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CORRESPONDANCE MAGAZINE ®
MARSELHA | PARIS DESIGN WEEK | PIERRE SOULAGES | AD INTÉRIEURS | ELLIOTT BARNES | BACCARAT
EDIÇÃO 007
Marselha | Paris Design Week | Pierre Soulages AD Intérieurs | Elliott Barnes | Baccarat
®
CORRESPONDANCE
CM_007_PARIS_DESIGN_WEEK_pg_5.indd 14
8/13/14 3:13 AM
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8/13/14 3:14 AM
Conteúdo VIAGEM 004 | CARTÃO POSTAL | MARSELHA - Capital ensolarada do Sul da França 010 | ESCALA | CASA ORTEGA - Uma pousada imaginária 012 | EMBARQUE IMEDIATO - Paris Design Week - AD Intérieurs 016 | DESTINO | LUXEMBURGO... - Hotéis com decoração artística 022 | VISITA ESPECIAL - Festa da Gastronomia ...
ROTEIRO 028 | GASTRONÔMICO | CHEF BANZO - Um Chef tranquilo 032 | BAGAGEM CULTURAL | SOULAGES - Amizade artística 034 | NOVOS HORIZONTES | LE PRINTEMPS - Moda verde e amarela 036 | VIAJANTES | ELLIOTT BARNES - Estética musical 040 | SOUVENIR | ACESSÓRIOS - Seleção de peças de verão
CONEXÃO 042 | CARIMBO - Oitoemponto - Béatrice Blanchard - Hans Jorgen Wegner 048 | ESTILO | CATHLEEN NAUNDORF - Haute Couture 052 | ATELIER | GEORGIA RUSSELL - Escultora de papel 056 | PASSAPORTE | BACCARAT - Aniversário de 250 anos 059 | CORRESPONDÊNCIA | SOLENNE DE LA FOUCHARDIE - Relato intimista de um viajante
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Editorial
rabalhar com pessoas de talento é sempre um prazer e uma benção. Nesta edição temos um leque de personagens que transpiram e vivem apenas do próprio talento. Estou especialmente feliz em contar com um novo colaborador, o talentoso crítico de arte, o belga Roger-Pierre Turine, que nos deu a honra de escrever sobre sua amizade com o artista francês Pierre Soulages na rubrica Bagagem Cultural, que ele assinará mensalmente com exclusividade para o Correspondance Magazine®. Sempre fico encantada e boquiaberta com o talento potencial de pessoas adoráveis que encontro, que desenvolvem projetos fantásticos para embelezar nossa vida e com a maneira com a qual elas articulam seus talentos. Elliott Barnes, Jean-Marc Banzo, Georgia Russell, Béatrice Blanchard, Artur Miranda e Jacques Bec, entre muitos outros, são alguns desses artistas que se desdobram diariamente para criar e produzir coisas belas. A todos eles, o nosso BRAVO! Espero encontrar vocês nas próximas viagens do Correspondance Magazine® e que bons ventos nos guiem rumo a esse novo destino! Um grande abraço,
Marilane Borges
EDITORA-CHEFE - MARILANE BORGES marilane@correspondance-magazine.com DIREÇÃO DE ARTE - MARCO BLASQUES art@correspondance-magazine.com PUBLICIDADE pub@correspondance-magazine.com IMAGENS images@correspondance-magazine.com Capa desta edição: Veleiro ancorado no porto de Marselha, Capital do Sul da França, em imagem clicada por Christian Nouzillet. Colaboradores: Afsaneh Salehi, Anne Montaggioni, Aude Leblond, Audrey Donazzolo, Aurélia Schwartz, Charles Camicas, Charlotte Rivier, David Flamée, Emmanuelle Gillardo, Emilie Pointeau, Francesca Mannone, Grégory Barile, Guillaume Huguenot, Isabelle Texier, Ismael Goldsztejn-Seck, Maïlien Birene, Marie Segal, Marie-Charlotte Wambergue, Marion Denonfoux, Mylene Mignot, Nathalie Thibaut, Pauline Brillouet, Pauline Lacoste, Prescillia Tandu, Robin Beau, Roger-Pierre Turine, Sarah Grisot, Sarah Hamon, Thierry Conrad. Correspondance Magazine® é uma publicação independente, produzida em língua portuguesa por uma equipe internacional de profissionais baseados na Europa e distribuída com exclusividade no Brasil através de mailing especializado. Para quaisquer informações, comentários ou sugestões, favor enviar mensagem para marilane@correspondance-magazine.com
Marselha
Capital do sul da França, a cidade de Marselha é calorosa e festiva, banhada pelo Mediterrâneo e agraciada por intensos raios de sol a maior parte do ano
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TEXTO MARILANE BORGES | IMAGEM CHRISTIAN NOUZILLET
fluxo constante de turistas que se enfileiram no velho porto esperando os barcos que saem a cada meia hora para visitar as ilhas ao redor e avistar as famosas Calanques, é um bom exemplo do quanto seu porto e essa cadeia de montanhas são atraentes e comprovam que Marselha é de fato o destino ideal para quem pretende passar uma curta temporada ao sol. Percorrer seu extenso litoral e descobrir suas belezas ao redor, como o Castelo de If, imortalizado pelo autor Alexandre Dumas, no romance “O Conde de Monte Cristo”, ou ainda passear pelo seu antigo Porto e visitar seus bairros impregnados de mais de 2.600 anos de história, corrobora mais um dos atributos turísticos e culturais, que fizeram o sucesso da campanha de Marselha como Capital Européia da Cultura de 2013. Com sua geologia imprecisa, as Calanques (do provençal “calanco”) podem ser comparadas aos fjords, dado a união entre o mar e as rochas. Esse maciço de calcário foi formado por antigos vales marinhos, que datam ainda do fim da primeira era glacial, ocasionados pela alternância de períodos intensos de resfriamento e aquecimento, acompanhados por uma crescente variação do nível do mar, estimada em mais de 100 m, que contribuíram para a formação dessa paisagem. Ao final da era glacial, um aquecimento ocasionou o aumento das águas oceânicas que, aliada às chuvas ácidas, contribuíram com a formação rochosa pontilhada de variados formatos, que deixaram o mar avançar até o fundo dos
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seus vales. Onde antes, segundo estudo geológicos, os homens habitavam. Uma dessas comprovações encontra-se próximo à cidade de Cassis, onde foi descoberta uma paisagem marinha, batizada de “La grotte Cosquer”, com desenhos rupestres que provam que esses lugares no passado abrigavam seres humanos. Apesar da aparente homogeneidade geológica da região, o que se percebe na paisagem circundante é que as calanques possuem particularidades específicas, como falésias, crostas rochosas, grutas, vales, pináculos, entre outras. São essas formações geológicas tão diversificadas, frutos da erosão do tempo, que conferem ao maciço um aspecto extremamente impactante, que pode ser melhor apreciado quando observado de um barco ou nos passeios feitos em longas caminhadas nas montanhas. Essas impressionantes formações rochosas, limitadas apenas pelo mar, se estendem através de uma distância de 20 km de comprimento e 4 km de largura, entre as cidades de Marselha e Cassis, com falésias que podem alcançar cerca de 400 m de altura até mergulhar nas profundezas das águas azul-turquesa do mar Mediterrâneo. Durante todo o trajeto, visível principalmente por quem opta pelo passeio nas embarcações, há uma infinita contagem de falhas geológicas entre as montanhas, particularmente popular entre os velejadores, que conhecem desvios e rotas a tomar ou evitar entre esses monumentos gigantes. Dentre as principais calanques, encontra-se a de Goudes, Callelongue, Sormiou, a maior, Morgiou, Sugiton, Devenson, a falésia mais alta, Oule, En-Vau, a mais selvagem, Port-Pin e Port-Miou, a de maior profundidade apartir da terra. Marselha é abençoada com uma geologia especial. Há apenas alguns minutos do Vieux Port, ou porto antigo, avista-se o arquipélago de Frioul que é composto de três ilhas, bastante visitadas e um local propício a uma agradável visita balneária. Ainda ao longo do porto, visível apartir da Corniche, encontra-se as ilhas de If, Pomègues e Ratonneau, que constituem o ponto alto do início do CORRESPONDANCE MAGAZINE
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passeio. A minúscula ilha de If, que mede apenas 200 m de largura, a menor dentre as três, ficou célebre graças ao romance de Alexandre Dumas, onde o autor registrou uma série de aventuras que se passavam no local, retratadas romanescamente no seu livro “O Conde de Monte Cristo”. Essa ilhota, que abriga um pequeno castelo, construído no período de 1530, ainda na era de François I, tinha vocação político-defensiva e seu papel era proteger a cidade que estava na rota dos conquistadores, sobretudo, evitando que os invasores, especialmente o exército de Charles V, alvitasse os marselheses. O castelo levou à cabo sua missão, cumprindo seu objetivo estratégico e protegendo Marselha de seus invasores para, em seguida, se tornar um local de prisão, que recebia e encarcerava revolucionários, opositores dos regimes em voga ou ainda contestadores históricos, sendo ocupado pelos insurretos entre os anos de 1848, 1852 e 1870. Sob o plano arquitetural, ele se compõe de uma espécie de cinturão, que acompanha o contorno do litoral, e de três torres cilíndricas e, no seu interior, encontram-se as
masmorras legendárias de Edmond Dantès e do Máscara de Ferro, onde ainda pode-se ler os rabiscos nas paredes gravados pelos prisioneiros. Segundo a história, o único prisioneiro que conseguiu escapar incólume dessa prisão no meio do mar foi Edmond Dantès, herói do romance “O Conde de Monte Cristo”. Na atualidade, o Château d’If é classificado, desde 1926, como monumento histórico e tem uma reputação muito mais agradável que a do seu passado, visto que se tornou um dos pontos turísticos mitológicos, senão o mais admirado e visitado no sul da França. Ratonneau, a maior ilha de todas - 2 100 m - e Pomègues são ligadas, desde o século 18, pelo dique de Berry, que mede 360 m de comprimento. No século 17 elas eram depósitos sanitários e serviam de lugares de quarentena para os marinheiros que, por ventura, estivessem infectados pela peste ou pela febre amarela nos navios que tinham como destino Marselha. Os barcos ficavam durante semanas nessas ilhas antes de ancorar no velho porto da cidade, no entanto, nem mesmo as grandes precauções impediram que o cargueiro Grand Saint-Antoine
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introduzisse a peste em Marselha, em 1720, dizimando metade da população. Em 1825, construiu-se o dique entre as duas ilhas para aumentar o espaço de cuidados e acolhida das tripulações em quarentena. Três anos depois, foi construído em Ratonneau, o hospital Caroline, especialmente equipado para alojar os doentes da febre amarela, porque os médicos da época imaginavam que os ares marinhos contribuíam com rapidez no restabelecimento dos marinheiros convalescentes. Hoje, tudo o que resta desse local são ruínas mas a capela com sua beleza de templo grego continua a atrair o interesse dos turistas, em parte, pelo seu estilo arquitetural. De qualquer forma, é um lugar que faz parte de uma das excursões mais procuradas e vale a pena ser visitado, sobretudo, para quem tem interesse pelo assunto, ainda mais, porque apartir desse ponto a vista sobre a enseada de Marselha é magnífica. Uma visão que proporciona um sentimento de liberdade intenso seguido por uma inexplicável sensação de sossego, isso tudo, há apenas duas milhas do continente de uma megalópole com cerca de 1 milhão de habitantes!
