Sob o céu da cidade // TFG 2019

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sob o céu da cidade centro de acolhimento e reintegração a pessoa em situação de rua

Mariana Santos Universidade São Judas Tadeu Arquitetura e Urbanismo Orientador: Sergio Matera São Paulo, 2019.


resumo

Este trabalho trata da criação de um centro de abrigo e reintegração de pessoas em situação de rua que vivem em São Paulo, mais especificamente no centro da cidade. Além de oferecer abrigo, o centro de integração oferecerá atendimento básico, físico e psicológico, cursos profissionalizantes, alimentação e auxílio para trazer mais dignidade e reinserção na sociedade. Para isso, foi realizado busca de dados e pesquisas para aprofundamento do tema e também visita a locais que oferecem assistência social para uma parte dessa população. Essas informações foram coletadas para projetar um ambiente acolhedor, que ofereça diversos serviços e que atenda melhor e mais humanamente essas pessoas. Palavras chave: reintegração, assistência social, humanamente.

abrigo,

reinserção,


abstract

This project works with the creation of a shelter for the reception and reintegration of homeless people that live in SĂŁo Paulo, specifically in the city center. In addition offering shelter, the integration center provides basic, physical and psychological care, training courses and help to provide more dignity into their reintegration in society. For that, a data search and field-researches were made in order to get more into the theme in question, also visits in other shelters that provide social service for a part of this population. This information has been collected to design a welcoming environment that offers services that better serve these people more humanly.

Palavras chave: reintegration, shelter, reintegration, social service, humanly.


VocĂŞ pode sonhar, criar, desenhar e construir o lugar mais maravilhoso do mundo. Mas ĂŠ necessĂĄrio ter pessoas para transformar seu sonho em realidade. Walt Disney


agradecimentos

Aos meus pais, por todo apoio e atenção ao longo desses anos. Nada disso seria possível sem eles. Ao Willian, por toda paciência e dedicação. Ao meu orientador Sergio Matera, por todo apoio e ensinamento neste ano. Aos meus amigos e a todos que contribuíram na formação dessa trajetória.


11 17 27 37

tema

público alvo

o sem-teto e o espaço urbano

o cenário da população de rua em sp


77

1

referências bibliográficas

55

projeto

análise do terreitório e partido

referências projetuais

índice

97



tema

11



prefácio

apresentação ao tema Vulnerabilidade social vem do conceito que caracteriza a condição de pessoas, seja de grupos ou individual que sofrem algo tipo de exclusão social. Essa exclusão surge, principalmente por fatores socioeconômicos. Estar vulnerável significa estar em condições de instabilidade, ou seja, estar em situações mais suscetíveis a possuir desvantagens em relação ao outro individuo, que instauram um certo desequilibro socioeconômico. A falta desses fatores ocasiona em um estágio de “risco social”, ou seja, uma evidente fragilidade em ser um cidadão, além de criar uma falta evidente de representatividade na sociedade. O tema desse trabalho surgiu a partir do interesse em relação as condições atuais dos moradores de rua da cidade de São Paulo que sofrem todos os dias pela insuficiência de locais para se abrigar. Surge então a criação de um local que além de proporcionar abrigo, ofereça serviços básicos de acolhimento social e psicológico, encaminhamentos profissionais e jurídicos, serviços fundamentais para o desenvolvimento e reintegração desse indivíduo na sociedade. É de responsabilidade do arquiteto urbanista a concepção desse espaço, favorecendo as minorias e trazendo maior visibilidade. 13


A cidade de São Paulo está em constante desenvolvimento e sua população também. A população de São Paulo cresce, cerca de 0,7% por ano, juntamente com a população em situação de rua, que cresce 4,1%. Essa tendência de crescimento é comum em diversos locais de diferentes países, entretanto, a grande preocupação que existe e é relação ao número crescente de pessoas que moram na rua. Na região central de São Paulo é onde se aglomeram a maior quantidade de moradores de rua. Para quem percorre o centro da cidade é nítida a percepção de que o número de moradores de rua aumentou. Estima-se que atualmente haja 25 mil moradores de rua em São Paulo. Segundo dados do Censo de 2015, calcula-se que cerca de 52,7% da população em situação de rua em São Paulo se concentra em regiões administradas pela Subprefeitura da Sé. Analisando a malha urbana da área, busquei por um local com proximidade ao metro, facilidade de 14

acesso e principalmente, um lugar que necessita de uma intervenção dessa tipologia. O terreno escolhido está localizado no bairro da Luz, na zona central da cidade, considerado o centro velho. É um local que tem capacidade e estrutura para acomodar esse projeto. Outras motivações para a concepção desse projeto são:

• Valorizar espaços abandonados;

públicos

• Carência de espaços de convívio social na região; • Carência acolhimento;

de

espaços

de

• Mais movimentação de pessoas ao centro histórico abandonado;


objetivos A proposta deste trabalho é projetar um espaço que possa receber, acolher e capacitar os moradores de rua, oferecendo a oportunidade de se reintegrarem na sociedade com capacitação profissional, dignidade e uma nova perspectiva de vida. Em questão de projeto e melhoria do espaço público, essa intervenção tem outros objetivos como:

• Requalificar espaços públicos; • Criação de mais áreas verdes na região; • Concepção de espaços de convívio para os usuários e moradores locais; • Criação de uma edificação sustentável com recursos como horta e reciclagem de águas fluviais; • Serviços de inclusão de convivência para usuários;

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pĂşblico alvo

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perfil do morador de rua caracterização do indivíduo

O perfil das pessoas que utilizam a rua como moradia é bastante complexo. São pessoas com problemas mentais, abandonados pela família, desempregados, ex-presidiários, dependentes químicos e imigrantes que, apesar de dividirem o mesmo espaço, possuem realidades distintas. A pobreza é constantemente associada a condição atual desses indivíduos, entretanto, em alguns casos, essa população possui um emprego e condições de ter uma moradia, mas simplesmente não conseguem. Algumas pesquisas foram realizadas para estimar os principais motivos que levam essas pessoas a viverem na rua. Veremos mais sobre isso a seguir.

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caracterização demográfica Para melhor compreensão do perfil da população em situação de rua, foi analisado o resultado de uma pesquisa realizada pelo FIPE1, que buscou estimar o perfil socioeconômico da população de moradores de rua da área central da cidade de São Paulo, no ano de 2010 e 2015. Os locais estudados pela pesquisa foram os bairros centrais da cidade. Esses bairros são responsáveis pela maior concentração dessa população da cidade. Nos gráficos a seguir, podemos observar o crescimento dessa população ao longo dos últimos anos e as características dos moradores de rua.

crescimento ao longo dos anos

1800 1600 1400 1200 1000 8000 6000 4000 2000 0 2000

2009

acolhidos

2011

rua

2015

total

fonte: fipe

20

1 Fundação Econômicas

Instituto

de

Pesquisas

2016


Segundo a pesquisa, os moradores de rua possuem as seguintes características: • Sexo: Predominantemente masculino • Idade: 31 a 49 anos em média • Cor/Raça: Pretos, pardos, amarelos e indígenas • Escolaridade: Analfabeto, ensino fundamental incompleto

faixa etária 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0%

0 a 18

18 a 30

31 a 49

50 ou mais

alfabetismo sexo

450 400

14%

350 300 250 200 150 100

86%

masculino

feminino

50 0

feminino analfabetos

masculino sabe ler e escrever fonte: fipe

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vinculos familiares A origem desses moradores é bem diversificada. Pouco menos da metade nasceu na cidade de São Paulo. Os demais vieram de municípios, estados vizinhos e até mesmo de outros países. Em geral, os moradores de rua dessas regiões vivem sozinhos. Outro levantamento realizado foi que, alguns desses moradores vivem acompanhados nas ruas e, em maioria, não possui nenhum grau de parentesco. Houve um aumento em comparação ao Censo de 2000, ao número de moradores que vivem com companheiro (a) nas ruas. Estima-se que cerca de 61% dessa população possui parentes na cidade, entretanto, não vivem com eles.

origem

27,4%

72,6%

paulistanos

migrantes

parentes em sp

39%

61%

sim

não

fonte: fipe

22


Também foi constatado que a maioria desta população tem filhos (cerca de 60%), entretanto, poucos vivem nas ruas, acompanhados de seus pais (cerca de 0,8%). Outro dado apontado é que, quanto maior a idade do morador, menor a presença de um companheiro (a) vivendo com eles.

