INTERVENÇÃO E REVITALIZAÇÃO
THEATRO APOLLO CINE CARLOS GOMES
MARINA BIDINELO
Intervenção e Revitalização Theatro Apollo - Cine Carlos Gomes
Acadêmica Marina Fulchini Bidinelo Orietadora Rita de Cássia Fantini de Lima Centro Universitário Moura Lacerda Trabalho de Conclusão de Curso em Arquitetura e Urbanismo Ribeirão Preto 2015
Marina Fulchini Bidinelo
Intervenção e Revitalização Theatro Apollo – Cine Carlos Gomes
Orientador: __________________________________________ Nome Examinador: _________________________________________ Nome Examinador: _________________________________________
Nome
Agradecimentos Agradeço primeiramente aos meus pais, Andreia e Maurício pelo apoio, atenção, incentivo e principalmente pelo carinho que sempre tiveram comigo junto com meu namorado Rogger que esteve ao meu lado nesses anos.
Agradeço também ao meus amigos que estiveram comigo, e a todos que tive a oportunidade de conhecer e trilhar ao lado desses 5 anos na faculdade. Aos professores, fica meu carinho, e sabedoria que pude adquirir com seus ensinamentos tanto profissional, quanto de vida. Aqui fica meu agradecimento especial a minha Orientadora Rita Fantini pela atenção, e conhecimento passado, e também em memória ao nosso amado e querido professor Chiquinho que nos deixou esse ano, com o pesar no coração.
“A consciência permanece em algum lugar nesse universo.”
Francisco Gimenes
Resumo Um patrimônio precisa ser conservado, independente se ele é histórico, arquitetônico, cultural, entre outros. A necessidade que o patrimônio desperta na gente é a pura falta de ter algo que nos relembre o passado. Por conta disso é necessário que se conserve esse patrimônio, de modo que ele permaneça vivo e presente na vida de todos. E é disso que se trata o projeto a seguir, sobre conservar, restaurar, e intervir num patrimônio, dando a ele novo uso, novas funções. O Edifício Teatro Apollo – Cine Carlos Gomes, mesmo sendo Patrimônio da cidade de Jardinópolis não possui restauro, nem conservação, e com isso o início da Intervenção se dá. Realização de restauro, novo uso, e a construção de um novo anexo são os temas foco desse trabalho, que trás o antigo cinema para a cidade, alem de um novo equipamento público e cultural para Jardinópolis. palavra-chave: intervenção, patrimônio, MIS, cinema
revitalização,
Abstract A heritage to be preserved , regardless of whether it is historical, architectural , cultural, among others. The need for equity awakens in us is the sheer lack of having something that we recall the past. Because of this it is necessary to preserve this heritage , so that it remains alive and present in everyone's life . And that's what it comes the following project on conservation, restoration , and intervene in assets , giving it new use , new features . The Apollo Theater Building - Cine Carlos Gomes , despite being a World Heritage city of Jardinópolis not have any restoration or conservation, and thus the start of the intervention takes place . Carrying out restoration , reuse , and the construction of a new annex are the themes focus of this work, which brings the old cinema to the city , in addition to a new audience and cultural equipment Jardinópolis. keyword: intervention , revitalization, heritage , MIS , cinema
S 1| Apresentação | PÁG. 13
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2| Cine Teatro Carlos Gomes | PÁG. 17
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2.1. História do Edifício| PÁG. 17 2.2. Primeiras Mudanças| PÁG. 19 2.3. Planta Original e Atual| PÁG. 20 2.4. Fachada Original e Atual| PÁG. 21 2.5. Entorno do Edifício| PÁG. 23
3| Patrimônio e Intervenção | 27 3.1. Apresentação| PÁG. 27 3.2. Patrimônio| PÁG. 27 3.3. Intervenção| PÁG. 27 3.4. Revitalização| PÁG. 31
4| Referências Projetuais| 35 4.1. Apresentação | PÁG. 35 4.2. Casa do Benin| PÁG. 35 4.3. Intervenção| PÁG. 36
4.4. Edifício FIESP| PÁG. 39 4.5. Intervenção| PÁG. 40
5| O Projeto| 47 5.1. Proposta| PÁG. 47 5.2. Programa| PÁG. 47 5.3. Intervenção| PÁG. 47 5.4. Memorial Justificativo| ÁG. 48 5.5. Memorial Descritivo| PÁG. 48 5.6. Perspectivas e Plantas| PÁG. 50
6| Bibliografia| 62
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“A arquitetura é o jogo sábio, correto e magnífico dos volumes dispostos sob a luz.” Le Corbusier
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As características culturais, e artísticas de uma população podem ficar marcadas pelo tempo de diversas formas. Através de músicas, danças, histórias, livros, tradições e muitas vezes por edifícios que passaram por diversas funções, por famílias, por décadas, séculos, e ainda sim se mantém intactos, talvez não fisicamente, mas sim pela memória daqueles que desfrutaram de seus melhores momentos, daqueles que tiveram a oportunidade de adentrar esses edifícios e deixar uma marca neles, e o melhor, levar consigo uma história. E é a partir disso que se dá início esse trabalho, revitalizar um edifício que traz marcas culturais a uma população, que se tornou patrimônio histórico da cidade, e carrega toda uma memória registrada em diversas pessoas, porém é abandonado, e perde totalmente a função que já teve um dia. Diante desse quadro, a proposta do trabalho é criar uma intervenção no antigo Teatro Apollo – Cine Carlos Gomes, patrimônio arquitetônico da cidade de Jardinópolis, que será intervi-lo, requalificá-lo e revitalizá-lo. Sendo posto novamente com funcionalidade para a população da cidade, que já não mais o vê como patrimônio, nem mesmo como edifício histórico, mas que ainda sim marca, e marcou aqueles que um dia vivenciaram seus tempos de glória. A proposta é recuperar seu programa original de cinema, além de atender a função de MIS – Museu da Imagem e do Som, que alem de conter um acervo da história da cidade através de imagens, áudios, fotografias, etc., se tornando um novo equipamento cultural para a cidade.
Quando esses patrimônios não possuem tratamento correto, de conservação, restauro constante, e até mesmo de um uso correto, ou eles são totalmente abandonados, e chegam a se tornar ruínas, ou recebem um uso que não irá o favorecer em nada. E esse foi o principal problema encontrado em nosso caso. O teatro e cinema não possui um uso adequado a um patrimônio, e sua função não é voltada a nada cultural. Sofreu grandes alterações em sua planta e fachada, não recebeu nenhum tipo de conservação vindo da prefeitura da cidade, e boa parte da população mal sabe que ele é um patrimônio tombado pela prefeitura atualmente, e muito menos o que ele chegou a ser algum dia. Com isso, diversas hipóteses de como melhorar a situação atual do edifício foram pensada. Em como melhorar sua função, restaura sua fachada, criar novas estruturas que atendam melhor a essa nova função, requalificar o edifício tornando-o de certa forma útil a população. Criar um novo conceito para esse edifício, com novos materiais, novas tecnologias construtivas, e idéias que possam readequá-lo aos dias atuais.
