Complexo Multifuncional - República

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COMPLEXO MULTIFUNCIONAL - REPÚBLICA

ensaio de uma nova apropriação urbana no centro


COMPLEXO MULTIFUNCIONAL - REPÚBLICA

ensaio de uma nova apropriação urbana no centro

TRABALHO DE CONCLUSÃO UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SANTOS FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO DE SANTOS

MARIANA SUZUKI RIBEIRO ORIENTADOR: NEY CALDATTO BARBOSA

SANTOS, 2018


À memória de meu avô, por seus ensinamentos e valores passados. E aos meus pais João e Leila, por toda dedicação e apoio.


AGRADECIMENTOS Agradeço aos professores da FAUS, por todo o conhecimento e sabedoria compartilhados. Ao meu orientador Ney Caldatto, pelo apoio, confiança e por todas as conversas e opiniões que incentivaram muitas escolhas neste trabalho. Ao Ricardo Granata, pelas consultas estruturais. Ao Fernando, por ter se disponibilizado a registrar as fotografias deste trabalho. Aos meus amigos, em especial à Maithe, Beatriz e Isabela, por todos os momentos e pela amizade. E ao Bruno, por tudo e mais um pouco.


“E, quem dera, os moradores E o prefeito e os varredores E os pintores e os vendedores As senhoras e os senhores E os guardas e os inspetores Fossem somente crianças.â€? (Chico Buarque)


RESUMO A região do centro de São Paulo foi palco de diversas transformações ao longo da história e hoje é marcada por fortes contradições. Local de grande diversidade, abriga potencialidades e precariedades que convivem de forma dinâmica, possibilitando novas formas de reconstruir e revitalizar seus espaços. Há décadas, São Paulo tem mostrado interesse em discutir a região do centro propondo mudanças e políticas de intervenção. O presente trabalho apresenta uma nova forma de apropriação do centro, visando espaços transformadores e habitados, de caráter público e semi-público e frequência constante. Para tanto, foram analisadas as principais questões e potencialidades da região da Praça da República, bem como seu acervo histórico-cultural. Os estudos e levantamentos resultaram numa proposta que repensa a arquitetura e a cidade contemporânea e sugere a construção de novos edifícios sobre a massa consolidada, preenchendo as lacunas e vazios da quadra de estudo. Palavras-chave: centro, acervo histórico-cultural, revitalização, cidade contemporânea.


ABSTRACT Sao Paulo downtown was the stage of several transformations throughout its history and today is marked by strong contradictions. A place of great diversity, it harbors potentialities and precariousness that coexist in a dynamic way, enabling new ways of rebuilding and revitalizing its spaces. For decades, Sao Paulo has shown interest in discussing old downtown, proposing changes and intervention policies. The present work hereby presents itself as a new form of appropriation of Sao Paulo downtown, aiming the transforming and inhabited spaces, of public and semi-public character, of constant attendance. For that, the main issues and potentialities of the Republic Square´s region, as well as its historical-cultural heritage, were analyzed. The studies and surveys resulted in a proposal that rethinks the architecture and the contemporary city while suggests the construction of new buildings on the consolidated mass, filling the gaps and voids of the block studied. Keywords: downtown, historical-cultural heritage, revitalization, contemporary city.


SUMÁRIO 1. Introdução 17 2. Motivações para a escolha da região

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3. O local 27 3.1 Processos de formação do centro 3.2 Consolidação do Centro Novo, apogeu, decadência e abandono 3.3 Revitalização do centro a partir do séc. XX 3.4 A Retomada – Investimentos na área central no séc. XXI 4. Demanda atual das grandes metrópoles 39 4.1 O impacto da tecnologia nas cidades 4.2 A arquitetura do uso compartilhado 4.3 Velhos conceitos, novas formas de projetar 4.4 O novo morar, trabalhar e viver 5. Diagnóstico da área 53 5.1 Visão Geral 5.2 Problemas x Potencialidades 5.3 A quadra 5.4 Transformação da quadra 5.5 Levantamento Fotográfico 6. A proposta 95 6.1 Estudos de caso 6.2 Justificativa 6.3 Objetivos 6.4 Partido 6.5 Projeto 7. Bibliografia

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1. INTRODUÇÃO


São Paulo, desde sua origem no séc. XVI, esteve relacionada com a produção econômica e a partir dessa relação, se transformou diversas vezes ao longo de sua história. A cidade de taipa, deu lugar à metrópole do café e posteriormente à cidade moderna, renovando seus significados e sua relação com o habitante que a vivencia. O centro foi palco dessas transformações, desde a abertura do Centro Novo pela inauguração do Viaduto do Chá, seu crescimento e desenvolvimento ao longo do século XIX e a decadência que sucedeu durante o século XX. A implantação do Plano de Avenidas, os processos de verticalização e o surgimento dos equipamentos urbanos nas décadas de 30 e 40, construíram a paisagem da região que permanece até os dias de hoje. A escolha do local se deu a partir de inquietações e questionamentos sobre as potencialidades de reocupação do acervo construído de áreas adensadas da metróple. Considerando sua infraestrutura urbana expressiva, mobilidade urbana e carências, o projeto buscou transformar o acervo e a infraestrutura existentes, propondo novos programas e novos edifícios sobre a massa consolidada. O programa está em sintonia com a contemporaneidade ao inserir atividades voltadas à economia criativa, à economia compartilhada e aos novos hábitos da vida nas grandes cidades, que vêm mudando não só a forma de como nos relacionamos com os bens materiais, como também nos conectamos com as pessoas e os espaços em que vivemos. 18

A proposta se apresenta como experimento à uma nova apropriação do espaço urbano, visando ambientes transformadores e habitados, de frequência constante, buscando novas formas de revitalizar os centros urbanos.

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2. MOTIVAÇÕES PARA A ESCOLHA DO LOCAL


Em visitas ao centro de São Paulo, pude perceber os problemas e desafios que a região enfrenta atualmente, principalmente acerca dos edifícios abandonados e invadidos. A ideia inicial do trabalho era requalificar o edifício Wilton Paes de Almeida (recém desmoronado), propondo habitação de interesse social. No entanto, após estudos preliminares e conversas com o orientador, entendi que a região apresenta muitas outras questões e problemas que vão além dos edifícios abandonados. Em busca de estudar novas formas de revitalizar o centro e entender as relações invisíveis do local, voltei meu olhar às proximidades da Praça da República, a fim de propor possíveis exemplos de articulações urbanas. A escolha da quadra para a realização deste trabalho foi motivada por sua localização e características. Encontra-se localizada na região do distrito da República, porção urbana dotada de infraestrutura, equipamentos, transporte público e edifícios de valor arquitetônico, histórico e cultural, apresentando grande potencial para o desenvolvimento da proposta.

Vista Largo do Paissandu. FONTE: Acervo Pessoal, julho 2018.

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3. O LOCAL

Vista aérea Praça da República, 2018. FONTE: Setin Incorporadora. Disponível em: <https://www.setin.com.br/residencial/ downtown-republica#&gid=1&pid=24>. Acesso em 05 de julho de 2018.


3.1 PROCESSOS DE FORMAÇÃO DO CENTRO Existem diversas maneiras de contar a evolução da cidade de São Paulo (especialmente da região central). Em Anhangabaú: história e urbanismo (2004), José Geraldo Simões Júnior destaca três etapas e escolhe a palavra “polarização” para narrar a evolução do núcleo histórico através de migrações ocorridas na localidade, desde sua fundação até o início do século XXI. A primeira etapa coloca o desenvolvimento da cidade, durante os séculos XVI e XVII, no alto da colina, circunscrita no triângulo histórico [1], na confluência entre os rios Tamanduateí e Anhangabaú. A segunda etapa se dá a partir da “polarização” do centro da cidade rumo ao norte, após a construção da estação da Luz e linhas ferroviárias [2] se localizando nessa direção, que passou por processos de modernização e valorização, o que ocasionou inúmeros melhoramentos para a região. A terceira etapa definida por Geraldo Simões Júnior, se inicia após a construção do Viaduto do Chá, com a abertura do que viria a ser o Centro Novo e uma nova “polarização” do centro rumo a oeste.