filhos 1%

59%

40%

c/ filhos

s/ filhos

não sabem

vínculos nas ruas

67%

sozinho

33%

acompanhado

fonte: fipe

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caracterização demográfica renda e trabalho Em relação a atividades remuneradas, a população de rua tem um histórico de perdas de trabalho. Essas perdas geraram instabilidade financeira e diminuição nos rendimentos, ficando sem condições de manter seu estilo de vida. A maioria dessas pessoas, homens e mulheres, possuíam empregos antes de perder sua casa e viver nas ruas. Geralmente, essas perdas de trabalho foram ocasionadas pela exigência de qualificação e serviços mais especializados ou até mesmo cortes de custos nas empresas. Algumas pessoas possuem mais de 10 anos sem um trabalho registrado na carteira, sem nenhum tipo de cobertura previdenciária. Nessas circunstancias se enquadram em algumas políticas governamentais de auxílio social para a população

de baixa renda, entretanto, não recebem nenhum tipo de ajuda. A renda atualmente vem de atividades “informais”, como coleta de materiais recicláveis, serviços de carga e descarga, guarda de carro e venda de produtos com baixo custo. Essa situação não mudou desde o Censo de 2000.

formas para obter dinheiro 4% 14%

15%

67%

trabalho

trabalho e esmola

esmola

nada

fonte: fipe

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perda e alternativas de moradias É bastante comum, para essa população, pernoitar em casas de amigos/ parentes ou em quartos de hotéis, cortiços ou no próprio local de trabalho quando possuem essas alternativas. Quem perdeu sua antiga casa foi diretamente para a rua ou a procura de algum albergue. Poucos deles tiveram o apoio de alguém para ir a alguma pensão ou alugar algum local, antes de ficarem sem abrigo. Moravam geralmente com parentes ou com companheiro (a). Poucos vivam só. O maior número perdeu seu lar com condições diversas,

podendo ser proprietário ou inquilino de um imóvel. Outra alternativa comum era a utilizarção de habitações irregulares. Também foi constatado que a maior parte das moradias eram próprias, poucas eram alugadas e menos ainda invadidas. Essas habitações, em geral, se localizavam distante do centro de São Paulo, com grande presença de moradias precárias e de baixo custo. Em alguns casos, essas pessoas se deslocaram para São Paulo como desabrigados de outras regiões.

última moradia

24% 33%

16%

27% família de origem

família conjugal

amigos e parentes

sozinho (a)

locais onde dormem atualmente

21% 47% 4% 6%

21% albergue

pensão/quarto

alojamento (trabalho)

instituição

nenhum desses

fonte: fipe

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caracterização demográfica saúde e serviços utilizados e Por conta de sua atual situação, alguns fatores alteram a saúde dos moradores de rua. Algumas condições que a rua proporciona pode prejudicar a saúde dessas pessoas, como quedas, brigas, atropelamentos, problemas respiratórios e o frio, que atualmente provou inúmeras mortes. Para seu atendimento, eles procuram, principalmente, hospitais públicos e prontos socorros, além de postos de saúde. Utilizam também os serviços do CRATOD1 e CAPS AD2. É notável que a utilização de substâncias ilícitas é recorrente na rua. A grande maioria das pessoas nessa situação alega que já utilizou ou utiliza drogas, álcool ou ambos em algum momento. O álcool é a substância mais utilizada, principalmente pelos moradores mais velhos. Em relação as drogas, o crack é o mais usado pelo jovens e metade 26

deles declara que o utiliza frequentemente. Alguns desses usuários passou por instituições de acolhimento, recuperação e detenção por conta de problemas relacionadas aos usos de drogas e álcool, além de problemas comportamentais. Cerca de 70% desses jovens passou por alguma instituição como a FEBEM. Outros serviços bastante aproveitado pelos moradores de rua são: restaurante popular, albergues e centros de convivências. Algumas tendas e núcleos de serviços oferecem serviços básicos de saúde, higiene e atividades de lazer.

1 Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas 2 Unidade de saúde e atendimento a pessoas que utilizam substâncias psicoativas


uso de substâncias

serviços utilizados

motivação 5,6%

20%

15%

20%

29,1%

40%

35,5%

25%

60% álcool

crack

outras substâncias

20% restaurante popular albergue

motivação Segunda a pesquisa realizado pela fundação MSF - Médicos Sem Fronteiras que estimou a razão à qual essas pessoas estão nessa situação atualmente e os motivos que os levaram a viver nas ruas são os problemas com alcoolismo e/ou drogas. Problemas financeiros e o desemprego também são

29,8% tendas e núcleos

centros de convivência

desemprego outros

desavenças familiares alcoolismo e drogas

os grandes responsáveis pela ida dessa população as ruas. Outro motivo bastante comum é a expulsão de casa por conta de problemas e desavenças familiares.

dados apresentados: FIPE e Médicos Sem Fronteiras.

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o sem-teto e o espaรงo urbano

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ocupação ao espaço público o abandono nas ruas

As áreas ocupadas pelos moradores de rua de São Paulo, mais especificamente no centro da cidade, possui uma particularidade para escolha. Não é uma escolha “livre” por conta de várias imposições causadas pelo espaço urbano e pelas pessoas que o frequentam. A espacialização pelas ruas e a decisão por locais para dormir têm como prioridade locais com tranquilidade, fluxo de pessoas, segurança, luminosidade (geralmente) e proximidade com locais de algum tipo de fonte de ganho. Em outros casos o convívio social também é levado em consideração. Uma grande questão enfrentada por eles é sobre esse local escolhido ser apenas temporário, pois por experiência, eles sabem que será substituído por um outro local em função de ações governamentais.

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a espacialização dos moradores de rua Os espaços utilizados para a acomodação dos moradores de rua são considerados temporários. Esses indivíduos não possuem um sentimento de posse pelo local que estão estabelecidos no momento, exatamente pelo controle realizado pelo Estado, que muitas vezes utiliza de mecanismo de repressão para evitar a ocupação daquele espaço novamente. A relação estabelecida por eles no ambiente atual em que vivem é apenas de convivência. Os espaços ocupados pelos moradores de rua precisam estar de maneira que menos incomodem, para garantir a maior permanência. Por esse motivo, o espaço de moradia é, justamente, para exercitar hábitos relacionados ao ambiente. Uma das práticas pouco vistas é o uso de drogas no mesmo ambiente em que dormem, pois não está adequado ao espaço de habitar. O propósito disso é estender o máximo de tempo da sua moradia atual, ou seja, criar pouca visibilidade e incômodo aos outros, gerando um local duradouro. 32

Outra prática utilizada é sempre manter um espaço limpo, sem juntar lixo e evitando usá-lo para realizar as necessidades fisiológicas. Um dos grandes problemas dessas ocupações é a barreira criadas que impedem a livre circulação de outras pessoas. Essas barreiras, mesmo que não permanente, dão a sensação de territorialização nos ambientes ocupados por moradores de rua. Essas áreas são evitadas pelas pessoas socialmente estabelecidas e causam um certo incômodo, principalmente em locais com grande concentração de pessoas em situação de rua. Uma das formas de evitar essas situações é a eventualidade de estar mais visível em determinados horários do dia, geralmente a noite, pois há pouca circulação de pessoas que não estão familiarizadas com essa situação. À noite, eles possuem a sensação de estarem de fato no espaço urbano, pois, durante o dia são ignorados.


