Historia da língua portuguesa

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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) Núcleo de Educação à Distância - Universidade de Pernambuco - Recife

S586h

Silva, Francisca Núbia Bezerra e História da língua portuguesa / Francisca Núbia Bezerra e Silva. – Recife: UPE/NEAD, 2009. 66 p.: il. – (Letras). ISBN 978-85-7856-015-7

Conteúdo: fasc. 1 – Origem e estrutura da língua portuguesa; fasc. 2 – Formação da língua portuguesa; fasc. 3 – Forma da língua e história da língua portuguesa no Brasil; fasc. 4 – Contributos do Tupi-Guarani e sua influência no vernáculo português. 1. Língua portuguesa - história 2. Tupi-Guarani 3. Educação a distância I. Universidade de Pernambuco, Núcleo de Educação a Distância II. Título CDU 806.90(09)

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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UPE Reitor Prof. Carlos Fernando de Araújo Calado Vice-Reitor Prof. Reginaldo Inojosa Carneiro Campello Pró-Reitor Administrativo Prof. Paulo Roberto Rio da Cunha Pró-Reitor de Planejamento Prof. Béda Barkokébas Jr. Pró-Reitor de Graduação Prof.ª Izabel Cristina de Avelar Silva Pró-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Prof.ª Viviane Colares S. de Andrade Amorim Pró-Reitor de Extensão e Cultura Prof. Álvaro Antônio Cabral Vieira de Melo

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Coordenador Geral Coordenador Adjunto Assessora da Coordenação Geral Coordenação de Curso Coordenação Pedagógica

Coordenação de Revisão Gramatical

Administração do Ambiente Coordenação de Design e Produção Equipe de design

Coordenação de Suporte

EDIÇÃO 2013

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Prof. Renato Medeiros de Moraes Prof. Walmir Soares da Silva Júnior Prof.ª Waldete Arantes Prof.ª Silvania Núbia Chagas Prof.ª Maria Vitória Ribas de Oliveira Lima Prof.ª Patrícia Lídia do Couto Soares Lopes Prof. Walmir Soares da Silva Júnior Prof.ª Angela Maria Borges Cavalcanti Prof.ª Eveline Mendes Costa Lopes .Prof.ª Célia Barbosa da Silva Oliveira José Alexandro Viana Fonseca Prof. Marcos Leite Anita Sousa Rafael Efrem Rodrigo Sotero Romeu Santos Susiane Santos Adonis Dutra Afonso Bione Prof. Jáuvaro Carneiro Leão Impresso no Brasil - Tiragem 324 exemplares Av. Agamenon Magalhães, s/n - Santo Amaro Recife - Pernambuco - CEP: 50103-010 Fone: (81) 3183.3691 - Fax: (81) 3183.3664

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históriA dA LínguA

POrtuguesA Prof.a Francisca Núbia Bezerra e Silva Carga Horária | 60 horas

ementA Estudo das origens da Língua Portuguesa, do conteúdo variável e da linearidade de sua evolução: do latim clássico para o latim vulgar até nossos dias. A Língua Portuguesa é estudada na sua História na variação de cada indivíduo, na sociedade, no espaço e no tempo. Os processos serão contemplados através da fonologia, da morfossintaxe, dos aspectos semânticos, lexicais e das variações linguísticas que vão do lusitano a estruturas vigentes.

ObjetivO gerAL Refletir sobre a origem e a história da Língua Portuguesa com a compreensão de quanto o latim clássico e vulgar influenciou o conhecimento científico que a longo do tempo definiu nossos contatos e saberes da Língua Portuguesa no contexto do processo histórico.

APresentAçãO

dA

disciPLinA

A disciplina História da Língua Portuguesa contempla não só o conhecimento dessa história e dessa língua mas também pretende envolver o estudante de tal forma que se sinta compelido a aprender e manejar seu idioma e suas variações, com o enlevo a que essa língua nos conduz por sua riqueza vocabular. De início, veremos, neste primeiro momento, aspectos bastante significativos para uma perfeita compreensão dessa história, tais como: origem, evolução e formação desse idioma, assuntos vitais para um perfeito entendimento do tema em pauta e, em seguida, a história da língua em todas as suas dimensões e variedades. Conhecer para dominar é esse o intento dessa disciplina no Curso de Letras e para o que precisamos saber de “de onde vem essa língua”, “como foi formada,” e acima de tudo, como chegou até nossos dias – tais informações viabilizarão uma série de saberes para além dessa história. Trabalharemos com leituras, fóruns, webquest, pesquisas em links, desafios advindos no próprio texto.

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Fascículo 1

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A Origem

e Estrutura da Língua Portuguesa Eixo Temático | A Leitura no Contexto Universitário Prof.a Francisca Núbia Bezerra e Silva Carga Horária | 15 horas

Objetivos Específicos Discutir as dificuldades de acesso e o manejo do nosso próprio idioma através do conhecimento da história da Língua Portuguesa; Refletir sobre a história do seu idioma, fundamentado em variados vieses; Perceber, através do conhecimento da origem, evolução e formação, modos de apropriação do idioma português.

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Fascículo 1 dA

LínguA POrtuguesA http://www.planetaeducacao.com.br

1. Origem

Museu da Língua Portuguesa

Neste momento, nós pretendemos responder o primeiro questionamento sobre a formação histórica da Língua Portuguesa, uma vez que este assunto nos dará o aporte necessário para adentrar ao universo da formação desse idioma. Esse trajeto será feito do início do século III, fixando, assim, a rota que estabelece a Língua Portuguesa em sua origem e o itinerário posterior desse organismo vivo em franca expansão – a Língua Portuguesa. Para isso, temos como questão para reflexão um pensamento de Leonor Buescu:“A língua é ou faz parte do aparelho ideológico, comunicativo e estético da sociedade que a própria língua define e individualiza.” Este fascículo traz informações interessantes sobre o Português que vem do Latim Vulgar. Não podemos nos esquecer de que, quando falamos em “língua portuguesa”, “idioma português”, ou “português”, repetimos as mesmas expressões. Logo, de início, procuraremos responder os três questionamentos: De onde vem a nossa língua? Como chegou até nós? Como se formou?

1.1. fOrmAçãO históricA Há um elemento vital que concorre para a formação da Língua Portuguesa: o domínio romano, que conseguiu reduzir a um denominador comum as várias culturas da Península Ibérica. O português, língua neolatina, resultado da mistura do

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latim vulgar, mais a influência árabe e das tribos que viviam na região, consolidou-se nesse idioma rico que temos até hoje, falado por 196 milhões de indivíduos que a utilizam como língua materna. O português é o próprio latim modificado; é o idioma falado pelo povo romano, que continua vivendo transformado nas línguas românicas. Os fatos, que pertencem à história geral da Península, estão intimamente ligados às circunstâncias históricas, em que se criou e desenvolveu o nosso idioma. No séc. III, antes da nossa era, os romanos ocuparam a Península Ibérica a qual foi incorporada ao império no ano 197 a.C. Temos dificuldades de conhecer a língua da Península Ibérica antes de os romanos dela se apoderarem. Pouco é o que se sabe a respeito dos povos que habitavam o solo peninsular antes da invasão romana. (sec. III a.C.) Dentre esses povos, citamos os mais importantes: celtas, iberos, gregos, fenícios, cartagineses.

SAIBA MAIS! fiLmes YOutube /watch?v=fvSh21mVrL8

http://br.youtube.com

M /watch?v=rUWqQZMyK7

http://br.youtube.com

/watch?v=i6ScnDb_P1A

http://br.youtube.com

SAIBA MAIS! gLAdiAdOr

morte, Maximus só con Depois de escapar da ssa pa e nando-se escravo segue sobreviver, tor dor na arena, onde sua dia gla a treinar para ser poaprendeu que o único fama cresce. Maximus do o Imperador é o desej der mais forte que o do nga vin sua pode realizar povo, e ele sabe que só . rio pé Im o o tod ior herói de ça, tornando-se o ma dos.htm

no.org/livros_recomenda Fonte: www.leitemater

Com esses filmes, você poderá observar a maneira de viver desses povos e seus valores. Podemos dizer que os iberos – povo pacífico e agrícola e os mais antigos de que se tem conhecimento - foram invadidos, em seu território, pelos Celtas – povos turbulentos, de instinto bélico. Pos-

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Fascículo 1 teriormente, outros povos – os fenícios, os gregos e os cartagineses – fizeram suas colônias comerciais em vários pontos da Península. Quando os cartagineses decidiram apropriar-se dela, por ocasião do cerco de Sagunto (http://pt.wikipedia.org/ wiki/Sagunto), os Celtiberos pediram ajuda aos Romanos que os atenderam de imediato, o que vem confirmar a importância dessa região para a miscigenação do povo português e a contribuição para suas constantes aculturações. Roma, paralelamente à sua conquista territorial, ia realizando a conquista linguística, impondo aos povos vencidos a sua língua: o Latim.

Atividade | Observando esses filmes, registre suas impressões sobre o povo romano e leve para o nosso fórum. O que determinava o espírito guerreirodos romanos? Qual a política vigente? O que essas conquistas interferiram na língua deste povo? O que sabemos é que Roma era habitada por gente muito ambiciosa, que queria dominar o mundo todo. Para dominar outros povos, os romanos tinham que vencê-los na guerra, pela força. Como tinham um exército muito bem preparado, conquistaram muitas cidades. Assim, cada cidade conquistada pelos romanos falava uma língua diferente do latim. Roma conquistou tantos povos que formou o grande Império Romano. Os países que hoje conhecemos como Portugal, Espanha, França, Itália eram, naquela época, regiões dominadas por Roma; eram parte do império romano. O latim era a língua falada em todo o império. Depois, com o tempo, esse império foi perdendo sua grande força, até que foi destruído completamente. E o latim foi falado por toda aquela gente durante vários séculos. Mas Roma foi vencida, perdeu seu domínio naquela parte do mundo. Na região central da atual Itália, o Lácio, um povo que falava Latim aí estava estabelecido, onde posteriormente foi fundada a cidade de Roma que a cada conquista anexava terras novas aos seus domínios e a cada uma dessas conquistas impunha aos vencidos hábitos e costumes, como é de praxe entre vencido e vencedores. Entretanto, não se pode desprezar por completo

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a influência exercida pelas diversas línguas faladas na região antes do domínio romano sobre o latim vulgar, mais aberto a transformações e diversificações. Assim é que o latim vai vivenciando uma fase de transição, modificado pelos falares regionais, dando origem a vários dialetos, que recebem a denominação genérica de romanço (do latim romanice, que significa ‘falar à maneira dos romanos’) (http://acd.ufrj.br/~pead/tema05/ponto22.html). Vamos nos deter agora, nas modalidades do Latim existentes àquela época: o Latim Vulgar (sermo vulgaris, rusticus, plebeius) e Latim Clássico (sermo literarium, eruditus, urbanus). O Latim Vulgar – é objeto aqui de nossa atenção - era a língua falada no cotidiano, usado pelo povo inculto da região central da atual Itália e das províncias: soldados, marinheiros, artífices, agricultores, barbeiros, escravos etc. Era a língua coloquial, sujeita, pois, a alterações frequentes, apresentando variações as mais diversas. Essas variações decorrem dos povos vencidos, de sua diversidade e da diferença de seus falares. Daí porque o Latim Vulgar sofreu distintas transformações, resultando no surgimento dos diferentes romanços e, posteriormente, nas diferentes línguas neolatinas ou românicas. O Latim Clássico era a língua falada e escrita, apurada, artificial, rígida e era o instrumento literário, usada pelos grandes poetas, prosadores, filósofos, retóricos. Se observarmos, através da história, não foi o Latim visto nas obras dos grandes escritores latinos, como Cícero, César, Horácio, etc., conhecido como o Latim Clássico, que foi levado à Península Ibérica, mas o Latim usado pelo povo no trato comum, chamado Latim Vulgar. Porque, como diz Serafim da Silva Neto, uma língua tem dois empregos distintos: o literário, quase sempre escrito, usado pelos artistas da palavra e pela sociedade culta, difundido nas escolas e nas academias e o popular, falado quase sempre pelo povo despreocupado e inculto.

1.2. Processo

de

Romanização

Invadindo a Península Ibérica no sec. II a.C., os romanos iniciaram o seu processo de romanização como consequência de suas políticas, dando assim expansão em quase todo o mundo ao Império Romano, que cresceu devido à organização, ao domínio bélico e à cultural de Roma. Este é o mapa que mostra a expansão do Império

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Fascículo 1

Fonte: acd.ufrj.br/˜pead/ima

Romano no séc.II a.C.

No séc. III, a Península Ibérica foi invadida pelos romanos, o que contribuiu para expandir a romanização da Península - era o domínio do território e da cultura – que, no decorrer do século, firmou-se através da construção de estradas que levaram o Cristianismo aos nativos e que ligava a colônia à metrópole. A romanização é o momento em que as forças de unificação predominam sobre as de dispersão, e a fragmentação, quando se observava o predomínio da diversificação sobre a concentração. Na origem do português, a romanização é consequência da força política de Roma no processo de expansão do seu Império, e a fragmentação ocorre no contexto das invasões dos bárbaros, do seccionamento das províncias e da perda progressiva do poder romano sobre as regiões conquistadas. Quando falamos da romanização e da fragmentação, estamos falando de processos distintos que atuam no processo de variação e mudança linguística: uma força centrípeta, de conservação, da unificação, fato que se realiza via instituições e mecanismos sociais de poder, e, então, falamos da força centrífuga, de inovação, de diversificação, que ocorre via mudanças culturais, uso cotidiano e interação com as outras culturas. O que discutimos hoje nos deu uma visão clara de que o português, proveniente do latim vulgar, é uma língua rica de informações, com uma bonita história de sua origem e da biogeografia em que esses fatos ocorrem, o que lhe dá uma visão panorâmica situacional, permitindo que, através dessa leitura, você entre de mente aberta, no mundo em que tal fato ocorreu. Na próxima aula, estudaremos um assunto que dará continuidade a essa origem e estrutura que nos permitirá desenvolver o estudo geolinguístico.

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Fascículo 1 Consulte os links a seguir e leve seus questionamentos para o nosso fórum.

SAIBA MAIS! org /w iki /Pe n% C3 %A

Dn sul a_

_go/region/ e.com/ccm/where_to http://www.visiteurop _url=/ETC/ em &it BR pt_ 3&lang= detail/?nav_cat=241403 untries.es pan-european/celtic-co l

logs.sapo.pt/48411.htm

http://peninsulaiberica.b

s.htm

a.com/historiag/grego

http://www.brasilescol

AtividAde | Após o estudo do texto, acrescentando-se os conhecimentos aprofundados através dos links, realize com seus colegas uma discussão crítica/reflexiva no fórum temático com o objetivo de aprofundar-se no estudo sobre a Origem e Estrutura da Língua Portuguesa: formação histórica. Vamos nos encontrar lá!

SAIBA MAIS! l d/tema05/ponto22.htm

http://acd.ufrj.br/~pea

hp?article_ ia.com.pt/readarticle.p http://www.encicloped id=305

POrtuguês

2.1. estudO geOLinguísticO LínguA POrtuguesA

dA

Hoje veremos o fluxo geolinguístico no qual está definido a extensão da Língua Portuguesa, que atinge 4 continentes, 7 países e, também, pequenas comunidades. Essas constatações nos obrigam a ressignificar a importância de um idioma de tamanha abrangência e nos levam a refletir sobre o seu alcance na comunidade nacional e internacional, inclusive por representar um instrumento de poder e por suas visíveis conotações, também, dignas de análises. Várias causas contribuíram para a modificação do latim:

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É a língua nacional de Portugal (incluindo Açores e Madeira) e do Brasil, a língua oficial de vários países africanos - Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe - onde convive com múltiplas línguas nacionais. O português é também falado em pequenas comunidades, reflexo de povoamentos portugueses datados do século XVI, como é o caso de:

• Macau (ex-possessão portuguesa encravada na China)

• Goa, Diu, Damão (na Índia) • Málaca (na Malásia) • Timor Leste (na Indonésia) que tem, além do português, o idioma tétum como oficial.

/wiki/Sagunto

AO

Você sabia que a língua portuguesa é uma das cinco línguas mais faladas no mundo?

• Zanzibar (na Tanzânia, costa oriental da África)

http://pt.wikipedia.org

2. dO LAtim

era o latim culto, erudito; era o latim popular, uma língua por isso mesmo em constante evolução; • as conquistas romanas ocorreram em épocas diferentes e numa vasta extensão geográfica.

Este mapa nos ajudará a fixar a relação dos países onde a língua portuguesa é falada.

almaapaixonada.blogspot.com

htt p:/ /pt .wi kip ed ia. Ib%C3%A9rica

• a língua falada pelos soldados romanos não

A Língua Portuguesa, parte constituinte das línguas românicas, cuja origem data do sec. II a.C. aproximadamente, deriva do latim, língua falada pelos romanos que a impuseram aos vencidos no período das suas múltiplas conquistas. Assim, a Língua Portuguesa decorre das línguas românicas pela implantação do latim na Península Ibérica, constituindo fator decisivo para a sua formação.

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Fascículo 1 Após longas lutas, as legiões de Roma conquistam a Hispânia no século III a.C. e impõem a sua civilização e a sua cultura, língua, hábitos, valores a todos os povos conquistados mas também receberam influências desses povos, principalmente dos gregos.

Portuguesa é falada, perfazendo um total de 230 milhões de usuários, o que a torna a oitava língua mais falada do mundo. www.linguaportuguesa.ufrn.br/ - 9k

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No século III, o latim falado nas diferentes regiões do Império Romano apresentava uma realidade tão diversificada que a unidade linguística do império já não existia. Uma das principais causas da transformação do latim nas línguas românicas é essa imensa diferenciação dialetal, explicada por vários fatores, segundo Mattoso Câmara:

• O fator cronológico – as regiões foram romanizadas em momentos diferentes, recebendo, portanto, o latim em diversos momentos da sua evolução. • O contato entre a cultura romana e as diferentes culturas dos povos conquistados. • A grande diversidade sócio-econômica das regiões conquistadas. O citado autor explica muito bem o processo de dialetação, quando afirma que a diferenciação dialetal explica-se, sempre, em parte, pela história cultural e política e pelos movimentos de população e, de outra parte, pelas próprias forças centrífugas da linguagem humana, que tendem a cristalizar as variações e criar dialetação em qualquer território, relativamente amplo e na medida direta do maior ou menor isolamento das áreas regionais em referência ao centro linguístico irradiador (Mattoso Câmara, 1979, p. 11).

O mundo lusófono (que fala português) é avaliado hoje entre 190 e 230 milhões de pessoas. O português é a oitava língua mais falada do planeta, terceira entre as línguas ocidentais, após o inglês e o castelhano. O português é a língua oficial em oito países de quatro continentes:

• Angola (10,9 milhões de habitantes) • Brasil (185 milhões) • Cabo Verde (415 mil) • Guiné Bissau (1,4 milhão) • Moçambique (18,8 milhões) • Portugal (10,5 milhões) • São Tomé e Príncipe (182 mil) • Timor Leste (800 mil) Aqui vemos os quatro continentes, onde a Língua

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Após refletirmos sobre a História da Língua Portuguesa, da Península Ibérica, onde passamos, obviamente, pela romanização e adentramos ao Latim como língua dos povos invasores, chegamos até a Língua Portuguesa quando da sua formação e de todos os processos envolvidos nesse percurso que se realizaram ao longo dos séculos. Esses estudos abrirão as portas para que os próximos estudos sejam absolutamente compreensíveis e sequenciados com sucesso.

SAIBA MAIS! res.html

http://assisbrasil.org/aco

la.htm

a.com/geografi a/ango

http://www.brasilescol

/wiki/Cabo_Verde

http://pt.wikipedia.org

tuguese/ u-government.com/por http://www.guineabissa 2 index-portuguese.php?id= z/perfi l/arquivo.htm http://www.ahm.uem.m om/portuguese.html

http://www.sao-tome.c

icamp.br/elb/histo http://www.labeurb.un .htm A3o dialeta%C3%A7%C3%

ria_nocoes/

Você já percebeu que a Língua Portuguesa deriva do Latim?

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Fascículo 1 Atividade | Agora terá a oportunidade de traçar, com suas palavras, a trajetória que vai do latim vulgar até chegar à Língua Portuguesa. Para isso, necessita passear por todos os países que falam português. De posse desse conhecimento sobre seu idioma, você não terá nenhuma dificuldade em debater com seus colegas, através da WEBQUEST sobre os processos dialetais e as particularidades que você descobrir.

3. O Português

na

O galego e o português são falados atualmente, na faixa ocidental da Península Ibérica, onde anteriormente se falava o galego-português. A diferença desses falares aponta para a fonética, principalmente nas diferenças entre os sons sibilantes (sibilantes: utilização ou não do mesmo fonema em meSa, miSSa ou na fonética diferenciada ou não entre Cinto, Seio etc). Essas diferenças fonéticas levam o galego e o português a serem classificados em três grandes grupos:

1. Dialetos galegos; 2. Dialetos portugueses setentrionais; e 3. Dialetos portugueses centro-meridionais.

Europa

Nesta etapa, você vai penetrar no mundo europeu onde o português dominava. São quatro continentes a seu dispor e a oportunidade de visualizar a maneira diferenciada do uso do português como língua materna ou segundo idioma. Seja bem-vindo e boa viagem! Para melhor compreensão, apresentamos o mapa dos dialetos em Portugal e Galiza.

A fronteira entre os dialetos portugueses setentrionais e centro-meridionais atravessa Portugal de Noroeste a Sudeste. Merecem atenção especial algumas regiões do país que apresentam características fonéticas peculiares: a região setentrional que abrange parte do Minho e do Douro Litoral, uma extensa área da Beira-Baixa e do Alto-Alentejo, principalmente centro-meridional, e o Ocidente do Algarve, também Centro-meridional.

Dialetos galegos G- Galego ocidental F - Galego oriental Dialetos portugueses setentrionais E - Dialetos transmontanos e alto-minhotos C - Dialetos baixominhotos, durienses e beirões Dialetos portugueses centro-meridionais D - Dialetos do centro-litoral B - Dialetos do centro-interior e do sul A - Limite de região subdialectal com características peculiares bem diferenciadas

Classificação dos Dialetos Galego-Po http://colunas.g1.com.br/ zecacamargo/2008/10/27/e-por-isso-que-eu-viajo/ tugueses na Europa Baseado na Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Costa www.linguaportuguesa.ufrn.br

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O Português do Norte, ou galego, Português Central, Português do Sul (incluindo o dialeto de Lisboa) e o Português Insular (o brasileiro e o da ilha de Madeira) são os quatro maiores grupos de dialetos. Há, sem dúvida, uma analogia fonética entre o espanhol e o português, mesmo com diferenças na fonologia, na gramática e no vocabulário. Sem dúvida, os dialetos falados nos arquipélagos dos açorianos e madeirenses representam um prolongamento dos dialetos portugueses continentais, o que inclui este grupo no centro-meridional. Constituem exceções a ilha de São Miguel e da Madeira - independentemente uma da outra, por se afastarem do que se pode chamar a norma centromeridional e por acrescentar-lhe um certo número de traços muito peculiares (alguns dos quais igualmente encontrados em dialetos continentais).

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Fascículo 1 3.1. O gALegO

4. O POrtuguês

A maioria dos linguistas e intelectuais defende a unidade linguística do galego-português até a atualidade. Segundo esse ponto de vista, o galego e o português moderno seriam parte de um mesmo sistema linguístico com diferentes normas escritas (situação similar à existente entre o Brasil e Portugal, ou entre os Estados Unidos e a Inglaterra, onde algumas palavras têm ortografias distintas). A posição oficial na Galiza, entretanto, é considerar o português e o galego como línguas autônomas, embora compartilhando algumas características.

Em Angola e Moçambique, onde o português se implantou mais fortemente como língua falada, ao lado de numerosas línguas indígenas, fala-se um português bastante puro, embora com alguns traços próprios, em geral arcaísmos ou dialetalismos lusitanos semelhantes aos encontrados no Brasil. A influência das línguas negras sobre o português de Angola e Moçambique foi muito leve, podendo dizer-se que abrange somente o léxico local.

Após essa “invasão” ao mundo do domínio português, esperamos que você tenha encontrado tudo o que foi visto nessa aula e aporte nesse evento cheio de conhecimentos sobre seu idioma. ar nesse e em outros percursos. Se tiver dúvida, estamos aqui para ajudá-lo(a) nesse e em outros percursos.

AtividAde | Faça uma pesquisa que lhe garanta um conhecimento razoável sobre a Língua Portuguesa na Europa, que contemple as formas diferenciadas de uso dessas. Essa pesquisa deve ser feita em forma de texto e enviado para a devida correção.

SAIBA MAIS! /wiki/Douro_Litoral

http://pt.wikipedia.org

xa

/tudo-sobre/beira-bai

http://brasiliavirtual.info

.pt/altoalentejo.html

http://alentejo.no.sapo

.pt/algarve/

http://www.regiao-sul

ml c2/portugues/dialept.ht http://www.di.ufpe.br/~ra /wiki/Minho http://pt.wikipedia.org

Nesta etapa, apresentaremos o modo de aplicação da Língua Portuguesa nos seus diversos aspectos, em diferentes continentes: África, Ásia, Oceania e América. Observaremos que se apresentará uma forma de utilização da língua de maneira diferenciada e analisaremos qual ou quais elemento(s) foi/ foram determinante(s) para a origem da evolução da Língua Portuguesa em cada região aqui tratada.

nA

áfricA

Nos demais países africanos de língua oficial portuguesa, o português é utilizado na administração, no ensino, na imprensa e nas relações internacionais. Nas situações da vida cotidiana, são utilizadas também línguas nacionais ou crioulos de origem portuguesa. Em alguns países, verificou-se o surgimento de mais de um crioulo, sendo eles, entretanto, compreensíveis entre si. Essa convivência com línguas locais vem causando um distanciamento entre o português regional desses países e a língua portuguesa falada na Europa, aproximando-se, em muitos casos, do português falado no Brasil.

