Curso: Arquitetura e Urbanismo Fundamentos para o Trabalho Final de Graduação
A morte revelada Diretrizes de Anteprojeto Arquitetônico e Paisagístico para um Tanatório na Grande Florianópolis Centro Universitário Estácio de Santa Catarina
Acadêmica: Marina da Silva de Borba Prof.ª Orientadora: Júlia Fiuza Cercal
Junho de 2020
1.
A REFLEXÃO E AGRADECIMENTOS Logo no meu início no curso meu avô Mário, o “vozinho Mário” faleceu. Esse
sentimento perdurou comigo durante a graduação inteira. Até hoje eu e minha família sentimos a perda e nosso corpo assim como de todos que perderam alguém experimentam através da arquitetura funerária as lembranças do rito de despedida e ficam guardadas na memória. Eu demorei muito para encontrar um tema, mesmo arquitetura funerária estando dentre as opções eu não acreditava ser o “tema ideal”, se é que ele existe, Durante minha busca, cheia de erros, muitos mesmo, como sempre, eu entendi que nós, seres humanos, vivemos de ciclos, de resoluções. Então porque não encerrar minha fase de acadêmica com o tema que conviveu comigo durante todo o curso, desde o principio? Mórbido? Acho que não. E é esse “achar que não” que me levou a primeira reflexão perante a temática: Porque hoje encaramos a morte e assistimos a arquitetura da morte de uma forma contida? Porque a arquitetura da despedida não é coerente e respeitosa com as mensagens ricas de simbolismos desde a pré-história, sendo que a ocasião Morte coloca o ser humano em uma posição de muita sensibilidade? Porque não
1. A vó Emilian, minha “vozinha Mida” que sempre foi minha mãe também e é a
Eu não chegaria aqui sem a ajuda daqueles que desde o principio estão na minha
Agradeço aos meus amigos de curso que me acompanham nesse longa jornada, pelas trocas, pelo apoio e parceria, em especial ao “Amigos do Culto”.
mortos. Ao longo dos tempos a arquitetura para os espaços de morte foi por vezes
Aos professores por se empenharem, construírem um curso sólido e nos
enfatizando o caráter funcional em detrimento da dimensão sensível e simbólica que esses
proporcionarem grandes experiências, sempre terei memórias boas com vocês. Em
espaços possuem, porém os espaços destinados a morte, sejam eles cemitérios ou mais
especial a coordenadora e orientadora Júlia Fiuza, por durante todo meu processo ser
recentemente crematórios, são espaços que as pessoas se encontram fragilizadas, pela
muito mais do que uma professora, mas uma amiga e conselheira.
experimentação da dor.
Das amizades, destaco a Mari, minha amiga irmã, que sempre esteve presente
Hoje a morte assim como arquitetura funerária é vista como algo interdito,
em todos os momentos importantes na minha vida, me ajudando e apoiando, sou grata por
expulso do meio urbano, mas assim como todos os espaços edificados, a arquitetura
tudo que sempre fez por mim.
funerária deve satisfazer as necessidades de seus usuários e como um equipamento
Me sinto feliz de ter conseguido chegar até aqui, satisfeita com a escolha que eu
urbano essencial, merece ser dignificada e enxergada pela sociedade. A busca enfatiza como um projeto arquitetônico no cenário contemporâneo pode responder a isso através
fiz e criando forças para a próxima etapa. Obrigada a todos que estiveram sempre comigo. Amo vocês!
das novas práticas funerárias existentes Portanto este estudo inicia-se com referencial teórico acerca da relação do
Em memória de Mário Alves da Silva A arquitetura é muito mais que técnica, precede por sentimentos. Eu quis me desafiar a
especial a minha mãe, pai e irmã, pelo suporte e incentivo, pelas noites mal dormidas me
enxergar a dimensão sensível da
queixas.
rituais para a despedida e construiu lugares repletos de significados para destinar os
por ser minha âncora e por nunca desistir de mim.
vida, me dando suporte e amor, minha família e meus amigos. Meus agradecimentos em ajudando com os trabalhos, as maquetes e principalmente por aguentarem minhas várias
A morte sempre foi um tema inquietante para o homem que sempre utilizou
pessoa que eu mais admiro nesse mundo, a ela agradeço por todo afeto desde sempre,
podemos conviver com a realidade, morte, homem e cidade. E é isso que pontuo nessa primeira etapa do Trabalho Final de Graduação .
A RESUMO
arquitetura, que na maioria da vezes, é deixada em segundo plano.
02/11/1943 25/03/2015
homem com a morte, da relação das cidades com os espaços funerários e suas tipologias ao longo dos tempos e posteriormente com a investigação sobre a aplicação de aspectos simbólicos e sensíveis remetidos para a arquitetura funerária, da construção de uma atmosfera aplicada ao tema. Seguindo com a escolha e estudo do local e terreno para a
Palavras-chaves: Arquitetura; Morte; Simbolismo; Atmosferas
implantação da proposta, levantamentos das condicionantes físicas, sensíveis e legais e por fim os primeiros lançamentos para a proposta, que será retomada no TFG II.
.
A SUMÁRIO 01
02
03
Apresentação,
A Dimensão sensível:
O diálogo com a cidade
arquitetura
O encontro entre homem
A relação das cidades com os
Uma abordagem de significados
problemática, objetivos e
e morte
justificativa
Pág.
04 O Sagrado e as
Introdução
01 - 04
Pág.
05 - 24
espaços de morte
Pág.
25 - 46
atmosferas na
e fenomenologia
Pág.
47- 86
05 Análises arquitetônicas Estudos de caso
Pág.
11
87 - 114
12
Anexos proposta Fluxograma PN e Pré-dim
07
06 Análises Arquitetônicas Referenciais de projeto
Pág.
115 - 132
Critérios técnicos relativos as tipologias Pág.
133 - 138
08
09
O lugar
A proposta
Estudo do local e terreno
Conceito e Partido inicial
Pág.
139 - 172
Pág.
173 - 180
10
Croquis
Pág.
Evolução da proposta Pré-lançamentos
Pág.
181- 200
201 - 230
Considerações finais Cronograma Links úteis e Bibliografia Pág.
231 - 248
A morte e tudo que envolve seus rituais de passagem ainda
Ainda é pertinente explorar que a chegada do mundo moderno
desperta sensação de incômodo e repulsa em muitas pessoas. Entretanto,
acarretou em algumas modificações das relações de percepção e sensibilidade
faz parte do ciclo natural e biológico pelo qual todos os seres vivos
do homem com o meio em que vive, ocasionadas pelo volume e rapidez de
passarão, portanto precisa ser um assunto tratado com a importância que
informações, e com a Arquitetura Funerária não foi diferente, por vezes expulsa
merece.
do meio urbano, hoje é vista como algo interditado, a morte é validada como algo O tema escolhido emerge de uma inquietação da autora sobre o
ausente, excluído. Portanto, a Arquitetura Funerária, assim como outros espaços
pensar na arquitetura funerária como um equipamento urbano que assim
institucionais, cumpre uma função social importante nas cidades e precisa ser
como outro desempenha suas funções, mas que de certa forma vêm sendo
respeitada e planejada, ela lida com a dor, ainda de forma subjetiva, uma dor
negligenciado em diversas esferas, como a ambiental, a espacial e sensível.
espiritualizada, mas ainda assim, dor.
Apesar de ser um espaço destinado aos mortos, precede pela ocupação dos vivos.
1.
Os objetivos específicos para a produção das diretrizes são: •
arquitetura funerária, como exemplo os cemitérios, são construções
•
A palavra tanatório deriva do termo grego Thanatos, o deus grego da morte. O Tanatório é um equipamento funerário que reúne as valências necessárias à preparação dos mortos para a velação, como para a inumação ou cremação. Incluindo no seu programa também serviços de apoio como floristas, cafetarias, apoio psicológico e aconselhamento para as famílias. (ROCHA, 2013, p. 57)
debatido pelo meio acadêmico e direcionado a arquitetura funerária, vislumbrando soluções para torna-los espaços mais humanos e acolhedores. O objetivo geral da pesquisa é propor diretrizes de anteprojeto
cidades continuarão crescendo, por tanto é relevante pensar em soluções
arquitetônico e paisagístico de um Tanatório na Grande Florianópolis. Rocha
para que esses espaços cumpram com sua função. Segundo Machado
(2013) define tanatório como:
Clarificar a ideia dos espaços de morte (tipologias existentes e novas possibilidades);
A humanização desses espaços ainda é assunto pouco difundido no
antigas que não cumprem mais a sua finalidade básica, as inumações. As
Adquirir embasamento teórico sobre quesitos simbólicos e técnicos relativas a temática abordada;
meio arquitetônico, relevante em espaços hospitalares, deve portando ser No que se refere a arquitetura os espaços pertencentes a
INTRODUÇÃO
•
Estudar referenciais projetuais a fim de entender quesitos espaciais, legais e técnicos;
•
Desenvolver programa de necessidades, pré-dimensionamento, fluxograma e as demais etapas de estudo preliminar;
•
Lançamento de diretrizes e projeto arquitetônico em nível de partido geral
visando a continuidade na disciplina de TFG II. A metodologia de pesquisa é de caráter exploratório, considerando formas de pesquisas bibliográficas e questionário aplicado. A pesquisa será realizada em duas
(2014) são edificações que em sua maioria estão saturadas e passam por
etapas, sendo a primeira destinada a fundamentação teórica para entendimento do
diversos problemas, de espacialidade, ambientais etc., tornando-se
tema e posteriormente os estudos de caso para entendimento espacial, sensível e
necessário a busca de concepções contemporâneas para a produção deste
técnico dos espaços destinados a usos similares ao de objeto de estudo.
equipamento urbano.
01
02
Portanto, o teor da pesquisa busca identificar: Como a Arquitetura Contemporânea é capaz de expressar e dignificar os espaços da morte? É capaz de manter a simbologia inerente a morte e o caráter espacial destinado à memória e o culto a saudade mesmo numa perspectiva contemporânea? Como a arquitetura funerária pode revelar a morte para o homem e para a cidade?
03
04
2. A DIMENSÃO SENSÍVEL O ENCONTRO ENTRE O HOMEM E A MORTE
05
06
Antes mesmo de buscar compreender a configuração
Desde a origem do mundo e no decorrer da
física dos espaços destinados aos ritos de morte, é vital o
história o homem institui a prática de cultuar seus
entendimento das relações do homem perante a morte, para fazer-
mortos. Segundo Oliveira (2014), em vários momentos, em
se claro o entendimento da configuração arquitetônica dos
diferentes civilizações, independente de cultura ou
espaços de morte adotados por cada povo em determinados
localização criou-se símbolos e rituais para recordar e
intervalos no tempo. Sobre a definição de crença, Santos(2015)
respeitar os mortos, lidando com a perda fundamental de
atribui:
forma equilibrada entre céu e terra, entre dois mundos. [...] se constituiria por um padrão de significados transmitido historicamente, incorporado em símbolos, um sistema de concepções herdadas expressas em formas
2. A DIMENSÃO SENSÍVEL O ENCONTRO ENTRE HOMEM E MORTE
Rocha (2013) contribui dizendo que independente de cultura e religião a certeza da finitude e da morte
simbólicas por meio das quais os homens comunicam,
como local inacessível aos vivos passa a ser partilhada,
perpetuam e desenvolvem seu conhecimento e suas
sendo a morte, tema que sempre inquietou o homem,
atividades em relação à vida. (SANTOS, 2015, p 32-33
buscando mecanismos de reposta frente ao “enigma”.
apud GEERTZ,1989, p. 66)
Busca-se o entendimento das crenças perante a sociedade e as religiões para compreender quais são as implicações nos espaços destinados aos ritos de morte, sendo eles o cemitério, o crematório e por fim o tanatório.
07
08
2. A DIMENSÃO SENSÍVEL : O ENCONTRO ENTRE HOMEM E MORTE Muito antes da pré-histórica, no período Neolítico, (Milênio XIII), o homem já acreditava na vida além da morte, já praticava seus ritos de sepultamento. Conforme mencionando por Rocha (2013) os gregos eram crentes na imortalidade dos deuses, acreditando que os mortais
De acordo com Ariès, a Figura 1 representaria a maneira do bem
No contexto de modernidade, a morte passa a ser
morrer nos séculos XV e XVI, não tratando-se exatamente como o juízo
vista de forma medicalizada e racional e os rituais fúnebres
final, a balança, onde seriam pesados o bem e o mal, apesar de a imagem
passam a ser de responsabilidade de empresas
sugerir essa conotação Nos séculos XIV e XV a vida sob ordens religiosas
especializadas, não mais do morto e familiares, nem de
torna-se definitiva. Nos séculos XV e XVI o cortejo absorvia outra função
figuras religiosas.
importante nos funerais: a do luto, sendo uma procissão em que
eram destinados ao sono eterno, já os egípcios cultuavam a crença da
participavam figurantes, o clérigo, amigos e familiares.
imortalidade, da reencarnação, em uma vida extraterrena.
Assim são contratadas empresas funerárias que cuidam do falecido, vestem, colocam nas urnas, enfeitam,
A partir do século XVI as representações macabras (Fig.2) da
colocam flores. São elas que também organizam os velórios,
morte perderam a carga dramática, e o cadáver decomposto substituído
agora em locais neutralizados e assépticos, em contraponto
corpos à igreja, onde eram esquecidos. O autor ainda revela que na
pelo esqueleto. Ariès (1977) acrescenta que no final do século XVII surgiram
às residências como nos costumes tradicionais, sendo que
antiguidade, apesar da familiaridade com a morte, temia-se a
os primeiros sinais de intolerância com a mescla de vivos e mortos, e a
proximidade com essa, mantendo-a distante, isso refletia na disposição
partir do século XVIII uma nova sensibilidade surgira, trazendo os
dos cemitérios, sendo esses construídos distantes dos centros.
mortos para perto.
Para Ariès (1977), os cultos funerários na antiguidade seguramente foram desaparecendo, pois o Cristianismo abandonava os
De acordo com Ariès (1977) do século XVI ao século XVIII, a
A morte tornou-se o lugar em que o homem melhor tomou consciência de si
morte é esperada no leito, em casa, como uma cerimônia pública,
mesmo. [...] A partir do século XVIII, o homem das sociedades ocidentais
organizada pelo próprio moribundo, com controle total de sua situação.
tende dar à morte um sentido novo. Exalta-a, dramatiza-a, deseja-a
se conta ainda com o serviço de mestres de cerimônia para ajudar nas palavras de adeus. (SANTOS, 2015, p. 40)
impressionantemente e arrebatadora. Mas, ao mesmo tempo, já se ocupa
Indica ainda que nessa época os ritos eram cumpridos de forma
Figura 1: Livro Ars Morindi
menos de sua própria morte, e, assim, a morte romântica, retórica, é antes
cerimonial sem gestos de emoção em excesso, sendo atribuída por ele
Fonte: Ariès, 1977
de tudo a morte do outro – o outro cuja saudade e lembrança inspiram, nos
como a morte domada.
séculos XIX e XX, o novo culto dos túmulos e dos cemitérios. (ARIÈS, 1977, p. 59)
09
10
Figura 2: Representação da Dança Macabra – 1518 Fonte: Site R7, 2018
2. A DIMENSÃO SENSÍVEL : O ENCONTRO ENTRE HOMEM E MORTE
Consoante a isso, Santos (2015) afirma que
Souza (2019) afirma que no atendimento a pacientes em luto,
essa mercantilização dos ritos fúnebres evidencia a
Sobre os rituais da morte, Souza (2019) ainda complementa
percebe-se que as pessoas enlutadas manifestam de forma ritualística
De acordo com Santos (2015) apud Harvey (2012), na era pós
especularização e competição mercantil. As cerimônias
dizendo que eles funcionam para contextualizar a experiência,
esse luto, em visitas a cemitérios, cartas escritas para a pessoa
moderna, com a “compressão tempo-espaço”, a estética supera a ética,
por sua vez ocorrem de forma mais discreta, os
indicando a transição do ciclo de vida, oferecendo a família “o
morta, alertando assim, que o luto sugere uma ação ritual diante da
sendo o foco principal da preocupação social e intelectual. A estima
símbolos da morte não são evidenciados no cotidiano da
suporte da sensação de pertencer a uma cultura capaz de
perda da morte e suas manifestações, como forma de significar a
absoluta pela imagem, criara um novo ritmo de vida social e cultural, uma
cidade e o luto é contido. Nas cidades não são
proporcionar respostas previsíveis num momento em que o choque
perda.
nova ordem econômica: a sociedade do consumo. Isso reflete no padrão
observados, como antes, os cortejos fúnebres que se
da perda deixa-a entorpecida.” (SOUZA, 2019, p. 5). (...) os ritos devem ser sempre considerados como conjunto
de escolhas e atitudes perante a morte, modifica-se a relação do homem
destinam do velório ao cemitério.
de condutas individuais ou coletivas, relativamente codificadas, com um suporte corporal (verbal, gestual, ou de
com a morte e as intenções de mercado também. Os antigos signos da morte, como os esqueletos, sumiram do mundo moderno, dando espaço agora a um aparecimento insólito de um
tendendo a negação da morte, a supressão do luto, que é visto como
simbólica para seus atores e, habitualmente, para suas
indigno e vergonhoso. Esse assunto será discutido posteriormente.
baseadas
em
uma
adesão
mental,
escolhas sociais julgadas importantes e cuja eficácia
sobrenatural. “Todo ente querido com o qual estabelecemos uma
esperada não depende de uma lógica puramente empírica que
grande intimidade nos impregna, nos transforma. Sob o efeito de
se esgotaria na instrumentalidade técnica do elo causa-efeito. Figura 3: Bem Velados Fonte: Site Luna Funerária, 2020
uma emoção particularmente intensa, em seguida a um falecimento, por exemplo, pode-se produzir uma dicotomia¹, de
e sensível e, por assim dizer, a desenvolver-se ainda por conta
própria. (ARIÈS, 1977, p. 274)
Até sec. XIII: ESPONTÂNIEDADE
(SOUZA, 2019, p. 2 apud RIVIERE 1997, p. 30)
Séc.. XIII – XIX: RITUALIZAÇÃO | DOLORISMO
maneira que o diálogo ilusório de si para si, é um verdadeiro maneira a viver e a prosseguir em nós sua vida intelectual, afetiva
O luto ao longo da história
eventualmente não conscientizada, a valores relativos a
No século XIX cria-se então um modo de sobrevivência sem o
diálogo de si com o outro, enquanto ente querido... continua desta
perda, na civilização ocidental, é cada vez menos ritualizada,
postura), com caráter mais ou menos repetitivo e forte carga testemunhas,
inválido, espetado por tubos e agulhas, condenado a uma vida vegetativa.
Consoante a isso Domingos; Maluf (2003) indicam que a
Segundo Souza (2019) apud Augras (1984), é o homem que Figura 4: Cinzas em Diamantes Fonte: Site Luna Funerária, 2020
traça caminhos a serem ultrapassados, uma passagem, estabelecendo ligações entre as partes, cria a ponte, que traz a continuidade à vida.
11
12
Séc.XIX - Contemporâneo: INTERDIÇÃO
Diagrama da linha do tempo do luto. Manifestação de Ariès (1977) Elaborado pela autora, 2020
2.1 A morte no Brasil De acordo com Machado (2012), de forma geral os ritos fúnebres em De acordo com Tavares (2011), no Brasil
Com o advento do mercado funerário, alguns aspectos
colonial (século XVI-XIX), assim como no restante do
são encontrados no Brasil, tais como, empreendimentos de luxo
Ocidente, a morte era vista com as pessoas sendo
para a hora da despedida, serviço de buffet e até o tradicional
veladas em casa e enterradas em solo sagrado, nas
bem-casado ganha sua versão funerária: bem-velado.
igrejas. No contexto pós moderno, a morte passa a
De acordo com a autora supracitada, os ritos de morte,
ser percebida como tabu, os ritos fúnebres são
mesmo nesse contexto racional, continuam acontecendo. A
minimizados, como atribui Santos (2015), isso se deve
cidade de São Paulo é analisada em seu estudo de caso, onde
ao fato de que agora o indivíduo passa a ser visto
vemos que alguns rituais ainda resistem e se mostram
como não producente nem consumidor, portanto,
significativos, tornando os espaços cemiteriais palcos para
percebe-se a crença da finalidade de sua existência
representações culturais.
na terra.
Florianópolis assim como em Santa Catarina, eram iguais aos do restante do Brasil, a autora aponta que nas documentações pesquisadas não é possível identificar com detalhes os costumes fúnebres praticados na cidade. Salienta que no século XIX o costume de visitar o moribundo em seu leito de morte, praticado por familiares, de recomendar chás e cozimentos. Chamava-se o vigário para ministrar os sacramentos e, no caso de sua ausência, o pároco ou sacerdote da irmandade da qual o moribundo fazia parte.
2.2 A morte em Santa Catarina e Florianópolis
Consoante a isso, Tomasi (2013) detalha que os ritos fúnebres que aconteciam na ilha de Santa Catarina no decorrer do século XX, eram bastante peculiares.
A morte-renascimento é o ideário cristão para a
[...] alguns deles bastante peculiares e incomuns em outras localidades
Santos (2015) afirma que a ligação dos
produção de seus diversos ritos, a religião baseada na salvação
rituais de morte são determinados como costumes
e horror à morte, o Cristianismo, segundo Santos (2015, pg.67)
coberta d’alma. Assim, realizar a extrema-unção, tocar os sinos de
ocidentais-cristãos e que as relações do Brasil com a
de víeis católico, herdado da colonização portuguesa, regerá por
morte, velar o corpo durante 24 horas, encomendar o morto na igreja,
morte não são hegemônicas.
tempo os costumes funerários no Brasil.
posteriormente enterrá-lo, avisar a comunidade sobre a morte através
do Brasil, como a celebração do Natal das almas do purgatório e a
do obituário no jornal e entregar a lembrancinha de missa de sétimo dia são alguns exemplares dos rituais fúnebres, que se caracterizam, em grande medida, pela estreita relação com a religiosidade, em
especial
com
o
catolicismo,
bastante
florianopolitanos. (TOMASI, 2013, p. 2016)
13
14
difundido entre os
2.2 A morte em Santa Catarina e Florianópolis Chegada à morte, era hora da preparação do corpo, e até o século XX era comum na cidade o banho do cadáver, feito geralmente
Percebe-se que a visualização, interpretação e
por quatro familiares, seguido da vestimenta da mortalha. Os velórios
simbologia inerente a morte, é atribuída aos povos através de
eram, em sua maioria, realizados em casa, podendo ser feito também
crenças e da religião, portanto, ela é inseparável dos ideais da
na igreja matriz.
morte perante os povos. De acordo com Ariès (1977), no decorrer
Com a vontade das autoridades políticas e dos clérigos, os
do século XIX, o catolicismo desenvolveu expressões sentimentais,
sepultamentos passam a não ser mais realizados dentro dos templos
das quais estabelece-se certa distância no século XVIII. Porém,
sagrados. Essa decisão visava, além das questões de saúde pública, o
isso indica que o caráter exaltado dos cultos aos mortos não é de
pensamento de que essa prática não fazia bem ao morto, contrariando o imaginário coletivo existente de que o melhor para a alma era sepultar e permanecer dentro da igreja. Havia também o discurso que contemplava o interesse pelo embelezamento e limpeza da civilidade. Concomitantemente ao que foi exposto, Tomasi (2013) indica que, no final do século XX, início do século XXI, alguns dos antigos ritos de morte, persistiam e ainda persistem em Florianópolis, como o fato de que no dia de finados as famílias visitam o cemitério, ritualizando as práticas de limpeza e manutenção das sepulturas e culto a memória. Nessa época do ano, o cemitério torna-se um ambiente enfeitado, movimentado e colorido, com maior variedade de velas, flores e artefatos decorativos para homenagear os mortos.
Figura 5: Cemitério do Itacorubi/Florianópolis em dia de Finados Fonte: Tomasi, 2013
origem cristã e sim positivista; os católicos filiaram-se a ele em
2.3 A indissociação morte e religião
seguida, tendo assimilado com uma perfeição que acreditava-se ter nascido deles.
Segundo Tomasi (2013) percebe-se a massiva visitação
A Igreja me interessa mais como indicador e revelador
em datas específicas ficando invisíveis no restante do ano.
de sentimentos despercebidos do que como grupo de
Conforme aponta Machado (2012) apud Rodrigues
pressão que terá comandado os sentimentos e suas
(2006) e também por Tomasi (2013) além dos ritos
origens. A meu ver, as grandes oscilações que arrastam as mentalidades – atitudes diante da vida e da morte-
permanentes, outros foram inseridos na cultura ocidental, no
dependem de motores mais secretos, mais subterrâneos,
Brasil e em Florianópolis não foi diferente. Surge a terceirização
no limite do biológico e do cultural, ou seja, do
da morte com o discurso de neutralizar esse momento para os
inconsciente coletivo. (ARIÈS, 1977, p. 277)
familiares. Ainda explicita que além dos cemitérios surge novas formas de destinação dos corpos, como o crematório.
15
16
Vieira (2010) ao dizer que “e se para os católicos o local de velório e a despedida tradicional é na igreja/capela, para os ateus, por exemplo, é necessário que existam espaços laicos para realização
RELIGIÃO | DOUTRINA
destas cerimónias” (VIEIRA, 2010, p. 57), a sociedade do século XX tornou-se menos crente e, devido a essa diminuição do ímpeto religioso, as pessoas desejavam, e ainda desejam, cada vez mais as cerimonias de despedidas laicas.
CATOLICISMO
Segundo Ariès (1977), é o inconsciente coletivo que impulsiona forças psicológicas elementares. O culto
Conforme entendido por Nascimento (2004), de forma geral,
moderno aos mortos é o culto da lembrança, ligada ao
cristãos, islâmicos e judeus acreditam que após a morte existe
corpo. É o único culto assimilado tanto pelo ateu como
ressurreição. Já os espíritas acreditam na reencarnação. Algumas
pela igreja, entre crentes e descrentes.
ESPIRITISMO
PROTESTANTISMO
doutrinas acreditam que as pessoas podem renascer no corpo de animais ou vegetais. Conforme apontado por Rocha (2013), é natural
A seguir um quadro síntese das religiões com
associarmos a morte à religião, e cada uma reintegra suas formas de
maior número de praticantes em Santa Catarina,
cultuar seus mortos, os ritos, realizando as cerimônias sagradas. No
conforme IBGE 2010.
EVANGELISMO
INTERPRETAÇÃO DA MORTE A morte é passagem, porta para a ressurreição. Não creem em reencarnação, corpo e alma são indissociáveis. Ritual de despedida: velar o corpo, precedido por orações de padre. A morte não existe. Acredita-se na eternização do espírito. Na reencarnação como forma de evolução do espírito. Não admitem o luto, pois não acreditam no fator morte. Ritual de despedida semelhante ao catolicismo: corpo velado, sepultado ou cremado. Orações para orientação ao mundo espiritual. A morte é passagem, porta para outra vida, em comunhão com Deus. Não creem em reencarnação. Ritual de despedida: acontece como no Catolicismo e Espiritismo, as homenagens são feitas para a família do morto. Enfatiza a existência do céu e da vida eterna. Crentes na ressurreição somente quando Jesus voltar a Terra. Os que morreram sem Cristo receberão um corpo e passarão a vida no inferno, Ritual de despedida: velório, procissão e enterro.
primeiro capítulo, por vezes, foi indissociável a visão cristã perante os
Figura 6: Quadro síntese: Religiões e os ritos de despedida.
ritos.
Fonte: Elaborado pela autora, 2020 Apesar das diferenças, a determinação dos limites entre a vida e a morte é regida, no Ocidente, por uma lógica análoga à construída por outras culturas. Na sociedade ocidental moderna, vida e morte podem ser concebidas segundo posicionamentos religiosos, fundamentalmente pautados pela tradição judaico-cristã. (MENEZES, GOMES, 2011, p. 79 apud DUARTE & GIUMBELLI, 1994).
17
18
2.4 A morte interdita Conforme exposto anteriormente, a perda na civilização ocidental é cada vez menos ritualizada, tendendo a negação da morte, a supressão do luto, que é visto como indigno e vergonhoso. O medo do
homem perante a morte e o medo de uma vida não vivida plenamente, a negação diante da morte é um “tabu” que está se consolidando. Para Ariès (1977) durante um longo período de tempo a atitude diante da morte modificou-se, de forma lenta, sem a sociedade se dar conta. A morte, que era tão presente no passado, agora, vai se apagar e desaparecer, tornando-se objeto de interdição, conforme a
De acordo com Santos (2015) a morte como tabu é reflexo
Sobre a interdição da morte em cemitérios Oliveira (2014)
das relações sociais que iniciaram com a modernidade trazida pela
indica que com a dessacralização da morte procura-se formas de
Revolução Industrial.
camufla-las do cotidiano, mas deve-se planejar e pensas nesses espaços e sua relação com a paisagem urbana, já que, dificilmente
Portanto mesmo com sua interdição, no dia de finados, uma
consegue-se alterar seu uso.
tradição católica, a morte ganha destaque nas cidades, e o interdito dela, uma pausa. Percebe-se então, segundo Santos (2015),
O reflexo desse pensamento pode ser notado na
paradoxalmente é evidenciada nesse dia e que situações são criadas
representação dos túmulos nos atuais cemitérios, todos padronizados, repetitivos, sem uma presença cultural e com a
para que, ao mesmo tempo em que o espaço está servindo para
ausência de símbolos. Esse imaginário (ou ausência dele) da
homenagear os mortos, ele não evoque a morte com o uso do
Figura 7: Dia de Muertos – visitação nos cemitérios – México Fonte: Site Maria Helena, 2020
comércio e shows ou cultos ecumênicos orientados.
morte permite amenizar a vizinhança a um cemitério.
(OLIVEIRA, 2014, p. 3 apud REZENDE ,2006, p. 133)
O processo de interdição da morte sofreu alterações pelas
seguir: Evitar não mais ao moribundo, mas à sociedade, mesmo aos
modificações dos ritos funerários, como a cremação, o desaparecer
que o cercam, a perturbação e a emoção excessivamente
no corpo. Para Ariès (1977) a cremação excluí a peregrinação, pois
fortes, insuportáveis, causadas pela fealdade da agonia e pela
uma vez esvaziada a morte perde-se a razão da visitação do túmulo.
Para Ariès (1977) a mesma pessoa que terá vergonha de
simples presença da morte em plena vida feliz. [...] Nada
Contribui exemplificando a Inglaterra, na qual a visitação aos túmulos
falar da morte ou de um morto muito recentes, irá sem complexos ao
continua acontecendo, mas a visitação as urnas de cinzas não.
cemitérios levar flores ao túmulo de seus pais, tomará as providências
mudou ainda nos ritos de morte, que são conservados ao menos na aparência, e ainda não se cogita em muda-los, Mas já se começou a esvaziá-los de sua carga dramática. (ARIÈS, 1977, p. 83)
para garantir um jazigo sólido e firme, onde seus herdeiros fixarão seu
Sobre a América, Ariès (1977) indica que alguns ritos
retrato esmaltado e indelével. “Hoje, a morte é uma comédia – muitas
foram mantidos e outros se modificarão, porem conserva-se Figura 8: Dia de finados – visitação em um cemitério em Porto Alegre/RS Fonte: Site UOL, 2014
velórios e visitas.
19
20
vezes dramática – onde se representa o papel daquele que não sabe que vai morrer” (ARIÈS, 1977, p. 220)
2.5 A morte em situações de pandemia
Com isso, as práticas funerárias nesse momento estão se
De maneira geral e no que concerne a arquitetura funerária em
Ainda sobre a morte encarada na contemporaneidade vale
modificando em partes, alguns países não permitem mais os
Santa Catarina e na Grande Florianópolis, a pandemia não ocasionou a
ressaltar aspectos ligados a arquitetura funerária em situações de
cerimoniais de despedida, evitando a contaminação, outros como o
De acordo com Peduzzi (2020), em publicação pela
pandemia no cenário atual, em que este trabalhado é desenvolvido.
Brasil estipula quantidade máxima de familiares e velórios mais
Agência Brasil, as empresa funerárias elaboraram um protocolo de
Em dezembro de 2019 a China descobriu um novo vírus, Covid-19, que
rápidos, Bertoni (2020) contribui com as afirmações:
procedimentos visando minimização do risco de contágio durante as
A covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, tem
se alastrou pelo mundo, acarretando em um elevado número de
interferido inclusive na forma como as sociedades lidam
mortos. Com isso, a capacidade de hospitais, crematórios e
mesmo utilização de necrotérios temporários. No Estado portanto foram implementadas as resolução determinadas pela Agência Brasil, com o controle de familiares no
atividades funerárias
velório, urna fechada e a proibição da tanatopraxia², e do cortejo fúnebre
com seus mortos, criando novas regras para velórios e
cemitérios não consegue atender a demanda constante e acentuada
abertura de covas coletivas nem o transporte massivo de corpos ou até
em vítimas da Covid-19.
sepultamentos. (BERTONI, 2020).
de corpos.
Figura 9: ITALIA Fonte: Site O Globo, 2020
Figura 11: BRASIL
Figura 10: EUA Fonte: Site UOL, 2020
CAPACIDADE INSUFIENTE DE CREMATÓRIOS
Fonte: Site Exame, 2020 SEPULTAMENTOS COLETIVOS| TRINCHEIRAS
NECROTÉRIOS TEMPORÁRIOS
TRANSPORTE DE CORPOS EM CAMINHÕES FRIGORÍFICOS
SEPULTAMENTOS COLETIVOS| TRINCHEIRAS
21
22
NOVAS REGRAS PARA OS RITUAIS DE DESPEDIDA
2.6 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS
Percebe-se que a evolução e transformação do que se pensa a respeito da morte e o que foi apontado na problemática inicial da pesquisa existe: A interdição da morte para a vida. A chegada no mundo moderno afetou a percepção e a relação do homem com a morte, logo com os espaços destinados a ela. Conclui-se, portanto, a relevância de trazer a temática para uma reflexão contemporânea acerca das novas práticas funerárias, que podem contribuir para esse esvaziamento, pois o reflexo da relação do homem com a morte retrata a arquitetura da morte, contribuindo para efeitos psicológicos danosos ao ser humano e seu processo de luto. Percebe-se num contexto regional que a ritualização da morte ainda continua quando essa se encerra, com a visitação dos espaços em dias específicos. Com a conclusão dessa breve exploração da dimensão sensível da morte, segue-se o capítulo que trará as relações e reflexos desses espaços nas cidades.
23
24
3. O DIÁLOGO COM A CIDADE A RELAÇÃO DAS CIDADES COM OS ESPAÇOS DE MORTE
25
26
3. O DIÁLOGO COM A CIDADE: A RELAÇÃO DAS CIDADES COM OS ESPAÇOS DE MORTE
3.1 A Evolução Da Arquitetura Funerária - Simbolismos E Subjetividades
Conforme Oliveira (2014) apud Mumford (1998) os
mortos foram os primeiros a dispor de morada permanente, cavernas, uma cova sinalizada com pedras e túmulos coletivos. O homem institui marcos para retornar os vivos, comungando os espíritos ancestrais ou mitigando-os. Segundo Castro (2012) apud Edgar Morin (1970) e Louis-Vincent Thomas (1983), o principal traço de hominização é o fato do homem ser o único ser que cultua os mortos e se preocupa com seu destino: “Tal condição torna a ritualização da morte, suas representações e espacialização,
uma das importantes fontes para a análise das relações Compreendida as relações culturais, religiosas e ritualísticas
humanas.” (CASTRO, 2012, p. 136). As práticas funerárias
do homem perante a morte ao longo do tempo, o presente componente
evoluíram no decorrer do tempo e conforme Campos (2007)
da pesquisa apresentará o contato da arquitetura com a morte e a
apud Pacheco (2000) existindo sempre a preocupação do
evolução de sua representação, corroborando no entendimento da
homem com a destinação dos corpos levando em
morte e da reflexão do pensamento contemporâneo refletido nos
consideração as crenças, a condição econômica e social.
espaços destinados aos ritos de morte.
27
28
3.1 A Evolução Da Arquitetura Funerária - Simbolismos E Subjetividades
Surgiram os primeiros cemitérios
A cremação era praticada, porém a inumação predominava
Na antiguidade, conforme visto na obra de Ariès (1977 ocorria o distanciamento com os mortos, a arquitetura funerária passa a ser distante dos vivos:
De acordo com Pacheco (2000) o sepultamento teve início em 10.000 a.C., com sepulturas construídas dentro de grutas; 4.000 a.C. até os 2.000 a.C. :enterramentos isolados ou em série, no solo, em grutas, em fossas, nas chamadas casas sepulcrais e em construções megalíticas.
No ocidente do Nilo (5.000 a.C.), os cadáveres eram colocados em fossas em meio as habitações. De acordo com Campos (2007) Na Expostos Como Arte: Igreja Santa Maria Della Idade Média, ao Concezione dei Cappuccini em Roma século XVIII, volta-se a sepultar em cemitérios localizados nas cidades ou em igrejas mosteiros, Figura 15: Crânios e Membros
Figura 13: Pirâmide de Gizeh (Egito). Fonte: BNDigital do Brasil Fonte: Biblioteca Digital Luso-Brasileira, 2020 .
Com a vontade dos faraós de protegerem
as sepulturas, essas passaram a ser protegidas por construções de tijolos e outros materiais. Surge no Egito, as pirâmides, como túmulo do faraó, as pirâmides de Gizeh, segundo Pacheco (2000)
Fonte: Site Roma Pra Você, 2020 . Figura 12: Megalítico de Stonehenge, Salisbúria (Grã-Bretanha)
Conforme Ariès (1977) durante a Idade Média, e nos séculos XVI e XVII, até o Século das Luzes, em XVIII, o espaço cemiterial era constituído do pátio retangular da igreja, com paredes guarnecidas por arcadas ou carneiros, nas galerias ficavam os ossários, crânios e ossos eram exposto como obra de arte.
