Jornal
Nº4 Falar de
Maio 2016
Pesca
Pesca Embarcada Corvinas com vinil
Pesca à boia A escolha do pesqueiro - Pesqueiros baixos
Surf Casting As montagens
Achigã Pesca de superficie após o defeso
Corvinas com vinil O equilÍbrio do equipamento Na pesca de peixes grandes todo o equipamento tem de ser adequado e afinado ao limite para evitar dissabores.
C
om o final da primavera chega também a época para pescar grandes corvinas nos estuários, usando amostras de vinil montadas em cabeçotes de chumbo. Esta é uma pesca bastante exigente no que diz respeito a todo o conjunto de materiais utilizados, pois, tratando-se de peixes que podeão superar os 50kg, bastam pequenas distrações, tais como um destorcedor frágil, um anzol inadequado ou um nó mal feito, para que um Record possa fácilmente transformar-se numa tremenda frostração. Nesta edição do Falar de Pesca, passamos em revista todos os detalhes a ter em conta na preparação de cada pescaria, para que nada seja deixado ao acaso e todas as jornadas sejam coroadas de sucesso. O mais importante de tudo, é todo o material que estará em contacto mais direto com o peixe, por isso mesmo, mais exposto a problemas inesperados. Falamos obviamente de amostras, anzóis, destorcedores e alfinetes, linhas e nós.
Anzóis e cabeçotes
Destorcedores e alfinetes
O facto de, na maioria das vezes, pescarmos em águas baixas cuja profundidade raramente ultrapassa os 15m, cria-nos uma dificuldade na escolha do cabeçote, ou seja, a maior parte das amostras disponíveis no mercado, com cabeçotes entre as 30 e 80g, vêm equipadas com anzóis frágeis para peixes tão grandes. O anzol que deve ser o maior possível, deve ser testado de modo que com uma linha 0.50mm, não abra com facilidade.
A ligação da linha à amostra que habitualmente é feita com recurso a um alfinete (com ou sem destorcedor) deve ter em conta a carga anunciada pelo fabricante e deve também ser testada antes da pesca. Não nos podemos esquecer que a carga anunciada é linear e que durante os combates, os alfinetes estão sujeitos a torsões, podendo alguns alfinetes abrir. Como a diâmetro da argola do anzol onde vamos passar o alfinete é habitual estreita, ficamos
limitados na escolha desse mesmo alfinete. Uma boa opção é o Lure Strong Connector nº2, com 35kg de força. Outra opção que aconselhamos é o destorcedor B-3013 German Snap nº4 que apesar de uma resistência inferior (25kg), tem a particularidade de, quando em esforço, fechar o alfinete em vez de o abrir.
1
Entrançado
Leader (mono) B-3013
2
Strong Connector
Linhas O leader, em fluorocarbono, com apróximadamente 2 metros, deve ter um diâmetro entre 0.50 e 0.60mm, servindo de amortecedor entre a amostra e a linha do carreto que deve ser multifilamento.
Os nós Os nós, particularmente o nó de união do fio do carreto (entrançado) ao o leader (monofilamento), são de uma importancia vital. Um nó mal feito traduz-se mais tarde ou mais cedo muma desilusão. É preciso ter muita atenção, pois, os nós tradicionais não são seguros quando unimos multifilamento aos monofilamentos. Na figura podemos ver como se faz um nó allbright, um dos vários possiveis e, na nossa opinião, o nó ideal para a pesca das corvinas.
3 Canas Como se pesca a pouca profundidade e com amostras leves (40 a 80g), a ação da cana deve ser macia mas com um teste de curva bastante elevado. A gama STOUT da BARROS inclui os modelos RUNNER, YELLOW ATTACK e INTRUDEER, justamente desenvolvidas para a pesca das corvinas com vinis, com testes de curva entre os 6kg e os 8kg.
Carretos O carreto cujo tamanho deve ser preferencialmente 50 ou 60, não é menos importante para o equilíbrio do conjunto. Devendo ser um carreto robusto, existem dois pormenores aos quais
4 devemos dar particular atenção (corpo e embraiagem). Relativamente ao corpo e particularmente ao seu pé, este deve ser rígido, de preferência em alumínio, de modo a evitar qualquer tipo de torsão, quando em esforço. O drag deve ter no mínimo 10kg de força e tem de ser ajustado de acordo com o teste de curva da cana e com a resistência da linha do leader.