[1] Ocupação de três pontos da colina, por três ordens religiosas, a dos beneditinos, a dos carmelitas e a dos franciscanos, com seus respectivos conventos. Esses três pontos acabaram definindo três vértices de um triângulo, onde as principais ruas centrais foram determinadas como conexão desses vértices. (OLLERTZ, 2008). [2] Construção da Estação da Luz e Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, em 1867, resultantes do crescimento da economia cafeeira.

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3.2 CONSOLIDAÇÃO, DECADÊNCIA E ABANDONO

Jardins do Anhangabaú e Viaduto do Chá em 1927. FONTE: Wikipedia. Disponível em: <https:// pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Palacetes_Prates_e_Vale_do_Anhangaba%C3%BA.jpg>. Acesso em 03 de abril de 2018.

Com a inauguração do Viaduto do Chá (1892), o Centro Novo e o Anhangabaú passaram a ser os espaços mais valorizados no setor central. A situação é reforçada pelas construções dos edifícios Caetano de Campos (1894) e Teatro Municipal (1911). A primeira década do século XX é então marcada pela expansão da área urbana e rápido crescimento demográfico, acompanhados naturalmente pelo ritmo das construções urbanas e do crescimento das atividades comerciais. Esses fatores acabaram gerando problemas e congestionamentos na região do centro, exigindo investimentos urbanísticos. Em 1910 é realizado o ajardinamento do Vale do Anhangabaú, resultando na formação do Parque do Anhangabaú e na polarização do Centro da cidade em torno desse novo parque. Após inúmeras propostas e projetos de remodelação da área central é concluído em 1917-1918 o Plano de Melhoramentos para o Vale (Plano Bouvard) [3], que marcou o início do urbanismo em São Paulo. “A produção, no Anhangabaú, de uma paisagem que simbolizasse o centro de uma cidade moderna e cosmopolita seria o fator que consolidaria a polarização dessa área em relação ao restante do Centro da cidade. Estariam assim criadas as condições para que, a partir dos anos 1920, a expansão do Centro pudesse se efetivar para além-viaduto, nas imediações da rua Barão de Itapetininga – região essa que futuramente seria designada “Centro Novo”. (JÚNIOR, 2004, p. 82).

Vista aérea Praça da República déc. de 40. FONTE: Archdaily. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/888147/classicos-da-arquitetura-edificio-esther-alvaro-vital-brasil-e-adhemar-marinho>. Acesso em 13 de março de 2018.

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A expansão do centro rumo oeste, que teve início no começo do século XX, só se consolida definitivamente nas décadas de 1920 e 1930, após a construção do novo Viaduto do Chá, mais largo que o anterior. “Assim, a expansão do Centro da cidade inicia a sua “marcha para oeste”. Do Tamanduateí já se havia transferido para o Anhangabaú e, nesse momento, prosseguia atravessando o Viaduto do Chá em direção à praça da República [...].” (JÚNIOR, 2004, p. 164). Nesse período, o processo de metropolização da cidade foi marcado pelas discussões sobre a questão da expansão da área central, e, mais tarde, com a implantação da estrutura viária radial-perimetral prevista pelo Plano de Avenidas (efetivado a partir de 1940) de Prestes Maia, abriram-se novos vetores para a expansão do centro, possibilitando assim uma nova conexão com o restante da cidade. Essas ações acabaram por incentivar a transferência de inúmeras empresas para locais como a Avenida Paulista e Avenida Brigadeiro Faria Lima, acentuando o deslocamento da centralidade para além do Centro Novo, rumo sudoeste.

[3] Plano elaborado por Joseph Antoine Bouvard, para a gestão do Prefeito Antônio Prado, para resolver questões de mobilidade, estetização e salubridade da região central de São Paulo.

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As obras viárias privilegiaram o centro novo, criando uma frente de expansão para os investimentos imobiliários, que vinha de encontro aos interesses da crescente indústria de materiais de construção. Até o final da década de 30, grande parte dos edifícios construídos na capital estavam localizados no centro, mas a década de 50 praticamente encerrou as atividade s construtivas com projetos como o Edifício Esther, Edifício Itália, Copan e Galeria Metrópole. As décadas de 1960 e 1970 marcam uma nova fase para o centro. A consolidação do automóvel e da indústria automotiva, o fenômeno de “desconcentração” do parque industrial, as intervenções no sistema viário e o surgimento de novos centros iniciaram o processo de esvaziamento populacional e abandono do centro, até o início dos anos 1990, evidenciando os sintomas da decadência urbana que sucedeu. Por outro lado, a construção das linhas do metrô, Norte-Sul (1974-1978) e Leste-Oeste (1979-1988), e a consolidação dos terminais de ônibus, garantiram boas condições de acessibilidade à região do centro por transporte coletivo. Isso alterou o perfil dos usuários do centro, que se tornou ponto de comércio e serviços de caráter popular. Hoje, embora ainda abrigue uma população residente, no centro predominam as atividades comerciais, financeiras e administrativas, de lazer e cultura.

Viaduto do Chá, 1955. FONTE: Chico Albuquerque / Convênio Museu da Imagem e do Som - SP/Instituto Moreira Salles.

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3.3 REVITALIZAÇÃO DO CENTRO A PARTIR DO SÉC. XX Diante deste cenário de descentralização, surgimento de novos centros e do consequente esvaziamento e degradação da região do centro histórico, o poder público, no final do século XX, inicia uma discussão sobre a revitalização urbana das áreas centrais da cidade, que perdura até hoje. Após a conclusão da reurbanização do Vale do Anhangabaú (1991) [4], foram elaboradas diversas propostas projetuais e de gestão do espaço público visando a revitalização da área como forma de atrair investimentos para a região.

Edifício Alexander Mackenzie, antiga sede da Light. FONTE: Acervo Pessoal, julho de 2018.

[4] Aterramento das pistas de tráfego Norte-Sul sob o Vale do Anhangabaú, onde foi projetado o atual parque, de circulação preferencial de pedestres e área de realização de eventos.

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Herenú (2007, p. 339) destaca alguns desses projetos: “a nova cobertura do acesso superior à Galeria Prestes Maia e a remodelação da Praça do Patriarca, a instalação de uma filial do MASP no salão de exposições dessa mesma galeria, transformação do Edifício Alexander Mackenzie, antiga sede da Light, em Shopping Center, transformação ainda não concluída, do Edifício Central dos Correios em centro cultural e mais recentemente a instalação da sede da Prefeitura Municipal no Edifício Matarazzo. Algumas intervenções pontuais tiveram de ser realizadas também para amenizar deficiências do projeto, como a nova passarela de acesso ao Terminal Bandeira. ” Também pontua a fundação da Associação Viva o Centro (1991) e seus objetivos: contribuir para a revalorização histórica, arquitetônica e urbanística; para o desenvolvimento e aprimoramento humo e social; para a animação e efervescência cultural em todos os aspectos; para a pesquisa, o estudo e o desenvolvimento das ciências e da educação, entre outras con-

tribuições, em benefício da região central da Cidade de São Paulo (Centro). Além desses projetos, o Programa de Requalificação Urbana Nova Luz (2011) também foi um programa criado pelo poder público com o objetivo de requalificar a região central (especificamente o bairro da Luz). O programa tem como objetivos: Preservação e recuperação do patrimônio histórico; Incremento da área destinada para o uso residencial, propiciando o aumento da densidade demográfica com objetivo de permitir que mais cidadãos possam usufruir das vantagens locacionais deste setor da cidade; Consolidação da área destinada a habitação de interesse social, indicada como ZEIS 3 no Plano Diretor Estratégico, com a produção de mais de 1.500 unidades habitacionais. Esta ação constitui uma importante oportunidade de garantir a consolidação de um novo núcleo habitacional de interesse social na área central da cidade; Criação de uma rede de espaços públicos capazes de recepcionar melhor os usuários da região assim como moradores e trabalhadores. (PUE, 2011) Ao longo da história, a região do centro se consolidou como grande polo financeiro, comercial, bancário e de serviços, e ainda hoje conserva essas atividades, evidenciando sua importância. A morfologia de suas ruas e os edifícios antigos, que ainda se mantém, representam heranças arquitetônicas, de grande valor histórico e cultural, diferenciando o centro das demais regiões do município, justificando tais projetos e propostas de requalificação.