4.1. AngOLA Em 1983, 60% dos moradores declararam que o português era sua língua materna. A língua oficial convive com várias outras línguas nacionais, como o quicongo, o quimbundo, o umbundu, o chocue, o mbundo (ou ovimbundo) e o oxikuanyama.

4.2. cAbO verde Fala-se crioulo, que mescla o português arcaico e as línguas africanas. Os crioulos dividem-se em dois grandes grupos: os das ilhas de Barlavento, ao norte, e os das ilhas de Sotavento, ao sul.

4.3. guiné bissAu Em 1983, 44% da população falava crioulos de base portuguesa, 11%, o português, e o restante, inúmeras línguas africanas. O crioulo da GuinéBissau possui dois dialetos, o de Bissau e o de Cacheu no norte do país.

4.4. mOçAmbiQue O português é a língua oficial falada por 25% da

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Fascículo 1 população, mas apenas 1,2% a considera como língua materna. A maioria da população fala línguas do grupo banto.

4.5. sãO tOmé

e

PrínciPe

Em São Tomé, fala-se o forro e o moncó (línguas locais), além do português. O forro era a língua falada pela população mestiça e livre das cidades. No século XVI, naufragou perto da ilha um barco de escravos angolanos, muitos dos quais conseguiram nadar até a ilha e formar um grupo étnico à parte. Este grupo fala o moncó, um outro crioulo de base portuguesa, mas com mais termos de origem banta. Há cerca de 78% de semelhanças entre o forro (ou são-tomense) e o moncó (ou angolar). Existe também o português de São Tomé, que guarda muitos traços do português arcaico na pronúncia, no léxico e, até, na construção sintática. Era a língua falada pela população culta, pela classe média e pelos donos de propriedades. Atualmente, é o português falado pela população em geral, enquanto que a classe política e a alta sociedade utilizam o português europeu padrão, muitas vezes aprendido durante os estudos feitos em Portugal.

5.1. O POrtuguês

nA

ásiA

e

OceAniA

Embora nos séculos XVI e XVII o português tenha sido largamente utilizado nos portos da Índia e sudeste da Ásia, atualmente ele só sobrevive na sua forma padrão em alguns pontos isolados:

• em Macau, território chinês sob administração portuguesa até 1999, o português é uma das línguas oficiais, ao lado do chinês, mas só é utilizado pela administração e falado por uma parte minoritária da população; • no estado indiano de Goa, possessão portuguesa até 1961, onde vem sendo substituído pelo konkani (língua oficial) e pelo inglês. • no Timor leste, território sob administração portuguesa até 1975, quando foi invadido e anexado ilegalmente pela Indonésia. A língua local é o tetum, embora uma parcela da população domine o português. Dos crioulos da Ásia e Oceania, outrora bastante numerosos, subsistem apenas os de Damão, Jaipur e Diu, na Índia; de Málaca, na Malásia; do Timor; de Macau; do Sri-Lanka; e de Java, na Indonésia (em algumas dessas cidades ou regiões, há também grupos que utilizam o português).

A ilha do Príncipe fala o principense, um outro crioulo de base portuguesa, que se pode considerar como um dialeto do crioulo são-tomense.

5.2. O POrtuguês

5. OutrAs regiões

O português brasileiro, como veremos no estudo da língua no Brasil, foi desenvolvido basicamente, no século XVI, pelos dialetos falados de Lisboa a Coimbra. O português brasileiro difere do português padrão em vários aspectos, como sintaxe, fonologia, colocação pronominal, etc...

A influência portuguesa na África deu-se também em algumas outras regiões isoladas, muitas vezes levando à aparição de crioulos de base portuguesa: Ano Bom, na Guiné Equatorial Em Ano Bom, uma ilha a 400 km ao sul de São Tomé, fala-se o ano-bonense, bastante similar ao são-tomense. Tal fato explica-se por haver sido a ilha povoada por escravos vindos de São Tomé. Casamança, no Senegal O crioulo de Casamança só se fala na capital, Ziguinchor, uma cidade fundada por portugueses (seu nome deriva da expressão portuguesa cheguei e chorei). Está na órbita lexical do crioulo de Cacheu, na Guiné-Bissau.

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nA

AméricA

Pudemos concluir, após a análise da forma de utilização da Língua Portuguesa nesses voários continentes, que há uma perceptível variação dessa língua em diferentes aspectos (fonologia, fonética...) e que tal diferenciação se dá em função da maior ou menor miscigenação do Português “puro” com as línguas primitivas locais.

SAIBA MAIS! 08/10/27/e-

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Fascículo 1 AtividAde | Verificando as viagens de Zeca

Camargo e de Regina Casé em países da Língua Portuguesa e com o apoio de suas aulas sobre “ o português em diferentes continentes”, elabore um roteiro das visitas desses dois jornalistas, falando sobre as semelhanças e diferenças básicas entre a língua falada por esses povos e a nossa língua no atual estágio. Fale também sobre os aspectos que mais lhe chamaram a atenção na cultura dessas nações de Língua Portuguesa e leve para o nosso fórum.

Vamos lá, precisamos conhecer esta rota, com certeza!

SAIBA MAIS!

w/?q=Quicongo

http://www.tiosam.com/

/wiki/Quimbundo

http://pt.wikipedia.org

/wiki/Galiza

http://pt.wikipedia.org

6. A evOLuçãO dA LínguA POrtuguesA A evolução da Língua Portuguesa vivencia várias etapas, vários momentos bastante ricos em narrativa de seus eventos, o que torna esse estudo fascinante. É uma evolução que se dá em níveis e movimentos peculiares, porque vão do domínio romano à formação de dialetos, à simbiose do domínio árabe com a chegada do castelhano e posterior evolução linguística para o galego português e para o catalão. Paralelo a esse estudo, entramos no mundo que registra os primeiros documentos em português, as músicas e seus cancioneiros. É a oportunidade de se verificarem os impasses, as discussões, que surgem quando nos debruçamos sobre o estudo das línguas. Há elementos decisivos na formação e na evolução da Língua Portuguesa: o domínio do Império Romano e as influências das mais diversas línguas faladas antes do domínio romano sobre o latim vulgar. Esse domínio romano passou por diversificações tão significativas que daí se derivaram dialetos que se denominavam romanço ( do latim romanice que significava falar à maneira dos romanos). Os árabes e os bárbaros, chamados de mouros pe-

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los habitantes da península, invadem a Península Ibérica; era o séc. VIII. Então o árabe era a língua, e a religião, o Islamismo. A língua era a língua oficial, e não houve imposição, o latim era a língua de uso. Os séculos XII, XIV e XV são marcantes para a definição de influência de falares e a delimitação dos espaços geográficos onde ocorreram. O Galego-Português era a língua limitada a todo Ocidente da península que compreendia os territórios da Galiza e de Portugal. As diferenças entre o galego e o português aumentavam, evidenciando, assim, a influência dos falares do sul; era a entrada do séc. XIV. Já entre os séculos XII e XV, aparece o galego, que era a língua dos documentos oficiais na região da Galiza e das obras poéticas.

6.1. O gALegO-POrtuguês O séc. XII presencia uma fase da evolução linguística digna de nota, quando três grupos definem-se: o galego-português, o catalão e o castelhano. Aqui fica clara a origem do português, que se originou do galego – português medieval levado ao sul no período da Reconquista. Esse grupo linguístico iniciou-se no Norte, foi-se expandindo para o Sul e foi, por isso, o romanço mais ocidental da península. A literatura permite contemplar todo esse rumo do galego–português ao apresentar uma grande literatura lírica, inspirada na literatura provençal, porém com características autóctones. Essa língua foi usada durante séculos, em ambos os lados do Minho, recebendo contribuições de poetas de outras penínsulas, excetuando-se a parte oriental, área onde predominava o catalão, mais ligada linguisticamente à França. A recuperação de antigos domínios feita pelos cristãos no século XI, quando os árabes são expulsos para o sul da península, faz surgir, então, os dialetos moçárabes a partir do contato com o latim. Com a Reconquista, os grupos populacionais do Norte foram-se instalando mais a Sul, dando assim origem ao território português, da mesma forma que, mais a Leste, na Península Ibérica, os leoneses e os castelhanos também foram progredindo para o Sul e ocupando as terras que, após alguns anos, viriam a se tornar o território do Estado espanhol. Com o início da reconquista cristã da Península Ibérica, o galego-português consolida-se como língua falada e escrita da Lusitânia. Em galego-português, são escritos os primeiros documentos oficiais e textos literários não latinos da região, como os cancioneiros (coletâneas de poemas medievais):

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Fascículo 1

da não havia imprensa) em Portugal, em fins do século XIII ou princípios do século XIV. Encontra-se na Biblioteca da Ajuda, em Lisboa. Das suas 310 cantigas, quase todas são de amor. • Cancioneiro da Vaticana - trata-se do códice 4.803 da biblioteca Vaticana, copiado na Itália, em fins do século XV ou princípios do século XVI. Entre as suas 1.205 cantigas, há composições de todos os gêneros. • Cancioneiro Colocci-Brancutti - copiado na Itália, em fins do século XV ou princípios do século XVI. Descoberto em 1878, na biblioteca do conde Paulo Brancutti do Cagli, em Ancona, foi adquirido pela Biblioteca Nacional de Lisboa, onde se encontra desde 1924. Entre as suas 1.664 cantigas, há composições de todos os gêneros. No século VIII, os povos muçulmanos invadiram a Península Ibérica. Compreendiam os árabes e os berberes e eram chamados de mouros pelos habitantes da Península, que foi totalmente dominada. O árabe era a sua língua de cultura, e a sua religião, o Islamismo. Tanto a língua como a religião eram muito diferentes da língua falada na região, não havendo imposição de uma ou outra. A língua árabe era a oficial, embora o latim fosse a língua de uso.

Mapa da reconquista cristã do território de Portugal

7. evOLuçãO

de OutrAs

LínguAs

Continuando o estudo evolutivo da Língua Portuguesa, vejamos como evoluem outras línguas.

7.1. cAtALãO O catalão é objeto de várias discussões por parte de vários autores no que diz respeito a sua origem no meado do séc. VIII quando foi introduzido na Península Ibérica. Embora Grieraii tente demonstrar que o catalão se afasta dos demais ibero-românicas, e se aproxima do grupo galo-românicos, embora o considere uma língua independente e não dialeto provençal. O catalão foi a língua dos trovadores provençais e se estendeu até os limites do sul da França. Alguns classificam o catalão como língua ou dialeto galo-românico, como Meyer-Lubke e Griera; outros tendem a provar sua filiação ao grupo ibero-românico, entre este Menéndez Pidal e seu discípulo Amado Alonso. Os sete territórios por onde se estende a língua catalã são exibidos neste mapa, em três estados europeus.

pt.wikipedia.org

• Cancioneiro da Ajuda - copiado (na época ain-

Você teve agora a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos sobre os elementos decisivos na formação e evolução da Língua Portuguesa. As atividades pertinentes a este estudo serão dadas após o estudo da evolução de outras línguas para que você possa estabelecer as semelhanças.

SAIBA MAIS! /wiki/Galiza

http://pt.wikipedia.org

t/$os-mocarabes

http://www.infopedia.p

ki/Cancioneiro_da_Ajuda http://gl.wikipedia.org/wi

A língua catalã se estende por sete territórios divididos entre três estados europeus. A maior parte de seus falantes se encontra nas comunidades autônomas de Catalunha, Ilhas Baleares e Comunidade Valenciana, onde a língua recebe a denominação legal e popular de “valenciano,” e dentro da Espanha também é falada na chamada “Franja” de Aragão, que corresponde ao território da comunidade autônoma aragonesa adjacente à Catalunha, povoado desde a Idade Média por falantes de catalão.

esa.ufrn.br/pt_2.3.php http://www.linguaportugu

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Fascículo 1 Mas uma solução para esse impasse de origem do catalão foi apresentada por T. H. Maurer que, após estudos aprofundados, declarou textualmente: Espero que estas páginas sejam suficientes para mostrar o erro de se tomar o catalão como simples dialeto do provençal ou mesmo dialeto fundamentalmente galo-românico, pois que ele tem feições, muitas vezes, transparentemente ibéricas. Visto também que se desvia frequentemente do grupo peninsular, aproximando-se incontestavelmente das línguas transpirenaicas, creio ser mais razoável e acorde com os fatos não forçar a sua inclusão em qualquer dos dois grupos, reconhecendo o seu caráter de zona linguística intermediária entre os dois grupos dialetais românicos mais claramente definidos e opostos.

7.2. cAsteLhAnO

europa6a.home.sapo.pt

O castelhano originou-se no centro-norte da península (Castela), quando já existiam outros romances, todos se expandindo do Norte para o Sul, acompanhando o avanço dos reinos cristãos em direção ao Sul, na lenta reconquista do território peninsular aos árabes. A expansão do castelhano foi relativamente rápida e avassaladora, sobrepondo-se a diversos romanços e dialetos dos territórios vizinhos. Por motivos políticos (casamento dos Reis Católicos), que motivaram a união dos reinos da Castela e Aragão, escolheu-se a língua de Castela como oficial para toda a Espanha, motivo pelo qual é conhecida também como espanhol, língua difundida no vasto império, que, a partir de então, (séc. XVI) foi implantada. Este mapa evidencia as regiões onde se fala espanhol hoje.

Vimos o catalão enquanto objeto de discussão dos linguístas e, consequentemente, os territórios de sua abrangência. Esperamos ter, com esse estudo, deixado claro que o catalão não é um simples dialeto, indo bem além. O castelhano, também, dispensa comentários. Então – vamos adelante! Vamos, Dale.

AtividAde | Ampliando os horizontes sobre a evolução da Língua Portuguesa, propomos procurar examinar as semelhanças desses idiomas no que concerne a sua origem. Encontradas essas conclusões, este será o assunto de debate do seu próximo fórum temático. SUCESSO! VOCÊ SERÁ CAPAZ!!!

SAIBA MAIS! tal%C3%A3

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8. As LínguAs rOmÂnicAs Quando realizamos um estudo sério sobre a História da Língua Portuguesa, vemos alguns dedicados às línguas românicas, sem o que esse estudo estaria incompleto. Aqui vocês têm o ensejo de constatar quando as línguas românicas se tornaram reais, factíveis e seu apogeu. Quando nos aprofundamos nos estudos das línguas românicas, não parece que os romanos impunham diretamente a língua latina, mas, por serem eles os conquistadores, esse fato era predeterminante sobre as demais línguas dos conquistados e acabavam sendo absorvidas. Tal absorção se deu num contexto de conse-quências diferenciadoras e igual ao que ocorre a qualquer língua por uma coletividade estrangeira; o latim não fugiu à regra, alterou-se na medida das necessidades regionais, dos hábitos fonéticos do povo conquistado e da época da romanização da província.

Castelhano (castellano) ou espanhol (español) são os nomes atribuídos a uma língua românica originária da Espanha e que hoje é a língua mais falada das Américas. O idioma castelhano tem essa denominação por ser originário da região de Castela. Junto com o inglês, é a língua ocidental que possui mais falantes.

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A unidade política e a influência conservadora das escolas permitiram que as alterações se infiltrassem de forma discreta, rompida com a invasão dos Bárbaros no séc. V. Assim, acentuam-se as diferenças regionais, e o latim abalado curvou-se ao crescente prestígio das novas formas de expressão, fragmentando-se, assim, em diversas línguas. As línguas românicas ou neolatinas são aquelas

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Fascículo 1 formadas a partir do latim, com o qual possui absoluta afinidade. As línguas românicas vivas são: francês, português, italiano, espanhol, catalão, romeno, sardo, provençal e reto-românico. Assim são chamadas por serem uma continuação do latim falado na România, nome que designava o conjunto de territórios ocupados pelos romanos e onde se falava o latim. O Império Romano por 700 anos, entre os séculos III a.C. e V d.C., expandiu-se pela Europa, África e Oriente Próximo, e suas ocupações possuíam um caráter político-econômico, ajudando a difundir o latim, a arte e a cultura romana. Não podemos esquecer a grande quantidade de idiomas usados por um menor número de falantes, fato que não diminui o seu valor: o Galego (moderno), língua occitana (de Provença, França), o sardo e de igual maneira o romanche, (um dos idiomas oficiais da Suíça hoje), também e de igual maneira dialectos (Língua aragonesa aragonês, Língua asturiana asturiano, Língua valenciana valenciano, e da mesma forma muitos outros espalhados pela Europa Central e de igual maneira pela América Latina).

falabonito.wordpress.com

Com a queda do Império Romano do Ocidente, no séc.V, com as invasões bárbaras, o aparecimento de vários dialetos aumentam e transformam-se em línguas diferentes de onde surgiram o latim, já que o latim era a língua de Roma, a língua romana, e isso justifica dizer que as línguas românicas ou neolatinas são assim chamadas por virem exatamente do latim. São dez as línguas neolatinas e estão assim distribuídas geograficamente: O Português é falado em Portugal, no Brasil, na Ilha da Madeira, nos Açores e nas antigas colônias portuguesas (Angola, GuinéBissau, Moçambique, Cabo Verde, Timor, São Tomé, etc.)

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O Francês é falado na França, na Suíça, na Argélia, na Bélgica, no Principado de Mônaco, no Haiti, no Canadá, na Luisiânia (Estados Unidos da América do Norte), em regiões da Ásia, África e Oceania e também na Guiana Francesa. O Provençal: seu nome é “provençal”, porque foi a língua falada em Provença, região sul da França. Depois o Francês se impôs, e o provençal praticamente desapareceu. O Espanhol é falado na Espanha, no México, nas Antilhas, nas Filipinas, nas antigas colônias espanholas na África e, na América do Sul, só no Brasil; nas Guianas, não se fala o espanhol. O Italiano é falado na Itália, nas antigas colônias italianas na África e Ásia, na Sicília, na Córsega, em São Marinho. O Catalão é falado na Catalunha, em Valência, em Andorra, nas Ilhas Baleares. Rético ou ladino ou reto-romano é falado na Suíça oriental (cantão dos Grisões), no Tirol ocidental e no Friul. O Dalmático foi falado na Dalmácia, mas hoje é uma língua extinta, uma língua que desapareceu. O Romeno ou Valáquio é falado na Romênia. O Sardo é falado na Sardenha. Estudamos oportunamente fatos pertinentes à evolução da Língua Portuguesa, quando observamos vários aspectos de como seus eventos são narrados ao longo do tempo pelos estudiosos. Observamos algumas peculiaridades dessa evolução e do trajeto do tempo em que esses fatos ocorrem, tentando chegar até às línguas românicas, já que falamos de uma língua em franca expansão. E o mundo dos primeiros documentos na sua forma mais original, o que permite traçar uma linha clara dessa evolução. Assim, quando você chegar no momento da formação da Língua Portuguesa, desse magnífico idioma, irá se sentir “em casa”.

Atividade | Sugerimos algo bem animador:

crie uma palavra cruzada que contemple as línguas românicas e uma palavra escrita em cada idioma dessas línguas vivas. Feito isso, envie para seus colegas e peça sugestões de como melhorar essa atividade.

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Fascículo 1

SAIBA MAIS!

http://www.grupoescol gua_portuguesa.html

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9. A fOrmAçãO dA LínguA POrtuguesA Buscaremos entender como a Língua Portuguesa nasceu de acordo com sua evolução, que se deu em três grandes períodos: o pré-histórico, caracterizado pela ausência de documentos; o proto-histórico, no qual os documentos são escritos em latim bárbaro, mas já com algumas palavras em português, e o histórico, em que os textos aparecem escritos inteiramente nesse idioma. Veremos que esse último período, por sua vez, é dividido em duas fases: a fase arcaica, que vai do século XII ao XVII, e a moderna que começa a partir do século XVI. Passaremos agora a responder o terceiro questionamento sobre a formação da Língua Portuguesa, quando da conquista romana da Península Ibérica, da invasão dos bárbaros germanos, da constituição dos impérios bárbaros – como visigótico – do domínio árabe na Península, da luta da reconquista cristã, da constituição do reino de Portugal e do crescimento ultramarino.

SAIBA MAIS! s YOutube - Os visigOdO nder cê poderá compree Com esse filme, vo péim s a constituição do melhor o que era ess rios bárbaros. CA25mWJgtU utube.com/watch?v=7

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Portugal, país situado ao lado da Espanha, era habitado por povos primitivos; foi alvo da cobiça de muitos outros povos, como os iberos, originários do norte da África, que, no séc. VI a.C., saíram de lá, cruzaram o estreito de Gibraltar e adentraram ao território pelo Sul. Daí ter surgido a denominação Península Ibérica. Para lá migraram outros povos, como os celtas no início do séc. VIII a.C. e os romanos no ano 218 a.C.

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A romanização é, pois, o movimento de homogeneização cultural, linguística e política dos povos nativos da Península Ibérica. Alguns fatores foram determinantes para a unificação do Império Romano: recrutamento militar dos jovens provincianos, o sistema rodoviário romano, o direito de cidadania romana concedido aos povos que habitavam a região e o Cristianismo.

10. fAses de evOLuçãO dA LínguA POrtuguesA O português, desde a consolidação da autonomia política e, mais tarde, com a dilatação do império luso, consagra-se como língua oficial de uma nação. Na evolução da língua portuguesa, Leite de Vasconcelos reconhece três períodos: pré-histórico, proto-histórico e histórico.

1. Pré-histórico: das origens ao século IX. Esse período é caracterizado pela ausência de documentos. 2. Proto-histórico: do século IX ao século XII. Os documentos existentes são escritos em Latim Bárbaro (latim dos tabeliães). Neles, porém, de quando em quando, se encontram palavras portuguesas, o que prova a evidência de que o dialeto galaico-português já existia nesse tempo. Portanto a língua já era falada, mas não era escrita. 3. Histórico: inicia-se no século XII, em que os textos ou documentos aparecem inteiramente redigidos em português.

PeríOdO históricO O período histórico pode ser dividido em duas fases:

fAse ArcAicA: dO sécuLO Xii AO sécuLO Xvi • No século XII, aparece o primeiro texto inteiramente redigido em português – “Cantiga da Ribeirinha” – poesia escrita por Paio Soares de Taveirós dedicada à D. Maria Paes Ribeiro. • A grande filóloga Dra. Carolina Michaelis de Vasconcelos datou este documento da Língua Portuguesa de 1189. • A partir de então, aparecem textos em poesia e, mais tarde, em prosa.

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Fascículo 1 • Podemos conhecer o Português Arcaico através das poesias trovadorescas que estão reunidas em “Cancioneiros” e, ainda, na prosa de cronistas, como Fernão Lopes, Gomes Eanes Zurara, Rui de Pina. • Em 1290, D. Dinis, o Rei Trovador, torna obrigatório o uso da Língua Portuguesa e funda, em Coimbra, a primeira Universidade. O primeiro texto inteiramente redigido em português data do século XII. Pensou-se durante muito tempo tratar-se da Cantiga da Guarvaya, também chamada “Cantiga da Ribeirinha”, porque era dedicada à Dona Maria Paes Ribeiro, a «Ribeirinha», amante de Dom Sancho I:

Século XVI

em

Diante

No século XVI, sob influência dos humanistas do Renascimento, houve um processo de aperfeiçoamento e enriquecimento linguísticos, voltando-se os escritores à imitação dos modelos latinos, procurando aproximar a Língua Portuguesa da língua mãe. Como a coroar esse processo, aparece, em 1572, a obra de Luís de Camões, “Os Lusíadas”, marcando a história do nosso idioma com o maior monumento literário e linguístico. É ainda no século XVI que se inicia a gramaticalização do idioma com a publicação, em 1536, da primeira gramática da Língua Portuguesa, escrita pelo Pe. Fernão de Oliveira, “Gramática da Lingoagem Portugueza”.Em 1540, João de Barros escreve

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Quanto à atuação dos humanistas no Renascimento, o séc. XV foi marcado por um aperfeiçoamento e enriquecimento linguístico. Ao mesmo tempo em que se procurava, em nível das artes e das letras, imitar os modelos latinos, igualmente se tentava uma aproximação entre a Língua Portuguesa e a língua mãe.O português é a Língua de Camões em sua obra épica “Os Lusíadas”, é “A última flor do Lácio, do soneto do escritor brasileiro Olavo Bilac, e o célebre autor espanhol Miguel de Cervantes, que a considerava doce e agradável.

Estamos encerrando o fascículo I no qual abordamos aspectos vitais que reportam desde invasões até períodos dessa evolução. Então entramos no pré, proto e no real histórico das fases evolutivas de nosso idioma, chegando até o século XVI e à redação das primeiras gramáticas: Pe. Fernão de Oliveira e João de Barros agradecem seu interesse por suas obras que abriram o cenário gramatical português.

(colocamos o ü por não dispormos de meios para grafar u com til.) do

a segunda com o mesmo título da primeira.

A partir do século XV, através da expansão marítima, os portugueses descobrem novas terras e a elas levam a sua língua, estendendo deste modo o espaço geográfico em que a Língua Portuguesa serve, com mais ou menos alterações, em relação ao povo que a divulgou, como a língua de comunicação de várias nações do mundo.

