COMPLEXO PARA A MODA EM CEILÂNDIA
Marianna Resende
COMPLEXO PARA A MODA EM CEILÂNDIA
Marianna Resende
Universidade de Brasília | UnB Faculdade de Arquitetura e Urbanismo | FAU Trabalho Final de Graduação Orientadora: Cecília Gomes de Sá Banca Examinadora: Elane Ribeiro Cynthia Nojimoto Giselle Chaim Maria Eduarda Almeida Brasília | 2017
APRESENTAÇÃO Este caderno é resultado da disciplina de “Projeto de Diplomação” da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília. Tem como objetivo mostrar o processo de criação e desenvolvimento deste projeto de conclusão de curso. O trabalho é uma crítica à atual sociedade de consumo. Assim, é dividido em etapas, iniciando com o referencial teórico, passando pelos objetivos e pelas justificativas de projeto, estudos de casos, até reduzir o foco à caracterização do objeto arquitetônico proposto, suas diretrizes projetuais e seu detalhamento. O resultado é o projeto de um Complexo para a Moda, edifício voltado para processo de criação e produção de moda e vestuário, localizado no centro de Ceilândia. Este projeto busca a reinterpretação do processo industrial, que gera grandes impactos sociais e ambientais, por meio de um espaço que estimule a criatividade dos produtores ao mesmo tempo em que oferece ambientes de troca de experiências e compartilhamento de ideias.
A moda não é algo presente apenas nas roupas. A moda tem a ver com ideias, a forma como vivemos, o que está acontecendo.
- Coco Chanel
ÍNDICE | Introdução
6
Tema
8
Objetivos
9
Justificativa | Embasamento teórico
10 14
O conceito de moda
16
A linha histórica da moda
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Problemas e ressignificações da moda
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Arquitetura como molde
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| Diagnóstico
22
| Estudos de Casos
34
| O projeto
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Costurando as informações
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Diretrizes de intervenção
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Programa de necessidades
48
Partido
50
Projeto
54
| Conclusão
86
| Agradecimentos
90
| Referências Bibliográficas
94
INTRODUÇÃO
TEMA O objeto deste trabalho é um Complexo para a Moda, destinado às diferentes áreas da sua cadeia de produção. O edifício oferece espaços para ensino, criação, produção e exposição, bem como comercialização dos produtos resultantes de todo o processo criativo. Implantado na região central da Ceilândia, na Avenida Hélio Prates, próximo à estação do metrô, o espaço procura articular e requalificar o entorno e a quadra onde será localizado. É acessível e dedicado à comunidade local, que poderá usufruí-lo para o desenvolvimento público e privado, fortalecendo a economia criativa e a identidade cultural da região. O complexo funciona como uma extensão do polo de moda existente em Taguatinga, região adjacente, que atualmente possui diversas lojas e armarinhos com artigos relacionados à confecção de roupas. Além de espaços para aulas teóricas e práticas, o complexo conta com uma tecidoteca, com amostras de tecidos e outros artefatos da indústria têxtil, um banco de tecidos para guardar retalhos, sobras de tecidos e peças para reuso e uma biblioteca de moldes com modelagens prontas para reprodução e um auditório conformado para receber desfiles e grandes eventos de moda. Conta, também, com espaço para feira e lojas colaborativas, para exposição e comercialização do trabalho dos artistas locais, além de área com café e lanchonete, que estimulão a utilização do espaço por diferentes tipos de usuário. Assim, o projeto atende não só os profissionais da área da moda como também a população que passa e frequenta o entorno no seu dia-a-dia.
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OBJETIVOS | Gerais Criação de um espaço destinado à produção criativa local voltada ao mercado da moda, buscando fortalecer a identidade cultural de Ceilândia, incentivando as micro e pequenas empresas locais. | Específicos - Fortalecer a descentralização do Plano Piloto, promovendo Ceilândia como polo cultural e de interesse da população; - Articular e requalificar urbanisticamente a região; - Valorizar os fluxos de pedestres existentes, resolvendo os problemas de acessibilidade e incorporando a novos percursos; - Propor manutenção de áreas de uso público para feiras e comerciantes ambulantes já estabelecidos; - Criar um volume que se destaque das construções próximas e na paisagem urbana, criando um contraponto benéfico a evolução da região em estudo; - Propor atividades que estimulem não apenas a passagem, mas também a permanência da população local; - Criar espaços tanto de trabalho e estudo restritos aos alunos quanto de uso irrestritos à comunidade.
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JUSTIFICATIVA Ceilândia é a região administrativa mais populosa do Distrito Federal, com aproximadamente 490 mil habitantes. Situada a 26km de Brasília, emprega metade da sua população economicamente ativa e possui economia baseada no comércio e na indústria, com mais de 12 mil estabelecimentos comerciais, dentre lojas e fábricas. Nasceu da Campanha de Erradicação de Invasões, que fez a remosão das vilas operárias localizadas nos arredores do Plano Piloto, em 1971, realocando as famílias para a região administrativa que ainda estava em formação. Por esse motivo, a população de Ceilândia é muito diversificada, sendo um pouco mais da metade composta por nascidos do Distrito Federal e o restando por imigrantes, em sua maioria, nordestinos. Assim, a cidade construiu uma forte identidade local que é expressa de diversas formas, possuindo diferentes atividades voltadas a cultura, as tradições locais e a produtividade, que se distribuem ao longo de sua malha urbana (ver mapa de pontos de interesse). Possui bloco carnavalesco, escola de samba, locais de apresentações culturais, institutos e ONG’s que oferecem oficinas e aulas de música, promovendo principalmente a cultura afro e o hip-hop, incluindo a população e desmistificando a visão estereotipada de violência da região.
baseado no capital intelectual e cultural e na criatividade”1, de forma a gerar valor econômico. Charles Landry, em seu artigo “The Creative City”2, coloca que para isso, a cidade precisa de infraestrutura e espaços que dêem condições para o crescimento da indústria criativa, oferecendo experiencias culturais e espaços voltados a pesquisa e a idealização de projetos inovadores, possibilitando a troca de ideas e conhecimentos entre seus habitantes. Dessa forma, vê-se em Ceilândia um potencial para se tornar o centro de um distrito criativo, capaz de reforçar o eixo TaguatingaCeilândia- Samambaia, regiões vizinhas que possuem um polo comercial em ascensão, voltado a ocupações industriais e comerciais, como as já consolidadas em Taguatinga, com o Mercado Norte e o Polo de Confecções. Propõe-se, então, o projeto do Complexo para a Moda, edifício que fortalecerá o polo de moda local, capacitando a região não só por meio de espaços úteis aos interessados, mas requalificando e articulando essa região bem movimentada e consolidada do DF.
A moda é mais uma forma de expressão utilizada na região. Vem sendo difundida a partir de várias marcas locais de pequenos produtores que não possuem incentivo, trabalhando autonomamente sem ajuda do governo. O Distrito Federal não possui nenhum local direcionado apenas ao estudo e trabalho de moda, e muitas vezes os institutos de ensino e as escolas técnicas possuem infraestrutura insuficiente para apoiar o comércio existente e a comunidade local. Essas diferentes atividades confirmam a potencialidade dessa região administrativa em impulsonar seu desenvolvimento econômico através da economia criativa, “conjunto de negócios
1 Como o Sebrae atua no segmento de Economia Criativa, disponível em < https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/segmentos/economia_criativa/como-o-sebrae-atua-no-segmento-de-economia-criativa,47e0523726a3c510VgnVCM1000004c00210aRCRD> 2 The Creative City - 1995 disponível em <http://charleslandry.com/resources-downloads/documents-for-download>
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Localização de Ceilândia no Distrito Federal
via N1 es rat
av.
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N2
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via
Localização do terreno na área de intervenção Esc. 1:2500
N Localização da área de intervenção em Ceilândia Esc. 1:50000
*diagramas feitos pela autora
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EPCT DF-001
Via N3 estação 29
BR-70
Av. Hélio Prates
estação 28
Localização de Ceilândia, Taguatinga e Samambaia no DF
ceilândia
m de 7,5k nsão exte
cei. norte
Ceilândia
Av. Hélio Prates
Taguatinga
cei. centro
estrada parque
Via Elmo Serejo
guariroba
de km ão 13 tens ex
cei. sul
centro metrop.
onoyama
praça do relógio
águas claras
tagua. sul
Via Elmo Serejo
As principais formas de conexão entre o eixo Ceilândia, Taguatinga e Samambaia são a Avenida Hélio Prates, a via Ellmo Serejo, a DF-001, a Avenida Leste e a Via N3 que desemboca na DF-459. O edifício do Complexo para a Moda a aproximadamente 6km de Taguatinga pela Hélio Prates, e a aproximadamente 7,4km de Samambaia, pela DF-459. O metrô também conecta as três regiões. Porém, há uma bifurcação que divide em duas linhas, a linha verde Ceilândia e a linha laranja - Samambaia, sendo necessário fazer baldiação para mudar de uma para a outra.
concessionárias
furnas samamba. sul
EPCT DF-001
Av. Leste
EPNB DF-075
samambaia
estação 34 estação 35
BR-60
CONEXÕES ENTRE CEILÂNDIA, TAGUATINGA E SAMAMBAIA
DF-459
Samambaia
escala 1:25000 estação metrô existente estação metrô futura
vias principais
estação de baldiação
via hélio prates
linha metrô ceilândia linha metrô samambaia
N
terreno
*diagramas feitos pela autora a partir do mapa do metrô do DF
12
1
O mapa de pontos de interesse cultural mostra as diferentes atividades voltadas à comunidade de Ceilândia, alcançando também as regiões vizinhas, uma vez que a maioria fica disposta próximo ou das vias de conexão ou das estações do metro mostradas anteriormente.
6
3 2
O Complexo para a Moda encontra-se centralizado aos pontos de interesse identificados, preenchendo um raio de aproximadamente 2km que estava sem atividade, sendo também acessível por diferentes meios de transporte existente nessa região.