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3.4 A RETOMADA – INVESTIMENTOS NA ÁREA CENTRAL NO SÉC. XXI O centro é a porção urbana que melhor reflete a identidade e a força da cidade dinâmica, multicultural, próspera e vibrante que é São Paulo. Contudo, apesar de contar com uma ampla oferta de infraestrutura, equipamentos culturais nobres e abrigar elementos expressivos da memória da cidade, reverbera, para muitas pessoas, a imagem de uma área degradada, insegura e violenta.

Fachada Praça das Artes. FONTE: Archdaily. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/ br/626025/praca-das-artes-brasil-arquitetura>. Acesso em 12 de novembro de 2018.

Vista aérea Sesc 24 de Maio. FONTE: Archdaily. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/ br/889788/sesc-24-de-maio-paulo-mendes-da-rocha-plus-mmbb-arquitetos>. Acesso em 12 de novembro de 2018.

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tos ligados à inovação e cultura, somado ao acervo existente, darão ainda mais visibilidade e dinamismo à região, tornando o centro cada vez melhor em termos de qualidade de vida.

Porém, nos últimos 20 anos, a região presenciou sinais positivos de recuperação por meio de esforços, tanto do setor público quanto da iniciativa privada, revertendo uma longa tendência de queda da população. Foram executados na região projetos de reabilitação de edifícios para moradia social (Programa Renova Centro, da COHAB-SP) e o Programa de Recuperação de Cortiços, realizado pela Secretaria Municipal de Habitação. Da mesma forma, a iniciativa privada tem executado empreendimentos habitacionais no centro, como por exemplo os investimentos da Incorporadora Setin, voltados a um público jovem, que busca praticidade e boa localização. Iniciativas de requalificação do espaço público também estão em andamento, conforme se verifica no Largo do Arouche, além de recentes projetos simbólicos como a Praça das Artes, SESC 24 de Maio e Farol Santander. Passando da revitalização aos novos negócios, restaurantes, espaços culturais, bares, cafés e baladas têm abraçado o pluralismo cultural e a diversidade da região, reaproveitando espaços esquecidos pelo tempo, contribuindo para mobilizar a vida noturna e a cena artística do centro. A crescente oferta de equipamen37


“Religar a cidade com seu espaço umbilical, restaurando o fluxo vital e biunívoco entre seu núcleo original e o todo, é fundamental para o futuro de São Paulo. Afinal, “alguma coisa acontece no meu coração...”. ” (LERNER, 2017).

4. DEMANDA ATUAL DAS GRANDES METRÓPOLES


4.1 O IMPACTO DA TECNOLOGIA NAS CIDADES A tecnologia alterou a forma como nos comunicamos, consumimos, trabalhamos, e ocupamos o meio físico, transformando o mundo e melhorando o bem-estar humano. Como resposta aos desafios enfrentados pelas grandes cidades, a empresa Sidewalk Labs do Google, que investe em design urbano, anunciou em 2017 a confirmação da construção do “Sidewalk Toronto” no Canadá. Trata-se de um plano de revitalização para o bairro de Quayside, na orla da cidade canadense, que adotará como prioridades a sustentabilidade ambiental, acessibilidade, mobilidade e oportunidades econômicas. Ao que parece, a Sidewalk Labs quer que a região seja um bairro de uso misto, amigável aos pedestres. Esboços mostram estações de compartilhamento de bicicletas, prédios residenciais, linhas de ônibus e parques. [5] Dentre suas inovações estão um sistema local de transporte elevado, que permitirá que veículos autônomos viajem no solo e se conectem a cabos aéreos ou guias por meio de estações de lançamento. O bairro será equipado com painéis de sensores que monitoram a qualidade do ar e o uso de equipamentos públicos como lixeiras e bancos públicos. As ruas terão acesso restrito a veículos convencionais, priorizando pedestres e ciclistas.

Figura 1 e 2: Ilustração conceitual para o plano Sidewalk Toronto. FONTE: Urban Toronto. Disponível em: <http://urbantoronto.ca/news/2017/10/technology-behind-sidewalk-torontos-concept-images>. Acesso em 23 de novembro de 2018.

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[5] SIMÕES, Daniela. “Google vai planejar bairro de alta tecnologia em Toronto”. Brasil, 2018. Disponível em: < https://epocanegocios.globo.com/ Mundo/noticia/2018/07/google-vai-planejar-bairro-de-alta-tecnologia-em-toronto. html>. Acesso em 23 de novembro de 2018.

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Assim como a Sidewalk Labs, diversas empresas têm investido em inteligência artificial, realidade virtual e aumentada, drones, carros autônomos e voadores e supercomputadores de bolso. “Hoje, milhões de pessoas trabalham como desenvolvedores de aplicativos, motoristas de compartilhamento de viagens, operadores de drones e profissionais de marketing de mídia social - trabalhos que não existiam e que seriam difíceis de imaginar dez anos atrás. ” (DIXON, 2016, tradução nossa).[6]

Conforme publicação do escritório Jaime Lerner Arquitetos Associados “O núcleo da metrópole paulista está unicamente posicionado para se alçar como polo da economia criativa. A região foi, e continua sendo, o grande hub da imigração nacional, território da mescla de etnias e classes sociais, do encontro das diversas “tribos” de nossa antropologia urbana.” O escritório aponta sete clusters de atividades com potencial de desenvolvimento no âmbito da economia criativa na região do centro.

O desenvolvimento da tecnologia e a informatização de diversos conteúdos, disponibilizou novas alternativas e fez surgir plataformas e aplicativos que têm revolucionado o mercado e nosso potencial de acesso a conteúdos, conhecimento, pessoas e lugares. Essas novas mídias criaram um ambiente propício e conduziram novos modelos econômicos, que impulsionaram a economia criativa e a economia compartilhada. A contemporaneidade, marcada pela fluidez, rapidez, maleabilidade, vê emergir como importante vertente de desenvolvimento econômico a “economia criativa”, caracterizada pelo conjunto das atividades relacionadas à produção e distribuição de bens e serviços que utilizam a criatividade e as habilidades dos indivíduos ou grupos como insumos primários.[7]

Mapeamento dos sete polos da economia criativa na região do Centro. FONTE: Jaime Lerner Arquitetos Associados. Disponível em: <http://jaimelerner.com.br/pt/portfolio/sao-paulo-centro-novo/>. Acesso em 23 de novembro de 2018.

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[6] “Today millions of people work as app developers, ride-sharing drivers, drone operators, and social media marketers — jobs that didn’t exist and would have been difficult to even imagine ten years ago.” [7] LERNER, Jaime. Centro Novo, uma visão para o Centro de São Paulo. São Paulo, 2018. Disponível em: <http://jaimelerner. com.br/pt/portfolio/sao-paulo-centro-novo/>. Acesso em 23 de novembro de 2018.

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Uma vez que os princípios da economia se baseiam no conhecimento, nas redes e no compartilhamento de informações, é preciso criar espaços de qualidade urbana que estimulem a permanência e incentivem a criação e o intercâmbio de ideias. Landry (1995 apud MONFRÉ, 2015), no artigo The Creative City reforça a ideia mencionada acima, em que, novas formas de produção necessitam de novas infraestruturas e lugares. A interação que fazemos com o meio virtual, naturalmente, alterou a forma como vivemos no nosso meio físico. Adquirimos novos hábitos e comportamentos que transformaram o modo de morar, trabalhar e de viver principalmente nas grandes metrópoles. Passamos a buscar alternativas mais baratas e sustentáveis e o compartilhamento se tornou uma ferramenta de interesse coletivo. Compartilhar meios de transporte, moradia, espaços, bens e serviços se tornou realidade e tendência principalmente nos grandes centros urbanos como, Londres, Nova York, e Shangai.

