Nยบ 1 BRASร LIA | DEZ 2013
Pagu
CARTA DO EDITOR
Equilíbrio e Leveza
A
ntes mesmo de ser PAGU, esta revista nasceu de pura inspiração. Veio primeiro em epifania de pessoas que, de maneiras diferentes, queriam a mesma coisa. Depois no desenvolvimento dessas tantas ideias. Seria feita para degustação; com direito a entrada, prato principal e sobremesa. Traria inovação, mas não como as notícias que vemos ficarem velhas apenas uma hora depois de publicadas. E sim inovação de pensamento, mesmo nas coisas do dia-a-dia. Novos pontos de vista, novas maneiras de pensar e conhecer o mundo ao nosso redor. Assim ela foi crescendo, com CATARSE, para liberar os nossos pensamentos e emoções, FUBÁ, para alimentar e dar sustância à mente, PILOTIS, com o seu espaço para a criatividade e criação, DISRITMIA, fugindo do óbvio, MENINA DOS OLHOS, com o nosso apreço pelo olhar especial e cuidadoso por trás de uma câmera, DISFARCE, trazendo a visão do poeta que muitas vezes só se deixa conhecer por entre suas palavras e ANTÍPODA, conectando pontos geográficos a pontos literários. Foi nomeada PAGU, então, para sintetizar todos esses pensamentos e ilustrar a pluralidade de conceitos e sentimentos trazidos aqui em cada edição. Conhecida por sua personalidade forte, Pagu foi escritora, poetisa, diretora de teatro, tradutora, desenhista e jornalista. Levava uma vida à frente de seu tempo e por vezes chocava os mais conservadores, principalmente quando se tratava de arte, literatura e política. Assim, PAGU se formou como referência e inspiração para aqueles que buscam o atual e o atemporal em uma publicação. Pode ser colecionada e guardada entre os livros mais queridos e os bons e velhos álbuns de fotografia. Com colaboradores que compartilharam de nossas ideias, agregamos a todos esses conceitos trabalhos impecáveis e de conteúdo relevante. PAGU traz o equilíbrio e a sobriedade entre todas essas vertentes, além de leveza em suas ilustrações, fotografias, cores e palavras.
PAGU 1
CONTEÚDO
4
Colaboradores Quem fez a Pagu número 1 acontecer
Catarse Literatura: O quê? Por quê?
5
escrita - nem tão amadora assim
Pilotis Epifania de concha
6
8 PAGU 2
Muito mais que uma dose de ar nos pulmões: a crônica inspiradora da Mari Lozzi
Disritmia Cobogós inspiram Elemento arquitetônico tranformado em arte por pernanbucanos:
Menina dos olhos Fragmentos do espelho
11 Antípoda Buda, Peste e a única língua que o diabo respeita
16
com os olhos do Chico
Breno Damascena Maria Paula Abreu Tássia Saraiva Thaísa Oliveira
Breno Damascena Maria Paula Abreu Tássia Saraiva Thaísa Oliveira
Maria Paula Abreu
Breno Damascena Maria Paula Abreu Tássia Saraiva Thaísa Oliveira
Suzana Guedes Brenda Sperandio Maísa Dias
Fubá Conhecimento dividido sem cobrar ingresso
18
O acervo de grandes museus disponibilizados na internet
Disfarce Algoritmo
20
As peculiaridades da capital aos sentidos de uma imigrante
COLABORADORES
ANA CAROLINA BONETTI Doce como as laranjas de sua terra natal, Carol estuda Direito e escreve com a mesma empolgação com que revê seus gatos. Basta um lápis e uma rima para tudo virar verso.
GUGA DÓREA
BRENDA SPERANDIO Brenda transformou em cores e traços nossa querida Pagu. Uma artista escondida no curso de Química, divulga seus trabalhos em sua página pessoal do facebook.
