PLURALIDADES DO HABITAR
Uso e apropriação dos espaços coletivos da habitação
Trabalho de Graduação Integrado Mariana Ueda Fernandes
Pluralidades do Habitar
Uso e apropriação dos espaços coletivos da habitação
IAU-USP
nov/2016
FOLHA DE APROVACAO
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO, CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Professores da CAP Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca do Instituto de Arquitetura e Urbanismo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
F363p
Fernandes, Mariana Pluralidades do habitar: Uso e apropriação dos espaços coletivos da habitação / Mariana Fernandes. -São Carlos, 2016. 64 p. Trabalho de Graduação Integrado (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) -- Instituto de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, 2016. 1. Habitação de Interesse Social. 2. Apropriação do espaço público. 3. Urbanidade na habitação.
David Moreno Sperling Joubert José Lancha Lucia Zanin Shimbo Luciana Martins Schenk
Coordenador de Grupo Temático Paulo Yassuhide Fujioka
Prof.a Dr.a Lucia Zanin Shimbo IAU-USP
Prof. Dr. Paulo Yassuhide Fujioka IAU-USP
SUMÁRIO Resumo | 01
Agradeço primeiramente aos meus pais, que sempre me incentivaram e fizeram todo o possível pela minha formação, aos meus amigos pelo apoio e companheirismo nos anos de graduação, e aos professores Lúcia Zanin Shimbo e Paulo Yassuhide Fujioka pela orientação e acompanhamento durante todo o desenvolvimento do trabalho.
Disparadores de Projeto | 03 Problema | 04 Questão | 08 Abordagem | 09
Referências Projetuais | 11 Placemaking | 12 Equipamento | 15 Habitação | 16
Lugar | 19
Inserção Urbana | 22
Projeto | 27
Abordagem inicial | 30 Implantação | 32 Equipamento | 39 Habitacional | 43 Unidades | 47 Construção | 51
Bibliografia | 54 Outras Referências | 56 Lista de Imagens | 57
RESUMO
De maneira geral, impera no Brasil uma cultura de subutilização dos espaços públicos de lazer e estar, problema agravado pela ideologia de moradia
entre muros.
Este trabalho busca abordar essa questão sob a temática da
habitação social. Tem-se, portanto, a busca pela urbanidade nos espaços
habitacionais como mote do projeto de TGI.
integração do conjunto habitacional com os espaços da cidade, assim como pelo convívio e interação dos moradores nos espaços da habitação. Por essa razão, procurou-se trabalhar em três diferentes escalas: a escala pública da cidade, a partir da proposição de um sistema de áreas livres e de um equipamento cultural e comercial; a escala pública do bairro, tendo como diretriz a criação de praças e áreas de lazer e convivência mais íntimos, voltado aos moradores; e a escala dos espaços coletivos, por meio da proposição de terraços, no interior dos edifícios, que comportem-se como extensões da habitação, instigando o convívio e sociabilidade entre os residentes. O projeto foi desenvolvido para a cidade de São Carlos. Foi elegido como área de interesse de projeto, um grande vazio urbano de 12,8 ha na margem da Avenida Comendador Alfredo Maffei, em frente ao SESC. O intuito é tentar potencializar a região como um polo de cultura e lazer da cidade, assim como valer-se de espaços internos à malha urbana consolidada para a inserção do conjunto de habitação de interesse social, onde há provimento de infraestrutura de serviços
A urbanidade é pretendida por meio da
e equipamentos urbanos.
Têm-se então, a proposta de 296 unidades habitacionais, resultando um conjunto cuja densidade habitacional totaliza 224
pessoas/ha.
Palavras-chave: Urbanidade. Habitação de Interesse Social. Apropriação do espaço público.
1
DISPARADORES DE PROJETO Identificação do problema, determinação da questão e abordagem projetual
3
PROBLEMA
Desde a década de 1970 no Brasil cresce a ideologia de
moradia
fechada em condomínios vinculada à ideia de status. Segundo Dunker (2015), tal circunstância advém da recusa da sociedade em lidar com a
Ideologicamente, no Brasil, a “vida urbana” privatizada, entre muros, é o
limites da vida privada, mas sempre à condição de um espaço de excepcionalidade, erigido como defesa contra a barbárie exterior.” (Dunker, 2011, p.3). A conformação dos chamados “condomínios-clube” tem como objetivo fornecer aos moradores uma lógica de
“vivencia urbana” privatizada. Cria-se conjuntos
residenciais dotados de espaços de lazer e convivência como praças, churrasqueiras, quadras de esporte, academias, playgrounds, salas de cinema, piscinas, dentre outros, de uso restrito aos moradores, como uma espécie de microcosmo do que deveria ser o ambiente urbano – porém fora da malha urbana, entre muros – gerando uma
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sensação de
falsa urbanidade.
do projeto arquitetônico que terreno, como declividade, ventilação, insolação ou clima.
ideal buscado, o que é considerado “viver bem” (FERREIRA, 2012, p.76). Em
levam a não utilização e/ou depredação dos espaços coletivos de lazer e estar.
