Goiânia no Pós Pandemia: Jardim Atlântico

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Goiânia no Pós Pandemia

Jardim Atlântico

Ana Elisa Vieira, Isadora Gonçalves, Luana Chagas e Marianne tomaz


Universidade Federal de Goiás Introdução ao Urbanismo Profa. Dr. Erika Kneib Goiânia, dezembro de 2020 Ana Elisa Vieira Isadora Gonçalves Luana Chagas Marianne Tomaz


Sumário Introdução

03

Objetivo e Metodologia

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Análise da área

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Dados demográficos do bairro

09

Uso e Ocupação

10

Mobilidade urbana

13

Fatores Ambientais

16

Equipamentos Urbanos

17

Problemas e potenciais

18

Referenciais Teóricos e Projetuais

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Proposta no pós - pandemia

22

Criação de áreas de convivências

23

Incentivo à ocupação

25

Melhorias na infraestrutura

27

Considerações finais

29

Referências Bibliográficas

30


Introdução Localização O bairro Jardim Atlântico está localizado na região sudoeste de Goiânia (Goiás, Brasil), próximo ao limite de Aparecida de Goiânia, portanto, numa região de conurbação. Possui limites com os bairros Parque Anhanguera (norte), Faiçalville (oeste), Vila Rosa (sul) e Parque Amazônia (leste). Legislação De acordo com a Lei Complementar nº 31 de dezembro de 1994, que trata do uso e Brasil

ocupação do solo nas Zonas Urbana e de Expansão Urbana do município de Goiânia, parte do bairro foi prevista como Zona de Predominância Residencial de Baixa Densidade, e outra parte como Zona de Predominância Residencial de Alta Densidade. Possui na maior parte da sua área, incluindo o Condomínio Privê Atlântico, habitações unifamiliares de um ou dois pavimentos. As exceções são edifícios altos de habitação coletiva concentrados no entorno do Parque Cascavel.

Goiás

Goiânia

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Parque Anhanguera

Faiçalville

Parque Amazônia

Vila Rosa

Fig. 1: Recorte do Setor com bairros adjacentes. Fonte: Google Earth, 2020.

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História Goiânia vivia num contexto de intensa expansão urbana na década de 1960-70, impulsionada pela criação do BNH (Banco Nacional de Habitação) e da Proposta de Desenvolvimento Urbano (PDIG/68). Isso possibilitou a construção de inúmeros loteamentos e conjuntos habitacionais distantes da área central da cidade, resultando num espraiamento generalizado, permeado por grandes vazios urbanos entre o centro planejado e os loteamentos ilhados na região periférica da cidade. (CARVALHO, 2017, p. 89) O bairro Jardim Atlântico foi criado a partir da aprovação do Decreto nº 334 de 11 de Outubro de 1968, sob gestão do prefeito Iris Rezende Machado, que previa a construção do loteamento “Jardim Atlântico” na região sudoeste da capital. Entretanto, algumas quadras do loteamento foram destinadas à construção do Privê Atlântico e estas foram ocupadas prioritariamente. Apesar de ser considerado o primeiro condomínio horizontal fechado (CHF) de Goiânia, o Privê Atlântico foi concebido como conjunto habitacional com a maioria de suas habitações entregues já construídas, com 3 ou 4 variações de planta baixa. Seu reconhecimento como CHF é um fato recente, embora desde o início já se comportava como tal, pela presença do muro em volta do conjunto - que rompe de forma marcante sua relação com o entorno - e existência de portaria e controle de acesso. (CARVALHO, 2017, p. 56).

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Até então desocupado, o restante do Jardim Atlântico permanecia com pouca infraestrutura além das vias de acesso ao centro. Com a aprovação da Lei de Parcelamento nº 7.222, de 1993, que isentava o loteador da responsabilidade de implantação de infraestrutura no local com a alegação de se tratar de interesse social, “um número considerável de lotes foi colocado à venda para atender à população de baixa renda, exigindo do poder público investimentos em equipamentos sociais, pavimentação asfáltica, iluminação pública, rede de água e esgoto.” (CARVALHO, 2017, p. 69 apud MOYSÉS, 2004).