Apresentação | 13
A proposta é revitalizar o edifício, conservando sua fachada atual, e recuperando parte da sua originalidade, trazendo seu cinema que foi sua época mais marcante. Também será criado dois anexo totalmente interligados com o edifício atual, para que possam atender o programa de MIS, como já citado no texto, esse novo programa irá complementar o que será buscado para o programa central do nosso edifício. O edifício revitalizado que trará de volta o cinema terá a oportunidade de reviver os momentos daqueles que tiveram a oportunidade de estar nele, de ter vivido na época em que ele era mais do que um edifício escondido por sua atual função, quando ele era uma atração, quando ele realmente atraía. O MIS fará com que a memória seja transmitida a todos os moradores da cidade. As fotos que estarão esquecidas no tempo terão lugar para serem guardadas e também expostas. Assim como filmes, discos que construirão um importante acervo para conhecimento da história da cidade e também futuras pesquisas. Ter esse edifício de volta é algo que muitos querem, e mais, é algo que todos precisam. Conservar a história de alguma forma, deixar que ela fique registrada, e principalmente conservada através desse edifício. Ele é um patrimônio arquitetônico, histórico e cultural, e precisa ser tratado como tal, precisa ter reconhecimento, e também tem o dever te trazer cultura a toda a população, por isso é mais que necessário, é necessária a realização da intervenção. A cidade perdeu totalmente o gosto pela cultura, e por meios que levem a cultura a seus moradores.
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Na época ela ocupava dois cinemas, os dois em volta da praça que é um marco da cidade. Hoje infelizmente, a cidade não possui mais nenhum cinema, e a praça perdeu parte de sua identidade. Para elaboração desses estudos, iremos ver no decorrer desse trabalho, a construção da história de edifico através de entrevistas, fotos antigas, pesquisas em arquivos, livros da cidade, pessoas que tiveram a experiência de terem vivido na época em que o edifício funcionava com o programa de cinema. A proposta de intervenção deverá se basear em estudos sobre patrimônio, conceitos de intervenção, programas de cinema e MIS, afim de que entendamos o porque de uma intervenção, as necessidades que um patrimônio necessita, o que é preciso para atender um cinema, e compreender o programa necessário para a constituição do MIS. E por fim que possam complementar os ideais buscados para esse trabalho.
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“Há um gosto de vitória e encanto na condição de ser simples. Não é preciso muito para ser muito.” Lina Bo Bardi
2.1. História do Edifício Em 1911 o Teatro Municipal de são Paulo era inaugurado, tornando se hoje em dia um marco para a cidade de São Paulo e trazendo óperas do Brasil e do mundo. Na época quando construído, o teatro tinha como função atender a elite paulistana, que desejava ver a cidade á altura dos grandes centros culturais da época, promovendo concertos e óperas. A ideia de ter um teatro nessa época estava voltada para melhorar a elite e muitas vezes fazia parte da política também, ainda que certa parte da elite buscava seu real interesse , a cultura. Com a inauguração do teatro na cidade de São Paulo, as cidades do interior que por muitas vezes estavam rodeadas pelos grandes senhores do café precisavam de distrações, de modo que a ideia de construção de um teatro que trouxesse orquestras e apresentações teatrais começava a se configurar. Assim em 1912, o Theatro Apollo era inaugurado na cidade de Jardinópolis. O projeto de construção foi realizado pelo arquiteto Francisco Mazzei e tinha como proprietário e também construtor da obra Antônio Alfano.
Localização do Edifício
O teatro se localizava na rua senador Joaquim Miguel, nº 35, e foi projetado para atender a população de Jardinópolis. Nessa época acidade tinha 28 ruas, 5 praças e 611 residências com cerca de 4.000 habitantes. O município tinha 18.000 habitantes. Ali existiam duas corporações musicais, a “Lyra Guarany” e a “ Carlos Gomes.” As casas de diversões eram o “Theatro Apollo” e o ‘Eclair Cinema.” Por volta de 1915, o imóvel foi arrendado por Umberto Florindo e João Torraca. No Teatro funcionava junto também “o Café Apollo”, que passaria a atender os visitantes com as apresentações que se dariam a ocorrer no ano seguinte. Em 1916, o teatro passava a receber espetáculos cênicos e musicais vindos diretamente da companhia de São Paulo, além de funcionar algumas vezes como cinema quando o cine Eclair estava muito lotado, ou com algum problema. O teatro a princípio tinha como função ser de ópera e orquestra, mas comparados a outros teatros não compreendia as necessidades para tal função, e passou a receber apenas orquestras, e peças teatrais. Uma das orquestras que costumava tocar no Teatro era a do músico Carlos Gomes, que era um grande frequentador do teatro, tanto que por muitos moradores o teatro era chamado de Teatro Carlos Gomes. O teatro possuía também uma orquestra composta por jardinopolenses, que tocavam quando o teatro funcionava como cinema mudo.
Fonte: Google Earth
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O cinema já não era novidade no Brasil, muito menos nas cidades do interior de São Paulo, porém os teatros das cidades pequenas já não tinham mais tanta força por volta dos anos 30 e 40, foi nessa época que tanto o cinema internacional quanto o nacional se tornou uma febre em todo Brasil, principalmente as cidades interioranas do país. O que não foi o contrário em Jardinópolis, que recebeu mais um Cinema, o Cine Brasil e o Theatro Apollo deixa de ser teatro, se tornando somente cinema, o Cine Carlos Gomes. O edifício possui bem mais lembranças como cinema, do que como teatro, pois não se sabe ao certo quando deixou de funcionar especificamente como teatro, pois já funcionava como cinema antes de ter apenas como função este. Enquanto funcionou como cinema, o teatro não sofreu alterações internas, pois o edifício não chegou a ser construído totalmente como na planta, e serviu perfeitamente para essa função. Ele passava o filme que estava em destaque na época, com sessões a tarde e noite, e dividia os horários dos filmes com o cine Brasil.
Construção do Theatro Apollo Fonte: Joseph Markoul
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2.2. Primeiras Mudanças Por volta de 1975, o cinemas pararam de funcionar na cidade,e foi também o caso do Theatro Apollo que perdeu totalmente sua função cultural. O edifício foi comprado pelo senhor Markoul, e por poucas vezes passou por pequenas reformas, e por inúmeros usos. Chegou a ser bailes de carnaval, comitês políticos, ficou a disposição para a prefeitura para ser sede do espaço municipal, e até câmara para os vereadores. Quando declarado pela cidade e prefeitura como um Patrimônio Histórico e Arquitetônico, ficou durante muito tempo parado, e até mesmo abandonado. Teve o piso cedido por infiltração, uma parte demolida e alterada, e boa parte do telhado original cedido, por conta de problemas com animais. Não se sabe ao certo sobre a sua exata proclamação como patrimônio, sendo o segundo edifício tombado juntamente como Colégio da cidade. O edifício esta no nome do proprietário, e disponível para a prefeitura, para reformas. No atual momento esta alugado para uma loja de varejo. Esta infelizmente tampou toda sua fachada, embora seu edifício continua com sua casca externa em bom estado. Nas imagens podemos visualizar que durante o tempo a fachada do edifício foi alterada. O edifício logo no inicio recebeu uma marquise, pois estava na moda usar, além de proteger da chuva aqueles que iam ver algum espetáculo. Durante vários anos que se passara, ele recebeu diversas pinturas, tendo como original branco e areia.