“No mundo non me sei parelha, mentre me for’ como me uay ca ia moiro por uos e ay! mha senhor branca e uermelha, queredes que uos retraya quando uos eu ui en saya! Mao dia me leuantei, que uos enton non ui fea! E, mha senhor, des aquel di’ ay! me foi a mi muyn mal, e uos, filha de don Paay Moniz, e ben uus semelha d’ auer eu por uos guaruaya pois eu, mha senhor, d’ alfaya nunca de uos ouue nem ei ualia d’ üa correa.”

Fase Moderna:

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Atividade | Você teve a oportunidade de observar as fases da Língua Portuguesa. Consulte a webquest e enriqueça seus conhecimentos sobre esse assunto. Toda novidade, neste campo, será bem-vinda. Então, mãos à obra, porque assunto não falta, e o limite você estabelece.

REFERÊNCIAS Autor: Desconhecido. Origem da Língua Portuguesa. Disponível em: http://www.grupoescolar.com/materia/a_origem_da_lingua_portuguesa.html em 27. 10. 2008. Camillo Cavalcanti. Disponível em: http://www. filologia.org.br/ixcnlf/5/15.htm 11/11/2008. COUTINHO, Ismael de Lima. Pontos de gramática histórica. Rio de Janeiro, Acadêmica,

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Fascículo 1 1973, p. 46 - 57. CUNHA, Celso; COSTA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Disponível em: http://www.di.ufpe.br/~rac2/portugues/ dialept.html. 10/11/2008. FERRO, António M. Portugal Disponível em: http://www.clpicconstanta.ro/pt/portugalia. phpm=menu_gen&c=gen_form em 28. 10. 2008. FIORIN, José Luís; POTTER Margarida. A África no Brasil: a formação da Língua Portuguesa. São Paulo: Contexto, 2008. MEDEIROS, Adelardo. A língua portuguesa. Disponível em: http://www.linguaportuguesa. ufrn.br/ em 25.10.2008. NARO, Anthony Julius; SCHERRE, Maria Marta Pereira. Origens do Português Brasileiro. São Paulo: Parábola, 2007, p. 87 - 103. Smolka, Neide. Disponível em: http://www. novomilenio.inf.br/idioma/20000901.htm 11/11/2008. TEYSSIER, Paul. História da Língua Portuguesa; Tradução: Celso Cunha. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 25 – 29.

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Fascículo 2

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Formação da Língua Portuguesa Eixo Temático | A Leitura no Contexto Universitário Profa. Francisca Núbia Bezerra e Silva Carga Horária | 15 horas

Objetivos Específicos Desenvolver, no educando, capacidades perceptivas para um perfeito entrosamento com aspectos do seu idioma, tais como a formação da língua portuguesa em suas várias etapas; Considerar os aspectos da romanização da Península Ibérica e suas implicações na construção das línguas daquele período e posterior elo que se estabeleceu, quando da invasão dos bárbaros, cujos reflexos serão sentidos na imposição das línguas advindas dos vencedores; Formar um consenso entre os educandos das questões pertinentes à formação do léxico da língua portuguesa em toda sua extensão e nas diferenças vernaculares existentes entre o Português e o Latim e quanto esse conhecimento contribui para um aprofundamento linguístico.

1. Romanização

da

Península Ibérica http://www.inovar.pt

O presente mapa pretende situá-lo dentro da história e do contexto deste texto.

Agora, nós vamos sentir o contexto em que se deu a romanização da Península Ibérica. Não foi de maneira uniforme, mas foi pouco a pouco que o latim se fez presente. Você compreenderá, através da população mais antiga, a ordem dos fatos e terá uma visão sobre as formas e os modos que os celtas e iberos se reuniram nessa mistura ética consolidadora de um quadro linguístico tão importante para a nossa língua mãe - o latim.

A romanização da Península não se deu de maneira uniforme, mas, pouco a pouco, o latim foi se impondo, fazendo praticamente desaparecer as línguas nativas. Os povos que habitavam a Península eram numerosos e apresentavam língua e

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Fascículo 2 cultura bastante diversificadas. Havia duas camadas de população muito diferenciadas: a mais antiga - Ibérica - e outra mais recente - os Celtas, que tinham seu centro de expansão nas Gálias. Muito pouco se conservou das línguas pré-romanas. Há resquícios, apenas, na área do vocabulário. Quando se deu a queda do Império Romano, a Península Ibérica estava totalmente latinizada. Nesse quadro de mistura étnica, o latim apresentava feições particulares, mesclado de elementos celtas e ibéricos, basicamente no vocabulário.

2. invAsões de bárbArOs e árAbes – O rOmAnçO POrtuguês No século V, a Península é invadida por bárbaros germano-suevos, vândalos, alanos e visigodos. Com o domínio visigótico que, rompendo a unidade romana, acaba por romanizar-se, esses povos adotaram o Cristianismo e assimilaram o latim vulgar, fazendo com que o século V tenha como marco o início do Romanço – que por sua vez se estende até o século IX, em que ocorre a grande diferenciação do latim em uma multiciplicidade de falares. Os muçulmanos invadem a Península no século VIII depois de Cristo e impõem como religião o Islamismo e como língua, o árabe. Os povos ibéricos chamam esses povos do Norte africanos de “mouros”. A reação forte dos cristãos no século XI, através de estratégias bélicas e políticas, apoiadas pela Igreja, expulsa os invasores. É o período da Reconquista Cristã ou Guerra Santa. A dominação árabe durou sete séculos, deixando suas colaborações no campo linguístico, logicamente.

Vimos que o Século XVI foi especial para a Língua Portuguesa, visto que nessa época, houve o seu aperfeiçoamento e o alcance de sua maturidade, graças também a influências geradas pelo Renascimento e pela Gramaticalização da língua, com a publicação da primeira Gramática. Além disso, pudemos constatar que com a Romanização da Península Ibérica, o latim foi se impondo, tanto que, na queda do Império Romano, essa Península já estava totalmente latinizada. Do mesmo modo, averiguamos que a invasão mulçumana e a reconquista cristã foram fatores determinantes para o nascimento do Português, já que foi a partir daí que D. Afonso Henrique iniciou o processo de unificação do português.

SAIBA MAIS! l

do.com/portugues.htm

http://www.historiadetu

eirinho/ 2000.pt/users/m h t t p : / / w w w. p rof os/barbaros.htm HGP5/107b%C3%A1rbar

AtividAde | Percorrendo a Europa dos povos bárbaros com suas culturas, faça uma reflexão que contemple o percurso das invasões, na medida que concorrem para a romanização da Península Ibérica e aproveite para aprofundar este conteúdo com suas pesquisas on line.

3. Os PrimeirOs dOcumentOs em POrtuguês

A invasão muçulmana e a Reconquista Cristã são fatos determinantes para o surgimento do galego-português a Oeste, o castelhano no Centro e o catalão, a Oeste.

Coube a D. Afonso Henrique iniciar a nacionalidade portuguesa como primeiro rei de Portugal, reconhecido por Afonso Henrique VII, rei de Leão e pelo papa Alexandre III. E através das lutas contra os árabes, com a conquista de Algarve, fixa os limites do Portugal atual. É nesse contexto de relativa unidade e de muita variedade que nasce o galego e o português.

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Falaremos sobre a trajetória da institucionalização da Língua Portuguesa no Brasil como língua oficial, desde os primeiros textos, cujas datas e autores ainda hoje são discutidos, passando por sua fase clássica, em 1550, até o final do século XVI, quando acontece a sua maturidade. Ratificaremos a importância da Língua Portuguesa, que é uma das grandes línguas da comunicação mundial, visto que é falada em cinco continentes por mais de 200 milhões de pessoas e é a língua oficial de oito Estados.

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Fascículo 2 Os documentários primitivos em prosa, preservados pela oralidade, textos não literários, datam do final do século XII e são, sobretudo, de natureza notarial (vieram de cartórios) - notícias de dívidas, de agravos, de doações e de testamentos. Os textos poéticos mais antigos em língua portuguesa, com o que começaria a literatura portuguesa escrita - ainda se discutem hoje problemas de prioridade, de autores e de poemas - remontariam ao começo do século XII (António J. Saraiva) ou ao final do mesmo século (Rodrigues Lapa e G. Tavani), ou até mesmo, segundo outros, ao princípio do século XIII. O aportuguesamento da documentação oficial ocorreu no contexto do impulso dos reis de Portugal, e, de um modo especial, D. Dinis, ele próprio o mais famoso dos trovadores portugueses, quando o português torna-se língua obrigatória do Estado. Anteriormente, seu pai, o rei D. Afonso III, começara o movimento de aportuguesar a documentação oficial até então escrita em latim bárbaro, isto é, uma mistura de latim e português. Com D. Dinis, essa prática institucionalizou-se e tornou-se obrigatória e, assim, todos os documentos emitidos pela chancelaria deveriam ser escritos em língua portuguesa. Posteriormente, a partir de 1385, o exemplo dado pelos escritores da casa de Avis, os reis D. João I (Livro de Montaria) e D. Duarte (O Leal Conselheiro e A Arte de Bem Cavalgar em toda a Sela) e o príncipe D. Pedro de Coimbra (A Virtuosa Benfeitoria), o cuidado da língua é proposto ao país como obra digna de reis e de príncipes, portanto, como tarefa nobre a que a aristocracia era convidada. Conquanto a corte e a nobreza não tivessem dado continuidade às preocupações da casa Avis, uma e outra puseram, no entanto, a posteriori, os cronistas e historiadores ao seu serviço para lhes cantarem os feitos e perpetuarem as façanhas. A literatura histórica começa, então, a sua época de ouro através da produção de textos (crônicas) que glorificam os feitos dos reis, dos nobres e do país, todos envolvidos desde 1415, ano da conquista de Ceuta, na gesta da conquista e das descobertas marítimas (1420 é o ano da descoberta da ilha da Madeira) - propósito nacional que o retábulo de S. Vicente, obra-prima da pintura portuguesa do século XV, espelharia, conforme o historiador José Hermano Saraiva. O teatro tem, nesse período, o seu momento mais alto com Gil Vicente, em cujas obras, é possível detectar a marcha da língua para a sua maturidade por meio de textos em que se atesta a diferença dos falares provinciais que soam aí como algo de arcaico, face o português falado em Lisboa e nos meios cultos da corte.

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Coincide estas com o momento mais alto da sua história; o português atinge, em 1550, a sua fase clássica. Camões publica, em 1572, Os Lusíadas, obra cujo contributo para a criação do português moderno é assinalável. O movimento humanista enriquece a língua com um considerável número de vocábulos novos, vazados diretamente no português, na sua forma latinizada - preocupação que é clara em Antônio Ferreira e em João de Barros. Surgem, assim, as primeiras gramáticas do português em 1536 (Fernão de Oliveira) e em 1539 e 1540 (João de Barros) que deram uma contribuição inequívoca para a estabilização e regularização da língua. No final do século XVI, a língua portuguesa atinge a sua maturidade, e a evolução posterior não altera significativamente a perspectiva fonética nem a morfossintática. Ao longo dos séculos seguintes, não pode, no entanto, deixar de se referir à importância determinante da obra de algumas personalidades marcantes, cujo contributo para a modernização, estabilização, regularização e aperfeiçoamento da língua foi fundamental. As obras do Padre Antônio Vieira (“Imperador da língua portuguesa” lhe chama Fernando Pessoa), de Almeida Garrett e de Eça de Queiroz são, sob essa perspectiva, marcos assinaláveis. Falado hoje em cinco continentes por mais de duzentos milhões de pessoas, língua oficial de oito estados: Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor-Lorosae o português é, seguramente, uma das grandes línguas de comunicação mundial, sendo a terceira língua europeia em número de falantes no mundo contemporâneo, a seguir ao inglês e ao espanhol. Texto 1

Cantiga d’amor,

de

Afonso X,

o

Sábio

Par Deus (1), senhor (2), enquant’ eu ffor (3) de vós tam alongado (4), nunc(a) en mayor coyta (5) d’amor, nen atam (6) coytado foy (7) eno mundo por sa (8) senhor homen que fosse nado (9), penado, penado Se[n] nulha ren (10), sen vosso ben,

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Fascículo 2 que tant’ ey desejado que já o ssem (11) perdi por em (12), e viv’ atormentado, ssem vosso bem, de morrer en ced’ é muy guisado (13), penado, penado. Ca (14), log’aly hu (15) vos eu vy, fuy d’amor afficado (16) tam muyt’ en mi que non dormi, nen ouve gasalhado (17) e, sse m’ este mal durar assy, eu nunca fosse nado, penado, penado. (José Joaquim Nunes, Cantigas d’amor, XXVII, p. 57-9)

Esta cantiga, naturalmente de meados ou da segunda metade do século XIII, é de autoria de Afonso X, o Sábio, rei de Leão e Castela. Tal era o prestígio do galego-português como verbo poético na Península Ibérica que este rei trovador dele se serviu para a expressão de seus sentimentos líricos, de suas sátiras e da poesia sacra do Cancioneiro mariano, As cantigas de Santa Maria. Dada a variedade de metros e da rima, esse tipo de poesia se denominava “descordo”, imitação do descordo provençal. Trata-se de um cantar d’amor, em que o trovador, distante da mulher amada, vive atormentado sem a sua companhia afetuosa (gasalhado, dos versos finais), preferindo a morte a continuar nesse sofrimento (eu nunca fosse nado, fórmula execratória muito frequente nessa poesia).

Texto 2

Texto

em

Prosa

O rato, a rã e o minhoto], de um fabulário esópico anônimo [C]comta-sse (1) que h u (2) rrato (3), amdando sseu caminho para emderençar (4) sseus neguoçios, ueo arriba (5) de h a augua (6), a quall ell nom podia passar. E estamdo assy cuydadoso (7) arriba da augua, veo a ell h ua rrãa e disse-lhe: - Sse te prouuer, eu te ajudarey a passar esta augua. E o rrato rrespomdeo que lhe prazia e que lho agradeçia muyto. E a rrãa fazia esto pera emganar o rrato, e disse-lhe: - Amiguo, legemos (8) h a linha no pee (9) teu e meu e

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ssube (10) em cyma de mym. E o rrato feze-o (11) assy. E, depois que forom no meo (12) da augua, a rrãa disse ao rrato: - Dom velhaco, aqui morredes maa (13) morte. E a rrãa tiraua (14) pera fundo, pera afoguá-lo de so (15) a augua, e ho rrato tiraua pera çima. E, estando em esta batalha , vios (16) h u minhoto (17) que andaua voamdo pello aar e tomou-os com as hunhas e comeos (18) ambos. Em aquesta hestoria este doutor rreprehemde os hom es, os quaes com boas palauras e doçes de querer fazer proll (19) e homra a sseu proximo, (e) emganosamente lhes fazem maas obras, porque all (20) dizem com as limguoas e all teem nos sseus corações. E esto sse demostra per a rrãa, a quall dizia que queria passar o rrato e tijnha no sseu coraçom preposito de ho afoguar e matar, como dicto he em cima. (Conf. Transcrição de José Joaquim Nunes, Crestomatia arcaica, Lisboa, Clássica Ed., 1943, p.72-3)

Esta é uma das sessenta e três fábulas feitas ao gosto de Esopo, constantes de um fabulário português em livro manuscrito que José Leite de Vasconcelos encontrou na Biblioteca Palatina de Viena da Áustria, em 1900, cujo título reza: Fabulae Aesopi en lingua lusitana (ver Revista Lusitana, 8 : 99-151). O manuscrito foi publicado pela primeira vez, nessa Revista, pelo próprio filólogo que o encontrou; vazado em letra que pode ser datada do século XV, a sua redação parece ser do século anterior. José Joaquim Nunes reproduz seis dessas fábulas na sua Crestomatia arcaica - como se foram do século XIV.

Texto 3

Trecho

da

Carta

de

Pero Vaz

de

Caminha

“Asy falauã e traziam muitos arcos e contjnhas daquelas ja ditas e rresgatauã. Por qualqr cousa em tal maneira que trouueram daly peraas naaos mujtos arcos e seetas e contas e entam tornouse o capitam aaquem do rrio e logo acodirã mujtos aabeira dele aly verjees galantes pimtados de preto e vermelho e quartejados asy pelos corpos como pelas pernas.” (fol. 6v/7, 1.38-01) “... aos qaaes mãdou dar senhas camisas nouas e senhas carapuças vermelhas e dous rrosairos de contas brancas doso ...” (fol. 3v, 1.12-4)

Pudemos constatar, em linhas gerais, o percurso do surgimento da Língua Portuguesa até chegar ao português falado no século XVI, classificado como

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Fascículo 2 português clássico. Vimos, também, que, no século XVI, com o aparecimento das primeiras gramáticas que definem a morfologia e a sintaxe, a língua entra na sua fase moderna. Assim, o português, nessa época, tanto na estrutura da frase quanto na morfologia, torna-se muito próximo do atual. A partir daí, a língua terá mudanças menores, apenas com atribuições e aperfeiçoamentos.

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4. A fOrmAçãO dO LéXicO POrtuguês

AtividAde | Você viu como os primeiros documentos da Língua Portuguesa são interessantes? Foram preservados pela oralidade. Você é capaz de criar um texto como esse hoje? Siga “seus mais nobres impulsos” e redija um semelhante – pode ser em prosa ou em verso. Você vai se orgulhar depois de pronto. Reúnase com seus colegas. Que tal pensar em um caderno com “nossos primeiros documentos acadêmicos”? É viável e factível através do fórum temático. Revele seu lado de escritor. Se for necessário, pode entrar no mundo virtual para pesquisar esse assunto, porque, ao terminar, você vai debater com seus colegas “como somos capazes quando queremos”. Mãos-à-obra, gente!!!

SAIBA MAIS! ontaria.pdf. t/Pdf/Livro%20de%20M http://www.mardeletras.p em: 11.10. 2008 1/arte-deo.blogspot.com/2005/1 http://herdeirodeaeci 2008. 02. 30. em ml -por-el.ht bem-cavalgar-toda-sela uosa-benfeiot.com/2004/07/da-virt http://porfi riosilva.blogsp 2008 toria-ria.html em 30.10. g/wiki/Conia http://pt.wikipedia.or Wikipédia A enciclopéd 2.08 quista_de_Ceuta em 30.0 o_detaacoesmaitreya.pt/produt Sem autor http://public 08 02. lhe.php?pr=135 em 30.

O léxico pode ser definido como o acervo de palavras de um determinado idioma ou como o conjunto das unidades que formam a língua. Vamos apresentar uma reflexão acerca da formação do léxico português e, hoje, veremos que a fonte principal do léxico no caso da Língua Portuguesa é o Latim. Porém, não somente de vocábulos de origem latina é constituído o nosso léxico. Conheceremos, portanto, outras contribuições para o patrimônio linguístico português. Léxico - designa o conjunto das unidades que formam a língua de uma comunidade, de uma atividade humana, de um locutor, etc. O léxico de uma língua é o conjunto das palavras dessa língua: é o seu vocabulário, o seu dicionário. A língua portuguesa, sendo um estado evolutivo do idioma latino, tem, como fonte principal do seu léxico, o Latim. É ele, portanto, que contribui com a maior parte dos vocábulos pertencentes, hoje, ao patrimônio linguístico português. Mas, não só de vocábulos de origem latina é constituído o nosso léxico. Existem, ao lado deles, outras palavras de procedências diversas.

4.1. PALAvrAs hereditáriAs São as que já pertenciam à língua portuguesa quando ela começou a adquirir fisionomia própria, isto é, de suas origens até o século XII. A)

Pré-LAtinAs

Substrato linguístico Designa toda língua falada que, numa região determinada, por várias razões, foi substituída por outra

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Fascículo 2 língua, buscando considerar a influência que a língua anterior pôde ter sobre a língua que a sucedeu: os falares célticos utilizados na Gália antes da conquista romana são substratos do galo-romano. Vamos considerar os elementos formadores que tiveram influência no latim antes da dominação da Península Ibérica pelos romanos.

parte do nosso léxico. (Antenor Nascentes)

Na contribuição pré-latinas, destacam-se vocábulos de:

Vocábulos Populares – sofreram todas as transformações fonéticas próprias da língua popular.

Contribuições: dos celtiberos (iberos e celtas) dos fenícios dos gregos dos cartagineses Contribuições: vocábulos pré-latinos 80% do latim / 15% do grego e 5% das outras línguas Ibéricos – são poucos e de origens discutidas: cama, sapo, sarna, baía, abóbora, barro, bezerro, garra, louça, manteiga, seara, esquerdo, morro, balsa, bizarro etc.e os sufixos: arra, erro, orro (bocarra, naviarra). Celtas – a influência celta na língua portuguesa se dá mais na fonética que no vocábulo: brio, Bragança, camisa, caminho, bico, cabana, cerveja, gato, légua, peça, touca, carro, grama, raio, Coimbra etc. Fenícios e Cartagineses – os dois povos falavam a mesma língua. Quase nada legaram ao português. Não há muita clareza quanto à sua origem: barca, saco, mapa, saco, malha e mata. Gregos – da época anterior aos romanos, temos: governar, bola, cola, etc. Com o advento do Cristianismo, várias palavras gregas se difundiram: anjo, diabo, paróquia, bispo, etc. A partir do séc. XVI, os eruditos recorrem à formação de neologismos técnicos e científicos. São os chamados Helenismos: telefone, fonema, homeopata, etc.

Contribuições: vocábulos populares vocábulos eruditos Contribuições: vocábulos latinos

malha: macula>macla>malha A passagem do grupo CL e LH denuncia a sua origem popular. Semi-Eruditas - as que entraram na língua nos primórdios da época literária, acabando por sofrer leves alterações, ao entrarem no circuito da linguagem comum: humanitate > humanidade; etc. Vocábulos Eruditos – são palavras que entraram para o português trazidas diretamente do latim clássico com o Renascimento. As que passaram para o Português não sofreram transformações fonéticas, a não ser ligeira acomodação à língua. solitário : solitariu>solitário flama: flamma>flama Vimos os percentuais atribuídos aos vários processos que contribuem para a formação do léxico português. Palavras que já pertenciam à língua portuguesa das origens até o século XII. Passamos pela família dos pré-latinos, pelas contribuições de vários povos como os iberos e celtas, que se tornaram celtiberos. O Cristianismo que nos trouxe muitas palavras pertinentes, na sua maioria, para a religião. Dos latinos, fomos do estrato linguístico aos vocábulos eruditos. Vamos continuar na próxima aula para que você conheça mais sobre os pós-latinos.

Hebreu – aleluia, ámen, sábado; Abraão, Judite, etc. b)

Latinas

Estrato linguístico (o termo estrato é utilizado na linguística norteamericana como sinônimo de nível ==> posição) Vamos considerar os elementos formadores que tiveram influência dos próprios vocábulos latinos – corre com mais de 80% dos vocábulos que fazem

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Atividade | Observe o processo de formação das palavras e veja de quantas maneiras se agrupam e se formam. É algo realmente maravilhoso! Agora você poderá responder a muitas questões em percentuais e ter dados concretos sobre vários temas dentro do mesmo assunto. Então, mãos à obra: léxico – encontre conceitos diferentes para essa palavra. Aproveite,

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Fascículo 2 então, para uma investigação virtual sobre as contribuições dadas pelos iberos, celtas, gregos e cartagineses e as contribuições cristãs dadas para o latim. Agora, reúna-se com seus colegas e via webquest enriqueça mais esses saberes. Na aula anterior, vimos a criação vocabular prélatina. Agora, veremos os pós-latinos. Em seguida, veremos o adstrato linguístico. Essas contribuições, quer seja de natureza idiomática ou dialetal, provêm de vários povos – são elementos com significativa influência após o domínio romano. São tantos os povos que acrescentaram algo ao nosso idioma que foram agrupados de forma particular e de acordo com sua representatividade. Temos, inclusive, empréstimos de palavras e estrangeirismos – nossas vaidades linguísticas desde o século XVII e como somos capazes de criar novos vocábulos, temos uma formação vernacular muito rica e ímpar. c)

Pós-latinos

Superstrato linguístico Designa toda língua que é introduzida largamente na área de outra língua, mas sem substituí-la, podendo desaparecer finalmente e deixando alguns traços. Adstrato linguístico Denomina-se a língua ou o dialeto falado numa região vizinha daquela em que se fala a língua tomada como referência – do castelhano no galego/ do francês nos falares meridionais da França/do castelhano da Argentina sobre o português do Rio Grande do Sul, na região fronteiriça. Vamos considerar os elementos formadores que tiveram influência depois do domínio romano. Contribuições Germânicos – superstrato Árabes – adstrato Contribuições: vocábulos pós-latinos

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Árabes – a influência árabe se manifesta em vocabulário bastante numeroso: arroz, café, zero, álgebra, etc. Provençais - algumas palavras deste idioma entraram no português arcaico por influência da poesia provençal (poesia trovadoresca): anel, alegre, assaz, jogral, trovador; etc. Franceses - a língua francesa é que mais tem influído na língua portuguesa, desde o século XVII, sobretudo pela grande influência que as letras francesas exerceram sobre a cultura portuguesa. São inúmeros os francesismos (ou galicismos): abat-jour, ancestral, apartamento, assassinato, atelier, avalanche, avenida, banal, bicicleta, blague, bouquet, cabine, chance, chauffeur (chofer), comitê, detalhe, elite, envelope, feérico, felicitar, fetichismo, flanar, governante, greve, maquete, menu, nuance, omelete, reclame, restaurante, revanche, silhueta, toilette, tricot (tricô), vitrina; etc. Espanhóis - também é representativo o número de vocábulos espanhóis no nosso idioma: bolero, castanhola, cavalheiro, colcha, cordilheira, façanha, fandango, frente, hediondo, lhana, mantilha, neblina, novilho, pandeiro, pastilha, picaresco, realejo, rebelde, redondilha, sainete, trecho, etc. Italianos - a maioria dos vocábulos oriundos da Itália dizem respeito à arte (pintura, música, poesia, teatro): adágio, aguarela, ária, bandolim, camarim, cenário, concerto, dueto, maestro, madrigal, piano, serenata, solfejo, soneto, soprano, tenor, violoncelo. São também de origem italiana: alerta, arlequim, balcão, banquete, boletim, carnaval, confete, festim, fiasco, gazeta, macarrão, mortadela, palhaço, pastel, piloto, poltrona, salame, salsicha, sentinela, talharim, tômbola; etc. Ingleses - os anglicismos também são em número bastante elevado, graças às relações comerciais e políticas: bar, basquetebol, bife, clube, dólar, futebol, gim, grogue, iate, jóquei, júri, macadame, panfleto, piquenique, pudim, recital, repórter, revólver, sanduíche, teste, túnel, turfe, etc.

