Historia do centro de computacao eletronica da usp

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Do cartão perfurado à nuvem História do Centro de Computação Eletrônica da USP Texto | Kalinka Merkel





Do cartão perfurado à nuvem: História do Centro de Computação Eletrônica da USP


Idealizador: Jaime Simão Sichmam Editora responsável: Marta Rita C. de Macêdo Organizadora: Vera Nakata Texto: Kalinka Merkel Foto da capa: Jorge Maruta

Ficha catalográfica elaborada pelo Departamento Técnico do Sistemas Integrado de Bibliotecas da USP Do cartão perfurado à nuvem : história do Centro de Computação Eletrônica da USP /texto, Kalinka Merkel. – São Paulo : Universidade de São Paulo, 2014. 176p. il.; 26 cm. Conteúdo: Parte 1 - Início do CCE. Parte 2 - Estruturação do CCE. Parte 3 - CCE como unidade universitária. Parte 4 Desafios do novo século. Inclui Bibliografia Inclui fotos ISBN 1. Centro de Computação Eletrônica da USP (História). 2. Sistemas de Informação. 3. Tecnologia da Informação - Gestão. 4. Internet (Redes de computadores). I. Merkel, Kalinka. II. Título: história do Centro de Computação Eletrônica da USP. CDD 658.4038 Depósito Legal na Biblioteca Nacional, conforme Decreto Nº 10.944, de 14 de dezembro de 2004.

Patrocinadores:

Direitos em língua portuguesa reservados à UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Printed in Brazil 2014


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Universidade de São Paulo Reitor: Marco Antonio Zago Vice-reitor: Vahan Agopyan Pró-reitor de Graduação: Antonio Carlos Hernandes Pró-reitora de Pós-Graduação: Bernadette Dora Gombossy de Melo Pró-reitor de Pesquisa: José Eduardo Krieger Pró-reitora de Cultura e Extensão Universitária: Maria Arminda do Nascimento Arruda


Então a gente vê que o cérebro humano tem outros mecanismos que não se limitam a Lógica. Ele tem essas intuições, sei lá, previsões. E é nisso exatamente que reside essa superioridade que o homem tem sobre as máquinas, mesmo as mais sofisticadas como os computadores.

Mário Schenberg



Sumário

Agradecimentos Prefácio Parte 1 | Início do CCE Primeiro computador da USP O Centro de Cálculo Numérico Espaço para pesquisa O trabalho no IBM 1620 Um centro de computação para a USP

Parte 2 | Estruturação do CCE Formação de uma equipe Grande time em ação Infraestrutura e atividades Contornando as dificuldades Ganham força os sistemas administrativos Primeiros computadores pessoais

Parte 3 | CCE como unidade universitária Bitnet: a primeira conexão na USP Nova estrutura Reformulação da informática Informatização dos processos administrativos Sucesso do Programa Pró-Aluno Empenho na inovação USPnet: o projeto de Internet da USP Projeto de modernização administrativa

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17 18 20 22 24 26

35 39 41 45 54 56 58

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Parte 4 | Desafios do novo século

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Final de um ciclo Enfrentando a crise Novos equipamentos de alto desempenho Acelaração das comunicações de dados e voz Governança e o novo CCE Melhorias na infraestrutura predial Gestão participativa Comissões corporativas Cedir: projeto inovador Nova identidade visual Construção de um caminho Projetos de modernização Governança Sonho de um novo data center 2013: história interrompida

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1962-2013 - Linha do tempo Lista de siglas Referências bibliográficas Índice

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Agradecimentos

Em primeiro lugar os nossos agradecimentos aos patrocinadores, pois sem eles este livro não existiria. O investimento também serviu como motivação para vencermos as muitas dificuldades encontradas pelo caminho. Reforçamos os agradecimentos feitos em 2002 para os participantes do CD “Memórias do CCE”. Na mídia estão gravados os preciosos relatos de Antonio Marcos de Aguirre Massola, Geraldo Lino de Campos, Heraldo Luiz Marin, Imre Simon, Marília Junqueira Caldas, Oswaldo Fadigas Fontes Torres e Tomasz Kowaltowaki. Cada um dos depoimentos foi fundamental e a semente da idealização deste livro. Infelizmente Imre Simon e Oswaldo Fadigas não estão mais entre nós para ver o nascimento de mais esta obra sobre o CCE. Agradecemos imensamente aos que aceitaram o nosso convite para contar os momentos vividos no Centro de Computação Eletrônica. Nosso muito obrigado a Albina Terumi Muramoto, Carla Barros, Demi Getschko, Edson dos Santos Moreira, Francisco Ribacionka, Giorgio Moscati, Isu Fang, Jaime Simão Sichman, Luis Carlos Moreira Gomes, Luíz Carlos Silva da Cunha, Luiz Natal Rossi, Maria Cecilia Amoroso Francisco, Oripede Cilento Filho, Tereza Cristina Melo de Brito Carvalho, Siang Wu Song, Valdemar Waingort Setzer e Victor Mammana de Barros por aceitarem doar o tempo e a memória e nos fazer viajar no fabuloso mundo da computação. A confiança e generosidade de cada um deu-nos a certeza da realização deste livro. Ao Jaime Simão Sichman, ex-diretor do CCE, agadecemos por ter plantado a semente para que todos pudessem ver esse livro nascer. Muito obrigado ao Prof. Dr. Flavio Fava de Moraes, ex-reitor da USP, por aceitar o convite para escrever o prefácio deste livro, fato que nos deixou extremamente honrados. Agradecimento mais que especial vai para Eduardo Bonilha de Toledo Leite e Maria Cecilia Amoroso Francisco. Personalidades de importância indiscutível para o CCE. Memórias excepcionais e fontes onde fomos beber para realizar este livro. Ficamos agradecidas a Fundação Carlos Chagas, Jornal da USP, IEA-USP ao Alberto Camilli, Albina Muramoto, Alberto Yoshinobu Onoe, Demi Getschko, Carla Barros, Eduardo Bonilha de Toledo Leite, Irã Margarido, Ligia Maria C. Correa Sonnewend, Maria Cecilia Amoroso Francisco, 13