Como exemplo, tem-se as fotos de conjuntos HIS em Campinas, Natal, Porto Alegre
consequência disso, domina, em grande parte das cidades brasileiras, uma cultura de
e Manaus. De maneira geral, são visíveis grandes semelhanças entre os conjuntos
subutilização dos espaços públicos de lazer, como parques,
habitação social do país é a atribuição, por parte do governo, do poder de decisão
praças e equipamentos similares; lugares que deveriam ser a maior representação da
acerca da localização e elaboração dos projetos para
vitalidade urbana de uma cidade, abrigando a integração entre usos diferença, sendo essa vista como ameaça. Parte-se do princípio de que e grupos sociais, pressupostos ao exercício da verdadeira urbanidade. A só é possível viver em segurança quando se vive disseminação das conformações residenciais de condomínios fechados entre iguais, e esse critério de “iguais” é o de quem pode pagar por aquela configura-se como uma prática antiurbana e segregadora, uma vez vida. “O condomínio implica a tentativa de criar certas regras e normas públicas, nos
evidenciadas inadequações
Segundo Rolnik (2015), um dos maiores problemas dos atuais programas de
agentes privados – cujo critério, por sua vez, não pode ser outro senão o da rentabilidade. “Considerando que o teto dos preços e as dimensões das unidades estão previamente
Imagens 1 a 4 | Exemplos de conjuntos HIS em Campinas, Natal, Porto Alegre e
processo de produção” (ROLNIK, 2015, p. 310). A busca por essa economia ocorre em
Manaus, respectivamente.
detrimento da qualidade
(FERREIRA, 2012, p. 76).
sendo obtida por meio da padronização, das construções em larga escala, da rapidez
de aprovação e construção, e, principalmente, do menor custo possível de compra do
e do apelo mercadológico pelo ideal de status, nota-se a reprodução desse “modo de
terreno (ROLNIK, 2015, p. 310).
habitar” também nos conjuntos
de habitação de interesse
1
estabelecidos, o lucro do empreendedor se baseia na economia de custos obtida no
que nega a diversidade social dos espaços da cidade e compromete a fluidez urbana Paralelamente, como reflexo da busca pelo arquétipo criado do “viver bem”
embora localizem-se em regiões bastante distintas do país.
arquitetônica e urbana do conjunto,
2
No que se refere à implantação, os conjuntos têm a padronização e a escala
social (HIS). Em sua maioria, configuram-se como conjuntos murados, com
de construção como principais agravantes das inadequações projetuais. As soluções
pouca relação com a malha urbana da cidade, e, embora reproduzam o ideal dos
padronizadas únicas – carimbos – a serem disseminadas em empreendimentos
condomínios-clube – no que diz respeito a disposição de quadras de esporte, salões de
por todo o país resultam em
festas, churrasqueiras, praças, playgrounds etc - em grande parte dos conjuntos são
repetitivas, constituídas sem qualquer preocupação com aspectos locais do
conformações monótonas e
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5
residuais. Segundo Lay e Reis (2002), a locação e único modelo de unidade habitacional, o que implica, desenho dos espaços comuns de lazer e estar tem importante efeito no grau de muitas vezes, na inadequação às diversas composições familiares atendidas pelos satisfação e manutenção dos conjuntos habitacionais. De acordo
Outro problema da padronização nos conjuntos é o oferecimento de um
localizadas em espaços
programas HIS. Tal inadequação resulta, em alguns casos, em construções irregulares,
com o artigo “O papel dos espaços abertos comunais na avaliação de desempenho de
para ampliação das unidades, que invadem os espaços de convívio do conjunto, além
conjuntos habitacionais”, a clareza
de afetar a estrutura das edificações (LAY, REIS, 2002, p.31).
a hierarquia de usos – público, semipúblico, semiprivado e privado – a integração com
O
De modo geral, elas oferecem poucas oportunidades de
desenvolvimento econômico e cultural aos seus moradores e mantêm características de bairrosdormitório, com baixa qualidade urbanística. Trata-se de
uma concentração de um conjunto expressivo de empreendimentos de grande porte, com tipologia padronizada, destinados a uma mesma faixa de renda e inseridos num tecido urbano monótono, com pouca diversidade de usos – ainda que agora disponha de um mínimo de equipamentos e serviços básicos no entorno ou em bairros vizinhos. (ROLNIK, 2015, p. 312)
projetual dos espaços de uso comum,
culto ao automóvel – muitas vezes imposto pela legislação as unidades habitacionais assim como a adequação em área em relação ao tamanho
- também mostra-se como um problema. Em diversos casos, devido a grande
do conjunto contribuem para a sua utilização e manutenção por parte dos moradores,
quantidade de vagas ditas necessárias, as áreas
de estacionamento uma vez que influi na convivência e construção do sentimento de se tornam o elemento projetual definidor da disposição dos edifícios no terreno, pertencimento e comunidade. Na pesquisa, desenvolvida em gerando grandes bolsões pavimentados nos empreendimentos doze conjuntos habitacionais de Porto Alegre, constatou-se, na maioria dos casos, a verticalizados – o que contribui para problemas de drenagem e de conforto ambiental
inadequação dos fatores projetuais supracitados o que resulta em, além da insatisfação
no conjunto. Fenômeno semelhante também acontece nos empreendimentos térreos.
dos moradores, muitas vezes na depredação das áreas comunais do conjunto.
tendem a No que diz respeito à inserção urbana, tendo em vista o menor custo ocupar grande parte do terreno, reduzindo, assim, a área possível de compra do terreno, as iniciativas privadas responsáveis destinada aos espaços verdes, de uso coletivo e de lazer (FERREIRA, 2012, p.75). pelos empreendimentos HIS tendem a construir em regiões periféricas, Questões paisagísticas também são raramente consideradas, fora da malha urbana consolidada. Trata-se, segundo Rolnik (2015), da “intensa sendo as áreas verdes e/ou arborizadas de uso coletivo e lazer normalmente produção de moradia sem cidade”.
os moradores, os quais, distantes da região central, são submetidos a um
maior tempo de deslocamento diário – devido ao distanciamento da moradia dos locais de trabalho – e à falta ou reduzida infraestrutura de serviços e equipamentos urbanos, como transporte público, educação, cultura, lazer, saúde, comércio e serviços.
