Revista Valentina

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Valentina

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capa

cabelo, para que te quero

a nova geração de talentos que vai renovar a Mpb

CRISES de 2015 nO BRASIL: causas E CONSEQUÊNCIAS

O real BSDM que 50 Tons de cinza não mostra


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SPEE

D ROAD


SPEED ROAD www.lojaspeedroad.com.br

VOCÊ SEGURA E BEM VESTIDA

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Nossa equipe

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Revista produzida pelos alunos do 6º termo do curso de Comunicação Social: Jornalismo

Professores Orientadores Mauro de Souza Ventura Jaqueline Esther Schiavoni

Reportagem, Edição e Fotografia Amanda de Moura Costa Ana Carolina de Oliveira Giovanna Hespanhol de Oliveira Marília Garcia Salto Moema Novais Costa Victor Francisco Rezende

Endereço e telefone Av. Eng. Luiz Edmundo Carrijo Coube, 14-01, Vargem Limpa, Bauru-SP (14) 3103-6000 Ramal: 6063

Fotografia de capa Moema Novais Costa Giovanna Hespanhol

Diretor da FAAC Nilson Ghirardello

Agradecimentos especiais Nicole Gomes de Andrade Mariana Iamaguti Danielle Naomi Lua Gonçalves Lucas Elias Ignez Eliane A. Garcia

Destaques do site:

Reitor Julio Cezar Durigan

Coordenação do curso de Jornalismo Francisco Rolfsen Belda Chefe do Departamento de Comunicação Social Juarez Tadeu de Paula Xavier

Confira as novidades na loja Mundo Valentina

Não deixe de ver a galeria completa das nossas modelos e os bastidores do ensaio desta edição

Um top 10 não é suficiente para tanto talento. Confira nossa lista de menções honrosas com as mulheres influentes da Globo

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Revista Valentina @mundovalentina Confira o vídeo exclusivo com o tutorial de maquiagem para meninas que usam óculos

Mundo Valentina


Editorial Ilustração:

Lua Gonçalves

Seja valente, seja Valentina Nosso compromisso é dar voz a cada vez mais meninas e mulheres que estão cheias de opiniões, histórias e sabedoria para dividir conosco. Neste mês, esse acervo de vozes se amplia com histórias incríveis, como a da Fernanda Martini, retratada no perfil e de Dunya Abdouni, entrevistada sobre a Islamofobia. Com a Valentina, cada vez que mergulhamos mais fundo em um universo, cada nova edição e reportagem que nos desafiamos a fazer trazem uma grande carga de descobertas sobre o que é ser mulher no nosso mundo. Este mês, entendemos mais as barras que toda mulher ainda aguenta independente de quem diga que “as coisas estão melhores hoje em dia”. Em algum ponto entre falar sobre mulheres na arte e conhecer o lugar preferido das personagens da fotorreportagem do mês, percebemos o quanto o papel feminino na história e nas histórias de suas vidas tem a ver com a quebra de padrões. Mulheres quebram padrões o tempo todo. Afinal, ser mulher de acordo com padrões mais estritos que a sociedade ainda tenta colocar é quase um ato de anulação. E essa tal quebra não tem a ver com um grito ou uma ação para os outros, é muitas vezes interna. Os marcos das nossas vidas se dão quando

pensamos diferente dos outros, falamos o que não é falado, escrevemos o que os outros não escrevem e fazemos o que nunca fizemos antes. Com o conjunto que esta edição apresenta, propomos o exercício de ver a beleza das personagens de cada página sem fazer disso exótico ou “anormal”. Falamos de quebra de padrões ao mostrar garotas que não escondem o fato de se masturbar; ao mostrar cabelos coloridos, não lisos, curtos, mas não falamos em exceção. Afinal, anormal é não ser “diferente”, e a Valentina tem nos provado isso cada vez mais. A ideia da quebra de padrões está intrínseca na nossa própria visão como publicação. Valentina foi criada para ser uma revista feminina inteligente, longe de estereótipos e voltada para meninas e mulheres da vida real. Por vida real queremos dizer a vida que vivemos todos os dias: trabalhando, suando para garantir o estudo sem deixar de querer ser bonita, consumir cultura – seja ela qual for – e sonhar com as mais diferentes coisas: seja casamento ou poliamor; um sobradinho familiar ou uma volta ao mundo. Então, com doses de sonho e realidade necessárias para o dia a dia, chegamos a mais uma edição. Não espere e mergulhe na Valentina conosco.

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Sumário

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Perfil

Conheça Fernanda Martini, nossa Valentina do mês

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Profissão

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FOTOGRAFIA

O tema da 26ª edição da Valentina é cabelos e suas personalidades

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EM CRISE

Fique por dentro de todas as crises nacionais em nossa reportagem especial

Você sabe como é o trabalho e as vantagens de ser uma revendedora?

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Além dos 50 tons

Entenda porque 50 Tons de Cinza não retrata o verdadeiro BDSM

14 Brechós - Afinal, roupas bonitas não precisam ser caras 48 Inflação - O dragão que está acabando com seu salário 62 Inbisíveis - Bissexuais, os invisíveis do movimento LGBT 64 Adote esta ideia - Saiba como ocorre o processo de adoção

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Curtas em circuito

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Quem é a Nova MPB?

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Luciana Pires

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Ficção na sua estante

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NOVOs TALENTOs

Os curta-metragens estão em ascensão no mercado cinematográfico e marcam presença nas universidades.

Conheça as bandas e os cantores que fazem parte da nova geração da música popular brasileira

Veja na entrevista exclusiva as inspirações musicais da cantora e seus planos para o futuro da carreira

Na sessão literária, descubra mais sobre as novas tendências que estão atraindo a atenção dos jovens

Confira o trabalho de Ana Lima, o novo talento que Valentina trouxe para você conhecer nesta edição!

66 Cosplays 68 50 anos da globo 72 XUXA NA RECORD E Mais: Política internacional 44 - islamofobia 47 - boko haram

moda e beleza 18 - moda plus size 20 - tutorial de maquiagem 21 - esmaltes dupes

Comportamento 53 - mochilão 54 - alimentação saudável 59 - masturbação

CULTURA 74 - programa do gugu 80 - Cinematografando 81 - filme do mês

90 - termômetro de cds 92 - Crônica da edição 97 - resenhatura


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Cartas Valentina Moto girls radicais

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“Se tem uma coisa que eu tava morrendo de medo este ano era o imposto de renda. Nunca tinha entendido nada sobre isso, mas agora, depois da matéria da Valentina na edição passada (Sabe como fazer o imposto de renda? - Edição 25), passei a entender e já fiz o IR tranquilamente este ano. Aliás, meu primeiro ano prestando contas ao “leão” - e agora até sei o que isso significa!” Clara Rodrigues - Arabutã (SC) “Só queria dizer que chorei muito com o perfil da travesti Anyky Lima (Travestis envelhecem? - Edição 25). Nunca tinha parado pra pensar que todas as travestis que eu conheço ou já vi pela televisão devem ter menos de 30 anos, e é chocante pensar que isso acontece porque poucas conseguem passar dessa idade por serem vítimas de tanto preconceito e violência. Me tirou da minha zona de conforto e me fez rever meus privilégios. Além disso, chorei muito e ainda ganhei alguém para admirar. Parabéns Anyky e parabéns a todas as travestis e transsexuais que lutam para sobreviver nesse mundo, porque não deve ser fácil.” Mirela Famezzi - Camaçari (BA)

Edição 25 “Trabalho como motogirl na região metropolitana de São Paulo e não posso deixar de parabenizar vocês pela matéria de capa da edição passada (Motoqueiras Descoladas - Edição 25). O conteúdo me conquistou logo pela capa e agora vou me tornar leitora voraz da Valentina. As fotos ficaram sensacionais demais e amei todas as motoqueiras. Me senti parte da revista. Ah, e espero que sempre vocês consigam trazer mais conteúdo voltado a nós! Obrigada!” Rosa Silva - Diadema (SP) “Muito interessante a matéria sobre a discussão da Medida Provisória do Esporte (O gol que falta - Edição 25). Acho engraçado como esses assuntos são discutidos sem nunca levar os chamados clubes pequenos em consideração. Alguns já estão muito endividados e, diferente dos grandes, não aparecem na TV o ano inteiro então não recebem direitos de imagem. É uma lei que se faz necessária, mas se vai prejudicar uns mais que outros, talvez não devesse ser aprovada, é só ver os exemplos de Guarani e Portuguesa.” Kátia Russo - Campinas (SP) “Adorei a matéria sobre drag queens brasileiras (Rainhas Made in Brazil - Edição 25). Sou fã de RuPaul’s Drag Race, admiro muito a carreira do RuPaul, mas acho que o sucesso do reality aqui no Brasil acaba ofuscando o trabalho das nossas drag queens e transformistas brasileiras. Por isso, achei muito legal a matéria apresentando os novos talentos nacionais e as dificuldades de se sustentar nessa profissão. Menos Bianca del Rio, mais Yasmin Carrarroh!” Alissa Mendes - Poconé (MT)

Tem alguma crítica, sugestão ou pedido? Entre em contato com a Valentina! valentinaredacao@gmail.com Revista Valentina @mundovalentina


Dicas da Redação

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O tema da edição é “Personagens femininas fortes”. Confira as dicas de nossos reporteres:

Música: Nina Simone Consagrada como uma das principais divas do jazz, Nina Simone foi destaque não apenas pela sua voz inconfundível, mas também pela sua história: ela teve uma vida intensa lutando contra o racismo e o machismo, dentro e fora dos palcos. Nina é o tipo de mulher que nos inspira a lutar pelos nossos ideais e sonhos. É difícil escolher para quais músicas dar destaque dentro de uma obra tão grande e diferenciada como a de Nina, mas você pode começar com “Feeling Good”, “Ain’t Got No – I Got Life”, “Mississippi Goddamn” e “Be My Husband”. Aperte o play e sinta toda a força que emana da voz de Nina Simone!

Série: Marvel’s Agent Carter

Livro: Travessuras da Menina Má

Quem assistiu ao filme “Capitão América: o primeiro Vingador” deve ter reparado na bela Peggy Carter. Ao contrário do que sempre se vê, ela não é somente a mocinha pela qual o heroi da trama, Steve Rogers, se apaixona. Agente determinada, ela ganhou uma série no canal americano ABC. Marvel’s Agente Carter narra suas missões e a forma com que ela lida com um ambiente dominado pelos homens.

A tal “menina má” vem da riquíssima literatura latino-americana e de tão complexa, ela adota vários nomes no decorrer da narrativa. Às vezes atende por Lily, outras por Otília, ou mesmo “chilenita”. Não se trata de uma típica heroína, nem um exemplo a ser seguido: ela tem falhas, mente e engana o rapaz que passa as décadas da história apaixonado por ela. Mas justamente por esse motivo a escolhi, afinal, mulheres fortes não são necessariamente irretocáveis e inquebráveis. Ela vive altos e baixos, sofre e faz sofrer e é sem dúvidas uma persongem marcante e inesquecível. (Livro de Mário Vargas Llosa)

Acesse a playlist em nosso site!

Leia o primeiro capítulo!

Anime: Kill la Kill Se você não curte violência e pessoas seminuas sem motivo aparente, esse anime não é para você. Agora, se você é fã de histórias imprevisíveis e (muito) bizarras contadas em um ritmo alucinante, Kill la Kill é perfeito. Além disso, não dá pra resistir a um anime com tantas personagens femininas fortes, desde a protagonista até as vilãs, passando pelo núcleo cômico. A mais forte, sem dúvida, é Satsuki Kiryuin, que a princípio pode parecer vilã, mas surpreende ao se mostrar bem mais fascinante e complexa. Assista a um trecho no MundoValentina!

Game: Franquia Resident Evil

Novela: Sete Vidas Uma novela repleta de personagens femininas fortes e independentes. Essa é Sete Vidas, atual novela das seis da Globo, e um verdadeiro primor no atual mercado das telenovelas brasileiras. É uma tarefa árdua escolher apenas uma personagem, mas é quase impossível não destacar Esther (personagem interpretada por Regina Duarte) - uma professora aposentada, homossexual, e que luta contra o preconceito da sociedade, praticado na figura de sua própria nora. Vale a pena ficar de olho!

A aclamada franquia de zumbis e terror Resident Evil sempre contou com boas per sonagens femininas, entre elas Claire Redfield. No meio do apocalipse zumbi, Claire sai em busca de seu irmão e, apesar de ser apenas uma civil, consegue se virar muito bem sobrevivendo e liquidando zumbis, sem deixar de ser uma pessoa sensível. No novo jogo multiplataformas lançado em março, Revelations 2, Claire é novamente a protagnista. presa numa ilha infestada de zumbis e praticamente sem munição. Vale investir para dar uma conferida. Baixe o demo e teste o jogo!


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Perfil: Fernanda Martini

Sonhos nĂŁo envelhecem A universitĂĄria Fernanda Martini cresceu com o exemplo de mulheres fortes que fizeram dela independente e cheia de personalidade Amanda moura

Foto: Amanda Moura


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Quando se fala na história e na vida de Fernanda, é difícil não pensar muita coisa ao mesmo tempo. Há diversos “muitos” em sua trajetória. Muitas formas de chamá-la: moça, menina, garota, mulher. Muitas cidades em que ela já passsou, muitas profissões que já arriscou, muita gente que já conheceu, muitos amigos, muitos sonhos, muitas dificuldades e vtórias. Portanto, ao perguntar pela Fernanda, não espere a resposta simples daqueles que são um só. Normal mesmo será se você receber uma reticência ao começar a ouvir sobre ela. Bem... O nome dela é Fernanda Martini e, escondido em sua personalidade, descobri que ela poderia muito bem se chamar Valentina. Poucos acreditam que os olhos vibrantes e o sorriso caloroso e jovial dela carregam 33 anos, mas eles o fazem. Nascida em São Paulo, bauruense até esses dias e nova habitante da cidade gaúcha de São Borja, a mais recente universitária da Unipampa me contou um pouco de sua trajetória até este momento da sua vida. Antes de parar em Bauru, onde nos encontramos, Fernanda nasceu em São Paulo e passou por Ipaussu, Planalto, Piraju, Bauru, Rio de Janeiro e São Paulo outra vez. A família da qual ela veio é daquelas cheias de mulheres fortes e corajosas e, embora os pais tenham se separado em sua adolescência, ela prefere dizer que eles foram separados “desde sempre”. A mãe é manicure desde que ela se entende por gente, o pai sempre trabalhou como advogado. Fernanda é a irmã mais velha de dois irmãos, tanto por idade quanto por atitude. Não hesita em falar nas vezes em que se pôs na frente do irmão para defendê-lo ou em ainda chamar a irmã, atualmente com 27 anos, de “minha irmãzinha”. Esse tipo de responsabilidade fez com que ela amadurecesse muito rápido. Entre os 14 e o os 16 anos, se viu no conselho tutelar usando seus diários como prova para a separação dos pais. Quando o processo de divórcio se concluiu, mãe e filhos partiram ao encontro de parentes em Bauru, onde encontraram ajuda para se estabelecer. Entre os dezessete e dezoito anos, ela já sentiu a necessidade de trabalhar e responder a uma independência que já despontava. A figura da mãe forte sempre foi muito presente em suas atitudes e pensamentos. “Minha mãe é minha total admiração, eu tento fazer as coisas pra mim, óbvio. Mas eu ‘tô’ lutando para que ela pare. Tem 50 anos que ela trabalha na mesma profissão, sustentou 3 filhos e não precisou de ajuda de marido.” Ainda falando sobre as mulheres da família, Fernanda reforça o que a leva a acreditar que é capaz de conseguir tudo aquilo que quer sozinha. “Eu tenho que fazer sozinha. Ué, se minha mãe faz, por que eu não posso? Se minha tia fazia, porque que eu não posso? Se minha avó fazia, por que eu não posso? Eu sempre tive exemplo de mulher que diz ‘dane-se os homens’, vai lá e se vira sozinha”. Foi na luta por sua independência que Fernanda foi conhecendo algumas de suas paixões. Trabalhando

Eu quero ser Peter Pan e Robin Hood. Vou viver com as pessoas mais novas e vou tirar dos ricos para dar para os pobres.

desde os 18 anos, ela já foi secretária, vendedora, promotora de vendas, organizadora de eventos, entre outras ocupações. Em algum momento nesse meio, ela conta que aprendeu e tomou gosto por “vender de verdade” e percebeu que tinha perfil para as Relações Públicas – curso no qual ingressa este ano. Antes disso, veio o interesse pela psicologia e por sexualidade. Ela lembra que, ainda criança, pegava livros e mais livros sobre a temática tentando entender as relações entre as pessoas e alguns choques de realidade que teve muito jovem. Nessa época, nasceu um sonho muito específico e duradouro: o de ser Unespiana. Fernanda sorri com nostalgia quando se lembra das férias de Julho que passava em Bauru sonhando em ser da faculdade. É uma daquelas vontades inexplicáveis: não servia USP, não servia Unicamp, tinha que ser Unesp. O sonho se mantém até hoje, mas por alguma curiosidade do destino ou da sorte, a Unipampa foi quem a chamou. Persistente, ela ainda promete voltar e fazer uma pós-graduação na universidade bauruense. O curso de Relações Públicas não será sua primeira graduação. Durante um casamento de seis anos que a levou para o Rio de Janeiro e São Paulo, ela viveu a experiência de cursar a faculdade de Gastronomia. Foi como juntar o útil ao agradável, já que era a menina que gostava de cozinhar – neta de professora de “artes culinárias”, ela adquiriu a formação. Terminar a faculdade foi difícil por questões emocionais e financeiras. O fim da união estável coincidiu com o período final do curso e naqueles dias, Fernanda viveu a experiência dos altos e baixos da vida. Em um riso meio divertido, meio magoado, ela conta que vivia uma vida de conto de fadas e, de repente, perdeu tudo. “Imagina, eu era mulher de médico”, ela lembra ao rir das ilusões de sua versão mais jovem. Em uma curiosidade do destino, a fita se repetiu e mais uma vez ela se viu em Bauru depois de um divórcio, desta vez o dela. Foi um momento de recomeço, desde a tentativa de trabalhar na área de Gastronomia até a percepção de que ela queria algo mais. A dúvida e o


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Quero tentar devolver pra sociedade o que eu recebi ou o que eu não recebi. Foto: Amanda Moura

desânimo às vezes aparecem: “Eu me viro, eu dou meus pulos, vendo brigadeiro, mas tem hora que nada parece funcionar”, confessa Fernanda. Depois do casamento que não deu certo, ela confesso que reviu seus conceitos e suas crenças sobre o amor e os relacionamentos. “Eu quero manter relacionamentos com pessoas enquanto elas estão me fazendo bem. Me fez mal, adeus. Comecei a me interessar mais sobre amor livre, relações de mais responsabilidade amorosa do que de convivência social”. Com o recomeço, voltou o sonho universitário. A menina de 30 anos enfrentou uma sala de adolescentes em um cursinho pré-vestibular e as críticas de familiares e conhecidos. O cursinho, que fazia parte da universidade, deu a ela o sentimento de “estar dentro da universidade sem estar”. Lembrando-se de algumas situações, ela percebe o quanto o ambiente é segregador em algumas ocasiões. Depois do estudo, veio a vitória e a aprovação na faculdade gaúcha. Resoluta, ela conta que decidiu que não tinha mais porque adiar o sonho: “se a vaga é minha, então é minha”. Para conseguir grana suficiente para viajar e se manter inicialmente em São Borja, Fernanda fez campanha, bazar e vendeu mais brigadeiro que nunca. Pedir ajuda nunca é fácil, como ela mesma comenta: “Eu demorei quase um mês pra aceitar que eu precisava pedir ajuda”. Para os amigos que ajudaram, vale mesmo é ver “a Fer arrasando nos Pampas”!

Na faculdade, ela vai encontrar muito moleque e gente mais nova que ela, mas para isso ela nunca ligou. Na verdade, para ela, há certa angústia no convívio com as pessoas de sua idade. É nessa hora que cabe mais chamá-la de menina do que qualquer outra coisa, quando, com a maior sinceridade, ela torce o nariz para falar dos “adultos”. “Eu não consigo conviver com pessoas da minha idade ou acima disso. Eu tenho esse pensamento de doçura, de leveza e quando você é jovem, você só tá pensando em coisas boas”. Síndrome de Peter Pan? Talvez. Ela confessa também os planos que não são poucos: estudar Relações Públicas, trabalhar com alguém rico e fazer bem para quem precisa. Fernanda almeja dar o retorno para as pessoas que a ajudaram. “Tentar devolver pra sociedade o que eu recebi ou o que eu não recebi”. Ah, e falando em sonhos, será ótimo se os próximos anos garantirem uma viagem para a Índia! Chegando ao final de nossa coversa, Fernanda conta que as malas já estão prontas. Sobre o que virá, ela resume dizendo: “O que eu sempre pensei foi que eu preciso ser Peter Pan e Robin Hood. Vou viver com as pessoas mais novas e vou tirar dos ricos para dar para os pobres.” Por fim, ela consegue unir um dos tantos “muitos” em sua história, os muitos sonhos se concentram em um: o de permanecer doce ajudando aos outros. Talvez, de um jeito mais real e melhor que aquele de anos atrás, ela ainda tem um conto de fadas para viver! ▼


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MODA E BELEZA

Quanto vale seu estilo? Quem quer se vestir bem gastando pouco tem cada vez mais opções de procura, como os brechós e as lojas populares amanda moura giovanna hespanhol


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Foto: Giovanna Hespanhol


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Foto: Giovanna Hespanhol

Faz tempo que a moda deixou de ser apenas interesse das classes altas. Seja para trabalhar, passear no fim de semana ou ir a uma festa “chique”, se sentir bem com a roupa que se usa é muito importante. Vários fatores contribuem para essa sintonia entre você e sua roupa e o estilo é uma delas. Determinar o seu estilo é um processo de autoconhecimento e consiste em unir o que a moda apresenta e o que você acha agradável. O dinheiro curto, muitas vezes, parece ser um obstáculo para isso. Afinal, os meios para conhecer o que está em alta na moda são desfiles de grandes marcas ou as vitrines de lojas cujos preços nem sempre se encaixam no bolso. Além disso, há uma questão cultural brasileira em jogo: a supervalorização das marcas de luxo e do que é “novo e caro”. Muita gente já deve ter conhecido alguém que torce o nariz para a ideia do uso de roupas reaproveitadas, como as de brechós. A tendência é mais nova no Brasil do que em outras localidades. A Califórnia, por exemplo, é referência na concentração desse tipo de loja, sendo que muitas unem peças novas com velhas para garantir um caráter mais “seleto” aos produtos. Buenos Aires também está cheia de brechós. É o caso da Galeria Quinta Avenida, que reúne cerca de trinta lojas de artigos usados e atraem moradores locais e turistas. A dona de brechó Ana Picone reconhece o entrave cultural, mas vê uma mudança positiva acontecendo. “Creio que aqui no Brasil as pessoas ainda têm um pouco de receio de usar peças usadas, mas vejo que, com o passar do tempo, esta ideia está mudando”, comenta. Já a grande importância que é dada às marcas é um reflexo de uma cultura recente e impulsionada pela publicidade. A professora de Comunicação Social e autora da tese “A arte na publicidade de uma marca de luxo”,

Carolina Boari, explica que “a moda do período póssegunda guerra tornou-se centrada na utilização das marcas, que passaram a ter destaque absoluto a partir dos anos oitenta”. Reforçando constantemente a ideia de que você é o que você usa, o mercado utiliza do desejo das pessoas de pertencer a determinada identidade ou status. Boari comenta que a publicidade atua com o escopo de conferir simbologia às marcas que anuncia. “As celebridades e modelos utilizadas nas campanhas de comunicação, o discurso, o cenário, a trilha sonora reforçam o posicionamento da marca, de forma a criar associações identitárias”, completa a professora. A sociedade, pouco a pouco, também está questionando as associações diretas que se costuma fazer entre as roupas e um status imposto para seus usuários. Determinações de público restritas podem se tornar excludentes e mesmo segregadoras. Em 2013, a CEO da marca Abercrombie, por exemplo, alegou que seus produtos não são apropriados para pessoas “gordas e feias”. O caso gerou grande polêmica e não agradou nem o pouco ao público. Uma outra discussão acerca da importância da etiqueta que uma roupa carrega foi levantada recentemente. A cantora Anitta usou um vestido de loja “popular” no casamento da atriz Fernanda Souza com o cantor Thiaguinho. O modelo teria custado R$79 em promoção e não recebeu críticas relevantes quanto à qualidade ou beleza em relação as escolhas dos outros convidados. Apesar da crítica que levantou o debate, fãs e internautas apoiaram a cantora. Então, se a dona do “Show das Poderosas”pode optar por escolhas “baratinhas”, não relute em criar sua moda e seu estilo. Garimpar é a palavra da vez!


