fab lab pioneiro | tfg UNESP bauru| marianne domeneghetti crepaldi

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AGRA DECI MEN TOS A

Prof. Dr. Sidney Tamai e Prof. Dr. Dorival Campos Rossi por terem aceitado o convite de orientar este trabalho.

Marcelo Carbone Carneiro, diretor da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (FAAC) da UNESP, pela atenção, disponibilidade de reuniões e interesse demonstrado por minha proposta de projeto.

Todos aqueles que fizeram parte da minha trajetória dentro e fora do curso de Arquitetura e que me ensinaram de muitas maneiras: professores, funcionários, colegas, amigos e família.

Heloisa Neves, por seu conhecimento compartilhado em livro, entrevistas e cursos sobre Cultura Maker - o qual colaborou para grande parte do conteúdo apresentado nesse trabalho.

Dorival, Sidney, Vitor Marchi, João Ariedi e equipe do AEON Fab Lab, pelas conversas e por servirem de inspiração.

muito obrigada!



RE SU MO

A crescente abertura de ambientes colaborativos de produção (Fab Labs, Makerspaces e Hackerspaces), bem como a popularização da Fabricação Digital pelo mundo vem cada vez mais demonstrando o desenvolvimento e a força do Movimento Maker não mais como uma tendência ou um modismo, mas como uma revolução às formas tradicionais de trabalhar, de aprender e de produzir. Dada a popularidade que esses espaços vêm ganhando no Brasil e no mundo, o presente Trabalho Final de Graduação tem como objetivo desenvolver o projeto de um Laboratório de Fabricação Digital (Fab Lab) na área central da cidade de Bauru - SP, visando sua implantação no subsolo do Edifício Pioneiro. Neste sentido, com esse trabalho busca-se não só aplicar os conceitos estudados para desenvolvimento do projeto proposto, mas principalmente, demonstrar o potencial de um espaço maker na cidade para a democratização do acesso às tecnologias de fabricação digital e maior integração entre a Universidade e a comunidade local.

Palavras-chave: Fab Labs, Makerspaces, Hackerspaces, Fabricação Digital, Movimento Maker.


SU 02 MÁ RIO 01

INTRODUÇÃO // P. 09

apresentação

p.10

motivações

p.11

objetivo

p.12

estrutura

p.13

referencial teórico // P. 15

2.1 movimento maker

p. 16

2.2 fabricação digital

p. 22

2.3 espaços makers

p. 28

créditos iconográficos

p. 54


03

05

estudos de caso

PROJETO // P. 79

// P. 57

5.1 plantas

3.1 referências de programa

p. 58

3.2 referências de espaço

p. 64

créditos iconográficos

p. 67

p. 80

5.2 comunicação p. 90 visual 5.3 mobiliário

p. 92

5.4 perspectivas p. 98 referências de p. 106 projetos

04

06

local do projeto

considerações finais

// P. 69

// P. 109

4.1 localização

p. 70

4.2 área de intervenção

p. 74

6.1 conclusão

p. 111

4.3. levantamento p.76

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ////////////////////////////////////////// P. 112 ANEXO ////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////// P. 118



01 INTRODUÇÃO


10

I CAPÍTULO 1

apre sen ta ção Enquanto as primeiras revoluções digitais foram associadas ao computador pessoal, seguida das comunicações associadas aos telefones celulares, para Chris Anderson (2010) a próxima revolução ocorrerá no campo dos bens físicos manufaturados onde as matérias (átomos) passam para o digital (bits), por meio da fabricação digital. Através da distribuição de dados e projetos abertamente é possível encontrar hoje na web diversos tutoriais que vão desde projetos para construção, como móveis e casas, até máquinas industriais. Esse fácil acesso ao conhecimento disponível de forma livre na internet somado ao movimento maker originário da cultura do “faça você mesmo”, propulsionam na sociedade contemporânea a abertura cada vez maior de espaços colaborativos de produção para

experimentações de ideias criativas e inovadoras como os Fab Labs e Makerspaces (espaços para criação de quase qualquer objeto, tecnológico ou não) e os Hackerspaces (espaços também de criação, porém com foco mais na tecnologia e programação). Dada a relevância desses espaços, do movimento maker e da fabricação digital na mídia, internet e notícias nos últimos anos, portanto, o presente trabalho final de graduação busca apresentar os conceitos que envolvem os termos citados para posteriormente, desenvolver o projeto de um um laboratório de fabricação digital (Fab Lab) na cidade de Bauru.


INTRODUÇÃO I

MO TI VA ÇÕES A ideia principal para o projeto desse trabalho se manteve a mesma desde o início: projetar um espaço maker em um local já existente no município de Bauru, interior de São Paulo. O motivo que conduziu essa delimitação do local para o projeto se encontra no fato existirem hoje inúmeros edifícios públicos desocupados ou subutilizados no centro de Bauru - uma área muito importante na cidade devido a sua localização, comércio e serviços, além de seu fácil acesso. É importante apresentar também, que as discussões iniciadas em meados de 2017 acerca de um projeto protocolado pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) e Prefeitura de Bauru, para criação do Centro de Inovação Tecnológica de Bauru (CITeB) contribuiu não só para a definição do tipo de espaço maker que seria proposto, como também para a definição de sua localização na cidade.

Assim, foram definidos o tipo de espaço maker a ser projetado: um laboratório de fabricação digital (Fab Lab); e o local para sua implantação: no Edifício Pioneiro, localizado na área central de Bauru – imóvel que pertencia à Procuradoria Geral do Estado e foi cedido para uso da UNESP e do município Esse trabalho, portanto, se propõe a apresentar o projeto de um Fab Lab acadêmico/público para o local em que atualmente se discute e planeja a implantação do CITeB. Dentro deste contexto, o projeto proposto, se concretizado, poderá contribuir para a democratização do acesso às tecnologias de fabricação digital no município ao disponibilizar um espaço maker para que a comunidade local seja mais participativa e autora do próprio conhecimento. Além disso, poderá contribuir também para uma maior integração entre a comunidade e a Universidade.

11


12

I CAPÍTULO 1

OB JE TI VO Geral:

Específico:

Desenvolver o projeto de um Laboratório de Fabricação Digital (Fab Lab) no Edifício Pioneiro, localizado na área central da cidade de Bauru - SP.

// Contextualizar os termos Movimento Maker, Fabricação Digital e Espaços Maker; // Apresentar os ambientes mais comuns em um Fab Lab; // Apresentar soluções para a configuração do Fab Lab proposto baseando-se na funcionalidade e flexibilidade de usos.


INTRODUÇÃO I

es tru tu ra

Para melhor compreensão do processo de estudo e concepção do projeto proposto, esse caderno divide-se em seis capítulos. No primeiro, de Introdução, foi feita a apresentação do trabalho e seu objetivo.

Introdução

Referencial Teórico

Estudos de Caso

Local do Projeto

Projeto

Considerações Finais

Já no segundo, foi desenvolvido o Referencial Teórico, onde foram abordados os termos Movimento Maker, Fabricação digital e Espaços Maker. Nesta etapa foi feita a leitura e análise de materiais tanto em fontes científicas (artigos, livros, teses, dissertações) como em fontes de divulgação de ideias (revistas, sites, vídeos etc). No terceiro capítulo, através dos Estudos de Caso, foram analisados os espaços necessários para a implantação de um Fab Lab, onde buscou-se listar as áreas mais comuns e formar as principais referências para o projeto final. Após a realização do referencial teórico e estudos de caso, o quarto capítulo enfocou na apresentação do Local do Projeto, indicando a área escolhida e seu levantamento, breve contextualização e localização na cidade de Bauru. Uma vez apresentado o local de implantação, no quinto capítulo foi desenvolvida a Proposta de projeto de um Fab Lab. Por fim, no sexto capítulo foram feitas as Considerações Finais, apresentando as conclusões acerca do processo de projeto e resultados obtidos.

13



02 referencial teรณrico


I CAPÍTULO 2

2.1

Definido

então

como

uma

extensão tecnológica da cultura DIY (Do It Yourself, em português “Faça Você

Mesmo”),

esse

movimento,

que conforme Hatch (2013, p.1) tem

MOVIMENTO MAKER

como princípios o “fazer, compartilhar, doar, aprender, equipar, brincar, participar, apoiar e mudar”, é uma cultura que aproxima o pensar do

DEFINIÇÃO

fazer e que tem em sua base a ideia de que qualquer pessoa pode cons-

O

que exatamente, define o

truir, consertar, modificar e fabricar os

Movimento Maker? A descri-

mais diversos tipos de objetos através

ção, segundo Anderson (2012, p.23)

de projetos “hands-on” (termo que se

ӎ ampla e abrange grande diversi-

refere à expressão “mão na massa” ou

dade de atividades, desde artesana-

“aprender fazendo”).

to clássico até eletrônica avançada, muitas das quais estão por aí há sécu-

Mas afinal, o que é ser Maker? Para

los”. Porém, os makers dos quais ele

Anderson (2012, p.14) as pessoas são

se refere estão fazendo algo novo:

makers – termo inglês que em tradução livre significa “fazedores” – desde o

“ [...]

nascimento: “basta ver o fascínio das

Primeiro, usam ferramentas digitais, projetando em computador e produzindo cada vez mais em máquinas de fabricação pessoais. Segundo, como pertencem à geração Web, compartilham instintivamente suas criações on-line. Apenas pelo fato de incluírem no processo a cultura e a colaboração pela Web, os Makers conjugam esforços para construir coisas em escala nunca vista antes em termos de FVM - faça você mesmo. (ANDERSON, 2012, p.23)

16

crianças por desenhos, blocos, Lego e outros trabalhos manuais; e muita gente cultiva esse dom nos passatempos e paixões”. Seguindo os princípios do movimento maker, portanto, os fazedores, que se interessam também por costura, mobiliário, música, robótica, drones etc vêm transformando o processo “mão na massa” em oportunidade de aprendizagem e construção do conhecimento, imprimindo uma cultura de compartilhamento online – uma das características mais importantes desse movimento. Dessa forma, tudo o que é aprendido e criado, ao ser compartilhado, passa a servir de modelo ou base para o desenvolvimento de novas e melhores soluções. (EYCHENNE e NEVES, 2013)


REFERENCIAL TEÓRICO I

“D

HISTÓRICO

D

pessoas com as coisas que elas usavam:

“ [...]

(SCALIONI,2016, p.07)

–, buscando uma conexão maior das

e acordo com Lemos (2014),

Nesse movimento, pessoas buscavam construir seus próprios móveis e roupas, consertar seus equipamentos estragados, publicar suas próprias revistas, produzir seus próprios alimentos e fazer sozinhas as melhorias em suas casas. No entanto, quase tudo ainda era desconectado de práticas mais modernas e tecnológicas e do uso de computadores no processo. Mais tarde, a cultura DIY acabou, como parece acontecer com tudo, sendo contaminada pela tecnologia e, mais recentemente, pela própria Internet”, surgindo assim um novo movimento: o da cultura Maker [...]

a partir da segunda metade

do século XIX, surgia na Inglaterra um

(LEMOS, 2014, p.30)

esde a pré-história, o homem tem se dedicado a tentar, a fazer, a errar e a inovar. Faz parte, afinal, de seu mecanismo de evolução. Que o digam a invenção da roda e das ferramentas, a construção de residências, a descoberta de curas e vacinas ou o investimento em modernas engenhocas tecnológicas, a exemplo de computadores e ônibus espaciais. Para qualquer coisa inventada ou produzida, sempre houve alguém que se dispusesse de um tempo e se propusesse a fazer algo.

um outro movimento – o da cultura DIY

movimento estético e social contra a industrialização da arte e do artesanato.

Assim, apesar de incerto o marco

Reunindo teóricos e artistas da época,

do movimento maker, infere-se que

esse movimento conhecido como Arts &

ele esteja fortemente ligado ao lança-

Crafts – que defendia o artesanato cria-

mento, em janeiro de 2005, da revista

tivo como alternativa à mecanização e à

americana Make Magazine. Respon-

produção em massa–, buscava a reva-

sável por popularizar o termo DIY há

lorização do trabalho manual e recupe-

mais de uma década, a revista conside-

ração da dimensão estética dos objetos

rada a “Bíblia dos makers” realizou nos

produzidos industrialmente para uso

Estados Unidos, em 2006, a primeira

cotidiano. Posteriormente, em 1940,

Maker Faire, um evento para celebração

começava a surgir nos Estados Unidos

das artes, artesanato e engenharia,

17


18

I CAPÍTULO 2

onde aqueles que se interessavam pelo movimento eram convidados a interagir para compartilhar técnicas e ideias. Outro importante marco foi a

NO BRASIL

A

tualmente pelo mundo são inúmeras as iniciativas makers

RepRap, lançada em 2007, primeira

dentro de salas de aulas, garagens

impressora 3D desktop de hardware

de casas e laboratórios equipados

aberto e precursora da MakerBot -

com máquinas de fabricação digital,

empresa pioneira mundial na fabricação

tornando o “faça você mesmo” um

de impressoras 3D. (ANDERSON, 2012;

fenômeno tecnológico e coletivo para

LEMOS, 2014; SCALIONI, 2016)

empoderar pessoas a serem autoras de seu próprio conhecimento.

Assim, por detrás do termo DIY sempre houve a ideia de encorajamento

No Brasil, há ações em andamento

da criatividade individual através da

em locais e contextos diversos – desde o

consciência e responsabilidade social.

Lab Maker Mocorongo, que promove em

Essa cultura do “faça você mesmo”

Santarém, no Pará, o empreendedorismo

ainda, bastante popular nos Estados

na Floresta Nacional do Tapajós, até o

Unidos, faz parte do modelo de inovação

programa Gambiarra Favela Tech, do

típico dos inventores de garagem à

Olabi Makerspace em parceria com a

imagem de Steve Jobs e Steve Wozniak

ONG Observatório de Favelas, no Rio

quando desenvolveram o primeiro

de Janeiro, que busca estimular os

computador em sua garagem. Para Dale

questionamentos sobre a produção da

Dougherty, redator-chefe da revista

tecnologia em trabalhos feitos com lixo e

Make, nestas práticas que não são

com reaproveitamento de componentes

novas, a única novidade foi o impulso

eletrônicos. Merece destaque também

que elas ganharam com a chegada da

a rede Fab Lab Livre SP – um dos

internet, o que permitiu a relação entre

principais projetos públicos de Fab Labs

os makers e os espaços colaborativos

no mundo – de âmbito governamental,

para troca de ideias e conhecimento. Na

que surgiu em 2015 na capital paulista, e

geração atual de fazedores, portanto,

que atualmente mantém doze espaços,

em que o trabalho não é mais feito

os quais disponibilizam equipamentos

sozinho, surge uma nova expressão:

e conhecimentos makers em todo

DIWO “do it with others” ou “faça com

município, principalmente na periferia.

os outros”, em português. (EYCHENNE

Ainda em São Paulo, espaços makers

e NEVES, 2013)

independentes, como o MiranteLab, também dão início a ações importantes, como o “Drone da Dengue”, um pequeno veículo aéreo não tripulado que mapeia focos do mosquito Aedes aegypti. (ITS RIO e FUNDAÇÃO MOZILLA, 2017)


REFERENCIAL TEÓRICO I

19

Figura 01.

Lab Maker Mocorongo

Figura 02.

Gambiarra Favela Tech, Olabi Makerspace

Figura 03.

MiranteLab, Drone Dengue


20 I CAPร TULO 2

Figura 04.

Laboratรณrio de Ideias Amorim Lima

Figura 05.