Uma das formas de evitar essas situações é a eventualidade de estar mais visível em determinados horários do dia, geralmente a noite, pois há pouca circulação de pessoas que não estão familiarizadas com essa situação. À noite, eles possuem a sensação de estarem de fato no espaço urbano, pois, durante o dia são ignorados. Outro obstáculo comum enfrentado, surge, por conta dos problemas de aparência, comportamento e higiene fora dos padrões estabelecidos pela sociedade. Essas pessoas muitas vezes sofrem preconceito por não estar enquadrados nesses padrões. Seu comportamento é reflexo da sua constante busca pela sobrevivência e espacialidade. Manter seu espaço é muito importante, tendo em vista os diferentes perigos que enfrentam no espaço urbano. Diversos fatores, incluindo a falta de enquadramento na sociedade pode gerar diversos inconvenientes, como problemas de confiança. Essas pessoas necessitam de doações e esses obstáculos afetam a sobrevivência deles.

fonte: rainha maria

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apropriação ao espaço público O morador de rua tem conhecimento de que vive no espaço urbano, público e social e não pode reivindica-lo para sua posse, pois é um espaço para todos. Esses ambientes podem ser considerados subutilizados pela sociedade, tendo em vista que os espaços ocupados pela pessoa em situação de rua, mesmo que temporariamente, são aqueles que não incomodam os outros, são locais que ninguém mais quer. Conceitualmente, espaço público é definido por um local comum, de uso de todos e posse coletiva. As divergências que ocorrem nesse espaço são justamente para manter a harmonia, tendo em vista a heterogeneidade de cada indivíduo. Falando sobre os espaços públicos livres, são de direito de todos, entretanto, quando comprometem a saúde e segurança, o poder público ou a quem esse espaço pertence tem o poder de intervir para preservar esta harmonia. Os ocupantes do espaço público, por não possuir uma 34

moradia fixa dentro dos padrões impostos pela sociedade são, por muitas vezes, discriminados e por esse motivo, tendem a “se mudar” frequentemente. A rua é o espaço em que vivem e por esse motivo, entender suas relações com o espaço público é primordial. A moradia é entendida como uma estrutura, além de se constituir como abrigo, é uma construção cultural fornecida pela sociedade. Essa definição espacial gerou os conflitos conhecidos atualmente. Segundo COSTA (2005), a moradia representa o abrigo, acolhimento e segurança enquanto a rua remete a impessoalidade, movimentação e instabilidade. Para COSTA (2005), o problema da apropriação do espaço público surge, não apenas pela dificuldade do poder público em gerar moradias suficiente que atenda a todos, mas também pelo serviço oferecido pelos albergues e abrigos:


“[...] os serviços de abrigagem, algumas vezes, deixam de ser frequentados por parcela dessas pessoas, diante das regras neles estabelecidas em função da necessidade de organização e convivência. Sob esse ponto de vista, são muito heterogêneas as experiências existentes no país, que vão desde locais onde as regras são construídas com a participação dos usuários e dizem respeito a questões básicas, como não fazer uso de álcool e drogas no local, não portar arma e tomar banho. ” (pag.7) “Quando não procuram a rede assistencial, as pessoas que vivem nas ruas viram-se como podem. Dormem em “mocôs”, em baixo de marquises, próximas a órgãos públicos, em rodoviárias ou estações de trem, montam barracas em praças ou áreas verdes, abrigam-se embaixo de pontes. Dormem geralmente em grupos, em razão dos riscos que enfrentam pela violência de que são alvos, mas também há as que se mantêm sozinhas. ” (pag. 7)

espaços que lhe sirvam de abrigo. Esses espaços são considerados residuais, ou seja, espaço subutilizados e menosprezados pela sociedade, que não desperta o incômodo e que se tornam livres para serem ocupados.

Dessa maneira, a opção que resta a essa população que mora nas ruas é de encontrar fonte: isto é.

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apropriação ao espaço público conceito lugar e não-lugar Existem espaços que servem apenas para transição, no qual você deve percorrer apenas para chegar a seu destino, entretanto, com esses espaços não se cria qualquer vínculo. São pontos de ônibus, calçadas, estações de metrô. Segundo AUGÉ (1992), esses espaços são chamados de “não-lugar”. Esse conceito define o que pode ser o futuro das cidades, pois há cada vez mais uma propensão a deixarmos de criar significados aos lugares e locais públicos mais movimentados, onde se tem uma maior concentração de pessoas e, por conta disso, se tornam desvalorizados. Para AUGÉ, esses espaços são de todos e também de ninguém, são não-lugares contemporâneos. A realidade atual é alarmante, tendo em vista que

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muitos locais, com diversos simbologias e histórias, perdem seus significados. Os espaços projetados precisam criam novos sentidos, usos e identidades para que esses “espaços vazios” tenham novamente, significado.


fonte: isto ĂŠ.

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o cenário da população de rua em sp

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condições das habitações urbanas situação atual do indivíduo

As condições atuais da população em situação de rua é alarmente. Muitas passam as noites dormindo sob marquises, em praças, embaixo de pontes e viadutos. Passam frio, fome e sofrem com as diversas condições do clima. É importante verificar quais politicas públicas estão sendo utilizadas para resolver esse problema crescente, além disso, como são enfrentados diversos problemas que podem surgir e quais atividades e serviços oferecidos são importantes e funcionais e quais serviços não são bem recebidos por essa população. Esses estudos realizados serviram para melhor apronfudamento ao tema e também para aplicar novas atividades que proporcionem com facilidade a reinserção desses indivíduos na sociedade.

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áreas de concentração

Para a escolha do terreno da intervenção, busquei locais com uma grande proximidade com essa população, que atenda significativamente sua demanda e tenha proximidade também com outras áreas. Analisei também as zonas com maior concentração de pessoas em situação de rua. Segundo o FIPE, em 2015 o município da Sé é responsável por abrigar 52% dessa população, ou seja, número de moradores de rua era de, aproximadamente 15.900 pessoas, sendo que 46,5% ainda estariam nas ruas (cerca de 7.335 pessoas) e o restante, 8.570 pessoas estariam acolhidos. Atualmente, segundo a prefeitura de São Paulo, o número e de 25.000 pessoas em situação de rua na cidade.

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distribuição do número de moradores em sp Sé

Mooca

Lapa Santana/Tucuruvi

Pinheiros

Outros municípios

0

500

1000 1500

2000

2500 3000 3500 4000 4500

fonte: fipe


Na imagem ao lado, observamos os cinco municípios com maior quantidade de pessoas nessa situação. No primeiro Censo de Moradores de Rua elaborado pelo FIPE, no ano de 2000, foram identificados cerca de 8.706 de moradores de rua. Posteriormente, em 2003 o número foi de 10.399 de pessoas e no ano de 2010 o número estimado foi de 13.666 de pessoas. O último censo, no ano de 2015, o número encontrado foi de 15.905 e esse valor tende a crescer, tendo em vistas as crises econômicas e de desemprego. Para QUINTÃO (2012), há uma tendência em relação as áreas que possuem o maior de número moradores de rua: “Verificou-se que a distribuição espacial desta população não é aleatória: tem relação com a localização dos estabelecimentos comerciais, de serviços, e da indústria, ou seja, se insere tanto na lógica de descartes e geração de resíduos destes locais, quanto na de fluxos gerados pelas áreas onde se

concentram os serviços. ” (pag. 81)

Os distritos com os maiores índices de concentração de serviços e locais de apoio a essa população e consequentemente, maior quantidade de moradores de rua é o centro velho, principalmente as regiões da Sé, republica, e bela vista. Essa preferência existe pela proximidade com os fluxos de pessoas, que facilita as atividades para obtenção de renda (esmola) ou também trabalhos informais como guardador de carros, flanelinha e carga e descarga de produtos. Alguns dos problemas causados por essa preferência de local é a falta de locais como albergues e abrigos para dormir. Essa é uma das grandes razões pela as quais essas pessoas “escolhem” dormir na rua, pois não conseguem retornar aos seus abrigos e preferem ficar no local onde trabalham. Entretanto, algumas pessoas preferem se estabelecem no espaço público, segundo o FIPE, cerca de 52% preferem morar nas ruas e 48% preferem pernoitar em albergues. 43


áreas de concentração

Segundo QUINTÃO (2012), os locais escolhidos pelos moradores de rua também seguem outras preferencias: “A escolha por locais degradados, afastados, ou escondidos se relaciona também com os lugares que estas pessoas têm na sociedade. Como foi colocado anteriormente, o afastamento e exclusão os obriga a um lugar também de exclusão. Embora estando presentes em áreas da cidade que podem até ser centrais, a segregação espacial se dá confiando-os em locais, pontos, onde só lhes é permitido ficar se não atrapalharem ou incomodarem a sociedade a volta. ” (pag. 85)

perigosos a noite, isso pelo fato de muitas vezes serem usados para outras práticas noturnas como uso e tráfico de drogas. Por isso, geralmente há lugares para se abrigar e dormir e locais para realizar as outras atividades básicas.

Outra questão importante é sobre os horários escolhidos para suas atividades diárias. Alguns locais característicos são utilizados para movimentações diurnas como compartilhar alimentos, pedir esmola, conseguir trabalhos informais ou até mesmo socializar. Entretanto, esses mesmos locais são considerados aglomeração no centro da cidade de SP. fonte: autoral.

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fonte: idea fixa.

