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InventĂĄrio de Bens Culturais de Natureza Imaterial do MunicĂpio de Porto Alegre Lei 9.570/04
O Inventário, um procedimento legal e técnico com caráter: - investigativo - cunho analítico - avaliativo
Premissas para análise legal dos BENS CULTURAIS DE NATUREZA IMATERIAL
Temporais ( continuidade temporal – gerações)
Relacionais ( vivências- memória coletivarepresentatividade – referência cultural)
Espaciais (circunscritas a um território)
Critérios, conceitos, argumentos específicos (considerando peculiaridades do bem cultural)
Advindos do Campo teórico e metodológico: da historia, literatura, antropologia, geografia, arquitetura, arqueologia, psicologia, sociologia
Aproximação Conceitual
$ Patrimônio Cultural $ Práticas Culturais e Representações Simbólicas $ Território * Imaginário Social * Sensibilidades $ Memória Coletiva e Memória Histórica * Manifestações Culturais * Expressões Narrativas (formatos/constituição/transmissão /apropriação) *Referência Cultural * Lenda
Referências Teórico- metodológicas
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Lendas Tradicionais
“São narrativas literárias que geralmente tornam-se conhecidas e transmitidas inicialmente através da oralidade e, por sucessivas gerações, vão sendo constantemente apropriadas e reapropriadas socialmente sendo associadas a uma região e sua história”.
Premissa espacial: Região de Porto Alegre Premissa temporal: Origens no séculos XIX e XX com continuidade histórica até os dias atuais Premissa relacional: Presença significante na memória coletiva ancorada em formas de apropriação e reapropriação sociais.
Narrativas literรกrias tradicionais locais :
As Lรกgrimas de Obirici As Torres Malditas Os Crimes da Rua do Arvoredo Maria Degolada A Moรงa que Danรงou depois de Morta A Prisioneira do Castelinho
Caracterização das narrativas
Surgem ancoradas em algum acontecimento concreto, cotidiano. Abordam e buscam explicar problemas sociais, dilemas morais, dramas humanos. As narrativas construídas misturam realidade e imaginação. As narrativas fizeram ou fazem parte da tradição oral. As narrativas iniciais não foram construídas por um único autor, resultam de um processo coletivo de criação e transmissão. Sofrem alterações em detalhes mas mantém um núcleo comum na narrativa ( impressão, interpretação, propagação).
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CONEXÕES DO IMAGINÁRIO COM O REAL: Tempo-espaço: época indeterminada, na área norte do município de Porto Alegre Ibicui-retã (Passo da Areia) Contexto: vida em aldeia indígena (jogos e rituais) Protagonistas: homem e mulheres Situação: disputa amorosa Primeiro registro escrito da lenda: ano de 1875 Mapa de Porto Alegre 1919- Acervo AHMV
Rastros e sinais da narrativa “Lágrimas de Obirici ” no perpassar do tempo 1875 – transcrição realizada por José Antônio Caldre e Fião a partir do relato de um velho indígena. 1906 – In: livro “A Fundação de Porto Alegre” de Augusto Porto Alegre. 1943 - Ibicui retã In: Boletim Municipal -Desenho de José Lutzenberger (1882-1951) sem data referente registro 1969 - Lenda do Passo da Areia de Walter Spalding ( In Revista ) 1975 – livro “Obirici-Lenda e Monumento” - têmpera de Nelson Boeira - Viaduto Obirici e monumento Mário Arjonas/Nelson Boeira Autor: José Lutzenberger
1979 – Canção de Obirici de Leandro Telles In :livro sobre a história de Porto Alegre 1984 – livro “Folclore do Rio Grande do Sul” de Dante de Laytano 2000 – “As Lágrimas de Obirici” In: livro “ Lendas Gaúchas” vol. 5 de Pedro Urbim e Haase Filho. 2005 – “Obirici, lágrimas de dor.Uirapuru um canto de amor” samba enredo da Escola de Samba Praiana de autoria de Joaquim Lucena 2009 – Exposição “Fatos, Lendas e Mitos” UFRGS 2011 – “Obirici, o Córrego das Lágrimas” . In:Album de Gravuras- Grupo a Flecha por Mabel Fontana - “Porto Alegre Lendária” Exposição no Estudio Clio
Obirici – monumento – foto: SRF
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CONEXÕES DO IMAGINÁRIO COM O REAL: Tempo-espaço: século XIX – Vila de Porto Alegre (1854) Contexto: Igreja de Nossa Senhora das Dores (em construção); Pelourinho; desaparecimento de uma jóia Protagonistas: Senhores e escravos Situação: Julgamento e morte – enforcamento
Porto Alegre -1840 – livro Clovis Oliveira
Primeiro registro escrito da lenda: Augusto Porto Alegre (1909) no livro A Fundação de Porto Alegre
