MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA PROJETO UM COMPUTADOR POR ALUNO
Princípios orientadores para o uso pedagógico do laptop na educação escolar
Princípios orientadores para o uso pedagógico do laptop escolar
Elaboração
Ariane Melo Bretas – SEED/MEC Carmem Lúcia Prata – SEED/MEC Gilsa Gisele Melo de Santana – SEE/DF José Armando Valente – UNICAMP José Luiz Aquino – Presidência da República Léa da Cruz Fagundes – UFRGS Leila Ramos – SEDUC/TO Maria de Fátima Simas Malheiro – SEB/MEC Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida – PUC-SP Maria Helena Cautiero Horta Jardim – UFRJ Mauro Cavalcante Pequeno - UFC Mauro Candido Moura – SEED / MEC Paulo Gileno Cysneiros – UFPE Pedro Ferreira de Andrade – SEED / MEC Simão Pedro Pinto Marinho – PUC-MG Stela Conceição Bertholo Piconez – USP
Princípios orientadores para o uso pedagógico do laptop escolar Comissão de sistematização Beatriz Corso Magdalena - UFRGS José Armando Valente - Unicamp Maria Elisabette Brisola Brito Prado - Unicamp Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida – PUC-SP Natalício Venâncio de Freitas – SEB/MEC Pedro Ferreira de Andrade – SEED/MEC
Coordenação Pedro Ferreira de Andrade
Apresentação
Este documento foi elaborado a partir de ampla discussão no âmbito do Grupo de Trabalho de Assessoramento Pedagógico (GTUCA), instituído pela Portaria SEED/MEC nº 8, de 19 de março de 2007.
Teve como subsídios os relatos dos coordenadores, professores, alunos, pesquisadores e observações em visitas técnicas às escolas públicas que constituem os pilotos de experimentação do projeto UCA, em sua fase inicial em 2007.
O mesmo foi aprovado em 18 de outubro de 2007, na reunião ordinária do GTUCA, realizada na cidade de Piraí-RJ.
Sumário
Introdução, 5 Contexto de inclusão digital pedagógica, 7 Justificativa, 10 Objetivos educacionais do Projeto UCA, 12 Concepções pedagógicas, 13 Estratégias de ação, 17 Conclusão, 24
Introdução As novas gerações, que se encontram entre os 10 e 20 anos e nasceram imersas nas tecnologias digitais, têm possibilidades de aprendizagens reforçadas pela interação com várias mídias e a oportunidade de representar uma forma de pensar e estar no mundo radicalmente diferente das demais gerações. São os nativos digitais.
No Brasil, as crianças, adolescentes e jovens de todos os níveis sócio-econômicos são desafiados a usar interativamente o computador. Desenvolvem habilidades diferenciadas que requerem atenção múltipla. Não apenas dominam a lógica dos computadores e seus diferentes dispositivos e programas, como conseguem realizar várias atividades ao mesmo tempo. Por exemplo, usam comunicadores instantâneos, conversam com e escrevem para vários amigos de diferentes partes do mundo em tempo real e, ao mesmo tempo, usam câmeras para se verem enquanto escutam música e preparam o trabalho da escola. O interessante é que isso é feito tudo junto, compartilhando saberes e emoções.
Já as gerações com 30 e 40 anos ou mais desenvolveram muitas das suas habilidades com tecnologia analógica, prestando atenção em uma coisa de cada vez e, agora, são desafiadas a interagir com linguagens multimidiáticas, e a conviver e orientar as novas gerações que pensam, aprendem e se comunicam por meio dessas novas linguagens. São os imigrantes digitais.
Estamos, portanto, diante de realidades diferentes em relação a como as pessoas aprendem, constroem conhecimentos e convivem entre si. Em algumas comunidades escolares, os estudantes e professores têm, ao seu alcance, ferramentas que facilitam a troca de idéias e informações, o compartilhamento de projetos e o trabalho conjunto. Em países1 que usam o laptop comercial nos currículos escolares e acadêmicos, há estudantes que partilham etapas de um experimento em diferentes áreas do conhecimento e lançam questões na rede para debates e a busca de informações oriundas de diferentes fontes e a articulação de distintos pontos de vista. Atividades previstas no currículo se desenvolvem entre
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Estados Unidos, Portugal, Costa Rica, Japão entre outros
muitos estudantes de diferentes escolas. Comunidades virtuais de aprendizagem são criadas em torno de temáticas de interesse comum, sem falar da participação em cursos on line.
