EDITORIAL O Curso de Economia da FAE Centro Universitário apresenta a publicação eletrônica mensal Vitrine da Conjuntura, referente ao mês de março de 2015. Este número contém três textos, que abordam aspectos relacionados aos cenários de curto prazo da economia brasileira, mais a seção fixa do Panorama Econômico. O sistema de indicadores está passando por um processo de avaliação e revisão de conteúdo. O primeiro artigo tenta elencar os objetivos, medidas e desdobramentos, indiscutivelmente recessivos, do ajuste fiscal e monetário, em execução pelo Ministério da Fazenda e o Banco Central. A segunda reflexão rechaça a possibilidade de ocorrência de sequestro, pelo governo, dos recursos depositados nas cadernetas de poupança dos brasileiros, de forma semelhante ao episódio de março de 1990, durante a gestão Collor. Já o terceiro texto encaminha uma avaliação dos elementos determinantes da fragilização do comércio varejista brasileiro em 2014. O periódico permanece no aguardo de participações do corpo docente e discente da FAE, de ex‐estudantes da Casa, de acadêmicos das demais instituições de educação superior, de técnicos do governo, de representantes dos organismos sindicais, das classes empresariais e entidades governamentais, dentre outros atores sociais, na busca de diversificação e fortalecimento dos debates de assuntos relacionados à economia internacional, nacional e regional. Ótima Leitura a todos. Gilmar Mendes Lourenço Editor
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EQUIPE TÉCNICA
Carlos Ilton Cleto Economista, doutor em Engenharia da Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina e professor da FAE.
Gilmar Mendes Lourenço Economista, mestre em Gestão de Negócios pela Universidade Federal de Santa Catarina, professor da FAE, eleito “O Economista Paranaense Acadêmico do Ano de 2011”, pelo Corecon/PR, e vencedor do Prêmio “Imprensa”, em 2011, 2012, 2013 e 2014, na categoria gestor de empresa pública, oferecidos pelo grupo Quality TV & Jornais.
Semi Cavalcante de Oliveira Historiador, Mestre em História Política pela Universidade Federal do Paraná e Professor da FAE.
O AJUSTE ECONÔMICO RECESSIVO DE 2015 Gilmar Mendes Lourenço
É praticamente consensual, nos meios especializados, que a economia brasileira deve aprofundar, no ano de 2015, o processo recessivo em que mergulhou em 2014, em razão da combinação entre exacerbação da crise de confiança e impactos do pacote econômico, lançado pelo Ministério da Fazenda, ancorado essencialmente na expropriação dos rendimentos das famílias e dos recursos de caixa das empresas, por meio do aumento da tributação direta e indireta e do fardo de juros. Se forem confirmadas as projeções dos agentes de mercado, consultados pelo Banco Central (BC), o produto interno bruto (PIB) da nação encolherá mais de 0,5% no corrente ano, o que representará a maior contração em duas décadas e meia, superando a queda de 0,47%, apurada em 1992, e sendo vencida apenas pelo declínio de 4,35%, em 1990, influenciado decisivamente pelo confisco de ativos financeiros, promovido pelo governo Collor. A leitura adequada do recado e da agenda da atual bússola econômica oportuniza avalia‐la como uma envergonhada e indisfarçável manobra de rendição ao pragmatismo, imposto pela necessidade de reparação dos desacertos e desmandos cometidos entre 2010 e 2014 e, no limite, pela possibilidade de perda de poder. Em outros termos, o objetivo do elenco de providências repousa na sobrevivência política do projeto Lulopetista – fragilizado ainda mais com as sucessivas derrotas sofridas na Câmara dos Deputados – que, dentre outros fatores, depende da eliminação do perigo de perda de grau de investimento da dívida brasileira e a subsequente elevação dos custos de captação externa do governo e das corporações. As linhas mestras do pacote de ajuste foram esboçadas, ainda que de forma velada, há algum tempo, aguardando apenas o desfecho favorável da disputa eleitoral, não conseguindo escapar da aplicação da terapia ortodoxa na gestão das finanças públicas. Não houve qualquer insinuação acerca de aproveitamento de oportunidades ou da descoberta de elementos de transformações, como simplificação dos tributos, abertura econômica e acordos comerciais com nações de maior envergadura. A dimensão do sacrifício doméstico tornou‐se ainda maior a partir da recente disponibilização dos dados do setor externo e das contas públicas brasileiras. O desequilíbrio do País com o exterior atingiu US$ 90,4 bilhões, em doze meses até janeiro de 2015. É o segundo maior déficit da história ‐ perdendo apenas para o ano fechado de 2014, quando o desnível foi de US$ 90,9 bilhões ‐, nesta base de referência, ou 4,17% do PIB, o mais elevado desde 2001, contra 1,7% do PIB, em 2008, não coberto pelo ingresso líquido de investimentos diretos estrangeiros (2,3% do PIB). As contas públicas nominais (primárias mais os juros da dívida) experimentaram o maior rombo da história (R$ 344 bilhões), em 2014, ou 6,70% do PIB (o 4º pior entre 57 países pesquisados pela consultoria Economist Intelligence Unit), versus 3,25% do PIB, em 2013, fruto da mistura entre falhas de diagnóstico, falta de responsabilidade financeira e excesso de voluntarismo do executivo. No fechamento de janeiro de 2015, essa mesma variável totalizou déficit de R$ 330,4 bilhões em um ano, ou 6,42% do PIB. No conceito primário, as finanças do governo saíram de saldo positivo de 3,8% do PIB, em 2008, para déficit de 0,64% do PIB, em 2014 (o primeiro desde 1997), mesmo com os malabarismos contábeis, contra superávit de 1,88% do PIB em 2013. Em janeiro de 2015, o déficit em 12 meses caiu para 0,61% do PIB. Isso significa que a administração pública (União, estados e municípios) gastou mais do que arrecadou, mesmo antes do pagamento dos encargos financeiros da dívida. A par disso, o aparelho produtivo do País vem confirmando a trajetória de encolhimento pelo lado da oferta. As importações e a produção fabril recuaram 4,5% e 3,2%, respectivamente, em 2014. Foi o pior desempenho industrial desde 2009, quando do contágio da instabilidade global, refletindo a valorização do câmbio, a subida do custo médio da mão de obra, em função das variações dos salários reais superiores as da produtividade do trabalho, a tributação em cascata e a precariedade infraestrutural. A situação é bastante parecida pela ótica da demanda, com declínio de 1,7% nas vendas reais do comércio varejista, 7% nas exportações e 5% nos investimentos.
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A propósito desse último item, levantamento preparado pela Associação da Indústria Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) revela retração real de 13,7% e 15% no faturamento bruto e no consumo aparente (produção mais importações menos vendas externas) do segmento de bens capital, respectivamente, em 2014. Já o grau de utilização da capacidade produtiva situava‐se, em dezembro de 2014, abaixo de 70%, o pior número da série histórica. Tais estatísticas traduzem a repressão das inversões em infraestrutura, especialmente em energia e transportes, a postergação de empreendimentos estratégicos, por conta da Copa do Mundo de Futebol e das inseguranças oriundas do evento eleitoral, e a praticamente paralisação do programa de concessões de serviços públicos à iniciativa privada. Por esse prisma, é impossível deixar de enxergar um ponto de partida bastante dramático para o ajuste fiscal (que representaria apenas o começo da reconstrução), principalmente se for considerada a impossibilidade de o governo contar com a ajuda das receitas extraordinárias, consubstanciadas nos dividendos das empresas públicas, como Petrobras e Eletrobrás, e nos aportes dos bancos oficiais. Sem adicionar os riscos de racionamento agregado de água e energia elétrica e os impactos das investigações da operação Lava Jato. Pior que isso, o receituário brasileiro é tradicionalmente mais propenso à elevação da arrecadação, pela via fácil da retirada de haveres da órbita privada, com aumentos de impostos, e menos sensível à O receituário necessidade de contenção e racionalização dos substanciais gastos governamentais, presos a uma estrutura pública pesada, espalhada em 39 brasileiro é ministérios e mais de 23 mil cargos em comissão. tradicionalmente As inclinações no sentido da redução de dispêndios limitaram‐se à mais inclinado à equivocada compressão dos recursos destinados à educação, às alterações de regras para supressão de frações de alguns benefícios elevação da sociais, notadamente seguro‐desemprego, abono salarial, pensão por arrecadação, pela morte, auxilio doença e seguro‐defeso (para pescadores artesanais), e a não autorização para novos empréstimos a estados e municípios. via fácil da retirada No caso da educação, o aspecto mais saliente foi a alteração dos de haveres da órbita fluxos de pagamentos do financiamento estudantil (Fies) às entidades de privada. ensino de terceiro grau, deixando metade dos reembolsos das mensalidades de 2015 para 2016. Lembre‐se que, em números corrigidos, os desembolsos do programa passaram de R$ 1,1 bilhão, em 2010, para 13,5 bilhões, em 2014. Na área de tributos, na sequência do fim do incentivo da redução do IPI na compra de bens de consumo duráveis, busca‐se