JOSIAS TEÓFILO
Flamenguita roxo e aspirante a publicitário, Guga é brasiliense e ligado no 220v. Com maestria, transformou nossos coloaboradores nas caricaturas desta página.
Recifense que transita por terras candangas e paulistas, Josias é jornalista, escritor e fotógrago. Acaba de lançar seu livro “O Cinema Sonhado” sobre a saga poética de seu avô.
MAÍSA DIAS
MARIANA LOZZI
Forte como suas ilustrações, Maísa descobriu na Arquitetura o talento e a paciência para criar padrões gráficos. Comunicativa, ela os desenha com a mesma facilidade com que faz amigos.
Detentora de um senso de humor inconfudível, Mari escreve textos irreverentes que se degustam na intimidade, entre amigos, em qualquer hora ou lugar. É a autora da crônica desta edição.
PAGU 4
CATARSE
Literatura: O quê? Por quê? (palpites de uma amadora)
P
ediram-me para que escrevesse um artigo. Em vista à magnificência da revista na qual ele seria publicado, já sabia que elaborá-lo seria tão tentador quanto desafiador. Escrever sobre o quê? É tanto a se falar que sempre restam dúvidas acerca do melhor a compartilhar, questionar ou ratificar. Porém, por mais que sejam demasiadas as inquietações que levam meus dedos ao papel, nestes tempos, é a própria literatura que mais tem me instigado. Vou, pois, direcionar-me a ela. Mas, a ela, o quê? Do que se trata a literatura? O que faz com que um texto seja considerado literário? Haveria um conceito universal para defini-la? Algum consenso? Segundo a história, a literatura ocidental se deu há 25 séculos, enquanto a concepção moderna de literatura apresenta no máximo dois - já que, até o século XIX, era considerada meramente “conjunto de escritos”, “saber livresco”. E só depois se passou a valorizar o caráter inventivo da escrita em oposição ao prosaico (para ser mais exata, durante a transição da “Era Clássica” para a “Era Romântica”). Contudo, a criatividade, mesmo inerente a certo rebuscamento com as palavras, característica que remete a um fator quase que estético, seria, de fato, suficiente para definir o caráter literário de um texto? Segundo os mais ousados, não. Requer-se também uma pitada da “catarse” de Aristóteles. Para os desentendidos, metaforicamente, isso seria como escrever para purificar-se, descarregando sentidos e emoções no receptor da mensagem. Utilizando para isso de grande liberdade com as palavras, por vezes por meio de alto teor conotativo, em prol de se originar uma linguagem não pragmática, tão pouco referencial.
Confesso, entretanto, que, por mais que se estabeleçam determinados estereótipos que venham a definir literatura, não me convenço em nada sobre a inflexibilidade desses. Acredito que se houvesse mesmo um padrão austero pra tal, mesmo em campo nacional, quiçá não teriam apagado as palavras de Gentileza. Arrisco dizer, inclusive, que é de grande imprescindibilidade tomar em consideração a intenção tanto do autor quanto do leitor para defini-la. Feito o possível bilhete que apenas tornou-se o poema “Só por dizer” pelo querer de William Carlos Williams ou mesmo o mictório que só virou arte pela vontade de Duchamp. Li uma vez que a comparação entre a escrita e a literatura seria o cotejo entre uma caminhada e uma dança. Talvez paire aí minha resposta, num rebuliço de formas e intenções, de causas e efeitos. E, não obstante, é outra a característica peculiar à literatura que mais me instiga, a qual envolve as demais e faz dela singular: sua capacidade de durar no tempo pela ânsia de criar vida e permanecer fora do autor. Como se não coubessem dentro do escritor todos os seus pensamentos, os quais emergem de seus poros e transfiguram-se em extensões de seu próprio existir através das palavras. Ao menos, não vejo outra justificativa para que Platão, 469 anos antes de Cristo, tenha feito perdurar até hoje os ditos de Sócrates. A infância de Graciliano também não se eternizaria restrita a sua memória particular. E, mesmo sem prole, o personagem Brás Cubas deixou sim “o legado de sua miséria” às gerações de leitores seguintes. Assim, nota-se, pois, que o latim “littera” que remete a letra, escritos, só passa a ser literatura quando instiga a ponto de permanecer mesmo que o livro se feche e que o artigo se acabe.