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BRECHÓS E A ARTE DO QUEBRA-CABEÇA Quando se fala em moda retrô, nem todos têm a opção de vasculhar o guarda-roupa da mãe ou das avós para encontrar aquela peça de cintura alta, os óculos de lentes redondas ou coletes jeans. Para isso, existem os brechós, lojas que comercializam artigos usados, desde bijuterias a roupas do dia-a-dia. ORIGEM A origem vem lá do Rio de Janeiro do século XIX. Um velho comerciante adotou essa prática de venda de roupas de segunda mão e popularizou a “Casa de Belchior”. Com o passar do tempo, “belchior” acabou se transformando em brechó, termo que usamos até hoje. Para nomear e classificar as peças encontradas nesses estabelecimentos, há ainda o chamado “estilo vintage”. Essa expressão é bastante encontrada em passarelas e diversos blogs ou sites de moda. A diferença do vintage para o retrô é que o primeiro são peças produzidas em épocas passadas que são vendidas atualmente, enquanto o segundo são os artigos produzidos agora de forma a parecer antigo. Por ser uma boa opção de negócio, quase toda cidade tem pelo menos um brechó. Para quem se preocupa com a qualidade das roupas, há lojas que têm um cuidado especial com suas peças. Um exemplo é o brechó de Ana Picone. Segundo ela, todos os artigos passam por uma triagem. “Não pego nada furado, rasgado, cheirando a mofo ou guardado. Tudo seminovíssimo ou novo, pois muitas pessoas compram itens e trazem ainda com a etiqueta”, comenta Ana. De outro lado do estado de São Paulo, em Bauru, a loja Miscelânea também se propõe a vender roupas usadas. Mas oferece mais que isso: os produtos usados são, em maioria, jeans customizados - que custam de R$20 a R$98 – e acessórios. E nos cabides e corredores da loja, juntam-se as peças novas desenhadas e feitas pelo atelier próprio. A dona e idealizadora do negócio é Dagma Marques. Ela conta que encontrou dificuldades de aceitação para se firmar na cidade, visto que Bauru não conhecia nenhuma loja como a dela – que unisse criação própria com produtos de brechó. A resistência hoje é bem menor, mas ainda existe. “Tem pessoas que entram na loja e se falo que é roupa usada, não gostam”, comenta Dagma. Porém, a reutilização dessas roupas visa uma demanda do público e a qualidade. A proprietária viaja bastante para conseguir jeans antigos de qualidade e adaptáveis e depois da compra, os estiliza e vende. “Não tem como um shorts anos 80 ou 90 ser um modelo novo”, argumenta. Em vista disso, a primeira dica para quem quer escolher roupas em brechós é deixar o preconceito em casa. Essas lojas podem oferecer opções para diversos

looks de diferentes estilos. O mais importante é ter paciência para garimpar. As peças nem sempre vão aparecer facilmente. Entretanto, quando você encontrá-las e gostar do que vê, vai sentir aquele orgulho de “criar” alguma coisa. É como o quebra cabeça, depois de montado, todo mundo quer pelo menos mostrar para alguém, certo? É sempre bom ter em mente que tipo de roupa se quer para otimizar a procura. Porém, existem aquelas peças curingas que compõem qualquer tipo de look, como blusas sem estampa. Regiane Silva não nega sua paixão por moda e escreve para o blog “Brechó Desatola meu guarda-roupa”, que também funciona como uma loja virtual. Ela acredita que os consumidores devem procurar artigos que fazem a diferença no guarda-roupa, mas com o máximo de atenção para os detalhes de roupas a serem evitadas. “São peças com cheiros impregnados que muitas vezes não saem mesmo, ou manchas duvidosas”, explica. Outra boa dica é fazer como a própria Dagma faz em sua loja. Se tem aquela roupa que encontrou em casa ou no próprio brechó e quer que ela pareça mais “descolada”, a melhor maneira é customizá-la para que ela fique personalizada de acordo com o estilo desejado. Além de economizar com isso, ainda há a vantagem da exclusividade: nenhuma outra peça será igual. ▼

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Foto: Giovanna Hespanhol

Look barato: 1 - Blusa (nova) R$30; 2 - Saia (usada) R$20; 3 - Bolsa (usada) R$10, e 4 - Óculos (novo) R$ 10


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roupeiro

O PLUS Mulheres lutam por uma moda mais democrática, que atenda a todos os tamanhos e respeite os estilos

Giovanna Hespanhol Moema Novais

No final de fevereiro deste ano, a inglesa Anita Beaver se tornou manchete em vários veículos internacionais de comunicação contando a sua história. Após enfrentar um divórcio difícil e perder o pai, ela lançou a marca de lingeries Lovewand voltada para o público plus size. A ideia surgiu quando a criadora percebeu a grande dificuldade em encontrar peças que fossem sexy e confortáveis. O objetivo da marca é fazer com que as mulheres se sintam sensuais e felizes com os seus próprios corpos. Diante disso, fica aquela dúvida: o que é realmente considerado plus size? De acordo com a padronização do mercado, mulheres que vestem acima de 44 já se encaixam nessa categoria. O termo surgiu nos Estados Unidos e, em uma tradução livre, assume o significado de “tamanho maior”. Hoje, o mercado plus size no Brasil fatura 5% do setor de vestuário, um equivalente a R$4,5 bilhões, de acordo com dados da Associação Brasileira de Vestuário (Abravest). Mesmo com a explicação “oficial” para sua numeração, ainda existem muitas polêmicas por trás desse universo particular da moda. Esse movimento surgiu para atender aos interesses das consumidoras que querem se vestir bem e seguir as tendências, mas que não tinham esse espaço no mercado. Camila Cura é dona do blog Fofashions, que dá dicas de moda para mulheres plus size. Ela afirma que “é preciso

acabar com o preconceito com a moda plus size, pois associam gordura a doença. Existe muito gordo saudável como existe muito magro doente e vice versa”. Entretanto, algumas pessoas acreditam que esse segmento não deveria existir, já que ele é baseado na numeração das roupas e a moda deve ser acessível a todos, sem distinção. De acordo com Érica Dante, agente e modelo plus size, esse campo da moda deve ser valorizado como qualquer outro, já que representa grande parte da população. Ela define a mulher plus size como uma consumidora que quer estar bonita e ter prazer em se vestir bem. “A mulher plus size não é melhor ou pior, mas por muito tempo foi ignorada pelo mercado”, afirma. Outro ponto de tensão na moda plus size são as coleções. Após a ascensão desse mercado, muitas lojas incluíram araras com tamanhos especiais, geralmente fazendo peças exclusivas. No entanto, a grande maioria desses artigos tem cortes muito simples e pouco modernos. Camila Cura acredita que as lojas ainda têm muito o que melhorar nas confecções, “começando com a numeração que deveria ser padronizada. Depois disto, aumentar a grade do 44 ao 58/60 e não realizar peças exclusivas para as pessoas acima do peso”, explica. Ela ainda admite que, para que as mudanças aconteçam de fato, é necessário um certo tempo de adap-


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da moda tação e pesquisa. Para Camila, as lojas especializadas no segmento plus size estariam um passo a frente. “As lojas especializadas estão começando a estudar o corpo gordo, melhorando estampa, corte, tecido, caimento”, comenta. VISIBILIDADE DO PLUS SIZE Para Érica Dante, não é possível definir uma data exata de quando a mídia começou a dar destaque para esse segmento da moda, mas acredita que nos últimos anos a divulgação e aceitação têm aumentado no Brasil. Ela comenta que “as modelos plus size começaram a ser valorizadas como profissionais e tem encontrado seu lugar ao sol”. Um exemplo é a realização do Fashion Weekend Plus Size Brasil, que acontece desde 2010 com duas edições anuais, segundo a página do evento no Facebook.

Érica Dante, modelo e agente plus size, acredita que esse segmento da moda deve ser valorizado já que representa uma boa parte da população. Foto: Arquivo pessoal

Outra prova de que essa moda está ganhando mais espaço é a criação do concurso de Miss Brasil Plus Size. A primeira edição foi organizada no ano de 2011 por Alberto Conde. No site, consta a explicação de que o evento “não faz apologia à obesidade, pelo contrário, e oferece e mostra às modelos mais ‘gordinhas’ que todas podem e devem ocupar seu lugar, ao lado das modelos tradicionais”. A edição desse ano oferece como prêmio para o primeiro lugar uma viagem para Paris com um acompanhante, além de um book profissional, prêmios de patrocinadores e contrato de um ano de trabalho valendo R$10.000. O segundo e o terceiro lugar ganham o título de princesa, podendo representar a vencedora em eventos em que ela não puder comparecer. ▼


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penteadeira

Por trás dessa lente tem um make legal Moema Novais

Para quem usa óculos, pensar na maquiagem pode ser um pouco frustrante: além da dificuldade em enxergar o seu rosto, os óculos podem acabar “escondendo” todo o trabalho. Pensando nisso, a Valentina apresenta um pequeno tutorial para quem não quer abrir mão dos óculos, nem da maquiagem. Hayara Cassiana Pinto é maquiadora formada pelo Senac e usou a nossa repórter Marília Garcia como modelo para uma maquiagem que você pode usar no dia-a-dia e adaptar para o happy hour.

de começar limpe, 1.1.Antes tonifique e hidrate a pele.

Aplique a base e, se necessário, o corretivo. É importante passar um pó para evitar que o atrito com os óculos retire a base e marque a pele: Hayara recomenda o uso do pó translúcido solto. Finalize a pele com blush.

passando uma 2. Comece sombra neutra e marque

o côncavo com uma sombra marrom. O segredo do rímel é esperar que ele seque totalmente antes de colocar os óculos. Para finalizar, passe um lápis marrom na linha d’água e aplique um batom clarinho ou cor de boca nos lábios.

Dicas fundamentais: - Se você tem muita dificuldade para enxergar, use um espelho de aumento ou compre óculos especiais, no qual você coloca a lente e consegue levantar uma aba por vez para enxergar os olhos. - A gente garante: tudo o que você fizer na maquiagem vai aparecer, mesmo com os óculos. - Defina a sua ordem para maquiar: você pode começar com a pele, fazer o olho e depois o blush, ou o contrário. É você quem decide!

Para a noite: se jogue nas 3. cores! Nessa maquiagem,

Hayara usou um tom cinza e esfumaçou sombra preta por cima, além de reforçar o delineador. Passe um lápis preto na linha d’água e na dos cílios. Finalize a maquiagem com um batom mais forte, como vermelho ou rosa.


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Baratos e na moda

Os dupes estão aí para quem quer seguir as tendências, mas não pode gastar muito Ana Oliveira

Já faz um tempo que os esmaltes deixaram de ser apenas enfeite e se tornaram aliados para combinarem com roupas, acessórios e sapatos. Grifes como Chanel, Dior e Marc Jacobs passaram a prestar mais atenção nesses detalhes e lançaram suas linhas de esmaltes, que sempre são apresentadas junto das roupas nas maiores semanas de moda do mundo. Quem aí lembra do frisson que o Jade da Chanel causou ao ser lançado na Semana de Moda de Paris em 2009? O esmalte verde pálido chegou a custar 80 dólares, cerca de 240 reais! Pois é, não é todo mundo que pode pagar tanto por um vidrinho de esmalte, mas você sabia que a Colorama tem em sua linha o esmalte Absinto? O verdinho da marca brasileira é praticamente idêntico ao Jade da Chanel e custa cerca de 3 reais, bem mais em conta, não?

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As principais marcas brasileiras de cosméticos já perceberam o sucesso das tendências internacionais e estão fazendo o possível para adaptá-las ao mercado nacional. A Pantone, empresa produtora de sistemas de cor que são utilizados na indústria gráfica, elegeu a Marsala - um marrom avermelhado - como a cor do outono/inverno 2015. Pouco tempo depois, a marca de esmaltes Risqué lançou sua mais recente coleção, e nela estava o Ciao Milão, marrom avermelhado muito parecido com a Marsala, e pelo preço de R$ 3,50. O Ciao Milão é um dupe - os dupes são versões mais baratas e acessíveis de cosméticos. A Valentina traz para você outros exemplos de dupes de esmaltes, feitos para quem quer andar na moda, mas não pode desembolsar fortunas por um frasquinho de 8ml. ▼

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5 Exemplos de dupes: 1 (Shimmerfish, da MAC - R$60,00) e 6 (Quinta Contagem Regressiva, da Avon - R$2,70); 2 (Cinturinha, da Impala - R$3,50) e 3 (Parfait Day, da Lime Crime - R$ 36,00); 5 ( Violeta Acinzentado, da Risqué - R$3,60) e 7 (Paradoxal, da Chanel - R$89,90); 4 (Maria de Fátima, da Colorama - R$3,90) e 8 (Black Sequins, da Dior - R$79,90).


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Capa

Qual é o pente que te penteia? A personalidade se manifesta de muitas formas - uma delas é pelos cabelos, principalmente das mulheres. Pensando nisso, Valentina traz um pouco de inspiração: coloridos, cacheados ou curtos, escolha o seu Amanda Moura Ana Oliveira Giovanna Hespanhol Moema Novais


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Ainda não consegui decidir se a quantidade de cabelos coloridos, diferentes e estilosos que tenho visto ultimamente é pura coincidência ou meus olhos que ficaram treinados para o assunto. O fato é que ando vendo, falando e pensando muito em cabelos. Muito além dos problemas que meus fios indisciplinados me causam. Dizem que cabelo é moldura para o rosto, charme e xodó de muita gente. Porém, quanto mais de cabelo entendo, mais vejo que a questão vai muito além disso. Cabelo é a nossa cara mesmo quando o momento diz “dane-se o cabelo” ou optamos para a praticidade. Cabelo é personalidade e forma de expressão, e assim como toda forma de expressão, sua presença ou sua ausência querem dizer alguma coisa. Cabelo algumas vezes é lágrima. Sejam as lágrimas de quem tem que perdê-los – quem não se lembra da Camila de “Laços de Família” e tem vontade de chorar só de ouvir “Love by Grace”? Sejam as lágrimas vindas da piada que ouvimos ainda crianças na escola. E é ali que nasce aquela vontade louca de ser “normal” e seguir o padrão do momento, seja ele qual

for, geralmente bem caucasiano. É ali que surgem dúvidas que nem tem explicação, que nem deveriam ser dúvidas. Afinal, quem foi que disse que menina tem que ter cabelo comprido? E por que os cabelos tem que ser lisos mesmo se não são? Por que esconder os fios brancos? Por que quem tem cabelo colorido já é taxado de louco ou no mínimo exótico? Por que soltar se quero prender ou prender se quero soltar? Por que meu cabelo é assim, mãe? Por que não é daquele outro jeito? E é quando essas perguntas se transformam em ação é que cabelo vira luta. Cabelo é luta e liberdade quando a moça assume os cachos, o Black Power ou o cabelo natural depois de anos de chapinha, formol e prendedor. Cabelo é recomeço quando a moça tira toda a química que a sociedade empurrou e corta curtinho: página em branco. Cabelo é orgulho quando ele cresce depois de um tratamento ou da repressão. Um tanto mais do que se parece, cada fio de cabelo carrega uma história do que somos e do que querem que sejamos. Cabelo é assunto de primeiro importância, cabelo é o que a gente é!


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Cristhiane Faria Cristhiane tirou toda a quĂ­mica do cabelo para, finalmente, conhecĂŞ-lo melhor.


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Paloma Viotto Paloma começou a pintar o cabelo porque queria mudar, e sempre optou por cores não convencionais.


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Fernanda Alarcon Fernanda comeรงou a pintar o cabelo para criar um laรงo com uma das suas cantoras favoritas.


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Juliana Lobo Juliana come莽ou a pintar o cabelo com papel crepom e n茫o parou mais. Agora, a fot贸grafa acabou se tornando uma 贸tima modelo.


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Letícia Ferreira Quando Letícia era pequena, sua mãe trançava os seus cabelos, e ela resolveu manter o estilo.


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Lais tinha um cabelo longo, mas um dia simplesmente cansou e optou por esse novo visual.

LaĂ­s Paiva


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Mariana nunca pensou em alisar os seus cachos e gosta de enfeitรก-los com turbantes de todos os tipos.

Mariana Tavares


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POLÍTICA E ECONOMIA

Passados quatro meses desde o início do ano, a situação política e econômica do Brasil enfrenta uma crise sem precedentes, agravada pelas situações hídrica e elétrica do país Amanda Moura Victor Rezende

CRISE POLÍTICA Em setembro do ano passado, o Brasil se agitou com mais uma eleição presidencial. O segundo turno entre Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) foi o mais acirrado da história de eleições democráticas do país. Foi a primeira vez em que houve alternância de candidatos no topo durante a corrida eleitoral. Por fim, a candidata do PT foi reeleita com um resultado final de 51,64% contra 48,36% do candidato tucano. Embora tenha saído vitoriosa na disputa, Dilma tomou posse em seu segundo mandato com a oposição forte, ativa e em crescimento no Congresso. Assim, já no primeiro dia do ano, quando ocorreu a posse presidencial, estavam estabelecidos os desafios para a governante do país: Dilma teria que controlar a economia com uma inflação em alta e um crescimento baixo, lidar com um Congresso Nacional partidariamente disperso e hostil à sua figura e também lidar com a falta de alianças importantes. Além disso, a polêmica das relações de corrupção na Petrobrás colocavam mais “lenha na fogueira” no cenário que se imaginava. Desde a posse, já se foram mais de três meses e esses problemas se mantiveram ou até se intensifica-

ram, como é o caso da relação com o Congresso. Em fevereiro, Arlindo Chinaglia (PT-SP), o candidato do governo para a presidência da Câmara, perdeu a eleição para o peemedebista Eduardo Cunha. Juntando os impactos reais dos problemas do governo atual com uma campanha incisiva da oposição, a popularidade da gestão Dilma Rousseff caiu de maneira alarmante. A falta de aliados políticos no Congresso e uma tentativa de articular interesses de diversas camadas da população tem feito com que a Presidência recorra a decisões diferentes daquelas presentes no discurso político da campanha pela reeleição. Durante a campanha, por exemplo, a então candidata Dilma prometeu não entregar a economia na mão de banqueiros, prevenir o arrocho salarial, manter os direitos trabalhistas e não cortar ou diminuir os programas sociais. Algumas dessas promessas já se quebraram, como é o caso da questão dos direitos trabalhistas. No ano passado, em um discurso bastante enfático, Dilma garantiu que não mexeria nas questões de décimo terceiro e horas extras “nem que a vaca tussa”. Em contrapartida, em dezembro, o ministro-chefe da Casa Civil Aloizio Mercadante anunciou

mudanças que cortaram R$ 18 bilhões dos direitos trabalhistas. A FORMAÇÃO DA ESPLANADA Um dos principais problemas nesse processo foi a escolha da equipe de ministérios do segundo governo Dilma. Sucessivos atritos foram presenciados a cada nova escolha entre os 39 ministérios que iniciaram o mandato. Ao ser anunciado como novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy agradou ao mercado por ter sido diretor do Bradesco, o que contradiz o discurso da então candidata Dilma Rousseff. Isso, por sua vez, fez com que, nos bastidores, o nome de Levy tivesse atrito com setores mais conservadores do PT, que preferiam a manutenção de um ministro sem características ortodoxas. Outro nome a ser citado é o de Gilberto Kassab (PSD): o ex-prefeito de São Paulo ficou responsável pelo Ministério das Cidades. Porém, sua gestão à frente da capital paulista depositou em sua figura algumas dúvidas em relação à sua capacitação. Além disso, deve ser ressaltado que Kassab era considerado inimigo pelo PT antes da criação do PSD. Kátia Abreu (PMDB) também foi recebida com críticas devido a algumas declarações polêmicas. Em


*dados do ONS, retirados em 12/02/15

CRISES DE 2015

AVALIAÇÃO DO GOVERNO DILMA***

QUANTIDADE DE MINISTÉRIOS

13% bom/ ótimo

CRISE HÍDRICA

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CRISE POLÍTICA

24% regular

39

21

ruim/ péssimo

1% não sabe/ não respondeu

NORTE 80,28%

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62% Dilma

NÍVEIS DOS RESERVATÓRIOS DE ÁGUA*

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Lula II

Lula I

FHC

Custo para se manter 39 ministérios; R$ 154,5 bi (salários) + R$ 58,4 bi (estrutura).

***O Datafolha fez a pesquisa entre 16/3/15 e 17/3/15. O instituto ouviu 2842 pessoas em 172 municípios. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos e o nível de confiançada pesquisa é de 95%.

NORDESTE 27,3%

CRISE ECONÔMICA ESTIMATIVAS ECONÔMICAS BRASILEIRAS PARA 2015

CRISE ELÉTRICA BANDEIRAS TARIFÁRIAS NA CONTA DE ENERGIA ELÉTRICA

PIB: 1,03% Taxa Selic: 13,25% Inflação: 8,23%

TAXA SELIC 09/14

11%

10/14

BANDEIRA VERDE:

PIB 2010

SUDESTE CENTRO-OESTE 32,66%

11,25%

12/14

11,75%

01/15

12,25%

03/15

12,75%

2011

2013 2012

7,5%

2,7%

1,0%

2014 2,5%

BANDEIRA AMARELA:

0,1%

Dados do Banco Central

INFLAÇÃO 2010

5,92%

2011

6,5%

Meta: 4,5% Teto da meta: 6,5%

2012

5.84%

2013

5,91%

2014

6,41%

2015

8,23%

Condições favoráveis de geração de energia. Não há acréscimo na tarifa.

SUL 35,2%

Condições mais favoráveis. A tarifa sofre acréscimo de R$ 2,50 para cada 100 kwh consumidos. BANDEIRA VERMELHA: Condições mais custosas de geração. A tarifa sofre acréscimo de R$ 5,50 para cada 100 kwh consumidos.


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política nacional

entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, a ministra disse que não acredita na existência de latifúndios no Brasil. Senadora por Tocantins, Abreu junta-se a George Hilton (PRB), nomeado para o Ministério do Esporte e, portanto, um dos “tocadores” dos Jogos Olímpicos. Bispo da Igreja Universal, Hilton disse que não entendia de esporte, mas que entendia de gente. Entre aqueles que compõem o núcleo duro do governo, estão Pepe Vargas (PT), das Relações Institucionais, deslocado para outro minist[erio; e Aloizio Mercadante (PT), ministro-chefe da Casa Civil, que não tem se entendido muito bem com o setor lulista do próprio partido. Miguel Rossetto (PT), da Secretaria Geral da Presidência, e José Eduardo Cardozo (PT), da Justiça, completam o núcleo dos principais ministros de Dilma. O caso mais emblemático se deu com Cid Gomes (Pros), escolhido para assumir o Ministério da Educação. Em 27 de fevereiro, o ministro falou abertamente a um público na Universidade Federal do Pará, em Belém, sobre a Câmara. “Tem lá uns 400, 300 deputados que quanto pior, melhor para eles. Eles querem é que o governo esteja frágil porque é a forma de eles achacarem mais, tomarem mais, tirarem mais dele, aprovarem as emendas impositivas”, afirmou. Assim que a informação caiu na internet, Gomes foi convocado para se explicar na Câmara em 18 de março. Em seu discurso, reafirmou o que havia dito anteriormente e acusou Eduardo Cunha de ser um dos achacadores (pessoas que enganam outras em troca de benefícios) do governo. Deputados da base aliada e da oposição discursaram contra o ministro. Gomes, então, entregou o cargo a Dilma e sua demissão foi anunciada por Cunha na Câmara antes mesmo de ser divulgada pelo Planalto. Em seu lugar, foi escolhido o professor Renato Janine Ribeiro. “O clima de confronto que permeou todo o processo eleitoral acabou por contaminar as relações entre Executivo e Legislativo”, diz a professora de política brasileira Márcia Teixeira de Souza. Além disso, ela afirma

que “as últimas iniciativas da Lava-Jato, tornam o cenário político, já carregado, a se deparar com um acréscimo de complexidade da crise política”. Entretanto, como o lembra o também professor de política brasileira Carlos Gileno, “o governo federal não conseguirá avançar nas suas propostas econômicas sem o apoio da maioria do Congresso Nacional”, o que já ocorreu quando Renan Calheiros devolveu ao Planalto uma medida provisória. Assim, na visão de Gileno, “haverá, por parte de Dilma Rousseff, um esforço para repensar a articulação política do poder executivo com o Senado Federal”.