12 4
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11 10 9
7
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13
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20 18
1. Instituto Candango de Artes 2. Praça da Bíblia 3. Centro Olimpico e Paralímpico 4. IESB - Campus Ceilândia 5. Centro Cultural e Desportivo de Ceilandia 6. Instituto Federal de Brasília Campus Taguatinga 7. SESC Ceilândia 8. Feira do Produtor 9. Caixa d’água 10. Feira Central 11. Praça do Cidadão 12. Shopping JK Iguatemi 13. Shopping Popular 14. Associação Cultural Menino de Ceilândia 15. Praça do Trabalhador 16. Estádio Abadião 17. Escola Técnica de Ceilândia (ETC) 18. Casa do Cantador 19. Universidade de Brasília - Campus Ceilândia 20. Estádio Elmo Serejo *. Terreno
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PONTOS DE INTERESSE CULTURAL escala 1:25000 educacional
comercial
espaço público
esportivo
N terreno
*mapa feito pela autora
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EMBASAMENTO TEÃ&#x201C;RICO
O CONCEITO DE MODA
A LINHA HISTÓRICA DA MODA
A palavra moda vem do latim modus, que significa modo, maneira e comportamento. Segundo o dicionário Michaelis, moda é maneira ou estilo de agir ou de se vestir, um sistema de usos e hábitos coletivos que caracteriza o vestuário em um determinado momento.
A ideia de moda como um sistema de ordem própria surge com o desenvolvimento do mundo moderno ocidental, a partir do século XIV, quando há uma série de transformações sociais, econômicas, políticas e culturais que alteram os valores e os comportamentos da sociedade. Assim, a moda acompanhou essas transformações, sofrendo mudanças para representar a sociedade moderna na qual estava incluída.7
O sociólogo alemão Georg Simmel coloca a moda como uma manifestação constante na história, que tende à imitação de um modelo para igualdade social, ao mesmo tempo em que satisfaz a necessidade de distinção do indivíduo. Ou seja, a moda se conduz numa dualidade entre o coletivo e o individual, o unir e o diferenciar. É um produto da distinção de classes, cuja função é “formar um círculo social fechado, e ao mesmo tempo, isolá-lo dos outros” 3. Já para o filósofo francês Gilles Lipovetsky a moda é uma instituição social que vai além da simples distinção das classes, sendo característica do Ocidente e da modernidade. Coloca o fenômeno moda como um sistema de autonomia do indivíduo e valorização do “novo”, conquistando, assim, uma posição de poder na organização das sociedades liberais. Ressalta que a moda não se refere apenas ao vestuário, abrange também “o mobiliário e os objetos decorativos, a linguagem e as maneiras, os gostos e as ideias, os artistas e as obras culturais”4, que possuem variações e temporalidades diversas que afetam a vida coletiva. Para a designer e professora de moda Doris Treptow, a moda é “um fenômeno social e cultural, de caráter mais ou menos contido, que consiste na mudança periódica de estilo”5, atuando como uma extensão do corpo, por meio do qual o indivíduo se comunica, expressando sua personalidade e posição social.6 Em resumo, a moda é essa relação entre o momento vivido, a necessidade de diferenciação e de identificação com a cultura a qual se estar inserido.
A moda nasceu em um grupo social restrito, a nobreza, que tinha a necessidade de se distinguir dos demais grupos sociais. Na sociedade estamental, o povo valorizava o legado ancestral e a imutabilidade do que foi herdado, sendo uma época onde eram raras as evoluções sociais do indivíduo; os que nasciam em estamentos mais baixos permaneceriam neles até a morte, não sendo possível mudanças. O que passa a ocorrer e que justifica o surgimento da moda são as influências das classes mais abastadas em cima das menos privilegiadas, assim como a destruição da cultural local de povos dominados por povos conquistadores. No Renascimento, com a expansão das cidades e a reorganização da corte, o homem começa a se enxergar como indivíduo. Surge o desejo pela imitação estética e comportamental como resultado da competição existente na cidade, devido à grande quantidade de pessoas e aos espaços urbanos maiores. A necessidade da distinção fez com que as pessoas procurassem na individualidade expressar seus gostos pessoais, em uma representação estética do Eu. Assim, a moda se propagou a partir das camadas superiores, na tentativa de se diferenciar cada vez mais das inferiores. Enquanto a nobreza imitavam os soberanos, o restante das pessoas se inspirava na nobreza, buscando se igualar as classes superiores por meio da imitação.
3 SIMMEL, Gerog, Filosofia da Moda e outros escritos. Edições Texto & Grafia, 2008, p. 25 4 LIPOVETSKY, Gilles. O Império do Efêmero. Locais 265-266
5 LANGE, Aline. Da Moda à Psicologia, Nuvenegra, 2014, p. 135 6 LANGE, Aline. Da Moda à Psicologia, Nuvenegra, 2014
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7 LIPOVETSKY, Gilles. O Império do Efêmero. Locais 249-251
(...) enquanto nas eras de costume reinam o prestígio da antiguidade e a imitação dos ancestrais, nas eras da moda dominam o culto das novidades assim como a imitação dos modelos presentes e estrangeiros — prefere-se ter semelhanças com os inovadores contemporâneos do que com os antepassados.8
No século XVIII, as pessoas das classes mais baixas, tanto do campo quanto do meio urbano, se revoltaram por sempre manter a nobreza e o clero cheios de privilégios, enquanto eram submetidas a altos impostos que não lhes garantiam crescimento econômico e social. Por esse motivo, nasce o pensamento iluminista, que pregava a liberdade econômica e política e o fim da monarquia. A Revolução Francesa, com seus ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, em conjunto com a ascensão econômica da burguesia e o crescimento do Estado moderno, fortaleceu a Revolução Industrial, causando transformações no ambiente manufatureiro. A moda ainda possuía caráter nacional, criando uma identidade nos trajes de cada Estado-nação, que reforçava o sentimento de pertencimento a uma comunidade, a um grupo de pessoas que compartilhavam de ideais em comum. Por esse motivo, as vestes precisavam representar a personalidade do indivíduo fazendo relação com o coletivo, para manter a unidade com os demais, mas acrescentando algo que os desse autenticidade. A modernização na indústria no início do século XIX fez com que a divisão do trabalho ficasse cada vez mais segmentada. Para Georg Simmel, a “alienação é agravada pela divisão do trabalho, que apaga o vinculo entre o produtor e o produto: a indústria cria produtos ‘que não tem nenhum produtor’”9. Anteriormente, os artesãos sabiam o valor do produto que produziam, pois dominavam todo o processo de produção, estando cientes do tempo e da habilidade que eram requeridas em cada etapa. Com as novas tecnologias maquinárias, os artesãos foram especializados, passando a dominar uma única 8 LIPOVETSKY, Gilles. O Império do Efêmero. Locais 432-434 9 SIMMEL, Georg. Sobre la Aventura, 2002, p. 181 apud. PULS, Maurício. Arquitetura e Filosofia. p, 454.
parte do processo industrial, perdendo a relação com o todo e com o valor do seu trabalho. Ganhou-se maior velocidade na fabricação dos produtos, a moda ficou mais acessível, mas diminuiu-se as condições de trabalho dos artesãos e os salários. A industrialização gerou grandes impactos na sociedade, alterando desde a formatação das cidades até questões climáticas com a poluição ambiental. Na segunda metade do século XIX, a moda se instala como sistema de produção significativa do capitalismo, fazendo parte da livre concorrência. A velocidade de produção fez com que a sociedade se adequasse a esse novo tempo, criando uma dependência consumista que resulta em um maior descarte dos objetos, sem criar apegos. Como colocado por Lipovetsky e Sorroy, A ética puritana do capitalismo original cedeu lugar a um ideal estético de vida centrado na busca das sensações imediatas, nos prazeres dos sentidos e nas novidades, no divertimento, na qualidade de vida, na invenção e na realização de si.10
No século XX, a obsolescência começa a ser sistematizada. As indústrias focam em objetos com prazos de validades bem definidos, objetivando um ciclo de uso desses itens para manter o mercado aquecido, se tornando uma característica predominante do século seguinte, inclusive na indústria têxtil, transformando “radicalmente as lógicas de criação e de produção, de distruibuição e de consumo”11 dos produtos.
10 LIPOVETSKY, Gilles. SERROY, Jean. A estetização do mundo. Edição Kindle, Locais 538-540 11 LIPOVETSKY, Gilles. SERROY, Jean. A estetização do mundo. Edição Kindle, Locais 727-728
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PROBLEMAS E RESSIGNIFICAÇÕES DA MODA Devido ao caráter efêmero ainda muito atrelado à moda, parte da sociedade a vê como algo superficial. O que muitos não percebem é que todos estão ligados à moda, conscientemente ou não. Esse conceito pré-estabelecido sobre o tema foi ainda mais fortalecido com surgimento das fast-fashion, por meio da qual a moda ficou mais acessível e com baixos custos, possibilitando um consumo imediato, transformando-a em um bem descartável. Esse sistema “trouxe para a indústria da confecção uma aceleração ainda maior das tendências e dos ciclos de vida dos produtos” 12. As pessoas foram se acostumando a comprar mais do que o necessário, buscando encontrar a felicidade e a satisfação que o capitalismo moderno propõe ao instaurar a cultura do “ter”, da ostentação. O livro A estetização do mundo – viver na era do capitalismo artista, de Lipovetsky e Serroy, trata do valor estético vinculado ao mercado, como atrativo que sensibiliza o consumo da produção em massa. Os autores colocam que o capitalismo artista busca “construir e difundir uma imagem artista de seus atores, para artealizar as atividades económicas” , seduzindo as pessoas pelo design, pela vanguarda, pelo entretenimento, pela moda. Os indivíduos afirmam sua identidade por meio desses itens, que depois do fenômeno da arte-pela-arte da década de 1960, são então categorizados como arte-para-o-mercado. A busca por sensações imediatas de prazer está ainda mais atrelada às novidades, ao divertimento e a qualidade de vida, que resultam na realização pessoal. A arte não tem mais uma intenção da experiência estética de exaltação da alma, mas sim proporcionar prazeres efêmeros e lúdicos buscando, ao mesmo tempo, um maior lucro com as vendas por parte do mercado. Quanto mais a arte se infiltra no cotidiano e na economia, menos é carregada de alto valor espiritual; quanto mais a dimensão estética se generaliza, mais aparece como uma simples ocupação da vida, um acessório que não tem outra finalidade senão a de animar, decorar, sensualizar a vida ordinária: o triunfo do fútil e do supérfluo.13
Dessa forma, o processo criativo por trás da indústria da moda cada vez mais perde seu valor. Os consumidores não olham para tais produtos buscando neles um sentido. Elas apenas compram para satisfazer desejos pessoais. Quando não precisam mais do objeto, simplesmente descartam, sem ter nenhum efeito emocional. Consumir não é o problema. Os impactos negativos decorrentes do consumismo e da produção desenfreada de produtos provêm da falta de responsabilidade atrelada ao capitalismo. Em seu livro Moda com Propósito, André Carvalhal fala dos reflexos do consumo sem consciência, criticando o capitalismo moderno que vem esgotando o meio ambiente e a sociedade. Propõe reflexões acerca da nova era que se instaura, que presa pela sustentabilidade, o comércio justo e uma consciência social e cultural.14 Impor uma moda com propósito é o desafio do século. A velocidade com que as coisas têm acontecido na indústria da moda é completamente contrária aos princípios sustentáveis e de consumo consciente. Segundo Carvalhal, se perceber um agente dessa realidade é mais importante do que procurar por culpados. É preciso empatia e colaboração para conseguir se “desalienar” e ressignificar a moda em todas as etapas da cadeia de produção. Assim, essa transformação exige mudanças comportamentais tanto das marcas quanto dos consumidores. A própria arquitetura comercial sempre se moldou de acordo com a indústria, tendo seu espaço voltado à exposição dos objetos a serem vendidos, como uma forma de despertar o desejo das pessoas por tais mercadorias. Nem sempre houve uma grande preocupação com a arquitetura envolvida no ambiente de trabalho industrial, nos processos de criação e produção dos objetos. A arquitetura pode contribuir bastante para esse novo ambiente de trabalho, criando espaços confortáveis e agradáveis que estimulem a criatividade de seus usuários e garantindo melhores condições de trabalho aos produtores.