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políticas públicas A prefeitura da cidade de São Paulo oferece alguns serviços com o intuito de auxiliar a população em situação de rua e vulnerabilidade social. Para a população de rua, a Coordenadoria de Proteção Social Especial, administrado pela SMADS1, oferece redes de atendimento voltada a população adulta. Essa organização é responsável por oferecer politicas publicas, juntamente com o SUAS2, que oferecem serviços de encaminhamento e conferencia de documentação pessoal, acesso a saúde básica, orientação jurídica, atividades de lazer e cultura, além de programas e práticas de ensino profissionalizante. Esses serviços têm como objetivo a reintegração na sociedade. Para a população de rua existem atendimentos especializados através da rede socioassistencial que controla e dá o encaminhamento ao 46

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morador de rua. O CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) é responsável pelo suporte inicial. O serviço oferecido pelo CREAS (Centro de Referência Es-pecializado de Assistência Social) presta diversos atendimentos de abordagem Social e Serviço para Pessoas com Deficiência, Idosas e suas famílias e os insere no sistema de atendimento. O CAPE (Central de Atendimento Permanente de Emergência) é responsável por atendimentos emergenciais de acolhimento.

Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social Sistema Único de Assistência Social


A Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social é a responsável por diversos programas sociais com foco na população de rua. A SMADS oferece os seguintes atendimentos voltados a essa população: Centros de Acolhida Especial (CAE): atendimento especial para grupos que precisam de atendimentos especializados como mulheres, idosos, imigrantes e catadores. Centros Temporários de Acolhimento (CATs): serviços de acolhimento rápido. Além disso, oferece atendimentos básico de saúde e atividades sociais. ATENDEs: unidades de atendimentos emergenciais para acolhimento e auxílios aos dependentes químicos. Oferecer serviços de higiene pessoal, alimentação e atividades sociais. Núcleos de Convivência: oferecem serviços de relacionamento/

aproximação com a pessoa em situação de rua em locais de grande concentração. Centros de Referência Especializados para População em Situação de Rua (Centro POP): serviços de atendimento básico e especializado para o morador de rua. Centros de Acolhida (CA): serviços de acolhimento, atendimento básico, alimentação e assistência social. Centros de Acolhida para Adultos: serviços de acolhimento, alimentação, higiene, lavandeira e canil. Restaurantes comunitários: Distribuição de alimentos. Espaços de convivência: local para atividades culturais e de lazer. Orientações para encaminhamento de documentos pessoais e profissionais. fonte: fipe e prefeitura sp.

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políticas públicas Repúblicas: oferecem abrigo e acolhimento destinado a jovens para aqueles que estão com intenção de deixar as ruas. Além disso oferece acolhimento também a idosos e possam realizar suas atividades sozinhos. Hostels e hotéis sociais: serviços de acolhimento para pessoas ativas socialmente e que possuem vínculos com centros de acolhimento. Núcleo de proteção jurídico social e apoio psicológico: atendimento especializado para auxilio orientação. O atendimento pode ser individual ou para famílias que estejam em situação vulnerável. Abordagem Social às pessoas em situação de rua: serviços de auxilio especializado para apoio e acolhimento a moradores de rua. Centro de Capacitação Técnica para Adultos em Situação de Rua e pelo Serviço de Inclusão Social e Produtiva: Cursos técnicos profissionalizantes e atividades de inclusão social. 48

Bagageiro: guarda provisória de objetos e atendimento para inserção na rede da SMADS. A prefeitura também criou as Operações Baixas Temperaturas que se intensifica e oferece, na época mais fria do ano encaminhamento, acolhimento e alimentação a essa população. Esses serviços fazem parte da Rede Socioassistencial que promovem atendimento não só para a pessoa em situação de rua, mas também para crianças e adolescentes, famílias, pessoas com deficiência e mulheres vítimas de violência. Esses atendimentos de segunda a segunda, no período diurno. Para crianças e adolescentes os serviços oferecidos também são especializados. O atendimento consiste em auxílios e análises que estudam sua situação atual com a família. Se estão em uma situação considerada “de risco” são encaminhadas para redes de proteção e acolhimento.


fonte: isto ĂŠ.

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albergues e abrigos existentes Apesar de existirem diversos projetos que possuem intenção de abrigar e reinserir o usuário a sociedade, alguns simplesmente possuem diversidades no qual incomodam e promovem a insatisfação dos desabrigados, causando, muitas vezes, a volta dessas pessoas a rua. Nem sempre é fácil para essa população de adaptar as regras e a falta de liberdade desses abrigos. Há diversos fatores que influenciam na decisão de se viver em um abrigo. Algumas das regras incluem a impossibilidade de não estar próximos de seus companheiros, a menos que estejam casados. Segundo o fundador do Movimento Estadual das Pessoas em Situação de Rua, Robson César Correia, para a revista Brasil de Fato, há diversos problemas nesses locais e a situação de alguns centros de acolhimento é crítica e impede de muitos usuários a permanecer: 50

“Tem casa tão péssima que o morador de rua prefere ficar no frio. Falta higiene, falta preparo dos funcionários, tem muito furto de pertences, apesar da existência dos maleiros, sem contar o medo de doenças quando há aglomeração” Esses locais são difíceis de (con)viver, além de terem ambientes nocivos à saúde, contam com o fato de, ao serem projetados, não foi considerado a heterogeneidade e a individualidade dos usuários, que recebe um tratamento homogêneo e insípido. Essa caracterização errônea da população, dificulta em criar um desejo de permanência nessas pessoas. Outro problema relatado pelos usuários é a impossibilidade de permanecer com seus pertences, animais e carroças. Isso causa, muitas vezes, a volta para as ruas.


fonte: rede brasil atual.

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albergues e abrigos existentes “Tem gente que acha que as pessoas estão na rua porque querem, mas cada um tem uma história. Quem sempre morou na rua tem muito mais dificuldade de integração em uma escola, em um albergue. É preciso um acompanhamento muito mais complexo, que às vezes não acontece. A rotina é algo difícil de manter se você nunca teve pai e mãe, se quase não foi à escola” – relato de um usuário do abrigo Estação Vivência

Um outro problema que auxilia na incapacidade de atender a todos os desabrigados é que, segundo dados da prefeitura de São Paulo, há cerca de 9.963 vagas e 1.517 provisórias, número insuficiente para atender a demanda requerida atualmente já que o número de moradores de rua é de 15.905 pessoas.

avaliação dos abrigos O FIPE realizou uma pesquisa no ano de 2006, com o objetivo de avaliar os serviços de alojamento provisório de homens, mulheres e famílias em situação de rua. Essa analise apontou que menos da metade possui jardim, bagageiros e estacionamentos para carroças. Grande parte desses abrigos possuem problemas de higiene. Outro problema encontrado, em alguns casos é a falta de infraestrutura para abrigar oficinas, espaços pequenos e pouca privacidade. Falta de acessibilidade e más condições (fiação, vazamentos, rachaduras e bolor) dos albergues foram pontos bastante citados na pesquisa. Outros problemas recorrentes são comportamentais dos usuários, além do o uso de álcool e drogas, índices de furtos e dificuldades de controle e segurança da edificação. Segunda a pesquisa, apenas

fonte: fipe.

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25% dos albergues da cidade são considerados bons e 25% considerados ruins. Um dado muito importante abordado é de que poucas pessoas conseguem se reinserir na sociedade por meio dos programas oferecidos nesses abrigos. Através dessa pesquisa, foi possível perceber a qualidade dos abrigos oferecidos pela prefeitura e os problemas mais recorrentes a serem ajustados. Também foi possível notar que os problemas relatados são facilmente resolvidos com a auxilio da arquitetura, através de espaços funcionais e arejados e revisão das regras aplicadas atualmente. fonte: pt.org.

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referĂŞncias projetuais

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estudo de caso

referências para elaboração do projeto Em busca de alternativas existentes, reconhecidas e que funcionam de forma efetiva, analisei projetos concebidos de arquitetura com o próposito de auxiliar e abrigar essa população. Busquei por projetos de diferentes regiões para observar suas características e as formas de se adequar ao ambiente que está inserido. A cada projeto visei observar também as condições do local e os programas concebidos, para criar uma reileitura que possa ser aproveitado para elaboração do meu projeto. Um último item observado são as diferentes linguagens, seja estética ou espacial, que cada projeto possui e como aplicar positivamente ao meu projeto.

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oficina boracea ficha técnica localização: Barra funda, São Paulo. projeto/ 2003

construção:

2002/

área construída: 17.000m² terreno: 90.000m² arquitetura: Roberto Loeb e Arquitetos Associados status: Construído

fonte: loeb capote.