Tem lá uns 400, 300 deputados que quanto pior, melhor para eles. Eles querem é que o governo esteja frágil - Cid Gomes

AS MANIFESTAÇÕES DE 15 DE MARÇO Como citado anteriormente, a oposição ao governo vem crescendo há algum tempo e se mostra em um momento de força. Depois de uma campanha intensiva nas redes sociais, o dia 15 de março de 2015 foi marcado por um conjunto de protestos contra o governo de Dilma Rousseff. As manifestações aconteceram em diversas cidades do Brasil, principalmente no centrosul do país, onde se concentra a maior parcela de pessoas insatisfeitas com o governo. Os protestos foram marcados por um discurso antipetista que defendia o impedimento de Dilma. A reivindicação, entretanto, não cabe na conjuntura, visto que o processo não se baseia em mera insatisfação popular. O impeachment trata-se de uma punição a um governante que cometeu algum crime, comprovado e julgado pelo Congresso, que tem seus direitos políticos cassados por determinado período.


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Operação Lava-Jato?

Foto: José Cruz/Agência Brasil

CRISE ECONÔMICA Quando se fala em macroeconomia, alguns indicadores se fazem de entendimento necessário para que se compreenda o momento que vive um país. Inflação, taxa de juros, câmbio e fatores como desemprego e crescimento, são alguns deles. Analisando a conjuntura do Brasil, podem ser destacados um cenário de baixo crescimento, inflação alta, taxa de juros elevada e um aumento no desemprego, que alertam setores governistas. Para tentar “botar a casa em ordem”, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, começou a fazer um ajuste nas contas públicas do governo. No primeiro mandato de Dilma, houve uma gestão na qual a dívida pública aumentou, impostos foram reduzidos em momento errado como no caso da gasolina -, a taxa de juros ficou baixa por muito tempo e, assim, não houve um combate à inflação enquanto ela ainda estava dentro do teto da meta, de 6,5%. Com isso, em 2015, os erros do governo nos últimos anos ficam mais evidentes e se agravam com um congresso hostil à gestão de Dilma. Não à toa, o boletim Focus, feito pelo Banco Central para mostrar as tendências econômicas do mercado a cada semana, tem uma perspecti-

va cada vez mais pessimista: a inflação continua em alta, o PIB caminha para uma retração e a taxa de juros está na casa dos 13%. A crise na Petrobras também agrava a situação. Para o analista da Clear Consultoria, Raphael Figueredo, a “Petrobrás é um ativo do governo brasileiro. A empresa hoje está super endividada... Para reerguer a companhia seria importante resolver as questões em relação ao caixa da companhia. Desinvestir, renegociar contratos com fornecedores e buscar meio de capitalização através de novas emissões de acoes podem ser uma solução inicial”. Algumas dessas medidas indicadas por Figueredo já começaram a ser tomadas pela nova gestão da empresa, encabeçada por Aldemir Bendini, nome ligado ao PT. Tais ações foram iniciadas principalmente após a Petrobrás ter sua nota de crédito rebaixada pela Moody’s, uma das agências de classificação de risco, e perder o grau de investimento. “É praticamente inevitável, não só a nota do Brasil, mas também segurar empresas que têm relação com o governo como Banco do Brasil [de serem rebaixadas]”. E é nas medidas fiscais de Levy que a principal agência de classificação de risco, a Standard & Poor’s, deposita suas confianças no Brasil ao ter

Para quem tem a impressão de que só se fala na tal “Operação Lava Jato”, a sensação não é tão estranha assim. Já faz um ano que o escândalo político foi deflagrado e que a Polícia Federal e o Ministério Público deram inicio às investigações. Desde então, cada vez mais nomes de políticos e empresas têm aparecido com algum suposto envolvimento no esquema. “Operação Lava Jato” foi o nome dado a um processo na Justiça que investiga ações de desvio de dinheiro que movimentaram uma quantia estimada em R$ 10 bilhões. O esquema se baseava na superfaturação de licitações e contratos de empreiteiras. O dinheiro que “sobrava” dessas contas era então “distribuído” entre políticos, doleiros, partidos e empresas. Alguns diretores da Petrobrás figuravam entre esses envolvidos. Ao longo da investigação, as proporções do crime cometido só aumentam e esse passa a ser um dos maiores casos de corrupção no país, superando, quantitativamente, o caso do “mensalão”, descoberto em 2005. A repercussão da Petrobrás para os brasileiros e para o exterior se reflete em valores econômicos para a companhia e para o país. Com a diminuição da confiabilidade na empresa, ela recebeu um grande número de processos e viu despencar os investimentos em ações. Outro fator que agrava a crise da Petrobrás é a queda do preço do petróleo em escala mundial. O valor do barril de petróleo alcançou os menores números desde 2008. Todos esses fatores fazem com que a empresa lucre menos e adquira mais dívidas, tendo até que fazer empréstimos que podem comprometer planos futuros, como a exploração do pré-sal.


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mantido a nota de crédito do país. Mas o que seriam essas medidas fiscais? Até o momento, algo de que a população não vem gostando muito. As mudanças que ocorreram no seguro desemprego, na desoneração da folha de pagamento, além do aumento de impostos para pessoas pessoas físicas e empresas podem ser consideradas medidas do ajuste fiscal do governo Dilma. “Talvez o governo precisasse aumentar tributos, mas poderia evitar alterar os direitos trabalhistas. Por exemplo, o imposto sobre grandes fortunas existe e nunca foi regulamentado”, comenta a consultora tributária Suelí Angarita. No entanto, o próprio governo considera necessárias as medidas fiscais. Em pronunciamento à população, Dilma defendeu o ajuste dizendo que o governo havia absorvido os impactos da crise econômica, mas que havia chegado a hora de dividir o impacto com todos. Uma das críticas que se faz a ela, no entanto, é a de que seu governo continua com 39 ministérios e, assim, a máquina pública continua “inchada”. “Comparo com um paciente que está enfermo. Se você começar o tratamento agora, com o estado não muito crítico, a dosagem da medicação não será elevada, porém se

deixar para depois, o remédio terá de ser dosado em grandes quantidades, o que causará reações mais fortes no organismo do paciente. Assim estamos: fazendo ajustes fiscais agora com dosagens mais fortes. E o efeito não poderia ser diferente do que estamos observando”, explica o economista Wesley Oliveira. O QUE EXPLICA A ALTA DO DÓLAR? A hora de ouvir as notícias pela manhã ganhou mais um aspecto para chamar a atenção. Além dos acidentes, dramas e problemas nacionais, o valor do dólar parece que não para de subir. Mesmo não sendo a moeda do país, suas oscilações afetam os brasileiros devido à grande influência mundial do dólar. Portanto se ele sobe, a inflação sobe e os produtos ficam mais caros. A vantagem para o Brasil está nas exportações. O que explica a mudança diária no valor de uma moeda é a lei da oferta e da procura. É possível pensar no dólar como um produto que esteja à venda no mercado. Se mais pessoas o procuram, a tendência é que ele fique valorizado; se poucos se interessam, há um excedente, uma desvalorização e, consequentemente, a queda de preço. No momento, o dólar está em alta, ou seja, caro no mercado. Em

março, a moeda atingiu o valor de R$3,30, recorde em mais de uma década. O motivo dessa alta é a recuperação da economia americana e de outros países desenvolvidos que estavam em crise nos últimos anos. Quanto à moeda brasileira, a instabilidade atual fez com que muitos investidores retirassem suas apostas no Brasil e confiassem no dólar, voltando a investir nos Estados Unidos. Assim, a desvalorização do real também entra na balança para impulsionar o dólar. LUZ NO FIM DO TÚNEL? Em contrapartida aos aspectos negativos da situação econômica atual, o governo tem registrado um crescimento de arrecadação financeira devido ao aumento de impostos. Somada a essa alta, a pressão inflacionária reflete na quantidade de dinheiro que os cofres públicos são capazes de acumular. Quando uma nação registra esse panorama de “mais dinheiro entrando do que saindo”, a balança comercial fica positiva. Outro nome para essa situação é o de “superavit primário”. Através dessa alcunha, um país pode ser visto como um “bom pagador” e aumentar suas possibilidades de receber investimentos e , assim, ele pode estabelecer relações comerciais e políticas.

Foto: Amanda Moura


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Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

CRISE ELÉTRICA A recente questão da falta de água na região Sudeste reacendeu a discussão sobre o abastecimento de energia no país. Berço da segunda maior hidrelétrica em produção de energia do mundo, o Brasil é altamente dependente do sistema hídrico. De toda a energia elétrica do país, mais de 90% provêm da fonte. O que se viu no último ano foram ações emergenciais executadas com o objetivo de atender à demanda do país. O governo vem importando energia da Argentina e utilizando suas termelétricas ao máximo. Além disso, o país adotou o sistema de bandeiras tarifárias. O método foi implantado no começo do ano e consiste em atribuir um grau para a situação de abastecimento. Dependendo das condições das fontes de produção de energia, o consumidor pode ter um aumento na tarifa mensal. A bandeira verde representa nenhuma adição na cobrança; a amarela indica condições médias; e a vermelha representa uma situação limite. O sistema já está valendo em todo o país, exceto nos estados Amazonas, Amapá e Roraima. Ações assim geram insatisfação geral e também refletem o aspecto político que envolve o abastecimento energético. Martin Salvatti é diretor da Delos Consultoria e reforça o pensamento político por trás das medidas de gerenciamento de energia. “Uma boa medida nesse sentido é o das bandeiras tarifárias, implantado este ano mas que poderia ter começado em 2014 e só não começou porque era ano de eleição”, comenta. De forma prática, a conta de energia aumentou e o consumidor é informado sobre a bandeira vigente pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Sabendo que a atual bandeira é a vermelha, espera-se que o consumidor diminua seu consumo. “Energia é um bem finito, e está sujeito à lei de oferta e demanda. Com pouca energia disponível o preço tem que subir como forma de regular o consumo”, aponta Salvatti.

CRISE HÍDRICA As primeiras notícias de um grave problema que teria sérias consequências na população começaram a ser veiculadas no início de 2014. A seca que se alastrou no período chuvoso da região metropolitana de São Paulo foi registrada, principalmente, nos sistemas de abastecimento de água que abastecem essa região. Com os baixos níveis do Sistema Cantareira, a Sabesp, companhia responsável pelo abastecimento em São Paulo, adicionou às contas do reservatrório a primeira reserva técnica - conhecida como volume morto - em maio. No fim de outubro, a segunda cota da reserva técnica foi acionada. Para o consultor ambiental Alexandre Azzoni, “poderíamos considerar uma espécie de racionamento dessas regiões que sofrem a falta d’água durante a redução da pressão nos sistema de distribuição, pois você estaria controlando a porção do recurso d’água para a população”. Mesmo com esse estado crítico dos sistemas, não existe um sinal do governo paulista que assuma a situação de racionamento. “Para que o governo consiga resolver o problema, primeiro é necessário assumi-lo, além disso, é de extrema urgência que a Sabesp reforme sua rede, pois mais de 30% da água é desperdiçada por má conservação na rede e vazamentos”, diz o diretor da AcquaZero Marcos Mendes. Já Azzoni defende o uso da reserva técnica. “O volume morto é uma medida positiva, pois os sistemas que possuem essa cota têm uma garantia num momento de crise”, define. Com a crise institucionalizada e com medidas emergenciais sendo adotadas, alternativas foram inventadas a fim de que a população não seja punida por gastar demais. “Temos que desenvolver campanhas de conscientização e adotar projetos que atuam no desperdício de água, com tecnologia”, defende Anderson Silva, diretor de rede da TRC Sustentável, indicando que as medidas do governo não devem ser punitivas. ▼


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política internacional

Islamofobia em debate Atentados terroristas e grupos extremistas estigmatizam muçulmanos no Ocidente Moema Novais Victor Rezende

O número de adeptos do islamismo no Brasil aumentou 29% em 10 anos segundo o censo demográfico de 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas pare para pensar: quanto você conhece, de fato, acerca dessa religião? Recentemente, uma estudante muçulmana foi interrompida enquanto fazia o exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) por estar usando o hijab, véu que cobre cabelo, orelhas e pescoço de algumas mulheres adeptas à religião. O modo como a estudante foi tratada a prejudicou na prova por ter tomado tempo de avaliação: a muçulmana teve que se deslocar para outro ambiente, no qual permaneceu sozinha, após ter alegado que não podia tirar o hijab devido à sua crença. O problema aconteceu devido às regras da prova da OAB, que não permitem que acessórios de chapelaria sejam usados durante a avaliação. No entanto, a estudante ressaltou que seu véu não era um acessório, mas uma vestimenta. Esse caso demonstra apenas um grau da intolerância religiosa sofrida por crenças minoritárias no

País. Outro fato relacionado a esse é a aprovação da lei que proíbe o uso de símbolos religiosos em espaços públicos na França há alguns anos. “Essa lei, adotada por um governo que foi eleito com um discurso identitário forte, foi, claramente, uma lei de estigmatização de uma minoria social e religiosa”, diz o especialista em ciência política Adrián Albala. A estigmatização da minoria islâmica existente na França, descrita por Albala, tem como respaldo ações discrimatórias de grupos radicais que se incomodaram com o crescimento da religião no território francês. Segundo o cientista político Alexsandro Eugenio Pereira, “esses grupos se utilizam da liberdade de expressão e defendem pontos de vista que contribuem para a crescente animosidade que separa o Ocidente e o mundo islâmico”. Além disso, ele afirma que a liberdade de expressão não está em risco, mas ressalta que é preciso discutir os limites do exercício desse direito nas democracias. Dois fatos recentes acompanham o pensamento de Pereira: o ataque terrorista à sede da revista Charlie Hebdo e a informação de que os jo-

vens franceses são os mais atraídos pelo Estado Islâmico (EI) em números absolutos, de acordo com estimativas dos governos dos Estados Unidos e da Europa. O caso do Charlie Hebdo se deu a partir da invasão e morte de jornalistas e cartunistas da revista francesa por terroristas vinculados à Al Qaeda do Iêmen. A motivação para tal ato teria sido a publicação de charges consideradas ofensivas à religião, como aquelas que mostram o profeta Maomé. O país e o mundo ocidental se comoveram com o caso e saíram as ruas com cartazes de apoio aos jornalistas nos quais estava escrito “Je suis Charlie” - “eu sou Charlie”, em tradução livre. A sedução que faz com que jovens ocidentais se juntem ao EI é explicada pelo professor da Universidade de Brasília Estevão Chaves de Rezende Martins: “a desordem moral dos ambientes familiares e os problemas econômicos (sobretudo desemprego) atingem os meios sociais mais desprovidos de preparo crítico e, com isso, torna-os particularmente vulneráveis à ‘sedução’ da aventura armada radical”.


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No Brasil, cartunistas se reuniram e se posicionaram contra os atentados terroristas à revista francesa Charlie Hebdo Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Já o atentado ao Charlie Hebdo, pode ser explicado como uma retaliação dos muçulmanos às charges que consideraram ofensivas à sua crença e como uma reação à xenofobia e às más condições sociais no qual essa parte da população está inserida. Doutor em ciência da religião, Vlademir Ramos afirma que “o Ocidente acredita que o islã é monolítico, repressor, detentor de violência e campo de extremistas radicais”. Para ele, a impressão é de que o Charlie Hebdo tinha consciência do mal que estava fazendo ao islamismo, traçando um paralelo com o Ocidente. “Uma das saídas seria obliterar o pensamento cínico presente hoje em nossas relações sociais [com os muçulmanos]”, afirma o professor. Já o antropólogo Youssef Cherem defende que “na grande maioria dos países muçulmanos, existe preconceito, seja institucionalizado pelo Estado, seja socialmente difundido, contra cristãos ou outras religiões”. Ele afirma que o preconceito é contra as pessoas e não contra a religião, visto que “laicismo do espaço público, o respeito às liberdades individuais, o respeito à ordem democrática e ao Estado de direito, deve ser primordial”. Os atos terroristas que vêm acontecendo na Europa, na África e no Oriente Médio têm alimentado o preconceito contra muçulmanos em países ocidentais, como se todos os adeptos da religião fossem terroristas em potencial. Essas pessoas se tornaram alvo de violência física e verbal no Brasil e em outros países. Entretanto, como afirma Ramos, é “necessário, de antemão, separar os chamados grupos extremistas e fundamentalistas como o Al Qaeda e o Estado Islâmico do que é o islamismo”.

ONDE é USADOS CADA VÉU ISLÂMICO Hijab: Nigéria, Líbano, Egito, Síria, Palestina, Iraque, Irã, Somália, Malásia Paquistão, Bangladesh e Indonésia

Al-Amira: Malásia e Indonésia

Shayla: Líbano e Bahrein

Khimar: Nigéria, Egito e Bahrein Xador: Egito, Iraque e Irã Niqab: Arábia Saudita, Egito, Nigéria, Síria, Palestina, Paquistão e Somália Burca: Somália, Afeganistão Fontes: Centro de Ensino Unificado; Human Rights Watch


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ENTREVISTA

Dunya Abdouni Dunya Abdouni nasceu em uma família muçulmana descendente de libaneses, tem 20 anos de idade e estuda Obstetrícia na Universidade de São Paulo. Aos 14 anos enfrentou o pai para poder usar o hijab, véu islâmico adotado por algumas mulheres. Como todas as Valentinas, é uma mulher de garra e que luta pelo que acredita. Confira a nossa entrevista com ela sobre o seu dia a dia e relacionamento com a religião: V: Como você conheceu o islamismo? Como a sua família lida com religião? Na minha família todos são muçulmanos, mas sempre tem aqueles mais apegados às crenças e aqueles que já não são tão assim. Às vezes entro em conflito com minhas irmãs e minha mãe, quando temos opiniões muito divergentes, mas no final tudo se ajeita. Meus pais são super democráticos comparados aos pais de outras amigas muçulmanas: não me obrigam a nada, apenas me orientam e me mostram o melhor caminho. V: Você é adepta do hijab? O que te motivou a usá-lo? Houve um tempo em que minha mãe começou a conversar comigo sobre o véu, o quanto ele é importante e o quão bom é colocar enquanto a pessoa é mais nova. Foi aí que eu tomei coragem e coloquei, mas, claro, tive todo um processo psicológico: colocaria o véu por mim e por Deus, e não pela sociedade ou alguém. Para mim, poder usar o véu, é a minha liberdade de expressão, ser quem eu quero ser e quem eu sou. O véu hoje faz parte de mim, é a minha identidade e tenho orgulho disso. V: Como é o processo de escolha das suas roupas? Você adota aquilo que é confortável ou também pensa no que está na moda? Eu gosto de vestir o que me faz sentir bem, gosto do conforto, do bonito e de fazer a minha moda. Ao mesmo tempo, gosto de roupas mais cobertas, sem decotes, calças e saias longas. Sempre uso manga longa também, porque não é permitido mostrar os braços e as pernas. Tem um tipo de roupa chamada abeya: uma capa preta bem fresquinha, que cobre todo o corpo. Às vezes a uso quando não estou a fim de escolher roupa. Enfim, consigo conciliar bem as três coisas: religião, conforto e moda.

Foto: Leonardo Lazzaro

V: Como é ser mulher e muçulmana? Existe algum tipo de restrição que você enfrenta? Na verdade, nem considero como restrições; essa palavra soa muito pesado. Às vezes a mídia faz as pessoas pensarem que a mulher não tem direito a nada, mas é a cultura árabe que muitas vezes oprime certos direitos das mulheres, enquanto a religião muçulmana diz que elas devem ir atrás de seus direitos, do conhecimento e serem autossuficientes. V: Você já sofreu algum tipo de preconceito por ser muçulmana? Sim, foi horrível, porque eu fui revidar um velho caduco que me chamou de terrorista. Só que agindo dessa forma, eu só ia comprovar que eu sou uma pessoa agressiva e eu não sou. Muitas pessoas me olham com careta e, quando eu sorrio, elas se surpreendem e sorriem de volta. É quando eu sinto que todo aquele preconceito que elas pareciam ter sobre mim, se desfaz! V: Você acha que fatos como o do Charlie Hebdo ou os atos do Estado Islâmico acabam deturpando o que é o islamismo de verdade? Totalmente! Eu condeno todos esses atos terroristas. A religião islâmica não ensina violência, ela preza a paz. A palavra islam de islamismo significa “paz”, o que prova mais ainda que a religião muçulmana e os verdadeiros muçulmanos não fazem ou concordam com esse tipo de coisa. ▼


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Boko Haram se aproxima do Estado Islâmico e gera tensão na região Moema Novais

O Ocidente tem voltado mais os olhos ao Oriente Médio do que à África. Devido a isso, um grupo terrorista tão violento quanto o Estado Islâmico tem ganhado forças no território norte africano sem receber tanta atenção quanto deveria. O Boko Haram foi fundado em 2002 pelo clérigo Mohammed Yusuf e tem como principal objetivo a implantação da sharia, a lei islâmica. Recentemente, esse grupo jurou lealdade ao Estado Islâmico (EI), aumentando a tensão na região. O Boko Haram é considerado um grupo terrorista devido ao seu modus operandi, tendo realizado diversos ataques contra a população nigeriana e desafiando o governo. O caso mais famoso aconteceu no início do ano passado, quando o grupo sequestrou aproximadamente 200 pessoas, a grande maioria mulheres, e só as libertou no início deste ano.

Suellen Lannes, pós-doutoranda em Relações Internacionais pela Universidade Federal de Santa Catarina, explica que os ataques contra as mulheres acontecem devido ao contexto machista no qual o grupo está inserido. “A Nigéria é um dos países onde ainda encontramos a prática da mutilação genital feminina. Essa crueldade não existe no Corão, ela é uma prática dos grupos tribais dessas regiões”, afirma. A pesquisadora complementa apontando que “além da utilização da religião para incentivar a submissão feminina, o contexto local estimula a adoção de métodos cruéis contra a mulher“. Apesar do Boko Haram e do Estado Islâmico terem posturas semelhantes em relação aos seus métodos de ação, ambos estão geograficamente distantes: enquanto um está na Nigéria, o outro está na Síria e no Iraque, o que caracteriza

Influência do Boko Haram na Nigéria

Fonte: FiveThirtyEight

uma distância de aproximadamente 6.000 km. Para Lannes, a aproximação entre os dois grupos terroristas significa, em linha gerais, “um fortalecimento do Estado Islâmico, o qual expande as suas fronteiras e um fortalecimento do Boko Haram que aumenta a possibilidade de aquisição de dinheiro e armamento, além de destaque internacional”. Vale ressaltar que, antes de jurar lealdade ao EI, o Boko Haram chegou a tentar a se aproximar de outros grupos terroristas, como a Al Qaeda. No seu processo de expansão, o grupo africano invadiu diversos territórios, chegando a ultrapassar a fronteira da Nigéria. Em 17 de março, o exército nigeriano liberou um comunicado afirmando ter expulsado o Boko Haram de todos os estados do nordeste do país, à exceção de três. Com essa conquista, a Nigéria se declarou vitoriosa na sua ofensiva contra o grupo, que contou com o apoio de países vizinhos como Chade, Níger e Camarões. Essa declaração veio quase uma semana após a Nigéria ter anunciado que a ofensiva militar conseguiu recuperar o controle de 36 localidades. Lannes acredita que, no início, a Nigéira terá dificuldades em manter os territórios reconquistados. Segundo a pesquisadora, a vantagem dos grupos terroristas está na capacidade de amendrontar a população e o fato de não existir uma forte oposição aos seus líderes. “O que presenciamos com alguns grupos é que, com o passar do tempo, eles passam a contar com menos apoio, tanto interno quanto externo e a situação deles passa a ser insustentável, só que esse contexto leva muito tempo”, completa. ▼


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economia

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Entenda como a inflação corrói o poder de compra dos brasileiros Victor Rezende

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Alta do dólar, controle de preços por parte do governo, baixa produção industrial, monopólios e oligopólios de algumas áreas, gastos públicos elevados. Todos esses fatores são causas de uma questão que vem se tornando frequente no noticiário econômico brasileiro: o aumento da inflação. Em fevereiro deste ano, o índice oficial da inflação do país, o IPCA, registrou um aumento de

1,22% em relação ao mês anterior. No entanto, o assunto é bem mais profundo do que um simples dado. Existe um consenso entre os economistas de que a taxa de inflação no ano deve estar entre 2% e 3%. No Brasil, o governo estipula a meta de 4,5% ao ano, com um “fôlego” extra de 6,5%, que é o teto da meta. Assim sendo, pode-se calcular que cada mês deveria ter como inflação

Imagem: Danielle Naomi


do dia: salário “máxima” 0,54%. Quando um número como o de fevereiro ultrapassa tanto o que deveria ser sua média, um sinal amarelo é ligado. Tanto no governo quanto na população. De acordo com o IPCA, os fatores que mais influenciaram a alta da inflação em fevereiro foram a gasolina (+8,42%), o transporte público (+2,73%), os cursos regulares (+7,24%), o etanol (+7,19%), o automóvel novo (+2,88%) e a energia (+3,14%). As projeções também não são muito boas: a conta de luz deve continuar subindo devido às medidas tomadas anteriormente pelo governo e à crise hídrica, e isso deve elevar ainda mais a inflação. Mas não é apenas a sua conta de energia que fica mais cara. Com o aumento generalizado, as empresas também irão pagar mais e irão des-