Nesse caso, a disposição das vagas em frente aos lotes também
6
As consequências da má inserção urbana recaem essencialmente sobre
A pesquisa feita por Lay e Reis (2002) também aponta para fato de que a falta
de infraestrutura urbana como pequenos
comércios e serviços resultam, em alguns casos, no surgimento de construções irregulares para o desenvolvimento de atividades comerciais dentro do conjunto, ocupando espaços Imagem 5 | Conjunto HIS em Campinas com exemplo de periferização da moradia
originalmente destinados para uso coletivo dos moradores para suprir essa demanda.
7
QUESTÃO
ABORDAGEM
Tendo em vista os problemas apontados, como questão do TGI , será abordada a busca pela urbanidade nos espaços habitacionais, adotando como enfoque as áreas comuns de uso coletivo e público em suas diferentes escalas de utilização
6
7
Propõe-se abordar a questão da habitação social vinculada a um sistema de espaços livres, assim como a equipamentos
culturais e pequenos comércios e serviços. Tais equipamentos configurariam-se como a escala mais abrangente do uso público, dos espaços voltados à cidade. Partindo para uma escala de menor utilização, nas parcelas habitacionais do projeto, opta-se pela conformação de edifícios multifamiliares de modo a criarem pátios para apropriação dos residentes – ainda configurando a escala pública, porém visando o uso local dos moradores. Para o interior dos edifícios, as questões de apropriação e do uso coletivo seriam exploradas por meio da criação de terraços e áreas de circulação generosas internas ao edifício – configurando-se como a escala mais restrita de uso, espaços de uso coletivo dos moradores.
A temática foi aflorada a partir de uma visita ao
A intenção é tentar qualificar o “habitar a cidade” em contraposição ao “habitar privatizado” oferecido
habitacional é configurado de forma a criar diversos
pátios para o uso coletivo dos residentes
muros.
conectados a espaços
de vivência urbana
– sendo o equipamento central um importante
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pelo sistema de “condomínios-clube”. A partir da proposição de um dinamismo de usos e de públicos, busca-se a vivência urbana no conjunto como agenciadora de um sentimento de comunidade e de segurança – eliminando, assim, a necessidade de barreiras e
Barbican Centre, em Londres. O conjunto
8
9
The
cultural da cidade.
centro
O projeto desenvolvido busca debruçar-se sobre “a difícil tarefa de quebrar valores culturais da sociedade sobre o que é viver bem” (FERREIRA, 2012, p.76).
9
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
11
PLACEMAKING
11
espacialidade das áreas públicas e de uso coletivo adotase como referência o Placemaking. O termo refere-se a uma tendência do urbanismo contemporâneo pela busca e resgate da escala humana na cidade, instigando o uso e apropriação das áreas
12
13
Em termos de
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públicas, independentemente da sua escala. Baseiando-se nas idéias precursoras de
Jane Jacobs e Willian H. Whyte, o Placemaking busca reforçar a importância social e cultural da vitalidade nas vizinhanças e dos espaços públicos convidativos.
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Norteado pelo diagrama “O que faz um lugar ser bem sucedido?”, resultante de
Imagens 11 a 16 | Exemplos de
pesquisas sobre o Placemaking, o trabalho tomou como vertente central a proposição
apropriação do espaço público em suas
espaços acessíveis, convidativos à apropriação, com abrangência de usos e públicos nas diversas horas do dia e da noite.
diferentes escalas.
de
12
16
Imagem 10 | Diagrama sobre Placemaking
Almeja-se projetar espaços que instiguem um sentimento
de pertencimento, tornando-se, assim, parte de cotidianos urbanos. 13
EQUIPAMENTO 17
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No que diz respeito à proposição de um equipamento cultural atrelado a pequenos
comércios e serviços, o trabalho buscou o projeto Management Sciences University, em Bordeux, França, do escritório Lacaton & Vassal, e o Centro da Juventude de São José dos Campos - SP. Sendo o primeiro como referência para a conformação dos edifícios públicos e o segundo para o programa institucional e gestão do equipamento. Destaca-se no Managemente Sciences University as áreas coletivas em altura, a formação de pátios de convivência e a qualificação das áreas de circulação como espaços de encontro e permanência. Quanto ao Centro da Juventude, interessa ao projeto a referência programática de um equipamento que funciona como uma instituição complementar à escola. Administrada pela Secretaria de Promoção da Cidadania - SECID, o Centro realiza cerca de 300h de programação mensal, chegando a mais de 10h de atividades por dia, abrangendo tanto o público jovem quanto seu universo familiar. As atividades são gratuitas e trazem ações culturais, lúdicas, esportivas, educativas, de lazer e de entretenimento.