Nessa situação, professores e especialistas assumem uma nova postura, no sentido de acompanhar e fomentar o processo de aprendizagem por intermédio da rede.
Essas oportunidades, que estão disponíveis principalmente para os extratos sociais mais altos da sociedade brasileira, necessitam ser universalizadas e democratizadas entre os estudantes e educadores da escola pública.
Estudos têm demonstrado que o país avançou em seu processo de inclusão digital na rede pública de ensino e, em alguns casos, com resultados pedagógicos bem significativos como o registrado pelo Programa Nacional de Informática na Educação - Proinfo. Reconhece-se, contudo, que há ritmos de expansão e apropriação das tecnologias digitais em diferentes regiões brasileiras e entre grupos sociais que reforçam as desigualdades 2 existentes na sociedade.
O Projeto UCA faz parte dos esforços para resolução deste problema.
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De acordo com o estudo de Waiselfiz, J. J., Mapas das desigualdades digitais no Brasil, http://www.ritla.net, acesso para a população nas escolas públicas e nos centros gratuitos beneficiou até agora só alguns grupos da sociedade. Nos grupos de menor renda o acesso via centros gratuitos é de 0,6%, mas na faixa de renda mais elevada esse índice ultrapassa 4%. Entre os estudantes do ensino fundamental, só 2,5% dos mais pobres usaram computador na escola pública.
Contexto da inclusão digital pedagógica O governo federal empreende esforços na disseminação de tecnologias digitais e no seu uso pedagógico nas escolas públicas desde o início dos anos 80, com o Projeto Educom e mais intensamente, a partir de 1997, com o Programa Nacional de Informática na Educação – ProInfo, do Ministério da Educação - MEC. O ProInfo tem usado, como estratégias, a instalação de laboratórios de informática acompanhada de formação de professores, gestores, técnicos e alunos monitores, prevendo a universalização para todas as escolas públicas até 2010.
A implementação do ProInfo revela que existe grande diversidade de situações entre as escolas públicas brasileiras, mesmo urbanas, sobretudo quanto à infra-estrutura física e a capacidade de obter suporte técnico local adequado à operacionalização dos equipamentos instalados.
Em escolas rurais, pouco contempladas no ProInfo, a situação é ainda mais contrastante, trazem consigo a carência de recursos de infra-estrutura elétrica de não suportar a carga inerente ao funcionamento de um laboratório de informática padrão ProInfo, com dez computadores, uma impressora e uma switch de rede. As soluções, neste caso, são de que todas as escolas rurais sejam atendidas pelo programa “Luz para Todos”3, no que se refere à energia elétrica, e que sejam dotadas, do ponto de vista tecnológico, de um servidor capaz de atender uma rede de 5 a 10 computadores com terminais autônomos de acesso, a partir da implementação em 2008, do ProInfo-Rural.
Para atender toda essa diversidade, o Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE4, a principal diretriz de ação do MEC no desenvolvimento da educação nacional, tem como uma de suas metas instalar computadores em todas as escolas públicas até 2010, aliada à formação de pessoal envolvido com a educação pública.
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Plano de Desenvolvimento Educacional. Programa Luz Para Todos. PDE. Ações. Luz para todos: escolas brasileiras terão luz elétrica. http://www.mec.gov.br 4 http://www.mec.gov.br
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Estão previstos gastos na ordem de R$ 650 milhões para atender as 130 mil escolas de educação básica. Depois de equipar as escolas públicas de ensino médio com laboratório de informática em 2007, o MEC quer ampliar o acesso à tecnologia para as instituições de públicas de ensino de 5ª a 8ª séries e, posteriormente, 1ª a 4ª séries. Em 2008, serão implantados 3 mil laboratórios nas escolas rurais e 9 mil em escolas urbanas de 5ª a 8ª séries.
