Arquitetur Escolar- Mariany Mourão

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO LESTE DE MINAS GERAIS CURSO ARQUITETURA E URBANISMO

MARIANY MOURÃO ANDRADE

ANÁLISE ARQUITETÔNICA DAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE IPATINGA. ESTUDO DE CASO: ESCOLA MUNICIPAL PROFESSORA MARIA DA CONCEIÇÃO PENA ROCHA

CORONEL FABRICIANO – MG 1º / 2015


MARIANY MOURÃO ANDRADE

ANÁLISE ARQUITETÔNICA DAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE IPATINGA. ESTUDO DE CASO: ESCOLA MUNICIPAL PROFESSORA MARIA DA CONCEIÇÃO PENA ROCHA Trabalho Monográfico apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Arquitetura. Orientador(a): Roberto Caldeira

Coronel Fabriciano – MG 1º / 2015


Mariany Mourão Andrade

ANÁLISE ARQUITETÔNICA DAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE IPATINGA. ESTUDO DE CASO: ESCOLA MUNICIPAL PROFESSORA MARIA DA CONCEIÇÃO PENA ROCHA

Coronel Fabriciano, ____ de _________ de 2015

BANCA EXAMINADORA

Nome: Instituição:

Nome: Instituição:

Nome: Instituição:


DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha família que tanto me apoia, ao meu namorado, por todas as vezes que me auxiliou e à todas as pessoas que eu amo.


AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus pois sem ele nada seria possível. Agradeço à minha mãe Guilhermina da C. M. Andrade e ao meu pai Otacílio R. Andrade pelo amor incondicional e confiança em meu potencial. Agradeço aos meus irmãos Otaviany e Junior, pela alegria e companheirismo e à minha irmã Viviany pelo apoio e auxílio nos trabalhos ao longo do curso. Agradeço ao meu namorado Marcélio pela paciência e prestatividade e à minha amiga Jumara pela disposição em me ajudar sempre. Agradeço aos meus sobrinhos por fazerem meu dia mais feliz e descontraido mesmo nas horas mais difíceis. Agradeço ao meu orientador Roberto Caldeira pelo direcionamento com paciência e sabedoria.


RESUMO

A presente pesquisa analisou a arquitetura escolar das escolas municipais de ensino fundamental da cidade de Ipatinga e realizou um estudo de caso em uma escola específica a Escola Municipal Professora Maria da Conceição Pena Rocha – EMPMCPR que em no ano vigente passara por um processo de reforma geral. As construções escolares de Ipatinga seguem uma padronização em seu projeto que desconsidera as características da região de inserção sendo as implantações na maioria dos casos inadequadas, o que resulta em problemas de conforto ambiental e em espaços que não colaboram para o rendimento das atividades propostas. O prédio escolar também não foi projetado para estimular uma aproximação da escola com a comunidade local e nem para atender as demandas de todos os seus usuários. Foram realizadas pesquisas bibliográficas sobre os percursos da educação ao longo da história mundial e na cidade de Ipatinga, sobre os usuários do espaço escolar e sobre os requisitos básicos a serem observados na composição de um projeto escolar. Posteriormente foi realizado um estudo preliminar com a EMPMCPR para conhecer e compreender as necessidades de toda comunidade escolar com relação aos espaços físicos importantes no projeto futuro da escola e a visão da mesma sobre como a arquitetura escolar influencia no processo ensino aprendizagem. As informações obtidas resultaram no entendimento de que a arquitetura escolar interfere diretamente no processo de ensino aprendizagem e quando reflete os anseios da comunidade funciona como um espaço integrador e estimulador das atividades realizadas na escola. Palavras Chaves: Arquitetura. Escola. Escolar. Estudante. Espaço.


RESUMEN Esta investigación analizó la escuela de arquitectura de la educación básica de las escuelas municipales de Ipatinga y llevó a cabo un estudio de caso en una escuela específica la Escola Municipal Profesora Maria da Conceição Pena Rocha EMPMCPR que en el año en curso había pasado un proceso de reforma general. Los edificios escolares Ipatinga siguen una normalización en su proyecto que da a la zona de inserción de las características y los despliegues en la mayoría de los casos inadecuados, lo que resulta en problemas de confort ambiental y en los espacios que no cooperan en la realización de las actividades propuestas. El edificio de la escuela también no fue diseñado para estimular una escuela más cerca de la comunidad local y no para satisfacer las demandas de todos sus miembros. Búsquedas bibliográficas se llevaron a cabo en los caminos de la educación a lo largo de la historia del mundo y en la ciudad de Ipatinga, en los usuarios del espacio escolar y de los requisitos básicos para ser observado en la composición de un proyecto escolar. Más tarde se llevó a cabo un estudio preliminar con EMPMCPR conocer y entender las necesidades de toda la comunidad escolar con respecto a los espacios físicos importantes en el futuro de diseño de la escuela y la vista de él en la escuela de arquitectura influencias en el proceso de aprendizaje. La información obtenida se tradujo en el entendimiento de que la arquitectura escolar interfiere directamente en la enseñanza y el aprendizaje, ya que refleja las funciones de los deseos de la comunidad como un integrador de espacio y actividades estimulantes en la escuela. Palabras clave: Arquitectura. Escuela. Educativo. Estudiante. Espacio..


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Índios Botocudos, primeiros habitantes da região ....................................... 17 Figura 2 Ferrovia que foi o início dos núcleos populacionais da região. ................... 18 Figura 3 Bairros planejados expandindo-se ao redor da Usiminas ........................... 19 Figura 4 Escola Municipal Padre Bertollo .................................................................. 20 Figura 5 Escola Municipal Mario Casassanta, Ipaneminha ....................................... 21 Figura 6 Tipologia tipo 'H' aplicada a E. M. Levindo Mariano no Bom Jardim ........... 22 Figura 7 Tipologia 'O' aplicada na E. M. Henrique de Freitas Badaró no Esperança 22 Figura 8 Plenária do OP Educa ................................................................................. 24 Figura 9 Atividades do Programa Escola Aberta em Escolas Municipais de Teresina .................................................................................................................................. 25 Figura 10 Valores antropométricos e dimensões de mobiliário, Cebrace-Mec (mm) 38 Figura 11 Dimensionamento para armário e lousa (mm) .......................................... 38 Figura 12 Diagrama de visibilidade da lousa do último aluno da sala ....................... 39 Figura 13 Levantamento físico de espaço existente na pré-escola ........................... 44 Figura 14 Detalhe do muro com grades .................................................................... 45 Figura 15 Detalhe da varanda individual de cada sala de aula ................................. 46 Figura 16 Proposta de intervenção ........................................................................... 47 Figura 17 Competição de xadrez pelo programa escola aberta ................................ 49 Figura 18 Oficina de capoeira das escolas abertas de Seropédica........................... 49 Figura 19 Oficina de música das escolas abertas de Seropédica ............................. 50 Figura 20 Fachada da E. M. Profª. Maria da Conceição Pena Rocha ....................... 52 Figura 21 Estudantes da EMPMCPR do Ensino Fundamental Regular e da EJA .... 53 Figura 22 Oficinas externas do Projeto Aprender Mais ............................................. 54 Figura 23 Oficina interna sobre o circo, do Projeto Mais Educação .......................... 55 Figura 24 Oficina interna sobre a copa do mundo, do Projeto Mais Educação ......... 55 Figura 25 Planta de situação da EMPMCPR e fotos da Av. Esperança .................... 56 Figura 26 fluxo de pessoas e materiais na escola Conceição Pena Rocha .............. 57 Figura 27 Setorização da escola Conceição Pena Rocha ........................................ 59 Figura 28 Murais montados nas paredes de azulejo do pátio coberto ...................... 61


Figura 29 Abertura do seminário de arquitetura escolar ........................................... 64 Figura 30 Apresentação do vídeo feito pela autora ................................................... 65 Figura 31 Desenhos dos estudantes do 1° ano ........................................................ 66 Figura 32 Desenhos dos estudantes do 3° ano ........................................................ 67


SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ....................................................................................... 11 1.2 PROBLEMÁTICA DA PESQUISA .............................................................................. 11 1.3 OBJETIVOS ..................................................................................................... 12 1.3.1 Objetivo Geral ........................................................................................ 12 1.3.2 Objetivos Específicos ............................................................................ 12 1.4 JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 12 2 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA SOBRE O SURGIMENTO DO AMBIENTE ESCOLAR ................................................................................................................. 13 3 CONTEXTUALIZAÇÃO SOBRE O SURGIMENTO DE IPATINGA E DAS ESCOLAS MUNICIPAIS ........................................................................................... 17 3.1 SURGIMENTO E CRESCIMENTO DA CIDADE ............................................................ 17 3.2 SURGIMENTO DAS ESCOLAS MUNICIPAIS .............................................................. 20 4 ESCOLA E COMUNIDADE ................................................................................... 23 5 ESCOLA E USUÁRIO ........................................................................................... 25 6 REQUISITOS CONSIDERÁVEIS EM PROJETOS ESCOLARES ......................... 27 6.1 CONFORTO AMBIENTAL EM EDIFICAÇÕES ESCOLARES............................................. 27 6.1.1 Conforto térmico ........................................................................................ 27 6.1.2 Conforto Acústico....................................................................................... 29 6.1.3 Conforto Visual .......................................................................................... 30 6.2 SUSTENTABILIDADE EM PROJETOS ESCOLARES...................................................... 32 6.3 ACESSIBILIDADE ................................................................................................. 34 6.4 MOBILIÁRIO ........................................................................................................ 35 6.5 PAISAGISMO ....................................................................................................... 39 6.6 NORMAS NECESSÁRIAS PARA A ELABORAÇÃO DE PROJETOS ESCOLARES ................. 40 7 REFERÊNCIAS DE ARQUITETURA ESCOLAR .................................................. 43 7.1 ARQUITETURA ESCOLAR BRASILEIRA .................................................................... 43 7.2 ESCOLAS ABERTAS ............................................................................................. 48 8 METODOLOGIA .................................................................................................... 50 9 ESTUDO DE CASO: ESCOLA MUNICIPAL PROFESSORA MARIA DA CONCEIÇÃO PENA ROCHA ................................................................................... 51 9.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ........................................................................................... 51 9.2 ENTORNO........................................................................................................... 56 9.3 FLUXO DE PESSOAS E MATERIAIS.......................................................................... 57 9.4 SETORIZAÇÃO .................................................................................................... 58 9.5 CONDICIONANTES AMBIENTAIS ............................................................................. 62 9.6 SITUAÇÃO ATUAL DA ESCOLA .............................................................................. 63 9.7 DINÂMICAS REALIZADAS COM USUÁRIOS DO ESPAÇO ESCOLAR ............................... 64 9.7.1 Seminário ................................................................................................... 64 9.7.2 Questionário .............................................................................................. 70


10 PROPOSTA PARA O TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO DOIS ......... 71 11 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 73 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 76 APÊNDICE ............................................................................................................... 80


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1 INTRODUÇÃO 1.1 Contextualização O trabalho consiste em uma análise sobre a Arquitetura Escolar em Instituições Municipais na cidade de Ipatinga, em especial a Escola Municipal Professora Maria da Conceição Pena Rocha. A educação é direito da criança e do adolescente presente na Constituição Brasileira, sendo o Município responsável pela educação fundamental, a fase de alfabetização, ensino e aprendizagem e o Estado pelo ensino médio. O poder municipal assegura que é direito de todo estudante ter uma vaga garantida próxima à sua residência com a finalidade de melhorar o acesso à educação. Segundo Domingues (2015), diretora do departamento escolar de Ipatinga, são 37 instituições educacionais na cidade, sendo 31 escolas de ensino fundamental com distribuição mínima de uma por bairro que, no geral, seguem um mesmo padrão construtivo, onde até a cor azul é repetida em todas, criando uma padronização.

Os

projetos

seguem

o

modelo

do

Fundo

Nacional

de

Desenvolvimento da Educação - FNDE, órgão federal responsável por executar ações relacionadas à Educação Básica, oferecendo auxílio financeiro e técnico aos municípios, com o intuito de melhorar e qualificar a educação brasileira, em contrapartida restringe a capacidade de adaptação das escolas nas comunidades onde se inserem ao determinar o padrão construtivo das mesmas (PORTAL DO FNDE, 2015). A Escola Municipal Professora Maria da Conceição Pena Rocha - EMPMCPR, objeto da análise localiza-se no bairro Esperança. Neste ano tal instituição de ensino será reconstruída dentro dos mesmos padrões discutidos anteriormente. O potencial arquitetônico que o local disponibiliza será desperdiçado, uma vez que a estrutura atual será demolida e outra construída desprezando as características marcantes da região, as particularidades do terreno, além da integração da comunidade local com as atividades escolares e extraescolares.

1.2 Problemática da Pesquisa O fato das escolas municipais apresentarem uma espécie de padronização devido ao compartilhamento de um mesmo formato traz uma referência positiva, que é o reconhecimento visual das instituições como sendo ‘escolas municipais’, em contrapartida os projetos em sua maioria ignoram as particularidades de cada


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terreno

e

as

necessidades

dos

usuários,

além

de

não

explorarem

arquitetonicamente a possibilidades de integração com a população local, impossibilitando que essas construções possam apresentar uma identidade com a comunidade em que estão inseridas.

1.3 Objetivos 1.3.1 Objetivo Geral O objetivo geral é analisar a arquitetura das Escolas Municipais de Ipatinga, e o funcionamento e as necessidades gerais existentes em cada ambiente escolar, de forma a fundamentar a realização do Trabalho de Conclusão de Curso 2 -TCC2.

1.3.2 Objetivos Específicos  Contextualizar surgimento do ambiente escolar ao longo da história;  Contextualizar a história de Ipatinga e das escolas municipais;  Pesquisar sobre o Ambiente escolar e a comunidade;  Pesquisar os requisitos básicos para a construção de edificações escolares;  Levantar obras análogas para utilizar como fundamentação técnica e teórica do projeto, principalmente sobre o funcionamento das escolas abertas;  Observar as regras obrigatórias para a realização de um projeto arquitetônico escolar;  Realizar um estudo preliminar da Escola Municipal Professora Maria da Conceição Pena Rocha;  Pesquisar as necessidades da comunidade escolar através de dinâmicas.