Theatro Apollo Inaugurado em 1912 Fonte: Joseph Markoul
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2.3. Planta Original e Atual A cor que mais se destacou e que mais permaneceu por mais tempo foi o azul e branco. Atualmente o edifício encontra-se quase que totalmente branco, com detalhes em azul marinho por conta da loja varejista que ocupa o edifício hoje. Na imagem ao lado podemos ver a alteração através da platibanda que foi inserida. Abaixo a imagem atual do edifício que possui um outdoor com a logo da loja varejista ocupante do edifício, que esconde boa parte de sua fachada atual.
Planta Térreo - Original
Planta Camarote ------ Original
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Pela planta original o Theatro Apollo era constituído de uma sala ( hall de entrada), platéia, poço para orquestra, palco. No pavimento superior ficavam os camarotes, o acesso a parte superior era feita através de uma escada de madeira que partia do hall de entrada. Na fachada três portas de entrada e três janelas na parte superior. Quando o edifício foi construído, sofreu algumas alterações na planta, não contendo o camarote original. Na planta atual, e no que realmente foi construído não existiu a construção do camarote como na planta original, não se sabe se foi por questões estruturais, ou por custo. No local foi constuído um pequeno balcão rodeado por balaustres,e dois pilares laterais que funcionam como estrutura. Planta Térreo Atual
2.4. Fachada Original e Atual Aqui podemos notar algumas imagens do interior do edifício, e como ele se encontra atualmente.
Interior do Edifício funcionando como loja
Na fachada atual, não é possível ver como de encontram as janelas, pois a propaganda da loja de varejo impede isso. As portas laterais não existem mais, somente as portas da frente do edifício. As janelas e portas todas trocadas, e somente se encontram janelas na lateral esquerda do edifício, e as três da fachada. A planta atual do edifício se tornou um grande vão, para mostra de produtos, então não possui mais palco, vão para orquestra, e a área do camarim foi demolida, e hoje se encontra uma área para funcionários da loja.
Detalhe do balcão que foi construído
Fachada Original
Detalhe dos Pilares do balcão
Janelas que substituíram as originais
Fachada Atual
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Abaixo vemos imagens das mudança que o edifício sofreu em sua fachada com o tempo, até a fachada atual.
Abaixo vemos imagens das mudança que o edifício sofreu a fachada atual.
Cine Teatro Carlos Gomes em 1982 Fonte: Acervo Digital de Jardinópolis
Alterações sofridas no Edifício Fonte: Acervo Digital de Jardinópolis
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Fachada Atual do Edifício
2.5. Entorno do Edifício O edifício fica localizada no centro da cidade, e tem uma vista privilegiada, pois fica bem em frente á Praça da Igreja Matriz. Quando construído a praça já formada ainda não existia, o Theatro foi um dos primeiros edifícios a serem construídos naquela localidade. Quando deu-se inicio a construção da igreja, logo em seguida o edifício do teatro também começou a ser erguido. Os dois tiveram o mesmo arquiteto, Francisco Mazzei. Hoje a praça já não possui o mesmo desenho de antes, com inúmeras palmeiras imperiais, e uma grande porcentagem de área verdes, mas ainda sim, privilegia os edifícios que estão ao seu redor.
Ao seu lado esquerdo encontramos um pequeno bar, e ao seu lado direito a loja de varejo Magazine Luiza. Nessa área, apenas o cine-teatro Carlos Gomes, e a igreja são edifícios históricos da cidade, e que se mantém ao longo dos anos.
Entorno do Edifício
Praça que fica em frente ao Edifício O edifício de estudo, hoje como loja de varejo, é apenas mais um dos edifícios comercias que circulam a praça central. Como é mais comum em todas as cidades, o centro possui mais disposição de lojas de comércio, bancos, e até mesmo algumas poucas residências se encontram dispostas próximo ao nosso edifício.
Transição do tempo de 2015 para o ano em que o edifício foi inaugurado 1912
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“Arquitetura deve falar de seu tempo e lugar, porém anseia por intemporalidade.” Frank Gehry
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3.1. Apresentação A principio precisamos compreender o que é patrimônio e principalmente o porquê de sua importância para que então seja possível realizarmos qualquer tipo de intervenção neste, após isso entenderemos o que é uma intervenção, e tudo o que há em suas ramificações.
3.2. Patrimônio Quando ouvimos a palavra patrimônio passamos a associá-la como um bem de alguém, e é exatamente isso que ela significa, um bem. Esse bem pode ser tanto material quanto imaterial, natural ou construído, pode criar raízes através da cultura de um povo, que as passam de geração em geração, e esses bens podem se acumular através do tempo em uma localidade, país, região, cidades, etc. Não existe um conceito único, nem mesmo uma única definição sobre patrimônio, pois ele não é algo isolado. O Patrimônio só existe quando esta em relação a alguma coisa. E por ser um edifício, uma obra arquitetônica que doravante as gerações marcaram de alguma forma uma população. O que torna um bem dotado de valor patrimonial é a atribuição de sentido ou significados que tal bem possui para determinado grupo social, justificando assim sua preservação. È necessário compreender que os múltiplos bens possuem significados diferentes, dependendo do seu contexto histórico, do tempo e momento em que estejam inseridos. Seus significados variam também de acordo com os diferentes grupos econômicos, socias e culturais(...) TOMAZ, PAULO Cesar – Revista Fênix, edição 2010, pag. 6
Segundo o grupo de Patrimônio Histórico e Arquitetônico do CREA: Patrimônio Cultural – “é o conjunto de bens, de natureza ,material e/ou imaterial, que guarda em si referencias à identidade, a ação e a memória dos diferentes grupos sociais. È um elemento importante para o desenvolvimento sustentado, a promoção do bem estar social, a participação e a cidadania. Dividem-se em: a) Formas de expressão: literatura, música, danças, rituais, teatro, vestuário, pinturas corporais, etc. b) Os modos de criar, fazer e viver: a culinária, o artesanato, as telhas coloniais modeladas pelas escravas nas próprias coxas, etc. c) Criações cientificas, artísticas, tecnológicas e documentais: - Cientificas: mapeamento do DNA, a criação de variedades de café brasileiro, etc; Artísticas: Pampulha , Brasília, as obras de Aleijadinho, Anita Malfatti, Villa Lobos, o baião, o forró, os cocares indígenas, as pinturas rupestres, etc; - Tecnológicas: o biodiesel, o 14 BIS de Santos Dumont, etc; - Documentais: a legislação, teses, tratados,compêndios, cartas cartográficas, registros cartoriais livros de batismo, óbitos, casamentos, etc.” Patrimônio Cultural Tangível e Intangível Tangível: é aquele constituído por bens materiais. Divide-se em: - Bens imóveis: monumentos, edifícios, sítios arqueológicos, elementos naturais que tenham significado cultural; - Bens móveis: mobiliários, utensílios, obras de arte, documentos,
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vestuários, etc. Intangível: é constituído por bens imateriais. Ex.: lendas, rituais, costumes, etc. Patrimônio Natural - é constituído por bens cuja criação não recebeu interferência humana. Ex.: grutas, montanhas, rios, ecossistemas, jazidas, animais silvestres, etc. Patrimônio Edificado - edificações isoladas ou conjunto de edificações, que poderão ter tipologias distintas e não necessariamente antigas, mas que possuam peculiaridades culturais. Ex.: a arquitetura rural, as fábricas, as casas comuns (Arquitetura Vernacular), as cidades, os monumentos, etc. Na época ela ocupava dois cinemas, os dois em volta da praça que é um marco da cidade. Hoje infelizmente, a cidade não possui mais nenhum cinema, e a praça perdeu parte de sua identidade. Para elaboração desses estudos, iremos ver no decorrer desse trabalho, a construção da história de edifico através de entrevistas, fotos antigas, pesquisas em arquivos, livros da cidade, pessoas que tiveram a experiência de terem vivido na época em que o edifício funcionava com o programa de cinema. A proposta de intervenção deverá se basear em estudos sobre patrimônio, conceitos de intervenção, programas de cinema e MIS, afim de que entendamos o porque de uma intervenção, as necessidades que um patrimônio necessita, o que é preciso para atender um cinema, e compreender o programa necessário para a constituição do MIS. E por fim que possam complementar os ideais buscados para esse trabalho. Françoise Choay, referindo-se ao patrimônio histórico, salienta:
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Patrimônio histórico. A expressão que designa um bem destinado ao uso fruto de uma comunidade que se ampliou a dimensões planetárias, constituído pela acumulação contínua de uma diversidade de objetos que se congregam por seu passado comum: obras e obras-primas das belas artes e das artes aplicadas, trabalhos e produtos de todos os saberes dos seres humanos. (CHOAY, Françoise. 2001, p.11)
E hoje, vemos como o preservar ganhou um impacto, de não mais apenas conservar, e guardar, por exemplo, um edifício em uma redoma, mas dar a ele nova utilização. A preservação e o reuso de edifícios, objetos alem de reviverem lembranças antigas, contribuem com as necessidades de novas produções. A partir da idéia de que algo, ou um edifício precisa ser preservado por conta de seu valor histórico, surge a idéia de tombamento. Tombamento é quando existe um conjunto de ações que são realizadas pelo poder publico, e através de legislações especificas que visam preservar bens de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e afetivo, impedindo sai destruição e descaracterização.
3.3. Intervenção
Atualmente, como já citado anteriormente, o sentido de preservar ganhou um novo foco, um foco que dá mais sentido, e o melhor, mais valor a um patrimônio, o edifício ganha uma nova forma de se dispor na sociedade, ele ganha reuso. E o que é reuso?
Esse reuso pode ser realizado de diversas formas, e todas elas são realizadas através da intervenção. A intervenção readequa o edifício de alguma forma, dando a ele nova função, restaurando ele, de forma que traga o edifício as características físicas idênticas ao passado, pode ser com a criação de anexo que complementem a função atual ou nova que o edifício tem, ou sejam necessárias a construção de novos edifícios, sendo que este mesmo pode atender a qualquer especificação. Segundo CASTELNOU NETO, é possível identificar vários graus de intervenção sobre uma obra existente. E esses graus dependem das posturas individuais e coletivas que envolvem a manutenção do patrimônio e variam substancialmente conforme cada caso em específico. CASTELNOU NETO salienta ainda, especificamente quando se conserva um patrimônio e quando se constrói ele através da intervenção. A conservação relaciona-se estritamente â preservação do patrimônio histórico e pode ser definida, segundo FITCH (1981), como a intervenção física na própria matéria de um edifício para assegurar sua integridade estrutural ou estética. É um trabalho continuo de manutenção que visa garantir a sobrevivência física de monumentos, incluídos aqui tanto edifícios isolados como distritos e paisagens históricas, além de ruínas e sítios arqueológicos. O ato de conservar é um trabalho que extrapola a atitude meramente projetual, pois requer serviços ligados à especificidade das técnicas construtivas, das agentes de deterioração e das condições de viabilidade
técnica, que reivindicam uma ação eminentemente prática. Como exemplos, pode-se citar a conservação de fachadas históricas em cidades antigas, a constituição de um "Museu Arquitetônico ao ar livre" uma aldeia ou bairro que se mantém intacto, sem grandes alterações-, a manutenção do traçado original de uma cidade, etc. A reconstrução consiste no resgaste de um passado arquitetônico perdido, ou seja, num "re-feitio" a partir da reprodução de partes destruídas, da construção de réplicas ou da substituição de partes desaparecidas. Muitas vezes, trata-se de fazer uma cópia exata do antigo ou recriar um edifício ausente no local original, o que pode ser justificado por razões urbanísticas - a obra desempenha papel vital numa composição monumental. Semina, Ci. Exatas/Tecnol., v. 13, n. 4, p. 265-268, dez. 1992 266 Trabalho típico em situações de pós-guerra, de abandono ou de exploração arqueológica, pode também ser um serviço de consolidação, isto ê, a transformação de um edifício em um todo monolítico ou a inserção de novos membros estruturais visando sua estabilidade. Exemplificando, aqui se incluiriam os serviços de reconstituição de um templo ou de uma igreja parcialmente destruída num bombardeio, assim como a complementação de uma obra histórica por algum motivo danificada..
Encontramos diversos edifícios abandonados e que simplesmente permanecem nesse estado por inúmeros anos, por falta de cuidados tanto da população, quanto do governo e de seu proprietário. Projetos de intervenção em edifícios preexistentes são cada vez mais comuns no campo da arquitetura, reflexo de um momento histórico de valorização da
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convivência entre presente e passado. Projetos desta natureza carregam em si não apenas as responsabilidades na transmissão a outras gerações do legado histórico, como também o compromisso com a criação do espaço contemporâneo. (RIOS, MAIRA FRANCISCO, 2013)
Ainda em base nas palavras de CASTELNOU, um patrimônio quando abandonado, precisa passar por uma restauração, e nesse sentido restaurar é uma forma de recuperar uma obra, e isso pode acontecer de duas formas: uma é a partir de uma reversão ao estado original, que é uma reconstituição histórica, e a outra é fazendo uma intervenção da obra, não a descaracterização. Essa restauração, e recuperação fazem com que o edifício não fique sem função, abandonado, ou até mesmo sem real utilidade para aquele que tanto o consideraram um dia. Para que a intervenção seja realizada, o caráter original da obra, sua forma e função devem ser respeitadas, e por conta disso podem ser realizadas de duas formas, uma é utilizar as ferramentas tradicionais da obra, e a outra, ferramentas modernas, mas que respeitem os aspectos originais da arquitetura. O termo intervenção se ramifica, e possui diversas formas de atingir a necessidade que o patrimônio, ou qualquer outra preexistência requer. As alterações a serem realizadas no edifício precisam ser estudadas, e podem ser de diferentes graus, podendo ser total, ou simplesmente a inserção de um objeto que alterará no edifício. Em termos gerais, uma reforma apresenta três graus de interferência no projeto original, a saber:
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RADICAL: quando os novos elementos intencionalmente contrastam com o existente, pelas intenções projetuais ou tratamento a nível de material, cor, textura, etc. Há um choque em termos formais paralelo ao de termos funcionais. EQUILIBRADO: quando se procura associar harmonicamente os acréscimos ou modificações ao que já existe, o que pode ser feito através da repetição de tipos, unificação de motivos e tratamento cromático, mas nunca de maneira dissimulada, isto é, promovendo algum tipo de "falsificação" da obra. SUTIL: quando há um respeito completo ao que existe previamente, tanto em função dos novos componentes sugeridos como dos novos usos previstos. Muitas vezes, é bastante difícil identificar o que foi reformulado. (CASTELNOU NETO, A.M. 1992)
Com base nisso começamos a entender um pouco sobre intervir, e o porquê de ele ser tão necessário em certos locais. O intervir não modifica apenas o edifício, mas todo o meio no qual ele se encaixa, e essa intervenção qualifica de alguma forma toda área do edifício (patrimônio), e da sua área urbana. Quando tratamos de uma intervenção em um patrimônio é imprescindível que haja todo um estudo do edifício desde sua construção, até os dias atuais, para que não haja uma descaracterização onde haja preservação e novo uso do edifício. HIRAO (2011) nos indica que “a questão de intervenção sobre edificação preexistente com
interesse de Preservação objetiva questionar a validade dessas propostas executadas mediadas pelas relações de preservação do patrimônio e a identidade local. “Assim, conseguimos enxergar como é necessário e importante do edifício antes de qualquer intervenção, e principalmente sua preservação.