Em conformidade ainda com o PDE, o MEC está implantando em parceria com o Ministério das Comunicações, Internet banda larga em todas as escolas de nível médio, urbanas e rurais, por intermédio do Programa Governo Eletrônico Serviço de Atendimento ao Cidadão (Gesac). A conexão do Gesac é estabelecida por meio terrestre e satélite, facilitando alcançar regiões onde ainda é raro encontrar possibilidade de conexão Internet. A meta é atender todas as 17 mil escolas de ensino médio, num primeiro momento, priorizando as que não possuem acesso à rede mundial.
A essa política, somam-se as iniciativas educacionais e tecnológicas dos governos estaduais e municipais e da sociedade organizada relativas ao uso pedagógico das tecnologias, as quais vêm reforçar o processo de inclusão digital de segmentos da sociedade brasileira.
Nessa direção da implantação de tecnologias na escola pública, o esforço atual é acrescido do desafio de disseminar e promover o uso pedagógico do laptop educacional com o Projeto Um Computador por Aluno – UCA
O Projeto UCA está planejado para ser desenvolvido em fases.
A fase um do Projeto UCA, que conta com equipamentos doados pelos fabricantes, está ocorrendo em cinco escolas públicas de: Porto Alegre-RS – Escola Estadual Luciana de Abreu; São Paulo-SP – Escola Municipal de Ensino Fundamental Ernani Silva Bruno; Piraí-RJ (Distrito de Arrozal) – Ciep Professora Rosa Conceição Guedes; Palmas-TO – Colégio Estadual Dom Alano Marie Du Noday; Brasília-DF – Centro de
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Ensino Fundamental Nº 1 do Planalto. Esta fase é fundamental para obter subsídios para a implantação da fase dois, com a utilização de equipamentos adquiridos pelo governo federal, que visa à implantação, em larga escala, do uso do laptop educacional.
Este documento tem por finalidade contribuir na fundamentação pedagógica da fase dois, de modo a assegurar o uso educacional do laptop, em consonância com as necessidades curriculares e de aprendizagens qualitativas, na perspectiva de inclusão.
Assim, explicita orientações pedagógicas para o aproveitamento do laptop educacional, que contribuam para mudança pedagógica na escola pública com inclusão digital.
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Justificativa As tecnologias digitais podem ser poderosas ferramentas para facilitar a aprendizagem. A partir da idéia de um laptop conectado à Internet, disponibilizado na escola para cada estudante e educador, criam-se novas dimensões de acesso às informações e estabelecimento de novas relações que podem resultar em tendências pedagógicas inovadoras, na direção da construção do conhecimento, a partir de aprendizagens significativas.
Há vários usos inteligentes, ricos e prioritários das tecnologias digitais. Um deles, dos mais importantes para as crianças e adolescentes da escola pública, é o aprender pela interação em redes sociais e desenvolver novas competências e habilidades exigidas pela sociedade atual, descortinando novos e promissores horizontes nas escolas.
A iniciativa do governo de disponibilizar laptop educacional e acesso à Internet integrada com os demais projetos de uso de tecnologias nas escolas públicas potencializa a compreensão de fatos e fenômenos da realidade, valoriza os diferentes sujeitos e a própria democratização dos saberes, abrindo novas possibilidades de relação com o mundo das ciências, da cultura e do trabalho.
O governo federal propõe, com o Projeto UCA, uma nova forma de utilização das tecnologias digitais nas escolas públicas, balizada pela necessidade de:
melhoria da qualidade da educação;
inclusão digital;
inserção da cadeia produtiva brasileira no processo de fabricação e manutenção dos equipamentos.
As ações previstas pelo projeto UCA inserem-se no PDE e integram-se ao ProInfo, não só para o aproveitamento das iniciativas e bases de conhecimento e formação nele estruturadas (os Núcleos estaduais e municipais de Tecnologia Educacional –
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NTE), descentralizadas e distribuídas geograficamente, como também para a abertura de novas possibilidades para esse programa em termos de educação, formação e motivação tecnológica, ampliando e enriquecendo os seus objetivos.
Um dos elementos essenciais da proposição do Projeto UCA é o desenvolvimento científico e tecnológico, dirigido para o progresso e a expansão do conhecimento, a fim de permitir a emancipação individual e coletiva, a consolidação da democracia, a melhoria da qualidade de vida e a eqüidade social amparada em valores éticos, estéticos e solidários.