1.4 Justificativa A análise iniciou-se a partir de uma vivência pessoal na EMPMCPR baseada na observação do ambiente escolar e de suas necessidades. Partindo do princípio que a arquitetura não consiste apenas na concepção do desenho, na escolha da estrutura, ou das tecnologias utilizadas e que ela ultrapassa os limites construtivos, os projetos arquitetônicos devem ser pensados principalmente a partir de um conceito antropológico, pois o ‘homem’ é a principal peça que compõe o espaço. A arquitetura escolar traz grande benefício ao processo de ensino aprendizagem uma vez que as percepções dos alunos sobre seu próprio ambiente


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escolar podem desvendar quais valores e ações devem ser priorizadas nestes locais. Sem o sentimento de pertencimento ao meio, a vivência em coletividade pode ser prejudicada e influenciar negativamente na permanência do aluno na escola. Desta maneira a arquitetura escolar definitivamente não deve ser tratada como uma mera construção, pois o espaço escolar interfere diretamente da formação do indivíduo. Uma vez que formar cidadãos conscientes e formadores de opinião é o objetivo principal de toda instituição escolar, devem ser observados todos os níveis envolvidos na construção de uma escola desde a estrutura física até a pedagógica. O processo de formação de um cidadão não acontece exclusivamente em horários escolares, a possibilidade de uma integração da instituição com a comunidade local em outros momentos possibilita a mesma se tornar um polo de assistência e promoção social, um ponto de encontro da comunidade local. A realização desta análise pretende contribuir para que os arquitetos compreendam sobre as necessidades arquitetônicas a serem consideradas em projetos escolares, valorizando a composição do espaço, que também é fundamental no processo ensino-aprendizagem. 2 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA SOBRE O SURGIMENTO DO AMBIENTE ESCOLAR A análise da arquitetura escolar requer uma reflexão histórica do surgimento destes ambientes de aprendizagem, avaliando a evolução das necessidades populacionais e como a arquitetura consegue responder a proposta de cada período. A educação é reflexo da história da humanidade, que surgiu a partir de uma necessidade social responsável pela transmissão de informações e valores entre gerações. Apesar de não existir instituições educacionais, o homem, historicamente, desenvolve a educação por meio da aprendizagem mútua. Os mais velhos responsáveis pela transmissão das tradições familiares aos mais novos (ROCHA, 2015). O trabalho era dividido por sexo, sendo os homens responsáveis por ensinar os meninos às tarefas masculinas e as mulheres responsáveis por ensinar às meninas as tarefas femininas. Embora tenham sido reconhecidos os primeiros relatos de comunicação na sociedade primitiva através de desenhos, foram às civilizações do Oriente Médio que deram início as primeiras manifestações da escrita, que acabaram por reforçar


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os privilégios de uma minoria da sociedade. A educação conhecida atualmente tem uma base grega, a pedagogia que é tão presente no regimento escolar, originou-se na Grécia, sendo paidós ‘criança’ e agogôs ‘condutor’, o pedagogo então seria responsável por conduzir e ensinar as crianças (KAWALTOWSKI, 2011, p.14). A educação grega dividiu-se em dois modelos, o Espartano, em que os estudantes recebiam formação militar, pois Esparta passava por um período guerrilheiro, e o modelo Ateniense, em que a formação intelectual era prioridade (CONCEIÇÃO, 2015, p.5). Na Idade Média, a religião obteve influência crucial no desenvolvimento da educação, pois grande parte dos templos eram utilizados como escola, onde os representantes do clero faziam o papel de educadores, mas a estrutura física para receber os alunos era insuficiente, colaborando para o favorecimento de uma pequena parcela da sociedade, além do que estes ambientes se destinavam a formação de sacerdotes, ou possíveis funcionários para a corte (KAWALTOWSKI, 2011, p.14). O modelo escolar seguido atualmente com um professor a frente de uma classe com muitos alunos, a organização das atividades e avaliações, são produtos do período medieval. No Renascimento a razão se manteve como principal fonte para obter o conhecimento, neste período há o surgimento da reforma com Martinho Lutero, que critica as doutrinas e excessos da Igreja Católica. A educação neste período permitiu à população o acesso às escrituras sagradas, favorecendo a alfabetização a diversos setores da população. A Contrarreforma surge como resposta do catolicismo, sendo assim os países católicos receberam colégios, novas instituições de ensino com a finalidade de reforçar o catolicismo como religião dominante (KAWALTOWSKI, 2011, p.15). No Brasil as primeiras concepções de escolas surgiram com os Jesuítas que chegaram ao país em 1549, eles construíram templos e colégios por toda a colônia brasileira, disseminando a educação e a pedagogia através de teatros, danças e músicas. Com o tempo, outras influências religiosas, como a da Congregação das Carmelitas, e da Ordem Franciscana, também se tornaram ambientes escolares de suma importância. Em 1759, os jesuítas foram expulsos e um novo sistema de educação pública pautado pelo ideário Iluminista, laico, cientifico e nacionalista foi implementado pelo Marquês de Pombal para substituir o anterior. Com o fechamento dos colégios e


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seminários quando os jesuítas foram expulsos, a educação primária tornou-se responsabilidade de tutores privados (BANDEIRA; LUCENA, 2015). Em 1834 um Ato Adicional estabeleceu que as Assembleias Provinciais regulamentassem e promovessem o ensino primário e secundário gerando pluralidade no sistema educacional brasileiro uma vez que cada província dispunha de autonomia para estruturar a educação em seu território pois não havia uma padronização (BANDEIRA; LUCENA, 2015). Em 1837 foi construído, seguindo os padrões de arquitetura europeia, o Colégio Imperial Pedro II, na cidade do Rio de Janeiro. Tal instituição tornou-se responsável pelo ensino secundário e deveria servir de modelo educacional para o restante do País. Por volta de 1870 inicia-se no Brasil a construção mais sistemática de prédios escolares públicos para atender a novas demandas por educação geradas pela fase da industrialização e urbanização que começava a despontar no País (BANDEIRA; LUCENA, 2015). A construção da Escola de São Sebastião, instituição pública, também no Rio de Janeiro, inaugurou uma fase de projetos de edificações escolares inspiradas em programas educacionais europeus, em que organização espacial no século XIX, priorizava a ordenação e a disciplina (BANDEIRA; LUCENA, 2015). Duas tendências dialéticas rivalizavam na arquitetura escolar ao longo da história, principalmente no século XIX, de um lado espaços bem determinados com projetos baseados no isolamento autônomo expressando o desejo de controle e disciplina, do outro a valorização da criatividade e da individualidade influenciadas pelas teorias pedagógicas (KOWALTOWSKI, 2011, p.65). Na época do Império, os projetos de construções escolares públicas tinham características de construções religiosas medievais para fazer cumprir um modelo ideal de ordem correspondente ao da estrutura divina do universo. Cada elemento dessa estrutura tinha seu ‘locus naturalis’, colaborando para a unidade e a integridade do todo; o espaço era contínuo, homogêneo, mensurável e ordenado (OLIVEIRA, 1991, p.86 apud BANDEIRA; LUCENA, 2015). Em 1989 com a Proclamação da República os ares iluministas de progresso e modernidade influenciaram diversos setores da sociedade inclusive a arquitetura e a pedagogia escolar. No momento seguinte, a arquitetura escolar brasileira adota o estilo classicista com a imitação de modelos da Antiguidade clássica greco-romana representando o momento de ruptura com as características copiadas da arquitetura


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medieval condizendo perfeitamente com a nova proposta pedagógica de apelo à racionalidade e a evocação dos valores universais (BANDEIRA; LUCENA, 2015). Nas construções escolares públicas na época da Primeira República 19891920 é evidente a importância atribuída à educação por meio do estilo e da imponência dos edifícios, com detalhes sofisticados e afinidade dos projetos arquitetônicos e pedagógicos (BANDEIRA; LUCENA, 2015). O estilo neocolonial deu sequência às transformações arquitetônicas na escola pois a busca por uma arquitetura nacional possibilitou que a tendência neocolonial ganhasse espaço no cenário arquitetônico. O embate político educacional dos anos de 1920 entre a Pedagogia Nova e a Pedagogia Tradicional deu espaço ao estilo neocolonial que adaptou elementos do vocabulário colonial (BANDEIRA; LUCENA, 2015). Simultaneamente também surgiu o estilo Modernista que rejeitava estilos históricos que apresentavam devoção ao ornamento e apreciava as novas conquistas pedagógicas que eliminavam tudo o que fosse supérfluo. A ausência de retórica decorativa, a ênfase na percepção dos aspectos funcionais e espaciais do edifício e o interesse pelo método e a configuração das massas e formas empregadas num equilíbrio dinâmico formavam um conjunto de características da produção arquitetônica moderna (BANDEIRA; LUCENA, 2015). A modernização capitalista brasileira das primeiras décadas do século XX permitiu aumento e mobilidade social ampliando os mercados de trabalho e do consumidor. A educação escolar passou a ser apontada tanto pela população quanto por educadores como um instrumento fundamental para inclusão social (BANDEIRA; LUCENA, 2015). A divergência entre as concepções pedagógicas da pedagogia nova e da pedagogia tradicional criou um campo fértil para ideias que deram base a várias mudanças nas propostas para a educação. A pedagogia tradicional centrada na figura do professor e em como ensinar e a pedagogia nova que fazia da criança e do como aprender o centro da aprendizagem, disputavam a posição de pedagogia dominante e por consequência influenciavam nos projetos arquitetônicos escolares (BANDEIRA; LUCENA, 2015). A relação entre a história brasileira e o desenvolvimento da arquitetura escolar revela a necessidade do planejamento educacional visando à melhoria das condições de ensino e à implantação de projetos arquitetônicos de escolas públicas que atendam às atuais demandas educacionais (BANDEIRA; LUCENA, 2015).


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Nas décadas de 1960 a 1990, por questões de custos, houve uma simplificação no sistema de construção escolar para atender rapidamente à constante demanda de novas escolas, ampliações ou reformas. Das últimas décadas aos dias atuais, a arquitetura escolar no país de forma geral caracteriza-se pela padronização que associa as edificações públicas a determinados momentos políticos ou determinadas administrações, como fonte de propaganda, que são construídos

em

massa,

às

vezes

desconsiderando

no

projeto

algumas

características importantes (BANDEIRA; LUCENA, 2015).

3 CONTEXTUALIZAÇÃO SOBRE O SURGIMENTO DE IPATINGA E DAS ESCOLAS MUNICIPAIS 3.1 Surgimento e Crescimento da Cidade As expedições portuguesas que desbravaram o atual leste de Minas Gerais seguiram o curso do Rio Doce à procura de ouro e pedras preciosas, porém encontraram grandes obstáculos para acessar a região, devido à mata fechada, às cachoeiras e corredeiras, às doenças tropicais e os índios Botocudos (ver figura1) primeiros habitantes da região (MORAES, J. 2009, p.25). Figura 1 Índios Botocudos, primeiros habitantes da região

Fonte: Moraes, J. (2009, p.25)

Várias expedições foram enviadas ao Vale do Rio Doce para explorar suas riquezas, quase todas frustradas, pois diante das tentativas em vão de domesticar os Botocudos foram utilizadas ações mais hostis, com intuito de exterminá-los (MORAES, J. 2009 p.26).


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Antônio Dias de Oliveira, um bandeirista da época, organizou uma expedição em 1706, mas acabou frustrado ao descobrir que seus sonhos de encontrar bens preciosos na região não passavam de pura ilusão, ele seguiu o curso do rio e fixou acampamento com o nome ‘Arraial de Antônio Dias’, onde em 1736 após uma febre intensa, faleceu. O acampamento tornou-se uma cidade em 1925 e em homenagem ao bandeirista recebeu o nome de Antônio Dias (MORAES, J. 2009, p.27). Guido Marlière era um soldado, que foi enviado para apaziguar o confronto entre os índios e os portugueses, desta forma ele procurou conhecer as estórias e lendas para que sua expedição não fosse fracassada como as anteriores, mais do que apaziguar a confusão, Marlière fez amizade com os Botocudos e aos poucos conseguiu povoar o local com quartéis às margens do Rio Doce e seus afluentes, onde hoje é Ipatinga. O longo período de guerra praticamente exterminou os Botocudos, assim os campos ficaram abertos aos portugueses que fizeram da agricultura e a pecuária as principais atividades econômicas nesta região no início do século XX (MORAES, J. 2009 p.27). Em 1901 a Companhia Estrada de Ferro Vitória Minas foi criada de forma a facilitar o escoamento da produção para o porto de Vitória (ver figura 2). Com a implantação da ferrovia aumentaram os núcleos populacionais compostos especialmente de comerciantes, trabalhadores e viajantes. Anos mais tarde aproveitando as características locais, a Companhia Belgo Mineira iniciou a produção de carvão em massa, o que colaborou ainda mais com o crescimento do lugarejo que passou a ser um distrito pertencente a Coronel Fabriciano em 1953 (MORAES, J. 2009, p.27,28).

Figura 2 Ferrovia que foi o início dos núcleos populacionais da região.

Fonte: Prefeitura Municipal de Ipatinga, (2015)


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O desenvolvimento do distrito se deu com o início da construção da Usina Intendente Câmara – Usiminas em 1958. Com a chegada da empresa, também vieram muitos trabalhadores e aventureiros surgindo assim a necessidade de um planejamento urbano, uma vez que a região não tinha estrutura adequada para abrigar o crescimento populacional daquele momento (ver figura 3). O distrito se desenvolveu ao redor da Usina e foi planejado para atender todas as necessidades dos

funcionários,

com

casas

e

equipamentos

urbanos

distintos,

áreas

administrativas, hospitais, escolas e espaços de lazer (MORAES, J. 2009, p.28). Figura 3 Bairros planejados expandindo-se ao redor da Usiminas

Fonte: Prefeitura Municipal de Ipatinga, (2015)

Devido às proporções tomadas, os líderes comunitários reivindicaram a emancipação do distrito ao Governo Estadual, concedida oficialmente em 29 de abril de 1964, logo depois foram feitas as primeiras eleições e criada a comarca ipatinguense (MORAES, J. 2009 p.29). A partir da emancipação de Ipatinga, além dos bairros planejados pela Usiminas surgiram outros bairros de forma desordenada, distantes da empresa e do centro da cidade, sendo até hoje recorrente o surgimento de novos loteamentos na região.


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3.2 Surgimento das Escolas Municipais O crescimento acelerado de Ipatinga fez crescer a necessidade de equipamentos urbanos para atender a população, dentre estes equipamentos, existem as escolas municipais. Antigamente o Estado era responsável por todos os níveis da educação, inclusive o fundamental, na constituição de 1988 foi incluído uma cláusula sobre a descentralização da educação básica brasileira e a municipalização do ensino fundamental, que entrou em vigor efetivamente na década de 90, após a instituição e vigência do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério – Fundef (TORRES; PISSAIA, 2015). Em Ipatinga este processo ocorreu do meio para o final da década de 90, como exemplo, a Escola Municipal Padre Bertollo, (ver figura 4) no bairro Cidade Nobre, que foi estadual por 16 anos, e somente em 1998 foi municipalizada (ESCOLA MUNICIPAL PADRE BERTOLLO, 2015). Neste período que o município passou a ser responsável pela educação fundamental, sendo o nível infantil uma obrigação mais recente do mesmo. O nível médio, ainda continua como uma responsabilidade do governo estadual.

Figura 4 Escola Municipal Padre Bertollo

Fonte: Escola Municipal Padre Bertollo, (2015)

A prefeitura não disponibiliza transporte, sendo assim existem escolas em todos os bairros da cidade de forma a garantir aos estudantes, educação gratuita nas proximidades de sua residência facilitando o acesso a mesma.


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A Escola Municipal Mário Casassanta no Ipaneminha (ver figura 5) foi à primeira da região no ano de 1949 e surgiu quando Ipatinga ainda era distrito pertencente a Coronel Fabriciano (MORAES, J. 2009 p.475). Figura 5 Escola Municipal Mario Casassanta, Ipaneminha

Fonte: Prefeitura Municipal de Ipatinga, (2015)

Atualmente a cidade é dividida em nove regionais, que são as divisões oficiais do município com 35 bairros, além de povoados rurais, do distrito industrial, de loteamentos e bairros não-oficiais. Em cada regional existem diferentes instituições de ensino, que somam 37 no total, mas somente 31 são de Ensino Fundamental sendo assim em cada regional é realizado um zoneamento escolar por bairro oficial utilizando à distância da residência do aluno a instituição escolar como critério definidor sempre com base em um raio de 500 a 1000m ao redor da escola (DOMINGUES, 2015). As escolas municipais de Ipatinga em geral, são praticamente iguais, seguem uma padronização, na cor que é sempre azul e principalmente nos projetos arquitetônicos, que possuem uma implantação inadequada da construção, sem culminar as características do terreno, a integração com os usuários e as particularidades de cada comunidade. Os projetos escolares atuais, tanto de reconstrução quanto de adaptações, seguem as normas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE que disponibiliza um projeto padrão, muitas vezes reproduzidos de forma a ignorar a identidade local de cada construção (PORTAL DO FNDE, 2015).


