Caderno TGI I_Mariana Téo Reche

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE ARQUITETURA E URBANISMO

O INTRA, O ENTRE, O ULTRA ESPECIFICIDADES E ARTICULAÇÕES NAS ESCALAS DO HABITAR

MARIANA TÉO RECHE 7592223

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O INTRA, O ENTRE, O ULTRA

ESPECIFICIDADES E ARTICULAÇÕES NAS ESCALAS DO HABITAR

*Imagem de capa: Células tronco, extraída de http://www.sobrecancer.com/767/diversos/celulas-tronco-tumorais-ajudam-no-crescimento-do-cancer, editada pela autora para fins conceituais.


O INTRA, O ENTRE, O ULTRA: ESPECIFICIDADES E ARTICULAÇÕES NAS ESCALAS DO HABITAR

MARIANA TÉO RECHE 7592223 TRABALHO DE GRADUAÇÃO INTEGRADO I

MEMBROS DA COMISSÃO DE ACOMPANHAMENTO PERMANENTE

Prof. Dr. David Moreno Sperling Prof. Dr. Joubert Jose Lancha Profa. Dra. Lucia Zanin Shimbo Profa. Dra. Luciana Bongiovanni M. Schenk

COORDENADOR DE GRUPO TEMÁTICO

Prof. Dr. Paulo Yassuhide Fujioka

Universidade de São Paulo Instituto de Arquitetura e Urbanismo SÃO CARLOS - SP | 2016

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ÍNDICE

01 A DESORGANI[CIDADE] ATUAL

. Plano Teórico.............................................6 . A questão...................................................8 . O debate....................................................12

02 CONTEXTUALIZANDO A QUESTÃO . A cidade | Ribeirão Preto...........................18 . O bairro | Ribeirânia...................................26


O INTRA, O ENTRE, O ULTRA: ESPECIFICIDADES E ARTICULAÇÕES NAS ESCALAS DO HABITAR

CADERNO DE APRESENTAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

03 O ORGANISMO

. Diretrizes.....................................................30 . Escala ULTRA (sistemas)...........................40 . Escala ENTRE (unidades de vizinhança)...44 . Escala INTRA (unidades habitacionais)....54

04 BIBLIOGRAFIA.............62

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A DESORGANI[CIDADE] ATUAL

[PLANO TEÓRICO]

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''Organismo: ser organizado, ser vivo; sistema vivo com entidade própria, capaz de se reproduzir, desenvolver e manter; conjunto de partes ou elementos dispostos para funcionamento; sistema.'' (Organismo in Dicionário da Língua Portuguesa com Acordo Ortográfico [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2016. [consult. 2016-06-03 20:15:30]. Disponível na Internet: http://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/organismo).

O conceito de organismo foi metaforicamente buscado de maneira a compreender a complexidade de relação entre diferentes escalas de particularidades, que juntas interagem e se completam, gerando o funcionamento de um organismo. Entretanto, se uma destas particularidades não funcionam de maneira adequada a responder às transformações desse organismo, há incoerência, há mal funcionamento, há questionamento, há desorganização, há desorgani[CIDADE]. Dessa maneira, a cidade contemporânea, tida como pauta de extrema complexidade ao que se refere à um espaço de profundas coerências, incoerências e transformações, é um tema que dá margem para uma série de questionamentos ao que diz respeito à maneira de morar atual, nas diferentes escalas de particularidades e relações do habitar. Neste presente trabalho, busca-se questionar as atuais lógicas da cidade contemporânea, na tentativa de encarar e tentar compreender o comportamento do indivíduo em relação à cidade, em relação ao contato, e em relação aos momentos de imersão – às diferentes escalas do habitar, levando em consideração para questionamento toda a lógica imposta pelo urbanismo e sociedade vigentes, buscando trazer em pauta o conceito de urbanidade.


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A DESORGANI[CIDADE] ATUAL | PLANO TEÓRICO

Célula Cancerígena extraída de https://www.sitcancer.org/meetings/am07/presentations/saturday/June.pdf

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A QUESTÃO

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EM RELAÇÃO À CIDADE COMO PALCO-CENÁRIO DE TRANSFORMAÇÕES SEGREGATÓRIAS SOCIOESPACIAIS

“[...] Processo que não é mais apenas de segregação socioespacial, nela incluída as iniciativas de autossegregação, trata-se de aprofundamento das desigualdades, negando as possibilidades de diálogo entre as diferenças, o que justifica a adoção da noção de fragmentação socioespacial.” (SPOSITO 2011, apud POZZO, 2015, p 142).

Principalmente depois da segunda metade do século XX, houve uma forte reestruturação das cidades ocasionada pela força que trouxe a industrialização. Característica comum da maioria das cidades brasileiras, ao engrenar um processo de proliferação de novos ‘habitats urbanos’ (SPOSITO 2011, apud POZZO, 2015, p 142) a partir do centro em direção às periferias, tanto ao que diz respeito à espaços de segregação imposta e muitas vezes informal, quanto de autossegregação trazida pela iniciativa privada. As desigualdades tornam-se cada vez mais evidentes, distanciando as possibilidades de diálogo entre as diferenças a partir desta lógica de desorgani[CIDADE] trazida pelos processos de urbanismo atualmente, através de mecanismos de controles socioespaciais e de lógicas questionáveis de crescimento da cidade. As vias, os bairros, a configuração da malha urbana e muitas vezes a própria configuração rígida das novas edificações autossegregadas configuram cada vez mais espaços engessados, fechados, dificilmente percorríveis e desunidos, em contraposição à uma ideia não praticada de unidade territorial, reforçando confrontos mais intensos entre as diferenças. Por mais que a produção territorial seja reflexo de distintos conflitos e tensões entre grupos de diferentes causas comuns e como resposta espontânea à questões contemporâneas como insegurança, busca por status e (in)viabilidade financeira, a heterogeneidade existe e coexiste, desde a dimensão do global até o intimamente pequeno, e por isso as relações se tornam tão ricas e colaborativas, podendo-se almejar a busca de uma cidade menos desigual e orientada pelo princípio de integração, de viabilização, de conectividade, de urbanidades.


Foto aĂŠrea Buenos Aires, Argentina

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Ensaio Fotogrรกfico Bogdan Giborvan 10/1, Bucareste, 2008


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A DESORGANI[CIDADE] ATUAL | A QUESTÃO

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EM RELAÇÃO ÀS NOVAS FORMAS DO MORAR | O COLETIVO E O INDIVIDUAL

“No nosso mundo, experimentamos uma polarização entre a individualidade exagerada, de um lado, e a coletividade exagerada, de outro [...]. Tais oposições são sintomas da desintegração das relações humanas básicas.” (HERTZBERGER, 1996). Outra questão indissociável da contemporaneidade, trazida pelas transformações da sociedade em relação à essa nova, complexa e (in)coerente desorgani[CIDADE] e à globalização, é a distância entre individualidade e coletividade. O habitante é, em sua essência, um indivíduo cada vez mais sozinho – condicionado a isso? Rendido ilusoriamente a um contato social virtual? Auto-protegido das inseguranças que às saídas nas ruas proporciona? – e, por outro lado, busca sua identidade através do contato com a informação, ou seja, pelo contato com o outro, pelo encontro. No âmbito coletivo, nota-se tristemente em muitas cidades brasileiras que os espaços destinados ao coletivo (mesmo que eles existam) são sub-utilizados, ou então esquecidos pelo órgão administrativo responsável por aquele lugar, ou não frequentados pelo caráter de insegurança muitas vezes presente, ou até mesmo são poucos frequentados pelo sentimento de não pertenci-

]

mento do usuário àquele espaço, o qual cria, informalmente, novos espaços coletivos e qualificados pela apropriação. No âmbito do indivíduo, as condições de moradia já não atendem mais, em muitos casos, às necessidades e às novas composições familiares em relação à nuclearização (tripartição) do núcleo familiar adotado até meados do século XX, como se pode observar no ensaio fotográfico realizado por Bogdan Giborvan ao registrar diferentes apropriações da mesma tipologia por diferentes usuários com diferentes necessidades.