receita incremental de R$ 20,6 bilhões, com a duplicação do imposto sobre operações financeiras (IOF) – de 1,5% para 3%, depois de ter sido reduzido em 2012 para estimular as compras a prazo ‐, nas transações de crédito para pessoas físicas, com manutenção de 0,38%, estipulado para a abertura de cada operação, criado em 2008 para amortecer os efeitos da extinção da contribuição provisória sobre movimentações financeiras (CPMF). Para os combustíveis passa a ser cobrado o PIS‐Cofins e a contribuição de intervenção do domínio econômico (Cide – dentro de três meses), zerada em 2012, perfazendo recolhimento de R$ 0,22 e R$ 0,15, por litro de gasolina e diesel, respectivamente. Também há a elevação de 9,25% para 11,75%, da alíquota do PIS‐Cofins para as importações, objetivando compensar a retirada do ICMS da base de cálculo da referida contribuição nas compras externas; e a equiparação do IPI para vendedores atacadistas e industriais de produtos cosméticos. Foi ainda diminuída a alíquota do Reintegra, programa que promove a devolução do resíduo tarifário provocado pelos créditos do PIS‐Cofins aos exportadores, de 3% para 1%, até dezembro de 2016, devendo pular para 2%, em 2017, e 3%, em 2018. Igualmente foram majoradas as alíquotas da contribuição previdenciária incidentes sobre a receita bruta das empresas, de 1% para 2,5%, para alguns segmentos, e de 2% para 4,5%, para os demais, catapultando custos de 56 atividades integrantes de ramos industriais e de serviços, exercidas por mais de 127 mil firmas, inviabilizando os
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incentivos fiscais instituídos em agosto de 2011, focados no fortalecimento da geração de empregos, e incitando o setor produtivo ao retorno ao sistema tradicional de desconto de 20% sobre a folha de salários. Na mesma linha emergiu o arcabouço montado para justificar os aumentos médios de 23,4% nas tarifas de energia, decorrente da adoção das bandeiras tarifárias, da indexação anual dos contratos com as concessionárias e da suspensão das transferências do tesouro para a conta de desenvolvimento energético (CDE), uma espécie de fundo de amparo do setor elétrico, mergulhado em dificuldades financeiras derivadas do populismo tarifário patrocinado pela presidente da república desde 2013. Frise‐se que as intervenções estenderam‐se ao segmento de petróleo, impedindo o alinhamento dos preços internos dos derivados à curva de cotações do óleo no mercado internacional, sacrificando a rentabilidade técnica da Petrobrás, já suficientemente abalada pela obrigatoriedade de investimento no pré‐sal, de cifras superiores à sua capacidade de captação, e pela submissão às exageradas exigências de conteúdo local e reservas de mercado, em simultâneo à montagem e execução da maior rede de deslocamento ilícito de dinheiro público da história do País. A propósito disso, a retórica de repúdio ao patrimonialismo, evidenciada na manifestação do ministro da Fazenda de não quitação da conta das farras das estatais e do fim da festa dos bancos públicos, pode sucumbir diante das ações para salvação da Sete Brasil – empresa formada pelo Previ, BTG, Bradesco, Santander e Funcef, contratada pela Petrobras para fornecimento de sondas de perfuração a preços maiores que os praticados no mercado internacional ‐, pelo BNDES e Banco do Brasil. Sem contar o veto do texto aprovado pelo Congresso Nacional, que atualizava a tabela do imposto de renda – pessoa física (IR‐PF) em 6,5%, e a definição de correção em 4,5%, o que representará ingresso disfarçado de R$ 7 bilhões aos cofres da Receita Federal, em razão do alargamento efetivo das faixas de incidência. Frise‐se que desde 1996, quando os distintos estratos do IR‐PF foram desatrelados dos índices de preços, a inflação acumulou variação de 226% contra menos de 100% da tábua do imposto. O pedaço monetário do conjunto de deliberações contém a majoração da taxa de juros de longo prazo (TJLP), dos juros praticados pela Caixa Econômica Federal no financiamento habitacional ‐ de 9,2% a.a. para 11% a.a. (SFI – balcão, não clientes) ‐, dos juros do programa de sustentação do investimento (PSI), de 4% a 6% a.a. para 6,5% a 10% a.a., e da Selic (para 12,25% ao ano, em janeiro de 2015). Esta última medida, adotada a pretexto de sufocar as tensões inflacionárias, serve prioritariamente para viabilizar a rolagem da dívida pública e segurar a depreciação do real, em face da ampliação da entrada de capitais externos de curto prazo, à procura de ganhos com as operações de arbitragem. Recorde‐se que a Selic retornou, em janeiro de 2015, ao patamar vigente entre 09 de junho e 20 de julho de 2011 (12,25% ao ano), chegando a 12,5% a.a., no final de agosto, quando iniciou curso cadente até abril de 2013. Convém sublinhar aqui que a transmissão plena da austeridade monetária para o conjunto do sistema econômico estará inevitavelmente atrelada à emissão de sinais exitosos da empreitada fiscal. É desnecessário ser um observador conjuntural arguto para perceber que as medidas produzirão impactos negativos na demanda agregada, pelos canais do encarecimento do crédito para consumo, giro e investimento, da É desnecessário ser elevação da cunha da tributação, da subida das despesas de produção e um observador distribuição e, por consequência, da instituição de focos de impulsão da inflação, agudizando também a endemia pelo lado da oferta de bens e arguto da conjuntura serviços. para perceber que as Outro incômodo é que não há exemplo, na história econômica mundial, de nação que tenha conseguido restabelecer o equilíbrio das medidas produzirão finanças governamentais e restaurar os fundamentos para a expansão impactos negativos econômica sustentada, recorrendo apenas a vertente tributária, na demanda especialmente um país com a carga de impostos ultrapassando 37% do produto interno bruto (PIB) ante capacidade de suporte da sociedade agregada. estimada em 25% do PIB.
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Não por acidente, a agência de classificação Moody's promoveu, no final de janeiro de 2015, o rebaixamento de todos os conceitos de crédito da Petrobrás, posicionando‐a no último degrau que separa o grau de investimento da condição especulativa, na escala avaliativa. Outra entidade, a Fitch, assumiu posição rigorosamente igual em fevereiro de 2015. A postura das companhias de rating foi atribuída às investigações sobre corrupção na estatal e às pressões sobre a liquidez da empresa, em consequência do retardo na divulgação dos resultados auditados do terceiro trimestre de 2014. De acordo com Moody's, as notas continuariam em análise para o emprego de novos cortes, que aconteceram em fins de fevereiro de 2015, quando a empresa foi desviada para o grau especulativo, apesar dos acenos do Ministro Levy, no sentido de assegurar novos aportes do tesouro em socorro à estatal, desconsiderados pela agência. Com isso, a maior empresa brasileira passou a integrar o seleto terreno ocupado apenas pela PDVSA (Venezuela) e a YPF (Argentina), entre as petroleiras. Em síntese, as iniciativas de ajuste fiscal em curso ignoram que ‐ com o prosseguimento dos déficits comerciais, a retração estrutural da indústria, o emperramento do segmento de energia elétrica, o arrasamento do ramo de petróleo, por corrupção e equívocos de gestão, e a tão requerida retirada do garrote das tarifas públicas, mantido irresponsavelmente durante meia década ‐ o Brasil precisa superar não apenas um quadro de debilidade orçamentária e financeira de curto termo, mas uma atmosfera bastante pesada de compressão do potencial de expansão de longo prazo e de capacidade competitiva, em condições de consolidação das instituições e do regime democrático. Ate porque, no resto do planeta, não obstante a desaceleração chinesa, cujo PIB cresceu 7,4% em 2014, a menor taxa desde 1990, observa‐se a montagem de um palco diferente, materializado em juros reais negativos, flerte com a deflação, queda nas cotações do petróleo ‐ motivada pelo surgimento do protagonismo americano, conquistado com a exploração do xisto ‐, e reação mais consistente da economia dos Estados Unidos. Em simultâneo, é prudente apostar num princípio de reerguimento da economia europeia, ensejado pela injeção de mais de um trilhão de euros pelo Banco Central Europeu (BCE), por meio da compra de papéis públicos e privados até setembro de 2016. Em matéria de déficit público total, inferências do Fundo Monetário Internacional (FMI) denotam média de 1,9% do PIB, para os mercados emergentes, de 3,9% do PIB, para os avançados, e de 2,6% do PIB, para a Europa, contra meta comum de 3% do PIB. Os pontos fora da curva, naquele continente, seriam a França (4,4% do PIB) e o Reino Unido (5,8% do PIB), sendo que algumas nações da periferia permanecem em processo de ajuste, particularmente a economia Grega – que exibe encolhimento de mais de 30%, desde 2008, na demanda doméstica, amarga uma das maiores reduções de salários reais da história e registra desemprego superior a 25% da população economicamente ativa (PEA) –, que conseguiu alargamento, por quatro meses, dos empréstimos que garantem a sobrevivência da nação e de suas entidades financeiras, em troca da adoção de mudanças institucionais de cunho liberal.
