Maria Regina Fernandes
Voo-solo
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Foto da capa: Maria Regina Fernandes Projeto gráfico e diagramação: Edite Damásio da Silva
F362a
Fernandes, Maria Regina, 1962Voo-solo / Maria Regina Fernandes. -- Brasília: M.R. Fernandes, 2018. 39 p.; ePUB ISBN 978-85-921335-1-1
1. Poesia brasileira I. Título
CDU 821.134.3(81)-1 CDD 869.1
Maria Regina Fernandes
Voo-solo
1ª edição
Brasília/DF 2018
Agradecimentos
À Roberta Ladislau, pelo incentivo... À Edite Damásio, pela parceria... Ao Fabiano Camilo, pelas dicas valiosas...
A Gustavo, por continuar...
Que as noites Sรณ nos tragam certezas Para conosco sonhar... 15 de maio de 2018
Estribilho Chora o humor Tira o tom Saca o som Livra a dor Chora o humor Tira o tom Saca o som Livra a dor Bis Bis Bis Bis Em 23 de junho de 2016
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Em mim te trago, enfim... poemas fugazes, esse riso esse pranto te levo, ao fim... cenas diรกrias, esse passo esse canto sรณ tenho em mim certezas incertas e doces acalantos. Em 29 de junho de 2016
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Rótulos sou isso tudo... e nada sou... apenas sinto apenas vivo. sou tantas em uma... sou muitas em cada. sou mutação e permanência. sou estórias... sou pedaços... estou aqui e estou contigo e me basta. rejeito rótulos! (não me tentem orquestrar) rejeito fórmulas! (não me tentem enquadrar). Em 1º. de julho de 2016
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Pendências Que sempre algo reste... Que sempre algo quede... Que sempre algo fique... Que haja o inacabado momento Que a nossa incompletude Seja a regra... e Que a nossa impermanência Seja o resgate. Em 1º. de julho de 2016
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Seguindo... cheganรงas andanรงas mudanรงas mormaรงos e abraรงos... seguimos... Em 07 de julho de 2016
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Que se faça um verso... ...e hoje, mais do que nunca... que se faça um verso! como disse o poeta: "para acordar os homens."1 ...pois, hoje, preciso de um verso. Daqueles que apaziguam a alma, ...pois, hoje, preciso seguir e preciso de um verso que seja ilusão mas que seja utopia. Que cresça em mim, que seja acalanto e que seja fé. hoje, mais do que nunca ...que se faça um verso, mesmo que seja este pobre verso triste... Em 23 de agosto de 2016
1
Citação: Carlos Drummond de Andrade em Canção Amiga.
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Contrários ...porque são de contrários feitas as minhas certezas. ...porque de opostas verdades são feitos os caminhos. Para onde sigo Não há respostas. De onde venho Há lembranças. Em 07 de setembro de 2016
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De brevidades, ĂŠ feita a vida... ...intensidade ...densidade ...pluralidade ...e quem falou em banalidades? A vida ĂŠ para seriedade ou serĂĄ para insanidade? Melhor, vou comer brevidades! Em 20 de setembro de 2016
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O meu futuro dotô E teve um curso P’ra os futuro dotô Sei não, algo assim... Uma tal de educação... Não entendi nada não... Falaram em problematização, Falaram num tal de think-não-sei-quê-share, Um tal de PBL, de TBL, até de um tal de play. Até tinha uns boneco Desses assim que parece com gente... Até uma boneca parida... Não entendi nada não... Acho que os dotô Precisa dos boneco P’ra depois chegar na gente... Falaram de umas tal de OS Parecia coisa feia, Pois deu tanta confusão... E de uma tal de avaliação... Não entendi nada não Acho que os dotô Precisa de avaliação Antes de avaliar a gente... Mas meu futuro dotô: Tá tudo muito bão, Mas o que nóis necessita É de um aperto de mão... [13]
Que o dotô olhe p’ra nóis! Que a gente tem queixume, Que a gente tem muita dor, As vez é só uma gastura, Mas queremos o dotô: O dotô que nos escuta... O dotô que nos conforta... O meu futuro dotô Que nessa tal de educação Aprendeu tanta coisa Não entendi nada não Dessa tal de educação Mas se o dotô é gente Ele vai cuidá da gente... E penso que o dotô Deva ter uma dor também... Penso que o dotô Nessa tal de educação Não perdeu o coração... Que o meu a vez bate fraco, A vez tem baticum, A vez só dói aqui dentro... Mas queremos o dotô. Queremos o dotô Desses que cuida de gente... Desses que passa o remédio Mas que primeiro que tudo Óia nos óio da gente! Em 14 de outubro de 2016