Sagui Lab, UNESP Bauru


REFERENCIAL TEÓRICO I

Ainda que em passos pequenos, a

alunos da graduação. Nela, a Facul-

cultura maker também tem chegado

dade de Arquitetura e Urbanismo

às escolas brasileiras. Apesar dessas

(FAU) abriga desde 2011 o Fab Lab

iniciativas

SP,

serem

em

sua

grande

o primeiro laboratório de fabri-

maioria, feitas em escolas privadas,

cação digital da rede de Fab Labs no

nas públicas elas também começam

Brasil, idealizado pelo professor Paulo

a serem implementadas, lideradas

Fonseca de Campos, em parceria com

geralmente por professores e dire-

o grupo de pesquisa DigiFab, que

tores interessados pelo assunto. Em

trabalha com tecnologias digitais de

ambas, quem se beneficia com a novi-

fabricação aplicadas à arquitetura e ao

dade é sempre o aluno, que aprende

design. (PRPUSP, 2016)

a trabalhar em equipe e a desenvolver a criatividade e o pensamento crítico

Entretanto, quando a escola ou

a partir de atividades práticas e inova-

a universidade não tem um espaço

doras nas salas de aulas.

físico para a prática maker, os alunos também podem dar um jeito. É o caso

Como exemplo, em 2015, três professoras

da

escola

da

Universidade

Estadual

Paulista

municipal

(UNESP), Campus de Bauru-SP, na

Desembargador Amorim Lima, loca-

qual os próprios alunos resolveram

lizada na Vila Gomes, na Zona Oeste

iniciar, em outubro de 2013, uma rede

de São Paulo - SP, começaram a se

de criação colaborativa e de fabri-

envolver e a entender como um espaço

cação digital, batizada de Sagui Lab –

maker poderia potencializar as ativi-

um projeto de extensão universitária

dades dos estudantes. Finalizado em

da Faculdade de Arquitetura, Artes e

março de 2017, esse espaço recebeu

Design (FAAC). (VIEIRA, 2015)

o nome de Laboratório de Ideias e foi montado com doações de vários equi-

Improvisando laboratórios “mão

pamentos. Sendo construído desde

na massa” nas salas de aula ociosas

2015, o laboratório hoje equipado com

da UNESP para realização de oficinas

impressoras 3D, cortadora a laser,

e cursos, através de uma iniciativa

plotter de recorte, fresadoras entre

universitária

outros, concretiza seu objetivo inicial

paces/Fab Labs e Hackerspaces e a

ao permitir que estudantes e educa-

academia, os participantes do Sagui

dores trabalhem de forma conjunta,

Lab em associo com o professor de

atividades “mão na massa” e lingua-

design Dorival Campos Rossi vêm reali-

gens de programação. (EMEF DESEM-

zando diversas atividades e oficinas

BARGADOR AMORIM LIMA, 2017)

de ‘gambiarras’, fabricação digital de mobiliário,

Além das escolas, o movimento

híbrida

entre

prototipagem

Makers-

eletrônica

com Arduino, software livre, cocriação,

conquistado

trabalho colaborativo, manualidades,

espaço nas universidades, como é o

feiras maker, bicicletas e estruturas de

caso da Universidade de São Paulo

bambu, entre outros. (ROSSI, CABEZA

(USP), uma das pioneiras em levar

e MARCHI, [s.d.])

maker

também

atividades

“mão

tem

na

massa”

para

21


22

I CAPÍTULO 2

Prototyping), uma vez que permite

2.2

testar uma ideia de produto em pouco tempo e em linhas de produção menores.

termo

“rapid”

faz

referência ao fato desse sistema não requerer nenhum tipo de assistência

FABRICAÇÃO DIGITAL

humana. (BARROS, 2011; PUPO, 2008) Esses novos métodos de produção

DEFINIÇÃO

C

O

automatizada

de

podem

categorizados

ser

modelos

digitais ainda

segundo sua finalidade e maneira omo consequência do avanço

como produzem os objetos. No que se

e da disseminação dos meios

refere à sua finalidade, eles podem ser

digitais, surge um novo processo

destinados à produção de protótipos,

tecnológico de projeto e produção

ou seja, de modelos de avaliação, ou

para a materialização de modelos

à produção de produtos finais. Em

digitais, conhecido como Fabricação

geral, os primeiros são conhecidos

Digital. Sua denominação é empre-

como

gada para descrever processos de

enquanto os últimos são referidos

projeto e produção através das tecno-

como sistemas de fabricação ou de

logias CAD (Computer-aided Design,

manufatura. (PUPO, 2008)

métodos

de

prototipagem,

ou desenho assistido por computador em tradução livre), que possibi-

Seely (2004 apud BARROS, 2011,

lita trabalhar em computador informa-

p.21) associa a denominação prototi-

ções de projetos 2D e 3D (bi e tridi-

pagem rápida aos processos aditivos

mensionais), geradas digitalmente em

de material, enquanto os processos

programas específicos; como também,

subtrativos são denominados CNC. Os

a tecnologia de fabricação assistida

processos aditivos consistem em soli-

por

(Computer-

dificar ou depositar a matéria prima em

-aided Manufacturing), que possibilita

camadas – isto é, adicionando mate-

que informações digitais de projeto

rial camada por camada –, podendo

sejam interpretadas em máquinas de

através de formas complexas formar

comando numérico computadorizado

um objeto tridimensional completo.

CNC

Control)

Em geral, os métodos aditivos são

capazes de materializar o objeto proje-

os que permitem maior liberdade na

tado, utilizando diferentes técnicas e

criação de formas complexas. Para

materiais. (BARBOSA NETO, 2013)

isso o software precisa criar fatias

computador

(Computer

CAM

Numeric

horizontais do modelo digital, que são A fabricação digital, responsável por uma nova economia de produção

impressas, solidificadas ou cortadas, e coladas umas sobre as outras.

de objetos físicos a partir de modelos digitais, pode ainda ser chamada

Os métodos aditivos, podem

de prototipagem rápida RP (Rapid

ainda ser subdivididos de acordo com


REFERENCIAL TEÓRICO I

o tipo de material que utilizam: sólido

Como exemplo, pode-se citar o

SLS (Selective Laser Sintering – sinte-

ocorrido em 1952, quando a Força

rização seletiva a laser) e impressão

Aérea Norte Americana ligou pela

3D, líquido SLA (Stereolithography

primeira vez um computador a uma

Apparatus – estereolitografia) ou em

fresadora CNC para produzir peças

lâminas LOM (Laminated Object Manu-

complexas de aviões:

facturing). Já

os

processos

subtrativos

consistem em extrair matéria prima através de fresas CNC e sistemas de corte que podem ser a laser, jato d’água ou plasma, em mesas de trabalho com equipamentos deslizantes ou braços robóticos que executam as operações de corte e/ou rebaixo do material. Esses processos por sua vez, variam em função do tipo de material e da escala de trabalho adotada: mais populares e de mais fácil acesso do que os processos aditivos, os métodos subtrativos são geralmente mais baratos e possuem uma enorme variedade de materiais que podem ser utilizados como matéria prima. Uma desvantagem deste, porém, é que diferentemente dos aditivos, é comum haver em seu processo de produção um grande desperdício do material trabalhado. (PUPO, 2008)

HISTÓRICO

A

fabricação digital não é um processo recente. A conexão

de um computador a uma máquina foi realizada no ano de 1950 no MIT (Massachusetts Institute of Technology) e há muito tempo grandes indústrias utilizam este sistema em linhas

“ [...]

A tecnologia CNC teve seu surgimento na experiência de uma pequena empresa fabricante de hélices e rotores de helicópteros, “Parsons Corporation” que em 1946 havia experimentado colocar uma forma rudimentar de controle por números em uma máquina de usinagem convencional, ligando esta máquina a um computador que era alimentado por informações via cartões perfurados. A Força Aérea Americana ao reconhecer um possível grande avanço na fabricação de aviões e material bélico contratou a Parsons e patrocinou estudos e desenvolvimento do controle numérico, e assim planejaram e executaram as adaptações de controle numérico para uma máquina ferramenta convencional da Cincinnati (fabricante na época de máquinas ferramenta convencionais e atualmente um dos maiores fabricantes de Máquinas CNC), e deste modo criaram o protótipo de uma máquina CNC que foi demonstrado em 1953 no MIT.

de montagem (EYCHENNE e NEVES,

(SILVA e ZANIN, 2011, p.19)

2013).

23


24 I CAPÍTULO 2

çaram a valer também no mundo dos átomos. A Web foi só a prova de conceito. Agora a revolução vem para o mundo real. Em resumo, os átomos são os novos bits.

bida pelo norte-americano Chuck Hull, surgiu em 1984 e utilizava o processo aditivo de construção denominado de estereolitografia – tecnologia precur-

sora da impressão 3D. Neste processo um laser é usado para solidificar

(ANDERSON, 2010,

partes de um tipo de resina. A partir do

tradução nossa 2 )

contato do laser na superfície, ocorre 1 A iniciativa pelo código aberto (OSI open source initiative) teve início na área de desenvolvimento e compartilhamento de softwares livres, consolidando-se através de licenças de uso aplicáveis a qualquer tipo de informação. Disponível em: <http://opensource.org>. Acesso em 10 maio 2017. 2 Nas palavras originais em inglês: “Peer production, open source, crowdsourcing, user-generated content — all these digital trends have begun to play out in the world of atoms, too. The Web was just the proof of concept. Now the revolution hits the real world. In short, atoms are the new bits.” Disponível em <https:// www.wired. com/2010/01/ff_ newrevolution/>. Acesso em 16 maio 2017.

Já a primeira impressora 3D, conce-

uma reação química chamada polimerização, que torna a resina original-

Com o avanço da tecnologia, os

mente líquida em sólido. (DEURSEN,

processos da fabricação digital ficaram

2013; LEMOS, 2013)

cada mais eficazes, mais simples e principalmente, mais baratos e perso-

Neves (2014, p.42) apresenta que,

nalizáveis devido a utilização de novas

para Chris Anderson (2012), “a Primeira

matérias primas e a cultura de fonte e

Revolução Industrial teve como marco

hardware aberto que possibilitaram

a invenção do tear mecânico e como

que

impacto o aumento da qualidade e

3D e fresadoras CNC, que até então

expectativa de vida e o crescimento

eram restritas às indústrias e grandes

das cidades”; e que, apesar de ainda

empresas, pudessem ser adquiridas

presenciarmos a força da Segunda

por um menor custo prontas ou por

Revolução Industrial “que trouxe o

meio de kits de módulos pré-fabri-

domínio da linha de montagem por

cados. E é neste sentido, que o movi-

Henry Ford e, como impacto, a sepa-

mento maker se encaixa no contexto

ração entre o pensar e fazer”; atual-

dessa nova revolução citada anterior-

mente, em um mundo cada vez mais

mente. Um bom exemplo é a história

mediado pelas tecnologias digitais, a

da

sociedade presencia algumas práticas

do conceito livre e colaborativo da

deste novo contexto onde as matérias

precursora RepRap, em 2009, três

(átomos) passam para o digital (bits),

amigos empreendedores ligados à

o qual Anderson chama de a “Nova

cena hacker/maker de Nova Iorque

Revolução Industrial” – e que “teve a

fundaram a empresa para construir e

criação do computador e da internet

comercializar kits de impressoras 3D

como marco tecnológico e o impacto

para que qualquer pessoa pudesse

do retorno do fazer pelo pensar (juntos

montar a sua própria. Seus projetos

novamente)”:

eram

“P

rodução entre pares, 1 código aberto , colaboração coletiva, conteúdo gerado pelo usuário – todas essas tendências digitais come-

máquinas

empresa

como

impressoras

MakerBot:

baseados

nos

partindo

progressos

conquistados com a RepRap, primeira impressora 3D de hardware aberto. A ideia foi um sucesso e vendeu mais de três mil unidades nos primeiros anos de existência. A empresa acabou criando também um espaço colaborativo na internet chamado Thingi-


REFERENCIAL TEÓRICO I

verse, que é hoje uma das principais

ou encomendar um produto, qual-

plataformas de compartilhamento de

quer um poderá simplesmente fazer

modelos prontos para a impressão 3D.

o download de um modelo tridimen-

(ANDERSON, 2012; LEMOS, 2014)

sional e montar, ou criar, seu próprio produto. Diante do exposto, portanto,

Antes da chegada da fabricação

acredita-se que num futuro não muito

digital como um novo processo tecno-

longínquo, a indústria da manufatura

lógico de projeto e produção, a fabri-

poderá ter o desafio de recuperar a

cação exigia o dobro de trabalho. Com

relação com o consumidor – o qual

seu surgimento, o tempo e esforço

passará a ser um potencial concor-

foram minimizados, uma vez que o

rente. Em outras palavras, com a

modelo digital gerado de geometrias

produção digital cada vez mais aces-

virtuais 2D e 3D passa a ser usado para

sível, o crescimento de oportunidades

o modelo físico, facilitando também,

de novos mercados, de emprego e de

a construção de formas que nos

renda será uma realidade. No entanto,

processos tradicionais eram complexas

isso não quer dizer que a produção em

e de difícil realização. Desse modo,

massa desaparecerá, mas que ambas

com capacidade de produção de ilimi-

passarão a se complementar.

tadas formas e em menores linhas de produção, a partir de modelos digitais, a fabricação digital se mostra uma forma de produção flexível. E o seu uso no atual momento tecnológico, tem quebrado paradigmas ao permitir

NOVA ECONOMIA

O

sistema “WikiHouse”, que consiste em um conjunto de

que pessoas sem conhecimento avan-

construção em código aberto (open

çado de hardwares e softwares de

source) e permite que qualquer

produção, participem dos processos

pessoa possa fazer o download de

de criação e fabricação de produtos

seus projetos, foi desenvolvido em

complexos e únicos (SILVA et al. 2017).

Londres e é um exemplo notável de produtos da Nova Economia

Assim como a crescente dissemi-

que vem crescendo pelo mundo.

nação dos computadores, dos tele-

Esse sistema utiliza-se do corte

fones celulares e da Internet tem

de chapas de madeiras através de

revolucionado

qual

máquinas CNC, para criar edifícios

a sociedade se relaciona e produz

utilizando o processo de modu-

conhecimento

essa

lação individual. No Brasil, a “Casa

“Nova Revolução Industrial” anunciada

Revista” é a primeira fabricada

poderá também transformar, igual-

digitalmente da América Latina.

mente, a maneira como são produ-

Baseado no sistema WikiHouse de

zidos os bens materiais.

construção, o projeto desenvol-

o e

modo

pelo

conteúdo,

vido por Clarice Rohde no Labo(2007

ratório de Modelos 3D e Fabri-

apud MOTA, 2012) através da fabri-

cação Digital (LAMO3D) da Facul-

cação pessoal, ao invés de comprar

dade de Arquitetura e Urbanismo

Segundo

Gershenfeld

25


26 I CAPÍTULO 2 da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FAU-UFRJ) e coordenado por Andrés Passaro, teve seu primeiro protótipo em escala real (1:1) construído pelos estudantes, em duas semanas. Cerca de 200 chapas de madeira compensada foram usinadas ao longo de dois meses para a construção da casa, que também conta com mobiliário fabricado digitalmente pelos estudantes. (PASSARO e ROHDE, 2014) Na mesma linha de produção, o projeto OpenDesk atualmente a maior plataforma de mobiliários para produção local open source, disponibiliza arquivos digitais de móveis (alguns gratuitos, outros pagos) prontos para serem baixados, impressos em máquinas CNC e montados por qualquer pessoa. No Brasil, um projeto parecido como esse é o “Designoteca”, uma plataforma digital que oferece também de forma gratuita ou paga, modelos que vão desde mobiliários até itens de decoração prontos para serem impressos em impressoras 3D ou usinados em máquinas CNC. (ITS RIO e FUNDAÇÃO MOZILLA, 2017) Atualmente

a

tecnologia

de

impressão 3D, que vem cada vez mais

influenciando

a

produção

pessoal, tem também tido sua participação na indústria, sendo difundida como uma ferramenta que pode ser utilizada para criar desde protótipos até produtos finais como peças de avião, implantes médicos, roupas

e

Figura 06.

Casa Revista, FAU-UFRJ

acessórios

de

moda.


REFERENCIAL TEÓRICO I

Figura 07.

