MARIANE RIOS - TFC 2014

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MODULAR

MARIANE RIOS

2014

H A B I TA Ç Ã O



MARIANE RIOS

FLEXIBILIDADE NA HABITAÇÃO

Caderno de Projeto apresentado ao Centro Universitário Moura Lacerda para cumprimento das exigências parciais para a obtenção do título de graduação em arquitetura e urbanismo sob a orientação do professor Onésimo Carvalho de Lima.

RIBEIRÃO PRETO 2014



RESUMO A pesquisa demonstra a compreensão sobre o entendimento de habitar, verbo associado a ação do fazer e realizar dentro do espaço habitacional, que seria a relação direta da realização de atividades praticadas hoje no programa de uma moradia, com o espaço arquitetônico, podendo este ser gerenciado não só pelo arquiteto responsável pelo projeto, mas também pelo usuário. Isto é possível ao tratar oe espaços habitáveis com adaptabilidade, polivalência, multifuncionalidade, elasticidade e mobilidade, conceitos que definem a flexibilidade funcional tratada no trabalho. Esta conduz a participação ativa do morador na configuração contínua espacial, pois permite espaços neutros, com o mínimo de compartimentos possíveis, e flexível a um universo de usos, que poderá atender a infinitas tipologias familiares contemporâneas. A proposta é a realização de um modelo de habitação que incluam todas as estratégias direcionadas a flexibilidade para uma habitação satisfatória, que atenderá tanto as possíveis mudanças de uma família, como adaptações a outros grupos familiares e outros usos de um mesmo espaço. Para a realização de um projeto compatível aos conceitos de flexibilidade foi proposto o sistema de pré-fabricação e modulação. Concretizando assim uma obra ao máximo racionalizada, e padronizada em série, levando em consideração a ausência de monotonia e realização de projetos infinitamente variáveis, já que os módulos podem ser personalizados pelos usuários e associados de diversas formas. Será uma obra realizada com o mínimo de custos em curto prazo, vida útil prolongada, reutilização de materiais, obra seca, limpa e sustentável, agredindo ao mínimo o meio ambiente.

Palavras-chave: habitar; adaptabilidade; elasticidade; flexibilidade funcional; espaços neutros; pré-fabricação; modulação.


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ENTENDIMENTO DE FLEXIBILIDADE

MODOS DE HABITAR EFETIVO

APRESENTAÇÃO

SUMÁRIO

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ANÁLISE DE PROJETOS

CONCLUSÃO

REALIZAÇÃO PROJETUAL

LEVANTAMENTO DE DADOS

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SUMÁRIO


APRESENTAÇÃO

APRESENTAÇÃO


As profundas transformações tanto do perfil demográfico, sociocultural e econômico, como nos padrões comportamentais da sociedade contemporânea, são questões fundamentais para se questionar a grande parte das atuais soluções arquitetônicas, que se apresentam em alguns casos com hostilidade a estes fatores. A análise do contexto histórico da estrutura familiar decorrente nos séculos passados aliado a grande diversidade social e cultural de membros familiares atuais, conduziu um interesse de estudo pela forma de morar contemporânea existente, assim como os recursos de atendimento a uma habitação ideológica e satisfatória a todos os tipos de famílias e seus possíveis desmembramentos. A concepção espacial de moradia, local de mediação social e também de acolhimento e descanso, para responder as necessidades de uma diversidade de modelos familiares deve ser explorada ao máximo como um espaço neutro e indeterminado, adéquo a multifunções. Isto significa aplicar ao projeto a estratégia de flexibilidade organizacional, em que tem-se a setorização das áreas supostamente fixas e em seguida são determinados os espaços livres, planejados para possíveis mudanças dos usuários e futuros moradores. Entretanto, muitos conceitos que conduzem ainda a grande parte das habitações remontam o modelo da moradia burguesa da Europa no século XIX, executados, principalmente, com métodos de construção tradicionais. Estes apresentam como resultado uma construção permanente, compartimentos fixos, que para futuras mudanças são necessários reformas com alto custo e á longo prazo. Os espaços livres definidos como polivalentes, podem ser acompanhados por elementos flexíveis móveis e variáveis, como divisórias operacionais que criam uma multifuncionalidade ainda maior na habitação. A ausência de hierarquia no espaço e a flexibilidade permanente de certos fechamentos internos e externos viabilizam usos múltiplos: alternados, sobrepostos ou, simplesmente contíguos. Unidades residenciais hoje dominantes pela apropriação de governos e especuladores, deveriam indicar como requisito básico a disposição para questionar espacialidades, materiais e técnicas construtivas convencionais, mostrando que também é possível trabalhar de forma inovadora e barata para atingir esse objetivo. A fim de atingir uma proposta beneficamente sustentável, com redução de tempo e mão de obra, racionalização de materiais, e custo benefício o trabalho incluirá em sua tese a pré-fabricação modular como diretriz construtiva e tecnológica. O sistema influenciará na organização de espaços flexíveis, e na flexibilidade da unidade modular, que seria a livre combinação de módulos, podendo ser facilmente associadas (elasticidade) ou desassociadas (contração).

Serão mencionados no desenvolver do trabalho teses de doutorado, como de JORGE, L.O.; programas de pesquisas e pós-graduação, como de WAINBERG,C.; livros e textos dissertativos, como de TRAMONTANO,M.; além do acesso a sites e revistas, como utilizado para consultoria das referências projetuais. A organização dos tópicos foram pensados para maior equilíbrio e clareza dos assuntos. A começar pela síntese teórica, que relata de início a problemática atual das tipologias familiares, e em seguida apresenta as diretrizes projetuais para obtenção da flexibilidade contínua na habitação. Considerando que os conceitos foram aplicados tanto na organização interna habitacional como na colocação construtiva do material, como por exemplo os conceitos de elasticidade, evolução e ampliação. Será apresentado no trabalho os fatores que conduziram a redução do modelo familiar nuclear convencional, e a influência desta questão na organização dos modos de morar atuais, sendo um fator diretamente relacionado ao programa de necessidades dos modelos familiares. A partir da introdução teórica será conceituado as formas de obtenção de respostas arquitetônicas intermitentes aos ciclos familiares atuais. Discorridos como tópicos de elementos direcionados a flexibilidade e estratégias de flexibilidade espacial. Em seguida é feito a análise de projetos referenciais e a teoria conduz ao levantamento de dados para concretização de projeto. Proposta: uma unidade habitacional direcionada a diversidade multifuncional necessária para satisfazer as famílias do século XXI. Resolução: habitação modular flexível com tipologias infinitas de apresentação. A arquitetura flexível e adaptável ainda faz parte de uma área emergente, primitiva referente a projeto e construção. Existem destaques de aplicações concretas deste tipo de arquitetura em alguns países, como o Japão e Estados Unidos, além de projetos mais antigos concentrados também no continente europeu. Entretanto, no Brasil ainda não é conceituado como um tema aplicado na maior parte das produções arquitetônicas. Sendo assim, este trabalho poderá ser uma base de estudos para mostrar ao arquiteto e usuário a importância do tema no mercado de trabalho, considerando que atualmente ainda há muitas adaptações a serem feitas e projetos que solucionem o resultado da diversidade de famílias na organização dos espaços.

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MODOS DE HABITAR

MODOS DE HABITAR EFETIVO


Os conceitos que ainda norteiam sua concepção espacial e tecnológica remontam ao modelo – internacionalmente difundido, aliás - da habitação burguesa europeia do século XIX, resultando, em sua imensa maioria, em casas e apartamentos divididos em cômodos funcionalmente estanques – quartos, salas, cozinha e banheiros -, agrupadas em zonas Social, Íntima e de Serviços [...] (TRAMONTANO; BENEVENTE, 2004, p.02)

A família nuclear convencional, que em 1970 era um modelo dominante dentre os grupos domésticos do Brasil, nos dias atuais preenchem menos de 60% do país. Isso acontece de acordo com Berquó (1989 apud TRAMONTANO; BENEVENTE, 2004, p.03) devido “a queda acentuada da fecundidade, o aumento da longevidade, a crescente inserção da mulher no mercado de trabalho, a liberdade sexual, a fragilidade cada vez maior das uniões, o individualismo acentuado, etc. [...]”. São fatores que tendem a alterar o tamanho, a estrutura e a função da família, sendo necessário um novo desenho do espaço doméstico, planejado de forma que atenda a diversidade de perfis familiares e suas atividades. Acrescenta-se ainda as novas estruturas de trabalho e os meios tecnológicos, que possibilitam a nova geração uma transição temporária nos meios de trabalho e até mesmo do local da atividade, já que a concecção tecnológica permite um acesso virtual a qualquer lugar do mundo, podendo ser feito até mesmo no espaço residêncial. Nota-se uma fluidez maior dos jovens com relação a esta tese, de instabilidade espacial, curiosidade e aperfeiçoamento de estratégias na gestão de trabalho, diferente de gerações passadas em que acontecia de forma mais duradoura e permanente. Segundo Jorge (2012), com base em pesquisas de 2009 (IBGE 2010) a pluralidade familiar citada anteriormente apresenta profundas transformações, como a estabilidade dos níveis de fecundidade de 1,94 filhos, e o aumento de vida de 73,1 anos.

Taxa de Fecundidade no Brasil – 1940/ 2009. Diminuição acentuada nos níveis de fecundidade desde a década de 40. Em 2009, apenas do avanço mínimo, especialistas apontam para a estabilidade. Fonte: Censo Demográfico 2000 (IBGE, 2000); PNAD 2009 (IBGE, 2010).

de pessoas Número

Segundo Tramontano e Benevente (2004) a sociedade brasileira que acompanha as transformações sociais e o perfil demográfico e comportamental decorrentes do século XX e, sobretudo, das ultimas décadas, apresenta respostas arquitetônicas, que em sua maioria, não atende ao programa de necessidades doméstico de sua época e os novos costumes.

1981

1990

2001

Gráfico 02 - Número médio de pessoas por família residentes em domicílios particulares – 1981 a 2001. Fonte: Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios 1981 a 1989 e 1990 e 2001. IBGE. Pode-se afirmar que as alterações mais relevantes dos modelos familiares têm origem, na emancipação financeira feminina a partir da sua inserção no mercado de trabalho, na propagação da pílula anticoncepcional e na decorrente perda da função de dona de casa como modelo vigente. (JORGE, 2012, p.86).

Segundo Jorge (2012) a fase que progride aos clichês da década de 50, que seria a família nuclear com o pai como provedor e a mãe responsável por cuidar dos filhos, representa a fase marcante para o início de projetos residenciais que correspondessem à diversidade de estilos de vida e modelos familiares. Entretanto, de acordo com CIAM II (1929), na década de 1920 e os primeiros anos de 1930, já havia uma fase de desenvolvimento positivista e histórico da modernidade, que marcou rompimento das tradições do passado. Neste período estavam sendo introduzidos novos avanços na organização industrial, conhecida como segunda revolução industrial, ela adicionou a produção eficiências operacionais e métodos novos e simples, que possibilitaram a estandardização e produção na indústria em série a baixo custo.

Paris século XIX - Seção vertical de uma família típica burguesa Fonte:BENEVOLO, Leonardo.A história da cidade. São Paulo: Ed. perspectiva, 2003, p.597

Os padrões construtivos desta época refletiam a visão tradicional da família do século XIX, o que promove uma incompatibilidade de presenciarmos ainda hoje, em pleno século XXI, padrões construtivos que persistem na construção de modelos convencionais, sem maiores ousadias e inovações. Porém, a diversidade atual dos grupos familiares e as mudanças sociais decorrentes na família nuclear convencional, emerge o interesse arquitetônico por um novo potencial de mercado, com estilos de vida que induzem a processos construtivos flexíveis, economia de recursos e sustentabilidade.

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1999

2004

Casal sem filhos Casal com filhos

2009

Mulher sem Outros tipos cônjuges com filho

Proporção de famílias constituídas por casal sem filhos, com mulher responsável sem cônjuge com filhos e outros tipos – Brasil – 1991/2004/2009. Constatação do decréscimo dos arranjos tradicionais (casal com filhos), e ascensão de famílias sem filhos e outras modalidades. Fonte: Dados. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Síntese de Indicadores sociais 2010: uma análise das condições de vida da população brasileira. Rio de Janeiro; IBGE;2010 As variações no perfil familiar, incluem alterações de tarefas, inversão de papéis sociais, valorização de laços de solidariedade e afeição, assim como a autonomia dos indivíduos. Incontestavelmente, a sociedade presencia a redução da dimensão das estruturas familiares e a eclosão de novas formas de vida. (JORGE, 2012, p.82)

A colocação da “eclosão de novas formas de vida” por Jorge (2012) se refere aos tipos de famílias majoradas posteriormente as novas tendências, dentre elas se destacam as famílias monoparentais, que sofre um grande aumento atribuído principalmente aos divórcios e rupturas de uniões livres, e em menor número aos casos de viuvez e maternidade solitária (mães solteiras). “[...] a monoparentalidade pode ser apenas uma etapa transitória na vida de um grupo familiar, sucedendo uma separação conjugal, precedendo uma nova união.” (TRAMONTANO, 1993, p.03). O que reflete a necessidade de que este grupo familiar não tenha um espaço habitacional projetado para funções especificas e compartimentos fixos, mas sim uma espacialidade flexível e adaptável a novas mudanças.

Arranjos familiares contemporâneos plurais. Modelos diversificados de família, conforme dados censitários brasileiros. Fonte: Esquema JORGE, São Paulo- 2012, p.92.

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No Brasil, a porcentagem das famílias monoparentais vem aumentando nas últimas décadas, apresentando um crescimento de 42,5% em apenas 17 anos (de 1970 á 1987). Segundo o IBGE (Síntese de Indicadores Sociais 2010), enquanto apenas 2,16% das famílias monoparentais brasileiras são chefiadas por homens, 17,3% são chefiadas por mulheres. Esta desigualdade existe segundo Jorge (2012) pela valorização da mulher no mercado de trabalho, e justifica-se pelo alto índice de “recasamentos” dos homens, que muitas vezes acontece com faixas etárias menores, enquanto muitas mulheres permanecem sós após separações ou viuvez. São efeitos que impactam alterações no dimensionamento domestico, no agenciamento do espaço da unidade e de sua localização no meio urbano. O número de pessoas vivendo sós também sofreu grande crescimento nos países industrializados e no Brasil. Conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2009 – PNAD 2009 (IBGE, 2010), em 2009 foram identificados em domicílios unipessoais, 41,8% de idosos, ou seja, a maior parte de indivíduos vivendo sozinhos tem 60 anos ou mais. O aumento do número de divórcios, o retardamento da idade do primeiro casamento, o fortalecimento da opção pelo celibato, a emancipação da mulher e o aumento do número de viúvos na Terceira Idade causaram, nas últimas décadas, um aumento crescente do numero de pessoas vivendo sós. (TRAMONTANO, 1993, p.07).

Além dos fatores citados, Tramontano (1993) acredita que esse aumento também esta diretamente relacionado ao novo modo de vida dos jovens, sendo a maioria homens bem sucedidos, estes deixam os pais muito frequentemente para viverem sozinhos, retardando a idade do casamento. O que implica em um percurso de habitação dos jovens que a principio é solitário, mas que futuramente pode agregar outros membros, que por fim pode acabar em futuras separações por desentendimento. Há ainda a generalização das uniões livres, que indica o aumento da população na preferência pela coabitação sem vínculos legais. O que difere os valores da sociedade apresentados na primeira metade do século XX, sendo nesta época a base da realidade social casar-se pela profissão, fortuna e qualidades morais. Posteriormente a esta fase os jovens já pensam em casar por amor, não dependem mais do casamento para escapar das autoridades dos pais, e não dependem do casamento para manter relações sexuais regulares com seus respectivos parceiros. “O casamento deixa de ser gradativamente uma instituição para tornar-se uma formalidade.” (TRAMONTANO 1993, p.08). Segundo o IBGE (apud VALLI, 2011), esse grupo de famílias dobrou entre os anos de 1996 e 2006, chegando ao numero de 2 milhões de casais em 2006. A fonte do IBGE (2010) indica que casais independentes sem filhos tem um avanço significativo de 17,4% dentre os arranjos familiares. Segundo Jorge


(2012) esse modelo é conhecido também por DINKs (Double Income, No Kids), um grupo com participação ativa no mercado de trabalho por possuir renda própria e superior, aplicando estas em serviços voltados a educação, a cultura, ao lazer e a moradia. A situação econômica do modelo conduz a uma independência e resultam na habitação em investimentos de comodidade, conforto, inovações e tecnologias. O universo cotidiano contemporâneo esta completamente influenciado pela inserção de novas tecnologias, mídias eletrônicas, meios de comunicação e transporte, e disseminação de novos equipamentos e eletrodomésticos, o que contribui para uma desconstrução da entidade familiar única e direciona novos estilos de vida, comportamentos sociais, padrões de consumo e relação com espaço físico. Existe também de acordo com Tramontano (1993) a coabitação sem vínculo conjugal ou de parentesco, que seriam os grupos domésticos que habitam um mesmo espaço por afinidades pessoais, sejam elas profissionais, estudantis, ideológicas, ou então imperativos financeiros, sendo os dois últimos os que mais se destacam nas cidades industriais. O grupo também engloba os casais homossexuais e grupos estudantis que vivem sob o mesmo teto. No Brasil esse grupo tem participação de 0,3% no total de unidades domésticas, porém é necessário citar que em número real teve um aumento de 35,7%, em 1987. Família reconstituída

Família Monoparental

Família

Casal sem filhos

com agregado idoso

Família com agregado

Família unitária

Família nuclear (5p)

Coabitação

Família nuclear (4p)

Idosos

Família nuclear (3p) Arranjos Familiares Fonte: Adaptado de: JORGE- São Paulo, 2012, p.258.

“O que se pode constatar atualmente é a libertação da vida cotidiana do domínio da tradição, o enfraquecimento de sua força e a emergência de uma sociedade cosmopolita global.” (JORGE, 2012, p.85). A tradição modernista, caracterizada por rituais e repetições agora em declínio introduz novas mudanças na vida humana, como uma maneira de viver mais aberta e reflexiva. Dados do IBGE (2007, 2010), constatados por Jorge (2012), referentes ao processo familiar no Brasil no período de 1996 a 2009, mostram o modelo nuclear como dominante, porém enfraquecido. Mesmo que cada um dos outros modelos familiares existentes se apresentem com um percentual mais baixo, são considerados juntos metade dos arranjos familiares do país, além de representar modelos que estão em constante progresso.

Unipessoal Duas ou mais pessoas sem parentesco

Casal sem filho

Casal Casal com Casal Mulher Homem chefe Mulher Homem sem filho filho com filho chefe sem chefe sem sem cônjuge e com e com cônjuge com cônjuge chefe sem com filho e cônjuge parente parente comfilho e filho com filho com parente parente 1981

1990

2001

2005

Composição dos tipos de famílias brasileiras. Fonte: PNAD / IBGE

O modelo familiar tradicional ainda se sobressai sobre as outras, porém sofreu algumas alterações internas, como por exemplo, o aumento da independência dos membros. “Assim a família deixa de ser uma microssociedade. Deixa de ser uma instituição para se tornar um simples ponto de encontro entre vidas privadas.” (TRAMONTANO 1993, p.09). Tramontano (1998) apresenta a família, como: “[...] uma família nuclear renovada, ainda dominante nas estatísticas, mas com um enfraquecimento da autoridade dos pais em benefício de uma maior autonomia de cada um de seus membros.”. A hierarquia dos membros de uma familia já não seguem mais a mesma colocação de séculos passados, o avanço do meio tecnológico e a comunicação virtual permitiu que as novas gerações se tornassem autenticas e independentes. Fator que conduz uma mudança na distribuição das atividades do espaço de habitar. Segundo Tramontano e Benevente (2004) as casas da classe média das grandes cidades apresentam quartos com metragens cada vez menores, sendo que em contraponto, devido à individualidade constante dos membros familiares, este espaço apresenta uma sobreposição de funções cada vez maior, onde é preenchido por uma grande quantidade de itens mobiliários e equipamentos. É observado uma dvergencia entre o contexto real e as soluções aplicadas as moradias. De acordo com Tramontano e Benevente (2004) atividades como a preparação e o consumo de refeições são inseridas de outra forma no programa, considerada uma atividade mais frequente fora da habitação, ela tornou-se um espaço mais de convívio e lazer do que de serviço. Logo, conclui-se que a localização deste programa se encontre disseminada no espaço de convívio dentro da moradia, e não mais anexada em seu interior de maneira isolada.