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As tipologias escolares da cidade têm como base praticamente dois modelos, o ‘H’ que possui apenas um pavimento, distribuído em dois blocos construídos, que são interligados por um pátio central (ver figura 6). O outro modelo é o ‘O’ que possui dois pavimentos, com um átrio central, que é um pátio geralmente com um jardim. Este modelo é construído de estrutura metálica, aproveitando a fabricação local do aço, feita pela Usiminas, justamente a época em que as escolas foram construídas, a empresa estava se sobressaindo no mercado brasileiro (ver figura 7) (PINTO, 2015) Estas tipologias receberam esta denominação, pois ao serem vistas em planta fazem alusão a estas letras do alfabeto.

Figura 6 Tipologia tipo 'H' aplicada a E. M. Levindo Mariano no Bom Jardim

Fonte: Fotos da autora

Figura 7 Tipologia 'O' aplicada na E. M. Henrique de Freitas Badaró no Esperança

Fonte: Fotos da autora


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As outras tipologias diferentes das citadas anteriormente são apenas algumas variações destes modelos, com alguns acréscimos construtivos, em determinados estabelecimentos o ‘H’ recebeu mais uma ‘perninha’, ou o ‘O’ cresceu somente em alguma das laterais. As modificações aconteceram diante das necessidades que foram surgindo nas escolas ao longo dos anos (PINTO, 2015). 4 ESCOLA E COMUNIDADE A busca pela integração entre a escola e a comunidade situada no entorno é de grande importância, principalmente se tratando da conservação e preservação do bem material, pois a comunidade é a principal interessada em cuidar do equipamento escolar, porém este processo se intensifica quando a relação escolacomunidade caminham juntas, permitindo assim uma maior participação social nos projetos escolares e extraescolares o que cria um sentimento de pertencimento dos indivíduos com o espaço. Gohn afirma que: Quando a escola deixa de ser um aglomerado de salas de aulas e vira um espaço público de convivência, ela aumenta o capital social de uma comunidade, capital social é a rede de conexões humanas (família, igreja, associações, clubes) que oferecem um sentimento de pertencimento, de identidade, de que o indivíduo é parte integrante [...] (DIMENSTEIN, 1999 apud GOHN, 2015).

Ainda segundo Gohn, (2015, p.13) “essa ligação não pode perder o sentido de seu principal objetivo: a melhoria da qualidade do ensino das escolas articulada à formação para a cidadania”, sem dúvidas a escola é fundamental no processo de formação de futuros cidadãos e caminhando junto com a comunidade, o conceito de cidadania pode ser transferido também externamente ao espaço escolar, com ensinamentos básicos sobre a importância da escola e sobre a preservação da mesma

contra

vandalismos.

A

qualidade

do

ensino

pode

melhorar

consideravelmente, se os estudantes, forem incentivados a preservar o patrimônio escolar não só pela escola, mas principalmente pelos pais e familiares, que no caso das escolas municipais compõem a maioridade entre a comunidade escolar do entorno. Existem diversas formas de estreitar as relações escola-comunidade, no caso das escolas municipais de Ipatinga, as famílias dos estudantes, são constantemente convidadas para participar das atividades desempenhadas nos projetos, além de


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reuniões para discutir sobre o rendimento escolar dos alunos. Os conselhos escolares são uma forma mais efetiva de relacionamento com a comunidade, pois são compostos por funcionários, alunos, professores, pais, eleitos em assembleia geral, e são abertos para a participação popular. É no conselho que são definidas as prioridades em relação a melhorias nos sistemas de ensino, prezando a ética e a transparência nas decisões tomadas (ROCHA, 2009, p.53). O Orçamento Participativo da Educação - OP Educa, é um projeto recente de Ipatinga realizado no final de cada ano com a finalidade de decidir onde serão aplicados os recursos do orçamento do ano seguinte destinado a educação, o objetivo é decidir as necessidades espaciais mais urgentes de cada escola. O OP Educa tem intensa participação popular uma vez que os alunos escolhidos como representantes de cada turma e denominados ‘delegados’ apresentam as propostas nas plenárias públicas, (ver figura 8) que depois de analisadas e escolhidas às prioritárias determinam as mudanças e o orçamento disponibilizado para cada instituição (IPATINGA TRABALHO DE TODOS, 2015). Figura 8 Plenária do OP Educa

Fonte: Ipatinga Trabalho de Todos, (2015)

Outra forma do equipamento escolar se tornar marcante para a população em que está inserida é com a possibilidade de abertura do espaço para outras atividades extraescolares educativas, esportivas e culturais, de formação inicial para o trabalho e geração de renda, como acontece no Programa Escola Aberta onde à escola se abre para a comunidade nos finais de semana com intuito de fortalecer a


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convivência comunitária e evidenciar a cultura popular, as expressões juvenis e o protagonismo da comunidade, além de contribuir para valorizar o território e os sentimentos de identidade e pertencimento da mesma (ver figura 9) (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2015).

Figura 9 Atividades do Programa Escola Aberta em Escolas Municipais de Teresina

Fonte: Secretaria municipal da Educação, (2015)

5 ESCOLA E USUÁRIO A qualidade do ambiente escolar depende não só do espaço mas principalmente dos indivíduos que o utilizam pois a arquitetura sem ‘pessoas’ não faz sentido. A escola é composta por diversos funcionários: professores, coordenadores, secretaria, direção, cantineiras, auxiliares de serviços, vigilantes, além de alunos, pais e comunidade local. O funcionamento de uma escola assemelha-se a uma rede. As funções são interdependentes e o ambiente deve colaborar para que esta relação seja proveitosa e rápida otimizando o tempo dos funcionários. A secretaria é o coração da escola, desempenha as atividades administrativas e abriga toda a documentação dos alunos e funcionários. A demanda por espaço físico é alta tanto para o mobiliário quanto para o armazenamento de toda documentação recente e antiga além do atendimento de pais, alunos e funcionários. A secretaria estabelece ligação com todos os setores da escola e deve ser posicionada o mais próxima da entrada. Alguns setores se destacam na relação de


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dependência de serviço com a secretaria, por exemplo, a coordenação. Os coordenadores são a ponte entre as anotações dos professores referente aos alunos e a secretaria, que se responsabiliza por sistematizar a vida escolar dos estudantes, emitir e arquivar a documentação necessária. A coordenação, sempre que necessário, recorre a documentação dos alunos para entrar em contato com familiares e responsáveis em casos de indisciplina ou doença. A direção é outro setor que também trabalha em parceria direta com a secretaria uma vez que os documentos referentes aos funcionários, aos projetos oferecidos pela escola e toda a parte administrativa obrigatória da Secretaria Municipal de Educação – SME são organizados por ambas. Os funcionários da cantina e os auxiliares de serviços trabalham em conjunto e na falta de funcionários ou aumento repentino da carga de trabalho um setor ampara o outro. Os auxiliares de serviço ajudam as cantineiras nos horários em que são servidas as refeições e auxiliam na cozinha em contra partida quando necessário os funcionários da cantina ajudam na limpeza da escola. Os alunos, pais e a comunidade escolar estão ligados a praticamente todos os setores em funcionamento na escola. Os alunos, apesar de permanecerem a maior parte do tempo nas salas de aulas com os professores, ficam em contato direto com os auxiliares de cantina e serviço durante o recreio e a distribuição da merenda. Os coordenadores têm participação ativa no controle de frequência e disciplina dos alunos e conhecem as particularidades e necessidades de cada um. Alunos e professores se dirigem aos mesmos em caso de divergências e são os coordenadores os profissionais responsáveis por comunicar aos pais a necessidade de comparecimento à escola para resolver todas as questões relacionadas aos alunos. A direção em parceria com a coordenação é responsável pelo atendimento dos alunos e seus responsáveis de maneira a solucionar os conflitos gerados no ambiente escolar. A secretaria é o primeiro local procurado pela comunidade escolar para regularizar a vida escolar dos estudantes e obter informações, é procurada por alunos seus pais e responsáveis para a emissão e entrega de documentação e justificativa de ausências. Muitas vezes é necessário encaminhar as pessoas que procuram a secretaria para o setor responsável pela solicitação das mesmas.


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6 REQUISITOS CONSIDERÁVEIS EM PROJETOS ESCOLARES 6.1 Conforto ambiental em edificações escolares A padronização dos projetos escolares é um dos principais problemas que causam

o

desconforto

ambiental.

Os

projetos

padrões

são

implantados

desconsiderando características específicas do terreno e da região de inserção, resultando em ambientes ineficientes em ventilação e iluminação naturais (FUNARI; KOWALTOWSKI, 2005). Proporcionar um desempenho ambiental satisfatório envolve planejamento arquitetônico favorável, diante das diferentes condições que influenciarão na qualidade acústica, condições térmicas, favorecimento ideal de visão e iluminação, natural ou artificial, proteção contra poluição e qualidade interna do ar, estabilidade estrutural da edificação, salubridade e higiene, segurança, (OCHOA et al 2012). A qualidade do ensino, portanto, não é resultado somente da capacitação dos professores, mas das características do ambiente, que carece proporcionar espaços agradáveis, assegurando os índices de conforto, e condizentes com as atuais modificações do ensino. (AGUIAR; BUENOBARTHOLOMEI, 2014, p.74)

O conforto ambiental é um dos aspectos mais influentes no processo ensinoaprendizagem, o desconforto nas salas de aula faz com que os alunos e professores se distraiam das atividades previstas, como também fica explícito na opinião de Paes e Bastos, (2013, p.133) “Salas de aula quentes ou abafadas ou excessivamente frias reduzem a atenção e limitam a produtividade”. São condições extremamente prejudiciais para o processo de ensinoaprendizagem na escola: cores inadequadas ou a falta de pintura nas paredes, má iluminação, excesso de frio ou calor, má ventilação, má qualidade do ar, ruídos e ambientes improvisados. (PAES; BASTOS, 2013, p.132)

O conforto não deve ser pensado apenas como ferramenta inicial de projeto com a implantação e concepção do edifício, mas os processos construtivos, os materiais de acabamento e mobiliários escolhidos, são extremamente importantes.

6.1.1 Conforto térmico Segundo Xavier (1999, p. 20) “O conforto térmico pode ser visto e analisado, sob dois aspectos: do ponto de vista pessoal e do ponto de vista ambiental”.


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No ponto de vista pessoal, Fagner (1970) citado por Xavier (1999, p.20) define conforto térmico como "uma condição da mente que expressa satisfação com o ambiente térmico" relacionado diretamente com a temperatura corporal, a atividade desenvolvida e as vestimentas de cada indivíduo, lembrando que sexo, idade e problemas de saúde também podem influenciar nas sensações térmicas. O conforto ambiental depende das variáveis climáticas de cada região, temperatura do ar, insolação, ventilação e umidade relativa do ar. Para cada zona climática brasileira existem recomendações adequadas relativas às edificações, o que não descarta a necessidade de uma avaliação presencial do profissional responsável pelo projeto em cada terreno. Na maioria das regiões do Brasil, e na maior parte do ano, o clima é quente e o conforto térmico em espaços internos depende, principalmente, do sombreamento das paredes externas, da dimensão e localização das aberturas e da possibilidade de ventilação cruzada na altura dos usuários sentados. É importante detalhar a cobertura com um forro e o ático (espaço entre cobertura e forro) ventilado. Recomenda-se a pintura com cores claras para todas as superfícies externas, inclusive a cobertura. (KOWALTOWSKI, 2011, p.142)

Segundo Kowaltowski (2011, p. 143), a temperatura recomendada para ambientes de estudo e trabalho deve estar por volta de 23º C, deve-se manter uma boa ventilação cruzada na altura das pessoas sentadas e possuir brises nas aberturas com incidência solar direta, principalmente quando o fechamento das aberturas for de vidro, para evitar o chamado ‘efeito estufa’ no ambiente. Partindo do princípio, que uma boa implantação de acordo com as recomendações climáticas da região de inserção, atrelado ao desenvolvimento de um projeto que vise a utilização de elementos construtivos específicos para cada região, pode otimizar consideravelmente a temperatura interna dos ambientes. Se tratando especificamente da cidade de Ipatinga região analisada nesta pesquisa que possui o clima excessivamente quente e úmido, essa teoria tem que ser aplicada, pois o uso de materiais inadequados pode tornar os ambientes uma verdadeira ‘estufa’. O posicionamento e a dimensão das aberturas influem diretamente na quantidade de ventilação e incidência de luz natural no ambiente. É importante que estas aberturas não estejam voltadas para o oeste, onde o sol é mais intenso e


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prejudicial, mas caso não seja possível seguir esta orientação em todas as aberturas deve-se recorrer à utilização dos brises. A escolha do forro e da cobertura é essencial para suavizar a temperatura interna dos ambientes principalmente dos que abrigam atividades de longa duração. O material da telha de revestimento da cobertura também é de suma importância, pois telhas que absorvem muito calor geram um ambiente interno mais quente. Outro artifício que pode ser utilizado em projetos para minimizar o calor é a existência de um espaço entre a cobertura e o forro, com possibilidade de ventilação cruzada, de forma a reduzir o calor da telha a ser transmitido para a parte interna. Quanto ao acabamento, os materiais reflexivos devem ser evitados em locais com incidência solar direta e as cores claras são indicadas para as fachadas externas, pois são reflexivas e minimizam a absorção de calor pelas paredes. A utilização de áreas verdes externas a área construída através do projeto paisagístico, além de trabalhar o aspecto visual da construção, pode ser uma forma de diminuir a temperatura térmica do ambiente interno ou apenas causar sombreamento, dependendo do clima da região.