Os pontos inovadores da proposição são:
uso do laptop por todos estudantes e educadores da escola pública em um ambiente que permita a imersão numa cultura digital;
mobilidade de uso do equipamento em outros ambientes dentro e fora da escola;
conectividade, pela qual o processo de utilização do laptop e interação entre estudantes e professores se dará por meio de redes sem fio conectadas à Internet;
uso pedagógico das diferentes mídias colocadas à disposição no laptop educacional.
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Objetivos educacionais do projeto UCA Na perspectiva de incorporação dos laptops educacionais na escola pública, propõese para o Projeto UCA os seguintes objetivos:
contribuir
na
construção
da
sociedade
sustentável
mediante
o
desenvolvimento de competências, habilidades, valores e sensibilidades, considerando os diferentes grupamentos sociais e saberes dos sujeitos da aprendizagem;
inovar os sistemas de ensino para melhorar a qualidade da educação com eqüidade no país;
ampliar o processo de inclusão digital das comunidades escolares;
possibilitar a cada estudante e educador da rede pública do ensino básico o uso de um laptop para ampliar seu acesso à informação, desenvolver habilidades de produção, adquirir novos saberes, expandir a sua inteligência e participar da construção coletiva do conhecimento;
conceber, desenvolver e valorizar a formação de educadores (gestores e professores) na utilização do laptop educacional com estudantes;
criar a rede nacional de desenvolvimento do projeto para implantação, implementação, acompanhamento e avaliação do processo de uso do laptop educacional.
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Concepções pedagógicas Há grandes desafios a enfrentar referentes à implantação e implementação da fase dois do Projeto UCA. Entre eles, os mais significativos são relacionados às metodologias educacionais, formação de professores, seleção de conteúdos e envolvimento qualitativo dos beneficiários.
Para atender a implantação e a implementação da fase dois do Projeto UCA, necessita-se de um referencial teórico do qual se derivam concepções pedagógicas inovadoras para uso do laptop educacional, colocadas a seguir:
# Concepção de rede
A concepção em rede implica em uma lógica reticular de “nós” que se interconectam, permitindo múltiplos pontos de partida e de chegada. As relações na rede não são hierárquicas e não são estratificadas. A diversidade entre os participantes na rede favorece e amplia a interculturalidade, contribuindo para compreensões individuais e coletivas que se estabelecem em patamares cada vez mais próximos da realidade complexa como a que vivemos na atualidade. Contrapõe-se a educação tradicional, fundamentada em uma lógica seqüencial linear, que significa, entre outros, estabelecer seqüências hierarquizadas de conteúdos, organizações pedagógicas que tem início meio e fim definidos, seriação da educação e estratificação por idade.
A passagem da lógica linear para a lógica em rede está sendo favorecida pelas tecnologias digitais, na medida em que permitem a possibilidade de interação entre pessoas que estão em espaços geográficos e culturais muito diferenciados. Dessa interação, resultam redes coletivas, que se formam por seleções diferenciadas dos “nós”, fazendo emergir situações inusitadas, com as quais educadores e estudantes poderão explorar diferentes alternativas de solução para um mesmo problema, abrindo novas perspectivas de análise e de construção do conhecimento.
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# Exploração pedagógica da mobilidade do laptop na expansão dos espaços, das fronteiras e tempos escolares
A escola tradicional está organizada segundo tempos e espaços que são fixos e limitados ao ambiente escolar. Os laptops educacionais permitem romper com essa concepção, uma vez que sua portabilidade permite o uso em outros ambientes dentro e fora da escola. Além disso, essa mobilidade flexibiliza os tempos escolares, pois a aprendizagem pode se dar tanto no tempo formal da escola como em outros momentos do dia-a-dia dos estudantes e educadores.
# Formação de comunidades de aprendizagem
As redes de parceiros podem constituir-se em comunidades de aprendizagem, na medida em que favorecem a expressão, trocas de idéias entre seus participantes e a mediação compartilhada que propicia a reflexão e o aprofundamento das idéias, com conseqüente melhoria nas atividades que estudantes e educadores desenvolvem.