Germânicos – os germanismos são, em geral, referentes à arte militar, utensílios, etc.

De outras origens:

Arreio, guerra, marechal, adubar, banco, canivete, etc. Os quatro pontos cardeais: Norte, Sul, Leste e Oeste. Alguns nomes próprios: Rui, Godofredo, etc.

Alemão: bismuto, cobalto, gás, manganês, vagão, valsa, vermute, zinco. Russo: bolchevique, czar, czarina, escorbuto, estepe, rublo, vodca.

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Fascículo 2 Polonês: mazurca, polca. Turco: casaca, caviar, cossaco, gaita, horta, paxá, sandália.

Os estrangeirismos de maior número na língua portuguesa são os galicismos (empréstimo de procedência francesa), os espanholismos, os italianismos e os anglicismos.

Holandês: escuma, quermesse.

4.4. Formações Vernáculas

Africano: banana, banjo, girafa, macaco, moleque, zebra; mandinga, macumba, muamba; cachaça, cuscuz, jiló, marimbombo, maxixe, batuque, berimbau etc.

São criações da própria língua portuguesa.

Americanos: • Antilhas: canoa, colibri, furacão, tabaco. • Chile: abacate, cacau. • México: tomate, batata. • Peru: alpaca, charque, mate, vicunha. • Brasil: na fauna: araponga, arara, tatu, urubu, etc; na flora: abacaxi, mandioca, sapé, etc; alimentos, utensílios, crenças, etc.: caipira, curupira, piracema, etc.; topônimos: Guanabara, Pará; etc.; antropônimos: Araci, Iracema, Jurema, Jandira, etc. Pérsia: bazar, divã, paraíso, tafetá, tulipa, turbante, anil, azul, jasmim. Malásia: bule, bambu, catre, jangada, manga, pires. Japão: biombo, gueixa, leque, quimono. China: chá, chávena, ganga, tufão. Sânscrito: avatar, jambo, sândalo, suarabáctil. De acordo com a origem das palavras, consideramse, por um lado, as provenientes do Latim, e, por outro, as de origem diversa. Quanto às segundas, é costume agruparem-se em três categorias:

4.2. Palavras

de

Empréstimos

São vocábulos que, entre os séculos XII e XVI, foram acrescentados ao léxico português para suprir as deficiências do idioma que, apesar de já formado, era ainda incipiente.

4.3. Estrangeirismos São palavras de outras línguas que entraram para o português já na fase moderna, isto é, a partir do século XVI (vaidade linguística).

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4.4.1. Composição: justaposição e aglutinação 4.4.2. Derivação: própria e imprópria • Derivação própria: regressiva e progressiva • Derivação própria regressiva = também chamada deverbal • Derivação progressiva = prefixal, sufixal e prefixal e sufixal 4.4.3. Hibridismo 4.4.4. Sigla 4.4.5. Onomatopeia 4.4.6. Abreviação vocabular/redução 4.4.7. Interação silábica Do que deixamos dito, conclui-se que três são as fontes do nosso léxico:

1. a derivação latina; 2. a criação ou formação vernácula; 3. a importação estrangeira. Pudemos constatar que a história do léxico português - basicamente de origem latina - reflete a história da língua portuguesa e os contatos de seus falantes com as mais diferentes realidades linguísticas. Vimos, portanto, que a Língua Portuguesa é rica de atribuições linguísticas, advindas das mais diversificadas fontes.

Atividade | Nós já vimos vários assuntos da História da Língua Portuguesa. Passaremos agora à formação do léxico. Pesquise o termo e use quatro dos seus sentidos encontrados no dicionário e/ou no mundo virtual. De posse desses dados, use seus significados para redigir um texto sobre a formação lexical portuguesa. Observe as várias contribuições que ela recebeu para seu desenvolvimento, sua construção vocabular tão ampla. Verifique o quanto seu texto irá acrescentar ao de seus colegas, o nível de compreensão que exibe e faça, então, um bom esquema de como você apresentará seu texto.

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Fascículo 2

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5. Quais são as Diferenças o Português e o Latim?

A 1ª e a 5ª declinação se alinharam por falarem do gênero feminino, em confronto com a 2ª e a 4ª declinação nas quais predominava o gênero masculino.

entre

Vamos falar sobre as diferenças entre o latim e o português bem como as características na passagem de um para o outro, tais como: diminuição na quantidade de acentos, extinção das declinações, quebra do gênero neutro para masculino e feminino e redução das conjugações. Veremos, também, que, nessa transposição, alguns tempos verbais foram preservados e alguns termos foram substituídos por uma nova construção perifrástica; alguns termos caíram em desuso, outros se fundiram com termos semelhantes.

Características Explícitas na Passagem Latim à Língua Portuguesa

do

Diminuição da quantidade do acento As vogais longas conservaram sua identidade: ā, ē, ī, ō, ū em Português se tornaram a, ê, i, ô, u, de tonicidade fechada, a que se pode somar a vogal ă breve em par com sua longa. A contraposição das vogais breves ĕ e ŏ frente às respectivas longas foi marcada pelo acento aberto do Português. Entretanto, as vogais breves ĭ e ŭ somaram-se às vogais fechadas ê e ô do Português. Desse modo: a (ā, ă) , é (ĕ) , ê (ē, ĭ) , i (ī) , ó (ŏ) , ô (ō, ŭ) , u (ū). Termina, assim, a distinção entre sílabas longas e breves. As 5 declinações do Latim caem O sistema declinatório do Latim agrupava as palavras de acordo com suas terminações. A primeira declinação agregava grande número de palavras de gênero feminino, a segunda declinação continha muitas palavras de gênero masculino. A desinência da 1ª declinação era “-ae”, a 2ª“-i”, a 3ª declinação “-is”, como dolor, -is, já a 4ª declinação possuía a terminação “-us”, a exemplo de spiritus, -us e a declinação que possuía poucas palavras era a 5ª “-er” como dies, -ei. As transformações históricas direcionaram-se para o Português, e, assim, as declinações foram extintas, cedendo lugar ao gênero.

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Já a 3ª declinação abrigava os gêneros masculino, feminino e neutro, sem que nenhum predominasse, enquanto o gênero neutro caiu, quase sempre em favor do masculino. Assim a organização em declinações foi recusada em favor da organização realizada pela distinção entre os gêneros masculino e feminino. Extinção dos casos de marcação sintática (nominativo, acusativo, ablativo, dativo, etc.) Os casos de marcação sintática advindas do uso do nominativo, acusativo, ablativo e vocativo foram extintos. Assim, não é de espantar que a utilização de casos na distinção das funções sintáticas se reduzem aos casos mais genéricos, habituais e de uso mais corrente. Vale lembrar que houve, em primeira instância, a função do nominativo e depois a função do acusativo e ablativo, como nos exemplos: (erectus, nom. > erecto, abl. > ereto, port.); (vita, nom > vitas, ac. > vidas, port.), extinguindose, assim, os morfemas de marcação sintática. Gênero neutro dissolve-se em masculino ou feminino O gênero masculino absorveu o gênero neutro quando as palavras eram, com frequência, usadas no singular. Já as palavras que sempre eram usadas no plural foram adicionadas ao gênero feminino. Ex.: (templum, neutro > templo, masc.); (olivum > oliva); (diarium > diária). A Língua Portuguesa, no que concerne à questão de gênero, com raríssimas exceções (ex. lápis, simples), usa uma única forma para o singular (masculino ou feminino) e outra para o plural, além de algumas flexões pela desinência “-a”. Convergência entre 2ª e 3ª conjugações verbais do Latim e as reduções Havia, no Latim, 4 conjugações, mas, por questões de tonicidade entre o breve e o longo que não atingiram a diferenciação necessária para o seu uso contínuo, passaram então, a ser três conjugações motivadas por funções: (amāre > amar); (debēre/

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Fascículo 2 vendĕre) > (dever/vender); (punīre > punir). Alterações dos modos-temporais dos verbos Tempos preservados do Latim Clássico ao Português:

• presente e imperfeito do indicativo: (amo > amo); (debeo > devo); (vendo > vendo); (punio > puno) • pretérito perfeito do indicativo: (amavi > amai > amei); (debui > debei > devi); (vendedi > vendei > vendi); (punivi > punii > puni) • pretérito mais-que-perfeito: (amavĕram > amaram > amara) • presente do subjuntivo: (amem > ame); (debeam > devam > deva) • imperativo presente: (ama > ama); (debe > deve); (venda > vende); (puni > pune). Tempos substituídos por nova construção perifrástica:

• futuro imperfeito (amabo, debebo, vendam, puniam) foi substituído por uma perífrase de infinitivo + habere no presente (amare habeo) , (debere habeo) , (vendere habeo), (punire habeo). Através de elisões (metaplasmo por queda), a perífrase transformou-se no futuro do presente (amarei, deverei, venderei, punirei); • futuro perfeito (perfectum) foi substituído por uma perífrase de infinitivo + habere no imperfeito do indicativo, que expressava o futuro do pretérito: (amāre habēbam > amaria). Tempos que se fundiram com outro semelhante:

• imperfeito do subjuntivo caiu em favor do mais-que-perfeito do subjuntivo (no Português, o “imperfeito do subjuntivo” derivou do maisque-perfeito do subjuntivo) • futuro perfeito do indicativo confundiu-se com o perfeito do subjuntivo, resultando no futuro do subjuntivo: (amavĕro > amaro > amar); (debuĕro > debero > dever); (vendidĕro > vendero > vender); (punivĕro > puniro > punir) • particípio presente tornou-se adjetivo (amantis > amante), enquanto o gerúndio o substituiu: amando • imperfeito do subjuntivo foi substituído pelo mais-que-perfeito do subjuntivo, dando origem ao imperfeito do subjuntivo e ao infinitivo flexionado simultaneamente

• infinitivo perfeito (perfectum); • imperativo futuro (infectum); • particípio do futuro ativo (algumas formas permaneceram, mas em caráter nominal: “nascedouro”, “vindouro”, “bebedouro”); • gerundivo (algumas formas permaneceram, mas em caráter nominal: merenda, oferenda, graduando). Formas verbais como a voz passiva sintética terminadas em “-r”: amor, amabar, amabor (presente, imperfeito e futuro do indicativo); amer, amarer (presente e imperfeito do subjuntivo). No imperativo (amare, amamini), no infinitivo (amari), no gerúndio (amandus, -a, -um) e no particípio passado (amatus, -a, -um), as formas não se restringem à terminação em “-r”. Todas estas formas caíram em desuso — exceto o particípio passado (amatus > amado) — e foram substituídas por perífrases (amor > amatus sum); (amabar > amatus eram); (amabor > amatus ero); (amer > amatus sim); (amatus essem > amarer). Mais tarde, ocorreram algumas modificações (amatus sum > amatus fui); (amatus eram > amatus fueram). Palatalização dos encontros consonantais “pl”, “cl”, “fl” para “ch” [š] Exemplos: (pluva > chuva); (clave > chave); (flamma > chama). Palavras mais eruditas mudaram para “pr”, “cr”, “fr”: (placere > prazer) , (clavu > cravo) , flaccu > fraco); adicionamos ainda “bl” para “br”: (blandu > brando) Síncopes intervocálicas

• L Exemplos: (salire > sair); (dolore > door > dor); (voluntade > vountade > vontade)

• N Exemplos: (manu > mão); (luna > lũa); (lana > lãa > lã); (bonu > bõo) Dêiticos Advindos do quadro pronominal de origem Galego-português, ressaltamos a oposição entre adjetivo (este/aqueste, esse/aquel) e advérbio (aqui/ali, acá/alá, acó, aló). Caíram em desuso “aqueste” e acó”. Já “aló” sobrevive, ainda, como saudação ou chamamento.

Tempos que caíram em desuso:

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Fascículo 2 Artigo

linguística, e tem variado de acepções, tornando-o polissêmico.

A evolução do pronome demonstrativo “ille” resultou em ARTIGO na Língua Portuguesa após AFÉRESE, sofreu alteração fonética de “le” (conservado no Francês) para “lo” (conservado no Castelhano ao lado de “el”). Finalmente, a partícula ainda perdeu a consoante líquida, logrando a forma atual “o”.

CONCLUSÃO Pudemos conhecer as peculiaridades que permearam o processo de mudança do latim para o português num processo natural de evolução. Verificamos consideráveis mudanças regulares, determinadas por um contexto progressivo.

Atividade | No que concerne aos tempos verbais, relate o entendimento de como ocorreu essa transposição e, em especial, a questão do gênero neutro. Alguns estudiosos advogam que o neutro deveria ser preservado, como ocorre em outros idiomas. Argumente contra ou a favor dessa constatação e sobre as novas construções perifrásticas, criadas a partir dessa ótica linguística. Para realizar essa discussão, você poderá recorrer à ajuda da webquest. Ser contra ou a favor dessa neutralidade requer reflexão(ões).

6. Estrutura

da

Língua Portuguesa

Aqui, veremos a Estrutura da Língua Portuguesa, suas partes, relação e interação entre essas mesmas partes, porque é sabido por todos que, sem interação, nenhuma relação funciona. Assim a relação entre expressão e conteúdo passa, logicamente, pela constituição do idioma português. Agora é o espaço para ampliação de conhecimento da fonética, da morfologia e da sintaxe. Roman Jakobson não poderia deixar de ser citado, por ser um profundo conhecedor das propriedades fônicas das palavras. Uma boa aula, então!

6.1. Conceito

do

Termo Estrutura

Originário da Arquitetura, o termo “ESTRUTURA” é hoje empregado, entre outras ciências, na

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A estrutura é um conjunto cujas partes são unidas por uma relação de solidariedade e dependência, não podendo separar uma parte sem alterar as outras. A estrutura específica de uma determinada língua decorre das categorias gramaticais que a língua possua e do número de invariantes que entram em cada uma delas. Atualmente, o importante é compreender que nada se poderá saber da estrutura de uma língua, se não se tomar constantemente em apreço a interação entre dois planos. Tanto o estudo do conteúdo como o da expressão há de ser o estudo da relação entre a expressão e o conteúdo.

6.2. Constituição

da

Língua Portuguesa

A língua portuguesa pode ser estudada estruturalmente de formas diferentes, no que diz respeito a sua morfologia. A gramática está dividida em três partes: Fonética - Morfologia - Sintaxe A Fonética é a parte da gramática, que estuda a realização dos sons da linguagem, considerando os fonemas linguísticos em suas variações da língua. A Fonética pode ser: Histórica – acompanha a evolução dos fonemas; Descritiva – trata da formação e classificação dos fonemas; Sintática – estuda as alterações dos fonemas de vocábulos, quando na oração. Estuda-se na fonética: a. classificação dos fonemas (vogais – semivogais – consoantes); b. a exata acentuação das palavras (prosódia); c. a correta pronúncia das palavras (ortoépia); d. o modo da representação gráfica das palavras (ortografia). A disciplina que estuda minuciosamente os sons da fala em suas múltiplas realizações chama-se Fonética. A parte da gramática que estuda o comportamento

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Fascículo 2 dos fonemas numa língua, isto é, que estuda os sons que têm a função de distinguir significações, denomina-se Fonologia (Fonemâtica ou Fonêmica) Essa peculiaridade serve para distinguir, numa língua, sons vocais elementares uns dos outros. Assim, cada conjunto de certos traços distintivos se opõe entre as formas da língua, que o possuem, em fase de outras formas, que não o possuem, ou possuem em seu lugar outro fonema. Por exemplo: ala, vala, vela, vê-la, vila; saco, soco, suco; pelas, belas, selas, belas, zelas, telas; mala, sala; amo, ano, etc. Jakobson (1962, 231) define fonema a partir dessa concepção: “as propriedades fônicas concorrentes que se usam numa dada língua para distinguir vocábulos de significações diferentes.” O fonema é um conceito da língua oral e não se confunde com a letra na língua escrita. Nós nos focamos na Estrutura da Língua Portuguesa e nos seus pilares: a fonética, a morfologia e a sintaxe. Sem esses pilares, quaisquer estudos não terão a necessária consistência que lhes garanta a continuidade do processo. As atividades pertinentes a esta aula você encontrará na aula 7. Vimos os sons na fonética, enquanto aguardamos o estudo da morfologia e o estudo da ordem de significado e importância das palavras de acordo com a sintaxe. Então, vamos prosseguir para uma melhor compreensão.

7. O Estudo

da

Sílaba

A fala é composta de unidades fonêmicas, tão divinamente harmonizadas, que viabilizam a compreensão das palavras e dos sons mínimos que emitimos. Essas unidades mínimas são chamadas de sílabas com natureza pré-vocálica e pós-vocálica. Veremos as configurações da estrutura silábica do português e do que depende seu ÁPICE ou centro. Para uma compreensão mais clara, veremos, também, os tipos silábicos, as posições ocupadas por seu ápice, aclive e declive e as questões relativas ao fato de as sílabas serem classificadas como crescentes e decrescentes e compreenderemos como ocorrem esses mecanismos fonéticos. Entre, então, no

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mundo dos sons, é uma “estrada longa e sonora...” Sílaba - é o fonema ou grupo de fonemas emitido numa só emissão de voz. “Ela é a estrutura fonêmica elementar” (Jakobson, 1976, 133). Centro ou ápice (V) – sem o que não haverá sílaba. Os elementos marginais (C) tornam a sílaba pré-vocálica ou pós-vocálica. Quando aparecem elementos pós-vocálicos, temos uma sílaba travada ou fechada – senão a sílaba é livre ou aberta. O centro da sílaba é sempre uma vogal aberta em português. Algumas poucas podem ser pós-vocálicas, havendo o predomínio das sílabas livres sobre as travadas. As configurações seguintes das sílabas são apresentadas na estrutura silábica do português: V = a VSv = eu CV = pá VSvC = rituAIS VC = ar CVSv = pai CVC = paz CVSvC = pais CCV = cru CSvV = séRIE CVCC = SUBStantivo CSvVC = séRIES CCVC = crer CSvVSv = saGUÃO CSvVSvC = saGUÃOS A estrutura da sílaba depende do ápice, ou centro, e do possível aparecimento da fase crescente, ou da fase decrescente, ou de uma e outra em volta dele. Tipos silábicos: V (sílaba simples), CV (sílaba complexa crescente) VC ( sílaba complexa crescentedecrescente). Conforme ausência ou a presença ( ou seja, V e CV, de um lado, e, de outro lado, VC e CVC), temos a sílaba aberta, ou melhor, livre, e a sílaba fechada, travada. Existem, na estrutura silábica, três posições: o ápice ou centro da sílaba – sempre ocupado por vogal - e as encostas ou laterais: o aclive, a encosta em que se situa o fonema ou fonemas que antecedem a vogal, e o declive, encosta em que se localiza o fonema ou fonemas que a seguem. Porém nem todas as sílabas possuem fonemas nessas três posições: há sílabas que têm fonema no aclive e ápice (“pa”, em “ca-pa”); outras, no ápice e declive (“ar”, em “ar-co”), e outras, só no ápice (“a”, em “a-mor”). Veja exemplos de fonemas cuja estrutura da sílaba

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Fascículo 2 apresenta elementos nas três posições. Tomemos, nas palavras “bo-lor”, “fil-tro” e “de-mais”, as sílabas “lor”, “fil” e “mais”. No alfabeto fonético (que representa tecnicamente os fonemas), elas são escritas /lor/, /fil/ e /mays/. O último exemplo com – /mays/ –contém ditongo ay. A vogal tônica do ditongo está sempre no ápice ou centro da sílaba, e as semivogais ( /y/ = “i” ou /w/ = “u”), no aclive e declive. Veja a posição, na estrutura da sílaba, dos fonemas que compõem os ditongos nas palavras: “co-meu”, “i-gual” e “gló-rias”. No alfabeto fonético, as sílabas assinaladas são escritas desse modo: /poys/ - / mew/ - /gwal/ - /ryas/. Na sílaba 1, o ditongo é /oy/ = oi; na 2, é /ew/ = eu; na 3, /wa/ = ua e na 4, /ya/ = ia. Tudo o que você viu até agora tem a finalidade de facilitar seu entendimento definitivo sobre o que é ditongo crescente e decrescente. Ao observarmos os diagramas, constatamos que, nas sílabas 1 e 2, a semivogal está no declive, portanto, depois da vogal que está no ápice. Então, da posição em que estão as vogais /o/ e /e/ até o declive, onde se encontram as semivogais /y/ e /w/, há decréscimo, ou seja, descemos. Já nas sílabas 3 e 4, vemos que as semivogais estão no aclive, portanto, antes da vogal que está no ápice. Da posição em que se localizam as semivogais /w/ e /y/ até o ápice, onde está a vogal /a/, há subida, isto é, crescimento. Vejamos, o ditongo é crescente quando a semivogal está no aclive, antes da vogal e, portanto, cresce-se da encosta (aclive) para o topo (ápice) da sílaba. Ele é decrescente, quando a semivogal situa-se no declive, depois da vogal e desse modo decresce-se do ápice para a encosta (declive) da sílaba. Você pode ainda perguntar: cresce e decresce o quê? A intensidade da emissão sonora: da semivogal (fraca) para a vogal (forte), há crescimento da intensidade do som vocal. Isso se refere à emissão sonora da vogal e de sua intensidade fraca ou forte. Exemplos de mais palavras que contêm ditongos crescentes: “á-gua”, “ân-sia”, “lí-rio”, “qua-se”, “sagui”, etc. Palavras em que há ditongos decrescentes: “boi”,

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“con-tei”, “fu-giu”, “rou-pa”, “sau-da-de”, etc. Ao entender esses mecanismos fonéticos, você também entenderá, com maior facilidade, uma das regras de acentuação gráfica mais precisamente das paroxítonas terminadas em ditongo crescente que são sempre acentuadas, como vimos acima. Estudamos as sílabas. Quem vai a algum lugar sem conhecer as sílabas? Elas são poderosas e ocupam um espaço bem largo no estudo de qualquer IDIOMA. Agora que você já viu esse assunto, nós lhe adiantamos que não é tudo e que nada lhe impede de aprofundar esse conhecimento no mundo virtual.

Atividade | Essa é a atividade relativa às aulas 6 e 7, conforme combinamos. Você viu três pilares da gramática: a fonética, a morfologia e a sintaxe.Como voltaremos a falar dos dois últimos oportunamente, vamos dedicar a atenção às questões da fonética. Investigue as formas que melhor se adequem ao caso e forme palavras a partir das sílabas fonéticas. O fonema realiza-se ao constituir palavras. Não se esqueça desse dado. Junte-se aos seus colegas para debater esse exercício no fórum temático. Aumente seu vocabulário e faça-se entender!

8. Morfologia da Língua Portuguesa O mundo da morfologia chegou até nós, nesta aula. É a distribuição das palavras em relação ao universo de outras ordens de palavra que atendem às exigências gramaticais. É o mundo que permite as classificações, flexões e adentra às questões estruturais e da formação. A NGB agrupa as palavras com 10 classes e cada classe representa, em si, uma ideia. Observe que a ordem da palavra modifica, quem pode ser modificada e quem exerce o poder para ligar todas sem comprometer a compreensão. Tudo passa por um grau de complexidade ou não seria morfologia e não necessitaria conhecer mais ainda sobre gênero. Vamos lá, gente! Morfologia – estudo da distribuição das palavras em classes, atendendo à significação, forma e flexão. Trata a Morfologia: 1. da classificação das palavras; 2. das suas flexões;

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Fascículo 2 3. da sua estrutura e formação. Hoje, a gramática da língua portuguesa apresenta as palavras distribuídas em 10 classes, cada classe representando uma ideia. De acordo com NGB, dentro das classes variáveis, têm-se:

• Substantivo – representa o ser; • Adjetivo – qualifica o ser; • Artigo – determina o ser; • Numeral – quantifica e ordenar o ser; • Pronome – representa a pessoa do discurso; • Verbo – indica ação, estado ou fenômeno da natureza. E dentro das classes invariáveis, têm-se:

• Advérbio – indica circunstância; • Preposição – liga vocábulos; • Conjunção – liga orações; • Interjeição – indica emoção/admiração.

Assim sendo, a rigor, na língua portuguesa, só há flexão de gênero e número. O grau deve ser entendido de forma diferente, uma vez que sua formação obedece a processos inteiramente diversos. Entretanto, é comum nas gramáticas da língua portuguesa o grau ser considerado como uma flexão, daí ser possível a flexão dos nomes em português, como:

• substantivo: gênero - número - (grau) • artigo: gênero - número • adjetivo: gênero - número - (grau) • numeral: gênero - número • pronome: gênero - número - pessoa • verbo: modo - tempo - número - pessoa - voz A categoria de GÊNERO em português se resume em uma desinência {-a} para o feminino, oposta a uma desinência ∅ para o masculino. Em outros substantivos, não há flexão de gênero.

Por outro lado, do ponto de vista das relações sintagmáticas, a classificação das palavras na língua portuguesa obedece a três tipos, a saber:

O caráter masculino ou feminino da palavra está imanente na palavra e é de natureza lexical, não flexional.