12 CALDAS, Dario. Universo da Moda. E-odes, 2013. Edição Kindle.
13 LIPOVETSKY, Gilles. SERROY, Jean. A estetização do mundo. Edição Kindle, Locais 538-540
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14 CARVALHAL, André. Moda com Propósito. Editora Paralela. Edição Kindle.
Em sua tese de doutorado Arquitetura como Infraestrutura, Carlos Alberto Maciel problematiza a obsolescência programada, que estipula prazo de validade para as produções humanas. Segundo o autor, essa obsolescência, característica da industrialização, atingiu a moda, a partir da substituição acelerada de cada estação denomidada “tendência”, e tem atingido também a arquitetura, dando a ela um valor efêmero que passa por modificações em ciclos cada vez mais breves. Essa característica perpetua uma inadequação de usos e funções que são usadas posteriormente como justificativa para reconstruções e desmanches de edifícios. Esse conceito reforça a necessidade de se pensar uma arquitetura que reverta a acelerada obsolescência dos artefatos produzidos, e consequentemente o próprio edifício.15
uma indústria da moda mais acessível ao público, com a expansão da cultura do “faça você mesmo”. Com isso, é necessário trabalhar a reinterpretação da produção, no caso da moda, promovendo o slow fashion - sistema que possibilita uma maior sensibilidade ao processo criativo com mais ética e valorização do produto, prezando sua qualidade e conexão com a natureza. Com mais sustentabilidade e menos consumismo, é possível ter uma relação mais natural com a moda e com sua aparência, obtendo um produto mais memorável e autêntico.
A lógica linear, centralizadora e competitiva que surgiu com a Revolução Industrial está sendo abandonada. Cada vez mais as pessoas estão percebendo que comprar ou vender nem sempre é necessário. Atualmente, o sistema de trocas tem sido estimulado, assim como o de empréstimos e alugueis das coisas mais variadas, inclusive de roupas. A economia colaborativa tem mudado a forma como as pessoas têm visto o sistema econômico. Estão surgindo espaços de trabalho compartilhados, onde mais do que o ambiente em si e seus instrumentos tecnológicos, as pessoas dividem experiência e conhecimento. O “consumo colaborativo começa a fazer sentido, com a consciência de que às vezes é preciso dividir para multiplicar”16, como coloca Carvalhal. Para serem possíveis essas mudanças será preciso uma nova revolução industrial17, sendo necessária a revisão dos espaços de trabalho, os processos de produção e fabricação, as matériasprimas, os modelos de negócio e comunicação. Junto a isso, é interessante a criação de espaços de trabalho colaborativos, que decentralizem a produção industrial, onde as pessoas poderão compartilhar de maquinários de alta tecnologia, possibilitando 15 MARCIEL, Carlos Alberto Batista. Arquitetura como infraestrutura, 2015, p.17 16 CARVALHAL, André. Moda com Propósito. Editora Paralela. Edição Kindle. Locais 1380-1381 17 CARVALHAL, André. Moda com Propósito. Editora Paralela. Edição Kindle. Locais 2168-2169
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ARQUITETURA COMO MOLDE As passagens e galerias são o primeiro conjunto de construções cujo tipo edilício possui um atributo urbano em seu desenho arquitetônico: a rua.18 Esses espaços ocupavam um quarteirão inteiro, como “um espaço público sobre terreno privado que facilita o movimento, um atalho, uma proteção contra o tempo, um espaço reservado para o pedestre”19, e que muitas vezes conectava duas ruas movimentadas. Esse percurso alternativo articulava o edifício ao tecido urbano, oferecendo uma circulação pública para usufruto do pedestre. Walter Benjamin, em seu livro Passagens, coloca que um dos fatores que resultou no aparecimento das passagens e galerias em Paris, ao longo do século XIX, foram os acontecimentos relacionados ao progresso do comércio têxtil.20 Com o surgimento das primeiras lojas de departamentos, que passam a manter estoques de mercadorias no estabelecimento, as passagens e galerias funcionavam como centros comerciais de luxo, que poderiam abrigar, além de lojas, escritórios, oficinas e habitações. Essa tipologia foi também possibilitada pelo início da utilização do ferro nas construções arquitetônicas. Esse material funcionou como uma renovação da arquitetura da época, e permitiu a aplicação de outro importante material: o vidro. Desta forma, as galerias e passagens possuíam o teto envidraçado e paredes revestidas de mármore, sendo delimitadas por lojas de ambos os lados, que expunham as mercadorias em vitrines, transformando os objetos expostos no fetiche dos observadores. Um percurso alternativo, exclusivo para pedestres, possibilita ao transeunte apropriar-se do edifício sem desviar-se de sua rota, ao mesmo tempo em que experimenta o espaço e o que ele expõe. Essa característica faz com que as soluções espaciais das galerias e passagens sejam ainda muito utilizadas em projetos arquitetônicos contemporâneos. Em sua tese de doutorado, Carlos Maciel usa dessa tipologia 18 GEIST, 1982, p.12. apud. MARCIEL, Carlos Alberto Batista. Arquitetura como infraestrutura, 2015, p.277 19 Idem.
20 BEIJAMIN, Walter. Passagens, 2009, p. 39
20
para exemplificar uma arquitetura que, além das características monumentais ou funcionais, apresentam atributos que a aproxima da definição de infraestruturas, a partir da articulação do edifício com a malha urbana e da transformação da paisagem, criando espaços verdadeiramente públicos. Isso decorre de uma indefinição de limites entre os espaços públicos e os de produção e consumo, que “permite especular sobre a possibilidade de ampliar o potencial da arquitetura como elemento estruturador do território”. Assim, ao aproximar-se das características de infraestruturas, essa arquitetura ajuda também na articulação dos fluxos, melhorando a mobilidade local. A urbanização destes edifícios pode lhes conferir uma escala de grandeza, numa busca pela estruturação do território a partir da arquitetura. Assim, as megaestruturas extrapolam o limite da arquitetura como objeto, devido ao seu caráter mais urbano que arquitetônico. Esse conceito foi visto principalmente nas discussões e proposições de grupos como Team X, Archigram, Superstudio, Metabolistas Japoneses e no urbanismo especial de Yona Friedman, na década de 1960. Atualmente, vemos em projetos como os do OMA-Rem Koolhaas, que “conciliam investigações estéticas com a possibilidade de se compreender o edifício”21 como parte da infraestrutura urbana e organizador da cidade, sem perder seu caráter icônico de arquitetura. Koolhaas aponta críticas sobre essa escala de grandeza dos edifícios, que podem se tornar alienados em relação ao contexto ao qual forem inseridos; A arquitetura negaria a cidade. Devido ao seu tamanho, o edifício perde a relação do interior com o exterior, onde o que é exposto já não confere ao que acontece no seu interior. Assim, a partir da história estudada e da problematização criada, conclui-se que um complexo da moda voltado para o estudo e criação do slow fashion deve ser um local que permite a livre criação, o compartilhamento de ideias, uma conectividade entre o ser e o que ele produz. Um espa ço no qual os transeuntes 21 MARCIEL, Carlos Alberto Batista. Arquitetura como infraestrutura, 2015, p.234
compreenderão o trabalho feito pelos profissionais da moda e suas etapas de produção, inconscientemente criando uma valorização desse mercado. Um local que vise acabar com a alienação das pessoas em relação aos seus produtos, tornando o produtor um artista reconhecido como parte importante da criação cultural da comunidade. Fisicamente, um local que possua transparência e fluidez, que se torne ponto de referência e encontro, conectando fluxos urbanos existentes e requalificando a área. É importante que seja uma arquitetura flexível e adaptável, com espaços não especializados a determinadas funções, mas que permitam reconfigurações de acordo com os novos usos. Promovendo uma perpetuação dessa arquitetura, uma vez que amplia sua vida útil por encontrar o equilíbrio entre uma demanda mutável e uma estrutura permanente.