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Rafael Ferri, Rosemary Miryam Martin Nowak, Siang Wu Song, por terem nos fornecido publicações ou peças iconográficas de seus arquivos pessoais ou corporativos. Nosso obrigado à equipe do Estúdio Multimeios do CCE/DTI, em especial a Bruno Pelinzon, Edson Pereira Ramos, Márcia Mello Aguiar Carvalho e Fernanda Sabia, pelo apoio audiovisual de cada uma das entrevistas, um trabalho realizado com alegria, dedicação e profissionalismo. Agradecemos também o valoroso trabalho de Elizabeth Lopes Dias, Jairo Carlos Filho, Maria Isabel das Chagas, Marcia Martins da Silva Machado, Marcelo Pascon e Valdete Garcei por nos fornecer todo o apoio na documentação, processos ou captação de recursos financeiros. Um imenso obrigado a Alessandra Falciano por ter assumido muitas tarefas adicionais, com competência e responsabilidade, para que outras pessoas pudessem assumir a tarefa de tornar este livro real e o sonho de um legado sobre a história CCE finalmente materializado. Agradecemos aos homens e mulheres que trabalharam no Centro de Computação Eletrônica da USP. Foi a soma da contribuição e dedicação de cada um o motivo do CCE ter se tornado uma referência de computação nas universidades brasileiras e o motivo da publicação deste livro. Seria impossível cumprir os prazos se fossemos ampliar a lista de entrevistados, como foi o nosso desejo no início, mas sintam-se muito bem representados pelos nomes que estão aqui declarados. Por fim, agradecemos imensamente aos que acreditaram na realização deste livro. Para as pessoas que viram a importância dele existir. Pelo brilho nos olhos quando falávamos sobre ele. Os nomes foram muitos, mas para não cometer a injustiça de esquecer de alguns deles, fica essa última mensagem de agradecimento pelo grande incentivo.

Editora São Paulo, setembro de 2014.

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Prefácio

Desde meados da década de 40 melhorar a problemática do acesso à comunicação eficaz já se tornava prioridade nos países desenvolvidos dado aos diferentes interesses nacionais no setor militar, científico, administrativo, econômico e social. Para atender a essas demandas com agilidade e precisão ganha destaque singular o desenvolvimento da computação eletrônica agregada à palavra informática e à profética visão de que em breve estaríamos vivendo o século XXI, o século do conhecimento. A rápida evolução desta área estratégica foi reconhecida pela USP e algumas iniciativas foram tomadas para evitar nossa maior defasagem, o que ocorreu há exatamente 52 anos e com a recepção do primeiro computador na USP em 1962, fato que justificou a criação do seu Centro de Computação Eletrônica (CCE). Durante este meio século de existência, como era de se esperar, inúmeras e diversificadas etapas foram vivenciadas pelo CCE e, por que não dizer, a maioria elogiosas mas algumas até mesmo discutíveis e/ou equivocadas com impactos comprometedores no seu desempenho. Contudo, há etapas que destacaram positivamente a excelência do CCE como a da gestão do Reitor Goldemberg (década de 80) incrementando significativamente a automatização de procedimentos gerenciais, de comunicação acadêmica e na associação ao protagonismo da Fapesp para a conexão Bitnet (1991-1996) e a criação da rede ANSP/Internet (gestão fapespiana de Oscar Sala) com alta repercussão qualitativa para o CCE e, portanto, para a USP. Nesta época acompanhei de perto o planejamento, a estratégia e os robustos investimentos para concretizar esta modernidade institucional ao exercer a Diretoria Científica da Fapesp (1986-1993). Mais gratificante foi ainda como reitor/USP (1993-1997) dar prioridade absoluta aos investimentos desta temática e à USPnet. O resultado foi excepcional tendo sido considerado neste livro pelos especialistas como “a maior revolução tecnológica vivida pela USP até esta fase de sua história” e “uma nova fase que tirou o CCE da obscuridade e o recolocou na modernidade na informática” Certamente o conteúdo das diversas partes do livro cita com justiça e detalhadamente inúmeras realizações do CCE e, principalmente, a referência nominal de uma plêiade de competentes docentes e profissionais especialistas que dedicaram sua energia e sabedoria para o êxito do CCE até sua extinção (transformação?) em 2013! Entretanto, a melhor maneira de expressar gratidão 15