Fig. 2: Rua do Parque fonte: Google Street View, 2020.

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Problemas como falta de água tratada, esgoto e asfalto foram enfrentados pelos moradores do bairro até 2007 (CARVALHO, 2017, p. 76), e ainda hoje são visíveis outras deficiências como falta de iluminação pública em muitas vias, principalmente em áreas com terrenos desocupados. A região, devido à ocupação tardia, ainda está em fase de crescimento e, atualmente, possui grande quantidade de terrenos subutilizados. A criação de equipamentos importantes que funcionam como elemento atrativo - como o Buriti Shopping, o clube SESC Faiçalville e o Parque Cascavel (inaugurado em 2009) - foi de grande importância para a valorização imobiliária e início de um processo de verticalização e adensamento do bairro concentrados no entorno do parque.

Fig. 3: Aspecto geral das fachadas. fonte: Google Street View, 2020.

Ao lado direito, uma comparação entre imagens de satélite do bairro, em 23/08/2002 (primeira imagem) e 10/11/2020 (segunda imagem). É nítida a ocupação intensa do Jardim Atlântico nesse período, nota-se alguns avanços na infraestrutura - principalmente de pavimentação asfáltica - e a construção do Parque Cascavel, que revitalizou a área e auxiliou na preservação do manancial.

Fig. 4: Terrenos subutulizados. fonte: Google Street View, 2020.

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Fig. 5: Imagem de satélite do bairro, em 23/08/2002. Fonte: Google Earth.

Fig. 6: Imagem de satélite do bairro, em 10/11/2020. Fonte: Google Earth.

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Objetivo e Metodologia Pretende-se fazer uma análise do bairro a partir de seu histórico, dados estatísticos, imagens de satélite, mapas e experiências pessoais. E, a partir do diagnóstico resultante dessa análise, elaborar soluções e propostas urbanas para um determinado recorte da área pensando num contexto pós-pandemia.

O recorte escolhido para análise se limita nas avenidas do entorno do Parque Cascavel (Av. Guarapari, Av, Leblon, Av. Independência e Av. Guarujá). Compreende o Parque Cascavel e seu entorno, abrangendo ambas tipologias de habitação unifamiliar e coletiva, características do bairro.

LOCALIZAÇÃO DO RECORTE ANALISADO ema

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Desenvolveu-se a atividade a partir das seguintes etapas:

1

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Estudo e análise de referenciais teóricos sobre pré-urbanismo e urbanismo, relacionando com a temática proposta, a fim de alcançar uma solução prática e de qualidade para o projeto; Levantamentos, análises e diagnósticos a respeito da região de intervenção a partir de 2 escalas: meso (entorno e áreas de interesse próximas) e micro (a área estudada em si e seu entorno imediato);

4

Estudos de similares, a fim de compreender a capacidade de desenvolvimento do local;

5

Elaboração de um quadro síntese de todos os mapas, análises, pesquisas e dados, baseados nos referenciais teóricos e estudos de similares, para o desenvolvimento do partido;

6

Realização da proposta de partido utilizando todos os dados coletados e analisados, de modo a potencializar a utilização da área.

Desenvolvimento de mapas contendo os levantamentos, análises e diagnósticos, utilizando o Google Earth, Street View e Mapa Fácil de Goiânia; .

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Análise da área Dados Demográficos do Bairro CRESCIMENTO POPULACIONAL

A partir do gráfico à direita percebe-se um aumento significante na população residente no bairro, de 39%, um número razoável em comparação com dados de outros bairros de Goiânia, como o Setor Central e Campinas (que possuem construções que datam da época da fundação de Goiânia) e o setor Alto da Glória, o qual vem passando por um processo intenso de verticalização nos últimos anos. No gráfico abaixo percebe-se que a população do bairro é crescente na faixa etária de 0-39 anos, e a partir de 40 anos há um decrescimento brusco. À exceção dos moradores do Privê Atlântico, a população do Jardim Atlântico é predominantemente jovem.

4748 hab.