27

OpenDesk, Banco do conjunto Edie

Como exemplo do crescimento da impressão 3D na indústria, a fabricante alemã Adidas, recentemente começou a produzir um novo tênis com sola totalmente impressa digitalmente – o que permite que sua produção seja personalizada para pessoas com peso e forma de andar diferentes. Além da Adidas, outras fabricantes, como Nike e New Balance, tem testado a impressão 3D para fabricação de tênis. (REUTERS, 2017) Dessa forma, dada a trajetória da fabricação digital na nova economia, “não é difícil prever que, em um futuro próximo, falaremos de mesas, de cadeiras e de casas em termos de camadas: a da informação e a da física” (ITS RIO e FUNDAÇÃO MOZILLA, 2017, p.12)


28 I CAPÍTULO 2

2.3 ESPAÇOS MAKERS

Não são somente a cultura do compartilhamento online, a fabricação digital e os projetos open source que fazem parte do movimento maker. Encontros presenciais da comunidade maker em ambientes colaborativos de produção – termo que vem a ser, no sentido amplo da palavra, um lugar que possibilita a comunicação das pessoas para troca de informações, conhecimentos e ideias de todos os tipos – estão também em seu cerne. Estes ambientes que são chamados aqui de espaços maker, têm o papel de associar a tecnologia ao conhecimento e podem ser definidos como espaços físicos da diversidade do fazer; espaços que permitem às pessoas a compreensão do seu próprio potencial de intervenção no mundo e juntas, tenham acesso a diversas ferramentas para atender necessidades e demandas de forma coletiva. Entretanto, o que mais caracteriza estes “espaços do fazer”, são o que eles possibilitam: a capacidade e a oportunidade de produção e aprendizado de algo novo por qualquer pessoa. Dentro deste conceito de espaços maker, portanto, se encaixam os Fab Labs, Makerspaces e Hackerspaces aqui apresentados. Apesar de o foco desse trabalho ser os Fab Labs, conhecer estes outros ambientes de produção são importantes para poder diferenciar cada um, uma vez que, apesar de seguirem os conceitos do “faça você mesmo”, cada qual possui uma organização física e administrativa própria e assim públicos um pouco diferentes. (NEVES e RAGUSA, 2014)

FAB LAB

U

m Fab Lab (termo utilizado para a abreviação do termo em inglês,

Fabrication Laboratory), pode ser definido como um Laboratório de

Fabricação Digital que tem como base o empoderamento do indivíduo e da comunidade local, servindo como um ponto de encontro e conexão de ideias, as quais são materializadas através da fabricação digital, eletrônica e programação.


REFERENCIAL TEÓRICO I

29

Todo Fab Lab deve possuir um kit padrão de máquinas de comando numérico (impressora 3D, cortadora a laser, cortadora de vinil, fresadora de precisão e fresadora de grande formato). Além das máquinas, possuem também 3

componentes eletrônicos do tipo Arduino, uma pequena biblioteca com obras gerais sobre fabricação digital, programação e eletrônica, ferramentas manuais, entre outros. No entanto, mais importante que sua estrutura física, máquinas e ferramentas, o foco de todo Fab Lab deve ser as pessoas, que são responsáveis pelo compartilhamento e a criação de conhecimento. Esses espaços se caracterizam ainda como plataformas de prototipagem de ideias visando a inovação e invenção e proporcionando estímulo para o empreendedorismo local. São também plataformas para a aprendizagem e inovação: um lugar para para criar, aprender, orientar, inventar e inovar. (EYCHENNE e NEVES, 2013; NEVES e RAGUSA, 2014) UM LUGAR PARA COMPARTILHAR E CONCRETIZAR PROJETOS

3 Arduino é uma plataforma aberta de prototipagem eletrônica composta por hardware (placa controladora) e software (ambiente de desenvolvimento) que pode ser programado para analisar e produzir sinais elétricos de maneira a realizar tarefas diversas como o controle de chips e sensores, que permintem, por exemplo, o desenvolvimento de um cérebro de robô, gestão de iluminação etc. (NEVES, 2014).

UM LUGAR DE APRENDIZAGEM E DE FORMAÇÃO

UM LUGAR PARA SE FABRICAR “QUASE QUALQUER COISA”

UM LUGAR PARA RESPONDER A PROBLEMAS LOCAIS

UMA PLATAFORMA DE INOVAÇÃO SOCIAL, DIGITAL E ECONÔMICA

UMA COMUNIDADE DE PESQUISA E DE PRÁTICAS

Figura 08.

O que é um Fab Lab


30 I CAPÍTULO 2

O primeiro Fab Lab originou-se no laboratório interdisciplinar CBA (Center for Bits and Atoms) do MIT, sendo considerado um componente educacional fabricação

de digital

sensibilização e

pessoal

à que

democratiza não somente o consumo,

desenvolvimento e democratização da fabricação digital. A abertura, assim como o baixo investimento financeiro para usufruir destes espaços criam um terreno fértil à inovação. (EYCHENNE e NEVES, 2013, p. 27)

Histórico

mas a concepção das tecnologias e

O nome Fab Lab

das técnicas. Fundado em 2001 pela

National Science Foundation (NSF) e sob a liderança de Neil Gershenfeld,

De acordo com Eychenne e Neves

diretor do CBA e professor do curso

(2013), para um Laboratório de Fabri-

“How

to Make Almost Anything”

cação ser reconhecido como Fab Lab

(Como Fazer Quase Qualquer Coisa),

– nome que trata-se de um logo, e não

o Fab Lab propiciou a oportunidade de

uma marca registrada ou uma fran-

materialização de ideias inovadoras.

quia – ele deve seguir a Fab Charter,

Dado o entusiasmo manifestado por

uma carta de princípios estabelecida

seus alunos, Neil, que é considerado

pelo CBA/MIT em colaboração com

o “pai” dos Fab Labs, percebeu então,

os primeiros Fab Labs (publicada em

o potencial da fabricação pessoal.

2007 e revisada em 2012) e que deve

(NEVES, 2014)

ser afixada em algum lugar do labora-

“A

s máquinas e processos que compõem um Fab Lab não são recentes. Na verdade, muitos laboratórios de universidades, centros de pesquisa e desenvolvimento, plataformas de prototipagem rápida com utilização de máquinas de comando numérico existem há muito tempo, mas estavam limitadas ao uso estritamente estudantil ou profissional. A grande inovação do Fab Lab encontra-se na abertura desta tecnologia para todos os usuários e no cruzamento de informações entre estes diferentes públicos. Ela é o elemento central e determinante no

tório ou publicada na página web do mesmo. Um outro ponto e o mais essencial no tocante à utilização do nome, é sua abertura ao público (também conhecido como Open days) gratuitamente ou em troca de serviços (formação, palestras, workshops etc.) ao menos uma vez na semana. Outros pontos também importantes são o compartilhamento das ferramentas e processos comuns, conhecimento, arquivos e documentações com outros Fab Labs da rede mundial; a participação ativa na rede por meio de videoconferências e encontros anuais; e possuir um kit padrão de máquinas que permita replicar projetos e processos em qualquer Fab Lab.


REFERENCIAL TEÓRICO I

A FAB

CHARTER

O que é um Fab Lab? Fab Labs são uma rede global de laboratórios locais, permitindo a invenção e fornecendo acesso a ferramentas de fabricação digital. O que está num Fab Lab? Fab Labs compartilham um inventário de máquinas e componentes em evolução que auxilia na capacidade básica de fazer (quase) qualquer coisa, permitindo também o compartilhamento de projetos desenvolvidos ali pelas pessoas. O que fornece a rede Fab Lab? Assistência operacional, educacional, técnica, financeira e logística, além do que está disponível dentro dos laboratórios. Quem pode usar um Fab Lab? Fab Labs estão disponíveis como um recurso da comunidade, oferecendo acesso livre para os indivíduos, bem como o acesso programado para programas específicos. Quais são as suas responsabilidades? Segurança: não ferir as pessoas ou danificar as máquinas; Operações: ajudar com a limpeza, manutenção e melhoria do laboratório; Conhecimento: contribuir para a documentação e instrução. Quem é o dono das invenções realizadas dentro do Fab Lab? Projetos e processos desenvolvidos no Fab Lab podem ser protegidos e vendidos. O inventor escolhe a maneira como seu projeto será realizado, porém, a documentação do projeto contendo os processos e as técnicas envolvidas deve permanecer disponível para que os outros usuários possam aprender com ela. Como as empresas podem utilizar um Fab Lab? As atividades comerciais podem ser prototipadas e incubadas em um Fab Lab, mas não devem entrar em conflito com outros usos. Elas devem crescer além do laboratório e beneficiar os inventores, os próprios laboratórios que lhes deram suporte e as redes que contribuíram para o seu sucesso. Figura 09.

Carta de Princípios

31


32

I CAPÍTULO 2

Modelos de Fab Lab Apesar de se apoiarem em princípios comuns como os apresentados pela Fab Charter e possuírem um kit padrão de máquinas, por exemplo, os Fab Labs se diferenciam entre si em função do objetivo proposto, tipo de gestão, modelos de financiamento e equipe envolvida, podendo serem categorizados em três modelos: Acadêmicos (como o nome já diz, são sustentados por uma universidade ou escola); Profissionais (sustentados por meio de aluguel ou mensalidade do espaço e máquinas para empresas e makers desenvolverem produtos); e Públicos (sustentados por governo, instituições

ABERTURA

PARTICIPAÇÃO

AO PÚBLICO

ATIVA NA REDE

ADESÃO A

dades locais). (EYCHENNE e NEVES, 2013; NEVES e RAGUSA, 2014)

MÁQUINAS E

FAB CHARTER

de desenvolvimento ou por comuni-

PROCESSOS

Máquinas

z

Como visto anteriormente, cinco máquinas por comando numérico constituem a base de equipamentos de um Fab Lab. Estas máquinas, que são apresentadas a seguir, são comandadas por computadores capazes de interpretar os arquivos de CAD (Computer aided

y x

COORDENADAS

design), traduzindo as coordenadas X, Y e Z do modelo ou desenho digital em uma série de comandos de posição, velocidade, corte ou extrusão, reconhecíveis pela máquina.

Figura 10. A rede Fab Lab

Figura 11. O kit de máquinas

CORTADORA A

LASER

CORTADORA DE

VINIL

FRESADORA

CNC

IMPRESSORA

3D


REFERENCIAL TEÓRICO I

33

rios de um ambiente contaminado pela fumaça produzida pelo corte.

Cortadora a laser

De fácil utilização, a cortadora a laser trabalha através de softwares de

A cortadora a laser é uma máquina

desenho vetorial como AutoCAD, Corel-

que direciona com precisão um feixe de

Draw, Illustrator, SketchUp, SolidWorks

laser sobre o material a ser cortado ou

entre outros, salvos em formatos EPS,

gravado, movimentando-se sempre em

DXF, DWG e PDF (extensões aceitas

dois eixos (X e Y). Esse laser é produzido

pela maioria das máquinas de corte a

por um tubo de CO2 e quando subme-

laser) . Além disso, é bastante segura,

tido a tensão elétrica, gera um feixe

uma vez que seu feixe de laser funciona

de alta temperatura capaz de realizar

somente quando a porta da máquina

trabalhos por queima de material.

estiver fechada. (WERKHAIZER, 2017)

Nela, suas duas funções básicas são

Uma cortadora a laser pode custar

o corte (madeira, papel, papelão, acrí-

entre 20 mil e 90 mil reais em função

lico, couro, tecido, feltro) e gravação

de suas dimensões, da potência e dos

(metal, alumínio, pedra, madeira) de

periféricos (exaustores de extração de

materiais, sendo os mais comumente

fumaça, filtros, grelhas e chillers para

utilizados a madeira (MDF), o acrílico e

resfriamento do laser).

o papelão; com espessuras entre 2 e 10 mm. Entretanto, é importante consultar o fornecedor do material ou do equipamento para verificar se o seu uso é aconselhado ou permitido na cortadora a laser, uma vez que alguns materiais podem produzir uma fumaça tóxica no corte. Caso o material seja desaconselhado, a melhor opção é o corte em uma fresadora. Segundo Neves (2014), dentro das máquinas que compõem um Fab Lab, a cortadora a laser é uma das mais rápidas e mais utilizadas, o que demanda uma manutenção constante afim de preservar seus componentes e seu bom funcionamento. Outro ponto importante sobre essa máquina é a exaustão (retirada do ar viciado em um ambiente), que deve sempre ser feita de forma adequada, a fim de evitar o desgaste precoce da máquina e proteger os usuá-

4

4 Valores relativos a maio de 2017

Figura 12.

Cortadora a laser, Epilog Fusion


34 I CAPÍTULO 2

Cortadora de Vinil

De maneira geral, as cortadoras de vinil apresentam valores mais acessíveis,

5

Basicamente igual a uma impres-

podendo variar entre 900 reais a 10 mil

sora caseira de papel, a cortadora de

reais em função das dimensões, fabri-

vinil (também chamada de plotter de

cante e características específicas.

recorte) possui em sua “cabeça de impressão” uma fina lâmina de aço, capaz de realizar cortes e marcações

Fresadora de grande formato

em folhas de materiais extremamente finas, como acetato, vinil adesivo, papel, certos tecidos e adesivos de cobre usados na criação de circuitos impressos.

A partir de modelos digitais em duas (DXF) ou três (STL) dimensões, a

Relativamente fácil de comandar,

fresadora de grande formato (Figura

esta máquina é usada principalmente

14) é capaz de executar trabalhos de

para customização de peças, como

gravações, desbaste e corte de mate-

também para impressão de pequenos

riais, sendo adequada à usinagem de

circuitos simples. Para utilizar a corta-

materiais densos (madeira maciça ou

dora de vinil é necessário um modelo

composta) sobre grandes superfícies

digital em duas dimensões, em formatos

de trabalho (de um a mais de 2 metros,

como AI, EPS, BMP, JPEG ou PNG, que

geralmente).

podem ser gerados em softwares Figura 13.

Cortadora de Vinil, Roland GX-24

vetoriais e gráficos como Illustrator,

Dentre todas as máquinas de um Fab

Photoshop, CorelDraw entre outros.

Lab, a fresadora de grande formato é a

(AGUIAR, GOLDMAN e VASCON-

única cujo acesso ao público é bastante

CELLOS, 2015)

regulamentado, uma vez que se apresenta como um dispositivo potencialmente perigoso, gerador de uma grande quantidade de pó e lascas de madeira. Como forma de regulamentar seu acesso ainda, alguns laboratórios dispõem de uma sala individual fechada, em que o computador de comando fica isolado da máquina. (EYCHENNE e NEVES, 2013; NEVES, 2014) De maneira geral, as fresadoras de grande formato custam entre 10 mil e 100 mil reais, sendo possível comprar kits para sua construção com um menor 6

custo.

5 Valores relativos a maio de 2017 6 Idem


REFERENCIAL TEÓRICO I

35

Fresadora de Precisão A fresadora de precisão (Figuras 15 e 16), também chamada de fresadora de pequeno porte, consegue realizar trabalhos em menores dimensões através de uma fresa em sua “cabeça” que se move sobre três eixos (X, Y e Z), desbastando o material segundo o desenho que lhe foi enviado. Nessas fresas que podem ter pontas circulares, chatas ou de corte, as espessuras também se diferenciam. Assim, de acordo com a finalidade do projeto e o material utilizado (madeira, espuma, dentre outros materiais), o uso correto da fresa é muito importante tanto para a manutenção da máquina quanto para o bom resultado do objeto que está sendo fresado. Apesar de uma variedade de usos desta máquina, nos Fab Labs, os mais praticados são a fabricação de circuitos impressos utilizando filmes de cobre e fabricação de moldes. (AGUIAR et.al.2017) Nos modelos utilizados pela maioria dos Fab Labs, o sistema de segurança de uma fresadora de precisão só permite seu funcionamento quando a mesma estiver fechada. Quanto a sua utilização é necessário um modelo digital em duas (DXF) ou três (STL) dimensões, que podem ser gerados em softwares como AutoCAD, Sketchup, entre outros. (WERKHAIZER, 2017) Uma fresadora de precisão do porte das que se utiliza dentro da rede Fab

Figura 14.

Lab pode custar entre 2 mil e 16 mil reais. A fim de reduzir a barreira financeira à

Fresadora, ShopBot

criação de Fab Labs, o CBA desenvolveu um projeto de criação do chamado MTM

Figura 15.