Imagens 17 a 19 | Management Sciences
14
University - Bordeux 19
15
HABITAÇÃO
Quanto aos espaços
de convivência dos moradores, no livro “Lições de
20
Arquitetura”, Herman Hertzberger discorre sobre vários exemplos de escolhas projetuais que favorecem a socialização e a apropriação dos espaços coletivos. A “organização do espaço deve (...) servir para estimular a interação e a coesão social”(HERTZBERGER,
23
H. 1999, p. 63).
Imagens 22 e 23 | Pátios de convivência e terraços de acesso e circulação qualificados como espaços de estar e permanência (La Comunidad).
Dentre eles, destaca-se a concepção de espaços que sirvam como uma extensão da habitação,
trazendo a vivência
da rua para o interior do conjunto. Tais espaços podem ser passarelas ou
corredores - dimensionados de forma a possibilitarem outros usos além da função única de circulação, tornando-se lugares de encontro e sociabilidade - terraços, pátios, dentre outros. Estratégias essas,
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22 Imagens 24 e 25| Circulação horizontal apropriada como extensão da habitação (Habitação coletiva em Sobradinho - DF)
semelhantes às apresentadas no projeto de Lacaton & Vassal. Como referência projetual dos espaços habitacionais, traz-se Tietgenkollegiet, uma habitação estudantil da Universidade de Copenhagen, Dinamarca; o projeto “La Comunidad”, 2o lugar no
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25
concurso Ryterna Modular Building, e a proposta do escritório Estúdio Módulo para o concurso Habitação
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coletiva em Sobradinho - DF. Os três projetos têm as áreas coletivas como partes de grande importância no projeto da moradia, sendo a apropriação e a vitalidade desses espaços algo instigado a partir do desenho arquitetônico.
Imagens 20 e 21 | Pátios e terraços para uso coletivo e apropriação (Tietgenkollegiet)
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LUGAR São Carlos
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28
O projeto localiza-se em São
Carlos – SP. Localizada a 235 Km da capital e com o total de 221.950 habitantes*, a cidade destaca-se pela produção
acadêmica e tecnológica. Abriga duas universidades públicas de grande porte – Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) – dois centros de pesquisa da Embrapa – setor agropecuário – e grandes indústrias multinacionais como Volkswagen, Faber Castell e Electrolux.
Assim como em inúmeras outras cidades brasileiras, em relação ao setor habitacional, nota-se um grande crescimento na conformação de
condomínios
fechados de alto padrão, sendo que estes tendem a se concentrar na região periférica da cidade (imagem 26), fato que contribui no aspecto de segregação sócio espacial desse tipo de moradia.
classes mais baixas (imagem 27), entretanto a periferização dos conjuntos acontece em função do forte apelo mercadológico dos atuais programas de Habitação de Interesse Social – menor custo da terra. Segundo o Plano Local de Habitação de Interesse Social (PLHIS) de São Carlos de 2010, o total de vazios urbanos no município totalizavam 1340 Ha, o que corresponde a 20% da área urbana da cidade (imagem 28). Destes, 550 Ha são terrenos vazios em áreas loteadas. Infere-se, portanto, a priorização, por parte dos empreendedores, do menor custo da terra em detrimento de uma infraestrutura urbana consolidada. A cidade, portanto, enquadra-se no perfil urbano brasileiro baseado no subaproveitamento dos vazios urbanos existentes e no modelo habitacional de auto enclausuramento dentro de conjuntos murados, o que dificulta cada vez mais a existência de uma vitalidade urbana nos espaços públicos da cidade.
20
Fenômeno semelhante ocorre também nas
*Senso 2010, IBGE.
26
27
Imagem 26 | Loteamentos e empreendimentos aprovados e em aprovação (2005/2010) (Mapa PROHAB - São Carlos Imagem 27 | Programas habitacionais e áreas públicas disponíveis para HIS (Mapa PROHAB - São Carlos) Imagem 28| Vazios urbanos (Mapa PLHIS - São Carlos)
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INSERÇÃO URBANA
O levantamento do entorno revela uma ocupação majoritariamente residencial de casas térreas ou sobrados de médio ou alto padrão,
havendo edifícios verticalizados – de 8 e 13 pavimentos – apenas na extremidade nordeste do terreno. A proposta do projeto para essa região tem também o intuito de promover uma maior
Tendo em vista o contexto apresentado, este trabalho pretende valer-se dos
vazios existentes dentro da malha urbana da cidade de São Carlos, a fim de propor uma contrapartida ao modelo vigente de distribuição dos empreendimentos HIS.
vias estruturadoras da cidade, o mapeamento das centralidades comerciais, culturais, de educação, saúde e lazer, o provimento de transporte público e a proximidade do centro – assumiu
Partindo deste princípio, levou-se em consideração as principais
se como distância limite um raio de 1,5 Km, sendo o acesso em cerca de 15 minutos de caminhada. AEIS HIS Lazer Cultura e Educação Saúde
vazio urbano de aproximadamente 12,8 Ha, na margem da Avenida Comendador Alfredo Maffei, como área de interesse de projeto.