21
DIAGNÃ&#x201C;STICO
DESCRIÇÃO DO OBJETO | Dados socioeconômicos Tomar nota sobre os dados socioeconômicos é interessante para esse estudo como uma forma de compreender as carências e os potenciais da população local e da região, quanto a disponibilidade de espaços de complementação educacional e profissional. Por esse motivo, o foco foram as informações com base na população economicamente ativa, possíveis usuários do complexo proposto nesse trabalho. Sendo assim, de acordo com os dados do Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD) de 2015, a população urbana estimada da Ceilândia é de 489.351 habitantes, onde 52% nasceram no Distrito Federal e 48% são imigrantes, sendo que 68% vieram do nordeste brasileiro. De todos os seus habitantes, 46,17% estão na faixa etária entre 25 a 59 anos e 16,12% estão entre 15 a 24 anos. Quanto ao nível de escolaridade, 23,94% possuem nível médio completo e apenas 6,02% possuem ensino superior completo, incluindo especialização, mestrado e doutorado. No tocante à ocupação dos moradores que estão acima de 10 anos de idade 44,94% têm atividades remuneradas e 17,51% são estudantes. O setor que mais se destacou na cidade foi o do comércio, 32,60%. Segundo a posição na ocupação, predominam os empregados, 65,66%, seguido dos autônomos, que representam 22,81%. A renda domiciliar média apurada foi de R$ 3.076,00 e a renda per capita, R$ 915,81.
faixa etária 16% 15 a 24 anos
ocupação 21% 0 a 14 anos
18% estudante 46% 25 a 59 anos
17% 60 ou + anos
escolaridade
35% fundamental incompleto
ocupação remunerada 33% comércio
24% nível médio completo
renda R$3076,00 domiciliar média
6% ensino superior completo
24
45% trabalho remunerado
R$915,81 per capita
DESCRIÇÃO DO OBJETO | Dados técnicos O local escolhido é a quadra CNN 01, regida pelo Plano Diretor Local (PDL), da lei complementar n° 314 de 2000. Há três lotes delimitados pelo plano diretor no local, ao fundo da área onde se propõe a construção do edifício. Porém, esse é um local a ser revisado pelo PDL e, de acordo com o documento, será objeto de projeto urbanístico especial no futuro, incentivando que se tenha um uso voltado para a comunidade. Art. 102: O Centro Urbano, constituído pelas quadras (...) CNN 1, (...), será objeto de projeto urbanístico especial, observadas as seguintes diretrizes:
De acordo com a tabela de endereçamento do PDL, o terreno estaria ocupando o bloco I, que inclui os três lotes delimitados ao fundo, e o bloco J, delimitado na área frontal.
Índices do PDL sobre os bloco I e J: _ Coeficiente de aproveitamento: 6 _ Uso permitido: L2 - lotes de menor restrição _ Permeabilidade: insento
I- revitalização urbana, com a adoção de morfologias adequadas à função de centralidade do local; II- reforço à configuração e constituição das áreas de praças;
I o c lo
III- integração ao Corredor de Atividades;
B
IV- ocupação das áreas públicas sem vocação para a constituição de praças, por meio da criação de lotes de categoria L2 - Lotes de Menor Restrição e coeficiente de aproveitamento correspondente a seis.22
Ainda segundo o documento, essa área “será alvo de alteração de parcelamento, objetivando a criação de lotes com características que atendam, por um lado às demandas da população e por outro, ao novo perfil que se deseja para Ceilândia, obtendo, paralelamente, melhor integração do sistema viário.”23
J o c lo
B
A delimitação proposta como terreno mede, aproximadamente, 135x70m, mas a área de intervenção será todo o comércio local, extendendo até o metrô. Lotes registrados segundo geoportal segeth
N
22 Plano Diretor Local de Ceilândia, 2000, p.27 23 Plano Diretor Local de Ceilândia - Documento de Memória, 1997, p.94
25
DESCRIÇÃO DO OBJETO
N1 via
Segundo a Lei Complementar de Uso e Ocupação do Solo (LUOS), a área de intervenção é categorizada como comercial, prestação de serviços, institucional e industrial - CSII, onde o uso residencial é proibido. Sua subcategoria é CSII 2, que permite seu uso para fins educacionais de ensino superior, técnico ou tecnólogico, de âmbito intermediário.
13
Como a área de intervenção é de aproximadamente 9450m², será adotado como dados base da Tabela de Parâmetros de Ocupação do Solo na RA IX, os CSII 2 com área 1.000≤ a <2.500m².
5m
via N2
70m
o
éli
h av.
tes a r p trô me
De acordo com essa tabela, o coeficiente de aproveitamento básico é 2,00 eo coeficiente de aproveitamento máximo é 4,00. A taxa de ocupação do solo é de 60% e a de permeabilidade, 30%. A altura máxima é de 45m, podendo ter até 12 pavimentos. Os afastamentos (frotal, fundo, esquerda e direita) deverão ser de 5m, sendo o uso de marquises permitida. A cota de soleira é medida a partir do ponto médio da testada frontal, sendo permitido o uso do subsolo, respeitando todos os parâmetros definidos para o lote ou projeção.24 24 LUOS, Projeto de Lei Complementar nº 79/2013
N
45m
Corte transversal do terreno com área pássivel de intervenção
26
70m
45m
0 5 10 20
Corte longitudinal do terreno com área pássivel de intervenção
135m
av. hélio prates
afast. 5m
afast. 5m
afast. 5m
via N2
afast. 5m
Localização do terreno em planta
0 5 10 20
DESCRIÇÃO DO OBJETO | Estudo do terreno O terreno possui declividade baixa, podendo ser considerando plano. O entorno possui pouca arborização, sendo a maioria no canteiro central das principais vias adjacentes. O comércio possui grande área impermeável asfaltada para uso como estacionamento e há muita área permeável em terra batida nos arredores. As calçadas não são contínuas, tornando o percurso pouco acessível e convidativo aos pedestres. Assim também ocorre com a ciclovia, que possui descontinuidade, sendo interrompida na quadra anterior e voltando apenas na quadra contrária à Avenida Hélio Prates. O terreno possui construções em péssimas condições e abandonada aos fundos e à leste. Sua frente é voltada para o sul, onde fica a Avenida Hélio Prates, enquanto seus fundos dão para uma rua local de serviço e de habitações, sendo também a fachada com maior insolação. A oeste encontra-se um supermercado atacadista em atividade. Para ilustrar esses dados, segue imagens da área de intervenção e uma sequência de mapas feitos a partir do estudo das condicionantes climáticas, uso do solo, gabarito e sistema viário da área de intervenção.
s rate
P élio
H Av.
3 2 7 6
2
vista da rua paralela ao desnível do metrô, sem calçamento para pedestres
edifícios comerciais consolidados a leste do terreno, mais próximos ao metrô
3
4
desnível criado pelas lajes de cobertura do metrô subterrâneo
falta de manutenção na área de intervenção e desnível da base do antigo comécio local
5
6
vista da calçada e parada de ônibus em frente ao terreno
algumas estruturas das feiras que se formam no meio do estacionamento
7
8
solo impermeabilizado por asfalto faz do espaço um grande estacionamento
estacionamento do mercado à oeste do terreno, encontra-se em nível mais baixo
4
tro me
8
5
1
1
Vista da implantação do terreno e indicação do percurso fotográfico *foto google earth editada pela autora
*fotos da autora
27
trô
me
1
N via
.h
av op
éli es
rat
±1%
via
N2
CONDICIONANTES CLIMÁTICAS escala 1:2500 percurso solar
árvores
ventilação leste ventilação noroeste
N terreno
ô
tr me
via
N1
av op éli
.h es
rat via
MAPA DE USOS DO SOLO escala 1:2500 residencial
institucional
misto
estação do metrô
comercial
terreno
N
N2
Ă´
tr me
via
N1
.h
av op
ĂŠli es
rat via
N2
MAPA DE GABARITO escala 1:2500 0 a 2 pavimentos
6 a 10 pavimentos
3 a 5 pavimentos
11 ou + pavimentos N terreno
trô
me
1
N via
es
rat op
éli
.h av via
MAPA SISTEMA VIÁRIO escala 1:2500 arterial
metrô
coletora
ciclovia
local
pedestre
N terreno
N2
trô
me
1
N via
o éli
.h
av tes
pra via
N2
MAPA DE CHEIOS E VAZIOS escala 1:2500 área não edificadas área edificadas
terreno
N
33
ESTUDOS DE CASOS
BRANCO SAI, PRETO FICA Filme Direção: Adirley Queirós Local: Ceilândia - Brasil Ano: 2015 O filme é uma forte crítica à marginalização da comunidade de Ceilândia, relembrando um fato ocorrido no ano de 1986, quando policiais adentraram um baile popular ordenando: “branco sai, preto fica para apanhar”. É baseado em uma realidade fictícia, onde Brasília é uma cidade cuja entrada se dá apenas com a apresentação de um passaporte, sendo principalmente acessível à classes mais privilegiadas. Ao mesmo tempo, Ceilândia fica cada vez mais segregada e ignorada, sofrendo com o descaso e a repressão policial. As personagens principais decidem se manifestar e se vingar da realidade a eles imposta, criando uma espécie de bomba sonora que causará uma catástrofe irreparável nas autoridades da capital. A bomba é composta por sons da cidade, gritos e músicas que expressam a diversidade cultural local e expõe a realidade desconhecida desta região oprimida. Para isso, a fotografia do filme enquadra a região, registrando suas grandes áreas vazias em contraponto com as suas residências e edifícios altos, sua predominância por cores neutras e terrosas em meio as expressões artísticas do grafite, os diversos tipos de materiais usados na construção civil e os diferentes sons da cidade, que refletem a atual realidade do cotidiano dos ceilandenses. O filme permitiu a interpretação do local e da diversidade sociocultural existente em Ceilândia, fortalecendo não apenas a justificativa pela escolha desta região para intervenção, mas também as diretrizes projetuais que buscam requalificar a área, dando prioridade ao pedestre e aos diferentes modais existentes. 36
Casas sem acesso direto a rua; praça e gramado sem manutenção; espaços sem vida, com pouco fluxo de pedestre.
O impacto da linha áerea do metrô na paisagem local.
Relação da linha do metrô que passa dividindo área residencial da região em dois lados.
As diferentes morfologias dos pequenos edifícios multifamiliares e unifamiliares. Diferenças de altura das edificações com mesmo gabarito.
Contraposição entre as áreas mais adensadas e os grandes espaços vazios que carecem de infraestrutura urbana.
A arte nas ruas de Ceilândia se destacam em meio aos espaços com aparências de abandono, característicos da região.
Edificações em tijolo cerâmico, na maioria das vezes só no reboco ou descascaxxndo a pintura. Esquadrias pequenas e muita grade refletem a insegurança do local.
As diferenças de usos e alturas das edificações, que em muitos casos não são contempladas por vias de acesso à carros e calçamento para pedestres.
As áreas residenciais unifamiliares possui gabarito de até três pavimentos, tornando o skyline nivelado nessas regiões.