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Desenhadas pelos ventos e banhadas pelo sol, essas ilhas são absolutamente desérticas, aliás, essa é uma das áreas mais secas da França, onde apenas algumas espécies animais, como os répteis, os lagartos e os pequenos mamíferos - morcegos, coelhos - ou os insetos conseguem sobreviver a essa aridez intensa. No entanto, apesar do lugar ser rude e inóspito, a Águia de Bonelli e o falcão pelegrino escolheram essas redondezas para fazer seu ninho. Para os turistas interessados em águas transparentes e praias desertas, a pedida é fazer alguns passeios em Ratonneau e Pomègues para visitar suas calanques selvagens, que tricotam todo o litoral, e conhecer as praias mais interessantes do local, como as de Maison de Pilotes, Havre de Morgiret, na calanque de Saint-Estève, ou a praia do Débarcadère. O local é indicado e recomendado para mergulhos submarinos. Ao sul da cidade, em frente à primeira calanque, encontra-se o arquipélago de Riou, o maior da região, com seus 2 km de comprimento por 500 m de largura e um ponto culminante que está à 191,4 m formando um fabuloso conjunto selvagem e insular ao largo das calanques de Goudes e de Callelongue. Composto pela colossal ilha do mesmo nome (Riou) e pelas ilhas de Calseireigne, Jarron, Jarre, Maïre, Tiboulen - essas duas últimas se situam bem próximo à costa - e possuem como características marcantes serem desérticas e ainda pouco exploradas pelo homem. Na verdade, trata-se de um santuário ornitológico, protegido pelos organismos ambientais e onde é proibido desembarcar, essas ilhas são conhecidas, sobretudo, dos mergulhadores, que se regalam com sua profundidade submarina, ainda bastante preservada e de uma beleza espetacular. Já a ilha de Planier é conhecida pelo seu farol, por suas dimensões modestas e pelo seu distanciamento da costa. Sem grandes atrativos, suas visitas são organizadas por um restaurante da redondeza, o Tiboulen de Maïre, que em função do interesse de seus clientes, os acompanha até lá. O passeio gira em torno de 30 Euros por pessoa. Para os mais aventureiros, é possível acampar na ilha mas o acesso, depende, exclusivamente, das condições meteorológicas e de autorização prévia. Para as excursões de barco, bem ao estilo bateaux-mouches, duas empresas da região, Icard Maritime e Croisières Marseille Calanques, possuem o duopólio e orCORRESPONDANCE MAGAZINE
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ganizam diariamente saídas às calanques, que custam em torno de 15 a 25 Euros, alguns passeios tem duração de até 4h, onde os visitantes podem fazer o trajeto completo para conhecer as sublimes Sormiou e Sugiton ou ainda passar pelas cidades costeiras de Carry-le-Rouet ou Cassis. Os que apreciam uma boa caminhada, podem fazer esse percurso a pé, tudo é extremante bem sinalizado e orientado com sinalização precisa ao longo do trajeto de 25 km ao longo da costa até Cassis, uma pequena cidade costeira de Marselha.
Turismo de Marselha www.marseille-tourisme.com
Icard Maritime
www.visite-des-calanques.com
Croisières Marseille Calanques www.croisieres-marseille-calanques.com
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ESCALA | 10
Casa
Ortega Situada numa ruela próxima à estação de trem Saint-Charles, em Marselha, essa pousada intimista parece ter saído de um roteiro de cinema TEXTO MARILANE BORGES | IMAGEM CHRISTIAN NOUZILLET
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udo aqui foi pensado como num cenário de cinema para que o hóspede se sinta acolhido no mundo de Juan Sebastián Ortega, mais conhecido pelo seu nome artístico El Ortega, certamente um dos maiores jogadores de castanholas da época de ouro dos anos 19471961. Esse é o mote dessa história que foi inventada por David Karoubi, proprietário do local, que fez dessa pequena casa de dois andares um charmoso Bed & Breakfast. A decoração, como não poderia deixar de ser, é carregada de cores fortes em tons que evocam a paixão pela dança, pela música e pelo cinema. Em todos os cômodos há capas de LP, cartazes de filmes antigos e uma variedade de objetos que evocam o fascínio de David pela Sétima Arte, onde trabalhou durante anos como decorador. Logo na entrada, um salão vermelho acolhe o visitante, a sensação é de ter acessado a decoração de um filme com todos os pormenores que envolvem uma cena espanhola. Originário de Nîmes, cidade das touradas, situada no sul da França, a imagem da espanhola que observa do alto com seus olhos brilhantes parece convidar o visitante para uma dança e os objetos garimpados em mercados de pulga da Europa dão o tom do que ainda
está por vir. Nos quartos coloridos, muito mobiliário de design vintage enfeitam graciosamente os espaços onde a mistura de influências do design se harmonizam perfeitamente ao estilo escandinavo, transformando cada ambiente num cabinete de curiosidades. Uma temporada na Casa Ortega é como um mergulho no que há de mais impressionante na Sétima Arte: a possibilidade de sonhar de olhos bem abertos...