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4.2 A ARQUITETURA DO USO COMPARTILHADO Vivemos a era do compartilhamento, representada por empresas como a Uber e Airbnb. Esses novos modelos de negócios redesenharam o mercado e as relações de consumo, e a tendência é que cada vez mais as pessoas procurem por produtos e serviços compartilhados. A nova geração, chamada disruptiva² passou a considerar o acesso mais importante do que a posse. É uma mudança de paradigma que vem alterando não só a forma como nos relacionamos com os objetos, mas como nos relacionamos com os espaços. Como reflexo disso, as cidades começam a oferecer ambientes com caráter multidisciplinar, onde pessoas e os diferentes setores interagem entre si, afim de melhores resultados, estimulando a rede e processos colaborativos. Dentro desse contexto, sendo a arquitetura responsável pela construção dos espaços em que vivemos, é natural que, nesse momento de desmaterialização, haja uma mudança na elaboração de projetos. Em São Paulo, assim como em outros grandes centros ao redor do mundo, a realidade urbana tem mudado para melhor. O que vemos hoje é uma mudança na concepção do desenho arquitetônico dos novos empreendimentos, que estão considerando cada vez mais o coletivo, adotando princípios do cohousing, coliving e coworking.

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4.3 VELHOS CONCEITOS, NOVAS FORMAS DE PROJETAR Apesar de atual, o conceito de cohousing teve origem nos anos 1970, a partir do Sættedammen - primeiro projeto cohousing do mundo - construído na Dinamarca por um grupo de aproximadamente 35 famílias. De acordo com Kathryn McCamant e Charles Durret (2011 apud BEZERRA, 2015), Cohousing é um tipo de comunidade intencional para pessoas que buscam um estilo de vida alternativo, o qual tem como prioridade resgatar o verdadeiro sentido de bairro e viver em comunidade. O cohousing consiste em uma forma alternativa de comunidade, em que seus moradores vivem em casas individuais construídas em terrenos compartilhados. Apesar de se assemelhar à vilas e condomínios, esse estilo de vida tem como principal objetivo a integração entre seus moradores, através do método participativo, que vai desde a concepção projetual da comunidade, até sua construção final, gestão e manutenção. Uma característica marcante nesse tipo de comunidade é a “casa comum”, onde se pode encontrar lavanderia, cozinha, refeitório, biblioteca, salas de convívio e assim por diante, variando de acordo com as necessidades de cada grupo. Com o tempo, o movimento evoluiu principalmente como resposta às questões contemporâneas das grandes cidades. O coliving surgiu como uma solução para a escassez de moradia, sustentabilidade e otimização de gastos, e o coworking como uma nova forma de pensar o ambiente de trabalho, mais flexível, criativo e participativo. 48

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4.4 O NOVO MORAR, TRABALHAR E VIVER

Planta decorada, apartamento 20m². FONTE: Incorporadora Setin. Disponível em: < https:// www.setin.com.br/residencial/downtown-sao-luis >. Acesso em 05 de julho de 2018.

Living apartamento decorado 20m². FONTE: Incorporadora Setin. Disponível em: < https:// www.setin.com.br/residencial/downtown-sao-luis >. Acesso em 05 de julho de 2018.

Espaço de trabalho compartilhado, WeWork Paulista. FONTE: Folha de S. Paulo. Disponível em: < https://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2017/07/1903067-novo-espaco-de-trabalho-compartilhado-na-paulista-tem-cafe-e-chope-a-vontade.shtml >. Acesso em 05 de julho de 2018.

Área comum do WeWork Paulista. FONTE: WeWork. Disponível em: < https://www. wework.com/pt-BR/buildings/paulista-1374--sao-paulo >. Acesso em 05 de julho de 2018.

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Apesar da motivação principal de ambientes de coliving e coworking ser a divisão e otimização de gastos, grande parte dos adeptos desses novos estilos de vida buscam espaços dinâmicos e sustentáveis, que possibilitem a troca de experiências e estimulem a convivência com liberdade. Esses novos pensamentos tiveram reflexos diretos na arquitetura. O novo morar, nas grandes cidades, considera o edifício como continuação da casa e estimula a convivência entre os moradores. Envolve ambientes vivos, onde os habitantes compartilham áreas comuns como, lavanderia, salas de reunião e home office. As unidades tendem a ser menores, com ambientes integrados, móveis práticos e multifuncionais. A sala deixa de ser voltada para a televisão e os espaços passam a ser projetados em função das experiências em grupo e da reunião da família e amigos. Apesar de recentes no Brasil, alguns conceitos dessas tendências já podem ser vistos em novos empreendimentos por aqui. “Em São Paulo, 36,8% das unidades vendidas em 2017 são de pequeno porte (de até 45m²). Quando se fala em lançamentos, a faixa representa 42,6% dos novos empreendimentos. Em 2016, essa mesma taxa foi de 30%, segundo o Secovi-SP.” (ARQUITETURA..., 2018). O mesmo ocorreu com os ambientes de trabalho. O coworking surgiu em meados de 2005 nos Estados Unidos, e, ao longo dos anos, tem se espalhado para o resto do mundo. Resume-se a um ambiente de trabalho informal e colaborativo, onde profissionais de todas as áreas compartilham o mesmo

espaço. Como um desdobramento contemporâneo dessa metodologia de trabalho, surgem os Hubs – lugares físicos para as redes sociais – propícios para se reunir, trabalhar, criar e imaginar. Assim como o coworking, funcionam através de múltiplos acontecimentos, onde as pessoas pensam e empreendem juntas. Essas novas formas de produzir ampliam o networking e potencializam novas oportunidades de negócios, atendendo às demandas de um mercado cada vez mais dinâmico e moderno. Tendo em vista a diversidade cultural, social e econômica dos grandes centros, a cidade de São Paulo, como cidade cosmopolita, tem um forte potencial para o desenvolvimento desse novo mercado. Para Jacobs (1961 apud MONFRÉ, 2015), o potencial criativo está justamente na diversidade e logo, os centros urbanos seriam ambientes propícios à inovação, uma vez que a diversidade é parte de seu cotidiano. Porém, devido ao seu processo histórico, ainda apresenta espaços degradados que acabam por desestimular a vivência na cidade. Dentro desse contexto, este trabalho tem como objetivo estimular espaços de permanência e de qualidade urbana, propondo novas formas de apropriação e revitalização na região do centro de São Paulo. A proposta consiste em intervenções que buscam explorar a relação da arquitetura com os novos hábitos contemporâneos da sociedade.

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5. DIAGNÓSTICO DA ÁREA


ZONEAMENTO

USO PREDOMINANTE DO SOLO

ZEPEC ZEIS 3 ZONA DE CENTRALIDADE QUADRA SELECIONADA

PÇ. DA REPÚBLICA

Mapa elaborado pela autora com base no GEGRAN e dados do MDC.

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COMÉRCIO E SERVIÇOS RESIDENCIAL COMÉRCIO E SERVIÇOS EQUIPAMENTOS PÚBLICOS SEM PREDOMINÂNCIA QUADRA SELECIONADA

PÇ. DA REPÚBLICA

Mapa elaborado pela autora com base no GEGRAN e dados do MDC e Uso do Solo Predominante 2005, Município em Mapas, Série Pôster: Panorama – 6. Prefeitura de São Paulo.

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EQUIPAMENTOS

MOBILIDADE

ACESSO METRÔ LINHA AMARELA DO METRÔ LINHA VERMELHA DO METRÔ CICLOVIA EDIFÍCIOS NOTÁVEIS QUADRA SELECIONADA

PÇ. DA REPÚBLICA

Mapa elaborado pela autora com base no GEGRAN e dados do MDC e Google Maps.

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CULTURA EDUCAÇÃO SAÚDE ESPORTES EDIFÍCIOS NOTÁVEIS QUADRA SELECIONADA

PÇ. DA REPÚBLICA

Mapa elaborado pela autora com base no GEGRAN e dados do MDC, Google Maps e do site educação. sp.gov.br.