A constituição dessas comunidades é facilitada pelo fato de os laptops educacionais estarem interligados entre si e conectados à Internet. Essa rede permite a interação com especialistas e com diferentes segmentos organizados da sociedade. Permite, também, a ampliação das possibilidades de diálogo entre comunidades e espaços escolares, o que potencializa o trabalho cooperativo e colaborativo de estudantes e educadores, que resulta em produções de autoria e co-autoria.
# Potencialização dos letramentos – alfabético, visual, sonoro, digital – e das diferentes linguagens – escrita, verbal, gráfica, plástica, corporal
As tecnologias digitais ensejam novos modos de comunicação e de uso social das linguagens, com a criação e uso de imagens, de som, de animação e a combinação dessas modalidades. Abrem-se possibilidades de novas formas de autoria que
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passam a exigir, além do letramento alfabético, o desenvolvimento de novas habilidades de acordo com as modalidades e outros letramentos.
O reconhecimento de que as tecnologias digitais exigem novas habilidades, bem
como a necessidade de trabalhar os diferentes letramentos geram novos desafios educacionais para criação, expressão e comunicação de idéias, interpretação e apropriação das produções culturais.
# Integração do laptop com os programas curriculares
A passagem da escola tradicional para uma escola aberta e organizada em rede pressupõe mudanças nos currículos. Precisam se tornar flexíveis, aceitando a diluição de fronteiras entre as diferentes áreas do conhecimento, favorecendo a permeabilidade entre elas. Com isso, educadores e estudantes têm possibilidades de entrelaçar, dentro de um campo em estudo, conceitos, procedimentos e atitudes.
A educação baseada em atividades de aprendizagem significativa é uma tentativa de unir a escola com a realidade na qual estudantes e educadores estão inseridos. É importante que as atividades a serem desenvolvidas sejam propostas com base nesse contexto e na proposta pedagógica que o professor está desenvolvendo. As atividades passam a ser o objeto de estudo no qual os estudantes e educadores poderão trabalhar:
conteúdos das áreas do conhecimento, articuladas interdisciplinarmente;
conteúdos sobre a metodologia de desenvolvimento de projetos;
conteúdos tecnológicos;
estratégias sobre como aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a conviver.
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# Apropriação dos recursos informacionais
A interação dos estudantes com os laptops educacionais deve ser feita por intermédio de software que facilitem a explicitação de processos mentais. Essa explicitação permite acompanhar a construção das redes conceituais e estratégias que os estudantes usam para resolver problemas, favorecendo a avaliação e a melhoria desses conceitos e estratégias. Além disso, o processo de expressar e explicitar o conhecimento por meio dessas tecnologias torna o estudante e o educador autores e co-autores, geradores de novos conhecimentos.
É importante que os estudantes possam se apropriar da lógica subjacente dos software dos sistemas de busca, sistemas conversacionais, de base de dados e de organização da informação, de modo a obter maior produtividade na utilização dos
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mesmos.
# Escolha e qualificação da informação A Internet é uma fonte inesgotável de informação.
As ferramentas de busca,
embora cada vez mais sofisticadas e poderosas, ainda não auxiliam no processo de qualificação e seleção da informação. Isso implica na necessidade do desenvolvimento de competências para buscar, selecionar, classificar e qualificar a informação de acordo com o contexto do problema investigado. Significa, também, trabalhar a informação de modo a criar relações de interdependência entre os conceitos nela presentes, produzindo um novo e criativo sistema de idéias que, ao ser expressado, torna-se fonte de informação para os demais colegas ou internautas da rede.
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Estratégias de ação Estratégias nos sistemas de ensino Implantar a política do UCA assumida na adesão ao Projeto
criação de infra-estrutura de suporte técnico e de apoio pedagógico;
provisão de meios e recursos necessários à implantação do programa;
articulação com outros programas e políticas de tecnologia na educação do sistema;
fomento de iniciativas das escolas para o desenvolvimento do programa;
estabelecimento de parcerias com diferentes organizações para apoio ao programa;
estabelecimento de parcerias com instâncias formadoras e universidades;
provisão, aos NTE, de condições para participar dos processos de implantação, formação continuada, acompanhamento e avaliação do projeto;
criação de redes de comunicação pela Internet com a comunidade escolar.