PILOTIS
PAGU 6
Epifania de Concha
P
ara todo bom procrastinador existe algo que ameniza a consciência do tempo que lhe escapa. Porque aqueles que salgam as horas gastas alimentando caramujos imaginários acreditam que ainda há de chegar o dia em que uma bolha estoura fraquinho no epicentro de si. E, a partir desse PLOC bolhoso, uma nova fase se inaugura – chega o tempo em que os caracóis deixam suas conchas esmaltadas, suas casas de muitas paredes para que entremos assim: tímidos no miolo do segredo que alimentamos sonâmbulos. Acredito que a “hora do caracol”, a hora da minha epifania de concha, vai chegar. Acredito nisso com o mesmo fervor em que acredito na existência de São Longuinho, na engenhosidade das formigas, na sabedoria de meus cachorros, na malvadeza das baratas, como acredito que piolhos são espiões sofisticados cujas pinças roubam minhas idéias milionárias e que capivaras são senhoras distintas que nadam banhadas de lua na revelação da fotografia de um clube dos mais exclusivos. Quando isso acontecer – fico doidinha só de pensar – uma febre morosa vai tomar conta de mim, uma quentura branca com consistência de sopa de vó vai embaçar minha visão e sentirei o escorregadio do caramujo que libera sua concha e me convida a entrar. Daí eu imagino uns comichões, sabe, umas finuras que me espetam as pontas dos dedos. Acrescento uns espasmos aqui e acolá, cócegas que me farão rir com dentes pontudos e pronto: estou inspirada. Isso porque, dentro da casa do caracol, eu contemplo uma pintura tão doída, tão sacana que me chama a fazer tudo que eu não fiz
em uma vida. Tudo mesmo: o IPVA que eu não paguei; o cheque que me atrasa a vida porque é especial; a cabeça do sobrinho que eu não beijei enquanto ainda era careca e covarde de tão cheirosa; a luva de couro que me serve como uma luva e, mesmo assim, conservei virgem na gaveta; a garrafa de vinho tinto que envelhece no fundo do meu guarda-roupa; o peixe que eu não alimentei e por isso comeu meu outro peixe e assim segue. Navegando nessa chaga leitosa que banha meus miolos antes tão alinhados, satisfarei os anseios da mini-mim, aquela menina que queria ser “libertadora de cavalos profissional” quando crescesse. Era linda assim a profissão que eu esquadrinhei: o arrimo de cada carroça representava um projeto novo, tudo parte um devir irrefreável de tão certo, de tão simples. Acreditava que iria ninar todos os cavalos de rua em uma ciranda de cascos até que se formasse um carrossel vivo que me teria como centro por instantes e depois se dispersaria para lugares que só os cavalos conhecem. Estaria mentindo se dissesse que entendo da febre leitosa que me convidaria a emancipar cavalos, beber vinho quente e ressuscitar peixes-beta. Esse milagrinho que chamamos por “inspiração” eu ainda aguardo, às vezes descrente que exista força capaz de me fazer levantar do sofá em dia chuvoso, às vezes certa que é só cultivar minhas vontades com mãos grossas e macias – com mãos de quem ama – e o caracol estacionado em mim liberará sua concha. Enquanto isso não acontece, sento na cadeira toda torta, estalo a língua, faço café e mergulho os dedos na xícara para pescá-los vermelhinhos. Vai que, na próxima xícara, bate uma brisa e eu escrevo uma coisa ou duas sobre caracóis?