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projeto A Oficina Boracea é um projeto criado pela Prefeitura de São Paulo na gestão da prefeita Marta Suplicy. Esta localizada no bairro da Barra Funda em um terreno de 90.000m² e uma área construída de 17.000m², que adaptou antigos galpões de transporte para abrigar o novo programa com diversos espaços de convívio com a intenção de proporcionar um local de reintegração social. Um projeto inovador que visava à concepção de um novo estilo para os albergues tradicionais, com uma gestão considerada revolucionária que trouxe diversas atividades sociais e educacionais e cultivou a esperança para erradicação dos sem-teto em São Paulo. Projetado pelo escritório LoebCapote que tiveram como partido a

espacialidade da edificação e implantaram o programa de forma horizontal para aproveitamento do terreno. Além disso, foi proposto pátios abertos de convivência para trazer ventilação e iluminação, criando conexões com outros espaços.

fonte: google earth.

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Ambientes como restaurante-escola e as oficinas estão posicionados no centro da edificação. Os outros ambientes do projeto se localizam no perímetro, recolhidos para o interior do edifício.

fonte: loeb capote.

fonte: loeb capote.

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programa O projeto acomoda diversos usos como dormitórios, abrigo especial para idosos, lavanderiaescola, núcleo de atendimento de catadores, centro de convívio, horta comunitária, cursos de alfabetização para adultos, recepção social, telecentro, restaurante-escola e, principalmente, oficinas e atividades para restituição da dignidade de moradores de rua. Também foi projetado um canil para tratamento e abrigo para os cães dos catadores. Além disso, criouse um estacionamento para acomodar os carrinhos dos catadores juntamente com um local de triagem para materiais reciclados. Por conta de problemas com a administração a proposta inicial não se concretizou e algumas atividades propostas acabaram sendo abandonadas. 62

fonte: loeb capote.

fonte: loeb capote.


linguagem e estrutura O projeto traz consigo uma linguagem definida. A princípio, por ter a característica de ser um galpão existente com uma estrutura barata e simples. Trata-se de estrutura metálica composta por blocos de concreto. Apesar desses fatores, os arquitetos conseguiram adaptar e criar ambientes confortáveis e de usos diversificados além de utilizar um local antes considerado abandonado e ocioso, dando um novo uso e atendendo as necessidades dos beneficiários.

fonte: loeb capote.

fonte: loeb capote.

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the brigde / overland partners ficha técnica localização: Dallas, Estados Unidos.

TX,

projeto/ construção: 2010 área construída: 75.000m² arquitetura: Overland Partners Architects status: Construído

fonte: archdaily.

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projeto O Centro de Assistência a Desabrigados da Bridge, no centro de Dallas é considerado um modelo mundial de design de projetos de lares de acolhimento e centros de rua. Foi projetado pelo escritório Overland Partners Architects com o objetivo de melhorar o problema da falta de abrigos para população em situação de rua.

implantação fonte: archdaily.

primeiro pavimento fonte: archdaily.

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programa O projeto possui um programa articulado que inclui ambientes como dormitórios, atendimento básico de apoio psicológico e físico, cuidados de emergência, refeitório, higienização, escritório de advocacia para aconselhamento, biblioteca, setor de treinamento, lavanderia, ambientes para crianças e cuidados para os animais dos moradores.

fonte: archdaily.

fonte: archdaily.

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composição O projeto é composto por cinco edificações que formam um pátio aberto central e que tem como foco o refeitório, pois o local proporciona, segundo os arquitetos responsáveis, uma oportunidade de criar vínculos com os sem-teto. As atividades proporcionadas pelo The Bridge são formadas por um prédio de recepção, de serviços, de armazenamento e um pavilhão. O edifício de recepção acolhe e oferece os primeiros atendimentos. Acomoda também as atividades comunitárias e a biblioteca. O prédio de serviços é formado, nos primeiros pavimentos, pelos dormitórios e nos superiores pelos ambientes de armazenamento, depósito e o refeitório. Por último, um edifício existente que foi adaptado para pavilhão e acomoda os dormitórios ao ar livre. Pelo fato de ser um projeto horizontal, não existiu

a necessidade de criar muitos núcleos de circulação vertical, apenas utilizado no edifício de serviços onde se encontram as acomodações que, por ser um ambiente que necessita de mais privacidade, foi inserido nos pavimentos superiores. Além disso, possui marcante particularidade de sustentabilidade, utilizando cobertura verde, sistema de capitalização de água de chuva e reciclagem de agua cinza e iluminação natural em todas as edificações.

fonte: in habitat.

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linguagem e estrutura A estrutura é simples, composta de tijolos e metal e vedado com vidros. A idéia dos arquitetos é criar um ambiente de translucido para maior visibilidade à edificação. Um dos grandes marcos do projeto são painéis de vidros instalados na fachada principal do bloco de acesso ao campus.

fonte: archdaily.

fonte: overland partners.

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shelter home for homeless / javier larraz ficha técnica localização: Espanha projeto/ construção: 2010 área construída: 995,0 m² arquitetura: Javier Larraz status: Construído

fonte: archdaily.

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projeto O projeto Home for Homeless além de oferecer de acomodação, comida e atendimento básico, cria uma oportunidade aos moradores para melhorar sua qualidade de vida. Para o arquiteto, as necessidades dos moradores de rua vão além “encontrar um lugar para dormir”. O centro oferece comida e abrigo e em troca destes, os usuários devem realizar tarefas diárias de manutenção como limpeza, pinturas e jardinagem. A ideia é criar um compromisso pessoal e uma valorização do espaço que utilizam.

fonte: archdaily.

programa A proposta do edifício é trazer um uso pré-definido, entretanto, ao mesmo tempo flexível em seu funcionamento por conta de organização dos espaços. Os espaços projetados facilitam a convivência com diferentes grupos e permite atender as diversas necessidades por conta do seu programa complexo, tendo em vista o espaço limitado no qual está inserido. O edifício conta com espaços de acomodação aos usuários, além de salas de jantar, oficinas ocupacionais e profissionalizantes, salas de lazer e etc. 72

fonte: archdaily.


fonte: archdaily.

fonte: archdaily.

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composição Para a volumetria, foi proposta uma caixa fechada para proteger seu interior de curiosos e ao mesmo tempo, se adequa ao ambiente urbano mais opaco. Ocupa todo o volume central acomoda os espaços de serviços e instalações do edifício e é responsável por organizar outro volume que o cerca, disposto no perímetro externo com o objetivo de aproveitar a iluminação e ventilação natural do terreno. Esse volume é composto pelo quartos, salas de lazer, refeitórios e oficinas. O edifício abriga dois usos diversos, um de serviço aos usuários e outro as acomodações de permanência média. Esses dois usos precisam funcionar de forma independente e para isso, foi projetado dois acessos separados através das fachadas longitudinais opostas. O centro para sem-teto ocupa todo o terreno, do térreo ao primeiro pavimento. O primeiro andar é formado por dezoito quartos duplos com sanitários e

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também pelas oficinas, sala de jantar, serviços de lavagem a seco, administração e recepção. Os serviços de acomodações de permanência média se localizam no menor volume e oferece nove quartos duplos, sanitários e áreas comunitárias.

fonte: archdaily.


linguagem e estrutura A arquitetura desse projeto é mais discreta e contida, com distribuição de espaços extremamente racional, modulada e ajustada de acordo com o programa de necessidade, que ocupa todo o espaço disponibilizado para construção. A estrutura foi concebida a partir de perfis de alumínio para garantir uma maior privacidade aos usuários. Além disso, esses perfis resolvem um possível problema de invasão do local. Essa estrutura cria uma imagem particular, única e uniforme que adapta a edificação ao meio ambiente do local.

fonte: archdaily.

fonte: archdaily.

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anรกlise do territรณrio e programa

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projeto

investigação e concepção

A partir das leituras de dados demográficos, análises de referências projetuais pude conceber as premissas que influeciaram no projeto. Esses estudos mostraram a importância de considerar a individualidade de cada pessoa e como relacionar isso ao projeto, de forma que funcione para todos. As análises dos abrigos e albergues existentes foram cruciais para elaboração do programa e para identificar falhas e para corrigi-las de forma que torne esse projeto funcional e que atenda boa parte da população que ainda está nessa situação de vulnerabilidade social. A leitura do bairro escolhido, apresentado a seguir, é fundamental para conhecimento e para compor de forma concreta os objetivos estabelecidos para essa intervenção.

