Período Expositivo: 15/03 - 25/05
CâmeraSete - Casa da Fotografia de Minas Gerais
Av. Afonso Pena, 737 – Centro, Belo Horizonte – MG, 30130-002
Galeria 02
Período Expositivo: 15/03 - 25/05
CâmeraSete - Casa da Fotografia de Minas Gerais
Av. Afonso Pena, 737 – Centro, Belo Horizonte – MG, 30130-002
Galeria 02
Conta-se que, quando o escravizador Fernão Dias morreu, ele acreditava ter encontrado suas tão buscadas esmeraldas. Contudo, o que ele tinha em mãos eram, na realidade, turmalinas. As promessas de progresso coloniais alimentaram histórias idílicas de cidades lendárias, como El Dorado; e de geografias mitológicas, como Sabarabuçu e Sumaq Urqu. Lugares onde, devido à abundância de ouro, seus habitantes até possuiriam corpos dourados, ou onde uma serra inteira seria composta de um só metal ou pedra preciosos, disponíveis fartamente para o uso daquele que os “descobrissem”.
Tais dimensões fantásticas e sensíveis acompanham e impulsionam a mineração desde a exploração colonial espanhola e portuguesa até o extrativismo industrial capitalista vigente em Abya Yala. A sedução, o sonho, a fé, a febre, a promessa. No entanto, de mãos dadas com o progresso está a tempestade; a terra se vinga, a montanha come gente e o metal libera fumaça. Em Terra Vinga, o artista Marlon de Paula evoca uma terra sujeito, mas não só. Reconhecida em seu lugar de não-recurso, Terra não só possui direitos como também revida a violência de seus algozes.
O modelo minerador foi e é, por si mesmo, devastador. Tal premissa permeia as obras desta exposição – desenlaces da extensa e dedicada pesquisa de Marlon de Paula acerca dos processos e efeitos da superexploração da natureza e do trabalho, em territórios e comunidades afetadas pela mineração colonial e neocolonial. O conjunto de fotomontagens, fotoinstalações, vídeoperformance e videoarte também destaca a prática de experimentação do artista no campo da fotografia e do vídeo. Valendo-se de fotografias e filmes autorais e de arquivo, além de reproduções de pinturas, ilustrações e mapas, Marlon desfia, sobrepõe, edita, mixa, corta e expande.
Terra Vinga joga com os significados da palavra “vingar”. Vingar é buscar justiça, bem como, firmar e criar raízes. Na contemporaneidade marcada por mais de cinco séculos de exploração capitalista e colonial, os dois sentidos confluem: para que Terra vingue – floresça – é preciso revidar, reparar, enterrar os ossos e “mandar os malditos embora”.
Joyce Delfim texto crítico
Silenciosamente, o pó infiltra-se nos pulmões, petrificando o interior dos corpos como uma tragédia de Pompéia às avessas. Diferente da fúria de Vesúvio, em Santa Cruz de Minas, o fenômeno geológico torna-se humano. A população da cidade mineira enfrenta graves problemas de silicose devido à operação de mineração na região, desde os anos 1980. Trabalhadores das minas de extração de quartzo sofrem exposição contínua ao mineral, levando a casos fatais da doença por inalação. O pó, resultante do processamento do minério, também invade as casas e cobre a vegetação, fato que lhe conferiu o nome de “talco da morte” por parte dos moradores afetados. Embora os casos sejam subnotificados, a silicose já matou dezesseis pessoas na cidade, ao longo da década passada, segundo a Fundacentro. O quartzo moído processado ali, ironicamente, é usado na fabricação de vidros especiais para a indústria da saúde e nas estruturas dos trens da Vale e MRS a fim de diminuir faíscas em seus trilhos.
Após os invasores dizimarem as populações indígenas originárias do Sertão de Cataguases e explorarem os minerais que brotavam do curso d’água denominado na língua colonial de Rio das Mortes, as terras dali foram amaldiçoadas. A fome do ouro erigiu uma política de morticínio pelo domínio do território. Em uma emboscada portuguesa, 300 paulistas foram chacinados e, seus corpos, atirados ao rio – sangue e barro correram misturados às águas. Posteriormente, outras traições e chacinas viriam ocorrer próximas ao leito do mesmo rio, como a traição que marcaria um capítulo da historiografia brasileira, a delação da Inconfidência Mineira. No quadro “O Último Tamoio” do pintor Rodolfo Amoedo, vemos o corpo de um homem indígena, Aymberê, personagem traído pelos jesuítas e morto em combate. A partir de uma inversão colonial, quem trai (o jesuíta, também representado na pintura) figura na história pictórica nacional em uma cena de gesto misericordioso. Esta é a impiedosa ficção-Brasil.
