As ruas e as praças

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AS RUAS E AS PRAÇAS | 2 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO AS RUAS E AS PRAÇAS MARIANA TEALDI SANT’ANNA ORIENTADOR: ANTONIO FABIANO JR CAMPINAS, DEZEMBRO DE 2015.


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APRESENTAÇÃO “As ruas já não conduzem apenas a lugares, elas mesmas são lugares”. John Brinckerhoff Jackson

A Mariana tem o lindo e insustentável peso de ser leve.

Antonio Fabiano Júnior

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Uma rua. Uma praça, pracinhas, vielas e gente. Uma costura leve de uma linha invisível para denunciar o peso do elo urbano x rural. Uma praça leve para sentar em cima das águas, trocar artefatos em cima das águas, ver que o mundo é lindo quando damos peso às águas. Propondo a instabilidade do peso (ou da leveza?), sempre tão caros aos que desenham a matéria (ou o espaço entre elas?), o projeto serve para o papel primitivo de dar abrigo ao homem e seus atos coletivos. Em meio à aceitação do espaço como ato múltiplo - e aqui entende-se abrigo como espaço aberto para o homem se conectar com seu tempo e espaço – a feira trata seu território como chão que propicia o encontro entre homem e seu fazer cotidiano. Entre o homem e sua necessidade ancestral de fazer coisas. Entre o homem e o toque dele no/para o outro.


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AGRADECIMENTOS

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Pai, por ser meu herói. Sem você eu não teria conseguido realizar este sonho. Mãe, por sempre acreditar que eu vou dominar o mundo, e por ter orgulho de mim. Júlia e Lívia, por me apoiarem e me defenderem sempre. Eu sempre vou cuidar de vocês também. Malú, por enxugar minhas lágrimas, estar comigo nos bons e maus momentos, me mostrar que estará comigo mesmo se eu falhar. Obrigada por trazer paz quando tudo está em guerra. Letícia, por ler meus pensamentos e entender minhas crises. Obrigada por tudo que passamos juntas nestes cinco anos. Não acaba aqui. Vinícius, por me acompanhar desde o jardim de infância sempre rindo e fazendo as coisas darem certo. Meu grupo. Eu tenho muito orgulho de tudo que fizemos juntos, vocês são incríveis. Meus amigos, por tornarem minha experiência nessa faculdade tão linda e única. Foram momentos inesquecíveis. Lamento por não ter o espaço necessário pra citar todos.

Tonho, meu orientador, que me mostrou a beleza do simples. Me ensinou coisas muito mais importantes do que a arquitetura: me ensinou a ver as coisas com o coração. Obrigada por entender essa minha necessidade de querer ajudar todo mundo e abraçar este desafio comigo. É uma honra ter te conhecido e não ter ganho só um orientador incrível, mas um amigo tão humano e maravilhoso. Obrigada, mesmo.


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13 | o nome 14 | a arquitetura 15 | a feira 19 | os eixos norteadores 23 | a rua de pedestres 29 | as praças 45 | a balsa 49 | a barraca 54 | referências 57 | conclusão

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SUMÁRIO


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NOME Um projeto que nunca teve um nome concreto porque ninguém sabia exatamente do que o chamar. Talvez pior: ninguém sabia exatamente o que ele era. Não como espaço ou intenção, nem como função fundante pautado na existência da sua matéria mas como pura atividade. Afinal, como um nome pode se pautar somente por isso?

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No início, era chamado de “o mercado de Perus”. Mas percebemos que este nome não se encaixava pois nunca se tratou apenas da ideia mercantil de comprar e vender. Virou então feira, somente. Porque feira trata-se de uma coisa mágica itinerante. Ora no seu bairro, ora no meu, ora atravessando o rio. Feira tem o poder da relação da troca e do uso ao mesmo tempo. Troca de energia, uso da rua como local do caminho, da procissão, do sacrifício mas também da transformação e das trocas humanas. Local público, ascendente, convidativo, desafiador, organizacional, conceitual. Afinal é na fixação de um conceito, desse conceito, que por magia - do deus-público, talvez? - que a cidade se torna mais plástica, a memória assume o comando e o espaço propicia mudança de vidas humanas. Mas quando não tem gente, não tem feira, portanto não poderia um espaço ser assim chamado, mesmo sendo a feira, em grande parte, a essência do trabalho proposto. Finalmente ele virou o que é, em sua essência plena: as ruas e as praças.