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contar essa alta cortando gastos – gerando desemprego – e aumentando o valor de seus produtos. E é daí que vem a sensação de que o seu dinheiro não consegue mais comprar tanto quanto antes. “Inflação acima do teto, além da perda de poder de compra do brasileiro, gera um forte desgaste político. E isso é tudo que o governo não precisa atualmente”, explica o economista Wesley Oliveira, referindo-se aos baixos índices de popularidade do governo Dilma. Para frear essa alta da inflação, o Banco Central vem aumentando a taxa de juros brasileira, que é, atualmente, a maior do mundo. “O aumento da taxa de juros deve continuar pelo menos nas próximas duas reuniões do Copom, já que a ênfase no curto prazo para controle da inflação tem sido a política monetária”, enfatizou Oliveira. O problema é agravado por fatores internacionais: a alta do dólar influencia diretamente na pressão inflacionária – isso porque grande parte dos produtos, inclusive alimentos, tem cotação no mercado internacional ou alguma relação com ele. O frango, por exemplo, que é criado no país, come ração com produtos estrangeiros. Por isso ele

tem seu preço aumentado. Sabendo disso, o próprio Banco Central fez a projeção de que, para cada 10% de alta do dólar, a inflação sobe 0,5 ponto percentual. Com isso, só resta às pessoas se prevenirem do aumento de preços de alguma forma. “A população deve usar este momento para guardar dinheiro para um fundo de emergência, de forma a se garantir no caso de qualquer eventualidade”, afirma a especialista em finanças femininas Carolina Ruhman Sandler. Ela também destaca que o momento econômico do país pode servir para aplicações em renda fixa, como os títulos do Tesouro Direto. Consultada por Valentina, a especialista sugeriu que os brasileiros façam uma revisão de todos os seus gastos para ver onde existe desequilíbrio: “na hora do aperto, costumamos tirar dos supérfluos e dos investimentos, só que isso nem sempre é sustentável no longo prazo. Por isso, eu indico que as pessoas revejam seus ‘custos fixos’ e observem onde dá para reduzir”, disse Carolina Sandler. Como base, a especialista indica a fórmula do 5030-20 para a divisão do salário de uma pessoa: ▼

Seu salário

Imagem: Mariana Iamaguti


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carreira

Revendedora Nesta edição, a Valentina traz mais uma opção de carreira: o trabalho como revendedora Amanda Moura Moema Novais

Foto: Moema Novais

Maria Aparecida revende cosméticos há mais de duas décadas na cidade de Laranjal Paulista

Muita gente já sentiu na pele aquela expressão “às vezes, o mês dura mais que o salário”. Sendo assim, a opção de complementar a renda é muito bem-vinda e o serviço de revendedora ajuda muito nessa situação. Para quem toma gosto pelo trabalho, fazer disso um modo único de vida também é bastante possível. De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (ABEVD), já são mais de 4,5 milhões de empreendedores em atividade por todo o Brasil. O serviço se baseia no contato direto entre cliente e vendedora fora de uma loja física. Geralmente por meio de um catálogo, a pessoa faz o pedido e realiza toda a transação de produtos de uma empresa distante com essa profissional, que serve como “ponte”. No Brasil, destacam-se as vendas de produtos como cosméticos, roupas e itens domésticos. Como revendedora, é possível usar sua rede de conhecidos para garantir suas vendas e expandir seu contato para quem tem vontade de fazer compras através de uma olhadinha no catálogo. Aliás, a comodidade não é uma vantagem só para quem compra, mas para quem vende. As obrigações fixas costumam ser apenas reuniões periódicas e não há uma carga horária pré-determinada. Quanto mais você vende, mais ganha, visto que o lucro se baseia na margem de revenda de cada produto. Maria Aparecida Domenichelli é revendedora dos produtos da Avon e da Natura. Ela conta que começou o trabalho por indicação de uma amiga há 25 anos e nunca mais parou. Além de gostar de fazer seu próprio horário, ela se identifica com os produtos que vende e diz que já era uma compradora antes de ser revendedora. No campo das desvantagens da carreira, principalmente para quem a adota como única profissão, está o fato de ser um serviço autônomo, sem vínculo empregatício. “Você precisa pagar pela sua própria aposentadoria, porque eles não ajudam você como uma firma registrada”, comenta Maria Aparecida. Outras desvantagens que esse tipo de venda apresenta, principalmente no ramo de vestuário, são a necessidade de troca ou a falta de um produto. Maria Consolação da Silva, assessora de comunicação da empresa DeMillus, empresa de lingerie que trabalha com revendedoras, afirma que reforça ao máximo a campanha para minimizar o problema de compra de produtos em


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Mrs. Albee foi a primeira vendedora da Avon, e por esse motivo é o nome do troféu entregue para as revendedoras que cumprem uma meta de vendas

em tamanhos errados. Já a falta de um produto só acontece quando a empresa é “pega de surpresa” pela demanda de uma peça. A assessora da DeMillus também destaca a função dessa “resposta” tão espontânea que os clientes oferecem. “Revendedores acabam por funcionar como ‘pesquisadores de campo’. Ou seja, por meio do montante de suas vendas e de suas sugestões e reclamações, temos um resultado informal, uma resposta quase imediata ao lançamento de novos produtos”, analisa. Os produtos da DeMillus são uma parte das vendas de Roseli Lopes, além disso, ela também vende Avon, Natura, Mary Kay e Hermes. Há 13 anos no ramo, as revendas são sua renda única e ela expressa orgulho em dizer o quanto o seu trabalho cresceu. “Você estipula uma meta para você e está sempre crescendo em cima disso”, comenta. Para Rose, nessa carreira é importante gostar de atender as pessoas. Ela, por exemplo, sente a missão cumprida quando vê suas clientes satisfeitas com produtos para elas mesmas ou mesmo para presentear outras pessoas. A flexibilidade nos horários e metas é uma das principais vantagens apontada pelas revendedoras. Essa liberdade permite que a profissional possa conciliar o trabalho com outras ocupações, como os estudos e o trabalho fixo, tendo a revenda como um complementode renda mensal. Porém, é possível viver somente desse trabalho? Roseli acredita que sim, apesar de não haver

Foto: Marília Garcia

segurança e estabilidade financeira. No Brasil, a ABEVD, órgão sem fins lucrativos, busca promover a venda direta no país. Para Roberta Kuruzu, diretora-executiva da entidade, a revenda se destaca pelo relacionamento criado entre vendedora e cliente, que ultrapassa as relações comerciais e impessoais de outros meios. “Esse serviço de consultoria que prestam facilita a relação de consumo, fidelizando os clientes às marcas”, completa. Roberta afirma que o setor de vendas diretas continua em expansão no Brasil e nem mesmo as inovações tecnológicas, como aplicativos para divulgação de catálogos e simulações, atrapalham esse setor. Ela destaca que a revenda é um “negócio por conta própria”, sendo importante que o revendedor se informe sobre como gerir sua carreira. “Isso exige que o profissional planeje muito bem suas vendas para obter os ganhos necessários para complemento ou principal fonte de renda”, explica a diretora. Vilma Minussi Garcia é revendedora da Avon há 32 anos e já atingiu o status de Estrela Ouro. Ela começou a revender produtos por indicação de uma amiga e conta que só teve um outro emprego antes desse. Dona Vilma afirma que gosta muito desse trabalho e quer continuar nele enquanto tiver condições. Orgulhosa, ela conta que desde que se tornou Estrela Ouro, recebe as bonecas do Troféu Mrs. Albee: “não é um brinde, é um reconhecimento pelo esforço da gente”. ▼


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Linha de batons

Gomes LeClaire

O mundo a um toque dos seus lรกbios


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COMPORTAMENTO

Mochila e pé na estrada Viajar com dinheiro contado e pouca bagagem, além de possível, é viciante Moema Novais

Quem nunca se imaginou jogando as responsabilidades para o alto, fazendo as malas e caindo na estrada? Pode parecer fora da realidade, mas com planejamento e um pouco de economia é possível traçar um roteiro bacana para as férias. O “mochilão” é uma alternativa para quem quer conhecer vários lugares de uma vez só, gastando pouco sem se preocupar com o excesso de bagagem. Seguindo esse modelo de viagem, Elis Vasconcelos já foi para mais de 30 países em quatro continentes. Segundo ela, a principal dica é levar somente o necessário, privilegiando roupas com cores neutras e escuras. A mochileira também recomenda que se pesquise sobre o destino, ficando atenta para os costumes e modos. “Na Ásia, por exemplo, você deve cobrir ombros e joelhos para entrar nos templos e é bom fazer isso até mesmo para andar nas ruas”, explica. Elis também sugere comprar guias de viagem e conversar com pessoas que estiveram na região, “mas, antes de tudo, esteja com o coração aberto para conhecer novas culturas, hábitos e ideias.”. Outra sugestão é tentar entender o país de acordo com a cultura local. Existem dois sites que podem auxiliar as mulheres que querem viajar sozinhas: o Woman Trip e o Lonely Planet. O primeiro é uma rede que busca conectar mulheres em todos os cantos do mundo para dar dicas e até servirem como guias turísticas. O segundo traz dicas de

como se programar para vários países. Elis sugere conversar bastante com as pessoas do lugar onde você vai ficar para fugir de golpistas, além de sempre carregar o seu dinheiro em um porta dólar e tomar cuidado com o que vai comer e beber. Mas quanto dinheiro é recomendado levar? Isso depende para qual país você vai. “No Irã, com mil reais você vive um mês com conforto absoluto, já em Londres você pode gastar isso em uma semana”, afirma Elis. Guilherme Schönmann Finardi é estudante de Psicologia e, recentemente, fez um mochilão com mais dois amigos para o Paraguai, Bolívia e Peru para conhecer mais sobre o continente. Ele conta que não seguiram um roteiro muito rígido e continuaram a viagem de acordo com a quantidade de dinheiro que tinham. “Nós basicamente almejamos algumas rotas, verificamos relatos, procuramos hotéis e albergues em sites, checamos as condições de viagem e seguro, e quando a passagem de avião barateou nós fomos”, relata. Para Guilherme, a linguagem pode ser uma barreira, além do esforço físico e moral para aguentar os passeios. Apesar das dificuldades que podem surgir, com muita pesquisa e preparo é possível conhecer diversos lugares sem gastar muito. Pensando nisso, a Valentina indica: não deixe que o medo do diferente te impeça de tirar um tempo para você mesma e pegue a estrada. ▼

Foto: Verônica de Oliveira

Verônica de Oliveira tem 20 anos, é paulistana e estudante de moda. Em certo momento, aconteceram algumas coisas que a deixaram triste e ela resolveu colocar a mochila nas costas para visitar alguns amigos no sul do Brasil. Ela pegou carona e usou um dinheiro que tinha na poupança para fazer uma viagem pouco programada. O momento mais marcante? “Foi na orla da praia com a mochila pesando 13kg, sentindo a brisa do mar. Foi ali que me senti livre.”


54 eSTILO DEeSTILO vIDA DE vIDA

Alimentar-se de maneira saudável e barata pode ser um desafio, mas não é impossível tendo disposição e ajuda profissional

Giovanna Hespanhol

Da infância à vida adulta, é muito comum ouvir, principalmente das mães, que não se deve brincar com a saúde. Para isso, nada melhor para fortalecer o corpo do que manter a alimentação correta. Ao contrário do que se pensa, a alimentação saudável não é necessária apenas para manter a boa forma. Feita de forma balanceada, ela pode aumentar a energia e disposição física da pessoa, influenciar o humor e prevenir vários tipos de doença. No entanto, para qualquer finalidade, alimentar-se bem e de maneira econômica não é algo fácil de se conseguir. No final de 2013, um estudo realizado pela Escola de Saúde Pública de Harvard chegou à conclusão de que cardápios feitos com alimentos saudáveis acabam


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saindo, por dia, aproximadamente 1 euro mais caros. A explicação para essa diferença no preço estaria nas políticas alimentares que priorizam os alimentos industrializados - apesar de mais gordurosos, sua produção em alto volume é mais rentável. Essa razão ainda explica o elevado consumo de fast food. A falta de tempo e a praticidade dos alimentos industrializados são as principais motivações que dificultam a importante tarefa de cuidar da saúde. Pelo elevado preço de frutas e hortaliças, as opções práticas de comida pronta acabam sendo mais viáveis financeiramente. A estudante Denise Valente percebeu essa influência da má alimentação na saúde e resolveu procurar um nutricionista. “O que incentivou mesmo foi um exame de sangue que acusou colesterol um pouco acima do normal. Como já tem casos de problemas cardíacos na família, fiquei preocupada”, conta. A publicidade não induz os consumidores apenas em direção ao fast food. Em determinadas épocas, alguns alimentos viram queridinhos das dietas, seja por causa de novas descobertas sobre suas propriedades nutritivas ou por estarem no cardápio de celebridades. As pessoas são influenciadas pelas manchetes de milagrosos resultados, como “perca 9kg em 15 dias”, e logo vão em busca desses produtos. O que acontece é que grande parte deles tem um alto valor comercial, inacessível para a maioria das pessoas. O que se vai buscar em produtos como quinoa, chia

e Goji berry, também é encontrado na alimentação do dia a dia. A nutricionista Marina Magalhães acredita que esses alimentos “da moda” podem ser substituídos sem perdas por frutas, cereais e vegetais. Ela ainda dá a dica: “opte por consumir os produtos tradicionais comercializados em pequenas feiras no seu bairro ou no supermercado, já que em termos nutricionais o orgânico não se diferencia do produto não orgânico”. Nem toda dieta precisa restringir certas categorias de alimentos. Apesar de gerarem resultados mais rápidos, as consequências podem ser muito prejudiciais para a saúde. “Além de possíveis carências nutricionais, as dietas restritivas aceleram a perda de massa muscular ao invés da massa gordurosa, diminuem nossa disposição para o dia a dia, aumentam o mau humor, pioram a qualidade da pele e do cabelo e ainda podem resultar em quadros de desmaios e mal estar ao longo do dia”, explica Marina. Nesses casos, é possível perceber que o “barato” de não ingerir certos tipos de alimento pode sair muito caro. Para quem deseja se manter saudável, basta pisar no freio, reduzindo os excessos e a ingestão de comidas gordurosas. Acima de tudo, não se martirizar todas as vezes que “cair na tentação” e comer um doce ou algo mais calórico. Diante de todas essas dicas para economizar com a alimentação, nada mais justo que procurar um profissional para acompanhar a dieta, certo? ▼

Começa com a mudança Depoimento: Victor Rezende

Talvez você tenha tentado emagrecer a qualquer custo. Esse foi o meu caso. Sou uma pessoa acima do peso que já recorreu a diversas “fórmulas mágicas” para tentar perder massa corporal. Já recorri a remédios com sibutramina, dietas milagrosas que reduzem e muito a sua alimentação. Consegue adivinhar? Nada deu certo. Em mais uma dessas tentativas, conheci, no ano passado, o aplicativo Tecnonutri por meio de duas amigas. Esse app gratuito tem como objetivo fazer uma dieta de acordo com o quanto de peso você quer perder em uma semana e o que você considera o ideal. Comecei a usá-lo. Na primeira semana, foi um martírio: ao registrar no aplicativo o que você consome, você tem um choque de realidade brutal. Fui colocar, por exemplo, que consumi uma fatia de queijo branco. E a barra do sódio explodiu de uma vez só, deixandome assustado e bastante impressionado com a quantidade ingerida. No entanto, o Tecnonutri tem algumas falhas, não sendo tão abrangente quanto poderia... Foi aí que me apareceu o S Health, que tem as mesmas características, tem mais alimentos e ganha um diferencial interessante: ele contabiliza a quantidade de passos dados por você, exercícios e consegue medir, aproximadamente, as calorias gastas durante atividades físicas. Até o momento, com o uso desses aplicativos, consegui perder 4kg em um mês, apenas tentando me reeducar na alimentação. Caso isso seja algo que você queira, vale a pena dar uma olhada nessas duas ferramentas.

TECNONUTRI (Android)

S HEALT (Samsung Galaxy)


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Foto: Marília Garcia

Muito além de 50 tons BDSM é muito mais do que se vê na obra de E. L. James Ana Oliveira Moema Novais

“Vou para o outro canto do quarto e passo a mão pelo banco acolchoado, até a cintura e deslizo os dedos pelo couro. Ele gosta de machucar mulheres. Essa ideia me deprime. -Você é sádico? - Sou um dominador. Seus olhos cinza ficam abrasadores, intensos. - O que significa isso? – pergunto com um sussurro. - Significa que quero que se entregue a mim, em tudo, voluntariamente. Olho com o cenho franzido, tentando assimilar a ideia. - Por que eu faria algo

assim? - Para me satisfazer. – murmura, inclinando a cabeça. Percebo que ele esboça um sorriso. Satisfazê-lo! Ele quer que eu o satisfaça! Acho que estou com a boca aberta. Satisfazer Christian Grey. E nesse momento percebo que sim, que é exatamente o que quero fazer. Quero que ele desfrute comigo. É uma revelação. - Digamos, de maneira muito simples, quero que você queira me satisfazer. – Diz em voz baixa, hipnótica. - O que tenho que fazer?

Se você leu ou assistiu a Cinquenta Tons de Cinza, esse trecho com certeza lhe pareceu familiar. Você pode ter se envolvido com a história de Christian Grey e Anastasia Steele e ficado curiosa pelo tema inovador apresentado pela escritora E. L. James, afinal, não é sempre que se lê sobre uma mulher explorando sua sexualidade além do sexo convencional. Mas, por mais transgressora que possa parecer, Cinquenta Tons é uma obra extremamente problemática e imprecisa. Além de todas as críticas que já foram feitas ao enredo da história (veja na página 81 nossa review

Sinto a boca ficando seca. Queria ter bebido mais vinho. Certo, entendo a parte de satisfazê-lo, mas o quarto de tortura medieval me deixa constrangida. Quero mesmo saber a resposta? - Tenho regras e quero que você as aceite. São regras que te beneficiam e me proporcionam prazer. Se cumprir essas normas para me satisfazer, te recompensarei. Se não, te castigarei para que você aprenda. – Sussurra. Enquanto ele fala comigo, olho para a estante de varas.” (Cinquenta Tons de Cinza, pág. 90)

exclusiva sobre o filme) e ao fato de um claro relacionamento abusivo ser tratado como um belo romance, a autora acabou por incomodar um grupo de pessoas que já tem que lidar com uma série de preconceitos por parte da sociedade: a comunidade BDSM. Anne S.* é praticante há sete anos e afirma que “[Cinquenta Tons de Cinza] não representa nem um pouco a comunidade BDSM e todos os integrantes o repudiam, já que existem regras, e no livro o protagonista consegue quebrar todas elas”. Ela destaca que as regras seguidas por essa comunidade são o que diferem essa prática de


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um relacionamento abusivo. O BDSM é extremamente complexo, existem diversas vertentes e siglas para designar as atividades. Para pessoas leigas que não foram introduzidas ao meio, é muito difícil abranger o assunto em sua totalidade. Mas conhecendo o básico, é possível desmistificar alguns preconceitos e permitir que a curiosidade seja alimentada e, quem sabe, resolvida. De acordo com o livro Dicionário de Fetiches e BDSM, da dominatrix Agni Shakti, a sigla significa Bondage, Dominação, Sadismo e Masoquismo e representa uma série de comportamentos e práticas sexuais que envolvem disciplina e sadomasoquismo. Porém, nem toda prática necessariamente resulta em sexo. Purple Skull*, por exemplo, é adepta e afirma que não se sente a vontade para praticar com pessoas com quem não tem um relacionamento pessoal. “Mesmo no meio, ainda tem muita gente que acredita que BDSM envolve sexo necessariamente, o que me deixa bastante restrita quanto às pessoas com quem gostaria de praticar”, explica. A bondage (amarração, em tradução livre) consiste na imoblização parcial ou total de um (ou mais) participantes. A dominação está diretamente relacionada à submissão e dá o tom do relacionamento: uma (ou mais) pessoa domina outra (ou mais) que aceita ser submissa à vontade desse(a) dominador(a). Já o sadismo e o masoquismo referem-se ao prazer por meio dos atos de causar (sadismo) e sofrer dor (masoquismo). Não se sabe ao certo quando o BDSM surgiu como uma comunidade e quando se definiu o seu modo de funcionamento, mas há indícios de sua existência desde a Grécia Antiga. O Kama Sutra, famoso livro indiano do sexo e do amor, traz algumas referências que podem ser enquadradas nessa prática. Já os termos “sadismo” e “masoquismo” são originados dos nomes do Marquês de Sade e Leopold von Sacher-Masoch. O primeiro foi um filósofo francês e contista erótico que escrevia sobre torturas, mutilações e orgias; o segundo, um jornalista austríaco, autor de uma obra sobre um homem que sentia prazer ao ser espancado pelo amante da esposa. Grande parte dos relacionamentos BDSM são baseados na sigla SSC, que significa São, Seguro e Consensual. Isso indica que, para realizar uma prática, os envolvidos devem estar cientes do que estão fazendo, não podem correr riscos de ficar com danos permanentes e deve haver um acordo do que pode ou não ser feito pela outra pessoa. Nesse tipo de relacionamento é essencial a presença de uma safe word, em tradução livre, palavra de segurança. Essa palavra é um código, normalmente usado pelos submissos, para avisar ao outro que se está chegando a um limite de dor. Apesar de todos os erros de 50 Tons, a obra mostra alguns elementos que realmente existem no BDSM, como a existência de um contrato, de um quarto destinado exclusivamente para essas práticas e a solicitação de exames médicos. Normalmente, os contratos são verbais, mas existem as versões impressas que são re-

conhecidas e validadas por quem é adepto. Antes do contrato ser firmado, é preciso muita conversa entre os envolvidos para se chegar a um concenso do que será permitido ou não e que deve ser totalmente respeitado. Já o quarto exclusivo brinca com o imaginário da dungeon, “masmorra” em inglês, influenciado pela estética gótica. É muito comum que ao entrar em um relacionamento, os envolvidos peçam exames médicos para garantir que estão totalmente seguros, visto que é um contato direto e constante. O BDSM também está intimamente ligado ao fetiche que consiste na adoração por alguma parte do corpo ou objeto inanimado, remetendo simbolicamente ao desejo ou amor por uma pessoa. Essa prática não está necessariamente ligada ao ato sexual, assim como em outras condutas ligadas ao meio. Alguns dos fetiches mais comuns são: face-sitting, quando o dominador(a) senta na cara do(a) dominado(a) e o(a) obriga a estimulá-lo(a) oralmente; pet play, quando o(a) dominador(a) trata e treina o(a) dominado(a) como um animal de sua preferência; e castidade, quando o(a) dominador(a) impede que o(a) dominado(a) tenha qualquer contato ou estímulo sexual, seja usando barreira física ou não. Dentro desse meio existem subdivisões que determinam os relacionamentos. Partindo da sigla BDSM, podem existir relacionamentos: B&D, que envolvem as técnicas de amarração e disciplina; D&S, dominação e submissão, e S&M, sadismo e masoquismo. O (A) praticamente pode ser dominador(a), submisso(a) ou switcher, ou seja, variar entre ser dominador(a) e submisso

Foto: Foto:Marília MaríliaGarcia Garcia


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(a) se as regras do relacionamento assim permitirem. Os praticantes de BDSM podem ser adeptos integralmente e só terem relações desse tipo, mas também podem ter relacionamentos com pessoas baunilha, ou seja, pessoas que não praticam ou não têm interesse em praticar BDSM. Existem várias possibilidades de relacionamento dentro desse meio, cada uma delas é previamente discutida e combinada entre as partes e pode ser rompida quando qualquer uma delas quiser. Dominadoras e submissas: as mulheres no BDSM Pensando no BDSM em um contexto social machista, pode parecer perigoso para uma mulher se envolver com esse meio, na posição de submissa ou dominadora. Algumas tiveram experiências bem ruins, enquanto outras se encontraram nessa comunidade, independente de qual papel estavam exercendo. Foxycat* conta que, quando era parte desse meio, se fazia de “cega e muda”: “via inúmeros casos de machismos e a parte da mulher que sempre opta (ou é obrigada?) por ser mais submissa”. Já Purple Skull afirma que nunca teve uma má experiência dentro desse meio devido ao seu gênero e que “observando as práticas em clubes específicos, noto que as mulheres, normalmente, têm maior destaque, principalmente na função de domme”. Beatriz F.* conta que, em alguns relacionamentos baunilha, quando pedia para fazer alguma coisa que fugisse do usual, os homens não costumavam aceitar muito bem. Mas isso nunca a impediu de fazer o que tem vontade: “eu sou tão feminista e tão liberta, que me permito ser dominada em prol do meu próprio prazer”. Anne é dominadora e diz que não ignora quando vê um relacionamento abusivo dentro do meio. Além disso, ela afirma que, mesmo tendo a sua posição bem definida, ainda recebe propostas de homens que querem domina-la. “Eu quero que esse mundo seja de prazer e não motivo de traumas para muitas mulheres, principalmente iniciantes que não conhecem muito e não sabem identificar um praticante real”, completa.