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a TODOS é exemplificando com dois excelentes docentes/pesquisadores com os quais o CCE, a USP e o Brasil saíram engrandecidos pelo pioneirismo e pelo exemplar modelo consolidado e reproduzido por muitas outras instituições. Refiro-me à versatilidade e eficácia do setor operacional e programático do CCE comandado pela Profa. Marília Junqueira Caldas e pela competência do saudoso Prof. Imre Simon na presidência da CCI por executarem e preverem as necessidades futuras para a USP continuar sendo a vanguarda sempre presente e plenamente sintonizada com a modernidade. Parabenizo os idealizadores e colaboradores do livro comemorativo “Do Cartão Perfurado à Nuvem: História do Centro de Computação Eletrônica da USP” que é um marco fundamental para que a USP possa demonstrar sua competência em área estratégica indispensável a sua condição de integrante das principais Universidades do contexto internacional.

Prof. Dr. Flavio Fava de Moraes Foi: Reitor da USP (1993-1997) Diretor Científico da FAPESP (1986-1993) É: Professor Emérito do Instituto de Ciências Biomédicas/USP

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1962 1970



Parte 1. Início do CCE

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intensa disputa de poder travada durante a Segunda Guerra Mundial, nos anos 1940, impulsionou o desenvolvimento dos primeiros computadores. A tecnologia dessas máquinas primitivas, de grande porte, descendia das máquinas de tecelagem1. Ainda bastante rudimentares, prestavam-se, basicamente, para cálculos numéricos. Nos anos que se sucederam, porém, houve uma série de descobertas na área de eletrônica nos Estados Unidos e em outros países desenvolvidos. E as possibilidades da computação começaram, cada vez mais, a avançar no meio acadêmico como uma grande novidade. No final da década de 1950, o Brasil ainda constava entre as nações subdesenvolvidas e o seu processo de urbanização apenas começara. O primeiro computador só chegaria ao Brasil em 1957: um Univac-120, adquirido pelo governo do Estado de São Paulo para calcular o consumo de água da capital. Nesse contexto, os acadêmicos brasileiros – que pouco sabiam das máquinas – debatiam sobre sua efetiva utilidade para ciência. Muitos matemáticos e físicos reagiam com frieza aos computadores. Para alguns, as atividades de cálculos realizadas pelo processamento eletrônico de dados eram apenas um trabalho inferior.

1. Refere-se ao invento de Joseph Marie Jacquard, em 1804. Ele construiu um tear inteiramente automatizado, que podia fazer desenhos complexos. Esse tear era programado por uma série de cartões perfurados. Página ao lado: Computador IBM 1620.


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Primeiro computador da USP Na USP, no início da década de 1960, os alunos de Cálculo Numérico, disciplina obrigatória para todos os alunos da Escola Politécnica, ainda aprendiam a resolver equações, ajustar curvas, calcular diferenças finitas e estatísticas usando apenas máquinas de calcular mecânicas e réguas de cálculo. O professor José Octávio Monteiro de Camargo, no entanto, passou a defender que os estudantes precisavam de um computador. Começou assim, uma batalha.

O meu envolvimento com o atual CCE começou em 1962, quando eu era aluno ingressante na Escola Politécnica e fui fazer o primeiro curso oferecido para programar o novo computador IBM 1620. Imre Simon

Os computadores precisavam ser importados de países de capitalismo avançado, principalmente dos Estados Unidos, pois não existiam fabricantes nacionais. Esse fato, além de implicar altos encargos alfandegários, significava o pagamento em dólar, moeda escassa no país.

Imre Simon em frente ao computador IBM 1620. Uma das poucas imagens do equipa-

mento instalado em 1962 no Centro de Cálculo Numérico da Poli. 18


Parte 1: Início do CCE

Evento para vistorias de obras da Poli (início da década de 1960). À esquerda o professor J. O. Monteiro de Camargo, ao seu lado o governador de São Paulo Carvalho Pinto 2 e esposa. Com o falecimento do referido professor, em 1963, o novo edifício do biênio foi batizado com o seu nome. Parte do CCE ainda está instalada nesse edifício até hoje. Estima-se que o IBM 1620 tenha custado 100 mil dólares, o que, em valores corrigidos para hoje, equivaleria a um milhão de dólares. Também não havia nenhum computador nas universidades do estado de São Paulo. No Brasil inteiro, apenas a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro já tinha o seu. A compra do IBM 1620 para a USP ainda está envolta em mistérios. Segundo o professor Oswaldo Fadigas Fontes Torres, apesar de procurar muito, “não foram encontrados documentos sobre a aquisição deste equipamento”, embora seja fato a sua instalação na Escola Politécnica (Poli). Portanto, todas as informações sobre ele estão baseadas em depoimentos. Sabe-se da versão referente ao empenho do professor Camargo e a colaboração dos professores Flávio Manzoli, da FEA, e Oscar Sala, da Física para aquisição deste equipamento.