6.1.2 Conforto Acústico O conforto acústico do ambiente escolar, principalmente das salas de aula, precisa ser considerado na fase projetual como de extrema importância, pois se há dificuldade para a comunicação verbal o processo ensino-aprendizagem fica comprometido sendo necessário que o professor aumente consideravelmente o tom de voz, o que acaba ocasionando futuros problemas vocais para os mesmos além de gerar desordem na sala de aula. Segundo Kowaltowski (2011, p. 133) é necessário avaliar a qualidade interna dos ambientes e a influência do meio externo para obterem-se parâmetros sobre o conforto acústico. O isolamento acústico está diretamente relacionado à composição interna do ambiente: sua forma geométrica, dimensão, disposição do mobiliário, quantidade de pessoas. A implantação dos espaços que transmitem ruído externo, dentro ou fora do perímetro da construção, e a falta de isolamento das aberturas devem ser observadas, pois associadas à escolha dos materiais de revestimento das superfícies internas, paredes, teto e chão, podem reduzir e qualificar o som aos


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usuários do ambiente escolar, evitando os efeitos que causam o desconforto e dificultam o desenvolvimento do processo de ensino aprendizagem. De forma a avaliar as condições acústicas das salas de aulas são utilizados alguns parâmetros de medições como nível de pressão sonora ambiental, o tempo de reverberação e o isolamento acústico. A NBR 10151 (ABNT 1987a) citado por Kowaltowski (2011, p. 134) “pressão sonora ambiental, ou ruído ambiental ou de fundo é o ruído em um determinado local e que não diz respeito ao objeto de apreciação ou medição”, e traduzido ao ambiente escolar é todo e qualquer ruído diferente da voz do professor. Segundo Kuttruff (1979 apud FERREIRA, 2015, p.21) “O Tempo de Reverberação é definido como intervalo de tempo, em segundos, que o nível de pressão sonora leva para decair 60 decibéis (dB) a partir da interrupção da fonte”. O fenômeno da reverberação, também pode ser traduzido como o tempo de duração do som depois de cessada a fonte, levando em consideração a repetição múltipla da frequência, o que faz com que o som fique misturado, dificultando a comunicação na sala de aula. Segundo a NBR 10152 (ABNT, 2015) que referencia os níveis de conforto para múltiplos ambientes, uma sala de aula para ser considerada confortável deve permanecer entre 40 a 50dB, sendo o limite menor confortável e o maior aceitável, quanto ao tempo de reverberação a norma não estabelece, uma vez que depende de características individuais de cada espaço, como dimensionamento e materiais empregados. O isolamento acústico é o principal método de controle da propagação do som em edificações, reduzindo a transmissão do ruído entre dois ambientes distintos (TEXSA, 2015 p. 11). Os problemas acústicos podem ser trabalhados nas edificações a partir da utilização de materiais densos e pesados que tenham a capacidade de amortecer e dissipar a energia sonora que é energia mecânica e pode ser interceptada, tendo sua trajetória modificada pela intervenção de materiais sólidos nas vedações (PORTO, 2015).

6.1.3 Conforto Visual A maioria dos estabelecimentos de ensino apresenta condições insatisfatórias em relação às recomendações de iluminância estabelecidas pelas normas brasileiras (KOWALTOWSKI, 2011, p. 147).


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A forma correta de utilizar a luz natural segundo Pereira (2006, p.30) é após uma detalhada análise da atividade desenvolvida em cada espaço atentando-se aos aspectos quantitativos e qualitativos da luz, de forma a minimizar a utilização da luz artificial e consequentemente os gastos com energia, por exemplo, relacionado a estabelecimentos escolares, existe uma tabela que especifica os níveis de iluminação necessários em cada ambiente (ver tabela 1). Nas salas de aula sabemos que a tarefa visual inclui desde a visão à distância, como ler na lousa, até as próximas, ler e escrever. Infelizmente, quando os níveis de iluminância são insatisfatórios acarretam danos à saúde, causando desde um ardor nos olhos até a fotofobia, refletindo no desempenho escolar (AGUIAR; BUENO-BARTHOLOMEI, 2014, p.74).

Tabela 1 Níveis de iluminação para ambientes escolares

Fonte: Kowaltowski, (2011, p. 149)

As salas de aula devem ser bem iluminadas, naturalmente ou artificialmente, para facilitar a leitura e escrita, próximo ou distante dos estudantes uma vez que a insuficiência de luminosidade prejudica o processo de ensino e aprendizagem. Diante do racionamento de água vivenciado neste século, é primordial que as construções sejam planejadas objetivando a autossuficiência em energia elétrica, portanto a luz natural além de benefícios a saúde e ao aprendizado, também traz


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benefícios ao meio ambiente. Todavia o espaço deve ser muito bem analisado, visto que o ofuscamento que é a incidência de luz excessiva pode ser prejudicial, causando intenso desconforto ou até mesmo cegueira temporária. Uma das grandes queixas dos alunos é quanto a um tipo de ofuscamento no quadro negro, chamado de reflexão veladora, sensação que alguns trechos da imagem estão apagados, fenômeno que provem da radiação direta do objeto (KOWALTOWSKI, 2011, p. 147). A distribuição uniforme da luz nos ambientes, sem ofuscamento, depende das cores que irão compor as superfícies, da forma, dimensões e posições das aberturas, se a luz incide de forma direta ou indireta. A NBR 5413 (ABNT, 1992) estabelece os valores de iluminâncias médias e mínimas em serviço para iluminação artificial em interiores, onde se realizam atividades de comércio, indústria, ensino, esporte e outras. A norma oferece tabelas distintas, com valores de iluminâncias ideais de acordo com as atividades exercidas em cada espaço e com características específicas dos usuários, como média de idade e velocidade e precisão. Em casos que o mesmo espaço é utilizado por pessoas com características diferentes, dimensionam-se os níveis de iluminância de acordo com a situação mais crítica, como acontece em escolas que disponibilizam educação regular com crianças e adolescentes e o EJA que atende desde jovens de 15 anos, aos adultos da terceira idade, sendo que ambas as idades utilizam a mesma sala de aula. 6.2 Sustentabilidade em projetos escolares No último século a sustentabilidade tem sido motivo de discussão mundial, uma vez que os recursos naturais estão escassos e muitos são não-renováveis. A melhor forma de preservá-los é através da conscientização das pessoas de que é necessária uma mudança drástica dos hábitos de consumo e descarte de forma a minimizar os efeitos nocivos ao meio ambiente. A arquitetura como todos os demais segmentos sociais deve se adaptar à realidade vivenciada pelo momento histórico em que a humanidade se encontra e o ato de projetar e construir tem de refletir essa adaptação. As edificações devem ser autossuficientes, utilizar materiais de construção e mão-de-obra adequados ao clima e as necessidades do projeto e respeitar as particularidades do terreno causando o menor impacto ambiental possível.


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Levando em conta que a construção civil é muito impactante para o meio ambiente, segundo Paes e Bastos, (2015, p.38) “a ação sobre o setor da construção civil é indispensável na busca pelo desenvolvimento sustentável. Edificações, destinadas a quaisquer fins, devem cada vez mais incorporar conceitos de sustentabilidade desde a fase inicial de projeto”, sobretudo as construções escolares, uma vez que o papel desempenhado pelo ambiente escolar é fundamental no processo de construção do conhecimento fazendo com que a edificação seja responsável de certa forma por transmitir valores aos seus alunos (PAES; BASTOS, 2015, P. 38). Segundo o Programa Casa Sul (2015) um documentário sobre projeto de arquitetura sustentável para Escola, geralmente são trabalhados cinco áreas para que um projeto escolar seja considerado sustentável: a eficiência energética, a eficiência no uso da água, a seleção de materiais, a qualidade do ambiente interno e a inovação. O conteúdo energético da edificação corresponde à energia consumida por todos os processos associados com a sua produção e manutenção; incluindo aquisição dos recursos naturais, fabricação dos materiais, transporte, construção, manutenção e reparos do edifício (PAES; BASTOS, 2015, p.99)

A eficiência energética então consiste em uma forma inteligente de utilizar os recursos energéticos, naturais ou não, e na maioria das vezes está muito ligada à escolha dos materiais empregados e à autossuficiência de energia através de bens renováveis como a radiação solar tão comum em construções de pequeno e médio porte. A eficiência no uso da água é um recurso que deveria ser obrigatório nas construções visto que estamos passando pela maior crise de escassez hídrica da história brasileira. Se os recursos hídricos tivessem sido utilizados nos séculos anteriores de modo consciente a intensidade desta escassez provavelmente não seria tão severa. Técnicas simples como a captação da água da chuva para utilização na limpeza e instalações sanitárias diminuem o desperdício de água tratada e o gasto financeiro com a mesma. Os materiais adotados na construção devem ser selecionados de forma a causar o menor impacto ao meio ambiente desde a extração da matéria-prima, passando pela produção, embalagem, transporte, instalação, uso, manutenção até o


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descarte (PAES; BASTOS, 2015, p.84) e também devem prever o menor impacto no que diz respeito à emissão de poluentes para o ambiente interno (PROGRAMA CASA SUL, 2015). A qualidade do ambiente interno aborda questões relacionadas ao conforto térmico, à iluminação natural e a ventilação natural que minimizem os gastos com energia elétrica, quanto ao conforto acústico os materiais devem servir como isolantes para os ruídos. A inovação no setor construtivo está diretamente relacionada ao uso de materiais que valorizem o meio ambiente e o conforto do usuário, sendo referência tanto durante o processo de produção, com menos agressividade a natureza, como no resultado do produto final, com instalação e manutenção que gerem menos resíduos.

6.3 Acessibilidade A arquitetura escolar assim como todo projeto arquitetônico deve promover a acessibilidade proporcionando ao maior número de pessoas possível a utilização do ambiente de maneira autônoma e segura, independente de idade, estatura e limitação de mobilidade ou percepção (MORAES, M. 2015 p.30). No Brasil existe a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, que rege diretrizes para diversas áreas técnicas. Dentro da ABNT existem regras sobre a acessibilidade que se aplicam as construções escolares, a NBR 9050 Acessibilidade a Edificações, Mobiliários, Espaços e Equipamentos Urbanos e a NBR 13994 Elevadores de Passageiros para Transporte de Pessoa Portadora de Deficiência (KOWALTOWSKI, 2009, p.126). Segundo a NBR 9050 (ABNT, 2015, p.3) a definição de deficiência consiste na “redução, limitação ou inexistência das condições de percepção das características do ambiente ou de mobilidade e de utilização de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos, em caráter temporário ou permanente”, assim sendo ao contrário do que a maioria das pessoas acredita a dificuldade de acesso não se restringe apenas as pessoas em cadeiras de rodas, pois existem dificuldades de mobilidade que são temporárias, provocadas por fatores como idade, gravidez, deficiência auditiva ou visual (MORAES, M. 2015 p.30). Em relação à arquitetura escolar, o Mistério da Educação, por meio da Secretaria de Educação Especial, publicou o Manual de Acessibilidade Especial


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Para Escolas, que foi desenvolvido em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina, de forma a preconizar o Decreto-lei 5.296/2004. O Manual de Acessibilidade Especial para Escola, Dischinger et al (2015) tem como objetivo “subsidiar os sistemas de ensino na implementação de uma política pública de promoção da acessibilidade em todas as escolas”. Nesse contexto também foi implementado no manual, pelo MEC/SEESP, o Programa Escola Acessível que incentiva as adequações necessárias para que os projetos escolares sejam acessíveis. O manual do Ministério da Educação baseou-se na NBR 9050 e possui definições de projeto para ambientes escolares desde a rua até os espaços internos. Primeiro são apontadas as irregularidades e em seguida apresentadas as propostas ideais (DISCHINGER ET AL, 2015). A inclusão escolar está prevista na Constituição Brasileira de 1988 que assegura o direito à educação para todos, o que é apoiado também por Dischinger et al (2015, p.21) no Manual de Acessibilidade Especial Para Escolas que se caracteriza pelo “movimento mundial que condena toda forma de segregação e exclusão”. Para que os ambientes escolares estejam preparados para acolher os alunos com deficiência é necessário uma profunda modificação tanto em relação às adequações espaciais e construtivas, como nos ajustes das práticas pedagógicas, principalmente com exercícios que rompam com a discriminação e o preconceito. A inclusão escolar não afeta, de fato, apenas as questões pedagógicas. Um ensino de qualidade, que dá conta das diferenças dos alunos, tem, por detrás de sua organização, uma infraestrutura física e operacional compatível com a capacidade de as diferenças diferirem infinitamente (Dischinger et al, 2015, p.9)

Segundo Moraes, M. (2015, p.30) “Um espaço construído, quando acessível, é capaz de oferecer oportunidades igualitárias a todos seus usuários”. Essas concepções devem ser pensadas em todos os projetos e podem ser consultadas na NBR 9050 que disponibiliza as normas a serem seguidas para a promoção de construções acessíveis.

6.4 Mobiliário Os mobiliários e os equipamentos escolares também são variáveis importantes no contexto educacional, o problema é que sempre vem associado a um


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grande investimento e como o número de instituições públicas envolvidas é grande este assunto se tornou uma preocupação para os governos públicos nas três esferas do poder: federal, estadual e municipal, principalmente considerando que para a compra de materiais existe um processo de avaliação que pondera vários quesitos como o custo, avaliação do uso na sala de aula e manutenção, entre outros (KOWALTOWSKI, 2011, p. 52). A escolha do mobiliário que vai compor o espaço escolar deve ser pensada de acordo com os critérios pedagógicos, ergonômicos, econômicos, ecológicos e tecnológicos, pois de acordo com Kowaltowski (2011, p. 52) “o mobiliário é um elemento de apoio ao processo de ensino e o conforto físico e psicológico do aluno influenciam de forma direta no aprendizado". As atividades escolares e assim consequentemente os mobiliários devem ser desenvolvidos de acordo com a faixa etária de cada aluno, por exemplo, as crianças da fase introdutória realizam com mais frequência atividades coletivas, assim o ambiente deve favorecer uma flexibilidade para atender as dinâmicas pedagógicas tanto individualmente quanto coletivamente, além do que o peso deve ser dimensionado de acordo com a idade para que os próprios estudantes possam organizar a sala de forma rápida. Considerando que os estudantes passam de quatro a seis horas na escola, e sentados praticamente durante todo o tempo, os aspectos ergonômicos dos mobiliários merecem ser refletidos com intensa relevância, uma vez que mobiliários inadequados podem ser motivos de muitos problemas médicos e até mesmo disciplinares (BRACCIALLI; VILARTA, 2015). Durante a fase escolar os estudantes estão em processo de crescimento e desenvolvimento acelerado, assim a má postura desenvolvida com a utilização de mobiliários inadequados acarreta problemas ortopédicos crônicos. Isso acontece porque as medidas antropométricas de cada faixa etária são desconsideradas, na maioria dos casos, os encostos e os assentos das cadeiras são muito altos, a largura é muito grande e não existe apoio para os pés, já as mesas também são muito altas para a maioria das crianças (BRACCIALLI; VILARTA, 2015). Na sala de aula, geralmente o professor se apropria da organização espacial das mesas e cadeiras para definir onde cada aluno vai sentar, de forma a manter a disciplina, porém talvez o fato dos alunos serem indisciplinados esteja diretamente relacionado ao uso de mobiliários inadequados. A movimentação constante do aluno


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com o objetivo de ‘descansar a postura’ fica claro no pensamento de Braccialli e Vilarta (2015, p.165) a “A autora concluiu também que o mobiliário é inadequado, as cadeiras incomodam e machucam, obrigando as crianças a movimentarem-se o tempo todo, deixando constantemente caírem objetos da mesa para tentarem adaptar-se à situação”. O ideal seria que as escolas trabalhassem com cadeiras e mesas flexíveis, pois mesmo numa turma regular, existem alunos de diferentes biotipos, assim cada um ajustaria o móvel de acordo com a sua necessidade o que garantiria maior conforto aos mesmos, minimizando os problemas relacionados à má postura e à indisciplina, possibilitando a permanência dos alunos na sala de aula, o que seria mais agradável neste novo contexto. Segundo Kowaltowski (2011, p. 55 - 57) a primeira iniciativa de padronizar os mobiliários escolares foi em 1970, durante o desenvolvimento do modelo do Centro Brasileiro de Construções e Equipamentos Escolares/MEC - CEBRACE-MEC em parceria com o Instituto de Desenho Industrial do Museu de Arte Moderna onde foi criada uma série de normas e recomendações técnicas que estabelecem relação entre as idades, desde a pré-infância até a idade adulta (ver figura 10). Outros modelos também foram criados para padronizar o mobiliário escolar na tentativa de sempre melhorar o anterior, como a linha da Fundação para o Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo, que acabou sendo utilizado nacionalmente, e a criação da NBR 14006 e NBR 14007, em que ambas discutem questões específicas sobre este assunto. Além dos móveis principais que são as mesas e cadeiras, existem equipamentos que se forem dimensionados de acordo com as características de cada faixa etária existente no espaço escolar, colaboram para que as crianças possam aprendam a ser independentes, e para que possam realizar atividades pedagógicas, como é expresso no pensamento de Braccialli e Vilarta (2015, p.165) “os equipamentos da escola como quadro negro, trincos, maçanetas e cabides estavam muito altos para a população sendo necessário auxílio da professora para a realização das tarefas”. Os armários devem seguir critérios antropométricos, que estabelecem limites de alcance do maior ao menor usuário, sendo a profundidade sugerida de 300mm, conforme o material que será guardado (ver figura 11) (KOWALTOWSKI, 2011, p. 57).