Disseminar e assegurar a continuação e manutenção do programa
fornecimento de suporte técnico, pedagógico, financeiro e de infra-estrutura;
expansão da rede de comunicação com a comunidade escolar por meio da Internet;
implantação de fórum permanente de gestão do projeto no sistema;
participação em redes (intermunicipal, interestadual e nacional) de trocas de informação e experiência.
Promover a otimização do uso pedagógico dos laptops
realização de seminários, palestras, concursos, gincanas digitais, premiações etc;
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publicação de revistas, folhetos, sites e outros.
Acompanhar e avaliar as ações de implementação do programa
criação de procedimentos para registro das ações realizadas;
uso e socialização das ações registradas para acompanhamento e avaliação do programa;
tomada de decisão compartilhada para adequação do programa conforme necessidades do contexto do sistema de ensino;
divulgação dos processos e resultados dos projetos desenvolvidos nas escolas e outras instâncias do sistema.
Estratégias pedagógicas Estudar os Parâmetros, Diretrizes e Orientações Curriculares para integração com as diretrizes de uso dos laptops educacionais
19 Neste estudo, é importante que os educadores compreendam que o ensino de qualidade na escola pública significa reduzir de forma estável as desigualdades sociais. Para isso sua prática pedagógica, precisa reconhecer e valorizar a diversidade educacional, o que torna relevante a incorporação dos laptops educacionais nos sistemas e redes de ensino de forma adequada às necessidades sociais, políticas, econômicas e culturais da realidade brasileira. É importante, ainda, que se considere os interesses e as motivações dos estudantes, a identidade da comunidade para que a escola se transforme em um ambiente atuante e presente na construção da cidadania consciente, responsável e participante, favorecendo a inclusão sociocultural e a diminuição da vulnerabilidade socioeconômica.
Nessa perspectiva, é necessário que, no processo de ensino e aprendizagem envolvendo os laptops educacionais, sejam desenvolvidas estratégias pedagógicas que priorizem ou respeitem:
uso de metodologias que têm como base a aprendizagem do aluno a partir da sua construção de conhecimento;
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relações de interdependência entre conceitos e áreas de conhecimento;
diversidades étnico-racial, culturais, regionais, ambientais, de gênero e de orientação sexual;
diálogo entre os saberes vinculados na escola e os saberes oriundos da comunidade escolar;
relações em rede entre os fatos e fenômenos dos espaços local e global;
construção interativa da coerência e consistência de processos de argumentação, que amplificam a criticidade pessoal e coletiva;
produção autônoma e cooperativa;
formação de comunidades de aprendizagem virtuais ou presenciais;
uso criativo das diferentes linguagens de comunicação e expressão;
desenvolvimento do espírito ético e estético;
Promover articulação e intercâmbio permanente entre educadores e estudantes
A articulação entre os que se envolvem com os processos de aprendizagem é uma condição necessária para que a ação e a reflexão sobre o ato pedagógico possibilitem a regulação necessária ao avanço da proposta em desenvolvimento.
As estratégias de articulação precisam ser feitas nos âmbitos:
da gestão,
onde o diálogo entre estudantes, professores, gestores da
educação básica e docentes de instituições de ensino superior contribui para a troca de informações e a produção de conhecimentos, formando indivíduos críticos, éticos, autônomos e empreendedores;
da sala de aula, onde esse diálogo, intensificado na relação professores e estudantes, possibilita o desenvolvimento do pensamento reflexivo e de ações de solidariedade, com a intenção de torná-los sujeitos ativos na transformação da sociedade e consolidação da democracia.