www.casa-ortega.fr
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Paris Design Week De 06 a 13 de setembro a Capital do Estilo e da Moda será a Capital Internacional do Design TEXTO MARILANE BORGES
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urante uma semana a Cidade Luz vai fervilhar de eventos relacionados à criação e Paris Design Week vai dar o tom dessa festa. Grandes maisons, editores de móveis e objetos renomados, jovens designers e milhares de visitantes vão poder se aventurar em butiques, show-rooms e ateliês para desbravar em mais de 200 points parisienses as novidades da 4ª edição de Paris Design Week, que tem como temática o conceito de “Compartilhar”. Fio condutor desta edição o termo “Compartilhar” é global porque dá abrangência à ideias, projetos, conceitos, encontros e descobertas que podem ser feitas através de um per-
curso sinalizado ao longo dos principais bairros parisienses. Nessa plataforma criativa e interativa, criadores e público podem “Compartilhar” esse evento que, nesses últimos quatro anos, vem crescendo e adquirindo adeptos em todos os segmentos. E, especialmente nesta edição, os museus entraram no circuito, como o Centquatre, a Cité de l’Architecture e o Museu de História Natural que convidaram jovens designers para reformular e criar uma nova cenografia para suas coleções. Outra novidade deste ano é que Paris Design Week terá um Now! le Off com pontos de referência nas Docks, Cité
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EMBARQUE IMEDIATO | 13
PREMIAÇÃO ESPECIAL - Dois prêmios serão concedidos pela RADO, marca de relógios suíço, durante a Paris Design Week: o RADO STAR PRIZE - Prêmio do Júri e do Público. Um privilégio para os ganhadores que terão visibilidade internacional e um investimento para desenvolver novos objetos. Dez projetos serão selecionados pelo mesmo júri para participar do Prêmio Público, que podem ser acessados aqui: www.radostarprize.fr
de la Mode et du Design ou Cidade da Moda e do Design, com o intuito de fomentar uma sinergia e atrair os primeiros clientes internacionais para os jovens e talentosos designers vindos de 15 países diferentes para apresentar com exclusividade seus projetos nas Docks du Design. Para não perder nenhum desses eventos que vão pipocar durante a Paris Design Week, a dica é colocar um tênis confortável, pegar o guia dos circuitos para se aventurar pelas ruas descobrindo o que há de mais interessante em termos de design criativo. Good Paris Week! www.parisdesignweek.fr
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Design no museu
O Museu das Artes Decorativas de Paris acolhe vários designers que vão apresentar seus projetos durante a 5ª edição do evento AD Intérieurs
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TEXTO MARILANE BORGES | IMAGEM LES ARTS DÉCORATIFS, PARIS
ela primeira vez o Museu das Artes Decorativas de Paris vai acolher os projetos decorativos da AD Intérieurs com as criações de Tristan Auer, Bismut & Bismut, Cabinete Alberto Pinto, Vincent Darré, Noé Duchaufour-Lawrance, Gilles & Boissier, François-Joseph Graf para Fendi, Luis Laplace, Chahan Minassian, Caroline Sarkozy e Laurent Bourgois, Isabelle Stanislas, Pierre Yovanovitch, Charles Zana. Os escolhidos receberam carta branca para criar espaços conviviais, valendo-se da reserva do mobiliário do Museu das Artes Decorativas e com o suporte da impressionante cenografia criada por Adrien Gardère, que soube colocar em evidência cada um desses espaços de uma forma magistral. A ideia dessa edição da AD Intérieurs é mostrar objetos de arte e mobiliário singulares que raramente são apresentados para o público em geral e criar uma sinergia entre a imagem decorativa atual e a do passado, tudo isso, graças ao talento dos 16 designers. Distribuídos ao longo da nave do museu os visitantes poderão se deparar com ambientes reais como salas, closets, escritórios, bar à vinhos, cabinete, bar-biblioteca e muitos outros cômodos decorados e potencializados com uma cenografia bem elaborada. O grande mote de Gardère foi conceber espaços onde os visitantes se sentem, literalmente, em casa enquanto passeam pelas galerias laterais dessa exposição. O pressuposto de todos os projetos apresentados nessa 5ª edição da AD Intérieurs está intrínsecamente relacionado ao espírito do museu e sua referência internacional como centro das Artes Decorativas. Portanto, imbuídos dessa premissa de unir o útil ao belo, os designers se apropriaram do espaço para propor suas visões contemporâneas da decoração de interiores, valendo-se dessas peças raras e atemporais com o intuito de criar uma identidade exclusiva. As 16 propostas podem ser conferidas entre 06 de setembro e 23 de novembro no Museu das Artes Decorativas de Paris - 107, rue de Rivoli, Paris 01. www.lesartsdecoratifs.fr
Acima, decoração de um quarto do período Grasset. Na página ao lado, no alto, à esquerda, Canapé de Marie-Antoinette, 1775-1780. À direita, Georges de Feure, peça que data de 1900. Embaixo, à esquerda, sarcófago e à direita Bureau à gradins, de 1923. No canto, à esquerda, peça Fleuves, de 1860.
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EMBARQUE IMEDIATO | 15
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DESTINO | 16
Luxemburgo TEXTO MARILANE BORGES
UMA BELA BANHEIRA FRENTE PARA O CARTÃO POSTAL COM SUA FACHADA EMDE ART DÉCO O GRAND HÔTEL DU MIDI, da cidade é um dos grandes requintes da suíte 519 do hotel Sofitel Le Grand Ducal. Estrategicamente localizado numa rua tranquila próximo ao centro histórico da cidade do Luxemburgo, de onde pode-se acessar facilmente o centro econômico e financeiro, o hotel está rodeado de restaurantes, centros culturais, além de uma incrível variedade de butiques e lojas de fast-fashion. Para quem decide se hospedar no Sofitel Le Grand Ducal o item praticidade é, sem dúvida, imbatível, porque apartir do hotel é possível fazer tudo à pé ou acessar o novo tramway que fica à apenas alguns metros.
O MOBILIÁRIO COLORIDO EM FÚCSIA E PRETO E BRANCO FAMOSA PELO SEU PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO, chama a atenção e atraem os olhares pelas suas belas proporções que misturam cor e volume. Através de peças únicas, cada espaço do hotel tem uma personalidade única. Das suítes aos móveis, tudo leva a inconfundível assinatura do designer Philippe Capron que escolheu uma decoração de interiores onde o luxo se expressa nos detalhes e através da utilização de materiais naturais como madeira, metal e espelhos que delineiam cada espaço. Na entrada, o piso gráfico em preto e branco em contraste com os móveis coloridos dá o tom onde as texturas quentes acompanham esse contraste de cores brilhantes definindo um novo conceito para essa moderna decoração de interiores.
NO CHÃO TAPETES DEMIDI LÃ COM TRAMA EM PIED-DE-POULE O GRAND HOTEL DU EVOCA A BELEZA DOS MONU que juntamente com as cortinas de seda são uma elaboração perfeita do jogo de revelar e ocultar através de cortinas de malha leve que reforçam a impressão de intimidade sem perder ou ofuscar a luminosidade do dia. O mobiliário, essencialmente composto por peças minimalistas, transforma as suítes em mbientes espaçosos e arejados. Todos os quartos e suítes do foram decorados como apartamentos privados, onde cada um oferece sempre uma surpresa com vista para um dos lados da cidade. Verdadeiramente contemporâneao, a decoração o Sofitel Le Grand Ducal foi pensado para acolher hóspedes de todos os horizontes.
COM CINCO ESTRELAS E SUA MISE-EN-SCÈNE ELABORADA
o hotel possui um super restaurante no 8º andar, inspirado na cozinha francesa. L’Étoile de Top Floor onde também é servido o café da manhã tem pratos contemporâneos e o coquetel-bar Coco Mango, que oferecem um panorama impressionante sobre os vales de Alzette e Pétrusse. Logo na entrada, o grande salão banhado pela luz natural é um dos atrativos, tendo como bônus à muitos metros de altura a cidade do Luxemburgo e, no horizonte, alguns monumentos históricos. A impressão que se tem é a de estar numa bolha de vidro suspensa. As mesas mais cobiçadas ficam coladas às paredes envidraçadas dando a dimensão do que significa comer nas alturas.
www.sofitel.com CORRESPONDANCE MAGAZINE
Aix en Provence
DESTINO | 18
TEXTO MARILANE BORGES
O RENAISSANCE TEM OBRAS DE ARTE EM TODOS OS RECANTOS
mobiliário sofisticado, atendimento atencioso e transformou-se em poucos meses num dos lugares mais badalados da cidade de Aix-en-Provence. Construindo sua reputação dentro do conceito de hoteleira chique e elegante com decoração moderna, o hotel abriga sua própria galeria de artistas e tem uma rica coleção de arte contemporânea do que há de mais moderno no país. Colocada em evidência do hall de entrada, aos elevadores e como indicação personalizada dos quartos, essa instalação permanente exibe os trabalhos de vanguarda do crème de la crème dos artistas nacionais e regionais.
FAZENDO ECOAR ESSA PROPOSTA ARTHOME, SUA DECORAÇÃO de interiores prima apenas pelo branco e o amarelo com funcionários igualmente uniformizados em tons sóbrios para combinar com o conceito minimalista do hotel. A atmosfera agradável e iluminada do local é perceptível em cada ambiente, por isso, esse hotel parece ser a sugestão ideal para os viajantes que apreciam o espírito dos lugares. Essa preocupação como os detalhes pode ser apreciada no salão do hotel, projetado para ser uma área de convívio social, com sofás e poltronas espalhadas em nichos especiais, que podem acolher visitantes ou formar grupos em torno da biblioteca ou de uma mesa de jogos.
OS RESTAURANTES DO HOTEL, LE CLOS E LE COMPTOIR DU CLOS,
com cardápios baseados na riqueza dos sabores mediterrâneos com uma gastronomia mais elaborada e o bistrô chique que versa pela cozinha de personalidade, ambas assinadas pelo estrelado Chef Banzo, promovem a festa dos paladares dos gourmets. Nada aqui é exagerado, por isso, um menu simples e reconfortante é a pedida certa para quem acabou de aterrissar e ainda está tentando se recuperar de um jet-lag. O ideal é comandar uma das delícias locais e poder degustá-la calmamente no lounge do bar ou no conforto dos quartos, que oferecem uma bela vista da cidade das mil e uma fontes.