Sequentemente a proibição dos sepultamentos em templos, por ocasião da teoria dos miasmas, que nada mais é do que o isolamento dos mortos para proteção dos vivos perante às doenças.
Posteriormente, com a dispersão do
Fonte: Pacheco, 2000
Como descrito por Pacheco (2000), essas construções megalíticas registram
Cristianismo, o sepultamento fez-se presente e os
uma série de práticas mortuárias, como a inumação e cremação, as mumificações. Para
cristãos passaram a sepultar seus mortos em
Oliveira (2014) apud Rezende (2007) o permanecer dos mortos nas cavernas enquanto o
catacumbas ou outras formas de sepultamento
homem pré-histórico buscava alimentos fez com que “as cidades dos mortos
Figura 14: Geometria das Catacumbas
precedessem à cidade dos vivos”.
Fonte: Campos, 2007
subterrâneo, como os covai.s
29
30
Figura 16: Cemitério Público em Florianópolis Fonte: Site G1, 2016
No final do século XVIII, “os cemitérios retomam seu lugar nas cidades, de forma física e moral, no qual havia perdido no início da idade média, mas que havia ocupado durante a antiguidade.” (ARIÈS, 1997, p.76). Com essa retomada, surgem os cemitérios parques em terras inglesas e francesas Campos (2007) discorre sobre o surgimento dos cemitérios individualizados, que surgiram no final do século XVIII, formados por caixões individuais e sepulturas para famílias
3.1.1. Visões e Arquitetura de Espaços de Morte – Do Moderno
3.1 A Evolução Da Arquitetura Funerária - Simbolismos E Subjetividades Mas é fato que a cremação sofre ainda resistências. Na construção da oposição sofrida pelos crematórios pode estar a forte presença
Para Castro (2012) o fato da ruptura com a morte revela que, na contemporaneidade, o desfazer da morte
Para Castro (2012) a morte ainda necessita impor-se em seus
no imaginário da morte da necessidade de um lugar do sepultamento
espaços, como o cemitério que é um local de crenças e de diversas
para a eternização, ritualização e devido descanso das almas. Pode
expressões do sagrado, materialização da finitude humana, estando
ainda ser importante pensar a sobrevivência de dogmas como a
necessidade de dar ao morto um lugar individual de
ressurreição dos mortos, defendida pelo cristianismo, no qual o
memória. Ainda, que os crematórios contemporâneos têm
corpo feito em cinzas poderia ser um impeditivo. É bem verdade que
nos projetos arquitetônicos valores como paz e sobriedade e
sujeitos a evoluções e transformações. É fato que, cada vez mais, os nossos mortos são deixados em lugares que se perdem na paisagem, instalados em jardins ou em prédios que parecem comerciais. Um modo de convivência com a morte que foi histórica e socialmente construído, que difere de outras formas de perceber e lidar com o morto. (CASTRO, 2012, p. 138)
Oliveira (2014) apud Motta (2009) afirma que nas sociedades
à medida que a morte foi novamente expulsa da cidade, tal como
ocorreu com o fim dos sepultamentos dentro das igrejas e que décadas depois moveu a retirada ou desativação de cemitérios que
sugere a cremação como rito mais intenso, já que não há
espaços para contemplação, fazendo sumir os vestígios da morte. Dessa forma, a cremação se estabelece como forma
foram engolidos pela urbanização, os mortos passaram também a
de lidar com a morte de forma racional, tendo cerimônias
repousar em túmulos que pouco lembram a morte. Mas apesar do
que priorizam algo contido e asséptico.
ao Contemporâneo Na Itália, surge o exemplar com o Cemitério de San Cataldo, projetado por Aldo Rossi, proposta de ampliação para o antigo cemitério de Cesare Costa. De acordo com Rocha (2013), Composto de três volumes principais, de geometria simples, sendo o primeiro O Cubo, concebido para ser sacrário dos mortos em guerra, porém, conforme figura 16, a obra está inacabada, sem andares, telhado e sem caixilhos nos vãos.
afastamento da morte, muitos são os que ainda recorrem a seu espaço e a seus túmulos, como nos dias de Finados, para ritualizar a saudade, entre as referências de memória do morto. (CASTRO, 2012,
Produzindo referências visuais e sendo suporte de crenças e
p. 146).
desejos, a arquitetura funerária propõe novas maneiras de
ocidentais sempre existiu a busca pela preservação e guarda dos vestígios
ritualizar a morte, formando a céu aberto uma geografia
dos mortos, por meio de construções de túmulos, como nos primeiros
De acordo com Oliveira (2014), os cemitérios
simbólica, distribuindo e representando espacialmente com
cemitérios, seja em versões contemporâneas, como os cemitérios jardins
existentes na atualidade na maioria das vezes são
anjos, santos, cruzes, túmulos, a morte fora das paredes da
ou verticais.
construções do século XIX que não desempenham sua
Igreja, sendo expressão de nossa relação com a morte. [...] na sociedade ocidental, que tenta minimizar muitas vezes esse
finalidade básica, as inumações. Estão saturados e
choque, escondendo a dor, convertendo estes lugares em
apresentando diversos problemas que geram impactos
locais assépticos, neutralizados. (CASTRO, 2012, p.140 apud
negativos nas cidades e seu ambiente.
MASSAD; YESTE, 2006, p. 140)
31
32
Figura 17: Cemitério de San Cataldo, 1972 – Moodena, Itália Fonte: Site Archdaily, 2012
3.1.1. Visões e Arquitetura de Espaços de Morte – Do Moderno ao Contemporâneo De acordo com Rocha (2013), Skogskyrkogarden foi o
Para Rocha (2013) além do memorial individual (o crematório),
Por se tratar de um espaço de cunho ecumênico os
primeiro cemitério estabelecido na Suécia durante a primeira
preso ao vínculo emocional, buscou-se uma ligação universal e simbólica
responsáveis pelo projeto, decidiram então atribuir a
metade do século XX, devolvendo a prática da cremação. Esse
entre a morte e natureza.
dependência do simbolismo à natureza:
[...] No século XIX, o cemitério suburbano, concebido como um
ressurgimento da cremação na Suécia, ao mesmo tempo que
anexo urbano em forma de parque, refletia o vazio que surgiu
intensifica a rejeição moderna da morte devido a localização
em consequência da crise espiritual. Da mesma forma, os
afastada do centro da cidade, é também a busca racional da
arquitetos suecos reagiram tentando imbuir os novos
eliminação da presença física do corpo.
cemitérios fundamentalmente de conteúdo espiritual, baseados na experiência humana, mais que no simbolismo doutrinal. (ROCHA, 2013, p. 40)
Figura 18: Geometria Cemitério de San Cataldo, 1972 - Modena, Itália, Aldo Rossi Fonte: Rocha, 2013
Posteriormente
surge
o
volume
composto
Figura 19: Cemitério de Skogskyrkogarden/Suécia
Figura 20: Crematório de Skogskyrkogarden/Suécia
Transcendendo qualquer dependência de iconografia cristã tradicional, confiaram em primeiro lugar nos
atributos da paisagem — colinas e vales, terra e céu, bosque e clareiras — para evocar associações de morte e renascer numa paisagem de dimensões físicas. A forma arquitetônica é rasgada pelos raios de sol, por entre os altos pinheiros, que revelam os túmulos distribuídos ordeiramente por entre a natureza.
de
(ROCHA, 2013, p. 41)
paralelepidos, que formam a espinha dorsal do projeto e criam uma série de corredores. Esses volumes reduzem a largura no
BRASIL
decorrer do eixo, referente a altura aumenta no que vai se
Por influência dos portugueses, os sepultamentos eram
aproximando do cone, como analisado por Rocha (2013) “o cone é a chaminé de uma fábrica deserta, onde termina o percurso entre os ossuários”. (ROCHA, 2013, p. 47). O cone é o volume mais alto,
realizados nas igrejas ou em seu entorno. Porém, desde o final do Fonte: Site Landezine Landscape Architecture, 2010
Fonte: Site Landezine Landscape Architecture, 2010
século XVIII, e devido as atribuições ao pensamento higienista para com os cemitérios.
prestigiando simbolicamente os menos afortunados e o fato de que o destino de seus corpos seria o enterro coletivo em uma fossa
comum.
33
34
3.1.1. Visões e Arquitetura de Espaços de Morte – Do Moderno ao Contemporâneo FLORIANÓPOLIS
Assim Oliveira apud Carrasco & Nappi (2009) mostra que o
Santos (2015) indica que no fim da década de 60
Posteriormente a instalação do Crematório Municipal
lugar dos mortos sofreu significativas modificações ao longo do tempo,
estabelece-se no Brasil um período de negação a tradicional
de São Paulo introduz a prática da cremação nos meios urbanos
Sobre a morte encarada na contemporaneidade em
sendo o século XIX marcado pelo surgimento dos grandes cemitérios
necrópole oitocentista, dirigindo-se para espaços cemiteriais
brasileiros e a partir do ano 2000 esse método se expandiu,
Florianópolis assim como em Santa Catarina, Castro (2012) em visita a
urbanos e assim como a arquitetura brasileira do século XIX, também
livres de evidências funerárias, como esculturas e túmulos
ganhando lugar nas práticas funerárias brasileira.
tais locais de cremação em Santa Catarina, percebe-se a semelhança do
sofreram influência dos padrões europeus, “seguindo os modelos dos
monumentais. A autora afirma que essa escolha é pela busca de
Conforme descrito pelo Archdaily Brasil, o crematório
cerimonial de despedida com o de formatura, com imagens em telões e
cemitérios tradicionais da época que sobrevive até os dias de hoje.”
assemelhar cemitérios com parques urbanos arborizados Santos
foi projetado “como um espaço dedicado aos momentos finais da
músicas de homenagem. Contam também com urnas para a disposição
(OLIVEIRA, 2014, p. 3, apud CARRASCO & NAPPI, 2009, p. 48).
(2015) indica que no fim da década de 60 estabelece-se no Brasil
família e membros próximos ao falecido, busca, através da
das cinzas do falecido no columbário, percebendo nesses elementos a
um período de negação a tradicional necrópole oitocentista,
arquitetura, a criação do espaço ideal a cerimônias, numa
necessidade de da construção da memória, “algo que a cremação
dirigindo-se para espaços cemiteriais livres de evidências
aproximação entre teatro e capela.” Foi implantado em meio a
parece negar”, indicando a necessidade de ritualizar.
funerárias, como esculturas e túmulos monumentais. A autora
um parque arborizado, confrontando a paisagem geralmente
afirma que essa escolha é pela busca de assemelhar cemitérios
pensada para um cemitério, assim aproximando-se mais a um
com parques urbanos arborizados
espaço de lazer.
De acordo com Santos (2015) a tradição católica ainda se mantém nos primeiros cemitérios laicos brasileiros, pois a religião católica permaneceu por muito tempo como religião dominante, existindo portanto simbologias cristãs, como anjos e santos e réplicas de capelas reproduzidas em túmulos. Com as novas formas de construção e sua inserção na malha
Figura 23: Crematório privado em Florianópolis
Figura 21: O primeiro crematório implantado no Brasil-Jardim Avelino/SP – Projeto Ivone Macedo Arantes
Figura 22: Sala de cerimônia de cremação
urbana decorrentes da evolução dos processos construtivos e do
Fonte: Extraído do Google Earth, 2020
crescimento das cidades, Oliveira (2014) apud Motta (2009) expõe que
Contudo, para Aries (1977) a Morte esvaziada, que é a
uma das ações foi tornar os túmulos versáteis e funcionais, renovando
caracterizada pela arquitetura que representa o exilo da morte, a
os locais de sepultamento, pois as morfologias das construções
ruptura, no crematório por exemplo, não representa a indiferença em
deveriam se adequar em princípios racionais, acomodando-se às
relação ao morto, mas sim com os traumas que se agravam com o que
pequenas dimensões de lotes disponíveis para esse equipamento urbano.
por ser contido, se isola, conforme identificado no capítulo I dessa Fonte: Site Archdaily, 2018
Fonte: Site Archdaily, 2018
35
36
pesquisa, o lidar com o luto.
3.2 Tipologias dos Espaços Destinados a Morte
3.2.1. Cemitérios 3.2.1.1 Cemitério Convencional ou Tradicional
A
Após entendimento das relações de evolução de pensamento
3.2.1.2 Cemitério Parque
B
3.2.1.3 Cemitério Vertical
Figura 25: Cemitério Parque Jardim da Paz – Florianópolis/SC
e representação do homem e das cidades perante a morte, neste componente da pesquisa irão se estabelecer o entendimento das tipologias existentes para sepultamento e cremação e suas principais características físicas e relacionais com as questões ambientais e culturais. Inicialmente consiste no sepultamento (em sepulturas, jazigos e cometimento aeróbio), posteriormente o Crematório e por
A: Inumação B: Tumulação
Figura 24: Profundidade do Enterramento Fonte: Pacheco, 2000
fim o Tanatório.
Fonte: Site Cemitério Parque Jardim da Paz, 2020
Ao final do século XX, os cemitérios do tipo parque ganham Já no século XXI, os cemitérios verticais iniciam um tímido
visibilidade, no entanto os símbolos religiosos são retirados, bem
crescimento. Nesse ponto, a morte é mais interessante
como os túmulos monumentais.
laicizada, e sua relação com a religião sofre um
Campos (2007) descreve os cemitérios tradicionais sendo
enfraquecimento significativo. O esgarçamento dessa relação
Conforme descrito por Campos (2007) esta tipologia é
compostos de alamedas pavimentadas, contendo túmulos, mausoléus,
constituída por carneiros, que são gavetas no solo, cobertos por
capelas com altar, crucifixos e imagens, monumentos funerários de
grama e vegetação, sem construções tumulares.
é apontado em recentes trabalhos e pesquisas antropológicas,
a exemplo de Rodrigues (1983). Ao morte, agora, resta o esquecimento de sua alma. Esse processo de secularização
mármores e granitos, com pouco ou nenhuma arborização. Como
Pacheco (2000) assinala outro ponto importante: como
mais intensa pode ser questionado e melhor analisado por
indicado por Pacheco (2000), no Brasil existem dois tipos de
essa tipologia requer o uso extensivo da água, por conta do usa da
meio de uma pesquisa de campo mais avançada. Autores
sepultamento, realizados em cemitérios convencionais, sendo a
como Rodrigues (1983) e Ariès (1977) abordam o tema de
massa vegetativa, é indispensável a colaboração do geólogo para a
tumulação e a inumação.
locação de um poço, para garantia sanitária.
maneira mais aprofundada. (THOMPSON, 2015, p. 10)
37
38
Figura 26: Representação de Cemitério Vertical Fonte: Mondini, 2013
No século XXI, segundo Thompson (2015), os cemitérios verticais surgem ainda timidamente. A autora afirma que aqui a morte é lida de forma mais laicizada e a relação do espaço com a religião é enfraquecido. Conforme descrito por Campos (2007), esta tipologia de cemitério é construída acima do nível do solo, sem contato direto
com a terra, os corpos são sepultados em gavetas umas ao lado das outras, conformando andares, a visitação é realizada através de circulação vertical a corredores.
3.2 Tipologias dos Espaços Destinados a Morte Já para Costa, Custódio (2014) a cremação é o 3.2.1.3 Cemitério Vertical
6.
tratamento com menos impacto ambiental, por não gerar resíduos
causadores de impactos relevantes ao meio ambiente. De acordo Campos (2007) chama a atenção para o cuidado com os gases
Como vantagens, essa tipologia comporta menor
com as autoras, a autorização para abertura de crematórios deve
responsáveis pela decomposição, conforme indicado na figura 26.
utilização de área, ausência de necrochorume e resíduos em
ter regras e serem elaboradas pelos munícipios seguindo às
Explica dizendo que em cada sepultura existe um tubo de ventilação que
águas subterrâneas e facilidade de sepultamento em dias
normas do CONAMA( Conselho Nacional do Meio Ambiente).
se interliga a um tubo central para a retirada dos gases gerados pela
chuvosos. As desvantagens apresentam-se em relação a
decomposição e salienta que o necrochorume é seco por circulação de
liberação de gases sem tratamento, de acordo com Campos
ar e polimerização.
(2007) apud Pacheco (1993).
3.2.1.4 Crematório De acordo com Costa, Custódio (2014) a cremação é o método mais eficaz referente a aspectos relacionados ao espaço físico e impacto ambiental causado pelas arquiteturas funerárias.
Para Costa, Custódio (2014), no Brasil, devido ao vínculo cristão, a cremação é, ainda, feita em menor escala, não sendo
O processo de cremação é exemplificado conforme explicação de Anjos (2016) no diagrama abaixo.
O corpo chega ao crematório e é levado até a sala de cerimônia, onde será velado.
Para Campos (2007) as vantagens da instalação de crematórios são a não interferência do necrochorume no solo e em
Anjos (2016) contribui revelando que o processo de cremação leva em
águas subterrâneas e a destruição de microrganismos que poderiam
média uma hora, podendo variar de acordo com o peso da pessoa e,
intervir no ambiente, também é uma vantagem o fato de ocupar
após sete dias as cinzas são entregues aos familiares em urna
menor espaço físico de solo, comparado a cemitérios tradicionais. A
apropriada. A prática é adotada desde a pré-história e não é unanime
autora define como desvantagens a produção de resíduos de
entre religiões, sendo aceita entre católicos, budistas e espiritas,
combustão dos corpos e a pouca aceitação por questões sociais,
porém judeus e muçulmanos a proíbem.
culturas e religiosas.
As cinzas são depositadas em urnas e entregues a família
4.
O corpo é levado até o forno crematório.
1.
portanto bem aceita cultural e religiosamente pela sociedade.
Através de matéria publicada na revista Super Interessante,
5.
O rito é completado com a guarda das cinzas em ambiente pertencente ao crematório ou Dispersada por familiares em local simbólico
2.
Encerra-se o processo de homenagem, o caixão desce, através de um elevador, até uma ala subterrânea, onde a cremação será feita (fazendo-se a menção ao sepultamento).
3.
Assim como em outros locais, em Santa Catarina o decreto nº 30570 de 1986 impõe que deve-se aguardar 24 horas após o óbito para iniciar a cremação, porém os corpos podem ficar até dois dias na fila de espera, acondicionados portanto em um espaço refrigerado a 0ºC.
Figura 27: Esquema gráfico processo de cremação Fonte: Elaborado pela autora, 2020
39
40
3.2 Tipologias dos Espaços Destinados a Morte 3.2.1.5 Tanatório e os Espaços complementares
Vieira (2010 ) informa que foram criados regulamentos para a implantação desse equipamento, na Europa, conforme abaixo:
Conforme já mencionado, a designação tanatório surgiu na Espanha
-Regras para a sua implantação: impreterivelmente em edifícios
e é um equipamento funerário que reúne as competências necessárias à
isolados, de uso exclusivo, que em caso algum podem albergar habitação;
preparação dos chamados ritos de morte, como a velação, inumação, a
-Regras de organização interior do equipamento, obrigando à
cremação e outros serviços complementares. Vieira (2010) indica que “as práticas funerárias e os recintos cemiteriais sofreram alterações decorrentes das mudanças sociais e culturais ocorridas nos últimos séculos.” (VIEIRA, 2010, p. 57), conforme já mencionado nesse corpo de texto. Essas mudanças ocasionaram
separação entre zonas públicas e privadas, bem como à criação de acessos Figura 28: Tanatório Municipal de Matosinhos - Portugal Fonte: Site de Matosinhos, 2020 Figura 29: Capela Tanatório Muninipal de Leon - Espanha Fonte: Site Arch Daily, 2008
independentes para cada um; -Caracterização das salas de velório, com uma separação física envidraçada entre a zona de exposição do caixão e a zona destinada aos familiares;
consequências também no tratamento e na eliminação dos rituais de
-Caracterização para o espaço de exposição do caixão, com
despedida, acarretando nas novas tipologias de equipamentos funerários,
acesso único para os funcionários, ventilação e refrigeração;
como os crematórios, funeral homes, chambres funéraires e os tanatórios.
-Obrigatoriedade de possuir espaços de serviço como a sala de
O processo inicia com o transporte do cadáver para um espaço
tanatopraxia, que deve ser ventilada, revestida a materiais laváveis, com
onde receberá tratamento estético e tanatólogico, somente após essa etapa
instalações sanitárias próprias e câmaras frigoríficas para a deposição de
o corpo será levado para o local de culto, onde acontecerá a despedida.
cadáveres em número suficiente para a capacidade do tanatório. (VIEIRA, 2010,
.
p. 67)
41
42
Figura 31: Urnas Biodegradáveis
3.2 Tipologias dos Espaços Destinados a Morte Barbosa (2015) através de reportagem na revista Exame relata outra forma, ainda utópica, de cemitério ecológico
3.2.1.6 Visões Utópicas : Compostagem Humana e Cemitério Ecológico
através do uso de cápsulas biodegradáveis. Os idealizadores
Fora os métodos existentes, algumas visões ainda utópicas
dessa proposta de tipologia pensaram na forma de aliviar o
surgem para a arquitetura funerária, como a compostagem humana, o
problema existente, da capacidade física dos cemitérios, criando
cemitério com cápsulas ecológicas e cemitérios com uso de tecnologias
a chamada Cápsula Mundi.
sustentáveis.
Fonte: Site Exame, 2015
De acordo com o site, o projeto apresenta diferentes tecnologias
Em 2021 irá ser implantado o primeiro cemitério de
Ao invés do caixão, que ocupa muito espaço, coloca-se o
compostagem humana ou de recomposição. Conforme matéria na
corpo do falecido em posição fetal em uma cápsula em
sustentáveis, com uma trama de caminhos florestais com paradas de
revista Citylab a jornalista Hallie Golden narra a ideia, que surgiu
forma de ovo feito de um material plástico totalmente
memórias.
biodegradável que é produzido a partir de amido. Uma vez
através da arquiteta Katrina Spade e sua empresa Recompose, a qual
enterrada, a cápsula se transforma numa árvore, que
foi aprovada pelo estado de Washington/EUA em Abril de 2019 e em 2021 resultará no primeiro cemitério dessa tipologia. Golden (2019)
deverá ser cuidada por parentes e amigos. [...] Colocando Fonte: Site Citylab, 2020
Figura 30: Composteira Humana
uma do lado da outra, é possível transformar um cemitério
Os receptáculos contêm células de combustível microbianas que aceleram a decomposição. À medida que o corpo se decompõe, a sua energia é convertida em eletricidade que faz com que o receptáculo brilhe
informa ainda, que esse novo método transformará o corpo em solo
de lápides em uma floresta, o que também ajuda a aliviar a
permanentemente, criando um belo cenário com caminhos brilhantes que
rico em nutrientes e o processo levará em média 30 dias.
falta de áreas verdes nos centros urbanos (SITE EXAME,
parecem uma “constelação”.
2015)
No processo que a Recompose criou, o corpo é colocado em um
No processo que a Recompose criou, o corpo é colocado em um recipiente
recipiente com lascas de madeira, alfafa e palha, que trabalham para
com lascas de madeira, alfafa e palha, que trabalham para decompor o
decompor o corpo.[...] Isso não ofereceria simplesmente uma nova
Outra solução para o futuro da arquitetura funerária é
corpo.[...] Isso não ofereceria simplesmente uma nova maneira de descartar
maneira de descartar restos mortais, mas seria um local de conforto
restos mortais, mas seria um local de conforto para parentes e amigos do
apontada pelo Centro para a Morte e Sociedade da Universidade
para parentes e amigos do falecido, com jardins e eventos como
falecido, com jardins e eventos como leituras de poesia. (SITE CITYLAB,
leituras de poesia. (SITE CITYLAB, 2014)
de Bath, Inglaterra, através de um concurso para apontar o futuro dos cemitérios, no qual o vencedor foi a universidade de
2014)
Columbia, EUA com o projeto “Sylvan Constellation”.
43
44
Fonte: Site O Futuro das Coisas, 2020
Figura 32: O Futuro dos Cemitérios
3.3 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS Figura 33: Esquema gráfico síntese morte, homem e cidade Fonte: Elaborado pela autora, 2020
Cemitérios novamente distantes das cidades
Cemitérios do tipo parque | Arborização
Ritos minimizados | Falta do cortejo
Local mais importante que o túmulo
Túmulo como presença física
Cemitérios inseridos no meio urbano
Terceirização da morte
Sepulturas simples
Terrenos particulares - familiar
Visitação dos túmulos
Alta espiritualidade
Distanciamento dos mortos
Enterros em igrejas em proximidades
Imortalidade | Vida Após a morte
Cemitérios excluídos do meio urbano
Cavernas e rochas como espaços sagrados
Túmulos inviduais
45
46
Novas tipologias: Cem. Vertical | Crematório| TANATÓRIO
4. O SAGRADO E AS ATMOSFERAS NA ARQUITETURA UMA ABORDAGEM DE SIGNIFICADOS E FENOMENOLOGIA
47
48
4.
O SAGRADO E AS ATMOSFESRAS NA ARQUITETURA No primeiro capítulo, foi apresentada a dimensão sensível da reação do homem
com a morte, discutindo aspectos como, cultura, crenças e religião, bem como questões referentes ao processo de luto. No capítulo seguinte foram abordados o pensamento e a crença de uma época traduzida em espaços destinados aos ritos de morte. Com o advento da Revolução Industrial, a chegada da modernidade acarretou em algumas relações de percepção no meio arquitetônico. O volume e rapidez de informações, diminuíram nossa percepção acerca das coisas, do mundo e com a Arquitetura Funerária não foi diferente. Por vezes, expulsa do meio urbano, hoje é vista como algo interditado, a morte é validada como algo ausente, excluído. Portanto, a Arquitetura Funerária, assim como outros equipamentos urbanos, cumpre uma função social importante nas cidades e precisa ser respeitada e planejada, pois ela lida com a dor, ainda de forma subjetiva, uma dor espiritualizada, mas ainda assim, dor. Então, essa componente da pesquisa busca entender como um espaço de cunho laico/ecumênico pode gerar uma arquitetura de significado, de atmosferas, de boa presença e respeitosa com seus usuários. O capítulo atual mostrará também que, desde a origem do mundo, o homem atribui significado aquilo que acreditava, refletindo em sua relação com a arquitetura, a presença dos signos e significados, das simbologias, era nítido numa crença voltada para si, sem desprendimento de sua dimensão sensível: a espiritualidade ou até mesmo a sacralidade.
49
50
4.1 Significado e Sentido na Arquitetura | A semiótica
Conforme Jung (2016), o homem sempre utilizou a palavra,
Complementando expondo que que o pensamento simbólico
De acordo com Jung (2016) o homem nunca entende nem
Conforme explicado por Borda e Oliveira (2019), “a
seja ela escrita ou falada para se expressar e a linguagem por si só
é inerente ao ser humano e as imagens, os símbolos e os mitos não
percebe algo por completo. Ele pode ouvir e tocar, mas o quanto isso
semiótica é a doutrina dos signos, baseia-se na lógica fenomenológica
é cheia de símbolos e faz também o uso de sinais e de imagens.
são criações infundadas, elas respondem necessidades e funções de
significará depende da capacidade dos seus sentidos: “Os sentidos do
e possuí como objetos de estudo os signos, a significação e a cultura,
Objetos familiares também possuem importância simbólica, como
"modalidades secretas do ser”. Segundo a autora, as imagens, os
homem limitam a percepção que estes têm do mundo à sua volta”.
tratando-se de um processo intelectual inconsciente”. (BORDA, 2019
pedras e árvores, (isso será explorado com maior teor de detalhes
símbolos são vividos e valorizados, e suas atualizações constituem-
(JUNG, 2006, p. 21) A percepção das coisas através dos sentidos pode
apud SANTAELLA, 2005).
ao longo desse capítulo). Afirma ainda que para o homem moderno
se de acordo com os estilos culturais de cada local, exemplifica:
sofrer oscilações, mas não deixam de existir:
Ainda e conforme exposto por Borda e Oliveira (2019) os
não é fácil a percepção da significação dos símbolos passados.
estudos semióticos de Peirce (1839 - 1914), revelam que tudo é signo:
O que para um ocidental é belo e verdadeiro nas manifestações históricas da cultura antiga não tem valor para um oceânico, pois, ao se manifestarem nas estruturas e nos estilos condicionados pela história, as culturas se limitaram. Porém as imagens que as precederam e as informaram permanecem eternamente vivas e universalmente acessíveis [...] a Vênus de Milo, não reside para os três quartos da humanidade, na perfeição formal da estátua, mas sim na Imagem da Mulher que ela revela. (ELIADE,1991, p.174)
O que chamamos de símbolo é um termo, um nome
“Peirce define o signo como “[...] qualquer coisa de qualquer espécie
ou mesmo uma imagem que nos pode ser familiar na
[...] que representa uma outra coisa [...]” (SANTAELLA, 2005, p. 8 apud
vida cotidiana, embora possua conotações especiais
BORDA E OLIVEIRA, 2019, p. 47)
além do seu significado evidente e convencional. Implica alguma coisa vaga, desconhecida ou oculta
De acordo com Gislon (2016) a aplicação da semiótica na
por nós. (JUNG, 2016, p.18)
arquitetura deve ser compreendida não só no caráter estético, mas também na percepção de como afeta os nossos sentidos, transmitindo
Conforme
indicado
por
Eliade
(1991)
pesquisas
significados. A arquitetura transmite mensagens que são captadas
sistemáticas acerca do assunto indicam que as mentalidades
pelos sentidos humanos e se tornam parte da experiência na qual o
primitivas e o pensamento simbólico arcaico, têm papel fundamental
observador desfrutará nas edificações. O autor afirma que “o signo é
na vida do homem moderno.
um símbolo que comunica à mente algo do exterior. Aquilo em cujo
Figura 34: Vênus de Milo
não podia nem mesmo pressentir: que o símbolo, o
significado, e a ideia que ele provoca é seu interpretante.” (GISLON,
mito, a imagem pertencem à substância da vida
2016 apud PIERCE, 1990, p. 339)
espiritual, que podemos camuflá-las, mutilá-los,
Eliade (1991) indica que símbolos e imagens têm força e que até mesmo o homem mais realista vive de imagens, pois os símbolos não desaparecem da atualidade psíquica, eles podem mudar de aspecto, mas
SÍMBOLO : MULHER | SIGNIFICADO: IDEÁRIO DA BELEZA | REPRESENTAÇÃO: VÊNUS ( PARA A CULTURA GREGA)
sua função permanece. Jung (2016) afirma que o homem civilizado, contemporâneo, vivenciando sua rotina racionalizada paga o preço de uma incrível falta
OBS.: Em outros locais a representação muda mas o sentido permanece intacto: a beleza representada pela figura feminina.
Começamos a compreender hoje algo que século XIX
lugar está denominado é seu objeto; aquilo que o signo transmite seu
Se ouvirmos uma nota contínua emitida no limite da audibilidade¹, o som parece interromper-se a intervalos regulares para começar de novo. Essas oscilações são causadas por uma diminuição e um aumento periódico da nossa atenção e não por qualquer alteração da nota. (JUNG, 2006, p. 35)
de introspeção, isolado do cosmos, pois perdeu seu envolvimento com a natureza, distanciando o inconsciente dos fenômenos naturais, porém mesmo a assim os símbolos ainda se manifestam, ainda que em sonhos:
degradá-los, mas que jamais poderemos extirpá-los. (ELIADE, 1991, p. 7)
51
52
Fonte: Site R7, 2020
4.1 Significado e Sentido na Arquitetura | A semiótica Não consegue perceber que, apesar de toda a sua racionalização e eficiência, continua a mercê de “forças” fora do seu controle. Seus deuses e demônios absolutamente não desapareceram; têm apenas novos nomes. E o conservam em contato íntimo com a inquietude, com apreensões vagas, com complicações psicológicas, com uma insaciável necessidade de pílulas, álcool, fumo, alimento e, acima de tudo, com uma enorme coleção de neuroses. (JUNG, 2006, p. 103)
As considerações defendidas por Jung (2006) são confirmadas por Eliade (1991), que esclarece o fato de que a dessacralização dos símbolos pelo homem moderno alterou sua vida espiritual, afetando sua imaginação. Apesar disso, essa imaginação “continua a viver de mitos e teologias arcaicas.” (ELIADE, 1991, p. 15)
Cavernas e rochas foram portando investidas de valor religioso
perdendo a fé, o homem deixa de entender suas próprias crenças, até
desde as suas origens. Como exemplo de outro símbolo sagrado, Jung (2006)
chegar a um momento de sofrimento, refletindo sobre a vida e sua
indica que o círculo sempre representou a totalidade da psique, incluindo a
significação. Conforme indicado pelo autor, a função dos símbolos
relação do homem e natureza, indicando a extrema e integral totalização da
religiosos transfere significado a vida do homem, como a cruz, que no
vida, o ciclo.
Cristianismo é um símbolo mito significativo, indicando muita emoção
Eliade (1991) aponta que, conforme os antigos locais sagrados
e ideias, a cruz ao lado de um nome, indica a morte de alguém, e a
perdiam sua eficácia religiosa, foram aplicando outras formas arquitetônicas e
árvore que pode apresentar diversos significados, entre eles a
iconográficas, (não caberia aqui explicar o histórico das modificações ao longo do tempo, mas vale-se ressaltar que uma forma em especial ganhou
Fonte: Site Historias de Nuestras Historia, 2020 Figura 36: Altar da Igreja de São Pedro – Círculo – Roma Bramante e Michelangelo
relevância: a mandala.) Na arquitetura, o círculo pode ser visto em plantas
encontra os ritmos cósmicos: “a alternância do dia e da noite, por exemplo, ou
morte. Conforme abordado por Borda e Oliveira (2019), a arquitetura possuí um caráter multifacetado fazendo indício da sua
arquitetônicas rodeadas por muralhas e em traçados de cidades, formando
presença enquanto signo: “A arquitetura é um objeto sígnico porque
uma mandala, conforme figuras abaixo: Para Eliade (1991) quando o homem reencontra no fundo o seu ser,
Sobre o simbolismo religioso, Jung (2006) explana que
Figura 35: Mandala na Arquitetura Religiosa no Templo Budista de Angkor Wat, Camboja
implica uma multiplicidade de significados dela abstraídos bem como
Figura 34: Mandala Formada por Avenidas que se Juntam na Étoile, em Paris
variadas percepções, particulares ou coletivas.” (BORDA, 2019, p. 47). A análise do signo arquitetônico, por sua vez, parte de uma postura
do inverno e do verão - ele alcança um conhecimento mais absoluto do seu
interpretativa do observador. De acordo com Gizlon (2016) a relação da arquitetura com
destino e da sua significação.” (ELIADE, 1991, p. 32). De acordo com Jung (2006), tudo pode assumir uma significação
a semiótica revela que os significados inerentes refletem nas formas
simbólica, todo o cosmos é um símbolo em potencial. Usando como exemplo as
arquitetônicas, produzindo efeitos na relação do usuário com a
pedras: no primitivo as pedras naturais eram consideradas morada dos
Fonte: Site Estórias da História, 2019
espíritos, utilizadas para lapides, marcos e objetos de veneração religiosa: “elas são a expressão mais refinada da espiritualidade”. (JUNG, 2016, p. 314). Fonte: Site O Parisien, 2020
53
edificação. E no que cerne a arquitetura, deve-se conhecer a teoria,
Conforme Jung (2006), na arquitetura a cruz foi substituída pelo
mas não de forma conceitual, como as abordagens de Pierce, mas
círculo nas catedrais góticas, conforme Figura 39, é possível notar o altar
entender as possibilidades de aplicação nos projetos, como será
circular no centro, como verdadeiro espaço sagrado.
exposto no próximo item dessa pesquisa.
54
4.1 Significado e Sentido na Arquitetura | A semiótica
4.1.1. A construção do espaço Sagrado
Para Borda e Oliveira (2019), a arquitetura como signo pode gerar
Conforme explorado anteriormente, Eliade (1991) concluiu que mesmo o
significados institucionalizados ou arbitrários, possuindo interpretações
homem mais realista buscará significado nas coisas que o rodeiam, mesmo que
diversas. Os significados são entendidos através de percepções, individuais ou
a percepção através de seus sentidos acerca de sua relação com o mundo
coletivos, pertencendo a contextos históricos, culturais, religiosos etc.
esteja minimizado, o pensamento simbólico e a constituição do espaço sagrado
Conforme exposto anteriormente, com o advento do mundo moderno e o surgimento da sociedade do consumo, a capacidade de percepção do homem
perante o espaço profano se manifesta, mesmo no inconsciente e de forma menos expressiva, estando intrínseco a psique humana.
moderno perante o mundo e a arquitetura diminuiu. De acordo com Bula (2015)
Para tanto, este item abordará a constituição de espaços revelados
no início da década de 70, surgiram novas formas de pensar a vida e um ideário
como sagrado pelo homem arcaico, que transmitiu através da arquitetura
que preza pelo conforto e a qualidade de vida. Surgem preocupações referentes
sagrada até os dias atuais significados e influência nos espaços arquitetônicos,
à interação das pessoas com o ambiente natural ou edificado. Uma dessas novas
conforme exemplos já mencionados, como a Basílica de São Pedro em Roma.
formas de pensas a vida é explicada pela teoria da fenomenologia, que é o estudo
Essa componente abordará exemplos da constituição hierofania, ou seja, dos
dos fenômenos. Através desse estudo percebe-se o significado das coisas,
atos de manifestação do sagrado, da espiritualidade do homem perante os
explicados pela semiótica, a “fenomenologia estuda os fenômenos, sua aparência
espaços, da revelação do sagrado perante o espaço profano. Segundo Eliade (1991) na geografia mítica, o espaço sagrado é o espaço
e o significado na experiência humana”. Para ter o entendimento da semiótica, é preciso estudar os fenômenos e como eles são percebidos por nossos sentidos. Esse assunto será explorado em sua aplicabilidade pela arquitetura
real, pois para o mundo arcaico o mito é real, pois relata as manifestações da
verdadeira realidade, sendo o sagrado. É num tal espaço que tocamos diretamente o sagrado – quer seja ele
com as experiências de alguns arquitetos, como Zumthor, no item que trata das atmosferas da arquitetura.
materializado em certos objetos ou manifestações de símbolos hierocósmicos (Pilastra do Mundo, Árvore Cósmica etc.)