ARQUITETURA

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Arquitetura é espaço. É abrigo. É vida. Mas penso que antes de qualquer definição rápida, ela deve ser pensada com muito cuidado, afinal tem poder transformador.Tem caráter dignificador.

vida, deve atender a todos os vivos, e não só a uma parcela dos mesmos. Se aproximar do usuário - que pode ser eu, você, o empresário magnata ou o morador de rua com seu cachorro - e construir um espaço onde ele, acima de tudo, se sinta bem em estar ali.

Se o céu toca, é público. E, se é público, é de A arquitetura não deve prezar apenas a es- todos. tética, o cal, o cimento e essas bobagens. Isso são instrumentos. Fundamentais, mas Além de fornecer o espaço, devemos forinstrumentos. Ela deve ser pensada para o necer condições para que aquele espaço se mantenha. Por isso os materiais devem ser usuário. bem escolhidos. Materiais que façam sentido Deve-se entender o território, pensar em no território em que estão e que proporcioquem vai usar aquele espaço. Quem vai se nem a melhor técnica, sem que haja desperbeneficiar disso e como. Antes de tudo é dício. preciso procurar a serviço de quem está essa arquitetura. É aí que vem a parte mais bonita: Arquitetura, portanto, ao meu ver, não deve porque não um espaço feito e pensado para ser vista como uma arte onde o arquiteto a usa para se expressar. Deve ser um instrutodos? mento que transforme lugares proporcionaPorque não dignificar espaços esquecidos de ndo uma vida digna à todos, respeitando o pessoas esquecidas? Afinal, se arquitetura é homem e a natureza.


FEIRA

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feira fei.ra sf (lat feria) 1 Lugar público e descoberto em que, em dias e épocas fixas, se expõem e vendem mercadorias. 2 Designação complementar dos cinco dias mediais da semana. 3 O mesmo que feira de amostras. 4 Compras feitas no mercado. 5 Confusão, balbúrdia, falatório. (MICHAELIS) A feira tem dimensão imaterial, intersubjetividade e inter-relação. Está vinculada à ideia de encontro, contato, troca, circulação. Trocas de saberes, trocas simbólicas. “Trocas que se ampliam para muito além dos espaços geográficos demarcados pelas materialidades físicas que se limitam as feiras…” (CARDOSO, Arquiteturas do mar da terra e do ar, p.73).

“Tudo na feira circula: mercadorias, mercadores, fregueses, a compra, a venda. Tudo é dinâmico. “A troca, imediata: o que se vende, vende-se sem demora, o que se compra, leva-se logo e paga-se no mesmo instante.” (BRAUDEL in CARDOSO, Arquiteturas do mar da terra e do ar, p.76). A feira some e circula com os produtos que mudam de lugar.

A feira não é a construção, mas a confusão, balbúrdia e falatório que a caracterizam. São as situações que a fazem.


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RUA SUSPENSA

‘‘RUA AZUL”, O RIO


O projeto é fortemente influenciado pelas questões urbanas na qual se encontra por se tratar da interpolação entre dois eixos estruturadores da região: as ruas. A rua de pedestres (como retomada do seu espaço como área de convívio público) e o “eixo azul” (como forte caráter de transporte e convívio através da água). Estamos na extremidade sul de Perus, muito próximos do Rodoanel e do limite da sub-prefeitura. De um lado, o Recanto dos Humildes que, como descrito no memorial urbano, trata-se de um bairro isolado que sofre com sua precariedade. Do outro, o anel verde que contém diversas chácaras, fazendas e casinhas com produção rural em suas propriedades. Separando estes dois polos, temos a linha férrea (linha 7 rubi da CPTM) e o Ribeirão Perus. A necessidade primordial para a sobrevivên-

cia humana é o comer, é o alimento. A segunda é o morar. Por isso, crio o eixo urbano-rural, que gosto de chamar de rua. Uma rua de pedestres de 190 metros que liga o homem à natureza. Liga o morar, o viver ao produzir, ao trabalhar pelo próprio alimento. Comer é um ato agrícola e por isso dar subsídios para o homem dignamente morar, trabalhar, produzir e se relacionar com a terra é o risco primeiro do projeto.