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2000 Setor Central: 0% Setor Campinas: - 20% Alto da Glória: 267%

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Mulheres

Fonte: Anuário Estatístico de Goiânia (2013). Gráficos construídos pelos autores.

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Uso e Ocupação No geral, o bairro apresenta a predominância de construções de uso residencial, com exceção a algumas áreas ao longo das avenidas, onde ocorre a concentração de edificações comerciais e de serviço. Fora essas àreas, a ocorrência desse

tipo de uso, assim como dos usos institucional público e misto, é pontual. Mesmo tendo crescido bastante nos últimos anos, sendo uma área cada vez mais valorizada, o bairro ainda apresenta uma parcela significativa de vazios.

USOS DO BAIRRO n

residencial

comércio/serviço

institucional

Observa-se uma grande quantidade de restaurantes e bares, alguns concentrados nas principais avenidas. Mercados e hortifruits aparecem na área do condomínio e ao leste do parque. As igrejas cristãs aparecem em grandequantidade em todo o

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bairro. Além disso, nota-se alguns espaços de festas espalhados pela região e, por fim, há uma drogaria e uma Escola Municipal.

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CHEIOS E VAZIOS Em relação ao recorte analisado, este apresenta uma parcela relativamente alta de vazios, o que é visto, na prática, através da quantidade considerável de lotes baldios presentes entre as edificações construídas. Observa-se, no recorte, a predominância de edificações de 1 a 2 pavimentos - o que pode ser explicado pelo caráter residencial da área, em que se predomina as habitações do tipo unifamiliar. Entretanto, é possível também constatar uma quantidade considerável de edifícios em altura póximos ao Parque Cascavel, destinados a habitações multifamiliares de classe média a alta.

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edificações vazios 0

GABARITOS

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26 a 35 pavimentos

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USOS n

residencial comércio/ serviço institucional público sem uso 0

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Assim como o restante do bairro, o recorte analisado possui uso predominantemente residencial. Tem, em alguns pontos, edificações de uso comercial e de serviços, concentradas principalmente próximo às avenidas. Estas edificações, em sua maioria,

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uso misto

eram habitações unifamiliares que tiveram seu uso transformado para os mais diversos fins: salões de beleza, pequenos restaurantes, lanchonetes, clínicas, lojas, ateliês de costura, etc. Quanto aos usos institucionais, públicos e uso misto, a ocorrência é mínima.

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Mobilidade Urbana HIERARQUIA VIÁRIA E INTENSIDADE DE FLUXOS n

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via arterial (fluxo alto) via coletora (fluxo médio) via local (fluxo baixo) acessos comprometidos

O mapa de hierarquia viária destaca a existência de muitas avenidas, promovendo uma grande centralidade do bairro. O Jardim Atlântico possui como vias arteriais a Av. Guarapari, Av. Guarujá, Av. Laguna, Av. Leblon, Av. Independência, Av. Ipanema, Av. Vereadora Vera Cruz e Av. Padre Orlando. Como vias coletoras, o bairro conta com a Av.

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Leblon, e Av. Copacabana, que encontram-se paralelas ao contorno do parque. A análise da intensidade de fluxos indica que o bairro é ladeado por avenidas de grande fluxo. com exceção das Avenidas Leblon e Copacabana. Algumas avenidas mais internas contam com fluxo mediano. Já as ruas locais possuem fluxo baixo.

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PERCURSO DE PEDESTRE E TRANSPORTE PÚBLICO n

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raio de influência dos pontos de ônibus r = 500m ponto de ônibus

A partir da análise do transporte público, identificou-se o trajeto das linhas de ônibus na região e seus pontos de parada. Os pontos existentes estão localidos ao lado de lotes vagos e alguns pontos físicos (abrigos) são inexistentes, proporcionando insegurança e desconforto ao usuário. Cabe destacar a falta de manutenção dos pontos de ônibus físicos existentes.

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Considerou-se ideal um raio de influência de 500 metros entre os pontos de ônibus no levantamento. Nas Avenidas Guarapari e Guarujá, os pontos atendem suficientemente a região, já que possuem o raio de influência dentro do ideal. Porém, a Av. Leblon carece de pontos de ônibus que atendam essa região específica do recorte.