ESSE CINCO ESTRELAS, SITUADO NUM DOS POINTS MAIS EM VOGA de Aix-en-Provence, o bairro Sextius Mirabeau, à alguns metros do Conservatoire de Danse et de Musique, há apenas alguns metros do Cours Mirabeau, do Grand Théâtre de Provence e do centro histórico da cidade é um verdadeiro achado. A arquiteta de interiores Julie Fuillet, apostou no criativo mobiliário do designer Christian Ghion em tons de marron, branco, cinza e amarelo, desenvolvido pelos editores Ligne Roset e Tacchini. Os tecidos e tapetes tem como detalhes os famosos calissons de Aix e as luminárias super-dimensionadas dão o tom moderno e cool desse hotel que nasceu com sua grande alma artística e estética.
www.renaissance-hotels.marriott.com CORRESPONDANCE MAGAZINE
DESTINO | 20
Montpellier TEXTO MARILANE BORGES
O GRAND HOTEL DUEM MIDI E SUA BELA FACHADA ART COM SUA FACHADA ART DÉCO O GRAND HÔTEL DUDÉCO MIDI, são um dos destaques da famosa Place de la Comédie, em Montpellier. Situado em frente ao teatro Opéra, à icônica fonte das Três Graças e à alguns passos do Musée Fabre, principal museu de arte da cidade, inaugurado em 1828. Com essa localização privilegiada o hotel combina praticidade e fácil acesso ao centro histórico, ao Palais des Congrès e ao bairro de Antigone, além de proporcionar aos seus clientes uma variedade de opções em torno da vida cultural e comercial da cidade.
A CAPITAL DO LANGUEDOC-ROUSSILLON TEMEPATRIMÔNIO FAMOSA PELO SEU PATRIMÔNIO HISTÓRICO ARTÍSTICO, histórico e artístico rico e tem se tornado um pólo atrativo para o turismo de negócios e entretenimento. O Grand Hotel du Midi tem se desdobrado para atender essa nova demanda turística, tanto que planejou para os próximos meses uma reforma completa em suas dependências. O intuito é transformar esse símbolo arquitetural da cidade em referência hoteleira da região, algo que não será difícil sob a batuta do grupo hoteleiro Maranatha e do dinâmico e carismático diretor do Grand Hotel du Midi, Pedro Gomes, que vem coordenando sua equipe visando a excelência em todos os serviços.
A ARQUITETURA MONUMENTAL OS DETALHES ESTÉTICOS O GRAND HOTEL DU MIDI EVOCA AEBELEZA DOS MONUMENQUE do hotel vão continuar intactos como monumento histórico mas o projeto de renovação de interiores pretende alterar consideravelmente sua configuração interna para que os hóspedes usufruam de uma bela temporada e sejam acolhidos confortavelmente. As dependências do prédio vão passar por uma transformação completa e esse novo visual será centrado especificamente em benefício de seus hóspedes. O projeto, que é ambicioso, tem como premissa oferecer mais opções de restauração tanto para os hóspedes como para a população local, que poderá usufruir de um bar aberto ao público.
LENÇÓIS DE PURO ALGODÃO BRANCO ABRAÇAM O CLIENTE
em camas confortáveis que são uma das marcas registradas do Grand Hotel du Midi. Para a nova reforma, as suítes serão redecoradas com uma palheta de cores que evocam tranquilidade e, além disso, terão tapetes com monogramas especialmente desenhados para o hotel. Esses são apenas alguns dos itens que vão adicionar aconchego e modernidade à essa nova decoração, que pretende conquistar os viajantes. Todos os detalhes dessa reforma foram pensados para que o hóspede se sinta envolvido pela atmosfera local numa cidade que respira a arte de viver em todos os lugares.
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www.grandhoteldumidimontpellier.com www.chateauxhotels.com
VISITA ESPECIAL | 22
Especial Gourmets
Fizemos um circuito gastronômico para antecipar as delícias da Festa da Gastronomia TEXTO MARILANE BORGES
RALPH’S - É o restaurante do estilista americano Ralph Lauren, que temum menu à imagem da variedade gourmet dos Estados Unidos mas numa versão light, afinal, o povinho da moda não pode engordar uma grama! Tudo é exportado da Terra do Tio Sam, inclusive, os vinhos. www.ralphlaurenstgermain.com
ANGELINA Rive Gauche tem a decoração das antigas bombonières coloridas, cheias de guloseimas que enchem os olhos e uma variedade de macarrons, bolos e doces além do famoso Mont-Blanc que deve ser degstado acompanhado de um delicioso chocolate quente. www.angelina-paris.fr CORRESPONDANCE MAGAZINE
Restaurantes
LA GRANDE CASCADE - A localização ideal desse belo restaurante, situado nos jardins do Bois de Boulogne na Allée de Longchamp, além de sua decoração à la Belle Époque é um convite para uma tarde em dolce farniente em torno de uma gastronomia requintada. Reservas pelo + 33 01 45 27 33 51
FR/AME - Conduzido pelo jovem Chef, o americano Andrew Wigger, que assumiu o comando desse novo restaurante instalado no hotel Pullmann, propõe pratos à americana onde não faltam hambúrgueres e batata frita, além de outras delícias californianas. www.framebrasserie.fr
Restaurantes
WILL - O Chef William Pradeleix, que depois de inúmeras viagens pela Ásia resolveu pousar suas malas em Paris e nos encantar com as delícias de uma cozinha delicada, sutil e saborosa. O ambiente do Will é como o futuro que lhe desejamos: agradável. Reservas pelo + 33 01 53 17 02 44
PRASLINE MAZET - A vida é realmente um doce quando podemos saborear as incríveis criações dessa maison de délices que perpetuou o savoir-faire das tradicionais sobremesas francesas, como o Mirabos de nougat com avelã e laranja. www.mazetconfiseur.com
LA RÉGALADE - O restaurante do Hotel de Nell, é um lugar para se degustar momentos especiais em torno de um tea time na biblioteca ou ao redor de uma mesa de jogos. Aqui tudo é calma e volúpia e o tempo parece suspenso no ar, como uma verdadeira Madeleine de Proust. www.hoteldenell.com
LA BOÎTE À SARDINE, é um dos restaurantes mais cults do centro de Marselha. A decoração simplista, os pratos idem e o ambiente descontraído com ares de bar de marinheiro, fazem com que esse espaço de peixaria seja repleto de alegria de viver. www.laboiteasardine.com CORRESPONDANCE MAGAZINE
ALLARD - Esse bistrô que leva a assinatura do Grupo Ducasse situado no coração de SaintGermain-des-Prés que tem uma cozinha tradicional e deliciosamente sugestiva, como um belo pedaço de carne suculento ao molho cremoso de cenoura, que é o prato de assinatura da casa. www.alain-ducasse.com/fr/restaurant/allard
SALÃO DO CHOCOLATE – O mundo do chocolate e chocólatras inveterados estarão presentes na Porte de Versailles, em Paris, para comemorar a 20ª edição do Salão do Chocolate, que acontece de 29 de outubro à de 02 de novembro. www.salonduchocolat.fr CORRESPONDANCE MAGAZINE
ROUTE DE LA SOIE - Como o nome evoca, a rota da seda passa pela cozinha japonesa e esse novo restaurante situado no coração do 16ème arrondissement de Paris promete conquistar novos adeptos com sua cozinha suave, perfumada e cheia de promessas. www.resto-routedelasoie.fr
Livros
BOCUSE - Nessa publicação, The best of... o Papa da Gastronomia Paul Bocuse revela os segredos de uma cozinha francesa sem rodeios ou complicações. As receitas são práticas e podem ser degustadas em qualquer lugar do planeta. A venda nas melhores livrarias. www.alain-ducasse.com
PÁGINAS DELICIOSAS – Folhear o livro Silence, ça pousse, do potager à l’assiete, escrito pelo apresentador Stéphane Marie e lançado pelas edições do Chêne, é como degustar com os dedos todas as receitas saídas diretamente do seu jardim. À venda nas melhores livrarias internacionais.