1. Palavras Modificadas • substantivo • verbo

Em resumo, o feminino se enquadra numa regra única: adjunção da desinência (-a) com a supressão da vogal temática, se esta estiver presente no masculino.

2. Palavras Modificadoras • artigo • adjetivo • numeral adjetivo • pronome adjetivo • advérbio

Ex. aluno + a = alunoa - aluna Juiz + a = juíza O + a = ao - a (A raiz do artigo definido é zero (∅), e a análise mórfica aponta os seguintes elementos: T (R + VT) + SF (DG + DN). Assim: Masculino singular ∅√ + o + ∅ + ∅ Feminino singular ∅√ + ∅ + a + ∅ Masculino plural ∅√ + o + ∅ + s Feminino plural ∅√ + ∅+ a + s

3. Palavras de Ligação • preposição • conjunção

9. Das Flexões Flexão

é a

Variação

de

Forma

O paradigma flexional dos nomes portugueses é sempre estabelecido por oposições desinenciais. O feminino se caracteriza por um (-a) que contrasta com a ausência de desinência do masculino. O plural é marcado por um (-s) que não aparece no singular. A marca da flexão é sempre uma desinência.

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Do ponto de vista morfológico, a complexidade do gênero é também grande em português, como de regra nas línguas românicas. A redução do nome à forma única do acusativo, que tornou a morfologia do número eminentemente simples (morfema ∅, para o singular: morfema (-s) para o plural), não produziu o mesmo efeito na morfologia do gênero. O padrão morfológico é dado por uma série de adjetivos, inclusive o artigo, em que o masculino apresenta um tema em (-o), que é suprimido no

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Fascículo 2 feminino para o acréscimo da desinência (-a).

REFERÊNCIAS

Em grande número de substantivos, de tema em (-o) ou não, esse mecanismo se repete: lobo:loba, mestre:mestra (aí suprimiu-se a vogal (-e) do tema), autor: autora (aí na ausência de vogal no tema, acrescentou-se a desinência (-a) diretamente à última consoante.

ASSUMPÇÃO, Jr. A. P. Dinâmica léxica portuguesa. Rio de Janeiro: Presença. (Coleção Linguagem, n.º 25).

Podemos afirmar que, em certos nomes, a alomorfia no radical funciona como um traço redundante na distinção entre masculino e feminino. Mesmo nestes casos, a flexão se opera pela desinência.

COUTINHO, Ismael de Lima (1973) Pontos de gramática histórica. Rio de Janeiro, Acadêmica, p. 165 – 183.

Há substantivos masculinos que não têm feminino correspondente em termos morfológicos. Ex. mulher não é feminino de homem; é apenas uma palavra privativamente feminina que supre a falta da flexão de homem. Igualmente, com outros nomes para a formação do gênero, apela-se para o processo supletivo, ou seja, a heteronímia.

Autor: Desconhecido. História da Língua Portuguesa. http://acd.ufrj.br/~pead/tema05/portm05.html em 13/11/2008.

Disponível em http://acd.ufrj.br/~pead/ tema05/primeiros.html em: 20. 10. 2008 Disponível em http://lportuguesa.malha.net/ content/view/16/44/ em: 23. 10. 2008 FERRO, António M. Portugal http://www.clpicconstanta.ro/pt/portugalia.php?m=menu_ gen&c=gen_form em 28. 10. 2008

As gramáticas portuguesas dividem os substantivos quanto ao gênero. Além de masculinos e femininos, sobrecomuns, comuns de dois gêneros e epicenos. Analisando-se a flexão de gênero por este ângulo, pode-se dizer que os nomes portugueses se diversificam em três grupos a saber

MANZOLILLO, Vito (UNESA). Aspectos da Constituição do Léxico Português. http://www.filologia. org.br/viisenefil/02.htm em 13.11.2008

• nomes de gênero único

______. O problema do latim vulgar. Rio de Janeiro, Acadêmica, 1962. Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. http:// pt.wikipedia.org/wiki/Latim. Em 13/11/2008

Ex.: (a) tribo (a) flor (o) cadáver (a) vítima. • nomes de dois gêneros não marcados por flexão Ex.: (o, a) estudante (o, a) cliente (o, a) dentista • nomes de dois gêneros marcados por flexão Ex.: (o) leão - (a) leoa (o) filho - (a) filha

Atividade | Estrutura – recorra a diferentes dicionários e dê significados para esse vocábulo tão importante. Encontre conceitos estruturais para morfologia. Sugerimos uma consulta à gramática Estrutura morfossintática do português de João Macambira. Logo após, examine outras gramáticas e estabeleça o que há em comum nas definições dos escritores pesquisados – você descobrirá realidades muito significativas a essa altura do seu curso, que farão uma enorme diferença de saberes do seu idioma, aplicável a outros também. É hora de você redigir sobre todo esse conhecimento e enviar para nós através de um trabalho científico.

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MAURER Jr., Theodoro Henrique. Gramática do latim vulgar. Rio de Janeiro, Acadêmica, 1959, p. 33 – 45.

MONTEIRO, J. L. Morfologia portuguesa. 3. ed., Campinas, SP: Pontes, 1991. NEVES, M. H. M. A gramática: história, teoria e análise, ensino. São Paulo: Editora UNESP, 2002, 05 – 22. ROCHA, L. C. S. Estruturas morfológicas do português. Minas Gerais: UFMG, 1999. SMOLKA, Neide. (*)http://www.novomilenio. inf.br/idioma/20000901.htm 11/11/2008. TEYSSIER, Paul. História da Língua Portuguesa; Tradução: Celso Cunha. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 25 – 81.

Parabéns, você venceu!

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Fascículo 3

Língua

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História da Portuguesa no Brasil

Eixo Temático | A Leitura no Contexto Universitário Profa. Francisca Núbia Bezerra e Silva Carga Horária | 15 horas

Objetivos Específicos Identificar, por meio do estudo da estrutura da língua portuguesa, formas práticas, enriquecedoras linguisticamente por meio de padrões e dos mecanismos que o idioma permite e viabiliza; Fatos e realidades da História da Língua Portuguesa desde os seus primórdios que lhes permitam ampliar seus conhecimentos e argumentos pertinentes a este vasto assunto; Perceber o percurso da formação histórica da língua portuguesa no Brasil e a riqueza de fatos em que essa formação se consolida ao longo do tempo e do qual nós também participamos no momento atual. Dando continuidade à morfologia da língua portuguesa, falaremos sobre a estrutura flexional de número, de pessoa e de verbo.

1. A Estrutura Flexional

de

Número

Em português, a flexão de número está resumida em uma única regra: O acréscimo do (-s) ao singular. O (-s) é a marca do plural, oposta ao vazio do singular. (-o )

2. A Estrutura Flexional

de

Pessoa

Podemos afirmar que, em certos nomes, a alomorfia no radical funciona como um traço redundante na distinção entre masculino e feminino. Mesmo nesses casos, a flexão se opera pela desinência. Há substantivos masculinos que não têm feminino correspondente em termos morfológicos. Ex. mulher não é feminino de homem; é apenas uma palavra privativamente feminina que supre a falta da flexão de homem. Igualmente, com outros nomes para a formação do gênero, apela-se para o processo supletivo, ou seja, a heteronímia. São três as pessoas gramaticais, conforme designem o falante, o ouvinte ou o assunto. As oposições sempre se efetivam por meio de radicais diferentes.

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Fascículo 3 Primeira pessoa – campo do falante; referência ao que pertence a quem fala. Segunda pessoa – campo do ouvinte; referência ao que se situa próximo com quem se fala.

3. A Estrutura Flexional

do

Verbo

O verbo em português apresenta a seguinte estrutura morfológica: V = T (Rd. + VT) + SF (DMT + DNP)

Terceira pessoa – campo do assunto; referência ao que se coloca distante do falante e do ouvinte. Além da significação dêitica ou indicativa, os pronomes podem referir-se a algo que foi dito (emprego anafórico) ou ainda vá ser expresso (emprego catafórico).

Considerando a forma nominal do particípio AMADO, temos as seguintes estruturas: Estrutura verbal + estrutura nominal = estrutura verbo-nominal V = T (Rd + VT) + SF (DMT) (AM + A) + DO

= st1 ns = “urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags” />

O pronome, na língua portuguesa, assume a condição de substituto linguístico em sua função principal, que é a de ser substituto de uma palavra ou um grupo de palavras, que eles representam ou substituem.

VN = TN (TV (Rd + VT) + FV (DMT) + Vt) + FN (DG + DN)

CONCLUSÃO

Em síntese, a estrutura pronominal apresenta as seguintes características:

• A flexão de gênero e de número se realiza com os mesmos traços de estrutura nominal, mas a distribuição paradigmática não engloba todos os pronomes. • Há três categorias inexistentes na estrutura nominal: a categoria de caso, de pessoa e de neutro. A indicação é sempre feita por meio do processo supletivo. • Os nomes valem como símbolos: apresentam as ideias. Os pronomes valem como sinais: apenas indicam uma situação espacial. • Além de indicar a posição no espaço / tempo (significado dêitico), os pronomes são usados como referência ao que foi dito (anáfora) ou ao que vai ser dito (catáfora). • Dentro do mecanismo sintático, o pronome apresenta dupla situação, concorda em pessoa com o seu antecedente e em gênero e número com o termo consequente.

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N = T (R + SD + VT) + SF (DG + DN) (AM + A + DO ) + (∅ + ∅)

Pudemos ver que a estrutura flexional de número na Língua Portuguesa está resumida basicamente no acréscimo do -S à forma singular. Na estrutura flexional de pessoa, vimos que a distinção entre masculino e feminino acontece por alomorfia (variação de um morfema sem mudança no seu significado no radical), em que a flexão acontece pela desinência ou por heteronímia, por um processo supletivo. No que diz respeito à estrutura pronominal, falamos sobre as três disposições no campo do falante, do ouvinte e também do assunto. Ainda nesse âmbito, vimos que o pronome, na nossa língua, assume o papel de substituto linguístico de palavras que eles possam vir a representar. Assim, a estrutura pronominal, de acordo com o que discutimos, baseia-se entre outras características, no seguinte mecanismo: concorda em pessoa com o seu antecedente e em grau e número com o termo consequente. Quanto à estrutura flexional verbal, vimos que o verbo, na Língua Portuguesa, apresenta uma estrutura morfológica baseada na seguinte fórmula: V=T (Rd.+VT) + SF (DMT+DNP)

Atividade | Neste momento, você tem um espaço e razões para estudar esse assunto, porque em relação à atividade pertinente a esse estudo, você encontrará mais adiante. SIGA SEMPRE EM FRENTE!

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Fascículo 3 4. Padrões Frasais

em

Português

Falaremos sobre os padrões frasais na Língua Portuguesa. Do mesmo modo, conheceremos e analisaremos suas formas básicas, compostas por justaposição e suas possíveis variações. Além disso, apontaremos o que a sintaxe estuda e quais são os seus mecanismos. A Língua Portuguesa conservou o padrão frasal do latim, que consiste num nexo entre o sujeito e o predicado. Sujeito é um substantivo (nome ou pronome) que serve de tema. Predicado, que é a essência da comunicação, é um verbo ou um nome (substantivo ou adjetivo). Assim, de acordo com a natureza do predicado – verbo ou nome – a frase portuguesa pode ser verbal ou nominal. Padrões Frasais Básicos a. Padrão I: S+VI ± (AADV) Elas saíram. b. Padrão II: S+VT+OD± (AADV) Ela falou isto na reunião. c. Padrão III: S+VT+OI± (AADV) Nós obedecemos às ordens hoje. d. Padrão IV: S+VT+OD+OI± (AADV) Ele ofereceu um presente ao rei hoje. e. Padrão V: S+VL+PS± (AADV) Elas estão tristes hoje. Ela permaneceu assustada na reunião. Padrões Frasais Compostos por Superposição f. Padrão I + Padrão V = S+VI+PS± (AADV) Elas saíram tranquilas hoje. g. Padrão II (ou III ou IV) + Padrão V = S+VT+OD/OI+PS ± (AADV) Ela falou isto assustada na reunião. Variações nos Padrões Frasais h. Padrão I: S+VI± (AP) ± (AADV) Elas foram mortas pelo assaltante hoje. i. Padrão III: S+VT+CA± (AADV) Nós moramos na mata. j. Padrão IV: S+VT+OD+CA± (AADV) Ele pôs o carro na garagem. k. Padrão II + Padrão V = S+VT+OD+PO± (AADV) O juiz declarou o réu inocente. Obs.: A rigor, o predicativo do objeto da gramática

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tradicional inexiste, porque corresponde ao predicativo do sujeito, como se pode constatar no exemplo referido, em que “inocente” é predicativo do sujeito de uma oração em que verbo e conjunção encontram-se elípticos (que o réu é inocente). Vamos observar os MECANISMOS SINTÁTICOS A sintaxe estuda:

1. a estrutura da oração e do período; 2. o valor funcional das palavras como partes da oração; 3. as relações de dependência das palavras e orações, e a colocação de umas e outras. Daí, os mecanismos sintáticos são: a) Concordância - há na oração dependência das palavras entre si, sujeitando-se umas às outras quanto ao GÊNERO, NÚMERO e PESSOA.

• Concordância Nominal - é aquela que se refere à concordância do adjetivo com o substantivo (NOME: substantivo e adjetivo); • Concordância Verbal - estuda a dependência do verbo com o sujeito. b) Regência - as palavras se acomodam na oração para transmitirem ideia e em ordem tal, que pode haver entre elas a palavra REGENTE, isto é, dirigente, a que possui outra em subordinação, e a palavra REGIDA, se refere à que se subordina, a que depende, a que completa o sentido. De acordo com o termo regente, tem-se:

• Regência Nominal - é aquela que se refere à regência do substantivo e do adjetivo;

• Regência Verbal - é aquela que se refere à regência do verbo. c) Colocação - é o estudo da ordem, da disposição das palavras na oração e das orações no período.

CONCLUSÃO Vimos que a Língua Portuguesa preservou os padrões frasais do latim, os quais giram em torno do sujeito (o tema) e do predicado (o sentido). O sujeito pode ser nome ou pronome. Já o predicado, um verbo e/ou um nome (substantivo ou adjetivo), o

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Fascículo 3 que, de acordo com o que discutimos, vai definir se a frase é verbal ou nominal. Pudemos conhecer ainda os padrões frasais básicos e seus devidos posicionamentos numa frase, os padrões frasais compostos por justaposição e, ainda, as variações nos padrões frasais. Constatamos que a sintaxe estuda: a estrutura da oração e do período; o valor funcional das palavras como partes da oração e as relações de dependência das palavras e orações. E, finalmente, discutimos sobre os mecanismos sintáticos, que são concordância, regência e colocação.

Atividade | Elabore exemplos a partir da estrutura flexional de número, de pessoa, de verbo, de padrões frasais em português, dos mecanismos sintáticos e sociabilize esses exemplos com seus colegas por meio da webquest.

5. História da Língua Portuguesa no Brasil Discutiremos sobre a História da Língua Portuguesa e sobre a sua implantação definitiva no Brasil, dando ênfase ao fato de que a nação portuguesa vivenciou uma longa trajetória de contato com outros povos que influenciaram diretamente a língua portuguesa e contribuíram para a sua construção.

ligados à fauna e à flora que permanecem até hoje como também nomes próprios e geográficos. O fluxo de escravos chegados da África deu à língua da colônia acréscimos significativos através do Yorubá – vocabulário direcionado à religião e à cozinha afro-brasileiras – e do quimbundo angolana, idiomas esses respectivamente da Nigéria e de Angola, os quais muito enriqueceram o português. Esses fatos característicos evidenciam as mudanças históricas, linguísticas e sociais que permeiam a origem do português popular do Brasil. Essa posição se resume na frase: confluência de motivos ou seja – a atração de forças de diversas origens que juntas se reforçaram para produzir o português popular. Hoje esse discernimento é consensual, embora apresente, é claro, diferenças no foco. A chegada dos imigrantes, por ocasião da independência, deu sua contribuição para que certas modalidades de pronúncia e algumas mudanças superficiais de léxico existente em regiões do Brasil acontecessem.

6. Argumentação Histórica e a Implantação do Português Brasileiro A nação portuguesa tem uma longa história de contato com povos que não dominaram sua língua.

Mapa do Brasil no século XVI

No início da colonização portuguesa, o tupinambá, língua litorânea, tornou-se junto ao português as línguas usadas como “língua-geral” da colônia. O Tupi foi vetado em 1757 por uma Provisão Real, já que esse idioma, com a chegada dos imigrantes à colônia, tornou-se suplantado. Em 1759, os jesuítas foram expulsos, e o português foi fixado como idioma brasileiro, ficando do Tupi nomes

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Do século VIII até o séc. XI, uma parte do país era ocupada por califados árabes e a presença dos árabes que permaneceram por um longo tempo, depois da saída dos seus governantes. Acrescentemos que, durante a Idade Média, os portugueses participaram das famosas Cruzadas, e isso implicava contatar diretamente diversos povos europeus da Europa, do Norte da áfrica e do Oriente Médio, chegando, assim, a conquistar diversas cidades do Norte da África, onde estabeleceram colônias que, posteriormente, se estenderam à África Ocidental, abaixo do Saara. Não se sabe muito a respeito da forma de comunicação entre os portugueses e outros povos que não chegaram a dominar o português durante séculos. Fala-se do sabir, que seria um sistema verbal predominantemente de base lexical românica, usado para contato tanto no Oriente Médio como no Norte da África. Sistema este de flexibilidade ex-

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Fascículo 3 trema, o que permitia a adição de itens lexicais de diversas línguas românicas ou até árabe, facilitado por seus mecanismos sintáticos bastante variáveis de lugar para lugar, de momento para momento. No cômputo geral, podemos distinguir o sabir ocidental usado no Mediterrâneo ocidental e no norte da África do sabir oriental usado no Oriente Médio, embora saibamos que no início do séc. XVI, época do primeiro contato dos portugueses com o Brasil, já existia, portanto, em Portugal, estratégias de comunicabilidade com estrangeiros. Esse sistema tem uma variedade de riqueza documental atestada por autoridades em que se sagrou Serafim Silva Neto (1986) em introdução ao estudo da língua portuguesa no Brasil, devido à qualidade de sua narrativa. A grande maioria das citações dessa época baseiam-se em estudos advindos desse autor, cuja primeira edição data de 1950.

www.civilization.ca

É a partir daí que sabemos que tribos europeias e africanas – todos os grupos étnicos – sabiam se comunicar, usando esse sistema de comunicação, conforme as circunstâncias de cada um, já que as línguas, segundo alguns autores, “se constituíram em condições de contacto” , mas “absolutamente distinta daquelas que se formaram os pidgins e as línguas crioulas” , o que significa dizer na perspectiva sociolinguística que “não houve, em nenhum momento, interrupção da transmissão dessas línguas, isto é, não ocorreu mudança de língua (language shift) nos descendentes mestiços europeus e dos índios tupis – guarani.” Neste estudo, assumiremos a conhecida noção de deriva linguística de Sapir (1949/1921: 145 – 170). Segundo o autor, “ a língua se move ao longo do tempo num curso que Edward Sapir, 1913. lhe é próprio.Tem uma deriva”. (p.150). À p. 115, o autor argumenta que embora não percebamos “nossa língua tem uma inclinação” [...]

As mudanças dos próximos séculos estão, em certo sentido, prefiguradas em certas tendências não perceptíveis do presente. Acrescentamos que a nossa língua é um organismo vivo e que como tal vive em constante evolução,

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fato que corrobora as constatações acima. Se desejarmos mergulhar no mar de informações sobre a História da Língua Portuguesa no Brasil, há uma riqueza imensa a ser garimpada. Embora escassas, as evidências documentárias específicas quanto aos portugueses ou outras línguas faladas pelos africanos no Brasil, há breves menções de africanos que não dominavam o português, mas apenas a língua geral tupi ou línguas africanas. O que nos traz aos dias atuais: ontem e hoje, os observadores – nativos ou estrangeiros – não conseguem reconhecer qualquer traço linguístico associado exclusivamente à etnia afro-brasileira. Não temos, pois, um “português negro”, critério adotado pelos EUA ao denominar uma atividade linguística de “Black English” – Atualmente AAVE – (African American Vernacular English). Nossas diferenças étnicas nessa questão – traços étnicos vocais – são tão sutis que não fazem diferença aos ouvidos do observador mais atento. Isso não implica dizer que os falantes nativos tenham uma língua portuguesa com fluência nativa ou que nativos portugueses não introduziram traços africanos, indígenas, pidginizantes ou não. Pe. Antônio Vieira nos diz que várias nações da Ásia falavam cada uma do seu jeito. Assim sabemos que as línguas se influenciavam principalmente por meio do aprendizado de segundas línguas por falantes não-nativos adultos. Desse período, temos apenas um texto de 1620, quando então 20% da população brasileira era de origem africana. O menor número de africanos nos deixa certos de que não influenciaram diretamente os índios, no início do século XVI, é provável que os portugueses tenham contribuído para a transferência do pidgin da Europa para a América. Para completar esse quadro linguístico dos primeiros séculos do Brasil, o qual predominou o pidgintupi nos termos de Silva Neto(1986), ou da língua geral paulista, nos termos de Rodrigues (1996), observamos então a influência mútua das diversas línguas no contexto de aprendizado do português, da língua geral e outras línguas como segundas línguas e dos demais elementos vindos da Europa.

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Fascículo 3 CONCLUSÃO Pudemos conhecer um pouco da história da nossa língua. Vimos, por exemplo, que o tupi foi vetado em 1557 e que, dois anos mais tarde, os jesuítas foram expulsos, e o português foi adotado como idioma oficial da colônia. No que diz respeito às mudanças históricas, linguísticas e sociais que permeiam a origem do português popular do Brasil, constatamos que diversos povos deram suas contribuições, que juntas, reforçaram a produção do português popular. Os escravos da África, por exemplo, deram à língua da colônia acréscimos significativos, direcionados à religião e à cozinha afro-brasileiras. Historicamente falando, vimos que ainda hoje não se sabe como os portugueses se comunicavam com outros povos que não chegaram a dominar o português durante séculos, porém vimos que o SAPIR era o sistema verbal usado para conectar os povos. Decorre ainda que citações dessa época baseiam-se em estudos advindos de Serafim Silva Neto, cuja primeira edição foi em 1950. Por meio dela, pudemos concluir que todos os grupos étnicos se comunicavam usando esse sistema de comunicação. Discutimos, por fim, que em relação ao quadro linguístico dos primeiros séculos do Brasil, percebe-se que células foram sendo acrescentadas a sua forma geral, mas que até hoje a língua está propícia a mudanças, já que é um organismo vivo e que, como tal, vive em constante evolução.

Atividade | Você percebeu um assunto que

Discutiremos a importância da Língua Portuguesa do Brasil e no Brasil, já que somos colaboradores diretos e definitivos para fazer do português uma língua com importância internacional. Além disso, localizaremos, historicamente, o decorrer da evolução do português no nosso país, o qual incorporou empréstimos de termos não só das línguas indígenas e africanas mas também de outras diversas línguas. Com um enorme território de mais de 8 milhões e meio de quilômetros quadrados e uma população de 183.900 milhões de habitantes (dados de 2007), o Brasil não está em proporção com Portugal, que ocupa uma área de 92.000 Km2 e com uma expressiva população de 10.595.848 milhões de habitantes (dados de 2007). A língua deste país-continente é o português. Somos, pois, também lusófonos e contribuímos decididamente, em pleno séc. XXI, para fazer do português uma língua com importância internacional, já que é falada por 230 milhões de pessoas, em diversos continentes, fato que eleva a autoestima e nos instiga a conhecer mais sobre a história desse idioma tão rico.

8. Historicizando a Língua Portuguesa Abril, 22 de 1500, Pedro Álvares Cabral chega às costas do Brasil e toma posse em nome do rei D. Manuel de Portugal embora a colonização só tenha se iniciado em 1532, com a atribuição das capitanias hereditárias. Não iremos, aqui, adentrar a esses fatos da história, mas iremos nos ater na exposição das ocorrências que nos interessam no que concerne à implantação da língua portuguesa no Brasil, em seus vieses mais significativos.

7. O Português do Brasil e no Brasil

O período colonial – da chegada de D. João VI (1808) até ... ... ...

http://www.abcpedia.com/brasil/ mapa+de+brasil.gif

ampliou, de forma significativa, seus conhecimentos sobre a História da Língua Portuguesa do Brasil. Agora é a hora de você participar de uma videoconferência com seus colegas e três professores convidados, para juntos debatermos esse assunto vital para a construção do seu conhecimento em língua portuguesa. Até que enfim vamos nos encontrar!

Os portugueses se instalaram no Brasil, um país povoado por índios e que importou da África uma população de escravos. Nota-se aqui a junção do europeu, do índio e do negro, que constituem neste período a tríade básica da população brasileira, porém no que concerne à cultura, a contribuição do português foi, sem sombra de dúvidas, a mais importante. O início da colonização é litorânea, e, com a funda-

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Fascículo 3 ção da cidade de São Paulo, abre-se uma porta para o interior. No século XVIII, outro fator determinante foi a exploração do ouro no território do atual estado de Minas Gerais. Esse é um período nitidamente rural, quando então o Brasil possui suas duas capitais: primeiro, Salvador e, a partir de 1763, Rio de Janeiro. Havia, nessa região, algumas vilas com média importância que preenchiam, tão somente, funções políticas, administrativas – enquanto que papéis culturais e intelectuais eram limitados.