55
56
Nas culturas que conhecem os três níveis cósmicos, Céu, Terra e Inferno – o “centro” constitui o ponto de interseção dessas regiões.” (ELIADE, 1991, p. 36). Na sequência será descrito com maior clareza a significação do centro do mundo e os três níveis cósmicos, Céu, Terra e Inferno mencionados por Eliade (1991). Todas as cidades consideradas como centro do mundo são réplicas de uma imagem arcaica, como a Montanha
Cósmica, a Árvore do Mundo ou o Pilar Central, sustentando os níveis cósmicos. A morte - iniciática ou não - é a ruptura de nível por excelência. É por isso que ela é simbolizada por escaladas, e inúmeras vezes os rituais funerários utilizam escadas ou escadarias. A alma do morto percorre os caminhos de uma montanha ou sobe uma árvore, ou um cipó, até os céus. (ELIADE, 1991, p. 45)
4.1.1. A construção do espaço Sagrado | Espiritualizado
Figura 37:A PEDRA TÚMULO | STONEHENGE
Fonte: Site Revista Superinteressante, 2011
Conforme Volpe (2018) em matéria da revista Superinteressante, o astrônomo Fred Hoyle, defende a tese que Stonehenge foi erguido como forma de um computador capaz de prever fenômenos celestiais concluindo que o conhecimento astronômico perdurou de muita observação. Conforme indicado por Volpe (2018), de acordo com outros especialistas, as ruínas foram um grande
templo religioso – “e é bem provável que as duas teorias sejam complementares”.
Figura 39: A MONTANHA CÓSMICA
Figura 38: O PILAR CÓSMICO
Fonte: Pasqualin, 2019
De acordo Ansede (2018), foram realizadas escavações a fim de descobrir sobre os corpos ali sepultados, mas como os cadáveres foram cremados antes de serem enterrados, o fogo impediu o mistério de ser solucionando. “Os cadáveres de Stonehenge passaram um século calados. Até agora”. (SITE EL PAÍS, 2018)
Fonte: Site Veja, 2016
Conforme Cecchini (2017) a sacralidade, o costume de o homem estabelecer para si um lugar, muitas vezes foi acompanhada da instalação de um pilar, o pilar sagrado. O espaço sagrado implica na ruptura do espaço profano. “Tal ruptura é simbolizada por uma abertura, que torna possível a passagem entre os três níveis cósmicos.” (CECCHINI, 2017). Conforme identificado por Pasqualin
(2019), os três níveis cósmicos são: o mundo abaixo, a Terra e o Céu. “Fincado no solo, representando abertura ao mundo de baixo, dos mortos, o poste garante a sustentação do céu e sua abertura com a terra.” (PASQUALIN, 2019, p. 43).
57
58
Como indicado por Eliade (1991), o centro do mundo é intersecção entre Céu, Terra e Inferno. De acordo com Pasqualin (2019) devido à verticalidade e de situar-se em local elevado, é considerada , por alguns grupos como o “centro do mundo”, proporcionando a ligação da terra com o céu. Atrelado a isso, Cecchini (2017) explana sobre variadas culturas entenderem que as montanhas são o centro do mundo, “Na Palestina, o monte Gólgota – onde Jesus Cristo foi
crucificado [...] Os templos, buscando essa ligação são réplicas da montanha cósmica, como o próprio Zigurate” (CECCHINI, 2017, p. 36).
4.1.1. A construção do espaço Sagrado | Espiritualizado
Conforme Cecchini (2017) a descontinuidade
De acordo com Cecchini (2017) o
do espaço profano (terreno) é representado por uma
simbolismo da terra se faz presente em espaços
abertura literal na cobertura do invólucro, possibilidade
sagrados, com destaque para a Arquitetura
Figura 40: TERRA MATER
a comunicação com o céu, o infinito, o axis mundi. A
Figura 41: TRAJETOS E PASSAGENS
Funerária. Isso se deve, principalmente, pela
interrupção pode ser associada ao clarão na floresta,
terra ser o abrigo mais rudimentar para a morte
sendo um local diferenciado e privilegiado em relação
do homem. Como visto nos capítulos anteriores, o
aos demais. “Um homem ao situar-se no centro da área
enterro foi por muito tempo a principal forma de
teria a floresta ao seu redor como moldura e o céu
se lidar com a destinação dos corpos após a
como vista, indicando uma porta para o alto.”
morte. A simbologia da terra parte de um Fonte: Site Archdaily, 2020
religiões, como o Cristianismo, acreditam que o
Figura 42: ABERTURA ZENITAL
homem foi parido pela terra e para ela retornará
Como analisado por Michael Brill, os lugares sagrados costumam ter paredes mais sólidas ou robustas, para fixar limites e diferenciar o lugar do espaço profano ao seu redor; enquanto seus elementos horizontais, especialmente a cobertura, costuma ser mais porosa ou permeável, indicando comunicação com os níveis cósmicos. (CECCHINI, 2017, p. 43)
após a morte, portanto a terra representa o ciclo
Segundo Eliade (1991) os símbolos existentes em portas e pontes relacionam-se
da vida, fazendo assim o defunto retroceder a um estado de pré- criação, renascendo em uma nova
com a ideia de passagem. Caracterizando abertura para a passagem de um lugar para
vida. Pasqualin, 2019, apud Eliade, 1992 aponta que
outro. “O homem, está predestinado pela passagem vida-morte, em que se passa de um
o reencontro com a terra mãe, se deve ao ato do
momento a outro, de um estado físico e de existência, a outro.” (PASQUALIN, 2019, p. 49).
restos mortais ficam no mesmo território em que o indivíduo nasceu e ou cresceu.
Fonte: Site Archdaily, 2020
(CHECCHINI, 2017, p. 43).
entendimento voltado para o primitivo, em que as
corpo ser enterrado em solo natal, assim os
Figura 43:O CEÚ
Fonte: Acervo autora, 2020
Pasqualin (2019) afirma ainda que quando a passagem se der por abertura zenital, simboliza a passagem para o céu. A passagem por uma abertura pode simbolizar a passagem de um plano cósmico a outro, dirigindo-se ao mundo sagrado. Fonte: Site Archdaily, 2020
59
60
4.1.1. A construção do espaço Sagrado | Espiritualizado
Figura 44: A ÁRVORE CÓSMICA
De acordo com Pasqualin (2017) a simbologia das árvores conecta-se com
De acordo com Eliade (1992) a água existiu antes da terra, portanto o meio
a representação do cosmos, seus ritmos e ciclos e a capacidade de regeneração e
aquático é o maior estruturador à função de símbolo. Conforme indicados no material
renovação periódica.
de estudo de Pasqualin (2017) a água como a soma de tudo que existe sustenta toda a
Conforme apontado por Eliade (1991), podemos citar exemplos como a
criação. A autora discute sobre a imersão e a emersão em um meio aquático, que pode
árvore da vida e juventude na Mesopotâmia, da Imortalidade na Ásia e no Antigo
significar com a criação de formas, em que a primeira simboliza a regressão ao pré-
Testamento e a da Sabedoria. “O mistério da vida é revelado a partir dos ritmos da
formal, já a segunda remete o gesto cosmogenito da preexistência, complementa ainda
vegetação para o home religioso, assim como também da criação, renovação,
que, tanto nos plano cosmológico como antropológico, a água concerne em uma
juventude e imortalidade” (PASQUALIN, 2017, p. 49)
reintegração passageira, um nova vida, ou um novo homem.
Figura 46: A SACRALIZAÇÃO DA NATUREZA
Para Eliade (1991) cultuar a natureza na dimensão religiosa não está ligado diretamente a ideia da natureza como primavera e outono em ciclos de renovação,
mas pela valorização da primavera como ressureição. Para a autora todas as árvores sagradas devem se encontrar no centro do mundo, e todas as árvores
Fonte: Acervo da Autora, 2020
consagradas em uma cerimônia religiosa são então projetadas no centro do mundo.
Fonte: Site Cléofas, 2019
De acordo com Eliade (1992) até o homem menos religioso se
Checchini (2019) acentua que para o homem religioso, existe a realidade
encanta pela natureza, seja conjunto de água, de árvores, montanhas e
da vida e duas realidades desconhecidas, sendo a preexistência e a pós-existência, a
grutas, tudo isso desenvolve uma ideia de local perfeito, completo.” (ELIADE,
morte é então a passagem para outra vida. A árvore simboliza esses estágios, morte
1991, p. XX). A dessacralização da natureza, portanto é a união de tudo o que
e renascimento. De acordo com a autora e conforme visto anteriormente no segundo
já foi dito, da água, da terra, a montanha, o pilar sagrado.
capítulo dessa pesquisa, o uso de vegetações em cemitérios exprime a preocupação
O complexo (montanha, água, gruta, árvore) poderia
higienista, porém não somente isso, mas também o ideário de criar espaços aconchegantes para familiares e amigos visitarem seus entes queridos. “A
Figura 45: A ÁGUA CÓSMICA
construção de uma paisagem natural, campestre, remonta o passo primitivo mítico,
Fonte: Site Mdig, 2014
uma memória coletiva, de um paraíso extinto” (CECCHINI, 2017, p. 44).
61
62
ser um pilar cósmico. Um local repleto de forças e símbolos que permitam conexões aos diversos
universos, com o mundo sagrado . (PASQUALIN, 2017, p. 50)
4.1.1. A construção do espaço Sagrado | Espiritualizado O FOGO
HERÓIS E PORTAIS De acordo com Louro (2010), o fogo pode ser visto em rituais
De acordo com Cecchini (2017) um espaço sagrado, distinto de
religiosos e a maioria dos rituais antigos e moderno envolvem o fogo,
seu entorno, é percebido como tal através dos rituais praticados pelo
para simbolizar “a chama eterna”, simbolizar tanto o nascimento como a
homem em uma espécie de proteção e de preparação espiritual. O
ressurreição e morte.
espaço sagrado, historicamente, foi marcado por uma área sagrada, Ele pode ser um símbolo de inspiração divina, um elo entre os homens e o Divino, como pode ser também, um símbolo predominantemente do inferno. “Queimar no fogo do inferno” é o temor de todo homem neste mundo desde o seu
nascimento, até a morte. (SITE J.B. LOURO, 2010)
distinta das demais, como uma separação do mundo profano, as destruir o corpo, o fogo transforma o corpo”,
Conforme indicado por Eliade ( 1991) essa ruptura pode ser
permitindo uma rápida entrada para outra
alcançada de algumas maneiras, uma delas, na arquitetura, com
existência em uma nova forma. Em algumas
obstáculos “sutis e simbólicos” seja por diferença de níveis topográficos,
culturas o fogo é visto como um agente de libertação da alma. Tal prática também é
cercamento ou com uso da geometria sacra. Elementos naturais também
descrita como um processo visível e intenso, ou
podem servir como barreiras, a água, montanhas rochosas, por conta da
até mesmo um espetáculo (DOWNES, 1999), já
topografia oscilante.
De acordo com Ulguin (2016), o fogo presente na cremação,
que durante, a sua realização diversos sons,
indica uma série de ações ritualísticas para garantir uma passagem
cheiros e imagens são produzidos, evocando
segura ao mundo dos mortos. Conforme visto anteriormente, e de
fronteiras, protegem o lugar e o homem.
Como apontado por Hertz (1960, p. 46), “longe de
A autora atenta ainda ao exemplo do que acontece em santuários, com certa hierarquia e progressão crescente da sacralidade,
assim diferentes sentidos e memorias. (ULGUIN,
seja axial, linear ou labiríntica. O homem, no decorrer do percurso, imita
2016, p. 113)
acordo com a autora, o fogo já era utilizado para ações rituais de
a façanha do herói , é um caminho difícil, cheio de perigos, pois trata do
determinados povos, como exemplo o fogo já era utilizado na Idade Média
rito de passagem do profano para o sagrado.
para purificação da alma antes do desprendimento do corpo.
63
64
4.2 Atmosferas na arquitetura e o Conforto ambiental A problemática inicial dessa pesquisa inclina-se a
Conforme analisado por Bula (2015), para compreender
responder de que maneira a Arquitetura Contemporânea possibilita
o pensamento fenomenológico aplicado na arquitetura, é
constituir, na tipologia funerária, ambientes de significados. Para
necessário buscar teóricos e arquitetos e visualizar o percurso
tanto, além de estudar as simbologias entendidas pela humanidade,
criado para a materialização da ideia em objeto arquitetônico.
seja por religião, ou crenças diversas, enxerga-se a necessidade de
Silva (2011) salienta que a postura assumida pela arquitetura
entender como a arquitetura, traduzindo símbolos, formando
acerca da fenomenologia aplicada é evidente nas obras de Peter
significados, atingirá o indivíduo. Como a arquitetura pode criar
Zumthor, na geração das atmosferas.
atmosferas que beneficiem o uso da edificação em prol do conforto e humanização perante momentos que são vividos com reflexões, saudade, tristezas e incertezas, ou seja, com grande sensibilidade. Para isso, esse item da pesquisa mostrará como a arquitetura, através de suas atmosferas, é capaz de criar espaços mais
humanos, evidenciado nessa tipologia arquitetônica: A Arquitetura Para Ritos de Morte. Serão então apontadas algumas possibilidades de como
Para Zumthor (2006), a atmosfera implica em
De acordo com Borda e Oliveira (2019) apud Netto (1979)
adentrar num edifício e perceber um espaço e senti-lo, assim,
arquitetura é a produção do espaço e sua existência depende do diálogo e
em segundos, desperta sensações, resultando em aceitação
percepção relativos a “espaço interior e exterior, privado e público,
ou rejeição, proveniente da sensibilidade emocional. Conforme
construído e não construído, artificial e natural, amplo e restrito, vertical
indicado pelo autor a beleza está nos olhos de quem vê, um
e horizontal, geométrico e não geométrico.” (BORDA E OLIVEIRA, 2019, p.
local despertará sensações distintas, provocará um estado de
6).
espirito diferenciado, conectado com as formas, os materiais,
Como dito por Zevi (1984-2017 ) a arquitetura é um invólucro
o ar, as cores, os sons, formando a atmosfera do lugar. Ainda
composto por quatro dimensões, essa quarta dimensão é o tempo: “é o
Como atribuído por Silva (2011) para Pallasmaa a
de acordo com Zumthor (2006) ”a tarefa de criar atmosferas
deslocamento sucessivo do ângulo visual”. (ZEVI, 2017, p. 22). O volume
fenomenologia na arquitetura é a busca pela linguagem interna
também tem um lado artesanal. Deve haver um procedimento,
é o involucro que contém o espaço, e o espaço é a essência da
do edifício, é sentir o que a rodeia. Steven Holl é mais um
alguns interesses, alguns instrumentos[...]”. (ZUMTHOR, 2006,
arquitetura, transcendendo os limites da quarta dimensão.
exemplo na busca da fenomenologia na arquitetura. Para ele, são
p. 20). A criação de atmosferas na arquitetura, para o autor,
os fenômenos arquitetônicos que comunicam e materializam um
é altamente pessoal, sensível, e no decorrer desse capítulo
Para maior entendimento da interrelação dos aspectos relativos
conceito pré-definido pelo arquiteto.
serão atribuídos nove pontos utilizados por ele que
aos itens subsequentes, faz-se necessário atribuir, além do aspecto
possibilitam experenciar atmosferas.
sensível, a dimensão responsável pelo conforto ambiental, afinal o som, a
[...] atmosfera, um estado de espírito, uma sensação em perfeito acordo com o espaço
luz, a temperatura exercem funções vitais no desempenho das nossas
construído, comunicada diretamente àqueles que
tarefas e não podem ser verificados de formas separadas, já que atuarão de
aguçar, atribuindo essa sensibilidade/percepção através das
a contemplam[...] Leia um lugar, deixe-se
forma complementar, tanto na possibilidade de atribuir atmosferas a
atmosferas do espaço, explicada principalmente pelo arquiteto Peter
envolver
determinados locais, como no que diz respeito ao conforto dos usuários.
Zumthor, referenciando além deste, teóricos como: Pallasmaa, Louis
propósito[...] é, portanto, um processo complexo e
Kahn, Steven HOLL .
não simplesmente linear. (DETMOLD, 2006, p. 6)
elementos ou fenômenos podem interferir em nossos sentidos e os
por ele, trabalhe significado e
65
66
4.2 Atmosferas na arquitetura e o Conforto ambiental Portanto, conforme (KOENIGSBERGER, 1977 apud
4.2.1. O Corpo na arquitetura Figura 47: Mecanismos Instintivos e Culturais
Zumthor (2006) define o corpo como a presença material, a estrutura, é
SAMPAIO, 2005, p. 154) “conforto ambiental é a sensação de
a reunião de coisas, de materiais, que unidos criarão os espaços. “Como nosso
bem-estar completo, físico e mental, criada por um arquiteto
corpo, com sua anatomia e outras coisas não vistas, uma pele, etc.” (ZUMTHOR,
no ato de projetar”. Essa sensação de conforto pode ser
2006, p. 22).
estabelecida por variadas estratégias que condicionem o uso equilibrado das condições de ventilação, iluminação (artificial e natural), tratamento acústico, a utilização das cores, a utilização de vegetação, água, relação entre o interior e o
Na visão de VASCONCELOS (2004, p. 100 - 101) “forma, a orientação, os
Pallasmaa (2011) indica a importância da gravidade
materiais de construção e acabamento, a dimensão dos vãos e o tipo de
como essências de todas as estruturas, sendo através da
cobertura são variáveis que interferem no conforto e devem ser compreendidas
arquitetura o reforço da dimensão vertical do mundo: “Ao
para que o projeto esteja adequado ao clima da região em que será implantado.”
exterior da edificação.
Martins (2004) ressalta que a sensação de conforto
O corpo se lembra. O significado da arquitetura deriva das respostas arcaicas e reações lembradas pelo corpo e pelos sentidos. A arquitetura tem de responder as necessidades sociais e intelectuais funcionais e conscientes dos moradores urbanos, ela também deve lembrar o caçador e agricultor primitivo escondido em nossos corpos. Nossas sensações de conforto, proteção e lar estão enraizadas nas experiências primitivas de incontáveis gerações. (PALASMAA,, 2011, p. 57)
Fonte: Site LabEEE UFSC , 2014
higrotérmico varia de acordo com o local, já que depende da capacidade do usuário em se adaptar às condições
Na visão de Dobbert (2010) o conforto térmico
climáticas, estando condicionado a variáveis como
possui fundamental importância no mal estar psicológico, na
temperatura, umidade relativa e velocidade ao ar. O autor
diminuição da capacidade de produção, no esgotamento
cita algumas estratégias bioclimáticas que podem ser
físico do profissional se não for bem pensado.
articuladas, como o controle do acúmulo do calor, ou a
De acordo com o LabEEE, no manual Eficiência
dissipação da energia térmica do interior do edifício, a
Energética na Arquitetura, existem mecanismos para
retirada da umidade excessiva através da movimentação do
alcançar o estado de conforto, sendo divididos em instintivo
ar, o uso da iluminação natural e o controle de ruídos.
e culturais, conforme ilustrado na figura acima.
Conforme indicado por Pallasmaa(2011) atualmente, a arquitetura é produzida para o predomínio da visão em detrimento dos outros sentidos e isso nos força a alienação. Sobre isso: À medida que as edificações perdem sua plasticidade e sua conexão com a linguagem e a sabedoria do corpo humano, elas se tornam isoladas no
mesmo tempo em que nos torna cientes da profundidade da terra, ela nos faz sonhar com a levitação e com o voo.” (PALLASMAA, 2011, p. 64). Conforme Pallasmaa (2011) Alvar Aalto, além de Steven Holl, Steven Holl e Peter Zumthor,
imprimem na arquitetura uma aglomeração sensorial, com confrontos oblíquos, irregulares, ritmos diversos que possam ser experenciados pelo corpo, conforme visto na figura abaixo.
frio e distante reino da visão. Com a perda da tatalidade, das medidas e dos detalhes elaborados para o corpo humano – e particularmente para as mãos – as edificação se tornam repulsivamente planas, agressivas, imateriais e
Figura 48: Maison Louis Carré – Alvar Aalto
irreais. (PALLASMAA, 2011, p. 30).
Fonte: Site Archdaily, 2017
67
68
4.2.2 A harmonia dos materiais Um mesmo material, segundo o autor, possui múltiplas
possibilidades, transformado em algo único, como a pedra, que pode ser afiada, polida, modificada pela ausência ou presença da luz. “Os materiais podem ser combinados em um prédio, e chega um ponto em que eles se distanciam [...] não vibram juntos e, depois, outro ponto em que estão muito próximos, e então estão como mortos.” (ZUMTHOR, 2006, p. 24). Conforme Ciaco (2010) o ambiente não deve ser monocromático, já que superfícies extensas de cor pura provocam cansaço visual devido a solicitação exagerada da
retina. Ciaco (2010), ainda sobre a importância de equalizar as cores escolhidas com o tipo de iluminação e sua distribuição, a cor branca como exemplo de que, devido sua alta refletância, pode induzir a fadiga se a intensidade de luz não for controlada.
A aplicação das cores na arquitetura pode proporcionar
Outro ponto que chama atenção nos
estímulos sensoriais em determinados ambientes, seja para
questionamentos de Pallasmaa (2011) é a importância da
conceber uma atmosfera mais aconchegante e divertida, como
visão periférica para a experiência do todo. O arquiteto
para repelir e bloquear estímulos e, conforme Vasconcelos (2004),
defende o fato de que é a visão periférica a responsável
a escolha da cor depende da localização, da luz solar, do tamanho
por nos integrar ao espaço, já a visão focada nos arranca
do ambiente e das atividades nele realizadas.
dele, nos fazendo meros espectadores.
De acordo com Martins (2004) Cores despertam
Silva (2011) alerta ao fato de que projetar para o
sensações e podem, ou não, estimular atividades. O verde, por
tato não excluí a visão, como no uso de texturas, que é
exemplo, pode aliviar tensões e é associado a esperança, o azul
simultaneamente experimentada pela visão como pelo
pode acalmar, sugere passividade e o branco simboliza a paz,
tato. Uma das questões importantes colocadas pelo autor
conduz à ausência, as cores aplicadas aos planos de piso, paredes
é a temperatura dos materiais, como a madeira mais
e tetos podem influenciar na leitura que o usuário fará do
quente que a pedra, o que a faz adequada para pisos e
ambiente.
pés descalços:
Segundo Pallasmaa (2011, p. 10) “[...] nossa pele é capaz de distinguir diversas cores; nós realmente vemos com a
As cores podem causar efeitos psicológicos diversos e
nossa pele”. Conforme defendido por ele, o tato é o principal de
são classificadas em frias e quentes. As primeiras possibilitam a
todos os sentidos, os outros são uma extensão deste, sendo
sensação de proximidade e densidade, já as cores frias possuem
através dos sentidos que vivenciamos a arquitetura como seres
efeito calmantes e mais distantes.
físicos e espiritualizados.
69
70
Um pavimento feito num material com uma grande condutibilidade térmica – pedra por exemplo - absorve o nosso calor mais rapidamente do que outro pavimento feito num material com uma baixa condutibilidade térmica – por exemplo a madeira. Ainda que ambos estejam à mesma temperatura, o primeiro parece mais frio. Ao ter dois pavimentos do mesmo material, (logo, com a mesma condutibilidade térmica) como a pedra, sendo que um está ao sol e tem por isso uma temperatura mais elevada, o que está à sombra parece mais frio, pois absorve o nosso calor mais depressa. (SILVA, 2011, p. 62).
Figura 49: Pormenor Entradas de Luz – Adega Dominus
Fonte: Silva, 2011
Silva (2011) indica sabre as paredes, ainda que por ser um plano vertical é tocada quase que imperceptível pelo usuário, mas uma parede que não ofereça contato físico também pode gerar estímulos táteis, como visto na figura acima. Ao percorrer o
espaço, o corpo do utilizador sente o toque quente dos raios de luz (fig.25) que, ao passar pelos interstícios das pedras, rasgam a sombra e o interceptam. Pallasmaa (2011) defende o uso de materiais que expressem sua história e tempo, como a pedra, a madeira o tijolo, esses materiais “deixam que nossa visão penetre em suas superfícies e permitem que nos convençamos da veracidade da matéria.” (PALLASMAA, 2011, p. 30).
4.2.3 O som no espaço
4.2.2 A harmonia dos materiais Silva (2011) institui algumas práticas para obtenção de
O ser humano ser capaz de criar recordações olfativas que
De acordo com Zumthor (2006) o espaço funciona como um
efeitos aromáticos na arquitetura, como a madeira aromática,
vai recolhendo ao longo da vida e que depois são despertadas por um
instrumento capaz de amplificar e transmitir sons a todos os lugares,
estimulo olfativo similar. Conscientemente ou não, associam-se estas
levando em consideração os materiais, o invólucro, ou corpo
cedro, sândalo, cipreste, confreira a tuia, assim como a madeira, a cera aplicada contribui para a aromatização do ambiente. Além disso, exemplifica a pedra, que em um dia quente de verão libera o odor rico em minerais. Ainda, o asfalto e o
recordações a determinadas emoções e sentimentos relacionados com
arquitetônico.
a vivência do espaço recordado, que influenciam o modo como se vive que os aromas que evocam férias têm um efeito desestressante, e que
betão que possuem cheiros específicos sob agentes externos,
os que lembram nossa casa e família serão tranquilizantes. (SILVA, 2011,
como a água e o calor, o granito ou o cimento esquartelado já
p. 41).
não evidenciariam seu cheiro em ruas e espaços públicos, por
Ainda sobre arquitetura e aroma, Silva (2011) indica
exemplo. De acordo com Pallasmaa (2011) a memória mais
que o cheiro contribui também para a orientação do usuário que
frequente de um espaço é seu cheiro.
movimenta através do espaço.
podem ser implementadas para minimizar os efeitos dos Infelizmente hoje, muitas pessoas não percebem o som do espaço. Sim, o som do espaço; pessoalmente, a primeira coisa que me vem à cabeça são os barulhos[...] eu poderia estar na sala, mas eu sabia que minha mãe estava em casa, ouvia frigideira e outros potes. (ZUMTHOR, 1996, p. 30).
este novo espaço. Santos Meira sugere: “É fácil, por exemplo, prever
Para o autor algumas estratégias arquitetônicas
Conforme Sampaio (2005) define, o conforto
ruídos sonoros, como os espaços de curta permanência, que podem servir como amortecedores conforme como corredores, recepção. Deve-se, ainda, equalizar os efeitos dos ruídos com elementos que visam melhorar o conforto térmico, como janelas abertas, evitando assim efeitos indesejáveis.
acústico relaciona-se com a qualidade do som produzido.
De acordo com Vasconcelos (2004), para evitar a
Para Silva (2011) a vegetação pode produzir efeitos
O Pitosporus, cujo cheiro intenso, adocicado, mais
Ruídos internos podem interferir nas atividades desenvolvidas,
propagação do barulho é necessário a escolha correta de
olfativos mesmo não sendo aromática, como a relva, portanto
ativo quando há humidade, logo, de manhã e ao fim da tarde, dá
sendo assim o isolamento acústico é necessário em
materiais que não reflitam ou amplifiquem as ondas sonoras,
existem diversas
aromáticas, caracterizando
referências quanto ao ciclo diário; o mesmo acontece com a
determinados ambientes, podendo ser feito com o aumento da
bem como trabalhar as superfícies na arquitetura como
composição com a arquitetura e sua interação com o ambiente
planta conhecida como Rainha da Noite, só libera cheiro à noite;
massa do fechamento ou amortecimento com materiais que
forma de diminuir as reflexões e amplificações, como a
construído, exemplifica as coberturas ajardinadas como um
na primavera as plantas em geral libertam mais aroma do que
diminuam o impacto da propagação das ondas sonoras. No
irregularidade de paredes e tetos, o uso de painéis
espaço contemplativo, paredes verdes, pérgolas e túneis
nas restantes estações do ano, dando referências quanto ao
estudo de implantação é necessário conhecer então as fontes
acústicos, entre outros.
criados com a vegetação. De acordo com Silva (2011) o cheiro
ciclo anual. (SILVA, 2011, p. 43).
produtoras de ruído e sua relação com a direção dos ventos
espécies
guia, podendo criar ritmos crescentes, decrescentes, regulares
para estabelecer estratégias que articulem com as atividades
e irregulares através do movimento do usuário no espaço.
desenvolvidas na edificação.
71
72
4.2.3 O som no espaço Segundo Moscati (2013), a acústica em templos é influenciada pela geometria, podendo gerar fenômenos de reflexão, difração e difusão sonora. Superfícies cônicas possuem propriedades refletoras, constituídas por paredes curvas e podem gerar acústica favorável em auditórios e templos. O autor acrescenta que superfícies paralelas tendem a produzir eco, sendo assim, o som refletido demora a chegar no ouvinte, e as paredes de fundo, impregnadas de materiais liso e duro, refletem o som direto ao orador e prejudicam a audição de quem está nos assentos próximos a ele, pela distância que o som percorre.
Pallasmaa (2011) dialoga com a significância dos
Exemplifica a obra de Siza, a Igreja de Marco de
Para Pallasmaa (2011) é o som que afeta o sentido do cosmos
sons, dizendo que o som noturno é a lembrança da
Canaveses, em que sua característica acústica é a
do homem. O som cria a experiência de interioridade. Quando
mortalidade, o gotejamento de uma ruína em seu invólucro
reverberação, e instintivamente força o usuário a se
removemos a trilha sonora de um filme, por exemplo, as cenas perdem
côncavo imaginado pela audição: “O som mede o espaço e
comportar mais silenciosamente. Sobre a “defesa contra
sua plasticidade e o senso de continuidade e vida:” um som longo, com
torna sua escala compreensível.” (PALLASMAA, 2011, p. 48).
ruídos externos”, exemplifica que uma edificação cercada
seu eco, traz consumação à pedra.” (PALLASMAA, 2011, p. 47).
Silva (2011) indica que na arquitetura, para
Além dos ruídos externos, tem-se os produzidos pelo homem
trabalhar com o som, faz-se necessário eliminar o ruído,
que, na visão de Silva (2011), são mais difíceis de controlar, portanto,
conquistando o silêncio, através de formas e materiais, que
deve-se prever os sons resultantes dos tipos de calçados usados em
amplifiquem ou apaguem determinados sons. Para Silva
tais ambientes para escolher o melhor material para esse plano,
sim aproveitá-los como forma de enriquecimento da vida de seus usuários, a água, a árvore, atraindo pássaros: Figura 52: Espaço de Meditação – Talado Ando
(2011) cada espaço deve-se mostrar sensível ao tipo de uso,
intensificando ou não os ruídos produzidos. Figura 50: Paredes Côncavas – Catedral de Brasília
de natureza não pretende defender-se desses ruídos, e
na arquitetura ocidental o silêncio é empregado em primazia
Os estímulos auditivos podem contribuir como
em espaços religiosos e culturais, como igrejas e museus,
orientação no espaço. Tal afirmação verifica-se particularmente
com o intuito de não perturbar as atividades e não como
quando se tem aquilo que Michel Chion denomina como “ponto de
forma de desfrute, como no jardim japonês, por exemplo.
som”:
Figura 51: Igreja de Marco de Canaveses (Porta de Entrada) A fonte, por exemplo, por se tratar de “fontes” sonoras fixas, com cujo som se interage Fonte: Silva, 2011
consoante a aproximação ou afastamento, constitui pontos de referência ao nível da leitura do espaço, quer à escala do edifício quer da
No espaço de meditação, componente dos
cidade, permitindo saber quando se está mais
edifícios que compõem a UNESCO em Paris, arquitetada
ou menos perto de determinado lugar, Fonte: Site Archdaily, 2020
por Tadao Ando, tem-se ao seu redor o elemento água que Fonte: Silva, 2011
consoante o som é mais ou menos perceptível. (SILVA, 2011, p. 57).
73
74
excluí os ruídos externos dentro do espaço.
4.2.3 O som no espaço
4.2.4 A temperatura
Figura 53: As Formas na Arquitetura e a Propagação do Som
Ainda sobre acústica, Silva (2011) indica que uma janela é um
Todo edifício possui certa temperatura, proveniente
dispositivo que permite não só a entrada de uma paisagem no interior
de fatores como materialidade, orientação etc. Zumthor
do espaço mas também dos sons vindos do exterior. E porque não fazer
(2006) exemplifica a construção do Pavilhão Hannover: “Você
uma janela para ouvir a paisagem? Digamos, por exemplo, o mar.
sabe muito bem que os materiais extraem mais ou menos
Quando se abrisse esta janela, seria não para o ver, mas para o ouvir.
calor do nosso corpo. Por exemplo, o aço está frio e reduz
Uma vez que esta não serviria para ver através dela, poderia até nem
calor e coisas assim[..]”. (ZUMTHOR, 2006, p. 32-33).
ser transparente – apenas uma portada que abrisse e fechasse, uma
De acordo com Vasconcelos (2004), é preciso atentar-se para a relação de iluminação e carga térmica, exemplo de uma janela que pode ao mesmo tempo permitir visualização como também gerar carga térmica excessiva em um ambiente, implicando na temperatura.
4.2.5 Entre calma e sedação | As coisas ao meu redor
Figura 54: Pavilhão Hannover
caixa de ar que ampliasse o som das ondas a rebentar na areia. Como
Para Zumthor (2006) todos nós mantemos
um instrumento...ou um búzio ao qual se encostasse o ouvido para ouvir
relações e criamos intimidade com os ambientes em que
o mar. (SILVA, 2011, p. 53).
vivemos, tendo um sentimento de casa. Intitula como o fato
Corroborando com o som nos espaços, vale ressalta as
de nos transportarmos para a arquitetura: “[...] arquitetura
informações trazidas por Souza (2013) sobre as formas das
é uma arte espaço, mas também uma arte temporária. Não é
superfícies e a propagação do som, considerando que para
experimentada em apenas um segundo.” (ZUMTHOR, 2006, p.
determinar o desenho acústico do espaço deve-se entender o uso
40).
do ambiente. Superfícies côncavas podem tendem a não
Exemplifica o projeto das fontes termais de Vals,
uniformidade da distribuição do som, sendo por vezes
em que os percursos foram feitos para as pessoas se
necessários elementos difusores. Outra informação importante é
movimentarem livremente, com uma atmosfera de sedução,
o cuidado com o paralelismo de paredes, pequenas inclinações
e não apenas dirigi-las a determinados locais. Afirma que a
podem solucionar a propagação das ondas sonoras, têm-se
luz induz o percurso, e gera essa atmosfera de não
também os ângulos, retos e agudos causam a superposição sonoro, conforme visto na figura acima, para evitar essa situação
Fonte: Site Wikiarquitectura, 2020
Fonte: Bê-á-bá da Acústica na Arquitetura, 2013
condução, mas sim de andar livremente, as luzes são sinais para a orientação: “Tudo deve produzir um sentimento natural”. (ZUMTHOR, 2006, p. 45).
pode-se usar ângulos obtusos.
75
76
4.2.5 Entre calma e sedação | As coisas ao meu redor Figura 55: Termas de Vals- Peter Zumthor: Interação Luz e Material Natural
Figura 57: Cemitério e Crematório de Skogskyrkogarden – Eixo visual - Suécia Figura 56: Cemitério e Crematório de Skogskyrkogarden - Suécia
Corroborando com a temática do projeto, os espaços fúnebres com a relação e influência do contato interior e exterior, atribui-se importância da relação dos espaços edificados com a vegetação. De acordo com Santos (2015) a relação desses espaços com a vegetação não é
nova. Conforme visto anteriormente e de acordo com Eliade (1991), o contato do homem com a natureza, é evidenciada Fonte: Site Arquiscopio, 2020
por mitos e encontra-se no imaginário popular. Conforme Santos (2015) a presença da vegetação Fonte: Site Archdaily, 2011
4.2.6 A tensão entre interior e exterior
nos espaços de morte não se dá somente ao aspecto
Ainda sobre a integração com a vegetação, Santos (2015),
místico, conecta-se também com a ideia de salubridade.
salienta que algumas espécies possuem significados diretamente
Acrescenta o fato de que na década de 1970, uma faixa
conectados ao fúnebre, como as coníferas.
De acordo com Zumthor (2006), a transição interior e exterior gera
gramada foi denominada de Jardim de Lembrança para que
sensações indescritíveis do lugar, uma concentração, um envolvimento súbito
familiares derramassem as cinzas de seus entes cremados.
com o lugar. Essas sensações podem nos afetar de forma diferente, o que é
É possível visualizar essa relação em Skogskyrkogarden,
visto por alguém necessariamente pode não ser visto por outra pessoa. “Nós
conforme Figuras 52 e 53:
Fonte: Site Archdaily, 2020
Figura 58: Pinus - Árvore Conífera
usamos sinais, nós observamos. Não sei se minha paixão afeta você da mesma maneira.” (ZUMTHOR, 2006, p. 46). [...] E eu sempre imagino isso assim em todos os edifícios que eu faço. O que eu quero ver – ou aqueles que vão usar o prédioquando estiver dentro? O que eu quero que os outros vejam sobre mim? E que referência eu mostro com meu prédio quando o exponho ao público? (ZUMTHOR, 2006, p. 47-48)
77
78
Fonte: Site Ambiente Brasil, 2020
Diante disto, Eliade (1993) nos mostra que a vegetação,
Para Ulrich (1990) os elementos naturais provocam
principalmente a árvore, sempre expressou para diversas culturas o
sentimentos positivos, reduzindo as emoções negativas como
cosmos, como sinônimo de juventude, vida, imortalidade entre
o medo, a tristeza e assim bloqueando pensamentos ruins e
outros. Santos (2015) corrobora evidenciando que, independente da
estressantes.
4.2.6 A tensão entre interior e exterior Figura 59: Fragmentos da Paisagem Natural do Terreno:
Figura 60: Ciupressus Funebris
espécie, a árvore remete a uma organização mitológica do sagrado.