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Estratégias de uso recursos informacionais
A incorporação das tecnologias digitais, numa perspectiva inovadora de educação, demanda uma revisão dos projetos político-pedagógicos das escolas de forma a estabelecer onde, quando e como os laptops educacionais poderão ser utilizados de forma a agregar valores. A revisão dos projetos político-pedagógicos deve ter como pressupostos a (res)significação dos papéis da escola e dos seus agentes numa formação em uma sociedade em rede. Com a realidade trazida com a Internet, especialmente pela web 2.0, ampliam-se as possibilidades do uso do computador na escola, permitindo a conexão da escola com o mundo. Portanto, pensar em uso de qualquer computador está muito além de pensar em determinados software educacionais e de outros aplicativos. Numa sociedade em rede, professores, alunos e gestores da escola tornam-se sujeitos, exercendo a autoria e compartilhando saberes através da Internet. Assim, os recursos das comunidades virtuais deverão ser considerados como importantes alternativas de uso das tecnologias digitais que, adicionalmente, não demandam substanciais recursos financeiros da escola. No leque das opções de uso devem estar ferramentas para o desenvolvimento da aprendizagem significativa e contextualizada, permitindo aos aprendizes ativos o uso de habilidades, a expressão da criatividade e a capacidade da crítica. A disponibilidade de um recurso móvel enseja uma oportunidade inédita no uso do computador na escola e para além dela. Fora dos tradicionais laboratórios de informática, o computador passa a ser utilizado nos mais diferentes ambientes, como as praças públicas e os museus. A mobilidade permite a expansão das fronteiras da sala de aula e amplia os tempos de aprendizagem; ela rompe com uma prática de utilização pedagógica de equipamentos fixos em um único ambiente, cujo uso depende de horários
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previamente agendados nem sempre coincidentes com a necessidade didáticopedagógica. Os estudantes e educadores, com o computador disponível imediatamente quando deles necessitam, deparam com uma oportunidade inédita de ter a máquina à sua disposição no exato momento em que constroem seus saberes. Em consonância com a política governamental, o uso de software livre e de código aberto deve ser considerado no projeto de implementação de computador na escola.
Estratégias na escola Implantar o programa na escola em uma concepção de gestão participativa e democrática. No processo de implantação precisam ser levados em conta os aspectos abaixo:
definição e desenvolvimento do projeto executivo das ações de implantação do programa, visando potencializar o projeto político-pedagógico a partir de diretrizes do sistema de ensino;
criação de mecanismos que assegurem a participação dos professores, gestores e agentes de apoio (segurança, limpeza, merenda escolar), na concepção, desenvolvimento e avaliação do programa;
busca de condições para viabilizar o desenvolvimento de programas na escola;
estabelecimento de parcerias com diferentes organizações do sistema e da sociedade.
Articular com as instâncias do sistema de ensino
participação no fórum permanente de gestão do sistema escolar;
participação em redes de trocas de informação e experiências (interescolar, intermunicipal, interestadual e nacional);
integração contínua com os NTE e outros setores de formação e suporte técnico.
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Estabelecer articulação com o Conselho Escolar, o Grêmio Estudantil, a APM e outras organizações da escola
participação efetiva nas decisões e ações do programa na escola;
definição e viabilidade da saída dos equipamentos do prédio escolar, visando à inserção digital da família.
Otimizar e manter os laptops em condições de uso
criação de procedimentos para o uso dos equipamentos e manutenção do programa;
formação de equipes de suporte local, constituídas de professores, alunosmonitores e colaboradores da escola.
Criar condições para o desenvolvimento de experiências que explorem possibilidades de aplicação pedagógica dos laptops e demais tecnologias na escola
levantamento de projetos e recursos tecnológicos para integração das diferentes mídias, tendo em vista a proposta pedagógica;
identificação das funcionalidades intrínsecas das tecnologias – conectividade, mobilidade e imersão – e as suas contribuições à educação;
localização e seleção de ferramentas e recursos digitais para uso nos processos de aprendizagem;
avaliação das estratégias de uso do laptop nas atividades da escola.
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Acompanhar e avaliar as ações de implementação do programa na escola
criação de procedimentos para registro das ações realizadas;
uso e socialização das ações registradas para acompanhamento e avaliação do programa;
tomada de decisão compartilhada para adequação do programa conforme necessidades do contexto escolar;
divulgação dos processos e resultados dos projetos desenvolvidos na escola.
Fornecer suporte para o trabalho cooperativo e colaborativo
criação de redes colaborativas de aprendizagem;
participação em redes (intermunicipal, interestadual e nacional) de trocas de informação e experiência.
Oportunizar o desenvolvimento integral de alunos, professores, comunidade e equipe gestora
ações de inclusão digital para a comunidade e pessoal de apoio;
criação de espaços estudos e formação continuada de professores e da equipe gestora.