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análise do território bairro Para a escolha da área de intervenção, inicialmente, busquei vazios urbanos e encontrei um terreno no distrito do Bom Retiro, bairro da Luz, administrado pela subprefeitura da Sé. A escolha do bairro para abrigar o projeto é devido aos altos índices de concentração de moradores de rua nesse local - 52% apenas no distrito da Sé - e em seus arredores, tendo em vista estimativa realizada pelo Censo de 2015 em São Paulo. Trata-se de um terreno ao lado da estação da Luz e da Praça da Estação Luz, cercado por bairros como Brás, Liberdade e Santana, locais que também possuem grandes concentrações de sem-teto.

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benefícios na escolha desse bairro acessibilidade - conexão com outros bairros que possuem altos níveis de concentração de moradores de rua; mobilidade - proximidade com o terminais rodoviários, corredores de ônibus, mêtro e estação de trem uz; acesso à cultura - fácil acesso a espaços culturais como a pinacoteca e memorial da resistência; arborização proximidade com praças, parques, jardins e canteiros; conexões a bairros centrais - oportunidade de trabalho nas imediações e em bairros próximos;



análise do território entorno e usos do solo Seu entorno é bastante marcanta por conta do seu caracter simbolico. É um dos bairros mais importantes da região central por acomodar edificações históricamente relevanted. Alguns edifícios nas imediações do terreno são tombados pelo IPHAN como a própria estação da Luz, a Pinacoteca e o Jardim da Luz. O bairro é predominantemente comercial, com grande aglomeração de comércios e serviços variados, acomodados desde grandes edifícios ou em pequenas construções. O gabarito é bastante variado, com edificações entre dois a trinta

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pavimentos. É perceptível a concentração de espaços culturais na área, além de estacionamentos e hotéis e hostels. Uma particularidade característica do bairro são edifícios históricos preservados, com múltiplos usos. Outra caracteristica notavél é a abundância de edificações subutilizadas, desocupadas ou abandonadas.


fonte: autoral e tfg luana bueno.

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análise do território

terreno

O terreno está situado no bairro da Luz e atualmente está sem uso. É rodeado pelas ruas Washington Luiz, Mauá e Brigadeiro Tobias pela Avenida Cásper Líbero. O entorno abriga diversos edifícios abandonados, pichados, além de diversos lotes sem uso ou subutilizados.

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fonte: autoral e tfg luana bueno

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análise do território O terreno escolhido possui pouca inclinação, com apenas um metro de desnível. Tem aproximadamente 6.000m² de área e é classificado pelo zoneamento da cidade como uma ZC. Em seu entorno podemos notar muitos lotes ociosos e subutilizados, entretanto, em uma localização dotada de equipamentos e infraestrutura, boa oferta de empregos e próximo a bairros centrais. O bairro da Luz faz parte também da Operação Urbana Centro que tem como objetivo promover melhoriais e a requalificação da área que está bastante degradada atualmente. Outro objetivo é despertar o interesse de investimentos da iniciativa privada para promover a revitalização da área. Segundo o PDE 14/16.050 e lei zoneamento 16/16.402 de São Paulo, as áreas de ZC são: Art. 9º As Zonas Centralidade (ZC) são porções do território voltadas à promoção de atividades típicas de áreas centrais ou de subcentros regionais ou de bairros, destinadas principalmente aos usos não residenciais, com

densidades construtiva e demográfica médias, à manutenção das atividades com atividades de abrangência regional; comerciais e de serviços existentes e à promoção da qualificação dos espaços públicos, subdivididas em: I - Zona Centralidade (ZC): porções do território localizadas na Macrozona de Estruturação e Qualificação Urbana com atividades de abrangência regional; segundo zoneamento: tipo CA mínimo CA básico CA máximo TO altura máxima (m) ZC

0,3

1

2

0,7

aplicando no projeto: terreno: 5.945 m² CA máximo: 2x5.945 = 11.890 TO: 0,70x 11.890 = 8.323m² Área permeavél: 1.492m² - 26%

pavimento

área

térreo 1 pavimento 2 pavimento 3 pavimento

2.614 m² 1.847 m² 1.847 m² 1.847 m²

total:

8.155 m²

fonte: gestão urbana.

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28


fonte: autoral e tfg luana bueno

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entrada para o terreno partir da rua brigadeiro tobías (acesso ao estacionamento

terreno atualmente, utilizado como estacionamento para a policia cívil

vista ao terreno a de um edifício em

praça da (vizinha do

partir altura

estação da luz terreno escolhido)


terreno através da rua brigadeiro tobias

terreno através da av. caspér líbero

terreno através da rua brigadeiro tobias

fachada atual do terreno juntamente ao acesso para o metrô luz e a entrada a praça da estação da luz

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partido Para a proposta dessa intervenção busquei, após estudos de dados e referências projetuais, propor: Pátio central – Criar uma praça central entre os dois blocos que surge como uma oportunidade de cruzamento entre diferentes grupos para criar relações. Valorização do encontro e de espaços para lazer – Trazer espaços de convívio entre moradores do bairro e usuários do projeto e também diversas atividades para reintegração a sociedade. Integração ao meio natural – Ambientes abertos para trazer mais conforto e refresco ao usuário. Além disso, criar atividades ao ar livre para melhor aproveitamento da vegetação e luz natural. Estrutura aparente – utilização de concreto e vidro para vedação, como partido estrutural. Mostrar a estrutura de verdade remete a ideia de trazer a autenticidade do

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espaço. Remete também a ideia de aceitação as particularidades do material (e ao individuo).


espaços de lazer

pátio central

estrutura aparente arborização

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proposta A proposta desse projeto é a concepção de uma edificação que exerça seu papel de abrigo, com atendimentos humanizados e um espaço que garanta funcionalidade e acolhimento. A arquitetura deve ser humanizada, com ambientes que traga conforto e apoio ao usuário. As investigações preliminares foram valiosas para compreensão das necessidades e dificuldades enfrentadas por essa população e para como, projetar uma intervenção que justifique sua existência.

composição volumétrica

O projeto é composto por dois volumes interligados por passarelas. As duas volumetrías recebem uma clarabóia envidraçada com o propósito de trazer iluminação e comidade ao usuário. As laterias da edificação uma pele de vidro juntamente a um painel perfurado, estruturados por montantes de aço que preservam a privacidade dos ambientes.

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acesso e espacialidade Através da avenida Caspér Líbero temos a entrada principal do edifício - entrada exclusiva de pedestres. Pela rua Brigadeiro Tobias temos o acesso entrada de usuários, carroças e animas. Por esse acesso também encontramos uma praça que acomoda diversas árvores típicas da cidade e uma horta comunitária. O pavimento térreo abriga a recepção ao usuário e encaminhamento para os atendimentos básicos. Além disso, o restaurante e a biblioteca também estão inseridos nesse pavimento, que são de utilização prioritária dos desabrigados mas também poderá ser utilizada pela comunidade local. O primeiro pavimento acomoda m-se as áreas de atendimento médico (físico e psicológico), higienização, cabeleireiro e administração do prédio. O segundo pavimento compõe as áreas de aprendizagem e apoio profissional como salas de aula, informática, palestras, oficina e ateliê. Por último, o terceiro pavimento acolhe os dormitórios femininos, masculino e familiares.


diagrama concepção

diagrama organização espacial SEMIPÚBLICO / PESSOAS AUTORIZADAS SEMIPÚBLICO / PESSOAS AUTORIZADAS SEMIPÚBLICO / PESSOAS AUTORIZADAS PÚBLICO / ABERTO A TODOS

rua

PRIVADO / PESSOAS AUTORIZADAS

DORMITÓRIOS FEM / MASC

APRENDIZAGEM PROFISSIONAL / INFORMÁTICA ATENDIMENTO MÉDICO / PSICOLÓGICO

ÁREA COMUNS CONVIVÊNCIA / REFEITÓRIO

ATENDIMENTO VETERINÁRIO

ESTACIONAMENTO FUNCIONÁRIOS E CARROÇAS

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elaboração do programa concepção O programa foi concebido através de referências nacionais e internacionais de projetos realizados com o mesmo propósito: acolher e reintegrar o usuário, trazendo uma nova perspectiva de vida. Também busquei referências de projetos já oferecidos pela prefeitura, para auxilio da população de rua. A projeto tem a intenção de proporcionar ao público alvo um local de acomodação semipermanente e receber assistências diversas (física, psicológica, jurídica e motivacional) que facilite sua reinserção no mercado de trabalho e principalmente, na sociedade. Para tanto, delimitei setores para melhor organização do programa. São eles: • Apoio pessoal (serviços básicos de higienização e atendimentos físicos, psicológicos e jurídicos). •Acolhimento (dormitórios coletivos masculinos e femininos e familiares). •Alimentação (hortas e restaurantes comunitários). • Áreas de lazer (sala de jogos, sala de estar, sala de tv, brinquedoteca, praça central e áreas abertas).