Fonte: Acervo Autora, 2020
Vasconcelos (2004) comenta que os espaços verdes podem
de clausura de se passar horas em um mesmo local e alguns
ser aliados nas estratégias de conforto para minimizar o ganho de
elementos arquitetônicos podem possibilitar essa relação do
calor nos ambientes internos. As plantas geram influência na
interior/exterior e o contato com a natureza, como o jardim
questão do conforto térmico, visual, acústico e olfativo e transmitem
externo, o acesso principal à edificação, o pátio central, o
a sensação de aconchego.
terraço-jardim, o jardim-terapêutico, jardim interno, o átrio e
A relação estabelecida entre uma edificação e seus
Fonte: Site Flickr, 2018
espaços internos com o entorno circundante pode ser estabelecida
Figura 61: Salgueiro - Chorão
através das aberturas, espaços comuns como praças, saguões,
O uso no caráter fúnebre, conforme atribuído por Santos
salas de espera, entre outros. Essa conexão gera benefícios no que
(2015), pode ser verificado pelo nome em algumas espécies, como a
diz respeito ao conforto ambiental também, pois permite o acesso à
Cipressus Funebris, com nome popular no Brasil de cipreste-fúnebre,
iluminação e ventilação natural. Segundo Sampaio (2004) apud Ciaco
outra espécie conectada com o fúnebre é a Salyx Babilônica ou
(2010): "uma janela possibilita descanso visual pois permite uma
Salgueiro-chorão.
ligação direta com o mundo exterior, com as diferentes variações que ocorrem no decorrer do dia.” (CIACO, 2010, p. 91 apud SAMPAIO, 2004, p. 187).
Fonte: Site Jardinagem e Paisagismo, 2020
79
A visão do ambiente externo pode aliviar a sensação
80
também os ambientes internos como salas de espera, de trabalho e medicação. A variedade de superfícies possibilita variedades de texturas e também pode ser proporcionada pelo contato com o ambiente externo ou com a vegetação presente na edificação. Segundo Vasconcelos (2004) a natureza é rica em texturas e por isso pode estimular positivamente o corpo humano.
4.2.7 Graus de intimidade
4.2.8 A luz sobre as coisas
Deve-se, segundo o autor, pensar, primeiramente, em
De acordo com Bula (2015), no projeto da Capela, Steven
Refere-se a escala, a noção de proximidade e
Zumthor afirma que a luz preexiste ao uso da
constituir uma massa de sombras, fazendo reserva para o
Holl trabalhou principalmente a luz, atribuindo à dimensão simbólica,
distância, tamanho, dimensão, proporção, massa de
edificação: “nós não ligamos ao eletricista especialista no
esvaziamento da luz que queremos que penetre no edifício,
da passagem do tempo, gerando atmosferas distintas para cada
construção e sua relação com o ser humano. “o que
final e dizemos: bom. Onde vamos colocar as luzes agora
depois, deve-se verificar materiais e superfícies, analisando
espaço.
quero dizer é tamanho, a massa e o peso das coisas”.
e como as iluminamos? Ao contrário, a imagem global já
como se comportarão perante o efeito de luz: “escolha materiais
Algumas normas publicadas pela ABNT (Associação
(ZUMTHOR, 2006, p. 50).
está lá desde o começo.” (ZUMTHOR, 2006, p. 58). Sobre
com plena consciência de como eles refletem.” (ZUMTHOR, 2006,
Brasileira de Normas Técnicas), condicionam o projeto de
possibilidades de abertura para acesso da luz na
p. 59).
edificações e seus atributos de iluminação, como a ABNT NBR 15215-1
Sobre os edifícios causarem surpresas, Zumthor (2006) indica que sempre busca diferenciar a forma externa da interna, com massas ocultas que não são percebidas, essas mesmas massas, seu peso e tamanho, podem intimidar, comparadas a escala humana. Atenta ao fato de que não se deve atribuir a forma “grande” como algo ruim, como uma falha de escala humana: “A escala de um homem significa algo com seu próprio tamanho. Mas não é tão simples [...] a distância deve ser levada em consideração ou a proximidade entre o homem e a obra construída.” (ZUMTHOR, 2006, p. 52-53).
edificação: Figura 62: Tipos de Abertura – Entrada de Iluminação
Ciaco (2010) diz que o conforto visual, ou luminoso,
- Iluminação Natural; Conceitos Básicos e Definições, a ABNT NBR
refere-se a existências de quantidade de luz satisfatória para
15215-2 - Iluminação Natural; Procedimentos de Cálculo para a
realizar tarefas visuais confortavelmente. O conforto luminoso
Determinação da Iluminação Natural em Ambientes Internos e a
não se trata apenas da iluminação natural e artificial, refere-se
ABNT NBR 15215-4 - Iluminação Natural; Verificação Experimental das
também as cores, como resultado da incidência de luz.
Condições de Iluminação Interna das Edificações; Método de Medição. Figura 63: Aberturas - Iluminação Capela de Santo Ignácio - Steven Holl
Para Zevi (2017) toda obra arquitetônica é precedida de um elemento fundamental, a escala, que é a relação das dimensões do edifício e as dimensões do homem. Fonte: Site LabEEE UFSC, 2014
Fonte: Site Archdaily, 2020
81
82
4.2.8 A luz sobre as coisas De acordo com Pallasmaa (2011), os olhos são órgãos da distância e separação, enquanto o tato sente a proximidade intimidade, os olhos analisam e investigam, o toque acaricia. Em experiencias sensoriais e emocionais tendemos a fechar os olhos e o foco fica presente no tato.
A sombra dá forma e vida ao objeto sob a luz e
Outra contribuição importante trazida por Shielke
também cria o ambiente no qual surgem as fantasias e os
(2011) é revelar que Kahn utilizava janelas e portas em
sonhos [...] a arte do claro-escuro é um talento do mestre-
paredes duplas para direcionar a luz no interior das
arquiteto[...] a escuridão inspira e a iluminação expira a luz.
edificações. Kahn descreve as grandes janelas e portas do
(PALLASMAA, 2011, p. 44).
Indian Institute of Management da seguinte maneira: "O
De acordo com Shieke (2011), em matéria escrita
Sobre a importância das sombras, Pallasmaa (2011) indica que
para o site Archdaily, para Louis Kahn a luz faz visível a
convidam a visão periférica inconsciente a uma fantasia propiciada pelo
escuridão, a arquitetura deve produzir espaços harmônicos
tato, como as ruas escuras de uma cidade em contraponto com ruas
com o uso da luz, para mostrar um ambiente escuro deve-se
iluminadas demais, a imaginação e a fantasia perante o espaço se
inserir um pouco de luz, que revelará o quão escuro ele
intensifica a curiosidade e o convite a experimentação em ambientes
realmente é. Além da conexão da luz com a sombra, esta liga-
mais misteriosos, a escuridão, a sombra .
se ao silêncio e ao tempo, para Kahn a escuridão transmite
exterior pertence ao Sol, e no interior as pessoas vivem e
trabalham. Para evitar usar proteções solares, eu tive a ideia de utilizar profundas aduelas que protegem as frias sombras ." (SHIELKE, 2011) .
Figura 65: Câmara Municipal de Saynatsalo – Alvar Aalto
incerteza, um profundo mistério. Deste modo, caminhar Figura
Na arquitetura, as dimensões influem antes de mais
através da sequência de aberturas no pórtico do Salk
64: Indian
nada sobre o valor espacial, mas também influem sobre ele
Institute, nos traz o escuro silêncio de um claustro. Linhas e
Institute of Managemente – Louis Kahn
aberturas de sombras oferecem uma fina textura às paredes
centenas de outras considerações: a luz e a posição das
maciças. A pedra branca e o concreto cinza das paredes
sombras; a fonte de luz atrai a vista, criando a sugestão de um
proporcionam uma tela tridimensional monocromática para o
seu próprio movimento independente. Sobre a cor: “um
jogo das sombras. A sombra se torna um elemento essencial
pavimento escuro e um teto claro dão uma sensação espacial
para revelar a organização e a forma dos volumes
totalmente diferente daquela criada por um teto escuro e um
monolíticos de Kahn. Fonte: Site Archdaily, 2017 Fonte: Site Archdaily, 2010
83
84
pavimento claro. [,,,] “ (ZEVI, 2017, p. 187).
4.3 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS Conforme visto anteriormente, as atitudes perante a morte sofreram consideráveis modificações ao longo do tempo. Hoje a morte é vista como algo interditado e isso reflete nos espaços destinados aos ritos de morte, que são excluídos das cidades, negligenciados, transformando em um ambiente hostil, neutro, não indentidário. O afastamento do homem perante a morte então gera a diminuição da sua percepção perante os símbolos, por Zumthor: as atmosferas. Como exposto nesse processo da pesquisa, hoje, racionaliza-se a morte, terceirizam-se as escolhas, e os espaços da morte podem facilmente serem vistos
como identitário de um comércio, um serviço, mesmo que o objeto fim seja o homem, é a dimensão sensível, a espiritualidade, o luto, a ausência o foco. Ainda com essas características, é perceptível através da pesquisa que em suas manifestações, o homem ainda guarda resquícios de sua religiosidade e produz símbolos de maneira inconsciente. O projeto apresenta-se como um ensaio, uma provocação da morte, interdita, mas presente, excluída, mas sentida, negligenciada nos espaços, mas cheia de significados ao longo dos tempos. Portanto, nasce uma proposta do que poderia ser a assimilação da Arquitetura Funerária Contemporânea com esse percurso longínquo, dotado de símbolos, de significados e principalmente de atmosferas, sentidas, experenciadas, e vividas, mesmo que na morte, por eles, e na vida, por nós.
85
86
5. ANÁLISES ARQUITETÔNICAS ESTUDOS DE CASO Nesta componente serão abordados os estudos de casos, indireto e direto análogos ao tema em estudo. Objetivando a compreensão da organização espacial, programática e soluções pertinentes a tipologia de projeto. Também espera-se entender a aplicabilidade de ações que tragam a espiritualidade, atmosferas e simbolismo conforme problemática inicial da pesquisa. Bibliografia para estudo de caso: CLARK, Roger H.; PAUSE ; Prof.º Wilson Florio
87
88
FICHA TÉCNICA
Conceito
N
N
O projeto baseia-se na construção de um crematório em Cemitério existente Do tipo Jardim
Acessos
terreno pertencente ao cemitério já existente, o principal cemitério da cidade de Lommel na Bélgica.
Nome da obra : Crematório Statie Stuifduin Ano: 2018 Projeto de: a2o-architecten Localização: Norbert Neeckxlaan 156, 3920 Lommel, Bélgica. Materialidade: Cimento, Cerâmica e Vidro Status: concluído Área: 3000m²
O Cemitério configura-se como um parque público e foi
projeto para ser um ambiente agradável. Conforme matéria publicada no site Archdaily: O projeto parte da premissa de que o crematório e o cemitério devem ser tratados como um único
Legenda:
local. O edifício de entrada existente será mantido
Eixo secundário cemitério
como o principal acesso ao local, o crematório se
Crematório
Eixo primário cemitério Eixo primário contínuo ao crematório Acesso cemitério Acesso crematório
ramificando a partir do eixo primário existente.
Localização: Lommel, Bélgica Imagem aérea - Fonte: Google Earth, adaptado pela autora, 2020
Perímetro:
1
4
Inserido em um entorno imediato predominante por residências de 1 e 2 pavimentos, alguns comércios vicinais e em grande maioria grandes áreas verdes e espaços de plantios (fazendas).
1 3
Figura 66: Fachada Crematório Fonte: Archdaily,2018
Motivação para a escolha: composição materialidade + contato com a paisagem -natureza + programa de necessidades+
89
90
2
Fonte: Google Earth, adaptado pela autora, 2020 2
3
4
Organização programática A edificação ocupada pelo crematório é divida
N
em 3 blocos interligados por um hall aberto.
Fluxos:
Acessos:
No edifício 1: Os cerimoniais
Público em geral Serviços
Público em geral Serviços
No edifício 2: O Crematório
13/14 10
11
1
6
7
8
A
15
No edifício 3: Os salões de reunião
12
18
17
10
1
1
conduzindo a área do preparo de bebidas e refeições. Na
20 9
área ocupada pelo crematório não foi identificado
O Hall aberto (A) nitidamente é o principal
circulação exclusiva segregada do público para acesso a
organizador e distribuidor de fluxos pela edificação,
essa área, conforme exemplificado na planta baixa.
somado a isso sua dimensão consideravelmente o coloca
Permitindo então a visualização do fluxo de serviços do
como o ambiente de maior hierarquia na edificação. Acessos
3
5
B
Legenda caminhos: A – Salão principal B – Caminho de entrada C – Caminho de saída
Setorização: Cremação
Circulação
Apoio Velório
Hierarquia de ambientes
crematório entre as famílias presentes. 2
3
Fonte: Archdaily, 2018 Modificado pela autora
19
10
2
Fig __Planta Baixa
Foi identificado apenas 1 acesso de serviço,
16
4
Fonte: Archdaily -Modificado pela autora,2020
Serviços
1 – Sala de espera 2 – Sala de condolências 3 – Quarto da família 4 – Balcão de recepção 5 – Auditório 6 – Sala de acesso ao forno 7 – Sala de cremação 8 – Hall 9 – Sala de espera 10 - Sanitários
11 – Cozinha 12 – Lavanderia 13 – Armazenamento cong. 14 – Armazenamento frio 15 – Despensa C 16 – Armazenamento 17 – Sala de refeições 18 – Armazenamento bebidas 19 – Depósito limpeza Figura 67: Planta Baixa 10 – Áudio e Vídeo
Obs: 6/7: 3 fornos – área aprox.:200m² Obs: 5: 2 auditórios – área aprox.:140|200m²
Fonte: Archdaily, 2018 Modificado pela autora
91
92
O caminho C conduz o visitante do estacionamento até a edificação, podendo acessar diretamente a área do café bem como a circulação horizontal que leva até a área de cerimoniais ou reuniões.
O caminho B possui conexão direta com o cemitério ao lado, conforme visto anteriormente e o caminho A conduz tanto serviços como visitantes a edificação de maneira geral. Ver imagem ao lado.
Fonte: Google Earth, adaptado pela autora, 2020
Configuração | layout
Massa e volume
N
Conforto ambiental:
N Pôr do sol
Nascer do sol Fig __ e ___Esquemas Fonte: Archdaily, 2018 Modificado pela autora
Forma genuína
Figura 68: Planta Baixa Fonte: Archdaily, 2018 Modificado pela autora
Planta baixa: subtração de retângulos
Figura 69: Imagens internas Fonte: Archdaily, 2018 Modificado pela autora
O ambiente dos fornos é antecedido por uma antessala na
A área de serviços foi disposta no quadrante norte, mas
qual o corpo é conduzido até o forno. O edifício conta com 3 fornos
precisamente à Noroeste, por se tratar da edificação estar no
crematórios.
Hemisfério Norte essa será uma das orientações com menor incidência
A circulação horizontal é composta por áreas semi cobertas,
de sol; As salas de cerimonia e reunião estão orientadas à Leste |
permitindo a passagem de iluminação natural e a parte coberta
Sudeste portando receberão incidência de iluminação direta o dia todo. (
permite proteção em dias chuvosos.
como proteção aos raios solares direto, foram observador o
As salas de cerimônias são compostas por conjuntos de
Hierarquia volumetria
poltronas de 4 a 6 lugares. A sala menor possui 14 poltronas e a maior
Área ocupada pelas chaminés dos fornos Área ocupada pelas salas de cerimônia
24. vigas em aço e pilares em concreto.
Volume: adição de retângulos
aberturas são do tipo laterais compostas por portas e janelas e na fachada são do tipo fixa o que evita a circulação de ventilação natural.
Pontos positivos e negativos Integração visual com a paisagem; Barreira física entre as salas de cerimônia: conferindo Soluções de conforto: melhor aproveitamento da ventilação natural maior privacidade entre famílias distintas Paisagismo poderia oferecer equipamentos para utilização fora Programa arquitetônico de apoio as famílias: quartos | da edificação, ex.: bancos; serv. alimentação Confronto : Circulação de acesso funerária – circulação geral
Fig __Volumetria Fonte: Archdaily, 2018 Modificado pela autora
Outro ponto importante que vale ressaltar é o hall aberto (A) funcionando como átrio e distribuidor de ventos na edificação, porém as
A estrutura da edificação é do tipo modular, compostas por
Área ocupada pelas salas de reunião| café
prolongamento da cobertura, funcionando como brises.
Obs: prever na composição volumétrica do projeto a hierarquia e altura da área do forno.
93
94
FICHA TÉCNICA
Elevador | morto
N
Nome da obra: Tanatório Municipal de Leon Ano: 2000 Projeto de: BAAS Localização: Leon, Castela e Leão, Espanha Materialidade: Concreto e Mármore Status: concluído Área: Aprox.: 5000m²
18 20 10
22 19 16 12 14 7
15 9
11 8 8 4
5 6
5 5
30 6
5 6
5
predominante por edificações de serviços e comércios, inserção em uma centralidade urbana. Ao lado do Tanatório um Centro de Saúde. A edificação funciona como uma funerária com espaço para as cerimônias de despedida. Não
possui crematório e cemitério. Figura 70: Volumetria Tanatório de Leon Fonte: Archdaily, 2008 Modificado pela autora
5
6
5
Figura 71: Planta baixa
Abertura Zenital
Fonte: Archdaily,2008 Modificado pela autora
Instalações
Funerário
Operacional
Público.
Mortos
Acesso público
Acessos:
Análise de fluxos Vivos
Circ.
Com a leitura da planta é possível notar que o fluxo dos vivos é separado do fluxo dos mortos, ao contrário do que acontece no crematório do estudo anterior. O acesso do morto à edificação se dá na cota -6,55 e é levado para a tanatopraxia pelo elevador ( ao lado do ambiente. nº 25).
Motivação para a escolha: conceito + Programa de necessidades + atmosferas + fluxos + Solução abertura zenital
95
5
Planta Baixa – Cota -3,50m
Setorização:
Inserido em um entorno imediato
6
1
Localização: Leon, Espanha Perímetro:
5
17
2
Centro de Saúde Imagem aérea - Fonte: Google Earth – Adaptado pela autora, 2020
5
32
13
3
96
1 – Entrada 2 – Hall 3 – Recepção 4 – Oratório 5 – Salas de vigília 6 – Túmulos 7 – Administração 8 – Consultoria 9 – Sala de reuniões 10 – Gabinete de gestão e presidência 11 – Circulação adm. 12 – Circ. Presidência 13 – Depósito 14 – Sala de descanso 15 – WC PCD 16 – Circ. Sala de descanso 17 – Sala de espera 18 – Sala de exposição 19 – Sala de recrutamento e seleção 20 – Exposição de acessórios 21 – Armazém | Instalações 22 – Circ. Exposição 23 – Sala de reconhecimento 24 – Tanatopraxia 25 – Circ. Tanatopraxia 26 – Vestiários 27 – Laboratório 28 – Armazém tanatopraxia 29 – Circ. Serviços 30 – Sala de instalações 31 – DML 32 – Sala de máquinas
N
27 28 31 21
24 26 23 25 29
Aqui mortos e vivos se encontram antes da cerimônia apenas para a família visualizar o falecido, uma espécie de reconhecimento.
Conforto ambiental: No pvto inferior distribuem os
Elevador | morto
N
N
ambientes de manutenção e funerário,
Acesso de serviço
33 36
37
40
34 35
conectados pelo elevador e escada.
39
No pvto superior os ambientes
38
adm., de instalações e de acesso ao
Planta Baixa – Cota -6,65m Setorização: Instalações
Funerário
Operacional
Público.
Nascer do sol
Circ.
33 – Estacionamento 34 – Sala dos motoristas 35 – Vestiários 36 – Quadro geral
Análise de fluxos
O carro funerário acessa a edificação através de uma rampa que conecta o pavto superior. Pela planta baixa entende-se que o corpo chega no subsolo e é levado
até a sala de tanatopraxia que fica no nível -3,50m. Nesse nível ficam armazenados os
O conceito baseia-se na edificação se comportar como um túmlo, enterrada no solo de
Implantação Fonte: Archdaily Modificado pela autora
Leon. O processo De escolha do volume baseou-se na escavação para implantação. Uma cobertura plano com um espelho d’agua, evaporando e transferindo umidade para o entorno. O verão de Leon é
Pôr do sol
37 – Circ. De serviço 38 – Armazém urnas 39 – Sala de ar condicionado 40 - Distribuidor Vivos Mortos
público
Seção Transversal| Setorização esquemática Fonte: Archdaily, 2008 – Adaptado pela autora
Fig __Planta baixa Fonte: Archdaily, 2008 Modificado pela autora
quente e seco.
Um ponto interessante relacionado acerca da influência climática nesse projeto é o fato de que por ser
Pontos positivos e negativos
Figura 72: Luz e sombra Fonte: Archdaily,2008
Atmosfera gerada pela iluminação natural no Oratório; Barreira física entre as salas de “entrega” do caixão e ambiente de cerimônia Setorização e fluxo organizado entre público e serviços, ex.: sala De exposição e tanatopraxia
semienterrado, a insolação adentra a edificação apenas por aberturas zenitais, conforme sinalizado na planta baixa nível -3,50m.
Fluxo: morto chega pelo subsolo, sendo que logo já é transportado para o pvto superior para a tanatopraxia | velório.
“caixões”, sendo levado até o pvto superior para o expositor, somente nessa sala a família escolhe a urna. Portanto esse nível é acessado apenas por funcionários.
Conforto ambiental:
Conforme imagem ao pode-se perceber que as aberturas possuem varias
orientações, causando efeitos de iluminação ao decorrer do dia.
Aberturas zenitais Fonte: Archdaily, 2008 : Modificado pela autora
97
98
Partido Fonte: Archdaily, 2008 : Modificado pela autora
Possível sensação de enclausuramento devido ao contato interior x exterior se estabelecer por aberturas zenitais apenas. E alguns ambientes não recebem iluminação natural
FICHA TÉCNICA
N
Nome da obra: Crematório Baumschulenweg Ano: 2013 Projeto de: Shultes Frank Architeckten Localização: Berlin, Alemanha Materialidade: Concreto Status: concluído Área: 9.393m²
1
1 7
11 – Acesso funcionários
2 - Hall
12 – Circ. vertical
3 - Capela
4
6
Elevador | morto
1
3
1
9 – Apoio capelas
19 – Pista veículos
para glorificar, não pode haver
Figura 76: Planta Baixa Pvto Térreo Fonte: Archdaily, 2013 Modificado pela autora
A chegada no morto na edificação pode acontecer
arquitetura", então esta estrutura
tanto pelo nível térreo como pelo subsolo, conduzido por rampa.
glorifica a quintessência da arquitetura,
O espaço oferece a estrutura para a cerimônia e
comemora o espaço, o silêncio de
cremação.
paredes em luz.”
Acessos:
Acesso público
argila habilitadas e o sol com sua luz”.
Setorização| Fluxo: Cerimônia
Adm.
Acesso serviço
Operacional Crematório
100
14 15
17
14
9
14
Figura 77: Corte Esquemático
17
18 19
Pontos positivos e negativos
Mezanino: Adm
16
12
Térreo aos espaços de cerimônia e adm
localizam-se os fornos da cremação.
99
13
Subsolo destinado as atividades operacionais e adm;
Atmosfera gerada pela iluminação natural; Conceito atribuído ao material e atmosfera do silêncio: a sensibilidade do projeto
edificação são conduzidas diretamente ao subsolo, onde Figura 74: Hall Fonte: Archdaily,2013
11
Figura 78: Planta Baixa Pvto Subsolo Fonte: Archdaily, 2013 Modificado pela autora
Mortos
Entende-se que pessoas que não serão veladas na Figura 73: Acesso principal Fonte: Archdaily, 2013
12
17 – Sala de funcionários 18 – Vestiário| Refeitório
“ As colunas com seus capitéis de luz estabelecem a única
glorifica, para que onde não há nada
8
Elevador | morto
8 – Salas de apoio
10 - Depósito
referência que nos resta: um contraste cosmológico entre pilhas de
10
16 - Depósito
7 – Circ. vertical
2
silêncio: isso é algo que ainda consegue proporcionar[...]”
Wittgenstein que a arquitetura "obriga e
9
11 12
5 - Circulação Vertical 15 - Administrativo 6 - Corredor
não pode mudar isso. Um lugar de descanso, um espaço para o
de verdade na alegação de Ludwig
13 - Túmulos
8
4 - Átrio Contemplativo 14 – Circ. horizontal
“ As pessoas morrem e não ficamos felizes – a arquitetura
Motivação para a escolha: conceito + atmosferas + fluxos
3
Obs.: 3 Salões de 5 cerimônia 1 para 250 e 2 para 50 pessoas. Obs.: Salão de cerimônia para 250 pessoas: Localização: Berlin, Alemanha aprox.: 260m² Imagem aérea - Fonte: Google Earth, adaptado pela autora
“E se houvesse uma palavra
3
1 - Entrada
Fonte: Archdaily ,2013, modificado pela autora
um invólucro perfurado nasce da terra para proteger os seres humanos quando eles se despedem de seus falecidos.
O conceito baseia-se na arquitetura voltada ao Sol, o Deus primitivo.
N
Uma arquitetura esteriotômica formada por
FICHA TÉCNICA Nome da obra: Tanatorium João Carlos Salas Ano: 2015 Projeto de: Shultes Frank Architeckten Localização: Saragoça, Espanha Materialidade: Concreto | Vidro | Gesso Status: concluído Área: 196m²
A luz do sol é filtrada pelos
1
2
5
brises (grelhas metálicas) e sues contornos projetados desenham e recriam a sensação do tempo, para um
6 3
sombras. “O padrão das persianas foi
5
projetado para criar sombras no verão e
Localização: Saragoça, Espanha Figura 80: ImplantaçãoFonte: Archdaily, 2015
inverno para colaborar no desempenho energético do edifício.”
7
1
nível visual, marcando o movimento das
permite que a luz do sol apareça no
6
4
Figura 81: Planta Baixa Fonte: Archdaily ,2015 Modificado pela autora
Acessos:
1 - Circulação
5 – Velório | Velatório
2 – Vestiário | WC
6 - WC
Acesso público
3 - Morgue | Tanatopraxia 7 – Hall
Acesso serviço
4 – Câmara
Vivos Mortos
Pontos positivos e negativos
Ausência de ambientes adm
Organização dos fluxos Morto x Vivos
O uso da edificação é similar ao que conhecemos no Brasil, como as
Soluções de atmosferas e conforto
funerárias. Não foram percebidos locais de depósito para guarda de urnas e elementos decorativos. Motivação para a escolha: Entendimento do funcionamento como funerária + velação : na possível aplicabilidade para ateus.
Figura 79: Volumetria Acesso principal Fonte: Archdaily,2015
O prédio se organiza de uma forma mais contida, no qual a família fica separada do falecido, vendo por uma vidraça, uma espécie de reconhecimento. Obs.: Agregar no PN | Velório Ateus | Doença infectocontagiosa
101
102
3
4
Figura 82: Corte Esquemático Fonte: Archdaily, 2015 Modificado pela autora
6
1
7
FICHA TÉCNICA
N
Figura 83: Volumetria Fonte: Archdaily, 2015
Nome da obra: Crematório Comunal Ano: 2013 Projeto de: Henning Larsen Localização: Ringsted, Dinamarca Materialidade: Concreto | Revest. cerâmico Status: concluído Área: 2700m² Área terreno: 50000m² Motivação para a escolha: Curiosidade da organização entre velório e cremação + organização programática
14
16
11
8
15
10
4
5 7 6
Garagem
Acessos:
Localização: Ringsted, Dinamarca
Acesso público
Imagem aérea - Fonte: Google earth
12 Figura 85: Planta Baixa Fonte: Archdaily,2015 Modificado pela autora
1
3
2 16
16
4 - Fornos
7 - Sala administrativa
10 - Caixões
13 - Depósito
2 - Hall
5 - Corredor
8 - Sala administrativa
11 - Antecâmara
14 - Entrada serviços
12 - Tanatório
15 - Circulação Serviços
Acesso serviço
Figura 84:Sala dos fornos Fonte: Archdaily,2015
adeus. Espaço onde os amigos e familiares dos falecidos tem a opção de ver o túmulo e observar a cremação através de uma janela na sala de caldeira.”
“O crematório foi projetado levando em conta as pessoas que ali trabalham. A nova sala de caldeira cria um bom clima interior oferecendo melhores condições de trabalho e ao mesmo tempo um ambiente digno para os familiares dos falecidos. Os usuários do espaço são capazes de desfrutar a luz conforme ela se altera ao longo do dia e ano. A luz quente é refletida nas paredes e se move por um teto longo e ondulado.”
103
Figura 86: Seção longitudinal
Fonte: Archdaily, 2015 Modificado pela autora
O fluxo entre vivos e mortos é separado. Eles, chegando na edificação pela Circulação de serviços (15), passando pela área de Forno (4). È percebida a sala de tanatopraxia antecedente a Sala de caixões (10), entendendo que apesar da proposta buscar a visualização do processo final pela família, alguns corpos podem levar dias para serem cremados, portando ficam armazenados (10).
104
Gás
1 - Entrada
3 - Velação 6 - Sala administrativa 9 - Sala administrativa Vivos Mortos Forro Futuramente os terrenos circundantes funcionarão como um cemitério de forma que as famílias poderão recolher a urna do crematório para que seja enterrada num cemitério. Pé direito sala dos fornos
“Primeiro, o túmulo é levado do carro a um ambiente tranquilo para o último
Lixo
9
16
16 - WC 8m 4m
Manutenção
Pontos positivos e negativos Sem presença de paisagismo e ambientes de descompressão externos Organização dos fluxos Morto x Vivos
Proposta do processo de luto ( com a visualização fim da cerimônia) Proposta do enterro de urnas: culto à saudade
N
BWC
Dép.
Gerência
N
A aprox.: 7.50m²
Quarto plantonistas
BWC
A aprox.: 2.00m²
Expositor de urnas
A aprox.: 9m²
Garagem
A aprox.: 20m²
A aprox.: 26m²
Tanatopraxia A aprox.: 16m²
Administrativo A aprox.: 7m²
Figura 89: Planta Baixa Funerária | Prédio 1 Elaborado pela autora, 2020
FICHA TÉCNICA Figura 87: Prédio 1 Fonte: Acervo autora, 2020
Nome : Funerária Palhoça Materialidade: Concreto Status: concluído
Localização: Palhoça, Santa Catarina
Operacional
Imagem aérea - Fonte: Google earth
Vendas
Apoio op.
Privado Público Morto
Quarto plantonista
Os edifícios ocupados pela funerária não são projetados para esse fim, são edificações residências que foram adaptadas para receber os serviços. Não foram portanto observadas estratégias de iluminação ou ventilação natural. A Funerária Palhoça com localização no Centro da cidade É dividida em 3 edificações. O Prédio 1 destina-se aos serviços Administrativos e vendas, o prédio 2 a tanatopraxia e o prédio 3 ( que não foi visitado) fica o depósito de urnas ( “caixões”) Figura 88: Prédio 2 Fonte: Acervo autora, 2020
Figura 90: Planta Baixa Tanatopraxia | Prédio 2 Elaborado pela autora, 2020
Expositor urnas
A visita foi guiado pelo Agente funerário Elias, iniciando o percurso no prédio 1 e posteriormente no prédio 2.
105
106
Adm | Vendas
Acessos:
A aprox.: 1.80m²
A iluminação e ventilação natural adentram e edificação pela porta e janelas laterais. Ventilação cruzada e abertura zenital ausentes.
Acesso serviço Vivos Mortos
A unidade conta com um laboratório com capacidade para 1 cadáver por vez. Segundo o agente funerário Elias, o cadáver pode ficar até 24h em temperatura ambiente aguardando a tanatopraxia e/ou embalsamento. O tempo médio do preparo é de 40min. Outras informações repassadas: Elias já trabalhou em crematórios da região, informou que no ambiente dos fornos encontra-se ainda uma parte destinada a trituração de ossos bem como uma sala de comando da caldeira. Diz ainda que em todo crematório existe um ambiente destinado ao controle e gestão dos corpos, com aparelhagem tecnológica.
Figura 91: Prédio 1 Fonte: Acervo autora, 2020
Fossa | filtro
Acesso público
Depósito decoração velório
Armário EPI
Figura 92: Prédio 2 Fonte: Acervo autora, 2020
Acesso tanatopraxia
Bancada instrumentação
11 - Banheiro feminino 1 - Acesso principal
N
Nome da obra: Funerária Tangassi Ano: 2011 Projeto de: Tatiana Bilbao Localização: San Luis Potosi, México Materialidade: Concreto | Vidro | Revest. Madeira Status: concluído Área: 2.160m²
2 - Capela de descanso 3 – Área social 4 - Jardim privado 5 - Urnas 6 - Saída para o jardim 7 - Restaurante 8 – Restaurante terraço
Localização: San Luis Potosi, México
9 - Cozinha
Imagem aérea - Fonte: Google earth
10 - Banheiro masculino
Figuras 93 e 94: Volumetria Fonte: Archdaily,2013
Motivação para a escolha: Programa de necessidades + setorização
13 9
13 - Acesso serviço
12
5
8
2
4
14 - Estacionamento
7
10 11
15 - Sala de reuniões
6
2
4
5
3
3
6
16 - Direção
14 15
17 - Recepção
21
18 - Floricultura
16
3
2 3
17
2
20 19 18 20 13
19 - Salão
4
4
1
3 4
2
20 - Escritório de vendas 21 - Escritório de administração
Pontos positivos e negativos OBS.: Não foi possível a compreensão do fluxo do morto até a sala de cerimônia.
Fonte: Archdaily | Modificado pela autora
12 - Brinquedoteca
N
FICHA TÉCNICA
5 Figura 96: lanta Baixa Térreo Fonte: Archdaily, 2013
Cerimonial
Muro alto edificação : esconde a arquitetura para a cidade Programa de necessidades de apoio ao enlutado Distribuição e organização do nível térreo
Apoio velório Funerária Administrativo
15 14 1
16
Subsolo mais privativo para o descanso Figura 95 Muro Fonte: Google Earth, 2020
1 – Corredor| Armaz. caixão
“O edifício apresenta duas funções principais: preparar os corpos para suas honras finais e acolher o rito social dedicado à morte de um ente amado. Por estas razões, as funções estão divididas em dois níveis: um subsolo, que abriga todos os serviços para preparar o corpo da pessoa falecida até seu destino final; e uma área pública no mesmo nível da rua que conecta a pérgola central e as cinco capelas com os espaços administrativos - escritórios, cafeteria, floricultura, berçário, banheiros e áreas de informação.”
107
108
9 - Instalações
2 – Preparação corpos
10 - Cisternas
3 - Exposição de caixão e urna
11 - Urna
4 - WC
12 – Instalações elétricas
5 - BWC
13 – Sala dos empregados
6 – Descanso Cliente
14 - Oficina de carro
7 - Banheiro privado
15 – Instalações de ar condicionado
8 - Vestiário privado
16 – Pátio | Estacionamento
6 8 7
13
1
5 1
2
4
8 7 6
8
9 8
3
10 10 6
7
6
7 12 8 7 6
Acessos: Acesso público Acesso serviço
Figura 97: Planta Baixa Subsolo Fonte: Archdaily, 2013
FICHA TÉCNICA
N
Nome da obra: Crematório no Cemitério Woodland Ano: 2013 Projeto de: Joan Celsing Aekitektkontor Localização: Estocolmo, Suécia Materialidade: Concreto | Cerâmica Status: concluído Área: 3000m²
A 1
2 3 4
5
10 - Entrada de ar
2 - Sala de espera
11 - Garagem 12 - Entrada de carro coberto
4 - Sala de cerimônia
13 - Salão para receber caixões
5 - Salão do forno
14 - Urnas
6 - Sala de controle
15 - Átrio 16 - Vestiário
Localização: Estocolmo, Suécia
8 - Loja fria 2
17 - Sala dos funcionários
Figura 99: Imagem aérea - Fonte: Archdaily, 2015 Adaptado pela autora
9 - Refrigeradores, acumuladores
18 - Escritório do gerente
Por motivos de acústica, foram utilizados tijolos perfurados em alguns espaços no interior. Ao serem vitrificados de branco, refletem e acentuam a luz das aberturas e fendas na cobertura. “Dentro do bloco existe um átrio aberto ao céu, onde os trabalhadores do complexo podem se reunir nos descansos sem interferir nas cerimônias. O tijolo foi escolhido para as fachadas e cobertura, para conferir uma pequena escala às superfícies, assim como criar uma relação com os troncos dos pinheiros circuncidantes.”
9
3 - Recepção
7 - Loja fria 1
1 O Crematório 2 Capelas 4 Centro de visitantes 3 Capelas 5 Capela da Ressurreição
Figura 98: Implantação crematório Fonte: Archdaily, 2015
1 - Entrada pública
11 6 7
12
8
13
14
4 16
Circ.
Apoio velório Funerária
Acessos:
Acesso público Acesso serviço
Instalações
Vivos | Visitantes Mortos Vivos | /Funcionários
15
16 17
110
18
3
2
1
Figura 100: Planta Baixa Térreo Fonte: Archdaily,2015 Modificado pela autora
Acesso Público Fiigura 99: Acesso visitante Pontos positivos e negativos Fonte: Archdaily, 2015 Distribuição e organização do nível térreo; Figura 101: Seção A Frieza estética externa Fluxo morto X visitante; Soluções iluminação Fonte: Archdaily, 2015
109
5
Escada de acesso manutenção
Fornos Fornos
Gás
Na ausência de materiais suficientes para uma análise tangível acerca da composição de cemitério vertical e por compostagem. Foram organizados fragmentos de projetos de estudantes e ensaios com informações técnicas extraídas de sites técnicos sobre a temática.
Nome da obra: Proposta de verticalização do Cemitério São Cristóvão Lóculos | Ossuários
Zoneamento Esquemático
Salão de cerimônia
TERRAÇO JARDIM
Nome da obra: Cemitério Vertical de Curitiba
Planta Baixa esquemática Rampa Fonte: Google maps | Modificado pela autora Fonte: Google maps,2020
Acessos: Acesso público
Localização: Curitiba, Brasil Imagem aérea - Fonte: Google earth
Localiza-se na Vila Tarumã, distante em 8km do centro de Curitiba.