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Sobre o momento do banho, este é um momento de relaxamento após um dia de tensões cotidianas, portanto não deve ser um local extremamente reduzido, de luz fria e delimitado por paredes de pequenas aberturas. É necessário que o banheiro se localize em um lugar estratégico na moradia atual. Com relação ao ambiente de trabalho no programa de necessidades contemporâneo, segundo Tramontano e Benevente (2004) houve uma re-introdução do trabalho em casa, recupera-se a união entre as atividades produtivas e as domésticas, no qual no modelo familiar nuclear o pai buscava o sustento material da família fora de casa, enquanto a mãe se dispunha a cuidar da esfera privada. Algumas condições vão facilitar a introdução do trabalho em casa, como: a revolução informática, que permitiu a comunicação virtual rápida e segura, transportando informações de forma ágil e fácil; o surgimento de profissões que permitem a escolha do lugar e horário independentes, sem prejuízo de desempenho e a própria condição das grandes cidades, que dificulta os deslocamentos e provoca grandes desgastes físico-emocionais nas pessoas. (TRAMONTANO; BENEVENTE, 2004, p.04)

A redução dos espaços domésticos fez com que a utilização do mobiliário e equipamentos convencionais se tornasse imprópria para os novos ambientes, de modo que estes agora só atendam ao programa habitacional convencional e não a um espaço com sobreposição de funções e atividades. Uma maneira tipológica desta organização seriam projetos arquitetônicos que apresentassem mobiliários flexíveis, conceito apresentado por Wainberg (2009) como protótipos multifuncionais do tipo transformáveis, que seriam peças unitárias que possibilitam uma diversidade de usos e mobilidade, se encaixando em qualquer ambiente. Diferente dos objetos monofuncionais, que em geral, apresentam seu uso como um cômodo fixado, dificultando e muito, ou até mesmo excluindo, a possibilidade de realizar variadas atividades no interior desse espaço doméstico. Desta forma, a relação entre o individuo e sua moradia tornaria mais bem sucedida referente à contemplação de espaços mais flexíveis. Tramontano (1993) apresenta exemplos de projetos que mostram uma maneira alternativa de qualificação do espaço, onde mesmo se utilizando dos nomes convencionais de cômodos com função determinada (cozinha, banheiro, etc) estas funções não constituem cômodos. A especificidade de cada porção do grande espaço central livre é definida pela presença dos equipamentos (de cozinha, de higiene, etc). A noção de “cômodo” é ultrapassada e a flexibilidade de uso do espaço interno da habitação depende apenas da mobilidade e da variedade de seus equipamentos. (TRAMONTANO, 1993, p.19)

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Sobre a questão da requalificação de espaços por equipamentos que os sirvam, Tramontano (1995) propõe a estruturação das funções da habitação pelo uso de zonas de estocagem. Os armários constituem o ‘núcleo duro’ da casa, não sendo tratados como resíduos de espaço, e sim definindo a hierarquia dos possíveis cômodos. “A parede de estocagem, por suas dimensões e seu desenho passa assim, a definir um lugar dentro da habitação [...]” (TRAMONTANO 1995, p.47) Segundo Tramontano (2000) os chamados espaços de serviços, que, na habitação convencional, são dispersos na totalidade da edificação, poderiam concentram-se em um único bloco, o de serviços, em geral a parte fixa da habitação, por conter os equipamentos hidráulicos. “[...] a ausência de hierarquia na maioria dos espaços e a flexibilidade permanente de certos fechamentos internos e externos viabilizam usos múltiplos: alternados, sobrepostos ou, simplesmente contíguos.” (TRAMONTANO 2000) A análise familiar contextualizada foi uma forma de compreender a problemática de atuação do tema no conceito de uma arquitetura residencial completa e efetiva. O processo histórico estudado a partir do século XIX, esclareceu as mudanças de valores e particularidades, e transformações sociais e econômicas, todas adquiridas pelos membros da família, considerando que novos padrões de tipologias familiares foram estabelecidos ao longo dos séculos. A unidade habitacional em detrimento da inexistência de um padrão familiar e de certa estabilidade em seu modelo, isto é, ausência de alterações nos integrantes da moradia providas do tempo, encadeia o complexo habitacional à necessidade de propostas que promovam sua organização espacial através do conceito e aplicação da flexibilidade. Além disso, existe a necessidade de se pensar para o projeto nas questões de sustentabilidade e econômia, no sentido que se pode baratear os custos através da determinação das áreas construídas e promover uma utilização mais otimizada das estruturas do entorno. Considera-se o tema imprescindível para obtenção de um projeto de moradia eficiente e satisfatório, já que o mesmo atende as necessidades atuais e futuras do usuário.


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FLEXIBILIDADE ENTENDIMENTO DE FLEXIBILIDADE


A flexibilidade na arquitetura residencial é um conceito que possui suas raízes nos antecedentes da arquitetura moderna, porém que evoluiu com o passar do tempo, sendo agora estudada para ser aplicada na arquitetura do século XXI. Wainberg (2009) acredita que ela promove bem estar ao usuário, além de incrementar a valorização do imóvel e dar um grau de liberdade a quem comprá-lo. Existem vários graus de flexibilidade e maneiras diferentes de serem aplicadas. “Em algumas obras aparecem exemplos que se utilizam teoria da planta livre que sugere ambientes liberados e serviços junto às paredes – a finestra arredata de Gio Ponti, por exemplo, e outras que sugerem o uso de “móveis-containers” atendendo a várias funções em um só móvel. Outros possuem, em seu projeto, elementos como portas de correr e divisórias móveis que facilitam a flexibilidade.” (WAINBERG, 2009, p.60).

Segundo Wainberg (2009) a concepção de flexibilidade no projeto de moradia coletiva pode atingir diversas tipologias. A princípio pode ser estabelecida como uma maneira de permitir variações de ocupação dentro de uma mesma forma arquitetônica. Em seguida, considera-se o conceito flexibilidade como elemento necessário para tornar possível mudanças futuras. A partir desse aspecto Galfetti (1997 apud Wainberg , 2009 e Jorge, 2012) subdividiu este tipo de flexibilidade em três categorias: “mobilidade”- que possibilita mudanças rápidas em espaços, permitindo reconfigurações diárias no ambiente; “evolução”-significa possuir uma capacidade para mudanças no layout básico a longo prazo, durante o passar dos anos; “elasticidade”este último subgrupo consiste na expansão ou contração do espaço habitável, através de um projeto inicial básico estabelecido. Ao lidar com estas possibilidades é importante considerar que a aplicação dos conceitos defendidos por Galfetti (1997 apud Wainberg , 2009 e Jorge, 2012) é muito mais cabível atualmente em um conceito de moradia sustentada pelos governos e órgãos públicos, pois empresas incorporadoras e investidores do atual mercado imobiliário não demonstram interesse em destinar parte de seus lucros em projetos tão complexos. Afinal estes projetos demandam mais tempo na formulação de ideias e muitas vezes mais recursos implantados. O mercado habitacional de apartamentos, influenciado por fatores econômicos e métodos de construção convencionais, não visa à diversidade necessária de usos e organização espacial, o que gera uma reprodução de imóveis prontos a serem consumidos e em seguida substituídos. Sob o ponto de vista das construtoras e incorporadoras, promover mudanças, nos padrões dos apartamentos, é sempre uma ousadia e um risco desnecessário. Os projetos consideram normalmente aspectos tecnológicos e amenidades que são estrategicamente levantadas conforme o público-alvo, a renda e a localização do imóvel. O objetivo máximo, em relação aos aparta-

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mentos residenciais, é garantir a comercialização do produto, para morar, alugar ou apenas investir. (JORGE, 2012, p.43)

A inflexibilidade gerada pelo mercado imobiliário trás uma demanda em que o morador não consegue intervir no espaço ao presenciar uma etapa distinta no seu ciclo de vida, sendo a arquitetura a responsável por gerenciar a mentalidade arquitetônica de ampliação e extensão da área habitável. Essa situação cria condições de renovação do mercado através de novos produtos, porém por outro lado se incentiva a proliferação de edificações abandonadas e deterioradas. A questão da flexibilidade na arquitetura como procede Wainberg (2009) envolve tanto procedimentos projetuais e construtivos, derivados do sistema de projeto adotado, como conceitos e soluções relativas à forma de utilização do espaço pelos diferentes modelos familiares. A visão de Hertzberguer (1999) sobre a flexibilidade é em acreditar que esta não é apenas á neutralização projetual de um edifício, isto é, dar á ele uma diversidade de usos, para que, pelo menos em teoria, ele abrigue a influência de épocas e situações de mudanças. O neutro consiste na ausência de identidade e falta de traços característicos. Hertzberguer (1999, p.87) afirma “O problema da mudança não é tanto uma questão de ter de adaptar e mudar traços característicos, mas de, antes de tudo, possuir esses traços característicos.”. Segundo Hertzberguer (1999) a flexibilidade significa a negação absoluta de um ponto de vista fixo, definido. O plano flexível tem um ponto de partida em que não existe uma solução correta, pois o problema é sempre temporário e esta em estado permanente de fluxo. A mudança de objetos dentro de um sistema que se mantém flexível produz soluções neutras para problemas específicos, não sendo nunca a melhor e mais adequada solução. Uma abordagem construtiva para uma situação que esta sujeita à mudança seria tratar dela própria como fator permanente, um dado estático. Em contraponto depara-se com o relato da situação atual de uniformidade das unidades de moradias. Mesmo que atividades como morar e trabalhar ou comer e dormir, sejam generalizadas como atividades, isto não significa que podem ser feitas exigências especificas sobre o espaço em que serão localizados. São as pessoas que determinam essas exigências especificas, pois interpretam a mesma e única função de acordo gostos específicos. Os projetos residênciais e urbanos construídas atualmente não permitem e não permitirão absolutamente nenhuma mudança fundamental posicionada posteriormente pelo comprador. Produzem uniformidade ao prescreverem o lugar em que as pessoas devem colocar suas camas e mesas, as variações da identidade são eliminadas na raiz.


Para isso Hertzberguer (1999) propõe uma nova maneira de pensar e de agir que possa conduzir a um “mecanismo” diferente, que seja menos fixo e estático e que atenda a complexidade da sociedade do século XX. “O essencial, portanto, é chegar a uma arquitetura que, quando os usuários decidirem dar-lhe um uso diferente do que foi originalmente concebido pelo arquiteto não seja conturbada a ponto de perder sua identidade” Hertzberguer (1999, p.92). É necessário que o usuário não se prenda a longo prazo aquela demanda inicial proposta pelo arquiteto, e sim que possa modificar o projeto e alterar a arquitetura do espaço mantendo sua identidade. É essencial que os edifícios e cidades sejam projetados com a capacidade de se adaptar á diversidade e à mudança e que os mesmos também tenham identidade própria e traços característicos, de maneira que interpretações individuais permitem nos projetos capacidades diferentes de acomodar, absorver, e induzir cada uma das funções e alterações desejadas no projeto. Jorge (2012) acredita na flexibilidade e funcionalidade como conceitos interrelacionados. O funcionalismo define-se como a relação entre funções e formas da arquitetura, mas é criticado ao determinar que cada função possui um lugar especifico dentro do espaço dominante, e a flexibilidade é definida como diversas funções a determinadas condições espaciais. Hertzberguer (1999) repreende o funcionalismo com relação as suas soluções especificas, a segregação de funções e a monotonia dos blocos residenciais uniformes, e propõe um único elemento ajustado a vários usos ao invés do uso especifico de cada elemento arquitetônico. O arquiteto busca soluções contrapostas as soluções padronizadas. “... soluções que estimulem a interação, a coesão social e a permutabilidade de usos.” (Jorge 2012, p.51). Segundo Jorge (2012, p.39) “O conceito de flexibilidade, na arquitetura, implica uma associação à natureza espacial, à tecnologia construtiva, ao programa e aos usuários, sendo uma tarefa difícil, de interpretações, muitas vezes, divergentes.” Em seguida aborda várias definições a ela, como: adaptabilidade, participação, polivalência, multifuncionalidade, elasticidade, mobilidade, evolução e outros. Conceitos que podem ocorrer antes, durante ou após a ocupação da habitação. Wainberg (2009) desenvolveu um estudo de uma série de projetos residenciais flexíveis com características tecnológicas peculiares e inspiradoras. No projeto Nine-Square Grid House (1997), em Hadano no Japão, o telhado é apoiado em duas extremidades por um mobiliário estrutural, as paredes recebem duas funções: armazenamento e estrutura. As divisórias internas são painéis de correr que seguem do piso ao teto, possibilitando mudanças na organização interna do espaço. A facilidade de seu fechamento possibilita que seja retirado sem nenhuma alteração da área. O projeto Naked House, de 2000 situado na zona

rural Kawagoe, Saitama, também no Japão, consiste em um projeto retangular, em que o espaço interno é ladeado de um lado por ambientes de serviços como despensa, cozinha e banho, e do outro segue uma parede contínua e translucida. Internamente tem-se um conjunto de ambientes móveis, posicionados sobre rodas e que podem estar posicionados de qualquer forma e em qualquer lugar. Os moradores podem se localizar dentro, fora, ou sobre eles. A flexibilidade apresentada neste projeto possibilita a transformação do espaço em diferentes usos, além de promover a integração do objeto com a área externa. A transformação da arquitetura se relaciona com o homem de duas formas, através do movimento e ausência de estabilidade dos ambientes e pela participação efetiva do usuário em seu manejo.

Nine-Square Grid House, Japão Fonte: Wainberg (2009)

Naked House, Japão Fonte: Wainberg (2009)

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Com a mesma proposta da Nakked House onde tudo no projeto da continuídade orgânica ao mesmo raciocínio arquitetônico e funcional, tem-se o projeto Fransworth, de Mies Van Der Rohe, constituído em 1951, na era moderna em . A forma geométrica da obra cria uma relação centrífuga com o entorno, construindo um abrigo na forma mais simples e funcional. Com excessão das paredes internas que delimitam os ambientes e conformam o banheiro, considerado a área fixa central de serviço, a casa é completamente aberta e livre á diversos usos. Outro projeto japonês flexível é o edifício NEXT21, executado em 1993, em Osaka. O edifício é dividido em dois estágios, o primeiro constiui a parede de concreto armado fixa, e o segundo estagio separado do primeiro é o interior. Foram utilizados novos sistemas tecnológicos, como piso de tatame aquecido e banheira automática e redes de infraestrutura com fácil acesso para trocas e manutenção.

A habitação de acordo com Jorge (2012) é um objeto de desejo universal, influente nas condições sociais, fisiológicas, psicológicas e morais do homem. De modo que ela é responsável pela segurança, proteção e estabilidade, além de ser um convite para a transformação de vida individual. As transformações decorrentes na vida humana permitem em cada fase novas atividades cotidianas provenientes de modificações culturais, tecnológicas, econômicas e sociais. Estas influências projetam ao futuro uma nova realidade, em que cabe a habitação consolidar um espaço que esteja associado aos novos modos de vida. A projeção de uma arquitetura fechada e compartimentada por elementos fixos, sem a interferência de manejos do usuário, seja momentanea ou de longos períodos, possibilitará um espaço ausente de identidade do ser humano para com o espaço íntimo do lar, e também com o entorno, que determina um sintoma de desorientação, podendo construir um caos emocional. O que indica a importância de se estabelecer uma relação afetiva, amistosa com o lugar, em harmonia e satisfação. Afinal a habitação é o instrumento de expressão e identidade cultural e social. De acordo com Jorge (2012) existem dois tipos de flexibilidade que elevam a longevidade de um edifício e evitam sua obsolênscia. Ambos apresentam o objetivo de manter a habitação constantemente ativa, sem substituição do espaço e garantir uma vida útil por Farnsworth- Mies Van Der ROhe - Cidade de Plano, Illinois -EUA. 1951 mais tempo possível. Fonte: http://www.quondam.com/21/2174.htm

Flexibilidade inicial, ou variabilidade, que seria definida como o grau de variações arquitetônicas possíveis, e flexibilidade subsequente, funcional ou contínua a que permite ao usuário uma adaptação de espaços da edificação, dos equipamentos e do mobiliário sem mudar nem mover a estrutura portante da edificação. (FOLZ, 2009 apud JORGE 2012, p.55).

Jorge (2012) entende a planta flexível como uma possibilidade de minimização de custos, considerando Farnsworth- Mies Van Der ROhe - Cidade de Plano, Illinois -EUA. 1951 que ela possui readequações de usos, como ampliahttp://www.archdaily.com.br/ ções, rearranjos espaciais, ou adaptações funcionais. Podem ser mudanças imediatas ou posteriores a habitação, concedendo à família a oportunidade de reformar sua unidade ao em vez de trocar de domicilio. A planta flexível que resiste ao tempo provém do modelo permanente. “O permanente (frame) absorve o conceito de durabilidade, representa as partes da edificação que sobrevivem as gerações, que constituem a armação/ suporte dentro do qual a transformação ocorre...” (Jorge 2012, p.63). Esse espaço característico referido seria aquele flexível onde processam alterações diversas. Leupen (2006 apud Jorge 2012) desenvolve um sistema composto por cinco camadas independentes, cada um constituído por uma coleção de elementos arquitetônicos desconectados: estrutura; pele (separação entre exterior/interior); fachadas e coberturas; cenário; instalações e acessos. Stewart Brand (1994 apud Jorge 2012) também NEXT21, Japão apresenta uma organização hierarquica entre diferenFonte: Wainberg (2009)

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tes camadas de um edifício, porém com a intenção de constatar a capacidade de renovação de cada elemento isolado em diferentes escalas temporais. A subdivisão aconteceu da seguinte forma: sítio - localização geográfica eterna; a estrutura - item de maior durabilidade, oscila entre 30 a 300 anos, e esta relacionada a toda vida útil do edifício; a pele - modificada a cada 20 anos, seja por intempéries, modismos ou inovações tecnológicas; os serviços (instalações elétricas e hidráulicas, sistemas de ar condicionado, elementos de circulação vertical, escadas) - atualizam a cada 15 anos ou menos; plano espacial (vedações verticais e horizontais internas) - oscilam entre 30 anos em residências; e por fim o material (mobiliários e bens pessoais), que mudam com certa frequência, alterando a decoração dos ambientes e objetos cotidianos. Existem elementos não duráveis e substituíveis, porém isso não se encaixa para o edifício, não é preciso construir para durar milênios como uma pirâmide, mas para viver ao máximo que puder e não provisoriamente.

Sítio Pele Estrutura Serviços Plano espacial

apresenta é a adoção destes elementos com mobilidade e deslocamento. Esta teoria é apresentada hoje como um caráter conceitual e experimental. Em seguida Puigdollers (1999 apud Jorge 2012) acresce a relação da flexibilidade a experiência corpórea do usuário, sendo ele o mediador na percepção do espaço. É através do corpo que existe a possibilidade de agir e executar tarefas. O corpo deve ser visto como uma máquina, um mecanismo para o desenvolvimento de funções básicas e cotidianas. O que permite considerar uma relação fundamental do corpo com o espaço, pois é ele quem o habita e o da funcionalidade. A organização espacial esta diretamente relacionada da experiência corpórea do usuário. Como forma de incentivar os homens e mulheres modernos a aspirarem à mudanças na percepção do espaço habitável, Berman (1998 apud JORGE, 2012, p.41) assegura “Precisam aprender a não lamentar com muita nostalgia as “relações fixas, imobilizadas” de um passado real ou de fantasia, mas a se deliciar na mobilidade, a se empenhar na renovação...” A busca pelo novo trás inovação tecnológica para desempenhos de funcionalidade, multiplicidade de usos e melhor aproveitamento do espaço de morar. A flexibilidade representa a superação do espaço ao modo de habitar automatizado e tecnológico, desta forma os integrantes da sociedade devem buscar estes novos mecanismos como soluções de projetos e não se fechar a meios de construção tradicionais e ideais passados de organização espacial.

Pertences Diagrama de constituição dos edifícios por camadas, conforma Stewart Brand. Fonte: JORGE- São Paulo, 2012, p.258.