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Figura 10 Valores antropométricos e dimensões de mobiliário, Cebrace-Mec (mm)

Fonte: Kowaltowski, (2011, p. 57)

Figura 11 Dimensionamento para armário e lousa (mm)

Fonte: Kowaltowski, (2011, p. 58)

A comunicação entre os docentes e os discentes pode ser realizada através de um quadro negro ou quadro para canetas, mas em ambos existem recomendações quanto à altura de fixação que deve beneficiar do menor ao maior usuário (ver figura 11) e quanto ao alcance visual de todos os alunos sentados levando em consideração a disposição espacial das mesas e cadeiras na sala de aula (ver figura 12).


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Figura 12 Diagrama de visibilidade da lousa do último aluno da sala

Fonte: Kowaltowski, (2011, p. 58)

6.5 Paisagismo O século XXI foi marcado pela escassez dos recursos ambientais e pelo aumento dos desastres naturais como enchentes e desmoronamentos. Grande parte destes problemas se deu pelo fato de cada vez mais as construções utilizarem materiais impermeabilizantes que impossibilitam a penetração da água da chuva no solo e do aumento desenfreado do desmatamento. Diante dos fatos a Educação Ambiental passou a ser um tema frequentemente discutido nas escolas como uma forma de conscientizar os alunos sobre a importância de preservar o ‘meio ambiente’. A informação nas escolas é um meio de atingir um resultado esperado, principalmente se houver o contato a natureza dentro do recinto escolar, pois o aprendizado aumenta quando é possível vivenciar o que está sendo ensinado (SAFT ET AL, 2011). A implantação do paisagismo nas escolas é ferramenta importante para a introdução da educação ambiental através de aulas práticas e teóricas. É importante que a escola se proponha a não só divulgar informações e conceitos, mas trabalhar também com a formação de valores, atitudes, comportamentos ambientalmente corretos introduzidos na prática do dia a dia (DOBBERT; BOCCALETTO, 2015, p.143).

A incorporação de projetos paisagísticos em ambientes escolares é algo cada vez mais raro. Pátios são concretados por inteiro impossibilitando aos usuários uma proximidade com as áreas verdes. Essas áreas diminuem o estresse, como é abordado por Dobbert e Boccaletto, (2015, p. 144) “As interferências que as áreas


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verdes ajardinadas podem causar às pessoas que delas desfrutam são benéficas na medida em que auxiliam na redução do estresse e na melhora da qualidade de vida”. Um projeto paisagístico bem aplicado, além de diminuir o estresse e causar sensações agradáveis aos usuários, se bem aplicado pode ser utilizado como artifício para reduzir a temperatura interna da edificação. Funciona como se fosse um brise, porém é essencial uma avaliação previa sobre as características da vegetação que será adotada pois em construções desse tipo existem realidades que devem ser consideradas, como o fato de que uma manutenção frequente é difícil e principalmente que as crianças são os usuários predominantes do lugar, desta forma plantas com espinhos, aromas fortes e características tóxicas devem ser evitadas (DOBBERT; BOCCALETTO, 2015, p.145). Como referido anteriormente, o contato das crianças com a natureza pode ser muito importante para formação de cidadãos conscientes, uma forma muito interessante de despertar nos alunos a curiosidade e o interesse em manter uma relação mais próxima e aprofundada com áreas verdes é através de uma horta, pois os próprios estudantes aprendem como funciona o cultivo dos alimentos e ajudam a cuidar da mesma gerando alimentação saudável para ser servida na merenda. Saft et al, (2011, p.288) confirma este pensamento, “não há dúvida que as hortas escolares sejam um recurso que permite diferentes atividades e podem proporcionar um aprendizado prazeroso e inovador”. Projetos como estes, de áreas verdes na escola, podem servir como base pedagógica teórica e prática para muitas disciplinas.

6.6 Normas necessárias para a elaboração de projetos escolares Os projetos escolares, para serem efetivados, devem seguir um conjunto de normas que são regidas por leis municipais e nacionais. Particularmente as construções escolares da cidade de Ipatinga seguem

normas municipais

estabelecidas pelo Código de Obras da cidade que possui um capítulo específico para os estabelecimentos de ensino e pela Lei de Uso e Ocupação, que rege normas para as construções em geral. As normas nacionais seguidas são conduzidas pelo FNDE, pela ABNT através da NBR 9050 que define principalmente as regras sobre a acessibilidade.


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O Código de Obras ou Lei 419 de fevereiro de 1973 é muito antigo e já passou

por

diversas

revisões

inclusive

em

artigos

relacionados

aos

estabelecimentos de ensino, nesta lei existe um capítulo específico sobre as normas a serem seguidas em projetos escolares (Ipatinga, 1973). Tal capítulo estabelece questões relacionadas à localização das construções, no Art.167 fica definido que não podem estar próximas a determinados estabelecimentos como cemitérios, hospitais, indústrias, casa de divertimentos entre outros existindo uma distância mínima de proximidade. Questões como a altura máxima de verticalização do edifício e áreas mínimas dos ambientes internos, como as salas de aula são descritos no Art170 e Art.172, respectivamente (Ipatinga, 1973). Alguns ambientes são descritos separadamente, o refeitório no Art.174, as instalações sanitárias no Art.175, que estabelece o índice de sanitários por alunos que devem ser instalados em cada banheiro e o material de revestimento mais apropriado. A cozinha e descrita no Art.176 que institui o dimensionamento mínimo e a obrigatoriedade do material de revestimento. Quanto às circulações horizontais e verticais, o Art.178 e o Art.179 respectivamente regem as normas sobre a largura dos corredores e as condições que as escadas devem seguir dos degraus aos patamares (Ipatinga, 1973). A iluminação, ventilação e insolação são definidas no Art.183 em que as aberturas são retratadas em porcentagem sobre a área de cada espaço de forma a garantir o mínimo de luz e ventilação nos ambientes sendo imprescindível a proteção contra a insolação, quando se fizer necessária. Ainda neste capítulo, o Art.185 especifica o programa mínimo que deve conter cada projeto escolar (Ipatinga, 1973). A Lei de Uso e Ocupação do Solo (2015, p.1) “estabelece as normas para o planejamento e controle do parcelamento, da ocupação e do uso do solo urbano no Município de Ipatinga, com o objetivo de promover o adequado ordenamento territorial”. Ela rege os parâmetros urbanísticos que devem ser considerados por todas as construções da cidade, como afastamentos, taxas de ocupação do terreno, coeficiente de aproveitamento, taxa de permeabilidade e vagas de estacionamento que são definidas de acordo com a metragem quadrada de área construída inexistindo normas específicas para edificações escolares.


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A ABNT é um regimento nacional que estabelece diversas normas técnicas em diferentes áreas de atuação, com respeito a acessibilidade escolar existem a NBR 9050 Acessibilidade a edificações, mobiliários, espaços e equipamentos urbanos e a NBR 13994 Elevadores de passageiros para transporte de pessoa portadora de deficiência (KOWALTOWSKI, 2009, p.126). A NBR 9050 (ABNT, 2015) é a principal fonte de consulta se tratando de construções escolares, pois referência todo o dimensionamento mínimo para que os espaços sejam acessíveis as pessoas com mobilidade reduzida, define as normas do mobiliário e o funcionamento das rampas, elevadores e plataformas elevatórias e estabelece as normas para os objetos auxiliares como barras de apoio, piso tátil, alarmes sonoros entre outros que também são de extrema importância. Além das normas gerais para a concepção de ambientes acessíveis existe uma descrição de quesitos específicos sobre equipamentos urbanos, dentre eles a escola, com descrições que são essenciais em projetos escolares (NBR 9050, 2015). O FNDE é o órgão nacional que dita normas para as construções escolares e financia os recursos, porém as normas disponibilizadas pelo mesmo, não seguem os modelos citados anteriormente. O programa apresentado é engessado e não oferece diretrizes e sim projetos ‘padrões’ que serão desenvolvidos com base no porte da escola o que é definido de acordo com número de salas de aula. No site do FNDE existem os projetos para as escolas prontos para serem ‘encaixados’ no terreno. Os mesmos contêm todo o detalhamento dos materiais a serem utilizados incluindo a especificação de cor. Nesta pesquisa foi referenciado o projeto de 12 salas de aula uma vez que este padrão se enquadra na maioria das escolas municipais de Ipatinga. O projeto escolar para 12 salas de aula, segundo o FNDE (2015), necessita de um terreno com dimensões mínimas para a implantação da escola de 80m por 100m, e conta com sanitários, auditório, biblioteca, laboratórios, quadra, vestiários, pátios abertos e cobertos, refeitório, administrativo e cozinha entre outros. Os ambientes possuem pé direito de 2,7m nos banheiros e 3,15 nas salas, mas não é especificado se estas são as medidas mínimas. O FNDE é criterioso para a liberação dos recursos sendo que a padronização obrigatória e utilizada como forma de garantir o mínimo de qualidade na educação


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brasileira, não permitindo a possibilidade de grandes modificações no projeto que se adequem as particularidades de cada escola e sua comunidade. 7 REFERÊNCIAS DE ARQUITETURA ESCOLAR O programa arquitetônico de uma edificação é baseado no do conjunto de necessidades que o projeto deve contemplar, considerando a funcionalidade e as pretensões que os ‘clientes’ sonham, já nas tipologias escolares o ‘programa’, específico de cada instituição é o que define os ambientes existentes, como o número de salas de aula e a existência de salas pedagógicas, bibliotecas, laboratórios, quadras, etc. (KOWALTOWSKI, 2011, p.63). Segundo Kowaltowski (2009, p.63) “O programa não é apenas uma lista de ambientes, mas um documento que interage com as pedagogias e o modo de abrigar as atividades essenciais para o tipo de ensino almejado”, em projetos escolares a arquitetura surge como uma resposta à ‘proposta’ da escola, desta forma alguns quesitos devem ser definidos antes da composição do projeto, como qual a pedagogia será adotada pela instituição, uma vez que esta será primordial para o entendimento de como deve ser a disposição e ordenação do espaço, a definição da modalidade de Ensino como Infantil, Fundamental ou Médio. Os ambientes devem corresponder às particularidades de cada idade e quais projetos complementares serão oferecidos, pois se consistirem em horário integral a escola deve estar preparada para receber os participantes durante o dia com alimentação e locais para realizar as oficinas pedagógicas. A demanda, em grau quantitativo, que o estabelecimento vai atender também é um agente definidor no resultado final do projeto, pois o mesmo deve ser dimensionado de acordo com o número de estudantes e com as características da comunidade em que está localizado, como é expresso em outro pensamento da Kowaltowski (2009, p.63) “O estudo pode partir do programa mencionado e das carências apresentadas pelos espaços educacionais, com o objetivo de atender às necessidades de ocupação de cada comunidade escolar".

7.1 Arquitetura Escolar Brasileira Os alunos de pós-graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo – FAUUSP, desenvolveram em 2013 dentro da disciplina


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Avaliação Pós Ocupação – APO, uma proposta de intervenção de projeto de forma a realizar melhorias no ambiente escolar de uma Pré-escola Municipal em São Paulo e na Praça Elis Regina existente ao lado da mesma. Para a realização da APO nos dois locais, os alunos foram divididos em equipes, cada uma responsável por um dos dois locais (CARVALHO ET AL, 2004). O prédio em que funciona a pré-escola analisada, EMEI Emir Macedo Nogueira funciona nos três turnos, com 13 professores, 32 funcionários e 528 crianças de quatro a seis anos, com 35 alunos no máximo por turma, o local funcionava como uma biblioteca antes de ser pré-escola (ver figura 13) (CARVALHO ET AL, 2004)

Figura 13 Levantamento físico de espaço existente na pré-escola

Fonte: Carvalho et al, (2004)


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Segundo Carvalho et al (2004, p.2), “A APO foi então utilizada como instrumento de avaliação e processo de decisão no projeto arquitetônico”, desta forma foram realizados levantamentos dos dados físicos, das dimensões dos ambientes e mobiliários, além de pesquisas com os principais usuários do ambiente. Os alunos contribuíram com desenhos sobre o que gostavam e o com opiniões sobre espaços que poderiam existir, os pais e funcionários responderam questionários sobre os espaços físicos da escola. Os desenhos das crianças resultaram em informações que compuseram um gráfico e que juntamente com as respostas dos questionários e as análises dos estudantes sobre o local e o entorno, direcionaram a composição do projeto de melhorias da EMEI Emir Macedo Nogueira (CARVALHO ET AL, 2004). Diante dos materiais coletados e da análise técnica os estudantes, foram estabelecidas algumas propostas para o projeto, como lançar diretrizes para a área externa, criar um portão de saída junto à Praça Elis Regina, organizar o fluxo de pessoas, humanizar o espaço externo qualificando-o para atividades extraclasse e melhoria dos espaços internos (CARVALHO ET AL, 2004). A escola e a praça não possuíam comunicação física, fato que merecia ser explorado, o terreno escolar era cercado por um muro alto de alvenaria e o espaço público da praça não era utilizado para o desenvolvimento das atividades escolares. A eliminação do muro era impossível se tratando de uma escola infantil, porém a alvenaria foi substituída por gradis alternados que possibilitavam uma integração visual maior além de criar painéis externos e internos que poderiam ser utilizados para expor os trabalhos das crianças dos pais e da comunidade geral (ver figura 14) (CARVALHO ET AL, 2004).

Figura 14 Detalhe do muro com grades

Fonte: Carvalho et al, (2004)


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O fluxo de entrada e saída da escola era conflituoso com alunos chegando e saindo no mesmo horário, então com o objetivo de organizar esta ‘confusão’ foi pensada a possibilidade de criar um novo portão em frente à praça, desta forma o portão antigo seria somente para entrada e o novo para saída, o caminho formado pela interligação entre os dois espaços teria diferenciação de piso e venceria o desnível da rua através de uma rampa, sinalizando aos motoristas que passam pelo local da necessidade de diminuir a velocidade e de priorizar a passagem de pedestres, esta estratégia foi utilizada para incentivar os pedestres principalmente os alunos e seus pais a aproveitarem a praça, o que é raro na cidade de São Paulo, uma vez que o transito de pedestres seria deslocado para a mesma (CARVALHO ET AL, 2004). Os desenhos infantis representados na pesquisa expressavam os locais preferidos das crianças e a sala de aula mostrou-se ser pouco admirada ou desejada e sim a ‘parte chata’ da escola na visão dos alunos. Tornou-se perceptível a necessidade de melhorar a imagem das mesmas, de fazê-las atrativas para os estudantes e comunidade geral. A possibilidade de melhor explorar a sala de aula pelos educadores e educandos levou a adaptações no projeto de reforma dos espaços de afastamentos utilizando-os como varandas particulares para as mesmas (ver figura 15) (CARVALHO ET AL, 2004).