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OS EIXOS NORTEADORES

O eixo azul é o eixo da água e costura o projeto ao território de Perus. Além das ruas propostas na área, é pelo Ribeirão Perus que as pessoas chegam até aqui. Trago, por meio de territórios flutuantes, também chamados de balsas e barcos, as pessoas para viverem este lugar. E da mesma forma as levo de volta, com experiência e alimento. Assim como levo gente, levo coisas. Levo a feira, levo mercadoria, levo a troca. Troca esta que pode ser por meio de barracas ou qualquer outro meio que o homem encontre para isso.


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IMPLANTAÇÃO | SEM ESCALA

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6.00


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A RUA DE PEDESTRES A rua. O eixo rural-urbano criado. O eixo que liga o homem ao alimento vindo direto da terra, que liga o morador do recanto dos humildes, tão isolado pelos cortes do rio e ferrovia, ao seu possível local de trabalho e sustento.

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Como o projeto se implanta do lado da produção rural, não se viu a necessidade da criação de uma feira capaz de suprir a necessidade da venda dos alimentos ali produzidos. Para isso, a rua proposta da a possibilidade de qualquer pessoa poder comprar da terra, escolhendo os alfaces, as cenouras e as maças do chão. Não há intermediário, a relação é direta. Com isso a rua se apresenta não só como ligação simbólica mas como instrumento capaz de conectar o homem com a terra. Voltando à rua, trata-se de uma ponte de madeira de 190 metros, desenvolvida em quatro níveis. Liga os dois polos na chamada cota 10 e possui mais três patamares intermediários (nas cotas 7, 6 e 4).


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O patamar da cota 4 liga-se diretamente à praça mais alta por uma passarela. Neste mesmo patamar, há um montacarga onde todo o lixo produzido na ponte é depositado, e depois levado a uma balsa que o transporta à seus devidos centros de reciclo. O acesso vertical, dá-se por meio de duas escadas e três elevadores, que alimentam todos os níveis, além da rampa, que torna possível o acesso da cota 0 (a cota das duas praças principais e do rio) com as cotas 4, 6 e 10. O acesso entre patamares, em percurso linear, se dá por escadas, porém sempre com a possibilidade de pegar um elevador a qualquer momento. Apesar das diferenças de altura, o projeto preza muito a acessibilidade de pessoas com qualquer tipo de necessidade especial, tornando sempre possível o fluxo por qualquer parte dele. Seu desenho recortado e seus patamares tornam possível ora um espaço apenas de passagem, ora um grande camelódromo ou espaço para qualquer tipo de comércio, sendo que no nível 7, há um depósito onde os comerciantes podem guardar suas barracas, mesas ou outras alternativas que usarem para comercializar seus produtos.


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A ponte é inteiramente (sua estrutura, patamares, escadas e peitoril) de madeira. Possuindo a malha estrutural de 6 por 10 metros, torna possível a utilização de pilares esbeltos, com a intenção de sumir na natureza e não chamar a atenção para si. Apesar dos pilares estarem locados de 6 em 6 metros, há locais em que esta distância entre eles precisou ser maior por conta da existência de um riacho, da ferrovia e das ruas. A maior distância, porém, é entre os pilares que se localizam às margens do Ribeirão Perus, chegando à 24 metros. Este vão é vencido por uma treliça de madeira que torna possível que o rio não sofra com a construção da ponte. Ele permaneceu intocável pois vimos a água como algo sagrado. Os patamares mencionados acima têm a função primeira de auxílio na estruturação desses pilares, que pela altura e esbeltez, poderiam flambar. Os pisos são estruturados por um conjunto de vigas e vigotas, que amarram todo o conjunto e seu piso é feito com um deck de madeira.