Puigdollers (1999 apud Jorge 2012) acredita que as propostas mais inovadoras relacionadas à habitação, presentes na Holanda, Alemanha e França, estão associadas a uma flexibilidade traduzida em sensibilidade e vazio controlado. A partir disso identifica dois parâmetros fundamentais direcionados a novas concepções projetuais futuras: espaços flexíveis e espaços transformáveis. Espaços flexíveis “Soluções projetuais que abordam adaptabilidade e versatilidade de seus elementos secundários (partições, mobiliário, etc.)...” (Puigdollers, 1999 apud Jorge 2012 p.71). Estes espaços são definidos como propostas de ambientes que se adaptam a diversos usos e funções, ou então considera-se a transformação do limite do espaço através de mobiliário perimetral polifuncional, adquirindo em ambas as opções diversidades espaciais. Os espaços transformáveis são descritos como “Potencialidade de adaptação do habitat pelo usuário, e não a inversa.” (Puigdollers, 1999 apud Jorge 2012 p.71). A maior dificuldade na transformação do espaço habitacional são as restrições que os núcleos úmidos apresentam. Desta forma, a solução que Puigdollers

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Tipos de FLEXIBILIDADE Wainberg (2009) identifica a partir da análise de projetos flexíveis e dos elementos facilitadores de flexibilidade apresentados, a existência de dois tipos de flexibilidade, definidos como tipo A e tipo B. Ela pode acontecer nos projetos de acordo com dois fatores básicos: os que foram projetados para uma arquitetura neutra, deixando margens de interpretação maior para o usuário, ou os que oferecem a esse opções para a flexibilidade. O tipo A, é a flexibilidade da forma intrínseca, sendo dividido em duas partes. O tipo A1 seriam os projetos que apresentam espaços neutros, característica que permite uma transposição de atividades, pois sua conformação espacial possibilita a realização de diferentes atividades como: comer, estar e dormir. É necessário que esse isso aconteça sem perda de qualidade, tanto do espaço físico oferecido ao usuário como do desempenho das atividades realizadas. A forma intrínseca tipo A2 seria a apresentação da flexibilidade inicial, que admite a possibilidade de várias alternativas de plantas para escolha do cliente. Porém é considerada inicial, pois o usuário só opta pela sua distribuição espacial preferencial quando compra a planta, para alterações futuras já seria necessário lançar mão de reformas. Este tipo é considerado o mais difundido no mercado privado. A flexibilidade de forma projetada já é considerada outro tipo, mencionado por Wainberg (2009) como tipo B, um tópico aberto a subdivisões. O tipo B1 indica varias formas de layouts, isso acontece porque este tipo se refere a edifícios onde a flexibilidade aparece como premissa de projeto, e assim são deixadas claras alternativas de opções de distribuição de atividades, sem que para isso seja necessário recursos financeiros e muitos esforços físicos com reformas. É modificada apenas a distribuição da mobília e aparatos. Um exemplo de solução seria um projeto em que um núcleo central de serviço organiza os demais espaços, deixando estes livres para a organização de atividades. Existe ainda a flexibilidade projetada que propicia alterações nos espaços dentro da unidade com a chegada do dia ou da noite, é considerado o tipo B2. Este possibilita que a área dos apartamentos destinada a dormir durante a noite seja aproveitada de outra forma durante o dia, como local de estudos ou então espaço para diversão de crianças. Soluções para essa possibilidade, seria a de camas embutidas e mobiliário planejado junto com o projeto do imóvel, como apresenta o projeto das Moradias em Carabanchel, edifícios de apartamentos de Aranguren e Galegos, na Espanha. O tipo B3 seriam os projetos residenciais inacabados, em que é entregue ao usuário final, o morador, de maneira inacabada. Ao usuário é entregue o suporte e

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e a estrutura na qual cabe a ele inserir os componentes industrializados como desejar. Não é um tipo de flexibilidade muito encontrado nas residências, pois são métodos através dos quais o incorporador obtém menor lucro na comercialização e demandam um maior empenho no planejamento. Possibilidades de expansão de projetos indica um conceito do tipo B4. São métodos que garantem ao cliente aumentar em área as unidades residenciais depois de entregues. Segundo Wainberg (2009) “As Moradias Diagoon ilustram bem esse caso em que o terraço entregue pode ser utilizado pelo morador inclusive para fazer um aumento em área de sua residência.”. A última subdivisão, tipo B5 constitui a possibilidade de subdividir e integrar espaços. Wainberg (2009) afirma que isso é possível “... pelo uso de elementos facilitadores como portas e painéis de correr, pivotantes, dobráveis. Ou ainda através de mobiliário projetado como estantes vazadas, balcões baixos, armários com duas faces que atendam a duas atividades distintas.”. É um tipo de flexibilidade encontrada tanto em projetos novos, como em reformas de apartamentos antigos, em que o arquiteto que executa o interior parte de soluções que não envolva modificações estruturais. Apesar de impossibilitar alterações futuras, é uma estratégia positiva e eficiente, facilitando a interação dos espaços com o usuário e atividades. Brandão e Heineck (2013) identificam quatro conceitos pré-estabelecidos de flexibilidade que se aproximam das tipologias utilizadas por Wainberg (2009), porém que se apresentam de outra maneira. Foram aclamadas como: flexibilidade inicial, flexibilidade contínua, flexibilidade de layout (espacial), flexibilidade permitida e flexibilidade planejada. A primeira tem sinônimo de variabilidade dos produtos obtidos, adquirida na fase de construção interessa ao primeiro usuário e ao empreendedor. A contínua é conceituada também de posterior ou funcional, que seria aquela que acontece ao longo da vida útil da habitação. Sobre a layout seria a realização do espaço, de instalações e acabamentos. A flexibilidade permitida, equivalente a personalização, refere ao cliente que recebe apenas uma opção de layout ou acabamento, o que difere da flexibilidade planejada em que se tem uma criação de várias opção junto ao projeto. Referente à Forty (2000, apud Hill, 2003, apud Jorge, 2012) identifica-se três tipos de flexibilidade arquitetônica. A primeira seria a flexibilidade por meios técnicos (incorporação de elementos móveis), possibilidade que envolve um elemento complexo de posição fixa e escala limitada, e uma estrutura leve, regular e desmontável de painéis de piso uniforme, parede e teto. Este tipo de abordagem técnica permite um grau limitado de flexibilidade, com as configurações definidas previamente pelo arquiteto e manipulações poste-


riores de elementos arquitetônicos pelo usuário. A segunda tipologia é a flexibilidade por redundância espacial, que envolve um espaço tão amplo que cria condições ideais para usos diferenciados, como exemplo os suntuosos e espaçosos palácios barrocos. A seguir defende o preceito de Rem Koolhaas (1981) em que, dentre outras coisas, fala que a flexibilidade não é a antecipação de todas as mudanças possíveis, afinal a maioria das mudanças são imprevisíveis, ela é a criação de uma margem que permite interpretações e usos diferentes e mesmo opostos. E ao terceiro tipo se refere a flexibilidade como estratégia política (possibilidade da multifuncionalidade). A partir do estudo dos tipos de flexibilidade aplicados por Wainberg (2009) serão aprimorados para o projeto habitacional modular as tipologias flexíveis tipo A1, B1, B2, B4 e B5. Com relação aos coneitos de Brandão e Heineck (2013), o projeto será planejado com as promíscuas de flexibilidade contínua, flexíbilidade de layout e flexíbilidade planejada. Sobre os tipos descritos por Forty (2000, apud Hill, 2003, apud Jorge, 2012) os dois a seguir representarão o projeto: o primeiro mencicionado como flexibilidade por meios técnicos, e o terceiro que seria a flexibilidade com possibilidade de multifuncionalidade.

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ELEMENTOS DIRECIONADOS A FLEXIBILIDADE De acordo com Wainberg (2009) uma obra arquitetônica pode ser mutável, transformável e adaptável se tornando flexível a partir da colocação de vários elementos que facilitem este resultado. Cada projeto apresenta um tipo de solução para se chegar a este conceito, porém é uma diversidade de caminhos que podem se cruzar em soluções em comum. A partir de análises o autor realizou um levantamento dos elementos de projeto facilitadores da flexibilidade na arquitetura residencial. Em um total de quatorze elementos, seguem na sequência aqueles que serviram de base para o desenvolvimento do projeto habitação modular flexível. Considerando que foi feito um acrescimo de projetos arquitetônicos relacionados com os conceitos. Estrutura independente – O protótipo deste conceito foi a Maison Dom-inó de Le Corbusier. Através da planta com colunas livres do vínculo com os planos do teto e do chão, as paredes passaram a exercer apenas as funções de vedação externa ou de divisão interna do espaço, reduzindo sua espessura por possíveis materiais. Este projeto possibilitou uma nova visão de moradia e fluidez no espaço interno.

Modulação – Nos projetos de arquitetura ela aparece como um elemento de repetição, que se apresenta na mesma ordem, quantas vezes for necessário para a conformação e representação de um espaço arquitetônico. Existe o módulo unidade ou subdivisões do mesmo. É o módulo que estabelece o padrão dimensional para o projeto. Aparece como um elemento que produz sistematicidade, sendo imprescindível para um projeto que queira levar em consideração a pré-fabricação, a estandardização e a redução dos custos, já que torna possível a compatibilização dos sistemas e elementos envolvidos em uma obra. Mies Van der Rohe consiliou em seus projetos a aplicação da planta livre associada à modulação e à clareza dos elementos estruturais, carregando o traço da flexibilidade obtido pelos grandes vãos, pela organização da planta e pela separação obrigatória dos elementos portantes e não-portantes. Mies Van der Rohe adota em muitos de seus projetos a modulação como procedimento de organização construtiva.

Perspectiva de Le Corbusier para a Casa Dom-Ino, 1914. Fonte: FAZIO, Michael (et al.). A word history of architecture. New York: McGraw-Hill,2004.p.508

Pavilhão de Barcelona, Exposição Internacional, Barcelona, 192829. Planta-BAIXA; E Casa Farnsworth- Mies Van Der ROhe - Plano, Illinois -EUA. 1945-5. Dissolução dos planos interiores, malha modular, independência estrutural e organização central de núcleos rígidos. Fonte: ZIMMERMAN, Claire. Mies van der Rohe, 1886-1969. A estruturado espaço. 2007, p.43 e 64

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Divisórias móveis – É necessário que as divisórias móveis permitam ampla comunicação onde e quando forem usadas. Elas podem ser camufladas ou totalmente escondidas quando desejadas, seja por dobramento ou de maneira corrida. Colocada com a intenção do arquiteto de permitir maior flexibilidade ao projeto, é um elemento facilmente notado e visível. Um exemplo de projeto que utilizam esses elementos são os apartamentos do edifício Fukuoka, no Japão, eles mostram que a inserção destas divisórias móveis causam a ampliação de usos e distribuição das atividades no espaço doméstico. No projeto de Steven Hall para o edifício Fukuoka, os ambientes são determinados por painés divisórias, portas e armários deslizantes, e painéis pivotantes que são organizados manualmente, para delimitar os ambientes internos. A liberdade na movimentação dos painéis permite fazer uso do espaço de diferentes maneiras, seja ao longo do dia, ou períodos específicos do estágio familiar.

Edifício de Apartamento em Fukuoka, Japão, 1991. Holl. Divisórias operacionais e espaço interno modificável. Fonte: SCHWARTZ-CLAUSS, Mathias (ed). Living in motion. Design and architecture for flexible dwelling. 2002.p.57

Seleção de projetos adaptáveis do arquiteto Helmut Wimmer. Dispositivos ativos de divisão do espaço interno, cômodos uniformes, centralização de serviços. Fonte: JORGE, L.O. Estratégias de flexibilidade na arquitetura residencial multifamiliar. 2012, São Paulo. Tese de Doutorado. P.382.

Paredes divisórias internas leves – Para que esta seja aplicada de forma que atenda as expectativas do usuário, são necessários requisitos, como: satisfazer as necessidades de privacidade acústica e visual. Adequar-se as novas organizações espaciais, seja através de soluções desmontáveis ou móveis. Capacitação para servir como suporte para instalações, que podem ser desde o solo até o armazenamento de utensílios. Ser fabricada de forma industrial ou com materiais que permitam facilidade de aumento e/ou contemplação. Permitir a aplicação de portas e aberturas. Uma forma de se atentar a divisórias mais leves, é a colocação de paredes internas com espessura menor que as externas, Wainberg (2009) cita projetos com exemplos de gesso e madeira. Mobiliário como divisória – O mobiliário utilizado como divisória é um item que permite uma economia de área em habitações reduzidas, ele se confunde com a parede e torna-se polifuncional. Um mesmo móvel faz a separação de ambientes e ainda permite que sejam armazenados utensílios, roupas e alimentos. O mobiliário se adéqua a qualquer espaço quando necessário, permitindo adaptações a uma nova distribuição do layout. Exemplo de projeto: edifício Mitre, em Barcelona.

Projeto de reforma do Apartamento 40, São Paulo, Fernando Forte, Lourenço Gimenes e Rodrigo Marcondes Ferraz, 2008. Divisórias volumétricas pivotantes. Fonte: WAINBERG, C. Flexibilidade na Arquitetura Residencial- Um estudo sobre o conceito e sua aplicação. Porto Alegre, Junho de 2009. Pag.392.

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Núcleos de banheiros e cozinhas – A junção de atividades que se utilizam de instalações de infra-estrutura3, como canalização hidráulica, esgoto e elétrica, com a intenção de formar um único núcleo permite uma melhor eficiência econômica e construtiva na habitação. Esse processo existe desde os projetos de Mies Van der Rohe e outros mestres. Estes inseriam os núcleos na parte central e cediam a periferia para atividades nobres como estar, jantar e dormir. Atualmente a cozinha e o banho devem ser vistos como atividades de espaço e lazer. Não necessariamente a cozinha precisa ser um espaço fechado ou ser pensado como um ambiente, ela pode vir a ser um único balcão onde atividades acontecem e estar localizada nos espaços de estar. No banho, algumas atividades podem ser individualizadas, como a do sanitário que precisa de privacidade, e outras mais integradas como hidromassagem e lavatório. O projeto de Jaegersborg apresenta uma proposta híbrida que sustenta o conceito de flexibilidade e adaptabilidade ao comprovar através da intervenção a capacidade de transmutação e a vitalidade da edificação, capaz de resistir ao tempo. Foi projetado um núcleo multifuncional de cozinha, quarto suspenso, bancada de estudo e trablalho, e armário roupeiro. Incentivo ao uso livre do espaço da unidade, integrado ao balanço suspenso que integra o ambiente a paisagem.

Jaegersborg Water Tower - Copenhague, Dinamarca, 2006.Dorte Mandrup.Interior das unidades residênciais e seção esquemática. Núcleo funcional. Fonte: FAZIO, Michael (et al.). A word history of architecture. New York: McGraw-Hill,2004.p.508

Casa Farnsworth- Mies Van Der ROhe - Plano, Illinois -EUA. 19455. organização central de núcleos rígidos. Fonte: http://www.sweethomeimage.com/hd-wallpapers/farnsworth-house-interior-kitchen-high-quality-5034.html

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Shafts (Dutos de instalações verticais) – Os espaços ocos presente na parte interna das paredes são usados na arquitetura residencial e comercial para a passagem de dutos e instalações, permitindo economia e organização da construção. E seria interessante um fácil acesso com estas instalações. Uma solução exemplar seria a proposta de Habraken, onde a aplicação de shafts é feita pelo exterior da construção para facilitar os reparos nas canalizações. Fachada livre – A estrutura independente em um edifício possibilitou também a independência da fachada em relação ao restante dos sistemas, considerada a fachada um dos sistemas necessários para uma obra arquitetônica. É importante que a fachada seja desconectada da estrutura por ser o elemento que mais se deteriora no prédio, logo essa ideia facilitaria sua remoção. Como é visto no proyeto Casa Barcelona, a fachada individualizada em relação às divisões internas é possível que seja montada à parte. Sendo assim a fachada se torna um volume homogênio, que pode ir recebendo vários incrementos até então atingir seu aperfeiçoamento. Segundo Wainberg (2009 apud SAR p.72) “Os integrantes do SAR justificam a fachada independente, pois assim o espaço interno pode se adaptar ás mudanças de uso do usuário, como uma maneira de o morador expressar sua individualidade ao mundo exterior e também tecnicamente.” Além disso, as fachadas livres são fundamentais para o controle da insolação, da ventilação natural, da luminosidade que penetra no ambiente, do fluxo térmico, e de uma melhora na estética dos acabamentos do plano das fachadas do edifício, tanto interna como externa.


Armários embutidos – A função desse elemento é representar todo tipo de mobiliário que cumpra a função de armazenar pertences, e que, principalmente, tenha sido planejado junto com o projeto residencial. O fato de ele ser pensando paralelo a elaboração do projeto permite soluções mais eficientes com relação ao uso do espaço livre. Aos armários embuditos podem ser dedicados locais residuais na planta, como os nichos, ou então inseridos no centro da planta, para libertar as fachadas para aberturas. O uso desse elemento encontra maior apelo em apartamento de dimensões menores, como é o caso das unidades do edifício Fukuoka.

Grelha, brise-soleil, varanda – As grelhas encontradas no plano vertical das fachadas atuam como elementos ordenadores da fachada ou como controladores da insolação, que seriam os brise-soleils. Podem ser de concreto, ferro, alumínio e madeira. Inaugurou-se este sistema na arquitetura moderna brasileira, através do edifício Ministério da Educação, no Rio de Janeiro. As varandas também fazem parte desse grupo, pois assim como a grelha e brise-soleil, proveem de maior liberdade os interiores, possibilitando que atividades diferentes tenham lugar.

Apartamento do arquiteto Gary Chang, Hong kong. A unidade de aproximadamente 32m² permite 24 opções de arranjos através da manipulação de paredes e mobiliários deslizantes, prateleiras multiuso, cama retrátil, mobiliário articulado, etc. Fonte: JORGE, L.O. Estratégias de flexibilidade na arquitetura residencial multifamiliar. 2012, São Paulo. Tese de Doutorado. P.382.

Terraço – O terraço é um espaço que quando projetado livre, possibilita ao usuário intervir e adapta-lo a sua vontade. Apresentado como um elemento facilitador de flexibilidade, ele pode ser utilizado para vários tipos de usos.

Casa em Xangrilá- Litoral Norte Gaúcho, RS.Brasil. 2011-2013. MAPA- MAAM +STUDIOPARALELO Fonte: Site http://mapaarq.com/175536/1275428/-/xan-casa-em-xangrila

Ambiente único com ausência de divisões internas – Seria um ambiente onde inexistem divisórias internas quando o projeto é entrega ao cliente final. Pode-se citar como exemplo as Moradias Diagoon e o projeto de estudo de Habalos e Herreros.

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ESTRATÉGIAS DE FLEXIBILIDADE ESPACIAL Jorge (2012) apresenta em seu contexto outra forma de apresentação de conceitos direcionados a flexibilidade. Nomeados como estratégias flexíveis foram descritos da seguinte maneira: Flexibilidade organizacional, cômodo autônomo, ampliação, refuncionalização, modulação, adaptabilidade, associação, fachadas flexíveis. Ao relacionar a apresentação de estratégias de Jorge (2012) com os quatorze elementos facilitadores de flexibilidade estabelecidos por Wainberg (2009), compreende-se algumas condicionantes semelhantes, porém descritas de outras formas, como a flexibilidade organizacional, modulação e as fachadas flexíveis, sendo igualmente conceituadas e melhores aprofundadas, referindo-se a uma dimensão total do assunto referente, e não diretamente ao objeto, através de meios de obtenção de flexibilidade, como apresenta Wainberg (2009). Flexibilidade organizacional – A localização estratégica dos núcleos de serviço, áreas molhadas e circulação das unidades residenciais influenciam na flexibilidade organizacional das áreas privativas. A diretriz inicial para se obter uma habitação flexível é fazer uma setorização prévia que determine o limite das áreas com atividades que dependem obrigatoriamente de serviços e equipamentos mecânicos, como instalações hidro-sanitárias, elevadores e escadas. “Essas zonas rígidas, com infraestrutura de esgoto, água e demais sistemas prediais, devem estar concentradas em núcleos, constituindo elementos permanentes de localização periférica ou central.” (Jorge, 2012, p.238). Os elementos referidos considerados definitivos e permanentes correspondem às áreas de acesso, à circulação vertical e à horizontal, e necessidades primárias de higiene e alimentação, como banheiros e cozinhas. A partir da setorização dos elementos permanentes, com localização periférica, nuclear ou em ilha, são estabelecidos os espaços neutros, também chamados de indeterminados ou polivalentes. Em alguns casos estes espaços apresentam soluções como a ausência de elementos de compartimentação interna, oferecendo um espaço livre para diversos tipos de usos, gostos e costumes familiares. Outros casos oferecem compartimentos, porém com escolhas de materiais para vedação interna que facilite a interferência exterior, além da opção pela preferência de painéis industrializados, divisórias operacionais, e outros elementos provenientes da construção seca.