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ESPAÇOS PÚBLICOS

ARQUITETOS RENOMADOS

PRAÇA GALERIAS COMERCIAIS

RAMOS DE AZEVEDO ÁLVARO VITAL BRASIL E ADHEMAR MARINHO RINO LEVI JACQUES PILON ELISÁRIO BAHIANA GIAN CARLO GASPERINI ALFREDO MATHIAS

ÁREA PEDESTRIANIZADA QUADRA SELECIONADA

LUCJAN KORNGOLD SYLVIO EKMAN OSCAR NIEMEYER FRANZ HEEP ARTACHO JURADO OSWALDO BRATKE JÚLIO NEVES

PÇ. DA REPÚBLICA

A. PRAÇA DA REPÚBLICA B. PRAÇA RAMOS DE AZEVEDO C. PRAÇA DOM JOSÉ GASPAR D. PRAÇA ROOSEVELT E. LARGO DO PAISSANDU

1. Ed. Eiffel 2. Ed. Copan 3. Ed. Itália 4. Ed. Conde Silvia Penteado 5. Ed. Louvre 6. Conjunto Zarvos e Ambassador 7. Galeria Metrópole 8. Ed. Esther e Arthur Nogueira 9. Galeria Califórnia 10. Galeria Louzã

11. Galeria das Artes 12. Galeria 7 de Abril 13. Galeria Ipê 14. Galeria Nova Barão 15. Galerias Itá e R. Monteiro 16. Galeria Guatapará 17. Grandes Galerias 18. Conjunto Presidente 19. Galeria Olido 20. Galeria Apolo

Mapa elaborado pela autora com base no GEGRAN e dados da Tese “Relações entre o traçado urbano e os edifícios modernos no Centro de São Paulo. Arquitetura e Cidade (1938/1960), 2010.”

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1. 1894 Escola Normal Caetano de Campos 2. 1911 Theatro Municipal de São Paulo 3. 1927 Jayme Loureiro 4. 1929 Alexander Mackenzie 5. 1934 Esther e Arthur Nogueira 6. 1934 Lorenzo Sarti 7. 1935 Paissandu 8. 1936 Cine Art Palácio (Cine UFA Palácio) 9. 1936 Biblioteca Mário de Andrade 10. 1937 São Manuel 11. 1937 João Brícola (Mappin) 12. 1939 Rocha Camargo 13. 1939 Anhumas 14. 1939 Jaraguá 15. 1940 São Luis 16. 1941 Cine Ipiranga e Hotel Excelsior

17. 1942 Jaçatuba 18. 1943 Ernesto Ramos 19. 1944 Francisco Coutinho 20. 1944 Schwery 21. 1944 Guilherme Guinle Diários Associados 22. 1944 Stella 23. 1944 Princesa Isabel 24. 1944 Thomaz Edison 25. 1946 CBI Esplanada 26. 1946 Roosevelt 27. 1946 Elzira e Benjamin Jafet 28. 1947 Edlú 29. 947 Bahije Taufic Camasmine 30. 1948 Barão de Itapetininga 31. 1949 Atlanta 32. 1949 ABC

33. 1950 Santa Monica 34. 1950 Condomínio e Galeria Califórnia 35. 1952 Brasil CIA de Seguros 36. 1953 Sociedade Carbono Lorena 37. 1953 Eiffel 38. 1953 Icaraí 39. 1954 Ouro Preto 40. 1954 Louvre 41. 1955 Palácio do Comércio 42. 1956 Renata Sampaio Ferreira 43. 1956 Metrópole 44. 1957 Santa Monica II 45. 1958 Conjunto Zarvos 46. 1960 Itália 47. 1961 Comandante Linneu Gomes 48. 1966 Copan

Mapa elaborado pela autora com base no GEGRAN e dados do site arquivo.arq.br/projetos e das Teses “Pilon, Heep, Korngold e Palanti : Edifícios de Escritório (1930/1960), 2015.” e “A trajetória de Jacques Pilon no centro de São Paulo: análise das obras de 1940 a 1947, 2009.”

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5.1 VISÃO GERAL O centro de São Paulo é um território pontuado por sua memória e identidade. Possui forte participação e distribuição homogênea das atividades comerciais, prestação de serviços, lazer e cultura. É caracterizado pela presença de vias pedonais, galerias e edifícios com térreo como espaços de fluidez, sendo em sua maioria “residencial + comércio + serviços”. No Zoneamento, a quadra está inserida na Zona de Centralidade, possuindo 15 edifícios identificados como Zona Especial de Preservação Cultural (ZEPEC), que é definido pela Prefeitura como:

MOBILIDADE - MOTIVO DE VIAGEM NA REPÚBLICA

“Porção do território destinadas à preservação, valorização e salvaguarda desses bens de reconhecida importância histórica, artística, arquitetônica, arqueológica e paisagística, tombados ou protegidos por outros instrumentos em âmbito federal, estadual ou municipal”. Tem como objetivos: “1. Promover e incentivar a preservação, a conservação, o restauro e a valorização do patrimônio cultural no âmbito do Município; 2. Preservar a identidade dos bairros e das áreas de interesse histórico-cultural, valorizando as características históricas, sociais e culturais; 3. Estimular a fruição e o uso público do patrimônio cultural; 4. Possibilitar o desenvolvimento ordenado e sustentável das áreas de interesse histórico e cultural, tendo como premissa a preservação do patrimônio cultural. ”

Na quadra também pode ser identificado 1 lote demarcado como Zona Especial de Interesse Social 3, definido pelo Plano Diretor Estratégico de 2014 como: “imóvel subutilizado, encortiçado, em áreas com toda infraestrutura”. Segundo o Programa Renova Centro: “Através do convênio entre SP Urbanismo, SEHAB e COHAB-SP, o edifício situado à Rua Sete de Abril, 351 integrará o Programa de Locação Social da Prefeitura Municipal de São Paulo. ” Este Programa tem como objetivos: “ampliar as formas de acesso à moradia para a população de baixa renda através da oferta em locação social de unidades habitacionais. Não se trata de aquisição de moradia, pois as unidades são propriedades públicas e constituem o estoque público. ” Em relação aos acessos e à mobilidade, a rede central é altamente servida. Concentra quase todos os fluxos de ônibus, devido à presença do Terminal Bandeira, além de sete estações de metrô, que compreendem as linhas azul, amarela e vermelha, tendo a estação da Luz integrada a CPTM. A ciclovia possui um percurso parecido com os de ônibus, não entrando somente no miolo do Centro Velho. Possui diversos marcos urbanos, entre edifícios, praças, largos e calçadões, que preservam a história e memória afetiva da metrópole, sendo elementos-chave na renovação da região central.

Gráfico Estatístico do Distrito da República - Diagnóstico da Área Central. FONTE: Prefeitura de São Paulo Urbanismo e Licenciamento. Disponível em: < file:///G:/ DA D O S % 2 0 E S TAT Í S T I C O S / C E _ O U C e ntro_23a_RE_apresentacao_2017_12_11. pdf >. Acesso em 20 de novembro de 2018.

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RENDA - SALÁRIO MÍNIMO MENSAL POR DOMICÍLIO

Área total do Distrito da República: 2,30 km² População: 56.981 Densidade Demográfica: 24.774 Hab/km² Conforme gráfico da Evolução Demográfica do Distrito da República, é possível notar um aumento populacional entre os levantamentos estatísticos de 2008 e 2010, o que mostra uma reversão na queda da população que vinha ocorrendo desde 1991. Hoje a região concentra uma população de 56.981 mil pessoas e densidade demográfica equivalente a 24.774 Hab/km². A renda mensal varia entre 2 a 10 salários mínimos e segundo dados do IBGE, o perfil da população no distrito da República pode ser caracterizado como jovem, com faixa etária entre 25 a 59 anos.