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CONFISCO DA POUPANÇA NUNCA MAIS Gilmar Mendes Lourenço
O mês de janeiro de 2015 foi marcado pela maior retirada líquida de haveres da história das cadernetas de poupança no País, em decorrência, de um lado, da maior atratividade exercida pelas demais modalidades de aplicações financeiras, com as rodadas de elevação da taxa Selic, e, de outro, da compressão da renda disponível das famílias, vinculada à queda real dos salários, por conta do esfriamento do mercado de ocupações e da ascensão da inflação, e ao aumento do endividamento. Na sequência, em fevereiro do corrente ano, dias antes do Carnaval, foram disseminados, nas mídias sociais, boatos acerca de ameaças de bloqueio, por parte do governo, dos mais de R$ 660 bilhões, hospedados nessa modalidade de ativo, especialmente para os clientes da Caixa Econômica Federal, numa espécie de repetição do episódio ocorrido há duas décadas e meia, no começo da administração do Presidente Fernando Collor. Na época, era praticamente consensual o raciocínio de que a política econômica teria que dedicar‐se à derrubada de três barreiras em simultâneo: a monetização acelerada e consequente explosão de demanda em ambientes de desinflação, características das fases imediatamente subsequentes ao lançamento dos planos de estabilização heterodoxos, como Cruzado, Bresser e Verão, aplicados na segunda metade da década de 1980, durante o governo Sarney; a enorme e crescente liquidez em bônus financeiros, marca da predominância da moeda indexada; e as precárias condições de financiamento da elevada dívida mobiliária do governo. Nessa perspectiva, em 16 de março de 1990 foi lançado um cartel de medidas radicais que enfeixava a alteração do padrão monetário, com a troca do cruzado novo (NCZ$) pelo cruzeiro; o congelamento de preços; o alongamento do prazo médio de resgate dos títulos públicos (entre 03 e 06 meses para 18 meses no mínimo); e a retenção dos ativos financeiros por 18 meses, exceto os recursos do Tesouro nas três esferas, conforme prescrevia a Medida Provisória (MP) Nº 168. Nas palavras de Mailson da Nobrega, ministro da Fazenda entre 1988 e março de 1990, o emprego de tal procedimento demonstrou a “coragem dos ignorantes”, por parte do presidente. O enxugamento de cerca de 80% do meio circulante do aparelho de transações, envolveu o bloqueio dos saldos dos depósitos (à vista) e em caderneta de poupança superiores a NCZ$ 50,0 mil (aproximadamente US$ 3,0 mil) e das aplicações financeiras acima de NCZ$ 25,0 mil (US$ 1,5 mil) ou 20,0% no resgate, prevalecendo o maior valor. As cifras foram transferidas para uma conta especial do Banco Central (BC), denominada Depósito Especial Remunerado (DER), o purgatório dos NCZ$, para devolução a partir de 16 de setembro de 1991, em 12 parcelas mensais sucessivas, atualizadas monetariamente pela variação do Bônus do Tesouro Nacional Fiscal (BTNf), acrescidas de 6,0% a.a. Os NCZ$ presos poderiam ser usados por 60 dias para a cobertura do pagamento de impostos, taxas, contribuições e obrigações previdenciárias, e por 180 dias para a transferência de titularidade entre pessoas físicas e empresas, como lastro dos negócios celebrados antes de 16 de março de 1990. Adicionalmente, foi criado o imposto sobre operações financeiras (IOF). O rompimento da promessa de campanha de intocabilidade das poupanças teria derivado da constatação de forte migração dos haveres das demais alternativas na direção do “porto seguro” das cadernetas, diante do medo de intervenção. O ex‐ministro Delfim Neto chegou a insinuar que o valor NCZ$ 50,0 mil teria surgido “de um papel do chapéu de um garçom próximo da equipe econômica”. Na linha da confirmação das atitudes improvisadas, o próprio grupo escalado pelo governo para a divulgação e os esclarecimentos relativos ao plano, não exibiu, em uma concorrida entrevista coletiva, na tarde de 16 de março de 1990, a firmeza resultante de uma satisfatória preparação, protagonizando a cena de como fazer maravilhosamente bem, do jeito errado.
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Decorridos vinte e cinco anos do terremoto econômico, diante da volta das especulações de nova retenção de montantes privados, o Ministério da Fazenda, de pronto, assumiu a responsabilidade de desmanche dos rumores e solicitou, à Polícia Federal, o desencadeamento de investigações para desvendar as origens e intenções do evento de proliferação de notícias capazes de agudizar o já complicado arranjo macroeconômico do País. O programa econômico implementado entre 2011 e 2014 conseguiu a proeza de produzir um cenário de tempestade perfeita, formado por deterioração da inflação, das finanças públicas e das contas externas, além da estagnação da produção e dos negócios e a exacerbação das expectativas desfavoráveis de famílias e empresas quanto ao futuro. A ação imediata e tranquilizadora das autoridades econômicas merece elogios, sobretudo quando brotadas da pasta
A ação imediata e tranquilizadora das
da Fazenda, cujo titular, Joaquim Levy, tem reiteradamente manifestado a natureza dura e transparente da atual orientação oficial, mesmo com a precipitação de manifestações contrárias no
autoridades econômicas
interior da própria esplanada como, por exemplo, a articulação
merece elogios, sobretudo
entre o ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro, e fração
quando brotadas do
da comunidade empresarial, na defesa da continuidade das
Ministério da Fazenda, que defende a transparência nas ações.
benesses fiscais, tributárias e creditícias indiscriminadas, concedidas a determinados ramos do setor industrial. Porém, convém ter presente que, independentemente de desejos e posturas deste ou daquele governante, a democracia brasileira está institucionalmente blindada do perigo de regresso de eventual retenção de partes dos portfólios financeiros. Isso
porque, no afastado 11 de setembro de 2001, dia do atentado às torres gêmeas, nos Estados Unidos, as Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, promulgavam, por aqui, a Emenda Constitucional Nº 32 que, dentre outras deliberações, em seu artigo 32, impede a “detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro”, por intermédio da edição de medidas provisórias. Aliás, apenas para esclarecer, mesmo com a gravidade do panorama econômico de então, Collor só logrou êxito na empurrada, “goela abaixo” do povo, de um pacote de providências autoritário e intervencionista, graças à fase embrionária atravessada pela redemocratização da nação, depois da ditadura militar que vigorou entre 31 de março de 1964 e o princípio de 1985. Depois dos cinco anos conturbados da gestão civil de José Sarney, marcada pelo fracasso de todos os expedientes ortodoxos, heterodoxos e mistos, empregados no combate à espiral de preços, em paralelo aos esforços de preparação da Constituição de 1988, vivenciou‐se, em 1989, o retorno das eleições diretas à Presidência da República, protagonizadas por vinte e dois postulantes ao cargo. No exercício de 2015, com a disponibilidade da retaguarda institucional, fruto do amadurecimento da democracia, somada à surpreendente fraqueza política da mandatária reeleita, as chances de reprise do furacão Collor revelam‐se rigorosamente nulas. Não bastasse isso, a despeito do ambiente conjuntural atual extremamente adverso, as circunstâncias bastante distintas das que predominavam em março de 1990, desautorizam qualquer incursão populista no estilo “Salvador da Pátria” que, comprovadamente, traz como resultado apenas a desorganização do tecido econômico e social. Na era Collor, a inflação superava os 80% ao mês e o déficit público total situava‐se em 25% do produto interno bruto (PIB), já incorporando o peso do imposto hiperinflacionário, que encobria as ineficiências privadas, ao propiciar ganhos não operacionais próximos de 3% ao dia, através da alocação de excedentes na rolagem dos papéis que lastreavam o passivo do governo, referenciados nas operações de overnight.
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As classes de renda alta e média da sociedade também
Nos tempos de hiperinflação, os
tiravam proveito do efeito riqueza, oportunizado pela especulação financeira, maximizado com a autorização do Banco Central para a criação e funcionamento das contas correntes remuneradas. Os
trabalhadores eram
grandes perdedores estavam localizados no piso da pirâmide social,
forçados a participar, no dia
representado pelos trabalhadores. Como estes, em sua esmagadora
do recebimento dos
maioria, nem contas bancárias possuíam, eram forçados a
salários, da desesperada maratona aos supermercados
participar, no dia do recebimento dos salários, da maratona aos supermercados, na tentativa de abrandarem a rápida corrosão de sua capacidade de compra. O plano real, cujos alicerces foram edificados em 1993, na administração de Itamar Franco, restringiu, de forma drástica, a farra e a tragédia, ao sepultar a superinflação indexada, o que
permite constatar a ausência, hoje, de distorções que justifiquem ou favoreçam respiros e pensamentos de confiscos de poupança, por mais fraco e desavisado que seja o governo. Ainda assim, é prudente lembrar que, em 2015, colhem‐se os frutos da irresponsabilidade fiscal dos governos petistas, sintetizados no índice de preços ao consumidor amplo (IPCA‐15) de 7,36%, no acumulado em doze meses até fevereiro de 2015, o maior desde junho de 2005, contra média internacional de 2% ao ano.