“[...] a nuclearização da unidade familiar, cujo processo estende-se desde, pelo menos, o século XVI até os nossos dias, seguiu-se seu estilhaçamento, potencializado, na segunda metade do século XX, quando surgem novos formatos de grupos domésticos: famílias monoparentais, casais DINKs - Double Income No Kids -, uniões livres - incluindo casais homossexuais -, grupos coabitando sem laços conjugais ou de parentesco entre seus membros, e uma família nuclear renovada, ainda dominante nas estatísticas, mas com um enfraquecimento da autoridade dos pais em benefício de uma maior autonomia de

cada um de seus membros.” (TRAMONTANO, 1998).

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O DEBATE

INICIATIVAS DE INCLUSÃO | MIXITÉ SOCIAL E URBANA O COLETIVO | CRIANDO URBANIDADES AS FORMAS DE MORAR | FLEXIBILIDADE

A pauta contemporânea sobre ‘‘Mixité’’ – seja ela social, urbana, de gerações, de usos – tornou-se uma forma alternativa e inovadora de encarar a lógica urbana trazida pela arquitetura moderna em suas vertentes de soluções ‘standardizadas’ do entre guerras. Já no movimento moderno alguns arquitetos tentaram trazer a diversidade de tipologias e usos como forma de contestar a padronização até então explorada. Na França, por exemplo, Le Corbusier em sua obra de pós Segunda Guerra Unité d’Habitation de Marseille explora diferentes tipologias habitacionais (configurando eventualmente duplex e pés direito duplos), além de associar a questão habitacional ao serviço de hotelaria, livraria, creche e comércio, tudo dentro da mesma edificação através de ruas aéreas. A diversidade é explorada não apenas à nível de planta como também nos cortes e nas fachadas, trazendo a ideia de que o esqueleto modular do edifício

Conceito de ‘‘la bouteille’’, Unité d’Habitation de Marseille Le Corbusier, Maio 1949

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permite a configuração dos espaços através do conceito de “la bouteille”. Até os dias de hoje, tendo em vista a mudança da estrutura familiar e dos modos de habitar, somadas à questão da inclusão, a pauta sobre Mixité continua vigente, muito estudada e cada vez mais contemporânea. O Conselho de Arquitetura e Urbanismo e do Meio Ambiente de Morbihan (CAUE 56), na França, trouxe um estudo sobre como tornar possível a diversidade social e urbana como forma de encarar um processo de urbanização marcado pela setorização física e social dos espaços e dos bairros, limitando as conexões e dificultando as relações sociais, o contato. Para reverter esse quadro, as estratégias teóricas para viabilizar a Mixité social e urbana contam com uma mistura de atividades compatíveis com a habitação como maneira de estabelecer relações entre os diferentes setores da comunidade, privilegiando desta forma os programas mistos em usos (habitação, comércio, serviços, equipamentos) e em termos sociais (que atenda à usuários de diversas rendas). Além disso, deve-se buscar a associação com os equipamentos/ sistemas já existentes do bairro, como forma de requalificá-los, trazendo melhorias e promovendo a urbanidade dos espaços, e também sugerir a qualificação dos espaços públicos para criar espaços de encontro e lazer, como praças, passeios e jardins, assegurando a integração, o convívio, a coexistência da heterogeneidade. Por fim, a ideia é também de reduzir as distâncias de deslocamento, limitando os acessos de automóveis particulares.


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No Brasil, também, alguns empreendimentos conseguiram conciliar a questão da inclusão social e, mais ainda, de mixité social ao longo dos anos como resposta à qualidade arquitetônica por eles trazida e pela localização estratégica – inseridas em centralidades urbanas. É o caso do Condomínio Natingui (1968), na Vila Madalena, que surgiu em meios de forte atuação do BNH na década de 60 anterior à proposta inicial de produção em massa dos conjuntos habitacionais de interesse social, porém foi se valorizando no passar dos anos, coexistindo no mesmo empreendimento segmentos sociais de classes mais baixas, estudantes universitários e professores de segmentos de renda mais elevada, recebendo o apelido de “COHAB chique”. Foi o caso também do Edifício Copan, de Oscar Niemeyer, projeto que conta com diversas tipologias habitacionais e com comércio/serviços,

“Conçue comme étant au service du projet urbain, la mixité fonctionnelle est le regroupement d’équipements, de services et de commerces contribuant à créer ou renforcer des centralités selon des forms diverses. [...] Ils contribuent à sa qualité de vie et à son dynamisme tout en consolidant le sentiment d’appertenance à une communauté” (TOULOUSE, 2013, p 20).

A DESORGANI[CIDADE] ATUAL | O DEBATE

chegou a ser visto como cortiço vertical no período de declínio do centro de São Paulo nos anos 70, porém com a revitalização deste na década de 90, o COPAN começou a atrair a classe média devido à boa localização e à qualidade do projeto. Atualmente, vivem no COPAN pessoas de diversas classes sociais, dentre eles manicures, engenheiros, publicitários, arquitetos, entre outros. O sucesso dos empreendimentos se deu, principalmente, pela qualidade arquitetônica do projeto. “É simples: quem gosta, cuida” já explicava a historiadora Simone Lucena Cordeiro, estudiosa da habitação social na cidade. O especialista em habitação social Nabil Bonduki associa o sucesso destes empreendimentos por três fatores: localização (proximidade com centralidades urbanas), método construtivo e valorização do entorno.

‘‘Como estando à serviço do projeto urbano, a ‘mixité’ funcional é o reagrupamento de equipamentos, de serviços e de comércios contribuintes para criar ou reforçar centralidades de acordo com formas diversas. [...] Eles contribuem à sua qualidade de vida e a seu dinamismo consolidando um sentimento de pertencimento a uma comunidade’’ (tradução feita pela autora sobre TOULOUSE, 2013, p20).

planta Edifício COPAN, São Paulo 1951 - 1966, Oscar Niemeyer

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A partir do desejo de tornar a arquitetura social como parte do panorama urbano, e não como uma conformação de exceção, os escritórios de arquitetura MMBB e H+F trouxeram a proposta de projeto Jardim Edite de habitação de interesse social para o Brooklin, em São Paulo, como forma de incluir socialmente ex-habitantes da favela que ocupava o local. Não apenas como uma necessidade de resolver um problema de infraestrutura, trazendo a habitação de interesse social no meio de áreas de uso misto e ricas de São Paulo, como também qualificá-la em termos arquitetônicos e de urbanidades, para que o empreendimento não caia novamente na lógica da favela ou vista como má frequentada trazendo a questão da insegurança associada à baixa renda.