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PONTE NÍVEL 10 | SEM ESCALA

0.00

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depósito

4.00

lixo (desce) 6.00 7.00

PONTE NÍVEIS 4, 6 E 7 | SEM ESCALA


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0.00

depósito

4.00

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PONTE NÍVEIS 4, 6 E 7 | SEM ESCALA

7.00

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4.65

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lixo (desce) 4.80

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4.00


São as praças que recebem o rio. Elas tornam o contato com a água e com o verde possíveis. Espaços de contemplação, convívio, aprendizado, de troca, de feira. Já que os alimentos serão produzidos e comprados direto nas pequenas produções rurais, as praças receberão quem ali quiser produzir a partir dos alimentos plantados. As praças não venderão maçãs mas bolos de maçãs, maçãs doces, sucos de maçãs. Não terão alfaces mas saladas. É justamente o elo entre o homem e a produção rural. É a junção laboriosa da Dona Maria vendendo suas tortas de liquidificador feitas com o que ela tinha na geladeira depois de um fim de semana cozinhando para a família.

Na cota 0 estão as praças com a maior intensidade de troca. É ali que os barcos e balsas desembocam trazendo pessoas e mercadorias. É ali que temos bancos à beira do rio para as pessoas sentarem e molharem o pé na água. É ali que estão a cozinha coletiva, as churrasqueiras e geladeiras comunitárias, a sede da cooperativa, os banheiros públicos e os depósitos. Além, é claro, da balbúrdia causada pela feira, nos dias de feira. É nessa cota também que começam as hortas coletivas em patamares.

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as praças

Na cota superior, a cota chamada de 4, temos a praça suspensa que funciona como laje. Nela, temos um vazio protegido com uma trama de cordas, bem acima do rio, criando um espaço lúdico para contemplação. Neste nível há um pequeno volume onde As praças são três e acontecem em dois acontece um depósito, banheiro e outra geníveis: na cota 0, a das águas, uma em cada ladeira e pia coletivas. margem; e na cota 4, conectando-se com a rua existente (a dos carros) e a rua nova (a ponte).


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A cozinha coletiva é um espaço aberto onde podem acontecer cursos de culinária e, quando esses cursos não estiverem acontecendo, as pessoas podem entrar e cozinhar o que quiserem, pra quem quiserem. Nesses cursos, poderá ser ensinado como diminuir o desperdício com oficinas sobre como aproveitar os alimentos na sua totalidade. Ensinar sobre as relações de compras, consumo e descarte da comida. Os participantes das aulas aprendem a usar cascas, talos e sementes, partes normalmente descartadas, na preparação de receitas. Afinal, segundo o Projeto Favela Orgânica, entre a produção, a distribuição e o consumo, cerca de 26,3 milhões de toneladas de alimentos são desperdiçadas por ano no Brasil [1]

tivos e patamares para pessoas plantarem e venderem direto da terra. Quem controla esta atividade é a cooperativa que possui sua sede na praça da cota 0, ao lado do rio. Nos patamares coletivos, qualquer um planta, durante as aulas ou não, e qualquer um pode colher, conforme passa no local. A ideia é: se o alimento vem da terra, porque não fornecê-lo a todos?