Determinou-se, então, um
integração entre públicos distintos, por meio do uso e apropriação dos espaços públicos de lazer e cultura propostos. Comércios e serviços encontram-se nas proximidades da Santa Casa – onde verifica-se, em particular, uma concentração de clínicas médicas – e na margem da Av. Comendador Alfredo Maffei – com exceção do SESC, que é um equipamento institucional. Como
infraestrutura de serviços e equipamentos urbanos, destaca-se a proximidade a equipamentos institucionais como escolas, creches e o próprio SESC, equipamentos de saúde e o servimento de transporte coletivo pelas linhas do SESC e da Santa Casa. Embora a região tenha caráter residencial, nota-se uma carência de comércios e serviços locais, de primeira necessidade, como mercearias, mercados, farmácias, hortifrutis, lugares para alimentação, dentre outros. Intenciona-se , portanto, trazer esses usos para dentro do projeto.
Circulação Comércio e Serviço
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23
100m: Ponto | Sesc 200m: Ponto | Santa Casa 300m: Ponto | Av. sentido Estação 400m: Ponto | Santa Casa 400m: Ponto | Escola 100m: Ponto | Sesc 200m: Santa Casa 500m: USF Dr. João Martins Villari 800m: Centro de Especialidades Odontológicas Prof. Vilberto Adolfo Cattani 300m: EE Prof. Sebastião de Oliveira Rocha 400m: CEMEI Cecília Rodrigues 500m: Clube de Mães Creche Anita Costa 700m: Escola Livre de Música Maestro João Sepe 750m: USP 900m: Centro Educacional Dioscesano La Salle 950m: Casa da Criança 950m: Centro Interescolar Paulino Botelho (Escola Industrial) 1000m: EE Bispo Dom Gastão 1000m: EE Eugênio Franco 60m: SESC 750m: CDCC USP 900m: CAPS Centro de Atenção Psicossocial 1000m: Estação Cultura 1100m: Projeto Nosso Amigo
10m: Praça Santa Monica 10m: Bosque das Paineiras 60m: SESC 750m: Praça XV 1000m: São Carlos Clube 1200m: Praça Paróquia São Benedito
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900m:Supermercado Jaú Serve 1400m: Concentração de comércios centrais 200m: Mercado Santa Monica
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PROJETO
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ABORDAGEM INICIAL
Como
primeiro gesto em relação ao terreno, procurou-se dar
continuidade à malha viária já existente, visto que esta se interrompe ao encontrar o terreno. Em seguida, foi determinada uma setorização do projeto, norteada a partir de um sistema de áreas livres que Corte AA’
N
permeasse toda a implantação.
Dessa forma, estabeleceu-se regiões com caráter de bosque (verde escuro,
No que diz respeito às parcelas habitacionais (azul claro no diagrama), foi utilizado como critério o maior resguardo em relação à malha viária, sendo
compartilhado (cinza claro no diagrama), onde a preferência é do pedestre, ou por vias locais (prolongamentos das vias existentes no bairro), onde o fluxo é reduzido. A relação das habitações com as vias compartilhadas foi proposta de forma que essas atuem também como espaços de lazer e apropriação dos moradores. As áreas muradas dos fundos dos lotes existentes foram aproveitadas como estacionamentos, assim como a declividade foi trabalhada, em alguns pontos, em favor desse propósito. A exemplo, aponta-se o estacionamento da quadra habitacional a sudeste. Tendo em vista a via de maior fluxo, que ladeadas por vias de fluxo
conecta a Av. Comendador Alfredo Maffei à grande quadra do equipamento cultural, tirou-se partido da declividade para criar o estacionamento a nível da rua, elevando as unidades habitacionais a um nível acima. Dessa forma, garante-se maior resguardo na parcela habitacional, assim como propcia-se uma ambiência de mirante a essa.
no diagrama) na extremidade sudoeste - no intuito de valer-se da maior declividade
contemplativo - na extremidade sudeste - a fim de promover uma conexão com o Bosque das Paineiras, área de preservação ambiental localizada na quadra acima - e na extremidade norte - buscando promover a integração, por meio de um parque de bairro, do projeto com a vizinhança. Em verde mais claro, são identificadas as regiões do sistema onde propõe-se praças, a destacar a parcela do terreno que margeia Av. Comendador Alfredo Maffei. A concepção de um sistema de praças para a região tem como objetivo instigar a permanência na avenida, em contraposição ao uso pontual e ao caráter de VIA PARA FLUXO DE CARROS
HABITACIONAL
ÁREA BOSQUEADA
VIA PARA FLUXO COMPARTILHADO
EQUIPAMENTO PÚBLICO
PRAÇAS
ESTACIONAMENTO
para ativar um potencial
Parque de bairro
Via de fluxo compartilhado
Praça na margem da avenida Mirante
Corte AA’
“corredor” que esta apresenta.
cultural, locais de comércio e serviços, e integrado ao sistema de praças, a região assumiria-se como o principal ponto de atração do projeto, configurando, assim, a escala mais abrangente do uso público, dos espaços voltados para a cidade.
30
A quadra central (marcada em azul escuro) caracteriza-se como ponto articulador de todo o sistema. Abrigando um equipamento
0
5
10
31
IMPLANTAÇÃO
Norteada pelos critérios estabelecidos na setorização, a implantação foi desenvolvida de forma a tirar proveito da declividade, aspecto determinante do terreno.
Optou-se, portanto, por trabalhar a partir de patamares, sobre os quais se distribuem os edifícios, assim como os espaços coletivos e públicos de estar e lazer. A relação entre os diferentes níveis é feita através dos espaços livres, ora por escadas ora por rampas, assim como por meio das caixas
de escadas dos edifícios. Em favor da espacialidade, a patamarização atua tanto de forma a separar ambiências e/ou diferenciar fluxos, quanto na integração destes, por meio de taludes gramados para estar e apropriação, por exemplo.