Família nuclear (4p) Família monoparental Casal sem filhos

legenda setor íntimo áreas molhadas fixas (serviços) setor social varanda divisórias deslizantes e leves

Família unitária Coabitação (3p) família com agregado

Residências Unifamiliares. Greenwich Millennium Village 2°fase.2001. Proctor Matthews. Possibilidades de transformação do layout a partir da adoção de divisórias internas, e tipos familiares. Fonte: JORGE, L.O. Estratégias de flexibilidade na arquitetura residencial multifamiliar. 2012, São Paulo. Tese de Doutorado. P.206

unidades residenciais

núcleo de circulação

núcleo hidráulico

áreas habitáveis

Edifício residencial em Dapperbuurt, Amsterdã, Holanda. Margret Duinker e Machiel van der Torre, 1989. Planta baixa do pavimento tipo. Ilhas centrais de serviços com paredes duplas que permitem embutir e painéis deslizantes. Fonte: JORGE, L.O. Estratégias de flexibilidade na arquitetura residencial multifamiliar. 2012, São Paulo. Tese de Doutorado. P.252

duto de instalações núcleo sanitário área habitável

Unidade residencial do edifício Faelledhaven, Copenhague, Dinamarca, 2006. Domus Arktekten. Flexibilidade organizacional e circulação infinita em torno do corpo hidráulico centralizado. Fonte: JORGE, L.O. Estratégias de flexibilidade na arquitetura residencial multifamiliar. 2012, São Paulo. Tese de Doutorado. P.254

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Ampliação – As motivações que impulsionam o ampliamento das habitações são questões econômicas, políticas e sociais. A principal questão atual responsável por essa iniciativa é o aumento do preço dos imóveis, que induzem as famílias a permanecerem em seus lares originais e impossibilita a troca de residência. Sendo assim a família parte para a iniciativa de intervenções na moradia já existente e habitada, resultando na ampliação de residências unifamiliares e modificações menos significativas em apartamentos. A ampliação defini-se a partir de varias ações, como a ruptura do limite da fachada para se obter uma varanda, a ampliação de um cômodo, ou acréscimo de novos espaços que podem atender outras funções. Ou ainda através de ampliações radicais, como o remodelamento da unidade original, acréscimo de elevadores, nova circulação ou prolongamento de um pavimento todo. A estratégia de ampliação esta relacionada ao acréscimo de área ou de equipamentos, seja de uma unidade habitacional ou apartamento. Estas ações quando envolvem uma ampliação do corpo de forma que modifique o limite exterior do edifício são denominadas exógenas. A transformação na configuração externa pode ser de caráter autônomo (diferente da forma já existente) ou contíguo (forma que de continuidade ao edifício), se relacionando com o edifício de forma vertical (acréscimo de unidades múltiplas, privativas, duplex) ou horizontal (acréscimo de varandas, área útil, elevador). A ampliação endógena é a capacidade de introduzir no interior do edifico ou unidade um novo organismo, quando este apresentar um pé-direito elevado e um volume extenso, e impossibilitar um crescimento que excede o limite perimetral do objeto. Devem ser considerados os aspectos normativos a essa questão, os acréscimos podem ser feitos de fácil implementação desde que respeitem as normas locais a respeito dos limites máximos de balanços e alturas, considerando também que sejam utilizados na execução sistemas construtivos que permitem uma obra limpa, pré-fabricada, com montagem sequencial uniforme. Jorge (2012) alega dois tipos de ampliação, de contraste e integração. A primeira pode ser considerada um acréscimo para melhorar a expressão do imóvel, criar uma nova identidade ou produzir uma referencia forte no espaço urbano. E a integração é uma estética mais contida, em que respeita a fisionomia uniforme do edifício, podendo ser o resultado da manutenção de suas características essenciais, como a obediência dos limites originais do edifício e a adição de um revestimento análogo em todo prédio, sem distinção entre o já existente e o novo.

Refuncionalização ou mudança de uso – A refuncionalização de acordo com Jorge (2012) é uma estratégia de flexibilidade para edifícios ociosos, abandonados ou subutilizados. O conceito é definido como uma mudança na função original do edifício a partir de sua adaptação a um novo uso, processo no qual é feito através de operações de reforma ou acréscimo, permitindo a requalificação de edificações pontuais. Diante da escassez de território disponível, dos altos custos da urbanização, da disponibilidade de ampla infraestrutura consolidada e das vantagens oriundas da ampla superfície de muitos edifícios inativos, as vantagens da requalificação relacionam-se tanto aos fatores econômicos quanto a vitalidade territorial, fator de extrema importância para atrair novos e diversificados tipos de usuários. (JORGE, 2012, p.339)

Certas propostas de refuncionalização promovem a restituição da cidade, novos marcos urbanos e arquitetônicos, estruturas contemporâneas que acompanham formas procedentes. Outras recuperam a continência formal e resgatam feições originais do edifício. Dois exemplos comuns, desde a década 90, que possui a iniciativa de mudança de uso é a recuperação e refuncionalização de habitações presentes nos centros urbanos, e transformações de zonas antigas e industriais em polos residenciais ou turísticos, atividades realizadas através de soluções sustentáveis e tecnológicas.

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Modulação – A modulação é considerada um sistema que coordena as dimensões da edificação e seu conjunto de componentes estruturais, processo elaborado a partir do fracionamento ou da multiplicação do módulo básico ou padrão. “A modulação, instrumento de racionalização, padronização e produtividade, atua como promotora da flexibilidade construtiva, pois favorece reformulações posteriores de reforma, manutenção e ampliação da habitação.” (Jorge, 2012, p.355). O intercambio de componentes no espaço estende a vida útil da moradia, sem comprometer os demais subsistemas que caracterizam a obra. O sistema apresenta uma hierarquia espacial dos elementos construtivos, cuja padronização acontece desde módulos estruturais macro, até módulos de preenchimento. Duarte (1995 apud Jorge, 2012, p.355) estabelece uma tabela com os principais módulos que juntos resultam na multiplicidade habitacional.

Sistema Construtivo de articulação e montagem de painéis a seco. À direita, a junta de articulação. Packaged House, 1943. Fonte: JORGE, L.O. Estratégias de flexibilidade na arquitetura residencial multifamiliar. 2012, São Paulo. Tese de Doutorado. P.361

System3- Planta-baixa do módulo básico, com a combinação do serving space e do naked space.À direita, módulo apresentado na exposição Home Delivery,no MoMA. Fonte: JORGE, L.O. Estratégias de flexibilidade na arquitetura residencial multifamiliar. 2012, São Paulo. Tese de Doutorado. P.363

Tabela 01 Duart (1995) Fonte: Jorge (2012)

A harmonização dos diversos componentes visa a normatização dimensional, que seria a ideia de reduzir a variedade de tamanhos de componentes e equipamentos, e permitir seu uso no canteiro sem modificações, tendo como base a dimensão do modulo. “O edifício não é mais rigorosamente executado sob medida e o projeto é elaborado em função de dimensões normatizadas, que levam em conta os materiais e elementos disponíveis e os processos de montagem.” (Bregatto 2005, apud Jorge 2012, p.356). O sistema modular consiste em atingir um equilíbrio formal e espacial, capaz de gerar habitações personalizadas, em série, evitando a monotonia e também a diversidade arquitetônica excessiva. Além das qualidades estéticas apresentadas o emprego da modulação no projeto também favorece os aspectos utilitários e econômicos, apresentando um fator de favorecimento no aumento da produtividade industrial e um estímulo mais simples e claro na aplicação dos instrumentos, desde o projeto inicial a construção.

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System3- Acréscimos hirzontais a partir de módulos “desnudos”. à direita maquete do módulo de serviços. Fonte: JORGE, L.O. Estratégias de flexibilidade na arquitetura residencial multifamiliar. 2012, São Paulo. Tese de Doutorado. P.363

System3- À esquerda, a montagem dos painéis para composição do volume básico. À direita visualização do interior de uma célula básica. Fonte: JORGE, L.O. Estratégias de flexibilidade na arquitetura residencial multifamiliar. 2012, São Paulo. Tese de Doutorado. P.364


Adaptabilidade – A habitação multifamiliar é definida por ser uma área estável e precisa de instalações, e imutável, representada pelas condições estruturais. As estratégias de flexibilidade são indicadas para o restante da habitação, pois a alteração das áreas molhadas prevê a requisição de profissionais, empresas especializadas e custos adicionais. A organização do espaço interno flexível é indicado pelo uso de componentes transitórios, considerados variáveis e fáceis de sofrer alterações, representados por divisórias móveis ou removíveis, leves, portas de correr, portas pivotantes, armários e outros elementos. A utilização dos componentes citados, geralmente oriundos da pré fabricação, são responsáveis por permitir nos ambientes uma mobilidade que condiciona a reformulação dos compartimentos sem que haja a necessidade de uma reforma complexa. A adaptabilidade, através de dispositivos móveis, conduz a uma adequação instantânea do espaço de habitação, com uma propensão ao melhor aproveitamento do espaço físico, no dia a dia, sendo um recurso eficaz para os apartamentos de pequenas dimensões e para a provisão de ambientes multifuncionais. (JORGE, 2012, p.373).

A adaptabilidade é um conceito que favorece a adequação do espaço às diversas fases do ciclo familiar, sendo uma estratégia adaptável as condições instáveis e imprevisíveis das relações familiares, dos comportamentos e da natureza individual. Sua aplicação no espaço interno desenvolve um comportamento singular, além de ser uma estratégia eficiente para compensar as restrições presentes em habitações com área útil reduzida. A relação estabelecida entre a habitação e a adaptabilidade é traduzida em economia e transformação: economia de espaço e alteração de usos. Sendo recorridos aos elementos dinâmicos para a obtenção de adaptação do espaço aos novos usos. “a exigência por flexibilidade não provém apenas do desejo e da possibilidade, mas igualmente da economia e da necessidade.” (Kronenburg, 2002 apud Jorge, 2012, p.374).

Planta-Baixa zona habitável circulação

Diagrama de Usos

núcleos fixos partições deslizantes

Edifício residencial Grieshofgasse, Viena, Aústria, 1996, Helmut Wimmer. Operadores ativos que configuram integralmente a unidade . A combinação e independência dos ambientes podem ser ativadas diariamente ou constituír uma estratégia em longo prazo. Fonte: JORGE, L.O. Estratégias de flexibilidade na arquitetura residencial multifamiliar. 2012, São Paulo. Tese de Doutorado. P.382

Esquemas de posicionamento de elementos de divisão no espaço. Elementos operacionais que permitem modificar o espaço interno. Fonte: JORGE, L.O. Estratégias de flexibilidade na arquitetura residencial multifamiliar. 2012, São Paulo. Tese de Doutorado. P.380

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Associação – A associação significa unir dois ou mais corpos independentes, ou compartilhar espaços com ambientes contíguos. O desafio de unir dois apartamentos, vertical ou horizontalmente, é uma iniciativa que pode ser prevista anteriormente a construção do edifício, e justifica-se pela prospecção econômica e transformação as famílias ao longo do tempo, coincidindo essas mudanças com a disponibilidade do apartamento vizinho. Em ambos os casos, é necessário ser revisto a localização dos núcleos hidráulicos originais, estes espaços precisam ser redimensionados e muitas vezes suprimidos. Novos banheiros e setores de serviços podem ser compartilhados ou reformulados, além da necessidade de reintegração dos demais cômodos da casa. A supressão das áreas molhadas significa manter as aberturas, estender os banheiros caso for necessário para acomodar as novas atividades, e permitir um espaço adicional para refeições informais, servindo também de reuniões sociais. Para as associações integrais verticais são necessárias algumas intervenções significativas como o corte de lajes, o acréscimo de escadas, e o reforço das vigas estruturais, pois morar em um duplex considera-se o mesmo que morar em dois apartamentos. Após as operações necessárias os resultados inusitados são de espaços com alturas diferenciadas, ambientes integrados e amplos em função da remoção de alvenarias, e um melhor aproveitamento da iluminação natural. Outra vantagem é a distribuição tradicional do programa, uma setorização de usos que conduzem a socialização, recreação e alimentação no primeiro andar e área íntima no segundo. A associação pode envolver também dois cômodos contíguos, ao em vez de duas unidades distintas. Nomeada pelo autor de associação horizontal parcial, ela é marcada pela supressão das paredes e prolongação de um cômodo preexistente, ou pela substituição de uma parede por uma divisória móvel ou deslizante capaz de integrar os ambientes. O que a difere da ampliação é por alterar o uso original do ambiente, e não há acréscimo de área a unidade, com exceção de varandas associadas. Na modalidade de integração dos ambientes a associação horizontal parcial é uma estratégia intensamente participativa do mercado imobiliário. Por ser uma operação parcial, ela reproduz uma planta flexível ao apresentar múltiplas possibilidades de organização interna.

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Fachadas flexíveis As fachadas são responsáveis pela vedação vertical que envolvem o edifício, indicadas por promoverem a separação do ambiente externo com o interior de permanência dos indivíduos. Consideradas multifuncionais, podem conciliar as funções de controle térmico, iluminação, ventilação natural e a captação energética, assim como ter o controle de agentes indesejáveis como intrusos, animais, poeiras, ventos, ruídos e chuvas, além de conceder a interlocução visual do universo público e privado, que pode acontecer através de uma camada dissociada da estrutura apenas com finalidade estética. “A fachada além de desempenhar as funções de proteção, carrega códigos estéticos e culturais próprios a cada período histórico correspondente, evidenciando técnicas construtivas vigentes em cada sociedade, coletividade ou grupo social.” (Jorge, 2012, p.433). A fachada é o elemento de comunicação máxima entre o edifício e o observador, traduzindo-se como objeto de barreira que justapõe a divisão de dois mundos. Ao longo da história as fachadas evoluíram sua função e estética, passando de espessas paredes sólidas, com função estrutural, a peles concebidas como camada independente da edificação, com autonomia na composição, multifuncionalidade e flexibilidade. “A fachada não deveria condicionar as vivências interiores das habitações, nem as funções de habitar deveriam vincular a fachada...” (Paiva, 2002 apud Jorge, 2012, p.439). As fachadas são influenciadas pelo posicionamento e dimensão das aberturas, pela modulação, pela integração aos elementos de sombreamento, tipos de vidros e diversidade de acessórios. A forma e localização das janelas estão relacionadas as necessidades de iluminação natural, os mecanismos das folhas a ventilação natural, o tipo de material para propiciar uma privacidade maior e o isolamento relacionado a solução a acústica.

ções inovadoras. A complexidade das fachadas apresentadas na arquitetura contemporânea, em um contexto amplo de camadas e materiais, apresentam soluções direcionadas ao conforto ambiental e energético. A vedação externa atual é caracterizada por três componentes: uma camada interna; uma camada de ar, que pode criar um espaço de circulação como a varanda; e uma camada externa, onde são inseridos os dispositivos móveis.

Mecanismos de abertura dos elementos de divisão vertical, e acesso externo em fachadas. Com variação no sentido e número de segmentos. Fonte: JORGE, L.O. Estratégias de flexibilidade na arquitetura residencial multifamiliar. 2012, São Paulo. Tese de Doutorado. P.381

As esquadrias parte ativa das vedações verticais, aparecem em uma infinidade de tipos e mecanismos: basculantes, pivotantes, de correr, de tombar, de giro, quadros fixos, venezianas, guilhotina, projetante, projetante deslizante (maxim-ar), reversível (de abrir e tombar), camarão. (JORGE, 2012, p.443)

A condição para instituir-se fachadas flexiveis esta diretamente relacionada ao seu sistema construtivo. As vedações verticais exteriores (vedo, esquadrias e revestimento) para que sejam consideradas flexiveis devem estar relacionadas a independencia do sistema construtivo, estruturas e instalações. Em segundo lugar é necessário que a escolha da materialidade compreenda materiais pré-fabricados com processos de montagem dos materiais que constituem os paineis da fachada. A pré fabricação dos materiais possibilita em seu ciclo de produção, transporte e montagem, operações construtivas simplificadas, controladas e solu-

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PROJETOS

ANÁLISE DE PROJETOS


A técnica de utilização de projetos preexistentes como referência projetual, segundo Unwin (2012) é excelente para os interessados em aprender a “linguagem comum” da arquitetura, mantendo vivas as tradições regionais ou nacionais. O autor Unwin (2012) faz a relação da aprendizagem arquitetônica com o saber de um idioma, e indica que para isso é necessário ouvir, ler, analisar, e praticar repetidas vezes a linguagem, cometendo erros e recebendo críticas daqueles que já tiverem experiências e sabem lê-lo e escrevê-lo. “Os arquitetos têm de começar como “leitores”, sim, porém também de projetos de outros arquitetos – algo ainda mais importante e útil.” (Unwin, 2012, p.10). O estudo direcionado a qualquer finalidade do saber requer tempo e esforço, na arquitetura o meio de aprendizagem é adquirir fluência através da analise de outros projetos, seja através de desenhos, ilustrações ou linguagens arquitetônicas. Observar outros projetos e se impressionar com a imaginação e perspicácia de outras mentes pode conduzir obras criativas já existentes a futuros resultados dessemelhantes e variáveis, instigando o leitor da obra a atingir uma imaginação que o direcione a outros experimentos e possíveis definições solucionais de projetos. A análise argumentativa descrita ocasionou no advento de algumas leituras de projetos estudadas anteriormente ao estudo preliminar do projeto habitacional que será elaborado. As obras escolhidas como referências projetuais: MINI-MOD e Casa Transportável APH80, foram selecionadas perante as demais obras arquitetônicas existentes, por apresentarem a linguagem modular e flexível buscada na elaboração do projeto. A estratégia de leitura dos projetos em sequencia será absorver as soluções espaciais, estruturais e estéticas, intimamente ligadas aos conceitos descritos, procurando centralizar as principais ideias, de ambas às referencias, que poderão ser utilizadas ao trabalho futuramente executado.

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PROJETO MINI-MOD O protótipo MINI-MOD é um projeto do escritório binacional Mapa Arquitetos, desenvolvido pela fusão dos grupos brasileiros Studioparalelo e uruguaio MAAM. O studio propõe uma alternativa contemporânea e sustentável de habitar em 26m², aproveitando os benefícios da tecnologia de construção seca sem produzir desperdícios ou entulhos, e realizando uma montagem modular rápida, limpa e eficiente. Studioparalelo + MAAM Arquitectos foram igualmente constituídos no início da década como escritórios de arquitetura independentes. Em 2008 começam a compartilhar trabalhos, concursos, participações em exposições e bienais. Após cinco anos de parceria, ambos os escritórios decidem fazer a fusão, estabelecendo suas sedes em Porto Alegre, Brasil e em Montevidéu, Uruguai. Situando-se a referencia MINI-MOD em Porto Alegre- RS no Brasil, e executada em 2013. Sua estrutura e desenho modular através da industrialização em série e sistema Steel frame, permite ao cliente a definição do programa de necessidades e escolha de acabamentos, bem como opções de automação. A composição final do módulo é resultado de diversas configurações e personalizações escolhida pelo cliente, incluindo variadas possibilidades de usos, que vão desde um compacto refúgio para finais de semana, pequenos showrooms para eventos, até programas mais amplos e elaborados, como hotéis e pousadas.

O projeto é inteiramente executado pela madeira compensada, sendo a parte interna revestida por pinho tratado e reciclado, e a superfície externa pintada, enfatizando o contraste interno/externo. Grandes aberturas de vidro proporcionam perfeita harmonia e integração com a natureza do entorno, tendo a opção de serem sombreados para redução da incidência solar. Em conjunto com a superfície de vidro o objeto também oferece meios de ampliação dos espaços através de portas que se abrem para o alto, paleta de cores neutras e uma fachada ventilada.

Relação protótipo MINI-MOD com o entorno Fonte: Site http://mapaarq.com.uy/

Relação protótipo MINI-MOD com o entorno Fonte: Site http://mapaarq.com.uy/

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Protótipo MINI-MOD com abertura externa Fonte: Site http://mapaarq.com.uy/

Relação protótipo MINI-MOD com o terreno. Escala humana Fonte: Site http://mapaarq.com.uy/


O módulo é composto por quatro módulos diferentes: dormitório, sala de estar, jantar e banho. São considerados quatro ambientes diferentes com a possibilidade de serem todos conectados, gerando um espaço aberto íntegro e amplo, ou então fechados em partes para garantir privacidade. O sistema de hierarquia do espaço acontece através do sistema de modulação, um processo que permite o francionamento e a multiplicidade do módulo básico, padrão. Instrumento de padronização e produtividade o conceito atua como promotor na flexibilidade construtiva do projeto.

A localização central do núcleo de serviço e áreas molhadas influênciam para uma flexibilidade organizacional das áreas primitivas. O projeto segue a ideia de setorização na organização do espaço, o que conduz a racionalização dos ambientes direcionados as outras funções, que se tornam espaços livres e polivalentes gerando módulos multifuncionais.