STOUT SPW
Pesca à boia A escolha do pesqueiro (parte II)
Q
uando pescamos em zonas perto do nível da água temos desde logo algumas vantagens. Sofrer menos a ação do vento, poder fazer engodages mais precisas, trabalhar a nossa bóia de forma bem mais categórica, reagir mais eficazmente aos “toques” do peixe entre tantas outras, por outro lado também existem desvantagens relevantes como a proximidade da água o que obrigatoriamente deve levar à escolha de locais seguros que nos permitam fazer toda uma maré sem perigo. Temos também como desvantagens o raio de acção que é menor, a observação dos peixes a alimentarem-se, mudarem de zona ou a virarem nas pedras (muito mais propício em zonas mais altas) e muito importante a
utilização de materiais mais leves e mais suaves que a pesca de altura muitas vezes não permite, A morfologia dos pesqueiros ao nível da água pode proporcionarnos diversas opções desde rochosos com cabeços, rebolos, pedra desagregada, lajes, etc., mistos de pedra e areia com caneiros, pontos de pedra e areia isolados, canais e línguas de areia entre outros e em todas as situações referidas anteriormente encontramos locais de pouca, média ou muita profundidade o que acaba muitas vezes por dificultar a escolha dos nossos pesqueiros. A escolha desta tipologia de pesqueiros deve ter em conta certos fatores que à partida serão importantes para que a nossa
Pescar em pesqueiros baixos
jornada tenha mais probabilidades de ser produtiva. Quando então escolhemos o pesqueiro procurando ou tentando “meter” peixe nesse local acabamos muitas vezes por realizar a jornada de forma “estática” e aqui o ideal será conhecer razoavelmente a zona e suas características ou então escolher uma zona onde se possa ir mudando de local consoante as alterações da maré e das cotas de água tendo a noção de que é possível que o peixe ande ao sabor da maré e vá mudando de local. Na escolha dos pesqueiros e sabendo que o sargo ao longo do ano pode alterar os seus hábitos alimentares alimentando-se de moluscos, crustáceos e até
algas é importante que se tenha em mente se o pesqueiro que escolhemos para além de boas condições de pesca e águas preferencialmente bonitas tenha também o alimento que o sargo procura. O sargo come perceve, mexilhão, anelídeos praticamente todo o ano e escolher pesqueiros fartos neste tipo de alimento é um quase garantia que pode ter peixe. Pedras, fendas, buracos mariscados, são quase sempre sinónimo de sargos e claro, robalos e douradas que também se alimentam regularmente nestas zonas. Observar o movimento de correntes e das areias nos pesqueiros que se escolhe é de extrema importância já que o facto de as pedras marisqueiras poderem ir ficando tapadas de areia pode afastar os sargos para outros locais e tornar um local de grande qualidade num local “seco” de peixe. Analisar os locais de entrada de peixe e os pontos quentes junto da margem é essencial já que ao pescarmos ao nível da água torna-se muito menos percetível a analise destes pormenores. Canais que possam encaminhar
o peixe às pedras mariscadas são meio caminho andado para termos muitas vezes “o peixe aos pés”. Neste tipo de pesca, pescar com mar forte com vagas e escoas grandes (sempre em pontos de segurança claro) implica analisar previamente o espaçamento da ondulação. Espaçamentos grandes na casa dos 18 segundos para cima criam condições extremamente perigosas como
mares de enchio e engasos que podem ser letais. Nestes dias muitas vezes nem o próprio peixe encosta o que nos leva a pescar mais fora e se pretendemos engodar neste tipo de pesqueiros ter em atenção que correm muito e podemos estar a estragar tirando o peixe para longe caso este vá atrás do engodo. A engodar será bem pesado com bastante areia e pescando nas escoas . Uma coisa muito importante é ao longo dos tempos fazermos os nossos desenhos mentais ou fotografar o local para à maré cheia podermos saber o que fazer e como e onde pescar. A localização dos cabeços, buracos e canais vai fazer toda a diferença quando escolhermos o local de ação de pesca. Depois à maré cheia vamos querer um mar constante que oxigene bem o local facilitando ao sargo que se alimente com ajuda da força do mar e que ao mesmo tempo se possa alimentar tranquilamente pela camuflagem que a oxigenação lhe proporciona.