2. Carlos Alberto Alves de Carvalho Pinto foi o governador de São Paulo de 1959 até 1963. Foi ele quem promulgou a Lei 5918 que instituiu a Fapesp (Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo). Como um visionário, Carvalho Pinto previu a importância da Fapesp para a pesquisa. Com a medida a USP foi uma das maiores beneficiadas. Foi dele a frase: “Se me fosse dado destacar alguma das realizações da minha despretensiosa vida pública, não hesitaria em eleger a Fapesp como uma das mais significativas para o desenvolvimento econômico, social e cultural do país”. 19


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Outra versão indica que o cientista e físico Mário Schenberg esteve diretamente envolvido na escolha e supervisão da instalação deste computador, apesar da resistência de alguns colegas físicos. A participação direta de Schenberg não foi muito divulgada, por isso, ignorada nas publicações do CCE por muitos anos. [...] Schenberg empenhou-se junto ao Reitor Ulhôa Cintra e ao governo e conseguiu que fosse comprado o primeiro computador da USP, um IBM 1620, que ficou sediado no prédio da Escola Politécnica. Essa origem do Centro de Computação Eletrônica (CCE) da USP parece ter sido esquecida; as publicações do CCE não mencionam o papel de Schenberg e do Departamento de Física da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras na aquisição do primeiro computador.3 Amélia Hamburger

Na falta de documentos oficiais, a data exata da chegada ou instalação ninguém soube informar, apenas a certeza de que foi em 1962. O professor Giorgio Moscati, um dos primeiros usuários do IBM 1620, contou com as anotações de seu doutorado para afirmar que o equipamento, provavelmente, chegou em junho de 1962. Este primeiro computador, instalado em universidades paulistas e o segundo em universidades brasileiras, causou grande curiosidade em certos segmentos científicos da USP. Sua instalação marca o início das atividades em computação e processamento de dados na Universidade e o surgimento do Centro de Cálculo Numérico (CCN), que mais tarde seria renomeado como Centro de Computação Eletrônica (CCE).

O Centro de Cálculo Numérico

3. E. W. Hamburger, Mário Schenberg. In: Revista de Ensino de Física, vol. 6, n.1 abr/1984, p.72. 20

A instalação do IBM 1620 deu origem ao Centro de Cálculo Numérico, que ficou subordinado à cátedra de “Cálculo Diferencial e Integral: Cálculo Vetorial”. O engenheiro naval Ernesto de Vita Júnior, recém-formado pela Poli, interessava-se por computação e foi convidado para ser o diretor do centro. No ano seguinte, de Vita afastou-se para fazer um curso nos Estados Unidos e foi substituído por outros três jovens engenheiros, recém-formados pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). O novo triunvirato era composto por Valdemar Waingort Setzer, Isu Fang e José Dion de Melo Teles.


Parte 1: Início do CCE

Evento para vistorias de obras da Poli (início da década de 1960), foto do interior do “Cirquinho”. Presença do governador Carvalho Pinto, sentado, o reitor Antonio Barros de Ulhôa Cintra, o segundo da esquerda para à direita e Mário Schenberg, o último à direita. 21


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Nessa fase inicial, o então CCN funcionava de maneira quase informal e suas atividades gravitavam em torno da máquina recém-adquirida. A mão de obra era formada por estagiários, selecionados entre os melhores alunos e convidados para trabalhar lá. Entre eles estavam Routo Terada, Nicolau Reinhard e Siang Wun Song. Os estagiários recebiam uma ajuda de custo, mas o principal atrativo para eles era o livre acesso às máquinas. Naquela época ninguém tinha muita ideia do que estava falando. Contei para minha mãe que eu trabalhava com cérebro eletrônico um computador para ela não fazia nenhum sentido. Ela falava: “ah, cérebro eletrônico, tá bom.” E era assim que ela explicava para as amigas dela do carteado. A gente não conseguia nem explicar para outra geração o que a gente estava fazendo. Valdemar Waingort Setzer

No CCN, eles aprendiam noções de programação Fortran e passavam grande parte do tempo. Quando necessário, também se trabalhava à noite. Muitos dos projetos eram realizados por times, que tinham até nome. Um deles era o TISK (sigla para Tomasz, Imre, Simon e Kowaltowski) e outro era o SICLA (sigla para Sílvio Ursic e Cláudio Lucchesi). Todos os estudantes eram alunos da USP, a maioria da Poli. Posteriormente, muitos desses jovens seguiram carreiras de sucesso como pesquisadores, professores ou profissionais em empresas atuando no campo da computação.