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O ENFRAQUECIMENTO DO VAREJO NO BRASIL Gilmar Mendes Lourenço
Depois de experimentar crescimento de 7,3% ao ano, no intervalo de tempo compreendido entre 2005 e 2013, o volume de vendas do comércio varejista brasileiro declinou ‐1,7% em 2014, em resposta à forte desaceleração do ritmo de evolução do consumo das famílias, que recuou de 2,6%, em 2013, para 1,5%, em 2014. O desempenho negativo foi determinado por veículos e motos, partes e peças (‐9,4%), livros, jornais, revistas e papelaria (‐7,7%), equipamentos para escritório, informática e comunicação (‐1,7%) e tecidos, vestuário e calçados (‐1,1%), atestando o esmorecimento dos ramos que possuem demanda movida a crédito ou atrelada à cultura e à informação. Chama atenção a estagnação apresentada por material de construção, apesar dos incentivos do programa “minha casa minha vida” e das promessas de inversões em infraestrutura, por parte do governo federal, e as variações pífias apuradas para os segmentos de super e hipermercados (1,5%), eletrodomésticos (1,4%) e móveis (1,0%), que exibiram resultados pouco animadores até por ocasião das festas de fim de ano. A performance geral só não se mostrou ainda pior devido aos acréscimos verificados na comercialização de artigos farmacêuticos, medicinais, ortopédicos e de perfumaria (9,0%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (7,9%) e, em menor medida, combustíveis e lubrificantes (2,6%). A marcha descendente das atividades comerciais pode ser explicada, fundamentalmente, pela combinação entre os elementos estruturais de instabilidade, que afetaram de maneira dominante o funcionamento da economia brasileira nos tempos recentes, agravados pelas paralisações associadas à Copa do Mundo de futebol e as apreensões durante o ciclo das eleições. Dentre os fatores chave de perturbação sobressai a redução da renda líquida disponível dos consumidores, o encarecimento do crédito e a exacerbação das incertezas em relação ao futuro. A diminuição dos rendimentos está associada ao flagrante enfra‐ quecimento do mercado de trabalho, notabilizada pelo declínio do contingente ocupado detentor de maior qualificação, particularmente na indústria, pelo A redução dos recuo da geração líquida de postos no comércio e nos serviços, e pela rendimentos está contração dos salários em decorrência da escalada da inflação. O que se viu foi o propagandeado pleno emprego dar lugar ao medo de perda do posto de intimamente trabalho, evento atestado pela onda de desligamentos nas montadoras. ligada ao O contingente ocupado, as horas trabalhadas e a folha de pagamento real enfraquecimento (já descontada a inflação) da indústria decresceram ‐3,2%, ‐3,9% e ‐1%, respectivamente, em 2014, de acordo com a pesquisa industrial mensal de do mercado de emprego e salário (Pimes), efetuada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e trabalho. Estatística (IBGE). Já, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), mostra que a geração líquida de postos com carteira assinada foi de 246 mil em doze meses findos em janeiro de 2015, o menor resultado da série histórica, iniciada em 2002, nesta base de comparação, com o fechamento líquido de 181,8 mil vagas nas fábricas e 167 mil na construção civil. Em sentido análogo, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, realizada pelo IBGE em 3.500 municípios brasileiros, mostra que o desemprego atingiu 6,8% da população economicamente ativa (PEA), em 2014, taxa superior a de 15 países dos 34 integrantes da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), também do IBGE, que acompanha o comportamento do mercado de trabalho em seis regiões metropolitanas do País (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre,
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Recife e Salvador), a taxa de desocupação subiu de 4,3% da PEA, em dezembro de 2014, para 5,3% da PEA, em janeiro de 2015, versus 4,8% da PEA, em janeiro de 2014, impulsionada pelo alargamento da desocupação na indústria e na construção civil. No confronto com o mês anterior, a dimensão relativa do desemprego consubstancia o terceiro maior salto desde o começo da nova série, em 2002, e, no cotejo com igual mês do ano antecedente, constitui o nível mais elevado desde setembro de 2013 (5,4% da PEA). No que diz respeito à restrição creditícia, levantamento realizado pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), constatou que os juros médios pagos pelos consumidores nas compras a prazo estavam, em dezembro de 2014, em 108,2% a.a., sendo 258,3% a.a., no cartão de crédito, o maior patamar desde julho de 1999 (278,9% a.a.), e 178,8% a.a., no cheque especial, o maior nível desde setembro de 2003 (182,2% a.a.). Apenas a título de exemplo, enquanto a taxa Selic subiu de 7,25% a.a. para 12,25% a.a., entre março de 2013 e janeiro de 2015, os juros médios cobrados das pessoas físicas saltaram de 88% a.a. para 108,2% a.a., em igual lapso. Tal cenário constitui uma verdadeira bomba relógio de efeito retardado para os consumidores, normalmente detentores de reduzido grau de educação financeira, que recorrem ao endividamento para o suprimento de suas necessidades essenciais e não essenciais, ou concretizam o ato de compra meramente por impulso ou objeto de desejo. Nessas circunstâncias, as instituições financeiras passam a operar com maior seletividade, fugindo da concessão de empréstimos a tomadores com apreciável potencial de risco, particularmente aqueles que se sujeitam a pagar as taxas estratosféricas do cartão ou abusam do costume de antecipação de recursos, via uso do cheque especial. Ainda a esse respeito, investigação da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revela que quase 60% das famílias brasileiras teriam acusado algum tipo de dívida (cheque pré‐datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro e seguro) em dezembro de 2014. Dentre as modalidades de endividamento predominava o cartão de crédito (74,6%), seguido por carnês (18%), financiamento de veículo (14,5%), crédito pessoal (9,6%), empréstimo habitacional (8,2%), cheque especial (6%) e crédito em consignação (4,2%). A proporção dos que manifestaram condição de inadimplentes (ocorrência de atrasos nos pagamentos em média de 60 dias) foi de 18,5% e os que declararam não dispor de condições financeiras para a regularização dos débitos vencidos representavam 5,8%. É fácil notar um No que se refere ao quadro de insegurança, formado pela balbúrdia na processo de gestão da economia, adicionado atualmente pelos ajustes que deverão adiamento de repercutir na inflação e na carga tributária, não seria correto imaginar algo diferente de um processo de postergação de compras e substituição da compras e aquisição de produtos caros por outros mais baratos. substituição de Até porque, apurações da Confederação Nacional da Indústria (CNI) produtos caros denotam um panorama desfavorável na confiança do consumidor. As mensurações da entidade dão conta que o índice nacional de expectativa do por outros mais consumidor – medido em escala entre zero e duzentos pontos ‐, caiu de 111,2 baratos. pontos, em dezembro de 2013, para 109,2 pontos, em dezembro de 2014, e 100 pontos, em fevereiro de 2015, o menor patamar desde junho de 2001, contra média histórica de 110,0. Os maiores agravamentos de preocupações repousam no comportamento da inflação, situação financeira e endividamento. A Fundação Getúlio Vargas (FGV) também mostrou que o sentimento de confiança do consumidor chegou a 85,4 pontos em fevereiro de 2015, o menor nível da série histórica iniciada em setembro de 2005. Outra sondagem trimestral da CNI observou que o índice de medo do desemprego da população brasileira subiu de 73 pontos em dezembro 2013 para 75 pontos em dezembro de 2014, para uma média histórica de 83,6 pontos. Já o índice de satisfação com a vida permaneceu estável em 103,2 pontos nos dois extremos, mas experimentando queda em relação a setembro de 2014 (103,8), com média histórica de 102,9.
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Em suma, é fácil notar que a retração que atingiu, de forma acentuada, o setor industrial, chegou ao comércio varejista. A macroeconomia denota a penalização, num primeiro momento, do investimento, e, tempos depois, do consumo. Até o costumeiro ponto fora da curva, representado pelo agronegócio, acusou estagnação da área plantada e declínio das cotações externas dos principais produtos, aspecto que não deverá ser anulado pela depreciação do real, em curso. Mais que isso, a cesta de indicadores econômicos disponíveis não deixam dúvidas quanto ao encerramento definitivo, no Brasil, da dinâmica de varejo baseada na expansão do crédito, da massa de salários (emprego, mesmo que de menor qualidade, e remunerações reais), dos dispêndios e benesses bancadas pelo tesouro nacional, da renda adicional proveniente dos saldos comerciais, proporcionados pela melhora das relações de troca, e do barateamento das importações. Aliás, a disparada das compras externas foi uma das responsáveis pela anemia do parque fabril doméstico, cuja produção e emprego, com quedas superiores a 1% a.a., entre 2011 e 2014, regrediu aos patamares observados em 2009, auge do contágio da instabilidade financeira internacional sobre a economia brasileira.
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Panorama Econômico – Fevereiro/2015 Carlos Ilton Cleto
Comércio Internacional Balança Comercial Mensal (Fevereiro/2015) – MDIC Fato Em fevereiro, a Balança Comercial fechou com déficit de US$ 2,84 bilhões, resultado de exportações de US$ 12,09 bilhões e importações de US$ 14,93 bilhões. A corrente do comércio atingiu US$ 27,03 bilhões. Em doze meses as exportações somaram US$ 218,94 bilhões, e as importações US$ 222,72 bilhões, resultando em saldo comercial negativo de US$ 3,78 bilhões e corrente do comércio de US$ 441,65 bilhões.