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• Apoio profissional (salas de aula, salas de informática, biblioteca e oficinas profissionalizantes) •Funcionários e Serviços (administração, vestiários, copa, sala de descanso. Depósitos, armazenamento de doações e lavanderia). • Outros (estacionamento para carroças e triagem de materiais recicláveis. Canil e sanitários).

Para apurar a quantidade necessária e atender a demanda atual, propus dormitórios para 105 pessoas. Estimei esse valor através de pesquisas realizadas por orgãos públicos que indicam, atualmente, que cerca de 13.175 moradores de rua apenas no distrito da sé e 46,5% destes são acolhidos por politicas publicas atuais. Entretanto, ainda existem 7.247 desabrigados, que serão atendidos de forma provisória, meu projeto. Este, atenderá cerca de 1,44% dessa demanda.


programa

ambiente dormitório masculino dormitório feminino dormitórios familiares tipo 1 dormitórios familiares tipo 2

ambiente recepção e espera triagem sanitários masculinos sanitários femininos sanitários acessíveis vestiários masculinos vestiários femininos vestiários acessíveis depósitos

área 7,5m² 7,5m² 15,70m² 7,5m²

área 96m² 20m² 20m² 20m² 3m² 76m² 67m² 7m² entre 5m² a 80m²

acolhimento

quantidade 45 20 8 4

quantidade

apoio

1 1 5 5 5 1 1 1 2

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elaboração do programa ambiente salas de aula salas de informática salas de multiuso biblioteca ateliê oficina

ambiente recepção/encaminhamento salas atend. piscológico salas atend. jurídico sala de reunião salas atend. médico salas de medicação cabeleireiro depósíto

ambiente administração segurança/controle copa descanso depósíto

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área 72m² 150m² 80m² 360m² 90m² 65m²

apoio profissional quantidade 3 4 2 1 1 2

saúde e serviços básicos

área

quantidade

45m² 35m² 30m² 40m² 13,5m² 12m² 35m² 15m²

área 40m² 25,5m² 25m² 65m² 20m²

1 3 3 1 3 2 1 1

administração

quantidade 1 1 1 1 1


ambiente horta cozinha refeitório câmara fria depósíto

ambiente estacionamento canil veterinário lixo e reciclagem bicicletário central de doações lavanderia reserva de água DG elétrica DG telefonia sala de gerador

alimentação

área

quantidade

350m² 100m² 350m² 15m² 20m²

área

ambiente refeitório vagas

1 1 1 2 1

lotação 96 16

áreas técnicas e outros quantidade

300m² 5,5m² 40m² 105m² 10m² 30m² 70m² 21m² 25m² 20m² 15m²

1 24 1 1 1 1 1 6 1 1 1

porcentagem de vagas e sanitários, atendendo a quantidade de dimensões requeridas norma NBR 9050 de 2015 e contran.

97



projeto

99



produtos do projeto imagens e desenhos propostos

A partir e todas as análises e estudos feitos, proponho esse projeto com o objetivo de trazer um atendimentos mais humanizado e afetuosos, além de criar espaços que respeitem a heterogieniedade de cada indivíduo mas que também busque oferecer ambientes sociavéis que possam proporcionar respeito e seus direitos básicos de ser cidadão.

101


1:1000 sem escala

102


103


sem escala

104


105


sem escala

106


107


108


109


sem escala

110


sem escala

111


sem escala

112


sem escala

113


vidro laminado incolor 10mm colados sobre os perfis de alumínio perfis de alumínio de 300x150mm utilizados para fixação dos vidros a cada 3 m

viga de aço 130m

tubulação para coleta de águas pluviais

pendural métalico rígido

apoio metálico

tirante circular 5 mm

montante metálico

montante metálico vertical

pilar de concreto armado para apoio da estrutura metálica

vidro laminado 7mm

1:200 detalhamento: estrutura viga vagão

1:100 detalhamento: estrutura pele de vidro

114


vidro laminado incolor 7mm

montante vertical metálico

laje maciça 25 cm

sem escala detalhamento: sistema de clarabóia indivídual para dormitórios

controle

de

ventilação

laje impermeabilizada com manta asfáltica 2% inclinação

laje maciça 25 cm

controle ventilação clarabóia 1:100 sem escala detalhamento: sistema de clarabóia indivídual para dormitórios

controle

de

ventilação

115



A estrutura é composta por placas de concreto moldado in loco que compõe todas as fachada do edifício. Os pilares circulares são de concreto armado e as vigas metálicas que suportam vãos de até 10m de comprimento. As paredes do núcleo são estruturais e ajudam a manter a modulação dos pilares e sustentar a edificação.

117


As vegetações foram escolhidas por serem nativas da cidade de São Paulo e também por segurarem poluição e barulho. Para auxiliar no abastecimento do estoque de alimentos em algumas épocas ano, foi proposto uma horta comunitária e árvores frutíferas que será mantida pelo usuário do projeto.


TĂ?TULO

SubtĂ­tulo

Solume nobitatesti inctend itatquas velleste none rerupicabo. Neque nus ea sitia nonsequas nihicid ucitatem eaquis arum fugia il eos ad quatur, quo moluptat. Ovidus ipsant ma volorem non ped et, quiant dolupta ecullenia accust aut quia consed unt. Lora cum re plitate re essitat doluptur, officil magnim dolorro ribusciet ut ea dest, eum aliquae sinvelles autat et vel il in explita tessit quas ut quam is re et que eium ius, ilicia cupis ma nonsedi doluptaecte plignis conet optam am et imaxima gnimod modigeni temquid ut pa quisi torepel iquiam rendanda nusam, officab orumet, corem facerion poreium ilis eossum sequamus, ipis nullendione ea nihicia ipsant aute vendit, senecaest et quibus. Acerum, in culles erum voluptio dolore volorit labo. Itatist et apid exereium restiame eum faceperibus ad moluptat. Equi que sit voluptaqui omnisque con et, que raessimincia vit reicimus velecturi nonsequas entur sed quis exeriae rspeles ex et ad qui quibus, nossi restrumque nonsequatu.

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O guarda corpo utilizado na maior parte da edificação é de concreto armado e além de atuar como proteção e segurança, é um elemento estrutural: uma viga invertida, com o propósito de estruturar as passarelas de transição entre os dois blocos.




Para a estrutura da clarabóia foi aplicado um sistema de vigas vagão. Essa estrutura é composta por duas vigas longitudinais de 1,30m de altura e pequenas vigas de alumínio transversais de 30cm espaçadas entre 3 em 3 metros. Por fim, dois montantes tracionados por tirantes de aço que responsáveis por unificar as vigas e reduzem o vão de 15m a ser vencido.



referĂŞncias bibliogrĂĄficas

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livros e artigos

FRANGELA, Simone. Corpos Urbanos Errantes: Uma Etnografia da Coporalidade de Moradores de Rua em São Paulo. 1ª edição. São Paulo: Annablume, Fapesp, 2009. AUGÉ, Marc. Não-lugares: Introução a uma antropologia da supermodernidade. 1ª edição. Campinas: Papirus, 1992. GIORGETTI, Camila. Moradores de rua: uma questão social? São Paulo: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, Editora da PUC-SP, 2005. NATALINO, Marco Antonio Carvalho. ESTIMATIVA DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA NO BRASIL. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/ PDFs/TDs/26102016td_2246.pdf>. Acesso em: 23 de julho de 2019. COSTA, Ana Paula Motta. População em situação de rua: contextualização e caracterização. Disponível em: <http:// revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fass/article/ view/993>. Acesso em: 24 de julho de 2019.