Anne conta também que alguns amigos chegaram a se afastar quando contou que era parte desse meio, além de já ter sofrido preconceito em alguns coletivos feministas. Ela afirma que há muitas pessoas praticando o BDSM de maneira errada e que alguns homens usam como desculpa para submeter uma mulher, “mas essas pessoas, quando descobertas, são repudiadas pela comunidade, nós não queremos sujeira no nosso meio”. De acordo com Anne, sempre que é feita esse tipo de denúncia, o homem é afastado e procuram um jeito de proteger a mulher que estava sendo abusada. Mas onde essas pessoas estão? Às vezes as pessoas imaginam que os adeptos do BDSM vivem fantasiados e têm uma postura agressiva, mas isso não é verdade. Os praticantes são pessoas comuns, que em muitos casos, parecem ter uma simples vida baunilha, exercendo as mais variadas profissões e tendo diversos tipos de relacionamentos. O contato com o meio pode ocorrer de várias maneiras. Foxycat e Purple Skull, por exemplo, conheceram essa prática pela internet, em grupos do Facebook e fazendo pesquisas sobre o tema. Já Anne descobriu o BDSM na adolescência, quando estava em um relacionamento e a sua parceira a convidou para ir a um clube desse meio. Ela conta que, no meio de tanta coisas ruins que estava enfrentando, “o fato de viver algo fora da realidade, para mim, na época, era também uma válvula de escape e uma libertação. Me ajudou muito a superar meus traumas, além, claro, da fascinação que sempre tive pela tênue linha que separa a dor e o prazer.” Se você tem interesse e quer conhecer mais, procure pessoas sérias, que realmente façam parte da comunidade BDSM e aprofunde as suas pesquisas. Fique atenta para não ser enganada pelos Christians Greys da vida e lembre-se: camisinha, sempre! ▼ *Algumas pessoas entrevistadas optaram por ter seus nomes ocultados

Foto: Marília Garcia


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Camisinhas LOLLA

Porque o prazer ĂŠ todo seu


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SEXO

Nós

escolhemos

masturbar Em uma sociedade que não permite que as mulheres explorem sua sexualidade como desejam, falar sobre o tema é praticamente um ato político Ana Oliveira

No Brasil, uma pesquisa realizada em outubro de 2014 apontou que 30% dos homens tem nojo de fazer sexo oral na parceira. Os rapazes, todos heterossexuais, residentes em São Paulo e com idade entre 18 e 34 anos revelaram sentir nojo de vaginas por conta do gosto, do cheiro e dos pelos. A pesquisa foi oportunamente promovida por uma marca de lenços umedecidos para higienização pré e pós ato sexual. No Reino Unido, a lei da pornografia foi revista e várias práticas apresentadas em filmes pornôs foram banidas, entre elas o facesitting - ato no qual a mulher literalmente senta na cara de seu (sua) parceiro(a) para ser estimulada pela língua dele (a)- e o squirting (a famosa e polêmica ejaculação feminina). Ambas as práticas foram consideradas perigosas e pouco saudáveis por parte do parlamento. Já nos Estados Unidos, o site pornográfico Pornhub divulgou sua pesquisa anual sobre as preferências e práticas mais buscadas entre seus usuários e usuárias. Enquanto os homens assistiram mais vídeos sobre tipos específicos (adolescentes, mulheres maduras, ruivas), as mulheres procuraram por práticas voltadas ao sexo oral feminino como pussy licking (lamber buceta, em tradução livre), sexo lésbico e… facesitting e squirting. Esses fatos ocorreram em 2014, cada um em um país, mas todos oferecem um bom panorama sobre sexualidade feminina: as mulheres têm curiosidade e querem descobrir as possibilidades que seu genital carrega, mas a sociedade ainda tenta fazê-las acreditar que a masturbação seria nojenta pois vaginas seriam nojentas. Para aquelas que desafiam essa ideia e se tocam, o tabu está ligado à autonomia da mulher sobre seu corpo. “Acredito que a masturbação feminina é muito condenada pois a sexualidade feminina é condenada e totalmente

Garota Siririca: o tema masturbação tratado


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Imagem: Gabriela Masson

de maneira direta e simples, como deve ser.

demonizada. Sempre que a mulher se torna um ser sexual, ela não é pura nem correta.” diz Tami Maa, que se masturba cerca de duas vezes na semana. Já para Lea Lima, que também se masturba semanalmente, o tabu se dá pela falta de uma educação sexual eficiente, tanto a que é oferecida pela família quanto a das escolas: “Minha mãe dizia ‘menina que põe o dedo lá é safada’, falta incentivo e informações e sobra preconceito.” Mesmo quando há interesse em conhecer o próprio corpo, a falta de referências pode ser um obstáculo. A pornografia, fonte de pesquisa mais acessível, não oferece bons exemplos para as meninas e cria diversas expectativas irreais. “A pornografia é um mercado feito por homens para um público em sua grande maioria masculino. A mulher se masturba não para ficar excitada, mas para excitar o seu parceiro de cena. O problema é quando esse comportamento passa a ser reproduzido por quem está vendo os filmes e vídeos.”, analisa Karolina Lopes, que é jornalista e desenvolve uma tese de mestrado sobre pornografia grotesca. A falta de informação, somada ao preconceito, faz com que muitas mulheres nunca se deem uma chance de se tocarem e explorarem o prazer que podem sentir. Mais do que isso, muitas perdem a oportunidade de melhorar sua saúde. A sexóloga canadense Judith Golden realizou uma série de pesquisas sobre o assunto e descobriu que a masturbação alivia cólicas menstruais, previne incontinências urinárias, depressão, ansiedade e até insônia. Além disso, masturbar-se pode dar uma bela injeção de auto-estima. Segundo Karolina Lopes, a mulher que se toca “vai saber como e o que dá prazer a ela e isso vai ser importante na vida sexual, pois poderá falar exatamente ao seu companheiro ou companheira do que gosta. Ela vai se sentir muito mais segura.” Tami e Lea são ótimos exemplos disso. De acordo com Tami: “Agora é muito mais fácil pra gozar. Eu sei os jeitos e como variá-los. Já sei bastante sobre o meu corpo e gosto dele como ele é.”. Lea conta que a masturbação “trouxe melhorias no sentido de independência, pois não preciso depender de homem pra ter prazer, tenho um vibrador que comprei há dois anos.”. Já para Margot Paon, mulher transsexual, a cirurgia de redesignação sexual que lhe dará uma vagina fará com que ela possa sentir prazer: “Me masturbava constantemente até meus 24 anos, hoje tenho 29 e desenvolvi disforia com meu pênis [desconforto ou aversão causada pela incompatibilidade entre genital e identidade de gênero], quando eu conseguir fazer a cirurgia, meu corpo vai estar de acordo com minha cabeça e me dará prazer em todos os sentidos, não só o sexual.” Numa sociedade que condena e julga a sexualidade feminina, masturbar-se é, além de tudo, um protesto político por autonomia e direito à liberdade sexual. Por isso, não se sinta culpada se surgir aquela vontade de ver o que tem lá embaixo, use os dedos, chuveirinho ou vibradores e descubra o quanto seu corpo é maravilhoso. Escolha masturbar e seja feliz! ▼


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lgbt

INBISÍV Ser bissexual não é fácil! Além de serem julgados, tachados e constantemente questionados, os bis ainda precisam lidar com a falta de apoio dentro do próprio movimento LGBT

Ana Oliveira Marília Garcia

“Você só tá passando por uma fase!”, “Você ainda tá indeciso(a)!”, “Você é só um gay que tá com vergonha de se assumir e fala que pega mulher pra disfarçar!”, “Você tem que topar um ménage! Você é bi, ora!”, “Se você é pan, você transaria com uma árvore?” Esses e alguns outros comentários mais grosseiros são muito comuns na vida daqueles que se assumem bissexuais ou panssexuais. O fato de não se atraírem por apenas um gênero gera curiosidade e muito preconceito. Considerados indecisos, promíscuos e mais propensos a traírem, bissexuais precisam lidar com a intolerância por parte dos héteros e, por muitas vezes, com a falta de representatividade e acolhimento dentro do próprio movimento LGBT. CONHECE-TE A TI MESMO Antes de assumir a bissexualidade perante a sociedade, no entanto, há o processo de descobrimento e auto-aceitação. Muitos bis sabem que são assim desde crianças, como YD*: “Eu meio que sempre soube. Quando era pequena e era moda colarmos posters de caras que achávamos bonitos no quarto, eu tinha foto tanto do Legolas quanto de mulheres aleatórias que via na revista, do Kaiky Brito e da Kelly Key.” Já outros, como Fernanda Pontes, levam mais tempo para entender: “Foi só quando fui para faculdade que conheci pessoas ligadas à causa feminista e LGBT que abriram a minha cabeça para assim eu ter come-

çado a ficar com garotas também.” Há ainda aqueles que se identificam como panssexuais. Apesar de essa diferença ser muito pessoal e relativa, o que distingue os pans dos bis é o fato de não se atentarem ao gênero das pessoas por quem estão atraídos. Giovana Meneguin é panssexual e conta como foi o processo de se assumir: “Passei a me identificar como bi, mas ainda assim, não me sentia contemplada. Para mim, isso significava que minha atração por alguém estava condicionada ao gênero da pessoa, e não era isso que eu sentia. Quando alguém me perguntava, eu respondia que ‘gosto de pessoas’.” SORO DA INVISIBILIDADE Se o processo de auto-aceitação é difícil, a tentativa de se encaixar dentro do movimento LGBT pode ser ainda mais. Por vezes, os militantes da causa acabam dando prioridades a pautas que atendam a outros grupos, principalmente aos homens homossexuais, e os bis acabam perdendo seu espaço e visibilidade dentro de um movimento que deveria ser acolhedor. “É um movimento às vezes bastante autoritário, com pouco diálogo e pouca pluralidade, além de pouco tolerante.” analisa TM*, homem bissexual. Assim também pensa Dianna Montenegro, panssexual, ao afirmar que “às vezes parece que há uma espécie de ‘olimpíada da opressão’, onde apenas aquela classe mais ostensivamente oprimida é que merece


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EIS atenção e respaldo na comunidade.”. O preconceito dos homossexuais às vezes pode vir da incompreensão: “Os homossexuais acham que, por conta dos bis passarem por período de relacionamentos héteros, não sofrem tanto quanto eles.” explica Carolina Silva, mulher bissexual. YD, no entanto, acredita que a situação não é das piores. “Hoje, acredito que em parte pelo movimento feminista cada vez mais forte, há muito mais respeito e compreensão. Acho que por mais que ainda haja problemas, a tendência é sempre melhorar”, afirma.

Outro que afirma que as coisas estão melhorando é Arnaldo Roque, bissexual e militante da causa, ao afirmar que a situação começa a mudar quando os bis começam a integrar os movimentos. “Participando de rodas de discussões, cobrando respeito, visibilidade. Debatendo, mostrando força. Pondo a cara a tapa. Não se calando. Tendo voz. Unindo. Militando. Vivendo nossa liberdade e mostrando que nossa condição sexual é tão sólida quanto a qualquer outra e que nosso estado civil não influencia em quem somos”, enfatiza Arnaldo. De acordo com TM, o maior problema do movimento é justamente ser um movimento único, e ele afirma que “As pessoas LGBT são muito mais diversas e plurais do que o ‘movimento’ homônimo. E isso causa conflitos, porque o ‘movimento’ se diz como porta voz, ou representante, de uma totalidade que é muito mais”. Seguindo esse pensamento, Arnaldo ainda completa: “não precisamos ser transsexuais para combatermos a transfobia. Não precisamos ser bissexuais para combatermos a bifobia. Não precisamos ser lésbicas para combatermos a lesbofobia. Não precisamos ser gays para combater a homofobia e não precisamos ser negros para combater o racismo, ressaltando que: combater mas nunca sendo a estrela de uma luta e dor que não é sua, mas sim o aliado.” ▼ *Algumas pessoas optaram por esconder seus nomes reais

Imagem: Giovanna Hespanhol


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Família

Adote esta ideia Questiona-se a validade da adoção por casais homoafetivos, mas a família formada não difere daquela considerada tradicional

Marília Garcia Victor Rezende

Vasco, Júnior e Theodora comemoraram o aniversário de 4 anos de Helena e não pensam em ampliar mais a família para que as duas tenham a atenção que merecem

Estatuto da Família. Esse é o nome que recebeu a comissão especial criada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para definir família como aquela que só existe a partir da união entre um homem e uma mulher. A medida bate de frente com os movimentos LGBT e pode, na prática, proibir a adoção de crianças por casais homoafetivos. A comissão é amplamente defendida por deputados da base evangélica, que conta com cerca de 80 parlamentares. Achar que pais homossexuais passam sua orientação sexual para os filhos é um dos argumentos mais usados por aqueles que desejam restringir a adoção a casais heterossexuais. Se isso fosse verdade, porém, não haveria gays na sociedade, pois eles iriam reproduzir o comportamento de pais heterossexuais. Dizer que uma criança necessita de referências masculinas e femininas é outro argumento; no entanto esses parâmetros podem ser adquiridos tendo outras pessoas como espelho, não necessariamente os pais. Os argumentos de quem é contra adoção por homossexuais são tão instáveis quanto a legislação e o pensamento do presidente da Câmara. Um exemplo pode ser visto na família das crianças Theodora e Helena, com os pais adotivos Vasco e Junior.

Foto: Arquivo Pessoal


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Foto: Arquivo Pessoal

O pequeno Rafael, prestes a completar um ano de vida, com seus pais Liliane e Rodrigo Hespanhol Donos de um salão de cabeleireiro em Catanduva, no interior de São Paulo, os dois foram o primeiro casal homossexual a adotar uma criança no Brasil. No caso, Theodora. “A gente nem sabia que nenhum casal gay tinha adotado. Descobrimos com o assédio da mídia. Foi legal. Acabou despertando em nós outras coisas como atividades direcionadas para o LGBT”, disse Vasco. Segundo ele, “o processo [de adoção] foi normal. Igual para casais héteros. Infelizmente o processo de adoção é demorado: seis meses pra isso, seis meses para aquilo, visita de psicólogo, assistente social... Eu que adotei primeiro, mas não escondi minha vida e o relacionamento homossexual com o Junior. Depois de adotada a Theodora, ele entrou com pedido de reconhecimento de paternidade e deu certo”. Neste momento, no Brasil, o processo de adoção pode ser considerado igual para quem deseja adotar, independentemente da orientação sexual. Liliane Hespanhol, casada com Rodrigo Hespanhol, relatou seu processo adotivo, que foi semelhante ao de Vasco e Junior. “Tudo demorou um ano e meio. Primeiro fizemos um curso, com assistentes sociais, psicóloga e promotor de Justiça, onde nos foram apresentada várias informações sobre a adoção no Brasil. Depois passamos pelo processo de habilitação e nos inscrevemos no Cadastro Nacional de Adoção”. Vasco conta que ele e Junior saíram da fila de adoção este ano pensando nas filhas Theodora e Helena. Eles pensavam em adotar mais duas crianças, porém perceberam o quão difícil é a criação de suas filhas. “Queremos tudo para elas. Se vierem mais, vamos ter

de diminuir as coisas”, complementa. Já a relação entre Liliane, o marido e o filho Rafael também mostra ser um vínculo afetuoso. “Eu e meu marido somos brancos e o nosso filho é negro, assim fica fácil perceber que ele é adotado. Mas nossa interação é tão grande, que as pessoas acham que ele se parece fisicamente conosco”. Apesar da alegria que um filho pode proporcionar, as filas de adoção no Brasil parecem estagnadas. São 5.666 crianças disponíveis no Cadastro Nacional de Adoção, e 33.106 casais na fila de espera para adotar, segundo relatório gerado no dia 24 de março deste ano. Isso acontece porque os casais colocam muitas restrições quanto a sexo, cor, idade e saúde das crianças e, de acordo com Liliane, “o perfil traçado pelo candidato à adoção muitas vezes não bate com o perfil das crianças que estão na fila de adoção”, e isso causa a demora, muitas vezes confundida com excesso de burocracia. Em meio a esses mais de 30 mil casais na fila, estão incluídos os homoafetivos. Sobre a questão, o Supremo Tribunal Federal tem uma posição que diverge daquela defendida por Eduardo Cunha. Carmen Lúcia, ministra da corte, negou, em março, um recurso extraordinário ao reconhecer a adoção por um casal homossexual, afirmando que “a Constituição Federal não distingue entre a família que se forma por sujeitos heteroafetivos e a que se constitui por pessoas de inclinação homoafetiva”. Professora de Direito, Liliane Hespanhol define de forma sucinta o valor das relações familiares, sejam elas construídas por uma adoção ou não: “na verdade, todo pai e toda mãe precisam adotar o seu filho, pois não existe paternidade e maternidade sem adoção.” ▼


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mUNDO GEEK

Mais que uma

Pessoas que usam a imaginação para viver uma personagem fazem disso muito mais que um hobby Ana Oliveira Moema Novais

Você já deve ter visto aquelas pessoas que se fantasiam como personagens de filmes ou de histórias em quadrinhos. Entre susto e estranhamento, você também deve ter ficado curiosa para saber o que há por trás daquela roupa: quanto a pessoa gastou, por que ela escolheu aquela personagem e por que ela decidiu se fantasiar. Normalmente, essas pessoas são o que chamamos de cosplayers. O termo Cosplay é a união de duas palavras em inglês: “costume” e “roleplay”, que significam “fantasia” e “interpretação”. O Cosplay é, então, o ato de ser fantasiar e se comportar como determinada personagem, seja ela de HQs, filmes, animes ou mangás. Pode parecer bobagem para quem não é do meio, mas os cosplayers levam muito a sério o que fazem, já que investem tempo e dinheiro nesse hobby. Muitos deles organizam e participam de competições para eleger qual o melhor e mais fiel cosplay de personagem. No Brasil, por exemplo, existe o Anime Friends, maior evento de cultura pop da América Latina, que acontece todo ano na cidade de São Paulo. Além disso, muitos cosplayers posam para sessões de fotos exibindo suas criações e divulgando-as online. As pessoas que realmente se envolvem com essa prática desenvolvem uma paixão muito grande por esse meio. Gabriel Luis é cosplayer há oito anos e afirma que valoriza muito a parte da interpretação da personagem. “Além de gostar do personagem, eu tenho que estar afim de ‘vivê-lo’, até por que, muitas vezes, a ideia vem por causa de uma apresentação”. Gabriel conta que, mesmo sem se apresentar, gosta de interpretar e brincar com a personagem durante os eventos de que participa: “cansa muito, mas o feedback de todos é ótimo. Mostra que estou interpretando bem e isso me gratifica muito.” O fundamental para escolher bem uma personagem é o quanto você gosta e se identifica com ela. Na hora de escolher quem você vai interpretar, não precisa se ater àquelas que tenham características físicas muito próximas às suas. Mariana Belmont é produtora de audiovisiual para o seu canal no YouTube PenseGeek e cosplayer desde os 14 anos de idade. Ela acredita que “antes de mais nada, esse tipo de critério [para es-

Mariana Belmont, produtora do canal PenseGeek, conta que amou fazer a personagem Euphemia do anime/mangá Code Geass (imagem ao lado) Foto: Bruno Antonucci

colha da personagem] é pessoal, porque cada um deve fazer o cosplay que quiser.” Mas nem sempre é fácil encontrar uma personagem que você se sinta à vontade para interpretar. Pensando nos atributos físicos, é possível usar o site Anime Character Data Base para encontrar uma que tenha as características que você quer, como gênero, cor de cabelo e olhos, comprimento do cabelo e idade, sem limitações para gênero, cor de pele ou biotipo. Uma menina negra pode interpretar uma personagem branca com quem se identifique e vice-versa,


fantasia, uma arte

Imagem: Divulgação/Internet

assim como um homem pode se fantasiar de uma personagem feminina. Essa prática de se fantasiar do gênero oposto é chamada de crossplay e é mais comum do que parece. No cosplay, o que importa é a roupa e a interpretação, sem limites para a criatividadade. Gabriel acredita que as vantagens e desvantagens ao se fazer um cosplay se misturam. Para ele, a melhor parte é usar a fantasia, se apresentar e ter o trabalho reconhecido, seja a roupa ou a interpretação. “Mas montar a apresentação, achar a ideia certa, a forma certa de fazer a fantasia, tudo isso é difícil e ao mesmo tempo

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prazeroso quando se consegue fazer”, completa. Muitas mulheres podem se sentir intimidadas em começarem a fazer cosplays por terem medo da recepção do meio, especialmente dos homens. Por estar presente dentro da cultura geek, que por vezes é extremamente hostil com o sexo feminino, o meio cosplay também aparenta ser machista. Mas Mariana não vê dessa forma: “não acredito que exista preconceito apenas por você ser mulher, até porque de tudo que já vi nesses seis anos de cosplay é que as mulheres são predominantes na ‘arte do cosplay’ e em eventos”. Montar um cosplay requer dedicação, saber administrar o seu tempo e uma quantia considerável de dinheiro. Mas, se você gosta desse meio e quer ter o cosplay como um hobby, há sempre alternativas para montar uma fantasia, desde a peruca até os acessórios. É necessário muita pesquisa e tentativas, e o medo de errar não pode ser um impecilho para a dramatização de uma personagem. Gabriel costuma contratar outras pessoas para costurarem as suas fantasias, já que não tem conhecimento nessa área. Ele conta que costuma comprar roupas em brechó para modificar e aprendeu a fazer os acessórios, como armas e armaduras, com outros cosplayers. “Uma prática que tenho feito atualmente, é comprar cosplays ‘semi-ons’ (partes costuradas errado ou com peças faltando) de amigos que não usam mais, e reformar para que fiquem melhores”, comenta. Entre tantos personagens, sempre tem um que se destaca. Gabriel comenta que o mais gostou de fazer foi o Coringa, já que é o seu favorito e o mais legal de se interpretar. Para Mariana, a Euphemia do anime/ mangá Code Geass foi o que ela mais amou fazer, “porque nela eu usava um grande vestido e uma peruca rosa, por isso todas as criancinhas vinham tirar fotos comigo e dizer que eu era ‘princesa’, foi muito fofo!”. Por mais que o meio cosplay possa parecer restrito para novas pessoas, quem gosta de se fantasiar e agir como um personagem querido, não pode se deixar abalar pelas dificuldades. Mesmo com a grana curta, é possível pensar em alternativas, afinal, nada é impossível quando se tem criatividade. Entre Mulher Maravilha e Sailor Moon, existem milhares de opções! ▼


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cultura 1965

início

Inauguração, Uni Duni Tê, Dercy Gonçalves

Chacrinha, novelas de Janete Clair e Glória Magadan

1968

festivais

PLIM PLIM EM FESTA Xou da Xuxa, Anos Dourados, Criança Esperança

Brega & Chique, Sassaricando, Fórmula 1

A Casa das Sete Mulheres, Chocolate com Pimenta, Carga Pesada, Celebridade, Mulheres Apaixonadas

Senhora do Destino, Da Cor do Pecado, A Diarista

1985

Vereda Tropical, Amor com Amor Se Paga

Guerra dos Sexos, Balão Mágico, Vídeo Show

Cassino do Chacrinha

1989

Que Rei Sou Eu?, Escolinha do Professor Raimundo, Barriga de Aluguel

Vamp, Carnaval Globeleza

2002

A Grande Família, Os Normais, Presença de Anita, O Clone

O Cravo e a Rosa, Caldeirão do Huck, Altas Horas, Programa do Jô, Laços de Família

Mais Você, Zorra Total, Linha Direta

2005

Cobras & Lagartos, Páginas da Vida, JK, Estrelas, Sinhá Moça

Toma Lá Dá Cá, Paraíso Tropical, Pan 2007

2015

Império, Amores Roubados, Tá no Ar, O Rebu, Hora 1

Encontro com Fátima Bernardes, The Voice Brasil, Lado a Lado, Amor à Vida

roque santeiro

domingão vale tudo do faustão 1988

bbb

alma gêmea

fim

2008

a favorita 2012

avenida brasil


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Irmãos Coragem, Copa do Mundo do México