17.516 25.000
23.025
20.040
20.556
21.450
20.752
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15.646 17.996
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jan/15
fev/15
-5.000 Exp o r t açõ es
I mp o r t açõ es
Sald o d a B C em U S$ milhõ es
FONTE: MDIC
Causa Utilizando o critério da média diária, na comparação com fevereiro de 2014, houve queda de 15,7% nas exportações e 8,1% nas importações, a corrente do comércio recuou 11,7%. Frente a janeiro de 2015, as exportações tiveram aumento de 2,9%, as importações de 3,2%, e a corrente do comércio cresceu 3,1%. Em fevereiro, na comparação com igual mês do ano anterior, todas as categorias de produtos tiveram retração: manufaturados 11,1%, semimanufaturados 2,3%, e básicos 22,7%. Em termos de países, os cinco principais compradores foram: Estados Unidos, China, Argentina, Países Baixos, e Alemanha. Pelo mesmo critério de comparação, houve recuo de 20,3% nas importações de combustíveis e lubrificantes, de 8,0% nos bens de capital, 6,8% bens de consumo e 3,0% e matérias‐primas e intermediários. Os cinco principais fornecedores para o Brasil foram: China, Estados Unidos, Argentina, Alemanha e Nigéria. Em doze meses as exportações caíram 7,9%, sobre o mesmo período no ano anterior, as importações diminuíram 5,8%. Consequências O resultado negativo da Balança Comercial é consequência do desaquecimento mundial. Para os próximos meses, no comparativo mensal, as exportações deverão apontar crescimento mais intenso que as importações, não implicando, todavia, em recuperação significativa do quadro.
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Atividade Produção Industrial Mensal (Dezembro/2014) – IBGE Fato Em dezembro, a produção industrial mostrou variação negativa de 2,8% com relação ao mês anterior. Frente a dezembro de 2014, o recuo foi de 2,7%. No acumulado dos últimos doze meses a queda foi de 3,2%. Causa Na comparação com o mês anterior, todas as categorias apresentaram recuo, sendo a mais intensa nos bens de capital, 23,0%, o maior desde janeiro de 2012. Os bens de consumo duráveis recuaram 2,2%, os bens de consumo semi e não‐duráveis 1,7% e os bens intermediários, 0,8%. Comparativamente ao mesmo mês do ano anterior, todas as categorias também apontaram queda, o maior recuo foi nos bens de capital, 11,9%. Os bens de consumo duráveis retroagiram 9,7%, os bens intermediários, 1,5% e os bens de consumo semiduráveis e não duráveis 1,3%. Para o indicador acumulado no ano, a queda mais forte ocorreu na produção de bens de capital, 9,6%, seguido de bens de consumo duráveis 9,2%. Os bens intermediários e os bens de consumo semi e não‐duráveis, também registraram queda, 2,7% e 0,3%, respectivamente. Produção Indus trial BRASIL
150 140 130 120 110 100 90 80 jan
f ev 2008
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FONTE: IBGE ‐ Índice de base fixa mensal sem ajuste sazonal (Base: média de 2002 = 100)
Consequência Apesar da queda frente ao mês anterior trazer características sazonais, a indústria ao longo dos últimos meses não tem conseguido reagir à crise registrando taxas negativas ou pífias de crescimento.
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Atividade Pesquisa Industrial ‐ Regional – Brasil (Dezembro/2014) – IBGE Fato Entre novembro e dezembro de 2014, a produção industrial recuou em doze dos quatorze locais pesquisados. Na comparação com dezembro de 2013, a queda ocorreu em dez regiões, e no acumulado do ano, também dez dos quinze locais pesquisados, registraram queda. No Paraná a produção industrial diminuiu 0,5% frente ao mês anterior, cresceu 3,7% na comparação com dezembro de 2013 e recuou 5,5% no acumulado no ano.
Produção Indus trial BRASIL
150 140 130 120 110 100 90 80 jan
f ev
mar
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Produção Indus trial PARANÁ 130 120 110 100 90 80 70 60 50 jan
f ev
mar 2008
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FONTE: IBGE ‐ Índice de base fixa mensal sem ajuste sazonal (Base: média de 2002 = 100)
Causa Na comparação com o mês anterior os locais que registraram as maiores quedas foram: Bahia, Santa Catarina e Goiás. Os aumentos ocorreram no Amazonas e Ceará. No confronto com o mesmo mês do ano anterior, os destaques de recuo foram: Pernambuco, São Paulo, Goiás, Amazonas e Minas Gerais. Por outro lado, registraram avanço Espírito Santo, Mato Grosso, Paraná, Pará e Ceará. No ano São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Amazonas registraram os maiores recuos, e os principais avanços foram no Pará e Espírito Santo. No Estado do Paraná, na comparação com o mesmo mês no ano anterior, das treze atividades pesquisadas, sete registraram crescimento. Os maiores impactos vieram dos setores de coque, produtos derivados do petróleo e
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biocombustíveis, celulose, papel e produtos de papel, outros produtos químicos, máquinas, aparelhos e materiais elétricos e bebidas. Por outro lado, as principais variações negativas foram em máquinas e equipamentos, veículos automotores, reboques e carrocerias e produtos alimentícios. Consequência A generalizada queda frente ao mês anterior, apesar de ser influenciada parcialmente por questões sazonais, aponta descontinuidade na recuperação do setor. Atividade Pesquisa Mensal de Emprego (Janeiro/2015) – IBGE Fato Em janeiro, a taxa de desocupação foi de 5,3%, crescendo 1,0 p.p. frente a dezembro de 2014, e 0,5 p.p. com relação a janeiro do ano anterior. A população ocupada recuou 0,9% frente ao mês anterior e ficou estável no confronto com o mesmo mês de 2014. O rendimento médio real habitual da população ocupada, R$ 2.168,80, aumentou 0,4% no mês, e 1,7% no ano. A massa de rendimentos real habitual recebida pela população ocupada foi de R$ 50,7 bilhões, com queda de 0,4% em relação a dezembro e crescimento de 2,0% frente a janeiro de 2014.
12,0 11,0 10,0 9,0 8,0 7,0 6,0 5,0 4,0 Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
2008
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Maio
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Junho
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Julho
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Agosto
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Setembro
2014
Outubro
Novembro Dezembro
2015
FONTE: IBGE
Causa A população ocupada, na análise dos resultados com relação aos principais Grupamentos de Atividade, frente ao mês anterior, houve queda em Educação, saúde, serviços sociais, administração pública, defesa e seguridade social, 3,2% Na comparação com janeiro de 2014, houve retração na Indústria, 6,0% e crescimento em Outros serviços, 3,6%. Com relação ao rendimento médio, frente ao mês anterior, o maior aumento foi em Educação, saúde, serviços sociais, administração pública, defesa e seguridade social, 2,2%. Ocorreram quedas em: Construção, 1,2% e Outros serviços, 2,4%. Na comparação com janeiro de 2014, apenas o Comércio apresentou queda, 1,1%. Consequência O aumento da taxa de desocupação, com relação a dezembro, pode ser atribuído a fatores sazonais, para o restante do ano, diante do cenário de baixo crescimento que se configura, a expectativa é de variações negativas mais intensas.
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Atividade PNAD Contínua – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (4º Trimestre/2014) – IBGE Fato A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio apontou, para o quatro trimestre de 2014, taxa de desocupação de 6,5%, com queda de 0,3 p.p. frente ao terceiro trimestre, e crescimento de 0,3 p.p. na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior. Na média do ano a taxa ficou em 6,8%. No quarto trimestre a taxa de ocupação ficou em 56,9%, crescendo 0,1 p.p. frente ao trimestre anterior e caindo 0,4 p.p. na comparação com o quarto trimestre de 2013. Em 2014 a taxa de ocupação ficou em 56,8%. Causa No quarto trimestre, a grande maioria dos ocupados estava alocada no setor privado, 72,8%, seguido do setor público, 18,0% e serviço doméstico, 9,3%. Dos empregados do setor privado, 77,7% possuíam carteira de trabalho assinada, evoluindo 0,6 p.p. em relação ao mesmo trimestre em 2013. Também entre os trabalhadores domésticos houve evolução no percentual de trabalhadores com carteira assinada, 32,1%, frente a 31,1% no terceiro trimestre de 2013. Regionalmente, Centro‐Oeste e Sul, apresentaram os maiores percentuais de pessoas trabalhando entre aquelas em idade de trabalhar, 61,5% e 61,2% respectivamente. O menor nível de ocupação foi verificado no Nordeste, 52,2%. Consequência Apesar da forte queda na atividade econômica a taxa de desemprego ainda segue em patamar baixo, porém, o cenário para 2015, aponta para um crescimento na taxa de desocupação. Atividade Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (Janeiro/2015) – IBGE Fato O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola apontou para uma produção de 201,3 milhões de toneladas em 2015, 4,4% superior à produção obtida no ano de 2014. A área a ser colhida de 57,2 milhões de hectares apresentou acréscimo de 1,6% frente à área colhida 2014. O Mato Grosso aparece como o maior produtor nacional de grãos, com 23,1% da produção nacional, seguido pelo Paraná, com 18,2% e Rio Grande do Sul, 15,9%, os três Estados somam 57,2% do total da produção. Causa As produções de arroz milho e soja, que correspondem a 85,4% da área plantada e 91,6% do total da produção tiveram as seguintes variações para a produção, 3,3% e 10,5%, para arroz e soja, respectivamente e queda de 2,9% para a produção de milho. O levantamento sistemático da produção agrícola registrou variação positiva para 12 dos 26 produtos pesquisados: amendoim em casca 1ª safra, arroz em casca, aveia em grão, batata‐inglesa 1ª safra, café em grão – arábica, cevada em grão, feijão em grão 1ª safra, mamona em baga, mandioca, milho em grão 1ª safra, soja em grão, e trigo em grão. Em sentido contrário, deverão apresentar redução na quantidade produzida: algodão herbáceo em caroço, amendoim em casca 2ª safra, batata‐inglesa 2ª e 3ª safras, cacau em amêndoa, café em grão – canephora, cana‐de‐açúcar, cebola, feijão em grão 2ª e 3ª safras, laranja, e milho em grão 2ª safra, sorgo em grão e triticale em grão. A distribuição regional da safra ficou da seguinte forma: Centro‐Oeste, 81,7 milhões de toneladas, Região Sul, 75,2 milhões de toneladas, Sudeste, 19,7 milhões de toneladas, Nordestes, 19,2 milhões de toneladas, e Norte, 5,5 milhões de toneladas. Consequência O prognóstico apresenta em 2015 uma produção superior a de 2014 e a expectativa é que neste ano deveremos apresentar safra agrícola recorde.