Espaço para pesquisa Naquele momento, um grande espírito de liberdade imperava entre os seus pioneiros. O IBM 1620, utilizado nas disciplinas de Cálculo Numérico, também estava disponível a qualquer interessado, sem burocracias: bastava uma inscrição. Parecia já estar implantada ali uma vocação para ser o centro de computação eletrônica de toda USP. Várias unidades universitárias estavam envolvidas, de maneiras diversas. As possibilidades da computação eram divulgadas e, pouco a pouco, professores, alunos e pesquisadores chegavam ao centro, curiosos. E eram bem recebidos. 22


Parte 1: Início do CCE

Os jovens se demonstravam interessados e indicavam que queriam se dedicar à Ciência da Computação, embora o curso de graduação na área ainda nem existisse. Aulas de programação de computador e sua aplicação à resolução de problemas de cálculo numérico eram oferecidas para compartilhar o novo saber.

A gente não era nem ligado em quanto estava ganhando. Realmente, a gente fazia aquilo porque era divertido. E quando nos pagavam era a maior surpresa. Isu Fang

Quando um professor desenvolvia uma tese de doutorado ou de livre-docência e precisava processar dados, ia até o CCE solicitar ajuda, que era prestada pelos estagiários. Isso também acontecia com vários professores e pesquisadores que precisavam resolver seus problemas usando o computador. Um professor da Biologia, conhecido como Edson, usava a máquina para simular uma criação de peixes. Por meio do computador, ele obtinha resultados rapidamente, sem ter que aguardar o desenvolvimento completo dos animais.

Gente que ficou famosa ou já era famosa, também utilizava o centro. Paulo Vanzolini, zoólogo e compositor da canção “Ronda”, era um dos frequentadores assíduos. Ele usava o computador para elaborar as estatísticas de suas pesquisas em Medicina. O maestro Rogério Duprat,

Fotos recentes do triunvirato que dirigiu o CCE na segunda metade da década de 1960. Da direita para esquerda: José Dion de Melo Teles, Isu Fang e Valdemar Waingort Setzer, 23


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pioneiro da música eletrônica no Brasil, usava o centro para realizar uma pesquisa sobre frequências musicais. Nele, Duprat compôs a peça Klavibm II, uma experiência então inédita no Brasil. Em 1964, o publicitário e poeta concretista Décio Pignatari4 usou o IBM 1620 para contagens de vogais e consoantes em textos brasileiros. Já em 1967, Delfim Neto, na época Ministro da Fazenda do governo Costa e Silva, pedia para assessores virem até o CCE para os cálculos dos índices de inflação. Segundo Imre Simon, “o programa que escreveu para esta finalidade, foi um dos mais difíceis que teve de executar, não por causa da função, mas pela limitação do computador.”

O trabalho no IBM 1620

Em 21 de outubro de 1959 a IBM anunciava um computador com programa de sistema armazenado para processamento de dados destinado para pequenas empresas ou escolas que exigissem soluções para problemas complexos nas áreas de engenharia, pesquis a e ciência de gestão. Era o lançamento do IBM 1620. Na época, poucos entendiam de computação e muita gente até achava besteira, que ciência mesmo era analisar equações. Giorgio Moscati

Apesar de todo impacto e entusiasmo provocado pela chegada desta máquina na USP no ano de 1962, percebeu-se que ainda era muito rudimentar, até mesmo em relação aos seus contemporâneos da época. A máquina era um modelo comercial, do tamanho de uma mesa, e possuía pequenas luzes que piscavam. Sua memória era de apenas 20 mil dígitos decimais, o que hoje é superado por qualquer relógio de pulso. Certa vez, foi recebida uma verba para comprar 20K de memória extra. O disco magnético, do tamanho de uma panela, custou 30 mil dólares, o que, em dinheiro de hoje, equivaleria a 300 mil dólares. 4. Pignatari, Décio. Informação. Linguagem. Comunicação, Ateliê Editorial , 2002, p.72. 24

Além disso, o IBM 1620 operava por meio de cartões, que eram inseridos na máquina e, depois, saíam perfurados. Para a leitura, uma agulha identificava o furo e, com isso, emitia um sinal eletrônico. A


Parte 1: Início do CCE

comunicação entre homem e máquina era realizada por meio desses cartões; era preciso, portanto, saber lê-los. E todos sabiam.

Para não incentivar os alunos a ficarem muito tempo na perfuradora, os professores faziam o aluno perfurar em pé. Não podiam sentar! Então, a gente chamava essas perfuradoras de fliperamas. Siang Wun Song

O computador também não tinha impressora ou sistema operacional. Mas algumas de suas características eram notáveis para a época, como a presença de um compilador Fortran, linguagem de programação utilizada para aplicações de cálculos numéricos. Cursos livres, abertos a todos, para ensinar essa linguagem atraiam muitos professores interessados em aprender a programar. O uso ou não do compilador Fortran, no entanto, fomentava grandes discussões. Como o IBM

Folheto promocional do IBM 1620. Início da década de 1960. 25


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1620 era lento e decimal, também era facilmente programável em linguagem de máquina. Então, os alunos começavam a aprender a programar em linguagem de máquina para somente depois aprender a linguagem Fortran. Naquele tempo, os estudantes conheciam a lógica do computador por dentro.