Os acessos entre estas praças acontecem por meio da rampa que liga o nível 0 ao 4, e também ao 6 e 10 da ponte. Como alternativa, uma escada ao lado do elevador, ambos levando do nível 0 ao 4, e ao nível 10 da ponte. Entre praças, o desnível também pode ser vencido por meio das hortas coletivas em patamares e por meio da cozinha coletiva A horta coletiva também tem caráter ped- onde há uma arquibancada. agógico. Os mais velhos passam os conhecimentos para os mais novos. A horta funciona como um laboratório vivo onde os jovens entram em contato com a terra, com os alimentos naturais e com todos os processos [1]https://catracalivre.com.br/geral/sustentavel/indicacao/projebiológicos. Nesta horta, há patamares cole- to-favela-organica-ensina-pessoas-a-aproveitarem-os-alimentos-em-sua-totalidade/


1.00

2.00 aulas

horta coletiva horta coletiva

horta

3.00

horta

4.00

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-0.30

venda horta

horta

venda

horta

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venda horta

3.00

2.00

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horta

horta 0.00

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3.80

4.00

varanda

2,32 m.c

1.60 4.00

deposito

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0.00 4.00 horta horta

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lixo (desce) 3.00

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2.00 aulas

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permanĂŞncia 1.00

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1.00

2.00 aula

horta

2.00 venda horta

2.00

cooperativa

1.00 horta

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depósito

0.00 wc depósito

wc

wc

varanda

coz. coletiva 2,32

0.00

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espaço feira

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depósito 0.00

horta horta espaço feira 1.00

venda

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venda 2.00 2,00

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horta

1.00

horta coletiva

B

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-0.30 venda


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“PERTO DE MUITA ÁGUA, TUDO É FELIZ” (Guimarães Rosa)


PRAÇAS: PLANTA NÍVEL 4 - SEM ESCALA

2.00 aulas

horta coletiva horta coletiva

horta

3.00

horta

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-0.30 det. wetland

venda

venda horta

horta

horta

venda

horta

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det. pluvial 37.70 5.70

2,32 m.c

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deposito

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1.00

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venda

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horta

0.00

horta horta

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PRAÇAS: PLANTA NÍVEL 0 - SEM ESCALA

2.00 aula

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2.00 det. wetland venda horta -0.30

cisterna

cisterna

venda

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cooperativa 3.00

1.00 horta

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2.00

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horta horta

3.00

espaço feira

10.00

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venda

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depósito lixo -0.30

venda 14.60

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2.00 2,00

2,00

horta

lixo


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A ideia de ciclo e autonomia é sempre muito presente no projeto e foi o que norteou algumas funções e escolhas de materiais. Aqui, trabalha-se esta ideia quando falamos de água, energia, materiais, lixo e “resto”. água

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Há o aproveitamento da água da chuva e tratamento de esgoto. A água pluvial é recolhida através de uma inclinação de 5% na laje superior, na praça suspensa e nos dois lados da margem do rio. Cada lado, recolhe esta água e a armazena nas cisternas. Esta água é utilizada, depois, para regar as hortas e abastecer as pias e chuveiros. O esgoto é tratado por meio de wetlands, uma em cada margem do rio. Wetlands são lagoas onde os efluentes são depositados e mantidos durante vários dias nos quais o contato com o oxigênio e os raios solares, que propiciam a criação de algas microscópias. Essas algas, quando fazem a fotossíntese, digerem o esgoto. [2] O esgoto sai dos banheiros e vai para as wetlands, onde é tratado e jogado, depois, diretamente no rio, já que não pode ser usado para consumo primário (no caso, regar a horta).

nota [2] Sustentabilidade em urbanizações de pequeno porte, p.127. (Juan Luis Mascaró)


energia Como antes dito, na cota 4, temos um volume onde acontecem o depósito, banheiro e geladeira coletiva. A cobertura deste volume, em forma de asa, é responsável pela captação de energia solar, por meio de painéis nela instalados. Esta energia é armazenada e utilizada para o funcionamento dos chuveiros, luzes e elevadores.