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Atividade Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário ‐ PIMES (Dezembro/2015) – IBGE Fato A Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário do mês de dezembro de 2014 apresentou as seguintes informações: BRASIL
DEZ‐14 / NOV‐14
DEZ‐14 / DEZ‐13
Acumulado em 12 meses
Pessoal Ocupado Assalariado
0,4%
‐4,0%
‐3,2%
Nº. de Horas Pagas
‐0,1%
‐5,3%
‐3,9%
Folha de Pagamento Real
1,9%
‐1,4%
‐0,7%
110,00 108,00 106,00 104,00 102,00 100,00 98,00 96,00 94,00 92,00 90,00 Jan
Fev
M ar
2008
Abr 2009
M ai
Jun
2 0 10
Jul 2 0 11
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2 0 12
Out 2 0 13
Nov
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2 0 14
FONTE: IBGE ‐ Índice de base fixa mensal sem ajuste sazonal (Base: janeiro de 2001 = 100)
Causa Na comparação com igual mês do ano anterior, o indicador de Pessoal Ocupado Assalariado recuou em dezessete dos dezoito segmentos pesquisados, com os principais impactos negativos provenientes de meios de transporte, produtos de metal, máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações, máquinas e equipamentos, calçados e couro, outros produtos da indústria de transformação, alimentos e bebidas, vestuário, metalurgia básica e produtos têxteis. Por outro lado o único impacto positivo ficou nos produtos químicos. Nesta comparação houve retração nos quatorze locais pesquisados, com destaque para São Paulo, Região Nordeste, Minas Gerais, Região Norte e Centro Oeste, Rio Grande do Sul, Paraná e Rio de Janeiro. O Número de Horas Pagas caiu 5,3%, na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Todos os quatorze locais apresentaram queda. Os maiores impactos negativos no resultado nacional foram: São Paulo, Região Nordeste, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Região Norte e Centro Oeste. Setorialmente, o número de horas pagas diminuiu em dezessete dos dezoito setores industriais, vindo, as maiores contribuições negativas de alimentos e bebidas, meios de transporte, máquinas e equipamentos, calçados e couro, outros produtos da indústria de transformação, máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações, metalurgia básica, papel e gráfica e borracha e plástico. Na mesma comparação produtos químicos assinalou o único resultado positivo nesse mês. Com relação à Folha de Pagamento Real, comparativamente ao mesmo mês do ano anterior, houve recuo em treze dos quatorze locais e dezessete dos dezoito ramos, São Paulo, Região Nordeste, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Região Norte e Centro‐Oeste, apresentaram os maiores recuos. Por setor, as quedas mais significativas ocorreram em máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações, alimentos e bebidas, produtos de metal, meios de transporte, borracha e plástico, vestuário, calçados e couro, outros produtos da indústria de transformação, metalurgia básica, máquinas e equipamentos, papel e gráfica, e refino de petróleo e produção de álcool. Novamente, o único resultado positivo foi em produtos químicos.
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Consequência As informações apresentadas para o setor industrial a partir de diversos levantamentos seguem apontando retração. Para os próximos períodos não existem sinalizações de recuperação para o emprego industrial. Atividade Sondagem da Indústria (Fevereiro/2014) – FGV Fato Na passagem de janeiro para fevereiro, o Índice de Confiança da Indústria recuou 3,4%, permanecendo em patamar extremamente baixo em termos históricos. O Índice da Situação Atual diminuiu 2,1% para 84,0 pontos e o Índice de Expectativas caiu de 86,1 para 81,9 pontos. A utilização da capacidade instalada recuou 0,4 p.p. atingindo 81,6%. 115,0 105,0 95,0 85,0 fev/15
jan/15
dez/14
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Índic e de Expec tativas
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82,7
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83,0
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83,2
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84,3
out/13
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Índic e da Situaç ão Atual
jan/14
Índic e de Confianç a
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set/13
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abr/13
mar/13
fev/13
75,0
Ní ve l d e Utiliz a ç ã o d a Ca p a c id a d e In sta la d a - NUCI
FONTE: FGV
Causa No índice pertinente a situação atual – ISA, houve piora na percepção com relação ao ambiente geral de negócios, com as empresas que o consideram a situação atual dos negócios como boa caindo 4,4 p.p., atingindo 12,6%, e a dos que o consideram como ruim crescendo 0,1 p.p. chegando a 31,3%. No que tange ao Índice das Expectativas ‐ IE, o percentual de empresas que preveem aumento da produção nos três meses seguintes diminuiu 1,9 p.p., atingindo 30,5% e a das que esperam por menor produção, aumentou em 8,1 p.p., chegando a 21,4%. Consequências O ICI confirma o período de arrefecimento na atividade industrial. Para os próximos meses não existem expectativas de reversão do quadro, devendo comprometer o primeiro semestre.
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Atividade ICom ‐ Sondagem do Comércio (Fevereiro/2014) – FGV Fato O Índice de Confiança do Comércio ‐ ICom recuou 8,8% frente ao mês anterior, o maior recuo mensal da série iniciada em março de 2010. Após a quarta queda consecutiva, o índice atingiu 97,9 pontos, o menor nível da série histórica. O Índice a Situação Atual – ISA caiu 14,4% atingindo 76,4 pontos, e o Índice de Expectativas ‐ IE diminuiu 4,6%, chegando a 119,4 pontos. 170,0 150,0 130,0 110,0 90,0 70,0 fev/15
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Í n d ic e d a S itu a ç ã o Atu a l
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Í n d ic e d e Con fia nç a
Í nd ic e de Exp e c ta tiva s
FONTE: FGV
Causa A queda do ICOM no mês deve‐se principalmente pela piora da percepção dos empresários em relação ao momento atual. No IE‐COM, destacou‐se a avaliação menos favorável sobre o otimismo com relação às vendas nos três meses seguintes. Consequência O índice segue apresentando trajetória de baixa demonstrando que o ritmo da atividade econômica tem dificuldade em retomar a trajetória de crescimento. Para os próximos períodos a expectativa é de manutenção da tendência. Atividade Sondagem de Serviços (Fevereiro/2015) – FGV Fato O Índice de Confiança de Serviços ‐ ICS reduziu‐se 5,4% entre janeiro e fevereiro, passando de 99,1 para 93,7 pontos. O Índice da Situação Atual – ISA caiu 6,9%, passando de 82,5 para 76,8 pontos. O Índice de Expectativas ‐ IE caiu 4,5%, atingindo 110,6 pontos. 150,0 130,0 110,0 90,0 70,0 fev/15
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Índice da Situação A tual
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Índice de Co nfiança
Índice de Expectativas
FONTE: FGV
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Causa No ISA, destacou‐se a avaliação menos favorável sobre o volume de demanda atual, com a parcela das empresas que a avaliam como forte diminuindo de 11,4% para 8,8%, e a das que a avaliam como fraca passando de 32,4% para 36,3%. Nas expectativas, houve redução de 1,5 p.p. no percentual das empresas que prevêem melhora na tendência nos negócios nos seis meses seguintes, chegando a 29,3% de respostas, e aumento de 4,4 p.p. nas que esperam piora, fechando com 18,5%. Consequência O indicador retrata um setor em contínua desaceleração, decorrente da inflação elevada e do desaquecimento da atividade econômica. Para o primeiro semestre não é esperada recuperação. Atividade ICC – Índice de Confiança do Consumidor (Fevereiro/2014) – FGV Fato Entre os meses de janeiro e fevereiro, o ICC diminuiu 4,9% passando de 89,8 para 85,4 pontos, atingindo o menor nível da série iniciada em 2005. O índice da Situação Atual recuou 7,0%, de 88,5 para 82,3 pontos, e o Índice das Expectativas caiu 4,2%, de 90,8 para 87,0 pontos. 140,0 130,0 120,0 110,0 100,0 90,0 80,0 fev/15
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Índice da Situação Atual
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Índice de Confiança
Índice de Expectativas
FONTE: FGV
Causa Com referência a situação presente, a proporção de consumidores que avaliam a situação econômica atual como boa diminuiu 0,2 p.p. e a dos que a consideram ruim aumentou 9,8 p.p. No que tange a expectativa para os próximos seis meses, a proporção dos consumidores que preveem melhora recuou 1,7 p.p. e a dos que acreditam em piora cresceu 6,7 p.p. Consequência A confiança do consumidor segue em queda, registrando o segundo resultado negativo consecutivo, atingindo níveis recordes de baixa. Não existem expectativas melhora para os próximos meses.