7

(Machine that Make) - uma fresadora de precisão DIY, de baixo custo e de utilização open source e livre. (EYCHENNE e NEVES, 2013) 7 Valores relativos a maio de 2017

Fresadora de precisão, Roland Modela

Figura 16.

Fresadora MTM


36 I CAPÍTULO 2

Impressora 3D A impressão 3D, também conhecida como fabricação aditiva, é o processo pelo qual objetos físicos são “impressos” por meio da deposição de materiais camada a camada, com base em um modelo digital tridimensional. O método mais comum para impressão 3D em um Fab Lab é a fabricação por filamentos fundidos (FFF), também conhecida como modelagem por deposição de material fundido (FDM). Neste método, a máquina aquece e efetua a extrusão de materiais plásticos. Para utilizar a impressora 3D é necessário possuir um modelo digital em três dimensões, salvo em formato STL, que pode ser gerado em softwares de modelagem 3D como AutoCAD, SketchUp, TinkerCAD entre outros. (AUTODESK, 2017) O preço dessas impressoras varia 8

de 3 mil até 25 mil, dependendo do seu tamanho, fabricante e funções. Já os filamentos (também chamados de cartuchos) utilizados para carregar esses equipamentos podem ser encontrados por um preço médio de 125 reais. No

entanto,

assim

como

as

fresadoras, existem também diversos Figura 17.

Impressora Ultimaker

Figura 18.

Impressora Prusa i3

Figura 19.

Impressão 3D

projetos de impressoras 3D livres open

source. O mais conhecido é o já citado RepRap – construção aberta e coletiva da primeira máquina de fabricação 3D de auto replicação. (NEVES, 2014) 8 Valores relativos a maio de 2017


REFERENCIAL TEÓRICO I

Equipe Conforme Neves (2014), em qualquer Fab Lab, a equipe técnica responsável pela coordenação e realização das atividades é muito importante e dará personalidade e vida ao laboratório. Entretanto, o número de integrantes de uma equipe pode variar de acordo com a quantidade de pessoas que o laboratório recebe e suas atividades, mas geralmente o padrão é um Diretor, um Fab Manager (gerente), um Guru (assistência em projetos, manutenção e reparo das máquinas, instrução em cursos e workshops) e Estagiários (auxílio ao Fab Manager em tarefas correntes, acolhimento do público, participação do laboratório segundo suas competências). A equipe de um Fab Lab ainda, pode ser formada também com membros da estrutura que suporta o laboratório. Dentro das universidades, é comum que os professores, técnicos e alunos disponibilizem um tempo parcial para organização do laboratório. No Fab Lab LCCC (Lorain Country Community College) dos Estados Unidos, que funciona unicamente com voluntários, o Fab Manager é um professor aposentado, que é auxiliado pelos estudantes, nas atividades do espaço. (EYCHENNE e NEVES, 2013)

Espaço físico Apesar de o CBA-MIT não definir o espaço necessário para o estabelecimento de um Fab Lab ou de seu layout, Eychenne e Neves (2013) ao visitar diferentes Fab Labs pelo mundo observou um padrão comum entre eles:

“E

spaço compreendido entre 100 e 250m²; ao menos uma sala separada e fechada para o uso da fresadora de grande formato; uma grande peça central, onde encontramos de um lado as máquinas menos barulhentas e do outro aquelas que são perigosas e/ou que geram poeira; postos informáticos; vários escritórios livres e mesas de reunião ou trabalho para uso de computador portátil; espaço com possibilidade de relaxamento equipado com uma máquina de café, uma geladeira e sofás; espaço de exposição de projetos finalizados; estocagem de materiais e pequenas ferramentas.

(EYCHENNE e NEVES, 2013, p.27)

É importante destacar ainda, que apesar de a configuração do espaço de um Fab Lab variar em função do local onde estão instalados, os serviços propostos, equipe técnica e modelos de financiamento oferecem igual importância em sua configuração.

37


38

I CAPÍTULO 2

Rede Fab Lab

que se considerar os valores com a aquisição e manutenção das máquinas

O conceito de Fab Lab, que eman-

– que variam de acordo com a quanti-

cipou e desenvolveu uma comunidade

dade, modelo, fabricante ou importação

mundial de empreendedores, alunos,

– e o custo mensal de salários com a

educadores, técnicos, pesquisadores

equipe e o local. Para um valor de gran-

e inovadores, tem essa dimensão de

deza, pode-se considerar que o inves-

“rede” inscrita em sua essência por

timento inicial de um Fab Lab é de 300

várias razões. Primeiramente, ele acom-

mil reais. (GINESI, 2015; EYCHENNE e

panha a internet, tornando-se como

NEVES, 2013)

tal, uma plataforma de inovação colaborativa; em seguida, facilita significa-

O número de laboratórios cadas-

tivamente a abertura, conexão, trocas

trados na rede mundial cresce exponen-

e compartilhamento entre pessoas e

cialmente a cada ano. Atualmente são

organizações. Ainda, seu kit padrão de

mais de mil Fab Labs cadastrados espa-

máquinas comum a todos os Fab Labs

lhados pelo mundo– destes, quarenta

permite que projetos e processos reali-

são brasileiros. Em um ranking por país,

zados num laboratório brasileiro, por

os Estados Unidos se destaca com a

exemplo, possam ser produzidos em

presença de 153. A Tabela 1 s seguir

um outro, independentemente de sua

apresenta o ranking por país de Fab

localização. A partir de seu sucesso,

Labs, elaborado a partir da consulta ao

seu princípio foi replicado para além do

sistema da rede, realizada em maio de

contexto acadêmico, dando origem ao

2017. (Fab Labs, 2017)

formato de Laboratórios De Fabricação Digital em rede, conectados mundialmente. (EYCHENNE e NEVES, 2013; NEVES, 2014)

FAB

LABS

Com o objetivo de apoiar o crescimento da rede Fab Lab internacional,

#

PAÍS

QUANTIDADE

em 2009 foi criada a Fab Foundation,

EUA

153

França

149

educacional, técnica, financeira e logís-

Itália

134

tica aos laboratórios associados. No

Alemanha

46

Espanha

44

tiva a arquiteta Heloisa Neves, uma das

Índia

42

difusoras do movimento maker no país.

Reino Unido

41

Brasil

40

Holanda

32

10º

Rússia

31

uma organização sem fins lucrativos que visa fornecer assistência operacional,

Brasil, a associação que faz isso é a Fab Lab Brasil e tem como diretora execu-

O investimento inicial para a abertura de um Fab Lab dependerá do tamanho do Tabela 1.

Ranking por país de Fab Labs

espaço que o receberá, das atividades a serem desenvolvidas e da comunidade de usuários. Além disso, há também


REFERENCIAL TEÓRICO I

39

No Brasil, foi Heloisa Neves, graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Unesp Bauru-SP, mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP e doutora em Design pela FAU-USP; quem ajudou a criar os primeiros Fab Labs paulistanos: o Fab Lab SP, o Garagem e o Insper Fab Lab. O Fab Lab SP, primeiro laboratório associado à rede, foi inaugurado em dezembro de 2011 na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU-USP) de São Paulo. De modelo acadêmico, o laboratório coordenado pelo professor Paulo Eduardo Fonseca de Campos, que atualmente funciona como uma plataforma de ensino e pesquisa, aberta aos alunos de graduação e pós-graduação de áreas como Arquitetura, Design, Artes, Física e Engenharia, permite não só a produção de projetos interdisciplinares de pequena e grande escala, como também, atividades de extensão universitária, por meio de eventos, cursos, exposições, Open Days, entre outras. (Fab Lab SP, 2017) Já o segundo foi o Garagem Fab Lab, também em São Paulo. Localizado na Barra Funda, o laboratório de fabricação digital surgiu em 2013 com o objetivo de fomentar a criatividade e o desenvolvimento de projetos apoiados na filosofia do “faça você mesmo”. De modelo profissional e independente por não ser subsidiado por uma univer-

Figura 20.

sidade como no caso do Fab Lab SP

vão de 160 a 320 reais e garantem

ou por alguma política do governo, o

aos assinantes, dependendo do plano

Fab Lab SP, USP-SP

laboratório que é aberto ao público em

escolhido, acesso livre do espaço,

Figura 21.

geral durante os Open Days, precisa

máquinas, descontos nos cursos, pales-

se sustentar. Por conta disso, oferece

tras e workshops, suporte técnico etc.

planos mensais (Planos Makers) que

(GARAGEM Fab Lab, 2017)

Garagem Fab Lab-SP

Figura 22.

Insper Fab Lab-SP


40 I CAPÍTULO 2

Não se pode esquecer, igualmente, que no final de 2015 o Brasil passou a ser palco de um dos principais projetos públicos de Fab Labs no mundo através da rede pública Fab Lab Livre SP. Abrangendo diferentes regiões do Município de São Paulo, prinFigura 23. TOGOTOY: trabalho desenvolvido no Fab Lab do CCSP por Giulia Pereira, estudante de Design Gráfico na UNESP, e Vitor Akamine, estudante de Engenharia Mecatrônica na USP.

cipalmente periferia, os doze laboratórios que integram a rede estão divididos em duas categorias: grandes (Centro Cultural Cidade Tiradentes, CEU Heliópolis, Olido Cibermarium e Vila Itororó) pequenos: (Centro Cultural Casa da

Fruto de uma parceria entre a Secre-

Memória, Centro Cultural da Juventude,

taria Municipal de Inovação e Tecnologia

Centro Cultural da Penha, CCSP - Centro

da Prefeitura Municipal de São Paulo e o

Cultural São Paulo, Centro Esportivo

Instituto de Tecnologia Social essa rede,

Tietê, Chácara do Jockey Club, Espaço

que foi idealizada e construída pela

São Luis e Espaço Vila Mara).

gestão do prefeito na época, Fernando Haddad, objetiva fomentar o desenvolvimento de ideias criativas e inovadoras que beneficiam a comunidade e o surgimento de novas oportunidades profissionais. Reunindo um público bastante variado, a rede pública de laboratórios oferece cursos gratuitos (com idade mínima de 10 anos) especializados em técnicas de fabricação digital e processos de produção de forma promover a autonomia dos usuários para a criação de seus próprios projetos, tais como Modelagem e Impressão 3D, Programação e Arduino, entre outros. Através de seus espaços e atividades oferecidas gratuitamente, o Fab Lab Livre SP tem democratizado o acesso às novas tecnologias de fabricação digital ao disponibilizar à população ferramentas tecnológicas de última geração e vivência em grupo em um ambiente colaborativo e inovador. (FAB LAB LIVRE, 2017)


REFERENCIAL TEÓRICO I

41

Dada a grande abertura dos Fab Labs na capital paulista, que se tornou pioneira na implantação de Laboratórios de Fabricação Digital no país, outras cidades acabaram também investindo nesses espaços. A partir da consulta ao sistema da rede em “fablabs.io.com”, realizada em maio de 2017, atualmente existem 40 Fab Labs brasileiros associados ao MIT – espalhados por 15 Estados – e esses números aumentam ainda mais considerando os outros Fab Labs independentes à rede (não associados ao MIT) (FAB LABS, 2017)

PA CE PB PE SE

MT GO

BA

DF MG

MS

PR

SP

RJ

SC RS

Fab Labs associados MIT Fab Labs INDEPENDENTES

Figura 24.

Mapeamento dos Fab Labs no Brasil


42 I CAPÍTULO 2

MAKERSPACE

O

s Makerspaces são comumente associados a oficinas comunitárias onde seus membros dividem ferramentas e máquinas para realizar atividades

com fins profissionais ou por hobby. Dentro deste contexto, pode-se dizer que todo Fab Lab é um Makerspace, mas como visto anteriormente, nem todo Makerspace é um Fab Lab (NEVES e RAGUSA, 2014).

“ [...]

um espaço para trabalho colaborativo que pode estar integrado a uma instituição de ensino ou biblioteca ou independente, instalado em espaços públicos ou privados. É um local para fazer coisas e aprender explorando e compartilhando o conhecimento com uso ou não de ferramentas tecnológicas. O público desses espaços são crianças e adultos, com perfil empreendedor ou não. A infraestrutura desses locais pode incluir impressoras 3D, máquinas de corte a laser, fresas e outras máquinas de comando numérico, ferros de solda e até máquinas de costura. Mas um Makerspace não precisa incluir todas essas máquinas ou pode não ter nenhuma delas para ser considerado um Makerspace. A mentalidade de criar alguma coisa do nada e explorar seus próprios inte9 resses está no cerne de um Makerspace [...] (MAKERSPACES.COM apud GONZALES, 2016, p. 35)

9 Tradução livre por Gonzales (2016). Texto original disponível em: https://www. Makerspaces. com/what-isa-Makerspace/. Acesso em 15 maio 2017.

Embora hackerspaces e Makerspaces

diferenciam dos hackerspaces por

possam ser sinônimos para muitos, os

atraírem membros de interesses

hackerspaces reuniam, em sua origem,

variados e sem necessariamente um

comunidades de programadores

conhecimento naquilo que deseja

dispostas a compartilharem interesses

produzir, fornecendo ferramentas

e conhecimentos em tecnologia e

industriais e reunindo a comunidade

trabalharem em seus projetos de

local para dividir conhecimento, tempo

software e de eletrônica de forma livre;

e esforço para desenvolver projetos

hoje, são conhecidos como clubes onde

(HOLM, 2014 apud GONZALES, 2016,

os membros se reúnem para aprender

MENA, 2015).

junto, trocar conhecimento e se divertir, tendo um caráter mais fechado do

Existem ainda os Tech Shops – nome

que um Makerspace, por exemplo,

de uma marca registrada de um tipo

por ser um clube mais direcionado a

específico de Makerspaces, mais dirigido

pessoas que já possuem um certo

a empreendedores, basicamente –, que

conhecimento e querem passar um

funcionam como oficinas “faça você

tempo juntos para fazer projetos ou

mesmo” equipadas com um número

compartilhar informações. Assim,

grande de máquinas, que possibilitam

apesar de possuírem influências da

ao usuário cadastrado desenvolver

cultura hacker, os Makerspaces se

um protótipo ou uma pequena série


REFERENCIAL TEÓRICO I

43

de projetos de maneira facilitada e podendo utilizar livremente seus diversos equipamentos, ferramentas e espaços como salas de reunião e de desenvolvimento de projetos. (NEVES, 2014) O diferencial de um Makerspace em relação aos Fab Labs e Tech Shops, portanto, é de que ele não precisa incluir todas as máquinas de Figura 25.

fabricação digital ou mesmo qualquer

Revista Make, edição Junho/ Julho 2017

uma delas para ser considerado como tal. Neste sentido, uma bancada em um ambiente compartilhado de uma escola ou biblioteca, por exemplo, pode configurar um Makerspace, desde que se tenha disponível ferramentas simples de criação, que podem ir desde papelão e cola, até madeiras e pregos.

Histórico O termo Makerspace não existia até 2005, mas se popularizou realmente, no início de 2011, quando a revista Make Magazine registrou seu domínio “Makerspace.com”, começando a usá-lo para se referir a locais publicamente acessíveis para projetar e criar. Segundo Neves, foi a filha de Dale Dougherty (fundador da Make) quem o encorajou a usar o termo “make” em vez de “hacker” ao dizer que hacker soava algo pejorativo e tinha mais a ver com programação. Dale usou o termo “make” também para mostrar que esses espaços abrigavam mais do que somente programação e eletrônica, como era comum nos hackerspaces. (MENA, 2015)

Figura 26.