Tipicamente, aparecia um professor, um pesquisador de alguma unidade, que não sabia mexer no computador, trazendo algum problema para ser solucionado. Então, um estagiário era indicado para ajudá-lo. Daí, o aluno tinha de se inteirar do problema, entender a solução, porque o professor a possuía, mas não em termos adequados para ser usada no computador, e tinha também de fazer toda a programação e os testes. Tomasz Kowaltowski

A arte da programação era muito artesanal, não havia sistemas prontos. E qualquer erro implicava recomeçar o trabalho do ponto inicial. Um dos primeiros programas implantados era para resolver os problemas de regressão linear múltipla, que alcançou ótima repercussão.

Um centro de computação para USP Com cerca de um ano de existência, as atividades do CCN já não estavam mais restritas à disciplina Cálculo Numérico. A novidade de usar os serviços do primeiro computador da USP, fez aumentar o número de pesquisadores das outras áreas, todos curiosos para a resolução dos seus problemas científicos. Em 1963, o novo perfil de atividades resultou na integração do Centro de Calculo Numérico ao Instituto de Pesquisas Matemáticas (IPM)5, órgão ligado à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Fisicamente o atendimento continuava sendo feito no mesmo local — o edifício J. O. Monteiro de Camargo da Poli.

5. Consta que a criação do Instituto de Pesquisas Matemáticas aconteceu em 1960, por iniciativa de José O. Monteiro de Camargo. 26

Neste período o Centro de Cálculo Numérico foi rebatizado para Centro de Computação Eletrônica por inspiração do engenheiro Valdemar Waigort Setzer. Ele justifica a palavra computação para dar um sentido mais amplo das atividades do setor; eletrônica para diferenciar da computação mecânica. A palavra informática, do francês informatique, ainda não era usada no Brasil nesta época.


Parte 1: Início do CCE

Primeiro Vestibular Corrigido por Computador

Fac-simile de um cartão de exame CESCEM com questões respondidas pelo candidato. As marcas assinaladas correspondem a uma perfuração imediatamente abaixo produzida pelas máquinas mark-sensign.

Por volta de 1964, o professor Walter Leser foi até ao então Centro de Cálculo Numérico, com a proposta de realizar um vestibular unificado na área de Ciências Biológicas. Uma experiência manual já havia sido realizada, mas havia se demonstrado inviável, tendo em vista os milhares de candidatos. Ele queria que o CCN encontrasse uma solução. Começava, assim, o vestibular unificado por testes do Centro de Seleção de Candidatos às Escolas Superiores (CESCEM), da Fundação Carlos Chagas. O CCN foi responsável pela preparação das provas de múltipla escolha. Eram cem questões que deveriam ser respondidas pelos alunos com marcas à lápis grafite, em cartões mark-sensing (sensores de marcas). As provas eram levadas à IBM, onde uma máquina detectava o risco feito e furava logo abaixo. Em seguida, os cartões perfurados eram impressos e a máquina fazia a contagem. A tecnologia foi baseada no método do censo norte-americano. Outra novidade introduzida pelo professor

Leser nesse teste é que questões erradas não descontavam questões certas. Foi a primeira vez que houve no Brasil um vestibular unificado corrigido pelo computador. Havia muita discussão sobre se exames do tipo teste poderiam substituir um exame dissertativo. A correção mais objetiva e justa, porém, contou pontos a favor dessa forma de avaliação. No ano de 1967 foram corrigidas e analisadas cerca de cinco milhões de questões. Segundo Valdemar Setzer “por uma feliz coincidência, naquela época, o CCE mudou sua orientação e procurou atacar os principais aspectos do processamento de dados. A associação de esforços foi automática, resultando numa experiência única na América Latina”. Desde o começo, o desafio do CESCEM foi encarado pela equipe de forma divertida. E o trabalho sequer foi remunerado — apenas os estagiários ganharam uma ajuda de custo.

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O edifício J. O. Monteiro de Camargo está à direita. No seu térreo foi instalado o computador IBM 1620. Deste mesmo lado do prédio, pode-se ver uma porta que dava acesso ao antigo CPD do CCE, agora Internet Data Center (IDC), ainda no mesmo local até hoje. Em 1991 um novo prédio do CCE foi inaugurado mudando esta paisagem.