Não sendo possível uma compreensão da chegada de corpos quando estiverem acontecendo cerimonias, já que um acesso identificado cruza a sala de cerimônia. Um acesso secundário foi identificado, mas não é possível concluir que seja para esse fim.
Acesso serviço
A circulação vertical no cemitério se estabelece por rampas circulares, que dão acesso aos lóculos e ossuários. No nível térreo encontra-se a sala de cerimonial. Conforme indicado por Brandalise (2018) despedida ocorre de maneira similar ao crematório, a sala de cerimoniais no térreo tem capacidade para 330, no térreo ainda encontram-se salas de velório, sala de cremação, administração, apoio psicológico, ossuários e cinerários. No 2º e 3º pavto os lóculos e oratórios. A iluminação acontece por janelas laterais e uma iluminação zenital no ambiente de cerimonial.
OSSÁRIOS COLUMBÁRIOS
E
OSSÁRIOS COLUMBÁRIOS
E
“A disposição vertical do edifício permite uma separação clara entre as funções cemiteriais e as funções urbanas, oferecendo mais conforto e privacidade às atividades relacionadas a velório e memória. O térreo é ocupado por atividades que fortalecem a interação entre a comunidade e o parque, sendo um espaço de apropriação pela comunidade, sem afetar diretamente as dinâmicas cemiteriais pois devem ter respeito e cuidado de modo que não haja desconforto aos usuário da parte do cemitério.”
CAPELA TERRAÇO JARDIM
JARDIM INTERNO SALAS DO SILÊNCIO
GAVETAS LANCHONETE DORMITÓRIOS
ANDAR COMUM 3 BLOCOS CIRC. VERTICAL
SALAS DE PSICOLOGIA CAFÉ
SALA DE FUNCIONÁRIOS
SERVIÇO
FLORICULTURA DEP. MATERIAIS ADM
ESTACIONAMENTO RECEPÇÃO
Figura 103: Ossuários Fonte: Google maps, 2020
CREMATÓRIO
CENTRO ECUMÊNICO
Figura 102: Acessos Fonte: Google maps, 2020
111
112
“Para que os visitante transitem entre os três blocos, uma conexão entre eles, acima do térreo, foi projetada através de passarelas e o acesso até elas é pela recepção. Nesse andar comum, no bloco 3, um setor de apoio com lanchonete e dormitórios, está disponível para os visitantes que desejarem descansar”
Figura 104: Esquema organizacional projeto Fonte: Caroline Prudente da Silva TFG 2 Modificado pela autora
Obs.: Trazer para o projeto
Essas estruturas foram setorizadas em galerias que são envoltas por rampas e que conectam as extremidades dos blocos. As galerias são separadas fisicamente das rampas para terem um certo distanciamento entre local de permanência (galeria) e local de passagem (rampa). As rampas foram projetadas para percorrer toda a extensão da galeria e para acompanhar a ascensão da edificação. Figura 105: Implantação Fonte: Caroline Prudente da Silva | TFG 2 | Modificado pela autora
As capelas estão localizadas no último andar do 2º e 3º pavto: essa configuração portanto não permite a peregrinação, já que o corpo é levado para o lóculo pelo elevador. Crematório, o Crematório fica localizado no Bloco 3.
Compreensão fluxo: Velório – Sepultamento – Chegada do corpo | Bloco 2
Figura 107: Passarelas Fonte: Caroline Prudente da Silva | TFG 2
3º pvto Circ. Vertical vivos Circ. Vertical morto
113
Fonte: Caroline Prudente da Silva | TFG 2 | Modificado pela autora
pavto térreo assim como os visitantes , porém com acesso distinto, conforme planta abaixo. Para acessar o cerimonial o visitante entre pela recepção e através da circulação vertical e horizontal chega até as salas de velório. Pode-se perceber que os elevadores não têm continuidade no pavto da área de cremação, evidenciando que para os visitantes a cerimônia encerra-se ali. Somente o elevador que transporta o caixão e funcionário consegue chegar até o ambiente da cremação.
sempre locais visitáveis, visto que assim como o cemitério horizontal, o cemitério vertical funciona initerruptamente visto que a morte não pode ser previsível em uma totalidade. Portanto nesse caso, mesmo com as passarelas laterais afim da garantia de privacidade de quem visita e quem circula pela edificação os fluxos morto – sepultamento X Vivo – visita | capela se cruzará. Morte e vida nesse projeto não se segregam em função da espacialidade organizacional desta edificação.
Lóculos
Conclusão: O corpo chega no pavto subsolo, passa em elvador,pela recepção e pelo elevador é conduzido até o lóculo ou até o velório e posteriormente o lóculo. A circulação do corpo acontece ao lado da circulação social. Portanto a circulação se apresenta separada mas não é segregada, vivos e mortos podem se encontrar em qualquer momento.
Conclusão: O corpo chega no
Conclusão geral tipologia Cemitério Vertical: Os lóculos serão
Capelas | Velórios
Figura 106: Planta baixa 3º pavimento Fonte: Caroline Prudente da Silva | TFG 2 | Modificado pela autora
Compreensão fluxo: Velório – Cremação – Chegada do corpo | Bloco 3 Figura 108: Planta baixa 3º pavimento
114
3º pvto
Crematório
Acessos: Acesso público Acesso serviço
Corpos velados em outras localidades portanto acessam diretamente o nível térreo ( cremação) pelo acesso de serviço indicado Figura 109: Planta baixa térreo Fonte: Caroline Prudente da Silva | TFG 2 | Modificado pela autora
Térreo
Capelas
6. ANÁLISES ARQUITETÔNICAS REFERENCIAIS DE PROJETO
Nesta componente serão abordados estudos de referências análogas ao tema em estudo. Objetivando a contribuição nas decisões de projeto.
115
116
Volumetria | Conceito (Capelas) Figura 110: Centro funerário de HofmanDujardin
Destaque para o conceito que propõe trabalhar o espaço funerário de forma mais humana e aconchegante, coloca o espaço da cerimônia, o corpo, no centro, propondo uma reflexão entre o encontro, a cerimônia e o momento de despedida:
Conceito | Materialidade | Atmosfera Figura 113: Bruder Klaus Field Chapel - Alemanha – Peter Zumthor
“A grande maioria dos espaços funerários não são ambientes agradáveis e aconchegantes, justamente no momento em que mais precisamos de apoio e de um lugar acolhedor. Segundo nossa filosofia de projeto, procuramos desenvolver nossos projetos de arquitetura segundo os valores intuitivos dos seres humanos. O Centro Funeral é uma tentativa de romper com este lugar de desconforto. O nosso projeto combina elementos atemporais com os detalhes mais comuns do nosso estilo de vida moderno.”
Fonte: Site Archdaily, 2018
Destaque para a sensibilidade do conceito de Zumthor, “ onde um interior místico e que prova pensamentos é mascarado por um exterior retangular muito rígido”.
Figura 115: Bruder Klaus Field Chapel - Alemanha – Peter Zumthor
Outro ponto que chamou atenção foi a geometria interna da sala de cerimônia, de planta triangular permite que a perspectiva tenda ao infinito. “ O pano de fundo da cerimônia é uma perspectiva da paisagem natural em seu estado puro e simples, sugerindo o "fechamento do ciclo da vida, um retorno à natureza”. Fonte: Site Archdaily, 2012
Geometria | Conceito (Capelas) Figura 111 e 112: CINZAS E ÁGUA – Um columbário em uma lagoa
Fonte: Site Archdaily, 2012
Circulação | União Blocos Destaque para o conceito adotado de encurtar a distância entre a cidade e os mortos, introduzindo columbários em espaços públicos e visitáveis. Os responsáveis pelo projeto acreditam que um contato mais próximo com a morte pode tornar o processo de luto, quando ocorrer, mais natural. Novamente, o triangulo resultando em um ponto focal tendendo ao infinito chama atenção, bem como as aberturas zenitais propostas em que o efeito da luz adentra o espaço estabelecendo a relação entre dois mundos”
Figura 114: Instituição de caridade - Espanha
Outro ponto importante é atmosfera gerada pelo teto aberto ao céu, deixando chuva e luz do sol adentrarem a capela e criar um ambiente de experiências durante as horas do dia. (atenção: controle da temperatura erando atmosferas e conforto – pensar possibilidades para nossa região). Ainda se nota que esse óculo se assemelha a uma estrela, despertando sentimentos nos usuários. Destaque Fonte: Site Archdaily, 2020
Fonte: Site Designboom, 2013
também para o efeito do concreto, parecendo uma rocha, harmonizando com a paleta de cores da paisagem.
117
Provavelmente, os aspectos mais interessantes da igreja são encontrados nos métodos de construção, começando com uma tenda feita de 112 troncos de árvores. Após a conclusão da estrutura, camadas de concreto foram derramadas e abarrotadas sobre a superfície existente, cada uma com cerca de 50 cm de espessura. Quando o concreto de todas as 24 camadas se assentou, a estrutura de madeira foi incendiada, deixando para trás uma cavidade escura e escavada e paredes carbonizadas.
118
Geometria | Iluminação
Organizacional | Columbários
Figura 116 e 117: Funerária Sant Joan Despí
Figura 118:: Templo das cinzas e crematório
Fonte: Site Archdaily, 2013
Figura 120: Igreja Presbiteriana Coreana / Arcari + Iovino Architects
O que mais chamou a atenção foi a solução adotada pela organização dos columbários – pelo aproveitamento da verticalidade gerada a partir da topografia o acesso dividi a estrutura dos columbários permitido alcance do usuário.
- Chama a atenção a ideia de preservar e reflorestar as colinas verdes entorno da área intervenção e incorporar parte do volume do edifício à topografia existente, priorizando o paisagismo (semelhança com o terreno escolhido), bem como a adaptação do volume à topografia existente.
Iluminação natural presente em cada ambiente
Fachada | Angulações iluminação | Feixes de luz
-Outro ponto importante é a utilização de sistemas de construção e soluções técnicas que irão promover sustentabilidade e eficiência energética, como os recortes no volume para a passagem de luz natural, e a cobertura verde proposto nas lajes inclinadas, como uma extensão da topografia existente.
Fonte: Site Archdaily, 2020
Verificar a dinâmica da luz – prever aberturas em múltiplas direções.
Fonte: Site Archdaily, 2017
- A materialidade de paredes e lajes de concreto complementadas por pavimentos de pedra natural e revestimento em madeira, gerando um caráter harmonia com a paisagem natural, bem como a angulação de paredes internas e externas em uma dinâmica simples de manipulação do solido ( atentar para as soluções estéticas e de conforto acústico)
Fachada | Materialidade
Figura 121: Igreja Tainan Tung-Men
Figura 119: Crematório em Kalmar
- A solução técnica adotada na cobertura chama atenção pela interrupção da laje para o volume composto pelas aberturas zenitais – garantindo a drenagem da cobertura verde, sua continuidade na topografia existente e a garantia de iluminação
Composição naturais: Pedra + madeira
elementos
Efeito das placas perfuradas Utilizar na composição de fachada Quebra o concreto monolítico | fluidez/movimento vento A transformação do tempo
Fonte: Siite Plataforma da Arquitetura, 2020
119
120
Fonte: Site Archdaily, 2017
Implantação | Paisagismo
Estética | União blocos Figura 125: Cobertura do Mosteiro de San Juan - Espanha
Figura 122 e 123 e 124: CHROFI e McGregor Coxall- proposta de cemitério em meio à floresta - Sidney
Chama atenção a integração de dois materiais naturais a madeira e a pedra em perfeita harmonia compositiva de cores e texturas, outro ponto atribuído ao projeto em estudo é a possibilidade da iluminação lateral e unificação de possíveis volumetrias separadas nesse processo de pesquisa.
Fonte: Site Archdaily, 2016
O ponto que mais chamou a atenção é a possibilidade da escolha do percurso em que o usuário fará, podendo circular em meio a natureza – conforme atribuindo por Zumthor
Fonte: Site Archdaily, 2016
Geometria
Figura 126: Angulações fachada
Acesso e outros teóricos ela exerce um papel fundamental no processo de luto e nos desperta sensações positivas. Também é um fator positivo por integrar o usuário à paisagem existente ( busco isso no projeto, pela natureza do local) Outro ponto que chama atenção é a escolha dos materiais integrativos a uma paisagem natural (gosto do uso das pedras). Além disse chama atenção o equipamento não ser conectado a rede elétrica. Chegando neste edifício que lembra uma fortaleza, uma estrutura formada por paredes de gabião de cipó, os usuários passam por uma "transição digna" do ambiente da floresta para esta condição interior de "outro mundo". No jardim, a entrada ocorre por um pavilhão multi-uso ao ar livre, envolto por espelhos d'água e jardins pitorescos. Há também um café, com o intuito de promover vistas, quietude e tempo para reflexão. Além disso, enfatizando uma abordagem ecológica e sustentável, o equipamento é autossuficiente e não é conectado à rede elétrica.
121
Fonte: Site Archdaily, 2020
Material | Geometria simples - Estratégia angulações janelas Usar orientações Oeste e Leste
122
Implantação | Atmosfera
Figura 127 e 128: Capela JOÁ – Bernardes Arquitetura Fonte: Archdaily, 2015
Implantação | Organização
Cemitério de Bushey Implantação | Organização Geometria em blocos conectadas pela circulação externa | Cobertura | Cobertura com diferentes inclinações | acústica e entrada lateral de iluminação Figura 129 e 130: Crematório Guarapuava Fonte: Solo arquitetos, 2020
Figura 131: Cemitério de Bushey Fonte: Archdaily,2018
Circulação separada do fluxo público Velório – Forno crematório
Volumetria | Altura Fornos
Solução de implantação da capela com uma atmosfera volta a introspeção. Espaço memorial para recordações em família, junto do enquadramento na paisagem. [...] da busca por um local reservado e sem fluxo de pessoas. Era importante situá-la em um ponto onde a natureza do entorno – floresta, céu, mar – estivesse presente na experiência daquele espaço.
Volumetria | Materialidade
Harmonia e composição da implantação |geometrias simples; Caminhos e paisagismo – vegetação rasteira destacando os volumes.
123
Figura 132:: Cemitério de Bushey
124
Figura 133: Capela St Albert the Great / Simpson & Brown Fonte: Site Archdaily, 2018
Implantação | Volumetria Figura 134: Torre de Nuvens | Áustria
Conceito Figura 136: Torre de Nuvens | Áustria
Instalações | Mirante Contemplativo
Instalações Figura 137: Torre de Observação | Pôlonia
Figura 138: Mirante | Noruega
Atmosfera Fonte: Site Airchdaily,2018
Fonte: Site Airchdaily, 2020
Fonte: Site Airchdaily, 2014
Utilizar para capela semienterrada e anfiteatro
Figura 140: Cascata | Atmosfera água Tadao Ando
Instalações | Mirante Contemplativo Implantação | Volumetria Figura 135: Espaço zen | Prece | Introspecção
Figura 139: Elbe Waterfront Park Riesa | Alemanha
Captar agua da chuva e utilizar em espaços públicos
Fonte: Site Airchdaily, 2018
Fonte: Site Arcspace, 2012 Torre de observação e Aspersão Cinzas Inserção do elemento água na arquitetura
Mirantes |platô e prolongamento da passarela Fonte: Site Airchdaily, 2020
125
126
Fonte: Site Pinterest, 2020
Paisagismo | instalações
Atmosfera | Vento
Figura 141: Museu das Árvores - EUA
Figura 142: Hotel Ecótono - Japão
Programático | Paisagismo
Paisagismo Figura 143: Caminhos |Integração com a natureza existente/observatórios
Fonte: Site Pinterest, 2020
Figuras 144 e 145 e 146: Cemitério memorial Parque das Cerejeiras – São Paulo
Fonte: Site Archdaily, 2020 Portaria - Praça da Eternidade - Columbário Velário – Capela - Aquario - Sala de velórios
Destaque para os elementos compositivos do paisagismo – Portal – Mirante e Praça da Eternidade. Chama atenção também a disposição dos elementos, formando um grande parque. As curvas das chapas representam os capítulos dessa narrativa e assumem o papel de guardiã de nomes impressos em sua superfície. “A praça é um manifesto de vida e nela pulsa conectividade. É um local de afeto que assinala o parque como território de reencontros perpétuos”, explica a arquiteta.
Fonte: Site Archdaily, 2020
Referência para aplicação no oratório e capelas: Som dos ventos
Outro ponto que chama atenção é o uso da biofilia e da neuro arquitetura como forma de oferecer sensações e percepções que provocam emoções.
Fonte: Site Archdaily, 2010
Referência para aplicação nos jardins de memória entre as pedras do terreno | Columbários
“O fluxo de ar gera um vórtice de Karman ao redor da malha, fazendo com que ressonem, gerando o som que ecoa nas paredes de madeira. O espaçamento de 2,5mm da madeira laminada do interior é tão fino quanto foi possível para aumentar esta vibração. Além disto o instrumento pode ser utilizado para controlar a força do vento, mudando o grau de abertura da parte à leste e oeste, e mudar assim o tom.”
Outro ponto que contribui para o processo de projeto é o programa arquitetônico gerado por esse Parque memorial.
127
128
Velorio jardim - Orquidario – Sanitarios - Mirante Trilha ecológica -Copa | Vestiários | Depósito Q Quadras dos jazigos FUTUROS PROJETOS Borboletário – Anfiteatro – Café - Floricultura Vendas e Administrativo -Capelinha
Paisagismo | instalações
Implantação | Memorial | Jardim
Figura 147: Oratórios
Paisagismo | Horta urbana
Figura 149: Memorial às Vítimas de Violência - México
Referência Oratórios
Individuais
instalações
Figura 154: Projeto CORO - Fase 1 / Campo Integrado
Figura 152: Hortas
para e
sanitárias
disposta no terreno Fonte: Site Archdaily, 2020 Fonte: Site Archdaily, 2020
Fonte: Site Pinterest, 2020
Hortas
utilizando
proveniente da compostagem
Jardins de memoria dispostos em meio a natureza, usufruindo de toda espiritualidade transcendida por ela.
o
adubo
Fonte: Site Pinterest, 2020
Figura 155: Contraste das cores das vegetações | Vida e Morte
Implantação | Memorial | Jardim Figura 148:Jardins
Figura 150 e 151: Ambientes de reflexão meio a jardins
Fonte: Site Archdaily, 2020 Fonte: Site Divisare, 2020
129
Figura 153: Integração de caminhos com as pedras do terreno Fonte: CGR, 2020 Fonte: Site Pinterest, 2020
130
Volumetria e Materialidade
Atmosferas Circulação | Luz e sombra
Figuras 156 e 157: Saya Park | Álvaro Siza + Carlos castanheira | Córeia do Sul
Materialidade
Figura 159: Peter Zumthor: Termas de Valls
Figura 160: Museu e Mesquita
Circulação – rampa: Utilizar ascensão capelas Luz noturna guiando o percurso
Figura 158: Peter Zumthor: Serpentine Pavilion
Referência para volumetria (balanço e átrio e aberturas enquadramento na paisagem)
Fonte: Site Archdaily, 2020
Circulação Fonte: Site Archdaily,2020
Figura 161: Louis Kahn | instituto Indiano de Gerenciamento
Luz diurna guiando o percurso
Fonte: Site Archdaily, 2020
“Fachada Dupla” – circulação periférica: liberdade de fachada e privacidade em locais como apoio Psicológico e funeraria
Fonte: Site Pinterest, 2020
131
132
Fonte: Site Archdaily, 2020
7.CRITÉRIOS TÉCNICOS RELATIVOS AS TIPOLOGIAS
Nesta componente serão abordados as pesquisas referentes a informações importante sobrea as instalações e demais informações técnicas relativas ao funcionamento dos processos de transformação de corpos.
133
134
7.1 Cremação: componentes operacionais
Dimensões Forno de cremação
7.2 Cemitério Vertical
Conforme esclarecido anteriormente apesar de ainda causar
O Necrochorume A resolução CONAMA 335/2003 define o necrochorume como produto da decomposição humana, devendo portanto esse resíduo ser destinado de forma correta na edificação. Para entendimento do processo, através de pesquisa encontrou-se a Vilatec, que explica o processo da destinação desse resíduo.
resistências, a cremação se apresenta como um método eficiente nas questões relacionadas ao meio ambiente, como exemplo a não interferência do necrochorume. Serão apresentadas algumas informações técnicas que
3,15m
projeto. Tempo de cremação: Segundo fabricante: de 60 a 120 min Chaminé: 7.50m a partir do nível do piso 4,95m
2,34m
Fonte: Site Vilatec
O site Teraambiental informa que existem uma série de métodos de tratamento do necrochorume. Como o filtro biológico ( uma espécie de fossa séptica) , através de drenos instalados no lóculo o líquido é conduzido até os filtros, posteriormente irá ocorrer a degradação em meio poroso, como pedras e cascalhos. Informa ainda que existem o método de tratamento de forma anaeróbia, em que as cargas orgânicas são eliminados em um tanque fechado.
alinharam as decisões de dimensionamento e organização espacial de
Reservatório gás: Segundo Pasqualin (2019) o fabricante recomenda no mín. 7m de distância entre o tanque de gás e o forno. Obs.: nos estudos de caso foram encontrados dentro na edificação bem próximos aos fornos Figuras 162 e 163: Chaminé
Figura 166: Sala de comando do sistema de tratamento
7.3 Compostagem
No sistema da Vilatec o tratamento funciona da seguinte maneira: “o fato de os lóculos serem dispostos nas estruturas metálicas já citadas de forma a apresentarem inclinação no sentido do fundo das gavetas, com o necrochorume ali permanecendo isolado do meio ambiente até sua total evaporação por meio do processo de ventilação controlada.”
Figura 164: Forno Fonte: Bruker Fornos Crematórios | Modificado pela autora
No processo que a Recompose criou, o corpo é colocado em um recipiente com lascas de madeira, alfafa e palha, que trabalham para decompor o corpo.[...] Isso não ofereceria simplesmente uma nova maneira de descartar restos mortais, mas
Lóculos
Chaminé
jardins e eventos como leituras de poesia. (SITE CITYLAB, 2014).
Curiosidade: Deve Forno crematório
seria um local de conforto para parentes e amigos do falecido, com
se tratar de outro método de cremação, sem presença da
Figura 165: Sistema de tratamento de necrochorume
chaminé. Fonte: Revista Superinteressante
Fonte: Site Vilatec
135
136
Figura 169: Ciclo compostagem Figura 168: Processo de compostagem:
7.4 Urnas biodegradáveis Conforme visto anteriormente a capsulo substitui o caixão, sendo enterrado o corpo e a família pode plantar
Fonte: Site Fun Verde, 2020
uma árvore , mantendo um vínculo físico com o falecido. Fonte: Site Archdaily, 2020
137
138
8. O LUGAR
A problemática inicial da pesquisa sugeria responder como a arquitetura contemporânea pode revelar a morte para o homem e para a cidade. Atualmente vivemos a interdição da morte e consequentemente de seus espaços. A Arquitetura funerária desempenha um papel fundamental nas cidades e da vida do homem. Sendo assim a abordagem proposta é revelar diante da arquitetura e sua implantação, um lugar, na cidade, não segregado, um local de encontro entre vivos e mortos.
139
140
Arquitetura Funerária Pública
8.1 Justificativa do lugar | Cidade A justificativa para escolha da cidade e como consequência o
Localização: Arquiteturas funerárias em Florianópolis 01
terreno partiu de uma indagação sobre capacidade e localização das
Cemitério Particular). Atualmente Florianópolis continua com 13 cemitérios públicos, 1
09
07
08
Crematório Vaticano
cemitério particular e 2 crematórios particulares, todos inseridos na porção
10
insular.
02 Cemitério dos Ingleses
1.660,50
Em vias de esgotamento
Em vias de esgotamento
Esgotado
03 Cemitério do Rio Vermelho
1.398,75
Há vagas
Em vias de esgotamento
Há vagas
04 Cemitério de Ratones
2.747,50
Há vagas
Há vagas*
Esgotado
05 Cemitério de Sto. Antônio de Lisboa
2.970,00
Esgotado
Há vagas*
Esgotado
06 Cemitério da Barra da Lagoa
1.031.75
Há vagas
Há vagas*
Esgotado
Em 2014 a Prefeitura Municipal de
07 Cemitério São Francisco de Assis
93.270,00
Em vias de esgotamento
Há vagas*
Esgotado
Florianópolis , através da Secretaria de
08 Cemitério da Lagoa da Conceição
4.465,00
Há vagas
Há vagas*
Esgotado
Administração publicou dados referentes a
09 Cemitério São Cristóvão
21.987,00
Esgotado
Esgotado
Esgotado
gestão e a construção de um novo cemitério
10 Cemitério do Campeche
2.200,00
Esgotado
Há vagas*
Esgotado
11 Cemitério do Ribeirão da Ilha
6.967,00
Em vias de esgotamento
Esgotado
Esgotado
12 Cemitério da Armação do Pântano do Sul
2.790,00
Em vias de esgotamento
Esgotado
Esgotado
12 Cemitério do Pântano do Sul
768,35m²
Esgotado
Esgotado
Atualmente a cidade conta com 1 particulares,
conforme
e crematório .
Logo, foi possível perceber que dos 13 cemitérios públicos 12 encontram-se na parte insular, ficando assim a porção continental da cidade
Esgotado
indicado na tabela ao lado.
06
05
Como a situação dos cemitérios em
11
assistida por apenas 1 cemitério público, localizado na Avenida Ivo Silveira –
12
Capoeiras, o Cemitério Municipal São Cristóvão.
13
2014, apresentando um esgotamento quase geral ( conforme preenchimento em tabela ao lado), as taxas de previsão de
Portanto a primeira decisão tomada foi de designar o local para
crescimento do número de mortes e planta
realização do TFG na porção continental. Fonte: Google maps, modificado pela autora
141
SITUAÇÃO EM 2014
Há vagas*
crematórios
04
Cemitério e Crematório Jardim da Paz
SITUAÇÃO EM 2003
Esgotado
Cemitério do tipo Jardim, particular, e 2
Florianópolis contava com 13 cemitérios públicos e nenhum crematório
SITUAÇÃO EM 1997
7.775,58
03
Segundo a Secretaria Municipal de Administração, em 2014
ÁREA (m²)
01 Cemitério de Canasvieiras
os cemitérios públicos de Florianópolis são do tipo tradicional ( horizontal).
fragmentos com insuficiência do equipamento urbano.
esgotamento da capacidade, com exceção do Rio Vermelho e Jardim da Paz (
De acordo com Rosa (2003) todos 02
arquiteturas funerárias na região da grande Florianópolis, buscando verificar
público, quase 200.000m² de área, que apesar da extensão já registrava o
CEMITÉRIO
Arquitetura Funerária Particular CEMITÉRIO | CREMATÓRIO
base para implantação de um novo cemitério
Cemitério e Crematório Jardim e Paz
serão apresentadas na pagina seguinte.
Crematório Vaticano
142
SITUAÇÃO 2014 Há vagas
-
Esgotado
Fonte: Rosa,2013 ; PMF 2014| Atualizado autora 2020
* Conforme Rosa(2003) dados referentes a quantidade de vagas na época não foram produzidos. Fonte: PMF 2014| Atualizado autora 2020
Segundo documento apresentado (PMF,2014) Florianópolis cresce
Conforme os Gráfico 01, já no presente ano a mortalidade
Segundo a Secretaria Municipal de Administração, até 2014, 70%
o dobro da média nacional, totalizando uma taxa média de crescimento
na cidade possuí aumento de 0,60%, considerando a população
da demanda de mortes conseguia ser assistida pelo munícipio, o restante
anual de 2,09%. Ainda, é evidente a mudança da pirâmide etária, refletida
estimada pelo IBGE em 2019 de 500.973 pessoas resultaria em uma
sendo encaminhado para outros( cemitérios particulares, crematório de
pelo aumento da taxa de envelhecimento.
margem aproximada de 3.000 mortes na cidade, que comporta hoje
Camboriú e outros munícipios).
apenas 2 cemitérios com vagas e 2 crematórios.
Graf.03| Destinação dos óbitos em 2013
Conforme nota emitida, Florianópolis até a presente dada não comportava a demanda para as destinações dos corpos. 30% eram
Graf.04| Demanda por cremações
Fica evidente, mais uma vez, a necessidade de pensar na arquitetura funerária. Não concerne a esse trabalho apresentar
Fonte: PMF 2014| Modificado pela autora
soluções referentes ao plano diretor, mas é válido pontuar a
Com isso abaixo segue planta base e programa básico de
necessidade de revisão para planejamento e preparo da cidade para
estudo da prefeitura para uma nova arquitetura funerária na cidade,
8.1.1 Projeção de mortalidade
a temática, além da qualidade da arquitetura dessa tipologia
sendo possível concluir a necessidade de crematório bem como novas
Graf.01| Evolução da taxa de mortalidade
institucional, é evidente a importância do planejamento urbano.
vagas para sepultamento.
sepultados ou cremados em cidades vizinhas.
Figura 170: Planta projeto base
Graf.02| Evolução da taxa de mortalidade Capoeiras
Fonte: PMF 2014| Modificado pela autora
A parte continental da cidade conta com apenas um cemitério que se encontra com a capacidade esgotada conforme Secretário da Administração Gustavo Miroski e nenhum crematório. Mesmo assim, em 2013 foi o 2º Cemitério Público com maior número de destinação de Fonte: PMF 2014| Modificado pela autora
De acordo com o Gráfico 04 até 2020 a demanda por cremação
De acordo com o gráfico 2 pode-se perceber uma média de Fonte: PMF 2014| Modificado pela autora
Fonte: PMF, 2014
óbitos. chegará a 20% na cidade.
2.000 óbitos por ano, até 2011.
O programa base conta com cemitério vertical, crematório, funerária, floriculturas, capelas, ossuários, columbários, entre outros que podem ser consultados no arquivo original.
143
144
Figura 174:
N
8.2 Justificativa do lugar | Terreno ANGELONI CAPOEIRAS
Conforme já mencionado, Oliveira (2014) apud Rezende (2007)
evidencia que o permanecer dos mortos nas cavernas enquanto o homem pré-histórico buscava alimentos fez com que “as cidades dos mortos precedessem à cidade dos vivos”.
ILHA
A cidade dos mortos antecede a cidade dos vivos. Num sentido, aliás, a cidade dos mortos é a precursora, quase o núcleo, de todas as
cidades vivas. A vida urbana cobre o espaço histórico entre o mais remoto campo sepulcral da aurora do homem e o cemitério final, a
ABRAÃO | BOM ABRIGO
Florianópolis| Porção continental
Necrópoles em que uma após outra civilização tem encontrado o seu fim. (OLIVEIRA, 2014, apud MUNFORD, 1998, p. 13)
Como já mencionado, a relação da natureza com a temática do projeto, os espaços fúnebres, não é
Dotada de tanto significado ao longo dos tempos, a morte hoje, é interditada nas cidades, quase uma ofensa.
Porção continental
BEIRA MAR DE SÃO JOSÉ
nova. Eliade (1991) já indicava que o contato do homem
Contudo, a busca ao local acaba, prendendo atenção em um
com a natureza é evidenciado por mitos e subjetividades
fragmento, um vazio, com entorno consolidado, num misto de comércios,
da manifestação do sagrado, e se encontra no
serviços, residências e áreas públicas de lazer.
Localização: Abraão, Florianópolis
Mesmo assim ela existe, a arquitetura para a morte existe, porque
imaginário popular, no inconsciente coletivo. Santos
A ideia de revelar a monte diante do homem e da cidade parece
não ser mostrada pra homem e cidade? Ela faz parte das cidades, do
(2015) indica que a presença de vegetação nos espaços
aqui, ficar mais evidente, num contraste entre um meio urbano consolidado,
É certo que a temática aqui abordada envolve muito mais que mitos e
cotidiano, a morte faz parte da vida.
fúnebres além de estar conectada ao aspecto místico
uma clareira repousa, cercada de natureza, esquecida. O objetivo revelado
subjetividades, mas questões de extrema importância para o desenvolvimento e
conecta-se também com os ideários de salubridade
pela problemática inicial se funde com o lugar, ao mesmo tempo que
implantação de um equipamento urbano como o cemitério. Esses espaços devem
desses espaços.
urbanamente inserido, confere a sensibilidade a fragilidade de quem
Através disso pensou-se em buscar um espaço na porção continental da cidade com: uma boa inserção urbana, afinal trata-se de um equipamento urbano essencial, e que usufruísse de uma paisagem e natureza exuberante.
Ulrich (1991, p.88 apud Vasconcelos, 2004) diz
vivencia a morte.
que os elementos naturais provocam sentimentos positivos, reduzindo sentimentos como medo e tristeza.
Por tanto a escolha resulta em seu fim e a proposta inicia.
145
146
Imagem aérea - Fonte: Google earth
ser pensados e planejados de forma a se integrarem à paisagem urbana, pois, dificilmente se consegue mudar o uso e necessidade destes. Assim é preciso buscar alternativas arquitetônicas e morfológicas, para que o cemitério seja usado não só na hora da morte, mas, também, durante a vida e, porque não, também cotidiana?! Oliveira,2014,p.1
Parque do Abraão
8.3.1 Evolução da área
Boulevard Neoville ( Habitação multifamiliar | 4 pavtos)
N
8.3 A Área
Novas instalações de serviços
De acordo com o Blog do Abraão, a origem do nome não se estabelece com a história do profeta. Conforme o pesquisador Nereu do Vale Pereira, o nome do bairro se relaciona com a palavra ABRA “ entrada de mar em terra”, menor que uma baía mas que oferece abrigo para barcos e por se tratar de uma “Abra” de bastante
Área em estudo
extensão, seus moradores passaram a chamar de Abraão. Hoje junto de Coqueiros e Bom Abrigo ( seus bairros vizinhos) é uma das localidades mais valorizadas pelo ramo imobiliário. Um lugar Neoville
de comércios, serviços e praias. Em uma linha do tempo de 10 anos é possível notar através das imagens ao lado, consideráveis mudanças no entorno imediato do terreno, três situações se destacam, a inserção de serviços na limitante Oeste, a construção de edificação multifamiliar mais à Sudeste e também, a mais recente, a instalação do Parque do Abraão, na porão Oeste da localidade.
Principais distâncias
2010
Fonte: Google earth
2015
2020
Ticen| 5,5m
Vista do terreno Estação Palhoça| 7,5 km Aeroporto| 21km* Beira mar de São José | 50m
Fonte: Acervo autora | 16 de março de 2020
*Na temática é importante considerar rota até o aeroporto mais próximo em caso de embalsamento de corpos que serão velados e sepultados em outras localidades.
147
148
8.3.4 Equipamentos
8.3.3 Gabaritos
8.3.5 Uso do solo Supermercado Ginásio de Esportes Ivo Silveira Angeloni
N
8.3.2 Cheios e vazios
Creche Posto de Saúde
Até 2 pavimentos Até 4 pavimentos
Parque
Escola
Residencial Uso misto Comércio
A área em estudo localiza-se em uma região já consolidada,
Com entorno predominantemente composto por edificações
fazendo limite com a cidade de São José, o vazio urbano que chama
térreas e de até 4 pavtos, localizadas principalmente na porção
atenção é justamente o local em análise.
Oeste, inseridas no bairro Abraão.
Apresenta equipamentos urbanos importantes na região, como o Parque do Abraão, a creche, o posto de saúde e a escola.
Mapas sínteses Fonte: Elaborado pela autora, 2020
Serviços Institucional
O uso do solo na região é diversificado, mesmo com o predomínio de residências, possuí comércios e serviços variados bem como edificações institucionais, como a creche, o posto de saúde e escola.
149
150
8.3.6 Malha viária
8.3.7 Aspectos legais | Plano diretor
GLOSSÁRIO:
N
Mapas síntese Fonte: Elaborado pela autora, 2020
AVL | Áreas verdes de lazer: espaços urbanos ao ar livre, de uso e domínio público que se destinam a pratica de lazer e recreação, privilegiando quando possível a criação ou preservação da cobertura vegetal; APL-E | Áreas em que predominam as declividades entre 30% e 46,6%, bem como áreas situadas acima da cota 100 que não estejam abrangidas pelas APP ( Áreas de Preservação Permanente);
01 03
04 05
02 BR 101 | Via expressa
Passagem improvisada
Parcialmente ocupado
Ocupações residenciais e serviço em AVL
Área ocupada Habitação de Interesse Social
Rua João Meirelles
02
Tráfico predominante de veículosSensação de insegurança
01
Parque do Abraão
Obs.| Na AMS é possível o uso de edificações funerárias desde que com estudo prévio de impacto de vizinhança. Nas demais áreas não é permitido esse uso.
03
Ponto de ônibus Trânsito rápido Arterial Coletora Subcoletora | Local
ARP | Áreas destinadas ao uso preferencial de moradias, onde se admitem pequenos serviços e comércios vicinais;
Passagem existente
A área em estudo localiza-se próxima da via expressa, e de uma importante via coletora para o bairro Abraão (Rua João Meirelles), bem como a articulação com a beira mar de São José, de forma lindeira. No entorno imediato existem 2 paradas de ônibus, uma articulada com a cidade de São José e outra com o bairro em estudo.
05
Fonte: Geoprocessamento PMF, 2020
Ao final da beira mar de São José, atrás do rancho de pesca, uma Passagem, improvisada, foi observada;
As áreas de AVL e APL-e encontram-se em desuso.
04
Fonte: Elaborado pela autora | Visita in loco em 16 de março de 2020 as 14h
151
152
AVL
AMS 4.5
ACI
APL -E
ARP 4.5
ZEIS
AMS | Área Mista de Serviços, de alta densidade, complexidade e miscigenação, segundo o tipo de serviço urbano; ACI | Áreas destinadas a todos os equipamentos comunitários ou usos institucionais, necessários à garantia do funcionamento satisfatório dos demais usos urbanos e ao bem estar da população; ZEIS | Zonas Especiais de Interesse Social, são áreas demarcadas no território de uma cidade, para assentamentos habitacionais de população de baixa renda.