THE PARIS GOURMET - É o livro por execelência dos apaixonados por uma Paris Gourmet. Lançado pela Flammarion e escrito pela irlandesa Trish Deseine, que entrega para o leitor os melhores endereços para quem aprecia um bom garfo. www.editions.flammarion.com
ROTEIRO GASTRONÔMICO
ROTEIRO GASTRONÔMICO | 29
Um Chef tranquilo Sob a batuta do Chef Banzo, os clientes dos restaurantes Le Clos e Le Comptoir du Clos são privilegiados com uma gastronomia que leva a assinatura de um homem que avança tranquilamente em espiral ascendente
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TEXTO MARILANE BORGES
ós nos encontramos numa manhã de sábado no restaurante Le Comptoir du Clos, do hotel Renaissance, em Aix-en-Provence, onde essa entrevista foi concedida com exclusividade ao Correspondance Magazine. Ao primeiro contato, Jean-Marc Banzo parece ser um homem tímido e retraído mas, à medida que nossa conversa se prolonga, e ela levou algumas horas, esse talentoso Chef, que nasceu e cresceu aos pés do Mont-Ventoux, na Provence, se revela um homem aberto aos desafios com toda a sua graciosidade. O Chef Banzo, contado com estrelas no guia Michelin, nos conta seu percurso construído de paciência e perseverança ao longo dos anos, fal que a gastronomia desde cedo já figurava em seus planos e relata seu percurso desde os 15 anos, onde começou a estudá-la em Grenoble até os dias atuais. Um homem que contruiu sua notoriedade à base de caráter, força de vontade e talento. Filho de imigrantes espanhóis, a cozinha e a gastronomia do Chef Banzo tem algo de um conquistador que construiu sua reputação com pitadas de rigor e afetividade. Com um caráter forjado para suportar à pressão do tempo, demanda imprescindível desse métier, o Chef Banzo caminha com a calma de quem sabe o que faz, gerenciando sua equipe com maestria. Apaixonado pela sua arte culinária, Jean-Marc Banzo é capaz de se doar, literalmente, de corpo e alma, para que suas criações encontrem o sabor exato e revelem a essência perfeita dos produtos. Uma missão diária que encontra no gesto da repetição a excelência de um impecável savoir-faire. Em sua cozinha, tudo é criado e inspirado à base da sinceridade, que vai da escolha dos produtos à quem a produz, tanto que os clientes podem quase sentir esse valor incomensurável ao saborear um dos seus pratos. Essa qualidade de transcender o produto foi desenvolvida pelo Chef Banzo através da reprodução e repetição do gesto, um conceito martelado sistematicamente que encontra respaldo na cultura gastronômica de um autodidata que fez do talento das suas mãos uma maneira de conquistar seu espaço. Homem de grande competência e talento, o Chef Banzo é, acima de tudo, um homem de caráter com uma personalidade marcante que tem feito de sua cozinha uma referência no sul da França, sobretudo, pela maneira eficaz como conduz sua equipe, uma brigada de 15 pessoas. Sob sua batuta, os dois restaurantes do Hotel Renaissance, Le Clos e Le Comptoir du Clos, operam duas cozinhas de gêneros diferentes mas com um referencial de qualidade único. CORRESPONDANCE MAGAZINE
Um baseado na riqueza dos sabores mediterrâneos com uma gastronomia mais elaborada e um bistrô que versa pela cozinha de personalidade com a construção de pratos baseados na criatividade e na simplicidade sem esquecer todo o rigor que essa técnica demanda. Por tudo isso, saborear a cozinha do Chef Banzo é como se entregar ao deleite de degustar o verdadeiro sabor dos alimentos num belo dia de sol. Mestre absoluto dos fornos e fogões, em sua cozinha o Chef mantém um interesse permanente e genuíno voltado para a cozinha simples, modesta, repleta de sabores, histórias e encontros, como ele mesmo gosta de definir. Sua motivação diária é criar um prato do nada, apenas com a ideia de alguns produtos em mente, imaginando o que eles podem se tornar depois de
Na página anterior, as delícias preparadas pelo Chef Banzo que são servidas nos restaurantes do Hotel Renaissance em Aix-en-Provence, no sul da França.
preparados. O que para o Chef Banzo significa “dar tudo o que pudermos por algumas horas e depois esquecer o que criamos para recriar algo totalmente novo no dia seguinte. Esse combate na cozinha é essencial para a evolução de nossa atividade, afinal, só o desequilíbrio faz avançar, progerdir, se superar,” confirma Jean-Marc Banzo. É essa força criativa e de trabalho que pode ser mensurada nas opções gastrônomicas oferecidas nos restaurantes Le Clos e Le Comptoir du Clos, um lugar onde hóspedes e clientes podem se regalar diariamente, degustando a cozinha de um homem que avança tranquilamente porque conhece as intempéries do tempo e não se deixa abater pelas suas transformações. www.renaissance-hotels.marriott.com
Acima, o Chef Banzo que conjuga em sua cozinha uma fidelidade absoluta ao produto e à qualidade do serviço com uma dosagem exata de rigor e paciência em todos os detalhes. Ao lado, as tradicionais sobremesas que dão água na boca tanto dos hóspedes como dos visitantes dos restaurantes Le Clos e Le Comptoir du Clos - 320, Avenue Mozart, Aix-en-Provence, França.
CORRESPONDANCE MAGAZINE
Imagens da exposição inaugural do Museu Rodez batizada de “Outrenoir en Europe. Musées et Fondations”. Na página ao lado, o pintor Pierre Soulages do alto de seus 93 anos.
BAGAGEM CULTURAL | 33
Amizade
Artística Convidamos o crítico de arte do jornal La Libre Belgique, Roger-Pierre Turine, para apresentar aos nossos leitores um dos maiores artistas franceses, Pierre Soulages, que inaugurou recentemente seu museu em Rodez, no sul da França
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á encontros que contam na vida. Encontros que não podem ser explicados mas que nasceram para se viver ao quadrado, ao cubo ou, em última instância, sem nenhuma fórmula de ostentação e que podem se estender além do tempo. Encontros que de, informais, se tranformaram em momentos de cumplicidade ritmados pelo movimento do relógio e numa evidência quando uma amizade repentina se instala. Pierre Soulages, 93 anos, com sua corpulência grande, quase gigante, se impõe. Ele parece altivo mas seu sorriso é caloroso, mesmo quando vestido de preto da cabeça aos pés, uma cor que se encaixa como uma luva... também preta, claro. “Tenho origem celta, provavelmente habitada num antigo fundo gaulês, origens próximas às dos Flanders. Amplo e grande, não tenho nada do tipo mediterrâneo com o qual algumas pessoas me associam porque vivo parte do ano em Sète, no sul da França. Um dia, em Ostende, na Bélgica, com uma roupa que poderia sugerir um terno de marinheiro, olhava a vitrine de uma loja e pela maneira como estava vestido, a vendedora se virou para mim e falou em Flamengo!” Em outubro de 2009, Pierre Soulages desfrutou de sua quarta grande exposição em Paris. As precedentes aconteceram em 1967, 1979 e 1996, no Museu de Arte Moderna da Cidade de Paris. No Centro Pompidou, foram mostradas, com o sucesso que conhecemos, mais de sessenta anos de pinturas constantemente acompanhadas pela ousadia. Como uma referência em relação ao tempo, Soulages não dá títulos às suas pinturas mas a data de quando eles foram criados e, por corolário, o espaço que eles necessitam e ao qual o artista atribui uma imensa importância. Desde o início, como símbolos de uma viagem à parte, Soulages, indica e referencia cada uma de suas telas: a técnica utilizada, suas dimensões e data em que foi produzida. Dentro desse universo que guarda sua própria dimensão, a exposição do artista pode ser visitada quase em silêncio.
Uma reverência sem dúvida que demanda as cor preta. Voltemos no tempo... Na época, eu escrevi na La Libre Belgique: “Em uma centena de telas, em última análise, é possível multiplicar por dois ou três, se a soma de dípticos, trípticos ou polípticos da composição é feita. Com Soulages chegamos a um ponto alto na arte da pintura que é uma potencialidade única, uma felicidade exorbitante em prol da pintura. O inventário de suas criações começa em 1946 e termina (nota do autor: na época) em 2009, se a evidência é de apenas 90 anos contados, o artista não arquivou nem sua crença, nem seus pincéis e muito menos seus potes de cores. Este pintor é um gigante, um homem que parece destinado à envelhecer jovem, empreendendo todo o seu talento em nome da arte, convencido de ter encontrado o seu caminho numa relação explosiva com a única cor que ele ama e que tanto perturba os outros: o preto. “Sim, o preto, não sei por quê amo essa cor desde sempre. Até minha mãe não gostava quando me vestia de preto. Ela me dizia: “Você já está usando a cor do meu luto!” Com o preto falo um pouco como os anarquistas, sem ser um. As autoridades também estão sempre usando preto. O smoking é preto e os padres beneditinos vestem-se de preto. Preto é a cor da austeridade. Bem, este símbolo não tem nada a ver com a minha pintura! Afinal, o preto e o branco são as únicas cores fora do espectro. Um dia estava pintando e o preto invadiu toda a superfície da tela. Neste extremo, vi uma espécie de negação do preto, as diferenças de texturas refletiam suavemente a luz, das sombras emanavam uma claridade, uma luz pictórica cujo poder emocional especial animava o meu desejo de pintar. Amo essa cor violenta que incentiva à interiorização. Como uma revelação, meu instrumento de trabalho não era a cor preta mas essa luz secreta que vem do preto...”