AtividAde | Agora que você já assistiu ao filme e estudou o texto de referência, você precisa está apto para o aprofundamento por meio da webquest. Em seguida, faça as suas interações e abra uma grande discussão com seus colegas. Sucesso!

SAIBA MAIS!

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Não havia universidade nem tipografia. Nossos jovens estudavam em Coimbra, e isso constituía a diferença básica entre a América portuguesa e a América espanhola. Em síntese: “os colonos” portugueses falam português europeu, com seus traços específicos que com o tempo irão adquirir traços definitivos. As populações de origem indígena, africana ou mestiça aprendem o português, embora o manejem com imperfeição. É o tupi, agora, a língua geral, língua costeira, um tupi simplificado e gramaticizado pelos jesuítas, e por isso, tornouse a língua comum. Temos uma língua travada, porque os indígenas conservaram seus idiomas particulares. Assim a convivência linguística entre o português e o tupi foi uma realidade tão forte que os bandeirantes usaram essas duas línguas em suas expedições.

cOncLusãO Pudemos conhecer um pouco mais da nossa Língua Portuguesa no Brasil e a sua importância para o mundo na história e na atualidade. Vimos também que somos lusófonos, ou seja, usamos a língua portuguesa como língua materna e também, por isso, colaboramos para a relevância da Língua Portuguesa no mundo. Conhecemos também um pouco da história do Português no Brasil, desde a instalação dos portugueses no nosso país, passan-

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do pelo processo de colonização, até a realidade que se deu com a convivência linguística entre o português e o tupi, fazendo com que os bandeirantes usassem essas duas línguas em suas expedições.

SAIBA MAIS! da alização da história Para melhor contextu r ece nh co é necessário língua portuguesa, uult ac da e processo como se deu todo ess certeza de que você ho Ten ração brasileira. vai adorar!

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9. A imPOsiçãO dO POrtuguês cOmO LínguA nAciOnAL Nesta aula, você verá que o português no Brasil vivenciou um processo de imposição, inclusive marcado por data. Por sua brasilidade e pelas circunstância sócio-políticas em que o fato ocorreu, o Brasil se “relusitanizou” em 1822. Você pode acompanhar o trajeto e o contexto em que tudo ocorreu e observar as contribuições dos jesuítas e da “língua geral” para a formação do nosso léxico. A língua geral entra em franca decadência com o início do garimpo de ouro e diamantes, que coincide com a chegada do Diretório criado pelo marquês de Pombal, cujas decisões adotadas, de início no Pará e no Maranhão, estendem-se, em 17 de agosto de 1758, a todo o Brasil. A língua geral foi proibida, e a língua portuguesa, adotada como obrigatória. Segue, em 1759, a expulsão dos jesuítas, protetores da língua geral. Esse afastamento corrobora a eliminação dessa língua comum, restando apenas um certo número de palavras integradas ao vocabulário local a mais alguns topônimos. Os traços específicos do português são citados várias vezes por sua brasilidade. Desde o início, nosso português brasileiro tem seus traços característicos considerados por D. Je-

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Fascículo 3 rônimo Contador de Argote como típico dos dialetos ultramarinos ou arcaico devido a seus traços fonéticos: não fazendo distinção entre as pré-tônicas abertas (ex.: padeiro, pregar, corar) e as fechadas (ex.: cadeira, pregar, morar), possibilitando que numerosas palavras possuam dois acentos, ou seja, além do acento tônico normal, apresentam uma vogal pré-tônica aberta (ex.: aquècer, bèsteiro, crìadar, càveira, còrar, sàdio, vàdio). Também está registrado, desde 1822, que dizemos minino, mi deu, mas escrevemos (me deu, menino) e também falamos com chiados implosivos (mistério, fasto, livros novos). Tal fato é bem definido pelos personagens nas peças “O Miserável Enganado”, “O Periquito no Ar” ou “O Velho Usurário” de Manoel Rodrigues Maia – comédia registrada e transmitida por um manuscrito da Biblioteca Nacional de Paris, copiado em 1818, baseado na língua da personagem quando senhorinho é empregado por você, me diga por diga-me e di-lá por de-lá.

Logicamente algumas pessoas aprenderam a língua “geral” de base tupi apenas pelo convívio, sem sistematizações, como ocorre hoje com qualquer pessoa que aprenda uma outra língua apenas por convivência, aprendizagem que se estendeu às línguas da época – o africano, o indígena.

cOncLusãO

Cada um de nós, ao se debruçar sobre a História da Língua Portuguesa, irá contemplar um universo de formas de abordagens, e isso, em si, já se constitui uma das riquezas do nosso idioma, já que esse leque de leituras nos permite uma gama de conhecimento ímpar. Então, ao comparar vários textos, veremos sempre que a língua “geral” é uma língua de base tupi, para a qual os jesuítas contribuíram de forma eficaz para seu estabelecimento, embora o Pe. Manuel da Nóbrega, por ser gago, não tenha sido bem sucedido em sua aprendizagem e deixou suas inserções nesta área. Numa carta datada de 1549,

AtividAde | Acesse o YOUTUBE! Há várias sinopses de filmes que você pode ver: Caramuru ou Pe. Anchieta ou, ainda, Pe. Manuel da Nóbrega. Você escolhe de acordo com sua preferência. Sente-se, assista e depois contate com dois de seus colegas que assistiram a filmes diferentes e juntos discutam a importância de cada filme e quanto contribuíram para compreensão do assunto dado.

http://br.youtube.com/ watch?v=X9XxJJ9-030

rodrigopaixao.wordpress.com

Nesta aula, ficou claro que a “língua geral” entrou em decadência assim como todas as implicações advindas deste fato, como a expulsão dos jesuítas e a percepção dos traços típicos do nosso português. O “reluzitanizar” se deu em razão da chegada do príncipe regente ao Brasil com toda a sua corte. É um período ímpar da história de nosso idioma. Você adquiriu uma soma de conhecimentos. Sigamos adiante, pois! O Brasil vivencia um “relusitanizar” com a chegada do príncipe regente ao Brasil em 1822 com 15.000 portugueses e transferindo para o Rio de Janeiro a capital da monarquia de Bragança. Abre-se o Brasil ao mundo exterior que irá acelerar o seu progresso material e cultural.

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escreveu “trabalhamos de saber a língua deles, e nisto o Padre Navarro nos leva vantagem a todos. Temos determinado de ir viver às aldeias, quando estivermos mais assentados e seguros e aprender com eles a língua e il-los (sic), doutrinando pouco a pouco. Trabalhei por tirar em sua língua as orações e algumas práticas de Nosso Senhor e não posso achar língua (intérprete) que m’o saiba dizer, porque são eles tão brutos que nem vocábulos têm. Espero de as tirar o melhor que puder com um homem (Diogo Álvares, o Caramuru), que nesta terra se criou de moço.”

SAIBA MAIS! om /te rra htt p:/ /br.ge oci tie s.c pombal.html

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Fascículo 3 10. A Enorme Variedade Linguística Nós fomos agraciados com uma enorme variedade linguística que enriquece, sobremodo, nossa fala. Desde a descoberta, esses fatos são registrados por vários autores em seus trabalhos. Você verá, nessa aula, alguns desses registros e terá oportunidade de comparar esses textos redigidos a bastante tempo que corroboram esse evento - de Fernão Cardim até Rosa Virgínea Matos e Silva em seus artigos sócio-históricos. Havia aqui uma enorme variedade linguística, conforme registrado em várias oportunidades, em função das diferentes nações indígenas existentes. Confirmando essa diversidade, lemos em Pero de Magalhães Gândavo, 1575: a língua de que usam, toda pela costa é uma, ainda que em certos vocábulos difere n’algumas partes, mas não de maneira que deixem uns aos outros de entender, e isto até altura de vinte e sete graus, que daí por diante há outra gentilidade, de que nós não temos tanta notícia, que falam já outra língua. Esta de que trato, que é geral pela costa, é muito branda, e a qualquer nação fácil de tomar.

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por Rosa Virgínia Matos e Silva (1995) em seu artigo sócio-histórico. Sabe-se que no Brasil se usavam para mais de mil línguas autóctones, de vários grupos linguísticos, no início da colonização. Cálculo recente leva o Prof. Aryon Rodrigues (1993:91) a propor 1.175 línguas, das quais 85% foram dizimadas no período colonial, depois deste continuam a desaparecer porque isso aconteceu com seus falantes -- dos cinco milhões em 1500, variados culturalmente e linguisticamente em mais de 1500 povos, calculam-se 800.000 indivíduos no final da colonização, talvez 300.000 no fim do império, cerca de 262.000 hoje, falantes de cerca de 180 línguas. (Rosa V.M. e Silva, (1995) “A sócio-história do Brasil e a heterogeneidade do português brasileiro: algumas reflexões”).

Anchieta, em várias oportunidades confirma a língua geral de origem tupi que dominou o litoral brasileiro do início da colonização até meados do séc. XVIII, que, por seus depoimentos, necessitavam de intérpretes por não falar português.

(Pero M. Gândavo, “História da Província de Santa Cruz” Ed. no Annuario do Brasil, Rio de Janeiro, 1931, p.73.)

Fernão Cardim foi o primeiro a descrever a diversidade de nações e língua: em toda esta província, há muitas e várias nações de diferentes línguas, porém uma é a principal que compreende algumas dez nações de índios; estes vivem na costa do mar, e em uma grande corda do sertão, porém são todos estes de uma só língua, ainda que em algumas palavras discrepam e esta é a que entendem os portugueses; é fácil, e elegante, e suave, e copiosa, a dificuldade está em ter muitas composições. (...) Eram tantos os desta casta que parecia impossível poderem-se extinguir, mas os portugueses tanto os têm combatido que quase todos são mortos, e lhes têm tal medo que despovoam a costa e fogem pelo sertão adentro até trezentas ou quatrocentas léguas. (Do princípio e origem dos índios do Brasil e de seus costumes, adoração e cerimônias. (in Tratado da terra e da gente do Brasil. São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1939).

Esse tupi litorâneo, foi, na sua maioria, subjugado e aculturado pelos portugueses que o tomaram como língua tapuia, ou seja, “inimigo” em tupi, estabelecendo uma dicotomia tupi –tapuia, que constituiu uma divisão étnico-linguística. Os meninos índios do Brasil eram bilíngues, falavam seu idioma e o português, que pertencia ao conjunto das 76 nações daquela época, muito bem definida

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Aldeia missionária – As missões eram povoados, em que se reuniam populações indígenas sob a direção de religiosos.

11. O Português e as Línguas Africanas No início do séc. XVIII, o tráfico de escravos aumentou significativamente, e a presença negra distribuiu-se pelos grandes latifúndios e pelos centros urbanos. A cultura negra foi muito importante para o processo de aculturação da colônia por várias razões, mas duas são básicas:

• Entre o negro e seu senhor, havia um tipo de convivência mais direta, o que não ocorria com o índio; • O caráter mais específico, que parte do pressuposto de que sendo os negros originários de

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Fascículo 3 colônias portuguesas, teriam já contactado a língua dos brancos.

AtividAde | Veja que beleza! Esse filme é uma luz a mais que vai guiá-lo durante muito tempo e ajudá-lo a fixar a importância das línguas africanas para o português. Sente-se, assista a esse filme documentário e faça seus registros! Aí você terá o substrato para uma pesquisa sociolinguística. Chegaram ao Brasil negros de diferentes etnias, já que era propósito dos portugueses dificultar a unidade desses povos para mantê-los submissos, e isso contribui para uma diversidade de línguas de partes diferentes da África, fato que induziu os escravos a adotarem a língua portuguesa. Isso se constitui em um estudo sobre a influência do africano na língua portuguesa – do nagô ou iorubá na Bahia; o quimbundo ou congolesa do norte ao sul desse país que permanece até os dias atuais com maiores evidências do que nunca.

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Nesta aula, você verá algumas normas a serem observadas por todos os estudiosos da língua portuguesa. São questões que tipificam o português falado no Brasil e o torna distinto de outros países. Essas questões transitam pela fonologia - a nossa é especial - e pelas questões de morfologia e de sintaxe. A morfologia diz dos aspectos categoriais do nosso idioma, já a sintaxe diz da harmonia dada pela ordem em como organizamos nossas falas, nossas sentenças. É um assunto, como você verá, bastante recorrente, sempre precisamos voltar a ele. A língua portuguesa no Brasil não foi implantada aqui em um único momento; essa ocorrência se deu ao longo de vários anos nos quais manteve constantes relações com outros idiomas durante todo o período de colonização quando incorporou, também, variedades do próprio português.

Fontes: www.portalcapoeira.com witchclubhouse.blogspot.com

O português do Brasil vai mostrar uma riqueza imensa, não encontrável, em geral, no português de Portugal ou de outras regiões do mundo, devido às razões apresentadas anteriormente; tal constatação não nos impede de observar que a língua escrita é factível de similaridade com suas origens dado a questões pertinentes à normatização efetivada em gramáticas, dicionários e outros instrumentos reguladores das implantações de idiomas. ... Nagô, Cachoeira - Bahia – Brasil figura que o representa assim ...

cOncLusãO Viu como é enorme nossa variedade linguística? Tudo está registrado devidamente - influência indígena, africana. Fernão Cardim foi muito feliz em seus registros. Vimos que nossos meninos índios eram muito inteligentes ao assimilarem a língua dos brancos e a Rosa Virgínia Matos (1995), que amplia esse conhecimento de forma magistral em seu artigo. Foi mais um passo, gente!

SAIBA MAIS! /wiki/Nag%C3%B4

http://pt.wikipedia.org

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12. A LínguA POrtuguesA

O português brasileiro possui um conjunto das características que o torna peculiar e que se dá tanto em nível regional como no contexto social e histórico. Vejamos, de forma breve, algumas dessas diferenças de ordem fonético-fonológicas quanto ao nível morfossintático e ao nível do léxico.

13. cArActerísticAs fOnéticO-fOnOLógicAs Quando comparamos os níveis fonéticos e fonológicos de Portugal e do Brasil, percebemos que nosso sistema vocálico é especialmente nosso. Podemos avaliar essa comparação quando é necessário fazer uma distinção entre a vogal tônica (da sílaba com acento de intensidade), a vogal na posição átona final (como o /a/ de fuga) e a vogal na

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Fascículo 3 posição pretônica (como o /a/ de até).

Posições Ocupadas

por

Vogais

no

uma diferença de tonicidade nesses pronomes.

Brasil

a) Posição tônica – no Brasil, o português apresenta 7 vogais, assim exemplificadas: /a/ (entrada); /é/ (deve), /ê/ (medo), /i/ (viga); /ó/ (avó), /ô/ (avô), /u/ (urubu). Note-se que a vogal /a/ é pronunciada com timbre aberto, com a língua em repouso embaixo, na boca; que as vogais /é/, /ê/, /i/ são anteriores, elas são pronunciadas com um movimento da língua para frente; e as vogais /ó/, /ô/, /u/ são posteriores, pronunciadas com um movimento da língua para trás. Portugal abriga além desses sons vocálicos, um /ä/, que não é aberto como o /a/. Este /ä/ é pronunciado com uma certa elevação da língua, diferentemente do /a/ aberto pronunciado com língua em repouso, embaixo na boca. Na língua falada, distingue-se /falämos/, presente do indicativo, de /falamos/ passado perfeito. b) Posição átona final, do português do Brasil, de modo geral, tem três vogais /a/ (casa), /i/ (barbante, pronunciado [barbãti]), /u/ (menino, pronunciado [meninu] e mesmo [mininu]). Também Portugal apresenta três vogais, /ä/, /ë/ e /u/. De forma diferente do Brasil, a pronúncia realiza-se com a língua mais alta para /ä/, e o som é fechado ë/ é pronunciado fechado, mas numa posição mais posterior do que o /ê/ do Brasil. Já /u/ tem as mesmas características fonéticas do /u/ brasileiro. c) Posição pretônica - temos 5 vogais: /a/, /ê/, /i/, /ô/, e /u/. Portugal apresenta e mantém as 8 vogais da posição tônica, com a diferença de que o /ê/ passa a /ë/, numa pronúncia mais central: /a/, /ä/; /é/, /ë/, /i/; /ó/, /ô/, e /u/.

14. Características Morfológicas e Sintáticas Sintaticamente, o Brasil possui uma característica geral no português, no que concerne ao funcionamento dos pronomes átonos (me, te, se, lhe, o, a, etc) tende, sempre, ao uso da próclise, o que não ocorre no português lusitano, por exemplo, João se levantou tão comum no Brasil. Isto faz com que toda a colocação de pronomes átonos no Brasil seja bastante diferente da de Portugal. Essa característica sintática tem a ver com o fato de que as diferenças fonético-fonológicas, já citadas antes, conduz a um outro ritmo da frasal, e, portanto,

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No Brasil, temos também, uma forma peculiar de usar o gerúndio (está escrevendo), que não é comum em Portugal – dizemos: está na janela, chegou no Brasil. Em Portugal temos - está à janela, chegou ao Brasil. São também comum no Brasil expressões com a preposição em, que em Portugal são com a preposição a. A característica principal, que é marcante do português do Brasil, é de ser uma língua de tópico, diferente do português de Portugal e das demais línguas latinas.

CONCLUSÃO Nesta aula, nós tivemos a oportunidade de contactar com algumas realidades muito significativas sobre a língua portuguesa no Brasil no âmbito da fonética e iniciamos nossa entrada no perfil morfológico e sintático dessa língua. Tudo isso é só o início; com certeza, esse é mais um assunto inesgotável desse lindo idioma. Após o 15º tópico, virá a atividade, tendo em vista a continuidade do assunto.

15. Questões Sintáticas

e

Nominais

Sem uma visão das questões sintáticas e nominais, não poderíamos ir adiante. Temos essa oportunidade nesta aula, porque são muito importantes e basais para um conhecimento de nossa língua. Temos questões de ordem sintagmática que permitem sentir a estrutura do português brasileiro e suas diferenças do português lusitano. Precisamos nos deter nas construções das questões tópicas do português no Brasil para uma melhor compreensão do que, de fato, ocorre aqui. Usaremos as abreviações SN e V para Sintagma Nominal e Verbo. Sintagma é um elemento linguístico de nível inferior ao da frase e que possui, na sua forma, elemento linguístico de nível sintático ainda mais baixo, que, em geral, combina dois elementos. No caso do SN (sintagma nominal), este se constitui, pelo menos, de um nome e tem, geralmente, pelo menos, um determinante para este nome – exemplo: o menino = menino é o nome → o é o determinante, e o menino é o SN. A noção de verbo que

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Fascículo 3 nos interessa aqui é a que conhecemos usualmente. Assim a nossa estrutura do português brasileiro é [SN V] diferente de Portugal e demais línguas latinas em geral, cuja estrutura frasal obedece ao cânone SN [ V ( SN ). Aqui o colchete separa o que se apresenta, como o que se diz do primeiro SN. Considere com atenção estas duas frases para entender melhor como funciona a estrutura sintática do português: a. João fez o trabalho. b. João, ele fez o trabalho. Na frase a, a palavra João refere-se a alguém (João) e predica-se dele algo, fez o trabalho. Nessa frase, João referencia uma pessoa e é também o sujeito da frase. Na frase b, João referencia alguém, depois tem-se como sujeito o pronome ele, que retoma e anaforiza João, do qual se predica algo, fez o trabalho. Aqui João é o tópico, aquilo sobre o que se vai dizer algo. Diferentemente, na primeira frase, aquilo sobre o que se vai dizer algo é diretamente o sujeito da frase. Esta característica explica, pois, segundo alguns autores – importantes aspectos próprios do português brasileiro. Acrescentemos mais algumas características que diferenciam o português do Brasil do português de Portugal:

verbal é a mesma. Para Galves, esta diferença diz respeito a que no português do Brasil o ele aparece preferencialmente ao sujeito nulo (que na escola conhecemos como sujeito oculto), diferentemente do português de Portugal, onde aparece preferencialmente o sujeito nulo e onde o ele aparece quando é necessário marcar a concordância, já que a terminação verbal é a mesma entre a primeira e a terceira pessoa, ou para estabelecer um contraste. c. ele como objeto de preposição No Brasil, a construção comum é: André, que eu gosto dele, é mais bonito. Em Portugal, ele diz: o André, de quem eu gosto, é mais bonito. Esse uso do pronome Ele está ligado ao crescimento no português do Brasil, do uso daquilo que chamamos de relativa cortadora, e também a presença do pronome lembrete instalada aqui desde 1880, aprofundando-se, então, a partir daí, conforme afirmam estudos de vários linguistas. O uso do pronome se e seu funcionamento é contemplado em vários momentos, por vários linguistas em suas buscas. O se pode não aparecer nas formas finitas – ex.: Nos nossos dias, não usa mais saia. Em Portugal, só há frase como: Não se usa mais saia. Em contrapartida, em frase com infinitivo, no Brasil, aparece, de modo consistente, o se como forma de indeterminar: É impossível se achar lugar aqui. Em Portugal haveria apenas: É impossível achar lugar aqui.

a. ele como objeto Não existe em Portugal esta construção. É comum no Brasil frases como Encontrei ele ontem; esse rapaz, eu conheci ele no trem; esse rapaz aí que eu encontrei ele no trem. Nestas frases, ele é complemento da frase, diferentemente de Portugal onde esta construção, normalmente, não aparece já que a terminação verbal é a mesma entre a primeira e a terceira pessoa do verbo ou ainda como recurso para estabelecer um contraste. b. ele como sujeito No Brasil, dizemos, por exemplo: eu tinha uma empregada que ela respondia ao telefone e dizia..., preferencialmente temos um sujeito nulo em Portugal, (eu tinha uma empregada que respondia ao telefone e dizia...), o que corresponde a um sujeito oculto no Brasil. Aqui há o que chamamos de marca de concordância – já que a terminação

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Isso nos reporta ao fato de sermos uma língua de tópico, cuja diferença na estrutura frasal está também ligada a uma estrutura sintática diferente, que está ligada, por sua vez, a um aspecto de natureza semântica fundamental e da forma como faz referência a quem se fala. Aqui, concluímos que, em outras palavras, esta estrutura da frase articula-se a um modo de funcionamento semântico-enunciativo, outros diriam semântico-pragmático, do português no Brasil – uma questão a ser estudada no multilinguismo brasileiro.

16. Características

do

Léxico

As diferenças entre o português do Brasil e de Portugal são estudadas desde o início do século XIX com Marquês de Pedra Branca. São diferenças pertinentes ao significado e sentido de palavras que tornaram ou foram incorporadas ao português

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Fascículo 3 das línguas indígenas e africanas com as quais o português esteve e está em relação sempre. Paul Teyssier (1997) cita, em seus estudos, alguns exemplos:

Nesta aula, você percebeu como questões sintáticas e nominais precisam ser conhecidas por todos que desejam saber mais acerca do nosso idioma e domínio sobre as construções canônicas de nossas orações. A nossa língua apresenta características que a diferem do português de qualquer outra nação que fale a mesma língua, o que não é de estranhar que nosso léxico, também, possua características pecualiares.

BRASIL

comboio

trem

autocarro

ônibus

eléctrico

bonde

hospedeira

aeromoça

caneta de tinta permanente

caneta-tinteiro

corta-papeles

pátula

Atividade | Após o estudo dos sons, das ques-

fato

terno

metro

metrô

tões morfológicas e sintáticas, nada mais justo do que trabalharmos agora sobre o léxico. Pesquise sobre as contribuições na formação do léxico português, advindas das línguas indígenas e africanas que vieram enriquecer o português do Brasil. Prepare agora um trabalho científico para nota: introdução, desenvolvimento, conclusão e referências.

Exemplos de palavras de origem indígena: capim, cupim, caatinga, curumim, guri, buriti, carnaúba, mandacaru, capivara, curió, sucuri, piranha, urubu, mingau, moqueca, abacaxi, caju, Tijuca, etc. São, em geral, palavras relativas à designação da flora, da fauna, de alimentos, assim como de lugares. Exemplos de palavras de origem africana: caçula, cafuné, molambo, moleque; orixá, vatapá, abará, acarajé; banguê; senzala, mocambo, maxixe, samba. São, em geral, palavras que designam elementos do candomblé, da cozinha de influência africana, do universo das plantações de cana, do universo de vida dos escravos, e mesmo outros de aspecto mais geral. Grandes listas de palavras dessas línguas que se incorporaram ao português podem ser encontradas em diversos livros de linguística histórica do português como Silva Neto (1950), Bueno (1946, 1950) e Coutinho (1936). Por fim, reiteramos que o português brasileiro apresenta um conjunto de características tão peculiares que o tornam objeto de pesquisa de vários estudiosos, que este idioma constitui-se de uma língua de tópicos – diferentemente do português lusófono e das demais línguas latinas, fato explicado por Galvez também, que, em seus estudos sintagmáticos e nos referidos determinantes – viabiliza um conhecer amplo que envolve várias classes gramaticais, cuja nomenclatura explicita muito bem o português que falamos, desde que observado sob essa perspectiva.

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CONCLUSÃO

PORTUGAL

Por outro lado, há, no Brasil, um conjunto importante de palavras de origem indígena, comumente o tupi, assim como, de origem africana, os exemplos são também tirados de Teyssier (idem).

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Terminamos este fascículo, gente!

GLOSSÁRIO Sabir - qualquer língua mista, originada do atendimento a necessidades fundamentais de comunicação, que possui uma gramática simplificada. Obs.: cf. crioulo epidgin

REFERÊNCIAS Autor desconhecido. Disponível em: http://acd. ufrj.br/~pead /tema05/imposicaoportugues. html - 22/11/2008. Autor desconhecido. Disponível em: http:// pt.wikipedia.org/wiki/Portugu%C3%AAs_ brasileiro – 20/11/2008 Autor desconhecido. Disponívrl em: http:// pt.wikipedia.org/wiki/Portugu%C3%AAs_ brasileiro 23/11/2008 CÂMARA JR. J., M. Estrutura da língua portuguesa. 5. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1975. ______. História e Estrutura da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Padrão, 1985.