Legenda Dormitório Sala de Estar Sala de Jantar Banho Abertura

Planta protótipo MINI-MOD. Organização funcional Fonte: Summa + edição133

Maquete física protótipo MINI-MOD Fonte: Summa + edição133

Corte protótipo MINI-MOD. Demonstração modular Fonte: Summa + edição133

Maquete física protótipo MINI-MOD. Demonstração modular Fonte: Summa + edição133

A ideia de ampliação modular possibilita mudanças na forma do objeto, que pode ser tanto inicial ou posterior. A montagem dos módulos acontece através do mesmo por inteiro, que seria mais de uma atividade por complexo, com excessão do módulo componente piso, dito neutro que aparece muitas vezes individual. A ligação entre estes módulos acontece pelas faces em vidro, que podem estar nas laterais menores ou na face mediana como abertura. Estas são retiradas facilmente como placas translúcidas e assim são conectados demais módulos espaciais ou módulo componente piso.

Maquete física protótipo MINI-MOD. Demonstração modular Fonte: Summa + edição133

Legenda

Esquemas de possibilidades. Variação de plantas na organização do espaço Fonte: Summa + edição133 Fachada protótipo MINI-MOD. Demonstração modular 1 Fonte: Summa + edição133 0,5

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Dormitório Sala de Estar Sala de Jantar Banho Abertura Espaço Adaptável

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O projeto é inteiramente executado pela madeira compensada, sendo a parte interna revestida por pinho tratado e reciclado, e a superfície externa pintada, enfatizando o contraste interno/externo.

Esquemas de possibilidades. Variação de plantas na organização do espaço Legenda Fonte: Summa + edição133 Dormitório Sala de Estar Sala de Jantar Banho Abertura Espaço Adaptável

Espaço interno protótipo MINI-MOD. Fonte: Site http://mapaarq.com.uy/

Esquemas de possibilidades. Variação de plantas na organização do espaço Legenda Fonte: Summa + edição133 Dormitório Sala de Estar Sala de Jantar Banho Abertura Espaço Adaptável

Espaço interno protótipo MINI-MOD. Fonte: Site http://mapaarq.com.uy/

Esquemas de possibilidades. Variação de plantas na organização do espaço Fonte: Summa + edição133

Legenda Dormitório Sala de Estar Sala de Jantar Banho Abertura Espaço Adaptável

Espaço interno protótipo MINI-MOD. Fonte: Site http://mapaarq.com.uy/

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Os módulos são inteiramente industrializados e transportados ao local determinado através de caminhões grua, ou desmontados em partes menores e levados ao terreno para montagem final. Esse tipo de flexibilidade permite uma obra limpa, sem agredir o entorno natural onde será inserido o objeto. Sendo importante considerar que a ampliação e a incorporação de novos módulos podem ser realizados tanto na instalação inicial, como a longo prazo, segundo as necessidades futuras e condicionantes economias do cliente.

Cobertura verde protótipo MINI-MOD com detalhe das gruas. Fonte: Site http://mapaarq.com.uy/

Inserção do protótipo MINI-MOD no terreno. Fonte: Site http://mapaarq.com.uy/

Processo de transporte da indústria à estrada - colocação do módulo inteiro nas carretas através de gruas. Fonte: http://www.leonardofinotti.com/projects/mini-mod/ image/66702-130627-071d

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CASA TRANSPORTÁVEL APH90 A estratégia de trabalho do escritório espanhol Àbaton é composta por dois departamentos principais: criatividade, gerência e gestão da construção em relação à localização do objeto; e eficiência energética e sustentabilidade, com soluções que visam minimizar o impacto ambiental e utilizar materiais recicláveis de baixo custo, como acontece no projeto da casa transportável APH80, construída em 2013. Como proposta semelhante ao projeto MINI MOD apresentado, a Casa Transportável APH80, inspirada nos princípios de bem estar, equilíbrio meio ambiental e simplicidade, é uma série residencial transportável por estrada em um caminhão estândar, que pode ser instalada em qualquer lugar. Transportada por uma carreta a casa APH80 é instalada em apenas um dia com um custo a partir de 32.000 ¢.

Possibilidades de sítios de inserção para Casa Transportável APH80 Fonte: Site: http://www.abaton.es/

Possibilidades de sítios de inserção para Casa Transportável APH80 Fonte: Site: http://www.abaton.es/

Casa Transportável APH80 com portas deslizantes Fonte: Site: http://www.abaton.es/

Relação da Casa Transportável APH80 com o terreno Fonte: Site: http://www.abaton.es/

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O módulo residencial transportavel constitui em seus 27m² (9mx3m), três espaços diferenciados: sala de estar/cozinha, banheiro e dormitório, planejados para duas pessoas com as proporções existentes, incluindo um pé direito de 3,0 metros, definidas para conclusão de amplitude e conforto no espaço interno. O modelo pode ser unido a outras séries mais simples, desenhadas em função das necessidades de cada caso, conseguindo áreas maiores que aumentam a versatilidade do projeto.

Como representação da sistematicidade modular aplicada tem-se a repetição aparente das placas utilizadas. Este é considerado, assim como o projeto MINI-MOD, um modulo único com subdivisões que demarcam o padrão dimensional modular. Este entretanto, não apresenta a possibilidade de adequação futura do espaço às diversas fases do ciclo familiar. Não a modo de conecção dele com outros módulos, porém isso pode acontecer através do mesmo adquirido mais de uma vez e sem nenhuma ligação.

Legenda

Planta Casa Transportável APH80 Fonte: Site: http://www.abaton.es/

Dormitório Sala de Estar Sala de Jantar Banho Abertura

Legenda Dormitório Sala de Estar Sala de Jantar Banho

Fachada Casa Transportável APH80 Fonte: Site: http://www.abaton.es/

A totalidade estrutural e revestimentos da moradia acontece através do uso da madeira, justificada por proporcionar tranquilidade e conforto, além de ser hipoalérgica e provir de explorações reguladas que evitam o desmatamento. A estrutura é de madeira maciça fabricada por meio de máquinas de corte de controle numérico (CNC), conectadas a programas de desenho assistidas por computador

Fabricação Casa Transportável APH80 Fonte: Site: http://www.abaton.es/

Racionalização Casa Transportável APH80 Fonte: Site: http://www.abaton.es/

Elegeu-se a madeira laminada por seu excelente comportamento estrutural, sua facilidade de mecanização, e facilidade de transporte. O espaço interno é composto por painéis de abeto espanhol tingido de branco e o exterior esta revestido com aglomerado de partículas de madeira e cimento na cor cinza, com isolante térmico de 10cm em toda a envolvente.

Espaço interno Casa Transportável APH80 Fonte: Site: http://www.abaton.es/

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Espaço interno Casa Transportável APH80 Fonte: Site: http://www.abaton.es/

Espaço interno Casa Transportável APH80 Fonte: Site: http://www.abaton.es/

A adpatabilidade não é clara por não apresentar várias possibilidades de apresentações de projeto com uma diversidade de conecções futuras, este já é considerado pronto. Porém, por ser uma habitação adepta a algumas estratégias de flexibilidade, como sistema único de serviço, e o restante do espaço neutro com dispositivos móveis, isso faz com que ela facilmente se adeque à possíveis mudanças, mas sem ampliação. A flexibilidade do projeto vai além da organização espacial já que é um objeto transportável por um caminhão estândar que se adapta a qualquer tipologia territorial e ambiental. Caminhão Estândar Casa Transportável APH80 Fonte: Site: http://www.abaton.es/

Caminhão Estândar Casa Transportável APH80 Fonte: Site: http://www.abaton.es/

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Caminhão Estândar Casa Transportável APH80 Fonte: Site: http://www.abaton.es/


4 LEVANTAMENTOS

LEVANTAMENTO DE DADOS


DEFINIÇÕES PRELIMINARES

PROGRAMA DE NECESSIDADES

Objetivo: Conjugação de um sistema construtivo em aço e madeira com um conceito espacial de agregação de módulos multifunções. A partir do conceito de flexibilidade modular criar configurações diferentes e variadas de habitação a partir da mesma matriz formal. A implantação do objeto não será determinada na fase preliminar de planejamento de projeto. A indicação do lugar não será um fator influente no processo de criação formal, pois a finalidade projetual é concretizar um elemento amovível, com dinâmica e mobilidade. A escolha de uma moradia flexível de montagem modular permite que o pré-requisito local seja determinado pelo usuário da moradia. A construção modular será realizada a partir de uma coordenação modular, conduzindo o projeto a racionalização e padronização a partir de uma malha conceitual. Como diretriz principal na definição das estratégias permeáveis de solução de projeto esta setorização organizacional do espaço, definida primeiramente pelas áreas fixas, no projeto como núcleo central de serviços e posteriormente pelos espaços neutros e polivalentes, onde será possível várias usos á um único espaço. As soluções apresentadas na solução dos espaços internos em conjunto com um sistema estrutural e construtivo condizente a essa realização, isto permitirá uma variedade de apresentação projetual, onde o mesmo disposto de varias formas e repetições poderá se tornar um único elemento incomum o inicial, ocasionados pelas necessidades do usuário. A ideia é que um mesmo módulo possas ter diversas funções e possa organizar diferentes tipos de plantas modulares, já que as famílias distinguem-se uma das outras, além de sofrerem mudanças com o passar do tempo. A partir do estudo dos tipos de flexibilidade aplicados por Wainberg (2009) serão direcionados ao projeto a flexibilidade de forma projetada, um grupo subdivido em 5 tipos, sendo utilizados para o projeto dois deles. O tipo B1, por indicar várias formas de layouts, onde se tem no presente e futuro alternativas de opções de distribuição de atividades, modificando apenas a organização da mobília e aparatos para constituí-la. Esta distribuição de atividades aconteceria a partir do espaço fixo dado pelo equipamento de serviço. O módulo sozinho por ser um projeto de pequena dimensão não permite muitas opções claras de possibilidades de alterações. Mas ao anexar vários módulos, com tipologias de plantas diferentes, ou mesmo iguais, esta distribuição poderá ter mudanças significativas. O tipo B4 e o tipo B5, que seria a possibilidade de integrar e subdividir espaços. Poderão ser utilizados elementos facilitadores como portas e painéis de correr. Ou ainda mobiliário projetado como estantes vazadas, balcões baixos, armários com duas faces.

Apesar de impossibilitar alterações estruturais futuras, é uma estratégia positiva e eficiente, facilitando a interação dos espaços com o usuário e atividades. Tempo: O tempo é um dos bens preciosos da nossa época, na qual tudo se consome rapidamente. E este aparece como um dos fatores inovadores no projeto, onde a articulação dos módulos a partir da pré fabricação industrial permite num curto espaço de tempo a construção da casa desejada. A passagem à casa construída é imediata depois de definida a configuração tipológica, tendo esta um prazo entre 30 e 60 dias de execução na fabrica. A instalação poderá variar de acordo com o sistema de transporte do volume, que pronto pode ser em 24h, mas quando montados no local prazo de 1 semana. Programa de necessidades: Este é definido por Valli (2011) como uma dos principais determinantes do projeto, com necessidade de elaboração na fase inicial do projeto de arquitetura é considerada a diretriz para todas as decisões a serem tomadas durante o processo de edificação. O programa elaborado pelo arquiteto define as finalidades do espaço arquitetônico.

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Documento que exprime as metas do cliente e as necessidades dos futuros usuários da obra. Em geral, descreve sua função, atividades que irá abrigar, dimensionamentos e padrões de qualidade assim como especifica prazos e recursos disponíveis para a execução. A elaboração desse programa deve obrigatoriamente preceder o inicio do projeto, podendo, entretanto, ser complementada ao longo do seu desenvolvimento. (VALLI, 2011,p.115)

A proposta projetual será abordada a partir de seis componentes usuais dos programas arquitetônicos domésticos: convívio, repouso e isolamento, higiene, preparação de alimentos, trabalho em casa e estocagem. Esta abordagem classificada por Tramontano (1995) permite novos status possíveis para os espaços, e não necessariamente cômodos, com funções predeterminadas a cada ambiente. Como proposta de desfuncionalização do espaço doméstico a intenção é que cada um destes status abriguem atividades distintas e necessárias, dentro da habitação. Não serão atividades presentes necessariamente em todas as tipologias finais de habitações modulares, caberá ao usuário escolher as ações que deseja incluir na habitação, e ao projeto incorporar na apresentação propostas de plantas modulares como opções. A distribuição destas ações no espaço doméstico acontecerá de acordo com o programa de necessidades apto ao cliente, incorporando a ele possibilidades de permutabilidade de usos e adaptações funcionais por eventuais mudanças futuras na formação familiar. Convívio – Conforme Tramontano (1995) os espaços destinados ao convívio entre os moradores de uma


mesma habitação ganhou destaque com o constante e cada vez mais respeitado desejo de privacidade dentro do grupo familiar. O século XIX burguês criou o espaço de áreas especificas para o isolamento, e em consequência, outro de representação de encontro entre os moradores da casa e estranhos. A noção de convívio atual recebe mudanças, onde o convívio entre as pessoas não depende mais de um espaço físico com esta finalidade especifica, considera que com as telecomunicações os demais espaços da habitação, como quartos e banheiros, também são destinados à recepção de outros integrantes. O módulo destinado ao convívio conduzirá o espaço a socialização, convivência e interatividade física, tanto dos membros familiares como visitas, entretanto considera-se que sua função não é delimitada apenas a ele, mas permeável também as demais atividades, considerando que um módulo com qualquer outra função pode se tornar um espaço de convívio. Tramontano (1995) refere-se como favorável o posicionamento de vínculo entre as ações comer e convívio. Devido ao fluxo de pessoas e inter-relação funcional entre elas sempre que favorável o posicionamento dos módulos preparação de alimentos e convívio poderão ser planejados lado a lado. Repouso e isolamento – Como condiz Tramontano (1995) o acesso e a permanência cada vez mais dominantes em todos os espaços presentes na habitação, tanto pelos membros da família como para convidados, deveriam levar a uma tendência de redução a possibilidade de espaços de isolamento. No entanto esta desierarquização do espaço habitável corresponde a comportamentos constantemente individuais. A valorização da individualidade no espaço doméstico esta mediante as relações entre os membros de todos os novos grupos domésticos, com intensidade crescente induz a uma redefinição de papéis na moradia, inclusive na família nuclear. Desta forma foi dedicado um espaço único ao destino repouso e isolamento do projeto habitacional Planejada de maneira contígua aos outros programas, este poderá adentrar-se a eles através do espaço inteiramente conectado e aberto, privatiza-lo através do fechamento de portas deslizantes de correr, ou então permitir um espaço semi-integrado, que poderia ser a partir de uma divisória de armazenamento vazado, por exemplo. Será um ambiente com estocagem e mobiliário associados as superfícies verticais e horizontais de fechamentos do espaço, com uma composição unificada permitida pela mesma materialidade. Higiene - “O espaço de higiene abandona gradativamente seu caráter de espaço de serviço, simples local de realização de tarefas pessoais incontornáveis, para tornar-se um lugar de prazer”. (Tramontano, 1995, p.23). O grande responsável por esta mudança

de hábitos no cuidado com o corpo é o ritmo cada vez mais acelerado da vida urbana. O relaxamento esta totalmente associado a esta tendência maior de culto ao corpo, relacionado também a procura de uma alimentação saudável e equilibrada e cuidados corporais como as academias de ginásticas. O modo como os diversos grupos domésticos encaram a higiene também foram modificados. A nudez é vista com mais naturalidade, com nuances que vão desde a reivindicação adolescente de independência até a sensualidade apresentada por casais de união livre. Uma solução é a ação do banho ocasionada por cabines abertas, dentre outras diversidades solucionais apresentas pelos projetos em sequencia. Em função da liberdade adquirida pelo espaço de higiene, antes completamente privativa, indica-se no projeto a possibilidade de superfícies translucidas como fechamento do espaço do banho, estendendo-o ao restante das atividades internas como também ao meio externo. Com exceção dos sanitários, dispostos como cabines individuas, com fechamentos em painéis deslizantes de madeira. A localização da atividade higiene no programa deverá ser organizada próxima a preparação de alimentos, podendo se dizer interligadas, pois juntas construirão o núcleo hidráulico. Será um bloco de higiene com a função de racionalizar os dutos de instalação e ser a estocagem fixa da habitação, sendo assim o volume organizador do espaço. Preparação de alimentos – O espaço de preparação de alimentos de acordo com Tramontano (1995) foi uma das atividades que mais sofreu modificação na história da habitação. Antes era considerada como um edifício separado, que abrigava todas as funções populares da casa. Aos poucos ela se converteu na concepção moderna e tornou-se elemento centralizador de toda a habitação. Em contraponto a um espaço doméstico rejeitado, escondido ao olhar do visitante, com sinônimo de desconforto e trabalho sujo, o século mais tarde e a atual situação do Brasil relata uma cozinha de dentro, interna a habitação, equipada com eletro-domésticos, considerado um lugar de representatividade. A preparação de alimentos é uma das atividades mediadoras do convívio no projeto por representar uma posição atual de gerencia na interação dos membros da família e também de convidados. Logo será favorável sua localização modular próxima ao módulo convívio. Como ambas as atividades higiene e preparação de alimentos estarão anexas a um mesmo volume, que funcionará como uma estocagem única e multifuncional, será necessário que ambos os módulos, quando o programa necessitar-se das duas atividades, estejam ladeados na concepção final da habitação.

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A área de serviço e secagem de roupas poderá existir integrada ao espaço de alimentos; na área externa; ou então em uma situação que se prolonga a bancada de cozinhar até o módulo varanda, onde tem-se uma sobreposição de funções da bancada, que se torna um elemento organizador do espaço. Trabalho em casa - Tramontano (1995) apresenta a volta do trabalho na residência justificados em fatores diversos como: a flexibilidade da produção, reduzindo o tamanho de unidades centralizadoras e estimulando unidades satélites menores; o desenvolvimento e a acessibilidade de novos meio de telecomunicação que dão qualidade aos escritórios centrais e possibilita que o trabalho seja transferido para a esfera privada; as sucessivas crises econômicas que eliminam funcionários do mercado de trabalho; e a progressiva participação da mulher no mercado, que alterou a distribuição dos papeis dentro da família. Como solução flexível ao projeto existirá a possibilidade das atividades profissionais dentro da habitação ser tanto integradas como isoladas, em função de condicionantes como dispositivos flexíveis e divisórias estantes de livros na parte interna, ou através de portas deslizantes que dão para o meio externo. O espaço trabalho poderá ser condicionado basicamente por uma bancada de estudos, bancada de assento, mesas, e estocagem ou estantes de livros. Estocagem – Agregar a estocagem às atividades permite considerar que a estocagem de roupas, livros, alimentos, objetos, equipamentos diversos, etc, não visa apenas abranger o desenho ou a distribuição de peças representadas na habitação, mas sim estar inserida na habitação como atividade de morar. Os volumes de estocagem tem como partido funcional o armazenamento de elementos, entretanto agregou com o tempo outras funcionalidades, como divisor de espaços, denominado denominado também como divisórias espessas, que quando leves e móveis possibilitam um redesenho contínuo do espaço, considerado assim um precursor da flexibilidade. Existe a possibilidade de a estocagem ocupar um lugar que apenas existe em função dela, se desvinculando da ideia de divisória de ambientes. Ou então divisórias espessas deslizantes, que são armários ou prateleiras montados sobre trilhos delgados que podem deslocar manualmente com facilidade. A utilização de uma longa bancada multiuso permite a setorização de varias funções a partir de uma única estocagem, permeando em seu prolongamento diversos armazenamentos. A estocagem no projeto terá como finalidade racionalizar ao máximo o espaço. Ela se localizará como armazenamento fechado por painéis deslizantes nos módulos de repouso e isolamento; como armário inferior e superior ao balcão nos módulos de preparação de alimento, com fechamento basculante e/ou giro; como prateleiras ou armazenamento fechado por painéis deslizantes assessorando a atividade higiene; ou

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então armazenamentos de livros e estantes, que poderão estar tanto fechado como a vista dividindo ambientes, localizados no módulo de trabalho. Em anexo a estes a estocagem ajudará a definir a hierarquização do espaço através de seu desenho e dimensão, que decretará de forma contínua aos mobiliários existentes uma função dentro do habitar. Como os mobiliários serão todos projetados paralelos ao projeto estrutural e espacial, será anexado determinadas vezes a eles uma forma de armazenagem, concluindo o todo como unidade, personalização e identidade. O armazenamento de objetos e materiais no projeto por meio da pré-fabricação permitirá ao projeto o planejamento de estocagem destinada a cada ambiente. A proposta de uma habitação funcional conta com mobiliários aliados ao projeto de arquitetura. Isto significa a elaboração de objetos multifuncionais, que agreguem em peças únicas ou articuladas, várias funções e atividades. É importante considerar que a questão da arquitetura habitacional será conceituada de maneira associada ao mobiliário, assim não só o resultado de uma habitação eficiente será alcançado, como também a questão de custo será amenizada. A apresentação tipológica inicial dos projetos modulares vai dispor algumas opções de mobiliários diluídos de acordo com a função do espaço, e a partir desta variável serão escolhidos os mobiliários e estocagens que melhor se adéqua ao projeto final escolhido pelo cliente. Compartimentações - Pressupõe-se para o trabalho uma habitação pouco compartimentada com a proposta de ocupação de forma funcional e adaptável, ou seja, com uma área habitável livre, que apresente como elemento permanente apenas o núcleo fixo hidráulico. Quando houver a necessidade de privatização de atividades estas serão relacionados através dos elementos facilitadores de flexibilidade, como partições deslizantes ou através dos próprios mobiliários, como estantes vazadas, balcões ou armários. População - A finalidade do projeto não é direcioná-lo a um público escopo, acredita-se que conduzir uma habitação a um único perfil familiar é seguir um caminho contrário ao de uma realização eficaz de moradia. Como foi visto no estudo dos modos de morar, a família sofre alterações com o passar o tempo, em seus membros, atividades e costumes. Para isso é necessário que a habitação esteja preparada para estas mudanças, apostando em soluções flexíveis e adaptáveis ao presente e futuro usuário. A organização dos módulos proporcional a um módulo de cada atividade, são elas: convívio, repouso, higiene, preparação de alimentos e trabalho, garante um complexo modular completo que atender uma média de um ou dois membros. Considerando que com menos módulos taA busca por uma família maior permite a opção de acréscimo modular, que dariam infinitas combi-


nações e modelos familiares. Além disso, considera-se que um único módulo pode apresentar alterações de usos, podendo atender a mais ou menos moradores com o passar do tempo. e que menos quantidade de módulos, denominados multifunções, pode atender a um número crescente de moradores, pois essa informação é relativa ao uso dado aos módulos escolhidos.