Figura 15 Detalhe da varanda individual de cada sala de aula

Fonte: Carvalho et al, (2004)


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Uma reformulação geral foi realizada no restante da construção (ver figura 16) de forma a organizar o fluxo interno, aumentar os espaços das salas de aula sem diminuir o número existente e resolver problemas de conforto ambiental nos ambientes, além de criar espaços novos correspondentes à pesquisa realizada como a sala multiuso um anseio dos professores para facilitar aulas com vídeo, música, teatro e leitura (CARVALHO ET AL, 2004).

Figura 16 Proposta de intervenção

Fonte: Adaptação de Carvalho et al, (2004)


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7.2 Escolas Abertas O Programa Escola Aberta é um projeto Federal, que visa contribuir para a melhoria da qualidade da educação, a inclusão social e a construção de uma cultura de paz (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2015). As escolas públicas de educação básica do Brasil são estimuladas a ‘abrirem’ as portas do espaço escolar nos finais de

semana

para

atividades

educativas,

culturais,

artísticas

e

esportivas,

principalmente em regiões com vulnerabilidade social, uma vez que a melhor forma de combater a violência e a criminalidade é manter os estudantes longe da ‘rua’ e dos perigos que ela traz (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2015). A possibilidade do estabelecimento de ensino ser utilizado como polo de promoção cultural local reforça a identidade da comunidade com a instituição e assim o cuidado e a preservação do bem público. A seguinte passagem no site do Ministério da Educação (2015) reforça essa ideia “A proposta do programa visa fortalecer a convivência comunitária, evidenciar a cultura popular, as expressões juvenis e o protagonismo da comunidade, além de contribuir para valorizar o território e os sentimentos de identidade e pertencimento”. O projeto acontece depois de uma prévia pesquisa com a comunidade para identificar as demandas locais e a existência de pessoas que possam desenvolver os trabalhos de forma voluntária. As atividades são instituídas através de oficinas, cursos e palestras para todas as idades desde as crianças até os idosos (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2015). A escola aberta depende de uma cooperação entre as esferas municipal, estadual e federal sendo a operacionalização do programa disponibilizada pelo Programa Dinheiro Direto na Escola - PDDE para o Funcionamento das Escolas nos Finais de Semana - FEFS, do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2015). Atualmente não são todos os estados brasileiros que participam do programa, mas a meta cresce a cada ano com um número cada vez maior de instituições envolvidas e comunidades beneficiadas. A E.M.E.F. Otávio Reis em Charqueadas-RS, realizou no domingo dia 27 de abril de 2015 o IV Torneio de Xadrez do Programa Escola Aberta (ver figura 17). A competição foi dividida em categorias: Pré-Mirim, Mirim e Infantil sendo os oficineiros de xadrez os responsáveis pela arbitragem (PORTAL DO MUNICÍPIO DE CHAQUEADAS, 2015)


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Figura 17 Competição de xadrez pelo programa escola aberta

Fonte: Portal do Município de Chaquedas-RS, (2015)

Segundo o Portal do Município de Chaqueadas-RS (2015) a coordenadora e interlocutora do Programa Escola Aberta argumenta que “a prática deste jogo exercita a sociabilidade, a autoconfiança, o raciocínio lógico, memória, disciplina e até mesmo a organização estratégica do estudo, o que acaba auxiliando na melhora do rendimento escolar, principalmente em termos de concentração”, além do xadrez existem outras atividades pertencentes ao programa que são disponibilizados nesta instituição. Figura 18 Oficina de capoeira das escolas abertas de Seropédica

Fonte: Secretaria de Educação Seropédica, (2015)


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Na cidade de Seropédica, RJ o programa também garante que todas as comunidades escolares das nove instituições municipais, tenham uma opção de lazer durante as férias e os finais de semana, com brincadeiras e oficinas, de artesanato, libras, capoeira, jogos lúdicos, brinquedoteca, violão, grafite, danças, karaokê, decoração de unhas, entre outras (ver figura 18 e 19). As escolas ainda ficam responsáveis pelas três refeições diárias dos participantes, café da manhã, almoço e lanche da tarde (SECRETARIA DE EDUCAÇÃO SEROPÉDICA, 2015).

Figura 19 Oficina de música das escolas abertas de Seropédica

Fonte: Secretaria de Educação Seropédica, (2015)

8 METODOLOGIA Este trabalho possui três vertentes como bases fundamentais para a composição do mesmo. A primeira vertente baseia-se no entendimento geral sobre a arquitetura das escolas municipais de Ipatinga, a segunda consiste na pesquisa bibliográfica em que é possível analisar as diferentes visões técnicas sobre a real necessidade dos projetos arquitetônicos e a terceira vertente fundamenta-se no desenvolvimento de um estudo de caso, a vivência da Escola Municipal Professora Maria da Conceição Pena Rocha, no bairro esperança em Ipatinga, onde é preciso aprofundar o conhecimento sobre a história da escola, o funcionamento atual e as necessidades dos usuários. Foram realizadas diferentes dinâmicas para atingir os usuários e esclarecer as qualidades e possibilidades arquitetônicas que devem ser exploradas na visão de


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cada um dos participantes levando em consideração a importância de criar uma maior integração com a comunidade local. A pesquisa caracteriza-se como exploratória qualitativa. Exploratória, pois que se enquadra no conceito de Gil, (2015, p.41) que diz que “essas pesquisas tem o objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou constituir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições”, ainda segundo Gil, (2015) apesar de flexível o desenvolvimento da pesquisa quase sempre assume a forma de pesquisa bibliográfica e estudo de caso. Também é qualitativa porque depende de uma coleta de informações técnicas e específicas que depois de analisadas servem de material para a produção do texto, este é desenvolvido através de uma interpretação e redução dos dados pesquisados conforme o trecho abaixo, A análise qualitativa depende de muitos fatores, tais como a natureza dos dados coletados, a extensão da mostra, os instrumentos de pesquisa e os pressupostos teóricos que nortearam a investigação. Pode-se, no entanto, definir esse processo como uma sequência de atividades, que envolve a redução dos dados, a categorização desses dados, sua interpretação e a redação do relatório (GIL, 2015, p.133).

9 ESTUDO DE CASO: ESCOLA MUNICIPAL PROFESSORA MARIA DA CONCEIÇÃO PENA ROCHA 9.1 Contextualização A Escola Municipal Professora Maria da Conceição Pena Rocha foi criada pela Lei Nº 230/69, de 21 de agosto de 1969 e localiza-se na Av. Esperança, 240, bairro Esperança (MORAES, J. 2009 p.490) (ver figura 20). O primeiro nome da escola foi E. M. da Avenida Esperança, que contava com 1008 alunos em 29 classes distribuídos em 11 salas de aula. Em 12 de maio de 1971 o nome da escola foi alterado para E. M. Presidente Arthur da Costa e Silva (ROCHA, 2009, p.2) O nome atual da instituição é em homenagem a funcionária Maria da Conceição Pena Rocha que desenvolveu um grande trabalho como professora, vicediretora e diretora, deixando significativa contribuição do período em que fez parte do quadro de funcionários da escola. A funcionária faleceu em 1998, e em 15 de abril de 1999 a escola passou a chamar E.M. Professora Maria da Conceição Pena Rocha, segundo o Projeto de Lei Nº 03/1999 (MORAES, J. 2009 p.490).


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A escola iniciou seu funcionamento oferecendo o ensino fundamental I que seria de 1ª a 4ª série e somente em 1999 foi instaurado um processo solicitando a extensão do ensino fundamental II de 5ª a 8ª série. Em 2007 entrou em vigor o atendimento a modalidade da Educação para Jovens e Adultos – EJA. Figura 20 Fachada da E. M. Profª. Maria da Conceição Pena Rocha

Fonte: Foto da autora

O Esperança, bairro em que a instituição se localiza é considerado pela divisão municipal como regional sete, porém como existem outras escolas dentro da mesma regional, o zoneamento escolar é estabelecido com base no critério de distância, sendo dividida as ruas do bairro, com raio entre 500 a 1000m de distância de cada escola (DOMINGUES, 2015). Na Conceição Pena, como em todas as outras, existe uma listagem das ruas que o estabelecimento deve preferencialmente atender. O espaço físico da Conceição Pena é relativamente pequeno comparado ao espaço disponível na maioria dos equipamentos escolares municipais, os ambientes não possuem muita flexibilidade, o que é um problema, uma vez que a sociedade e as práticas pedagógicas evoluem, e a estrutura escolar deve corresponder a esta evolução. O prédio é precário em alguns pontos, sendo necessário que modificações fossem realizadas ao longo do tempo. Recentemente foram realizadas algumas adaptações na rede elétrica, hidráulica e hidrossanitária sendo as mesmas


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substituídas quase por completo. O telhado foi trocado em alguns pontos e foi realizada uma adaptação local para a implantação de um laboratório de informática, e adaptações de acessibilidade em alguns ambientes para os usuários com mobilidade reduzida. O estabelecimento conta com os seguintes espaços, hall de entrada, direção, vice direção, secretaria, cantina com despensa para os alimentos, biblioteca, sala dos professores, sala de recursos, sala pedagógica, laboratório de informática, refeitório, salas de aula, depósito de materiais e um pequeno pátio, além da quadra e outro pátio que são descobertos. A escola oferece atualmente o Ensino Fundamental completo e funciona nos três períodos sendo que no período matutino e vespertino oferece o ensino regular para crianças e adolescentes entre seis e quatorze anos e no período noturno a Educação para Jovens e Adultos - EJA para adolescentes de no mínimo quinze anos, até pessoas da terceira idade (ver figura 21). Figura 21 Estudantes da EMPMCPR do Ensino Fundamental Regular e da EJA

Fonte: E. M. Profª Maria da Conceição Pena Rocha, (2015)

Além do ensino fundamental existem diversos projetos como o Atendimento Educacional Especializado - AEE, um projeto responsável pelo atendimento individual dos alunos com déficit cognitivo que estão respaldados por laudos médicos, estes alunos são estimulados através de jogos pedagógicos e atividades específicas, de acordo com suas particularidades. Os alunos são atendidos com hora marcada na sala de recursos da escola, curta duração e fora do horário de aula.


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O Aprender Mais, que visa atender os alunos que possuem dificuldades de aprendizagem e baixo rendimento escolar.

O programa é quali-quantitativo e

oferece qualidade em aprendizado para o maior número de educandos possível, as atividades pedagógicas são mescladas à atividades esportivas. As atividades pedagógicas são realizadas dentro do prédio escolar, no laboratório de informática, através do programa de Tecnologia e Informação do Conhecimento -TIC, que trabalha as matérias que os alunos possuem mais dificuldades, principalmente português e matemática. As atividades esportivas são realizadas fora do prédio escolar, no clube Usipa, (ver figura 22) um dos maiores centros de formação desportiva do Brasil. O transporte e a alimentação dos estudantes durante o período do projeto são de responsabilidade da escola.

Figura 22 Oficinas externas do Projeto Aprender Mais

Fonte: E. M. Profª Maria da Conceição Pena Rocha, (2015)

O Mais Educação é outro projeto da EMPMCPR, baseado na escola integral, que pretende preencher o tempo dos alunos, principalmente aqueles que vivenciam algum risco social. O turno é estendido, o que significa que os alunos que estudam no período vespertino participam do projeto de manhã e os que estudam no período matutino participam do projeto à tarde. As atividades consistem em oficinas pedagógicas com aulas e apresentações diversas, além de práticas esportivas e culturais, como aulas de música, danças e natação, entre outras, realizadas externamente geralmente em sítios ou clubes, uma vez que o espaço escolar não possui todos os ambientes necessários para a efetivação do projeto (ver figura 23 e 24). A escola é responsável pelo transporte e a alimentação dos estudantes.


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Figura 23 Oficina interna sobre o circo, do Projeto Mais Educação

Fonte: E. M. Profª Maria da Conceição Pena Rocha, (2015)

Figura 24 Oficina interna sobre a copa do mundo, do Projeto Mais Educação

Fonte: E. M. Profª Maria da Conceição Pena Rocha, (2015)

A demanda do zoneamento pré-estabelecido para a escola aumentou consideravelmente e como a estrutura é muito antiga e não foi projetada para um possível crescimento vertical surgiu à necessidade de modificações. Inicialmente a prefeitura aprovou um projeto prevendo a reconstrução total da escola, porém atualmente os planos sofreram modificações. Após uma avaliação técnica da estrutura existente concluiu-se que não seria necessário a demolição total do espaço sendo parte da estrutura atual aproveitada, assim a EMPMCPR será reformada e não reconstruída, com previsão de início das obras no ano vigente e término no início de 2016 com proposições de que em fevereiro deste mesmo ano prédio esteja pronto para atender novamente a comunidade local (SOARES, 2015).


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9.2 Entorno O estabelecimento de ensino está localizado no Esperança, (ver figura 25) distante aproximadamente 7,3km do centro da cidade de Ipatinga com uma atividade comercial intensa forte, possuindo supermercados, farmácias, lojas, restaurantes além de equipamentos públicos próprios, como posto de saúde, escolas, posto policial, entre outros. A Avenida Esperança em que a escola está localizada é a mais movimentada comercialmente do bairro e o leque de possibilidades que o comércio local disponibiliza possibilita aos moradores a não necessidade de se ausentarem do bairro. Mas caso seja necessário existem linhas municipais de transporte coletivo que atravessam o bairro interligando-o com os demais além de linhas intermunicipais.