Caixa de escada que conecta patamares Diferenciação de fluxo Talude
Separação de ambiência
Corte BB’ Corte AA’ Corte BB’
32
0
5
10
N
33
NÍVEL +788
NÍVEL +791 Ocupação habitacional separada em nível da rua (acima do estacionamento semiEstacionamento habitacional Quiosques e aparelhos de exercício ao ar livre.
semi-enterrado
Espaço complementar à ciclovia existente na
Praça seca com rampas de conexão entre
outra margem da avenida
o nível da avenida e o edifício comercial e cultural acima
N
34
Praça com ampla área seca à nível da rua. Possibilidade de sediar eventos como feiras livres ou food trucks
enterrado) Acesso à praça do equipamento cultural e comercial por escadaria e rampa Estacionamento semi-enterrado do equipamento cultural e comercial
N
35
NÍVEL +794
NÍVEL +800 Estacionamento habitacional semi-enterrado Via de fluxo compartilhado Patamares de edifícios habitacionais
Térreo livre do equipamento cultural e
Estacionamento
comercial elevado sobre pilotis
Declive bosqueado para estar e
semi-enterrado
do
equipamento cultural e comercial
contemplação Estacionamento
semi-enterrado
equipamento cultural e comercial
N
36
do Estacionamento habitacional semi-enterrado
N
37
NÍVEL +818
EQUIPAMENTO Projeto
Acesso em nível, por terraço jardim, ao edifício cultural SESC Shopping Iguatemi
Mercado
equipamento cultural no projeto tem como propósito tentar potencializar a região como um pólo de cultura e lazer.
A proposta de um
Ao longo da Av. Comendador Alfredo Maffei nota-se duas grandes centralidades
comerciais da cidade, o
N
38
Shopping Iguatemi, a oeste, e o Mercado
Municipal, a leste. Ambas centralidades podem ser entendidas como equipamentos de lazer associado ao consumo. Visto a proximidade da área de projeto ao SESC, o trabalho objetiva reforçar a função do equipamento como centralidade de lazer associado à cultura. Propõe-se, portanto, um equipamento com programa complementar ao existente. Quanto aos pontos de comércio e serviço, a proposta visa tentar suprir de uma demanda local por essas funções, apreendida a partir do mapeamento do entorno imediato.
39
N
N
Equipamento | Planta dos térreos e do nivel +818.
No projeto do equipamento, buscou-se uma solução formal que se integrasse ao
sistema de espaços livres, assim como abrigasse a integração entre as escalas da cidade e do bairro. Definiu-se, então, a distribuição do programa em dois edifícios complementares, de forma a proporcionar uma
conexão entre a avenida e o bairro (eixo Norte-Sul), e entre o equipamento e as parcelas habitacionais do projeto (eixo Leste-Oeste).
Longitudinalmente, a integração entre escalas é representada pelo edifício
lâmina, ao conectar o nível da avenida ao interior do projeto por meio de um sistema de rampas e uma passarela. Transversalmente, a lâmina assume caráter de pórtico compondo, por meio da elevação sobre pilotis, um visual ascendente de conexão entre a escala de bairro, dos edifícios habitacionais projetados, e a grande
Comércio e Serviço Cultural Administrativo
40
Banheiro|Vestiário
praça pública a que se integra. O edifício em “C” trabalha essa conexão por meio de um grande pátio, reforçando a relação com a parcela habitacional a oeste, e pelo acesso às salas do cultural em nível, a leste, por um terraço jardim. Os edifícios foram projetados sob o princípio da apropriação dos espaços livres. O intuito é que as funções do equipamento extrapolem os limites físicos da construção, valendo-se também do sistema de praças para excercer suas atividades.
41
Por essa razão, optou-se pela configuração de um dos edifícios em “C”, no intuito de
HABITACIONAL
criar um ponto de convergência no equipamento. Almeja-se criar, na espacialidade do pátio, um local onde aflore-se a vitalidade
urbana, visto que o encontro e a sociabilidade são estimulados por meio da concentração de diferentes públicos e usos.
A parcela habitacional foi projetada com base em duas escalas de uso: o espaço público com caráter de bairro, voltado para uso e
dos moradores, e o espaço coletivo, interno aos edifícios e de uso restrito aos moradores. A escala de bairro do espaço público foi trabalhada por meio de pátios criados a partir da forma dos edifícios, assim como pela relação entre eles - optou-se por edifícios em lâmina, em “C”e em “L”.
A apropriação e sociabilidade também são estimuladas no interior do edifício. Fez-se
uso da estratégia de qualificação das áreas de circulação como espaços de estar
e encontro, por meio de alargamentos nos corredores de acesso às salas do equipamento.
1 ou 2 pavimentos, com exceção da extremidade nordeste do
terreno, optou-se pelo uso de edifícios baixos. Limitou-se, portanto,
Como programa, procurou-se mesclar usos nos térreos, projetando-se tanto salas
para as atividades
culturais quanto pontos para pequenos comércios e serviços. Prevê-se, como programa complementar ao do SESC, o oferecimento de oficinas relacionadas à cultura digital - como informática, robótica, comunicação audiovisual, dentre outras - à expressão corporal - como artes cênicas, danças urbanas, dança do ventre, capoeira - música, fotografia, culinária; a promoção de eventos de música ao vivo, de jogos online, saraus - além da proposição de salas de leitura e de estar integradas à lanchonetes e cafés. Quanto aos pequenos comércios e serviços, são propostas pequenas salas que possam abrigar estabelecimentos locais como hortifruti, farmácia, padaria, chaveiro, mercearia, dentre outros.