A intervenção na arquitetura contemporânea representa, talvez, a expressão mais significativa das modalidades com as quais hoje nos relacionamos com o passado: significa, com efeito, uma espécie de marco significativo do papel que o restauro ocupa na sociedade e na cultura contemporânea e da relação eu esta ultima instaura com os valores espirituais e memoriais. (SALVO, SIMONA, 2011.)
3.4. Revitalização
Após analisar e entender melhor sobre o que intervenção, e sobre a importância que ela tem diante de patrimônios, e edificações que estão abandonadas, o termo revitalizar, foi e o que mais se encaixou no contexto do que o edifício a ser estudado necessita. O edifício perdeu parte de sua identidade como cinema, e principalmente não tem mais vida como patrimônio diante da cidade. Infelizmente não possui conservação, ou coisa do tipo. Segundo CASTELNOU: A revitalização consiste na reestruturação de um conjunto urbanístico ou obra arquitetônica, ou seja, na série de trabalhos que visam revitalizar - dar nova vida - ou reabilitar - dar nova habilidade - a determinada obra que se encontra em
deterioração ou mesmo desuso. Para tanto, permite-se reformular componentes elementos constituintes -, associar novas funções e acrescentar intenções ao projeto, desde que se mantenha total ou parcialmente o caráter original. Observa-se aqui que há a manutenção da primeira função, que é apenas "melhorada" através de uma reformulação mais "modernizada" ou da associação de novos usos, que intensificam e complementam o anterior. Não há o abandono da função original, mas sim sua revitalização. Tal atitude é mais maleável que a restauração em relação ao passado histórico, pois permite que este seja acrescido de novos elementos er portanto, que haja uma maior intervenção. Reestruturar é reorganizar a estrutura básica, tornando explícitas antigas relações e criando novas que se adaptam harmonicamente ou se rivalizam com as anteriores.
Com isso, é possível enxergar exatamente o que o edifício Cine Carlos Gomes precisa, se modernizar, ganhar novo uso do que é atualmente, e o melhor ganhar seu antigo uso de cinema. Além de principalmente receber um anexo voltado ao MIS, que se une a outro anexo que conterá outro patrimônio da cidade, como fotos, áudios, entre outros arquivos que contam a história da cidade e necessitam de conservação. E é a partir dessas idéias que daremos inicio ao nosso projeto, reabilitando o edifício. Tornando-o requalificado, com seu antigo uso, mas com novos materiais, anexo que o complementem.
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“. Se a reta é o caminho mais curto entre dois pontos, a curva é o que faz o concreto buscar o infinito.” Oscar Niemeyer
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4.1. Apresentação A importância das referencias projetuais são imensas, pois elas contribuem para novas idéias, e mostram como essas idéias ficam quando realizadas. Aqui serão apresentadas duas referencias projetuais, uma é a casa do Benin, uma intervenção realizada pela famosa arquiteta italiana, Lina Bo Bardi, sendo esta uma das principais referencias para elaboração do projeto. A outra referencia é o Edifício sede do FIESP, projetado pelo arquiteto Rino Levi, e que sofreu uma intervenção do arquiteto brasileiro Paulo Mendes da Rocha, que também possui um aspecto interessantíssimo para a formação do projeto.
A casa do Benin teve sua construção a partir de três imóveis: um sobrado do século 18, que passou por um incêndio e quase foi totalmente destruído por volta de 1978, ali passou a funcionar a casa do Benin, e de mais duas fachadas de outros sobrados antigos que havia restado, onde se estabeleceu a residência do representante de Benin, e mais um pátio anterior a este imóvel, onde foi construído de barro e palha o Restaurante de Benin, com referencia as construções tradicionais da arquitetura rural do país.
4.2. Casa do Benin Situada no Pelourinho, salvador Bahia, a casa do Benin tem um papel representativo muito importante na valorização da relação que ainda se mantém entre o Brasil e a áfrica, especificamente entre salvador e a áfrica. O nome Benin, é uma referência à regia da qual a maior parte de negros eram trazidos para aqui se tornarem escravos,a qual se chamava Golfo do Benin. Na década de 80, a edificação sofreu uma restauração realiza pela arquiteta italiana Lina Bo Bardi, promovida pela FMG (Fundação Gregório de Matos) e pela prefeitura de Salvador. Atualmente a Casa de Benin é um dos principais centros culturais ligados a cultura africana no Brasil, e teve sua inauguração em 1988, quando já havia passado por sua restauração.
Fachada principal da Casa do Benin
O convite realizado a Lina Bo Bardi para a realização desta intervenção estava totalmente inserido numa preocupação da gestão municipal da época de conservar todo o conjunto arquitetônico e urbanístico do centro histórico que se encontrava na cidade de Salvador, que havia sido considerado pela UNESCO, Patrimônio da Humanidade, por conta de seu traçado português reconfigurado por conta de toda uma geografia tropical que se encontrava ali.
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4.3. Intervenção Na fachada principal Lina realizou uma restauração clássica, na busca de restabelecer as condições que haviam sido construídas inicialmente no objeto. Lina alterou principalmente as funções que o edifício tinha, reformulando seu programa, que antes era de habitação e comércio, tornado o em local de exposições, criando um restaurante, local de hospedagem, ela requalifica totalmente o espaço, e dá novos uso para eles. Além de fazer do local um pólo voltado totalmente para a cultura africana, e afro-brasileira. Quando houve o incêndio em 78, a prefeitura local veio a intervir no edifício de modo que ele não desabasse e assim realizaram a implementação de uma restauração estrutural de concreto armado, onde possivelmente era de estrutura de madeira, na figura 1 podemos ver tal intervenção. E foi a partir dessa intervenção realizada pela prefeitura que Lina deu inicio aos primeiros passos de sua intervenção e restauração atuando sobre essa estrutura. Junto com Lina Bo Bardi se encontrava o arquiteto Marcelo Ferraz, que acompanhou todo o projeto. Segundo ele havia uma preocupação durante a intervenção no objeto histórico. “Aqui, o que sobrou de uma ruína do século XVII, em alvenaria mista; aqui, um pedaço de casa do século XIX; aqui uma construção contemporânea do século XX, todos em harmonia e prontos para uma nova via.”
