizavam-se por proporcionar momentos de satisfação, através da sua configuração que envolvia as árvores. A sua localização ocorria com considerável afastamento dos centros urbanos e eram propriedade privada.
CAPÍTULO II 2. Contextualização do tema Para a consistência deste trabalho, fazse necessário acessar conhecimento específico sobre as dimensões que envolvem o paisagismo, a sustentabilidade e a arquitetura sustentável, para assim fundamentar a temática dos Jardins Verticais. Expõe-se ainda as questões ecológicas e a crescente consciencialização do Homem face aos problemas ambientais e tentativa de solucioná-los. 2.1 Paisagismo Como já referido, no século XVI, período do Renascimento², a sociedade caracterizou-se por
Figura 1 - Aspecto da simetria e uso das formas curvas do Jardim Francês (Retirado de: Nunes, 2007)
Posteriormente no século XVIII, surgem os Jardins Românticos Ingleses. Estes possuíam uma forte influência do passado clássico e surgiram como consequência da Revolução Industrial do mesmo período que provocou uma série de transformações na forma de viver das sociedades europeias, onde grandes áreas de floresta foram destruídas para dar lugar à expansão das cidades. Com isto surgiu uma urgente necessidade de reforma da estrutura verde, assim como novas ideias higienistas.
Dá-se então origem ao aparecimento dos primeiros espaços ajardinados, projetados para o uso público, de que são exemplo o jardim Stourhead e o jardim botânico real de Kew em Inglaterra ou o Jardim Inglês de Munique na Alemanha. Estes eram uma inovação visto que constituíam os primeiros parques urbanos (Ferreira A. D., 2005). Já o histórico do paisagismo no Brasil foi tardio comparado ao que ocorreu no mundo oriental. Por volta de 1930, e associado com o nome do arquiteto-paisagista Roberto Burle Marx, foi um dos pioneiros a realizar uma obra de caráter paisagista no Brasil; a pedido de Lúcio Costa, ele realizou o projeto de um jardim revolucionário com plantas tropicais e pintura abstrata. Nesses anos, Roberto Coelho Cardoso e Valdemar Cordeiro, os dois principais paisagistas paulistanos, atuaram e criaram modos de projeto para esses espaços, sendo acompanhados por outros tantos e importantes seguidores como Miranda Magnoli, Rosa Kliass e outros mais. Ao final do século, nos anos 90 outro tipo de condomínio, o horizontal, começa a ser implantado em larga escala, resultando em novas formas de espaço comum, a maioria ajardinada (nas vilas e condomínios residenciais), e até algumas áreas de conservação de vegetação nativa (em condomínios residenciais, tanto urbanos como de segunda residência). (MACEDO, 2000, p 233) A natureza hoje em dia, é uma grande aliada para o profissional de paisagismo, ela valoriza e humaniza o local o tornando mais atraente; deste modo, este profissional trabalha em etapas, onde a primeira é o estudo preliminar: onde são feitos os levantamentos de dados técnicos do ambiente e qual sua necessidade; depois: o anteprojeto, representado por desenhos, onde são traçadas as idéias e/ou mudanças; e por fim, sua execução: onde consiste o detalhamento dos jardins, especificando a vegetação, planta e até mesmo o seu custo. Dependendo das extensões, alturas e luminosidades, cada espaço paisagístico, pode transmitir as mais diferentes e contrastantes percepções. Pode sugerir aconchego, bem-estar, paz, surpresa, grandiosidade, beleza e muito mais.
E, por isso, dificilmente um jardim pode ser entendido de modo rápido ou de apenas um único ponto de vista. (ABBUD, 2006, p 20) 2.2 Processo de vertizalização urbana A verticalização é um processo urbanístico e universal que teve origem na Inglaterra no século XIX; associada aos elevadores, pois estes foram instalados para reduzir a perda de energia dos trabalhadores ao transportar produtos dentro dos estabelecimentos de trabalho. Ela contribuiu para a formação de inúmeros edifícios, que formaram uma “ilha de calor” e trouxeram malefícios para a cidade e sua população. No Brasil, os estudos acadêmicos sobre a verticalização das cidades ganharam destaque a partir da década de 80 do século passado. O problema não é a verticalização em si, mas como ela é feita. Em 1925, foi apresentado o plano “Voisin” para o centro da cidade de Paris por Le Corbusier, o qual pretendia arrasar parte da cidade construída para dar lugar a novos edifícios em forma de torre, envolvidos por grandes areas verdes (Pereira E. M., 1999).