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sites

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Acesso em 23 julho 2019. Cresce o número de moradores de rua em São Paulo e no Rio de Janeiro. Disponível em: <http:// g1.globo.com/profissao-reporter/ noticia/2017/07/cresce-o-numero-demoradores-de-rua-em-sao-paulo-e-norio-de-janeiro.html?fbclid=IwAR32EKU3 ApVvN41NDc2iblyxbAJ47sAfj79iRnZsQ10Czug97Xjljfz9dY>. Acesso em: 24

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<https://architizer.com/projects/ shelter-home-for-the-homeless/?fbc lid=IwAR0IdfHyQ04q92i5c-NXTW_ sLR936hwXSOXuNP2ozs5Z_qfNp_ fGg1kIzEA>. Acesso em: 24 julho

2019. PROJETO OFICINA BORACEA. Disponível em:

<https://moradorderua.wordpress. com/2012/06/28/projeto-oficina-bor acea/?fbclid=IwAR0J4jgzz7qOiQO NloFj330bwwHny6951R0Qebx3CQ0WcAYNwfbWoXr_l4>. Acesso em:

25 julho 2019. Complexo Boracea: mais de mil histórias pra contar. Disponível em: <http://twixar.me/QH91>. Acesso em: 25 julho 2019. PROJETO OFICINA BORACEA. Disponível em: <http://twixar.me/xH91>. Acesso em: 25 julho 2019. HOMELESS SHELTER. Disponível em: <http://twixar.me/7H91>. Acesso em: 27 julho 2019.


pesquisas

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julho. SMADS Secretaria De Assistência e Desenvolvimento Social. Avaliação dos serviços de

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trabalhos finais de graduação

BUENO, Luana. Centro Acolhida [SP]. Disponível em: <https://issuu.

com/luanabueno.arq/docs/mono_luana_ bueno_issu>

LEE, Thiago. Viver a rua População de rua e projeto urbano. Disponível em: <https://

issuu.com/thiago.hyun/docs/caderno_ tfg_-_thiago_s_h_lee_-_jul_>

GARCIA, Marilia M.R. Centro de Apoio ao Morador de rua. Disponível em: <https://issuu.com/

mariliamrgarcia/docs/tfg_marilia_ garcia>

MIAGUTI, Melissa. População de rua - Arquitetura e Espaço Urbano. Disponível em: < https:// issuu.com/melissamiaguti/docs/melissa_ miaguti_populacao_de_rua>

PAULA, Kaio A. D de. Centro de Acolhimento e Apoio à População de rua. Disponível em: <https://

issuu.com/kaioslash/docs/caderno_ kaio_impressao_1>

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PAULA, Kaio A. D de. Centro de Acolhimento e Apoio à População de rua. Disponível em: <https://

issuu.com/kaioslash/docs/caderno_ kaio_impressao_1>


lista de imagens

1 https://www.sul21.com.br/ cidades/2016/01/censo-apontaranumero-de-moradores-de-rua-nacapital/ 2 http://www.vitrinefilmes.com.br/ site/?page_id=4172 3 http://gujsp.com.br/crescepopulacao-em-situacao-de-rua-nacidade-de-sao-paulo/ 4 http://www.rainhamaria.com. br/Pagina/18294/Moradores-derua-contam-historias-de-vida-emotivos-para-estarem-nas-ruasSomos-todos-invisiveis-Nossapresenca-nao-faz-diferenca-paraninguem 5 https://istoe.com.br/doismoradores-de-rua-morremdurante-a-madrugada-fria-de-sp/ 6 https://www.101fm.com.br/101/ moradores-de-rua-2/ 7 https://www.mpba.mp.br/ noticia/36275 8 http://www.vitrinefilmes.com.br/ site/?page_id=4172

9 https://ponte.org/manifestacaono-centro-de-sp-pede-politicaspublicas-para-moradores-de-rua/ 10 https://www.redebrasilatual. com.br/cidadania/2016/06/ moradores-de-rua-aprovamalbergue-temporario-em-saopaulo-1496/ 11 https://www.pt.org.br/novoalbergue-no-centro-de-sp-eaprovado-por-moradores-de-rua/ 12 http://cristosalvador.com.br/ noticias/c-n-b-b/16-11-2018/domseverino-a-opo-pelos-pobres-faza-igreja-voltar-seu-olhar-para-osfilhos-e-filhas-prediletos-de-deus 13 https://loebcapote-site-prod. s3.amazonaws.com/project_ images/photos/000/000/606/ large/000039.jpg?1449248307 14 https://loebcapote-site-prod. s3.amazonaws.com/project_ images/photos/000/000/613/ large/002_Roberto_Loeb. jpg?1449248356

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lista de imagens 16 https://loebcapote-site-prod. s3.amazonaws.com/project_ images/photos/000/000/612/ large/003_Roberto_Loeb. jpg?1449248349 17 https://loebcapote-site-prod. s3.amazonaws.com/project_ images/photos/000/000/600/ large/008_Roberto_Loeb. jpg?1449248255 18 https://loebcapote-site-prod. s3.amazonaws.com/project_ images/photos/000/000/601/ large/001_Roberto_Loeb. JPG?1449248262 19 https://loebcapote-site-prod. s3.amazonaws.com/project_ images/photos/000/000/611/ large/114-BOR-TABA. jpg?1449248342 20 https://www.archdaily. com/115040/the-bridge-homelessassistance-center-overland-partne rs/5013816228ba0d1507000529the-bridge-homeless-assistancecenter-overland-partners-image

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21 https://www.archdaily. com/115040/the-bridge-homelessassistance-center-overland-partne rs/5013819128ba0d1507000530the-bridge-homeless-assistancecenter-overland-partners-plan 22 https://www.archdaily. com/115040/the-bridge-homelessassistance-center-overland-partne rs/5013819628ba0d1507000532the-bridge-homeless-assistancecenter-overland-partners-plan 23 https://www.archdaily. com/115040/the-bridge-homelessassistance-center-overland-partne rs/5013816628ba0d150700052athe-bridge-homeless-assistancecenter-overland-partners-image 24 https://www.archdaily. com/115040/the-bridge-homelessassistance-center-overland-partn ers/5013818e28ba0d150700052fthe-bridge-homeless-assistancecenter-overland-partners-image


lista de imagens 25 https://inhabitat.com/bridgehomeless-shelter-wins-aia-nationalhousing-award/ 26 https://www.archdaily. com/115040/the-bridge-homelessassistance-center-overland-partners /5013818628ba0d150700052c-thebridge-homeless-assistance-centeroverland-partners-image 27 https://www.overlandpartners. com/projects/the-bridge-homelessassistance-center/ 28 https://www.archdaily. com/124688/shelter-homefor-the-homeless-javierlarraz/5013e59928ba0d3b45000396shelter-home-for-the-homeless-javierlarraz-photo 29 https://www.archdaily. com/124688/shelter-homefor-the-homeless-javierlarraz/5013e5bd28ba0d3b450003a3shelter-home-for-the-homeless-javierlarraz-plan

30 https://www.archdaily. com/124688/shelter-homefor-the-homeless-javierlarraz/5013e5bf28ba0d3b450003a4shelter-home-for-the-homeless-javierlarraz-plan 31 https://www.archdaily. com/124688/shelter-homefor-the-homeless-javierlarraz/5013e5b628ba0d3b450003a0shelter-home-for-the-homeless-javierlarraz-photo 32 https://www.archdaily. com/124688/shelter-homefor-the-homeless-javierlarraz/5013e5ab28ba0d3b4500039dshelter-home-for-the-homeless-javierlarraz-photo 33 https://www.archdaily. com/124688/shelter-homefor-the-homeless-javierlarraz/5013e5a328ba0d3b4500039ashelter-home-for-the-homeless-javierlarraz-photo

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lista de imagens

34 https://www.archdaily. com/124688/shelter-homefor-the-homeless-javierlarraz/5013e5a128ba0d3b45000399shelter-home-for-the-homeless-javierlarraz-photo 35 https://www.archdaily. com/124688/shelter-homefor-the-homeless-javierlarraz/5013e5a828ba0d3b4500039cshelter-home-for-the-homeless-javierlarraz-photo 36 https://saogabriel.es.gov.br/ Not%C3%ADcia/audiencia-publicapopulacao-em-situacao-de-rua 37 https://www.colourbox.com/ image/estacao-de-trem-no-bairro-daluz-sao-paulo-brasil-image-4908349 38 http://www.ideafixa.com/posts/ moradores-de-rua-e-seus-caes 39 https://bhaz.com. br/2019/06/07/pbh-acoesemergenciais-populacao-rua-frio/

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Os grĂĄficos foram eleborados a partir de pesquisas realizadas pelo FIPE. As imagens aĂŠreas foram retiradas do google earth.

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TFG // 2019


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