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Figura 1
Ampla fachada com diversas portas e janelas que indica os quatro andares no edifício
A mistura de construções, e a linha como foi costurado era o que mais preocupava na restauração de Lina, pois eram muitas técnicas diferentes envolvidas em um único objeto, e toda eram riquíssimas e não podiam ser desprezadas. Marcelo ainda acrescentou, “Nós arquitetos herdamos, com o Casarão do Pelourinho, sede da casa de Benin, uma restauração estrutural ccccccl
bastante pesada, executada na administração municipal precedente: colunas e vigas ma se ajustavam à simplicidade elegante, provavelmente de madeira. Um belíssimo muro-muralha de pedras e terra corria paralelo a fileira de portas-janelas da grande fachada, o “muro” (tinha reboco grosso que tiramos logo) acaba solto, antes de juntar ao forro: acima dele, apoiado nas vigas, um balanço de concreto sustentava andares superiores.” Intervenções Os andares que eram separados isoladamente foram reunidos de forma vertical através de uma abertura que, do térreo, cega até a cobertura do ultimo andar. Através desse vazio, tecidos originais do Benin caem pela abertura interligando esses espaços. Uma escada de ferro foi inserida, para que pudesse atingir o terceiro andar, onde se encontra a hospedaria dos visitantes africanos. A opção da escada de ferro foi por conta de uma estrutura mais leve. As colunas que foram parte da restauração da prefeitura eram de construídas inicialmente no objeto. Lina alterou principalmente as funções que o edifício tinha, reformulando seu programa, que antes era de habitação e comércio, tornado o em local de exposições, criando um restaurante, local de hospedagem, ela requalifica totalmente o espaço, e dá novos uso para eles. Além de fazer do local um pólo voltado totalmente para a cultura africana, e afro-brasileira.
Interior da casa
Colunas encapadas com a palha trançada, e a nova escada junto ao muro original
Tecidos de Benin caindo pelo vão, e na lateral esquerda vemos a escada.
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Restaurante e detalhe do corte
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contemporânea do século XX, todos em harmonia e prontos para uma nova via.” A mistura de construções, e a linha como foi costurado era o que mais preocupava na restauração de Lina, pois eram muitas técnicas diferentes envolvidas em um único objeto, e toda eram riquíssimas e não podiam ser desprezadas. Marcelo ainda acrescentou, “Nós arquitetos herdamos, com o Casarão do Pelourinho, sede da casa de Benin, uma restauração estrutural bastante pesada, executada na administração municipal precedente: colunas e vigas ma se ajustavam à simplicidade elegante, provavelmente de madeira. Um belíssimo muro-muralha de pedras e terra corria paralelo a fileira de portas-janelas da grande fachada, o “muro” (tinha reboco grosso que tiramos logo) acaba solto, antes de juntar ao forro: acima dele, apoiado nas vigas, um balanço de concreto sustentava andares superiores.”
4.4. Edifício FIESP
O Projeto é do escritório Rino Levi Arquitetos Associados, vencedor em um concurso onde foram pré-classificados 5 projetos para a fase final, realizado no final dos anos 60 (1969, para ser exato), e construído durante a década de 70 (foi inaugurado em 1979), o edifício sede das entidades representativas da indústria paulista – FIESP–CIESP–SESI – obedecendo a uma prerrogativa do concurso, deveria ter o status de uma “landmark”, ou seja, um edifício com características expressivas capazes de transformálo em um marco referencial na Avenida Paulista (1). A partir desta premissa, torna-se mais compreensível, creio, a adoção de forma tão inusitada, ainda hoje capaz de se sobressair na paisagem e, por conseguinte, de rápida e fácil identificação. Dividido em dois blocos superpostos separados por um andar em “pilotis”, o projeto original aparentemente parecia reunir dois discursos quase antagônicos, um discurso para o bloco inferior e térreo, com gramática e códigos estéticos pertencentes ao chamado Movimento Moderno e outro para o bloco superior, a torre, mais próximo do que poderíamos entender como uma condição pós-moderna em arquitetura, justificada, talvez, pelo bloco de forma singular, um troco de pirâmide de base retangular, massivo e fechado. Já mencionado em textos anteriores, é sabido ser possível justificar a forma singular da torre funcionalmente, apesar de, reitero, a maior motivação para adoção de tal forma ter sido a intenção de se criar uma “landmark”: os andares que vão diminuindo, progressivamente, em
direção ao topo em função de adequações programáticas, as inclinações laterais garantindo maior insolação dos andares inferiores em virtude do progressivo afastamento em relação aos edifícios circunvizinhos e, principalmente, adequação do edifício dentro dos gabaritos exigidos, através de uma solução de desenho que pudesse representar uma solução plástica mais interessante que as duvidosas soluções em escalonamento de topo da época, são algumas das explicações funcionais que auxiliam no entendimento do partido formal adotado, mas que, permanecem aquém de uma leitura semiológica mais atenta. Apesar de ser, a torre, um volume inquietante, capaz de gerar indagações, concentrar-nos-emos mais no embasamento e implantação deste edifício (voltaremos a ela mais adiante), não só por serem partes e aspectos do projeto mais próximos de nossos objetivos de estudo, ou seja, o de estudar as relações espaciais entre edifício e cidade, mas por acreditar estar no térreo as questões mais importantes que envolvem sua concepção.
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Implantado em lote de meio de quadra, o edifício possuía, desde o projeto original, características marcantes no que tange a utilização do nível térreo e nas relações entre os espaços público e privado.
4.5. Intervenção Aproveitando o grande desnível existente entre a Avenida Paulista e a Alameda Santos, originalmente, foram instalados quatro andares de garagem, reservatórios de água e parte técnica, além de um Teatro, uma galeria de artes e uma biblioteca públicos, localizada em um pavimento meio nível abaixo da Avenida Paulista. Justamente por esse fato, uma grande praça aberta, teoricamente pública, foi criada no andar em “pilotis”, sobre a laje da galeria e biblioteca, meio nível acima da Avenida Paulista. Nessa praça, estavam localizados os acessos principais da torre e a entrada do Teatro. Uma rua interna, apenas para automóveis, faria a ligação no térreo entre a avenida Paulista e a alameda Santos além de possibilitar o acesso à garagem. Interessante nos determos em alguns aspectos do projeto original aqui, sobretudo se o analisarmos à luz do fazer projetual da época. Além da já mencionada forma piramidal do edifício, não era comum na época, em São Paulo, especificamente na região da Avenida Paulista um edifício empresarial com um térreo público, com uma praça pública e, concomitantemente, abrigando funções e atividades de caráter predominantemente coletivo; tínhamos, creio, como exemplo mais próximo apenas o Conjunto Nacional como caso emblemático.