Jornal Hoje, Plim-plim

1972

globo de ouro

Globo de Ouro, Fantástico, Globo Repórter, O Bem-Amado, Esporte Espetacular

O Rebu, cobertura do incêndio no ed. Joelma

Gabriela, censura a Roque Santeiro

1980

tv Mulher Renascer, TV Colosso, Mulheres de Areia

Por Amor, Anjo Mau

Malu Mulher, Carga Pesada, Jornal da Globo

1994

a viagem Projac, A Próxima Vítima, A Comédia da Vida Privada, Malhação

Dancin' Days, Globo Esporte

O Astro, Sítio do Picapau Amarelo

1976

saramandaia

NOVELAS TOP DAS 6

O Rei do Gado, Sai de Baixo, Angel Mix

DAS 7 Ti-Ti-Ti, Passione, Globo Mar, JN no Ar

DAS 9 *Ranking feito a partir das escolhas da redação entre os anos 2000 e 2015


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tv

Todo instante, a cada momento, é tudo mudando ao nosso redor. Todo dia há de ser diferente, porque o tempo é de olhar para frente em todos os cantos, em todo lugar. Essas foram algumas das palavras ditas pela Globo em 2005, quando completou 40 anos de existência. De lá pra cá, dez anos se passaram, mas muito continua sendo semelhante ao passado. Neste mês de abril, a maior emissora da América Latina – e segunda maior do mundo – comemora seu cinquentenário tendo preparado novidades e atrações diversas desde o início do ano. Alguns dos programas da emissora deste ano, como o festival Luz, Câmera 50 Anos, rememoram fatos passados do canal, com grandes histórias contadas e que atraíram bastante público quando levadas ao ar. Essa atração, no caso, exibiu minisséries de sucesso editadas no formato de telefilme. Entre elas, algumas mais recentes como O Canto da Sereia e Maysa: Quando Fala o Coração, e outras que foram destaque há algumas décadas, como Presença de Anita e Anos Dourados. Pensando em grandes sucessos da teledramaturgia global, o Vale a Pena Ver de Novo marcou a volta de O Rei do Gado. A trama de Benedito Ruy Barbosa, exibida pela primeira vez em 1996, tem agregado um grande público à sessão. Cleonice Rodrigues, 48 anos, cita a novela como um de seus programas favoritos da atualidade. Em relação às novelas da emissora, a auxiliar de enfermagem ressalta que “eram muito melhores antes, mas os programas estão superiores [aos antigos] por causa da atualização do mundo”. Cleonice não é a única a exaltar a teledramaturgia do passado. A escriturária aposentada Marli da Silva Marcon, 52, cita a novela Irmãos Coragem como uma novela boa de antigamente e ressalta que sua mãe também gostou da trama de Janete Clair. Marli destaca outros fatores que a fazem se lembrar da Globo. “A transmissão da morte do Senna foi bem marcante, e a morte do Tancredo Neves também”, disse. Juntando-se às duas amigas, Eliane Garcia, 49, ressalta um programa importante da Globo que gosta de ver atualmente e sua opinião é seguida por Marli e por Cleonice: o Fantástico. Mesmo tendo sofrido com a baixa audiência até o ano passado, a revista eletrônica global

deu a volta por cima desde a chegada da nova apresentadora, Poliana Abritta. Uma nova guinada ao jornalismo que caracterizou o programa também pode ser responsabilizada pela audiência crescente. Nota-se, portanto, que uma grande emissora não deixa de pensar no passado, no presente, e no futuro. No caso da Globo, esse foi o tema de uma das vinhetas recentes. Com "a certeza é de que o nosso futuro vai continuar sendo emocionante junto com você", convida todos seus telespectadores para comemorar os 50 anos de história e enaltecer aqueles que estão por vir. “Nós podemos fazer muitas críticas à televisão e à TV Globo como um todo. Mas, querendo ou não, ela acabou criando um padrão. E esse padrão, direta ou indiretamente, é imitado pelas outras emissoras. Então, ela é uma líder”, destacou Maria Cristina Gobbi, professora de comunicação da Universidade Estadual Paulista. PADRÃO GLOBO DE QUALIDADE Consiste na intercalação entre programas de entretenimento e de jornalismo na grade de programação noturna. Foi criado por José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, enquanto diretor-geral da emissora. Nele foi disposta a grade: novela das seis - telejornal local - novela das sete - Jornal Nacional - novela das oito - faixa de shows. Gobbi diz, ainda, que prefere assistir à GloboNews, assim como a auxiliar de enfermagem Cleonice. que destacou o Jornal GloboNews Edição das 18h, o GloboNews em Pauta e o Conta Corrente como os seus programas jornalísticos preferidos além do Fantástico. Gobbi também lembra sobre o pioneirismo da Globo para levar uma imagem do Brasil ao exterior com os seus produtos televisivos. “Essa possibilidade de expandir as nossas fronteiras mostrando pros outros países que nós conseguimos fazer comunicação. Então eu acho que isso é um fato. Esse pioneirismo da Globo, que, querendo ou não, tem que ser reconhecido”, completou Gobbi. ▼


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Opinião

O futuro já começou Victor Rezende

Quem trabalha fazendo a cobertura de televisão foi alertado desde novembro de 2014 sobre as pretensões que a Globo teria de fazer algo grandioso neste ano para comemorar seus 50 anos. Até esse período, notas, matérias, reportagens soltas sobre novidades na programação de 2015 estavam, aos poucos, sendo agrupadas nessa programação do cinquentenário. No entanto, fazendo uma comparação das atrações que a emissora vem apresentando com aquelas que já foram exibidas alguma vez no canal, pode-se constatar que não há nada que seja novo realmente; foi escolhido fazer uma recapitulação de momentos e produtos marcantes. No início do ano, um compilado de produtos revisados: Tim Maia: Vale o Que Vier é uma adaptação do longa exibido nos cinemas em 2014; o festival Luz, Câmera 50 Anos é apenas um projeto que reúne minisséries que fizeram sucesso no formato de telefilmes; o Planeta Extremo, mesmo sendo um programa novo, tem o mesmo formato de quando exibido no Fantástico ou no Esporte Espetacular; já Felizes Para Sempre? é uma adaptação do roteiro de Quem Ama Não Mata.

Pode-se dizer que as novelas são novas. E é verdade. No entanto, o principal produto da Globo, a novela das nove, luta contra parte da população. Sair de uma produção com personagens de forte apelo popular, como Império, e cair numa trama que afeta parcela conservadora da sociedade brasileira é algo perigoso. Analisando-se a concorrência, é ainda mais arriscado. Não se deve negar a força de uma novela infantil como Carrossel e nem a astúcia da Record ao mudar sua programação e colocar um telejornal para competir com a novela, no esquema de contraprogramação. O que choca, na realidade, é que a atual gestão da emissora, encabeçada por Carlos Henrique Schroder, não carrega um dos pilares que a Globo tinha desde a era Boni: preservar as “pratas” da casa. Ao deixar Xuxa ir embora e sinalizar que não irá renovar com Renato Aragão, a nova Globo deixa de lado de padrões que sempre empregou em sua trajetória. Se ela está segura de si em relação à audiência - e não tem motivos para não estar -, deve se preocupar o mínimo com a qualidade que está em seu discurso nesses 50 anos. ▼


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Opinião

Um novo reino para Xuxa

Estreando logo depois dos Jogos Pan-Americanos, Xuxa terá grandes desafios na nova fase de sua carreira

Victor Rezende

A segunda maior contratação da história da TV brasileira foi feita neste ano por uma emissora que vinha dando sinais de falência desde 2013. Em 5 de março, Xuxa Meneghel assinou contrato com a Record após ter passado 28 anos vinculada à TV Globo, onde fez sua carreira como apresentadora e se tornou uma das maiores comunicadoras do País, com êxito nacional e internacional. Em questão de expressão e de importância, o atual vínculo perde apenas para a contratação de Janete Clair pela Globo em 1967. Não foram apenas programas de TV que Xuxa e a Globo deixaram para trás quando puseram fim à parceria de quase trinta anos. A marca “Xuxa” é, ainda, muito forte, mesmo com a apresentadora tendo 51 anos e ficando um ano fora do ar. As manifestações de carinho à rainha foram feitas por fãs de Xuxa que estiveram na porta da TV Re-

cord, em São Paulo, no dia da assinatura do contrato. “A gente nunca vai desistir de você”, dizia uma faixa, enquanto os “baixinhos” cantavam unidos “Chupa, Rede Globo”. O motivo teria sido o desinteresse da emissora carioca em manter a rainha em seu elenco, justamente no ano de seu cinquentenário. Sua última atração no canal, o TV Xuxa, registrava bons índices de audiência no canal: no primeiro ano, chegou a perder nas primeiras edições para o Pica-pau, da própria Record, mas acabou se firmando e ficando na liderança absoluta no Ibope. O programa chegou ao fim devido a um problema de saúde de Xuxa. Em uma das gravações, com o cantor Luan Santana, a apresentadora caiu e foi “atropelada” por algumas fãs do cantor. No acidente, ela quebrou alguns ossos do pé, tendo de ficar fora do ar por um ano para fazer o tratamento e usar uma bota


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Foto: Edu Morais/TV Record

ortopédica durante esse período. Assim que parou de usar a bota, Xuxa propôs à emissora novas atrações, mas foi surpreendida com uma falta de espaço na grade global. Seu contrato com a Globo, que ia até 2017, previa renovações a cada ano. Desde novembro de ano passado, a Record vinha sondando Xuxa para ver se a apresentadora iria renovar com a Globo ou se estaria disponível no mercado. Silvio Santos também se interessou pelo passe de Xuxa, mas optou por não fazer grandes contratações em 2015 devido ao momento econômico do País. Assim, ela conversou com a direção da Globo e chegou à conclusão de que o melhor, no momento, seria assinar com a concorrente. “Eu tenho uma história com a Globo de boas lembranças. Não vou apagar, não tem como. Não acho legal falar mal da casa onde vivi esse tempo todo”, argumentou Xuxa na coletiva de imprensa de sua apresentação. O FUTURO NA RECORD Com o contrato assinado, Xuxa se encaminha para ter um programa baseado no americano The Ellen DeGeneres Show. A equipe do programa estrangeiro prestará consultoria à produção do novo programa da rainha dos baixinhos, que ainda não sabe se será semanal ou diário. “A vontade é ser uma inspiração da Ellen,

mas não copiar”, disse Xuxa quando perguntada sobre o formato do programa. A ideia da Record, neste momento, é a de unir grandes trunfos em sua programação para se garantir na vice-liderança, disputada décimo a décimo com o SBT, e alcançar melhores resultados, principalmente no âmbito comercial. Assim sendo, Xuxa seria apenas mais uma das cartas a ser lançada, ao lado de Gugu Liberato, Rodrigo Faro, Sabrina Sato, César Filho e o chef Buddy Valastro, que apresentará o reality The Cake Show. Com isso, a Record, sob a direção de Paulo Franco, pretende investir naquilo que vem dando certo em sua grade: programas de auditório - sendo apelativos ou não -, um jornalismo cunhado em tragédias e casos bizarros, e em novelas chamadas de super produções, mas que pecam no acabamento e na falta de profissionais competentes se comparados aos da concorrência. Xuxa revelou que terá carta branca para fazer o que quiser em seu programa: chamar religiosos da Igreja Católica, ter repórteres-mirins, cantar músicas de sucesso do passado, e, inclusive, participar da comemoração de 50 anos da Globo e do Criança Esperança se for chamada. Resta saber como ficarão, agora, as relações entre a rainha dos baixinhos e a emissora que trabalhou sua imagem durante 28 anos. ▼


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Opinião

De volta para as telinhas Gugu Liberato voltou às telinhas com um modelo de programa semelhante a muitos outros - pouca inovação e escolhas erradas

Giovanna Hespanhol Victor Rezende

“Vamos resgatar alguns quadros de sucesso que estão na memória afetiva do público, mas também haverá novidades”, disse o apresentador Gugu Liberato ao site O Planeta TV. A estreia de seu novo programa na Record ocorreu em 25 de fevereiro, uma quarta-feira. O início, que seria às 22h30, foi adiantado para 21h50. Estratégia que, nesse dia, pode ser considerada bem sucedida, já que Gugu registrou 16 pontos de média, contra 18 da Globo*. Nos outros dias, porém, luta contra o Programa do Ratinho, do SBT. As novidades prometidas não vieram. “Não diga alô, cante Pintinho Amarelinho” é cópia do programa Charme, de Adriane Galisteu; um biólogo na atração faz clara referência a Eliana quando apresentava infantis; acordar MC Gui em sua casa é algo já amplamente explorado no quadro de ET e Rodolfo no antigo Domingo Legal; já algumas brincadeiras e jogos remetem ao Hoje em Dia de anos atrás, quando dirigido por Vildomar Batista. Por acaso, o mesmo diretor de Gugu. Apenas coincidência? O programa ainda apostou, em seus dois primeiros dias, num homem-ímã bósnio, caso que já foi apresentado em outras atrações que exploram bizarrices, como o Tudo a Ver e o Domingo Show. Ambos da Record. E o playback, “gritante” de tão falso, soou, no mínimo, insuportável. Será que Leonardo e seu

filho, que estiveram na estreia, não sabem cantar ao vivo? Ou a poderosa GGP Produções não foi capaz de dar estrutura aos dois para fazerem uma apresentação digna? Talvez a segunda opção, já que a cantora Wanessa protagonizou uma grande gafe na segunda semana do programa devido a erros no playback e reclamou da Record. O roteiro também não foi um dos pontos altos da estreia, já que se mostrou fraco e engessado. Para chamarem Zé Felipe, o filho de Leonardo, ao palco, precisaram do filho do Gugu para fazer uma encenada pergunta ao cantor veterano. Curiosamente, dentre todos os filhos citados pelo cantor, Zé Felipe foi o único nome destacado pelo menino. Logo em seguida, quem aparece? A nova sensação da música sertaneja, com um estilo bem parecido ao do pai. Ainda na estreia, temos a promessa de um “Gugu Entrevista” com o comediante Shaolin, em que foram mostrados apenas a casa, a esposa e o filho dele. Tudo isso com dois propósitos: o enaltecimento da figura do amigo fiel que é Leonardo e a apresentação de Lucas Henrique, que segue os passos do pai. A entrevista, de fato, ficou para a semana seguinte. Para quem acompanha os programas da emissora, essa pauta emocionante deve parecer um déjà vu: em 2012, Ana Hickmann fez o mesmo percurso para narrar a trá-


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Foto: Edu Morais/TV Record

gica história de Shaolin para a estreia do Programa da Tarde. Novamente, uma obra de Vildomar Batista. O programa inteiro, com duas horas e meia de atrações, teve seu primeiro e único intervalo faltando pouco tempo para o fim. A medida não apenas cansou o público, que esperava avidamente pelas revelações de Suzane von Richtofen, mas também errou feio em relação aos anunciantes. A entrevista se estendeu tanto que Gugu mal teve tempo de se despedir de seus telespectadores. Por ser um programa piloto, o encerramento pedia algo mais elaborado, convidando e convencendo o público a voltar no dia seguinte. Quando o grande momento da estreia chegou, houve uma grande quebra de expectativa. O áudio, péssimo, não conseguia se fazer ser entendido em alguns momentos. O responsável foi demitido. A edição, feita às pressas pelo departamento de Jornalismo da Record, parecia com qualquer um dos programas policialescos que abarrotam sua grade, com uma trilha sonora exagerada e apelativa. A entrevista pecou em excessos de dramaticidade, fazendo de Richtofen uma vítima. Ela foi presa após ter matado seus pais dando a entender que estava cega por amor e, agora, na prisão, diz ter encontrado uma companheira. Sandra Regina Gomes, o novo amor de Suzane, também participou da entrevista com Gugu falando de sua relação e sobre o próprio crime. A entrevista ainda foi outro motivo de desrespeito ao telespectador. Visando agregar o público que “zapeava” pelos canais no intervalo do futebol na Globo, a edição optou por encerrar um dos quadros de forma

abrupta para dar início à atração principal. De fato, a resposta da audiência foi boa, mas a que preço se não houve fidelização do público? A série de desconsiderações não terminou por aí. O desafio lançado por Gugu, de que o primeiro a chegar aos estúdios da GGP com uma nota de 1 real ganharia uma TV, foi algo absurdo. Um programa com pretensões nacionais não deveria ser tão restrito. De que forma a senhorinha de Tocantins, que deixou de dormir para acompanhar o apresentador, poderia participar da brincadeira? Como esperado, o ganhador foi de Barueri, cidade em que está localizada a produtora. Provando que ficou estagnado nos anos 1990, o apresentador não economizou nas perguntas de duplo sentido. Em meio a “pacus” e “piranhas”, Gugu tentava entreter o público com auxílio de Leonardo. O cantor não ficou muito distante no quesito “piadas de mau gosto”. Em um quadro de perguntas indiscretas aos convidados, ele mostrou extremo machismo ao falar que a mulher deveria “fazer o ‘servicinho’ dela” na hora do sexo. No mesmo quadro, Zé Felipe, com apenas 16 anos, viu-se obrigado a responder questões de cunho sexual. Um programa de entretenimento que se propõe a ser de classificação livre não deveria fazer apologia a bebidas alcoólicas (cerveja e cachaça foram citadas) ou mesmo tratar sobre sexo. E muito mais deve aparecer nos próximos programas de Gugu na Record... ▼ *Cada ponto no Ibope equivale a 67 mil domicílios na Grande São Paulo.


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Foto: Moema Novais

Curtas em Circuito A falta de apoio no mercado brasileiro dita a produção no meio universitário

Ana Oliveira Moema Novais

Se você assistiu ao filme Operação Big Hero no cinema, também deve ter se encantado com a história de O Banquete, vencedor do Oscar de Melhor Curta-Metragem deste ano. Apresentar um curta antes da atração principal é uma jogada de marketing que vem sendo muito utilizada pelos estúdios. E tem dado tão certo que antes de assistir ao live-action Cinderela, o público vai poder matar a saudade de Arendelle com o curta Frozen: Febre Congelante. Mas você já reparou que esse tipo de estratégia não é feita no cinema brasileiro? Não foi sempre assim. No início da década de 30, Getúlio Vargas promulgou um decreto-lei permitindo a exibição de longas-metragens estrangeiros, desde que os cinemas também exibissem curtas nacionais educativos. Com o início do Cinema Novo, em 1952, os curtas se desvincularam dessa temática e começaram a falar dos problemas sociais do país. Em 1975, foi aprovada a Lei do Curta, obrigando os cinemas a exibirem curtas brasileiros antes dos filmes estrangeiros. Entretanto, com o fim da Embrafilme no início do governo Collor,


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CINEMA essa lei deixou de ser aplicada. Desde então, a produção de curtas no Brasil precisa lutar pelo seu espaço. Christina Ribeiro trabalha com gestão e planejamento cultural e acredita que a área de curtas no Brasil ainda não recebe investimentos suficientes, mas está no caminho certo. “Somente ano passado tivemos diversos editais de fomento, como o Curta Afirmativo 2014, que investiu R$ 3 milhões em produções de curtas brasileiros. Outro edital recente de produção foi o Memória do Esporte Olímpico Brasileiro, no qual cada projeto/proposta de curta-metragem selecionada receberá R$ 230 mil para ser rodada ao longo de 2015”, afirma. Segundo um levantamento feito por Christina utilizando dados do Ministério da Cultura, entre 2009 a 2015, somente 15 projetos de curta-metragem foram aprovados pela Lei Rouanet de incentivo à cultura. Em comparação, 94 filmes de média-metragem e 299 longas foram produzidos com esse apoio. “Creio que o fato de termos mais projetos de longa-metragem bem sucedidos é reflexo do mercado que aporta recursos financeiros e abre mais editais para a área de longa, pois a visibilidade é maior e geralmente a difusão destes atinge um público maior”, explica. Christina aponta que um dos grandes desafios dos curtas independentes, é atingir o público. “A população não está acostumada a sair de casa para assistir uma rodada de curtas metragens, logo, esta modalidade não é tão incentivada e disseminada”, completa. Outros problemas enfrentados são: a falta de um mercado investidor, concorrência acirrada, dificuldade dos profissionais com os editais de incentivo e a falta de produtores no mercado. “Existem muitos técnicos – diretores de produção, assistentes de produção, produtores de set e locação –, mas poucos profissionais conseguem se dedicar à produção de um filme de forma mais global, ou seja, lidar com o longo tempo de dedicação entre a ideia, roteiro, captação dos recursos e desenvolvimento do projeto”, afirma. Uma das funções da Universidade é ser um elo entre a teoria e a prática. Para os estudantes que querem trabalhar com cinema no Brasil, Christina sugere que eles busquem fazer networking, estágios, se inscrevam em associações com a Curtaminas, falem mais de um idioma, sejam flexíveis e criativos para recorrer a financiamentos coletivos. Além disso, ela aconselha a criação de um roteiro já pensando em possibilidades de locação, parcerias e verba. Para aqueles que ainda estão aprendendo e não estão no mercado de trabalho, a Universidade é o melhor meio de experimentar possibilidades. Mesmo assim, o apoio ainda é pequeno e os alunos acabam ficando por conta própria. “Ao menos na Unesp contamos com um estúdio de TV, equipamentos de som e luz e computadores que podemos usar com certa facilidade para executar nossos projetos. Mas ainda sim, não há qualquer incentivo para a execução, que devem partir exclusivamente dos alunos, limitando muitas vezes o processo criativo e até

mesmo o aprendizado dos estudantes.” analisa André dos Passos Pacano, estudante de Radialismo na Unesp e idealizador do curta Reflexos DeLa, que retrata uma jovem descobrindo e lidando com sua transsexualidade. Estar por conta própria pode ser ruim, mas toda essa autonomia também traz bons frutos: a Locomotiva, empresa júnior de Rádio e TV da Unesp, promoveu neste ano a segunda edição do Loco de Ouro, que conta com a exibição de curtas produzidos por estudantes, além de uma premiação que elege as melhores obras. Lívia Sarno, que também estuda Radialismo e produziu o curta Domingo no Parque, exalta a importância de um evento como o Loco de Ouro: “Com a premiação, aumenta-se a qualidade dos produtos, afinal, quem não quer ganhar um prêmio? E, o mais legal de tudo, é a nossa chance de termos nosso trabalho analisado por pessoas super relevantes do mercado.” E completa: “além disso, o Loco de Ouro é outro incentivo que temos aqui dentro pra produzir mesmo. A categoria de curtissimas, por exemplo, é lançada para que os alunos produzam para o evento, principalmente os calouros”. A segunda edição do Loco de Ouro teve a temática de “Mundo da Lua” e toda a decoração, bem como as piadas dos apresentadores, se relacionavam com o tema. O diretor de projetos da Locomotiva, Victor Barboza, res-

Foto: Moema Novais


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salta as dificuldades de se organizar um evento como esse: “a maior dificuldade para a organização de um evento grande como foi o Loco de Ouro talvez seja manter a sincronia entre todas as áreas da empresa, cada uma ficou responsável por um processo na organização do evento, e fazer com que no final tudo funcione da melhor forma possível.” O curta Reflexos DeLa saiu vencedor em quatro categorias (Melhor Curta, Melhor Direção, Melhor Fotografia e Melhor Direção de Arte). André Pacano conta que guardou o roteiro por cerca de um ano, depois que a ideia saiu do papel, foram três semanas de pré-produção, incluindo a seleção e ensaio dos atores. “Foram quatro dias de gravação. Todos estavam em muita sintonia, realizando muito bem sua própria função, e entre um contratempo ou outro, conseguimos dar a volta por cima e concluir as cenas no tempo previsto.” Domingo no Parque também venceu em quatro categorias (Melhor Roteiro Produzido, Melhor Montagem, Melhor Captação de Som e Melhor Trilha Sonora), segundo Livia, o curta levou quatro meses entre pré-produção e gravações, e as maiores dificuldades foram em relação à verba e locomoção: “tivemos que correr atrás de patrocínios, o curta é universitário, e logicamente o orçamento é baixo, além de locações dentro e fora de Bauru. O parque em que gravamos era em Araras, e é bem difícil mover uma equipe inteira, mas deu tudo certo”. Livia também chama atenção para a a questão da divulgação, a obra só pode ser compartilhada no Youtube um ano depois de sua finalização, por conta das participações

em festivais e mostras. A produção se torna ainda mais restritiva se a recepção por parte do público for considerada: “nosso público não vai muito além de estudantes da Unesp. Mostras e Premiações são nosso meio de atingir mais pessoas.”. Apesar das dificuldades e do cenário desfavorável, ambos os estudantes disseram ter se divertido na produção de seus trabalhos. Uma premiação como o Loco de Ouro propicia um grande incentivo moral e faz com que os alunos queiram produzir curtas. Inclusive, a próxima edição do evento já está sendo pensada e as expectativas são boas. Segundo Victor Barboza: “as expectativas são as melhores possíveis, o evento teve uma boa audiência na transmissão realizada pela FAAC WEB TV, e assim como na primeira edição, foi muito bem recebida pelos alunos que acompanharam a mostra e a Premiação. Eu realmente acredito que o Loco de Ouro ainda será um evento de grande credibilidade dentro da Unesp, não apenas no curso de Rádio e TV.”. Muitas pessoas pensam que os curtas são feitos por amadores ou pessoas sem experiência e que os longas são feitos por profissionais. Mas Christina Ribeiro lembra que o Cinema Novo, movimento que revolucionou o cinema brasileiro nas décadas de 1950 e 1960, começou com curtas, o que mostra a relevância desse modelo para o cinema brasileiro. Sobre o papel da Universidade, ela diz: “percebo que dos cineastas premiados em curtametragem, muitos vieram das escolas de cinema, de tal maneira que a universidade hoje se comporta realmente como termômetro da produção”. ▼