*fotos retiradas do filme e editadas pela autora
37
UNIVERSIDADE EWHA WOMANS Universidade feminina Arquitetos: Dominique Perrault Local: Seoul - Coreia do Sul Ano: 2008 A localização do terreno exigia um projeto com respostas urbanas de forma a integrar o edifício para o campus de Ewha ao desenho da cidade. O arquiteto criou uma nova topografia, elevando duas faixas verdes que funcionam como praças jardins, criando um ambiente de convívio, aulas informais e relaxamento. O arquiteto consegue esculpir a paisagem na arquitetura. A fenda resultante dessa nova topografia revela o interior do edifício em um espaço híbrido de passagem e permanência. De um lado uma descida leve em contraponto a escadaria/arquibancada do outro lado, que permitem que as atividades urbanas invadam o edifício, acolhendo os pedestres que passam pelo campus. O programa se encaixa em cinco níveis, envidraçados de ambos os lados de cada bloco, permitindo uma boa iluminação natural e permeabilidade visual, sem bloquear a paisagem local com um edifício em altura.
A arquitetura se apropria do local, desaparecendo na topografia.
A esplanada apresenta a vida universítaria aos habitantes e visitantes do campus, sendo a porta de entrada da universidade.
As soluções projetuais propostas valorizam o projeto e seu entorno, requalificando toda a área. A criação de diferentes percursos dão dinamicidade ao local, tornando-o convidativo não só às estudantes como também a toda comunidade local. Assim, o projeto foi escolhido como referência pela forma como interage com o território, respeitando o local e se abrindo para a cidade. Expondo suas atividades e oferecendo usos públicos, o edifício se torna convidativo a comunidade, que passa a permanecer e interagir com este espaço que seria apenas de passagem. Da mesma forma, o Complexo para a Moda preza pela permanência das pessoas, oferecendo não só boa infraestrutura, como também expondo seus usos internos, convidando a comunidade a ver e participar das atividades internas. 38
Níveis mais próximos ao da esplanada possuem usos mais movimentados.
O arquiteto aumenta a área útil do edifício com um volume subiterrâneo que é aberto a iluminação e ventilação natural. *fotos e desenhos técnicos: archdaily | croquis e análises feitos pela autora
0
5 10
20
parque jardim área de estudos área social estacionamento
0 10 20
Parque permite que a natureza participe do edifício reconstruindo a topografia. Fissura que resulta na esplanada, garante a iluminação e ventilação natural ao edifício.
Corte longitudinal Os andares mais altos são destinados as áreas de estudo, como salas de aula e bibliotecas, recebendo maior iluminação natural; os andares mais baixos são para atividades mais movimentadas, como lojas, cinema e teatro.
Corte longitudinal O edifício reconstrói a topografia com o parque jardim, mantendo o caráter bucólico do campus, dipondo uma maior metragem quadrada ao campus e se abrindo a cidade. *fotos e desenhos técnicos: archdaily | croquis e análises feitos pela autora
39
HUMANIDADE 2012 Pavilhão Arquitetos: Carla Juaçaba e Bia Lessa Local: Rio de Janeiro - Brasil Ano: 2012 O pavilhão temporário para a Rio+20 exigia um programa complexo, com auditório, espaços expositivos, salas de reunião entre outros. A proposta das arquitetas foi tornar o edifício parte da exposição, fazendo com que explicitassem as questões e reflexões lançadas pela conferência. O projeto levou em consideração as belas vistas das praias de Copacabana e Ipanema, a topografia e as condições climáticas. As arquitetas optaram por utilizar os andaimes que ja estavam sendo utilizados em estruturas temporárias no local, libertados das tendas plásticas que os escondiam. Soltaram os espaços expositivos do chão e criaram rampas de acesso que permitiam ao visitante admirar a vista e sentir o clima. Fizeram jardins que simbolizavam a riqueza da vegetação e utilizaram da iluminação natural como elemento das instalações.
O edifício se destaca na paisagem, se abrindo às belas visuais do entorno.
As rampas conectam os níveis do edifício, permitindo que os usuários vejam os espaços dispostos soltos na estrutura.
O programa se encaixa criando vazios na estrutura permitindo iluminação e ventilação natural dos espaços abertos.
Os volumes criados são dispostos soltos do chão, dando dinamicidade ao projeto, tanto internamente quanto externamente.
Tudo sempre seguindo um conceito, tendo uma justificativa e procurando mostrar que a utilização da tecnologia a serviço do homem não nega a proteção da natureza, resultando num espaço sustentável e reaproveitável. Assim, a proposta arquitetônica presava uma profunda relação com o entorno e seu contexto, se comunicando com a cidade e seus usuários. A forma como o edifício se relaciona com o entorno e a comunidade, o uso das rampas de circulação vertical como mirantes para contemplação do entorno e do próprio interior do edifício e a flexibilidade que a estrutura modulada oferece à disposição do espaços do programa foram os motivos pelos quais o projeto foi escolhido como referência ao Complexo para a Moda, que precisará se relacionar com seu território, tirar proveito das circulações verticais para apresentar os usos internos do edifício e ser flexível a diferentes usos no futuros. 40
*fotos e desenhos técnicos: archdaily | croquis e análises feitos pela autora
O programa é disposto em seminíveis que são conectados com rampas. O distanciamento em relação ao solo e entre os volumes, cria grandes espaços vazios na estrutura, que permitem não só que a ventilação cruze o edifício, como também que o usuário participe das diferentes atividades desenvolvidas no edifício, no simples ato de percorrê-lo.
sala expositiva sala multiuso
cozinha sanitários
bar biblioteca
auditório estúdio de tv sala de produção
terraço circulação
Corte transversal - C1
*fotos e desenhos técnicos: archdaily | croquis e análises feitos pela autora
Corte transversal - C3
41
THE NEW SCHOOL UNIVERSITY CENTER Centro Universitário Arquitetos: Skidmore, Owings & Merrill - SOM Local: Nova Iorque - Estados Unidos Ano: 2014 The New School é conhecida por ser uma universidade de vanguarda que preza pelo aprendizado interdisciplinar, transformando o ambiente universitário tradicional. No lugar de espaços compartimentados de aprendizagem e socialização, o edifício possui uma combinação de circulações verticais, horizontais e diagonais que conectam as salas de aula, a biblioteca, os estúdios de artes, os auditórios, os cafés e as residências estudantis, facilitando os encontros ocasionais que garantem a interação entre alunos e docentes da universidade, criando espaços de convívio nos diferentes níveis do edifício. Além disso, os ambientes acadêmicos são flexíveis e facilmente adaptáveis, possibilitando reconfigurações com baixo impacto sobre a energia e a iluminação, uma vez que as instalações elétricas ficam expostas e as paredes dos corredores principais possuem esquadrias altas que permitem a passagem de iluminação natural, reforçadas pelas prateleiras de luz das fachadas externas.
O edifício mantem relação em altura com os edifícios do entorno, mas se destaca pelas aberturas da fachada que marcam sua circulação vertical.
Espaços abertos de estudo surgem no meio das circulações verticais, tornando o espaço mais dinâmico.
A inovadora organização interior é também expressa no exterior do edifício. Uma pele envidraçada acompanham as circulações internas, enquanto o restante da fachada é mais fechada, criando um diálogo com o entorno e a comunidade local ao transmitir o caráter experimental do campus. De forma similar, o Complexo para a Moda será um espaço interdisciplinar que oferecerá espaços de convivência e interação entre as pessoas, para compartilhamento de conhecimentos e ideias, em meio aos espaços de estudos e ateliês. Além disso, a circulação vertical permitirá ao usuário um percurso de passeio pelo edifício, pelo qual será possível ver as atividades acontecendo nos diferentes níveis do edifício. 42
As salas e ateliês fechados possuem divisórias de vidro voltadas as circulações verticais, deixando seus usos visíveis. O pé-direito duplo deixa o espaço mais agradável quando utilizado por muitos estudantes ao mesmo tempo.
fotos e desenhos técnicos: archdaily | croquis e análises feitos pela autora
O programa é conectados pela combinação de circulações verticais, horizontais e diagonais. Áreas comuns de convivência são dispostas pelo edifício, criando diferentes espaços de interação entre alunos e docentes. dormitório áreas comuns biblioteca ateliês sala multiuso salas de aula lojas almoxarifados lavanderia área técnica circulação corte transversal 0
16
32
64
planta das áreas de estudos e ateliês
Espaços de estudo são flexíveis e adaptáveis, permitindo diferentes configurações a partir de painéis que fecham um ambiente em três.
Soluções técnicas permitem que os espaços sejam reconfigurados sem a necessidade de grandes mudanças: ar condicionado central com tubos de ramificação, pontos de luz alinhados e prateleiras de luz e esquadrias altas.
duto ar condicional central ramificação dos dutos pontos de luz pontos elétricos embutidos quadro elétrico
esquadrias altas com prateleira de luz esquadrias baixas iluminação natural
fotos e desenhos técnicos: archdaily | croquis e análises feitos pela autora
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O PROJETO
COSTURANDO AS INFORMAÇÕES Com o embasamento teórico estudado e escrito para este trabalho, foi possível identificar três conceitos básicos que problematizam o objeto de estudo. Além de possibilitarem a definição e compreensão das diretrizes projetuais necessárias para a intervenção proposta pelo Complexo para a Moda. O primeiro conceito surge da obsolescência tanto dos produtos de moda que se tornaram artefatos facilmente descartados pelo consumidor devido a velocidade com que a indústria cria algo novo para o mercado, como da própria arquitetura, onde os edifícios possuem usos específicos, não sendo possível reconfigurar os espaços para novas funções futuras, o que diminui a vida útil das edificações que deverão ser demolidas para que os terrenos sejam utilizados para novos fins. Dessa forma, o Complexo para a Moda se apresenta como um espaço de promoção do slow-fashion, valorizando o processo criativo por detrás da indústria da moda. Oferece espaços de trabalho compartilhados, como incentivo ao “faça você mesmo” e às micro e pequenas empresas da região. Ao mesmo tempo, é preciso aumentar a vida útil do edifício, para que este contemple diferentes momentos, tempos e usuários no decorrer dos anos. Deverá possuir uma regularidade estrutural que permita tanto reconfigurações dos espaços internos quanto ser flexível aos diferentes usos futuros que possam surgir, a partir do reaproveitamento das peças já existentes no edifício. O segundo conceito parte da desalienação do processo de criação e produção da moda. Com a divisão do trabalho decorrente da modernização da indústria, os trabalhadores passaram a se especializar em uma única área da produção, perdendo o contato e a noção do conjunto. Sem ter conhecimento do produto final gerado pelo seu trabalho, esses trabalhadores passam a funcionar como em modo automático, focados apenas no que devem fazer. Os consumidores muitas vezes também não possuem conhecimento sobre os processos de fabricação dos artefatos, desconhecendo os impactos do consumismo. Da mesma forma, o modo de vida urbano foi 46
afetado pela automação dos afazeres humanos, fazendo com que as pessoas percam as noções do tempo e do espaço, devido a um modo de vida mais acelerado. Assim, o Complexo para a Moda deverá expor os esforços do processo criativo e produtivo da moda, sendo um espaço transparente e aberto à visualização por aqueles que desconhecem esta área. Ao mesmo tempo, o edifício deverá permitir a seus usuários o compartilhamento de ideias e conhecimentos, a partir da criação de espaços de convivência e interação que estimulem a criatividade de seus usuários. O terceiro e último conceito, vem da liberdade, o direito de agir segundo o livre arbítrio. A moda esta cada vez mais democrática e acessível a todos, possibilitando seu uso como forma de expressão a mais pessoas. Já a cidade oferece espaços democráticos de apropriação, de manifestação para que qualque pessoa possa expressar sua opinião, se representar. O Complexo para a Moda deverá atentar-se à escala de infraestrutura, capaz de articular a região, reorganizando o território, potencializando e requalificando a área a partir da reinterpretação dos espaços e seus usos. O diálogo entre o edifício e seu entorno fortalecerá a intervenção, dando identidade e centralidade a área, atraindo as pessoas das regiões adjacentes.