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Conclusão “Não há como construir uma sociedade livre, justa e solidária sem uma educação republicana, pautada pela construção da autonomia, pela inclusão e pelo respeito à diversidade.” (MEC, PDE)5 O que está sintetizado nas páginas deste documento é muito mais do que um conjunto de proposições elementares, admitidas por um grupo de trabalho, com a intenção de explicitar os princípios e diretrizes de uso do laptop educacional. É a forma como o Grupo de Trabalho de Assessoramento Pedagógico do Projeto Um Computador por Aluno (GTUCA), procurou atender, no estrito limite de sua atribuição, a uma das tarefas para a qual foi constituído e chamado a produzir subsídios pedagógicos, bem como articular e dialogar com as redes educacionais, sobre os fundamentos que precisam ser levados em consideração nas diversas fases e suas etapas da implantação e implementação do projeto nas escolas públicas.
Não se pretende colocar tais fundamentos acima de outros fundamentos e princípios de ordens gerais ou educacionais. A concepção de educação que se enfatiza não difere das razões e dos princípios de educação sistêmica, ordenação territorial e desenvolvimento, fundamentados no princípio de construção da autonomia, explicitados no Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE. O PDE expressa que, na construção da unidade dos sistemas educacionais como sistema educacional, não seria verificada a exatidão de suas conseqüências, somente no concretizar etapas, modalidades e níveis educacionais e os necessários enlaces da educação com a ordenação do território e com o desenvolvimento econômico e social, é necessário garantir a todos e a cada um o direito de aprender até aonde permitam as aptidões e vontades das pessoas.
Brasil. Ministério da Educação (2007). PDE: o plano de desenvolvimento da educação – razões, princípios e programas. 5
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Significa que a autonomia das escolas e das redes educacionais não é originária, mas derivada da autonomia dos aprendizes, conseqüência do processo de socialização e individuação. Nas palavras inscritas no PDE, aqui transcritas, “Educar é garantir a emergência das subjetividades críticas sobre o pano de fundo de uma tradição cultural gerada pela linguagem e pelo trabalho, o que só é possível pelo desenvolvimento de competências para se apropriar de conteúdos e da capacidade de tomar postura crítica frente a eles. O juízo crítico se desenvolve mais pela forma como se ensina do que pelo conteúdo do que se ensina.” A falta ou excesso de conteúdo, em conformidade com o PDE, contamina a forma. A justa mediação dessa relação é que dá ao estudante condições de, por um lado, aprender a agir autonomamente dentro de um marco de referência universalista para, por outro lado, habilitá-lo a se desenvolver na sua particularidade. “É essa condição que permite ao indivíduo autônomo tanto sua autodeterminação quanto a sua auto-realização, seja colocando-se da perspectiva ética de membro de uma comunidade em devir, seja pela afirmação de seu próprio valor por meio de atividades criativas, como as ciências ou as artes.” (idem, p. 41) Entende-se, portanto, que a autonomia da vontade está na base da construção do conhecimento significativo. Este, portanto, não se constrói apenas pelo acesso ao conhecimento metodologicamente rigoroso e aos meios ou ferramentas que precise utilizar para facilitar a sua construção. O conhecimento significativo é aquele que a pessoa tem a potencialidade de construí-lo livremente, e no apropriar-se o faz criticamente integrado-o a outros conhecimentos e estruturas próprios, de modo recriálo e redirecioná-lo em razão da necessidade de uso ou aplicação social. Diante disso e das proposições conceituais e de estratégias de ação neste documento, se explicita finalmente os princípios de fundo para orientar pedagogicamente o uso do
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laptop educacional no processo de construção do conhecimento pelo estudante e na mediação desse processo na escola pública. São princípios para o uso pedagógico do laptop na educação escolar:
aprendizagem em rede;
utilização para além dos espaços escolares;
inclusão digital da comunidade escolar;
apropriação crítica de informações para construção de saberes;
autonomia e autoria dos sujeitos da aprendizagem;
construção individual e coletiva do conhecimento;
respeito à diversidade;
interatividade e interação.
Estes fundamentos deverão servir ao embasamento dos diferentes processos de ação do Projeto UCA, desde a concepção, implantação e implementação dos diferentes segmentos e dimensões do Projeto.
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