CORRESPONDANCE MAGAZINE
www.musee-soulages.grand-rodez.com
Catedral da Moda Le Printemps, ícone do french touch, lançou uma ação especial batizada de Primavera Verde-Amarela que, de 01 à 27 de setembro, vai mimar ainda mais os clientes brasileiros com incríveis ofertas de moda, luxo e beleza TEXTO MARILANE BORGES | IMAGEM PRINTEMPS CORRESPONDANCE MAGAZINE
NOVOS HORIZONTES | 35
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e a moda é uma glamurosa expressão da arte francesa, pode-se afirmar que as lojas de departamento Le Printemps é um dos lugares mais visitados depois dos famosos museus de Paris. Afinal, as clientes passeiam pelas araras e closets dessa meca da moda como quem vai ao Louvre apreciar as obras de Delacroix, Ingres, Poussin, Géricault, sendo que aqui os artistas são Saab, Jacobs, Dior, Kenzo... Nas prateleiras do Printemps Haussmann e Printemps Louvre é possível encontrar o que será tendência e, de 01 à 27 de setembro, as duas lojas colocam em destaque uma ação totalmente Verde e Amarela em homenagem ao Brasil. As mais belas marcas de luxo se uniram a essa ação para propor mimos para a clientela brasileira, como a Maison Dior que oferece uma maquiagem gratuita com sua nova base e o salão do Printemps, referência em serviço de cuidados e beleza, que propõe uma prestação especializada para quem quiser se sentir bela após as compras. Le Printemps oferece um serviço especializado onde o cliente internacional pode ser atendido no seu próprio idioma, o que não é nada mal para quem ainda está atônita em meio às inúmeras opções e não pretende perder tempo traduzindo etiquetas. Além disso, os clientes se beneficiam de um serviço de reembolso de impostos e, se quiserem, suas compras podem ser enviadas diretamente ao endereço desejado, em qualquer lugar do mundo. Uma oportunidade imperdível que deve ser absolutamente vivida!
www.printemps.com
Na página ao lado, fachada do Le Printemps. Acima, salão de beleza, localizado no último andar da histórica cúpula do Printemps Haussmann. Ao lado, bolsa especialmente desenhada pelo estilista Elie Saab e o escarpin com plumas de Pierre Hardy, peças exclusivas da catedral da moda.
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VIAJANTES | 36
Estética musical Apaixonado por música o arquiteto de interiores Elliott Barnes desenvolve seus projetos com a alma e o tempo de um jazzman
TEXTO MARILANE BORGES | IMAGEM DEIDI VON SCHAEWEN
CORRESPONDANCE MAGAZINE
VIAJANTES | 38
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ança, arte, música essa é a tríade que conduz Elliott Barnes. Ele fala pausadamente, medindo as palavras como quem procura o tom certo para se expressar. Na verdade, Barnes se comunica como os músicos, que estão sempre à procura da sonoridade ideal e que se superam para encontrar a musicalidade das palavras, embelezando tudo ao redor com seu discurso e fazendo sonhar quem os escuta. Nascido e criado em Los Angeles, Barnes cursou o liceu francês, fez balé e é um habituée do mundo das artes desde muito cedo. Sonhador e cheio de ideias, Branes conta que em seus momentos de folga preferia ficar na biblioteca fazendo pesquisas para desenhar barcos, porque esse era seu primeiro sonho: ser uma arquiteto naval, entretanto, foi o design urbano cursado em Nova York que fisgou o jovem americano e o transformou em arquiteto de interiores. Tendo como fonte de inspiração a Costa Oeste dos Estados Unidos, Barnes volta regularmente para recarregar suas baterias e afirma que Los Angeles é um caldeirão de ideias e energia mas que viver na França tem mais a ver com meu atual estado de espírito. “Essa luminosidade que a cidade oferece durante o outono é de uma beleza sem igual. Há mais sutilezas e delicadezas por aqui que em qualquer outro lugar do mundo,” atesta o arquiteto de interiores, que fez sua carreira sob as asas de Andrée Putman, para quem trabalhou durante vários anos. Ao lado da grande dama do design francês, Barnes aprendeu a visualizar o projeto como um todo e à criar ambientes que transpiram a essência de viver dos seus moradores. Essa é a chave do seu sucesso: entender o desejo do cliente e transformar o sonho em realidade. Nesse momento a fala mansa de Elliott Barnes parece operar milagres, porque ela consegue, ao mesmo tempo, transmitir segurança de uma forma discreta tendo como objetivo trazer o cliente para dentro do projeto e fazê-lo acreditar nas soluções arquiteturais encontradas para cada espaço. “Minha ambição como arquiteto de interiores é melhorar a qualidade de vida das pessoas que me procuram e, para tanto, desempenho o meu papel de conselheiro. Se o cliente deseja viver num ambiente contemporâneo, posso tentar misturar modernidade e tradição local para criar algo único, afinal segundo Barnes, a casa de alguém deve refletir sua alma e não apenas a assinatura de um arquiteto de interiores.” Nos projetos desenvolvidos pela sua agência EBI, criada em 2004, nada surge por acaso, todos os objetos desempenham o seu papel, dentro de um ritmo cadenciado pelo arquiteto que orquestra suas ideias associando seus artistas preferidos, vindos de horizontes diversos, aos seus canteiros de obras. “Viver rodeado por arte acrescenta um novo significado para a vida”, e essa parece ser a filosofia que guia este esteta em seus vários projetos. www.ebinteriors.com
Na primeira página, arquitetura de interiores de um loft em Paris onde Barnes investiu no minimalismo para colocar em evidência a luminosidade dos espaços. Acima, Elliott Barnes, um arquiteto que tem a fleuma de um jazzman.
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Na imagem abaixo do retrato de Barnes e nesta página ao lado imagens da arquitetura de interiores do Ritz-Carlton Hotel, em Wolfsburg, na Alemanha.
VIAJANTES | 38
Acessórios Verão de
Seleção especialmente feita nas lojas de departamento Le Bon Marché Rive Gauche
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SOUVENIR | 41
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1. EK THONGPRASERT - Colar em silicone vermelho e strass coloridos. 2. TONYA HAWKES - Minaudière tricolor e pompons. 3. CHINTI AND PARKER - Pull lover em cachemire. 4. SOPHIA WEBSTER - Sandália salto alto de couro com flores de resina 5. YAZBUKEY - Foulard de seda impresso. 6. CHARLOTTE OLYMPIA - Sandálias de couro com cordas de algodão e bordado 7. OLYMPIA LE TAN - Minaudière maleta. 8. ROCIO - Minaudière em laca dacacias. 9. SARA BATTAGLIA - Bolsa de couro com franja. 10. LES FILLES A PAPA - Sweat de algodão com bordados em paetês www.lebonmarche.com CORRESPONDANCE MAGAZINE
CARIMBO | 42
OITOEMPONTO Para entender o que motiva essa dupla criativa da Oitoemponto, formada por um português e um francês, Correspondance Magazine conversou com os designers de interiores Artur Miranda e Jacques Bec e pediu que eles explicassem em curtas linhas qual o significado desse vocabulário de acordo com o trabalho que desenvolvem TEXTO MARILANE BORGES | IMAGEM NUNO SAT
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CARIMBO | 43
CRIAÇÃO: É a adrenalina que, há mais de 20 anos, nos faz inovar e surpreender nossos clientes em permanência. Somos ávidos observadores, adoramos estar em todos os lugares, conhecer tudo, se apropriar de novas ideias. SONHOS: É um misto de elegância e equilíbrio. FANTASIA: A partir do momento em que desenhamos o primeiro rabisco, a fantasia deixa de existir e o projeto torna-se realidade. MÃO-DE-OBRA ARTESANAL: É uma parte indispensável do nosso savoir-faire por isso mantemos uma relação próxima aos nossos artesãos, algo indispensável para que possamos conceber peças de extrema qualidade. PAIXÃO: Somos apaixonados por coisas bonitas, por belas imagens. Paixão é prazer e privilégio. DESAFIOS: Não queremos ser perfeitos mas somos perfeccionistas. O eterno aperfeiçoamento do nosso trabalho consiste em
propor projetos cada vez mais exclusivos, orientados para um cliente privado que possui um alto nível de exigência. NOVOS PROJETOS: Temos vários, afinal, amanhã sempre será um novo dia. TRABALHO CRIATIVO: O total concept é nossa assinatura: todos os invisíveis pormenores são estudados. Trabalhamos de dentro para fora, estudamos os desejos e hábitos dos clientes para depois materializá-los. Os espaços e os objetos de cada projeto são pensados e selecionados com afinco e o resultado final faz com que o cliente não tenha que se adaptar ao ambiente mas se apropriar dele. FUTURO: Never be satisfied. Para a filosofia da Oitoemponto a satisfação é o princípio do fim. SER um designer é … Não conhecer tudo. Ser naïf de vez em quando é maravilhoso. Põe em perspetiva tudo o que pensávamos saber até o momento. www.oitoemponto.com
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CARIMBO | 44
O jogo vai começar A designer Béatrice Blanchard criou um jogo de dominós monumental e modulável, que pode se transformar em várias peças utilitárias de acordo com o desejo do cliente TEXTO MARILANE BORGES | IMAGENS NICOLAS SCORDIA & NATHALIE PRÉBENDE
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peça gigante e imponente ocupava mais da metade do atelier de Béatrice Blanchard no dia da minha visita. Visualmente atraente, esse dominó monumental batizado de The Modular 28 FAIR, é uma composição quase matemática que tem como princípio várias placas que podem ser sobrepostas uma sobre as outras ou em rotação de 45 e 90 graus, de acordo com o desejo do cliente. As dimensões, que variam entre 1,50m e 3m, oferecem soluções infinitas de arranjo tanto para uma mesa de jantar, café da mnhã ou como suporte para objetos variados, tendo como grande vantagem peças que podem ser desestruturadas e facilmente manipuladas. Para acompanhar um segundo conjunto de dominós, Béatrice criou o BB 28 que acompanha The Modular 28 FAIR e é composto por 28 peças que constituem o quadrado, mas em dimensões menores, e permitem outras configurações. Com preocupação ambiental e foco no
design ecológico, Béatrice alocou seu projeto dentro do conceito de preservação do know-how e da criatividade eco-responsável, usando “ouro verde” que faz parte do eco-label Fairtrade & Fairmained. Além disso, a designer se empenhou ao máximo para que a madeira, especialmente bétula de carvalho, tivesse sua proveniência atestada e viesse de florestas que possuem uma política auto-sustentável. As laterais da peça são decoradas de ouro branco, uma mistura de ouro e prata combinados com sucata e plástico reciclável, o resultado é elegante e refinado. Essa peça collector, apenas 8 exemplares, tem a vantagem de poder ser comercializada e distribuída em todo o mundo mas é preciso que a encomenda seja feita com antecedência porque cada etapa dessa peça é desenvolvida sob medida para o cliente que pode escolher, inclusive, alterar as cores ou fazer pequenas modificações no desenho desse módulo espetacular. www.beatriceblanchard.com
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Na página ao lado, conjunto de dominós composto de 28 peças decorativas, batizadas BB 28. Acima, a peça monumental The Modular 28 FAIR que pode se transformar em mesas de jantar e de centro. Abaixo, a designer Béatrice Blanchard mentora dessa peça multifuncional que promete revolucionar o mobiliário contemporâneo.