Índices: 8.3.8 Condicionantes sensíveis | Visuais e relações com entorno ACI | Ocupação Dependente de Parecer do IPUF AVL | Ocupação Dependente de Parecer do IPUF APL-E | Nº pavimentos: 2 Índice de aproveitamento: 0,1 Taxa de Ocupação: 10%
02
AMS 4.5 | Nº pavimentos: 4 Índice de aproveitamento: 2,6 Taxa de Ocupação: 50%
03
ARP 4.5 | Nº pavimentos: 4 Índice de aproveitamento: 2 Taxa de Ocupação: 50%
01
04 01
07
05
06
04
02
N
03 06
Um ponto de atenção é que boa parte da área é considerada área de marinha. Porém isso não impede o desenvolvimento da proposta, já que apensar de ser de marinha o poder público pagaria taxa para uso da terra.
Fonte: Geoprocessamento PMF, 2020
As maiores marcos visuais são a do próprio terreno, o marco na paisagem pode ser considerado o Angeloni, mas ainda assim as rochas chamam muita atenção. De maneira sucinta as visuais orientadas ao mar transmitem sentimentos positivos, de tranquilidade e paz. A visual orientada a norte vemos todo movimento e fluxo intenso de veículos, podendo revelar sensações desfavoráveis como ansiedade.
05 Fonte: Google Earth
07
153
154
Fonte: Acervo autora | Visita in loco em 16 de março de 2020 as 14h
8.3.9 Altimetria Corte longitudinal
N 8m
Corte transversal
8.3.10 Paleta de cores
O terreno apresenta-se com configuração plana em quase sua totalidade no eixo longitudinal, com algumas variações CEÚ
de níveis de até 3m.
CEÚ
Chama atenção uma porção Fonte: Geoprocessamento PMF, 2020
MAR
específica do terreno, conforme indicado no
MAR
corte transversal, um desnível acentuado
ROCHA
em relação ao restante do terreno, tendo
ROCHA
estudo se destaca pela natureza e as
AREIA
cores são portanto extraída desses
ROCHA
em seu cume 8m de elevação em relação ao nível do mar.
155
156
VEGETAÇÃO VEGETAÇÃO
A paleta de cores do local em
elementos.
Fonte: Acervo autora | Visita in loco em 16 de março de 2020 as 14h
8.3,11 Condicionantes Ambientais
Banhado
Fonte: Geoprocessamento PMF, 2020
Linha limite de marinha Mangue
8.3.12 Massa vegetal
No geoprocessamento da Prefeitura de Florianópolis, conforme indicado na imagem das condicionantes ambientais indica boa parcela do terreno como banhado e na orla predomina o bioma de Manguezal. Condições essas que devem ser observadas para posterior zoneamento de arquitetura e paisagismo. Possível observar algumas áreas já degradadas, sem vegetação característica. O paisagismo do local poderá ser pensado de forma integrativa e respeitosa com o bioma existente, e sempre onde for possível deve-se considerar o plantio das espécies vegetais.
Banhado Mangue
Fonte: Geoprocessamento PMF, 2020 Modificado pela autora
Mangue
157
158
Banhado– Mangue ao fundo
Até 21 de junho
Após 21 de junho
8.3.13 Aspectos climáticos | Análise Bioclimática Condições climáticas gerais de Florianópolis
A maior fonte de ruídos no local acontece através do fluxo intenso de veículos no acesso a via expressa. Os ventos sopram predominantemente de Nordeste, porém 2 fatores adicionais influenciam as condições de vento no terreno, o fato de estar em contato direto com a mar, sofre influência da brisa marítima, e também o fato do vento sul mesmo que não seja frequente.
N
Fonte: LabEEE, UFSC,2014
O sol, ruídos e o vento
De acordo com o Manual de Eficiência EneEnergética desenvolvido pelo LabLabeee | UFSC,o zoneamento bioclimático de Florianópolis é o subtropical, possuindo como características gerais, as temperaturas médias se situam abaixo dos 20°C, chuvas fartas e bem distribuídas, o inverno é rigoroso e nas áreas mais elevadas pode ocorrer neve. Ainda deve-se atentar ao estudo do microclima, que nada mais é do que o clima local da onde será implantada a edificação, variáveis como vegetação, topografia, o tipo do solo são fatores que influenciarão as decisões de projeto.
NORTE
NORDESTE Figuras 172 e 173: Carta solar Fpolis
Umidade e Insolação De acordo com o site Guiafloripa o umidade relativa de Florianópolis é alta, com uma média de 82%, 2 fatores podem ser destacados aqui? O fato de estar em contato com o mar e os maciços vegetais contribuem ainda mais para o aumento das sensação térmica diante da alta umidade relativa do ar, fatores que devem ser observados na proposta de projeto. Insolação: Norte: Sol durante todo o dia; Sul: sol no início da manhã e fim da tarde; Leste: Sol durante a manhã,; Oeste: Sol durante a tarde; Nordeste: Sol inicio da manhã até inicio da tarde; Noroeste: Sol fim da manhã até fim da tarde; Sudeste: Sol durante toda manhã até inicio da tarde; Sudoeste sol durante toda tarde. Obs.: Fachadas de atenção: Norte e Sul por serem as de maior dimensão (eixo longitudinal do terreno) e condições de vento e inverno pelas baixas temperaturas.
BRISA TERRA-MAR
SUL
Fonte: Geoprocessamento PMF, 2020 Modificado pela autora Figura 171: Rosa dos ventos Fpolis
Fonte: Aplicativo Sol-AR
Fonte: Aplicativo Sol-AR
159
160
8.3.14 Distância EIV (Estudo de Impacto de Vizinhança)
Zoneamento Bioclimático| Zona 3
8.4 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS
De acordo com a ABNT NBR projeto 02:135.07/2013 que trata do desempenho térmico de edificações. Florianópolis insere-se na zona bioclimática 3, portanto deverão ser observadas as seguintes estratégias a fim de garantir o desempenho térmico satisfatório da edificação:
FigURA 174: Linha de transmissão Fonte: Google Earth, 2020
Barreiras físicas e dimensões da área Outro ponto que merece análise é a identificações de possíveis obstruções físicas no terreno. Na área em questão pode ser identificado uma Linha de transmissão na porção norte da área, conforme identificado na figura. Sendo assim deve-se ser respeitado segundo Jesus e Hortêncio (2010) as seguintes faixas de segurança:
50m 100m 250m
Segundo Taveira (2019) apud Kemerich (1995) a distância recomendada de instituições de cremação e núcleos populacionais é de 50-75m, considerando os impactos gerados pelos componentes químicos expelidos da cremação. No projeto propõe-se usar a biocremação de forma a diminuir essa interferência. Conforme o mapa acima é possível concluir a viabilidade do projeto, foram gerados dois centros como forma de ajudar nas decisões de implantação da área de Tanatório e suas possíveis interferência no entorno.
161
162
De todos os pontos analisados merecem destaque algumas observações: o local estudado possuí um enorme potencial para um espaço público, um parque. Pode-se ver isso pelo estabelecimento do zoneamento pelo plano diretor do munícipio, porém o que ocorre é uma total desconexão da beira mar de São José com o bairro Abraão, o terreno é a interrupção desses dois fragmentos da região. A desconexão continua com a interrupção do Parque do Abraão inserido no fragmento delimitado por ACI ficando o restante do local abandonado e em desuso. A proposta inicia-se com questionamentos acerca de possíveis alterações de zoneamento que contemplem a inserção de um Tanatório com uma inserção em comunhão com a natureza local, promovendo o espaço com uso público e de integração com seus limites através da malha viária, paisagismo e edificação.
8.5 Legislação Como visto anteriormente e conforme apresentado por Campos
(2007), Na Idade Média houve a proibição dos sepultamentos em templos religiosos, por ocasião da teorias dos miasmas, do isolamento entre mortos e vivos, para proteção perante a possíveis doenças, acreditava-se que a temperatura e a influência dos ventos oportunizaram miasmas ou vapores nocivos à saúde.
Na antiguidade os cemitérios situavam-se fora das cidades, afastados dos centros urbanos, porém com a urbanização tornaram-se ilhados por bairros, retornando à aproximação entre vivos e mortos. No âmbito relativo à saúde pública os cemitérios apresentam-se como potenciais comprometedores do meio ambiente, na qualidade dos solos e
águas subterrâneas, em decorrência do processo de decomposição dos corpos. (PACHECO,2000).
De acordo com Vieira (2010) a legislação portuguesa que em 2010 ainda não regulamentava a criação e gestão dessa tipologia funerária. No Brasil não foram encontrados registros de regulamentações especificas para Tanatórios, servindo como guia as normas e regulamentações
Os primeiros equipamentos tanatológicos ofereciam
nacionais através do CONAMA e legislações estaduais e municipais
serviços como: velório, cremação, tanatoestética/tanatopraxia, venda
pertinentes aos espaços funerários. Sobre isso será aberto um capítulo
de caixões, realização de cerimónias, florista, aluguer de carros de
específico posteriormente.
acompanhamento, venda de lápides e transladação de corpos. Com o
Thompson (2015) afirma que as instalações precárias dos
Para exemplificar a concretização desse tipo de equipamento
cemitérios tradicionais resultam na infiltração do necrochorume¹ ao solo,
funerário, resulto desta pesquisa, serão mostradas algumas referências e
podendo contaminar o lençol freático.
seus programas arquitetônicos posteriormente no capítulo de estudo de
Portanto, esse item da pesquisa, busca, de forma técnica, o levantamento de legislação pertinente à implantação de cemitérios e
aumento da popularidade dos tanatórios, os serviços por eles
oferecidos foram ampliados: dispõem agora de música durante o velório, dispersão ou guarda de cinzas, acompanhamento psicológico do luto, tramitações legais post-mortem, comemoração de
caso onde serão elaboradas análises com teor específico de funcionamento
aniversários de falecimentos e catering durante os serviços[...] .
e espacialidade.
Tratam-se de Complexos Funerários, que consistem na reunião de
crematórios, no âmbito nacional, estadual e municipal em que a proposta de
espaços de velório e de culto, com espaços técnicos de tratamento dos
projeto será desenvolvida, visto que o conceito Tanatório, ainda não está
corpos e cremação, valências públicas (cafetarias, salas para crianças, espaços de venda).[...](VIEIRA, 2010, p. 66)
inserido na Legislação Brasileira.
163
164
8.5 Legislação Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) – Resolução Nº 335 de 03 de abril de 2003
Resolução: Anvisa RDC nº 33, de 8 de julho de 2011
De acordo com a presente Resolução nº 335 é
A resolução nº 33 dispõe sobre o Controle e
considera-se na regulamentação do processo de
Fiscalização Sanitária do Translado de Restos Mortais
licenciamento ambiental às práticas e valores religiosos
Humanos.
e culturais da população. A resolução trata do licenciamento ambiental de cemitérios, sendo assim abaixo seguem os artigos e recortes da resolução relevantes para as práticas mortuários definidas em
Art. 9º: Os resíduos sólidos, não humanos, resultantes da exumação dos corpos deverão ter destinação ambiental e sanitariamente adequada.
Capítulo 5 | Da estrutura física
Capítulo 2: das competências e cuidados relativos
.
ao
condições físicas gerais:
Art. 10 Fica vedada, em todo o território nacional, a prestação de serviço de conservação e translado de restos mortais humanos, em que o óbito tenha tido como causa a encefalite espongiforme, febre hemorrágica ou outra nova doença infectocontagiosa que, porventura, venha a surgir a critério da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde (MS). Orientações Técnicas para o funcionamento estabelecimentos funerários e congêneres: ANVISA
a)
b) c) de
d)
Recomenda: Que a presente Orientação Técnica seja observada na normatização e fiscalização sanitária
e)
de Estabelecimentos Funerários e Congêneres situados em Estados e Municípios que não possuam legislação específica.
As edificações dos estabelecimentos sujeitos a esta
orientação técnica devem observar minimamente as seguintes
translado de restos mortais humanos.
proposta: Art. 4º: Na fase de Licença de Instalação do licenciamento ambiental, deverão ser apresentados, entre outros, os seguintes documentos: I - projeto do empreendimento que deverá conter plantas, memoriais e documentos assinados por profissional habilitado; e II - projeto executivo contemplando as medidas de mitigação e de controle ambiental.
Considerando que todo ser humano, ao morrer, tem o direito de ter seu cadáver tratado com respeito e dignidade e, de acordo com suas crenças e tradições, receber destinação adequada, seja sepultamento ou cremação, direito esse que deve ser observado por seus representantes legais e na falta destes pelo Poder Público.
165
166
não possuir comunicação física com ambiente de domicílio ou outro estabelecimento que realize atividades não relacionadas às atividades constantes neste documento; forro ou teto em bom estado de conservação, revestido por material que possibilite limpeza e manutenção; piso revestido de material resistente, antiderrapante, impermeável e que possibilite processo completo de limpeza e desinfecção; paredes, portas e janelas revestidas de material resistente, liso e lavável nos locais onde houver procedimentos de higienização, tamponamento, armazenagem temporária ou conservação de restos mortais humanos; janelas e demais aberturas destinadas à ventilação do ambiente, onde sejam realizados procedimentos higienização, tamponamento, armazenagem temporária ou conservação de restos mortais humanos, protegidas contra a entrada de insetos e outros animais;
Condições de manejo de resíduos de acordo com a RDC ANVISA nº. 50/02, RDC ANVISA nº. 306/04, Resolução CONAMA nº. 358/05 e ou outros atos normativos que vierem a substituí-las ou complementálas. Dos ambientes comuns: Os
estabelecimentos
sujeitos
a
estas
orientações, independentemente da atividade que realizam, devem observar o seguinte: a) sala ou área administrativa: ambiente obrigatório, em que se realizam as atividades administrativas do estabelecimento. Essas salas ou áreas não podem funcionar na sala de higienização, tamponamento, conservação de restos mortais humanos e tanatopraxia nem abrigar as atividades de preparo e esterilização de materiais ou armazenagem temporária de cadáveres; b) sala de recepção e espera para atendimento ao usuário: ambiente obrigatório para os estabelecimentos que atendam ao público em suas dependências. Devem apresentar condições de conforto para os usuários. A entrada deve ser independente daquela utilizada para embarque e desembarque de restos mortais humanos. Essas salas ou áreas não podem funcionar na sala de higienização, tamponamento, conservação de restos mortais humanos e tanatopraxia nem abrigar as atividades de preparo e esterilização de materiais ou armazenagem temporária de cadáveres; c) Instalações Sanitários: são obrigatórios em todos os estabelecimentos. Devem possuir separação por sexo, com no mínimo um sanitário adaptado para deficientes físicos;
8.5 Legislação d) Depósito de Material de Limpeza (DML): ambiente obrigatório, exclusivo para guarda dos materiais, equipamentos e saneantes utilizados nos procedimentos de limpeza e desinfecção do estabelecimento, bem como a sua preparação para o uso. Deve possuir área mínima de 2,00 m² e tanque para a realização dos procedimentos de limpeza dos materiais utilizados; e) condições de manejo de resíduos de acordo com a RDC ANVISA nº. 50/02, RDC ANVISA nº. 306/04, Resolução CONAMA nº. 358/05 e ou outros atos normativos que vierem a substituí-las ou complementá-las.
Observação
1:Os
estabelecimentos
que
apenas
comercializam artigos funerários ficam dispensados do disposto no item e; Observação 2: Os
estabelecimentos
que tenham
funcionário(s) em regime de plantão devem dispor de sala de plantonista com área mínima de 6,0 m² e condições de conforto para repouso.
Comércio de artigos funerários Os estabelecimentos que realizam o comércio de artigos
funerários, além do disposto nos itens 1 e 2 deste capítulo, devem possuir sala ou área para guarda de artigos funerários. Essas salas ou áreas não podem funcionar na sala de higienização, tamponamento, conservação de restos mortais humanos e tanatopraxia nem abrigar as atividades de preparo e esterilização de materiais ou armazenagem temporária de cadáveres.
Observação:
Higienização, tamponamento, conservação de restos mortais humanos e tanatopraxia
A atividade de preparo e esterilização de materiais
Secretária do Estado da Saúde: Portaria nº 167 de 20 de abril de 2018
pode ser executada na sala para preparo e higienização de
Os estabelecimentos que realizam procedimentos
restos mortais humanos, desde que haja barreira técnica e as
de higienização, tamponamento e ou conservação de restos
condições descritas no item C sejam observadas. Os recursos
mortais humanos, além do disposto nos itens 1 e 2 deste
para higienização das mãos podem ser apenas um para os dois
capítulo, deverão possuir as seguintes áreas:
ambientes Armazenagem temporária de restos mortais humanos
a) área para embarque e desembarque de carro funerário: área exclusiva, com acesso privativo, distinto do acesso público ao estabelecimento funerário, com área mínima de 21 m²; b) sala para higienização, tamponamento e procedimentos de conservação de restos mortais humanos: sala com acesso restrito aos funcionários do setor, devendo possuir área mínima de 9,00 m² para uma mesa tanatológica, acrescentando-se 5,00 m² por mesa tanatológica adicional. Devem atender ainda às seguintes especificações: Sistema mecânico de exaustão; Recursos para lavagem das mãos: pia ou lavatório com torneira ou comando que dispensa o contato das mãos para o fechamento da água, provisão de sabão líquido, além de recursos para secagem das mãos; Mesa ou bancada tanatológica para higienização de restos mortais humanos, com formato que facilita o escoamento de líquidos, feita em material liso e impermeável e que possibilite processos repetidos e sucessivos de limpeza, descontaminação e desinfecção. Vestiários para funcionários diferenciados por sexo, com área para escaninhos e boxes individualizados para chuveiros e bacias sanitárias; c) sala ou área para higienização e esterilização de materiais e equipamentos: esse ambiente deve possuir: acesso restrito aos funcionários do setor;
Os Estabelecimentos Funerários que oferecerem a armazenagem temporária de restos mortais humanos além do disposto nos itens 1 e 2 deste capítulo, devem possuir câmara
frigorífica exclusiva e compatível com a atividade, constituída de material sanitário e com formato que facilite a execução dos procedimentos de limpeza, descontaminação e desinfecção. Velório
Para realizar a atividade de velório, além do disposto nos itens 1 e 2 deste capítulo, os Estabelecimentos Funerários devem possuir: a) sala de velório: ambiente exclusivo e com área mínima de 15 m²; b) sala de descanso: sala com condições de conforto e c) instalações sanitárias, separadas por sexo anexos a sala de velório ou de fácil acesso; d) copa: ambiente destinado ao preparo, guarda e distribuição de refeições e lanches.
167
168
A portaria nº167 informa sobre “a necessidade de normatizar e delimitar as obrigações de pessoas físicas e jurídicas envolvidas na prestação de serviços funerários, bem como uniformizar os procedimentos técnico administrativos no âmbito das ações de controle e fiscalização da Vigilância Sanitária”. Tanatopraxia
Art. 16 – Em relação à estrutura física e materiais dos serviços de somatoconservação e tanatopraxia devem ser observadas as seguintes exigências: I - Os estabelecimentos devem possuir área de embarque e desembarque de carro funerário, com área mínima de 21,00 m², devendo ter acesso privativo distinto do acesso ao publico; II - A sala de procedimentos deve possuir área mínima de 16,00 m², para comportar 1 (uma) mesa de procedimento; III - Para sala com maior número de mesas de procedimentos devem ser respeitadas as seguintes distâncias: a) entre mesas paralelas: mínimo de 1,00 m; b) entre mesas e paredes (incluindo cabeceira e pé da mesa): deve haver uma distância mínima que permita a circulação do profissional.
8.5 Legislação VI - A sala deve dispor de lavatório ou pia com água corrente, devendo ser exclusiva para higienização das mãos dos trabalhadores. XV - O estabelecimento deve dispor de iluminação natural e artificial, de acordo com a Norma ABNT NBR 5413:1992. XVI - O estabelecimento deve ser provido de reservatório de água (caixas d’água) com capacidade mínima correspondente ao consumo de dois dias. XIX - O estabelecimento deve ter uma sala para recepção e registro das atividades, com área mínima de 7,5 m². XX - O estabelecimento deve dispor de Depósito de Material de Limpeza (DML), com área mínima de 2,00 m² e dimensão mínima de 1,00 metro e equipado de tanque com água corrente. Capela mortuária: I - Sala de vigília, com área superior a 20,00 m²; II - Instalações sanitárias com, pelo menos, uma bacia sanitária e um lavatório para cada sexo; III - Bebedouro, fora das instalações sanitárias e das salas de vigília; IV - Copa isolada da sala de vigília ou lanchonetes em locais próximos; V - Depósito de Material de Limpeza (DML), com área mínima de 2,00 m² e dimensão mínima de 1,00 metro e equipado de tanque com água corrente. Cemitérios: Art. 21 - Os cemitérios horizontais e verticais, doravante denominados cemitérios, devem ser submetidos ao processo de licenciamento ambiental pelo órgão competente e atender os requisitos dispostos nas Resoluções CONAMA - 335/03, 368/2006 e 402/2008 ou a que vier substituí-las.
Art. 46 - O crematório deve ser provido de câmara fria com área mínima de 8,00 m², ou dimensionada para a quantidade de cadáveres que ficarão acondicionados
Art. 22 - Os cemitérios devem conter: I - Local para administração e recepção; II - Capela mortuária que atenda a legislação sanitária vigente;
II - Deve ter gerador de energia elétrica para câmara fria.
III - Depósito de materiais e ferramentas;
Art. 47 - A localização do crematório deve ser condizente com as determinações expressas na legislação de uso e ocupação do solo do município, e suas instalações devem atender ao disposto no código de obras e posturas municipais, de forma a não provocar incômodos ou outros prejuízos à população circunvizinha.
IV - Instalações sanitárias, vestiário com armários duplos, refeitório ou local para refeição e fornecimento de água potável para os trabalhadores, devendo atender o preconizado na Norma Regulamentadora 24 do Ministério do Trabalho e Emprego. Art. 25 - Pelo menos 20% da área do lote do Cemitério, excluídos os Cemitérios-Parques, deve ser destinada à arborização ou ajardinamento, não devendo ser computado neste percentual os jardins sobre jazigos.
Art. 66 - O estabelecimento deve implantar fluxo de atendimento médico e de enfermagem para emergência em caso de exposição a material biológico, produtos químicos ou quando da ocorrência de quaisquer outros acidentes, e também procedimentos para acompanhamento e monitoramento dos trabalhadores expostos.
Art. 26 - Floreiras, vasos, canaletas, reservatórios, dentre outros recipientes sujeitos ao acúmulo de água, devem ser mantidas em condições sanitárias de acordo com legislação vigente, para evitar à proliferação do mosquito Aedes aegypti.
Armazenamento de produtos químicos:
II - Armazenados de acordo com a compatibilidade e em local seguro e bem ventilado onde não possa ocorrer confinamento de vapores e gases produzidos por estes;
Art. 30 - Os resíduos de todas as atividades do cemitério devem ser armazenados de forma a impedir o acesso de pessoas não autorizadas, insetos e outros animais. Cremação:
Resíduos:
Art. 45 - O crematório deve possuir Licença Ambiental, de acordo com a legislação ambiental vigente e atender as Resoluções CONAMA - 316/2002 e 386/2006 ou a que vier substituí-las.
II - Deve haver um local específico para o abrigo dos resíduos, de acordo com as Resoluções ANVISA RDC 306/2004 e CONAMA - 358/2005.
169
170
Art. 92 - Os padrões de controle para segurança do ar ambiente se aplicam aos locais em que se armazenam, preparam, utilizam formaldeído ou produtos químicos que o contenha e seus resíduos, devendo dispor de: I - Sistema de ventilação forçada ou mecânica por exaustão que promova, no mínimo, 12 renovações de ar por hora de acordo com a Norma ABNT NBR 7256:2005. II - pressão negativa em relação aos ambientes contíguos. A pressão negativa do local sob exaustão se obtém admitindo o ar de reposição do ar retirado do local exclusivamente através de grelha dimensionada de forma a apresentar uma determinada resistência à passagem do ar, que representa a pressão negativa no local. b) O sistema de ventilação deve ser projetado de forma a evitar a circulação de aerossóis. O fluxo do ar no ambiente deve ser direcionado da área mais limpa para a área contaminada e daí para o exterior, a fim de minimizar a disseminação de aerossóis no ambiente. c) O sistema de exaustão deve ter saída direta para o ambiente externo, de no mínimo 1 (um) metro acima da cobertura do edifício e dirigida para cima, ou em local que não possa haver volta do ar ao próprio edifício, penetração em outros locais ou em áreas freqüentadas por pessoas, contaminação de plantas e corpos de água.
8.5 Legislação Art. 93 - Caso o serviço opte pela instalação de sistema central de climatização deve seguir as seguintes recomendações, além das estipuladas no Art. 92. I - Não é permitida a instalação de aparelhos de ar condicionado de janela ou “Split”. II - O ar exaurido não pode ser recirculado e deve ser totalmente rejeitado ao exterior por um sistema de exaustão forçado.
Plano Diretor de Florianópolis: Lei Complementar nº 482, de 17 de Janeiro de 2014 O Plano Diretor a política de desenvolvimento urbano, o plano de uso e ocupação, os instrumentos urbanísticos e o sistema de gestão. Sobre equipamentos funerários dispõe:
III - O sistema central de climatização deve ser projetado, executado, testado e mantido conforme as recomendações da Norma ABNT NBR 16401:2008, RDC/ANVISA - 50/2002 e suas atualizações, Portaria GM/MS - 3.523/1998 e Resolução RE/ANVISA - 9/2003.
Art.273 Serão objeto de elaboração de EIV os seguintes empreendimentos e atividades, considerando seus análogos sem prejuízo da exigência de estudo simplificado de localização nos termos de lei específica:
Art. 94 - Deve haver capela de segurança química, de acordo com a RDC - 50/2002, onde houver a diluição e fracionamento do formaldeído.
Código de Obras e Edificações de Florianópolis: Lei Complementar nº 60, de 11 de Maio de 2000
A portaria encerra trazendo em seu Art. 95 : Fica vedado, em todo o Estado de Santa Catarina, a realização de procedimentos de formolização, embalsamamento, quando o óbito tenha tido como causa a encefalite espongiforme, febre hemorrágica ou outra nova doença infectocontagiosa que porventura venham a surgir, a critério da Organização Mundial da Saúde - OMS e anuência da ANVISA e da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde - SVS/MS.
Capítulo I: Disposições preliminares Art. 259 Todas as edificações de uso coletivo deverão propiciar às pessoas deficientes melhores e mais adequadas condições de acesso e uso, obedecidas as normas da ABNT e da legislação municipal específica.
§ 3º Nas edificações destinadas a locais de reuniões, galerias e centros comerciais, da área a ser considerada para o cálculo da lotação não poderão ser excluídos os espaços destinados à circulação horizontal que ultrapassarem 1,50m (um metro e cinquenta centímetros) de largura.
SEÇÃO XVII: Lotação das edificações
ABNT NBR 9077 E IN 9 CBMSC
O cálculo de lotação será definido através do Art. 125 na presente Lei, em respaldo na ABNT NBR 9077 e as Instruções Normativas pertinentes e dirigidas pelo CBMSC (Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina).
XXIX - cemitério e crematório;
Art. 125 Considera-se lotação de uma edificação o número de usuários, calculado em função de sua área e utilização.
Referente ao dimensionamento da edificação, serão respeitados os índices constantes nessa lei.
§ 1º A lotação de uma edificação será o somatório das lotações dos seus pavimentos ou compartimentos onde se desenvolverem diferentes atividades, calculada tomando-se a área útil efetivamente utilizada no pavimento para o desenvolvimento de determinada atividade, dividida pelo índice determinado na tabela seguinte: § 2º A área a ser considerada para o cálculo da lotação poderá ser obtida excluindo-se, da área bruta, aquelas correspondentes às paredes, às unidades sanitárias, aos espaços de circulação horizontais e verticais efetivamente utilizados para escoamento, vazios de elevadores, compartimentos destinados a equipamentos e dutos de ventilação, bem como garagens.
SEÇÃO XIII: Classificação e dimensionamento dos compartimentos para posterior dimensionamento do edifício. O tipo de edificação é considerada como: XLIV - Local de reunião de público: ocupação ou uso de uma edificação ou parte dela, onde se reúnem mais de cinquenta pessoas, tais como auditórios, assembleias, cinemas, teatros, tribunais, clubes, estações de passageiros, igrejas, salões de baile, museus, bibliotecas, estádios desportivos, circos e assemelhados;
171
172
A norma 9077 estabelece as condições exigíveis que as edificações devem possuir, garantindo que a população possa abandoná-las, em caso de incêndio, completamente protegida em sua integridade física, bem como permitir o fácil acesso de auxílio externo (bombeiros) para o combate ao fogo e a retirada da população. A Instrução Normativa nº 9 tem como objetivo estabelecer e padronizar critérios de concepção e dimensionamento do Sistema de Saídas de Emergência, dos processos analisados e fiscalizados pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Santa Catarina – CBMSC. Considerações: As presentes normas condicionaram juntamente com os estudos de caso indiretos e direto a montagem do programa arquitetônico inserido no processo de planejamento do projeto que será realizado no próximo semestre, bem como as exigências referentes a lotações e consequentemente segurança relacionada a saídas de emergência, aspectos relacionados as condições sanitárias.
9. A PROPOSTA
Este capítulo é a materialização de toda a teoria anterior e aplicação as ideias para a proposta.
173
174
9. A proposta
9.1 Conceito: Revelar a morte para a vida
Trata-se de um Tanatório inserido na Grande Florianópolis, localizado no
Com a investigação acerca da problemática sugerida para desenvolvimento deste
bairro Abraão em Florianópolis, na porção continental. Conforme os estudos realizados
processo, evidenciou-se alguns elementos que chamaram atenção, sendo eles a nossa
revelaram a escassez do serviço funerário na porção continental de Florianópolis.
visualização e relação com a morte na contemporaneidade, a interdição desta nos espaços
A DESPEDIDA
No decorrer deste processo, buscou-se entender a relação da sociedade
urbanos e a perda da dimensão sensível, do simbolismo místico aplicado ao tema.
atual com a morte, e a visualização das religiões com maior número de praticantes na
O conceito desta proposta nasce com a intenção de buscar alternativas através de
região, para entender o que pensam sobre a morte e seus rituais específicos.
uma imersão no passado, trazendo-o para o momento atual sem perder a visualização no
Os estudos e analises permitiram a escolha de 2 métodos de transformação
futuro (com as práticas funerária da cremação e a compostagem). As investigações
dos corpos, a cremação, prática crescente no Brasil e a compostagem, nova prática
mostraram que no passado o homem arcaico mantinha uma relação altamente
funerária mas de relevante discussão, visto a problemática espacial dos cemitérios
espiritualizada com a morte, dotando-a de símbolos e significados. A ideia principal é a
TRANSFORMAÇÃO
tradicionais nas grandes cidades. Entendendo que a morte hoje é interditada nas
busca de alternativas para inserir a arquitetura funerária no cotidiano de forma harmônica e
cidades, a proposta busca evidenciá-la através da arquitetura e paisagismo.
espirituosa em sua relação com o homem e com a cidade.
Portanto propõe-se a desmaterialização e transformação do corpo e a
Por se tratar de um espaço ecumênico o estudo dos símbolos remeteu em atenção
materialização na arquitetura, como espaço visitável, de lembrança, de uso público e
maior para não evidenciar símbolos físicos, como a cruz, ou santos por exemplo, inerentes a
integrante nos cenários urbanos, como parcela importante das cidades, a arquitetura
algumas religiões. O objetivo é criar atmosferas através de simbolismos arcaicos de
funerária revelando a morte para a vida e vice-versa. O complexo contempla serviço administrativo e funerário, os espaços de
O CULTO A SAUDADE
Esquema tipologias de transformação dos corpos Elaborado pela autora, 2020
significação da relação do homem com a morte, símbolos mais subjetivos que serão expressos no partido arquitetônico.
transformação: crematório e compostagem, as salas de velório, apoio psicológico os
A proposta baseia-se na divisão da arquitetura através dos estágios
Idealiza-se o enxergar na morte na cidade, fazendo o que é sentido ser visto
espaços contemplativos de saudade bem como espaços integrativos com o entorno,
do momento do rito de morte, conectados pelo trajeto. Sendo eles: A Despedida,
através da arquitetura, através das atmosferas geradas pela luz e sombra, pelos sons,
hortas urbanas, passarela de conexão entre Beira-mar e Abraão, bosque da saudade (
a Transformação do corpo e o culto a saudade (columbário e bosque da
materialidades, pela integração e diálogo com o entorno, pelos elementos da natureza como
composto pelo processo da compostagem), e demais espaços contemplativos
saudade: árvores da compostagem es espaços como capela ecumênica, espaço
um todo traduzindo o simbolismo arcaico intrínseco em nosso imaginário coletivo, fazer a
exemplificados melhor na etapa de partido arquitetônico.
de introspecção, mirante e observatório de aspersão das cinzas);
arquitetura expressar a morte.
175
176
9.2 Partido Inicial | Diretrizes:
• Fazer uso de materiais naturais e vegetações no paisagismo e arquitetura, como a madeira, a pedra, o bambu, explorando o tato e olfato, pois esse momento ficará marcado na memória do usuário. Vegetações plantadas no terreno com o uso da compostagem, simbolizando a vida através da morte (opcional da família levar o adubo e plantar em outro local ou plantar no terreno) A morte se transforma em vida- A árvore cósmica.; • Volumetria simples, arquitetura que se mescle com a natureza local, formando uma continuidade espacial na paisagem; Utilizar formas regulares explorando o dureza da perda em conjunto com a sensibilidade da saudade e culto à memória ( transições do concreto para elementos naturais e fluidez da forma); • Pensar no percurso do usuário no espaço, marcando trajetos de forma sensível com o uso das atmosferas de cada fase: a sensação da perda, o rito de despedida e o culto a saudade (evolução da superação da perda); • Explorar a água como importante elemento gerador de atmosferas em conjunto com seu reaproveitamento para cascatas nas capelas, de manutenção da arquitetura e na aspersão das cinzas e contemplação do homem com a natureza.
A narrativa dessa proposta enlaça-se na dimensão sensível , não podendo existir um desprendimento dessa dimensão no processo de projeto de espaços funerários. Portanto a trajetória do usuário é percebida com os estágios do ritual funerário de despedida.; Eu sinto a morte, ela aconteceu: A chegada do corpo Então começo a me preparar para aquilo que seria o meu adeus ou um até logo : O Velório Logo me vejo forçado a desprenderme fisicamente dele(a) que por muito tempo se prendeu em mim: Me despeço Como um último contato, vejo seu corpo indo embora mas olho e sei que o reencontrarei Se não o reencontrar Me encontrarei aqui, onde me despedi de ti: O culto a saudade Elaborado pela autora, 2020
CIDADE
Acesso sentido São José Terreno
Acesso sentido Bairro - terreno
Acesso ao terreno
Surge como a corporificação de simbologias arcaicas como a água e montanha cósmica em conjunto com as atmosferas geras pela natureza: • Com o uso da luz e sombra marcando a passagem do tempo, com diferentes dimensões nas aberturas laterais e zenitais, com orientações que proporcionem iluminação dramática nas áreas de velório e capela ecumênica (gerar atmosferas em dias como finados “o descer dos espíritos”, marcação da primavera como marco de renovação e ciclo natural da vida;
Diagrama de trajetos:
Estacionamento
Eixo visual de interesse “Montanha Cósmica”
Uma arquitetura pensada em camadas, como o trajeto do rito fúnebre.
Área verde
CIDADE
Técnico Adm Apoio ao Público
Estacionamento
Capelas
Técnico | Funerária
CIDADE
Área verde Transformação
Praça
Jardins de memória e espaços de contemplação
A opção pela arquitetura em camadas sugere a divisão em blocos para que se faça o trajeto do cortejo, o rito de despedida termina na capela cósmica com a entrega de adubo ou cinzas e continua com o culto a saudade pelos espaços contemplativos dotados de columbários ou bosques advindos do processo de compostagem.
Montanha cósmica MAR
177
178
A arquitetura utiliza a pele, através do tato captamos as atmosferas que se alarmarão em nosso subconsciente investido de memórias que serão restauradas. Elaborado pela autora, 2020
9.2 Partido Inicial | Diretrizes: Paisagem sonora • Cobertura| Aberturas laterais| Paisagismo: Nas áreas de prece e Capelas de despedida, proporcional o som da chuva através do som proveniente do material aplicado na cobertura: Metálico + Captação da agua para armazenagem e efeitos água cósmica: cortina d’agua e cobertura; Árvores circundando as capelas atraindo pássaros; prever jardins internos em áreas operacionais e adm. para mesmo efeito; Estrutura interno em madeira para passagem e ressoar do vento; Ambientes próximos do mar: sonoridade através das aberturas e deck contemplativo; • Piso: Transição de materialidade da rigidez do solo firme a passagem para outra dimensão ( piso vinílico + maciez), nos caminhos externos: pisos drenantes em pedra/concreto reciclado, pedregulhos dentro das capelas espaços ecumênicos outra sonoridade através do piso e da geometria das paredes e teto; • Capela cósmica: a proposta é o andar descalço, sentindo a terra, símbolo arcaico da destinação do corpo.