Primeira edição da revista Make, ano 2005


44 I CAPÍTULO 2

Espaço físico Assim como os Fab Labs, não

fresadoras, serras, furadeiras, lixadeiras

existe uma infraestrutura comum

etc.) para a criação de projetos,

ou um padrão para um Makerspace,

protótipos e trabalhos manufaturados,

porém eles costumam se aproximar da

esses espaços possibilitam às pessoas

fabricação digital, eletrônica e também

a aprendizagem com a comunidade, o

de técnicas analógicas de artesanato,

compartilhamento de experiências e,

de cerâmica e de marcenaria, típicas

principalmente, o projeto, protótipo

da cultura DIY. (ITS RIO e FUNDAÇÃO

e fabricação coletiva ou individual de

MOZILLA, 2017).

objetos que não seriam possíveis de serem fabricados em suas próprias

De

acordo

com

Doutgherty,

casas ou garagens, seja por falta das

fundador da primeira revista sobre o

máquinas e ferramentas ou mesmo

movimento maker, em matéria sobre

por falta de capacidade técnica e

o movimento maker do portal de

informações necessárias para fazer

notícias de O Estado de S. Paulo, para

algo.

a construção de um Makerspace é essencial ter alguém com a noção de

Makerspaces pelo mundo

como o espaço poderá ser útil para a comunidade que for frequentá-lo, isto

Devido à inexistência de uma lista

é, pensados primeiro para os usuários e

atualizada com os Makerspaces pelo

suas necessidades. (ABDO e AMARAL,

mundo a exemplo dos Fab Labs que

[s.d.])

mapeia os laboratórios cadastrados na rede, não foi encontrada a quantificação estar

dos Makerspaces por países – um

integrado a uma instituição de ensino,

indicativo do pouco conhecimento

biblioteca ou independente, instalado

que se tem sobre esses espaços pelo

em espaços cedidos por iniciativa

mundo. Entretanto, em um texto sobre

pública ou privada. CAVALCANTI, 2013

espaços makers, publicado em abril de

apud GONZALES, 2016).

2015, do The Atlantic (revista americana

Um

Makerspace

pode

de cultura), estimava que cerca de dois Conforme Martins (2017, p. 65), quando ligados a uma entidade

mil hackers e makerspaces existiam no mundo naquele ano. (MENA, 2015)

privada, os Makerspaces são abertos ao público, “mas em geral cobram uma

Os makerspaces, que são mais

taxa pela utilização dos equipamentos,

populares nos Estados Unidos, já são

caracterizando-se mais como um novo

uma realidade em bibliotecas, garagens,

tipo de serviço, que incorpora o conceito

oficinas, como também nas escolas e

de DIY e colaboração, e menos como

universidades. Sobre a relação dos

uma iniciativa comunitária”. Entretanto,

Makerspaces americanos com o

mais do que suas ferramentas de uso

movimento maker, Chris Anderson

compartilhado (que podem incluir

apresenta que:

impressoras 3D, cortadoras a laser,


REFERENCIAL TEÓRICO I

Figura 27.

45

Barack Obama com Joey Hudy e sua invenção na inauguração da Mini Maker Faire em 2012, na Casa Branca

“R

econhecendo o poder do movimento, a administração Obama, no começo de 2012, lançou um programa de construção de Makerspaces completos, em mil escolas americanas, nos próximos quatro anos, com ferramentas de fabricação digital, como impressoras 3D e cortadoras a laser. Sob certo aspecto, é como que o retorno do ensino industrial e a reconstrução das oficinas escolares, com recursos da era da Web. Só que agora o objetivo não é treinar operários de fábrica com baixa qualificação. Ao contrário, o novo projeto é financiado pelo programa avançado de atividades industriais do governo americano, com o objetivo de desenvolver uma nova geração de projetistas de sistemas e de inovadores de produção.

(ANDERSON, 2012, p. 21)


46 I CAPĂ?TULO 2

Figura 28.

Escola Eleva, Makerspace

Figura 29.

MundoMaker


REFERENCIAL TEÓRICO I

No Brasil, existem mais Hackerspaces e Fab Labs do que Makerspaces. Entretanto, com a popularidade e crescimento dos espaços makers em geral, atualmente no país, muitas escolas (principalmente particulares) vêm aderindo aos Makerspaces, como forma de trazer a cultura maker, como também para a transformação da educação. No Rio de Janeiro, a Escola Eleva inaugurada em fevereiro deste ano, 2017, antenada com o que já é comum em instituições no exterior, conta com um Makerspace equipado com cortadora a laser e impressora em 3D – máquinas disponibilizadas aos alunos como ferramentas de concretização de ideias. O objetivo do espaço é estimular nos alunos a experimentação, o trabalho colaborativo e a interação com as ferramentas de fabricação digital (CERQUEIRA, 2017; ESCOLA ELEVA, 2017) Em Sorocaba, São Paulo, o Colégio Objetivo Unidade Portal, também oferece um Makerspace na forma de um laboratório de fabricação e criação, que pode ser utilizado tanto nos momentos livres dos alunos via agendamento, como também nas aulas curriculares e extracurriculares. O espaço, que dispõe de materiais de papelaria, ferramentas básicas de marcenaria e prototipagem, como madeira, papelão e plástico e kits de eletrônica, conta com máquinas de fabricação digital, como impressora 3D, cortadora de vinil e cortadora a laser. (OBJETIVO SOROCABA, 2017) Há ainda os Makerspaces voltados a educação, porém fora das escolas. É o caso do MundoMaker. Tendo sua primeira unidade localizada na Vila Madalena e a segunda no Morumbi Town Shopping, em São Paulo, o espaço proporciona aos alunos matriculados atividades de robótica, tecnologia digital, programação e marcenaria, para crianças, jovens e adultos. Oferecendo oficinas que variam de um dia a longa duração, semanais e até oficinas de férias, o MundoMaker disponibiliza aos seus usuários o acesso às ferramentas ligadas a eletrônica, como baterias, LEDs, plataforma Arduino, além de softwares e programas de computação e ferramentas para a construção de projetos manuais, como martelos, alicates, chaves de fenda e impressora 3D e cortadora laser. (MUNDOMAKER, 2017) Além dos Makerspaces nas escolas, existem também outros funcionando como os Fab Labs de modelo profissionais, onde para a utilização das máquinas é necessário o pagamento de planos (diários ou mensais) e para participação de cursos, compras de ingressos. Um exemplo é o FAZ Makerspace, em Belo Horizonte-MG, uma oficina colaborativa com ferramentas e máquinas de fabricação digital para uso da comunidade criativa, que atende pessoas de todos os tipos: de crianças a aposentados, de amadores a profissionais. O FAZ oferece um ambiente equipado com bancada de eletrônica, máquina para corte e gravação a laser, plotter de recorte, máquina CNC, impressoras 3D e ferramentas de marcenaria. (FAZ Makerspace, 2017)

47


48 I CAPÍTULO 2

HACKERSPACE

A

e tendo o protagonismo das pessoas que os frequentam como o principal

o contrário de alguns modelos

combustível desses espaços.

de Fab Labs e Makerspaces,

os Hackerspaces são espaços físicos

Histórico

não voltados ao lucro, na figura de oficinas ou laboratórios colaborativos comunitários, abertos ao público

Os primeiros Hackerspaces surgiram

em geral com interesses em comum

na Alemanha em meados da década de

(normalmente por tecnologia, como

1990 sob a influência do CCCB (Chaos

também por eletrônica e programação)

Computer Club Berlin) juntamente com

e mantidos por seus membros, em

o C-base, ambos sediados na capital,

um modelo de auto-organização não

Berlim.

hierárquica, sem ingerência externa

“N

público ou privado. Através de regras estabelecidas por um sistema de autogestão que privilegia o respeito ao próximo e fundamentando-se na Ética Hacker – expressão que descreve os valores morais e filosóficos na comunidade hacker –, os Hackerspaces funcionam como centros comunitários, onde pessoas interessadas pela cultura hacker se reúnem, socializam e

compartilham

equipamentos,

ferramentas, conhecimentos e projetos comuns. Assim, nesses espaços existem especialmente, elementos da reciprocidade e da solidariedade nas relações de seus usuários. (GONZALES, 2016; MARTINS, 2016; MATTOS et al., 2014) Conforme Araújo e Gitahy (2016), os Hackerspaces podem ainda ser definidos ainda como espaços físicos com livre acesso à internet e com uma estrutura propícia para a discussão, desenvolvimento e experimentação com softwares e hardwares livres,

o início os primeiros espaços ocupados pelo CCCB funcionavam como escritórios, servindo apenas para encontros semanais de discussão entre os participantes. Porém em 1998, com a mudança para sua quarta sede com uma infraestrutura física que, entre outras melhorias, possibilitou a instalação de uma conexão permanente à Internet, uma nova dinâmica tomou forma: seus membros passaram frequentar mais o espaço e se reunir várias vezes na semana, chegando em pouco tempo a um funcionamento ininterrupto. O lugar ajudou a fortalecer o grupo e estimulou novas atividades. Em retrospecto, vemos que ali se formou um padrão de espaço colaborativo que serviu de referência para o que hoje se denomina hackerspace.

criação de projetos colaborativos, promovendo a socialização entre seus usuários (membros associados),

(MATTOS, 2014, p. 52).

ou patrocínio de qualquer órgão


REFERENCIAL TEÓRICO I

49

Seguindo as inspirações alemãs, em 2006, o Hackerspace Metalab foi fundado em Viena, na Áustria, sob os mesmos princípios dos anteriores, ou seja, com abordagem na construção de um espaço físico aberto para o encontro social e o desenvolvimento de projetos. Em pouco tempo esses espaços se popularizaram, espalhando-se pela Europa. No final dos anos 2000, o modelo dos Hackerspaces europeus foi importado para os Estados Unidos quando, em 2007, um grupo de hackers norte-americanos visitaram o evento Chaos Communication Camp na Alemenha e ao retornaram ao seu país de origem, fundaram os Hackerspaces NYC Resistor em Nova York, HacDC em Washington e Noisebridge em São Francisco. Assim, com seu alcance global, hoje os Hackerspaces são encontrados em diversos países (GONZALES, 2016; MATTOS, 2014).

Figura 30.

C-base, Berlin Alemanha


50 I CAPÍTULO 2

O termo Hacker O termo “hacker” surgiu na década

Para Medeiros (2002 apud VILELA,

de 50, quando estudantes e professores

2006), desde 1985, tenta-se fazer uma

do MIT, passaram a empregá-lo para

distinção entre os termos “hacker” e

alguém com grande conhecimento

“cracker”, mas a dificuldade imposta

na área de informática, tanto para

pela mídia acabou instaurando barreiras.

software quanto para hardware, para a resolução de problemas relacionados à

Dessa forma, o que o senso comum

tecnologia. Já na década de 60, o termo

entende hoje por hacker (pessoas que

passou a ser usado por programadores

invadem computadores, instalam vírus

para indicar truques mais ou menos

e roubam senhas), é na comunidade

engenhosos que usavam recursos

hacker de fato, denominado “cracker”.

pouco conhecidos do computador.

(BURTET, 2014)

Assim, foram chamados de hackers os primeiros aficionados por tecnologia,

Ética Hacker

que se reuniam para interagir e desenvolver

soluções

criativas,

impulsionando a grande revolução no

De acordo com Mattos (2014,

campo dos computadores pessoais.

p.36), o jornalista Steven Levy foi o

(VILELA, 2006)

primeiro a usar o termo Ética Hacker em seu livro Hackers, de 1984, para

Himanen

(2001

apud

Mello,

“referir-se aos princípios que guiavam

2016) considera os hackers como

as ações do primeiro grupo de hackers

pessoas que possuem conhecimentos

de computador no MIT, entre o final da

avançados de programação, interesse

década de 1950 e o início da década

pela computação (mais por paixão

de 1960”; descrevendo-a como uma

do que por interesses instrumentais)

filosofia de compartilhamento, abertura,

e empenho em compartilhar o que

livre acesso, descentralização e de

produziu e aperfeiçoar o que foi

ação direta em busca da melhoria das

produzido por outros”.

máquinas e, em suma, do mundo.

Entre os programadores, o termo “hacker” ainda é utilizado por sua vez para referir-se a pessoas com grande habilidade em programação, mas que também se destacam em outras áreas como na eletrônica. Entretanto, se na sua origem esse termo era utilizado para designar pessoas que criavam e modificavam software e hardware de computadores, mais tarde a mídia passou a usá-lo para designar os “crackers”.

“ [...]

o movimento do software livre iniciado na década de 80 pelo pioneiro Richard Stallman, rendeu não só uma ampla e bem-sucedida produção de programas feitos de forma aberta e coletiva, como o sistema operacional Linux, por exemplo, o maior concorrente em escala mundial do proprietário Windows, mas


REFERENCIAL TEÓRICO I

também uma nova forma de se entender e praticar a autoria de softwares.

Dentro

da

Ética

Martins (2012, p. 85)

Hacker,

51

livre e do código aberto, contribuindo ainda para a reconfiguração do direito autoral e mesmo da concepção da autoria. (MARTINS, 2012; PRETTO, 2010)

Espaço Físico

Levy acredita que para o bom desenvolvimento dos Hackerspaces

Sendo um Hackerspace um lugar

e de seus projetos, os seguintes

onde pessoas com interesses em

princípios devem presidir o trabalho

comum e principalmente em tecnologia

dos aficionados pela computação

se encontram, inexiste uma definição

e pela criação:

primeiramente, o

do espaço físico necessário para seu

acesso deve ser total e ilimitado aos

estabelecimento. Um Hackerspaces

computadores e qualquer outro meio

pode ocupar desde um espaço

que seja capaz de ensinar algo sobre

sublocado ou cedido por uma entidade

como o mundo funciona; Segundo,

com interesses em comum (como

que toda informação deve ser livre

universidades) até uma garagem, porão

e gratuita, uma vez que o acesso à

ou um imóvel por contrato de aluguel

mesma, permite o saber consertar as

no nome de seus membros associados.

coisas; Terceiro, que sempre se deve

(GAROA HACKER CLUBE, 2015)

desconfiar da autoridade e promover a descentralização, ou seja, estimular

Além disso, os equipamentos

procedimentos pouco burocráticos,

e ferramentas disponíveis em um

com liberdade de circulação de

Hackerspace

informações e acesso a elas por

um lugar para outro uma vez que

qualquer um; No quarto princípio,

estes, dependem das atividades e

que o julgamento dos hackers deve

necessidades específicas de seus

ser feito segundo a qualidade do que

usuários. Essas atividades podem

eles efetivamente fazem e realizam

envolver desde o desenvolvimento

e não por critérios falsos, como

de software livre, reciclagem de

escolaridade, idade, etnia ou posição

computadores,

social; Já no quinto, que é possível

microeletrônica, hardware aberto,

criar arte e beleza num computador,

impressão 3D e até mesmo culinária.

confrontando a dureza aparente das

É comum também, que se tenha uma

máquinas; Por último, e não menos

agenda de eventos com palestras e

importante, que os computadores

oficinas que promovam o aprendizado;

podem fazer a vida melhor. Portanto,

desenvolvimento de projetos em grupo,

foi a partir desses princípios éticos

como os hackathons;

que os hackers trabalharam de

socialização entre seus membros,

forma coletiva e aberta, criando os

como confraternizações e noites de

computadores, expandindo as redes

jogos. Apesar de sua abertura ao

de computadores e promovendo o

público, esses espaços mantêm um

nascimento da internet, do software

grupo de associados que contribuem

variam

muito

redes

10

sem

de

fio,

e também a

10 Eventos realizados em forma de maratona (com duração que pode variar entre um dia e uma semana, normalmente), podendo explorar dados abertos, códigos e sistemas lógicos, discutir ideias inovadoras e desenvolver projetos de software ou mesmo de hardware. Disponível em: <https:// en.wikipedia. org/wiki/ Hackathon>. Acesso em: 20 junho 2017


52

I CAPÍTULO 2

com maior regularidade para a

Paulo, em 2013 o Garoa se mudou

organização de eventos e projetos,

para uma nova sede, uma ampla casa

e que ajudam a cobrir as despesas

em Pinheiros, aberta gratuitamente

de manutenção do local. Através dos

a todos que a quiserem frequentá-la.

eventos, aliados a cobrança de taxas

A nova sede atualmente oferece

mensais de seus membros e doações,

diversos equipamentos, ferramentas e

é feita a arrendação de parte do capital

materiais para a realização de projetos,

necessário para operação do espaço.

como uma impressora 3D, placas de

(MACUL, 2015)

Arduino, componentes eletrônicos variados, ferramentas básicas de marcenaria,

Rede de Hackerspaces

estações

de

solda,

instrumentação eletrônica, hardware velho, um estúdio com equipamentos

De acordo com a consulta ao

e instrumentos musicais, uma cozinha

sistema da rede “Hackerspaces.org”

com equipamentos para fabricação de

realizada em maio de 2017, atualmente,

cerveja, sala de jogos e uma extensa

no mundo todo, estão registrados 1356

biblioteca. (GAROA HACKER CLUBE,

Hackerspaces ativos e mais 353 em

2016)

fase de planejamento – sendo o Chaos Computer Club, em Berlim, o mais antigo em funcionamento.