“Propusemos programas que evitassem futuramente a volta da favela ou mesmo a transformação do conjunto em uma área de habitação social que as pessoas evitem frequentar”, pontou o arquiteto Milton Braga. Sob essa premissa, foram

trazidos equipamentos de usos diversos, como restaurante-escola, unidade básica de saúde e creche, além de estacionamentos abertos ao público, com a intenção de integrar os moradores e a comunidade daquela região, como empresas locais que trazem a movimentação destes espaços. A viabilidade deste projeto contou com a união entre as Secretarias da Habitação, Educação, Saúde e Abastecimento. Jardim Edite, Brooklin, São Paulo | 2010 - 2013 MMBB e H+F


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A DESORGANI[CIDADE] ATUAL | O DEBATE

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A partir de tais abordagens acerca dessa diversidade proposta a partir de lógicas e demandas contemporâneas sobre o habitar em suas diversas escalas, dois conceitos tornam-se importantes como inspirações para um horizonte projetual e devem ser cuidadosamente evidenciados: o placemaking e a flexibilidade. Primeiramente, associada diretamente ao debate proposto anteriormente, a questão da flexibilidade se justifica na medida em que a individualização do morar tende a se acentuar, contando com a nova realidade das famílias e das novas formas de morar. Douglas Queiroz Brandão e Luiz Fernando Mahlmann Heineck, em seu artigo “Formas de Aplicação de flexibilidade arquitetônica em projetos de edifícios residenciais multifamiliares”, esclarecem os conceitos de flexibilidade arquitetônica. Ela se dá basicamente pela flexibilidade inicial (fase de construção) e pela flexibilidade contínua (posterior, funcional). A habitação flexível baseia-se no conceito de polivalência, que dada a maneira como foram concebidos os espaços no projeto, ele pode ser alterado ou facilmente recombinado em termos de usos e funções. Tais princípios contam com flexibilidade (liberdade de reformulação do espaço interno), adaptabilidade (unidade projetada sem predeterminação de condição de uso), ampliabilidade (habitar evolutivo) e agregação de funções dentro de um espaço. Estratégias importantes são atribuídas à ação projetual acerca de promover a flexibilidade, como buscar marginalizar a área úmida da habitação, localizar as portas e janelas de modo a permitir mudança de posição, espaços mais íntegros como forma de trazer liberdade de reformular a organização do espaço interno, buscar utilizar divisórias não portantes e removíveis para facilidade de modificações, e preferência por grandes vãos para permitir a diversidade de apropriação.

Le logement social à Paris, mode d’emploi, Novembre 2014 Ilustração extraída de http://ianbrossat.com/tag/mixite-sociale/ (acessado em Maio/2016)


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A flexibilidade também pode ser usada em uma escala mais ampla (urbana) que apenas a da habitação. Desta maneira, ela relaciona-se diretamente com a questão da Mixité trazida anteriormente, e associa-se, além disso, principalmente ao conceito de apropriação de um espaço. Para isso, existe um processo de planejamento nomeado Placemaking, que busca gerir os espaços públicos voltados para as pessoas, na tentativa de trazer maiores possibilidades de interação entre elas. O Placemaking observa o comportamento do usuário daquele local específico para criar uma visão acerca das necessidades comuns daquele público, propondo transformações dos espaços públicos de maneira rápida, trazendo benefícios imediatos tanto para o espaço quanto para as pessoas que o frequentam. Visionários como Jane Jacobs, entre outros, já traziam ideias que gerariam, futuramente, os conceitos do Placemaking. A autora trazia a questão dos ‘olhos na rua’, defendendo a ideia de que a rua é mais segura quando é frequentada pelas pessoas, e não pelos carros, pois são elas as responsáveis por observar o uso dos espaços e zelar pela segurança de si mesmo e do próximo. Dessa maneira, o Placemaking busca atuar principalmente em pontos de encontro e espaços públicos de uma comunidade, como ruas, calçadas, parques, edifícios, etc. Ainda sobre Jane Jacobs, defende-se em seu livro “Morte e vida das grandes cidades” (1961) que o planejamento urbano se aproxime ao máximo tanto da dinâmica real e cotidianas das ruas quanto das relações intrasubjetivas para a criação de sentido de um lugar, trazendo a questão do pertencimento e, consequentemente, da segurança. Portanto, Jacobs aborda condições que devem estar associadas para o desenvolvimento de potenciais urbanos, de inspirações para o presente trabalho, como projetar para viabilizar uma alta densidade de pessoas, e como favorecer a multiplicidade de funções e diversidade de usos na cidade, propiciando um ambiente vivo.

Sendo assim, a compreensão do comportamento do indivíduo e de suas necessidades presentes torna-se um aspecto fundamental para inovar e adequar a arquitetura no tempo em que se insere. Para isso, este trabalho busca questionar estas novas características da cidade contemporânea, da sociedade e da produção arquitetônica vigente, juntamente com a tentativa de relacionar as questões em suas diferentes escalas, reforçando sempre a ideia de que tudo faz parte de um organismo que é mantido por suas relações de interdependência, de articulações e de especificidades nestas diferentes escalas - do habitar, no caso – além de levar em consideração os “paradoxos” complementares da necessidade de imersão e convivência, de individualidades e coletividades, de urbanidades em diferentes escalas.


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A DESORGANI[CIDADE] ATUAL | O DEBATE

Ilustração sobre Placemaking, Project for Public Spaces www.placemaking.org (acessado em Maio/2016)

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CONTEXTUALIZANDO A QUESTÃO

[A CIDADE | RIBEIRÃO PRETO A escolha do local, seguida de minhas inquietações acerca da “desorgani[cidade]” tratada no capítulo anterior, veio do interesse de melhor compreender a dinâmica socioespacial de formação e atual conformação da minha cidade natal, junto à minha vontade de buscar soluções inovadoras para essa nova sociedade que está se formando, com novas necessidades, novas dinâmicas de rotina e novos comportamentos.

Localização Geográfica de Ribeirão Preto - São Paulo - Brasil População atual: 604 682 habitantes, fonte IBGE

FUNDAÇÃO RIBEIRÃO PRETO (QUADRILÁTERO CENTRAL)

XIX

02]

1856

MODERNIZAÇÃO DA ECONOMIA

XX

1929

CRISE MUNDIAL 1929 CRISE CAFEEIRA

déc 50

2a metade XX

REESTRUTURAÇÃO CIDADES PAULIST


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CONTEXTUALIZANDO A QUESTÃO | RIBEIRÃO PRETO

Localizada no norte do estado de São Paulo, Ribeirão Preto foi fundada em 1856 no quadrilátero central pela economia cafeeira da época, levando a um grande crescimento econômico e desenvolvimento da cidade. Os Barões do Café, com seus casarões, trouxeram estilos coloniais e neoclássicos de influência europeia para a região. A cidade média continuou seu progresso depois da crise de 1929 (crise também cafeeira) com fábricas, investimentos nas indústrias e na construção civil, tornando-se um importante centro industrial e comercial na economia regional. O centro de Ribeirão Preto foi atrativo de grandes investimentos até os anos 60, ocasionando seu adensamento e verticalização. No final da década de 80, houve um intenso crescimento da população urbana, reflexo do aumento da importância do setor terciário e agroindustrial, carecendo de uma melhor articulação regional e estadual – foram implantados, então, os Anéis Viários Contorno Sul e Norte. Juntamente ao Anel Viário Contorno Sul, começaram a surgir loteamentos para segmentos de mais alto poder aquisitivo, enquanto que no eixo Norte começam a surgir a produção capitalista de moradias para segmentos de menor poder aquisitivo, juntamente às fábricas/ indústrias. Essa lógica continua presente na década de 90 e até os dias de hoje, principalmente com o surgimento de espaços autossegregados no eixo sul e bairros para segmentos de renda média/alta, enquanto no Norte continuou a produção de conjuntos habitacionais para a população de baixa renda.

SURGIMENTO BAIRROS CLASSE MÉDIA | RIBEIRÂNIA

déc 60

DAS TAS

déc 80

“Difundiu-se, no eixo norte de expansão, maiores níveis de descontinuidade territorial e de segregação socioespacial imputados à produção de conjuntos habitacionais e áreas de favelização, por outro lado, ampliou-se, expressivamente, a lógica da produção vertical de moradias voltadas aos segmentos de maior poder aquisitivo, e no que tange os desdobramentos da área central, a partir do estabelecimento de eixos comerciais e de serviços com algum grau de especialização e com características que potencializavam um maior nível de segmentação socioeconômica’’ (SPOSITO 1991, apud POZZO, 2015, p 134)

SURGIMENTO DE ESPAÇOS AUTOSSEGREGADOS AO NORTE E COHABs AO SUL

déc 80/90

CRESCIMENTO POPULAÇÃO URBANA; IMPORTÂNCIA SETOR TERCIÁRIO E AGROINDUSTRIAL

XXI

2000

TENDÊNCIA DE SEGREGAÇÃO NORTE-SUL REFORÇADA (SUL COMO EIXO DE EXPANSÃO)

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UMA CIDADE PARA TODOS?