Link video: https://www.youtube.com/watch?v=DmoqcSExSKU
Link video: https://www.youtube.com/watch?v=3IbZx1GKD6k
O Serviço Geológico do Brasil registrou em 21 de maio de 2019, às 18h, um abalo sísmico de 2,9 na escala Richter no interior de Minas Gerais. Seria devido a uma falha geológica ao centro da Placa tectônica Sul-Americana?
O trem trouxe promessas de progresso ao sertão mineiro e introduziu o uso de explosivos na região. Em 1881, com a construção da estrada de ferro que ligava o Rio de Janeiro a Minas Gerais, cortando a quase intransponível Serra da Mantiqueira, a terra tremeu sob o poder dos explosivos que abriram caminho através dos corpos rochosos. Passado mais de um século, em São João del-Rei, peritos detectaram que o tremor de magnitude 2,9 foi causado pela ação humana. A mineradora Omega, que explora quartzo na região, havia realizado a detonação de explosivos sem consulta ou aviso prévio da população. Três cidades vizinhas também sentiram a terra tremer.
Em uma noite de 1707, na vila de São Paulo de Piratininga, um morador despertou de um sonho intranquilo. O sonhador alertou o vaticínio: “não fosse às minas, mas no caso em que se resolvesse a ir, que não estivesse lá no tempo das águas”. A profecia foi ignorada e, ao longo do século, sertanistas movidos pelo rumor da existência da lendária serra do Sabarabuçu – uma montanha reluzente de prata e pedras preciosas, o equivalente a uma Potosí na américa portuguesa – vasculharam as minas. A serra nunca foi encontrada, mas outros colonos haveriam de levar a tragédia aos sertões das Minas, nos anos seguintes e uma vez mais, e uma vez mais...
Natural da região do Vale do Rio Doce (MG), criado entre o universo campesino e urbano, tem sua produção permeada pela dimensão ambiental, social e mitológica dos territórios que habita. Atualmente, é mestrando em Artes Visuais pela (EBA/UFMG). Já participou de diversas exposições, tanto nacionais quanto internacionais, destacando-se “Proximity and Distance” no Goethe Institut em Nova Delhi/Índia (2022), “Artista de Artista” na Galeria Luisa Strina(2023), “Sonoridades de Bispo do Rosário” no Museu Oscar Niemeyer (2024), e “Abre Alas” na Galeria A Gentil Carioca (2024).Foi contemplado com o XVI Prêmio Funarte Marc Ferrez(2021) e 4º Prêmio Décio Noviello de Fotografia(2023). Foi selecionado pelo 9º Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger (2023). Participou do programa de Residência do Museu Bispo do Rosário/RJ (2019) e da residência de criação no Labanque - Centre de Production et de Diffusion en Art Contemporain, em Béthune/França (2022). Em 2022, lançou seu primeiro fotolivro, intitulado “Dilúvios”, resultado de um trabalho realizado na colônia psiquiátrica Juliano Moreira, em parceria com a editora Ars et Vita.
mardepaulaa@gmail.com
www.marlondepaula.46graus.com
Babel, 2023
Impressão fine art, varas de madeira e pedras de quartzo leitoso, 60x88cm
Aquilo Que Desce do Céu, 2018
Impressão fine art, 70x50 cm
Pulmão de Pedra, 2022. negatoscópio e radiografia, 45x50 cm.
Sem título, 2018, Impressão fine art, 40x 35 cm
Rio das Mortes, 2023, Lambe, sarrafos e compensado de madeira, 480x240cm
Coletor, 2022
Impressão fine art, 30x20 cm
Sem título, 2022, Impressão fine art, 25x16
O último tamoio, 2023
Impressão fine art, 30x20 cm
Auri sacra fames - O enterro do boi, 2024
Vídeo arte, duração 5’48 min, 1440k.
Série Sabarabuçu e Sumaq Urqu, 2023
Impressões fine art, 25x16/25x16/22x30 cm
Visões do Paraíso,2024.
Impressão fine art, assemblage com pedras de turmalina, 45x45 cm
Guerra Brasílica, 2022,
Impressão fine art, 55x36 cm.
Terremoto, 2022.
Impressão fine art, 80x53,3 cm
Cavalo de Ferro, 2024. Vídeoarte, Duração 5min. Stereo.
Profecia, 2022
Impressão fine art, 60x50 cm
Sem título, 2022
Impressão fine art, 32x45cm
O vendaval da terra, 2024
Sublimação sobre tecido, 120x153 cm
Expografia
Marcelo Venzon
Agradecimentos
Wellington Figueiredo, Vinícius Santos, Ana Pi Videira, Marcelo Venzon, Deri Andrade, Isis Bey, Eduardo Hargreaves, Alex Oliveira, Padmateo, Thiago Li, Priscila Natany.
GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
GOVERNADOR
Romeu Zema Neto
VICE-GOVERNADOR
Professor Mateus Simões
SECRETARIO DE ESTADO DE CULTURA E TURISMO
Leônidas Oliveira
SECRETARIA DE ESTADO ADJUNTA DE CULTURA E TURISMO
Josiane de Souza
FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO
PRESIDENTE
Sérgio Rodrigo Reis
CHEFE DE GABINETE / DIRETORA DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS
Kátia Carneiro
DIRETORA ARTÍSTICA
Cláudia Malta
DIRETOR CULTURAL
Bruno Hilário
DIRETORA DO CENTRO DE FORMAÇÃO ARTISTICA E TECNOLOGICA - CEFART
Priscila Fiorini
DIRETORA DE PLANEJAMENTO, GESTÃO E FINANÇAS
Aline Rabelo
ASSESSOR-CHEFE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
Walter Navarro
CONTROLADOR SECCIONAL
Euler Vignoli Lobo
PROCURADOR-CHEFE
Daniel Bueno Cateb
ASSESSORAS DA PRESIDÊNCIA
Romina Farcae e Natalie Oliffson
GERENTE DE ARTES VISUAIS
Uiara Azevedo
COORDENADORA DE ARTES VISUAIS
Renata Fonseca
PRODUTORES
Bárbara Grillo e Tairine Pena
MONTADOR
Edivaldo Gomes da Cruz
ESTAGIARIOS
Ci Andrade e Flora Pinheiro
ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
ASSESSORA-CHEFE ADJUNTA
Micheline Zandomênico
ASSESSOR DE COMUNICAÇÃO
Vitor Cruz
ASSESSORIA DE IMPRENSA
Lucas Oliveira, Júlio Soares, Regyane Bittencourt (estagiária),
Maria Eliana Goulart e Paulo Lacerda
DESIGN GRÁFICO
Clério Ramos (coordenador), Alec Mizote, Ângela Peres, Guilherme Santos (estagiário) e Luciana Almeida (estagiária)
MÍDIAS DIGITAIS
Bárbara Rodrigues e Natália Vianini
MEDIAÇÃO
lury Rodrigues Roque (coordenador) e Alexandre Fiúza
EDIÇÃO DE VIDEO
Hanna Mussi
ASSESSORA DE COMUNICAÇÃO DO CIRCUITO LIBERDADE
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DIRETORIA DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS
ASSESSOR E SUPERVISOR DO CONTRATO DE GESTÃO
Jefferson Monção de Souza
GERENTE DE PROJETOS
Catharine Borges
ASSESSORES DE PROJETOS
Graziele Viana, Sophia Borges e Ubirajara Varela
ASSOCIAÇÃO PRÓ-CULTURA E PROMOÇÃO DAS ARTES - APPA
PRESIDENTE
Felipe Vieira Xavier
VICE-PRESIDENTE / DIRETOR JURÍDICO
Agostinho Resende Neves
DIRETOR FINANCEIRO
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SUPERINTENDENTE FINANCEIRA
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SUPERINTENDENTE DE PROJETOS
Siomara Faria
COORDENADORA DE PROJETOS
Laryssa Martins
GERENTE DE PROJETOS
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PRODUTORAS CULTURAIS
Lola Peroni e Luciana Luanda
APOIO ADMINISTRATIVO
Lucas Ferreira
COMPRAS E CONTRATAÇÕES
Marcela Rodrigues
COORDENADORA DE COMUNICAÇÃO
Raquel Dornelas
EDUCATIVO
COORDENAÇÃO
Marci Silva
ARTE-EDUCADORA
Luciana Campos Horta
MEDIADORES
Alexia Nascimento, Ana Paula Clemente, Bê de Sá, Beatriz
Cordeiro, Diogo Vieira, Elisângela Ribeiro, Erika Santos, Giovana Vaz, Igor Rodrigues, Igor Salgado, Isabella Proença, Juliana Gonçalves, Julio Almeida, Lilian Parreiras, Maria Clara Toire, Mania Tavaris ora e na Porigue e Vadir Santos.
4° PRÊMIO DÉCIO NOVIELLO DE FOTOGRAFIA
BANCA DE SELEÇÃO
Laura Belém
Shima
Viara Azevedo
IDENTIDADE VISUAL
Filipe Lampejo
Tobia Hallak
Vinicius de Souza
LAUDOS TÉCNICOS
Hudson Diniz
CENOGRAFIA
Fala Cenários
MONTAGEM
Gestalt Cultural
PLOTAGEM
Flag Digital