Além do Garoa, outros Hackerspaces estão espalhados pelo país, como o CDC Minas Up, de Janaúba-MG, que

No Brasil, o Garoa Hacker Clube

reuniu 800 pessoas em um Arduino

(GHC), primeiro Hackerspace do país,

Day; o Barco Hacker, de Bélem-PA, que

mantém uma lista com 28 entradas de

hackeia canais não navegáveis na região

hackerspaces ativos e mais de 20 em

e leva discussões a comunidades que

fase de planejamento. Esta lista, no

não contam com internet e, às vezes,

entanto, serve mais como parâmetro,

sequer têm luz elétrica, falando sobre

pois traz alguns links de sites de hacke-

dados abertos a que elas têm acesso

rspaces desatualizados, além de ter

e sobre programação desplugada; o

outros que não fora do ar. (MARTINS,

Garagem Hacker de Curitiba-PR, que

2016)

funciona como um espaço de trabalho ( coworking ) durante o dia e como

O Garoa HC, em funcionamento

Hackerspace durante a noite; o Raul

em São Paulo desde agosto de

Hacker Club, em que são realizadas

2010, é um laboratório comunitário

diferentes atividades sobre tecnologia

totalmente mantido por voluntários

com crianças pequenas, um dos focos

que fomenta a troca de conhecimento

do grupo; entre outros. (SCHULER,

e experiências - um local para pessoas

2016)

se encontrar, socializar, compartilhar e colaborar ideias e projetos. Tendo se

No interior de São Paulo, o Oeste

instalado inicialmente em um porão

Hacker Clube (OHC) é o primeiro

na Casa da Cultura Digital de São

Hackerspace de Bauru e nasceu depois


REFERENCIAL TEÓRICO I

11

de uma apresentação sobre Hackerspaces na Campus Party de 2011. Apesar de não possuir uma sede física, o OHC, que teve início em 2012, realizou encontros para reunir pessoas interessadas em contribuir com o projeto. Desde então o grupo, que ainda procura criar uma comunidade ativa no interior de São Paulo, discursa em eventos sobre tecnologia, segurança da informação, robótica, entre outros. (H2HC MAGAZINE, 2013; OESTE HACKER CLUBE, 2017)

PI

AM

CE

AL DF

11 Campus Party é uma associação civil sem fins lucrativos fundada em 2009, com o objetivo de incentivar e promover atividades e projetos nas áreas, cultural, educacional gratuita, de inclusão digital, do desenvolvimento tecnológico e econômico, dos direitos estabelecidos, da assistência social e da cidadania. Disponível em: <http://brasil. campus-party. org/campusparty/sobrenos/>. Acesso em: 20 junho 2017.

BA

GO MG

MS

PR SC

PB PE

53

SP

ES RJ

RS

Figura 31. Hackerspaces ATIVOS Hackerspaces PLANEJAMENTO

Mapeamento dos Hackerspaces no Brasil


54 I CAPÍTULO 2

CRÉDITOS ICONOGRÁFICOS

[01] Fonte: <https://ocaboco.wordpress.com/tag/lab-mocorongo>. Acesso em: 27 ago 2017 [02] Fonte: <https://www.flickr.com/photos/126274132@N03>. Acesso em: 27 ago 2017 [03] Fonte: <https://motherboard.vice.com/pt_br/article/vvz4xx/drones-contra-aedes>. Acesso em: 27 ago 2017 [04] Fonte: <https://www.facebook.com/LabDeIdeiasAmorim>. Acesso em: 27 ago 2017 [05] Fonte: <https://www.facebook.com/saguilab>. Acesso em: 27 ago 2017 [06] Cortesia de Clarice Rohde. Fonte: <http://www.archdaily.com.br/br/773676>. Acesso em: 27 ago 2017 [07] Fonte: <https://www.opendesk.cc>. Acesso em: 27 ago 2017 [08] Adaptado de NEVES (2013). Fonte: <https://pt.slideshare.net/hdneves/workshop-conheca-o-fab-lab-comocriar-um-fab-lab>. Acesso em: 27 ago 2017. [09] Idem. [10] Adaptado de Laura Pandelle. Fonte: <http://wiki.lesfabriquesduponant.net/index.php?title=Ressources_ graphiques>. Acesso em: 27 ago 2017. [11] Adaptado de NEVES (2013). Fonte: <https://pt.slideshare.net/hdneves/workshop-conheca-o-fab-lab-comocriar-um-fab-lab>. Acesso em: 27 ago 2017. [12] Fonte: <https://medium.com/witlab-space/laser-epilog-fusion-40-15534478844b>. Acesso em: 27 ago 2017. [13] Fonte: <http://www.threadventuresemb.com/heat.html>. Acesso em: 27 ago 2017. [14] Fonte: <http://www.blink-tech.com/blog/faulhaber-fab-lab-fun-science>. Acesso em: 27 ago 2017. [15] Fonte: <http://fablab.aalto.fi/lab/#cnc-machines>. Acesso em: 27 ago 2017. [16] Fonte: <http://diy3dprinting.blogspot.com.br/2013/10/more-details-on-othermill-desktop-cnc.html>. Acesso em: 27 ago 2017. [17] Fonte: <https://www.prostanki.com/img/boardpics/2015_10/tFew4L6hDs4SmxOf1wvl.jpg>. Acesso em: 27 ago 2017.


REFERENCIAL TEÓRICO I

[18] Fonte: <https://all3dp.com/es/1/mejor-impresora-3d-calidad-precio-comprar>. Acesso em: 27 ago 2017. [19] Fonte: <https://www.ideafixa.com/post/como-escolher-qual-impressora-3d-comprar>. Acesso em: 27 ago 2017. [20] Fonte: <http://revistaw.com.br/fab-labs-democratizam-tecnologias-avancadas>. Acesso em: 27 ago 2017. [21] Fonte: <https://www.ideafixa.com/post/marcenaria-e-terapia-conheca-a-oficinalab>. Acesso em: 27 ago 2017. [22] Fonte: <https://www.insper.edu.br/vestibular/2015/12/15/fab-lab-insper-criacao-computadorizada-aoalcance-de-todos>. Acesso em: 27 ago 2017. [23] Fonte: < http://fablablivresp.art.br/unidades/galeria-olido/blog/reuniao-mensal-da-rede-publica-de-fablabs-livre-sp>. Acesso em: 27 ago 2017. [24] Fonte: Elaborado a partir de consulta realizada em maio de 2017 ao sistema da rede Fab Lab (Disponível em: <https://www.fablabs.io>) e adaptações de SPERLING, David M. et al. Fabricação digital na América do Sul: um mapeamento de linhas de ação a partir da arquitetura e urbanismo. Blucher Design Proceedings, 2015. Acesso em: 27 ago 2017. [25] Fonte: <http://makezine.com/covers>. Acesso em: 27 ago 2017 [26] Fonte: Idem. [27] Fonte: <http://cronkitenewsonline.com/2014/01/sotu-kid/index.html>. Acesso em: 27 ago 2017 [28] Fonte: <http://escolaeleva.com.br/nosso-curriculo/Makerspace>. Acesso em: 27 ago 2017 [29] Fonte: <https://www.ideafixa.com/post/mundomaker-oficina-mao-na-massa>. Acesso em: 27 ago 2017 [30] Fonte: <https://www.flickr.com/photos/metavolution/sets/72157631227136604>. Acesso em: 27 ago 2017 [31] Fonte: Elaborado a partir de consulta realizada em maio de 2017 à lista de hackerspaces brasileiros do Garoa Hacker Clube (Disponível em: <https://garoa.net.br/wiki/Hackerspaces_Brasileiros>) Acesso em: 27 ago 2017

55



03 estudos de caso


58 I CAPÍTULO 3

3.1

REFERÊNCIAS DE PROGRAMA Ao buscar referências de laboratórios de fabricação digital para este trabalho foi realizado um estudo particionado em duas áreas para a obtenção das referências projetuais e formação das principais bases do projeto do Fab Lab. 1. As referências de programa: onde se procurou nos projetos reunidos nesta seção – que consistem especificamente em laboratórios de fabricação digital tanto de modelo acadêmico quanto profissional–, reforçar e complementar o que foi apresentado no referencial teórico sobre as atividades, máquinas e funções dos Fab Labs. Utilizando o recurso Tour Virtual 360 e Fotos do Google Maps, bem como as fotos e vídeos disponíveis nas páginas e redes sociais dos laboratórios selecionados, foi possível observar sem a necessidade de estar fisicamente no local a distribuição das mesas, máquinas e outros aspectos relevantes para o funcionamento destes espaços.

Referências Internacionais: Fab Lab Berlin, em Berlim / Alemenha Fab Lab FCT, em Setubal / Portugal

Referências Nacionais: Fab Lab Facens, em Sorocaba / São Paulo Fab Lab Recife, em Recife / Pernambuco Fab Lab Sesi. São Pauilo / São Paulo

2. As referências de espaço: onde se buscou as áreas necessárias para a implantação de um laboratório de fabricação digital. Isto é, a partir das referências de programa anteriormente realizada, foram listados os ambientes de cada Fab Lab apresentado para posteriormente elaborar um organograma com as áreas mais comuns observadas e que poderiam existir no projeto proposto.


ESTUDOS DE CASO I

Fab Lab BERLIN Localização: Berlim, Alemanha Ano: 2013

O Fab Lab Berlin é um estúdio de fabricação digital de modelo profissional equipado com impressoras 3D, máquinas de usinagem CNC, cortadoras a laser, entre outros. Além de Fab Lab ele funciona também como um coworking, servindo de local de trabalho, estudo e aprendizagem para membros. Os não-membros podem conferir o espaço nos open days. (Fab Lab BERLIN, 2017)

Figuras 32 e 33. Fab Lab Berlin / Alemanha

59


60 I CAPÍTULO 3

Fab Lab FCT Localização: Setubal, Portugal Ano: 2016 O Fab Lab FCT está localizado na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, Portugal. No espaço podem ser encontrados impressoras 3D, cortadora a laser, cortadora de vinil, fresadora e diversos equipamentos de eletrônica disponíveis para atender alunos, pesquisadores, empresas e a comunidade local. (FCT Fab Lab, 2017)

Figuras 34 e 35. Fab Lab

FCT, Setubal / Portugal


ESTUDOS DE CASO I

61

Fab Lab FACENS Localização: Sorocaba, SP Ano: 2015 O Fab Lab Facens é um laboratório de fabricação digital implantado na Faculdade de Engenharia de Sorocaba, com o objetivo de facilitar a prototipagem de ideias e incentivo à inovação. Nele estudantes, educadores, profissionais e curiosos podem adquirir conhecimento, trocar experiências e utilizar seus equipamentos para tirar as ideias do papel. (FACENS, 2017)

Figuras 36 e 37. Fab

Lab Facens, Sorocaba / SP



ESTUDOS DE CASO I

63

Fab Lab SESI Localização: São Paulo, SP Ano: 2016 O Fab Lab Escola SESI SP é o primeiro da rede SESI e tem como proposta servir como um local de encontro e conexão de todas as áreas do conhecimento para que alunos e professores possam materializar ideias. O espaço é composto por mesas de montagem, de eletrônica e de projetos, espaço de descompressão (lugar para sentar, pensar e repensar projetos), fresa de precisão, espaço de documentação, impressora 3D, prensa térmica (estampas recortadas no vinil vão para camisetas), plotter de recorte em vinil, cortadora a laser, ferramentas manuais e área de conexão com a rede mundial de Fab Labs. (SESI SP, 2017)

Figuras 40 e 41. Fab Lab

Escola SESI São Paulo / SP


64 I CAPÍTULO 3

3.2

REFERÊNCIAS DE ESPAÇO Como visto ao longo deste trabalho, o espaço de um Fab Lab não deve ser projetado como um laboratório tradicional porque as dinâmicas que ocorrem dentro dele são outras. Por isso, pensar seu espaço é uma das tarefas mais importantes de todo o processo, pois será ele o responsável por promover os encontros e compartilhamento das ideias, além de facilitar o uso das máquinas e a materialização dos projetos. Nos projetos de referência apresentados anteriormente, foi observado que os laboratórios de fabricação digital apresentam em comum uma área central com mesas compartilhadas para desenvolvimento de projetos e ao redor dessas, outras mesas e/ ou bancadas com computadores, máquinas e eletrônica, armários e depósitos para estocagem de materiais, além das ferramentas manuais. Já os equipamentos menos silenciosos, perigosos e que geram muita poeira, em sua grande maioria estão separados em salas fechadas. Por questões de segurança, é recomendável que essas salas possuam equipamentos de proteção individual (EPI) óculos, luvas e protetores auriculares, por exemplo - para a utilização de algumas dessas máquinas, como as fresadoras, serras etc. Ainda, foram observadas no Fab Lab Berlin outras áreas relevantes, tais como: a existência de uma recepção para cadastramento e atendimento dos usuários, área de descanso com máquina de café, salas flexíveis para reuniões, cursos ou exposições, e uma pequena biblioteca de livros e revistas para pesquisa. Já no Fab Lab SESI SP, foram observadas uma área denominada “sala de descompressão” (local utilizado pelos alunos para descanso e pensar novas ideias), outra para documentação dos projetos e conexão com a rede mundial de Fab Labs através de videoconferência, além de uma comunicação visual muito clara e objetiva em cada uma de suas áreas, como por exemplo, a identificação das máquinas e instruções de como utilizá-las.


ESTUDOS DE CASO I

Com base nas referências apresentadas, a seguir foi elaborado um organograma com os principais espaços e atividades observados - os quais norteará o desenvolvimento do projeto de um Fab Lab.

Figura 42.