9.3 Sustentabilidade e Conforto Ambiental
Paisagem visual e tátil
• Captação e reaproveitamento da água da chuva: propor na cobertura e pisos permeáveis um sistema de captação da água que possa ser usada para as atmosferas propostas em partido, bem como na rega e manutenção das hortas e da edificação como lavagem de pisos;
• A visão é o sentido do primeiro contato, que despertará interesse no usuário, não podendo ser deixado de lado é através dela que o tato é atraído. • Paredes e pisos: Fundir tato e visão: proporcionar iluminação dramática nas áreas de despedida, efeitos de luz e sombra nos trajetos com a alternância de materialidade. Utilizar materiais naturais que se modificam com o tempo, conferindo mais grau de humanização, como pedra, madeira, bambu, em diferentes composições e tonalidades;
• Transformação do corpo como adubo orgânico: utilizar o corpo transformado para o plantio de árvores e hortas e telhado verde na edificação; • Ventilação cruzada: á área situa-se numa zona de umidade relativa alta, com a inserção de mais vegetação isso poderá se intensificar, portanto é primordial pensar no conforto dos usuários, principalmente nas áreas de longa permanência, como as áreas operacionais e administrativas;
• Volume e geometria: Alternância entre alturas dos ambientes, dinamismo de fachadas.;
• Paisagismo: Alternância de forrações e árvores nos jardins, permitindo o uso descalço, como nos columbários e bosques das memórias, alternância de cores e tamanhos, fazendo dos trajetos uma descoberta.
• Efeito chaminé: concomitantemente com os efeitos de luz e sombra proporcionados também pelas aberturas zenitais, pensa-se em atribuir na edificação aberturas de forma e circulação e liberação do ar quente; Utilizar cobertura suspensa para resfriamento da edificação.
Paisagem Aromática • Olfato é consequência dos outros sentidos e suas interações.
• Inércia térmica: trabalhar com materiais que constituam uma boa inércia térmica, preconizando a temperatura interna da edificação ( concreto, madeira, pedra);
• Paisagismo: Diferentes espécies vegetais • Volume e geometria: Alternância de materiais e o aroma proveniente da composição natural, como a madeira molhada, a brisa na pedra;
• Teto verde: diminuir a carga térmica proveniente dos raios solares na cobertura da edificação com o uso de teto verde, utilizado através do processo de compostagem humana;
179
180
• Conforto acústico:: angulação de tetos e paredes como forma de promover a propagação do som em áreas de reunião de pessoas, como as salas de velório e templo ecumênico; organizar ambientes de forma a promover uma boa acústica onde se pede maior nível de silêncio e privacidade, como áreas administrativas e velório;
10. EVOLUÇÃO DA PROPOSTA | PARTIDO
Aqui serão apresentados os primeiros lançamentos da proposta.
181
182
02 LIMITES | OBSTTRUÇÕES e ACESSOS O estudo do terreno mostrou que existe uma linha de transmissão paralela a rua que da acesso a área de AMS, sendo assim uma faixa de serviço foi reservada. Outro ponto que condiciona a organização do projeto são os acessos, nota-se que a via que da acesso ao terreno possuí sentido único, não permitindo acesso de veículos sentido Bairro Abraão – Terreno, a ideia é criar um acesso para os usuários e o serviço funerário conseguirem se deslocar com mais facilidade.
10.1 Partido | Implantação e forma AMS : A ser ocupada pela edificação principal
04 O CORTEJO Tomando a montanha como partido, cria-se o caminho do CORTEJO, com o foco na capela cósmica (para utilização de quem ainda percebe a peregrinação como ato característico do rito de despedida), priorizando então a partir desse traçado uma abertura visual sem obstruções físicas de edificações, a ideia é um eixo estabelecido pelo piso e cobertura estabelecendo a conexão da espiritualidade voltada a morte e a natureza.
ARP demarcação existente
Acesso sentido São José - Terreno
N
N
Acesso sentido Ivo SilveiraTerreno Faixa de serviço Acesso sentido BairroTerreno
Visual de interesse: Montanha cósmica
Parque existente
Acesso pedestre – ligação Beira Mar de são José
AVL demarcação existente ARP-e demarcação existente
01 MACROZONEAMENTO A primeira decisão da proposta é trabalhar o Tanatório em conjunto com um parque contemplativo que se integre com a Beira Mar de São José e o Parque do Abraão, visualizando o potencial que a área possuí para um parque público, pela aproximação com o mar, facilidade de acesso no entorno e natureza exuberante. Para isso foi definido que nas áreas de ARP e AVL se desdobrariam as atividades integrativas entre homem e morte através dos ambientes contemplativos do pós luto (columbário, observatório, passarelas, capela cósmica e bosque)
03 PONTO FOCAL: Montanha cósmica Partindo da ideia da sacralidade da terra, de sua simbologia inerente a morte estabeleceu-se um ponto focal simbólico na topografia natural do terreno. A decisão de constituir um espaço espiritualizado através de uma capela, um espaço ecumênico para manifestações de crenças e fé. A primeira ideia foi trabalhar a capela na parte superior da área porém percebeu-se uma solução com maior potencial simbólico, fazer a capela enterrada na topografia com vista para a natureza (terra, mar e céu), liberando seu platô natural para uso público. Analogia aos 3 níveis cósmicos : o céu, a terra, e o abaixo da terra.
183
184
Croquis do processo Elaborado pela autora, 2020
N Área ocupada pela edificação principal (Funerária, Capelas, Crematório, Compostagem, Administração e Apoio ao público)
05 ORIENTAÇÕES A ideia é promover nos ambientes de longa permanência ventilação e iluminação natural, favorecendo o conforto térmico dos usuários. Sendo assim optouse por rotacionar o bloco deixando-o no quadrante norte explorando as condições climáticas favoráveis conforme estudos anteriores.
Acesso serviço
Acesso público
10.1 Partido | Implantação e forma Cerimônias Funerária Crematório Compostagem Apoio ao público Administrativo
N
06 ZONEAMENTO Acesso Beira-Mar| Ivo Silveira Optou-se por separar as atividades operacionais das administrativas e de apoio ao público por consequências do grau de silêncio demandado pelas atividades administrativas do fluxo continuo das atividades da funerária e ambientes de Trajeto Cortejo transformação dos corpos ( crematório e compostagem). Assim sendo decidiu-se localizar Funerária, Acesso pedonal sentido Crematório e Compostagem na porção oeste do terreno, então Beira mar- Terreno o administrativo e apoio ao público e funcionário foi deslocado para uma porção do terreno com maior grau de silêncio. 4
N 1
Espaço de introspeção e prece
2 4
Estacionamento Acesso Bairro Bosque das memórias
3
Columbários e Espaços de introspecção Aspersão
Acesso pedestre – ligação Beira Mar de são José Acesso Bairro | Parque do Abraão -Terreno
07 CONEXÕES A proposta fundamenta-se em buscar alternativas de conectividade entre morte, homem e cidade. Conforme visita em terreno foi possível perceber a total descontinuidade da beira mar de São José com o restante da Orla no Abraão, a proposta assume em seu caráter estabelecer conexões ( Verde e Laranja) de modo a orientação o fluxo de um local a outro bem como a conexão do parque do Abrão com as áreas de lazer da beira-mar. Assim sendo o terreno escolhido para a implantação do Tanatório funciona como um intermédio dessa conexão, com áreas contemplativas que exerçam suporte ao Tanatório e entorno, sem prejudicar a privacidade do uso principal da área: A despedida.
Capela recebimento cinzas e adubo | Centro ecumênico e atividades culturais 1 Velório Esboço passarela conectiva 2 Entrega do corpo
3 Entrega cinzas e Adubo 4 Culto a Saudade
08 ACESSOS SECUNDÁRIOS| PASAIGISMO Foi definido um acesso de serviço que atenda a funerária crematório e compostagem (azul), e um acesso que dá no estacionamento (vermelho) para o público mantendo a privacidade operacional da edificação. Caminhos secundários a nível de estudo preliminar foram inseridos, como a passarela conectiva o percurso na área do columbário e espaços de introspecção, conectados a passarela e ao eixo principal do Tanatório (Caminho do Cortejo); O paisagismo assume um papel importante no projeto, como uma forma de assim como a distribuição da edificação pelo eixo do cortejo, gera-se o simbolismo do processo de perda, para isso a porção do terreno foi divida em 3 partes, a primeira com vegetações de pequeno porte com cores mais intimistas, a segunda com arvores de médio porte e a ultima como o bosque, colorido, demonstrando o convívio com a morte, com a saudade, as árvores do bosque poderão ser cultivadas e cuidadas pelos familiares que assim desejarem utilizar o adubo da compostagem., fazendo analogia com a visitação ao túmulo.
Obs.:
Índices construtivos
O Bloco 1 e 2 serão dispostos em AMS, visto a permissão de uso, conforme estabelecido pela Tabela de adequações de uso da Prefeitura Municipal de Florianópolis. Em APL-E e AVL fica vedado a construção de arquitetura funerária, sendo assim a proposta é de localizar a capela cósmica e o observatório de aspersão que podem se enquadrar em atividades paisagísticas, e de parque, visto que a proposta da capela não é apenas como suporte ao Tanatório e sim ao parque, em conjunto, como possibilidade de eventos artísticos e culturais no local.
Área terreno AMS: 29295m² Índices: Área mín.: 600m² Testada Mín.: 15m Nº Pvto: 4 Índice de Aproveitamento: 2,6 Taxa de ocupação: 50%
185
186
Área Aprox. construída AMS:2066m² (sem circulação) Área Aprox. construída MAS: 2670m² ( 30% circulação) Área parque (AVL e Apl-e): 35280m²
Sentido SJ- Terreno
Pórtico sagrado – formado com as rochas no local – inserção de uma viga.
10.2 Pré- lançamentos | Implantação
O acesso proposto baseia-se na continuidade de mão dupla sentido Abraão – Terreno ( Sentido Ivo Silveira- Terreno pois a Rua João Meireles possui apenas sentido ´´único no perímetro da área demarcada para o projeto. Com Acesso isso estabelece-se conexões com quem vem de São público Jósé, da Avenida Ivo Silveira e do bairro, permitindo retorno e maiores possibilidades de acesso. A proposta é que os veículos circulem apenas nessa área.
Acesso de serviço
1
Estudo de Implantação
N
2
3 10 Columbários Blocos de concreto com as cinzas
2
4
7 Capela Cósmica
Localização Sem escala Fonte: Google Earth, 2020
Conforme já menciona, percebe-se uma total descontinuidade entre a orla de São José e suas áreas de lazer com a Orla do Abraão. Sendo assim buscou-se alternativas de conectar as cidades no espaço que costuma afastar os vivos: Os espaços funerárias, com um parque contemplativo que integra vida e morte, com espaços que se comuniquem bem tanto com a edificação e seu uso principal como com o lugar, trazendo atividades mais voltadas para a contemplação, com espaços de introspeção como as capelas, o mirante, columbários e de passeio, como a passarela mirante, a praça do encontro entre as cidades de SJ e Fpolis e o bosque da saudade.
Acesso veículos Acesso pedestres
Acesso público
Sentido Bairro- Terreno
Caminhos secundáriosConexão entre os setores
ARP
6
5
Maciços vegetais existentes
6 Simbologia: Heróis e portais
8
Acesso público
Vista – Bosque da Saudade | Capela cósmica
7
Parque do Abraão Conexão com o bosque
6
Faixa de areia - permanecer
Passarela – mirante Integração SJ - Fpolis
7 Croquis do processo Simbologia: Árvore cósmica Elaborado pela autora, 2020
Localizado no encontro entre terra e mar: representando o desprendimento da matéria | Utilizar estrutura metálica sem invólucro
187
Legenda 9
1 Pátio Carga-Descarga
10
2 Estacionamento público 3 Bloco 1(cerimoniais, funerária,
188
Acesso público
compostagem e crematório)
4 Bloco 2 (administrativo e apoio público) 5 Jardins de memória | Bosque 6 Jardins de memória | Columbários 7 Capela cósmica 8 Mirante | Platô natural
9 Observatório Aspersão
10 Espaço Zen
Bloco 1: Volume Crematório e Compostagem: Pé direito duplo, altura fornos e troca térmica efeito chaminé
Bloco 1: Cerimoniais | Funerária| Crematório e Compostagem Bloco 2: Administrativo e Apoio ao público
10.3 Pré- lançamentos | Estudo de volumetria N
Bloco 2: pavimento superior: áreas de descanso
N
Sólido orientado para o eixo da via | Quadrante Norte A ideia de volume para as salas de velório parte da geometria de um caixão, as diagonais serão usadas nas paredes e teto para favorecer a acústica. A ideia é revelar a morte para o homem e a cidade, sendo assim a mensagem de “desenterrar a morte para a vida”, Sólidos formarão as salas de velório com os balanços simbolizando a presença da morte nas cidades, o desenterrar.
Divisão em 2 blocos: Separação das funções operacionais e cerimoniais das administrativas e de apoio ao público; Gerando um eixo central com foco na capela cósmica, ponto focal de interesse; Bloco 2 foi disposto em área de menor ruído no terreno
N
Distribuição das atividades tirando partido das condicionantes favoráveis de iluminação e ventilação natural do quadrante Norte, gerando átrios permitindo a ventilação cruzada. Foi definido fazer um pavimento superior no bloco 2 para a área de dormitórios, trazendo maior privacidade ao usuário. A dinâmica da volumetria inicia a partir das salas de velório, propositalmente locadas no acesso principal como forma de simbolizar a presença da morte para a cidade.
Cobertura suspensa
Conferindo identidade e unidade ao volume, Foram geradas angulação também no bloco 2 e na salas de cerimonial de entrega do corpo. Orientadas no eixo Leste- Oeste permitindo o jogo de luz e sombra, aberturas zenitais empregadas para favorecer a dinâmica da luz nos espaços cerimoniais.
189
190
Assim como os volumes das capelas a cobertura surge como forma de atribuir uma linguagem dinâmica a edificação, Planos ascendentes contrapostos assinalam a dualidade entre vida e morte e as certezas e incertezas geradas por ela. Também possui a função de ajudar resfriamento térmico da edificação, com seu afastamento do plano de laje.
Diagrama de evolução volumétrica Elaborado pela autora, 2020 Por fim gera-se o conjunto da edificação principal, linhas retas, diagonais e ascendentes como forma de explorar a tatalidade do corpo. O Paisagismo é pensado de maneira crescente permeando o terreno, simbolizando a evolução do estágio do luto, da superação da perda e do ciclo da vida.
10.4 Pré lançamentos | Zoneamento | Setorização
Para organização dos ambientes foi pensado no trajeto do cortejo, no Tanatório iniciado a partir do espaço de velório, posteriormente a cerimônia de entrega do corpo a cremação ou compostagem, seguido dos ambientes destinados a pós perda, a capela cósmica com a entrega das cinzas e adubo, os columbários, bosque e observatório da aspersão.
Pré- Plantas Baixas
Bloco 1 - Térreo
Pensando no grau de intimidade, que as áreas de cerimonia percebem e a necessidade de silêncio para concentração no trabalho administrativo foi decidido separar os ambientes de
B
apoio ao público dos ambientes operacionais e de cerimonial. Sendo assim o Bloco ! – Edifício principal é composto das atividades funerárias, de cerimonias, cremação e compostagem e o Bloco 2 das atividades administrativas, e de apoio ao público. A proposta de conectar velório, funerária, crematório e compostagem em um mesmo bloco se estabelece como forma de não impor o cortejo quando esse não for de vontade dos familiares, assim sendo a cerimônia pode encerrar-se no velório.
1
1 2
18 19
13
Átrio
20 22 23
A
7 Recebimento Corpos | Câmara fria 8 Garagem 9 DML 10 Depósito ornamentação 11 Depósito urnas 12 Loja de urnas
13 Vendas 14 Plantão 15 Vestiários 16 Fornos de cremação 17 Processamento cinzas 18 Antecâmara
A disposição em zoneamento foi pensando de forma a utilizar átrios como áreas de descompressão para funcionários e circulação de ar. Estuda-se ainda a possibilidade de
24
21
Eixo cortejo
29
12 14
15
7
31
11
10
15 15
6
17
2 Eixo cortejo
9
5
16
2
As salas de velório, com acesso
1 Capelas de velório 2 Copa + Wc 3 Urdimento 4 Depósito tanatopraxia 5 Tanatopraxia 6 Apoio Tanatopraxia
3
4
8
LEGENDA:
1
25
26 27
conectar o crematório e compostagem ao bloco da funerária apenas por uma circulação,
28
Bloco 1: Funerária e Velórios, Bloco 2 Crematório compostagem e cerimonial e Bloco 3
gerando uma melhor distribuição de insolação e ventilação entre os blocos. Formando então o
19
19 Câmara fria 20 Depósito compostagem 21 Composteiras 22 Suprimentos 23 Depósito 24 Misturador
independente para funcionários e familiares foi
25 Controle compostagem 26 Armazenamento mudas 27 Processamento 28 Guarda adubo 29 Cerimonial cremação 30 Cerimonial compostagem 31 Gu8arda das cinzas
pode chegar de outros locais, já preparado, o acesso
administrativo e apoio ao público. ( isso será definido melhor no TFG II)
conectada diretamente com o serviço funerário possibilitando que a logística da cerimônia se desenvolva dentro da edificação que será responsável pelo preparo do corpo, percebe-se aqui que o corpo pode ser feito pelo acesso de serviços e disposta na capela pelo urdimento. Os ambientes de longa permanência, como capelas de velório, administrativo e atividades operacionais foram organizados como forma de
aproveitar o quadrando Norte para insolação e ventilação, ajudando nas trocas térmicas e conforto
30
dos ambientes.
Bloco 2 – Pavimento superior
LEGENDA: Funerária
Apoio ao público
Apoio Funcionários
Crematório
Compostagem
Cerimônia
Administrativo
A Átrio entre funerária e transformação, Crematório e Compostagem
191
192
B Cobertura e Capelas de velório
C Cerimonial transformação
10.4 Pré lançamentos | Zoneamento | Setorização Pré-Plantas Baixas Bloco 2 - Térreo
G
LEGENDA:
E D
37
32
35
40
39
38
33
Átrio
41
46 45 44
36 34
42
43
45
E
Bloco 2 – Pavimento superior 48
47
49
Outro ponto importante e que vale
32 Segurança 33 Centro de visitantes | Recepção 34 WC 35 Enfermaria 36 Brinquedoteca 37 Floricultura 38 Psicólogos 39 Administração geral 40 Financeiro 41 Diretoria 42 Sala de reuniões 43 Sala múltipla 44 WC 45 DML 46 Dep. Material de escritório 47 Quartos e BWC família 48 Copa funcionários 49 Convício funcionários 50 Quarto plantonista
50
ressaltar é que nesta tipologia arquitetônica, tanto funcionários como visitantes são deparados com momentos de muito emoção e tensão, levando isso em consideração buscou-se locar os ambientes de convívio e descanso no bloco 2 em um segundo pavimento, possibilitando o descanso em espaço
E Volume em destaque: Café orientado para a paisagem natural
distinto da onde se desenvolve as atividades e estabelecendo um grau de privacidade e tranquilidade que possibilitam o descanso de plantonistas e familiares que passam por longas horas no velório.
F Volumes Centro de visitantes e floricultura acompanhando a identidade das salas de velório conferindo unidade formal ao projeto
LEGENDA: Funerária
Apoio ao público
Apoio Funcionários
Crematório
Compostagem
Cerimônia
Administrativo
G Volumes Centro de visitantes e floricultura : previsão de cobertura suspensa
Circulação vertical
D Cobertura suspensa e Átrio
193
194
Pretendendo uma dinâmica cênica da luz principalmente nos espaços de cerimônia com o uso de sólidos que dispersam a luz como pátios, de forma difusa, conforme apontado pelo estudo de caso indireto do Tanatório de Leon, Espanha.
10.4 Pré lançamentos | Zoneamento | Setorização | Estratégias bioclimáticas Cortes esquemáticos Os cortes esquemáticos foram realizados para a compreensão dos níveis que o projeto poderá assumir,
Tanatório de Leon Fonte: Archdaily, 2008
bem como o estudo do posicionamento do crematório e do centro de compostagem que recebem pé direito duplo, corroborando nas relações de interferência das condições de ventilação e iluminação natural nos ambientes relacionais. Estuda-se a implementação de uma cobertura e átrios para melhorar as trocas térmicas na edificação, com cobertura suspensa e o uso de ventilação cruzada e efeito chaminé, destaca-se aqui a importância desse último na área dos fornos e composteiras, onde a temperatura pode permanecer elevada durante as atividades.
LEGENDA:
LEGENDA:
Funerária
Apoio ao público
Apoio Funcionários
Crematório
Compostagem
Cerimônia
Administrativo
Insolação direta
Insolação difusa
O estudo da forma permitiu identificar que pela localização das salas de cerimônia, por sua geometria e distribuição em pré-planta faz-se necessário uma cobertura, que será do tipo suspensa pelas condicionantes acimas e pelo fato de ajudar na dissipação e trocas térmicas, funcionando como um “ colchão de ar” entre edificação e meio externo.
Ventilação Cruzada Ar quente Aberturas Ar frio
O porte da vegetação foi pensado simbolizando a evolução do processo de luto, e através do eixo Norte-Sul se integrar à paisagem de forma crescente, começando com espécies rasteiras e arbustivas no acesso principal à edificação e terminando com o bosque da memória ´(árvores da compostagem), além disso a tonalidade simbolizará a dor e a superação e culto a saudade, iniciando com cores de natureza morta até chegar em tons coloridos.
A edificação, exceto as salas de velório são distribuídas em nível térreo. Estuda-se um meio nível entre as salas de velório e a funerária conforme exemplificado no Na capela cósmica pretende-se utilizar a dinâmica da luz também de forma cênica, aqui são estudadas diversas aberturas partido. Pensando nisso e na resolução da questão técnica da entrega do corpo pela funerária a sala de velório, estuda-se uma espécie de urdimento que funcionará com plataforma Menores como forma de simbolizar almas | espíritos | vida por fim a imaterialidade de quem já se foi, percebendo que é o último ambiente de cerimonial, de recebimento das hidráulica com rodinhas.( Ver croquis anexos) cinzas e adubo. A geometria das capelas foi pensando de forma ao melhor desempenho acústico junto da Intenção de forma, prevendo então angulações em paredes e coberturas. ( Ver croquis anexos) A iluminação é trabalhada desde a circulação com foco no eixo da paisagem natural, evidenciando os 3 níveis cósmicos, o céu, a terra e o “abaixo da terra.
Volume em balanço | estrutura em concreto
195
196
Figura 178: Capela Bruder - Concreto pigmentado texturizado Fonte: Archdaily, 2012
10.5 Pré lançamentos | Volume e materialidade
Busca-se explorar a tatalidade do corpo, percebendo que ela é fundamental para fazer sentir a arquitetura, buscou-se trabalhar com materiais que admitissem texturas variadas. O concreto texturizado pigmentado como forma de fazer alusão as rochas, símbolos
significativos da manifestação da sacralidade para a arquitetura funerária. Propõem-se ainda aberturas em vidro para os efeitos desejados de luz e sombra, bem como o uso da madeira em superfícies de paredes e rampas e estuda-se a possibilidade da cobertura em madeira ou metálica, de forma a permitir a filtragem da luz, o resfriamento da edificação, proteção contra intempéries e proteções verticais nas fachadas Noroestes e Sudoestes, como cobogós ou brises, de forma a permitir a ventilação e a diminuição de radiação indesejada, uso da pedra, grama, vegetações em forrações nos jardins e na capela cósmica propõem-se que os pés descalços experimentem o espaço, com o piso em terra e as paredes fazendo alusões a caverna, como última morada dos mortos. O volume proposto assume variações angulares, linhas retas e diagonais, cheios e vazios e alternâncias de altura como forma de dinamizar a experiência visual e tátil do usuário na edificação. O volume assumido pelas capelas de velório, logo de entrada fazendo analogia com o caixão, não mais enterrado, agora visualizado pelo homem e cidade, por isso optou-se por trabalhar com leves balanços, “ desenterra-se a morte” da vida.
Elemento vazado ( Insolação orientação Noroeste) Plano em vidro| Iluminação | Prever proteção horizontal
Cobertura suspensa | estrutura proposta: madeira e/ou metálica
Elemento vazado
Aberturas em vidro | efeito chaminé cremação e compostagem Cobertura suspensa | unificar os blocos Permitir acesso em dias chuvosos
Figura 175: Cobertura em madeira Fonte: Pinterest
Figura 177: Concreto pigmentado texturizado ( Insolação orientação Noroeste) Fonte: Archdaily, 2019
Rampas em madeira Figura 179: Modelo de cobogó (elemento vazado) Fonte: Archdaily, 2008
Figura 176: Cobertura metálica Fonte: Pinterest, 2020
Elemento vazado cerimonia cremação( Insolação orientação Noroeste)
Aberturas em vidro | Apoio público e funcionários
Aberturas em vidro | Apoio público e funcionários Elemento vazado ( Insolação orientação Noroeste) Aberturas em vidro| feixes
197
198
Concreto texturizado
10.6 Pré-lançamentos | Estudos Atmosferas | Volumetria Capelas Transformação | Entrega do corpo
Novembro– 18h
Volume Bloco 1 | O “ desenterrar da morte” com as capelas flutuando, com os balanços gerados. Iluminação noturna possibilitando a geração de atmosferas nos horários de ausência do sol.
Jardins entre as Capelas de velório | Natureza e Elemento Agua presente através da abertura na cobertura | A intenção é possibilitar a ambiência do som da chuva, o som do vento nas folhas das árvores e atrair os pássaros.
Fevereiro– 06h
Dezembro – 18h
Capelas de velório
Agosto– 14h
199
200
11. ANEXOS PROPOSTA
Nesta componente constam o programa de necessidades e pré dimensionamento da edificação que conformaram as decisões de partido arquitetônico.
201
202
11.1 Fluxograma
Fluxograma | Administração ACESSO PÚBLICO
VIVOS Funerário
Funerário
Apoio ao público Recepção
Sala de seguranças
Fluxograma | Funerária
MORTOS
DML
Velatório | Câmara
Recepção
WC visitantes
Velório
Cremação| Compostagem
Auditório
Administrativo Cortejo ou não Cremação| Compostagem
Recebimento Cinzas | Adubo Jardim Plantações
Recepção
ACESSO PÚBLICO
Administrativo Cortejo ou não
DML
CONEXÃO SERVIÇO PARA ADMINISTRATIVO
Jardim Columbário
WC funcionários
Vendas
Vestiário tanatopraxia
Loja urnas e caixões
Treinamento Tanatopraxia
Dep. Urnas e caixões
Ambientes de encontro Sequências de “nós”
Espaços de introspecção
Nessa tipologia arquitetônica o fluxo é destacado pela circulação de vivos e mortos dentro da edificação. Sendo assim, o primeiro estudo e determinação de fluxos se dividiu entre vivos e mortos para entender como gerar de forma organizada o fluxo em “nós” como Velatório, | Câmara Velório e recebimento das cinzas e adubo (ambientes em que se encontrarão de forma presente, corpo físico e corpo transformado. Pré- estabelecendo que é necessário evitar confronto de fluxo de mortos e vivos em circulações gerais e ambientes comuns, de forma a manter o respeito com o morto e com familiares. Serão portanto a Funerária, as salas de velório e o recebimento de cinzas e adubo locais em que mortos e vivos se encontram, sem segregação, sendo apenas a circulação que levará até tais segregada entre esses dois públicos.
Covid-19 Z Valatório SAÍDA SERVIÇO PARA CREMATÓRIO ACESSO CARGA | DESCARGA
Sala de apoio tanatopraxia
Recebimento corpos
Morgue
Garagem
Hall funcionário
ACESSO SERVIÇO
Dep. ornamentos
203
204
Almoxarifado
Depto. Financeiro
Zeladoria | Manutenção
Funerária
O fluxo da funerária tem que servir tanto para velórios em outras localidades como velórios que acontecerão dentro do Tanatório. É na funerária que o corpo será preparado, através da tanatopraxia e posteriormente levado para o velório e depois para o serviço de cremação ou compostagem. Corpos em que a tanatopraxia acontecer em outra localidade acessarão diretamente o setor de cremação ou compostagem, antecedido ou não por cerimônia de despedida ( a depender da opção dos familiares).
ÁREA EXTERNA – CONEXÃO CAPELA ECUMÊNICA
Administração geral
WC
Praparação tanatopraxia
Dep. tanatopraxia
WC
Sala de reuniões
ACESSO SERVIÇO
Administração Os serviços administrativos funcionarão dentro do complexo de forma conjunta com a funerária, porém em um bloco separado, pensando na melhor organização do fluxo dentro do Tanatório para quem irá fazer tratativas pré e pós cerimonial.
11.1 Fluxograma
CONEXÃO COM SERVIÇO FUNERÁRIO
Fluxograma | Crematório
Fluxograma | Apoio ao Público Os fluxos e a setorização assim como a forma e os efeitos da arquitetura são pensadas em níveis, que impactarão e conduzirão o usuário, seus sentidos e sentimentos. O percurso inicia do Bloco 1 , com a cerimônia de velório e posteriormente com serviços operacionais da transformação do corpo. O bloco 2, de apoio ao público possuí serviços em que o usuário poderá utilizar para o culto a saudade, com espaço para apoio psicológico ao processo de perda. E o entorno poderá utilizar o espaço com serviços como café e sala multiuso, em atividades desenvolvidas com a comunidade.
O bloco 1 é o principal bloco do Tanatório, tanto em dimensões, como no processo de morte, é nele que se encontram as salas de velório e os espaços de transformação dos corpos, sendo eles a cremação e a compostagem. Aqui o fluxo foi pensado de maneira a atender corpos vindos de outras localidades direto para o processo de cremação ou compostagem bem como corpos velados dentro do Tanatório, em que o familiar optará ou não pelo cortejo, fazendo com que a edificação assimile os dois processos de despedida. Outro ponto que merece destaque refere-se ao recebimento e armazenagem de corpos tanto da cremação como da compostagem de forma separada. Vestiário func
ACESSO PÚBLICO| ÁREA EXTERNA
ÁREA EXTERNA – CONEXÃO CAPELA ECUMÊNICA
Recebimento corpos
Recebimento corpos
Câmara Fria
Câmara Fria
Fluxograma | Compostagem
Nichos de compostagem
Sala de controle cremação
Cerimônia
Sala processamento cinzas
Sala dos fornos
Tanque gás
Sala de controle compostagem Processamento Matéria orgânica
Armazenamento compostagem
Cerimônia Sala de suprimentos ACESSO PÚBLICO| ÁREA EXTERNA
ACESSO SERVIÇO
Sala recebimento compostagem
ACESSO SERVIÇO
Café
Floricultura Instalações hidro
Armário TI|Lógica
Instalações Elet.
Instalações Ref.
Restaurante Copa ACESSO PÚBLICO
Aconselhamento | Psicólogos
A cerimônia de despedida no processo de compostagem é interrompida, e retomada após 10 dias. Podendo, a escolha da família participar do processo, como uma segunda despedida até a colocação do corpo na composteira. Finalizado o processo a família pode optar por receber adubo e plantar uma vegetação no terreno do Tanatório ou levar e plantar em casa ou em algum espaço simbólico para eles.
Sala convívio func.
Hall Externo
Quarto plantonistas
Dep. geral
Misturador Adubo
Feixes de luz - guiando
Apoio Velório 1
Velório 1
Apoio Velório 2
Velório 2
Hall- Corredor
Apoio Velório 3
Velório 3
Enfermaria
Columbário
Circ. vertical Quartos famílias
Dep. compostagem
Área externa amostragem espécies árboreas
Sala multiuso
205
206
ACESSO PÚBLICO| ÁREA EXTERNA
No processo de compostagem o corpo fica na câmara fria durante 10 dias, conforme explicado pela Recompose . Já na cremação o corpo fica no máximo 3 dias na câmara fria até ser cremado. Sendo assim decidiu-se separar em duas salas distintas para controle de temperatura e regulagem termostática. Para a cremação as cinzas serão entregues podendo ser dispersadas ou guardas nos jardins de memórias compostos pelos columbários.
11.2 Programa de necessidades e PrĂŠ-dimensionamento
207
208
11.2 Programa de necessidades e Pré-dimensionamento
A funerária é composta pelos serviços de preparação do corpo e também com os serviços de apoio ao velório, com a loja de urnas e caixões e as ornamentações necessárias para cada família. Um ponto importante a destacar, é que uma das salas de velatório, será mais contida, como forma de prestar condolências sem um cerimonial propriamente dito. Esse ambiente, conforme estudo de caso apresentado, do Tanatório San Juan Salas, na Espanha apresenta-se dividido entre a sala de exposição do corpo e a sala de visualização para familiares, separados por um vidro fixo, obrigatório pela legislação Européia.
Esse ambiente é pensando de forma a proporcionar o momento de despedida de forma segura em caso de doenças como as relacionadas com imunodeficiência (HIV, neoplasias, pós quimioterapia, pós transplantes, insufiência renal, etc.), onde o contato do familiar com o paciente, pode trazer prejuízos psicológicos aos familiares, segundo o Dr.º Gilberto Ramos Sandin, Pneumologista e Professor no curso de medicina da Universidade do Sul de Santa Catarina, essa tipologia pode ser uma forma de neutralizar a exposição e permitir a realização do rito de despedida, conforme visto anteriormente, a conclusão do rito tem importância direta com o processo de luto vivenciado. É uma maneira de proporcionar uma menor exposição do corpo, onde se faz necessário pelas condições físicas que esse se encontrará, não podendo ser velado durante longos períodos. Uma reflexão acerca da situação atual que estamos passando, com a pandemia de Covid-19, desperta uma indagação nesse processo de trabalho que pode ser válido para pesquisas futuras. Será que a arquitetura funerária pode dignificar a morte e a despedida também em situações extremas como essa? Esse ambiente de velório surge no projeto como uma proposta também de reflexão sobre a possibilidade futura de uma tipologia neutra mas que o familiar consiga visualizar o morto, a corpo presente, percebendo a importância que isso assume para encarar o processo de luto.
209
210
11.2 Programa de necessidades e Pré-dimensionamento
O setor administrativo e de apoio ao público funcionarão em conjunto, num mesmo bloco. No pavimento térreo as atividades de maior fluxo de funcionamento, estuda-se um segundo pavimento com as áreas de descanso de funcionários e quartos dos familiares para descanso enquanto houver o velório.
211
212
11.2 Programa de necessidades e Pré-dimensionamento
O Hall funcionará como um centro de visitantes, servirá para aguardo entre cerimoniais, para recepcionar usuários que utilizarão os serviços administrativos, fornecedores. A proposta busca também o apoio psicológico de quem sofre com o processo de luto, sendo assim foi necessário salas de aconselhamento e uma sala de múltiplos usos onde poderão acontecer as dinâmicas. Essa sala poderá ser utilizada também pela comunidade, servindo como um apoio as atividades escolares que acontecem nas proximidades.
Como forma de prestar suporte ao enlutado bem como ao entorno, além dos espaços operacionais e de velório, são oferecidos espaços para suporte tanto ao Tanatório como ao entorno, como o café e a brinquedoteca.
213
214
11.2 Programa de necessidades e Pré-dimensionamento
O espaço pertinente ao crematório é composto da sala dos fornos e processamento de
cinzas. Aqui inserem-se as salas de velórios que não necessitam da procissão, a procissão será eventual para quem assim desejar, feita da sala de velório, até o serviço de cremação ou compostagem e posteriormente a capela cósmica, para entrega das cinzas e adubo.
215
216
11.2 Programa de necessidades e Pré-dimensionamento
Os espaços de descanso dos funcionários foi locado no Bloco 2, em pavimento superior conferindo maior privacidade e possibilidade de descanso.
217
218
11.2 Programa de necessidades e Pré-dimensionamento
A compostagem juntamente com o crematório são os locais de transformação do corpo físico em matéria orgânica ou cinzas. Assim como o crematório a compostagem conta também com sala para cerimônia de despedida e entrega do adubo, podendo ser utilizado para plantação no próprio terreno do Tanatório como se for da escolha da família poderá ser levado para utilizar em plantações diversas em outras localidades.
As famílias que optarem por este formato contam com uma cerimônia, assim como acontece em cemitérios. Ao chegar à central, o corpo fica durante dez dias em um espaço refrigerado antes da cerimônia, Depois disso, o cadáver é envolto em um tecido, que substitui os caixões. A própria família se encarrega de leva-lo até o espaço de compostagem, onde ele fica por semanas, se decompondo naturalmente. Katrina incentiva os entes a voltarem ao centro para coletarem parte do composto orgânico e usarem em seus próprios jardins, como um ritual de lembrança, que eterniza a memória e o sentimento.
219
220
11.2 Programa de necessidades e Pré-dimensionamento
O Tanatório é pensado de forma harmônica entre arquitetura, morte e paisagem, sendo assim o programa arquitetônico absorve espaços destinados ao culto a saudade, a memória e as lembranças entre vivos e mortos. Com a inserção do paisagismo de forma contemplativa e espiritual em harmonia com a natureza local. Composto de ambientes tanto para a contemplação entre vida e morte como para contato com o entorno, como hortas comunitárias, o café, e os demais espaços como mirantes e bosque.