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PERFIL DAS VIAS n

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Fatores Ambientais Ao sul da Av. Independência, a continuação do parque abriga as nascentes do Córrego Cascavel, que segue rumo ao norte percorrendo a extensão do parque e da gleba adjacente, atravessando alguns quilômetros - sendo em alguns trechos canalizado - até chegar à sua foz no ribeirão Anicuns na Vila Irany.

No aspecto ambiental, o bairro é favorecido pelo Parque Cascavel que proporciona grandes áreas verdes, muita arborização e, além disso, conta com uma nascente e lagos internos. Possui área de proteção permanente e mata com vegetação do cerrado. ema

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FATORES AMBIENTAIS n

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Hidrografia Nascente

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Equipamentos Urbanos Fora o parque, há uma quantidade significativa de postes de luz em todo o recorte, porém, segundo moradores, a iluminação na área ainda é deficiente. Isso se dá, segundo eles, principalmente devido ao aspecto amarelado das lâmpadas desses equipamentos - provavelmente do tipo convencional (vapor de sódio ou mercúrio). Por fim, apenas três dos oito pontos de ônibus no recorte possuem estações que abrigam os usuários.

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Tratando-se de equipamentos urbanos, o perímetro do Parque Cascavel possui uma quantidade considerável de bancos de madeira, lixeiras, aparelhos de exercícios físicos e parquinho, além disso, conta com uma casa de apoio com banheiros. Em visitas anteriores, observou-se carência de bancos e postes de iluminação no interior do parque (nem todos foram contabilizados no mapa pela limitação de visualização do street view).

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EQUIPAMENTOS URBANOS n

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Problemas e potencialidades

1. Insegurança - Muitos terrenos vazios, sem manutenção adequada (mato alto); - Déficit de iluminação pública: falta de postes em alguns pontos e lâmpadas amareladas, de menor eficiência lumínica; 2. Parque subutilizado - Parque muito isolado, sem integração com o entorno; - Falta de manutenção em algumas áreas (possivelmente relacionada à falta de uso, que é concentrado apenas nas proximidades do lago).

- Extensa área verde, com muito espaço utilizável; - Possibilidade de ocupação dos terrenos vagos e adensamento da área; - Espaços amplos que permitem o distanciamento social adequado.

Fig. 7: Vista áerea do Setor fonte: Google Street View, 2020.

Fig. 8: Vista da rua do Setor fonte: Google Street View, 2020.

Fig. 9: Vista do Parque Cascavel fonte: Google Street View, 2020.

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Referenciais Teóricos e Projetuais 1. Jane Jacobs e os “olhos da rua” Em seu livro Morte e vida das grandes cidades (1961), Jane Jacobs faz um ataque ao que chama de “urbanismo ortodoxo” e a monotonia da cidade com zoneamento de usos, espaços monumentais, vazios e sem usuários. Durante boa parte da obra, a autora defende não somente a diversidade de usos, mas do nível socioeconômico dos moradores e da tipologia das edificações, descrevendo casos de ruas e vizinhanças reais, que por uma soma de aspectos se tornam seguras e saudáveis. Para Jacobs, mais importante do que o policiamento, para garantir a segurança de determinada rua, bairro ou distrito, são necessárias três características principais: “Primeira, deve ser nítida a separação entre o espaço público e o espaço privado. O espaço público e o privado não podem misturar-se, como normalmente ocorre em subúrbios ou em conjuntos habitacionais. Segunda, devem existir olhos para a rua, os olhos daqueles que podemos chamar de proprietários naturais da rua. Os edifícios de uma rua preparada para receber estranhos e garantir a segurança tanto deles quanto dos moradores devem estar voltados para a rua. Eles não podem estar com os fundos ou um lado morto para a rua e deixá-la cega.Terceira, a calçada deve ter usuários transitando ininterruptamente, tanto para aumentar na rua o número de olhos atentos quanto para induzir um número suficiente de pessoas de dentro dos edifícios da rua a observar as calçadas. Ninguém gosta de ficar na soleira de uma casa ou na janela olhando uma rua vazia. Quase ninguém faz isso. Há muita gente que gosta de entreter-se, de quando em quando, olhando o movimento da rua.” (JACOBS, 1961) Goiânia no Pós-Pandemia . Jardim Atântico