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Ribeirão Preto está diretamente ligada a uma afirmação de segregação socioespacial aliada ao capital imobiliário, marcada pelo eixo Norte-Sul. A origem de tal polaridade começou do processo de crescimento da cidade nos tempos do café, quando os comerciantes e fazendeiros moravam no centro, e os imigrantes moravam ao norte. Tal realidade ocorre até hoje, devido ao crescimento nas últimas décadas de produção de moradia para segmentos de baixa renda no Norte da cidade (também um pouco à Leste), onde se encontra a grande maioria de empreendimentos da COHAB além dos processos de favelização. Por outro lado, o Sul foi alvo da iniciativa privada tanto para a questão habitacional para segmentos de renda média/alta (espaços de inclusão/autossegregados), quanto para investimentos em equipamentos, instituições e parques. O sul é tido atualmente pelo Plano Diretor de Ribeirão Preto como vetor de crescimento da cidade. Entretanto, muitas vezes o condomínio fechado (ou espaço autossegregado) traz uma repercussão dire-

NORTE

Favela do Simioni, a maior de Ribeirão Preto com 3,4 mil pessoas Foto Reprodução EPTV, 2012

ta na configuração urbanística, uma vez que ele se volta para seu interior e não dialoga com o entorno, além de obstruir as possibilidades de conexões da malha urbana e sua multiplicidade de percursos e permanências, e principalmente por acentuar o papel fragmentador socioespacial urbano. Pode-se notar, pelo mapa de análise de espaços de inclusão/segregados/autossegregados inspirado na análise de Clayton Pozzo sobre Ribeirão Preto, que essa dicotomia Norte-Sul é forte, é marcante, é chocante. Tal lógica de segregação imposta pela ação do capital traz cada vez mais o distanciamento entre indivíduo-indivíduo, entre o indivíduo-cidade – reforçando o questionamento presente deste trabalho acerca da desorgani[cidade] atual.

“Há mais estranhamento e distância entre dois bairros de uma mesma cidade, divididos pelas dinâmicas urbanas, que entre duas cidades com elementos comuns de urbanidade, construídas pelos mesmos modos globalizados de produção (PEDRAZZINI, P 56-57 apud POZZO, 2015).” dos?

Afinal, seria Ribeirão Preto uma cidade para to-

SUL

Av. Professor João Fiusa, no atual vetor de expansão da cidade JR Studio Fotográfico, 2012 (extraída de www.skyscrapcity.com)


MAPA SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL | RIBEIRÃO PRETO

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MAPA INSTITUIÇÕES E EQUIPAMENTOS | RIBEIRÃO PRETO

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“Os espaços de vida econômica e social de uns não são os mesmos que os de outros, se tomamos [...] como referência os que se utilizam de transporte automotivo individual e os que se deslocam por transporte coletivo ou a pé. Assim, a centralidade também se segmenta porque não há níveis significativos e circunstâncias frequentes em que haja coincidência territorial entre as práticas socioespaciais de segmentos de diferente poder aquisitivo (SPOSITO 2011, apud POZZO, 2015, P Caracterizada por ser uma cidade média, Ribeirão Preto não foge da lógica que engloba a grande maioria das cidades médias paulistas. Por ainda não ser considerada uma metrópole, Ribeirão possui uma centralidade que permeia o quadrilátero central farta de serviços e comércio, entretanto as outras centralidades não cumprem necessariamente seu papel de autossuficiência, e por isso esta questão foi trazida ao Plano Diretor. Desta maneira, torna-se necessário se sujeitar à grandes deslocamentos para se atender às demandas de comércio e serviço competitivos na cidade.

CONTEXTUALIZANDO A QUESTÃO | RIBEIRÃO PRETO

viagens desejadas. Em função dessas diferenças, as demandas ‘reprimidas’ podem ser objeto de movimentos políticos. Este é o caso, por exemplo, da construção de blocos residenciais isolados, que limitam a acessibilidade da população a poucas atividades (VASCONCELOS, 2001, p 76, apud POZZO, 2015, P 197)”. Reforça-se, ainda, a lógica de segregação imposta, quando os equipamentos e instituições públicas são instaladas em locais nos quais o urbanismo implantou de maneira segregatória os conjuntos habitacionais de interesse social. O próprio Plano Diretor prevê áreas destinadas à implementação de conjuntos de interesse social, reforçando a segregação socioespacial, distanciando-a da centralidade urbana, da competitividade de preços, dos eixos de serviço e comércio, além dos equipamentos culturais.

Entretanto, Ribeirão Preto atualmente é marcada pela grande quantidade de automóveis particulares principalmente por parte daqueles que detém maior poder aquisitivo, e por outro lado carece de transporte coletivo eficiente - serviço utilizado majoritariamente pela população de renda mais baixa - muitas vezes inviabilizando os deslocamentos e favorecendo ainda mais a lógica de segregação imposta. Segundo Vasconcelos, “[...] as diferen-

ças entre necessidades de transporte e viagens efetivas estão relacionadas aos limites e condicionantes pessoais, familiares e externos. As pessoas fazem aquelas viagens possíveis dentro das condições existentes, e que não são necessariamente as

Sobreposição de Análises Contraste Evidenciado Norte-Sul

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As centralidades estipuladas a partir das análises, configuradas pela autossuficiência de cada uma delas, reforça novamente a ideia de segregação socioespacial na cidade de Ribeirão Preto. As principais delas se encontram entre a região central e Sul, principalmente em torno de grandes estabelecimentos comerciais (shoppings/mercados), além de universidades e Aeroporto, estas acima do eixo central para Norte. Entretanto, segundo entrevistas realizadas pelo geógrafo Clayton Pozzo em sua tese de Pós-Graduação com pessoas de diversos bairros e centralidades da cidade, o Norte foi maior caracterizado por bloqueios e insatisfações pelos habitantes em termos de distanciamento do centro, insegurança, ineficiência do transporte público, favelização, tráfico de drogas, carência de infraestrutura, baixa oferta de estabelecimentos comerciais e de serviços, entre outros. Por outro lado, houve maior índice de satisfação dos moradores em relação ao Sul da cidade quando se trata de proximidade à centralidades e espaços autossegregados, principalmente em relação à segurança, localização estratégica, infraestrutura urbana eficiente, proximidade às vias de acesso rápido da cidade, proximidade à estabelecimentos comerciais e de serviços. Dessa maneira, o terreno escolhido levou em consideração os fatores analisados, buscando sempre a inclusão social. Primeiramente, ele se localiza em meio à centralidades já existentes, de maneira a confrontar a lógica de segregação imposta para as habitações de baixa renda localizadas à Norte. Além disso, o terreno se localiza em um bairro residencial afastado dos espaços autossegregados – estes os quais normalmente ocasionam significativa diminuição da utilização dos espaços públicos por possuírem espaços coletivos exclusivos dos moradores – de maneira a ativar a vida urbana do bairro através da dimensão pública do espaço, trazendo maior segurança. Por fim, a proximidade com o Novo Shopping favorece o acesso das classes de baixa renda por ser um estabelecimento comercial com maior nível de diversificação dos conteúdos socioeconômicos “com tendência de aumento da participação dos segmentos de mais baixo poder aquisitivo”, segundo Pozzo, contraponto a lógica de desorgani[cidade] atual.