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Atividade Pesquisa Mensal do Comércio (Dezembro/2014) – IBGE Fato No mês de dezembro frente ao mês anterior, o volume de vendas do comércio varejista diminuiu 2,6%, e a receita nominal caiu 2,4%. Nas demais comparações, sem ajustamento, as taxas para o volume de vendas foram de 0,3% sobre dezembro de 2013 e 2,2% no acumulado do ano. A receita nominal obteve taxas de 6,0% com relação a igual mês de 2013 e 8,5% no acumulado no ano. No comércio varejista ampliado o volume de vendas apresentou as seguintes variações, queda de 3,7% frente a novembro 2014, recuou de 2,2% no comparativo com o mesmo mês do ano anterior, e retração de 1,7% no acumulado no ano. A receita nominal teve variações de negativos 3,7% frente ao mês anterior e crescimento de 3,0% em relação a dezembro de 2013, e 3,9% no acumulado do ano. 170 150 130 110 90 70 50
jan 2008
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FONTE: IBGE Índices de volume e de receita nominal de vendas no comércio varejista por tipos de índice (2003 = 100)
Causa No confronto com dezembro de 2014, no que tange ao volume de vendas, quatro das oito atividades apresentaram variações positivas. Por ordem de contribuição no resultado global, foram: Outros artigos de uso pessoal e doméstico, 7,5%, Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos 8,0%, Combustíveis e lubrificantes, 2,0% e Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação, 7,4%. As atividades que exerceram impactos negativos foram: Livros, jornais, revistas e papelaria, 9,6%, Tecidos, vestuário e calçados, 3,4%, Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, 0,9% e Moveis e eletrodomésticos, 3,6%. Considerando ainda a comparação com dezembro de 2014, nas atividades do comércio varejista ampliado, Veículos, motos, partes e peças, tiveram variação negativa de 5,8% e Material de construção positiva de 5,6%. Consequência No comparativo com o mesmo mês do ano anterior, a atividade comercial apresenta retração que pode ser explicada pela desaceleração do ritmo de crescimento da massa real de salário e piora nas condições de acesso ao crédito.
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Atividade Pesquisa Mensal de Serviços (Dezembro/2014) – IBGE Fato No mês de dezembro frente a igual mês do ano anterior, a receita nominal dos serviços cresceu 4,2%, superior a registrada em novembro, 3,7%, mas inferior a de outubro, 5,2%. No acumulado do ano a taxa ficou em 6,0%, a menor taxa para este indicador desde o início da série. 170 150 130 110 90 70 50 jan
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FONTE: IBGE Índices de volume e de receita nominal de vendas no comércio varejista por tipos de índice (2003 = 100)
Causa No confronto com dezembro de 2013, a maior contribuição veio de Serviços prestados às famílias, 8,9%, com destaque para os outros serviços prestados às famílias. Também tiveram crescimento, Serviços Profissionais, Administrativos e Complementares, Transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio e Outros Serviços. Apenas os Serviços de informação e comunicação, teve variação negativa. Consequência Mesmo apresentando crescimento frente ao mesmo mês do ano anterior, a receita nominal dos serviços perdeu aceleração. O desempenho ao longo do ano foi condicionado principalmente pelo crescimento da massa salarial. Inflação IGP‐10 (Fevereiro/2015) – FGV Fato Em fevereiro, o IGP‐10 registrou variação de 0,43%, 0,01 p.p. acima da inflação de janeiro. Em doze meses, o índice acumula variação de 3,86%. Causa No mês de janeiro, o IPA apresentou variação inferior a do mês anterior em 0,18 p.p., apresentando variação de 0,03%. Na composição deste índice as Matérias‐Primas Brutas recuaram 0,29 p.p., atingindo valor negativo de 1,26%, com destaque para soja, milho e suínos, os Bens Intermediários recuaram 0,41 p.p., chegando a negativos 0,17%, no qual se sobressaiu o subgrupo materiais e componentes para a manufatura. Os Bens Finais, por outro lado, acelerou‐se em 0,12 p.p., decorrente de bens de investimento.
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O IPC registrou aceleração de 0,34 p.p., atingindo 1,39%, com o principal avanço em Transporte, com destaque para o item tarifa de ônibus urbano. Também registraram aceleração: Educação Leitura e Recreação, Habitação, Despesas Diversas, e Habitação. O INCC teve aquecimento de 0,45 p.p., com acelerações em todos os seus componentes. 1,29%
1,5% 1,11%
1,0%
0,98%
0,72%
0,31%
0,5% 0,30% 0,0% -0,09%
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-1,0%
FONTE: FGV
Consequência O IGP‐10 apresentou breve aceleração, porém o patamar elevado irá trazer reflexos nos valores acumulados, podendo influenciar em uma condução mais austera da Política Econômica. Inflação IGP‐M (Fevereiro/2014) – FGV Fato O IGP‐M variou 0,27%, em fevereiro, 0,49 p.p. abaixo da variação de janeiro. Em doze meses o acumulado é de 3,86%. Causa Dos índices que compõe o IGP‐M, o IPA, que responde por 60% na composição do índice, registrou desaceleração de 0,55 p.p., com destaque para Matérias‐Primas Brutas, que recuaram 0,72 p.p., decorrente principalmente da variação dos preços de: soja, suínos e bovinos e dos Bens Intermediários que tiveram variação 0,86 p.p. menor, com o subgrupo materiais e componentes para a manufatura sendo o principal responsável pelo desaquecimento. Os Bens Finais recuaram 0,39 p.p. O IPC recuou 0,21 p.p., com o principal decréscimo em Alimentação, como consequência do comportamento das hortaliças e legumes. Também apresentaram recuo em suas taxas de variação: Educação, Leitura e Recreação, Habitação e Comunicação. O INCC apresentou desaceleração de 0,20 p.p., com avanços em Materiais e Equipamentos, e Serviços 0,15 p.p. e recuo em Mão de Obra, 0,51 p.p.
2,00 1,67
1,50
1,50
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1,00 0,50
0,27
0,00 -0,50
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-0,74
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FONTE: FGV
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Consequência O IGP‐M, a exemplo de outros índices inflacionários, apesar de se encontrar em patamar elevado, apresentou acomodação no último mês. Inflação IGP‐DI (Janeiro/2014) – FGV Fato O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP‐DI) registrou variação 0,67% em janeiro, acelerando 0,29 p.p. ante a inflação registrada em dezembro. Em doze meses a variação foi de 4,06%. Causa No mês, o avanço do índice foi estimulado pelo IPC, com variação de 1,73%, acelerando 0,98 p.p. frente ao mês anterior, motivado por aquecimento em Transportes, Educação, Leitura e Recreação, Alimentação, Despesas Diversas e Comunicação. Nestas classes destacam‐se o comportamento dos itens: tarifa de ônibus urbano, cursos formais, hortaliças e legumes, cigarros e mensalidade para TV por assinatura. O IPA registrou desaceleração de 0,07 p.p., com recuos em Matérias‐Primas Brutas e Bens Intermediários e aceleração em Bens Finais. O INCC cresceu 0,84 p.p., com aumentos tanto em Materiais, Equipamentos e Serviços, 0,79 p.p., como em Mão‐ de‐Obra, 0,87 p.p. 2,0% 1,5%
1,48%
1,36%
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1,0% 0,5% 0,28% 0,0% -0,06%
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FONTE: FGV
Consequência Após o recuo de dezembro o índice voltou a ter aceleração, condicionado principalmente por Bens Finais e preços ao consumidor. Para os próximos meses a expectativa é de continuidade no avanço Inflação IPCA (Janeiro/2014) – IBGE Fato O IPCA variou 1,24% em janeiro, 0,46 p.p. acima da variação de dezembro, sendo o maior índice mensal desde fevereiro de 2013. O índice acumulado em doze meses é de 7,14%, superior ao registrado nos doze meses imediatamente anteriores, 6,41%. Em Curitiba o índice acelerou 0,11 p.p., registrando variação de 0,95%.
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Causa A maior variação registrada no mês se deve principalmente aos grupos Alimentação e Bebidas, Habitação e Transporte, sendo responsáveis por 85% do índice. Nos Alimentos sobressaíram a batata‐inglesa, o feijão carioca e o tomate. Na Habitação o destaque ficou com a energia elétrica e nos Transportes, automóvel novo, automóvel usado, conserto de automóvel e etanol. 8,00
1,40
7,00
1,20
6,00
1,00
5,00 0,80 4,00 0,60 3,00 0,40
2,00 1,00
0,20
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IPCA ac umulado em 12 meses
IPCA variaç ão mensal
FONTE: IBGE
Consequência Nos últimos três meses o IPCA vem apresentando forte aceleração, não sendo esperado para os próximos meses arrefecimento. Tal fato deve ensejar uma política monetária ainda mais austera. Inflação IPCA ‐ 15 (Fevereiro/2015) – IBGE Fato O IPCA – 15 registrou variação de 1,33% em fevereiro, apresentando elevação de 0,44 p.p. frente ao mês anterior. No ano e nos últimos doze meses os acumulados são 2,23% e 7,36%, respectivamente. Em Curitiba a variação foi de 1,09%, 0,39 p.p. acima do registrado no mês anterior, acumulando 1,80% no ano e 7,12% em 12 meses. Causa O destaque no mês foi a elevação nos cursos regulares, 7,29%, fazendo com que o grupo Educação registrasse variação de 5,98%. Também apresentaram aquecimento no mês os grupos, Habitação, Artigos de Residência, Transportes, Saúde e Cuidados Pessoais e Comunicação. Consequência O aumento no mês deveu‐se a fatores sazonais, notadamente o item cursos regulares, porém a inflação encontra‐se em patamar elevado e deverá trazer repercussões sobre as políticas monetária e fiscal.