Instalações – Em conjunto ás superfícies modulares e criação pré-fabricada para solucionar uma arquitetura sustentável ao projeto, a composição do complexo será sucedida pelo sistema de telhado verde como princípio sustentável. O telhado verde ou ecotelhado será responsável pela retenção de calor, ruído e água, além da redução de aquecimento do entorno referente ao sítio de inserção do objeto. A captação da água da chuva pela cobertura para reutilização conduzirá a redução do consumo de água potável pela habitação. Além disso, a absorção de grande parte da água pluvial impede o escoamento de poluentes no ecossistema. Será utilizado o sistema ecotelhado laminar médio, escolhido por possibilitar o armazenamento de água na cobertura, que funcionará como cisterna de água da chuva (reservatório de água pluvial). Essa cisterna, caracterizada por uma lamina garante retenção de 50 a 60 litros de água por metro quadrado, tendo o sistema total um peso de 90 a 110kg/m². Além disso, a proposta abrigará conforto térmico e acústico, indicado por uma camada isolante no fechamento perímetral externo opaco e vidro duplo quando translúcido, e conforto visual perante a sua integração com o meio externo. O acervo de atividades transcritas para a programação da disposição dos espaços é visto como uma das condicionantes principais para execução do projeto. Logo mais a funcionalização do espaço acontece a partir dos elementos facilitadores de flexibilidade, conduzidos no projeto através de divisórias, fechamentos, estocagem, mobiliários, volumes e instalações, e também de sistemas sustentáveis, como conforto térmico, acústico e visual.

RELAÇÃO COM O LUGAR

O projeto amovível de montagem modular será transportado até o sítio de inserção escolhido pelo usuário através de caminhões gruas e carretas. O dimensionamento dos caminhões gruas limita-se a 3 metros de largura e uma profundidade variavel pela possibilidade de anexar demais carretas, tendo uma comum a média de 15 metros. A plataforma dos caminhões de transpornte, assim como as circunstâncias da estrada e dimensão das vias influênciaram na decisão inicial de dimensionamento do módulo. Este apresenta 11,52m², com seu comprimento proporcional á largura: 2,40m(L)X4,80m (C), e pé direito de 3,00m, estabelecido pela racioalização das placas de materias utilizados e também pelas circunstâncias de estrada, com altura máxima de 5,00m.

Método Modular: Os módulos transportados ao local através de caminhões gruas e carretas poderão ser levados de duas formas: Opção 01. Unidades prontas: Módulos in loco prontos para serem instalados no local e associados. Encaixa-se nesse modelo a categoria de série sequenciada por módulos simples, compostos, mista ou micro. Para essa solução tem-se redução de custos na mão de obra, e prazo reduzido na entrega final, já que o mesmo será levado e inserido pronto no local, com prazo de instalação de 24h, e de execução entre 30 e 60 dias . Opção 02. Pré-fabricação elementar integrada: Apenas a estrutura modular: pilares, lajes e vigas, já unificados são levados prontos, podendo ser enviados em uma ou mais seções para o posicionamento na base do local através das gruas. Os paineis, fechamentos, partições deslizantes e o núcleo de serviço serão produzidos em fábrica e instalados prontos no local. Encaixa-se nesse modelo a categoria de série sequenciada por módulos simples, compostos, mista ou micro. Esta forma tem a produção dos componentes com todos os subsistemas já instalados e montagem estrutural na industria, em seguda são levados ao local pelas carretas onde acontece a montagem. O prazo neste caso é de execução entre 30 e 60 dias e instalação de uma semana devido a necessidade de montagem no terreno.

DIRETRIZES TECNOLÓGICAS A tecnologia e os processos construtivos de acordo com Jorge (2012) são imprescindíveis para viabilizar intervenções direcionadas à flexibilidade do projeto e sustentabilidade. A condição de clareza na independência das partes do edifício é fundamental para estabelecer interatividade entre o usuário e o espaço. Jorge (2012) acredita que a tecnologia é definida como transformação, com um papel de entendimento na arquitetura cujo processo projetual, de idealização e realização, deve ser dinâmico, interativo, de influência recíproca, de idealização e realização e conceder uma nova concepção do espaço. É papel do arquiteto buscar na tecnologia e na industrialização construtiva uma linguagem que possa se adequar ao programa do morador, rompendo barreiras entre o arquiteto e o usuário. O intuito da obra é manter um equilíbrio entre a oferta de industrialização e personalização presente no mercado, com os objetos necessários para a composição da moradia do usuário.

Sistema Construtivo -

“O sistema pode ser definido como um grupo de componentes e partes interrelacionados e interdependentes, que formam a unidade complexa do todo e regem o seu funcionamento.”. Jorge (2012, p.172). Para entendimento do projeto o mesmo foi dividido em 3 partes, cada uma é um componente com funções diferentes que juntos formam o todo, e resultam

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o edifício. Estrutura – O sistema estrutural pré-fabricado foi elaborado a partir da combinação dos componentes mínimos: planos horizontais e armações estrutu rais realizadas por pilares em aço. A ideia é que houvesse a separação entre funções portantes :vigas e pilares e portadas: fechamentos e divisórias. Vedações – A vedação interna e externa será através de componentes leves, de pouca espessura, alta transportabilidade, fácil instalação e manutenção. Tanto o sistema construtivo em aço escolhido, como as vedações foram pensadas para realizar uma construção a seco e conzuzir o projeto a uma arquitetura sustentável. O projeto foi pensando como um ciclo, desde o inicio da obra até o final de sua vida útil, dessa forma foi pensado em materias de baixo custo, com rezução de impactos e reciláveis. Instalações – Concentração dos serviços em blocos; adoção de kits de serviços pré-fabricados e tubulações flexíveis; instalações de cabeamento e estruturado e pré cablagem. O percurso das instalações dará preferência a trajetórias sob pisos flutuantes e acima dos forros falsos e rebaixados.

Pré-fabricação - O objetivo primordial da pré-fabricação de acordo com Jorge (2012) alia redução de custos e mão de obra, agilidade construtiva, facilidade de transporte e montagem, simplicidade de instalação, economia de materiais, redução de resíduos, adaptabilidade posterior favorável e benefícios ambientais. Segundo Cobbers e Jahn (2010 apud Jorge 2012, p.178) uma habitação pré-fabricada representa “uma estrutura produzida numa fábrica e instalada, já pronta, no seu destino final, ou algo construído por componentes pré-fabricados industrialmente que são enviados para o estaleiro e montados no local.”. O termo pré-fabricação abrange todo processo de material que não ocorre no local efetivo do edifício, desmembrando-se segundo Bregatto (2005 apud Jorge, 2012) em pré-fabricação total: unidades totalmente pré-fabricadas em usinas e montadas in loco, ou pré-fabricação elementar integrada, no qual elementos industriais padronizados são produzidos para serem montados em canteiros com equipamentos adequados. O requisito flexibilidade, a partir da moradia eficiente e tecnológica, foi reforçado no projeto através do transporte, da montagem e transferência da unidade, além da fácil manutenção e baixo custo econômico pelo uso de materiais pré-fabricados. As técnicas de construção pré-fabricada foram reconhecidas como forma de introduzir a estética industrial e melhorar a qualidade e agilidade da construção do projeto. A tecnologia possibilita a transformação do futuro e criação de ambientes ajustados à nova sociedade.

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Friedman (2001 apud Jorge 2012) reconhece três métodos construtivos principais pertinentes à pré-fabricação: modular, kit-of-parts e estrutura de painéis. Modular – Segundo Friedman (2001 apud Jorge 2012) este é um método referente à construção de seções na fabrica (módulos inteiros de uma habitação ou partes dela). Os módulos tridimensionais normalmente são enviados em duas ou mais seções para o posicionamento na base do local de construção através de guindastes ou gruas. Possuem a opção de serem agrupados horizontalmente ou empilhados para construir uma habitação completa. Votava (2006 apud Jorge, 2012) indicou esse método construtivo como sistemas volumétricos ou modulados. Conforme o sistema volumétrico, a composição final do edifício pode ser resultado de um único volume disposto no terreno, ou ainda de uma combinação de módulos que podem estar associados horizontalmente ou verticalmente, ou então por empilhamento das unidades. Estrutura de painéis – Segundo Friedman (2001 apud Jorge 2012) este tópico refere-se a painéis pré-fabricados de diferentes dimensões, verticais e horizontais, nas versões abertas (apenas a estrutura exterior, sem os isolamentos, tubulações e revestimentos que são adicionados no local da construção) e fechadas (painéis completos de vedação e isolamento, que podem conter portas, janelas; serviços internos e acabamentos). A aplicabilidade do sistema de painéis é ampla e possibilita a flexibilidade no espaço desde que esteja associada a concepção de peças moduladas, desmontáveis, operacionais e leves. “Permite soluções de fachadas, vedações externas, coberturas, pisos, divisórias internas, portas, esquadrias, acabamentos decorativos e isolamentos.” (Jorge 2012, p.204). Painéis planos como paredes maciças, pisos, forros, janelas portas, divisórias, revestimentos e telhados pré-fabricados, quando transportados prontos ao sítio e montados no local envolvem montagem manual ou mecanizada e transporte por agrupamento. No projeto habitacional modular serão utilizados os dois métodos construtivos de pré-fabricação citados: modular e estrutura de painéis. A opção para o sistema modular se adéqua a forma 01 citada no tópico de relação com o lugar, no qual se refere a construção de seções na fabrica por módulos inteiros, e enviados ao local através de gruas, o módulo será agrupado horizontalmente no local, resultando no terreno um único volume ou então uma combinação de módulos. O sistema de pré fabricação kit-of-parts, não será necessário em decorrência da transportação do módulo acontecer em sua totalidade e não em partes. Na sequência o terceiro método construtivo pertinente aos painéis pré-fabricados, serão utilizados pela forma 02 citada, que seria a utilização de painéis verticais


e horizontais com dimensões padronizadas na versão fechada, já pronta em que os painéis são completos de vedação e isolamento, já apresentando portas e acabamentos. Serão soluções apresentadas nas fachadas, vedações externas, coberturas, pisos, divisórias internas, portas, acabamentos decorativos e isolamentos.

Materiais - Ao considerar todo o ciclo da construção habitacional, desde a concepção até o final de sua vida útil, é preciso trazer soluções às etapas do projeto que respondam de forma adequada os desafios ambientais, sociais e econômicos. São questões que incluem custo operacional, seleções dos materiais utilizados, o impacto da obra em seu entorno, definições de conforto acústico, térmico e visual, além do fator social que seria a mão de obra envolvida. Partindo desde princípio e do conceito de pré-fabricados já estabelecidos no trabalho foi escolhido o aço como material executivo do projeto. Ao contribuir para a construção sustentável, possibilita as seguintes vantagens: Não polui o meio ambiente – a obtenção do aço acontece a partir do minério de ferro, considerado um dos elementos mais abundantes do planeta. Seu processo de produção resulta um material homogêneo que não libera substâncias que agridem o meio ambiente. Uso de coprodutos – os coprodutos resultantes da produção do aço também podem ser utilizados na construção da habitação. Os agregados siderúrgicos podem ser usados na produção do cimento e pavimentação de vias, como lastro em ferrovias. Economia de tempo na execução – o aço possibilita maior velocidade da construção, visto que a maioria dos componentes são produzidos fora do canteiro de obra. Possibilita então um tempo de construção mais curto perante outros materiais produzidos no local. Economiza materiais e reduz impactos – a questão do menor peso da estrutura em aço reduz as fundações e escavações, gerando menor retirada de terra, que em consequência diminui as viagens de caminhões necessária para sua remoção. No caso da habitação flexível que será proposta não terá necessidade de fundação e escavação de terra, pois o terreno receberá o módulo pronto. Entretanto, o menor peso do material, possibilitará uma leveza maior na estrutura do complexo, permitindo pilares mais finos e fechamentos flexíveis. Além de facilitar o transporte do objeto por resultar em um peso menor. Maximiza a iluminação natural com economia de energia – a alta resistência do aço permite estruturas com vãos mais amplos. Telhados e fachadas leves e transparentes favorecem a iluminação natural e, consequentemente a economia de energia elétrica. Durabilidade – a proteção efetiva do aço contra corrosão pode existir de várias maneiras, seja por meio de revestimento ou pintura, ou ambos, que estão cada vez mais sendo aplicados diretamente as chapas ou à estrutura durante o processo de fabricação.

Flexibilidade – o material oferece às estruturas das edificações o conceito de flexibilidade tanto na fase de operação como em futuras adaptações. As construções podem ser facilmente modificadas ou ampliadas para se adaptarem a novos usos. Infinitamente reciclável – devido às propriedades magnéticas do aço, que não são encontradas em nenhum outro material, este é facilmente separado de outros materiais. O resultado consiste em elevados índices de reciclagem, considerando que ao reciclar o mesmo não se altera nenhuma de suas qualidades. A aplicação do aço na construção do projeto permitirá total compatibilidade com as diretrizes conceituais pré-estabelecidas, possível através da flexibilidade, leveza, economia de tempo na execução e durabilidade. Além dos fatores agregados a uma construção sustentável efetiva, por ser considerado reciclável em sua totalidade, reduzir impactos e economizar materiais e maximizar a iluminação natural com economia de energia. Ainda sobre a materialidade, porém referente aquela que preencherá as vedações internas do projeto habitacional, o material adepto será a madeira maciça laminada. Este perfil abrigará o espaço através de superfícies verticais e horizontais, além de objetos. O material será internamente dominante por linhas contínuas, levadas por armazenamentos, objetos, divisórias, vedações. O sistema reduz custos, e prazos de construção, proporciona qualidade construtiva e é considerado módulo sustentável pela redução da emissão de dióxido de carbono na atmosfera e reutilização dos painéis de madeira em energia renovável ao final da vida útil do edifício. A pertinência, na escolha do painel de madeira como elemento primário do processo construtivo de ambientes urbanos densos, revela-se especialmente em razão da agilidade construtiva, associado à liberdade de associação do material a todo tipo de componente convencional, compatibilizando aço, alumínio e vidro, capaz de adequar-se a qualquer condição climática. (THOMPSON, 2009 apud JORGE, 2012, p.210). As principais vantagens das casas pré-fabricadas é a possibilidade de racionalização econômica e ausência de desperdícios, além de promover o perfil inovador e experimental através de materiais reciclados e substituídos por outros no futuro. O uso do aço e da madeira no projeto trarão possíveis aproveitamentos sustentáveis através de soluções arquitetônicas conscientes e planejadas.

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PROJETO REALIZAÇÃO PROJETUAL



HABITAÇÃO MODULAR FLEXÍVEL (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (9)

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DIAGRAMA COM TODOS OS COMPONENTES (1) Vegetação (2) Substrato (3) Manta de absorção (4) Módulo Laminar (5) Manda de Impermeabilização

(8) Laje seca steel frame (9) verga - 2 peris de aço "Ue" (10) Compensado de Madeira (11) Madeira maçica laminada

(6) Placa OSB

(13) Pilar circular em aço inferior (14) Montantes em aço perfil "Ue"

(7) Lã de vidro

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(12) Pilar circular em aço superior

(15) Guias em aço perfil "U" (16) Vidro isolante duplo térmico (17) Placa cimenticia (18) Painel deslizante externo, com face interna OSB e face externa placa cimenticia (19) Membrana Plástica


CONCEITO Flexibilidade funcional (contínua): A diretriz do projeto é apresentar modelos habitacionais constituídos pela justaposição de módulos de variadas formas e repetições, ocasionando em mais de uma possibilidade de apresentação de projeto ao cliente, assim como infinitas soluções. As diversas possibilidades de configurações se expandem também á programas futuros, pois a incorporação dos módulos poderá ser realizada tanto na instalação inicial como a longo prazo, otimizando as necessidades do usuário e possíveis desmembramentos e mudanças familiares. Evolução- Capacidade de mudanças no lauyout básico, na reorganização e reajuste dos modulos durante toda a vida útil da habitação.

Elasticidade- Expansão ou contração do espaço habitável, através do projeto inicial estabelecido. Ampliação- Possível acrescimo de modulos e equipamentos. A ampliação relacionada a fisionomia externa da habitação pode se desenvolver de duas formas: ampliação exógena de caráter autônomo- quando houver uma ampliação no limite exterior do corpo que resulte em uma forma diferente da existente, ou então a ampliação exógena de caráter contínuo- em que a transformação na configuração externa dará uma forma contínua a existente. A ampliação no espaço interno seria a possibilidade de unificação funcional entre dois módulos de tipologias diferentes.

CICLO MODULAR (Base exemplar matriz formal)

Módulo único- Multifuncional Multiplicidade Modular- Tipologias distintas

ELASTICIDADE: EXPANSÃO

ELASTICIDADE: CONTRAÇÃO

DESENVOLVIMENTO

Compactação das funções necessárias para uma habitação

Ampliação Exógena de Caráter Contínuo

EVOLUÇÃO

Ampliação Exógena de Caráter Autônomo

LEGENDA DESCANSO CONVÍVIO PREPARO DE ALIMENTOS HIGIENE TRABALHO VARANDA

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Modulação- O projeto será elaborado em função de um sistema de coordenação de padrões dimensionais e normatizados do conjunto de componentes estruturais. Como instrumento de padronização, racionalização e sistematicidade, a modulação atua como flexibilidade construtiva, pois favorece reformulações posteriores de mudanças, manutenção e ampliação da habitação. O propósito da coordenação modular é eliminar a fabricação, modificação ou adaptação de peças em obra, reduzindo o trabalho de montagem das unidades. Para isso as industrias executarão os produtos como multiplos de um único módulo, que será a matriz formal dos elementos que constituírão toda a habitação.

Malha Modular - O uso do plano reticulado serve de base tanto para a estrutura principal, como para os outros componentes que também obedecem ao padrão de coordenação modular. A malha possibilita posicionar e interrelacionar estes elementos estruturais: pilares, vedações, instalações, o que permitirá melhor aproveitamento das placas e materiais utilizados, gerando o mínimo de cortes e desperdícios. Para facilitar a criação e o desenho modular foi realizada na fase preliminar uma malha de espaçamento 600mm para acompanhar a modulação estrutural steel frame. A malha possibilitou no projeto a racionalização de plascas cimenticias e OSB presentes como fechamento do sistema.