Localização do terreno de intervenção

“Do Plano Diretor de Ribeirão Preto: Seção VI – Da Estrutura Urbana: Art. 42: Constituem diretrizes específicas da organização físico-territorial do município: [...] IV – Estimular a oferta de áreas comerciais e de serviços das unidades de ocupação planejadas, de modo a promover o desenvolvimento sustentável dos bairros, através da constituição de subcentros urbanos, prevendo a instalação de infraestrutura adequada às densidades e tipos de usos almejados, atraindo a concentração de atividades comerciais e de serviços, gerando assim novos polos de desenvolvimento para a cidade.”


MAPA CENTRALIDADES E BLOQUEIOS | RIBEIRÃO PRETO

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[O BAIRRO | RIBEIRÂNIA] O arquiteto Mário Alfredo Reginato projetou a Ribeirânia em meados dos anos 60, num período posterior à modernização da economia do município e região (meados anos 50). A proposta urbanística do loteamento à Sudeste de Ribeirão Preto visava não criar apenas um prolongamento da cidade, mas um novo bairro residencial com uma nova proposta de morar. Nele, as áreas coletivas integrariam os diversos espaços do bairro, o pedestre teria prioridade, a hierarquização do sistema viário orientaria o fluxo de veículos, e o comércio e serviços teriam seus espaços definidos. O bairro seria destinado à população de média e alta renda. O bairro conta com dezesseis áreas destinadas à um sistema de recreio, que constituiriam praças e áreas de preservação ambiental. Entretanto, apenas uma das praças foi urbanizada, e uma outra está em processo de implantação. As demais áreas deste sistema de lazer estão em situação de abandono, transformadas em depósitos de entulho e lixo. Em contrapartida, alguns moradores buscaram fazer a manutenção de alguns destes espaços abandonados de recreio, apropriando-se deles para plantar árvores frutíferas e para Localização do terreno de intervenção criar jardins.


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CONTEXTUALIZANDO A QUESTÃO | RIBEIRÂNIA

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A partir das análises sobre a Ribeirânia, pode-se iniciar um encadeamento de potenciais de projeto para o bairro e o terreno em questão. Primeiramente, a leitura a partir do raio de 1km de alcance foi estabelecida de maneira a favorecer o pedestre, em contraposição à lógica da cidadé média de Ribeirão Preto em relação ao uso do veículo particular. Pode-se dizer que o bairro é bem equipado em termos institucionais educacionais e de equipamentos de saúde que atendem a uma escala urbana. Entretanto, carece de instituição pública de abrigo infantil (creche) nas proximidades do terreno. Além disso, como já tratado anteriormente, o bairro possui um amplo sistema de recreio dividivo por todo o bairro, porém foi abandonado. O bairro tem nas proximidades parques importantes na escala da cidade, os parques Luiz Carlos Raya e Luiz Roberto Jábali, assim como o estádio do Botafogo (Santa Cruz) e Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Dessa maneira, ressalta-se a importância daquele abandonado sistema de recreio como um novo potencial articulador sistêmico do bairro, como um sistema de lazer, retomando a ideia dos parques em sua proximidade. O bairro da Ribeirânia também é bem atendido em termos de centralidades comerciais, pois circunda um dos Shoppings da cidade, o Novo Shopping. Segundo Clayton Pozzo, ‘’[...] o conjunto das práticas espaciais e depoimentos dos

entrevistados revelam um maior nível de diversificação dos conteúdos socioeconômicos do Novo Shopping [...] com tendência de aumento da participação dos segmentos de mais baixo poder aquisitivo’’. Além de ser um dos motivos de buscar a inclusão

social pela proximidade do terreno com esta centralidade em relação ao urbano, ressalta-se a carência de serviços e comércios locais, que atendam aos moradores do bairro.

Por fim, pretende-se projetar de maneira a não extrapolar de maneira radical o gabarito projetado e existente no bairro, que é em sua maioria entre térreos e 2 andares. Por isso, busca-se compor uma paisagem urbana neste terreno íngreme de maneira a ser condizente com as edificações existentes, a partir de uma transição de alturas para o novo projeto. Portanto, os potenciais de projeto trazidos através da análise da cidade e da análise do bairro buscam viabilizar a inclusão social, favorecer o pedestre trazendo comércio, serviços locais e uma creche, rearticular o bairro a partir de um sistema de lazer, e principalmente manter o caráter residencial do bairro, atendendo à estratégia do Plano Diretor de buscar sua autossuficiência, trazendo inovações e favorecendo a organi[cidade].


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O ORGANISMO

O ORGANISMO | DIRETRIZES

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[DIRETRIZES

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De maneira a melhor adequar o projeto aos questionamentos anteriores de lógicas e realidades da cidade contemporânea, tornou-se imprescindível melhor compreender o comportamento do indivíduo na sociedade atual, de maneira a articular três escalas diferentes do habitar: o intra, o entre e o ultra. O INTRA, este, caracterizado pela imersão do(s) indivíduo(s) na habitação de acordo com suas especificidades, levando à estratégias de habitação flexível como resposta à realidade habitacional convencional ainda majoritariamente vigente na atualidade. Não menos importante, o ENTRE que, por sua vez, é caracterizado pelos espaços intersticiais entre as habitações e de apropriação dos moradores em uma relação de coletividades, e o ULTRA de relação com a cidade, trazendo também a questão da flexibilidade de usos e apropriação de espaços públicos comuns para atender às necessidades do usuário, ambos levando à sociabilidade/convívio, trazendo sempre a questão das urbanidades em diferentes escalas. Paradoxos intrínsecos, transitórios, não excludentes e que se completam, para uma sociedade com fortes necessidades de imersão e convivência, de individualidades e coletividades.

ESCALA INTRA: relação indivíduo/habitação;

momento de imersão.

O habitar, na escala do INTRA, traz a flexibilidade da habitação como estratégia projetual para melhor solucionar as questões atuais do modo de habitar. Estratégias projetuais como: duplicar em planta, duplicar em pé direito (duplex), inverter, recombinar, agregar, sobrepor, deslocar, etc, podem ser pertinentes em projetos sobre os quais a flexibilidade dos usos internos e externos são importantes, assim como suas relações. Além disso, busca-se viabilizar, à todo momento, habitações de interesse social (HIS), habitações de mercado popular (HMP), habitações para a classe média (seja de 50m2, de 70m2, de 100m2), além de atender à públicos como estudantes (proximidade com UNAERP). Para a viabilização do projeto para classes de renda baixa, há a intenção de associar os comércios/serviços locais à moradia, de modo a reduzir os custos de aluguel e compra do imóvel, e também favorecer o pedestre encurtando as distâncias com proximidades de necessidade cotidiana. Ademais, o projeto conta com um acordo entre iniciativa pública-privada para sua viabilização, tendo em vista a intenção de incluir moradores de renda mais baixa em terrenos de custo mais elevado.


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ESCALA ENTRE:

O ORGANISMO | DIRETRIZES

relação indivíduo/edifício; momento transitório entre imersão -> socialização.

Não menos importante, o habitar na escala do ENTRE articula a questão, primeiramente, dos espaços intersticiais e transitórios entre as habitações: relação indivíduo-edifício. Esses espaços serão criados de maneira a serem passíveis de apropriação, trazendo a questão do pertencimento do morador. Os encontros e desencontros possíveis em meios às habitações num edifício favorecem e fortalecem uma unidade convivial, e para isso, estratégias como bancos extrudados com canteiro central (passível para apropriação) com árvores frutíferas, caixas de escada com trepadeiras e frutos, passarelas alargadas, árvores coloridas e terraços com paisagem contemplativa estimulam o contato com o próximo e trazem o encontro, além de sentimento de pertencimento àquela comunidade.