42
apropriação
Haja vista a caracterização do entorno por gabaritos de
o gabarito em
4 pavimentos (térreo+3) , a fim de manter
a circulação vertical feita exclusivamente por escadas.
Atingiu-se um total de 296
unidades, resultando
na densidade habitacional de 224 habitantes por hectare.
No que diz respeito às áreas públicas, o caráter de bairro
é almejado por meio da Perspectivas do equipamento feitas a partir de modelagem digital
dimensão dos espaços
propostos. Acredita-se na possibilidade de oferecer uma N
contrapartida ao modelo vigente de segregação por meio de muros e cercas. Propõe-se, então, a distinção dos espaços 43
a partir de canteiros gramados, vegetados ou arborizados, a fim de sugerir um
caráter mais recluso ou mais aberto do espaço público. Tendo em vista a proposição de unidades habitacionais térreas, tal estratégia se mostra eficaz quanto ao afastamento dos principais fluxos e aglomeramentos das proximidades da habitação, garantindo, assim, maior privacidade aos moradores. Também foram projetadas venezianas
Quadra de basquete 3x3. Área de lazer Caracterização de praça de bairro para uso
separada, em nível, dos espaços de caráter
e apropriação dos moradores.
mais recluso, próximos às unidades.
para esse mesmo propósito.
Espaços maiores e mais abertos são propostos, portanto, como áreas de
vitalidade nas vizinhanças e a apropriação do espaço público como principal mote do trabalho, assumindo-os como motor central da criação de um sentimento de pertencimento e comunidade. Estes, por sua vez, tem grande influência - segundo Jane Jacobs - no sentimento de segurança de um bairro, efeito dos chamados “olhos da rua”; no grau de satisfação dos moradores com o conjunto assim como na manutenção deste por parte dos primeiros. uso comum dos moradores. Tem-se a
44
Escadaria de conexão entre níveis qualificada como lugar de estar e
Exemplo de apropriação das praças de
sociabilidade.
bairro criadas.
Playground separado, em nível, dos espaços de caráter mais recluso, próximos
Área de estar coberta como espaço de
às unidades.
reuniões e lazer.
45
UNIDADES coletivas em altura. Por meio do deslocamento entre as unidades foi possível criar porosidades no edifício, terraços, para uso e apropriação dos moradores. O intuito é que estes espaços se tornem uma extensão da habitação, um lugar onde crianças possam brincar dentro do campo de visão dos pais, onde pode-se descansar em um dia quente depois do trabalho, onde as pessoas reunam para conversar com amigos e vizinhos, enfim, um lugar onde se ative a vivência da rua no interior do edifício.
A escala mais restrita do uso foi trabalhada a partir de áreas
As unidades foram desenvolvidas a partir de uma modulação
de 1,25 m. Concebeu-se duas tipologias base, de 50
m2 e 25 m2, sendo
50 m2
a primeira dotada de dois quartos, ambiências para sala e copa, cozinha, lavanderia e banheiro. A segunda é concebida a partir de um espaço único que cumpriria as funções de quarto/estar, cozinha e lavanderia, sendo outro espaço reservado para o banheiro.
Corte BB’
O projeto das unidades partiu do princípio da desconstrução
deslocamento de módulos foi possível estabelecer melhores relações entre as ambiências internas, assim como criar maior dinamismo no desenho das fachadas. de um prisma. Por meio do
25 m2 0
46
0
5
10
1
2
47
N 2
Tendo em vista as diversas conformações familiares 1
17,2 m2
0
atendidas pelos programas de Habitação de Interesse Social, também foram 2
propostas possibilidades de expansão para ambas as tipologias, a fim de
1
oferecer opções que melhor se enquadrem em cada perfil.
50 m2
coletivo no projeto, tem também função de
50 m2
0
A porosidade dos edifícios, além de configurar a escala do uso
14 m2 2
absorver as expansões das
1
0
unidades. 2
1
0
2
Corte CC’
1
25 m2
0
9,4 m2
12,5 m2
25 m2
12,5 m2
25 m2
50 m2 9,4 m2 0
48
1
2
49
Tirante Suporte nivelador Painel forro
Viga I metálica 18x25
CONSTRUÇÃO
2
Ca
Pilar metálico retangular vazado 15x15
Te
Terça metálica 5x10
Corte CC’
O edifício se estrutura por pilares e vigas
metálicas dentro
2,75 m
5m x 5m, sendo o módulo que contém o núcleo de escadas contraventado por tirantes de aço em “X”, a fim de garantir a rigidez da modulação de do conjunto.