POPULAÇÃO - EVOLUÇÃO DEMOGRÁFICA

ACESSIBILIDADE - VIAGENS POR MODO

Gráficos Estatísticos do Distrito da República - Diagnóstico da Área Central. FONTE: Prefeitura de São Paulo Urbanismo e Licenciamento. Disponível em: < file:///G:/ DA D O S % 2 0 E S TAT Í S T I C O S / C E _ O U C e ntro_23a_RE_apresentacao_2017_12_11. pdf >. Acesso em 20 de novembro de 2018.

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5.2 PROBLEMAS X POTENCIALIDADES Conforme o texto “A reabilitação do centro de São Paulo” de Luís Octávio da Silva, a região do centro de São Paulo apresenta como principais problemas: Sociais: esvaziamento habitacional; segurança, violência e criminalidade; grande quantidade de moradores de rua; Econômicos: esgotamento do estoque fundiário disponível para novas edificações; obsolescência das edificações existentes; comércio informal e atividades de subsistência; Culturais: ocupação dos espaços públicos por ambulantes; presença de cortiços e habitações insalubres; Ambientais: poluição atmosférica; problemas de drenagem (inundações); degradação do meio e de imóveis;

Moradores do edifício que desabou dormem no Largo do Paissandu FONTE: TV Minas. Disponível em: <https://www.tvminas.com/ noticia-info/12053/Desabamento_de_predio_escancara_o_apartheid_habitacional_em_ Sao_Paulo>. Acesso em: 08 de junho de 2018. Operação policial no Cine Marrocos, 2016 FONTE: Folha de S.Paulo. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/08/1799209-policia-invade-cine-marrocos-em-acao-contra-trafico-de-drogas-em-sp.shtml>. Acesso em: 08 de junho de 2018. Degradação do ambiente urbano nas ruas do centro. FONTE: Acervo Pessoal, julho de 2018.

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Já em relação as potencialidades da região, o projeto Centro Novo, elaborado por Jaime Lerner Arquitetos Associados, destaca: • Importante pólo de atração econômica; • Oferta de empregos; • Pólo concentrador de equipamentos; • Dotado de infraestrutura de transportes e comunicações; • Concentração de edifícios de valor histórico-cultural e arquitetônico; • Diversidade cultural;

Vista aérea Edifício Itália e Copan. FONTE: Portal Eventos. Disponível em: < https://www.revistaeventos.com.br/Turismo/ Sao-Paulo-esta-entre-as-dez-com-skylines-mais-bonitos-do-mundo/36349>. Acesso em: 13 de março de 2018.

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5.3 A QUADRA LOCALIZAÇÃO:

região do centro do município de São Paulo

distrito: República

recorte: polígono que fecha entre a Avenida Ipiranga, Praça D. Jose Gaspar, Avenida São Luis e Rua Sete de Abril.

Vista aérea local de intervenção. FONTE: Google Earth. Acesso em 31 de maio de 2018. 71


5.4 TRANSFORMAÇÃO DA QUADRA

Planta de São Paulo, 1881. FONTE: Arquivo Histórico Municipal. Disponível em: < http:// www.arquiamigos.org.br/info/info20/i-1881. htm>. Acesso em 02 de outubro de 2018.

Planta de São Paulo, 1897. FONTE: Arquivo Histórico Municipal. Disponível em: < http:// www.arquiamigos.org.br/info/info20/i-1897. htm>. Acesso em 02 de outubro de 2018.

Planta de São Paulo, 1930. FONTE: SARA Brasil. Disponível em: < http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br>. Acesso em 02 de outubro de 2018.

Planta de São Paulo, 1954. FONTE: VASP Cruzeiro. Disponível em: < http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br>. Acesso em 02 de outubro de 2018.

A partir desta sequência de mapas históricos podemos observar a evolução da quadra escolhida, bem como seu entorno imediato, desde 1881 até os dias de hoje. No primeiro mapa observa-se o traçado das ruas e algumas quadras da região sendo delimitadas e ocupadas por suas primeiras construções.

Em 1897, após o término da construção da Escola Normal Caetano de Campos (1894), a região da então Praça da República começa a ganhar importância.

O mapa de 1930 mostra o tecido urbano já bastante consolidado, com algumas construções isoladas no meio dos lotes, a planta do Edifício Jayme Loureiro (1924) de Ramos de Azevedo e o início da formação das ruas internas da quadra, Basílio da Gama e Gabus Mendes. A Praça da República aparece revitalizada, com jardins, lagos e pontes.

No levantamento de 1954, a quadra aparece mais próxima da sua configuração atual, com os seus principais edifícios construídos, entre eles o Edifício Esther e Arthur Nogueira (1934) de Álvaro Vital Brasil e Adhemar Marinho e a Biblioteca Mário de Andrade (1942) projetada por Jacques Pilon.

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Planta de São Paulo, 2016. FONTE: GEGRAN. Disponível em: < http://geosampa.prefeitura. sp.gov.br>. Acesso em 02 de outubro de 2018.

Já no desenho atual observamos a sequência de prédios voltados a Avenida São Luis, novas construções nos lotes da Rua Basílio da Gama e a construção de um dos edifícios mais marcantes da quadra, o Edifício Metrópole, de 1956.

Ilustração jardim interno da Galeria Metrópole. FONTE: Fernanda Grimberg Vaz. Disponível em: <http://vitruvius.com.br/revistas/read/ minhacidade/17.195/6246>. Acesso em 07 de junho de 2018.

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5.5 LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO

Acesso estação República do metrô, próximo ao local de intervenção. FONTE: Acervo Pessoal, julho de 2018.

Vista da Avenida Ipiranga e acessos da estação República do metrô. FONTE: Acervo Pessoal, julho de 2018.

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Comércio no pavimento térreo do Edifício Esther. FONTE: Acervo Pessoal, julho de 2018.

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Moradores de rua e transeuntes na Rua Sete de Abril. FONTE: Acervo Pessoal, julho de 2018.

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Edifícios da Rua Sete de Abril, com predomínio de atividade comercial no pavimento térreo e serviços nos pavimentos superiores. FONTE: Acervo Pessoal, julho de 2018.

Edifícios da Rua Sete de Abril, com predomínio de atividade comercial no pavimento térreo e serviços nos pavimentos superiores. FONTE: Acervo Pessoal, julho de 2018.

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Respiros e permeabilidade, Galeria Nova Barão, próximo ao local de intervenção. FONTE: Acervo Pessoal, julho de 2018.

Vista Biblioteca Mário de Andrade, localizada na Praça Dom José Gaspar FONTE: Acervo Pessoal, julho de 2018.

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Vista cobertura da Galeria Metrรณpole. FONTE: Acervo Pessoal, julho de 2018.

Vista cobertura da Galeria Metrรณpole. FONTE: Acervo Pessoal, julho de 2018.

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Acesso à Galeria Metrópole pela Rua Basílio da Gama. FONTE: Acervo Pessoal, julho de 2018.

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Vista Rua Basílio da Gama e Galeria Metrópole ao fundo. FONTE: Acervo Pessoal, julho de 2018.

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6. A PROPOSTA

Feira de artesanato da Praça da República. FONTE: Acervo Pessoal, julho de 2018.


6.1 ESTUDOS DE CASO CENTRAL ST. GILES COURT - LONDRES Renzo Piano + Fletcher Priest Architects

Vista aérea do Complexo. FONTE: Archdaily. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/896562/ central-st-giles-court-renzo-piano-plus-fletcher-priest-architects>. Acesso em 25 de setembro de 2018.

Pátio interno entre edifícios. FONTE: Archdaily. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/ br/896562/central-st-giles-court-renzo-piano-plus-fletcher-priest-architects>. Acesso em 25 de setembro de 2018.

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A interface urbana do empreendimento Central St. Giles em Londres se configura a partir da abertura da quadra para a criação de um pátio central, conectado com as vias e espaços circundantes através de uma via pública acessível e usos públicos no térreo. O percurso criado permite acesso direto ao complexo e equipamentos públicos contemplados pelo projeto. A principal questão foi introduzir atividade na área, fornecendo uma mistura de usos como escritórios, lojas, restaurantes e habitação de modo a garantir permanência diurna e noturna, criando um ambiente adequado e controlado.