ESCALA ULTRA:

Já o habitar, na escala do ULTRA, articula a questão do indivíduo-cidade, trazendo à tona as possibilidades do ficar temporário e do passar. Mais que na escala do edifício, o projeto deve atender também às necessidades e contato com a população do bairro no qual se insere, como meio de promover trocas de informações e sociabilidade. Para isso, o entorno deve contar com infraestrutura básica, para que o projeto em si seja uma continuidade do existente, ou então uma complementação, permitindo maneiras de articulação com a cidade – diferentemente da lógica dos espaços autossegregados – como formas de reconexões, de novas possibilidades e de diversas formas de apropriação. As intenções projetuais têm como objetivo atender - misturando paradoxos - questões cotidianas e atuais do modo de habitar, promovendo possibilidades: encontros e desencontros, de imersão e convivência, de eficiência e versatilidade tanto de construção quanto do programa, de variedade de usos e de usuários (flexibilidade),

momento de socialização.

relação indivíduo/cidade;

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de integração e reconexões. Para tanto, o programa contará com habitação flexível e edificação de uso misto (associação moradia e serviço/comércio local), além dos equipamentos públicos e um grande sistema de lazer, de maneira a promover o convívio, a apropriação, e tratar as especificidades do habitar. Decorrendo de toda a análise feita neste presente trabalho, e retomando os debates anteriormente tratados em relação às novas formas de morar, foram estabelecidas diretrizes projetuais para chegar a uma implantação que melhor atenda ao comportamento do indivíduo na sociedade contemporânea, além de contrapor as lógicas atuais de organização urbana da cidade de Ribeirão Preto. O projeto tem como premissas fundamentais as questões do pertencimento e das circulações, decorrentes do terreno acidentado. Primeiramente, para viabilizar o projeto e articular as escalas do habitar de maneira a trazer segurança e tornar a solução do habitar como uma ação diferenciada, buscou-se estimular o sentimento de pertencimento a uma comunidade. Dessa maneira, o morador se identifica com aquele espaço, subentende-se que ele cuida, que ele vigia, que ele torna seu, que ele se sente parte daquela comunidade, além de integrar e estimular o contato e o encontro com os vizinhos. Para isso, torna-se importante retomar o pensamento de Jane Jacobs sobre os “olhos nas ruas”, além de introduzir o pensamento de Herman Hertzberger em seu

livro “Lições de arquitetura”: “O segredo é dar aos espaços

públicos uma forma tal que a comunidade se sinta pessoalmente responsável por eles, fazendo com que cada membro da comunidade contribua à sua maneira para um ambiente com o qual possa se relacionar e se identificar” (HERTZBERGER, 1999). Além disso, Hertzberger defende sobre a rua ser

um prolongamento da sala de estar, com qualidades semelhantes, estimulando o sentimento de pertencimento. Associando tal pensamento à ideia de Jacobs, sob a aparente desordem da cidade atual, a rua frequentada cumpre papel de garantir a manutenção da segurança e liberdade para os usuários que ali frequentam.

Dessa maneira, buscou-se atrelar todo o debate teórico sobre mixité (seja na escala da moradia, seja em uma escala mais ampla) juntamente com a questão do pertencimento para reforçar o programa ali instituído, assim como suas articulações. Para isso, o programa conta com: habitações para classes sociais mistas (HIS, HMP, classe média com 50m2, 70m2 e 100m2), serviços e comércios associados à habitação para viabilizar custos de aluguel e compra do imóvel, sistema de lazer articulador do bairro, equipamentos públicos (restaurante, salas culturais, esporte, creche e marquises), além de estratégias como: alargamento das vias para pedestres com canteiros centrais para apropriação e estímulo da rua como sala de estar, criação de unidades de vizinhança com canteiros centrais para apropriação dos moradores e passarelas como espaços coletivos de convívio.


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Presença de muros; potencial visual; apropriação declividade 1

O ORGANISMO | DIRETRIZES

Família de baixa renda morando irregularmente 2 LEGENDA_USOS RESIDENCIAL SERVIÇOS ESTACIONAMENTO LOTE LIVRE INSTITUCIONAL EIXO DE ALTA TENSÃO ÁREAS VERDES/RECREIO MUROS

2 Contemplação VS abandono do sistema de recreio 3

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Sistema de recreio 4

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Frente a um terreno com presença de muros em quase toda sua extensão, com um sistema de recreio abandonado, com forte potencial visual e com inclinação acentuada, foram estabelecidas linhas de forças e intenções diagramáticas em relação à outra premissa importante do projeto: as circulações. Estas foram pensadas de maneira a favorecer o pedestre sempre que possível. Para isso, pretende-se criar apenas duas vias de acesso local de veículos (moradores e veículos de emergência, coleta de lixo e de mudança) que funcionam como um calçadão, assim como duas outras vias exclusivas para pedestres – ambos os casos seguem as curvas de nível de forma a favorecer a acessibilidade. No sentido de declividade do terreno, foram pensadas circulações elevadas entre as edificações para vencer o desnível existente, e um eixo público com escadarias para favorecer o acesso pelo centro do terreno. As circulações são bem definidas, transitórias entre a questão do público e privado.

LEGENDA_LINHAS DE FORÇA VIAS VEÍCULOS VIA LOCAL VEÍCULOS CIRC. TÉRREA PIETONAL CIRCULAÇÃO ELEVADA EIXO PÚBLICO

LEGENDA_DIAGRAMAS ESTACIONAMENTO CONVERGÊNCIA LAZER NOVO LOTEAMENTO EDIFÍCIOS HABITACIONAIS EQUIPAMENTOS


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O ORGANISMO | DIRETRIZES

Em relação à diagramação de diretrizes projetuais de estudo de implantação, buscou-se criar um novo loteamento às margens do terreno que dão acesso ao bairro como forma de confrontar os muros existentes. Além disso, o sistema de lazer se encerra no topo do terreno de intervenção, de maneira a trazer a vivência do bairro para o projeto. Os edifícios habitacionais se localizam nas extremidades oeste/leste do terreno, para que o eixo público seja central, favorecendo primeiramente a divisão de circulações para os espaços das habitações, além de contrapor a lógica urbana de tornar as fachadas ativas para as grandes avenidas, favorecendo assim a frequência rotineira de moradores do bairro no eixo do projeto. Buscou-se, também, tomar partidos projetuais a partir do relevo acidentado, criando prolongamentos do nível térreo até uma cobertura verde, utilizando estacionamentos à nível juntamente com o esqueleto da edificação, além de criar marquises que surgem do nível do terreno.

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Além das referências teóricas já abordadas no início das análises, outras referências foram de importante inspiração projetual em relação ao uso apropriado à topografia, às unidades de vizinhança, à composições formais, à mixité, às circulações, entre outros. Em relação à topografia, dois projetos se destacaram. O MEB Malatya School, do Uludag Architecture, fez uso do relevo acidentado para a criação de terraços de edificações como prolongamento do solo, trazendo a possibilidade de uma circulação elevada. O Halen Housing, do Atelier 5 (1961, Berna, Suíça) relaciona a implantação dos volumes habitacionais com a topografia, de maneira a relacioná-las com um pátio entre as habitações, configurando unidades de vizinhança. Ainda em relação às unidades de vizinhança, as superquadras de Brasília, projeto de Lúcio Costa, buscavam a autonomia das áreas residenciais com equipamentos de usos coletivos e necessidades diárias nos limites de sua área. As unidades buscam recuperar as relações sociais que foram se perdendo com as transformações urbanas, com a desorgani[cidade]. Desta maneira, o projeto tornou-se de forte inspiração projetual, além da questão da cortina intermitente de arbustos e folhagens no cinturão de certas unidades de vizinhança a fins de melhor resguardar o que se passa dentro das quadras, trazendo maior privacidade e segurança aos moradores nesses espaços públicos. O projeto social Jardim São Francisco, de Demetre Anastassakis (1989, São Paulo) busca também trazer a questão do convívio e criação de espaços cívicos para o projeto. Este faz uso de uma gramática da forma, ou seja, a partir da definição de certos elementos de base para viabilizar uma composição habitacional, além de buscar a mínima alteração na topografia por meio do aproveitamento máximo das curvas de nível, a organicidade das soluções e a mixagem de residências e tipologias formadas a partir desta gramática. Finalmente, dois projetos do escritório de arquitetura MVRDV trazem conceitos interessantes para o projeto: um deles sobre a questão da circulação vertical, outro sobre ‘’mixité’’ de usuários, ambos evidenciados na fachada. O primeiro (Mirador, Madrid, 2001-2005) evidencia a circulação acima do nível do solo, que percorre todo o edifício a partir de espaços intersticiais. O segundo (Silodam, Amsterdam, 1995-2003) traz a questão da mixagem de usuários evidenciada na fachada, independente da classe social, e sim a partir de sua diversidade tipológica. As referências aqui analisadas, em adição com as referências conceituais tratadas no começo das análises, trazem uma bagagem teórica e formal rica em possibilidades de se desenvolver o projeto. Algumas já utilizadas nessa primeira etapa deste trabalho de conclusão de curso; outras referenciadas para futuro desenvolvimento.