Figura 2 – Plano Voisin de Le Corbusier, o qual previa arrasar com parte do edificado existente e no seu local construir enormes torres envolvidas em áreas verdes (Retirado de: http://sinverguenzapublica.blogspot.pt/)
Nesta “nova” cidade, o seu autor pretendia a criação de novas e isoladas áreas , entre as quais, uma zona de negócios, outra habitacional, governamental, hotéis para viajantes, servidos por uma estação ferroviária em zona central (Pereira E. M., 1999).
A verticalidade assim como a sua elevação através dos “pilotis”, permite a permeabilidade do seu espaço verde envolvente, potenciando o convívio dos habitantes e a qualidade do ar local. Este, assim como outros edifícios construídos em altura do mesmo período moderno, já possuía uma série de estratégias arquitetônicas, nomeadamente de iluminação e ventilação, numa tentativa de redução em gastos com consumos energéticos. Para além de uma implantação correta, sempre na presença de vegetação. As questões energéticas já eram tidas em consideração, visto que a ecologia já era um termo corrente na linguagem não apenas de ambientalistas, mas já fazendo parte do discurso corrente dos primeiros arquitetos modernistas (Silva, 2007; Umakoshi & Gonçalves, 2009).
2.3 Verticalização do Paisagismo Dentro desse contexto de custos e efeitos que a verticalização vem gerando, principalmente nas grandes cidades, os arquitetos-paisagistas tentam ao máximo discutir e integrar o “verde” dentro desses núcleos urbanos. Essa ideia de verticalização do paisagismo surge com êxito da genialidade do biólogo francês Patrick Blanc, inventor dos Jardins Verticais, que tem seus trabalhos espalhados por diversas partes do mundo, como a fachada do museu Quai Branly, em Paris, próximo à Torre Eiffel e o Caixa Forum em Madrid. Mas, se tratando de “visão” sobre a verticalização da paisagem, só ocorre quando o homem presta atenção na paisagem, e aí surge o seu conceito. A paisagem é o que se vê: o real, o vivido, o sentido diferentemente para cada ser humano. Cada pessoa tem um julgamento de valor diferente ao se deparar com uma determinada paisagem, para cada observador a paisagem tem um sentido, seja de contemplação, sensação, estética e até mesmo com sentido indiferente. A preocupação em tornar espaços e ambientes mais agradáveis faz com que se utilize cada vez mais o tratamento de cores, cheiros e visuais; então, quem observa uma passagem adquire determinados tipos de sensações sob ela. Se tratando do termo “sensibilidade à paisagem”, o arquiteto-paisagista Benedito Abbud afirma que: O paisagismo é a única expressão artística em que participam os cinco sentidos do ser humano. Enquanto, a arquitetura, a pintura, a escultura e as demais artes plásticas usam e abusam apenas da visão, o paisagismo envolve também o olfato, a audição, o paladar e o tato, o que proporciona uma rica vivência sensorial, ao somar as mais diversas e completas experiências perceptivas. Quanto mais um jardim consegue aguçar todos os sentidos, melhor cumpre seu papel. (ABBUD, 2006, p 15) Nesse raciocínio, os temas que se integram e que vem sendo utilizada no planejamento ambiental é a Ecologia da paisagem, porque ela permite aplicar procedimentos analíticos que conduzem à observação, sistematização e análise.
Porém, o que é a paisagem...? Antes de ser uma pergunta retórica, trata-se de uma preocupação em conceituar e construir um referencial. Paisagem é um daqueles conceitos escorregadios, ambivalentes, como na comparação de Yi-Fu Tuan.² A paisagem é observada como um conjunto de unidades naturais, alteradas por ação humana, que compõe um intrincado, heterogêneo e interativo mosaico, em que planejadores interpretam este mosaico e revelam as relações entre o espaço e a unidade. De acordo com Santos (2004), para o enfoque da paisagem são trabalhados três aspectos (Fig. 3): • Estrutura – padrões e relações de distribuição entre elementos espaciais; • Função – área heterogênea discutida em relação ao fluxo de espécies, energia e matéria entre esses elementos; • Mudanças – alterações da estrutura e função do mosaico da paisagem através do tempo.