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CARIMBO | 47
Dança de cadeiras Hans Jorgen Wegner, um dos designers escandinavos mais bem cotados que marcaram os anos 50, deixou sua marca em cadeiras que combinam beleza e modernidade
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TEXTO MARILANE BORGES
uando os candidatos à Presidência dos Estados Unidos, John F. Kennedy e Richard Nixon, participaram de um debate televisivo pela primeira vez em 1960, eles estavam sentados num modelo de cadeira desenhado por Hans Jorgen Wegner, a PP501, que foi escolhido pelo seu conforto e originalidade. Esse evento histórico colocou em evidência o design escandinavo e os norte-americanos apelidaram esse novo objeto de The chair. Versão criada em 1949 e recentemente lançada em edição limitada, essa cadeira em madeira maciça de pino e montada por encaixes, encontra-se disponível em carvalho ou cereja oleada, cujos óleos usados são orgânicose possui ainda uma opção em couro acolchoado. Fabricada pela PP Mobler ela era carinhosamente chamada de “O primeiro round” por Hans Wegner e continua sendo até agora a mais famosa cadeira do designer escandinavo. Com seu apoio de braço e seu conjunto de curvas suaves que favorecem o desempenho muscular, esse modelo é uma das referências para marceneiros e a peça mais importante do mestre Hans J. Wegner (19142007), que comemora seu 100º aniversário de nascimento este ano.
Hans J. Wegner desempenhou um papel vital no crescimento e na reputação do design escandinavo internacionalmente e foi um dos designers mais prolíficos que o mundo já viu. Ao longo de sua carreira ele criou nada mais que cerca de 500 cadeiras. Seu trabalho estava centrado no ofício manual, e ele, pessoalmente, criou muitos dos protótipos em sua oficina, onde explorava em permanência a lógica e as potencialidades da madeira. Suas criações são marcadas por linhas simples, atemporais que transmitem uma solidez e um desejo de perfeição sob todos os ângulos. Dentre as suas muitas criações, destacam-se Peacock (1947), Shell (1948), Wishbone (1949), Halyard Presidente Fun (1950), esta última coberta com pele de carneiro cujo original tinha pernas de madeira. Suas peças encontram-se expostas em vários museus do mundo, incluindo o Museu de Arte Moderna de Nova York, o MoMA, e o Design Museum da Dinamarca celebra o centenário de seu nascimento com uma mega-exposição batizada de “Hans J. Wegner - Just one good chair”, que fica em cartaz até 02 de novembro de 2014.
À esquerda, “The Circle Chair”, criada por Hans J. Wegner em 1986. No centro desta página, desenhada em 1949, essa cadeira foi carinhosamente apelidada pelos americanos de “The Chair” CORRESPONDANCE MAGAZINE
www.designmuseum.dk www.pp.dk
ESTILO | 48
Haute Couture Essencialmente efêmera, a moda é um fenômeno que dura o tempo de uma imagem, como as captadas pela fotógrafa alemã Cathleen Naundorf, que resgatou do passado uma elegância singular para transformá-la em polaroids nostálgicas TEXTO MARILANE BORGES | IMAGEM CATHLEEN NAUNDORF
CORRESPONDANCE MAGAZINE
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s criações de Chanel, Dior, Jean Paul Gaultier, Christian Lacroix, Giorgio Armani, Valentino, Elie Saab fazem parte do décor que emana das fotografias de Cathleen Naundorf. Uma série de imagens em formato polaroid sobre a haute-couture com uma rica beleza visual que exala elegância e uma certa nostalgia de uma era onde vestir-se bem tinha a ver com arte. Os vestidos de alta-costura nas fotografias de Naundorf incorporam em si mesmo uma alma como se a modelo fosse apenas um acessório à serviço da roupa. Para atingir esse grau de impressionismo, Naundorf trabalha meticulosamente nos detalhes de cada encenação em cenários magníficos, como no Museu Nacional de História Natural, sob o dossel magistral do telhado do Grand Palais e nas cozinhas do Plaza Athénée. Cada imagem clicada transmite uma emoção, um certo despojamento que, ainda que ensaiado, confere sentido ao contexto.
ESTILO | 50
Na primeira página, Madame au Chatêlet, modelo em Dior Haute Couture Inverno 2007. Acima: Breakfast at Tiffany’s modelo usa chapéu de Philip Treacy e vestido de Hubert Barrère. Abaixo: The crying game, modelos em Dior Haute Couture Verão 2008
CORRESPONDANCE MAGAZINE
Seus polaroids de alta-costura fazem sentido tanto no fundo como na forma, para isso, a fotógrafa trabalha com uma grande câmera de filme Polaroid formato 4 x 5 e 8 x 10 polegadas num fundo neutro de estúdio ou muitas vezes diante de uma grande decoração arquitetônica. Nesse momento, as mulheres de Cathleen Naundorf aparecem diáfanas com uma beleza intensa que contrasta com esses cenários arquiteturais monumentais. O impacto visual desses instantâneos coloridos ou em preto e branco é icrível, é como se elas tivesse saído de uma outra época, graças aos efeitos de uma composição cuidadosa e elaborada. Ultrapassando em todos os contextos a significação da linha do tempo, as modelos incorporam uma certa melancolia do passado onde o glamour e a atitude de mulheres altivas e inacessíveis eram considerados atributos de uma grande fantasia.