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1 Competition MEB Malatya School, Uludag Architecture, Turquia 2 Halen Housing, Atelier 5, 1961, Berna, Suíça 3 Superquadra Brasília, Lúcio Costa, foto 2012 por Renato Leão Rego

4 Composições e Derivações: Gramática da forma, Jardim São Francisco, Demetre Anastassakis, 1989, São Paulo 5 Mirador, MVRDV, Madrid, 2001-2005 6 Silodam, MVRDV, Amsterdam, 1995-2003


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[ ULTRA | SISTEMAS ] Como pode-se evidenciar pelos mapas de análise desta escala ULTRA, é possível notar que o terreno de intervenção se localiza entre dois parques importantes da cidade, o Luiz Roberto Jábali e o Luiz Carlos Raya, ambos com

Área de recorte em verde e parques à proximidade em amarelo

Parque Luiz Roberto Jábali (Curupira), 2000

Parque Luiz Carlos Raya, 2004


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O ORGANISMO | ESCALA ULTRA: SISTEMAS

a mesma composição de solo de pedras. Além disso, o sistema de recreio subutilizado configura uma centralidade em relação ao bairro da Ribeirânia. Desta maneira, o projeto busca trazer o movimento para o bairro como um todo a partir deste sistema de lazer, que termina no terreno de intervenção, articulando-se formalmente com os parques na sua proximidade. Por isso e pela característica de serem áreas residuais super inclinadas e de vegetação densa, foram adotadas estratégias para viabilizar um projeto sistêmico, de apropriação, de lembrança do bairro (como pista de mountain bike informal existente), vide implantação e referências à seguir.W

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O ORGANISMO | ESCALA ULTRA: SISTEMAS

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1 Paredão com solo de pedra do parque Luiz Carlos Raya, 2004 9

2 Marquise, escultura suspensa; Fata Morgana, Teresita Fernández, exposição Madison Square Park, Nova Iorque 3 Mountain bike; Parque das águas, SESC verão, Sorocaba 4 Escalada; Parque Municipal Catacumba, Rio de Janeiro

8

5 High Ropes, Thornbridge Outdoors, Peak District, Reino Unido 6

Arvorismo, Brotas

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Croqui: alargamento de via elevada

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Academia ao ar livre, Curitiba

9 Percurso suspenso: ciclovia suspensa, Copenhagen

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DE [ENTRE | UNIDADES VIZINHANÇA

Gabaritos mais altos no topo do projeto (térreo + 4) e transição de gabaritos como relação formal com bairro existente (à sul e leste, térreo e 2 andares), passando por lâminas de térreo + 3, térreo +2, e casas sobrado e térreas.

]

Nesta escala ENTRE do habitar, buscou-se principalmente estimular a movimentação dos espaços públicos e coletivos de convívio, assim como a apropriação dos moradores para atingir o sentimento de pertencimento à uma comunidade, trazendo maior segurança. Por isso, foram configuradas unidades de vizinhança, que tem por objetivo estimular as sensações destes espaços conviviais, sejam elas por árvores frutíferas, por alargamento de passarelas, seja pelo deslocamento da caixa de escada do corpo do edifício tornando-a independente, seja por espaços gramados ou árvores contemplativas. Além disso, nas unidades de vizinhança de tipologia das casas, foi feito o uso de arbustos para resguardar o caráter daquele espaço como sendo dos moradores, porém ainda trazendo um caráter coletivo (assim como as superquadras de Brasília). As caixas de escada independentes também são partes importantes do projeto, pois além de estimular o encontro entre as edificações de tipo lâmina, ela vence o desnível do terreno no sentido do talude. Da mesma maneira, os bancos escavados propostos também se articulam com o terreno de maneira a evitar muros de arrimo evidentes e promover espaços de convívio.

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IMPLANTAÇÃO DIAGRAMÁTICA No projeto, buscou-se fazer uso da forma das edificações e da configuração espacial entre elas para criar pátios públicos entre edificações, configurando unidades de vizinhança em todo o projeto. O acesso aos edifícios se dá por uma caixa de escada independente, de maneira a estimular o encontro entre os moradores. As circulações elevadas foram propositalmente alargadas para criar espaços coletivos de encontro.

As formas dos edifícios de equipamento foram pensadas de acordo com seu programa. A do restaurante/ salas culturais têm uma forma convidativa; a marquise central tem uma forma que viabiliza a contemplação; e a creche tem uma forma que resguarda e protege, mais voltada para seu interior (pátio interno).

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IMPLANTAÇÃO TÉCNICA

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O ORGANISMO | ESCALA ENTRE: UNIDADES DE VIZINHANÇA

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Passeio bosqueado

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Banco escavado no terreno; caixa de escada independente com trepadeira frutífera

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Embaixo da marquise; apropriação

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Bancos extrudados com canteiros com árvores frutíferas

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‘‘Os estabelecimentos comerciais, assim como os parques precisam ser frequentadores. (...) A existência permanente desta movimentação (que traz segurança à rua) depende de um alicerce econômico de usos principais combinados.’’ (JACOBS, Morte e vida das grandes cidades, 1961)

A forma da creche retoma a lógica do pátio interno na edificação, de maneira a favorecer a segurança das crianças assim como trazer um espaço aberto de imersão.

A arquibancada, em associação com uma escadaria, surgiu de maneira a vencer o desnível do terreno juntamente com a possibilidade de assistir jogos realizados na quadra poliesportiva.


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O ORGANISMO | ESCALA ENTRE: UNIDADES DE VIZINHANÇA

As marquises surgiram como forma de melhor se apropriar do terreno em declividade existente. Além disso, elas oferecem um espaço para apropriação pelos moradores tanto no em sua parte superior quanto inferior. A primeira possibilita a passagem entre comércios/serviços locais ou conexão com sistema de lazer, propiciando um potencial visual de skyline de parcela da cidade. A segunda propicia usos como andar de skate, brincadeira para crianças, esportes mais tranquilos e encontros - por ter essa cobertura - além de food truck e principalmente feiras livres, tendências atuais viabilizadas por condomínios atualmente, como é o caso do Condomínio Central Park Prime, na Vila Carrão, zona leste de São Paulo.

O sistema de lazer foi criado como uma reconexão do bairro da Ribeirânia, trazendo novas possibilidades de encontro, de esportes e de lazer, tendo como ponto final o topo do terreno de projeto do presente trabalho. Desta maneira, favorece um maior número de frequentadores do do bairro no eixo público do projeto e seus equipamentos.