DIRETRIZES DE INTERVENÇÃO A partir dos conceitos definidos anteriormente - obsolescência, desalienação e articulação - foram obtidas as seguintes diretrizes:
- Organizar o ciclo de vida dos materiais (obsolescência | liberdade)
- Fachadas abertas (obsolescência | desalienação)
Prever peças que podem ser reaproveitadas, seguindo uma regularidade estrutural, criando uma arquitetura flexível e adaptável a usos futuros, ampliando a vida útil da edificação.
Evitar fachadas cegas, propondo aberturas que funcionarão como vitrines, expondo o processo criativo e as atividades internas ao edifício. Em conjunto, propor usos térreos, como uma feira para artistas locais, buscando manter a dinamicidade e a vitalidade da região. - Diversidade de percursos (obsolescência | liberdade) O Complexo possibilitará diferentes formas de passar pelo edifício, possuindo diferentes acessos que se integram aos fluxos de pedestres, tornando o espaço mais dinâmico e convidativo. - Área de convivência (obsolescência | desalienação | liberdade) Estimular não apenas a passagem, mas também a permanência das pessoas nas áreas comuns do edifício, propondo usos como cafés e lanchonetes voltados à praça do complexo como forma de atrair não só os interessados em usurfruir dos usos do Complexo como também a comunidade local.
- Articular os diferentes modais (desalienação | liberdade) Estimular o uso dos diferentes modais já existentes no local, priorizando a facilidade do pedestre. Solucionar as desconexões existentes entre os eixos cicloviários que atualmente encontram-se desarticulados, fortalecendo este modal em conjunto com o metrô e o ônibus. - Promover e oferecer espaços verdes (obsolescência | desalienação | liberdade) Propiciar, a partir da iluminação e ventilação natural e da vegetação, um maior contato do edifício e seus usuários com a natureza, criando áreas verdes externas e internas que melhorem a permeabilidade do solo e o microclima da área de intervenção, favorecendo o conforto ambiental no edifício.
- Estimular a criatividade dos usuários (desalienação | liberdade) Criar espaços que, ao mesmo tempo em que possibilita o convívio e as trocas de informações entre os usuários e os visitantes do espaço, sejam confortáveis aos usos destinados, tirando proveito de materiais e cores que ajudem a estimular a produção criativa dos usuários.
47
PROGRAMA DE NECESSIDADES O programa de necessidades do Complexo para a Moda foi estipulado a partir da definição dos diferentes usuários do edifício e dos usos necessários a produção criativa da moda.
Estudantes/acadêmicos
Autônomos
fazem cursos, participam de produzem sozinhos usando os workshops e pesquisas equipamentos compartilhados
ÁREA PRÁTICA | 1774m² ATELIÊS DE DESENHO | 174m²
Dois ateliês com pranchetas individuais equipadas para desenho técnico.
ATELIÊS DE MODELAGEM | 242m²
Dois ateliês com grandes pranchetas para modelagem plana e manequins para moulage.
ATELIÊS DE COSTURA | 292m²
Dois ateliês com grandes pranchetas altas para corte, com máquinas de costura reta, portáteis, overlock, interlock e bordadeira digital. Com tábuas e ferros de passar.
Visitantes permanecem nos espaços comuns do edifício
Traseuntes
apenas passam pelo edifício trabalham para o diariamente funcionamento dos espaços e das atividades
PESQUISA | 361m² BIBLIOTECA DE LIVROS | 226m²
Acervo de livros e periódicos com espaço para leitura coletivo e individual.
BIBLIOTECA DE MOLDES E TECIDOTECA | 135m²
Acervo colaborativo de moldes com pranchetas para reprodução e acervo com amostras de tecidos e outros artefatos da indústria têxtil. Acompanha ainda um banco de tecidos, espaço para armazenamento de retalhes e tecidos para reuso.
ATELIÊ DE TECELAGEM | 102m²
Um ateliê com teares manuais e elétrico para tecelagem.
SALAS DE AULA | 186m²
Três salas de aula com mesas individuais e quadro.
ADMINISTRATIVO | 300m²
SALAS DE WORKSHOP | 186m²
RECEPÇÃO | 74m²
Duas salas com pranchetas individuais ou coletivas com quadro para cursos diversos.
Recepção de acesso a área administrativa e de apoio ao edifício.
SALAS DE REUNIÃO | 46m²
SECRETARIA | 54m²
Quatro salas destinadas aos usuários, para reunião entre equipes ou com clientes.
LABORATÓRIO DE ESTAMPARIA E TINGIMENTO DE TECIDOS | 130m²
Com impressora para sublimação, plotter para estamparia digital, fogão e pia para auxiliar no tingimento dos tecidos.
COORDENAÇÃO | 40m² ADMINISTRAÇÃO | 62m² SALA DOS PROFESSORES | 70m²
LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA | 70m² Sala equipadas com computadores.
OFICINA DE CORTE | 146m²
Prancheta para corte manual, sistema de corte automatizado (CAD/CAM) e efestadeira automatizada.
OFICINA COLABORATIVA | 130m²
Fablab com máquinario para fabricação digital como impressora 3D, cortadora a laser, plotter de corte, cortadora de vinil, fresadora e equipamentos de marcenaria.
ESTÚDIOS DE FOTOGRAFIA | 70m²
Duas salas com equipamentos fotográficos, controle da iluminação e fundo ininito.
48
Funcionários
ÁREAS COMUNS | 7189m² GALERIA | 226m²
Galeria para exposições e eventos.
AUDITÓRIO | 1042m²
Auditório para desfiles e demais eventos, com passarela, audiovisual e área de backstage.
LOJAS | 448m²
Sete lojas no térreo para usos como lanchonetes e lojas colaborativas.
CAFETERIA | 130m²
ADMINISTRATIVO | 300m² RECEPÇÃO | 74m²
Recepção de acesso a área administrativa e de apoio ao edifício.
SECRETARIA | 54m² 13,8%
2,8 2,3 % %
25,4%
COORDENAÇÃO | 40m² 55,7% ADMINISTRAÇÃO | 62m²
ÁREA PRÁTICA
ADMINISTRATIVO
SERVIÇOS
ÁREAS COMUNS
SALA DOS PROFESSORES | 70m²
PESQUISA
SERVIÇOS | 3271m²
ÁREAS COMUNS | 7189m²
BANHEIROS | 162m²
GALERIA | 226m²
Total de dez banheiros unissex.
Galeria para exposições e eventos.
DML | 36m²
AUDITÓRIO | 1042m²
Total de nove depósitos de limpeza em todo o edifício.
Auditório para desfiles e demais eventos, com passarela, audiovisual e área de backstage.
DEPÓSITOS | 36m²
LOJAS | 448m²
Total de nove depósitos em todo o edifício.
ALMOXARIFADO| 127m²
Sete lojas no térreo para usos como lanchonetes e lojas colaborativas.
ÁREA PRÁTICA
Um grande café no terraço do Complexo.
SALA DE APOIO TÉCNICO | 18m²
ÁREAS COMUNS FEIRA DO PILOTIS | 1394m²
Manutenção de equipamentos e maquinários.
BICICLETÁRIO | 30m² VESTIÁRIO BICICLETÁRIO | 24m² COPA FUNCIONÁRIOS | 30m²
ADMINISTRATIVO CAFETERIA | 130m²
Configuração com cinquenta stands no pilotis do Complexo.
PESQUISA
SERVIÇOS
VARANDAS E CIRCULAÇÃO DO COMPLEXO | 3949m²
Espaços públicos de circulação e estar do edifício.
VESTIÁRIO FUNCIONÁRIOS | 46m² CARGA E DESCARGA | 62m² Docas.
GARAGEM | 2932m²
Estacionamento com 99 vagas.
RESERVAT. DE ÁGUA SUPERIOR | 15m² Com capacidade para 30.000 L.
RESERVAT. DE ÁGUA INFERIOR | 30m² Com capacidade para 60.000 L.