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Proposta original – embasamento em “pilotis” com praça “pública” e torre piramidal – “landmark” [ANELLI, Renato; GUERRA, Abilio; KON, Nelson. Rino Levi, arquitetura e cidade. São Paulo, R]
Com projeto paisagístico de Burle Marx, a praça, que servia de acesso ao teatro, podia ser entendida como um intervalo urbano arquitetonicamente projetado. Em uma área historicamente carente de espaços públicos abertos e de grande hospitalidade (exceção apenas a presença do parque Trianon) a praça do edifício da FIESP cumpria um papel importante na estruturação do espaço urbano; como espaço intermediário, representando um ritual de passagem entre a agitação e ritmo intenso da Avenida e o interior do prédio ou teatro. Enfim, um local com uma relação espaço-tempo diferenciada, nem o espaço do homem em trânsito e ritmo intenso característicos da avenida, nem o espaço interiorizado, enclausurado, estático do interior do edifício e do teatro, mas um espaço da permanência ocasional, por vezes imprevista e convidativa à diminuição ou desaceleração do ritmo imposto seja pelo dia-a-dia da cidade, seja pelo cotidiano do trabalho no interior do prédio. Contudo, importante mencionarmos uma questão.
Entre a elaboração do projeto e praticamente no início da execução da obra do edifício, um novo cálculo estrutural exigiu a construção de uma nova linha de apoios no térreo, além das duas linhas laterais previstas. Essa nova linha de pilares foi levantada no centro da praça idealizada. De certa forma, apesar da manutenção da praça, sua condição de grande plano aberto e livre acabou enfraquecida pela presença dos grandes apoios centrais. No final dos anos 90, especificamente em 1998, esse importante espaço sofreu uma intervenção e reformulação por intermédio de um projeto elaborado pelo escritório do arquiteto Paulo Mendes da Rocha. Entretanto, antes de discorrermos sobre o projeto de intervenção, fazse necessário retrocedermos no tempo, especificamente, de volta aos anos 70 em um momento emblemático na história da cidade de São Paulo, o alargamento da Avenida Paulista.
Cortes transversal e longitudinal: destaque para o desnível existente entre a Avenida Paulista e Alameda Santos na extremidade à direita, junto do teatro [ANELLI, Renato; GUERRA, Abilio; KON, Nelson. Op. cit.]
A primeira característica marcante no projeto de intervenção de Mendes da Rocha é a decisão por recuperar, ao menos em frente ao edifício da FIESP a antiga “generosidade” do passeio público. Ele opta, então, por “cortar” a laje do pavimento superior ao passeio e recuar a laje inferior onde estavam localizadas a biblioteca e galeria. Dessa forma, consegue avançar o passeio para dentro dos limites do lote fazendo com que sua largura passasse de 7.00 metros para 20.00 metros. Outra decisão importante refere-se a uma relocação programática do conjunto do térreo. Como o pavimento inferior havia diminuído em área e o espaço destinado ao conjunto da biblioteca e galeria, mesmo antes da intervenção, era um tanto exíguo, o arquiteto opta por relocar a galeria, transportando-a para o nível da antiga praça, junto ao acesso dos elevadores e recepção. Com a decisão, aumenta o espaço destinado à biblioteca no andar inferior, mas elimina a praça, prejudicando também a visualização do volume do teatro. Intervençã o “protética”: térreo recuado em relação à Avenida Paulista. Galeria de arte, meionível acima da avenida e espaço da Biblioteca, meio-nível abaixo; ao fundo, a passarela-ponte. A Biblioteca, fechada, foi substituída por um espaço de exposição
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Assim, a intervenção de Mendes da Rocha promoveu uma nova distribuição dos espaços por todo o térreo. Marcada pela estrutura metálica branca e “assemelhando-se” a uma estrutura parasita, ou protética, ou seja, que se aproveita dos grandes apoios de concreto para se estruturar, ao mesmo tempo, que difere, quanto a linguagem do existente, a nova estrutura do térreo passa a abrigar, no espaço da antiga praça, a galeria de artes, uma recepção e acessos aos elevadores. No andar inferior ao passeio público, a biblioteca e, agora, o principal acesso ao teatro; além disso, um pequeno café é criado defronte ao museu. Por se tratar de uma intervenção em um edifício emblemático da cidade de São Paulo e da arquitetura brasileira, Mendes da Rocha poderia ter sucumbido à idéia de fazer uma intervenção que se subordinasse completamente ao existente, tornando-se uma presença quase ausente, em termos visuais, em relação ao conjunto.
Torre e térreo: “landmark” e “container” urbano Foto Nelson Kon
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Ao contrário, em função do partido adotado, poderíamos dizer que Mendes da Rocha não foi conservador; parece haver, nesse caso, na opção pela estrutura metálica branca, “pura”, com uma linguagem neutra, “elegante”, que poderíamos, talvez, adjetivá-la de “miesiana” (uma linguagem próxima a arquitetura do mestre moderno Mies Van Der Rohe), uma vontade do arquiteto, aparentemente paradoxal, de romper com o passado por intermédio de uma estratégia de evidenciar, por contraste, os dois momentos históricos. Ou seja, o arquiteto, ao mesmo tempo em que parece negar o existente, exalta-o ao diferenciar muito bem o existente do adicional ; parece querer dizer que cada projeto determina sua própria lógica e identidade. A intervenção “protética” de Mendes da Rocha, que poderia ser entendida como uma interação entre um “momento primitivo” e uma situação “artificialmente construída”, rompe com uma relação espaço-tempo existente ao “preencher” o espaço. Ao relocar e reorganizar os espaços do térreo, sobretudo ao posicionar a galeria de artes no nível da antiga praça, criando corredores específicos de acesso ao edifício e teatro, o arquiteto preenche um espaço (a praça) que, anteriormente, poderia ser visto apenas como um grande vazio “desnecessário”, um suplemento. Ao alargar o passeio em frente ao prédio, o arquiteto buscou criar um espaço de acolhimento (talvez um desejo de recriar a extinta praça) pois o acesso aos interiores do térreo torna-se mais generoso, há um “respiro” entre o intenso fluxo do passeio público e os degraus que dão acesso aos
dois meios-níveis. Esse acolhimento, entretanto, dá-se apenas como um instante de passagem, servindo como uma espécie de “lobby” externo de ingresso ao edifício, não se conformando como um “lugar”. Os “lugares”, de espaços mais generosos, como a biblioteca, agora são todos “internos”, controlados por catracas, sonorizadores e “recepcionistas”, com exceção do espaço do pequeno café, localizado entre a galeria de arte e a entrada do teatro, hoje desativado. Como mencionado, esse preenchimento do espaço também acarretou uma desarticulação, principalmente visual, do teatro em relação a Avenida; o teto inclinado do teatro, por exemplo, projeto do paisagista Burle Marx só é visto agora de alguns poucos pontos do térreo. Mendes da Rocha parece tentar recuperar essa ligação através de uma grande passarela elevada colocada na parte superior do térreo, uma passarela de dimensões generosas que cruza todo o edifício, fazendo uma integração “virtual” entre o passeio da avenida e o teatro. Interessante esse elemento infra-estrutural. A passarela foi projetada pelo arquiteto com a intenção de criar um espaço para “vernissages”, um espaço para eventos. Diz ele, que esse espaço tem se transformado também em um local para exposições. O segundo momento, a intervenção de Mendes da Rocha. Uma arquitetura parasita, de linguagem próxima do neutro, mas o suficiente para conferir-lhe uma identidade. Uma arquitetura onde os cheios prevalecem em relação aos vazios, mas, de readequação programática e organização de fluxos, condições que foram fundamentais para
uma intensificação de usos dos espaços do térreo, que por sinal, recuperou boa parte de seu caráter original, ou seja, coletivo, perdido com a interdição ocorrida nos anos 80.