600

600

1200

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2400

600

1200

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600

4800

Planta protótipo modular atividade descanso - Malha Modular Esc.: 1:75

PARTIDO Módulos espaciais- A proposta foi abordada a partir de seis tipologias usuais presentes em um programa de necessidades doméstico satisfatório a um ou mais membros familiares. Cada uma das atividades exercidas em um ambito habitacional foi direcionada a um módulo. Compostos e organizados de diversas formas resultarão em um complexo doméstico coerente as necessidades de usuários especifícos. A ideia é criar configurações variadas contendo a mesma matriz formal.

Divisórias móveis: Elemento móvel para adaptações funcionais, fazendo com que os ambientes serem ampliados ou encolhidos, divididos ou integrados. As divisórias móveis possuem a capacidade de estabeler uma comunicação íntegra entre os espaços ou privativa através de uma esféra mais íntima. Com folhas corridas poderão ser camufladas ou totalmente escondidas quando desejadas. Pré-fabricação modular- Sistema escolhido por apresentar como objetivo primordial: a redução de custos e mão de obra, agilidade construtiva, facilidade de transporte e montagem, simplicidade de instalação, econômia de materiais, redução de resíduos, adaptabilidade posterior favorável e benefícios ambientais. (1)

LEGENDA DESCANSO CONVÍVIO PREPARO DE ALIMENTOS HIGIENE

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Cada módulo apresenta 11,52m² - Pé-direito: 3,00m Total: 38,56 m³

TRABALHO VARANDA

(2) (5)

Núcleo higiene e preparação de alimentos: A junção das atividades que se utilizam de instalações de infra-estrutura, como canalização hidráulica, esgoto e elétrica, com a intenção de formar um único núcleo permitirá uma melhor eficiência econômica e construtiva na habitação. Processo de desenvolvimento da maquete física modular. Etapas da racionalização das placas utilizadas, assim como será em fábrica.

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PROTÓTIPO HABITAÇÃO MODULAR FLEXÍVEL - Apresentação das possibilidades de fechamentos dos módulos 11,52 m²

A

Módulo componente:partições deslizantes

E-01

E-01

Fechamento flexível

Fechamento flexível

Fechamento Flexível

B

B

E-02

DET.01

2400

DET.02

B 3600 4800

E-03

A

E-03

E-04

B 600

Pilar estrutural em aço

Painel não-estrutural Steel-frame

Vidro isolante duplo térmico Planta módulo descanso. ESC.:1:25 OBS.: DET.: Detalhamento

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Sistema Estrutural

Sistema em aço a partir da combinação de elementos mínimos: planos horizontais Painéis Steel-Frame - e armações estruturais - Dois pilares tubulares - .

Planta estrutural laje-seca (piso e contra-piso) ESC.:1:25

MONTANTES - Perfil "Ue" Segmento vermelho: Eixo Estrutural Principal de Ligação entre pilares, montantes e distribuição de peso nas guias

GUIAS (vigas estruturais) Perfil "U"

Imagem 3D estrutural

52 52


CORTES 3.7m 3,3m

0,3m 0,0 CORTE BB ESC. 1:20

5353


CORTES DET. 04 3.7m 3,3m

0,3m 0,0

DET. 03

54 54

CORTE AA ESC. 1:20


DETALHAMENTO ESTRUTURAL DET.02

DET.01 Externo

Interno

DET.02

1.Madeira maciça laminada 5mm 2. Madeira compensada 3. Montante em perfil de aço "Ue" 90mmX40mm espessura 0,9mm 4. Isolamento termo-acústico lã de vidro

Vidro Isolante duplo térmico- com acréscimo de película metálica. Espessura:2mm 01

5.Placa Cimenticia 1200mm x 3000mm espessura 10mm 6. Painéis de OSB 2400mm x 1200mm espessura 15mm 7. Membrana Plastica espessura 2mm

02

1.Chapa de vidro 2. Espaço intermediário entre chapas 3. Película metálica face chapa 01 ESC.:1:3

ESC.:1:3

DET. 03- LAJE PISO

1.Guia inferior perfil "U" 92mmx38mm 2.Chapa de aço 3.Montante em perfil de aço "U" largura 200mmX40mm espessura 0,9mm 4. Painel OSB 5.Membrana Plastica 6.Isolamento termoacústico lã de vidro 7.Placa cimentícia ESC.:1:3

5555


DETALHAMENTO ESTRUTURAL

DET. 04- LAJE COBERTURA/ ECOTELHADO LAMINAR MÉDIO

11.Capeamento em chapa galvanizada (2mm)

1.Vegetação 2.Substrato 3.Manta de Absorção 4.Módulo Laminar 70mm 5.Tela Impermeabilizante 6.Painel OSB 7. Viga de piso perfil "Ue" (Montante em perfil de aço largura 200mm )

12.Chapa Metálica

8.Isolamento termoacústico lã de vidro 9.Compensado de madeira

13. Guia superior perfil "U" 92mmx38mm

10.Madeira maciça laminada ESC.:1:3

56 56


DETALHAMENTO ESTRUTURAL ELEVAÇÃO - Face dimensão linear 3600mm x 3000mm do modulo protótipo

DET. VERT. 01 COTAS PELO EIXO DO PERFIL PARAFUSOS ESTRUTURAIS

0,09

Montante em aço galvanizado

Medidas em milímetro - ESC.:1:5

VERT. DET.01

VERT. DET.02

VERT. DET.03

DET. VERT. 03

0,600 0,600 0,600 0,600 0,600 0,600

40

Medidas em metros - ESC.:1:30

COTAS PELO EIXO DO PERFIL

90

12

DET. VERT. 02

PARAFUSOS ESTRUTURAIS

ESC.:1:10

Medidas em milímetro - ESC.:1:5

57 57


58 58


TIPOLOGIA MODULAR 1. MÓDULO DESCANSO- Plantas com possibilidade de usos

ESC.:1:50

Imagens trimensionais módulo descanso. Fonte: programa Archicad e Artlants.

59 59


ESC.:1:50 ESC.:1:50

Imagens trimensionais m贸dulo descanso. Fonte: programa Archicad e Artlants.

Imagens trimensionais m贸dulo descanso. Fonte: programa Archicad e Artlants.

60 60


2. MÓDULO CONVÍVIO - Plantas com possibilidade de usos

ESC.:1:50

Imagens trimensionais módulo convívio. Fonte: programa Archicad e Artlants.

61 61


s

ESC.:1:50

Imagens trimensionais m贸dulo descanso. Fonte: programa Archicad e Artlants.

62 62


3. MÓDULO PREPARO DE ALIMENTOS E HIGIENEPlantas com possibilidade de usos

ESC.:1:50

Imagens trimensionais módulo preparo de alimenos e higíene. Fonte: programa Archicad e Artlants.

63 63


ESC.:1:50

Imagens trimensionais m贸dulo descanso.Fonte: programa Archicad e Artlants.

64 64


ESC.:1:50

Imagens trimensionais m贸dulo descanso. Fonte: programa Archicad e Artlants.

65 65


ESC.:1:50

Imagens trimensionais m贸dulo descanso.Fonte: programa Archicad e Artlants.

66 66


3. MÓDULO PREPARO DE ALIMENTOS E HIGIENE- Plantas com possibilidade de usos

ESC.:1:50

Imagens trimensionais módulo descanso.Fonte: programa Archicad e Artlants.

67 67


ESC.:1:50

Imagens trimensionais m贸dulo descanso.Fonte: programa Archicad e Artlants.

68 68


4. MÓDULO TRABALHO - Plantas com Possibilidade de usos

ESC.:1:50

Imagens trimensional módulo trabalho.Fonte: programa Archicad e Artlants.

69 69


s com Possibilidade de usos

ESC.:1:50

Imagens trimensionais bloco descanso. Fonte: programa Archicad e Artlants.

70 70


6. MÓDULO VARANDA 6. MÓDULO VARANDA

(Espaço convívio/ mediador de módulos) - Apenas estrutura

(Espaço convívio/ mediador de módulos) - Apenas estrutura

ESC.:1:75

Espaço convívio/mediador de módulos - Apenas estrutura ESC.:1:75

ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL Estratégias de flexibilidade do projeto

Conceito Espaço livreHabitação pouco compartimentada com a proposta de uma ocupação funcional e flexível. A fluidez espacial do interior ao exterior alem de expandir o espaço interno tem a particularidade de proteger e envolver o usuário ao panorama e a natureza. Quando houver necessidade de divisão de ambientes estes serão relacionados através dos elementos facilitadores de flexibilidade, que serão painéis de correr ou através dos próprios mobiliários, como estantes vazadas e balcões.

Polivalencia- Configurada pela propriedade de alteração de usos e funções dos espaços. O conceito agrega uma outra categoria: Adaptabilidade- que visa a alteração de usos com economia de espaço, propriedade de reformulação de layouts interiores e multifuncionalidade.

1. PLANTA DESCANSO

Legenda Elemento Fixo- Estocagem Zona Habitável Partições Deslizantes Acesso interno

ESC.:1:100

71 71


2. PLANTA DESCANSO

Legenda Elemento Fixo- Assento Zona Habitável Partições Deslizantes Acesso interno ESC.:1:100

3. PLANTA PREPARARO DE ALIMENTOS E HÍGIENE

Legenda Elemento Fixo- Núcleo de serviço central ou periférico Zona Habitável Partições Deslizantes Acesso interno ESC.:1:100

4. PLANTA TRABALHO

Legenda Elemento FixoEstocagem/Mobiliário Zona Habitável Partições Deslizantes Elemento móvel Acesso interno ESC.:1:100

72 72


IMPLANTAÇÃO

Módulos amovíveis transportáveis e adaptáveis a qualquer tipo de contexto Conceito Mobilidade- Concebido para ser facilmente transportado e rapidamente construído o módulo tem a condição de deslocamento habitacional temporário ou permanente, o que o faz ser uma habitação maleável á supostas mudanças necessárias. É uma habitação amovível e adaptável a qualquer espaço, seja o meio urbano ou rural. A ilustração ao lado seria o caminhão grua utilizado para a transportação dos módulos - Demonstração das cordas necessárias para elevação e mobilidade do módulo na mobilidade entre solo e carreta. Largura máxima caminhão: 3,00 e comprimento variável de acordo com a quantidade de carretas.

Implantação tipológica módulos: DESCANSO, CONVÍVIO E TRABALHO

Implantação tipológica módulos: PREPARO DE ALIMENTOS OU HIGIENE

MÓDULOS SOLARES

Implantação tipológica módulos: PREPARO DE ALIMENTOS OU HIGIENE

BOILER - AQUECEDOR DE ÁGUA DEPÓSITO DE ÁGUA POTÁVEL

ECOTELHADO LAMINAR MÉDIO

Implantação modular - ESC.:1:75

PAINEL SOLAR - Produção de energia térmica para aquecimento da água potável POSICIONAMENTO INSTALAÇÕES- Depósito de água potável ladeado pelo Boiler- ambos seguem o posicionamento do núcleo de serviço central do módulo de sua função. 73 73


OBJETO X TERRENO Processo executivo

1.

1. Elaboração plano final de módulos associados ou individualizados 2. Execução de projeto em fábrica 3. Transporte modular por caminhão grua. Opção 01. préfabricação total: unidades modulares prontas a serem instaladas e compatibilizadas. Opção 02. pré-fabricação elementar integrada: a base estrutural é levada pronta e os fechamentos industriais padronizados são produzidos em fábrica e montados no local. 4. Preparação do terreno para receber os módulos 4.1 Demarcação dos locais de posicionamento dos núcleos de serviço hidráulico, para as devidas instalações no solo. 4.2 Demarcação dos locais de posicionamento dos pilares 4.3 Fundação dos pilares. Unidade modular: cada pilar apresentará uma fundação com um bloco de cocnreto acompanhado de quatro brocas, sendo no total dois pilares por módulo. Os pilares inferiores a laje piso poderão ter altura variada, ajustando-se de acordo com a topografia do terreno. A altura do bloco foi estabelecida no projeto como 1m, mas essa medida também pode variar, dependendo da profundidade necessária no terreno local.

2.

3.

4.

pilar brocas bloco terreno

Representação da inserção do módulo no terreno - fundação com blocos de concreto e estacas. Fonte: Ilustração do autor

1,00

1.

2.

1. Bloco de concreto 2. 4 brocas

3.

3. Pilar circular

1,00 Planta do bloco, brocas e pilar.

74 74

(d=20cm)


INSTALAÇÃO HIDRAÚLICA Corte esquemátivo com diagrama de água potável e reservatório 2 Água fria- Da caixa d'agua para

C

o reservatório

Respiro (suspiro)

4 Água aquecida - Das placas

AQUECEDOR DE ÁGUA (BOILER)

para o reservatório

TANQUE DE ÁGUA POTÁVEL

1 Água fria- Da caixa d'agua para

3 Água fria- Do reservatório

pontos de utilização

para placa coletora

5 Água aquecida - Do reservatório para pontos de consumo

C

Planta módulo preparo de alimentos e hígiene ESC.:1:75

Detalhe tubulação de água pluvial e aquecida. Esc.: 1:20

Módulos destinados as atividades: Preparação de alimentos e Higíene estarão sempre que possível ladeados ao desenvolver a associação de módulos no projeto. Isto se deve para facilitar o módulo componente de serviço que atenderá a habitação, nomeado como núcleo central ou periférico. O objetivo do mesmo é racionalizar o espaço, agrupando todos serviços um único local e liberando o restante para multifunções e espaços livres. O mesmo vai facilitar as instalações de infra-estrutura, como canalização hidráulica, esgoto e elétrica. com exceção no caso de ampliação modular exógena de apenas um deles. Neste caso o nucleo de serviço atenderá a apenas uma função. Legenda Água Fria Água Aquecida

6 Resíduos sólidos são canalizados ao reservatório de detritos

Os resíduos são decompostos por agentes químicos

TANQUE DE ESGOTO

TANQUE DE ÁGUA SERVIDA

7 Destino: Sistema de água local

ou sistema próprio localizado a uma distância da habitação

Reutilização na irrigação do ecotelhado ou outros jardins

75 75


PLANTA LUMINOTÉCNICA Cada módulo apresentará quatro pontos de luz para luminárias padronizadas e embutidas na vedação plana superior. Elas serão distribuídas no espaço de acordo com a malha modular, variando os distanciamentos de acordo com a função do espaço e necessidades do usuário. A padronização do módulo inclui luminárias plafon redondas de diâmetro 15cm, entretanto pontos específicos e modelos poderão ser alterados a pedidos do cliente.

Modelos de planta luminotécnica para tipologias modulares: 1.Descanso 2.Convívio 3.Hígiene 4.Preparo de Alimentos 5.Trabalho 6.Varanda 1,200

1,200

1,200

2,400

1,200

T

T

T

T

T

T

1,200

1,200

1,200

T

T

Variações de plantas luminotécnicas módulos 3.Hígiene e 4.Preparo de Alimentos

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T T

T T

T

T

T

T

T

T

Legenda T

T

T

76 76

Luminária


Painel Deslizante Externo Possível fechamento face translúcida externa. Função: acesso interno/externo, ventilação, iluminação natural Material: face externa placa cimenticia e face interna madeira maciça laminada 1 Fechamento total Externo

Interno

Planta ESC.:1:15

2 Movimento frontal

Planta ESC.:1:15

3 Movimento lateral Externo

Interno

Planta ESC.:1:15

Legenda Painel deslizante Partição deslizante em vidro

3,000

0,600 0,600

ESC.:1:50

Vista Frontal Porta Delizante

Proteção da incidência solar direta no espaço interno, assim como possibilidade de entrada de luz natural indireta.

77 77


Racionalização e Sistematicidade de Painéis Sistema de coordenação modular - Foi planejado uma malha modular de 600mm para melhor aproveitamento dos materias, gerando um mínimo de cortes e desperdícios.

PLACAS CIMENTÍCIAS Placa: 1200mm x 3000mm Possibilidade de vedação vertical lado 3600cm h=3000cm

Placa: 1200mm x 3000mm Possibilidade de vedação vertical lado 4800cm h=3000cm 1200

0,40 3000 0,20

3000

0,40

1200

0,20

0,20

3000

0,40

1200

Placa: 1200mm x 3000mm Possibilidade de vedação vertical lado 2400cm h=3000cm

3600

4800

2400

Obs: Junta entre placas 3mm

PLACAS DE OSB Placa: 1200mm x 2400mm Possibilidade de vedação vertical lado 3600cm h=3000cm

Placa: 1200mm x 2400mm Possibilidade de vedação vertical lado 3600cm h=3000cm

1200 0,40 0,600 0,20

2,400

0,600

2,400

0,40

1200

0,20

0,600

2,400

0,40

1200

0,20

Placa: 1200mm x 2400mm Possibilidade de vedação vertical lado 3600cm h=3000cm

Obs: Junta entre placas 3mm

ESC.: 1: 75

OBS.: Painel Laje Piso h=0,20m - Pé direito 3,00m - Painel Laje cobertura 0,40

Placa: 1200mm x 2400mm Possibilidade de vedação horizontal plano 4800cmx2400cm

ESC.: 1: 75

78 78


CATERGORIAS E DESENVOLVIMENTO DAS CONFIGURAÇÕES MODULARES CATEGORIAS DE DESENVOLVIMENTO DAS CONFIGURAÇÕES MODULARES: 1. Série sequenciada por módulos simples (posicionamento dos módulos em planta em vista vertical) Organização modular proporcional a um módulo de cada atividade- Totalizando 5 módulos, incluso ou não o módulo varanda. 2. Série sequenciada por módulos composto (posicionamento dos módulos em planta em vista horizontal) Organização modular proporcional a um módulo de cada atividade- Totalizando 5 módulos, incluindo ou não o módulo varanda. 3. Série mista Organização modular de módulos simples e composto 4. Série micro- Complexo Modular com menos de 5 atividades/módulos. Destinado a funções como: unidade modular como multifunções, habitação de finais de semana, habitação dias úteis, habitação em apenas um período do dia. EVOLUÇÃO 1. Ampliação exógena de caráter contínuo 2. Ampliação exógena de caráter autônomo

Imagens Maquete física do protótipo modular, com as possibilidades de fechamentos. Escala utilizada: 1:25. Fonte: Autora do projeto

79 79


POSSIBILIDADES DE ASSO 1. Série sequenciada por módulos simples

Complexo modular com média de um ou dois moradores perante a um módulo de descanso, como colocado nas possibilidades. Considera-se que essa quantidad de módulos atenderia facilmente mais usuários, o que vai depender do uso dado aos espaços. 1

2

3

4

5

6

4

3

5

2

1

6

6

3

5

4

4

3

5

2

2

1

1

6

5

6

3

4

2. Série sequenciada por módulos compostos

Complexo modular com média de um ou dois moradores perante a um módulo de descanso, como colocado nas possibilidades. Considera-se que essa quantidad de módulos atenderia facilmente 2 mais usuários, o que vai depender do uso dado aos espaços. 3

2 3

6

6

4

6

4

1 4

1

1

3

1

5

6 5

2 5

2

4. Função trabalho/Uso período diurno

8080

2

4

1


OCIAÇÃO MODULAR FINAL

LEGENDA DESCANSO CONVÍVIO PREPARO DE ALIMENTOS HIGIENE TRABALHO VARANDA

3

2

1

5

2

4

3

6

1

5

2

4

3

1

6

ESC.: 1: 150 6

5

2

3

4

2

5

1

6

1

3

4

6

2

5

ESC.: 1: 150

44 6

4

5

2 5

2

33 1

3

3

1

3

6

55 5

6

4

1

2

4

ESC.: 1: 150

81



3. Série mista Complexo modular possível para um, dois ou mais membros.

ESC.: 1: 150

LEGENDA DESCANSO

5

1

6

1 CONVÍVIO PREPARO DE ALIMENTOS HIGIENE

6

5

4. Série micro

TRABALHO VARANDA

ESC.: 1: 150

ESC.: 1: 150

8381


Tipologias de Evolução 1. Ampliação exógena de caráter contínuo 1

Possibilidade de expansão lateral

Possibilidade de expansão lateral

Modelo Inicial simples

ESC.: 1: 150

2. Ampliação exógena de caráter autônomo LEGENDA

Possibilidade de expansão superior

DESCANSO CONVÍVIO PREPARO DE ALIMENTOS HIGIENE TRABALHO

2

VARANDA

Possibilidade de expansão lateral

Modelo Inicial composto

Possibilidade de expansão inferior

84 82

Possibilidade de expansão lateral

ESC.: 1: 150


MEMORIAL DESCRITIVO Método Modular: Os módulos transportados ao local através de caminhões gruas e carretas poderão ser levados de duas formas: Opção 01. Unidades prontas: Módulos in loco prontos para serem instalados no local e associados. Encaixa-se nesse modelo a categoria de série sequenciada por módulos simples, compostos, mista ou micro. Para essa solução tem-se redução de custos na mão de obra, e prazo reduzido na entrega final, já que o mesmo será levado e inserido pronto no local, com prazo de instalação de 24h, e de execução entre 30 e 60 dias . Opção 02. Pré-fabricação elementar integrada: Apenas a estrutura modular: pilares, lajes e vigas, já unificados são levados prontos, podendo ser enviados em uma ou mais seções para o posicionamento na base do local através das gruas. Os paineis, fechamentos, partições deslizantes e o núcleo de serviço serão produzidos em fábrica e instalados prontos no local. Encaixa-se nesse modelo a categoria de série sequenciada por módulos simples, compostos, mista ou micro. Esta forma tem a produção dos componentes com todos os subsistemas já instalados e montagem estrutural na industria, em seguda são levados ao local pelas carretas onde acontece a montagem. O prazo neste caso é de execução entre 30 e 60 dias e instalação de uma semana devido a necessidade de montagem no terreno. Estrutura: O sistema construtivo foi elaborado a partir da combinação dos componentes mínimos: planos horizontais, caracterizados por paineis steel frame, e armações estruturais que seiram os pilares em aço. A ideia é que houvesse a separação entre funções portantes :vigas e pilares e portadas: fechamentos e divisórias. Vantagens do Sistema Steel Frame: - Construção a seco o que reduz o uso de recursos naturais e desperdícios; - Econômia de tempo na execução, o canteiro se transforma em apenas local de montagem; - Durabilidade e longevidade da estrutura, pelo processo de galvanização das chapas dosperfis; Facilidade de montagem, manuseio e transporte, pela leveza do material; - Maior precisão nos processos e acabamentos da construção; - Material 100% reciclável; - Material incombustivel; - Flexibilidade no processo arquitetônico. Laje seca: A laje seca do sistema constiste em placas rígidas de OSB (15mm de espessura) aparafusadas as vigas de piso. O material foi escolhido por apresentar propriedades estruturais, favorecendo o diafragma horizontal, além de leveza e fácil instalação. Vigamento de piso: As vigas de piso que formam a laje se apoiam nos montantes onde suas almas estando em coincidência dão origem ao conceito de estrutura alinhada As vigas são conceituadas no sistema como montantesperfis de aço galvanizado de seção transversal tipo "Ue". No projeto possuem altura 200mm, largura 40mm e espessura 0,9mm... e espaçamento entre elas de 300mm.