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Fascículo 3 ______. Dicionário de linguística e gramática. Petrópolis, Vozes, 1996. DUBOIS, Jean el ali. Dicionário de Linguística. São Paulo: Cultrix, 1998. FIORIN, José Luís; POTTER Margarida. A África no Brasil: a formação da Língua portuguesa. São Paulo: Contexto, 2008. GUIMARÃES, Eduardo. A língua portuguesa no Brasil. Disponível em: http://cienciaecultura. bvs.br/scielo.php?pid=S0009672520050002 00015&script=sci_arttext – 24/11/2008. NARO, Anthony Julius; SCHERRE, Maria Marta Pereira. Origens do Português Brasileiro. São Paulo: Parábola, 2007. ORLANDI, Eni P. A língua brasileira. Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php? pid=S0009-67252005000200016&script= sci_arttext&tlng=pt 24/11/2008 VILLALVA, A. Estruturas Morfológicas – Unidades e hierarquias nas palavras do português. Braga: Dinalivro / Fundação Calouste Gulbenkian, 2000. TEYSSIER, Paul. História da Língua Portuguesa; Tradução: Celso Cunha. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

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Fascículo 4

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Contributos do Tupi-Guarani e sua Influência no Vernáculo Português Eixo Temático | A Leitura no Contexto Universitário Prof.a Francisca Núbia Bezerra e Silva Carga Horária | 15 horas

Objetivos Específicos Identificar, no valor e no teor da contribuição do Tupi para o léxico português, a grandeza das muitas nações indígenas que se perpetuam por meio dos séculos, enriquecendo nosso patrimônio vocabular; Observar por meio de leituras do dia-a-dia e do contato com as pessoas ao seu redor o quanto de “brasileirismos” se constitui a nossa riqueza linguística que pode ser avaliada por meio dos vários troncos linguísticos indígenas que existem e como os contatos se realizavam; Ampliar seus conhecimentos sobre a riqueza vernacular do português brasileiro, com as variedades dialetais e entrar em contacto com alguns dados sobre as diferenças lexicais existentes entre o português do Brasil e de Portugal por meio de dados sociolinguísticos do Brasil.

1. Contribuição

do

Tupi

para o

Léxico Português

Falaremos sobre a contribuição do tupi para o Português, tendo em vista que os dois conviveram juntos por muito tempo, na nossa história. Também discutiremos sobre as contribuições dos africanos para o nosso vocabulário e ainda sobre a imposição da Língua Portuguesa, via Romantismo, que se estendeu até o ano de 1870. O português e o tupi conviveram, como já vimos, por um longo tempo; os bandeirantes usaram o tupi em 1694: “as famílias dos portugueses e índios em São Paulo estão ligadas hoje umas às outras, que as mulheres e os filhos se criam mística e domesticamente, e a língua que nas ditas famílias se fala é a dos índios, e a portuguesa a vão os meninos aprender à escola”, essas são constatações de Pe. Antônio Vieira. Souza Oliveira diz que a nossa língua nacional é, em substância, o português, modificado na pronúncia, com leves e pouco numerosas alterações sintáticas, mas copiosamente opulenta no léxico pelas contribuições indígenas e africanas e pelos produtos da criação interna.

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Fascículo 4

http://www.vivabrazil.com/ vivabrazil/images/caipor13.jpg

http://www.terrabrasileira.net/ folclore/regioes/3contos/saci.gif

A densidade demográfica e a diversidade cultural exerceram e exercem uma influência muito grande na formação da língua portuguesa, isso é cabalmente demonstrado quando da análise de certas palavras usadas no dia-a-dia. No que concerne ao tupi, a maioria de suas palavras se realizam no âmbito da fauna: araponga, arara, capivara, curió, gambá, jacaré, lambari, saracura, sucuri, tamanduá, tatu, urubu, capivara, quati, sagui, caninana, piranha, curiango, sem esquecer o harmonioso sabiá e as personagens espectrais e inquietantes:

O saci e a caipora

O tupi também alcança as locuções familiares: andar na pindaíba, estar de tocaia, cair na arataca; na toponímia tipicamente brasileira – Aracaju, Guanabara, carioca, Tijuca; na antroponímia: Araci, Iracema, Guacira, Peri, Jurema, Ubirajara, Jandira etc; na flora: abacaxi, carnaúba, cipó, guabiroba, ipê, jabuticaba, mandioca, sapé, jacarandá etc. Temos ainda alimentos, utensílios, crenças, fenômenos como: arapuca, caipira, curupira jacá, piracema, pororoca, moleque, saci etc. Todos fazem a velha língua geral sobreviver. Já o vocabulário brasileiro de origem africana apresenta uma complexidade quando certas palavras entraram no português de Portugal, sem transitar pelo Brasil, e, posteriormente foram introduzidas aqui pelos portugueses. Veja o caso de INHAME, palavra africana, registrada no Diário de Cristóvão Colombo (1492) – ñame e sob a forma portuguesa na carta do descobrimento do Brasil ao rei D. Manoel. Dado que os africanos que aqui chegaram pertenceram às mais variadas etnias. Verificamos, aí, a razão para seu vocabulário ser tão diversificado. Mas duas línguas africanas se sobressaem particularmente: o IORUBÁ (língua atual da Nigéria) e o QUIMBUNDO (falado em Angola). O iorubá constitui a base de um vocabulário próprio da Bahia, relativo às cerimônias do candomblé (ex.: orixá) ou a cozinha afro-brasileira (ex.: vatapá, abará, acará, acarajé). O quimbundo nos deu um

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vocabulário mais geral, sempre integrado à língua comum (ex.: caçula, cafuné, molambo, moleque. O nosso vocabulário português é considerável, certos dicionários explicam e registram esse fato, em especial o de Aurélio Buarque de Holanda e de Antônio Houssais em suas últimas edições. A questão da língua não se constitui apenas de controvérsia gramatical, antes é um problema nacional da mais alta importância e significação, porque, após a Independência, muitos brasileiros acreditaram ser impossível haver uma nação original com cultura e com literatura própria, sem uma língua original, pensamento esse compartilhado pelas novas nações americanas, fato que seria objeto de preocupação particular entre escritores e filólogos. E é via escritores brasileiros, mais exatamente, via o Romantismo que no Brasil se estende até 1870, que a língua portuguesa se impõe. José de Alencar, ao publicar Iracema em 1865, recebe críticas severas do escritor português Pinheiro Chagas e de outros censores que o acusam de escrever numa língua incorreta, ao que ele responde: que sem jamais querer distanciar-se do português europeu, reivindica o direito à originalidade e recusa o purismo mesquinho e estéril, mostra a sua necessidade de encontrar uma expressão nova, autêntica e viva do português.

Atividade | Para melhor compreender a linguagem de José de Alencar no seu livro Iracema, sugerimos assistir aos FILMES: 1, 2 “ Iracema”, fazer um comentário sobre a resposta dada pelo referido autor, e, por meio do fórum temático, comentar com seus colegas. http://br.youtube.com/ watch?v=YHeEsNT8vcg http://br.youtube.com/ watch?v=qVLKaXR4sA4 Após essa querela, as questões pertinentes ao idioma entram num período de calmaria que se estende aos demais escritores. Vimos que as contribuições do tupi para o Português são muitas. Elas giram também em torno de palavras relacionadas à fauna (como, por exemplo, arara, sucuri, tamanduá, tatu, urubu, capivara) e à flora (como por exemplo, abacaxi, carnaúba, cipó, jabuticaba, mandioca). Conferimos que também podemos encontrar influências do tupi em expressões, tais como “andar na pindaíba” e “estar de

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Fascículo 4 tocaia”; em toponímia brasileira (Aracaju, Guanabara, carioca, Tijuca) e em antroponímia (Iracema, Peri, Jurema, Ubirajara). Já em relação ao vocabulário brasileiro de origem africana, vimos que duas línguas se sobressaem nesse sentido: o iorubá, relativo às cerimônias do candomblé (orixá) ou à cozinha afro-brasileira (vatapá, abará, acará) e o quimbundo, o qual nos deu um vocabulário mais geral, agregando à língua comum (caçula, cafuné, moleque). Pudemos conhecer também que foi por meio do Romantismo que a língua portuguesa se impôs, subsidiada por um discurso no qual a língua teria encontrado a sua autenticidade e a sua originalidade.

SAIBA MAIS! org /w iki htt p:/ /pt .wi kip ed ia. A1 iorub%C3% http://pt.wikipedia.org/

/L% C3 %A Dn gu a_

wiki/Quimbundo

2. LínguAs indígenAs, LínguA tuPi

http://br.geocities.com/terrabrasileira/contatos/pombal.html

Falaremos sobre a Língua Tupi e, em especial, sobre os tupinismos - traços linguísticos do português do Brasil, oriundos de empréstimos tomados ao tupi. E ainda debateremos sobre as primeiras influências que a língua portuguesa recebeu no Brasil, que eram fontes do contato entre os índios de diferentes tribos.

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fALAndO sObre

Os

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tuPinismOs

Chamamos de “brasileirismos” as palavras que derivam diretamente do tupi ou que foram influenciadas , como ocorre com alguns sufixos que, segundo alguns autores, funcionam mais como adjetivos do que como sufixos, já que não alteram, em nada, a constituição morfológica e fonética da palavra a que se ligam. Como exemplos, temos o sufixo –açu (grande), -guacu (grande) e –mirim (pequeno) nas palavras arapaçu (pássaro de bico grande), babaçu ( palmeira grande), mandiguaçu (peixe grande), abatimirim (arroz moído) ou mesa-mirim (mesa pequena). Existem, entretanto, sufixos verdadeiros, como –rana (parecido com) e –oara (valor gentílico), nas palavras BIBIRANA (planta da família das anonáceas), brancarana (mulata clara) ou paroara (natural do Pará e marajoara (natural da Ilha de Marajó, Pará). Cabe-nos acrescer que, antes de os portugueses aqui aportarem, estima-se que eram faladas cerca de 1.500 línguas diferentes neste território que veio a ser o Brasil. Essas línguas passaram por um agrupamento em famílias e foram classificadas como pertencentes aos troncos Tupi, Macro-Jê e Aruaque. Entretanto, algumas dessas famílias não puderam passar por esses agrupamentos; é o caso dos Karib, Pano, Maku, Yanomami, Mura, Tukano, Katukina, Txapakura, Nambikwara e Guaikuru. O fato de duas sociedades indígenas falarem línguas pertencentes a mesma família não implica, necessariamente, que o nível de comunicação desses grupos seja melhor. A maioria da população falava a língua em geral. Era a língua do contato entre índios de diferentes tribos, entre índios e portugueses e seus descendentes. A língua geral era assim uma língua franca. Essa foi a primeira influência que a língua portuguesa recebeu no Brasil e que deixou fortes marcas no vocabulário popular falado atualmente no país. A língua geral possuía duas variantes:

• A Língua Geral Paulista: originária da língua O Marquês de Pombal instituiu o português como a língua oficial do Brasil, proibindo o uso da língua geral.

dos índios Tupi de São Vicente e do alto rio Tietê, passa a ser falada pelos bandeirantes no século XVII. Dessa forma, ouve-se tal idioma em locais em que esses índios jamais estiveram, influenciando o modo de falar dos brasileiros. • O Nheengatu (ie’engatú = “língua boa”) é uma língua tupi-guarani falada no Brasil e países li-

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Fascículo 4 mítrofes. O Nheengatu é uma língua de comércio que foi desenvolvida ou como que compilada pelos jesuítas portugueses nos séculos XVII e XVIII, tendo como fundamentos o vocabulário e a pronúncia tupinambá e como referência a gramática da língua portuguesa, tendo sido o vocabulário enriquecido com palavras do português e do castelhano.

cOncLusãO Constatamos que, antes de os portugueses ancorarem aqui no Brasil, cerca de 1.500 línguas diferentes eram faladas nessas terras, mas a maioria da população falava em língua geral, que, de acordo com o que discutimos, era a língua de relação entre os índios de diferentes tribos e entre índios e portugueses. Assim, decorremos que a língua geral foi a primeira influência que a língua portuguesa recebeu no Brasil e que ela possuía duas vertentes: a língua geral paulista (a qual passou a ser falada pelos bandeirantes no Século XVII) e o Nheengatu (uma língua de comércio que foi desenvolvida ou como que compilada pelos jesuítas portugueses nos séculos XVII e XVIII).

AtividAde | ATENÇÃO! Para conhecer um povo, é preciso conhecer a sua cultura e a sua língua; essa é a oportunidade que você tem agora de adentrar ao mundo indígena documentado por Darcy Ribeiro. Agora, é sua hora de fazer um relato escrito da trajetória do filme e aproveite para investigar as contribuições do TUPI ao léxico Português. http://br.youtube.com/watch?v=5Xz9pfxErQE

3. diALetOs

dO

POrtuguês brAsiLeirO

Você verá agora uma questão bastante significativa no contexto do Português Brasileiro: a variedade considerável de dialetos que enriquecem nosso idioma. Esses sons diferentes, como você poderá perceber, não nos afastam de outros países com o mesmo idioma. Longe disso, aguça nossa curiosidade, no sentido de sabermos como se constituem esses dialetos. Junte-se às entradas, às bandeiras e aos tropeiros e viaje com eles pelo Brasil.

Existe uma variedade considerável de dialetos na língua portuguesa. Muitos desses dialetos apresentam significativas diferenças lexicais que os distanciam do português patrão do Brasil e de Portugal, sem, entretanto, comprometer a inteligibilidade dos locutores desses dialetos diferentes.

SAIBA MAIS! YOutube - brAsiL cAiPirA que o caipira paulistano Por exemplo, vejamos ra” ipi Ca il ras no FILME “B é tão bem retratado de Darcy Ribeiro. /watch?v=PjhHip8NUbs

http://br.youtube.com

SAIBA MAIS! /wiki/Tupi http://pt.wikipedia.org /wiki/Macro-J%C3%AA http://pt.wikipedia.org aruaques /wiki/L%C3%ADnguas_ http://pt.wikipedia.org ua_ Ge ral _ rg/ wik i/L %C 3% AD ng htt p:/ /pt .wi kip ed ia.o Paulista /wiki/Nheengatu http://pt.wikipedia.org A1 /wiki/Tupinamb%C3% http://pt.wikipedia.org

Datam do século XX os estudos realizados por Lei te de Vasconcelos sobre os dialetos do Português europeu, podendo esses sons dialetais ser encontrados nos dialetos do Brasil. O português santomense tem muito em comum com o português do Brasil, já os dialetos “meridionais” aproximam-se muito com o falar brasileiro pelo uso comum que fazem do gerúndio (e.g falando, escrevendo etc.). Analisando a quantidade de dialetos existentes, suas origens e os dialetos já desaparecidos, ou quase desaparecidos, chegamos ao consenso de que o portu-

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Fascículo 4 guês possui apenas dois dialetos: o europeu e o brasileiro. O dialeto preferido por Portugal e que deu origem à norma-padrão é o de Lisboa, também chamado de Coimbra, por ser falado na Universidade de Coimbra, mas não é falado no resto dessa região. O dialeto culto é o mais falado no Brasil, difundido na mídia pelas populações do Rio de Janeiro e de São Paulo, ambos inteligíveis, e nenhum pode ser considerado melhor ou mais correto que o outro. Não é muito precisa a divisão dialetal brasileira, mas temos dialetos estabelecidos, tais como: o dialeto caipira, reconhecido por linguistas do porte de Amadeu Amaral. Entretanto, a maioria dos dialetos não possuem muitos estudos registrados, assim a classificação do filósofo Antenor Nascentes e de alguns outros, dignos de credibilidade, dão-nos o aporte necessário. Os paulistas tomaram várias direções. Esse fato é fácil de constatar quando se observam os mapas que retratam os movimentos de entradas, bandeiras e tropeiros, que percorrem variadas direções para o Sul, para MG, SP e Goiás. Tudo isso era parte integrante da Capitania de São Paulo. Em direção ao Vale do Paraíba, o português paulista chegou até Macaé, no estado do Rio de Janeiro. Em 1806, isso mudou, quando D. João VI chegou com cerca de 16 mil portugueses, vindo da Corte, com tal prestígio que alterou a língua local. Os cariocas começaram a falar “chiando” como os portugueses falavam então. O português paulista no século XVI não foi levado ao Nordeste nem ao Norte do Brasil, e a primeira célula do português brasileiro surge em Minas Gerais, no período de exploração de pedras preciosas por bandeirantes paulistas, escravos, índios e europeus que criaram um jeito de pronunciar tão interessante que se espalhou pelo país, por meio do comércio e de todas as outras formas usuais àquele período.

1. Caipira - parte do interior do estado de São

2. 3. 4. 5. 6.

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Paulo e de Goiás, parte do norte do Paraná, parte do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, sul de Minas Gerais e Triângulo Mineiro Cearense - Ceará Baiano - região da Bahia Carioca - Rio de Janeiro (Capital) Fluminense (ouvir) - Estado do Rio de Janeiro (a cidade do Rio de Janeiro tem um falar próprio) Gaúcho - Rio Grande do Sul (a cidade de Por-

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to Alegre possui um jeito de falar próprio) 7. Mineiro - Minas Gerais (a cidade de Belo Horizonte possui um jeito de falar próprio) 8. Nordestino (ouvir) - estados do nordeste brasileiro (alguns estados como Ceará, Pernambuco e Piauí possuem diferenças linguísticas entre a capital e o interior) 9. Nortista - estados da bacia do Amazonas, O estado de Tocantins tem um falar próprio, semelhante ao nordestino. 10. Paranaense - Paraná - também é falado em algumas cidades de Santa Catarina e São Paulo que fazem divisa com o Paraná; e em partes do Rio Grande do Sul, pois tem grande influência no Paraná 11. Paulistano - cidade de São Paulo 12. Sertanejo - estados de Goiás e Mato Grosso, apesar de o dialeto ter evoluído por causa da imigração forte em Mato Grosso; apenas Goiás permaneceu com esse dialeto 13. Sulista - Estados do Paraná e Santa Catarina (a cidade de Curitiba tem um falar próprio; há ainda um pequeno dialeto no litoral catarinense, próximo ao açoriano); o oeste e a serra catarinense sofrem influência do gaúcho, o norte catarinense e o vale do Itajaí falam um dialeto com influências alemãs, e o sul catarinense (mais precisamente em Criciúma) possui um falar bem parecido com o Italiano, chegando a ser quase incompreendível em algumas regiões 14. “Manezinho da Ilha” - Cidade de Florianópolis (próximo ao açoriano) 15. “Brasiliense” - Cidade de Brasília - a cidade desenvolveu uma maneira própria de falar, graças às várias ondas de migração. Obs: Algumas regiões do interior do estado de São Paulo tem um modo próprio de falar, exemplificando algumas cidades como Campinas e algumas da RMC, um modo diferente de se falar, diferentemente do Caipira que é bem intenso no município de Piracicaba e do Paulistano, mais falado na região da cidade de São Paulo.

CONCLUSÃO Acabamos de cruzar o Brasil com os vários movimentos que fazem parte da nossa história, inclusive da Língua Portuguesa. Afinal, é uma boa caminhada que leva ao aprofundamento de um saber essencial para todos que desejam, como você, ser bem sucedido na cultura dialetal que faz parte da nossa cultura.

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Fascículo 4 AtividAde | Fique Atento! Faça uma pesquisa que contemple os falares das regiões citadas. Você ficará encantado com a riqueza desses falares.

SAIBA MAIS! wiki/Santomense http://pt.wiktionary.org/ iki/Meridional http://pt.wikipedia.org/w andeiras.htm com/historiab/entradas-b http://www.brasilescola. iki/Tropeiro http://pt.wikipedia.org/w

http://verblogando.fi les.wordpress.com/2008/ 01/zzz-mapa-escudo-portugal1.jpg

4. diferençAs entre O POrtuguês dO brAsiL e O de POrtugAL

Vogais átonas permanecem abertas, perpetuando “mais uma vez a pronúncia de Portugal antes das grandes mutações fonéticas do século XVIII”. Entretanto, certas inovações fonéticas ocorridas no português europeu, no século XIX foram ignoradas no Brasil: manteve-se a pronúncia [ej] em ditongos como do “ei” em “primeiro”, versus a pronúncia [ɐj]; a pronúncia do “e” tônico como [e], versus [ɐ], em palavras como “espelho” ou “vejo” [5].

AsPectOs inOvAdOres A desaparição entre timbre aberto e fechado nas vogais tônicas a, e e o seguidas de consoante nasal (ex: “vênia” vs. “vénia”, “Antônio” vs. “António”); o mesmo fenômeno verifica-se nas vogais das sílabas pretônicas (ex: o primeiro “a” de cadeira, pronunciado /a/ no Brasil e /ɐ/ em Portugal). A vocalização do “l” velar, como em “animal”, pronunciado [ãnimaw].

mOrfOLOgiA

Passamos pela assumida presença dialetal no nosso idioma. Agora que tal descobrir essas diferenças? Não são tão fortes que comprometam nosso entendimento. E em questão apenas de sonoridade, algumas vezes, têm aspectos conservadores, mas também têm aspectos inovadores. Sinta como é fácil lidar com as diferenças lusófonas. Assim, como já disse o célebre poeta Fernando Pessoa, “Tudo vale a pena, se a alma não é pequena”. Vamos adiante! O português brasileiro segue as características do português europeu do Centro Sul. Observando as inovações fonéticas e conservadoras brasileiras, temos:

AsPectOs cOnservAdOres Na maior parte do Brasil, os –s e –z em final de palavra diante de consoantes surdas são realizados como [s] (como em “atrás” ou “uma vez”) ou como

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[z] diante de consoante sonora (“desde”), em vez de [ʃ] e [ʒ] como em Portugal.

e

sintAXe

Domina no Brasil, o uso do gerúndio, versus a construção estar + a + infinitivo dominante no português europeu, entretanto, nas classes populares do Sul de Portugal, das ilhas da Madeira e Açores, falam igual ao Brasil (ex: “estou escrevendo” vs. “estou a escrever”); O uso do pronome possessivo precedido de artigo é bem típico de Portugal e, no Brasil, há flexibilidade de uso (ex: “meu computador” vs. “o meu computador”). Apenas na fala, há uma diferença entre a colocação dos pronomes oblíquos átonos, já que na escrita obedece às mesmas regras. A próclise e a ênclise são sempre usadas, já a mesóclise, quase nunca. Dizendo: “Me diga uma coisa” (Brasil), vs. “Digame uma coisa” (Portugal), “Pode me dizer” (Brasil) vs. “Pode dizer-me” (Portugal).

O sistemA fOnéticO vOcáLicO Os fonemas usados no português do Brasil diferem, quase sempre, daqueles usados no português europeu, ou seja, a mesma palavra tem notação fonética

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Fascículo 4 O sistemA fOnéticO cOnsOnAntAL saber.sapo.cv

diferente aqui o que torna diferente dos outros países lusófonos. É bom que, quando nos aprofundarmos no estudo do português brasileiro e do europeu, descubramos que existe, dentro dessas línguas, vários dialetos que compartilham as mesmas peculiaridades básicos no que concerne à fonologia. Temos 34 fonemas no português brasileiro, sendo treze vogais, dezenove consoantes e duas semivogais.

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saber.sapo.cv

Vamos ver as vogais:

Consoantes e duas semivogais.

fenÔmenOs fOnOLógicOs dO POrtuguês brAsiLeirO

O português brasileiro utiliza 34 ...

SAIBA MAIS! m.br/tabela/europa_ http://www.lusanova.co ugal_e_espanha/ mediterraneo2008/port pdf suldeportugal_madeira. rrit ori o_ a.c om .br /af ric ano /te ani am raf .gi ww /w htt p:/ portugal.html m.br/tabela/europa_ http://www.lusanova.co ugal_e_espanha/ mediterraneo2008/port pdf suldeportugal_madeira. m.br/africano/ a.co ani am iraf w.g http://ww l territorio_portugal.htm index.php?title=Ie% /w/ .org dia ipe .wik /pt http:/ dit&redlink=1 C3%ADsmo&action=e /wiki/Ger%C3%BAndio http://pt.wikipedia.org /wiki/Ep%C3%AAntese http://pt.wikipedia.org l /wiki/Norte_de_Portuga http://pt.wikipedia.org _Minho_ o x i a B / i k i w / g r ia.o http://pt.wikiped (prov%C3%ADncia) /wiki/Alto_Minho http://pt.wikipedia.org l /wiki/Norte_de_Portuga http://pt.wikipedia.org

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Temos fenômenos fonológicos não ocorridos na variedade europeia. São fenômenos tupinólogos, provas evidenciais da influência tupi ou dos africanistas por influência dos escravos. Tal fato é contestado por alguns autores que preferem olhar essas mudanças fonéticas sob a ótica do desenvolvimento ou da realização de tendências latentes, embrionárias ou incipientes na “língua-tronco”, portanto tais fenômenos são factíveis nas línguas neolatinas.

• ensurdecimento e queda do r final: ocorre, também, em francês, provençal, andaluz, etc;

• ieísmo (e. g. *muier por mulher ou *trabaio por trabalho): no francês, em espanhol, no galego, em Portugal, em dialetos crioulos portugueses; • redução de nd a n nos gerúndios (e. g. *andano em vez de andando): efetuou-se no catalão antigo, aragonês, italiano central e meridional; • alguns casos de epêntese (e. g., *fulô por flor ou *quelaro por claro): aparecem na evolução do latim nas diversas línguas românicas; • terminação verbal átona desnasalizada (e. g. *amaro por amaram): ocorre o mesmo em alguns falares do Norte de Portugal, como o do Baixo Minho; • queda ou vocalização do l final (e. g. *finaw em vez

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Fascículo 4 de final): possível de ouvir também em algumas zonas do Alto Minho, no Norte de Portugal. Nota: o asterisco (*) marca as palavras ortograficamente incorretas.