Torre e térreo: “landmark” e “container” urbano Foto Nelson Kon
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“.Admiro os poetas. O que eles dizem com duas palavras a gente tem que exprimir com milhares de tijolos� Vilanova Artigas
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5.1. Proposta Após conhecer o edifício, e toda sua história, compreender sobre patrimônio e intervenção, chegamos ao ponto principal do nosso projeto. A proposta de intervenção a ser realizada no edifício. O edifício é um patrimônio arquitetônico e histórico da cidade, porém nunca recebeu conservação como é proposto quando um edifício é tombado. E é a partir disso que surge a ideia da intervenção, aplicando no edifício a revitalização, trazendo o cinema como uso do edifício, e complementando-o com um anexo que terá a função de MIS – Museu da Imagem e do Som.
5.2. Programa O terreno total do edifício possui 616,76m², e nele se compreende basicamente toda a massa da edificação. O edifício passou por algumas modificações em sua fachada, e bastantes internas, a partir disso iremos fazer a restauração das portas e janelas, trazendo a antiga fachada como a atual. A principal ideia do programa é trazer o cinema,e para que isso ocorra é necessário uma nova estrutura dentro do antigo edifício, de modo que ela não intervenha na construção já existente, e funcione como uma nova edificação dentro de outra, assim como Lina Bo Bardi realizou construindo o restaurante dentro dos muros da Casa de Benin, e Paulo Mendes da Rocha inseriu um novo objeto com outra função embaixo do edifício FIESP. A ideia de preservar e conservar a memória, faz com que surja a necessidade de um anexo, que possa complementar esse ideal de guardar.
Assim cria-se o conceito de existir o MIS- Museu da Imagem e do Som. O MIS funciona tanto como um acervo, quando um local de mostras, exposições, oficinas, etcs. A cidade não possui um acervo dedicado especialmente a isso, onde é possivel ouvir músicas do passado, ou ver fotografias tiradas a muito tempo, ou até mesmo tiradas no dia de ontem. O MIS vem para casar com o Cinema, casar com Edifício que passou por Teatro, depois pela 7ª arte, de modo que tudo faça sentido. Além do MIS, o anexo também compreendera a administração do cinema e do teatro, além da área de pesquisa para os visitantes, e acervo dedicado a conservação dos objetos ali guardados.
5.3. Intervenção
Edifício a ser Intervindo
Os edifícios que serão demolidos não são residências, nem possuem alguma ligação histórica. São pontos comerciais e darão espaço a construção do anexo do MIS. Ao fundo do Teatro Apollo temos uma área construída como depósito da loja que ocupa o edifício
Edifícios a serem Demolidos
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5.4. Memorial Justificativo
Perspectiva do Projeto
Cabe ao edifício que haja conservação, por isso a intervenção realizada nele. A partir de agora veremos as motificações, e novas construções realizadas no edifício e na área de intervenção. O Cinema funciona como apoio a cultura da cidade que já não existe mais, o MIS reforça isso mais ainda, trazendo o acervo, estimulando que haja exposições de moradores da cidade, de visitantes, faz com que haja a vontade de conservar, de relembrar o passado. É isso que faz com o projeto exista, e se construa.
5.5. Memorial Descritivo
Caixa Metálica onde se encontra o Cinema Essa é a caixa que fica dentro do Edifício Theatro Apollo
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O projeto se constitui em duas partes. A primeira é no edifício preexistente, o Teatro, que deixa de ser uma loja varejista, e recebe uma restauração em toda sua fachada, tendo novamente sua aparência original, com a recuperação de portas, janelas, e sua pintura original. Por dentro, o edifício recebe um tratamento acústico através da caixa onde se encontra o cinema. A caixa é toda em estrutura metálica, com revestimento de espuma pra o conforto acústico. O equipamento de cinema é de última geração. A caixa metálica possui 14 arquibancada, equipadas com poltronas confortáveis, a primeira fileira sendo para acessibilidade, uma sala de reprodução na ultima fileira,. Na entrada do edifício se encontra a Bilheteria, e venda de pipocas, embaixo da platéia o edifício é equipado com banheiros acessíveis.
Ao lado e ao fundo do edifício Teatro Apollo encontra-se o anexo do MIS. O edifício é constituído por 3 pavimentos, o primeiro sendo o café, exposição e administração, o segundo sendo estritamente exposição e pesquisa, e no terceiro encontra-se a sala de áudios, uma oficina, e o acervo de acesso restrito a funcionários. Todos os andares equipados com escada e elevador acessível. A estrutura do edifício é metálica, contendo apenas a parede lateral em concreto armado funcionado como eixo principal de apoio. o fechamentos externos são em vidro, contendo em certo pontos placas metálicas perfuradas que permitem a proteção solar. O edifício possui climatização através de arcondicionado por conta das obras, e arquivos que são expostos e conservados no acervo. A sala de pesquisa contem uma recepção que funciona como suporte para o acervo e para o MIS, alem de contem uma pequena biblioteca, arquivos que podem ser acessados via computador, ou nas mesas de estudo. O pavimento que ocupa o acervo é totalmente fechado, e possui bunkers moveis para proteção dos arquivos, além de duas salas que recebem novos arquivos, obras que precisam de restauro, entre outros.
Imagem Interna da ADM
Imagem Interna do MIS
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5.5. Perspectivas e Plantas
Perspectiva Geral
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Detalhe do anexo MIS
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Detalhe das placas metรกlicas
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Detalhe da caixa onde se encontra o cinema e do ultimo pavimento do MIS
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A Preservação do Patrimônio Cultural e Sua Trajetória no Brasil – Paulo Cesar Tomaz – Universidade Presbiteriana Mackenzie
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Antonio Manoel N. Castelnou, Neto. Castelnou Neto, A.M. – A intervenção Arquitetônica em Obras Existentes
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Carlos A.C. Lemos – o que é Patrimonio
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Choay, Françoise. A alegoria do patrimônio. São Paulo: Unesp, 2001.
L
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Hélio hirao – Projeto de intervenção sobre preexistencia
I
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Tomaz, paulo Cesar – revista fênix, edição 2010, pag.6
O
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Rios, Miara francisco. Intervençao na preexistencia: O projeto de Paulo Mendes da Rocha para a transformação do Educandário Santa Teresa e Museu de Arte Contemporânea
G
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Patimônio Histórico: Como e Por que Preservar – Grupo de Trabalho Patrimonio Histórico e Arquitetônico – 2008 CREA – SP
A
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Iphan – Carta de Veneza
F
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Iphan
I
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CONDEPHAAT
A
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DOCOMOMO
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