Vedações: Existirão 2 tipos de fechamentos externos no módulo: 1. Superfície translúcida: vidro isolante duplo térmico, com acréscimo de película metálica na face externa.O vidro apresenta alta permeabilidade à luz e nergia em geral, permitindo assim, o uso passivo da radiação solar e sua converção em energia. São visualmente neutros semelhantes aos vidros isolantes normais. 2. Painéis Steel Frame. As placas utilizadas como paineis verticais são compostas por montantes (elementos verticais de seção transversal tipo "Ue") e as guias (elementos horizontais de seção trasnversal tipo "U"). Existe o alinhamento estrutural do painel: vigas de piso todas alinhadas aos montantes. Os montantes são unidos em seus extremos inferiores e superiores pelas guias, elas tem a função de fixá-los a fim de constituir um quadro estrutural. O espaçamento entre os montantes, assim como a malha modular estabelecida é de 600mm. Para unir os perfis que compõem a estrutura, será feita uma ligação por meio de parafusos galvanizados do tipo autoperfurantes. Guias: seção trasnversal tipo "U" altura: 92mm, largura: 38mm, espessura:0,09mm Montantes: seção transversal tipo "Ue", altura: 90mm, largura: 40mm, espessura 0,09mm.

Montante perfil Ue 90x40x12x0,8 (mm)

Perspectiva montante em aço perfil "Ue"

Detalhe do encaixe entre os montantes verticais e a guia inferior: Quadro estrutural.

Guias perfil Ue 92x38x12x0,8 (mm)

Perspectiva guia em aço perfil "Ue"

Painel vertical Steel Frame com monstantes

85 83


Revestimentos: Na face externa do módulo permanecerá aparente as placas cimentícias utilizadas como fechamento externo do sistema steel frame. Serão utilizadas placas de 1200mm X 3000mm. Na face interna das vedações perimetral do módulo, assim como em todas as divisórias internas serão utilizadas a madeira maciça laminada. A mesma quando utilizada como vedação do sistema, será acompanhada de compensado de madeira para impedir que a conecção dos parafusos nas placas de aço fiquem a vista. Vantangens Madeira maciça laminada: - Agilidade Construtiva, reduzindo custos e prazos; - Compatilização com o aço; Excelente comportamento estrutural; - Facilidade de mecanização e transporte; - Redução da emissão de dióxido de Carbono na atmosfera; - Reutilização dos painéis de madeira em energia renovável ao final da vida útil da habitação modular. Na lasterais superiores da cobertura existirá um capeamento metálico utilizado como proteção de intemperies e como fechamento duplo na justaposição de dois módulos.

Placas OSB. Fonte: Steel Frame arquitetura. Série "Manual de construção em aço"

Madeira maciça laminada. Fonte: www.pollmeier.com

Placas cimentícia. Fonte: Steel Frame arquitetura. Série "Manual de construção em aço"

Mobiliários e estocagem: Todos os mobiliários e estocagem serão construídos de madeira maciça laminada, e organizados pensando na racionalização do espaço. O armazenamento será dominante, contínuo, versátil e multiuso, sendo módulos únicos e articulados a varias funções e atividades, inclusive as instalações hidraulicas. Conforto térmico e acústico: Os paineis de Steel frame utilizados como fechamento do projeto, apresentam em sua composição isolamento termo-acústico que funcionarão como barreira física entre os ambientes e o interior. O material utilizado será a lã de vidro com espessura de 75mm nas vedações verticais, cabivel na largura de 90mm dos montantes, e de 100mm para as lajes, já que possuem montantes com espessua de 200mm. Para lã de vidro 75mm tem-se um potencial de 47 Rw (dB) e 200mm 52 Rw(dB).

86 84

Instalações hidraúlicas: O módulo será servido com água potável, presente no reservatório de água e água aquecida obtida do boiler. Ambos localizados na cobertura do módulo transportarão as águas para pontos de utilização necessário na habitação através de um espaço específico para tubulações dentro do núcleo de serviço. As águas servidas serão reutilizadas para irrigação do ecotelhado e outros tipos de vegetação, ou então destinadas ao sistema de água urbano da cidade, no caso da inserção do módulo no meio rural será proposto um sistema próprio localizado a uma distância da habitação. Os resíduos de esgoto canalizados serão encaminhados a um reservatório de detritos e la decomposto por agentes químicos. Reservatório de água: 1,00m comprimento, 0,60 de diâmetro e 0,50m altura Boiler: 1,00m de comprimento, 0,43m diâmetro. Ecotelhado Laminar Médio: A cobertura verde será colocada em todos os módulos com a finalidade de conforto térmico no interior dos ambientes pela evapo-transpiração; aumentar o conforto acústico pela massa composta pelo sistema; eliminar a reflexão dos raios de sol e diminuir o aquecimento do entorno doméstico; aumentar a geração de oxigênio (fotossíntese); reter a água da chuva; proporcionar biodiversidade em áreas urbanas, e um desenvolvimento panoramico harmonico no meio rural. O sistema de 7cm de espessura é responsável pela reserva de água de até 60l/m², com carga já saturada de água de 90 a 110kg/m². Ele é composto pelos elementos: - módulo piso nuvem: placas pretas de material reciclável de 0,40x0,40x0,07m, com a finalidade de reserva deágua para as raízes; - membrana de absorção: verde acinzentada de espessura 5mm e largura 200cm, com a finalidade de retenção de água e nutrientes para as raízes; gel(Forth gel), com tonalidade branca seu objetivo é reter a úmidade; - substrato leve e nutritivo, de cor acizentada escuro é oriundo de reciclagem e por ser de baixo peso sua leveza proporciona baixa carga na base da cobertura e grande retenção de água e nutrientes. Vegetação Substrato Membrana de absorção Módulo Laminar Médio Irrigação por capilaridade

(Opcional- não colocado no projeto)

Impermeabilização

Membranas sistema laminar médio- Ecotelhado. Fonte ilustração: http://ecotelhado.com/

Como opção de vegetação foi proposto musgos, cedum, herbáceas ou gramas. É necessário que a plantação receba água permanantemente. Nesse sistema a irrigação é feita através da lamina de água depositada sobre as raízes, no caso de baixo teor pluviometrico ou de baixa úmida de ar do local a vegetação será abastecida pelo reuso de águas servidas, além da água da chuva.


Demonstração das plantas utilizadas no projeto - à esquerda musgos e direita portada sedum. Fonte: www.igra-word.com

Detalhe cobertura de projeto final, com associação de 6 módulos. Fonte: Programas Archicad e Artlants

Sustentabilidade: Tanto o sistema construtivo em aço escolhido, como a madeira maciça laminada foram utilizadas para realizar uma construção a seco e conzuzir o projeto a uma arquitetura sustentável. O projeto foi pensando como um ciclo, desde o inicio da obra até o final de sua vida útil. Dessa forma aderiu-se materiais que além de não poluirem o meio ambiente e reduzir custo, impacos e prazos, pudessem ser reutilizados e recicláveis. Além disso, o ecotelhado laminar, as soluções de conforto térmico e acústico, o sistema de instalação hidraúlico e a maneira como foi implantado o módulo no solo, foram todas souções que procuraram otimizar recursos naturais de modo que minimizasse ao máximo o impacto ambiental, promovendo eficiência arquitetônica para habitação e sustentável para o meio ambiente.

87 85


3. Exemplo Modular Série mista

as

nto

Implantação Esc. 1:120

C

C

E-05

88 86

Planta Esc. 1:75


Projeto Luminotécnico

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

Esc. 1:100

Imagem volumétrica associação de módulos tipo 3.Fonte: programa Archicad e Artlants.

8989


FA

90


ACHADA

Corte Esc. 1:30

9187


CORTE

3.7m 3,3m

0,3m 0,0

88 92


E

Corte Esc. 1:30

93


Imagem volumétrica associação de módulos tipo 3.Fonte: programa Archicad e Artlants.

Imagem volumétrica associação de módulos tipo 3.Fonte: programa Archicad e Artlants.

90 94


Vistas internas módulo final

- Núcleo de serviço central - Piso de mediação entre os módulos, proporcionando a unicação do objeto com o entorno, e possibilitando um espaço multiuso. - Espaços neutros, fixos necessários.

com

elementos

- Partições deslizantes como solução de ambientes reservados.

Imagem volumétrica associação de módulos tipo 3.Fonte: programa Archicad e Artlants.

9591


Racionalização do espaço, como o aproveitamento do mesmo com prateleiras, armazenamentos contínuos a cama, e estocagem unificada a materialidade.

Imagem volumétrica associação de módulos tipo 3.Fonte: programa Archicad e Artlants.

92 96


Exemplo Modular Série mista

E-11

Implantação Esc. 1:100

E-11 Planta Esc. 1:75

9793


FACHADAS

Elevação 06 - Esc. 1:50

Elevação 07 - Esc. 1:50

94 98


Planta Luminotécnica T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

T

Esc. 1:100

Imagem volumétrica associação de módulos tipo 3.Fonte: programa Archicad e Artlants.

95 99


Imagem volumétrica associação de módulos tipo 3.Fonte: programa Archicad e Artlants.

96 100


Racionalização do espaço, como o aproveitamento do mesmo com prateleiras, assentos com armazenamentos, e estocagem unificada a materialidade.

Imagem volumétrica associação de módulos tipo 3.Fonte: programa Archicad e Artlants.

97 101


- Ambientes interativos visualmente com a paisagem externa - Espaços neutros, fixos necessários.

com

elementos

- Núcleo de serviço central - Mobiliários funcionais como divisão de espaços -Partições deslizantes como solução de ambientes reservados.

Imagem volumétrica associação de módulos tipo 3.Fonte: programa Archicad e Artlants.

98 102



VISUALIZAÇÕES DE ENTORNO A partir das apresentações de projeto apresentadas

104


105


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CONCLUSテグ


Embora o século XXI viva notáveis avanços no campo tecnológico, cultural, social e econômico, as diretrizes que regem a produção habitacional multifamiliar contemporânea são, essencialmente, as mesmas que determinaram o surgimento desse mesmo modelo, no começo do século XX. A posição de elaboração de um projeto habitacional transcende como ponto de partida o programa de necessidades estabelecido pelos caracteres do cliente. Entretanto, esta veracidade é vista como condicionante incompleta e fator permanente se não forem incorporardos a ela possibilidades de readequações de usos e adaptações funcionais, já que existe a eventualidade de mudanças futuras a partir de variáveis existentes na formação familiar. As estruturas familiares contemporâneas apresenta uma perspectiva abrangente de hábitos, atividades e realidades domésticas, conduzindo a arranjos distintos e alterações na família nuclear tradicional. O trabalho apresentado discorreu as justificativas que permearam estas condicionantes e estabeleceu a importância da flexibilidade para o bem estar humano e para o prolongamento da vida útil da habitação. Definiu-se o conceito de flexibilidade, suas tipologias, assim como os meios de obtenção da mesma, direcionados no texto como elementos facilitadores de flexibilidade e estratégias flexíveis, possibilitando versatilidade e adaptabilidade como algumas de suas convergências. A funcionalização interna de uma habitação não precisa necessariamente ser compartimentada de forma individualizada através de “ambientes” específicos, o espaço dominante é definido por viabilizar diversas funções a determinadas condições espaciais. As soluções arquitetônicas impostas para a organização do espaço atribuem o estimulo de interação e permutabilidade de usos. Assim a aplicação do conceito estudado conduzirá o usuário a participar das decisões do espaço de acordo com suas supostas necessidades, direcionando o projeto para a promoção de uma durabilidade prolongada e satisfatória. O projeto habitacional modular será executado associado a natureza espacial, ao programa e usuários, ao conceito de flexibilidade na arquitetura e também a tecnologia construtiva. A produção do espaço de habitar como uma natureza mutável da vida e segundo as condicionantes apresentadas, gerenciará uma obra ideal, eficiente, expansiva e polivalente. Além de apresentar individualidade e personalidade identificada pelas variáveis do cliente, e visar a minimização de custos e sistemas pré-fabricados.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS Pode-se dizer que a pesquisa elaborada sobre as formas de se obter uma habitação efetiva foi cumprida mantendo-se um equilíbrio entre a essência (conteúdo teórico) e a prática (resultado final de projeto). Esta combinação deixou clara a importância do aprofundamento de estudos para que seja realizado um trabalho satisfatório. Desde o principio do trabalho o caráter próprio do projeto era realizar uma obra que se apresentasse com fluidez no meio natural, como um objeto livre e harmônico à natureza. A começar pelo interior, estabelecendo-se espaços internos livres e neutros, com serviços fixos. A compatibilização da teoria com a projeção conduziu um projeto que visasse um processo de construção simples, modular, e a seco, para reduzir tempo, custo e mão de obra, e conduzir o projeto a chamada flexibilidade contínua. O processo de pré-fabricação permitiria com facilidade a montagem e execução modular em fábrica e sua transferência praticamente pronta para instalação no local de permanência. Execução que comparada as construções tradicionais não permitiriam tais flexibilidades, mobilidades e prazos de entrega. A intenção foi criar uma habitação que pudesse ser transportada pronta, ou semi-pronta, até o local de inserção, para realizar uma obra breve, com rapidez, agilidade, racionalidade, e que permitisse a elasticidade de acrescentar e reduzir unidades modulares, alterações que não podem ser feitas manualmente pelo usuário do espaço, mas que não necessita de uma reforma trabalhosa como a da construção tradicional. Foi uma experiência de projeto benéfica como aprendizado acadêmico, pois este diferente de todos os outros já executados durante a graduação, não apresentava um local permanente de adequação do objeto no solo, não havia um terreno, uma topografia e um entorno para ser estudado. As unidades modulares foram dimensionadas pelas circunstancias da estrada, pela dimensão das vidas e da plataforma de caminhões que a transportam. E os locais de inserção do objeto se tornaram variáveis e livres como opção do habitante. Além disso, a escolha pela pré-fabricação, aderindo-se ao sistema estrutural e de fechamento steel-frame, conduziu a uma pesquisa a fundo para entendimento do processo, do material em aço, e dos elementos estruturais necessários, como exemplo, montantes e guias. É importante considerar que mesmo aderindo a pré-fabricação como proposta de uma habitação modular, tem-se a individualidade e personalização de projeto, pois mesmo sendo painéis executados em série, as vedações podem variar de posição e materiais, assim como os fechamentos e posições de aberturas, além das possibilidades de combinações modulares que resultam a infinitos tipos de uma moradia final.

Conclui-se que foi atingido o objetivo primordial do projeto de suprir necessidades presentes e futurais de uma cadeia familiar, tendo a ideia de módulo não como um meio de transporte para moradias provisórias, ou habitações com instabilidades locais prévias, que seriam suposições de uma mobilidade modular de fácil transição, mas sim algo que pudesse ser facilmente construído, flexível, transportável e adéquo a vários tipos de lugares e grupos familiares. Soluções de projeto a se pensar: *após solucionada a montagem final de projeto habitacional, se o mesmo por exemplo tiver fechamentos steel frame, o painel funcionará como estrutura então poderiam ser retirados os pilares logo no início da projeção, embora tiraria a “total” flexibilidade de mudanças futuras no módulo, já que o mesmo não tornaria mais, por exemplo, um módulo varanda, é uma questão a se pensar, sendo uma possibilidade opcional do comprador. *Pesquisar numa forma de estruturar os módulos no terreno que não agredisse tanto o solo e que facilitaria ainda mais a expansão e contração modular. Mantendo-se ainda a idéia de elevar o objeto no terreno,



REFERÊNCIAS TRAMONTANO, M. Habitações, metrópoles e modos de vida: por uma reflexão sobre habitação contemporânea. Texto premiado no 3° Prêmio Jovens Arquitetos: Primeiro lugar na categoria Ensaio Crítico. São Paulo: Instituto dos Arquitetos do Brasil – SP / Secretaria de Estado da Cultura, 1998. TRAMONTANO, M. Novos modos de vida, Novos modos de morar. São Carlos, Janeiro 1993. TRAMONTANO, M. Habitação contemporânea riscos preliminares. EESC-USP, Julho 1995. JORGE, L.O. Estratégias de flexibilidade na arquitetura residencial multifamiliar. 2012-512, f. Tese de Doutorado – Universidade de São Paulo. São Paulo, 2012. WAINBERG, C. Flexibilidade na Arquitetura Residencial- Um estudo sobre o conceito e sua aplicação. Porto Alegre, Junho de 2009. HERTZBERGUER, H - Lições de arquitetura. São Paulo.1999. BARBOSA, Luís Antônio Greno, Qualharini, Eduardo Linhares. Edificações inteligentes: pressupostos para o seu projeto de arquitetura. Rio de Janeiro. RJ.2013. 8p. In: WorkshopBrasileiro de Gestão do Processo de Projeto na Construção de Edifícios, 2004. BRANDÃO, Douglas Queiroz, HEINECK, Luis Fernando Mãhlmann. Formas de aplicação da flexibilidade arquitetônica em projetos de edifícios residenciais multifamiliares. Florianópolis, SC, 2013, 8p. BRANDÃO, Douglas Queiroz. HEINECK, Luis Fernando Mãhlmann. Significado multidimensional e dinâmico do morar: compreendendo as modificações na fase de uso e propondo flexibilidade nas habitações sociais. Porto Alegre, Out/Dez, 2003. ABREU, Rita, HEITOR, Teresa. Estratégias de flexibilidade na arquitetura doméstica holandesa: da conversão à multifuncionalidade. Revista Infohabitar: revista semanal sobre o habitat humano. Lisboa, Portugal, Janeiro de 2007. VALLI, A. Armazenamento residencial: uma análise dos projetos da produção imobiliária da cidade de São Paulo no início do século XX.I. São Paulo, Fevereiro de 2011. ARQUITETURA E AÇO.São Paulo. N.30, Junho.2012. SUMA+.São Paulo.N.133.

UNWIN, S. A análise da arquitetura.São Paulo, 2012. Terceira edição. FREITAS, Arlene Maria Saranho, DE CASTRO, Renata Cristina Moraes. STEEL-FRAME: ARQUITETURA. Série “Manual de Construção em aço”. Rio de Janeiro. Instituto brasileiro de Siderurgica centro brasileiro da construção em aço. 2006.


MODULAR

H A B I TA Ç Ã O


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