Acabamento
estabelecidos 4
Pil
Painel forro
1
Painel parede Os fechamentos são Manta feitos por painéis pré-fabricados . Foram impermeabilizante Contrapiso de concreto 5cm
Vi
Tirante Suporte nivelador
Rodapé tipos de Painel painéis parede: cheio de 50 cm, cheio piso 4cm Tirante
2
0,5 m
0,75 m
1,1m
Viga I metálica 18x25
de 75 cm, de 1,1 m com aberturaSuporte paranivelador porta (80 cm) e de 1,1 m com abertura para Guia para teto
Guia metálica
esquadria (90 cm). Os painéis parede seriam compostos por montantes metálicos e
1
Chapa de gesso
placas cimentícias, adotando, em seu miolo, um isolante termo-acústico. A intenção é propor um tipo de vedação
leve e sem função estrutural.
piso se estruturaria por painéis compostos por um miolo de madeira laminada, contraplacado, em ambas as faces, por lâminas de madeira e placas cimentícias. Vigas secundárias se distribuiriam ao O
longo da estrutura principal, espaçadas a uma distância de 1,25 m. Acima do painel viria uma manta impermeabilizante, o contrapiso 0
50
2,5
5
acabamento.
1,1m
de concreto e o
0 Acabamento Contrapiso de concreto 5cm Manta impermeabilizante Painel piso 4cm Tirante Suporte nivelador Guia metálica
1
2
1 Painel parede Rodapé Viga I metálica 18x25 Guia para teto
Chapa de gesso
51
painéis forro, criando um espaçamento de 15 cm para a 5 Cantoneira ou fita passagem de fiação e tubulações, facilitando, assim, a manutenção destes. para cantos A cobertura foi concebida a partir da inclinação da viga do último pavimento Parafuso autoperfurante metálica em 2%, mínimo recomendado para a utilização da telha metálica sanduíche - opção Guia feita Placa cimentícia Isolante sob princípios de conforto térmico. A coleta de águas pluviais seria feita por meio de uma calha Fita para juntas Montante metálico para tratamento intermediária, alinhada a estrutura principal,Massa de modo que osde juntas condutores verticais desçam
5 3
Optou-se, também, por
Parafuso autoperfurante Placa cimentícia Placa cimentícia Fita para juntas Massa para tratamento de juntas Fita para juntas Massa para tratamento de juntas
3
3
6
Cantoneira ou fita para cantos 7
4
Parafuso autoperfurante
Guia metálica
Guia metálica
Placa cimentícia
Guia metálica Parafuso autoperfurante Isolante Montante metálico Isolante Montante metálico
Guia metálica
4 Guia metálica
Placa cimentícia Parafuso autoperfurante
Placa cimentícia
Montante metálico Parafuso autoperfurante Parafuso
5 Guia metálica Placa cimentícia Isolante
7
estrutura, cobertura e vedação
Montante metálico Placa cimentícia Massa para tratamento de juntas Fita para juntas
Parafuso autoperfurante
Montante metálico Parafuso
Guia metálica Placa cimentícia Parafuso autoperfurante
Montante metálic Parafuso
Batente metálico
Batente de madeira
7
diálogo, na fachada, com o jogo de cheios e vazios criado pelas esquadrias das unidades - que também reproduzem esta linguagem.
Placa cimentícia
Guia metálica Parafuso autoperfurante
Alizar
ao chão,
Detalhes construtivos das interfaces de
Guia metálica
Montante metálico Parafuso
Fita para juntas Batente metálico Montante metálico Massa para tratamento de juntas Montante metálico Batente de madeira Massa para tratamento de juntas Esquadria metálica Fita para juntas
Alizar
4 6
3
Para as áreas de terraço estabeleceu-se guarda-corpos, também metálicos, fechados
com tela. Foram concebidos de forma que alguns módulos se extendessem de teto
5
6
rentes à fachada do edifício.
4 ou fita Cantoneira para cantos Cantoneira ou fita para cantos Parafuso autoperfurante
6
Esquadria metáli
Isolante
Isolante
a fim de estabelecer um
5 2
Cantoneira ou fita para cantos
Calha Intermediária Parafuso autoperfurante Placa cimentícia Telha metálica sanduíche
Terça metálica 5x10
Fita para juntas Viga I metálica 18x25 Massa para tratamento de juntas
Tirante Suporte nivelador
4
4
3 6
5
Cantoneira ou fita para cantos Parafuso autoperfurante
Guia metálica
Guia metálica Placa cimentícia
Isolante Placa cimentícia
Isolante Montante metálico 3
Fita para juntas Massa para tratamento de juntas Parafuso autoperfurante
3
52
Painel forro
Montante metálico Montante metálico Parafuso Batente de madeira
Pilar metálico retangular vazado 15x15 6 6
Guia metálica
Alizar
5
4 5 7
6
7 Cantoneira ou fita para cantos
Guia metálica Parafuso autoperfurante Guia metálica Guia metálica Placa cimentícia Guia metálica Placa cimentícia Placa cimentícia Parafuso autoperfurante Montante metálico Placa cimentícia Isolante Parafuso autoperfurante Massa para tratamento de Montante juntas metálico Fita para juntas Montante metálico Fita para juntas Massa para tratamento de juntas Parafuso autoperfurante Parafuso Montante metálico Batente de madeira Parafuso Batente metálico Alizar Esquadria metálica Isolante
7 3
4
Cantoneira ou fita para cantos
Guia metálica Parafuso autoperfurante Placa cimentícia Parafuso autoperfurante Fita para juntas Massa tratamento de juntas Batentepara metálico
Placa cimentícia Guia metálica Isolante
Guia metálica
Placa cimentí
Parafuso autoperfurante
Montante me Massa para tr Fita para junt
Montante metálico Montante metálico Parafuso Esquadria metálica
Isolante
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