Assim como Santos, outros autores desde o século XX buscam conceitos para explicar as teorias do que a paisagem representa sob o olhar humano; trata-se de questões relacionadas à Ecologia da paisagem (como disciplina) e sua aplicação. Tal fato da Ecologia da paisagem e suas definições variam em função da abordagem (“geográfica” ou “ecológica”) e dos autores também. É entendida como o estudo da estrutura, função e dinâmica de áreas heterogêneas compostas por ecossistemas interativos (Forman & Godron 1986). A paisagem, portanto, não se caracteriza, a princípio, por ter as propriedades de um “sistema” apenas; o observador de espaço horizontal (relações heterogêneas) contrasta com a visão do observador de espaços verticais, que busca entender as interações de uma comunidade com o sistema abiótico (relações de ecossitemas) num ambiente relativamente homogêneo.
Ou seja, essa observação da paisagem se caracteriza por eixos, onde o horizontal permite identificar as diferentes unidades de paisagem, e o vertical permite identificar os diferentes estratos cuja quantidade e composição depende da unidade projetada, ou florestas, campos, etc. CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO Situada na porção nordeste do Estado de São Paulo, a cidade de Ribeirão Preto conta com aproximadamente 27 m² de área verde por habitante, sendo que de acordo com dados apresentados pelo Cadastro Municipal de Espaços Livres Urbanos de Ribeirão Preto (2005)2 a cidade apresenta aproximadamente 11,5%, totalizando 16.083.927,77 m2 ou 1.608 hectares, de espaços livres públicos e coletivos. Segundo Guzzo et al. (2006) estes espaços devem apresentar 70% do seu espaço destinado a áreas vegetadas e ao solo permeável. Nesse contexto, as praças e parques urbanos de Ribeirão Preto, representados como áreas verdes, contabilizam respectivamente 12,95% (1.273.267,67 m2 ) e 18% (1.769.232,81 m2 ) de espaços livres públicos no território. São 189 praças e 17 parques, sendo que 30% (531.520,76 m2) não se encontram implantados; 26,4% (467.509,82 m2) encontram-se semiimplantados e 43,5% (770.202,23 m2) encontram-se implantados. Estudos de Caso
6. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Em um primeiro momento faz-se necessário buscar por literaturas, teorias e conceitos, acessados em livros, teses, dissertações e web-sites. Este levantamento bibliográfico contribui com a fundamentação e consistência deste trabalho que almeja elucidar a importância dos Jardins Verticais, suas contribuições ao espaço determinado, bem como oferecer uma proposta projetual que consiga consolidar todos estes aspectos abordados.
Em seguida, realiza-se um levantamento de dados, referentes à análise de áreas carentes de vegetação, porém que também estejam sempre ao olhar de quem transite por elas. Serão realizadas visitas in loco, a fim de compilar registros fotográficos e dados pertinentes ao local de implantação. Para o desenvolvimento do projeto faz-se necessário a utiilização de softwares específicos como Autocad. A pesquisa tem caráter exploratório, pois serão feitos levantamentos por observação do entorno, procurando informações pertinentes ao trabalho. Projetos de referência serão analisados, como principal destaque o de Patrick Black e suas obras. Para a proposta final, será desenvolvido uma proposta projetual, bem como maquetes eletrônicas. 7. CRONOGRAMA O cronograma corresponde à organização no calendário de todas as atividades que serão desenvolvidas do início ao fim da monografia. ATIVIDADES/MÊS • Fevereiro – Março – Abril: Revisão Bibliográfica. • Maio – Junho: Proposta e apresentação oral para a Banca. • Agosto – Setembro: Pesquisa Bibliográfica, Identificação e conhecimento da área, Diagnóstico, e Intervenção. • Outubro – Novembro: Entrega da versão final do TFG para a defesa perante a banca examinadora
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