Organograma Fab Lab. Fonte: Elaborado pela autora

Organograma Fab Lab

Exposições e Eventos

Conferências e Reuniões

Workshops e Oficinas

Descanso e Biblioteca

Recepção e Café

Mesas compartilhadas

Eletrônica e Máquinas

Computadores

Ferramentas

Fresadoras e EPIs

65

Depósito de materiais



ESTUDOS DE CASO I

CRÉDITOS ICONOGRÁFICOS

[32] Fonte: <https://pbs.twimg.com/media/DB_XUDDXkAAeU0K.jpg>. Acesso em: 27 set 2017 [33] Fonte: <https://creativecityguide.com/wp-content/uploads/2017/01/fablab-1-1.jpg>. Acesso em: 27 set 2017 [34] Fonte: <https://www.fct.unl.pt/sites/default/files/imagecache/l740/imagens/noticias/2016/10/fctfablab. jpg>. Acesso em: 27 set 2017 17 [35] Fonte: <https://labelearningfct.files.wordpress.com/2017/02/20170202-15-45-33-fablab.jpg?w=863&h=576>. Acesso em: 27 set 2017 [36] Fonte: <http://static.wixstatic.com/media/213a57_30e1e5cfe95f45368da12652141dc0d7.png>. Acesso em: 27 set 2017 [37] Fonte: <https://plus.google.com/photos/photo/102598608897918639991/6395936672595256834>. Acesso em: 27 set 2017 [38] Fonte: <https://plus.google.com/photos/photo/107456804785815122144/6401144553968975922>. Acesso em: 27 set 2017 [39] Fonte: <https://plus.google.com/photos/photo/108303128634410888390/6477239884493081778>. Acesso em: 27 set 2017 [40] Fonte: <https://www.facebook.com/FabLabSesiSP/photos/a.1124859594257029.1073741829.1102688419 807480/1228627370546917/?type=3&theater>. Acesso em: 27 set 2017 [41] Fonte: <https://www.facebook.com/FabLabSesiSP/photos/a.1124859594257029.1073741829.1102688419 807480/1221053997970921/?type=3&theater>. Acesso em: 27 set 2017

67



04 local do projeto


70 I CAPÍTULO 4

4.1

localização 12

De acordo com a matéria publicada no Jornal da Cidade (JC), 12 Centro de Inovação: prefeitura, Estado e Unesp assinam protocolo. Disponível em: <https://www. jcnet.com.br/ Geral/2017/07/ centro-de-inovacao-prefeitura-estado-e-unesp-assinam-protocolo. html>. Acesso em 25 out. 2017.

o atual prefeito de Bauru, Clodoaldo Gazzetta, e a secretária de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Renda (SEDECON), Aline Prado Fogolin, estiveram reunidos em São Paulo no dia 25 de julho de 2017, com o secretário adjunto do Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de SP, Marcelo Strama, e o vice-reitor da Unesp, Professor Sergio Nobre, para assinatura do protocolo de intenções do futuro Centro de Inovação Tecnológica de Bauru (CITeB). Pela proposta apresentada em parceria entre Prefeitura, Unesp e o Governo do Estado, que também aportará recursos para que esse centro se desenvolva, o CITeB ficaria sediado no piso térreo do Edifício Pioneiro, localizado na quadra 7 da avenida Rodrigues Alves, região central de Bauru-SP. Aproveitando

as

intenções

demonstradas

para

o

novo

empreendimento na cidade, o local definido para sediar a proposta de um Fab Lab e adequá-lo ao novo uso está localizado no subsolo do Edifício Pioneiro, imóvel que pertencia à Procuradoria Geral do Estado e foi cedido para uso da Universidade e do município. Segundo Capelozza (2015), o edifício que foi construído em 1962, é a primeira edificação vertical da cidade e possui 12 andares e 72 salas comerciais. Em seu piso térreo antigamente funcionava uma agência bancária, sendo o espaço do subsolo utilizado para um cofre e proteção do dinheiro público. Sendo a Avenida Rodrigues Alves o principal corredor de transporte coletivo e o Calçadão da Batista a principal rua de comércio da cidade, a implantação de um Fab Lab dentro do imóvel que no futuro poderá ser palco do primeiro Centro de Inovação de Bauru, se justifica, portanto por seu caráter inovador, sua ótima localização e também por seu fácil acesso não só a alunos, professores, pesquisadores, empresários e empreendedores, mas principalmente, a comunidade local. Figura 43 (à direita). Localização do Edifício Pioneiro, Bauru/ SP. Fonte: elaborada pela autora


LOCAL DO PROJETO I

5 7 2 3 1

6 4

100 m

Calçadão da Batista Avenida Rodrigues Alves pontos de referência local do projeto (quadra 7)

1. Câmara Municipal de Bauru 2. Lojas Tanger 3. Jalovi Livraria Jal 4. Receita Federal 5. Escola Liceu Noroeste 6. Unimed 7. Colégio São José

71


72

I CAPÍTULO 4

Figura 44.

Localização do Centro de Inovação Tecnológica no Edifício Pioneiro, Bauru / SP. Fonte: elaborado pela autora

centro de inovação


LOCAL DO PROJETO I

73

mezanino

térreo

Figura 45.

subsolo

Pavimentos: mezanino, térreo e subsolo do Edifício Pioneiro, Bauru / SP. Fonte: elaborado pela autora


74 I CAPÍTULO 4

4.2

área de intervenção Localizado no subsolo do Edifício Pioneiro, o espaço escolhido para o projeto do Fab Lab possui, aproximadamente, 277 metros quadrados de área útil. Durante a visita ao local, realizada em outubro de 2017 junto ao professor de design da UNESP, Dorival Rossi, foram observadas a existência de divisórias em grades de ferro, um cofre com área aproximada de 14 metros quadrados e tubulações hidráulicas e elétricas aparentes – as quais serão incorporadas no projeto. Também, foi observada no local a inexistência de acessibilidade. Para solução do problema será proposto na área interna a instalação de uma plataforma elevatória para a escada e na área externa, uma rampa de acesso. Por fim, pelo fato de a área de intervenção estar no subsolo do edifício, foram constatados que a iluminação e ventilação artificiais são essenciais para promover condições de uso ao ambiente que possui poucas aberturas de janelas.

18

.35

janelas

acesso área externa divisórias

Figura 46.

Área de intervenção: subsolo do Edifício Pioneiro, Bauru / SP. Fonte: elaborado pela autora

cofre 15

.90

subsolo

área de intervenção


LOCAL DO PROJETO I

Figura 47.

75

Fotos da visita realizada em outubro de 2017 ao subsolo do EdifĂ­cio Pioneiro, Bauru / SP. Fonte: acervo pessoal


76 I CAPÍTULO 4

4.3

levantamento

Com base nos registros fotográficos realizados no dia da visita ao local, bem como de consultas às plantas do edifício, a seguir é apresentado o levantamento da área existente para o projeto.

2.60

2.80

3.00

2.00

tubulações aparentes

corte aa

3.00

2.60

2.80

tubulações aprentes

corte bb

3.00

2.60

2.80

tubulações aparentes

corte cc 0

1

5m


LOCAL DO PROJETO I

77

a LEGENDA vegetação alvenaria pilar projeção vigas

b

b

c

c

Planta 01.

a

SUBSOLO

levantamento

0

1

5m

Levantamento da área do subsolo do Edifício Pioneiro



05 projeto


80 I CAPÍTULO 5

5.1 Proposta

Visando

um

melhor

aproveita-

mento da área útil do subsolo para implantação do Fab Lab Pioneiro, na Planta de Reforma elaborada é proposta a remoção das divisórias da área central e escada (Figura 48). Para o piso será proposta a remoção do existente (cerâmico) para instalação de um novo. Para garantir a acessibilidade no local, na área interna é proposta ainda a instalação de uma plataforma elevatória para a escada existente, pois no projeto do Centro de Inovação Tecnológica (CITeB) não é previsto um elevador ou plataforma de acesso ao

divisórias existente

subsolo. Já na área externa, é indicada a construção de uma rampa de dois lances com inclinação de 8,33% cada, a fim de vencer uma altura de 2 metros, uma vez que o projeto do CITeB prevê a ligação dos fundos do terreno do Edifício Pioneiro com um estacionamento vizinho.

divisórias remover

Na planta de reforma ainda, são indicadas

a

construção

de

duas

bancadas de concreto e o isolamento de uma sala através da instalação de divisórias de vidro, uma porta-camarão e uma parede de drywall (recuada a 20 centímetros da alvenaria existente devido a existência de tubulações

Figura 48.

Diagramas de concepção das divisórias no subsolo do Edifício Pioneiro. Fonte: elaborada pela autora

hidráulicas aparentes). Além disso, para a criação de um depósito, ao lado do cofre existente é proposto o divisórias instalar

fechamento da área reaproveitando parte das divisórias removidas com porta.


PROJETO I

81

LEGENDA existente demolir construir

rampa i= 8,33%

vegetação 1. porta correr

rampa i= 8,33%

2. plataforma elevatória de escada

1

3. bancada de concreto

2

3

4. divisória reaproveitada 7

5. divisória de vidro 5

6

5

6. portacamarão

3

7. parede em drywall

4

Planta 02.

Fab Lab PIONEIRO

demolição e construção

0

1

5m

Planta de Planta 01. Reforma para Projeto de implantação Demolição do Fab Lab e Construção no subsolo do Edifício subsolo do Edifício Pioneiro Pioneiro.


82 I CAPÍTULO 5

LAYOUT O layout elaborado para o Fab Lab Pioneiro parte de dois princípios: isolar as máquinas produtoras de poeira, resíduos e ruídos e facilitar

as

dinâmicas dentro de todo o espaço, isto é, criar transições entre os ambientes de forma fluída, sugerindo coletividade e interação entre os usuários. Para promover o isolamento, na sala das máquinas CNC e corte a laser é proposto o uso de divisórias do vidro – material translúcido que confere ao ambiente uma sensação de integração, além de facilitar a iluminação natural proveniente de suas janelas para o restante dos ambientes do Fab Lab. Além disso, a instalação de uma porta-camarão nesta sala permite sua máxima abertura em relação a uma de correr, por exemplo, possibilitando que a mesma possa ser mantida aberta quando a sala estiver inativa, de forma a promover a integração proposta em todo ambiente e não prejudicar a ventilação natural pelas janelas. Por fim, para facilitar as dinâmicas, realizada em paralelo com o projeto de layout, uma delimitação no piso setoriza os ambientes e ao mesmo tempo, cria um percurso no Fab Lab – iniciado pela escada, o caminho leva primeiramente ao espaço da recepção: a partir daí, se funde para os demais ambientes, terminando na sala de documentação de projetos (espaço que busca manter as caraterísticas existentes do local que antigamente fora o cofre de um banco, porém agora com uma nova função). ÁREAS: rampas (área externa)

60, 95 m2

copa e área de serviço

10, 57 m2

recepção e impressão 3D

14, 45 m2

sala CNC e laser

48, 41 m2

sala de projetos

92, 81 m2

sala multiuso

Tabela 1.

Programa de Necessidades do Fab Lab Pioneiro

64, 86 m2

sala de documentação

14, 29 m2

depósito geral

16, 04 m2

apoio técnico

2, 56 m2

circulação

11, 06 m2


PROJETO I

83

LEGENDA 1. área externa 2. copa e área de serviço 3. recepção e impressão 3D 4. sala CNC e corte a laser

1

5. sala de projetos 6. sala multiuso

2

7. documentação

4

8. depósito geral 9. apoio técnico

3

10. circulação 5

10 9

6

7

8

Planta 03.

Fab Lab PIONEIRO layout

0

1

5m

Layout do Fab Lab no subsolo do Edifício Pioneiro


84 I CAPÍTULO 5 JARDIM / HORTA

RAMPA ACESSIBILIDADE

FA

B B LA

a áre

r xte

na

e

FRESADORA DE GRANDE FORMATO CONSUMÍVEIS CNC E LASER

FRESADORA DE PRECISÃO FERRAMENTAS, MÁQUINAS MANUAIS E EPIs REFRIGERADOR COMPARTILHADO

Figura 49.

Diagramas de setorização com as principais máquinas e equipamentos do Fab Lab Pioneiro. Fonte: elaborado pela autora

a ce

CORTADORA A LASER COLETOR DE PÓ

sso

re CAFÉ

o

çã

p ce


PROJETO I

FERRAMENTAS E ACESSÓRIOS

CORTADORA DE VINIL

BIBLIOTECA

KIT PRIMEIROS SOCORROS IMPRESSORA 3D

ELETRÔNICA

s to e j o pr PROJEÇÃO

DIVISÓRIA / LOUSA EXTINTOR DE INCÊNDIO

DOCUMENTAÇÃO

ral

e og t i s

VIDEOCONFERÊNCIA

de

85


86 I CAPÍTULO 5

PISO Apesar de o subsolo do edifício em que o Fab Lab Pioneiro se insere ser antigo, grande parte de sua estrutura está em bom estado de piso cerâmico existente remover

conservação e, por isso, foi mais fácil manter as características originais do espaço. Entretanto, para o piso – que atualmente encontra-se desgastado – é proposto no projeto que o mesmo seja removido para a instalação de um novo: o cimento queimado (material de fácil manutenção, alta resistência e antiderrapante, além de possuir um menor custo em relação a outros tipos de piso, uma vez que é feito no próprio

piso cimento queimado instalar

contra piso). Visto que um Fab Lab requer constante comunicação entre seus usuários e facilidade de acesso às máquinas e ferramentas, a proposta de layout apresentada buscou a máxima integração visual dos espaços. Porém, para isto foi necessária a setorização das respectivas zonas: Copa e Recepção, CNC e laser, e os espaços para Projetos,

pintura amarela piso instalar

Multiuso e Documentação. A forma de conseguir criar essa setorização foi através de mudanças no piso. Assim, as áreas de recepção e documentação receberam uma marcação mais forte: nelas, piso, paredes e teto receberam uma pintura na cor amarela. A ideia foi criar um percurso que tivesse início na

Figura 50.

Diagramas de concepção do desenho no piso. piso. Fonte: elaborada pela autora

recepção e término na documentação (espaço este que representa, de fato, a etapa final de um projeto dentro do pintura amarela paredes instalar

Fab Lab).


PROJETO I

87

LEGENDA piso cimento queimado (área = 288 m2) pintura epoxi na cor amarela (área = 87,17 m2)

copa e recepção

CNC e laser

projetos

documentação

multiuso

Planta 04.

Fab Lab PIONEIRO piso

0

1

5m

Planta de Piso do Fab Lab no subsolo do Edifício Pioneiro


88 I CAPÍTULO 5

ELÉTRICA Com o objetivo de manter as vigas aparentes e o pé direito do subsolo, sem a necessidade de rebaixar o teto para instalação de um forro, optou-se pela

elétrica

aparente,

utilizando

eletrodutos. A vantagem deste sistema elétrico está em sua flexibilidade e facilidade de manutenção, a qual permite

1

2

que, a qualquer momento, possa-se acrescentar novas tomadas e interruptores, por exemplo. Além disso, como o espaço do Fab Lab possui diferentes máquinas e equipamentos, com base no layout, os pontos elétricos são indicados em maior quantidade nos locais próximos de máquinas e mesas. Outro aspecto considerado também para a elaboração da planta elétrica foi a iluminação natural: como no subsolo ela é insufi-

3

ciente, pontos de luz são indicados de forma a não só iluminar artificialmente o local, como também para destacar e diferenciar os ambientes. Assim, aproveitando parte da estrutura elétrica existente no local, o projeto elétrico elaborado a seguir indica os locais para instalação dos pontos de iluminação, ar condicionado, ventilador e

4

5

tomadas.

PONTOS DE ILUMINAÇÃO:

Tabela 2.

Quadro de iluminação do Fab Lab Pioneiro

luminária pendente

1

luminária fio pendente

2

luminária pendente retangular

3

spot de sobrepor

4

spot de embutir

5


PROJETO I

89

LEGENDA projeção vigas existentes ponto ar condicionado (h= 280 cm) ponto para ventilador teto (h= 280 cm) tomada alta (h= 280 cm) tomada média (h= 120 cm) tomada baixa (h= 30 cm)

Planta 05.

Fab Lab PIONEIRO elétrica

0

1

5m

Pontos de elétrica e de iluminação do Fab Lab no subsolo do Edifício Pioneiro


90 I CAPÍTULO 5

5. 2

COMUNICAÇÃO VISUAL

A comunicação visual adotada no projeto objetiva tornar o espaço do Fab Lab Pioneiro mais convidativo e com maior clareza de informações aos usuários. Assim, enquanto o layout do projeto buscou a integração visual dos espaços e o desenho no piso, uma setorização das áreas do laboratório, a comunicação visual, como o nome já diz, buscou comunicar

Figura 51.

Comunicação Visual Fab Lab Pioneiro: axonométrica explodida. Fonte: Elaborada pela autora

os usos de cada ambiente por meio de elementos visuais. Para essa sinalização, foi utilizada parte da estrutura das vigas aparentes, que receberam um destaque na cor cinza escuro. Sob elas, tipografia e ícones são dispostos de forma a cumprir com a linguagem visual do Fab Lab, informando as funções de cada ambiente. Além disso, uma pintura geométrica, abstrata e colorida é proposta nas paredes de circulação até a sala multiuso, de forma a trazer mais vida e cor ao subsolo que teve sua pintura predominante, na cor branca, mantida. Já os destaques no piso e paredes em amarelo (cor quente), cria um contraste com o branco (cor fria), além de, segundo a psicologia das cores, inspirar criatividade e transmitir a sensação de luminosidade e calor ao espaço do Fab Lab. Ainda, como forma de complementar a linguagem visual adotada no projeto, é proposto também nas paredes e pilares, a fixação de pôsteres por todo o Fab Lab contendo

informações

sobre

as

máquinas, segurança e cuidados


PROJETO I

91

com o espaço e ferramentas. Para isso, foi utilizado o Maker’s Guide 12

for Making,

um manual open source criado para auxiliar os Makers a

espalharem o movimento e a cultura dos Fab Lab em todo o mundo. Os pôsteres ilustram os princípios fundamentais do movimento e estão disponíveis de forma gratuita na internet e livres para serem impressos, modificados, traduzidos, compartilhados etc.