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Abraços Abraços frouxos... Abraços roucos... Abraços moucos... Abraços poucos... Abraços soltos... Abraços leves... Abraços breves... Abraços longos... Abraços loucos... Abraços... Abraços... Em 21 de outubro de 2016
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Canto na Chuva Há na alma pontos cinza... Nos olhos, turvação. Lá fora, chove E um sabiá canta. Eu canto, Com a alma cinza E os olhos, em turvação. Turvo é o tempo Da chuva sem fim! E um sabiá canta. Em 15 de novembro de 2016
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Uma senhora da saia amarela ...a que vejo nesta pintada tela esta senhora da saia amarela, dos pés descalços na terra e do pano roxo, em laço, na cabeça. esta senhora da saia amarela que já a vi muitas vezes. nos ônibus nas filas nas feiras nos mercados nos corredores da saúde. onde houver fome onde houver pés no chão. ...porque esta senhora da saia amarela vive nas nossas retinas está em nossas memórias ela é o que somos e o que rejeitamos. esta senhora da saia amarela... Em 19 de dezembro de 2016 [17]
Feliz Ano Novo ...e quando, por humana decisão, Em torno de um sol, vira-se o tempo... O que se leva O que se deixa O que sempre continua. Que a nossa mala não nos pese. Que cuidemos do que rejeitamos... E do que desejamos. Que se façam as escolhas. Que do passado tempo Reste o que é sábio. E que do porvir, haja o impulso. Pois que o seguir é o sempre caminho... Enquanto a vida ainda está... E que cuidemos de cada passo. Pois que assim seja!! Em 31 de dezembro de 2016
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Dizem por aí Dizem por aí... Que um novo tempo há de chegar... Dizem por aí Tanta coisa... Dizem por aí... Vamos acreditar!! Em 31 de dezembro de 2016
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Que nem... Que nem toda vida carece de fama e nem todo poder acaba em lama, e nem todo desejo é cama. Que nem toda lei é dura e nem toda fé é cura. E toda a sua dor... será útil? Ao fim, nem sei... Que nem... Que nem... Em 10 de janeiro de 2017
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Mais uma... mais uma anĂ´nima que escreve linhas que revelam sentido para si mesma... mais uma fulana que toma rimas que fazem beleza para si mesma... mais uma assim meio cigana que tenta tecer alguma poesia. Em 10 de janeiro de 2017
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Parede/nuvem houve um momento uma casa na parede, o poema. e na alma, renovadas crenรงas. o sentir na parede... pedra toque enquanto for! o sentir no virtual... fluidez nuvem enquanto for! o sentir em mim para sempre... Em 17 de janeiro de 2017
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Eu e você Eu, chopp... Você, vinho. Eu, batata... Você, queijo. Eu, o choro... Você, o riso. Eu, abraço... Você, beijo. Em 26 de janeiro de 2017
[23]
Tanto nome e coisa pouca É balão ou rotatória? É canjica ou mungunzá? Será sinal, semáforo ou sinaleira? Aipim, mandioca ou macaxeira? É cordão de ouro ou trancelim? É zíper, fecho ou riri? Não sei se esse mosquito que nos ouvidos faz zoada será pernilongo, carapanã, muriçoca ou praga... Tanto nome e tanta coisa... e coisa pouca pra tanto nome... Em 27 de março de 2017
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Simplesmente Entre cheganças, continuo na tua... Permaneço no teu regaço, Mantida nos teus braços. Respiro tuas linhas... Vivo os teus eixos. Entre andanças: Brasília! Em 21 de abril de 2017
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Nuvem no olhar ...assim, vivendo: sombra que flutua no meu olhar... essa nuvem que passeia no meu olhar. Pergunto: a que vens? Para que eu mesma responda: sei que seguiremos! Em 11 de maio de 2017
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Ambiguidades De ambiguidades Segue a vida Sem hesitar. Que se pode, afinal No mesmo sabor do tempo: Gostar e nĂŁo gostar. Em 17 de junho de 2017
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Mais-que-perfeito a chaleira que chora e no velho aparelho uma música que roda. a vida nossa... que não sendo pretérita é o presente mais-que-perfeito, Em 17 de junho de 2017