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PARTIDO O processo para se chegar a uma ocupação generosa urbanísticamente do espaço levou em conta principalmente os fluxos existentes. Percebeu-se que a vista mais importante era de quem chegava de metrô, tinha a sua frente uma paisagem desempedida de edifícios, cheia de árvores. Essa perspectiva levou à implantação de um volume linear lateral ao terreno, que fortlaecia o fluxo de pedestres e os acolhia. O desafio então foi definir como se conformaria o piso e a praça a frente desse edifício.
croquis de estudo do partido feitos pela autora
50
51
Conformada, a praça permitiu a criação de uma galeria semienterrada, aproveitando um dos principais fluxos de pedestres identificados na área de intervenção. A possibilidade de fazer com que as pessoas que utilizam dessa área como passagem e aquelas que chegam pelo metrô, tivessem uma visão privilegiada do edifício se mostrou uma forte justificativa para se manter esse alinhamento com a vista desimpedida, uma vez que uma das intenções deste projeto é permitir que os usos internos do edifício sejam visíveis aos que transitam na região. Devido aos diferentes modais que possibilitam o acesso à área de intervenção, objetivou-se priorizar o pedestre nessa parte da cidade, a partir da criação de túneis subterrâneos em um trecho da área, para a passagem dos carros da Avenida Hélio Prates, mantendo apenas uma faixa de uso exclusivo aos ônibus no nível térreo. Entende-se que esse projeto serve para resolver problemáticas urbanas mais do que apenas um programa de necessidades. Por esse motivo, o Complexo para a Moda tambem é para a cidade. O projeto resolve a demanda por um espaço de educação, de formação profissional e de trabalho para os ceilandenses, ao mesmo tempo em que propõe uma reabilitação urbana a partir de uma intervenção impopular de se pedestrianizar uma área central da cidade. A ciclovia que antes era interrompida ao chegar na área comercial agora acontece junto aos pedestres, na parte central da área de intervenção, fazendo uma conexão com a área próxima ao metrô e depois se reconectando à malha original do outro lado do Complexo para a Moda. O nível térreo do edifício é o nível da rua, é a continuação da cidade. Assim, o edifício é solto do chão, recebendo um espaço livre para a conformação de uma área pública coberta, que permite a configuração de uma feira.
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Render da implantação N
Para o espaço vazio ao lado do metrô, onde um grande fluxo de pessoas passam diariamente, propõe-se a criação de uma grande praça arborizada, com intuito de amenizar o longo caminho existente e dar uso a esse lado da avenida. Com um simples tratamento paisagístico e a instalação de equipamentos públicos como quadras de esportes e áreas de estar e lazer, a intervenção irá potencializar e dar identidade a essa região de Ceilândia. Reconfigura os espaços públicos, tornando-os acolhedores à convivência e à permanência das pessoas, ao mesmo tempo em que melhora os percursos locais de passagem, ajudam a atrair mais moradores para a região, promovendo o bem-estar da comunidade.
Vista da Praรงa da Moda
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via N1
metrô edifício residencial
2
edifícios comerciais
1
4 3
praça do metrô
5 7 6 edifício residencial
praça da moda
residencial + comercial
av. hélio prates
edifícios comerciais
4 edifícios comerciais
edifícios comerciais
edifício residencial
8
mercado
edifícios comerciais
edifício residencial
via N2
MAPA DE IMPLANTAÇÃO N
escala 1:2500 fluxo urbano
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USOS DAS PRAÇAS Com a conformação de tantos espaços públicos novos, importante mostrar a potencialidade de cada um, sem pré definir tão estritamente, dando liberdade à ocupação natural dos espaços. Próximo ao metrô prioriza-se atividades com longa permanência durante o turno diurno, enquanto no complexo a praça permite um uso noturno maior.
3. arquibancada coberta
6. jardim residencial
1. espaço lúdico de estar
4. quiosques com mesas
7. anfiteatro
2. fontes de água
5. jardins internos aos edifícios
foto: 'The Flow' A Multipurpose Pavilion, Tailândia
foto: Teikyo Heisei University, Tóquio
foto: Sugar Beach, Canadá
foto: Monde & Medias, França
foto: Campus Corporativo Coyoacán, México
foto: Chicago Riverwalk, Estados Unidos
foto: Universidade Ewha, Coréia do Sul
8. jardim de estar
foto: Projeto Lonsdale Street, Austrália
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O COMPLEXO O edifício não transparece um uso específico, sendo adaptável a qualquer função a qual for empregado. Assim, nega o conceito de obsolescência programada ao permitir uma flexibilidade de arranjos físicos que aumenta a vida útil da edificação. Essa adaptabilidade e flexibilidade é garantida, entre outros fatores, pela regularidade estrutural, que possibilitou a criação de grandes vãos e fachadas livres, que facilitam diferentes configurações sem a necessidade de intervenção na integridade do edifício. Os outros fatores que caracterizam os espaços do edifício como não especializados são a continuidade espacial, que foi possibilitada pelo uso de rampas que conectam os diferentes níveis do edifício; e a disponibilidade de iluminação e ventilação natural, possibilitando o passeio do usuário ao longo do edifício, mostrando publicamente seus usos e ambientes internos. Por esse mesmo motivo, foi possível preservar uma circulação horizontal nos perímetros do edifício, criando varandas voltadas ao uso público, onde as pessoas podem ficar para conversar, ler, observar o entorno, além de permitir a extensão das áreas do programa que se abre para elas. Além disso, as varandas funcionam como proteção para as fachadas de maior incidência solar e possibilitam um maior relação do edifício com seu entorno, ao manter suas fachadas abertas para o exterior. O edifício cria um novo marco visual na paisagem local sem com isso agredir a atual configuração espacial do entorno. Devido a sua permeabilidade visual e leveza estrutural, o complexo mantem o dialogo com o contexto ao qual foi inserido, garantindo uma transparência das atividades que acontecem em seu interior, estando aberto e convidativo a todos que passam pela região.
56
O complexo respeita o gabarito dos edifícios próximos. O volume é recortado por meio das marcações horizontais possibilitada pelas lajes. Se configura em três pavimentos sobre um pilotis que se integra a uma grande praça. Nesse primeiro nível se encontram os dois primeiros lances das rampas que costuram a praça aos demais pavimentos do edifício. Cada rampa é voltado para os principais fluxos de chegada de pedestre. Além delas, duas torres com dois elevadores cada também possibilitam o acesso ao edifício. Uma passarela conecta a parte mais alta da topografia ao segundo nível do edifício. O nível térreo do edifício é o nível da rua, é a continuação da cidade. Assim, o edifício é solto do chão, recebendo um espaço livre para a conformação de uma área pública coberta, que permite a configuração de uma feira. A opção por uma caixa d’água segregada do edifício parte da necessidade de se ter um coroamento mais limpo para mais uma vez fortalecer a horizontalidade do edifício. Ao mesmo tempo a nova forma vertical da caixa d’água contrapõe essa horizontalidade e busca um equilíbrio na implantação do complexo na paisagem urbana. A decisão de uma estrutura metálica aparente em todo o projeto reforça a ideia da transparência e da verdade estrutural, ao permitir a exposição dos elementos construtivos e das instalações elétricas, facilitando as diferentes configurações futuras. Assim, o edifício assume sua importância como infraestrutura por ser um elemento transformador da paisagem local, que além de oferecer abrigo, articula os fluxos existentes, e promove a mobilidade local, configurando espaços verdadeiramente públicos que podem ser usados como a cidade preferir.
Vista de aproximação do Complexo da Moda
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STORYBOARD
Área atual sem intervenção, com declividade no menor sentido do terreno.
Movimentação de terra para a criação de dois níveis distintos.
Criação de rampas e galerias que resolvem o acesso aos níveis.
Locação do edifício linear que faz o fechamento da praça, equilibrado com o elemento vertical da caixa d’agua.
CONFORTO TÉRMICO Com todas suas fachadas protegidas por varandas, o edifício se adapta bem ao clima local, protegendo da incidência solar direta e permitindo a troca de ar entre seus ambientes, prevendo-se a desnecessidade de uso de ar condicionado no edifício, diminuindo o custo de manutenção do mesmo.
DIAGRAMA DAS CONDICIONANTES CLIMÁTICAS
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CIRCULAÇÕES As rampas e varandas se tornam uma continuidade do espaço público, respeitando os fluxos naturais e incentivando o uso do edifício por parte das pessoas. As escadas de incêndio seguem as normas previstas em lei para aprovação e os elevadores dão um suporte extra para o prédio à pessoas portadoras de necessidades especiais e idosos.
DIAGRAMA CIRCULAÇÃO VERTICAL E HORIZONTAL
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ZONEAMENTO DOS USOS ADMINISTRATIVO
ÁREA PRÁTICA
O projeto tenta equlíbrar os diversos usos que propõe. Mantendo sempre locais de interesses públicos em diferentes níveis e lugares para dar uma dinâmica ao prédio, sem prejudicar o uso nas áreas práticas e administrativas. Ao subsolo fica o uso de garagem, áreas técnicas, depósitos e backstage do auditório. No térreo temos a locação de espaço para comércio, como feira e lojas, e grandes eventos, como no anfiteatro e no auditório. O resto do edifício se divide abrigando as áreas práticas, administrativas e de pesquisa. De qualquer forma, importante lembrar que mesmo as áreas práticas não são privativas, o objetivo é que se tornem de uso semi-público, mesmo que administradas privativamente por uma empresa ou governo.
ÁREAS COMUNS PESQUISA
SERVIÇOS
DIAGRAMA DO ZONEAMENTO DOS USOS
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Vista da entrada atravĂŠs da passarela do edifĂcio
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ESTRUTURA A opção pelo sistema estrutural metálico se mostra coerente em relação à todo o discurso construído até esse ponto sobre os princípios do projeto. É um sistema com velocidade e praticidade de instalação, e apesar de ser proveniente de uma fabricação industrial, ele ainda é menos danoso do que a extração das matérias primas do concreto para o meio ambiente. Em Brasília já existem empresas especializadas atuantes e que conseguem fazer o trabalho com capacidade técnica profissional. As peças pré fabricadas permitem um planejamento de obra mais eficaz e menos desperdício de materiais, com uma obra limpa e organizada, sem escoras, fôrmas ou qualquer tipo de entulho, ainda permitindo uma desmontagem futura evitando material residual, ou seja, sempre evitando uma obsolescência. Toda a malha estrutural segue a malha de projeto, em módulos de 1,2m, sendo assim, os eixos estruturais se encontram no módulo de 6x6m longitudinalmente e 5,40x5,40m transversalmente. A estrutura também permite que o auditório seja conformado com um vão maior, apenas aumentando-se a altura da viga no local.