12 Projeto foi criado pela WeFab [wefab. cc] e Arnold [estudioarnold. cc] em 2016, em São Paulo - SP.

Figura 52.

Maker’s Guide for Makers. Disponível em: <http://www. kathleen-gust. de/makersguide-formaking-2>. Acesso em: 20 nov. 2017.


92 I CAPÍTULO 5

5. 3 MOBILIÁRIO

Após a definição do programa de necessidades e setorização do projeto, a etapa seguinte buscou, através dos mobiliários, propor soluções funcionais e flexíveis ao espaço. A ideia é de que grande parte de seus móveis possam ser fabricados dentro do próprio Fab Lab.

1

Na recepção, uma bancada de concreto com cuba serve de apoio para a área da copa, que possui um refrigerador para uso coletivo. Seu volume mais alto (h=100cm) serve de apoio para impressão 3D e café.

3

A área central do Fab Lab Pioneiro é marcada pelas mesas que possuem altura regulável e bancos da opendesk (Lift Standing e Nimble Stool) e caixas de apoio com rodízios para armazenamento de materiais reutilizáveis. Ao redor estão dispostos uma mesa para eletrônica e corte de vinil, cadeiras também da opendesk (Valoví Chair), painel de ferramentas (Kerf Design) e uma prateleira para livros, decoração e exposições de trabalhos.

2

Uma mesa central é disposta na sala CNC e laser para servir de apoio aos projetos de marcenaria. Ao redor, estão localizadas as máquinas, uma bancada com armário e painel de ferramentas (Kerf Design).

4

Projetada de forma a atender as necessidades dos usuários, a sala multiuso possui painéis móveis e removíveis (que servem como divisória / lousa), mesas também da opendesk (Layout Table), projetores, televisão para videoconferências e bancos para descanso. No espaço ainda, quatro módulos de mesas e balanços marcam a transição para a sala de projetos. (+) (+) mais sobre a Sala Multiuso nas páginas 94 a 97.


PROJETO I

93

2

1 3

4

Figura 53.

Mobiliário Fab Lab Pioneiro: axonométrica explodida. Fonte: Elaborada pela autora


94 I CAPÍTULO 5

4

SALA MULTIUSO

O mobiliário proposto para o espaço multiuso apresenta como característica principal a flexibilidade de usos. Projetado para ser um ambiente informal, com lugar para as pessoas sentarem, descansarem, ficarem e conversarem, o espaço, que se apresenta com diferentes possibilidades de layout, é aberto ao livre pensamento, compartilhamento das ideias e ao fluir da criatividade. A organização das mesas, armários e bancos, como também das divisórias / lousas, permitem que o ambiente possa ser configurado de diferentes modos: de salas de reuniões, exposições, conferências até salas de aprendizagem. Nos vãos entre os pilares, balanços suspensos na estrutura das vigas e volumes de madeira marcam a transição para a sala de projetos. Diferente da concepção de mobiliário tradicional que separa os planos de sentar e trabalhar é proposto um móvel que convida as pessoas a interagirem com ele e com o espaço: esse banco com nicho que é também mesa, ao se voltar para a área de projetos, integra os ambientes e seus usuários.

Figura 54.

Diagramas de usos da Sala Multiuso do Fab Lab Pioneiro. Fonte: elaborado pela autora

l ve mó

om

e

aç sp

so

iu ult


PROJETO I

reu n

iõe

se

vid

eoc

so

apr end

on

fer ê

iu ult

nci

as

om

aç sp

e

so

iu ult

iza

gem

om

e

aç sp

95


96 I CAPÍTULO 5

detalhe mobiliário

O módulo Banco Mesa (M01) foi planejado para ser executado de forma funcional e compacta, tendo em seu volume mais alto a possibilidade de uso tanto para mesa como banco. Já o volume mais baixo possui nichos para armazenamento de materiais, caixas, ferramentas e/ ou projetos em anda-

M01: vista frontal

mento, podendo ser utilizado também como banco. A matéria prima escolhida para a marcenaria segue a mesma linguagem dos demais mobiliários do Fab Lab Pioneiro: o compensado multilaminado de 18 mm. Sua fabricação a partir de lâminas de madeira sobrepostas e prensadas em alta pressão confere

M01: vista posterior

ao material boa resistência mecânica e estabilidade. Além disso, as chapas de

compensado

apresentam

um

preço bastante reduzido em relação a madeira maciça, por exemplo. Já o módulo Banco Guarda Volumes (M02), que pode ser “guardado” no móvel anterior de forma a maximizar o espaço da sala multiuso, foi planejado de forma flexível, com rodízios para facilitar sua mobilidade. Em seu volume M02: vista frontal

mais alto, armários guarda volumes são criados para uso particular dos usuários. No volume menor, nichos são dispostos cumprindo com a função de armazenamento de materiais. Esses

Figura 55.

Mobiliário Fab Lab Pioneiro: vistas isométricas dos bancos da sala multiuso. Fonte: elaborado pela autora

volumes ainda, podem ser utilizados como bancos para descanso ou para aumentar a capacidade de pessoas quando a sala for configurada para M02: vista posterior

cursos e conferências, por exemplo.


PROJETO I

97

M01: DIMENSÕES (cm): Figura 56.

100

165 50

82.5

50

[M01] Banco Mesa: vista frontal, superior e lateral com dimensões. Fonte: Elaborada pela autora

50

100

50

82.5

M02: DIMENSÕES (cm):

Figura 57.

160

02

50

40

03

50

04

95

01

40

45

40

45

40

100

[M02] Banco Guarda Volumes: vista frontal, superior e lateral com dimensões. Fonte: Elaborada pela autora


98 I CAPÍTULO 5

5. 4

perspectivas

posição do observador


PROJETO I

99


100 I CAPÍTULO 5

posição do observador


PROJETO I 101


102 I CAPÍTULO 5

posição do observador


PROJETO I 103


104 I CAPÍTULO 5

posição do observador


PROJETO I 105


106 I CAPÍTULO 5

referências de projetos

Projeto de mobiliário e adequação espacial

Projeto de interiores para a empresa de

para uma garagem Fab Lab da Red Bull

tecnologia NIMBI, São Paulo - SP, 2016.

Station, São Paulo - SP, 2015.

Projeto de: Melina Romano Interiores

Fotos e projeto de: Vapor 324. Disponível

Fotos de: Denílson Macho. Disponível em:

em: <http://vapor324.com/projetos/

<https://www.archdaily.com.br/br/801054/

redbullbasement>. Acesso em 25 nov. 2017.

nimbi-melina-romano-interiores>. Acesso em 25 nov. 2017.


PROJETO I 107

Projeto de interiores do escritório AUÁ

Projeto de interiores do espaço colaborativo

arquitetos, Maringá - PR, 2015.

We+ Co-working, Chaoyang - China, 2015.

Projeto de: AUÁ arquitetos

Projeto de: MAT Office

Fotos de: Bulla Jr. Disponível em: <https://www.

Fotos de: Kangshuo Tang. Disponível em:

archdaily.com.br/br/779317/escritorio-aua-

<https://www.archdaily.com/779238/yuanyang-

arquitetos-aua-arquitetos>. Acesso em 25 nov.

express-we-plus-co-working-space-mat-

2017.

office>. Acesso em 25 nov. 2017.



06 consideraçþes finais



CONSIDERAÇÕES FINAIS I

6.1 CONCLUSÃO

A proposta do trabalho final de graduação costuma estar de alguma forma ligada com a experiência e interesses pessoais de cada aluno e este TFG não foi uma exceção. Neste último trabalho desenvolvido na graduação, as pesquisas de fundamentação teórica e referências permitiram contextualizar o exponencial crescimento do movimento maker, da fabricação digital e dos espaços makers pelo Brasil e o mundo, além de colocar em prática os conceitos estudados sobre a estrutura de um Fab Lab no projeto proposto. Em relação ao espaço projetado, por ser inserido em um local existente, diversas limitações foram encontradas. Estas, porém, acabaram se tornado um exercício real de projeto e um desafio criativo muito importantes para o aprendizado pessoal. Dentro deste contexto, pode-se concluir que a proposição de um laboratório de fabricação digital no Edifício Pioneiro representa uma tentativa de criar nos responsáveis pelo projeto do Centro de Inovação Tecnológica de Bauru (CITeB), um entusiasmo para a implantação de um espaço maker como este no subsolo do imóvel. Além disso, tendo em vista que há atualmente na cidade uma grande carência na área de fabricação digital dentro e fora do meio acadêmico, o Fab Lab Pioneiro, ao ser proposto no local em que atualmente se planeja a implantação do Centro de Inovação em parceria entre Prefeitura e UNESP de Bauru, sugere, portanto, a criação uma rede de relações entre universidades, empresas, empreendedores e a comunidade local, despertando novos potenciais de inovação e tecnologia ao município.

111


112 I REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

referências bibliográficas

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113


114 I REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS PRETTO, Nelson. Redes colaborativas, ética hacker e educação. Educ. rev., Belo Horizonte, v. 26, n. 3, p. 305-316. dez. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/edur/v26n3/v26n3a15.pdf>. Acesso em: 28 jun. 2017. PUPO, Regiane Trevisan. Ensino da prototipagem rápida e fabricação digital para arquitetura e construção no Brasil: definições e estado da arte. PARC Pesquisa em Arquitetura e Construção, Campinas, SP, v. 1, n. 3, p. 80-98, nov. 2008. ISSN 1980-6809. Disponível em: <https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/ index.php/parc/article/view/8634511>. Acesso em: 02 jul. 2017. SILVA, Guilherme Cardoso et al. Fabricação digital de conectores: uma forma de inovação em design mobiliário. In: BERNARDES, Maurício Moreira e Silva; LINDEN, Júlio Carlos de Souza van der (Orgs.). Design em Pesquisa – Vol. I. Porto Alegre: Marcavisual, 2017. p. 309-326. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs. br/handle/10183/157488>. Acesso em: 02 jul. 2017. SILVA, Lindomar Andrades da; ZANIN, Maicon Jair. Montagem de fresa CNC. 2011. 57 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Medianeira, 2011. Disponível em: < http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/538/1/MD_COMIN_2011_2_05. pdf>. Acesso em 20 junho 2017. SPERLING, D. M.; CELANI, G.; HERRERA, P. C. e SCHEEREN, R. Fabricação digital na América do Sul: um mapeamento de linhas de ação a partir da arquitetura e urbanismo. In: CONGRESSO DA SOCIEDADE IBERO-AMERICANA DE GRÁFICA DIGITAL, 19., 2015, Florianópolis. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2015. p. 119-125. Disponível em: <http://pdf.blucher.com.br.s3-sa-east-1.amazonaws. com/designproceedings/sigradi2015/30212.pdf>. Acesso em 05 julho 2017. VILELA, Geraldo Majela. O uso do termo hacker nas notícias: veiculadas pela internet brasileira. Monografia de Pós-graduação Lato Sensu. Universidade Federal de Lavras. 2006. Disponível em: <http://www.ginux. ufla.br/files/mono-GeraldoVilela.pdf>. Acesso em 20 junho 2017.

Livros e Revistas: ANDERSON, Chris. MAKERS: a nova revolução industrial. São Paulo: Elsevier, 2012. EYCHENNE, Fabien e NEVES, Heloisa. Fab Lab: A Vanguarda da Nova Revolução Industrial. São Paulo: Editorial Fab Lab Brasil, 2013. Disponível em: <https://livrofablab.wordpress.com/2013/08/05/pdf-freedownload/>. Acesso em: 13 mai. 2017. HATCH, M. The Maker Movement Manifesto: Rules for Innovation in the New World of Crafters, Hackers, and Tinkerers. McGrawHill Education. 2013. Disponível em: <http://www.techshop.ws/images/0071821139%20 Maker%20Movement%20Manifesto%20Sample%20Chapter.pdf>. Acesso em 16 mai. 2017.

Periódicos: LEMOS, Manoel. DE VOLTA AOS ÁTOMOS: Movimento Maker, Hardware Livre e o surgimento de uma nova revolução industrial. Revista Observatório Itaú Cultural, São Paulo: Itaú Cultural, n.16, p.20-35, 2014.


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115


116 I REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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117


118 I ANEXO

Inventário elaborado para o Fab Lab Pioneiro contendo as principais máquinas (seus acessórios e consumíveis). Fonte: Adaptado de planilhas de referência disponibilizadas pelo AEON Fab Lab de Bauru-SP e pelo Garagem Fab Lab de São Paulo-SP.

1. KIT DE MÁQUINAS: item

finalidade

referência

qtd. descrição

cortadora a laser

corte a laser

Rick Laser 6090 80W

02

dimensões (cm): 131 (C) x 120 (L) x 110 (A) alimentação: 220V

impressora 3D FDM

impressão 3D

Ultimaker 2

01

dimensões (cm): 49,3 (C) x 34,2 (L) x 58,8 (A) alimentação: 127 - 220V

impressora 3D SLA

impressão 3D

Form 1+

01

dimensões (cm): 30 (C) x 28 (L) x 45 (A) alimentação: 127 - 220V

fresadora de pequeno formato

fabricação de circuitos e moldes

Monofab SRM-20

01

dimensões (cm): 85,5 (C) x 31,5 (L) x 24,0 (A) alimentação: 127 - 220V

cortadora de vinil

corte de papel, Roland GX-24 vinil adesivo

01

dimensões (cm): 45,1 (L) x 42,66 (C) x 42,62 (A) alimentação: 127 - 220V

fresadora de grande formato

usinagem de madeira

Router Fresa CNC 1318 VISUTEC

01

dimensões (cm): 130 (L) x 180 (C) alimentação: 220V

2. ACESSÓRIOS MÁQUINAS: item

finalidade

referência

qtd. descrição

lâmina para cortadora de vinil

lâmina de corte

Roland ZEC-U3017

10

3 unidades por embalagem

fresas de precisão

fresa de corte

FTR 6, 13, 14, 16, 21, 24 e 522

5

topo reto

fresas de precisão

fresa de corte

FTR 962, 960, 179, 841, 831 e 183

5

topo esférico


ANEXO I 119

3. CONSUMÍVEIS MÁQUINAS: item

finalidade

referência

qtd. descrição

filamento PLA

impressão 3D

COLORFABB PLA

05

filamento termoplástico PLA espessura (mm) : 3

acrílico

corte a laser

Vick Z06, D44, C01, B03, A24, P25, V05 V02 e D66

05

acrílico colorido 1, 2, 3 e 6 mm dimensões (mm): 900 x 600

mdf

corte a laser

Masisa MDF 3 mm e 6 mm

05

MDF cru dimensões (mm): 2750 x 1840

vinil

corte de vinil

Serilon 5000-168, 5000-114, 5000-137 e 5000-111

02

vinil adesivo colorido

referência

qtd. descrição

DE WALT DW317

02

serra tiico tico velocidade variável e ação pendular alimentação: 220V

4. OUTRAS MÁQUINAS: item

finalidade

serra tico-tico manual corte

parafusadeira furadeira de impacto

perfuração montagem

DE WALT DCD985L2

02

parafusadeira/furadeira de impacto de 1/2 pol. a bateria alimentação: 220V

ferramenta rotativa

corte, acabamento e perfuração

DREMEL 4000

02

material indicado: madeira, metal, concreto, alvenaria, cerâmica, plástico, PVC alimentação: 110V/220V

aspirador de pó e líquidos

apoio

JACTO AJ4935

01

alimentação: 220V dimensões (mm): 500 (C) x 500 (L) x 840 (A)

compressor

apoio

Schulz SRP 3015

01

alimentação: 220 V dimensões (mm): 135 (C) x 61 (L) x 134 (A)

gerador de vácuo

apoio

Festo VN Pneumática

01

válvula geradora de vácuo inline conexão rápida



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