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Amarei Amarei Antes que seja tarde Antes que anoiteça Amarei Antes do ocaso Antes que o acaso prevaleça Amarei Antes de escoar o tempo Antes que já não fosse... Amarei, simplesmente! Pois que sem amor De nada é a vida! Em 02 de agosto de 2017
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Voos Voo-solo no mormaรงo Voo-baixo no cansaรงo Voo-cego no regaรงo Voo-livre no teu abraรงo!! Em 13 de agosto de 2017
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Medos novos medo das mentiras que repetidas à exaustão assumem ares de verdade absoluta. medo das opiniões e sentimentos que se transformam em pós-verdades que se transformam em verdades absolutas e irremediáveis. medo da sociedade sem leitura que se acumula de informações por meio de telas: a tela midiática enviesada que atende a interesses não declarados; a telinha do celular cuja luz inebria, embota e aliena; todas as telas de um tipo de comunicação facilmente deglutida, sem reflexão, sem aprofundamento e ao fim levando à assimilação de verdades absolutas que foram mentiras ou foram pós-verdades. medo da ignorância do conhecimento com poder! medo da obediência alienada que alimenta o poder! medo dos extremismos que extinguem aqueles sem poder! Em 16 de agosto de 2017
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Meu verso então eu converso com meu inverso busco o reverso e faço o meu verso!! se o verso serve se o verso sofre nem sei... só sei que tento o oposto da letra, converso com o reverso e trago o meu verso!! Em 26 de agosto de 2017
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Uma vida a dois o senhorzinho e a senhorinha, juntos, mĂŁos dadas, agarradinhas... em passos curtinhos. o senhorzinho e a senhorinha, costas curvadas, rostos marcados e olhar sombreado. o senhorzinho e a senhorinha juntos, mĂŁos dadas, agarradinhas, caminham... juntos, da porta do hospital Ă porta do Ă´nibus.... ele por ela, ela por ele! o senhorzinho e a senhorinha! Em 04 de setembro de 2017
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Céu e solo da Pátria Amada Dia da Pátria neste 7 Mais um setembro. No céu de Brasília Militares aviões E seus malabarismos suicidas E belos! No solo da Pátria Amada Seguimos a normalidade De nossas vidas subtraídas! Em 07 de setembro de 2017
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Ondas ...penso ...penso ...penso Escrevo... Não escrevo... Palavras escoam Do cérebro Para o vento. Palavras perdidas Nas ondas cerebrais. ...escrevo ...escrevo ...escrevo Penso... Não penso... Palavras borbulham Do cérebro Para o tempo. Palavras perdidas Nas ondas reais. Em 05 de outubro de 2017
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Existência Que não se quebrem as asas Que não se percam as forças Que não se desista Que se resista... Mas antes disso tudo, Que se tenha O sabor De existir!! Em 1º. de novembro de 2017
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Permanências Passei pela praça Da meninice E a infância brotando Em cada canto... A praça mesma Em momento outro. E a menina que fui Ainda vive por lá. Em 24 de dezembro de 2017
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Pedrita Ela era uma gatinha Amarela e pintadinha Arisca que nem ela só. Não gostava de ninguém Mas gostava da Cris! Ela pulava no colo... Ela fazia afago... Ela enroscava-se toda... Sempre no colo da Cris. Ela viveu feliz... Ela viveu seu gato mundo Ela passou nessa vida Sempre perto da Cris... Em 24 de janeiro de 2018
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Minha procurada Paz Vou procurando a minha paz na música que me invade a caminho do trabalho... Vou procurando a minha paz mirando o cãozinho com cara de bobo que segue, serelepe, o seu dono... Vou procurando a minha paz admirando a rosa paineira florida nesse outono tão mais frio... Vou procurando a paz dentro de mim, pois que lá fora o mundo é louco o bastante. Em 18 de abril de 2018
Em 18 de abril de 2018
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© Maria Regina Fernandes. Direitos reservados.
Voo-solo de Maria Regina Fernandes está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercialSemDerivações 4.0 Internacional. Baseado no trabalho disponível em https://issuu.com/mariareginafernandes
A autora
Maria Regina Fernandes
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