2. Projeto de Lei 688/13 do município de São Paulo (SP) Um dos eixos do PL 688/13 é o incentivo ao uso misto, que visa equilibrar oferta de habitação e emprego na cidade. “No projeto de lei de revisão do PDE (PL 688/13) foram definidas estratégias para fomentar o uso misto no mesmo lote, especialmente a convivência do uso habitacional com outros usos, como serviços, comércio, institucional e serviços públicos, de modo a proporcionar a maximização e racionalidade da utilização dos serviços urbanos, especialmente o transporte público coletivo de passageiros. Tal proposta vai de encontro aos outros parâmetros urbanísticos propostos, como a fachada ativa e a fruição pública, que visam, na escala local, potencializar a vida urbana nos espaços e passeios públicos e, na escala urbana, equilibrar a oferta de habitação e emprego.” A área construída das edificações destinadas aos usos não residenciais não serão computadas na aplicação do coeficiente de aproveitamento até o limite de 20% do total da área construída.

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3. Cidades pós pandemia: alargamento de calçadas e criação de ciclovias “Com a flexibilização das medidas de isolamento social em algumas cidades do mundo já estão sendo estudadas estratégias para priorizar pedestres e ciclistas nos deslocamentos, como forma de evitar aglomerações nos transportes públicos e manter o distanciamento seguro recomendado pela OMS.

Além disso com a diminuição do número de automóveis nas ruas o índice de poluição diminuiu consideravelmente o que reforça ainda essa necessidade. A estratégia mais rápida e fácil para valorizar o transporte ativo são as chamadas ciclovias pop ups, que são ciclovias instaladas sem obras, com pinturas no chão ou simplesmente com cones separando a áreas destinadas para cada modal de transporte.” (FIGUEIREDO, 2020)

Fig. 10: Proposta de ciclovia em Lisboa. Imagem: Câmara de Lisboa.

Fig.11: Simulação da ampliação das calçadas na Via Laietana. Prefeitura de Barcelona.

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4. Cidades pós pandemia: Ressignificação de espaços públicos e áreas verdes A pandemia da covid-19 colocou em questão e ressaltou a importância das áreas verdes e dos espaços públicos urbanos, em contrapartida ao isolamento social a que todos ficamos submetidos, como a única vacina disponível para evitarmos a contaminação. “Os espaços públicos da cidade – ruas, praças e parques, assim como os subutilizados, becos e vazios urbanos -, poderão contribuir na formação dessa rede de áreas verdes, conectando bairros e propiciando o convívio social com atividades de lazer, cultura e esporte. Dentre elas destacam-se: o aumento da arborização no sistema viário e calçadas largas arborizadas (boulevards), assim como canteiros centrais com ciclovias e

pistas de caminhada; a implantação de hortas comunitárias em pequenas praças de bairros, áreas comuns de escolas públicas, área da linha de alta tensão, ou ainda em equipamentos públicos, a exemplo em São Paulo como o telhado verde do Centro Cultural São Paulo; os caminhos verdes (greenways), trazendo a renaturalização de córregos e rios, com pistas de caminhadas e ciclovias, como exemplo o Parque das Corujas na Vila Madalena, em São Paulo.” (XIMENES; MAGLIO, 2020)

Fig. 12: Movimento no Parque Ibirapuera no primeiro dia de reabertura dos parques em São Paulo. Imagem: Amanda Migliano/O Fotográfico/Estadão Conteúdo.

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Propostas no PósPandemia Tendo em vista o diagnóstico da área, assim como os referenciais projetuais e teóricos analisados, define-se como princípio norteador do projeto o incentivo ao uso dos espaços públicos e abertos (Parque Cacavel)

e a ocupação dos terrenos vazios na região, melhorando a segurança local e possibilitando a melhoria da qualidade de vida da população com a prática de atividades saudáveis e seguras dentro do contexto pandêmico.