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Inflação Custos e Índices da Construção Civil (Janeiro/2014) – IBGE ‐ Caixa Econômica Federal Fato O Índice Nacional da Construção Civil variou 0,21% em janeiro, 0,23 p.p. abaixo da variação de dezembro. O custo nacional por metro quadrado passou de R$ 913,32, em dezembro, para R$ 915,22 em janeiro sendo R$ 498,35 relativos aos materiais e R$ 416,87 à mão‐de‐obra. No Estado do Paraná, a variação mensal foi de negativos 0,07% e em doze meses 4,35%, chegando o custo por metro quadrado a R$ 932,69.
1,20 1,00 0,80 0,60 0,40 0,20 0,00 jan
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set
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FONTE: IBGE e CAIXA
Causa Na composição do índice a parcela dos materiais variou 0,20%, 0,29 p.p. abaixo do índice de dezembro, e a componente mão‐de‐obra, reduziu a taxa de variação em 0,62 p.p., passando de 0,84% em dezembro para 0,22% em janeiro. Os custos regionais, por metro quadrado, foram: R$ 956,23 no Sudeste, R$ 928,95 no Norte, R$ 928,00 no Centro‐Oeste, R$ 929,21 no Sul e R$ 852,37 no Nordeste. Consequência Em fevereiro o índice não deverá apresentar aceleração mais intensa, o que só deve ocorrer em março, decorrente do reajuste salarial em alguns Estados, o que irá se repetir com intensidade maior em maio, como consequência do dissídio da categoria em São Paulo. Inflação IPP ‐ Índices de Preço ao Produtor (Dezembro/2014) – IBGE Fato O IPP apresentou variação de 0,56% em dezembro, ficando, portanto 0,50 p.p. inferior à variação do mês anterior e 0,04 p.p. menor do que a do mesmo mês do ano anterior. No acumulado do ano à variação foi de 4,42%. Causa No mês, dezoito das vinte e três atividades apresentaram variações positivas, as maiores variações foram em outros equipamentos de transporte, fumo, papel e celulose e calçados e artigos de couro, e as maiores influências vieram de refino de petróleo e produtos de álcool, alimentos, outros produtos químicos e papel e celulose. No acumulado em doze meses, as maiores variações ocorreram em metalurgia, outros equipamentos de transporte, calçados e artigos de couro e máquinas, aparelhos e materiais elétricos. As maiores influências vieram de metalurgia, refino de petróleo e produtos de álcool, veículos automotores e máquinas, aparelhos e materiais elétricos.
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Consequência Apesar do recuo no mês, o índice de preços ao produtor acumulado em doze meses apresentou crescimento frente ao mês anterior, o que deve influenciar o comportamento futuro dos preços no varejo. Operações de Crédito Nota à Imprensa (Janeiro/2014) ‐ BACEN Fato O estoque das operações de crédito do sistema financeiro atingiu R$ 3.013 bilhões em janeiro. A relação entre o crédito total e o PIB situou‐se em 58,5%, caindo 0,4 p.p. frente ao mês anterior e crescendo 2,8 p.p. na comparação com janeiro de 2014. A taxa média geral de juros das operações de crédito do sistema financeiro, computadas as operações com recursos livres e direcionados atingiu 25,1% a.a., e a taxa de inadimplência, 2,9%. Causa O volume total das operações de crédito em janeiro diminuiu 0,2% frente ao mês anterior e cresceu 11% em doze meses. Os empréstimos contratados com recursos livres, que representam 51,9% do total, atingiram R$ 1.566 bilhões, caindo 0,7% no mês e aumentando 5,1% com relação a janeiro de 2014. No segmento de pessoa jurídica, houve retração de 1,9% no mês, totalizando R$ 778 bilhões. Os empréstimos realizados às pessoas físicas cresceram 0,4%, chegando a R$ 788 bilhões. No crédito direcionado houve avanço de 1,5% no mês e 25,3% em doze meses, chegando a R$ 1.225 bilhões. Esse desempenho resultou de acréscimos mensais respectivos de 1,7% e 1,4% nos financiamentos a pessoas físicas e jurídicas. No segmento de pessoas físicas destacaram os financiamentos imobiliários, com recursos da poupança e do FGTS, e no segmento a pessoas jurídicas houve ênfase na variação da carteira de financiamentos para investimentos com recursos do BNDES. As taxas médias geral de juros aumentaram 1,2 p.p. no mês e 1,8 p.p. nos últimos doze meses. Para pessoa física a taxa média de juros atingiu 32,4% a.a., com elevação de 1,4 p.p. no mês e 2,3 p.p. em doze meses, considerando apenas os recursos livres a taxa para pessoas físicas situou‐se em 52,6% a.a. Nas pessoas jurídicas, houve acréscimo de 0,9 p.p., tanto no mês como em doze meses, atingindo 17,4% a.a. Considerando os recursos livres esta taxa é de 25,2%. No spread bancário ocorreu crescimento de 1,1 p.p. no mês e 1,8 p.p. em doze meses, alcançando 16,2 p.p., sendo 8,8 p.p. para pessoas jurídicas e 23,2 p.p. para pessoas físicas. A taxa de inadimplência do sistema financeiro situou‐se em 2,9%, com crescimento de 0,1 p.p. no mês e estabilidade em doze meses. Para pessoas físicas a inadimplência é de 3,8% e para pessoas jurídicas, 2%. Consequência O crescimento do crédito vem perdendo aceleração, principalmente em decorrência do baixo ritmo de retomada da atividade econômica, para os próximos períodos a tendência é de crescimento marginal. Setor Externo Nota à Imprensa (Janeiro/2014) ‐ BACEN Fato Em janeiro, o Balanço de Pagamentos registrou superávit de US$ 562 milhões. As reservas internacionais diminuíram US$ 1,9 bilhão, totalizando US$ 372,2 bilhões e a dívida externa somou US$ 348,7 bilhões, mantendo‐se estável frente ao mês anterior. Causa No que tange ao Balanço de Pagamentos, o saldo da conta de transações correntes foi negativo em US$ 10,7 bilhões, acumulando déficit de US$ 90,4 bilhões nos últimos doze meses, equivalente a 4,17% do PIB. A conta de serviços registrou déficit de US$ 3,6 bilhões no mês, com elevação de 8,3% na comparação com janeiro. As remessas líquidas de renda para o exterior somaram US$ 4 bilhões, com recuo de 9,4% na comparação com o mês anterior. As despesas líquidas de lucros e dividendos somaram US$ 1,7 bilhão, frente a US$ 2,5 bilhões no mesmo mês do ano anterior, enquanto as despesas líquidas de juros atingiram US$ 2,3 bilhões, 20,4% acima do resultado no mesmo comparativo.
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A conta capital e financeira registrou entrada líquida de US$ 10,8 bilhões. Destacaram‐se no mês, o ingresso líquido em investimentos em carteira, US$ 9,7 bilhões, e de investimentos estrangeiros diretos, US$ 4,0 bilhões. A movimentação das reservas, durante o mês de abril foi consequência, principalmente, das variações por paridades, US$ 4,4 bilhões. A dívida externa de médio e longo prazo que totalizou US$ 292,6 bilhões, com redução de US$ 369 milhões, enquanto a dívida de curto prazo teve elevação de US$ 385 milhões, somando US$ 54,1 bilhões. Consequência O preocupante e crescente déficit em transações correntes tem sido sustentado principalmente pela entrada de investimentos diretos e em carteira, resultando, no mês, em superávit do balanço. Política Fiscal Nota à Imprensa (Janeiro/2014) ‐ BACEN Fato Em janeiro, o setor público não financeiro registrou superávit de R$ 21,1 bilhões, considerando o fluxo de doze meses o acumulado atingiu déficit de R$ 31,4 bilhões (0,61% do PIB). A dívida líquida do setor público alcançou R$ 1.885 bilhões (38,6% do PIB), caindo 0,1 p.p. como proporção do PIB, em relação ao mês anterior. O montante dos juros apropriados atingiu R$ 18 bilhões, no mês, e R$ 299 bilhões (5,81% do PIB), em doze meses. O resultado nominal registrou superávit de R$ 3 bilhões, e no acumulado em doze meses, o déficit atingiu R$ 330,4 bilhões, 6,42% do PIB. Causa Na composição do superávit primário, o superávit do Governo Central atingiu R$ 10,1 bilhões, o dos governos regionais, R$ 10,5 bilhões, e as empresas estatais R$ 444 milhões. Com relação aos juros apropriados em janeiro, R$ 18 bilhões, houve recuo de R$ 29,2 bilhões em relação ao total apropriado em dezembro. Com relação à Dívida Líquida do Setor Público como percentual do PIB, a redução foi consequência, do superávit primário, e do crescimento do PIB nominal. Em sentido contrário, a apropriação dos juros nominais e o ajuste de paridade da cesta de moedas que compõe a divida externa líquida, contribuíram para o aumento. Consequência Os resultados apontam deterioração fiscal, apesar da queda na relação dívida/PIB. Para os próximos meses, inclusive para conter a inflação, é esperada maior parcimônia fiscal.
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