Site Igreja das Dores
Acervo: Arqu. Hist. Do RS
Rastros e sinais da narrativa “Torres Malditas” no perpassar do tempo 1909 - primeiro registro escrito, por Augusto Porto Alegre no livro “A Fundação de Porto Alegre” edição de 1909. 1931 - (edição)- Novela Malditas” escrita por Moraes
“Torres Affonso
1961 – Porto Alegre – Crônicas da minha cidade – Ary Veiga Sanhudo 1984 – Folclore do Rio Grande do Sul – Dante de Laytano
Torres Malditas – Lendas Gaúchas -2000
1989 – Igreja das Dores – Importância Histórico- Cultural para a cidade de Porto Alegre 2000 – “Torres Malditas” Lendas Gaúchas – Vol. l – RBS 2004 – Os enforcados em Porto Alegre- Sergio da Costa Franco-revista da Ajuris 2004Torres da Província: História e Iconografia das Igrejas de Porto Alegre. Élvio Vargas. 2011- Exposição Porto Alegre Lendária e albúm de Gravuras – Grupo A Flecha “A Maldição das Torres” de Lilia Manfroi”
Maldição das Torrres – Lilia Manfroi
I Igreja nossa Senhora das Dores – foto atual g I r e
Imagem De Nossa Senhora das Dores
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Rua do Arvoredo 1860 autor: Luiz Terragno
Carta Topográfica da Provícncia 1868 – Acervo IHRGS
CONEXÕES DO IMAGINÁRIO COM O REAL: Tempo-espaço: século XIX – vida cotidiana em Porto Alegre (1864) – Casa na Rua do Arvoredo Contexto: vida social e desaparecimento de pessoas Protagonistas: um homem e uma mulher Situação: antropofagia, romance, crimes e roubos
Representação Teatral “Os Crimes da Rua do Arvoredo”
Primeiro registro escrito da lenda: Achylles Porto Alegre (1920) As linguiças de gente.In: Livro
Rastros e sinais da narrativa “Crimes da rua do Arvoredo” no perpassar do tempo 1864 – “Assassinatos” In :Jornal Mercantil - Os Crimes da rua do Arvoredo In: Jornal “O Diógenes” 1897- Os Crimes da rua do Arvoredo In: Alamnak Litterario e Estatístico. 1920 – “As Linguiças de Gente” – Achylles Porto Alegre –In: história popular de Porto Alegre 1924 – “O caso do açougueiro Rams” IN: Anuário Indicador do RS. 1940 - Historia Popular de Porto Alegre – Edição comemorativa Bicentenário de POA org. Deusino Varela
1961 – “Os Monstros”- Ary Veiga Sanhudo- In: Porto Alegre- Crônicas de minha cidade 1964 – “O açougue macabro da rua do arvoredo” – Paulo Koetz / João Mottini In: jornal Ultima Hora 1971 – “ Rua do Arvoredo”- Leandro Telles IN: Crônicas de Porto Alegre. 1988 – trama “O Homem que enganou a Província” -Qorpo-Santo In: “Cães da Província” escrito por Luiz Antonio Assis Brasil
1990 – “ O Maior Crime da Terra” de Décio Freitas (1996) Déc. De 1990 – “ O caso do Linguiceiro” série Curtas Gaúchosfilme curta-metragem -“Os Crimes da Rua do Arvoredo” – peça teatral escrita por Hércules Grecco -“Os Crimes da Rua do Arvoredo” livro publicado pelo Arquivo Histórico do rio Grande do Sul -Historia Popular de POA – Achylles Porto Alegre. Coord. Augusto Fischer
2003“Um Qorpo-Santo na Província: da História a Ficção” de André da Silva Menna – UFSC 2004 – “A História Devorada”de Cláudio Pereira Elmir. Tese Dout./UFRGS - Breve Cronologia de Porto Alegre por Francisco Riopardense de Macedo. -“Canibais/Paixão e Morte na rua do Arvoredo” de David Coimbra 2006- O caso policial Rua do Arvoredo/ Programa Linha Direta Justiça Rede Globo / 27 de abril 2008 - “Os Sete Pecados da Capital” – Sandra Jatahy Pesavento
2009 – “O Homem que Enganou a Província ou as Peripércias de Qorpo-Santo” de Maria Helena de Moura Arias. Tese de Dout./Unesp 2010 – “Os Crimes da Rua do Arvoredo” de Cristina Fuentes Hamerski – dissert. Mestrado Literatura - “Odiosos Homicídios” de Claudio Elmir e Paulo R. Staudt 2011 – “Porto Alegre Lendária” Exposição Studio Clio -Albúm de Gravuras “Era uma Vez” – Grupo Flecha -“Crimes da Rua do Arvoredo” de Rodrigo Pecci
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CONEXÕES DO IMAGINÁRIO COM O REAL: Tempo-espaço: século XIX – região do Partenon – Morro (1899) Contexto: vida social – confraternização, cotidiano Protagonistas: um homem e uma mulher Situação: conflito amoroso/homicídio Primeiro registro escrito da lenda: data imprecisa Mapa do de Porto Alegre de 1919. Acervo AHMV
Rastros e sinais da narrativa “Maria Degolada” no perpassar do tempo 1899 – Crime Hediondo – Almanak Porto Alegrense 1964 “Maria da Conceição” história em Quadrinhos /desenhos de João Mottini- Jornal Última Hora 1994 - “Maria Degolada” – Arquivo Público do RS. 2002 - “Maria Degolada” Hércules Grecco.