6. Portaria GR nº 260 de 19 de junho de 1966 e publicada no Diário Oficial de 22 de julho de 1966. 28

A data de 22 de julho de 1966, marca a existência legal6 do Centro de Computação Eletrônica. Ainda nesta segunda metade da década de 1960, os diretores do CCE Valdemar W. Setzer, Isu Fang e José Dion de Melo, se afastaram para buscar qualificações acadêmicas. Ernesto de Vita regressou de uma temporada nos Estados Unidos. No entanto, de Vita não permaneceria muito tempo à frente do CCE. Com sua saída dos quadros da USP, o CCE ficou sob a responsabilidade de José Affonso Leão Gil. Com o passar do tempo, a substituição do IBM 1620 era inevitável, dada a demanda e a baixa capacidade do computador. A necessidade de outro de maior capacidade provocou acaloradas discussões em torno do modelo ideal. O consenso veio sobre uma máquina da Burroughs Eletrônica Ltda., uma das maiores fabricantes de computador do mundo na época. Gilberto Dib, ex-aluno da Poli, atuava então como analista da Burroughs e foi procurado pelos colegas do CCE que queriam negociar um computador. O acordo foi realizado: a USP arcaria com as


Parte 1: Início do CCE

despesas de importação do B 3500, que seria usada em comodato pela USP durante o dia, das 8h às 20h, sem custos. A Burroughs, por sua vez, usaria a máquina no período complementar, para prestação de serviços de processamento de dados para seus clientes. Não foram encontrados registros sobre quando o equipamento começou a funcionar no CCE; pelos depoimentos acredita-se que foi por volta de 1968. O novo computador trouxe grandes expectativas e ensejou até uma reforma para adequar a infraestrutura do prédio, como por exemplo, aumentar a caixa de força. Uma esperança era que com o B 3500 pudessem ser realizados programas complexos. No entanto, houve uma grande decepção entre os programadores, pois a linguagem Fortran não permitia que fossem realizados programas com mais do que cem mil dígitos. Antes da aquisição do B 3500, havia sido constituído um grupo de análise e programação de sistemas sob a coordenação do engenheiro Peter Schreer, no Departamento de Administração da Reitoria da USP. O grupo projetou e programou, juntamente com profissionais emprestados do CCE, os primeiros sistemas de processamento de dados da USP, que deu origem à folha de pagamento e cujo processamento já foi feito pelo computador Burroughs B 3500, usando a programação em

Computador Burroughs B3500, anunciado para o mercado americano no ano de 1966. 29


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linguagem Cobol. Para aplicações de cálculo numérico e científicas em geral, usava-se Fortran. Nesta época, os conceitos de hardware e software nem havia se consolidado. Poucas pessoas conheciam computação e, assim, os especialistas do centro eram frequentemente procurados para

Carreiras de Sucesso

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Os alunos, professores e pesquisadores que par-

fundador e primeiro presidente do SERPRO (Servi-

ticiparam do início do CCE tiveram ali o seu primeiro

ço Federal de Processamento de Dados). Mais tarde,

contato com os temas que viriam a marcar suas vidas

exerceu a presidência do CNPq (Conselho Nacional

profissionais. E muitos acabaram se tornando pionei-

de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Isu fez

ros da Ciência da Computação no Brasil. Não por aca-

doutorado em Ciência da Computação na Universidade

so, muitas dessas pessoas seguiram carreiras notáveis

Stanford, nos Estados Unidos, e tornou-se presidente

dentro e fora da USP.

da Prodam (Companhia de Processamento de Dados

Entre eles, dois estudantes de engenharia, Tomasz

do Município de São Paulo). Valdemar fez doutorado

Kowaltowski e Imre Simon, trilharam brilhantes car-

na própria USP, tornou-se docente do IME (Instituto de

reiras acadêmicas e aposentaram-se como professo-

Matemática e Estatística) e aposentou-se como profes-

res titulares, o primeiro na Unicamp e o segundo na

sor titular, tendo contribuído para a formação de cente-

própria USP. Tomasz foi o primeiro diretor do Instituto

nas de nossos atuais cientistas da computação.

de Computação, antigo Departamento de Ciência da

O engenheiro Antonio Carlos do Rego Gil, que era o

Computação da Unicamp (1996 - 2001). Imre teve

analista de sistemas da IBM encarregado de dar apoio

papel importante na disseminação da Internet na USP,

à equipe local, também fez história. Graduado pelo ITA,

foi presidente da Comissão Central de Informática na

Gil viria a tornar-se diretor da própria IBM. Atualmente,

década de 1990.

após ter exercido o cargo de principal executivo de ou-

Vários outros ex-estagiários do CCE tornaram-se

tras empresas produtoras de tecnologia de ponta, presi-

professores da USP. Dentre os quais encontram-se os

de a Brasscom (Associação Brasileira das Empresas de

nomes de Routo Terada, Siang Wun Song, Nicolau

Tecnologia da Informação e Comunicação).