SEGURANÇA

CONVIVÊNCIA

Criação de ambientes saudáveis e seguros, em que a população possa desfrutar de todos os seus aspectos sem preocupações.

Concepção de áreas de troca e convívio, estabelecendo na população local um sentimento de pertencimento.

NATUREZA Requalificação de espaços verdes, incentivando os moradores a utilizá-los.

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Criação de àreas de Convivência DIAGRAMA DE PROPOSTAS 1

Fig. 13: Proposta de hortas comunitárias.

Fig. 14: Proposta de playgrounds.

Tendo em vista a subutilização do Parque Cascavel, propõe-se a criação de áreas de convivência, situadas a sul e oeste do parque, equipadas de quadras poliesportivas, playgrounds, academias ao ar livre, galpões para a realização de feiras e eventos culturais, mobiliários para contemplação e hortas comunitárias. Essas zonas,

Fig. 15: Proposta de academias ao ar livre.

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Fig. 16: Proposta de quadras poliesportivas.

áreas de convivência

Fig. 17: Proposta de galpões para a realização de feiras e eventos culturais.

além de contribuirem para a melhor distribuição de uso do parque, que atualmente se concentra apenas ao redor do lago ao norte, também estimulariam a convivência da comunidade em espaços públicos e ao ar livre, possibilitando que atividades de lazer e comércio sejam feitas com segurança na vida pós-pandemia.

Fig. 18: Proposta de mobiliários para contemplação.

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Incentivo à Ocupação A partir das analises levantadas e levando em consideração as ideias expostas por Jane Jacobs acerca da importância da diversificação dos usos para a concepção de áreas urbanas seguras e saudáveis, propõe-se a locação de edificações de uso misto (residencial + comércio/ serviços) nas áreas demarcadas no mapa abaixo. Com isso, pretende-se minimzar a quantidade de áreas desocupadas e aumentar o tráfego de pessoas pelas ruas da região com a criação de fachadas ativas, colocando em prática o conceito dos chamados “olhos da rua” da autora citada. A ideia é que esses edifícios tenham seus tipos de comércio/serviço alternados, variando entre usos predominantemente noturnos (bares, restaurantes) e

e diurnos (lojas, padarias), a fim de que o movimento de pessoas nas ruas seja constante em todas as partes do dia. Em ambos os casos, recomenda-se que esses estabelecimentos tenham suas atividades exteriorizadas para a calçada, de modo a garantir o distanciamento social e a permanência em áreas abertas, diminuindo a chance de contágio por Covid-19. Por fim, pretende-se promover, com incentivos fiscais da prefeitura, a maior ocupação dos lotes baldios espalhados pela região analisada.. Para isso, propõe-se a redução de impostos para terrenos vazios que forem ocupados e aplicação do IPTU progressivo para terrenos subutilizados.

uso residencial

uso comercial/ de serviços

Fig. 19: Esquema explicativo do funcionamento do Uso Misto.

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Fig. 20: Proposta de comércios e serviços noturnos (bares e restaurantes).

Fig. 21: Proposta de comércios e serviços diurnos.

DIAGRAMA DE PROPOSTAS 2

uso misto (residencial + comércios/serviços)

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Melhorias na Infraestrutura

Ainda visando incentivar o uso dos espaços públicos e abertos, propõe-se também a criação de uma ciclovia e pista de caminhada ao longo dos limites do Parque Cascavel, assim como trilhas internas ao parque, criando diversas conexões e entradas para que ele seja plenamente utilizado pelas pessoas.

DIAGRAMA DE PROPOSTAS 3

Ademais, propõe-se a distribuição de bancos e postes de luz ao longo das trilhas internas propostas, incentivando o uso e permanência do local; e a troca das lâmpadas convencionais (vapor de mercúrio ou de sódio) dos postes espalhados pelo recorte analisado por lâmpadas de LED, que possuem luminosidade mais clara e precisa, aumentando o conforto visual e a segurança das ruas.

Fig. 22: Proposta de trilhas na área interna do parque.