www.cathleennaundorf.com
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No alto, à esquerda, La fille en plâtre VIII, modelo em Dior Haute Couture Verão 2007 e à direita La parisienne III, modelo em Dior Haute Couture Inverno 2009. Abaixo: My paradisebird I, modelo em Chanel Haute Couture Inverno 2006 CORRESPONDANCE MAGAZINE
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A maison Ruinart, conhecida pelo seu envolvimento com o mundo das artes, convidou a artista Georgia Russell para esculpir em tirinhas uma cópia do seu primeiro livro contábil e criar uma embalagem exclusiva para seu champagne TEXTO MARILANE BORGES | IMAGEM MAISON RUINART
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specialista na arte de cortar páginas de livros em tiras, a artista escocesa Georgia Russell esculpe, literal e figurativamente com uma lâmina cirúrgica, uma arte delicada. De posse do seu escalpe ela transforma antigas publicações em um novo suporte de expressão para suas esculturas em papel repleta de novos significados. Interessado nessa arte escultural excêntrica, a maison Ruinart convidou a artista para uma dupla colaboração. Para que Russell pudesse criar uma escultura única sobre a história da maison a artista recebeu uma cópia do seu primeiro livro contábil dos idos de 1729, data de criação da empresa, que revela o quão meticuloso o seu fundador Nicolas Ruinart era na gerência de seus negócios. Aquisição de encomendas, entregas, gestão de inventário e contabilidade, tudo era anotado nesse livro, que foi minuciosamente recortado pela artista. Esse trabalho ornamental do livro contábil que adquiriu status de obra de arte foi apresentado em várias feiras internacionais e, com destaque, na Art Basel. Além desse projeto, Russell criou de uma caixa especial para embalar a garrafa de Champagne Ruinart Blanc de Blancs, para essa encomenda a artista se inspirou nas antigas caves de champagne, um espetacular complexo de túneis que, tal qual um labirinto, pode chegar à 38 metros de altura e se estende ao longo de 8 km. Após ter cursado em Londres o Royal College of Art, Georgia Russell se instalou em Paris para aprender francês e diz que foram os livreiros instalados às margens do Sena, que lhe inspiraram nessa arte de fatiar livros numa versão escultural. Para escolher os livros que serão escalpelados, Russell leva em consideração a qualidade do papel impreso e, muitas vezes, o assunto que a publicação trata. Além disso, os livros também devem ter muitas
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páginas para que a escultura se transforme em uma obra exuberante. Quando há páginas suficientes para finalizar uma escultura a artista adiciona outras, apenas para obter a forma desejada, mas a composição final deve vir de um único volume para que a peça seja singular, sob todas as formas. Para falar sobre a obra-embalagem do Champagne Ruinart e suas inspirações artísticas, Georgia Russell concedeu essa entrevista exclusiva para o Correspondance Magazine durante suas férias de verão.
porque, além de toda a carga histórica, seria uma peça revelada para um novo público e se fazia necessário manter a alma da maison em todos os detalhes. O que inspira você no dia a dia? – Sempre busco me inspirar na natureza, no movimento do tempo e na transformação da vida. Como você escolhe seus temas artísticos? – Eu trabalho com ideias variadas até obter o que imagino que pode ser feito como escultura em papel. Além disso, durante todo o processo criativo, recebo informações que posso desenvolver naquele momento para aperfeiçoar a obra em algo ainda mais ornamental.
Que tipo de materiais, além do papel, você usa para compor suas criações? – Meus principais materiais são essencialmente o papel e a fotografia. Como nasceu essa paixão pela escultura em papel? – Há 15 anos quando comecei a me interessar pela escultura nesse tipo de suporte.
Quais seus próximos projetos? – Estou desenvolvendo uma peça que será apresentada na Art Basel Miami, em dezembro, e tenho duas exposições previstas para o próximo ano em museus na Europa.
Quanto tempo leva para se criar uma peça? – Depende da proposta mas algo entre uma semana e vários meses.
Qual seria o seu grande sonho? – Poder continuar a fazer um trabalho comovente e inteligente durante o maior tempo possível.
Você teve alguns desafios para esculpir as peças da Ruinart? – Essa encomenda do Champagne Ruinart foi um dos maiores desafios que já tive
www.ruinart.com
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Baccarat F
TEXTO MARILANE BORGES | IMAGENS MAISON BACCARAT
undada em 1764, a Maison Baccarat escreveu seu fabuloso destino em letras brilhantes e se tornou um símbolo de excelência da art de vivre à francesa. Baccarat, nome que é reconhecido no mundo inteiro como sinônimo de elegância na decoração de lugares suntuosos, eventos únicos e extraordinários ou festas inesquecíveis, comemora neste ano seus 250 anos de história. Em retrospectiva, a Maison Baccarat oferece através de seus produtos uma viagem de volta no tempo em mais de dois séculos de política, cultural e econômica, que acompanha o início da industrialização no século 19 até a evolução do mundo em direção à globalização do século 21. Participando de eventos importantes que marcaram a história mundial, a Maison Baccarat soube incorporar em suas propostas uma carteira de encomendas tão versátil quanto as mudanças que atigiram o mundo nos últimos séculos. Na França, Baccarat recebeu seu primeiro pedido da realeza em 1823, quando Luís XVIII solicitou a criação de um conjunto exclusivo de copos, demanda que foi em seguida copiada por Carlos X, Louis-Philippe e Napoleão III, além de muitos outros Presidentes e Chefes de Estado, que se seguiram. Até hoje os acessórios de mesa gravados Juvisy decoram o serviço da República Francesa desde 1899 e enfeitam as mesas cerimoniais do Palácio do Élysée. Com suas propostas inusitadas e vanguardistas, a Maison Baccarat soube impor sua identidade no mundo inteiro e conquistou rapidamente uma reputação internacional. Do mobiliário desenhando para os Marajás da Índia, o majestoso candelabro “do Czar” criado para Nicolas II, aos refinados pedidos para a corte imperial japonesa à pureza dos copos de água gravados com as iniciais do Presidente dos Estados Unidos, F.D. Roosevelt, os cristais Baccarat souberam incorporar uma espécie de talismã ao seu nome que é diretamente associado a um estilo de vida refinado. Além de iluminar palácios e locais excepcionais, como a impressionante coleção de luminárias para o Palácio Dolmabahçe em Istambul, as peças encomendadas por Napoleão III para seus aposentos no Louvre e nas Tulherias, a Maison Baccarat nunca deixou de surpreender, transformando cada momento da vida em uma ocasião rara para ostentar seu savoir-faire. Suas coleções mais emblemáticas foram aclamadas e premiadas durante a Exposição Universal de Paris de 1855.
Além de ter seduzido um número considerávl de celebridades, como o Duque e a Duquesa de Windsor, o Príncipe Aga Khan III, o Príncipe Rainier e a princesa Grace de Mônaco, a artista Josephine Baker ou ainda Aristóteles Onassis, as criações da Maison Baccarat perpetuaram sua expertise com elegância e vanguarda, valores transmitidos através de séculos por artesãos especializados que souberam guradar e transmitir um legado incomparável. Inspirado por sopradores, cortadores, gravadores que colocam à disposição seus talentos inimitáveis à disposição da maison. Tal qual obras de arte intemporais cada garrafa, vaso, copo, frasco ou lustre encarnam a promessa de uma experiência e, acima de tudo, da arte de compartilhar. No alto de seus seus 250 anos, a Maison Baccarat é o símbolo de celebração de momentos verdadeiramente inesquecíveis. Reconhecido mundialmente por sua expertise excepcional, Baccarat continua a escrever a história de luz a partir de sua primeira coleção de lustres criado meados do século 19. As criações Baccarat transmitem uma história cuja força remete à magia da transparência que reflete no infinito. Uma explosão que também sublima a Maison Baccarat em Paris e em Moscou, combinando classicismo e esplendor, como o primeiro Baccarat Hotel & Residences que foi inaugurado neste ano em Nova York. Mais um lugar de referência que promete perpetuar a história dessa Maison tipicamente francesa.
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PASSAPORTE | 60
Acima, imagens dos alquimistas da Maison Baccarat, personagens imprescindíveis dessa história de 250 anos mas que nunca revelam seus segredos, apenas conduzem com talento o savoir-faire de uma jornada emocional rumo à criação onde cada sopro leva à perfeição. CORRESPONDANCE MAGAZINE
CORRESPONDÊNCIA | 61
Solenne de La Fouchardie Para onde você vai na sua próxima viagem? – Meu próximo destino é Milão, uma viagem de negócios, depois espero descobrir um novo destino para o meu próximo aniversário.
Que lembranças você tem de sua primeira viagem? – Minha primeira viagem ao exterior foi para Londres. Eu tinha 13 anos, estava sozinha e apavorada em ter que pegar o trem e o ferry para chegar à capital Inglesa mas, ao mesmo tempo, fascinada com todas as diferenças culturais com as quais me deparei.
O que não pode faltar na sua mala? – Gosto de viajar leve, por isso, deixo espaço na mala para trazer algo especial das minhas viagens.
Quais indicações de hotel você gostaria de compartilhar com nossos leitores? – Infelizmente ainda não tive a chance de visitar a América do Sul mas tive a sorte de ficar em alguns hotéis excepcionais, entre outros, o Imperial, em Delhi, o Costes, em Paris, o Jumbay Bay, em Antigua, e o Mercer, em Nova York, ou ainda o Amnia, em Zermatt.
O que você costuma trazer como lembrança de suas viagens? – Quando visito países com tradições artesanais, sempre gosto de trazer algo único do país, algo que poderia nos inspirar na criação de novos produtos.
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www.ochre.net
francesa Solenne de La Fouchardie é a terceira sócia da empresa de design Ochre, composta por Joanna Bibby e Harriet Maxwell Macdonald. Três mulheres com uma proposta inusitada que fizeram a Ochre crescer organicamente, mantendose fiel aos seus princípios fundamentais: a utilização de materiais de alta qualidade e o artesanato para criar objetos com estilo e beleza que são ao mesmo tempo atemporais e contemporâneos. Uma das especialidades da Ochre é oferecer propostas sofisticadas de mobiliário, acessórios e iluminação com ênfase artesanal em suas coleções, sempre levando-se em consideração como a luz é difundida, seja através de um lustre ou de uma simples lâmpada.
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