221
222
11.3 Croquis do processo
223
224
11.3 Croquis do processo
225
226
11.3 Croquis do processo
227
228
11.3 Croquis do processo
229
230
A fundamentação teórica dessa proposta desempenhou um papel importante no processo de pesquisa e lançamento da proposta, talvez o mais importante até aqui: o entendimento do que será realizado no projeto, entender não só as questões técnicas pertinentes a arquitetura mas entender acima de tudo como as escolhas que se fazem irão impactar o usuário e identificar a tipologia projetual. Buscar conhecimento, pesquisar para então lançar ideias, coerentes e que transmitam a arte que é a arquitetura. Durante esse processo a maior dificuldade foi sem dúvida sintetizar as informações julgadas pertinentes ao tema, entender separadamente cada função que virá a compor o projeto, visto que a temática defendida pode mostrar uma amplitude de funções, um Tanatório pode ter um crematório, como não, pode ter ambientes públicos ou não, mas terá sempre o serviço de tanatopraxia, agora a partir da escolha de usos, como unir as funções transformando isso em um objeto arquitetônico e paisagístico? Esse foi o maior desafio até aqui. Entendendo que a morte e a vida sempre serão um universo cheio de dualidades, hoje, de interdição, a proposta evidencia que elas possam se encontrar, num mesmo espaço, com sua devida restrição quando apenas necessário for, um parque, contemplativo, um programa de necessidades com atividades que consigam unir num mesmo espaço a morte e a vida, para uma conversa, uma reflexão, em uma arquitetura revelada por sua inserção urbana, dentro da cidade, não segregada. Entende-se a importância de trazer a discussão da morte, e do cenário da arquitetura da morte talvez não como uma forma de imediatamente mudar-se uma
12. CONSIDERAÇÕES FINAIS
cultura impregnada de julgamentos, mas de uma reflexão, condicionada as novas práticas que estão surgindo. É uma aproximação, uma reaproximação do homem, da cidade e da morte mas acima de tudo da familiaridade intrínseca em nosso inconsciente coletivo, sobre algo que precisa ser falado. Diante do momento em que estamos vivendo uma indagação importante e que não poderia deixar de ser retratada neste trabalho: A Arquitetura funerária em situações emergências, como a de pandemia vivenciada por nós pela Covid-19. Será que a arquitetura funerária pode dignificar a morte e a despedida também em situações extremas como essa? Em pesquisa desenvolvida mostrou-se uma tipologia de ambiente de velório através de referenciais projetuais que surge no projeto
como uma proposta também de reflexão sobre a possibilidade futura de uma tipologia neutra mas que o familiar consiga visualizar o morto, a corpo presente, percebendo a importância que isso assume para encarar o processo de luto. Assim sendo, com as pesquisas teóricas, estudos práticos relativos ao tema percebe-se a imensa necessidade de refletir arquitetura, morte e vida num mesmo espaço, dotado de tantos símbolos e significados, de tanta atmosfera de presença, de ausência, refletindo no partido arquitetônica e na busca de associar atmosfera, simbologia e arquitetura, através do experiencia do usuário no espaço. Através de pré-lançamentos, indagações e produções textuais conclui-se esse primeiro ciclo, antecedendo um processo que continuará com o projeto arquitetônico e paisagístico no Trabalho Final de Graduação II.
231
232
12.1 Cronograma TFG II
JULHO
2
3
AGOSTO
4
1
2
3
SETEMBRO
4
1
2
3
Artigo Prancha 1 TFG Implantação
Plantas baixas Cortes Fachadas Detalhes Volumetria Textos e diagramas Prancha Treinar |apresentação 233
234
OUTUBRO
4
1
2
3
NOVEMBRO
4
1
2
3
DEZ
4
1
12.2 Links Úteis | Figuras ARCHDAILY. As possibilidades do Concreto Pigmentado: 18 edifícios impregnados de cor. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/910768/as-possibilidades-do-concreto-pigmentado-18-edificios-impregnados-de-cor. Acesso em 15 de junho de 2020. ARCHDAILY. Clássicos da Arquitetura: Catedral de Brasília / Oscar Niemeyer. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-14553/classicos-da-arquitetura-catedral-de-brasilia-oscar-niemeyer . Acesso em 02 de maio de 2020. ARCHDAILY. Clássicos da Arquitetura: Crematório Vila Alpina/Ivone Macedo Arantes. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/895691/classicos-da-arquitetura-crematorio-vila-alpina-ivone-macedo-arantes . Acesso em 25 de abril de 2020. ARCHDAILY. Clássicos da Arquitetura: Maison Louis Carré / Alvar Aalto. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/804532/classicos-da-arquitetura-maison-louis-carre-alvar-aalto?ad_medium=gallery. Acesso em 01 de junho de 2020. ARCHDAILY. Clássicos da Arquitetura: Termas de Vals / Peter Zumthor. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-15500/classicos-da-arquitetura-termas-de-vals-peter-zumthor. Acesso em 02 de maio de 2020. ARCHDAILY. Crematorium Heimolen / KAAN Architecten. Disponível em: https://www.archdaily.com/428104/crematorium-heimolen-claus-en-kaan-architecten/52313366e8e44e283000004d-crematorium-heimolen-claus-en-kaan-architecten-photo. Acesso em 15 de junho de 2020. ARCHDAILY. Tanatório municipal de Leon/BAAS. Disponível em: https://www.archdaily.com/3891/tanatorio-municipal-de-leon-baas. Acesso em 29 de abril de 2020. ARCHDAILY. Tempo das Cinzas e Crematório / Juan Felipe Uribe de Bedout + Mauricio Gaviria + Hector Mejía. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/881104/tempo-das-cinzas-e-crematorio-juan-felipe-uribe-de-bedout-plus-mauricio-gaviria-plus-hector-mejia. Acesso em 03 de maio de 2020.
ARCSPACE. Sayamaike Historical Museum. Disponível em: https://arcspace.com/feature/sayamaike-historical-museum/ Acesso em 03 de junho de 2020. BIBLIOTECA DIGITAL LUSO-BRASILEIRA. Pirâmides e Esfinge de Gizeh. Disponível em: http://bdlb.bn.gov.br/acervo/handle/20.500.12156.3/34421. Acesso em 03 de abril de 2020. BRUCKER. Forno Crematório. Disponível em: http://brucker.com.br/pet/forno.php?gclid=CjwKCAjwqpP2BRBTEiwAfpiD-3DsxFtuQjDvSAU7OonHfzCePCqdFao9oQ65WEras6Xe0_RWVghoARoCGZQQAvD_BwE . Acesso em 06 de junho de 2020. CITYLAB. Repensando o cemitério urbano. Disponível em: https://www.citylab.com/design/2014/09/rethinking-the-urban-cemetery/379860/. Acesso em 23 de abril de 2020. CLEOFAS. O que é a árvore do bem e do mal? Disponível em: https://cleofas.com.br/o-que-e-a-arvore-do-bem-e-do-mal/. Acesso em 22 de maio de 2020. DESIGNBOOM. Design for death architecture. Disponível em: https://www.designboom.com/project/ashes-water-a-columbarium-in-a-pond/. Acesso em 01 de junho de 2020. DUTRA, Luciano, LAMBERTS, Roberto; PEREIRA, Fernando O. R. Eficiência Energética na Arquitetura. Ed. 3. Florianópolis: Eletrobras/Procel, 2014. Disponível em: http://www.labeee.ufsc.br/sites/default/files/apostilas/eficiencia_energetica_na_arquitetura.pdf. Acesso em 07 de maio de 2020. EL PAÍS. Revelado o mistério dos corpos queimados e enterrados em Stonehenge há 5.000 anos. Disponível em: https://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:0kagCpPLOrwJ:https://brasil.elpais.com/brasil/2018/08/02/ciencia/1533224090_580550.html+&cd=1&hl=pt-PT&ct=clnk&gl=br. Acesso em 02 de maio de 2020.
ESTÓRIAS DA HISTÓRIA. 18 de abril de 1506: É colocada a primeira pedra da Basílica de São Pedro em Roma. Disponível em: http://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/04/18-de-abril-de-1506-e-colocada-primeira.html. Acesso em 08 de maio de 2020. EXAME. Cápsula ecológica transforma entes que partiram em árvores. Disponível em: https://exame.abril.com.br/estilo-de-vida/capsula-ecologica-transforma-entes-queridos-em-arvores/. Acesso em 15 de abril 2020.
235
236
12.2 Links Úteis | Figuras EXAME. SP abre 13 mil valas e contrata 220 coveiros para evitar colapso funerário. Disponível em: https://exame.abril.com.br/brasil/sp-abre-13-mil-valas-e-contrata-220-coveiros-para-evitar-colapso-funerario/. Acesso em 23 de abril de 2020.
FLICKR. Cupressus funebri. Disponível em: https://www.flickr.com/photos/72793939@N00/25555148368. Acesso em 06 de junho de 2020. FLICKR. Luxigon. Disponível em: Fonte: https://www.flickr.com/photos/luxigon/8470212197/in/photostream/. Acesso em 20 de maio de 2020. FOLHA. Como as religiões encaram a morte. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq0811200115.htm. Acesso em 15 de maio de 2020. FUNVERDE. Nós nunca seremos resíduo. Disponível em: https://www.funverde.org.br/blog/nos-nunca-seremos-residuo/. Acesso em 10 de junho de 2020. G1. Nada de cremação ou enterro: opção por dissolver corpo após a morte ganha adeptos. Disponível em: https://g1.globo.com/natureza/noticia/nada-de-cremacao-ou-enterro-opcao-por-dissolver-corpo-apos-a-morte-ganha-adeptos.ghtml. Acesso em 06 de junho de 2020. G1. Obra deve ampliar número de vagas no cemitério do Itacorubi. Disponível em: http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2016/08/obra-deve-ampliar-numero-de-vagas-no-cemiterio-do-itacorubi.html. Acesso em 15 de maio de 2020. HISTORIA DE NUESTRA HISTORIA. Vista aerea de Angkor Wat. Disponível em: https://hdnh.es/angkor-wat-jemer/vista-aerea-de-angkor-wat/. Acesso em 07 de maio de 2020. JARDIM DA PAZ CEMITÉRIO PARQUE CREMATÓRIO. Fotos. Disponível em: http://www.cemiterioparquejardimdapaz.com.br/galeria#&gid=1&pid=14. Acesso em 29 de abril de 2020. LANDEZINE. Skogskyrkogården. Disponível em: http://landezine.com/index.php/2010/09/skogskyrkogarden/. Acesso em 29 de abril de 2020. LUNA FUNERÁRIA. Funeral de Luxo. Disponível em: https://lunafuneraria.com.br/funeral-de-luxo/. Acesso em 15 de maio de 2020. MARIA HELENA. O Dia de Muertos - a história da tradição mexicana de culto aos mortos. Disponível em: https://www.mariahelena.pt/pt/pages/o-dia-de-muertos---a-historia-da-tradicao-mexicana-de-culto-aos-mortos. Acesso em 15 de maio de 2020. MATOSINHOS. Tanatório nomeado para premio internacional. Disponível em: https://www.cm-matosinhos.pt/pages/242?news_id=2296. Acesso em 29 de abril de 2020. MDIG. Poderosos retratos de sadhus indianos por Joey L. Disponível em: https://www.mdig.com.br/index.php?itemid=30799&catid=5. Acesso em 02 de maio de 2020. R7. Há 500 anos, 400 pessoas dançaram um mês sem parar até a morte. Disponível em: < https://noticias.r7.com/hora-7/fotos/ha-500-anos-400-pessoas-dancaram-um-mes-sem-parar-ate-a-morte-02102018 > Acesso em 24 de abril de 2020. REVISTA EPOCA. Saiba como a morte é vista em diferentes religiões e doutrinas. Disponível em: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG65777-5856,00-SAIBA+COMO+A+MORTE+E+VISTA+EM+DIFERENTES+RELIGIOES+E+DOUTRINAS.html. Acesso em 14 de abril de 2020. SILVA, Andréia Vicente. Rituais internacionais: o enterro evangélico. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/intratextos/article/viewFile/1626/1295. Acesso em 15 de abril de 2020.
SUPER INTERESSANTE. Como e para que foi construída Stonehenge? Disponível em: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-e-para-que-foi-construida-stonehenge/. Acesso em 02 de maio de 2020. UOL. Dia de finados no Brasil e no mundo. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/album/2014/11/01/dia-de-finados-no-brasil-e-no-mundo.htm?mode=list&foto=24. Acesso em 15 de maio de 2020. O FUTURO DAS COISAS. Redesenhando o futuro dos cemitérios. Disponível em: https://ofuturodascoisas.com/redesenhando-o-futuro-dos-cemiterios/. Acesso em 15 de abril de 2020. O GLOBO. Com necrotério lotado caminhões transportam caixões de Bergamo para crematórios de outras cidades. Disponível em: https://oglobo.globo.com/sociedade/coronavirus/com-necroterio-lotado-caminhoes-transportam-caixoes-de-bergamo-para-crematorios-de-outras-cidades-24314132 . Acesso em 12 de abril de 2020.
O PARISIENSE. Place D’Etoile e o Arco do Triunfo. Disponível em: https://oparisien.blogs.sapo.pt/21895.html. Acesso em 07 de maio de 2020. PINTEREST. Elbe_Waterfront_Park_Riesa-by-Rehwaldt_Rehwaldt_Landschaftsarchitekten-04. Disponinível em:https://br.pinterest.com/pin/379639443564208681/. Acesso em 03 de junho de 2020.
237
238
12.2 Links Úteis
12.3 Bibliografia
PLATAFORMA ARQUITECTURA. Crematório em Kalmar/Strindberg Arkitekter. Disponível em: https://www.plataformaarquitectura.cl/cl/797905/crematorio-en-kalmar-strindberg-arkitekter/57fd690ae58ece2684000101-crematoriumin-kalmar-strindberg-arkitekter-photo?next_project=no. Acesso em 20 de maio de 2020. PREFEITURA MUNICIPAL DE FLORIANÓPOLIS. Geoprocessamento Corporativo. Disponível em: http://geo.pmf.sc.gov.br/. Acesso em 06 de junho de 2020. PREFEITURA MUNICIPAL DE FLORIANÓPOLIS. Secretaria Municipal de Administração. Disponível em: http://www.pmf.sc.gov.br/entidades/sadm/index.php?pagina=notpagina&noti=11457. Acesso em 06 de junho de 2020. PINTEREST. Arquitetura da Luz. Disponível em: https://br.pinterest.com/pin/59109813847515018/. Acesso em 20 de maio de 2020. PINTEREST. Council approves Memorial Park master plan. Disponível em: https://br.pinterest.com/pin/441563938443899775/. Acesso em 10 de maio de 2020. PINTEREST. Elbe_Waterfront_Park_Riesa-by-Rehwaldt_Rehwaldt_Landschaftsarc. Disponível em: https://br.pinterest.com/pin/379639443564208681/. Acesso em 06 de junho de 2020. PINTEREST. Redirect Notice. Disponível em: https://br.pinterest.com/pin/342062534202952230/. Acesso em 15 de junho de 2020. R7. Vênus de Milo – História e curiosidades sobre a famosa estátua grega. Disponível em: https://conhecimentocientifico.r7.com/venusde-milo/. Acesso em 08 de maio de 2020. ROMA PRA VOCE. Passeio macabro em Roma, no ossuário dos Capuchinos na Via Veneto. Disponível em: https://www.romapravoce.com/passeio-macabro-em-roma-no-ossario-dos-capuchinhos-na-via-veneto/. Acesso em 29 de abril de 2020. SOLO ARQUITETOS. Crematório Guarapuava. Disponível em: https://soloarquitetos.com/crematorio-Guarapuava. Acesso em 10 de maio de 2020. SUPER INTERESSANTE. Como funciona um crematório? Disponível em: https://super.abril.com.br/historia/como-funciona-um-crematorio/. Acesso em 23 de abril de 2020. TERA. O que os cemitérios devem saber sobre o tratamento de necrochorume. Disponível em: https://www.teraambiental.com.br/blogda-tera-ambiental/o-que-os-cemiterios-devem-saber-sobre-o-tratamento-de-necrochorume. Acesso em 06 de junho de 2020. UOL. Local utilizado para armazenar corpos do 11 de Setembro será reativado. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/ultimasnoticias/efe/2020/03/25/local-utilizado-para-armazenar-corpos-do-11-de-setembro-sera-reativado.htm?cmpid=copiaecola . Acesso em 12 de abril de 2020. VEJA. Ministro iraquiano afirma que sumérios viajaram para Plutão. Disponível em: https://veja.abril.com.br/mundo/ministro-iraquianoafirma-que-sumerios-viajaram-para-plutao/. Acesso em 02 de maio de 2020. VILATEC. Cemitério Vertical. Disponível em: http://vilatec.com.br/produtos/cemiterio-vertical/. Acesso em 06 de junho de 2020.
AGÊNCIA
BRASIL.
Covid-19:
cemitérios
e
funerárias
se
preparam
para
aumento
da
demanda.
Disponível
em:
https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2020-03/covid-19-cemiterios-e-funerarias-se-preparam-para-aumento-da-demanda . Acesso em 17 de abril de 2020. ARCHDAILY. A arquitetura do adeus: 10 projetos de crematórios. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/933495/a-arquiteturado-adeus-10-projetos-de-crematorios. Accesso em 23 de abril de 2020. ARCHDAILY. AD Classics: Indian Institute of Management / Louis Kahn. Disponível em: https://www.archdaily.com/83697/ad-classics-indianinstitute-of-management-louis-kahn. Acesso em 03 de junho de 2020. ARCHDAILY. Crematório Comunal / Henning Larsen Architects. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/775597/crematoriocomunal-henning-larsen-architects. Acesso em 06 de junho de 2020. ARCHDAILY. Crematório Statie Stuifduin. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/899393/crematorio-statie-stuifduin-a2oarchitecten. Acesso em 06 de junho de 2020. ARCHDAILY. Crematorium Baumschulenweg / Shultes Frank Architeckten. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-
95579/crematorium-baumschulenweg-slash-shultes-frank-architeckten. Acesso em 29 de abril de 2020. ARCHDAILY. Funerária Tangassi / Tatiana Bilbao. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-111166/funeraria-tangassi-slash-tatianabilbao?ad_medium=gallery. Acesso em 06 de junho de 2020. ARCHDAILY.
Novo
Crematório
no
Cemitério
Woodland
/
Johan
Celsing
Arkitektkontor.
Disponível
em:
https://www.archdaily.com.br/br/760529/novo-crematorio-no-cemiterio-woodland-johan-celsing-arkitektkontor. Acesso em 06 de junho de
2020. ARCHDAILY. Tanatório municipal de Leon/BAAS. Disponível em: https://www.archdaily.com/3891/tanatorio-municipal-de-leon-baas. Acesso em 29 de abril de 2020. ARCHDAILY. Tanatorium / Juan Carlos Salas. Disponível em: https://www.archdaily.com/774831/tanatorio-juan-carlos-salas. Acesso em 06 de junho de 2020.
239
240
12.3 Bibliografia ARCHDAILY. Tempo das Cinzas e Crematório / Juan Felipe Uribe de Bedout + Mauricio Gaviria + Hector Mejía. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/881104/tempo-das-cinzas-e-crematorio-juan-felipe-uribe-de-bedout-plus-mauricio-gaviria-plus-hector-mejia. Acesso em 03 de maio de 2020. ARIÈS, Philippe. História da Morte no Ocidente: da Idade Média aos Nossos Dias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2017. BIANCHINI, Débora Cristina, et al. A questão ambiental envolvendo os cemitérios no Brasil. Revista Monografias Ambientais – REMOA, Santa Maria, v. 13, n. 5, p. 3777-3785, 2014. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/remoa/article/view/14506/pdf. Acesso em 29 de abril de 2020. BORDA, Luís Eduardo dos Santos; OLIVEIRA, Fernando Kennedy Braga. Arquitetura enquanto signo: espaço e luz nos espaços sagrados de Oscar Niemeyer. Triades, Juiz de Fora, 2019. Disponível em: https://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:NfZMGbSKO0oJ:https://triades.emnuvens.com.br/triades/article/view/200/113+&cd=1&hl=ptBR&ct=clnk&gl=br. Acesso em 16 de abril de 2020. BRANDALISE, Rodrigo. Cemitério vertical para a cidade de Sâo Jorge-RS. Orientadora: Arq. Me. Linessa Busato. Trabalho de Conclusão de Curso. 84f. Escola de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Meridional – IMED, Passo Fundo, 2018. Disponível em: https://www.imed.edu.br/Uploads/RODRIGO%20BRANDALISE.pdf. Acesso em 05 de maio de 2020. BULA, Natalia Nakadomari. Arquitetura e fenomenologia: qualidades sensíveis e o processo de projeto. Orientadora: Dra. Maristela Moraes de Almeida. 2015. 235 f. Dissertação - Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2015. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/169560/339500.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em 23 de abril de 2020. CAMPOS, Ana Paula Silva. Avaliação do Potencial de Poluição no Solo e nas Águas Subterrâneas Decorrente da Atividade Cemiterial. Orientador: Dr. Wanderley da Silva Paganini. 2007. 141 f. Dissertação – Saúde Pública, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6134/tde-25112007-172840/publico/DISSERTACAO_FSP_USP_CEMITERIOS.pdf . Acesso em 14 de abril de 2020. CASTRO, Elisianna Trilha. “Ao pó retornarás”: um olhar sobre os crematórios e a morte contemporânea. Cadernos de Pesquisa Interdisciplinar em Ciências Humanas, Florianópolis, v. 13, n. 102, 2012. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/cadernosdepesquisa/article/view/1984-8951.2012v13n102p135. Acesso em 16 de abril de 2020. CECCHINI, Catarina. Cortejo um desenho de crematório na pedreira. 19 https://issuu.com/catarinacecchini/docs/tfg_catarina_cecchini. Acesso em 02 de maio de 2020.
jul.
2017.
Apresentação
Issuu.
Disponível
241
em:
CIACO, Ricardo José Alexandre Simon. A arquitetura no processo de humanização dos ambientes hospitalares. Orientador: João Marcos de Almeida Lopes. 2010. 150 f. Dissertação – Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo – Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, 2010. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18141/tde-05012011-155939/publico/Mestrado_RicardoCiaco_BAIXA.pdf. Acesso em 26 de abril de 2020. CIDADE DE SÃO PAULO. Cemitério Consolação. Disponível em: http://www.capital.sp.gov.br/@@busca?pt_toggle=%23&b_start:int=20&portal_type:list=Image&SearchableText=cemit%C3%A9rio%20consola%C3%A7 %C3%A3o . Acesso em 12 de abril de 2020. CLARK, Roger H; PAUSE, Michael. Arquitectura: temas de composición. 3ª Ed. México: Ediciones G. Gili, 1997. COSTA, Beatriz Souza; CUSTÓDIO, Maraluce Maria. A cultura da morte no Brasil: Os impactos ambientais causados pelos cemitérios ao meio ambiente e aos seres humanos. In: BIZAWU, Kiwonghi; STEINMETZ, Wilson (org). Direito Ambiental IV. 1. ed. Florianópolis: COPENDI, 2014. Disponível em: http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=a48f43f12770677c. Acesso em 23 de abril de 2020. DOBBERT, Léa Yamaguchi. Áreas hospitalares – percepção e conforto. Orientador: Dr. Demóstenes Ferreira da Silva Filho. 2010. 121 f. p. II. Dissertação – Escola Superior de Agricultura Luiz Queiroz, Piracicaba, 2010. Disponível em: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11150/tde-10022011144702/publico/Lea_Yamaguchi_Dobbert.pdf. Acesso em 26 de abril de 2020. DOMINGOS, Basílio; MALUF, Maria Regina. Experiências de perda e de luto em escolares de 13 a 18 anos. Psicologia: Reflexão e Crítica, São Paulo, p. 577589, 2003. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/prc/v16n3/v16n3a16.pdf. Acesso em 14 de abril de 2020. DUTRA, Luciano, LAMBERTS, Roberto; PEREIRA, Fernando O. R. Eficiência Energética na Arquitetura. Ed. 3. Florianópolis: Eletrobras/Procel, 2014. Disponível em: http://www.labeee.ufsc.br/sites/default/files/apostilas/eficiencia_energetica_na_arquitetura.pdf. Acesso em 07 de maio de 2020.
EFDEPORTES. Morfologia da Cidade: O Cemitério Como Uma Questão Simbólica e Espacial. Disponível em: https://www.efdeportes.com/efd198/ocemiterio-como-uma-questao-simbolica.htm. Acesso em 15 de abril de 2020. ELIADE, Mircea. Imagens e símbolos: ensaio sobre o simbolismo mágico-religioso. São Paulo: Martins Fontes, 1991. EL PAÍS. Revelado o mistério dos corpos queimados e enterrados em Stonehenge há 5.000 anos. Disponível em: https://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:0kagCpPLOrwJ:https://brasil.elpais.com/brasil/2018/08/02/ciencia/1533224090_580550. html+&cd=1&hl=pt-PT&ct=clnk&gl=br. Acesso em 02 de maio de 2020.
242
12.3 Bibliografia ESTÓRIAS DA HISTÓRIA. 18 de abril de 1506: É colocada a primeira pedra da Basílica de São Pedro em Roma. Disponível em: http://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/04/18-de-abril-de-1506-e-colocada-primeira.html. Acesso em 08 de maio de 2020.
GUIA GEOGRÁFICO SANTA CATARINA. Santa Catarina no Século 19. Disponível em: https://www.brasil-turismo.com/santacatarina/historia/seculo-19.htm . Acesso em 13 de abril de 2020. HISTORIA DE NUESTRA HISTORIA. Vista aerea de Angkor Wat. Disponível em: https://hdnh.es/angkor-wat-jemer/vista-aerea-de-angkor-wat/. Acesso em 07 de maio de 2020.
EXAME. Cápsula ecológica transforma entes que partiram em árvores. Disponível em: https://exame.abril.com.br/estilo-de-vida/capsula-ecologicatransforma-entes-queridos-em-arvores/. Acesso em 15 de abril 2020.
JARDIM DA PAZ CEMITÉRIO PARQUE CREMATÓRIO. Fotos. Disponível em: http://www.cemiterioparquejardimdapaz.com.br/galeria#&gid=1&pid=14. Acesso em 29 de abril de 2020. JUNG, Carl G. O Homem e seus símbolos. Ed. 3. Rio de Janeiro: Harper Collins Brasil, 2016. MACHADO, Míriam Karla. Morrer em Desterro: A Criação do Cemitério Público em 1841. Orientadora: Dra. Beatriz Gallotti Mamigonian. 2012. 131 f. Trabalho de Conclusão de Curso – História, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2012.
EXAME. Nova York faz enterro coletivo em meio a pandemia de Corona Vírus. Disponível em: https://exame.abril.com.br/mundo/nova-york-faz-enterrocoletivo-em-meio-a-pandemia-de-coronavirus/. Acesso em 12 de abril de 2020. EXAME. SP abre 13 mil valas e contrata 220 coveiros para evitar colapso funerário. Disponível em: https://exame.abril.com.br/brasil/sp-abre-13-milvalas-e-contrata-220-coveiros-para-evitar-colapso-funerario/. Acesso em 23 de abril de 2020.
MARTINS, Vânia Paiva. A humanização e o ambiente físico hospitalar. Anais do I Congresso Nacional da ABDEH, Salvador, v. 4, p. 63-67, 2004. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/humanizacao_ambiente_fisico.pdf. Acesso em 04 de maio de 2020.
FLÓRIO, Wilson. Projeto residencial moderno e contemporâneo: Análise gráfica dos princípios de forma, ordem e espaço de exemplares da produção arquitetônica residencial. São Paulo: Mackpesquisa, 2002.
MATOSINHOS. Tanatório nomeado para prêmio internacional. Disponível em: https://www.cm-matosinhos.pt/pages/242?news_id=2296. Acesso em 29 de abril de 2020. MONDINI, Jonney Marques et al. Análise e identificação dos impactos ambientais da implantação e operação de cemitério vertical. Agro Ambiente, Boa Vista, v. 7, n. 1, p. 112-118, jan./abr. 2013. Disponível em: https://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:3mlDqg1NpwQJ:https://revista.ufrr.br/agroambiente/article/download/894/1027+ &cd=2&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br. Acesso em 21 de abril de 2020.
FOLHA DE S. PAULO. Como as religiões encaram a morte. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq0811200115.htm. Acesso em 15 de abril de 2020. G1. Funerais em SC têm restrições para evitar contágio por coronavírus; saiba quais são os cuidados. Disponível em: https://g1.globo.com/sc/santacatarina/noticia/2020/04/03/funerais-em-sc-tem-restricoes-para-evitar-contagio-por-coronavirus-saiba-quais-sao-os-cuidados.ghtml. Acesso em 23 de abril de 2020. GISLON, Jacinta Milanez. Um guia pessoal descomplicado da teoria dos signos na arquitetura. Blog Arquitetura-História-Patrimônio. Disponível em: https://arquiteturahistoriaepatrimonio.wordpress.com/2016/11/16/um-guia-pessoal-descomplicado-da-teoria-dos-signos-na-arquitetura/. Acesso em 24 de abril de 2020.
MOSCATI, Sandra Rachel. Desempenho acústico de templos e igrejas: subsídios à normalização. Orientador: Dr. João Gualberto de Azevedo Baring. 2013. 153 f. Dissertação -Tecnologia da Arquitetura - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, 2013. Disponível em: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16132/tde-06062013-143321/publico/dissertacao_sandrarachel_revisada.pdf. Acesso em 26 de abril de 2020.
GODELIER, Maurice. Sobre a morte: invariantes culturais e práticas sociais. 06 dez. 2017. Apresentação Issuu. Disponível em: https://issuu.com/edicoessescsp/docs/sobre-morte-trecho. Acesso em 17 de abril de 2020.
MOTTA, Antonio. Estilos mortuários e modos de sociabilidade em cemitérios brasileiros oitocentistas. Horizontes Antropológicos. Porto Alegre, v. 16, n. 33, p. 55-80, jun. 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010471832010000100005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em 21 de abril de 2020.
GOMES, Edlaine de Campos; MENEZES, Rachel Ainsengart. Abordo e eutanásia: dilemas contemporâneos sobre os limites da vida. Physis: Revista da Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 18, n. 1, 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-73312008000100006&script=sci_arttext&tlng=es. Acesso em 14 de abril de 2020.
243
244
ND MAIS. Primeiro cemitério público de Florianópolis ficava na cabeceira da ponte Hercílio Luz. Disponível em: https://ndmais.com.br/noticias/primeiro-cemiterio-publico-de-florianopolis-ficava-na-cabeceira-da-ponte-hercilio-luz/. Acesso em 13 de abril de 2020.
12.3 Bibliografia NEXO
JORNAL.
Como
a
pandemia
mudou
a
rotina
de
velórios
e
sepultamentos.
Disponível
REVISTA
em:
EPOCA.
Saiba
como
a
morte
é
vista
em
diferentes
religiões
e
doutrinas.
Disponível
em:
https://www.nexojornal.com.br/expresso/2020/04/02/Como-a-pandemia-mudou-a-rotina-de-vel%C3%B3rios-e-sepultamentos. Acesso em
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG65777-5856,00-SAIBA+COMO+A+MORTE+E+VISTA+EM+DIFERENTES+RELIGIOES+E+DOUTRINAS.html. Acesso
12 de abril de 2020.
em 14 de abril de 2020.
O FUTURO DAS COISAS. Redesenhando o futuro dos cemitérios. Disponível em: https://ofuturodascoisas.com/redesenhando-o-futuro-dos-
ROCHA, Francisco Manuel Pinto. Morte, Espaço e Arquitetura: Das Ideias às Formas, um Projeto. Orientadora: Dra. Maria Teresa Pires da Fonseca. 2013. 70
cemiterios/. Acesso em 15 de abril de 2020.
f.
Dissertação
–
Arquitetura,
Universidade
de
Porto,
Porto,
2013.
Disponível
em:
https://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:iL5zPN2poEkJ:https://repositorio-
aberto.up.pt/bitstream/10216/78598/2/34669.pdf+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br . Acesso em 15 de abril de 2020.
O GLOBO. Com necrotério lotado caminhões transportam caixões de Bergamo para crematórios de outras cidades. Disponível em: https://oglobo.globo.com/sociedade/coronavirus/com-necroterio-lotado-caminhoes-transportam-caixoes-de-bergamo-para-crematorios-
ROSA, Edna Teresinha da. A relação das áreas de cemitérios públicos com o crescimento urbano. Orientador: Elson Manoel Pereira. Dissertação. Curso de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/86568/205563.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em 26 de abril de 2020.
de-outras-cidades-24314132 . Acesso em 12 de abril de 2020. PACHECO, Alberto. Cemitério e Meio Ambiente. São Paulo, 2000. Disponível em: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/livredocencia/44/tde-23062015-131326/publico/Pacheco_LivreDocencia.pdf . Acesso em 15 de abril de 2020.
SAMPAIO, Ana Virginia Carvalhaes de Faria. Arquitetura hospitalar: projetos ambientalmente sustentáveis, conforto e qualidade. Proposta de um instrumento de avaliação. Orientadora: Anesia Barros Frota. 2005. Tese de Doutorado – Estruturas Ambientais Urbanas – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, 2005. Disponível em: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16131/tde-23102006-175537/pt-br.php. Acesso em 26 de abril de 2020.
PALASMAA, Juhani. Os olhos da pele: a arquitetura e os sentidos. Porto Alegre: Bookman, 2011. PASQUALIN, Gabriel Ferreira. Espaço para ritos da morte. 05 jun. 2019. Apresentação Issuu. Disponível em: https://issuu.com/gbrpsq/docs/caderno_-_tfg1__issu_. Acesso em 02 de maio de 2020.
SANTOS, Aline Silva. Morte e Paisagem: Os Jardins de Memória do Crematório Municipal de São Paulo. Orientadora: Dra. Catharina Pinheiro Cordeiro dos Santos Lima. 2015. 349 f. Dissertação – Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, 2015. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16135/tde-08092015-143806/publico/alinesilva1.pdf . Acesso em 15 de abril de 2020.
PORTAL DE REVISTAS DA USP. Cemitérios verticais, espaço urbano e meio ambiente: O novo discurso científico universitário de incentivo a verticalização do cemitério e cremação. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/primeirosestudos/article/view/84289. Acesso em 15 de abril de 2020.
SILVA, Ana Paulos. Os sentidos humanos e a construção do lugar: projeto de um mercado. Orientador: Dr. Miguel João Mendes do Amaral Santiago. Dissertação - Departamento de Engenharia Civil e Arquitetura, Universidade da Beira Interior, Covilhã, 2011. Disponível em: https://ubibliorum.ubi.pt/bitstream/10400.6/2221/1/Os%20Sentidos%20Humanos%20e%20a%20Constru%C3%A7%C3%A3o%20do%20Lugar_Parte%20Es crita.pdf. Acesso em 04 de maio de 2020.
PROJETO. Projeto: para o fim da vida. Disponível em: https://revistaprojeto.com.br/acervo/projeto-para-o-fim-da-vida-20-012009/?utm_medium=website&utm_source=archdaily.com.br. Acesso em 23 de abril de 2020.
245
246
12.3 Bibliografia SILVA, Andréia Vicente. Rituais internacionais: o enterro evangélico. Disponível publicacoes.uerj.br/index.php/intratextos/article/viewFile/1626/1295. Acesso em 15 de abril de 2020.
em:
VASCONCELLOS, Renata Thais Bomm. Humanização de ambientes hospitalares: características arquitetônicas responsáveis pela integração
https://www.e-
interior/exterior. Orientadora: Dra. Vera Helena Moro Bins. 2004. 176 f. Dissertação - Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade
SILVA, Carolina Prudente da. Proposta de verticalização do Cemitério São Cristovão e sua integração a um parque urbano. Trabalho de Conclusão de Curso. Centro Tecnológico – Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2018. SOUZA, Christiane Pantoja. Rituais fúnebres no processo do luto: significados e funções. https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-37722019000100509. Acesso em 17 de abril de 2020. SOUZA, Léa Cristina Lucas de. Bê-á-bá da acústica arquitetônica: ouvindo a arquitetura. São Carlos: EdUFSCar, 2013.
Disponível
Federal
de
Santa
Catarina,
Florianópolis,
2004.
Disponível
em:
http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:ok6oZ8WcWWcJ:livros01.livrosgratis.com.br/cp047183.pdf+&cd=2&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br. Acesso em 15 de abril de 2020.
em:
VEJA. Força-tarefa prepara serviço funerário para até 40 enterros diários em SP. Disponível em: https://veja.abril.com.br/brasil/forca-tarefa-prepara-
SUPER INTERESSANTE. Como e para que foi construída Stonehenge? Disponível em: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-epara-que-foi-construida-stonehenge/. Acesso em 02 de maio de 2020.
servico-funerario-para-ate-400-enterros-diarios-em-sp/ . Acesso em 17 de abril de 2020.
SUPER INTERESSANTE. Como funciona um crematório? Disponível em: https://super.abril.com.br/historia/como-funciona-um-crematorio/. Acesso em 23 de abril de 2020.
VEJA. Ministro iraquiano afirma que sumérios viajaram para Plutão. Disponível em: https://veja.abril.com.br/mundo/ministro-iraquiano-afirma-quesumerios-viajaram-para-plutao/. Acesso em 02 de maio de 2020.
TAVARES, Thiago Rodrigues. Um ritual de passagem: o processo histórico do “bem morrer”. Disponível em: http://www.ufjf.br/graduacaocienciassociais/files/2010/11/%C2%B4%C2%B4Um-ritual-de-passagem%C2%B4%C2%B4-Thiago-Tavares.pdf. Acesso em 16 de abril de 2020.
VIEIRA, Ana Patrícia Bastos. Thanatorium: da evolução da arquitectura funerária à definição de um Tanatório em Coimbra. Orientador: António Manuel Portovedo Lousa. 2010. 278 f. Dissertação – Arquitetura, Universidade de Coimbra, 2010. Disponível em: https://estudogeral.uc.pt/handle/10316/14194. Acesso
TOMASI, Julia Massucheti. Cortejos Fúnebres e Velórios: Os Ritos Fúnebres Católicos na Cidade de Florianópolis (SC) na Contemporaneidade. Florianópolis, 2013. Disponível em: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/RbhrAnpuh/article/view/23552/12748 . Acesso em 14 de abril de 2020.
em 15 de abril de 2020. ZEVI, Bruno. Saber ver a arquitetura. 6ª Ed. São Paulo: WMF Martins Fonte, 2009.
ULGUIN, Priscilla. O fogo e a morte: a cremação como prática funerária ritual. Habitus, Goiânia, v. 14, n. 1, p. 107-130, jan./jun. 2016. Acesso em 02 de maio de 2020. UNESCO. Stogskyrkogarden. Disponível em: https://whc.unesco.org/en/list/558/. Acesso em 02 de junho de 2020.
ZUMTHOR, Peter. Atmósferas: entornos arquitectónicos – Las cosas a mi alrededor. Barcelona: Gustavo Gili, 2006.
UOL. Local utilizado para armazenar corpos do 11 de Setembro será reativado. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/ultimasnoticias/efe/2020/03/25/local-utilizado-para-armazenar-corpos-do-11-de-setembro-sera-reativado.htm?cmpid=copiaecola . Acesso em 12 de abril de 2020
247
248
A morte revelada
Centro Universitรกrio Estรกcio de Santa Catarina Junho de 2020