Figura 25 Planta de situação da EMPMCPR e fotos da Av. Esperança

N

Fonte: Fotos da autora


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As residências possuem predominantemente dois pavimentos mais o terraço. A população local na sua maioria pertence à classe média e baixa, com famílias extremamente carentes em recursos, como podemos conferir no trecho do Projeto Político Pedagógico da escola, “A maioria dos nossos alunos pertencem à classe menos favorecida da sociedade, por isso possui pouco acesso às atividades esportivas, artísticas, culturais e de lazer” (ROCHA, 2009, p.4) O bairro é precário em áreas de lazer públicas, praticamente não existem praças, quadras ou parquinhos que são locais de extrema importância para a interação social e para a realização de práticas esportivas e culturais. O Esperança possui um alto índice de criminalidade e uma grande parte das construções são cercadas por enormes muros e portões. A iluminação pública é falha em alguns pontos o que torna o ambiente propício à marginalidade gerando dificuldade de movimentação para a população e um grande problema para os estudantes do período noturno que muitas vezes se ausentam das atividades escolares por insegurança no trajeto casa-escola e vice-versa. 9.3 Fluxo de pessoas e materiais A escola possui fachada para duas vias do bairro Esperança, a Rua Cravina e a Avenida Esperança (ver figura 26). Figura 26 Fluxo de pessoas e materiais na escola Conceição Pena Rocha

Fonte: Foto da autora


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A Avenida Esperança é uma via de mão única com apenas um sentido; comporta um fluxo intenso de pessoas e veículos e ainda possui estacionamento nos dois lados, o que a torna visivelmente estreita. A inexistência de ciclovias ao longo do bairro intensifica a passagem de pedestres e ciclistas pela via, que também possui um fluxo frequente de veículos, inclusive veículos pesados, como ônibus e caminhões, que acoplado a forte atividade comercial, faz com que avenida seja um dos pontos mais movimentados do bairro. A Rua Cravina é predominantemente residencial, o fluxo de veículos é baixo e os moradores locais são praticamente os únicos a transitar pela mesma, a via é de mão dupla com dois sentidos e possui estacionamento nos dois lados, porém devido à pouca movimentação possui largura adequada. O fluxo principal de entrada e saída da escola tanto de estudantes quanto de alimentos do estoque da cozinha é feito pela Avenida Esperança o que provoca congestionamento nos horários de pico - início e término das aulas- principalmente nos períodos matutino e vespertino uma vez que os alunos ocupam toda a rua, impedindo o tráfego de veículos e gerando risco de acidentes. No período noturno o fluxo de veículos e pessoas na avenida é pequeno pois o horário comercial acaba antes do início da aula, o que minimiza a intensidade do trânsito neste horário. Próximo ao portão principal da escola existe um ponto ônibus com circulação de linhas de transporte coletivo municipais e intermunicipais que promovem o transporte da população local, mas em contrapartida impossibilita ao transporte escolar particular o acesso à entrada principal. O acesso secundário é feito pelo portão da Rua Cravina é utilizado somente para carga e descarga de materiais em geral, produtos de limpeza, materiais de construção, mobiliário e sobretudo para a sucata pois o local de armazenamento dos mesmos é próximo.

9.4 Setorização O hall de entrada da escola é voltado para a Av. Esperança e direciona o principal fluxo da escola. Alunos, pais, funcionários, fornecedores e materiais passam em frente a secretaria facilitando o atendimento e o controle da entrada e saída pelo portão. Existe um acesso direto a cozinha para entrega de alimentos e retirada do lixo quando necessário.


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Figura 27 Setorização da escola Conceição Pena Rocha

Fonte: Foto da autora

A cozinha é considerada um local abafado e pequeno e os alimentos e vasilhames são estocados na despensa dentro da mesma. Ela necessita de um layout específico que priorize a praticidade e a rapidez no serviço além de mobiliários e bancadas preparadas para receber vasilhas grandes. O balcão onde a merenda é servida está voltado para um pátio aberto interno onde os estudantes são organizados em fila para receber os alimentos. Existe um acesso privativo para funcionários que permite passagem para o hall de entrada porém é necessário passar pelo depósito onde fica o botijão de gás e o lixo gerado pela preparação dos alimentos da merenda.


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A sala de coordenação é utilizada pelos professores para a preparação das aulas e possui computadores, espaços para armários e uma mesa média para a montagem das atividades. A secretaria é próxima ao portão de entrada e permite a prestação dos serviços solicitados pela comunidade escolar sem que seja preciso adentrar no ambiente escolar. O volume de serviço desenvolvido na secretaria exige que a mesma seja espaçosa, com abundância de armários para arquivamento dos documentos, mesas para o manuseio da papelada e para computadores. Nas salas da direção e vice direção são resolvidos os problemas disciplinares dos alunos e os pais são recebidos para reuniões particulares, são feitas reuniões da equipe diretiva e o atendimento aos fornecedores. Dentro da sala da vice direção existe um depósito que funciona como um almoxarifado e armazena os materiais de limpeza, de higiene pessoal e as caixas de papel do administrativo, nos armários fora do almoxarifado ainda ficam documentos, eletroeletrônicos como notebooks e Datashow, e os materiais pedagógicos, como lápis de cor, colas, tesouras, tintas e outros. A central de vídeo das câmaras de segurança também está instalada na vice direção. A sala de recursos faz o atendimento pedagógico individualizado dos estudantes do projeto AEE e é o local em que ficam armazenados uma variedade de jogos pedagógicos. Possui o essencial, armários, um computador e uma mesa média. Na sala dos professores existe uma grande mesa central e dois sofás para receber os funcionários em horários de intervalos. Como têm servidores que trabalham o dia inteiro na escola e não é permitido o uso da cozinha, nesta sala existe uma geladeira, uma bancada com pia, armário com eletrodomésticos básicos, e um micro-ondas para facilitar o preparo dos alimentos tanto na hora do almoço, quanto nos lanches. O banheiro interno dos funcionários pode ser acessado apenas pela sala dos professores e não tem distinção entre feminino e masculino, possui chuveiro e é possível tomar banho. A biblioteca possui um armário aberto em uma das paredes do teto ao chão para o armazenamento dos livros, um computador para manter o controle sobre os empréstimos e devoluções e mesas e cadeiras que possibilitam um local adequado para a leitura. A biblioteca também funciona como sala de vídeo com uma televisão


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no fundo do recinto onde as crianças se acomodam no chão para assistir o que será apresentado. As salas de aula somam nove no total com capacidade de 25 alunos por turma, existem armários que atendem aos professores e os alunos não têm local adequado para guardar seus pertences, as mesas e cadeiras disponíveis são iguais pra todas as salas e desconsideram as particularidades dos discentes. As salas que se localizam em frente a quadra abrigam os estudantes mais velhos e as de frente para o pátio descoberto ‘infantil’ abrigam as crianças mais novas. Em consequência à tipologia adotada a escola possui dois pátios, o que facilita o controle dos alunos durante o intervalo do recreio. Os mais velhos ficam no pátio coberto que possui jogos como totó e mesa pebolim além da própria quadra enquanto os mais novos ficam no pátio descoberto que também tem jogos e um espaço muito grande para atividades recreativas. O pátio coberto também é utilizado para a realização de todos os eventos da escola como as apresentações dos alunos, festas, feiras e reuniões. Algumas das paredes deste pátio são azulejadas e aproveitadas para a composição de murais de divulgação dos acontecimentos da escola, os murais são confeccionados com a colaboração dos alunos e professores utilizando pinturas e colagens de papeis coloridos (ver figura 28).

Figura 28 Murais montados nas paredes de azulejo do pátio coberto

Fonte: E. M. Profª Maria da Conceição Pena Rocha, (2015)

Os banheiros dos alunos são divididos em masculino e feminino e estão localizados em dois pontos centrais dos blocos que consistem as salas de aula. Em cada banheiro, um dos box é maior, com barras de apoio adaptado para pessoas com mobilidade reduzida e em geral a circulação é larga pra facilitar a passagem.


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O laboratório de informática é comprido e tem capacidade para receber uma turma completa, geralmente é utilizado para realizar o TIC, a vertente pedagógica do projeto Aprender Mais disponibilizado pela escola, existe um banheiro dentro do laboratório que é utilizado pelos funcionários que trabalham no local. A Sala de Oficinas do Mais Educação não é muito grande mas atende ao que é proposto, é utilizada para realizar o desenvolvimento de atividades pedagógicas do projeto, as vezes as atividades são realizadas ao ar livre no pátio em frente a sala. As salas de depósito armazenam objetos maiores como as mesas e cadeiras de plástico que a escola adquiriu para auxiliar nos eventos, escadas, ferramentas e objetos que estão inutilizados e precisam ser encaminhados para a sucata.

9.5 Condicionantes ambientais Levando em consideração o clima quente da cidade de Ipatinga e que a escola está inserida em uma região que inexiste edificações vizinhas altas que minimizem o sol incidente, o prédio atual da EMPMCPR sofre com diversos problemas relacionados ao conforto ambiental. Os espaços de permanência prolongada recebem incidência direta de luz solar nos período de maior intensidade sem a proteção de brises que minimizem os efeitos nocivos. Os ambientes mais prejudicados com a atual implantação são a cozinha, a secretaria, a direção, a coordenação e a sala de recursos que recebem o sol da tarde e possuem aberturas direcionadas para o mesmo sem nenhum tipo de proteção. Toda a escola sofre com o calor intenso, o edifício é uma construção antiga e na cobertura foram utilizados materiais que absorvem calor e o transferem para o ambiente interno. Recentemente foram realizadas intervenções na cobertura de forma a minimizar parte do calor interno mas continua sendo necessário o uso do ar condicionado e ventilador em todos os ambientes. As aberturas são insuficientes e o calor dificulta andamento do trabalho dos funcionários e o aprendizado dos alunos. O desconforto térmico é o principal motivo de reclamações dos usuários em geral e o uso de mecanismos elétricos para diminuí-lo onera o gasto financeiro com energia elétrica num momento de escassez hídrica em que a tributação sobre o consumo desta encontra-se mais alto. No pátio coberto e no refeitório da escola a cobertura original de telha Calhetão foi preservada, esse material é antigo e aquece rápido além de armazenar


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calor por muito tempo. Nos dias de maiores temperaturas a intensidade da sensação térmica sob a cobertura é alta e dificulta a realização de qualquer atividade das crianças no espaço até mesmo a permanência curta do intervalo do recreio. Outro espaço que necessita de proteção contra o sol é a quadra esportiva que é descoberta e usada para a prática de Educação Física. A iluminação natural não é satisfatória, nem nas salas de aula, nem nos outros

ambientes,

sendo

necessária

a

utilização

de

iluminação

artificial

complementar durante o dia. A iluminação artificial foi dimensionada para o período noturno em que é oferecido o EJA frequentado em sua grande maioria por alunos da terceira idade. O terreno da instituição está localizado em frente a uma das avenidas mais movimentadas do bairro que inevitavelmente gera intenso ruído proveniente do transito de veículos e de pessoas. O ruído externo somado ao ruído interno das salas de aula junto com o inadequado isolamento acústico resulta em mais um empecilho ao processo ensino aprendizagem.

9.6 Situação Atual da Escola Atualmente o prédio original da escola está desativado e a mesma funciona provisoriamente em outra escola da rede, a Escola Municipal Henrique de Freitas Badaró - EMHFB. Os alunos do Ensino Fundamental I e do 1º ao 5º ano foram transferidos para outras escolas tanto municipais quanto estaduais de acordo com a distância da residência do aluno a instituição de ensino. Dos alunos do Ensino Fundamental II apenas os do 9º ano foram transferidos, os alunos do 6º ao 8º ano pertencem à escola EMPMCPR e usam quatro salas cedidas pela EMHFB. No turno matutino funcionam as turmas de 6º ano e no vespertino as turmas de 7º e 8º ano. O espaço físico da EMHFB abriga as duas instituições que são independentes administrativamente. Grande parte dos funcionários permanece no quadro de pessoal da EMPMCPR e a outra parte foi redistribuída entre as escolas que receberam os alunos transferidos na tentativa de suprir a carência das mesmas. O projeto de reconstrução e reforma da EMPMCPR está em processo de licitação para a demolição de parte da estrutura física. A previsão é de que a escola esteja pronta para receber seus alunos novamente no primeiro semestre de 2016.


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9.7 Dinâmicas realizadas com Usuários do espaço escolar Pensando que a arquitetura escolar deve prever desde a concepção do projeto como peça principal as pessoas que irão compor o espaço, foram realizadas algumas dinâmicas com os funcionários e os alunos da EMPMCPR com o intuito de compreender os diferentes pontos de vista e de necessidades de cada um de acordo com a idade e as atividades desempenhadas. As dinâmicas se dividiram em dois momentos, no primeiro foi realizada uma pesquisa com os alunos e professores para a composição de um seminário a ser apresentado na Semana Integrada do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais - UNILESTE MG. Posteriormente a visão dos demais funcionários foi avaliada através da distribuição de questionários e analise dos mesmos.

9.7.1 Seminário O seminário foi apresentado pela autora desta pesquisa no dia 17 de abril de 2015, na Semana Integrada do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais - UNILESTE MG (ver figura 29). Figura 29 Abertura do seminário de arquitetura escolar

Fonte: Foto da autora


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A apresentação iniciou-se com uma explicação rápida do tema geral analisado neste trabalho, das particularidades da EMPMCPR e da justificativa da escolha do tema, posteriormente foi apresentado um pequeno documentário da doutora Doris C.C.K. Kowaltowski especialista em arquitetura escolar pública onde a mesma pontuou diversas questões importantes que devem ser observadas em projetos escolares. No encerramento foi apresentado um pequeno vídeo resultante do compilamento das informações obtidas nas dinâmicas rápidas realizadas com alguns dos usuários da EMPMCPR, alvo do estudo de caso (ver figura 30).

Figura 30 Apresentação do vídeo feito pela autora

Fonte: Foto da autora

A dinâmica foi realizada em todas as turmas do período diurno da EMPMCPR e em duas do Badaró, com crianças do 1º e do 3º ano, visto que a Conceição Pena não tem alunos nesta idade no momento, mas a visão deles é importante porque após a reforma esta faixa etária será atendida novamente. A turma de 1º ano compreende alunos de seis e sete anos disciplinados e atenciosos que foram capazes de realizar a atividade proposta com exatidão. O exercício foi à realização de um desenho que contemplasse dentro do espaço físico


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escolar qual local representava maior importância para cada um. Os desenhos foram praticamente unânimes sendo o parquinho e a quadra respectivamente os mais importantes, todavia um terceiro local inesperado parece apresentar relevante importância para os alunos, o jardim (ver figura 31).

Figura 31 Desenhos dos estudantes do 1° ano

Fonte: Fotos da autora

A turma de 3º ano com alunos entre oito e nove anos é bastante agitada e tiveram certa dificuldade em entender a atividade proposta. O exercício desta turma foi diferente e consistiu na realização de um desenho baseado na observação do que seria interessante existir no ambiente escolar e que não existia no prédio atual. As respostas foram diversas e a introdução da escrita como complemento da ilustração é muito frequente. Os desenhos mais recorrentes representavam piscinas, lanchonetes, salas de jogos e de cinema. Alguns alunos também abordaram questões relativas a melhorias na estrutura existente da escola como um parquinho maior e um jardim mais florido, outros fizeram representações que compreendem muito mais o campo da imaginação como uma montanha russa, um circo e até mesmo um castelo (ver figura 32).