Na Unesp, os curtas são exibidos e concorrem ao Loco de Ouro com direito a efeitos especiais e performances dos apresentadores da premiação. Foto: Moema Novais


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sobrados nova temporada

toda terรงa 21h


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cinematografando

Em nome da igualdade COLUNISTA: Giovanna Hespanhol

Em todo início de ano, premiações pautam a mídia e as discussões das pessoas. Quem é o ator ou atriz que mais se destacou, os filmes que merecem estatuetas e, assim como em outros eventos, os melhores looks presentes no tapete vermelho. Mas não é só nisso que consiste o problema do sexismo no cinema. O fato de que a indústria cinematográfica é sexista não é desconhecido por aqueles que se interessam pelo ramo. Por outro lado, não é uma problemática isolada em uma sociedade que aos poucos desperta para as questões de desigualdade existentes desde o princípio da humanidade. No início do ano passado, grandes nomes da indústria cinematográfica deram os primeiros passos em busca da mudança, clamando por um cenário justo para as mulheres. Seja através de Olivia Wilde em uma mesa de discussão ou de Cate Blanchett no discurso de agradecimento do Oscar. O Oscar de 2015 também foi marcado pelos discursos em busca da igualdade. Entre eles, se destaca o da vencedora de melhor atriz coadjuvante por Boyhood, Patricia Arquette. Aplaudida pelas colegas e concorrentes na categoria, ela enalteceu a importância de levarem a mulher mais a sério. “Dedico esse prêmio a todas as mulheres que deram à luz, a todos que pagam impostos, aos cidadãos deste país. Está na hora de termos salários iguais de uma vez por todas e direitos iguais para as mulheres nos Estados Unidos.” A falta de reconhecimento é outro dos grandes desafios encontrados pelas mulheres que seguem essa

área. A primeira vitória feminina na categoria de melhor direção ocorreu apenas em 2010, mais de 80 anos após a criação do Oscar. Dentro das telas do cinema de Hollywood, não é muito diferente. O que se vê são mulheres que, apesar de estarem a frente das histórias, acabam sendo coadjuvantes em suas próprias narrativas - sendo subjugadas por homens ou dedicando grande parte de sua vida a eles. A problemática do sexismo no cinema é algo bem mais profundo do que imaginamos. Nós, mulheres, crescemos com os contos de fadas em que toda princesa espera por seu príncipe. A cultura de que precisamos de homens está arraigada de forma tão forte que, mesmo de modo inconsciente, torcemos para que as personagens terminem os filmes com seu “amor verdadeiro”. Fica a impressão de que só assim elas estarão realizadas e plenamente felizes. É por isso que filmes como Valente e Frozen são tão importantes para as crianças de hoje. Tirando essa ideia utópica e engessada das crianças, com certeza teremos mais adesão de personagens marcantes interpretadas por mulheres - que, no fim das contas, não precisam terminar ao lado de um homem ou, de alguma forma, sujeita a ele. Embora existam muitos críticos conservadores dizendo que esse tipo de filme não impulsiona bilheterias, a verdade é bem diferente. Essa desculpa já não funciona. Exemplo disso são produções como Hunger Games - Mockingjay part 1, que mostram a trágica história de Katniss Everdeen pela sobrevivência, e até o próprio Frozen. ▼

Imagem: Giovanna Hespanhol

Não há como não lembrar do Teste de Bechdel. Para as amigas Valentinas que ainda não conhecem, é bem simples. Em um minuto, liste o máximo de filmes que puder que contenham no mínimo duas mulheres com nomes em um diálogo que não seja sobre homens. Durante esse processo, provavelmente vai encontrar dificuldades - e não é lapso de memória.


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FILME do mês

50 tons de tedio COLUNISTA: Marília Garcia

Enredo fraco é o que define Cinquenta Tons de Cinza. Um filme de duas horas, das quais 19 minutos são cenas de sexo. Porém, tais cenas não foram nem de longe tão excitantes como os trailers mostravam, e o resto dos minutos do filme poderiam ser encaixados facilmente em uma única hora. O protagonista mais parecia um psicopata com sérios problemas mentais nas cenas mais quentes, sendo salvo pela trilha sonora, como na melhor cena do filme, ao som da nova versão de “Crazy in Love”, de Beyoncé. Além da trilha sonora, outro ponto que merece destaque no filme é o fato de mostrar as preliminares do sexo, coisa que a maioria dos filmes não faz. A maioria das comédias românticas trazem cenas de sexo superficiais, com roupas demais e sexo de menos, onde todos os elementos sensuais acabam eliminados. Cinquenta Tons traz preliminares significativas e substanciais, o tipo de cena que deveria ser feita em todo filme. Apesar das muitas críticas, os números do filme foram tão expressivos que muitas pessoas resolveram assistir e tirar suas próprias conclusões. O filme arrecadou, só nos Estados Unidos, U$82 milhões na estreia

e alcançou a marca de melhor estreia de um filme dirigido por uma mulher, superando as diretoras de Crepúsculo e Frozen. Mundialmente, atingiu a marca de US$502 milhões arrecadados nos primeiros 25 dias em cartaz, de acordo com o estúdio Universal Pictures, e se tornou o filme da Universal de classificação “R” (maiores de 16 anos) mais visto no mundo. Além do sucesso do best-seller homônimo da autora britânica E. L. James, cuja trilogia já vendeu mais de 100 milhões de exemplares, a adaptação cinematográfica agora é a líder de bilheteria de 2015 no Brasil. O longa, dirigido por Sam Taylor-Johnson, já soma R$ 87,6 milhões no país e se tornou o filme mais visto nos cinemas desde 2013, ultrapassando ‘Malévola’ (2014), que arrecadou R$ 73,6 milhões, e “A Culpa é das Estrelas”, com quase R$ 70 milhões. Não posso negar que o filme tenha me dado sono, mas, com números tão bons de bilheteria, agora é esperar pra ver se a continuação de Cinquenta Tons de Cinza terá números tãos bons, um enredo mais forte e cenas realmente picantes. ▼

Ficha Técnica Título no Brasil: Cinquenta Tons de Cinza Título original: Fifty Shades of Grey Direção: Sam Taylor Johnson Duração: 125 minutos Ano: 2015 Classificação: +16 Gênero: Drama; Romance


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MÚSICA

Quem é A NOVA MPB? A música nacional está sendo renovada por uma nova geração de cantores e bandas que mesclam influências nacionais e exteriores do passado e do presente Amanda Moura

Foto: Ka Uziel


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O quinteto formado pelos garotos da banda 5 a Seco fez parcerias com nomes importantes da MPB, como Lenine e Chico César. Foto: Amanda Moura

Já tentou dar o nome a um texto que ainda não está escrito, dar nota para um filme que ainda não viu ou definir um livro ou uma pessoa só pelos primeiras olhares? Quase todas as tentativas estão fadadas ao equívoco ou à injustiça. Nas artes, os críticos e analíticos passam por uma dificuldade semelhante: nomear ou classificar um movimento que ainda está acontecendo e às vezes, só começando. Quando a descompromissada juventude carioca da década de 1950 usou o termo “bossa nova”, por exemplo, eles não estavam preocupados em nomear um estilo musical famoso ou nada parecido. Imagine então a dificuldade atual, quando a internet oferece uma saturação de conteúdo musical disponível, para escolher figuras representativas e dar um nome ao que elas fazem. O que hoje chamamos de MPB e pode ser apontado, sem muita discussão, como uma junção das vertentes da Bossa Nova e do Samba, já gerou muitas controvérsias e discussões. As próprias influências que se fundiram no estilo não conviveram pacificamente desde o início. É o caso de Nara Leão, musa da Bossa Nova que precisou enfrentar seus amigos para subir o morro e resgatar o Samba de Cartola e Nelson Cavaquinho, visto como “gênero inferior”. Embora essa classificação instantânea pareça uma tarefa difícil e pouco precisa, muita gente ainda se dedica à tentativa. Há alguns anos, surgiu o termo “nova MPB” e ele se refere a uma grande e ampla quantidade de artistas de uma nova geração que produz música brasileira nas mais variadas vertentes. Existe ainda a

influência do formato “voz e violão”, mas juntam-se também traços de indie, folk, pop, samba, rap e até mesmo a música eletrônica. Ou seja, dentro da própria “nova MPB”, há músicas para muitos gostos. Os nomes que se destacam são, em maioria, de cantores e bandas que ganharam maior visibilidade ou despontaram na década atual, depois de 2010. Alguns deles são as bandas 5 a Seco, A Banda mais Bonita da Cidade e uma grande quantidade de cantores solos, como Tulipa Ruiz, Marcelo Jeneci, Clarice Falcão, Cícero, Silva, Mallu Magalhães, Toni Ferreira, Bruna Caram, entre outros. As cidades de São Paulo e Rio de Janeiro abrigam vários nomes dessa turma e o ambiente urbano apresenta uma forte influência nas músicas. O carioca Cícero Rosa Lins emplacou, em 2011, seu álbum “Canções de Apartamento”, referenciando o ambiente de muitos dos jovens da geração atual. Já Marcelo Jeneci – que canta ao lado de Laura Lavieri – é paulistano da Zona Leste e mistura influências paulistas com a clássica sanfona do baião nordestino. Acrescentando mais para a diversidade dessa mistura, destacam-se elementos da música internacional, como as características do pop, folk e country nas músicas de Tiê e Bárbara Eugenia e do rock psicodélico de Thiago Pethit. A cantora Bruna Caram fala que não se importa com essas classificações. “Pra mim, hoje existe é música universal brasileira, porque essa nova geração bebe de fontes do mundo todo, transita entre influências fa-


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Nos shows do Taetro Mágico, a composição cênica e artística se une ao engajamento para transmitir as mensagens da banda Foto: Amanda Moura

cilmente, crescemos na era da internet”. Ela conclui dizendo que não liga para o gênero no qual venha a ser colocada. “Eu canto histórias”. Como Bruna comentou, a relação com a internet oferece uma grande distinção para essa nova geração de músicos. Muitos deles são jovens e transitam ainda na faixa dos 20, o que os coloca dentro de um grupo que já cresceu sob a influência da internet e está acostumado a usá-la. Muitos deles utilizam as plataformas digitais como central de difusão de conteúdo e contato com os fãs de maneira muito mais efetiva do que o caso de músicos que adotaram aos meios digitais tardiamente. No que diz respeito à forma com que os músicos e cantores atuais se estabelecem no mercado, a situação ainda é pouco clara. Enquanto a venda de CDs não é mais o único modo de se vender música, os outros modelos – como o iTunes – ainda não se estabeleceram por completo. Bruna Caram também comenta a situação. “Acho que temos uma riqueza e diversidade de artistas e um empobrecimento no mercado e cenário. A crise da indústria fonográfica ainda está sendo contornada. E existe uma carência de casas de show num país tão grande, plural e musical”, aponta a artista Os fãs dessa geração experimentam a oportunidade de ter um contato mais próximo com seus ídolos. Além do fato deles estarem bastante presentes na internet, alguns shows ainda seguem aquele modelo intimista que quase dá para chamar de “um barzinho e um violão”. Garantir presença em shows, principalmente nas maiores cidades, é uma possibilidade bem possível, visto que vários desses cantores fazem apresentações gratuitas ou a preços populares. As programações das Viradas Culturais em São Paulo sempre contam com nomes relacionados à “nova MPB”. Isso não significa que eles não têm grande alcance

de público. Em 2014, por exemplo, Mallu Magalhões se consagrou com a Banda do Mar, projeto experimental que formou com Marcelo Camelo e Fred Ferreira. A junção da voz feminina da nova geração com o talento do ex-Los Hermanos e o baterista português agradou aos públicos brasileiro e português. Eles apresentaram uma proposta de música leve e descontraída em um clima intimista de parceiros dentro e fora da música. Outro reconhecimento para a geração veio em 2013 para o CD “De Graça”, de Marcelo Jeneci. O álbum foi bastante aclamado pela crítica e ficou entre os 10 melhores discos nacionais na lista da Rolling Stone. Uma outra MPB Desde que as gravadoras dominaram a distribuição de música, esse conteúdo cultural se tornou um produto mercadológico. Seguindo estritamente essas regras, quem não pode pagar por uma música, não tem acesso a ela. Esse tema gera grandes discussões entre artistas, mas a quantidade de cantores que apoiam a causa da música livre tem crescido. O conceito de música livre defende a ideia de que as faixas e álbuns de uma banda ou cantor sejam disponibilizados para download gratuito na internet. Quem é contra a ideia aponta que, desta forma, a rentabilidade das vendas do CD diminuiria. Para quem é a favor da proposta, os argumentos indicam que a venda de álbuns já não está ligada a uma necessidade indispensável de ter o CD para ouvir uma música, mas sim a um apego que o fã sente com a ideia de ter o CD de seu ídolo. Esse é o caso da banda O Teatro Mágico, que disponibiliza suas músicas desde o início da carreira, há pouco mais de dez anos. Eles ainda arrecadam com a venda de CDs, mas são ativos na militância da música livre. O vocalista e idealizador do projeto, Fernando Anitelli, faz


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parte da criação do movimento Música para Baixar (MPB). A causa defende a Cultura Livre e a não interferência do mercado no processo de disponibilização de músicas. Outros nomes que apoiam o movimento são o cantor Leoni, Tom Zé e a banda Móveis Coloniais de Acaju. Música engajada A lembrança das músicas com engajamento social está diretamente ligada com a memória da Música Popular Brasileira. É difícil esquecer os versos fortes de Chico, Caetano, Geraldo Vandré ou a turma da Tropicália nos tempos da ditadura militar. Mas a música atual continua sendo um espaço de reflexão sobre os problemas da sociedade. Em vários estilos, encontram-se artistas que utilizam de seus versos para manifestar protestos e insatisfações. A brasiliense Ellen Oléria superou o estereótipo de figura saída de um reality show musical - o The Voice Brasil - e assume seu lugar na música levantando diversas bandeiras. Dentro e fora dos palcos, ela

aborda o preconceito e as barreiras sociais para uma mulher negra, homossexual e que foge de padrões de magreza. Em suas músicas, Ellen canta frases de impacto como “O imaginário dessa gente dita brasileira é torto/gritei pela minha pele, qual será o meu fim?”. Inovando no cenário do rap nacional, Criolo segue as contestações sociais do estilo e acrescenta uma característica mais melódica ao que canta. Em músicas como “Ainda há tempo”, ele expande sua crítica à atitude individualista das pessoas na atualidade. “As pessoas se olham e não se falam, se esbarram na rua e se maltratam, usam a desculpa de que nem Cristo agradou”. Já a trupe O Teatro Mágico mescla elementos poéticos, musicais e circenses para abordar inúmeras temáticas, entre elas a militância social. Em uma parceria com o poeta gaúcho Pedro Munhoz, a banda canta em favor da reforma agrária. “Romper as cercas da ignorância, que produz a intolerância, terra é de quem plantar”. ▼

Vozes femininas da nova geração da MPB Trechos de músicas para levantar o astral

“Nem vem tirar meu riso frouxo com algum conselho, que hoje eu passei batom vermelho. Eu tenho tido a alegria como dom, em cada canto eu vejo o lado bom”. - Velha e Louca, Mallu Magalhães “Cansei de ser joguete, cacete, cansei de ser tão mal tratada” - Solitária, A Banda mais Bonita da Cidade “Tô a fim de me reeducar, tanta coisa boa pra aprender sobre os deuses, os astros e o ar. Amar sem temer. “ Mínimo Maravilhoso, Tiê Se não fossem as minhas malas cheias de memórias, ou aquela história que faz mais de um ano. Se não fossem os danos, não seria eu.” - Capitão Gancho, Clarice Falcão “Nunca se esqueça de todas as coisas, que fazem parte da tua vida toda. Coisas que ainda estão por vir, como com vinte e oito, com trinta e quatro, com quarenta e poucos, com dezenove. Sobra muito tempo pra você pirar de vez.” - Expectativa, Tulipa Ruiz “Hoje o mundo gira, eu viro a mesa, o tempo passa. Ficar contigo deu despesa, te deixar vai ser de graça” Feriado Pessoal, Bruna Caram

Bruna Caram tem investido em ampliar seus horizontesartísticos, indo além da música com a publicação de um livro e a estreia como atriz

Foto: Bianca Tatamiya

Confira essa playlist e as entrevistas na íntegra pelo código, ou acesse valenti.na/mpb


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Foto: Giovanna Hespanhol


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Luciana Pires Giovanna Hespanhol

V: Você é formada em jornalismo, mas segue a carreira musical. Como surgiu esse interesse pela música? Eu comecei bem novinha, com 6 ou 7 anos. Eu tinha um gravadorzinho super antigo e já compunha músicas desde essa época de criança. Eu fazia músicas na minha cabeça e registrava. Tem mil fitas com essas gravações. Minha vida era isso: colocar um CD e ficar o dia inteiro cantando, tentando imitar as notas. Eu sempre fui muito perfeccionista por isso, por tentar chegar nas notas do cantores, por tentar uma afinação perfeita. Com 17 anos, pude concretizar esse sonho, quando fui para São Paulo. V: E foi em São Paulo que começou sua carreira? Fui para São Paulo gravar porque um amigo da família me viu cantando minhas composições e ele era apaixonado por música. Falou para levarmos isso adiante. Foi a primeira vez que fui gravar alguma coisa,

25 anos de idade e dona uma bela voz. A jovem Luciana Pires iniciou a carreira na MPB: com dois discos lançados, “Fim de Tarde” e “Deixe com o destino”, ela fez seu nome no cenário musical brasileiro. Em 2012, fiz uma entrevista com ela em Bauru, cidade em que nasceu. Na ocasião, Luciana levava para a cidade seu recém lançado álbum, com composições próprias e regravações de grandes sucessos da bossa nova. Agora, ela segue a trilha do electropop com a EK MUZIC. No duo formado com seu namorado Emil Shayeb, ela busca atrair novos públicos e maior visibilidade. O primeiro single, Aim For The Stars, foi lançado em 2013 e chegou ao Hot 100 Brasil das músicas mais tocadas nas rádios. estava morrendo de medo. O pessoal ouviu minhas músicas, fez arranjos e deu a maior força. Foi quando gravei meu primeiro CD e tudo começou.

V: Você começou cantando MPB. Naquela época, quais eram suas inspirações musicais? Eu era uma criança meio diferente. Minha mãe gostava muito do pessoal da bossa nova, da MPB. Então, ao invés de colocar qualquer outro CD para ouvir no quarto, eu colocava Chico Buarque. Eu me apaixonei loucamente por ele, pelo jeito que ele compunha, que contava as histórias, como abordava o feminino, do nosso jeito, de compreender [as mulheres]. Então eu ouvia muito Chico, foi minha iniciação na música. Comecei a me interessar muito por Vinícius, Tom Jobim, Rita Lee, que acho demais. Internacional era Ella Fitzgerald, Frank Sinatra... Foi aí que comecei a colocar o jazz nos meus shows. Eu gosto dessa coisa mais sensual de cantar, da mulher

mostrar sua essência. Eu comecei a me interessar também pelos livros, as biografias deles.

V: Agora, com a EK Muzik, você canta electropop. Como foi a transição para esse novo gênero? Além de ouvir o pessoal mais clássico, ouço de tudo. Pagode, sertanejo... Então eu sempre ouvi muito eletrônico e cantei muito em casa. Meu namorado, Emil Shayeb, tem uma banda de rock produzida pelo Rick Bonadio. O Emil queria levar algo diferente para a banda dele, colocar uns elementos eletrônicos para deixar mais moderno. Quando chegou com essa ideia para o Rick, ele sugeriu que fizesse um projeto paralelo de eletrônica, que precisava de uma vocalista. O Rick perguntou se ele não conhecia uma menina que cantava. A gente já namorava e ele citou meu nome. Então o Rick pediu para eu ir até a gravadora para fazer um teste, cantar ao vivo. Cheguei lá, a gente conversou e ele disse que seria um projeto legal, que a gente


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surgiram. A gente dá força, manda material. Essa relação com fã é bem próxima da gente.

V: Você falou que a música de vocês estava tocando lá fora. Vocês têm planos para uma carreira internacional? Planos a gente tem. Acho que a música começou tocando na Espanha e em Londres ela estava na lista de mais tocadas e das mais compradas também. É um negócio que a gente não tem controle. De repente começa porque realmente é uma música muito comercial hoje. A gente até queria ir nessa rádio de Londres para ver como é que foi a recepção da música. Estamos vendo de ir para lá, de passagem... Foto: Giovanna Hespanhol

Em 2012, Luciana participou da Revirada Cultural de Bauru, apresentando canções como Olhos Claros e Deixe Com o Destino

poderia compor também. Então eu já fiquei mais tranquila, porque ia ser um projeto bem nosso mesmo. Eu comecei a cantar, ele curtiu e me deu uma melodia para colocar a letra. Isso no final de 2012.

V: E já no final de 2013 vocês estavam gravando o clipe de Aim For The Stars. Isso, em dezembro. Entramos mesmo nesse projeto de sentar os três e compor bastante, ficar lá no estúdio. Foi bem rápido e o clipe está com quase 300 mil visializações. V: Como é a parceria com o Rick Bonadio? É muito legal. Ele tem uma história impressionante. Com 25 anos, ele já tinha a própria gravadora. Ele é um cara da música mesmo, tem boa intuição, sabe o que é melhor, é bem exigente. Você está gravando e ele realmente quer que fique perfeito para ser lançado. E, é clichê falar, mas é uma honra trabalhar com ele. O Rick tem muita experiência.

V: Vocês foram a alguns programas de TV no ano passado, como o Legendários, Hora do Faro e Agora É Tarde. Como foi essa experiência? Com a MPB, eu não tive a oportunidade de conhecer [esses programas]. Eu ia mais em rádios, bem legais, mas era mais aquele mundo paralelo. Com o eletrônico, que é uma coisa mais pop, que está tocando nas rádios, a gente ouve David Guetta, Calvin Harris e então o pessoal acaba se interessando mais. Graças à nossa música, que tocou bastante aqui e lá fora, a gente foi chamado para ir. É outro mundo realmente. A organização das pessoas na emissora que a gente vai é algo que a gente não estava acostumado a ver. Foi ótimo, porque só deu mais visibilidade e o pessoal vinha falar mais com a gente nas redes sociais. V: Então a relação com os fãs... Só aumentou. A gente adora ficar conversando no Twitter com o pessoal. Vários outros fã-clubes

V: Como está a agenda de shows? Esse começo de ano é mais paradinho, então a gente aproveitou para produzir a nova música. É uma música minha e do Emil. Agora vamos começar a produzir para lançar o single com o clipe e então começamos a fazer os shows.

Quanto mais cultura na cidade, melhor para o desenvolvimento geral das pessoas.

V: Em 2012, quando a gente conversou, você falou da importância de se apresentar em Bauru e que achava que a cidade deveria dar mais valor aos seus artistas. Como você avalia esse cenário musical bauruense? Eu acho que tem muita gente se destacando hoje. Muitas bandas participando de reality shows, a gente que está aparecendo nesses programas de TV, a música tocando bastante nas rádios. Tem muitos estúdios e pessoas aqui que levam a sério, levam sempre o nome da cidade. O cenário é muito bom, sempre teve muita gente boa e unida em Bauru. Um músico conhece o outro, porque já fizeram projetos juntos e


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se apoiam realmente. A cidade deve cada vez mais investir na cultura para essas pessoas poderem mostrar seu trabalho. Quanto mais cultura na cidade, melhor para o desenvolvimento geral das pessoas.

Eu acho que é isso: se você faz um trabalho de coração e bem feito, o pessoal dá espaço para você mostrar o que fez.

V: E quanto ao cenário musical brasileiro, como vocês acham que estão sendo recebidos? O cenário está bem diferente. A gente não tem mais controle do que vai fazer sucesso ou não. Antes a gente tinha um ciclo de estilos. Era o sertanejo, depois vinha a MPB mais forte, depois o samba e era um ciclo que dava espaço para todos os estilos. Agora é um negócio muito incerto, a gente tem que jogar com a

sorte e fazer um bom trabalho, com a melhor qualidade possível para lançar e ver o que vai ser. A gente está apostando tudo. Passamos três meses produzindo essa música nossa para ficar legal mesmo e ser lançada para o pessoal prestar atenção. Eu acho que é isso: se você faz um trabalho de coração e bem feito, o pessoal dá espaço para você mostrar o que fez. Então acho que hoje o sertanejo é o que está dominando porque é uma música típica, uma música popular brasileira, acho muito legal. E a gente tem sorte do eletrônico estar tocando bastante também e a gente ter entrado nessa área, porque o pessoal consome bastante e ouve muito.