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materiais Buscou-se um projeto que não agredisse a natureza e a respeitasse. Por isso, a estrutura da praça suspensa, assim como a da ponte, também é feita de madeira. Com eixos de 6m por 7,5m, pilares roliços travados por vigas também roliças. A laje é feita com tijolos crus grauteados, como mostra o esquema. As vedações também são feitas de tijolos crus e os muros, tanto os de arrimo quanto a empena que sustenta as rampas, de pedra. As praças inferiores, o piso dos patamares da ponte e das rampas são de ripas de madeira reaproveitada. A escolha da madeira como material chave para o projeto se dá porque é biodegradável e vem da reserva de Eucalipto plantado no Centro de Pesquisa Agrícola (projeto desenvolvido por Letícia Gagliardi). O que estamos tirando da natureza, plantamos de volta. Assim como os tijolos crus, também construídos no Centro Agrícola. As pedras dos muros vem de peças já extraídas e cortadas da pedreira da Trinoga Guarani Mbya (projeto desenvolvido por Eduardo Mestriner).


lixo

sobras

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Todo o lixo é reciclado O lixo orgânico é recolhido pelas balsas e , por meio das águas, levado ao Centro de Pesquisa Agrícola que, ao recebê-lo, transforma-o em adubo. O lixo vira matéria prima para o plantio de novas espécies. O lixo reciclável é levado à Cooperativa de reciclagem (projeto desenvolvido por Giovanna Cino), onde é separado e também vira matéria prima para diversos fins.

Como vimos acima, o projeto conta com uma cozinha coletiva e churrasqueiras espalhadas. Todos podem entrar, usar os vegetais da horta e cozinharem o que quiserem a hora que quiserem. Se sobrar comida, ao invés de jogar fora, as pessoas poderão colocar seus “restos” nas geladeiras coletivas instaladas nas praças. Assim, se alguém está passando por aí com fome é só abrir a geladeira e pegar o que quiser. Desse modo ajudamos pessoas que talvez não tinham como garantir seu sustento, além de evitar o desperdício de alimentos.


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DET. WETLAND


43 | AS RUAS E AS PRAÇAS DET. COBERTURA

TRAJETO DO LIXO PARA OS CENTROS DE RECICLO


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balsas

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As balsas consistem em estruturas simples que tem a função de levar as pessoas e a feira, pelo rio, por toda Perus. Feitas ripas de madeira, são sustentadas por tambores plásticos cheios de ar. Basicamente, possuem quatro faces treliçadas que sustentam caibros que, por sua vez, sustentam o piso, feito de ripas. A junção entre as peças é feita por pregos. O desenho busca o simples porque preza a possibilidade de qualquer um poder construir a sua. Assim, qualquer um pode usar. É por meio das balsas que a feira itinerante acontece. Elas são as responsáveis por levar o cheiro da feira por todo lado, levar a gente vendendo e comprando, ou apenas circulando.


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barracas

Estas barracas foram desenvolvidas em Desenho do Objeto B, em conjunto com Diego Almeida, Letícia Gagliardi, Micaely Valandro, Paula Bianchi e Vinícius Pellegrino.

Feitas em aço galvanizado, têm um sistema periscópico onde tudo diminui o tamanho, facilitando o transporte e armazenagem. 49 | AS RUAS E AS PRAÇAS

São uma alternativa para os feirantes, se eles assim quiserem. Se a pessoa por algum motivo quiser vender seus produtos em cima de uma mesa, ou de um tapete, ou até mesmo num varal improvisado com bambus, ela pode. O desenho da barraca é somente uma alternativa e uma sugestão.

Sua bandeja, em plástico moldado, possui um sistema de drenagem , onde é possível se colocar gelo, por exemplo, para produtos que estragam fácil continuarem frescos por mais tempo.


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REFERÊNCIAS

mercado flutuante na Tailândia

Prainha flutuante em Recife


55 | AS RUAS E AS PRAÇAS Makoko floating school

feira


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Parque da Juventude

Praรงa do Mercado de Gramalote na Colombia


CONCLUSÃO

É uma costura leve de uma linha invisível para denunciar o peso do elo urbano x rural. Um espaço fornecido à todos.

57 | AS RUAS E AS PRAÇAS

“No mais das vezes, minha intervenção se traduziu por uma subtração do peso; esforcei-me por retirar peso, ora às figuras humanas, ora aos corpos celestes, ora às cidades; esforcei-me sobretudo por retirar peso à estrutura da narrativa e à linguagem”. Italo Calvino, Seis propostas para o próximo milênio: leveza


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