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Figura 32 Desenhos dos estudantes do 3° ano

Fonte: Fotos da autora

Nas turmas da EMPMCPR dos 6º aos 8º anos o desenvolvimento da atividade foi complicado devido à dificuldade de despertar o interesse e a atenção dos alunos considerando que as idades compreendem o período da adolescência. Diante desta particularidade a dinâmica foi feita utilizando a escrita como única forma de representação e esta é menos expressiva do que o desenho. Nestas turmas apesar da maior dificuldade o nível de discernimento é maior para expressar opiniões próprias sobre assuntos importantes como a acessibilidade e o conforto ambiental. A atividade concentrou-se na reconstrução da escola por completo uma vez que na data da pesquisa esta seria a solução adotada pela prefeitura. Como a maioria dos alunos havia estudado por muito tempo nas dependências da Conceição Pena eles conheciam a estrutura da mesma e tinham ciência de suas carências de maneira que a atividade trabalhada relacionou-se ao que gostariam que não carecesse no novo projeto da escola. Os meninos deram prioridade a cobertura da quadra mas no geral os estudantes demonstraram-se preocupados com a acessibilidade que foi retratada com a expressão da necessidade da inserção de rampas de acesso entre os


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diversos ambientes escolares e de um elevador em caso de verticalização, outros alunos deram importância a proximidade dos espaços verdes como jardins e parquinho para as crianças. Com relação às salas de aula a reclamação principal envolveu questões de conforto ambiental e os pedidos contemplaram ar condicionados, ventiladores, toldos e até vidro fumê como medidas compensatórias para remediar o alto nível de calor. As demais reclamações pertinentes às salas de aula foram a respeito do mobiliário, os estudantes demonstraram cobiçar armários para guardar os materiais escolares além de cadeiras e mesas novas. As questões pedagógicas foram abordadas na descrição dos alunos quando os mesmos levantaram a necessidade de laboratórios de ciências e de informática apesar deste último constar na antiga escola, a possibilidade do uso de tabletes como fonte fundamental para a realização das atividades diárias também foi questionada. A pesquisa contemplou a visão da classe dos professores baseada em uma conversa geral com a maioria que associou diretamente a aprendizagem dos alunos à estrutura física do ambiente escolar alegando que no caso da EMPMCPR um dos fatores que mais inibiam o bom andamento das aulas eram as questões associadas ao conforto ambiental. Também foi feita uma entrevista específica com dois professores, o de História, Varlei Silvio de Castro para avaliar a situação das salas de aula e a de Educação Física, Pollyana Aparecida para avaliar se os espaços destinados à prática de esportes eram satisfatórios e o que ambos achavam importante no espaço escolar. Ao professor Varlei Silvio de Castro foi questionado se a qualidade espacial do ambiente pode influenciar no processo de aprendizagem dos alunos e se o conforto ambiental e o posicionamento das aberturas são prejudiciais ao rendimento escolar. De acordo com o mesmo a resposta é afirmativa, pois a sala de aula deve ser um lugar confortável, com um espaço adequado ao número de estudantes atendidos, capaz de possibilitar o manuseio apropriado do material didático utilizado nas aulas e de respeitar o espaço físico necessário para cada atividade. O conforto ambiental e o posicionamento das aberturas também são muito importantes segundo ele, visto que temperaturas elevadas, má iluminação e aberturas voltadas para atividades externas desviam o foco dos alunos das aulas para fatores alheios a mesma, reduzindo o rendimento escolar dos discentes. A diminuição da


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concentração e da atenção ao que é proposto durante a aula interfere diretamente no processo de ensino-aprendizagem. Finalizando a entrevista foi questionando ao professor que espaços físicos não poderiam faltar no ambiente escolar e a resposta relatava a necessidade de uma área de lazer incluindo uma quadra coberta e mesas para jogos, de jardins, de um pátio coberto para a realização de atividades externas além de bebedouros e sanitários suficientes para a demanda atendida na escola. A entrevistada Pollyana Aparecida foi questionado se os espaços destinados a prática de esportes na EMPMCPR eram satisfatórios. A professora relatou que devido a vários motivos a resposta era negativa. O primeiro e principal seria o fato da quadra não ser coberta dificultando a execução do planejamento das aulas devido à instabilidade climática, o que acabava por demandar uma segunda opção de atividade a ser realizada. Outro ponto negativo seria o fato de que as laterais da quadra não possuírem proteção telada favorecendo a perda de materiais que frequentemente caiam em casas vizinhas e não eram recuperados. Por último, segundo a professora Pollyana, a quadra seria pequena e o piso estaria em um estado de conservação ruim, aumentando o índice de acidentes no local. Diante da realidade em que vivemos, os jovens e adolescentes são influenciados negativamente a todo o momento e o tempo ocioso só piora esse quadro. Abordando essa temática foi questionado se a prática de atividades esportivas e culturais em horários extraescolares seria uma influência negativa ou positiva para os alunos. A resposta abordou o fato de que uma atividade bem planejada que associasse esporte e cultura seria potente fonte de socialização, influenciando positivamente jovens e adolescentes a permanecerem dentro da escola mesmo fora do horário regular de aula. O vídeo apresentado no encerramento da palestra ministrada na Semana Integrada do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais - UNILESTE MG – sintetizou todas as informações sobre os espaços e características que seriam importantes e essenciais existirem no novo projeto da EMPMCPR segundo a visão dos professores e alunos, também foi contextualizada a situação atual da escola e o público atendido nos três períodos do ensino fundamental. O material coletado durante toda a pesquisa foi disponibilizado ao final do seminário para os convidados que se interessassem em obter maiores informações.


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9.7.2 Questionário Inicialmente foi distribuído entre funcionários de setores distintos da escola um questionário (ver apêndice A) com o objetivo de dimensionar as necessidades setoriais e as preferências pessoais, porém esta dinâmica não obteve os resultados esperados, pois apenas uma pequena parcela dos funcionários aderiu à iniciativa e devolveu o questionário preenchido corretamente. O questionário era composto por seis questões, pessoais e relacionados ao ambiente de serviço de cada setor (ver apêndice A). As perguntas eram independentes umas das outras com o intuito de gerar respostas distintas, porém os participantes tiveram outro entendimento durante o preenchimento e muitas respostas conectaram-se como se uma dependesse da outra acrescentando uma nova perspectiva interessante a ser avaliada. A primeira pergunta era pessoal e questionava qual espaço físico escolar era o preferido e o porquê. As respostas foram muitas influenciadas pelo setor em que o funcionário trabalhava, porém algumas surpreenderam como a da diretora Ana Maria que respondeu o pátio como seu local preferido porque proporcionava uma maior possibilidade de interação entre ela e os alunos, já a cantineira Maria das Dores afirmou que era a biblioteca porque a leitura lhe proporcionava imaginar e ‘viajar’ por lugares distantes e desconhecidos. O coordenador Rildo Silvestre afirmou que era o laboratório de informática porque o espaço atendia de forma satisfatória as necessidades dos alunos. Da segunda a quarta perguntas as questões relacionaram-se a qualidade espacial, a capacidade do ambiente de interagir ou não com as pessoas, a presença ou não de conforto ambiental e em caso negativo o que poderia ser mudado para garantir o mesmo e a sua influência no andamento das atividades desempenhadas no local. A quinta pergunta abordava a opinião pessoal sobre as práticas de atividades extraescolares como estimulo para a aproximação da escola com a comunidade local e quais as sugestões para que esta integração ocorresse. A última questão era, na verdade, um espaço aberto para que os participantes pudessem fazer as considerações que achassem necessárias sobre seu ambiente de trabalho.


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10 PROPOSTA PARA O TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO DOIS O Trabalho de Conclusão de Curso Dois será efetivado a partir da pesquisa realizada no presente estudo de caso. O desenvolvimento de um novo projeto arquitetônico para a EMPMCPR, diferente da proposta atual de reforma da Prefeitura Municipal de Ipatinga e que contemple os anseios da comunidade escolar é a finalidade do TCC 2 além de um grande desafio para um futuro profissional de arquitetura. O prévio entendimento sobre as particularidades dos ambientes escolares, os requisitos específicos a serem considerados na composição dos projetos arquitetônicos e a importância da integração da comunidade com a escola foram os fatores pesquisados e analisados através de pesquisa bibliográfica e de campo, recursos essenciais para a construção de conhecimento, de conceitos pessoais e aprimoramento profissional. O estudo de caso na EMPMCPR permitiu uma maior proximidade com a realidade da escola e suas particularidades. Muitas características foram avaliadas: a estrutura da construção, a pedagogia adotada, o público atendido, os projetos desenvolvidos, a dinâmica do entorno e principalmente as qualidades e carências do edifício considerando os requisitos básicos a serem considerados na arquitetura de uma escola. O conceito do projeto terá como foco principal o fortalecimento dos laços da escola com a comunidade visto que atualmente este é um recurso pouco empregado na cidade de Ipatinga. A possibilidade dessa integração será explorada principalmente com espaços que possam ser utilizados em horários extraescolares pela comunidade para a realização de práticas esportivas e culturais. O projeto será pensado de forma a contemplar o conceito, considerando as diferentes formas de integração, seja visual, física ou auditiva através de algumas premissas iniciais:  A quadra e o parquinho serão implantados de forma que possam se abrir para a comunidade em horários extraescolares, funcionando como uma área de lazer.  O muro da escola deve ser pensado como uma membrana que permita apenas uma integração visual com o meio externo sem possibilidade


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de contado físico, de forma a preservar a segurança dos indivíduos dentro da escola.  Aproveitando a era atual da tecnologia será pensado em um telão que permita a comunidade acompanhar as atividades internas da escola, que também possa servir como um grande ‘cinema’ em ocasiões especiais para os alunos e ainda como marketing pessoal para Prefeitura de Ipatinga divulgar propagandas.  A biblioteca poderia ter um acesso direto para a comunidade, de forma a facilitar a leitura e o promover à cultura. Este conceito tem como objetivo perpetuar o sentimento de pertencimento da comunidade escolar como o bem público e assim incentivar o zelo e o cuidado de forma que a escola carregue um pouco da identidade local diferenciando-se das demais. A ideia é também instituir um prédio que possibilite a implantação futura de projetos maiores como o Programa Escola Aberta. A demanda de alunos que a EMPMCPR atendia aumentou acarretando a necessidade de modificações na estrutura física da escola e como as dimensões do terreno existente não permitem a expansão horizontal, a intenção é de que o novo projeto seja verticalizado para ter capacidade de contemplar todo o programa de necessidades da escola sem ultrapassar três pavimentos, limite máximo para construções escolares segundo o Código de Obras de Ipatinga. Porém mesmo com a verticalização, a área é muito pequena para comportar todos os ambientes necessários, desta forma a possibilidade de expansão do terreno será avaliada. O projeto da escola será pensado com abordagens diferentes de apropriação dos ambientes, mas a partir de um programa principal estabelecido com planejamento inicial de área mínima dos espaços. Dimensionamento realizado após o estudo das normas que regem os estabelecimentos escolares e a análise da área e o funcionamento dos ambientes atuais da EMPMCPR. 

Área administrativa: com secretária 25m², direção 12m², vice direção 15m², coordenação 25m², sala dos professores 30m², almoxarifado 6m² e sanitários para os funcionários 8m².


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Área de serviços: com cozinha 38m², dispensa com 10m² para o armazenamento de alimentos e vasilhames e depósitos de lixo, gás e limpeza com 3m² cada e uma área de serviços com 10m².

Área pedagógica: com 12 salas de aula para uma média de 35 alunos com 55m² cada, sala de recurso para os atendimentos do AEE com 12m², sala do Mais Educação com 40m², sanitários femininos e masculinos com 50m² cada, biblioteca 60m² e laboratórios de informática e ciências com 50m² cada.

Áreas de lazer: com pátios cobertos e descobertos com aproximadamente 300m² cada, refeitórios 100m², jardins, horta, parquinho 50m², quadra poliesportiva coberta 800m² e espaços propícios para aulas externas 30m².

A EMPMCPR terá uma área construída de aproximadamente 2740m² sem considerar a área de circulação e com a disposição de 12 salas de aula que atenderá aproximadamente 420 alunos por turno. Além do programa básico serão analisadas as possibilidades do espaço possuir um auditório, uma sala de jogos e uma piscina, para auxiliar principalmente no projeto de educação integral que a escola disponibiliza aos alunos. Os espaços serão desenvolvidos com enfoque no usuário e suas necessidades

e

realizações,

respeitando

toda

a

legislação

vigente,

mas

proporcionando aos mesmos todo conforto e comodidade durante as atividades desempenhadas, contribuindo positivamente para o bom funcionamento de cada setor. O projeto do prédio contará com artifícios que colaborem para a sustentabilidade e a acessibilidade de forma a proporcionar ao maior número de usuários o aproveitamento de todos os ambientes de maneira autônoma e segura.

11 CONCLUSÃO Mediante as informações colhidas na comunidade escolar da EMPMCPR e das escolas municipais de Ipatinga somados a ampla pesquisa bibliográfica realizada demonstrou-se que a arquitetura escolar influencia diretamente no processo de ensino aprendizagem incentivando positivamente o desenvolvimento de indivíduos em cidadãos mais conscientes da realidade em que vivem. A composição adequada dos projetos arquitetônicos é fundamental no processo de ensino aprendizagem e leva em considerando a evolução da


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humanidade e das práticas pedagógicas refletindo as necessidades de cada período histórico. Segundo Frago (2001, apud BANDEIRA; LUCENA, 2015) a arquitetura Influencia a sociedade, favorecendo o seu desenvolvimento. Quando analisada na perspectiva da educação, expressa políticas pedagógicas, ressalta o momento histórico no qual se insere e revela o currículo. Logo, a organização espacial da escola se relaciona à evolução da arquitetura escolar”

Foram analisados os parâmetros necessários para assegurar o bom desenvolvimento dos alunos e funcionários no recinto escolar, sendo o conforto ambiental e a acessibilidade talvez os quesitos mais importantes, pois a escola deve estar preparada para receber todas as pessoas com ambientes agradáveis e que favoreçam as atividades desempenhadas. O relacionamento escola-comunidade é essencial para criar um vínculo positivo com a população local que ao se sentir mais próxima do bem público, desenvolve uma identidade com o edifício e assim um sentimento de pertencimento e cuidado com o mesmo. O projeto escolar pode contribuir para estimular esta relação com espaços flexíveis preparados para atividades que possam ser realizadas fora do período letivo e que incentivem o esporte, a cultura e a educação evitando o tempo ocioso dos jovens e adultos que muitas vezes é aproveitado negativamente. No caso das escolas municipais de Ipatinga o desconforto ambiental é um dos principais problemas enfrentados pelos usuários sendo resultado de implantações inadequadas que não realizaram o aproveitamento acertado do terreno e das características locais, repetindo as mesmas tipologias básicas dispostas. Com essa configuração poucas alterações são realizadas fazendo com que as escolas sejam ‘iguais’ e percam a identidade, sem que a população possa referenciar a escola como ‘sua’, como ‘única’. Diante das pesquisas realizadas na Escola Municipal Professora Maria da Conceição Pena Rocha conclui-se que a mesma apresentava problemas relacionados ao conforto ambiental acarretando perda do rendimento das atividades educativas realizadas. A acessibilidade não funciona de acordo com as normas da ABNT, porém foram realizadas adaptações recentes que permitem o acesso de pessoas com mobilidade reduzida. Os espaços verdes eram quase inexistentes e


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durante as dinâmicas realizadas comprovou-se serem importantes tanto para os estudantes quanto para os funcionários. O Conceição Pena Rocha é um projeto antigo, mas foi pouco explorado arquitetonicamente principalmente pensando no usuário como a principal peça que compõe o espaço. A estrutura física existente não colabora para estimular a integração da comunidade local com o prédio da escola e o mesmo não é aproveitado pela comunidade para eventos não escolares. A arquitetura influencia o meio e é influenciada por ele, é uma troca recíproca onde cultura, filosofia, tecnologia, religião, pensamentos pedagógicos, tudo que circunda a humanidade se reflete na forma como o homem constrói fisicamente o mundo que o rodeia. As ações ocorridas no espaço, à capacidade de integração das pessoas, as sensações vividas, os sentidos despertados, tudo pode ser explorado na composição do espaço através da arquitetura e estimular ações distintas e positivas e no caso da arquitetura escolar colaborar para o pleno desenvolvimento de crianças em cidadãos conscientes, de forma que a própria construção possa ‘ensinar’.


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APÊNDICE A


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