O entorno teve um forte impacto no projeto, devido ao seu traçado urbano medieval, edifícios modernos e blocos urbanos tradicionais. Assim como a proposta deste trabalho, o projeto de Renzo Piano buscou introduzir vida e atividades diversas numa complexa região central. A adoção do térreo livre, com usos públicos e os edifícios multifuncionais contribuíram para traçar como diretrizes do partido arquitetônico: permeabilidade e multifuncionalidade.

Corte esquemático mostrando diferentes acontecimentos no térreo. FONTE: Archdaily. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/896562/central-st-giles-court-renzo-piano-plus-fletcher-priest-architects>. Acesso em 25 de setembro de 2018.

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LEVITATED BROADWAY – LOS ANGELES Kaiyu Xi, Fan Wu Levitated Broadway foi uma das menções honrosas do concurso de arranha-céus de 2018 da Revista eVolo. O prêmio anual busca reconhecer “ideias visionárias para a construção de projetos que através do uso inovador de tecnologia, materiais, programas, estética e organizações espaciais desafiam a maneira como entendemos arquitetura e sua relação com os ambientes naturais e construídos.” Esta proposta visa revitalizar o distrito dos teatros da Broadway inserindo novos programas e espaços públicos como bares, restaurantes, cafés e boutiques e uma grande quantidade de atividades e espaços verdes de forma a dinamizar a região. É um plano para criar uma nova Broadway suspensa sobre o topo de edifícios históricos e estacionamentos existentes de uma área já consolidada. O projeto se apropria dos vazios da quadra, construindo uma estrutura aberta que permite que a luz e o ar penetrem em todo o edifício. A circulação é o ponto chave do projeto, pois cria diferentes percursos multiplicando o chão da cidade. O projeto teve grande contribuição para o tipo de solução adotada, pois ocupa os vazios da quadra, construindo novos edifícios sobre o topo da massa consolidada, criando um novo contexto contemporâneo em uma região central degradada. Prancha síntese apresentada pela equipe. FONTE: Evolo. Disponível em: <http://www. evolo.us/levitated-broadway-los-angeles/#more-36095>. Acesso em: 07 nov. 2018. Fachada principal. FONTE: Evolo. Disponível em: <http://www.evolo.us/levitated-broadway-los-angeles/#more-36095>. Acesso em: 07 nov. 2018.

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6.2 JUSTIFICATIVA A escolha da quadra para a realização deste trabalho foi motivada por sua localização e características. Encontra-se localizada na região da República, porção urbana dotada de infraestrutura, equipamentos, transporte público e edifícios de valor arquitetônico, histórico e cultural, apresentando grande potencial para o desenvolvimento da proposta. Em relação ao Uso e Ocupação do Solo, apresenta grande quantidade de quadras com uso “residencial + comércio e serviços”, podendo ser observado a existência de diversas edificações de uso misto, com térreo comercial e residência nos pavimentos superiores. Essa relação acaba ocasionando um cenário que varia ao longo do dia: de movimentado e ocupado durante o horário comercial à abandonado e vazio no período da noite. Portanto foram criados novos usos e atividades com o objetivo de renovar e diversificar as formas de uso e ocupação do solo, garantindo funcionamento e permanência ao longo do dia. Além disso, o local é ideal para receber um projeto de caráter disruptivo e inovador pois a região passa por um processo de retomada pela economia criativa, o que vai ao encontro da proposta deste trabalho.

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6.3 OBJETIVOS A região do Centro de São Paulo sofreu significativo esvaziamento e abandono ao longo de sua história, mas vive hoje um momento de efervescência, com renovação no comércio, novos espaços de cultura e lazer.

O público alvo do projeto, pelo seu caráter inovador, parte da população mais jovem - que se apresenta mais disposta e possui maior capacidade de adaptação - para depois expandir-se para os outros grupos da população.

A nova sede do bloco de carnaval Baixo Augusta, Casa do Baixo Augusta, inaugurada no início da rua da Consolação, promove rodas de samba e outros shows abertos além de cursos gratuitos ligados à economia criativa. O Espaço No Arouche, revitalizou um casarão de 105 anos na Rua do Arouche para promover shows, oficinas de grafites e locações temporárias para artistas e artesãos comercializarem seus produtos. A casa Tokyo ocupou o edifício ABC, projetado por Oswaldo Bratke em 1949, e reúne bar, balada, karaokê, restaurante e alguns pavimentos para eventos da economia criativa. Dentro desse contexto, este trabalho tem como objetivo geral propor espaços de qualidade urbana e permanência, que incentivem a retomada do Centro e exemplifiquem novas formas de revitalizar seus espaços. O projeto busca explorar a relação da arquitetura com os novos hábitos da sociedade, repensando a cidade contemporânea como uma cidade aberta, cada vez mais fraterna e aproximadora.

Sede do Bloco de carnaval Baixo Augusta, Casa do Baixo Augusta, na Consolação. FONTE: Acervo Pessoal, julho de 2018.

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Cobertura da Balada Tokyo, no Edifício ABC. FONTE: CASA VOGUE. Disponível em: < https://casavogue.globo.com/LazerCultura/noticia/2018/05/tudo-o-que-voce-precisa-saber-tokyo-o-novo-hot-spot-de-sao-paulo. html>. Acesso em 22 de novembro de 2018.

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6.4 PARTIDO

SISTEMA PRAÇAS O partido do projeto tem como diretrizes fundamentais a permeabilidade e multifuncionalidade - associadas às ideias dos edifícios galeria, tão presentes na região do Centro Novo. Para tanto, é proposto a liberação e flexibilização do uso do térreo, através da demolição de alguns lotes da quadra e da disponibilização de áreas privadas ao uso público. Buscando continuidade espacial, é proposto um sistema de praças, pensado para servir como extensão e conexão entre as Praças da República e Dom José Gaspar. Os fluxos e conexões foram ampliados a partir da criação de um novo acesso do metrô, que conecta a intervenção proposta ao restante da cidade.

ORIGINAL

DEMOLIÇÕES

A proporção dos edifícios é pensada para se somar aos edifícios existentes, sem obstruir e sufocar o conjunto arquitetônico. A proposta no centro de São Paulo potencializa o acervo histórico e arquitetônico e a infraestrutura existentes, e se apresenta como um convite à uma nova apropriação de seus espaços, sugerindo situações transformadoras em uma área consolidada.

PRAÇAS

PROGRAMA

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CIRCULAÇÃO


6.5 PROJETO

SETORIZAÇÃO DO PROGRAMA O projeto consiste em um complexo multiuso, proposto para a região da República em São Paulo. É composto por blocos e um sistema de praças que funcionarão de maneira articulada, mas também terão funcionamento pleno quando isolados. Os edifícios terão acesso controlado e programas voltados à economia criativa e compartilhada. Em relação à disposição espacial do programa, foi decidido manter o edifício 351-365 da Rua Sete de Abril, inserido na Operação Urbana Centro e destinado ao Programa de Locação Social. Os novos blocos foram setorizados em hoteleiro, residencial, esportivo, de negócios, cultural, lazer e entretenimento. O térreo e as praças foram concebidos como espaços públicos, podendo abrigar cafés, restaurantes, jardins, cinema ao ar livre, horta comunitária e áreas de convívio para a realização de atividades diversas e pequenos eventos. Optou-se por não construir novos subsolos nem edifícios garagem, uma vez que a região já é plenamente atendida pelo transporte público existente. No projeto, além das saídas de metrô na Praça da República, é criado um novo acesso que conecta diretamente o complexo à linha existente, criando uma nova comunicação entre a estação e o novo contexto urbano proposto.