Surf Casting As montagens Os aparelhos de Messias Oliveira
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sucesso de uma jornada de pesca seja de lazer ou de competição, começa em casa com a sua preparação. Hoje em dia com o enorme conjunto de meios que temos ao nosso alcance, podemos saber que tipo de condições vamos encontrar e assim prepararmos a nossa pescaria de forma a tirar o maior partido da mesma. Neste artigo vou falar dos tipos de montagens, materiais a usar na confeção das mesmas e a sua utilização. O tamanho das montagens está diretamente relacionado com a distância a que pretendemos pescar, sendo
Montagem curta distância 1
2
Montagem de 3m
3 4
mais curtas quanto maior for a distância que pretendemos alcançar. Exceção para a famosa rabeira, uma montagem muito eficaz tanto perto como longe, desde que estejam reunidas as condições ideais para a sua utilização: existência de vento e corrente lateral.
1- tercina 2- 4cm 3- estralho 1.35m 4- 1.45m 5- 4cm 6- clip chumbada
3 Montagem de 4m
4
5 6
3
1- tercina 2- 4cm 3- estralho 1.85m 4- 1.95m 5- 4cm 6- clip chumbada
Para a elaboração das madres das montagens as linhas que normalmente utilizo são o TRABUCCO TOURNAMENT TOUGH, TRABUCCO XPS POWER PLUS e no caso de necessitar de madres mais discretas a escolha recai sobre o flurocarbono, sendo o eleito o TRABUCCO XPS SALT WATER FLUROCARBON. A espessura das linhas esta diretamente relacionada com a distância a que pretendemos pescar. No caso da pesca perto uso madres de 0,25 a 0,35. A média distancia madres entre o 0,30 e o 0,40 e a longa distancia madres entre o 0,45 e 0,50. Nos estralhos convém utilizar uma linha forte, resistente e Montagem média distância 1
2 3
4
3 4
5 6
3
Montagem de 1.5m 1- tercina 2- 4cm 3- estralho 60cm 4- 70cm 5- 4cm 6- clip chumbada Montagem de 2.0m 1- tercina 2- 4cm 3- estralho 85cm 4- 95cm 5- 4cm 6- clip chumbada Montagem de 2.5m 1- tercina 2- 4cm 3- estralho 1.1m 4- 1.2m 5- 4cm 6- clip chumbada
1
Montagem Rabeira 1- tercina 2- 1.3m 3- 20cm 4- clip chumbada 5- 2.6m 6- 1.7m 7- 1.4m
2
5 3
6 7
6 7
4
com pouca memória, para esse fim a minha escolha recai sobre o TRABUCCO XPS POWER PLUS ou o TRABUCCO XPS SALT WATER FLUROCARBON. Na ligação dos estralhos à Montagem longa distância 1
2 3
Montagem de 1.5m 1- tercina 2- 4cm 3- estralho 1.3m 4- 1.4m 5- 4cm 6- clip chumbada
4
5 6
Montagem de 1.2m 1- tercina 2- 4cm 3- estralho 1.0m 4- 1.1m 5- 4cm 6- clip chumbada
3
Montagem de 2.0m 1- tercina 2- 4cm 3- estralho 1.8m 4- 1.9m 5- 4cm 6- clip chumbada
madre, a minha preferência no caso das montagens para media e longa distancia recai sobre os BARROS DESTORCEDOR ROLLING SWIVEL nº 20, 22 e 24 dependendo da espessura das linhas a usar nos estralhos. No caso da pesca a curta e media distância dou preferência à utilização das BARROS CROSS MISSANGAS pela sua descrição. Para fazer a ligação à chumbada convém utilizar um acessório resistente, de fácil manuseamento, para permitir uma rápida troca de chumbada quando necessário, não devendo apresentar pontas salientes de forma a evitar embaraços do estralho no mesmo. A minha preferência vai para os BARROS DESTORCEDOR COM ALFINETE ou os BARROS STRONG SNAP. Relativamente à fixação das missangas na madre, a minha preferência vai para as micro missangas coladas, pela sua simplicidade e descrição. Outra alternativa é a utilização de nós de correr feitos sobre a madre, solução bastante importante para quando necessitamos de efetuar uma montagem na praia. Desfrutem e bons lançamentos.