DISRITMIA
Cobogós inspiram Encontrados em edificações de todo o Brasil, os cobogós são importantes elementos do nosso repertório arquitetônico e serviram de inspiração para projetos de talentosos designers pernambucanos
para o projeto desenvolvido pelo pernambucano Guilherme Luigi. Iluminado pelo trabalho presente no livro Cobogó de Pernambuco, do fotógrado e designer Josivan Rodrigues, Guilherme sintetizou imagens de 36 cobogós em símbolos a partir da pesquisa iconográfica publicada neste livro. O resultado foram as fontes digitais que estão disponíveis para download gratuitamente no endereço virtual www.dingbatcobogo.com. br. Ambos os projetos foram apoiados com recursos do Funcultura - Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura. Herança da arquitetura islâmica, essa solução arquitetônica criativa para iluminação e ventilação dos ambientes tem seu nome composto das iniciais dos três engenheiros que a idealizaram (Amadeu Oliveira Coimbra, Ernest August Boeckmann e Antônio de Góis). Eles eram sócios numa fábrica de tijolos e procuravam algo que fosse capaz de aliviar as altas temperaturas nordestinas, assim nasceu o Cobogó. Ele foi criado em Recife e patenteado em 1929, os blocos vazados eram inicialmente feitos apenas de cimento e hoje são encontrados feitos de materiais como vidro, madeira, cerâmica e até porcelana. Oscar Niemeyer e Lúcio Costa foram os ilustres responsáveis pela disseminação do uso de cobogós em projetos de arquitetura. Com jeitinho retrô misturado ao ar moderno, os cobogós conquistaram rapidamente os amantes de decoração. “Assim como toda a releitura de uma peça histórica, ele retém em suas origens a nostalgia de tempos antigos”, explica o arquiteto Márcio Barth. Eles foram um sucesso nos anos 1950 e 1960 e voltaram renovados atra-
vés do talento de arquitetos e designers contemporâneos. O cobogó também é eficaz na divisão de pequenos espaços e cria a sensação de amplitude. Por sua “fluidez”, consegue criar diferentes ambientes sem deixá-los com sensação de aperto. “Por ter uma estrutura que permite a passagem de luz e ar, esse elemento acaba definindo um ambiente, tornando-o mais privativo, contudo sem constituir uma barreira robusta”, diz o arquiteto. Não há regras no uso de cobogós, mas é preciso bom senso para conseguir um visual harmonioso. “Muitas vezes, o menos é mais. Ter equilíbrio na linguagem arquitetônica é fundamental”, afirma Barth. O elemento vazado pode ser utilizado interna ou externamente, mas é preciso saber o que cada ambiente pede. O fotógrafo Josivan Rodrigues pensava em fazer um ensaio sobre este objeto. Unindo-se aos arquitetos Antenor Vieira e Cristiano Borba, Josivan desenvolveu o projeto Cobogó de Pernambuco. Esse livro motivado pela recorrência na arquitetura nacional do Cobogó ou Combogó (como alguns preferem dizer), intensificou o interesse por uma investigação estético-fotográfica de abordagem tipológica desse ornamento. Significa que foram estudados traços característicos de um conjunto de formas de cobogó com a finalidade de determinar certos tipos ou sistemas, tudo isso possível através do registro fotográfico e da análise de linhas de pesquisa acerca do tema. O aspecto plástico da criação deles é bem explorado nas fotos de Josivan. “Os textos dividem o livro em duas par-
Guilherme Luigi mestrado em Design de Produto em Barcelona, desenvolve sua carreira na área cultural e no
PAGU 9