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HOTEL RESIDENCIAL ESPORTIVO NEGÓCIOS CULTURAL ENTRETENIMENTO


EDIFÍCIO INCORPORADO AO PROJETO

DEMOLIÇÕES PROPOSTAS

TERRENO FINAL DO PROJETO ÁREA DO TÉRREO PARA EXECUÇÃO DO PROJETO: 5.925 M²

AV. IP

IRA

AV. IP

IRA

NG

A

NG

A

Maquete eletrônica com o terreno final do projeto

Maquete eletrônica com demolições propostas

EDIFÍCIO INCORPORADO AO PROJETO

Edifício 351 da Rua Sete de Abril, destinado ao Programa de Locação Social da Prefeitura Municipal de São Paulo. FONTE: Acervo Pessoal, julho de 2018.

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Permeabilidade antes

Permeabilidade depois


“PRAIA” PÇ. DA REPÚBLICA

CIRCULAÇÃO PRINCIPAL PLACAS FOTOVOLTAICAS

PÇ. DOM JOSÉ GASPAR BALADA


PAVIMENTO TÉRREO NÍVEL 0.00 0 1

5

10m

HOTEL 1 HALL DE ACESSO 2 CAFÉ 3 ACESSO SERVIÇOS HABITAÇÃO 4 ACESSO HABITAÇÃO ESPORTIVO 5 ACESSO E INFORMAÇÃO 6 ACESSO SERVIÇOS 7 NOVO ACESSO METRÔ 8 ACESSO CIRCULAÇÃO PRINCIPAL


PAVIMENTO 2 NÍVEL 6.00 0 1

5

10m

HOTEL 1 GUEST SERVICE 2 ADM HABITAÇÃO 3 UNIDADE 70M² 4 UNIDADE 120M² ESPORTIVO 5 RECEPÇÃO 6 REUNIÃO 7 DIREÇÃO 8 SECRETARIA 9 EQUIPE 10 COPA 11 COZINHA 12 REFEITÓRIO 13 VESTIÁRIO MASC. 14 VESTIÁRIO FEM.


PAVIMENTO 3 NÍVEL 9.00 0 1

5

10m

HOTEL 1 QUARTOS HABITAÇÃO 2 UNIDADE 70 M² 3 UNIDADE 120 M² ESPORTIVO 4 ATIVIDADES INFANTIS 5 JOGOS


PAVIMENTO 4 NÍVEL 12.00 0 1

5

10m

HOTEL 1 QUARTOS HABITAÇÃO 2 UNIDADE 70 M² 3 UNIDADE 120 M² ESPORTIVO 4 PATINAÇÃO SOBRE RODAS


PAVIMENTO 5 NÍVEL 15.00 0 1

5

10m

HOTEL 1 QUARTOS HABITAÇÃO 2 UNIDADE 70 M² 3 UNIDADE 120 M² NEGÓCIOS 4 VESTIÁRIO FEM. 5 VESTIÁRIO MASC. 6 REFEITÓRIO 7 COZINHA 8 COPA 9 EQUIPE 10 SECRETARIA 11 DIREÇÃO 12 REUNIÃO 13 RECEPÇÃO


PAVIMENTO 6 NÍVEL 18.00 0 1

5

10m

HOTEL 1 RESTAURANTE 2 COZINHA 3 DEP. LIXO 4 DESPENSA HABITAÇÃO 5 UNIDADE 70 M² 6 UNIDADE 120 M² 7 CINEMA 8 CONVÍVIO ESPORTIVO 9 SKATEPARK NEGÓCIOS 10 CAFÉ CULTURAL 11 LIVRARIA 12 CINEMA AO AR LIVRE



PAVIMENTO 7 NÍVEL 21.00 0 1

5

10m

HABITAÇÃO 1 UNIDADE 70 M² 2 UNIDADE 120 M² NEGÓCIOS 3 LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA 4 ESTAÇÕES DE TRABALHO CULTURAL 5 REFEITÓRIO 6 COPA 7 VESTIÁRIO MASC. 8 VESTIÁRIO FEM. 9 ARQUIVO 10 ALMOXARIFADO 11 REUNIÃO 12 DIREÇÃO 13 SECRETARIA 14 RECEPÇÃO


PAVIMENTO 8 NÍVEL 24.00 0 1

5

10m

HOTEL 1 QUARTOS HABITAÇÃO 2 UNIDADE 70 M² 3 UNIDADE 120 M² ESPORTIVO 4 QUADRAS NEGÓCIOS 5 ESTÚDIO VÍDEO 6 ESTÚDIO MÚSICA CULTURAL 7 EXPOSIÇÕES


PAVIMENTO 9 NÍVEL 27.00 0 1

5

10m

HOTEL 1 QUARTOS HABITAÇÃO 2 UNIDADE 70 M² 3 UNIDADE 120 M² NEGÓCIOS 4 ESTÚDIO FOTOGRÁFICO 5 AUDIOVISUAL


PAVIMENTO 10 NÍVEL 30.00 0 1

5

10m

HOTEL 1 QUARTOS HABITAÇÃO 2 UNIDADE 70 M² 3 UNIDADE 120 M² ESPORTIVO 4 OFICINAS NEGÓCIOS 5 OFICINA MARCENARIA 6 AULAS 7 ATELIER COSTURA CULTURAL 8 CAMARIM 9 PALCO


PAVIMENTO 11 NÍVEL 33.00 0 1

5

10m

HOTEL 1 SALÃO DE FESTAS HABITAÇÃO 2 OFFICE ESPORTIVO 3 MUSCULAÇÃO 4 SALAS DE GINÁSTICA 5 SPA NEGÓCIOS 6 BAR 7 COZINHA 8 RESTAURANTE CULTURAL 9 EQUIPAMENTOS 10 ACESSO AUDITÓRIO 11 FOYER



PAVIMENTO 12 NÍVEL 36.00 0 1

5

10m

HABITAÇÃO 1 HABITAÇÃO 70M² 2 HABITAÇÃO 120M² ESPORTIVO 3 CROSSFIT NEGÓCIOS 4 COZINHA EXPERIMENTAL 5 AULA CULTURAL 6 MEZANIINO


PAVIMENTO 13 NÍVEL 39.00 0 1

5

10m

1 HORTA COMUNITÁRIA 2 APOIO HORTA / MANUTENÇÃO PISCINA ESPORTIVO 3 RESTAURANTE 4 COZINHA NEGÓCIOS 5 AULA 6 ATELIER ARTES PLÁSTICAS 7 CABINE DE PROJEÇÃO CINEMA ENTRETENIMENTO 8 BAR 9 BALADA


PAVIMENTO 14 NÍVEL 42.00 0 1

5

10m

ESPORTIVO 1 VESTIÁRIO PISCINA


PAVIMENTO 15 NÍVEL 45.00 0 1

5

10m

1 PISCINA 2 APOIO HORTA 3 HORTA COMUNITÁRIA 4 PISTA COOPER ENTRETENIMENTO 5 BAR 6 CONVÍVIO


CONVÍVIO

HORTA COMUNITÁRIA

SOLÁRIO


PAVIMENTO 16 NÍVEL 48.00 0 1

5

10m

1 PLACAS FOTOVOLTAICAS


ELEVAÇÃO RUA SETE DE ABRIL 0 1

5

10m

ENTRETENIMENTO

RUA BRÁULIO GOMES

CULTURAL

NEGÓCIOS

ESPORTIVO

HOTEL

RUA GABUS MENDES

AV. IPIRANGA


CORTE LONGITUDINAL AA 0 1

5

10m

FORRO GESSO ACARTONADO PERFIL RODATETO EM ALUMÍNIO

MONTANTE VERTICAL EM ALUMÍNIO

LAJE NERVURADA EM CONCRETO

PERFIL DE ANCORAGEM

DETALHE ELEMENTOS ESTRUTURAIS ESC 1.50

RUA BRÁULIO GOMES

RUA GABUS MENDES

AV. IPIRANGA


CORTE TRANSVERSAL BB 0 1

5

10m


CORTE TRANSVERSAL CC 0 1

5

10m


COOPER

APOIO HORTA

CIRCULAÇÃO SECUNDÁRIA

CIRCULAÇÃO SECUNDÁRIA

RUA BASÍLIO DA GAMA ABERTA PARA PEDESTRES

CIRCULAÇÃO PRINCIPAL

CINEMA AO AR LIVRE


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