CONCLUSÃO Você viu que as diferenças, longe de nos separar, muito mais nos unem? Isso é muito bom e torna um idioma forte, poderoso, vibrante. Do mesmo modo, sua colaboração ao lidar com esses dados e assimilar essas verdades torna tudo isso factível.

Atividade | Pesquise três textos com o portu-

O Brasil é o maior país usuário da língua portuguesa no mundo. Do quantitativo de 150 línguas ameríndias que sobreviveram, só uma pequena percentagem é unilíngue. A história sociolinguística do Brasil foi, desde os primeiros momentos da colonização, bastante diferente da colonização de outros países. Os portugueses que aqui chegaram rapidamente subjugaram e aculturaram os nativos que aqui se encontravam. Não houve oposição dos nativos a essa colonização, como ocorreu em outras terras, como Angola, por exemplo.

5. O Português Vernacular do Brasil

Até o século XVIII, portugueses, nativos e demais descendentes tiveram a predominação linguística de base tupi; era a situação de monolinguismo maioritário. Alteraria essa situação a chegada de um número de escravos africanos a partir do século XVI e de portugueses, a partir do século XIX. Os africanos que aqui chegaram nem todos falavam línguas inteligíveis, utilizavam a língua geral, fato que dispensava a criação de uma variedade reestruturada.

“Olha que coisa mais linda e mais cheia de graça” é esse assunto: O Português Vernacular do Brasil – o PVB. Você terá assunto para conversar com seus colegas por muito tempo. Ele abriga uma enorme riqueza quando permite a criatividade e comparações com outros idiomas e, também, com usuários da nossa língua. Os dados sócio-linguísticos mostram isso desde a nossa colonização. Assim, penetre nesse mundo do PVB e amplie seu vocabulário mais ainda. Aplausos para sua nova conscientização!

A presença de africanos nas plantações, o desaparecimento gradual da população nativa, o fato de muitos virem de regiões onde crioulos portugueses haviam se formado; a sobrevivência de variedades reestruturadas do português em comunidades negras isoladas, a língua dos Pretos Velhos – todos esses fatos juntos levam-nos a crer que o português é resultante de um processo de “transmissão linguuística irregular” que dá origem a uma variedade sincronizada do português vernáculo brasileiro (PVB).

guês de Portugal e, em seguida, escreva-os em português brasileiro. Faça uma interação de correção entre você e seus colegas, por meio do FÓRUM TEMÁTICO.

Este fascículo pretende viabilizar a melhor interação possível entre você e o vernáculo brasileiro, por todas as razões e motivos, inclusive por se tratar de um idioma que abriga uma imensa riqueza advinda de outros povos e que nos concede, por isso, adentrar em vários outros mundos. Esse estudo nos permite comparar, em termos culturais, sociais e geolinguísticos, os fatores que influenciam a formação do português brasileiro, objetivando entender até que ponto os processos, sejam quais forem, levaram à formação vernacular que chega até nossos dias, e é a língua de cerca de 230 milhões de pessoas neste planeta que perpassa, por seu valor e força, como sabemos, quatro continentes e que aqui se fixa e se amplia.

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Dados Sociolinguísticos

A difusão do PVB por todo o Brasil se deve à penetração africana no interior, quando da descoberta de ouro em Minas Gerais, no século XVIII, e com a abolição da escravatura em 1888. Os portugueses que aqui chegaram vinham em torno de 15.000 aproximadamente, constituindo, assim, a maioria populacional, já que a corte portuguesa aqui se fixou em 1808, o que contribuiu para que o português passasse por “ drásticas alterações.” Essas alterações no PVB (português vernáculo brasileiro – só para lembrar !?) são encontradas até nossos dias, porque é, exatamente, na língua falada sem preocupações ou em como será escrita, que se realiza o português vernacular. A língua falada é o momento em que a atenção é mínima, é o veículo linguístico de comunicação

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Fascículo 4 usado em situações naturais de interações sociais, da comunicação face a face. É a língua da roda de amigos, dos corredores, dos pátios das escolas e onde o material básico da análise sociolinguística surge, onde os fatos ocorrem, e a evolução sedimenta-se, fazendo sua história. Há, na história da evolução linguística do Brasil, um fenômeno que nem filólogos nem professores reacionários podem obliterar. São fatos linguísticos gritantes e de grande significação, é claro – que se atêm apenas às áreas vocabular e fonética, mas, além dessas áreas, alcançam, por extensão, o campo da sintaxe – onde esse fato fala mais alto dessa tendência diferenciadora que fica ou torna-se cada dia mais consistente.

http://calangobrasil.blogspot.com/2008/10/ pronominais-oswald-de-andrade.html

Com os holandeses, aconteceu um fato idêntico, quando se afastaram do idioma materno – o alemão – decidiram batizar a própria língua como holandesa e hoje não aceitam que se diga que eles falam alemão. Aqui, também, não está tão longe assim o tempo para adotar a denominação de língua brasileira, e, então, o processo de descolonização estará solicitado e teremos vencido o sentimentalismo e saudosismo que ainda nos prende. Como exemplo, podemos ver a poesia de Oswald de Andrade - Pronominais:

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ma gramática normativa tradicionalista jamais irá corrigir, porque a língua falada é o vernáculo. O que permite o surgimento desse fenômeno e seu domínio neste país é o curso natural de nossa sensibilidade, ritmo e modo de vida. Assim, esses fatos e muitos outros formarão nossa gramática, o registro factual da língua de um povo. Seria, pois, injusto exigir que este povo, constituído de 183.900 milhões de pessoas, em franca explosão demográfica, tenha que sujeitar-se às normas tradicionais de outro povo, por maiores que sejam os laços de subordinação. É deveras animador saber que a coragem de sermos brasileiros nos direciona para uma crescente comprovação e conscientização de que estamos nos libertando dos laços arcaizantes em nosso mundo linguístico. Esse fato é contemplável em todas as manifestações de nossa alma – na música popular, na literatura – tudo evidencia nossa condição de civilização nova, passível como todo jovem de atenções, mas com qualidades tão importantes que refletem nosso caráter. Nossa música e nossa literatura são as maiores e mais expressivas de toda a América, e nada devemos a Europa no âmbito de influência dominante. É incontestável que, num mundo cada vez mais unido, somos mantenedores de várias relações e recebemos, também, contribuições bastante válidas - porém não somos dominados nem dependentes. Temos a nossa vida com todas as suas peculiaridades, mas com características inconfundíveis, traduzidas de formas tão fortes e originais que se traduzem na fala, nos sons musicais, na redação dos nossos escritores e no nosso falar cotidiano. Para melhor compreensão do que foi falado aqui, observe a música de Luiz Gonzaga.

Asa Branca

Luíz Gonzaga Composição: Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira

Ao nos depararmos com construções deste nível : “ eu vou lhe visitar” ou “eu lhe convido para jantar”, “há muito não lhe vejo” etc. , reconhecemos estar diante de um fenômeno linguístico corrente em todo o país, igual a muitos outros, e nenhu-

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Quando olhei a terra ardendo Qual fogueira de São João Eu preguntei a Deus do céu, uai Por que tamanha judiação Hoje longe muitas léguas Numa triste solidão Espero a chuva cair de novo Para eu voltar pro meu sertão

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Quando o verde dos teus olhos Se espalhar na prantação Eu te asseguro não chore não, viu Que eu voltarei, viu Meu coração Que braseiro, que fornaia Nem um pé de prantação Por farta d’água perdi meu gado Morreu de sede meu alazão Que braseiro, que fornaia Nem um pé de prantação Por farta d’água perdi meu gado Morreu de sede meu alazão Inté mesmo a asa branca Bateu asas do sertão “Intonce” eu disse adeus Rosinha Guarda contigo meu coração

6. As Origens dO POrtuguês POPuLAr brAsiLeirO Nesta aula de hoje, você vai contactar com um dos assuntos mais dinâmicos e relevantes da língua portuguesa – as origens do português popular brasileiro. Nesse assunto, você é também ator, todos nós somos. Essa é a hora e o momento de você se enriquecer com o máximo de conhecimento que essa disciplina permite. Abra sua mente e aproveite a oportunidade de tornar-se senhor do seu idioma . As línguas (claro) passam por influências de ordem política, comercial e cultural já que servem a vastas comunidades e são usadas intensivamente na TV, na política, na imprensa, na ciência, na literatura. O Brasil possui duas línguas: uma que se escreve (que recebe o nome de “português”), e a outra que se fala (é tão desprezada que nem tem nome). A língua que aprendemos com nossos pais, irmãos e avós é a mesma que falamos, mas não é a que escrevemos. Existem profundas diferenças, tão significativas a ponto de impedir a comunicação (uma criança entenderia ”dar-lhe-ei”, “empresta-lho”, amá-lo?

cOncLusãO Você viu o PVB, que nos permite alargar nossos horizontes lexicais. Isso é maravilhoso, quando se deseja ser realmente entendido por todos – e você quer isso, claro. Você viu também como se difunde o PVB por todo o Brasil. Aprimore seu falar e libere aquele acervo vocabular que você armazena no seu cérebro. Libere o seu vernáculo! “Não espere a chuva cair de novo, volte logo pro Sertão”.

AtividAde | Dicionarize as palavras típicas de sua região. Observe os diferentes vernáculos de acordo com o significado que cada palavra adquiriu ao ser pronunciada. Após a realização da pesquisa, vamos reunir todas as palavras e formar um único documento; então você se orgulhará de sua contribuição. Parabéns!

SAIBA MAIS! /wiki/Preto-velho

http://pt.wikipedia.org

Vamos prosseguir então: o verbo falado difere do verbo escrito: “vem cá”, mas para escrever usaremos “venha cá”; substituímos “nós” por “a gente” e quando falamos “a gente vai” e “nós vamos”. Temos toda liberdade com o pronome oblíquo no início da frase: “me alegrei quando li esse caso”, mas escrevo: “alegrei-me quando li esse caso”). Existe um português aprendido na escola, do qual precisamos nos apropriar para acessar o mundo – inclusive o linguístico; para dominá-lo, serão necessários alguns esforços, por isso a maior parte da população pode ter alguma dificuldade. Assim o português que é falado pelo povo (o vernáculo) é português popular brasileiro, é a nossa língua. Quando dizemos, esse é o português que se fala no Brasil, isso significa dizer: (volto a reiterar) que não se fala em Portugal nem na África, só aqui. Português e vernáculo são parecidos, mas não são idênticos em absoluto, então, vernáculo é a forma “incorreta” de falar português. A língua falada, a popular e a escrita têm seus domínios próprios na prática, não interferem uma na outra. O vernáculo se usa, em geral, na fala infor-

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Fascículo 4

O vernáculo é o popular – isso faz do vernáculo uma língua ágrafa – com toda probabilidade de ser a maior língua ágrafa do mundo. Mário de Andrade utilizava uma linguagem mais próxima do vernáculo do que o português escrito atual. É perceptível que o português, pelo menos no Brasil, é uma língua escrita. Quando pesquisamos, a opinião dos escritores brasileiros sobre o assunto, vemos definição como a de Mário Perini que afirma ser: o ‘português’ e o ‘vernáculo’ (a língua falada pelos brasileiros) muito parecidas. Mas não são em absoluto idênticas. Ninguém nunca tentou fazer uma avaliação abrangente de suas diferenças, mas eu suspeito que são tão diferentes quanto o português e o espanhol ou quanto o dinamarquês e o norueguês. Isto é, poderiam ser consideradas línguas distintas, se ambas fossem línguas de civilização e oficialmente reconhecidas.

Assim, ao falar, você está praticando e usando a riqueza vernacular do nosso português, esse idioma lindo, forte, que ultrapassa limites, mares e fronteiras, que lhe dá um universo de palavras para expressar a maioria de suas emoções e que lhe deixa à vontade para praticá-lo na total amplitude do alcance dos seus conhecimentos. Amplie seus horizontes linguísticos através do uso “pleno” do português e do vernáculo – é possível e está ao seu alcance apropriar-se do maior e melhor conhecimento que um idioma pode presentear aos seus usuários dada a sua vastidão.

cOncLusãO Este é um assunto para o resto de nossas vidas. Investigue, aprofunde-se e domine seu idioma daqui por diante. Essa é uma questão política, cultural e social, mas é você quem decide. VÁ EM FRENTE!

AtividAde | Você acabou de estudar no universo das origens do PPB – português popular

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brasileiro - Assista agora Ariano Suassuna: O MOVIMENTO ARMORIAL e faça um comentário, por escrito, sobre a obra e o seu conteúdo.

7. fALAndO dA Origem criOuLA dO POrtuguês brAsiLeirO Nós resgatamos a história linguística desse país nesta aula, para você participar dessa história e também ser consciente disso. É incontestável a influência positiva da origem crioula do português brasileiro, pois sem ela não teria essa garra, essa força. Veja quantas pessoas estudam para confirmar, de forma categórica, essa evidência. Não levantamos aqui nenhuma questão sobre esse assunto nem temos variáveis que interfiram nesse fato, porém, vale a pena aprofundar-se no assunto.

http://www.religiosidadepopular.uaivip.com.br/acorrentados01.jpg

mal e em textos para o teatro, em que o realismo é importante. Assim, “o certo” (isto é, aceito pelas convenções sociais) é escrever o português e falar o vernáculo, e não pode haver troca; é “errado” escrever vernáculo e é, também, “errado” falar português. Esse é um fato deveras arraigado em nossa cultura e temos, portanto, de conviver com ele.

A origem crioula do português brasileiro compreende duas etapas obrigatoriamente: o resgate de sua história, tanto interna (linguística) quanto externa (social). A história externa frequentemente evidencia, de forma positiva, a hipótese crioula, enquanto a história linguística não encaminha para evidência direta.

SAIBA MAIS! O YOutube - brAsiL criOuL

a criouas nas quais ocorreram Observe as circunstânci filme ao os rm isti guesa. Após ass lização na língua portu os rem de po o, eir ra de Darcy Rib “ Brasil Crioulo” na ob icut dis as e ias e explosão de ide pensar em uma grand . vídeoconferência remos através de uma

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A agenda de alguns linguistas atesta a origem crioula do português brasileiro (agora PB) há bastante tempo, desde 1880, com estudos de Adolpho Coelho e um estudo mais recente; um trabalho original de

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Fascículo 4 Guy de 1981 em que agrupa o PB com os crioulos afro-portugueses, ambos definidos como dialetos do português europeu (agora PE). Em 1982, p.117, de maneira especial, Coelho enfatiza: diversas particularidades, características de dialetos crioulos repetem-se no Brasil; tal a tendência para a supressão das formas do plural, manifestada aqui, que, quando se seguem artigo e substantivo, adjetivo e substantivo etc.... que deviam concordar, só um toma o sinal do plural. Ex.: “Os menino” “ Belas moça”. Damos o nome de crioulos a saberes ou pidgins que por motivos diversos, de ordem histórica ou sociocultural, tornaram-se línguas maternas de toda uma comunidade, estamos apenas relembrando o porquê desse estudo. Guy (1981, p.309) testa duas hipóteses e trabalha com duas evidências: história social do Brasil e a feição linguística do PB quando comparada com as situações de línguas pidgins em outras áreas onde circunstâncias sociais semelhantes se verificam. Guy, baseando-se na história social do Brasil, argumenta que “o Brasil deveria ser um candidato preeminente para crioulização”, alegando, assim, o absurdo da hipótese não crioula: “Como seria possível ter evitado a crioulização?” Quando Guy examina os elementos formadores do crioulo, do latiniano, do jamaicano e do guiano, conclui que “...a história social do Brasil é exatamente a que deveria ter sido para que ocorresse a formação de um crioulo”. E também afirma que o PB emergiu de um pidgin anterior. Guy deriva sua análise de duas variáveis fonológicas: apagamento do –S final e desnasalização de vogais finais; e duas variáveis morfossintáticas: concordância do Sintagma Nominal e a concordância Sujeito–Verbo. Essas são as quatro variáveis, que dão a Guy o suporte para responder aos questionamentos relativos ao PB e sua formação crioula. E esses fatos levam a concluir que há “ ‘na história de qualquer língua românica’ e ‘do ponto de vista da origem crioula’ (...) essas hierarquias de saliência seriam inteiramente esperadas” (Guy.295-6).

crioula do PB não mais crucial, podendo, assim, muito bem, ser colocada entre os processos de contato linguístico que ocorreram no Brasil colonial. Crioulo ou não, o PB merece análises sintáticas do maior interesse; a história do PB não é tão clara e transparente. Então o ônus da prova cabe ao defensor da origem crioula do PB e não, ao defensor de uma evolução linguística natural para o PB popular. Qualquer pessoa que deseje se aprofundar nesse assunto certamente encontrará páginas e páginas que irão satisfazer seus desejos de conhecer um dos assuntos mais marcantes da história da formação do português brasileiro.

CONCLUSÃO Você percebeu, nessa aula, a comprovação, de natureza linguística, que nossa língua tem uma grande influência crioula. O Português Brasileiro (PB) fez por merecer ser objeto de estudos de linguistas preeminentes. Você agora vai pertencer a esse grupo e adquirir subsídios para adentrar no mundo dos conhecedores da formação de seu idioma.

8. Ortografia Olha o assunto dessa aula: ortografia, acordos ortográficos antigos e atuais. Além de tudo, é um assunto pontualíssimo, afinal precisamos saber o porquê dessas mudanças para nos apropriarmos mais de nossa língua. De posse desse saber, teremos muito mais segurança para falar sobre os mais variados assuntos com pessoas que desejem abordar esse assunto. Segurança linguística será sempre muito bem recebida.

http://www.moderna.com.br/acordo/guia_acordo.pdf

Conforme Tarallo (1983), um profundo estudioso do crioulo, em seus resultados sobre a sintaxe falada do português de São Paulo, levanta questões pertinentes as origens do PB, leva-o para a hipótese

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Fascículo 4 sejA bem-vindO AO mundO OrtOgráficO LusO-brAsiLeirO! Em 1986, o Acordo Ortográfico, moderado, representou um passo considerável e significativo a caminho da reunificação entre o Brasil e Portugal. Mas fatos históricos levaram esse acordo a ser desconsiderado e, então, a possibilidade de uma nova tentativa estava aberta. Mas vejamos em traços rápidos o que levou a citada reforma a não ser concluída. a. O acordo ortográfico de 1986 desejava alterar o indispensável para conseguir a quase unificação da ortografia nos países de língua portuguesa. b. Em questões ortográficas, o Brasil sempre cede às carências linguísticas de Portugal. c. Reforma ortográfica não é reformar uma língua. Todas as palavras continuarão a ser pronunciadas, (mal ou bem) como eram antes, e a sintaxe continuará, sem mudança, sujeita às mesmas regras de antes. d. Mudar a ortografia não implica mudar, rapidamente, todos os livros de estudo nem mesmo os dicionários. Qualquer mudança será gradual e ocorrerá ao longo dos anos. e. A evolução ortográfica se dará sempre, de cima para baixo, elaborada por especialistas e, quase sempre, por decreto ou portaria. f. Houve e continuará a haver reformas ortográficas em numerosos países, incluindo Portugal, algumas delas muito mais radicais do que as tímidas propostas atuais. As questões ortográficas do Brasil se arrastam há séculos, e não há a menor expectativa de acabar nos próximos anos. A língua portuguesa, ao ser escrita, procurava representar foneticamente os sons da fala. Essa representação nunca foi satisfatória. Não havia norma, e, em certos casos, a ortografia mostrou-se antiquada em relação à evolução da pronúncia das palavras. Documentos antigos nos deixam evidências de que a procura era no sentido de uma grafia fonética. Mas a influência do latim mudou esse cenário linguístico, porque começa o aparecimento dos grupos ph, ch, th, Rh que antes não era usado. Esse período é chamado de pseudoetiológico. J.J. Nunes diz que o fato de se recuarem bastantes séculos e por fazer ressurgir o que era remoto, a história do próprio idioma ficava de lado. Várias reações de natureza simplificativa ocorreram.

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Começamos por Duarte Nunes Leão, um dos primeiros gramáticos a reprovar a pseudo-etimologia nascente, em 1576 com a obra ”Ortografia da Língua Portuguesa”. Já Álvaro Ferreira Vieira, em seu livro “Ortografia ou a arte para escrever certo na Língua Portuguesa”, em 1633, se opôs à ortografia complicada. O século XVII assiste a D. Francisco de Melo escrever sua obra “Segundas três musas do melodino” e utilizar uma ortografia simplificada, quase sem consoantes. Luís Centório Verney, no século XVIII, também utiliza uma proposta simplificada em sua grande obra” O verdadeiro método de estudar”. No início do século XIX, Garret defendia a simplificação das grafias e surgem os “simplificadores desabilitados”. Em 01 de setembro de 1911, por meio de portaria, foi oficializada a nova ortografia que acabava com o despotismo da etimologia, e foram introduzidos acentos. Depois, via portaria, ocorreram vários ajustes de 1920, 1929, 1931. E veio a grande reforma Brasil-Portugal de 1945, alterada por decreto em 1971. Esse acordo de 1971 é mais uma cedência do Brasil; foi oficializado, mas apresentava, ainda, algumas diferenças nas grafias. A reforma de 1973 não foi confirmada pelo fato de as “circunstâncias adversas de várias ordens” não permitirem. A reforma de 1986, quando então, o presidente Sarney pretendeu fechar a questão ortográfica, reunindo os sete países de língua portuguesa, não obteve sucesso devido aos adversários da união ortográfica vinda de Portugal e ao acordo ter sido suspenso.

SAIBA MAIS!

ia mento de rever o Gu E agora? Agora é o mo site do és av atr ráfico do Novo Acordo Ortog .br/acordo/guia_acordo.pdf http://www.moderna.com

cOncLusãO Como você observou, não foi difícil aprender e apreender em quais contextos as reformas orto-

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Fascículo 4 gráficas ocorreram no Brasil e em Portugal, com extensão para os demais países da Língua Portuguesa. E não garantimos que essa foi a última reforma, quando se trata de um idioma em absoluta expansão. Quem sabe você possa contribuir e opinar quando da proxima reforma! Nós apostamos nisso! Acredite!

Atividade | Vamos ter a oportunidade de fazer uma análise crítica sobre as reformas atuais da língua portuguesa: pontos positivos e negativos na sua percepção. Em seguida, interaja, por meio da WEBQUEST, com seus colegas.

GLOSSÁRIO Desnasalização - desanalação é um metaplasmo por permuta que consiste na troca de um fonema nasal para oral. ex.: luna > lua, avena > avea > aveia Espectrais - espectro – figura imaginária; fantasma. Filólogos - estudiosos ou conhecedores da filologia; filologista. Obliterar - fazer desaparecer ou desaparecer pouco a pouco; apagar(-se)

REFERÊNCIAS Aspectos da constituição do léxico português. Disponível em: http://www.filologia.org.br/viisenefil/02.htm 24/11/2008. Autor desconhecido. Disponível em: http://acd. ufrj.br/~pead/tema05/formacaolexico.html 23/11/2008. Autor desconhecido. Disponível em: http:// acd.ufrj.br/~pead/tema05/linguageral.html 23/11/2008. Autor desconhecido. Diferenças entre o Português do Brasil e de Portugal. Disponível em: http://www.malhanga.com/curiosidades/ diferencas.html 19/11/2008. Autor desconhecido. A formação do léxico. Disponível em: http://acd.ufrj.br/~pead/tema05/ formacaolexico.html 23/11/2008. Autor desconhecudo. Português brasileiro. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/

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Portugu%C3%AAs _brasileiro 20/11/2008. CÂMARA JR. J., M. Estrutura da língua portuguesa. 5. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1975. ______. História e Estrutura da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Padrão, 1985. CARVALHO Manuel Mendes de. Ortografias. Disponível em: http://www.dha.lnec.pt/npe/ portugues/paginas_pessoais/MMC/Ortograf. html 22/11/2008. FIORIN, José Luís; POTTER, Margarida. A África no Brasil: a formação da Língua portuguesa. São Paulo: Contexto, 2008. INVERNO, Liliana. Português vernáculo do Brasil e Português vernáculo de Angola. Disponível em: http://www.udc.es/dep/lx/acblpe/ comunicaciones/Inverno.htm 20/11/2008. LEITE, Manuela Ferreira. História da ortografia portuguesa. Disponível em: http:// estadodoestado.blogspot.com/2008/05/ histriaou-da-ortografia-do-portugusouhtml 25/11/2008 MEDEIROS, Adelardo A. Dantas de. A língua portuguesa.http://www.linguaportuguesa.ufrn. br/ 25/11/2008. NARO, Anthony Julius; SCHERRE, Maria Marta Pereira. Origens do Português Brasileiro. São Paulo: Parábola, 2007. Portal da língua portuguesa - Acordo ortográfico. http://www.portaldalinguaportuguesa.org/ index.php?action- acordo 24/11/2008 SCHERRE, M. M. P.; NARO, Anthony J. Garimpando as origens estruturais do português brasileiro. Texto da palestra proferida no Congresso internacional – 500 anos de Língua Portuguesa no Brasil, Universidade de Évora, Évora, Portugal, 8 a 13 de maio de 2000. (enviado em junho de 2000). Maria Marta Pereira Scherre (UFRJ e UnB) TEYSSIER, Paul. História da Língua Portuguesa; Tradução: Celso Cunha. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

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