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Buscou-se, em todas as parcelas residenciais do projeto, criar coletivos/públicos de uso dos moradores. Para isso, tais espaço apropriação, como árvores frutíferas), bancos que surgem do r árvores coloridas e contemplativas, e também áreas gramadas mento àquela comunidade, para trazer a segurança pelos ‘olho

Alargamento da circulação elevada para o andar junto à marquise, onde se localizam os serviços e comércios locais associados à moradia.


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unidades de vizinhança para estimular o convívio e ambientes os possuem bancos extrudados com canteiro (possibilidade de relevo acidentado, caixas de escada com trepadeiras frutíferas, s. Busca-se, dessa maneira, estimular o sentimento de pertencios na rua’ como abordado por Jane Jacobs.

O ORGANISMO | ESCALA ENTRE: UNIDADES DE VIZINHANÇA

“No nosso mundo, experimentamos uma polarização entre a individualidade exagerada, de um lado, e a coletividade exagerada, de outro [...] Tais oposições são sintomas da desintegração das relações humanas básicas” (HERTZBERGER, 1999).

Em alguns casos, buscou-se tirar proveito do desnível do terreno para criar estacionamentos abaixo das edificações, entretanto à nível do solo, como é o caso deste edifício e do edifício de restaurante e salas culturais.

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O ORGANISMO | ESCALA ENTRE: UNIDADES DE VIZINHANÇA

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| UNIDADES HABITACIONAIS [ INTRA ESTUDOS PRELIMINARES Após tentativas e estudos de diferentes tamanhos de malha para trabalhar a modulação como meio de viabilizar economicamente o processo construtivo, chegou-se à conclusão de trabalhar com uma malha de 0,9m x 0,9m, tanto para os edifícios quando para as casas. Tal malha se revela vantajosa em relação à melhores dimensões para as circulações, facilita o encaixe de portas (até 0,9m) e de esquadrias, resolve melhor o layout e as circulações dentro da moradia, além de, principalmente, configurar uma habitação com a área exigida para habitação de interesse social (aproximadamente 50m2), de interesse para o projeto. Na primeira tipologia, os edifícios lâmina, buscou-se trabalhar diversas composições a partir de uma lógica de circulações, além de buscar a todo momento criar as unidades de vizinhança em conjunto com as caixas de escada independentes, já abordadas no capítulo anterior. Por isso, as habitações nas lâminas tem dimensão mínima de 7,2m x 7,2m, buscando em seus múltiplos possibilidades de tipologias diferenciadas. Os corredores internos são vazados na fachada e tem 2,7m. Já os externos, por serem de fluxo menos intenso medem 1,8m, sendo mesmo assim generosos. Atentou-se o tempo todo voltar as circulações para oeste e sul, de modo a funcionar como barreira contra a insolação indesejada. Por fim, todos os edifícios possuem um terraço em sua cobertura, visando estimular o convívio exclusivamente entre os moradores, além de proporcionar uma paisagem contemplativa.

Circulações vazadas internas na fachada e circulações externas ao edifício

Terraços para convívio e favorecimento de paisagem contemplativa


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TIPOLOGIA 1 | EDIFÍCIOS LÂMINA

O ORGANISMO | ESCALA INTRA: UNIDADES HABITACIONAIS

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ESTUDOS PRELIMINARES | A GRAMÁTICA DA FORMA

Sobre a segunda tipologia – a das casas – também configurada em cima de uma malha 0,9m x 0,9m, buscou-se retomar à ideia de Gramática da forma, de inspiração projetual já trazida anteriomente por Demetre Anastassakis no Conjunto Jardim São Francisco. A concepção da forma se deu a partir de um quadrado de dimensão 7,2m x 7,2m (que resulta em aproximados 50m2 – HIS), e a partir daí ela sofreu alterações de estratégias de projeto. Tais estratégias contaram com deslocamento, subtração e duplicação vertical, primeiramente para compor uma possibilidade de rearranjos interiores e recúos exteriores que podem servir de espaço de apropriação.

TIPOLOGIA 2 | CASAS


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O ORGANISMO | ESCALA INTRA: UNIDADES HABITACIONAIS

Esta gramática buscou, também, atender às 3 tipologias de casa mínimas de interesse projetual : a habitação de interesse social (50m2), a habitação de mercado popular (70m2), e habitações para a classe média (sejam elas de 50m2, 70m2 ou 100m2). Buscou-se estudar diversas formas de layout e composição de maneira a atender ao maior número de usuários, seja em termos de renda ou da unidades familiares, trazendo em pauta novamente a questão da mixité. Além disso, no decorrer dos estudos, as formas puderam se evoluir para tipologias com terraços, alterando um pouco desses valores puros da forma completa da edificação.

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ESTUDOS DE FORMA E COMPOSIÇÃO


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O ORGANISMO | ESCALA INTRA: UNIDADES HABITACIONAIS

A partir da transformação da forma pela gramática estabelecida, buscou-se fixar o banheiro e paredes úmidas em um único lugar e numa extremidade (retomando o artigo de Brandão sobre flexibilidade), buscou-se criar pelo menos um espaço mais amplo para possíveis layouts (trata-se aqui de flexibilidade inicial), além de buscar criar pequenos pátios configurados entre a escala intra e entre (unidade de vizinhança), como uma escala de transição, que pode ser usada pela apropriação dos moradores (seja como vaga de estacionamento, seja como um jardim, seja como um espaço de convívio). Por fim, a gramática também conta com uma lógica de aberturas e fechamentos de fachada, de modo a viabilizar o emparelhamento das casas sem obstruir as aberturas. Tais estudos na escala do intra estão ainda em fase de desenvolvimento, tornando-se portanto apenas estudos preliminares, passíveis de alterações decorrentes do desenvolvimento do presente trabalho no semestre seguinte, em Trabalho de Graduação Integrado II.

ESTUDOS EM PLANTA

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ESTUDOS EM PLANTA


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O ORGANISMO | ESCALA INTRA: UNIDADES HABITACIONAIS

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[ BIBLIOGRAFIA

]

- Autor desconhecido, Uma Gramática da forma para análise de habitação de interesse social no Brasil: o caso do Conjunto Habitacional Jardim São Francisco, USP, NUTAU, 2012. - BRANDALISE, V, H. Na Vila Madalena, uma ‘Cohab chique’. Artigo Estadão, o Estado de São Paulo, São Paulo, publicado em 30/Agosto/2011, acessado em 03/Maio/2016. - BRANDÃO, D, Q; HEINECK, L. F. M., Formas de aplicação da flexibilidade arquitetônica em projetos de edifício residenciais multifamiliares. Produto & Produção, Porto Alegre, UFRGS, Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, v.2, n.3, p. 95-106, out.1998. - Conseil d’Architecture et d’Urbanisme et de l’Environnement du Morbihan, Comment favoriser la mixité sociale et urbaine?. L’aménagement durable en questions, Habitat Durable du Morbihan, Favorises la Mixité Sociale et Urbaine CAUE 56, Cluster 56, publicado em 17/Agosto/2015. - HERTZBERGUER, H, Lições de arquitetura. São Paulo: Perspectiva, 1999. - JÚNIOR, O, C, Ribeirânia – do Suburbio Jardim ao Bairro Jardim. Ribeirão Preto, UNIP, Trabalho acadêmico para a Disciplina Cidade-Jardim, parte do Projeto de Pesquisa ‘A consolidação de Ribeirão Preto como pólo terciário’, 2000. - POZZO, C, F, DAL, Fragmentação socioespacial em cidades médias paulistas: os territórios do consumo segmentado de Ribeirão Preto e Presidente Prudente. FAPESP/CAPES, Presidente Prudente, UNESP, Programa de Pós-Graduação em Geografia, 2015.


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BIBLIOGRAFIA

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