Achigã Pesca de superfície após o defeso As escolhas de Rodrigo Ventura
F
indo que está o período de defeso do nosso bem-amado achigã, eis que começa mais uma nova época de pesca a esta espécie que tantas alegrias nos dá. Dada a altura do ano em que estamos as águas agora apresentam-se mais quentes, pelo que os achigãs encontram-se mais ativos na busca de alimento, pois como são animais de sangue frio, movimentam-se e alimentamse mais quando a água atinge temperaturas mais agradáveis. A desova ainda vai acontecendo, pois com o frio deste ano todo o processo foi-se atrasando, assim, ainda se podem capturar exemplares de bom porte relativamente perto da margem, o que é uma vantagem para o pescador que pesca apeado. Para pescar à superfície, esta é uma das alturas do ano por excelência, a água aqueceu, os peixes estão maioritariamente ativos e é sempre eletrizante ver aqueles ataques brutais de achigãs de bom porte a esmagar as nossas amostras que passam a rasgar a tona da água. Caso haja uma ligeira brisa ou mesmo algum vento, pode-se pescar
desta forma todo o dia, mas se as águas estiverem espelhadas sem a mínima presença de vento, as melhores alturas para pescar serão as de menor luminosidade, ou seja, o nascer e o pôr-do-sol. Durante este período gosto de pescar maioritariamente com buzzbaits, especialmente em
zonas de erva esparsa, não muito densa, em que a mostra consiga passar livremente por entre a vegetação, mas também em águas abertas, se bem que com aproveitamentos diferentes, pois como sabemos os nossos verdinhos gostam de estar em zonas com coberturas (ervas,
troncos, arbustos, pedras, etc). Posso simplesmente usar também porque está muito vento para usar outras amostras que são mais eficazes em água espelhada. Ou porque quero cobrir a maior quantidade de água possível na busca de uma boa captura. Para aumentar o número de ataques e para reduzir o número de capturas de pequenos achigãs uso um atrelado no buzzbait, que pode ser desde um grub, a um swimbait, um ribbontail ou outra (aqui a preferência pessoal de cada um é que dita o que usamos com mais confiança). Quando me apercebo da presença de achigãs num determinado local pela sua constante atividade a superfície, opto por usa o Rapture Popper, que é uma amostra de localização, ou seja, usa-se numa zona onde imaginamos que possa estar um peixe. O que nesta altura pode ser muito bom, pois como ainda se encontram achigãs a desovar e a proteger o ninho, esta amostra parece ser irresistível quando animada perto dos ninhos e provoca ataques sensacionais, tal a violência com que atacam a
amostra. A cadência com que se recupera e o tempo de paragem entre animações deve ser alternado até se verificar qual a forma com que estamos a ter mais ataques, e depois usar sempre esse padrão. Agora temos as minhas favoritas, as passeantes, também conhecidas com stick baits, pencil baits, ou “walk the dog” baits, que devem ser maioritariamente utilizadas quando houver ausência total de vento, ou apenas uma ligeira brisa. A forma de animação consiste na execução de pequenos toques de ponteira de forma contínua (sem paragens) á medida que se vai recuperando lentamente a linha com o carreto. Com esta recuperação a amostra ira movimentar-se de um lado para o outro fazendo ângulos de quase 180º, imitando a movimentação de uma pequena cobra ou de um peixe ferido a tentar escapar-se. Esta é uma amostra de irritação e provoca dos ataques mais explosivos que
se pode ver e sentir, e ainda tem a particularidade de produzir exemplares de porte considerável, e de nunca, ou raramente produzir peixe pequeno, o que é sempre bom. Para esta técnica costumo usar e com resultados mais que comprovados a Rapture Mad Stick. Para todas as técnicas de superfície (excepto pesca com sapos) uso um conjunto de casting composto por cana Rapture X-Ray Mag Spinner de 2,03m ação media, ponteira extra rápida, gramagem entre 5,25gr e 17,5gr e o carreto Rapture Thark HS 1000 ratio 6.2:1 e pesa 220gr e linha Trabucco Black Bass 0,30mm. Espero ter ajudado e que tenham gostado destas breves experiencias que partilhei convosco. Boas pescas e boas capturas, e não se esqueçam de devolver as vossas capturas, para que amanha vocês e os vossos descendentes possam usufruir do prazer e capturar e libertar grandes exemplares. Rodrigo Ventura