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Vigas maiores para vencer o vão do auditório
Pilares do edifício em perfil “I” - 310x202mm
Vigas do edifício em perfil “I” - 310x202mm
Estrutura das rampas com reforços para as lajes
Estrutura da passarela
Estrutura da galera
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PLANTA SUBSOLO
N
N=-2,80m
1. Auditório 2. Backstage 3. Banheiro backstage 4. Vestiário bicicletário 5. Bicicletário 6. Área funcionários 7. Banheiro funcionários 8. Sala de apoio técnico 9. Almoxarifado 10. Carga e descarga 11. Reservatório inferior 12. Garagem (100 vagas)
3
12 6
66
24
6
11
7
7
8
9
10 9
1
12
2 5
3
4
i=10%
PLANTA PILOTIS
N
N=0,00m
1. Auditório 2. Audiovisual 3. Banheiro administrativo 4. Sala dos professores 5. Administração 6. Coordenação 7. Laboratório de informática 8. Sala de reunião 9. Stands feira 10. Oficina colaborativa 11. Lojas 12. Anfiteatro 13. Caixa d’água
1 Acesso pedestres
3
12 6
68
2 Acesso garagem
24
11
11
11
11
11
11
11
12
i=
10
%
13
1
2
1 9
i=10%
3
1 4
5
6 8 8 8 8
2
10
7 9
9
PLANTA 1º PAVIMENTO
N
N=+3,12m
1. Galeria 2. Sala de workshop 3. Atelier de desenho 4. Secretária 5. Recepção 6. Atelier de costura 7. Biblioteca de moldes e tecidoteca 8. Anfiteatro 9. Caixa d’água
1 Acesso pedestres
3
12 6
70
24
8
1 9
1 1
2
3
4
5 6
7
PLANTA 2º PAVIMENTO
N
N=+6,24m
1. Biblioteca de livros 2. Sala de aula 3. Laboratório de estamparia e tingimento 4. Secretária 5. Atelier de modelagem e alfaiataria 6. Oficina de corte 7. Caixa d’água
3
12 6
72
24
7
1
2
2
2
3
5
6
PLANTA 3º PAVIMENTO
N
N=+9,36m
1. Estúdio fotográfico 2. Atelier de desenho 3. Atelier de tecelagem 4. Sala de workshop 5. Café 6. Atelier de costura 7. Atelier de modelagem e alfaiataria 8. Caixa d’água
3
12 6
74
24
8
1 1
2
4 3
det. módulo de circulação vertical
5
6
7
1
3
4
2
DETALHE MÓDULO CIRCULAÇÃO VERTICAL esc.: 1:50
2
76
5
6
1. Shaft de instalações 2. Elevador 3. Apoio com instalação hidráulica 4. DML 5. Banheiros unissex 6. Escada de incêndio
Vista da parte posterior do edifĂcio
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Vista da Praรงa do Complexo, com a feira a esquerda, lojas na galeria a direita e o auditรณrio na galeria aos fundos.
78
PLANTA DE INDICAÇÃO DOS CORTES AA E BB esc.: 1:1200
N
CORTE AA 3
12 6
24
+12,98m +9,36m +6,24m +3,12m 0,00m -3,10m
CORTE BB 3
12 6
24
+12,98m +9,36m +6,24m +3,12m 0,00m
det. fachada
Telhado em estrutura de aço com telhas metálicas
Vigas em aço perfil “I” de 310x202mm
Lajes de concreto armado tipo steel deck - h=110mm
Guarda-corpo metálico com fechamento em malha metálica
Esquadrias de alumínio com fechamento em vidro
Pilares em aço perfil “I” de 310x202mm
DETALHE FACHADA 0.5
2 1
Embasamento em concreto moldado in-loco
3 83
Rufo com pingadeira em argamassa armada Platibanda em alvenaria Telhas metálicas - i=15% Calha metálica Estrutura do telhado em aço Laje cobertura em concreto armado
Viga metálica
Esquadria de alumínio
DETALHE 01 esc.: 1:10
84
Vista noturna da entrada atravĂŠs da passarela do edifĂcio
85
Guarda-corpo perfil tubular metálico quadrado Piso em Granilite Contrapiso Laje steel deck Perfil de arremate Eletroduto metálico aparente
Viga metálica perfil “I”
DETALHE 02 esc.: 1:5
86
Vista noturna de aproximação do Complexo da Moda
87
CONCLUSÃO
UM EQUIPAMENTO URBANO Acredito que o projeto inseriu-se na paisagem da região ao mesmo tempo misturando-se e destacando-se. Seu comprimento linear horizontal chama atenção, ao mesmo tempo em que suas fachadas livres dão uma permeabilidade visual que o deixa mais leve. A implantação respeita os fluxos existentes e os reforça, requalificando a área. Prioriza os pedestres, ciclistas e o transporte público. Ou seja, é generoso com a cidade, segue objetivos humanistas de projeto acima de qualquer outro valor. Ele se preocupa com as pessoas, abriga, recebe e acolhe. O edifício deixou de ser apenas um local para abrigar um programa, e tornou-se, de fato, um equipamento urbano, uma série de avarandados que servem como praças sobrepostas, públicas e de fácil acesso, com vistas, ao mesmo tempo, para dentro e fora do edifício. Um objeto de curiosidade acessível e que desperta o interesse dos transeuntes O programa objetiva impulsionar um comércio e tradição locais, dando espaço para a ocupação natural do complexo, deixando a questão de apropriação em aberto, dando opções diferentes, como uma praça arborizada, uma seca, um anfiteatro, varandas, rampas, pilotis coberto, espaços reservados, auditório e outros elementos abertos à cidade. Não há a pretensão de construir um ícone ou edifício modelo arquitetônicamente, todos os princípios e valores que nortearam esse projeto foram tendo em vista a urbanidade e a melhoria de vida dos cidadãos ceilandenses. Que esse projeto seja visto enquanto um desejo de melhoria de espaços públicos e de edifícios abertos à cidade e às pessoas. Que a moda deixe de ser um artigo de luxo e símbolo de exploração de mão de obra, e comece a ser vista como um meio de expressão e produção cultural ao invés de um item de consumo. Que ela seja acessível tanto para interessados em produzir quanto em adquirir, e que um tenha o conhecimento do outro. Respeitando-se, assim, um convívio harmônico entre produção e consumo, entre pessoas e a cidade.
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Vista do Complexo a partir da saída da estação do metrô
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AGRADECIMENTOS
Ao fim de uma jornada dessas, não consigo ficar sem agradecer a todos que estiveram comigo durante todos esses cinco anos de faculdade. Deus sempre em primeiro lugar, pois nada disso seria possível sem Ele. À minha família que deu todo o apoio e suporte emocional e financeiro, que acreditaram em mim e sempre me incentivaram a continuar mesmo quando estava exausta. Eu amo vocês. <3 Ao meu querido Jojo, o melhor presente que essa faculdade me deu. Meu companheiro, meu amigo, meu eterno monitor. Aprendo tanto com você! Muito obrigada por todas as experiências maravilhosas que você me proporcionou na faculdade e na vida. Eu te amo muito, meu amor! s2 Ao pessoal da Esquadra, escritório que me acolheu e ensinou tanto nos dois últimos anos, parte desse projeto é, sem dúvidas, um reflexo do que aprendi lá dentro. Sou eternamente grata pela oportunidade. Aos meus amigos que me ajudaram durante o processo desse trabalho: Minha chefe e amiga, Caroline Albergaria, que além de me dar o apoio necessário no trabalho, me ajudou na pós produção das imagens aqui contidas; Minha querida Flor, Jéssica Schmitt, que além de ser minha amiga desde o ensino fundamental, fez minha linda maquete, por mais trabalhosa que tenha sido, com muito amor; Ao meu querido Pedriago, que, mesmo a distância, ajudou na reta final discutindo e opinando sobre o meu projeto. Aos meus amigos e companheiros de curso, Érika Felix, Gabriela Ferrari, Tayra Covolan, Gustavo Santos, Aline Freitas, que estiveram comigo durante o trajeto desses anos, sendo parceiros em trabalhos e momento de descontração e divertimento, quero levá-los para a vida. À minha orientadora Cecília de Sá, que me acompanhou durante esse ano inteiro, sempre muito exigente, puxando o trabalho pra cima e acreditando na minha capacidade. Obrigada pela disponibilidade e ao fim a voluntariedade de continuar o trabalho, tanto comigo como com os outros orientandos; os quais agradeço também, Natália Rios e Giovanni Muñoz, pela amizade e apoio construídos e tão pouco tempo.
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Sou feita de retalhos. Pedacinhos coloridos de cada vida que passa pela minha e que vou costurando na alma. Nem sempre bonitos, nem sempre felizes, mas me acrescentam e me fazem ser quem eu sou. Em cada encontro, em cada contato, vou ficando maior. Em cada retalho, uma vida, uma lição, um carinho, uma saudade…que me tornam mais pessoa, mais humano, mais completo. E penso que é assim mesmo que a vida se faz: de pedaços de outras gentes que vão se tornando parte da gente também. E a melhor parte é que nunca estaremos prontos, finalizados…haverá sempre um retalho novo para adicionar à alma. Portanto, obrigada a cada um de vocês, que fazem parte da minha vida e que me permitem engrandecer minha história com os retalhos deixados em mim. Que eu também possa deixar pedacinhos de mim pelos caminhos e que eles possam ser parte das suas histórias. E que assim, de retalho em retalho, possamos nos tornar, um dia, um imenso bordado de nós.
- Cora Coralina
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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| Livros
| Artigos
- BENJAMIN, Walter. Passagens. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2009
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- MOLLOY, Jonathan C. trad. BARATTO, Romullo. Pode a arquitetura nos tornar mais criativos? Disponível em <http:// www.archdaily.com.br/br/01-117575/pode-a-arquitetura-nostornar-mais-criativos> acessado em 29 de maio de 2017.
| Links - Ministério da Cultura, Pesquisa e cultura da moda no Brasil. Disponivel em < http://www.iniciativacultural.org.br/wp-content/ uploads/2011/01/Pesquisa-Economia-e-Cultura-da-Moda-2012. pdf> acessado em 12 de março de 2017. - SEBRAE, Como o Sebrae atua no segmento de Economia Criativa. Disponível em < https://www.sebrae.com.br/sites/ PortalSebrae/segmentos/economia_criativa/como-o-sebrae-atuano-segmento-de-economia-criativa,47e0523726a3c510VgnVCM10 00004c00210aRCRD> acessado em 29 de maio de 2017. - MONFRÉ, Thaís. Conexões Criativas - Trabalho Final de Graduação de Arquitetura e Urbanismo, Universidade São Judas Tadeu, 2015. < https://issuu.com/thaismonfre/docs/tfgthaismonfre> acessado em 29 de maio de 2017.
- SIMMEL, Georg. Filosofia da Moda - e outros escritos. Portugal: Texto e Grafia, 2008.
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