tes. As fotos do início mostram um uso vernacular, cobogós mais simples. Na segunda parte, estão imagens da arquitetura em que o uso do cobogó foi pensado já no projeto, como a caixa d’água de Olinda, que colocamos como um marco”, explica Josivan. A partir disso, Guilherme surgiu com os “Dingbats”. Eles são fontes que utilizam símbolos e/ou ícones ao invés de letras e números, portanto os símbolos dos Cobogós. Os registros imagéticos feitos pela pesquisa que inspirou Guilherme lhe auxiliaram no processo de criação dos 36 símbolos que compõe a fonte digital Dingbats Cobogó. Após o download, a fonte é facilmente utilizada em qualquer programa com editor de texto. “A intenção do projeto é popularizar o acesso dessa gráfica da cidade para o uso comum além de preservar sua memória”, explica o designer. A tipografia (do gregos typos — “forma” — e graphein — “escrita”) é a arte e o processo de criação na composição de um texto, física ou digitalmente. Assim como no design gráfico em geral, o objetivo principal da tipografia é dar ordem estrutural e forma à comunicação impressa. Por analogia, tipografia também passou a ser um modo de se referir à gráfica que usa uma prensa de tipos móveis. O design de tipos foi incrementado através de programas especializados para criação e desenvolvimento de tipos, hoje accessíveis aos interessados no assunto, dando margem a uma grande variedade de fontes que são vendidas pelas fundidoras ou editoras de tipo type foundries. O usuário destas fontes, tentado
PAGU 10
pelo fato de muitas serem gratis, deve prestar atenção no bom desenho das letras e dos espaços entre elas, que devem formar um todo harmônico, e atentar se as fontes apresentam acentos em português. Na atualidade, novas tecnologias ampliaram muito as possibilidades tipográficas. Em 1999 um novo formato para fontes tipográficas foi desenvolvido em conjunto pelas gigantes de informática Microsoft e Adobe. Adobe, sendo parte do arsenal técnico dos designers da atualidade. Um dos possíveis usos dessa fonte, o Lambe-lambe, foi aplicado em algumas paredes de Pernambuco. O Lambe-lambe é um impresso (normalmente em papel jornal) que, quando pincelado por cola, adere a superfície imprimindo a imagem que contém. O Lambe-lambe Cobogó estreiou na intervenção urbana homônima durante o 23º Festival de Inverno de Garanhuns e, posteriormente, na Orbe Coworking, local do evento de lançamento. A imagem de abertura desta reportagem apresenta parte dos trinta e seis tipos criados. Eles estão disponíveis na versão positiva (como a apresentada) e negativa. É possível alterar o tamanho do corpo e as cores do símbolo quando for utilizá-lo. É notável a versatilidade dos Cobogós traduzidos em símbolos gráficos. Eles estão disponíveis em posters, lambe-lambes e qualquer outra forma de impressão que quisermos, desde camisetas até canecas de porcelana. Gostamos tanto dessa fonte, que a utilizamos para ilustrar cada Editoria da revista Pagu.
MENINA DOS OLHOS
Fragmentos do Espelho O ensaio se compõe de imagens feitas em cidades e momentos distintos – em Brasília, no Recife e em São Paulo – utilizando as câmeras Leica M4 e Nikon F,
-
ANTÍPODA
Buda, Peste e a única língua que o diabo respeita O romance de Chico Buarque Budapeste é poesia, vertigem, desconstrução. Uma viagem até a capital da Hungria para conhecer em minúcias seus becos, seus povos, seu idioma
“Admirei rapidamente as fachadas neoclássicas, os balcões art nouveau, os arcos bizantinos, na terceira esquina respirei tabaco, chocolate, cebola.”