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3m

2m

Fig. 21: Proposta de ciclovias e pistas de caminhada no entorno do parque.

Fig. 23: Poposta debancos ao longo das trilhas propostas

ciclovia projeção ciclovia

projeção pista de caminhada área destinada à trilhas pista de caminhada

Fig. 24: Proposta de distribuição de postes públicos no parque e troca de lâmpadas por mais eficientes.

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Considerações finais Em vista do contexto, legislação, dados e diagnósticos apresentados sobre o bairro Jardim Atlântico, conclui-se que, apesar dos problemas levantados, a região possui grande potencialidade de melhora, especialmente em relação ao uso e ocupação de suas áreas. Sua extensa área verde, com muito espaço utilizável, as possibilidades de ocupação dos terrenos vagos e os espaços amplos garantem um leque de possibilidades ideais para a cidade no pós-pandemia. Durante o levantamento de informações, foi possível entender claramente algumas situações que afligem a região e correlacionar os dados levantados com as principais queixas (por exemplo, o aumento da insegurança está diretamente ligado com a grande quantidade de terrenos vazios e a falta de iluminação pública). Dessa forma, foi possível identificar alguns aspectos de bairros e cidades saudáveis e seguros - tendo certos referenciais teóricos como base - que melhor se adaptam ao local escolhido.

poliesportivas, playgrounds, academias ao ar livre, espaços para feiras e eventos culturais, mobiliários e hortas comunitárias. As ciclovias, pistas de caminhada e trilhas internas vieram com o intuito de incentivar um melhor e mais diverso uso do parque, além de promover a prática de atividades saudáveis. Todas as propostas foram elaboradas respeitando sempre as medidas de segurança ideais e as áreas de preservação do parque. Acredita-se que, dessa maneira, o Jardim Atlântico apresentaria grande evolução, superando seus principais problemas e, finalmente, mostrando a capacidade de evolução que possui.

O trabalho desdobrou-se em soluções que promovessem mais segurança para o local, como a locação de edificações de uso misto em determinadas áreas, a colocação de mais postes públicos em pontos específicos e a troca das lâmpadas convencionais por de LED, e a promoção de incentivos fiscais da prefeitura para a ocupação dos terrenos subutilizados. Além disso, pensando na região do parque, buscou-se estimular a convivência da comunidade em espaços públicos ao ar livre, criando, então, áreas com quadras

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Referências Bibliográficas MOYSÉS, Aristides. Goiânia: metrópole não planejada. Goiânia: Ed. da UCG, 2004. CARVALHO, Adriana Figueiredo. Privê Atlântico - de conjunto habitacional a condomínio: Um caso incomum de valorização imobiliária. Orientador: Profa. Dra. Márcia Metran de Mello. 2017. 166 p. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal de Goiás, Faculdade de Artes Visuais (FAV), Programa de Pós-Graduação em Arquitetura - Projeto e Cidade, Goiânia, 2017. JACOBS, Jane. Morte e vida das grandes cidades. tradução Carlos S. Mendes Rosa. 3 ed. – São Paulo. Editora WMF Martins Fontes, 2011. – (Coleção cidades) FIGUEIREDO, Letícia. Cidades vão priorizar pedestres e ciclistas pós pandemia. SustentArqui, 8 jun. 2020. Disponível em: <https://sustentarqui.com.br/cidades-vao-prio rizar-pedestres-e-ciclistas-pos-pandemia/>. Acesso em: 16 set. 2020. XIMENES, Deize Sbarai; MAGLIO, Ivan Carlos. A vida urbana nos espaços públicos e áreas verdes pós-pandemia. Jornal da USP, [S. l.], 3 ago. 2020. Disponível em: https://jornal.usp.br/artigos/a-vida-urbana-nos-espacos-publicos-e-areas-verdes-pos-pandemia/. Acesso em: 10 nov. 2020.

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Universidade Federal de Goiás Introdução ao Urbanismo Profa. Dr. Erika Kneib Goiânia, dezembro de 2020 Ana Elisa Vieira Isadora Gonçalves Luana Chagas Marianne Tomaz


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