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2004 – “O Mito da Maria Degolada” de Alessandre Kerber /UFRGS
2005 – “Devoções Marginais – interfaces do imaginário religioso” de José Carlos Pereira. 2008 – “Os Sete Pecados da Capital” de Sandra J. Pesavento. - “Maria Francelina.... E a população Urbana Marginal em Porto Alegre na virada do Séc. XIX” de Maria Núncia Constantino. - “Educação Patrimonial através de oficina sobre a Maria Degolada” 2010 – “Maria Degolada, Assombrada” de Caio Riter.
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2011 – “Porto Alegre Lendária” Exposição Studio Clio Albúm de Gravuras “Era uma Vez” – Grupo Flecha C C C Capela Maria Francelina – foto de 1958 em “O Cruzeiro”
Maria Degolada autora: Cybele Dallegrave
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CONEXÕES DO IMAGINÁRIO COM O REAL: Tempo-espaço: primeira metade do século XX – próximo a um cemitério em Porto Alegre Contexto: vida social (baile) - cotidiano Protagonistas: um homem e uma mulher Situação: encontro amoroso, assombração Primeiro registro escrito da lenda: 2000 (aproximadamente)
Rastros e sinais da narrativa “A Moça que Dançou depois de Morta” no perpassar do tempo
2000 – “A Morta do Baile” In: Lendas Gaúchas Nº 3 - Org. Pedro Haase Filho. RBS. -“A Moça que Dançou Depois de Morta” de Antonio Augusto Fagundes In: Mitos e Lendas do Rio Grande do Sul. -2011 – “A moça que Dançou Depois de Morta” texto e gravura - de Eda Lani Fabris In: Albumn de Gravuras Grupo A Flecha -Exposição no Studio Clio “Porto Alegre Lendária”.
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CONEXÕES DO IMAGINÁRIO COM O REAL: Tempo-espaço: século XX – um castelo na cidade/Alto da Bronze – décadas de 40/50 Contexto: vida conjugal – cotidiano e conflitos Protagonistas: um homem e uma mulher Situação: amor, paixão, obsessão Primeiro registro escrito da lenda: data imprecisa
Rastros e sinais da narrativa “A Prisioneira do Castelinho” no perpassar do tempo 1993 – “A Prisioneira do Castelinho do Alto da Bronze de Juremir Machado. 2004- “A prisioneira do Castelinho” In: Histórias Curtas RBS/TV direção Betânia Furtado 2009 – “Fatos , Lendas e Mitos”alunos Museologia UFRGS -“lenda Urbana ... A prisioneira...”por Daniel Feix -Video e reportagem Zero Hora 2010 – “ A história do Castelinho do Alto da Bronze” de Larissa Viana – IPA.
2010 – “ A história do Castelinho do Alto da Bronze” de Larissa Viana – IPA. 2011- “O Castelo do Alto da Bronze’ de Lilia Manfroi In: Álbum de Gravuras - Grupo A Flecha - Exposição no Estúdio clio
Inventário e Memória Social Compreender e considerar as lendas tradicionais locais como patrimônio histórico e cultural é dar maior visibilidade `as memórias compartilhadas socialmente. Estas narrativas fazem parte do campo das manifestações literárias, apresentam vivacidade e ocupam lugar de referência na cultura local. As características específicas deste Bem Cultural o faz ser considerado de “Natureza Imaterial”, passível de ser incluído na Categoria de Registro das Formas de Expressão, como um conjunto representativo:
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Lendas Tradicionais como Patrimônio Cultural de acordo com a Lei Municipal Nº 9.570/04
Enquadra-se no Artigo 1º, que institui o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial, § 1º, Item III :
O Registro das Formas de Expressão, no qual serão inscritas manifestações literárias, musicais, plásticas, cênicas e lúdicas;
Muito Obrigado a todos ! Pesquisa e Elaboração do Dossiê sobre
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Me. Marli Rejani d’Avila Pereira Historiadora Epahc - CMC – SMC 2015
Agradeço aos colegas da CMC, Epahc, estagiários e todas a pessoas que contribuíram para a realização deste inventário.
Observando o Intangível: “Um caleidoscópio encantado” Como num caleidoscópio, das lendas brotam as pessoas: suas relações, seus sentimentos, emoções, e razões... Homens e mulheres se misturam aos seus sentimentos de alegria, tristeza, medo, raiva, amor, e suas emoções: como a euforia, depressão, pânico, ódio, paixão... Entre seus sentimentos e emoções, necessidades e desejos transitam conceitos de beleza e feiúra, justiça e injustiça, riqueza e pobreza, inclusão e exclusão, sonho e pesadelo, sanidade e loucura, feminino e masculino, padrões ( regras e exceções). Onde o real e o imaginário são dinâmicos, tem limites tênues, variáveis, maleáveis e por vezes se atravessam, se justapõem desnudando as virtudes e as misérias humanas. As lendas tradicionais apresentam uma característica singular:
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As lendas tradicionais têm o poder de transformar os desencantamentos humanos em histórias encantadas, transmutando sentimentos e emoções.
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