V: Em todos esses anos de carreira, você tem algum momento que considera o mais importante? Tem dois momentos. Um foi quando cantei na Virada Cultural de São Paulo no palco Elis Regina. Eu participei do CD “Trem Azul”, cantei no CD dela com a minha banda. [O

show] Foi antes do Jair Rodrigues ainda. Foi muito legal. Tinha um pessoal gigante lá, foi no por do sol que a gente cantou e foi lindo e inesquecível. Esse convite eu nunca vou esquecer mesmo. O segundo foi quando a gente cantou, agora mais recente, na Spirit Of London, que é o maior festival de música eletrônica aqui do Brasil. A gente cantou no palco principal e estava lotado. Foi uma das primeiras vezes que cantei para tanta gente e isso a gente nunca esquece. Você canta e todo mundo canta com você. Eu saí renovada desse show.

V: Você tem algum sonho para realizar agora? Quero continuar fazendo música e ir para fora, apresentar nossa música lá. A gente já veio com esse intuito por fazer música em inglês. A gente queria explorar outros mundos, ver como o pessoal recebe e sente nossa música lá também. Lá que é onde surgiu essa música pop, o eletrônico. Então a gente quer tentar isso. ▼

Foto: Giovanna Hespanhol


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Toca pra ferver Ana Oliveira

Chitaozinho & xororo

Tom do Sertão Sony Music

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Uma das duplas sertanejas mais consagradas do Brasil conseguiu a proeza de se reinventar sem sair da zona deconforto. A homenagem de Chitãozinho e Xororó ao maestro Tom Jobim é delicada, sensível e emocionante. A dupla fez um belíssimo trabalho ao enfatizar o lado mais ruralista das canções de Tom. O uso de violas deu uma nova cara ao trabalho do maestro. A inclusão de “Solidão”, samba pouco conhecido ou regravado, foi uma uma das surpresas. Um trabalho fantástico que reforça o reinado de Chitãozinho e Xororó na música sertaneja há mais de 40 anos.

Ana Carolina

#AC Sony Music

83 c 0

Melhores músicas: Solidão, Eu Sei que Vou te Amar e Modinha.

50 tons de cinza

Trilha sonora do filme Republic Records

77 c 0

Se há algo inquestionável em “Cinquenta Tons”, é a sua trilha sonora. Sexy, elegante e poderosa, a trilha faz toda a diferença para que o longa não lembre um soft-porn que vai ao ar nas madrugadas do Multishow. Tanto as músicas instrumentais quanto as vocais trabalham para criar uma atmosfera de romance, sedução e poder e, assim como se viu nos trailers, quase faz acreditar que o filme é bom. Destaque, óbvio, para a nova versão de Crazy In Love, da Beyoncé. Os arranjos e a voz da diva, somados a gemidos sugestivos, fazem dessa a melhor faixa do álbum. Segundo a nossa crítica (p.81), o único orgasmo que você vai ter com esse filme.

Ana Carolina colocou todo mundo para rebolar com #AC e agora traz o show ao vivo em CD e DVD. Essa nova versão mantém a pegada dançante, sensual e divertida da versão em estúdio e ainda traz bônus interessantes como “Sangrando”, de Gonzaguinha e “Valsa de uma Cidade”, de Ismael Neto e Antonio Maria. É notável como a atmosfera empolgante consegue contagiar o público presente, mesmo que essas pessoas só possam ser ouvidas no álbum. Destaque principalmente para o excelente trabalho de percursão em “Pole Dance” e para a sempre forte e expressiva voz de Ana.

Melhores músicas: Esperta, Bang Bang 2 e Pole Dance.

Madonna

Rebel Heart Interscope Records

45 c 0

A rainha precisava reafirmar seu trono e fazer uma volta triunfal depois dos medianos Hard Candy e MDNA, mas Rebel Heart talvez não dê conta do recado. Após o vazamento de músicas não finalizadas, Madonna correu atrás do prejuízo e entregou um trabalho de muito boa qualidade, porém falta novidade. Rebel Heart resgata o sexo de Erotica, a religião de Like a Prayer e o poder de Express Yourself” numa releitura moderna, mas cansativa. O que pesa contra é o número alto de faixas (25 ao todo) e a divulgação equivoca da no Instagram da cantora, associando, entre outras coisas, a tragédia de Charlie Hebdo ao “coração rebelde” do título.

Melhores músicas:

Melhores músicas:

Beyoncé – Crazy in Love, The Weeknd – Earned It e Sia – Salted Wound.

Ghosttown e Bitch, I’m Madonna


eLLEr

instrumentos musicais

O som do Brasil estรก aqui!

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Cadê as por Amanda Moura

Tenho visto recentemente uma bonita criação estampada em camisetas e timelines por aí. As letras fortes dizem: “Poeme-se/Leminski-se/Drummonde-se/E que o mundo/Quintane-se/Musique-se/Buarque-se/ Lenine-se/E que o mundo/Caetane-se”. Sem dúvidas, é de encher os olhos de qualquer amante de literatura e poesia como eu. Mas uma observação um pouco mais atenta cai como um golpe para nós mulheres. Afinal, cadê as moças? Uma poesia enaltecendo nossos ídolos só cita homens. Claramente, a culpa não é de quem organizou os versos, eles são só a epifania, só a ponta do iceberg. A dor maior vem quando olhamos para nosso passado literário. A literatura conta a história e a história foi contada por homens. Cadê as moças? Desde os exemplos mais remotos, como as cantigas trovadorescas que punham os lamentos femininos na voz de trovadores masculinos até a beleza de Marília de Dirceu, onde se lê tudo, menos quem é Marília, quando não “de Dirceu”. A falta de representatividade feminina não grita só na literatura, mas em muitos outros meios. Porém, é desse que falamos hoje. Não é fácil e nunca responde-

remos, mas sempre vale questionar e tentar entender a razão pela qual nossas histórias de ninar e nossos heróis que vivem no papel ou na memória foram pensados por homens. Quando contada por mulheres, a história nos mostra nuances novas e fascinantes. Como não sentir, por exemplo, o quanto de Rachel de Queiroz e tantas de suas contemporâneas não vive na angústia da Conceição de O Quinze? Uma moça estudada em meio ao cenário embrutecido da seca nordestina de 1915 vista pela socieda-

“Conceição tinha vinte e dois anos e não falava em casar. As suas poucas tentativas de namoro tinham-se ido embora com os dezoito anos e o tempo de normalista; dizia alegremente que nascera solteirona. Ouvindo isso, a avó encolhia os ombros e sentenciava que mulher que não casa é um aleijão... (...) Estaria com razão a avó? Porque, de fato, Conceição talvez tivesse umas idéias; escrevia um livro sobre pedagogia, rabiscara dois sonetos, e às vezes lhe acontecia citar o Nordau ou o Renan da biblioteca do avô.” Rachel de Queiroz, O Quinze, p. 14


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moças?

de, quase em consequência da paixão pelas letras, como uma solteirona. Um nome que nunca esqueci, desde que encontrei no rodapé de uma página na triste categoria de “outros autores”, é o de Júlia Francisca. Ela foi uma poetisa do parnasianismo brasileiro e seus textos são, talvez, os que mais expressam de maneira incontestável e perfeita os ideias da poesia da época. Despontando no final do século XIX, ela encontrou dificuldades até mesmo para que acreditassem que seus textos eram feitos, de fato, por uma mulher. Já no início do século XX, a jovem se retraiu de volta para a vida doméstica, casou-se e se dedicou a lecionar. Seus motivos nunca foram esclarecidos, mas as pressões sociais da época com certeza ofereceram influência. Ela foi apagada de muitas “histórias” sobre essa história e a maior homenagem que se tem a ela atualmente é a estátua da “Musa Impassível”, na Pinacoteca de São Paulo. Já Cora Coralina é um exemplo de persistência no clubinho de garotos que é a literatura. A doce Cora, cujo nome real era Ana, quase viveu a vida que a sociedade goiana queria que ela vivesse. Foi doceira até a velhice e

Ilustração:

Nicole Gomes com seus doces sustentou os filhos e alimentou a poesia debaixo da mesa. Só aos 75 anos publicou seu primeiro livro de poesias e se tornou conhecida através dos elogios do amigo Carlos Drummond de Andrade. E por fim, Hilda Hilst foi e é o retrato da dificuldade em se falar do que quiser. Ela teve o peito e a bravura de ter seu trabalho taxado como “poesia pornográfica” em plena ditadura militar brasileira. Muito mais que isso, a autora escreveu de forma clara e visceral sobre vida, morte, sexo e nas linhas e entrelinhas, sobre coragem. Cada mulher que conseguiu fincar seu nome na literatura mereceria um lugar nesta página, mas felizmente o número é crescente e excederia o papel. Ainda assim, para cada uma dessas moças da qual lembramos, esquecemos muitas que não chegaram à chance de serem minimamente reconhecidas. Cazuza um dia disse que seus heróis morreram de overdose. As minhas heroínas, morreram de silêncio, antes mesmo de poder falar. E se eu pudesse brincar com os versos do “Poemese” lá de cima, eu gritaria:

Coralina-se/Clarice-te/Florbela-se/ e Cecília-nos! ▼


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Ficção na sua estante Foto: Amanda Moura

O mercado editorial anda aquecido com uma série de novas tendências literárias voltadas ao público jovem

Amanda Moura Marília Gargia

Está cada vez mais difícil sustentar o argumento daqueles que dizem que não se lê no Brasil. Os últimos anos têm apresentado grandes mudanças na forma de leitura e no interesse do público. As editoras publicam cada vez mais livros de ficção e os leitores consomem sucesso atrás de sucesso que esvaziam prateleiras de todo o Brasil. Uma pesquisa de 2014 do Instituto Goethe afirma que, do atual número de brasileiros leitores (88,2 milhões), 49% garante que nunca leu tanto quanto no ano anterior (2013). De Harry Potter a Cinquenta Tons de Cinza, uma grande variedade de público pode ser contemplada. Porém, destaca-se a categoria dos jovens, que parece ser a mais atingida pelas ficções amplamente publicadas na atualidade. Um fator que auxilia a aumentar o número de leitores no país é o crescimento do mercado de e-books, os livros digitais. De acordo com a pesquisa “Produção e Venda do Setor Editorial”, produzida pela Funda-

ção Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), o faturamento do mercado editorial brasileiro, só com e-books, passou de R$ 3,8 milhões em 2012 para R$ 12,7 milhões em 2013, com a venda de quase 654 mil unidades a mais de um ano para outro. Além disso, em 2013 foram produzidos 30683 títulos digitais, contra pouco mais de 7600 em 2012. O aumento da variedade de títulos e o preço mais acessível acaba atraindo mais leitores, como é o caso da estudante Vanessa Siqueira. Ela aponta como uma das principais vantagens do livro digital “o fato de carregar menos peso e poder ler em qualquer lugar e momento vago que eu tiver”, além de não ocupar espaço físico para armazenar. Embora a facilidade de leitura e compartilhamento de opiniões seja mais fácil hoje, não significa que outras épocas não tiveram seus fenômenos literários. A professora de Língua Portuguesa Luciana Maria Abílio relembra sua adolescência. “O acesso aos livros era um pouco mais


lITERATURA difícil, eles eram bem mais caros do que hoje em dia (embora continuem caros). Mas ‘Fernão Capelo Gaivota’ e ‘Ilusões: as aventuras de um messias indeciso’, ambos de Richard Bach, foram grandes sucessos, que todo jovem queria ler”, comenta ela. Voltando mais no tempo, outro exemplo de sucesso é “Os sofrimentos do jovem Werther”, de Goethe, que bombou entre os jovens em pleno século XVIII. A popularização de um livro que antes se fazia pelo boca a boca, hoje ganhou muitos outros meios, como a internet e os filmes. O diálogo entre literatura e cinema está cada vez mais próximo, sucessos editoriais logo viram filmes e, graças ao filme, têm sua venda ampliada. Não dá para negar, por exemplo, que muita gente que assistiu, despretensiosamente, produções como “A Culpa é das Estrelas” ou “Cinquenta Tons de Cinza” acabou tendo curiosidade de dar uma conferida no livro. Outras formas que levam os leitores a determinadas obras são a indicação e as redes sociais em geral. Bárbara Morais, autora da trilogia Anômalos (não perca a crítica da saga na página 97) comenta a respeito desse processo. “Hoje em dia a leitura é mais coletiva, eu acho, os jovens leem e incentivam os amigos a lerem para ter com quem conversar sobre as histórias”, aponta. Além das redes sociais comuns, como o Facebook ou o Twitter, a internet já oferece ambientes próprios para

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quem quer falar só de livros, como o Skoob e o Goodreads. Por aqui, o primeiro é mais popular, até por ser uma rede social brasileira e totalmente gratuita. Ela foi criada em 2009 com foco em reunir apaixonados pela leitura para compartilhar opiniões, interesses e ainda participar de promoções de livros. Ficou curioso sobre o nome da rede social? Então leia a palavra “livros” em inglês (books) de trás pra frente! Com esses métodos e instrumentos, fica mais fácil cair naquela história de que “um livro te leva a outro” e quando você percebe, já leu uma série ou coleção inteira. Sobre quem ainda se preocupa com a popularidade dos “best-sellers” e uma possível “falta de cultura” que eles carregam, a professora Luciana comenta esse tipo de produções. “Os ‘best sellers’ possuem um papel de grande importância nesse universo, pois ajudam as crianças e jovens a criarem o hábito da leitura, certa fluidez necessária para que uma boa interpretação seja feita”, opina a professora. Com base em sua experiência em sala de aula, ela conclui que “quando esse jovem entra no Ensino Médio e se depara com os clássicos, o processo fica bem mais fácil”. LITERATURA YOUNG ADULT Um dos gêneros mais adorados pela nova geração de jovens leitores é o chamado Young Adult (YA), a lite-

Foto: Moema Novais


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ratura para “jovens adultos”. Considerada uma grande categoria que engloba os mais diversos sub-gêneros, de acordo com Bárbara Morais, “é um setor importante que está em franca expansão no mundo inteiro e, no Brasil, tem sido a porta de entrada de muitos leitores para o mundo da literatura.” A YA é a literatura voltada, em sua maioria, para a faixa etária entre 15 e 25 anos, que podem ser considerados os “órfãos” de sagas como Harry Potter e Percy Jackson. Eles já não se identificam com personagens tão jovens e seus dramas mais inocentes, mas ainda não se encontram na literatura adulta e os personagens mais velhos e maduros. É isso que os difere do infanto-juvenil, esses livros trazem personagens recém-saídos da adolescência e debatem temas como a identidade, depressão, sexualidade, suicídio, abuso de drogas e bullying. Além disso, em muitos casos, são escritos por autores também recém-saídos da adolescência, o que auxilia na identificação com o leitor e sua ligação com a história. Como trata-se de uma categoria muito ampla, os autores exploram qualquer assunto que os leitores estejam sedentos por ler, desde chick e sick-lit até um mergulho nos novos mundos distópicos. Apesar disso

ser um prato cheio para refletir a diversidade que existe no mundo, isso não ocorre. Para isso, existe o Manifesto Irradiativo, uma iniciativa brasileira que busca diversidade na produção literária nacional, com apoio a todos os grupos socialmente marginalizados. Quando Barbara soube da iniciativa, ela conta que aplaudiu de pé, “porque não basta só escrever sobre diversidade, é preciso suscitar o debate”. Ainda sobre isso, ela discorre: “Eu sou de uma minoria, mas ainda tenho privilégios. O mínimo que posso fazer por outras minorias é dar voz para que elas falem das suas vivências e clamem por direitos”. A falta de representatividade no Brasil é bastante profunda, uma vez que, dentre os escritores de distopias, por exemplo, as autoras mulheres conhecidas são apenas Barbara Morais e a Roberta Splinder. Barbara afirma não saber se essa falta de representatividade feminina é um problema das editoras não acharem que teriam boa receptividade ou se o perfil das autoras brasileiras não se enquadra nesse gênero. Divertida, ela comenta que “queria ter um grupo de autoras de distopia que se reúnem todos os sábados à noite num porão escuro para tramar a melhor maneira de fazer com que os personagens percam todas as esperanças.” ▼

Conheça melhor alguns subgêneros de Young Adult Distopias Os universos distópicos mostram mundos futurísticos cruéis, onde normalmente aconteceu uma catástrofe – vírus, máquinas com consciência, desastres ambientais. Nesses cenários, a sociedade é controlada por meios extremos de opressão, geralmente governos totalitários com violência generalizada. A grande ironia da distopia é a sua proximidade com os conflitos sociais reais. Apesar do recente sucesso, esses mundos distópicos não são criações de agora. Ainda em 1932, Aldous Huxley lançava Admirável Mundo Novo; em 1949, surgia o clássico 1984, de George Orwell. Outra referência famosa é Laranja Mecânica, uma distopia de 1962 escrita por Anthony Burgess. Outros exemplos são Jogos Vorazes, de Susan Collins; Divergente, de Veronica Roth; Maze Runner, de James Dashner; Legend, de Marie Lu; A Seleção, de Kiera Cass e Anômalos, de Barbara Morais.

Sick-Lit Esse sub-gênero oferece uma opção para a categoria “jovem-adulto”, mas busca por temáticas não tão leves. O termo cria-se através da palavra “sick”, que significa “doente” em inglês e aborda desde distúrbios mentais e psicológicos até doenças físicas no desenvolvimento de seus personagens e tramas. A partir desse diferencial, tornam-se possíveis reflexões mais profundas sobre a vida, a identidade ou o pertencimento a um grupo. Essas questões tendem a povoar a mente dos jovens, mesmo que em forma de indagação ou curiosidade. Além disso, esse tipo de história possui um traço mais realístico e quebra um paradigma que se perpetua há um tempo: o de que o jovem só se interessa pelo que é extremamente ficcional ou fantasioso. Alguns exemplos são “A culpa é das estrelas”, de John Green; “As vantagens de ser invisível”, de Stephen Chbosky e “Extraordinário”, de R.J. Palácio.

Chick-Lit O termo surgiu no final do século XX e se refere a uma suposta literatura para mulheres. O nome vem da gíria americana “chick”, usada para “garota” e a tradução literal seria “literatura para garotas”. As protagonistas são geralmente mulheres modernas, com preocupações relacionadas a uma vida atarefada e urbana, como relacionamentos e trabalho. O tom de proximidade entre essas personagens e o leitor e o toque de humor e leveza na narrativa são outras características comuns. Embora a classificação aponte o subgênero como “literatura feminina”, nada impede que os marmanjos também leiam e muitas moças não se agradem tanto assim com o estilo. Alguns exemplos do sub-gênero são os livros de Marian Keyes, como Melancia e Sushi; Sex and the City, de Candace Bushnell e O Diabo Veste Prada, de Lauren Weisberger.


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rESENHATURA

Enfim, uma boa distopia nacion l Marília Garcia

Foto: Moema Novais

Trilogia Anômalos - A Ilha dos Dissidentes Bárbara Morais // 304 páginas // 2013// R$23,90 Sinopse: Sybill Veruna só queria sair da zona de guerra onde vivia e não precisar entrar para o exército. Porém, quando se torna a única sobrevivente de um naufrágio, descobre que é uma anômala, pessoa com habilidades sobre-humanas inacreditáveis. Levada para uma família adotiva numa cidade especial só de anômalos, com uma vida melhor que antes, novos amigos e uma escola onde pode desenvolver suas habilidades, ela logo se vê obrigada a retribuir tudo o que recebeu. Agora, está presa em uma intrincada engrenagem muito maior, da qual precisará escapar se quiser viver com liberdade.

Imagine um livro que misture um clima de Segunda Guerra Mundial, pessoas com mutações muito legais, como em X-Men, e cenas de ação ao melhor estilo 007. Bem-vinda ao universo da Trilogia Anômalos. Anômalos trata-se de uma trilogia distópica nacional, escrita por Bárbara Morais, uma brasiliense de 24 anos que cursa Economia. Os dois primeiros livros da saga, A Ilha dos Dissidentes e A Ameaça Invisível, já foram lançados pela Editora Gutenberg, e o volume final está em fase de produção. A primeira metade da história se dedica a introduzir a personagem principal, Sibyl Varuna, mostrando seu novo cotidiano e desenvolvendo suas relações com amigos e a nova família, e tudo parece muito fácil. Chega a ser cansativo ler tanto sobre o cotidiano dela sem que nenhuma ação de verdade aconteça, pois é o que se espera de um livro que trata de guerra. A segunda parte da história, por outro lado, assume um ritmo frenético,

com direito a perseguições, tiroteios, correria e bombas explodindo. Toda a ação que não apareceu na primeira parte da história começa a acontecer. É a partir daí que o livro conquista o leitor, as páginas chegam a transpirar a urgência e a tensão da história. Os personagens ganham contornos mais verossímeis, e as cenas de ação são muito bem descritas, com reviravoltas que fazem o coração disparar e o leitor querer mergulhar nas páginas para ajudar a resolver as situações. Um ponto muito bom do livro é o fato de que, por ser narrado em primeira pessoa, estamos aprendendo sobre o mundo ao mesmo tempo em que a protagonista. Isso cria cenas ótimas como as que envolvem Sybil tentando entender o que sente por um dos personagens, sem saber que está se apaixonando. A narrativa de Bárbara é bem dinâmica, fluída e sucinta. Ela envolve o leitor na trama com personagens carismáticos, personalidades bem construídas e detalhes bem trabalhados. As informações sobre a guerra, os anômalos e todo esse universo são introduzidas de forma gradual no decorrer da história, sem soterrar o leitor com informações demais ao mesmo tempo, e, durante todo o livro, é possível encontrar noções políticas, preconceito e diversas críticas sociais. Outro ponto forte são os personagens coadjuvantes muito bem construídos e encaixados na trama. Destaca-se Leon, um dos melhores personagens da história, que é um anômalo cego cujos outros sentidos compensam - e muito - a falta de visão, e para Andrei, um rebelde sem causa com poderes aquáticos e uma lista enorme de piadas ruins. Uma coisa muito boa que Bárbara faz no livro em relação aos coadjuvantes é lhes dar uma enorme diversidade étnica e sexual, desde Naoki, a vizinha japonesa de Sybil que solta gritos supersônicos, ao pai de Andrei, um heterossexual que se veste de mulher para apresentar programas de culinária. No livro como um todo, a falta de informações sobre a antiga vida de Sybil pode incomodar um pouco, pois tudo o que se sabe sobre ela parece superficial. Só temos um vislumbre de como era sua vida na zona de guerra quando ela se vê em situações parecidas na segunda metade do livro. Mesmo com alguns percalços no caminho e pequenas coisas que poderiam ter sido melhor trabalhadas, A Ilha dos Dissidentes é uma obra nacional de qualidade, com uma trama original e bem construída que não deve nada às distopias estrangeiras, e ainda traz várias questões sociais interessantes. Com capítulos curtos e sua narrativa de leitura fácil e rápida, o livro é uma ótima pedida em termos de distopias. ▼


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Novos Talentos A noite

a m i L a n A O novo talento desta edição é a poesia de Ana Lima. Ela é natural de Caçapava, mora em Mogi das Cruzes e trabalha como professora de língua inglesa em São Paulo. Aos 23 anos, nossa leitora Valentina já se formou em Letras, já deu muita aula e, claro, já escreveu muita poesia. Ana lembra com diversão que desde pequena já rimava palavras em português e espanhol e desde então, sempre vê e procura poesia nas mais diversas formas todos os dias.

A noite é o destino de todos os dias; É quando fazemos umas horas de silêncio em memória ao sol que faleceu A noite é nostalgia de todos os lábios não beijados, das ligações não recebidas, dos amores não correspondidos. A noite é a última lágrima de saudade, o último pensamento em quem se ama, a última prece, a última esperança que morre. A noite é o quase fim de hoje, e quase o começo de amanhã. A noite é a escuridão que morre para mais um dia de luz. A noite é o choro abafado, é o desespero materno, é a festa no bar. A noite é a última dose de vinho, a última dança, a última bobeira, a última fórmula decorada para a prova de um dia, que nem se sabe se há de vir. A noite é o silêncio em que todos os corações gritam e choram em um grande profundo A noite é a última coisa de todos os dias, até que o dia não se acabe para ser noite para sempre.


Embarque no

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mundo da valentina www.mundodavalentina.tumblr.com


Seja Valente, Seja Valente, Seja Seja

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Valentina


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