PAGU 16
do quarto livro de Chico Buarque descreve – no tom poético e sedutor característico do músico – a capital da Hungria em seu aspecto mais exuberante. Seu olhar curioso – pela cidade e por seu idioma – instiga e permite ao leitor imaginar, em minúcias, o cheiro, as cores e o ruído do lugar. A escrita estonteante e dicotômica que permeia toda a obra coloca-nos, entretanto, em um abismo no qual é fatídica a confusão entre os elementos holísticos e reais. E mesmo o homem que dá voz ao enredo (este considerado por muitos críticos um dos exemplos mais concretos de metalinguagem na literatura brasileira) ilustra nebulosamente sua história marcada por acasos, inconstâncias e metáforas. E foi depois de um pouso imprevisto que ele, José Costa, foi parar em Budapeste. “Território livre, país de língua nenhuma, pária de algarismos, ícones e logomarcas.” Cidade anônima ideal para um escritor anônimo de artigos, discursos de campanhas e livros autobiográficos. Mas, para um versátil literato destinado à sombra, Budapeste era iluminada demais. “Tão iluminada que dela não se enxergavam as fachadas, as esquinas, os espaços, mas somente as luzes.” E mesmo seus subúrbios embaçados e seus postes esparsos com
FUBÁ
Conhecimento dividido sem cobrar ingresso Com o crescimento dos museus virtuais, história, conteúdo e cultura estão disponíveis a alguns cliques de distância
L
ugar onde ideias, histórias e sensações são compartilhadas, os museus assumem importante papel cultural e são vistos como forma de disseminação de sabedoria. Apenas no Brasil, existem mais de 3000 museus, mas grande parte da população nunca visitou algum deles. Para facilitar – e, muitas vezes, possibilitar o acesso a estes espaços, alguns idealizadores apostam em versões virtuais, que representam extensões do físico, ou ainda nos Cibermuseus, que existem apenas na internet. É possível encontrar centros culturais disponibilizados gratuitamente na rede e dispostos de várias formas. Do simples acesso ao acervo e exposições a visitas virtuais, o internauta pode, interativamente, realizar um tour e visualizar os vários elementos que os compõem. Assim, é possível ver obras de artistas clássicos ou contemporâneos e, em conjunto com os recursos que a internet proporciona, assistir a vídeos e visualizar infográficos. Embora as visitas online não substituam as reais, elas conduzem o navegante à procura por registros antigos, valores propagados e campos intrigantes. São o primeiro passo de um processo que pode abrir portas e servir como prática a serviço da sabedoria. Os museus online que proporcionam o aprendizado por meio de ações museológicas não necessariamente têm suas portas abertas ao público em seu espaço físico. Mas vivem em constante transformação e propiciam ação educativa, pesquisa, comunicação e, principalmente, a conservação das obras. De Renoir, Boticelli e Monet a Tarsila do Amaral, Cândido Portinari e Oscar Niemeyer, em alguns sites, como o Museu Oscar Niemeyer (MON), é possível uma visualização panorâmica do museu. Em outros, como o de Ouro Preto ou de Brasília, é disponibilizado um tour virtual pelas cidades. Ir das igrejas e outros pontos turísitcos de Ouro Preto ao Congresso Nacional é possível com apenas alguns cliques.
PAGU 18
Museu de Arte de São Paulo A missão do MASP é “Incentivar, divulgar e amparar, por todos os meios ao seu alcance, as artes de um modo geral e, em especial, as artes visuais, visando o desenvolvimento e o aprimoramento cultural do povo brasileiro”. Em seu site é possível encontrar todo seu acervo catalogado, além de estarem disponível meios para agendar visitas. Acesse: http://masp.art.br
Musée du Louvre A versão online do museu mais famoso do mundo utiliza seu site para divulgar atividades e o histórico do lugar. Possibilita agendar visitas e possui um espaço para mostra de exposições, obras de arte e atividades que envolvam educação e arte. Apesar de não oferecer visitas virtuais e não expor todas as atividades presentes no local, possibilita acessar informações exclusivas. Acesse: http://www.louvre.fr/en
The British Museum Assim como o Louvre, o museu britânico utiliza sua versão online para divulgar atividades e visitações. Há também um espaço para exposições de mostras artísticas e obras presentes no local. O site contém ainda notícias e novidades do mundo da arte e informaões sobre o agendamento de visitas e sua agenda cultural. Acesse: http://www.britishmuseum.org
PAGU 19
algoritmo
PAGU 20
PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT
DISFARCE