Reinhard e Claudio Leonardo Lucchesi. Siang tam-

Giorgio Moscati foi um dos primeiros pesquisa-

bém foi diretor do Departamento de Informática da

dores a usar o computador IBM 1620. No final da

Reitoria da USP e do Instituto de Matemática e Es-

década de 1960, Giorgio fez uma parceria com o

tatística (IME.) Cláudio foi primeiro pesquisador da

artista plástico Waldemar Cordeiro na criação de um

área de computação agraciado com o Prêmio Moinho

projeto, considerado pioneiro na área de processa-

Santista de Ciência, por desenvolver pesquisa na área

mento de texto e imagem, e que teve grande impacto

de informática e telecomunicações e um dos precur-

entre os artistas da época. Ao evidenciar as bordas de

sores da área de criptografia computacional no Brasil.

uma imagem, a técnica desenvolvida pela colaboração

Valdemar Waingort Setzer, Isu Fang e José Dion de

entre o artista e Giorgio foi antecessora das que são

Melo Teles também se destacaram. Dion foi chamado

atualmente utilizadas na televisão e no cinema, assim

a colaborar com o Governo Federal, tendo-se tornado

como no campo da medicina.


Parte 1: Início do CCE

O edifício sede do Masp, Museu de Arte Moderna de São Paulo, foi inaugurado em 7 de novembro de 1968 e é um marco da avenida Paulista. Projetado por Lina Bo Bardi e concebido pelo engenheiro politécnico José Carlos de Figueiredo Ferraz, o cálculo de vigas do edifício passou pelas mãos dos programadores do CCE. apresentar soluções a diversos problemas. O cálculo das vigas do Masp, por exemplo, é uma das importantes contribuições dos programadores do centro. Apesar da pouca memória do computador, foi desenvolvido um programa de cálculo estrutural que depois se tornou padrão em todos os escritórios de engenharia. Outro exemplo é a criação da Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo, a Prodesp, em 1969, que teve origem numa comissão do CCE. O Banco do Estado de Guanabara (BEG) também recorreu aos pioneiros do CCE. Eles estavam elaborando uma concorrência para aquisição de um grande centro de computação e precisavam que fosse desenvolvido um questionário para preenchimento das empresas fornecedoras. Na década de 1960 o BEG era uma instituição bancária das mais ativas na área de serviços, foi um dos primeiros bancos a adotar terminais on-line. Outro desafio encarado pela equipe do CCE foi a Mapofei, vestibular da área de exatas. Criada em 1969, a Mapofei reunia as três principais escolas de engenharia de São Paulo: Poli, FEI e Mauá. Isso porque foi 31


Do cartão perfurado à nuvem: História do Centro de Computação Eletrônica da USP

Foto de Siang Wun Song (década de 1960), uma das raras imagens de uma equipe de trabalho do CCE no período. Da esquerda para direita: Istvan Simon, Massatoshi Kawata, Routo Terada, Siang, Rocha, Gushi. Todos os da foto, exceto Kawata, eram estagiários. Nesta época o CCE estava subordinado ao Instituto de Pesquisas Matemáticas, dirigido pelo Prof. Cândido Lima da Silva Dias. percebido que os alunos que competiam pelas vagas nessas escolas eram praticamente os mesmos. Com esse projeto o CCE, que já tinha a experiência do CESCEM, passou também a programar e processar os seus vestibulares e desenvolveu, pela primeira vez, a normalização das notas. Com um portfólio reunindo CESCEM e Mapofei, o CCE conquistou know how para processar, anos mais tarde, a Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular), que viria a ser um dos seus projetos mais importantes e cuja a equipe era em grande parte oriunda da Mapofei. Como em toda as áreas de atuação, as histórias de sucesso são entremeadas com outras não tão bem sucedidas. Foi o caso da programação linear para balancear a ração de galinhas para minimizar os custos e manter os nutrientes. A solicitação partiu de uma grande usuária do CCE, a Petrobrás. As galinhas tiveram prisão de ventre e morreram. As solicitações eram, enfim, as mais diversas e a equipe do CCE participava da resolução de problemas de áreas muito diversas, como astronomia, biologia, odontologia, química e física. Depois de substituído, o destino final do computador IBM 1620 é incerto. Segundo alguns relatos, seria plausível acreditar que ele tenha sido desmontado com finalidade pedagógica. 32


1971

1987



Parte 2. Estruturação do CCE

O

ano era 1969. A Segunda Guerra Mundial havia acabado há vinte e quatro anos. O mundo estava dividido e assistia a um embate ideológico liderado por poderosas forças bipolares: Estados Unidos e União Soviética. Era a Guerra Fria e nesse contexto, surgia, nos EUA, a Arpanet, acrônimo do inglês Advanced Research Projects Agency Network, a primeira rede operacional de computadores à base de comutação de pacotes. O projeto foi desenvolvido pela ARPA (Agência de Projetos de Pesquisa Avançada) do departamento de defesa norte-americano. O objetivo era interligar bases militares e departamentos de pesquisa por meio de um esquema de ligações que passavam debaixo da terra. Com esse investimento, os EUA apostavam que a informação e a comunicação entre seus investigadores estariam protegidas de eventuais ataques de seu principal inimigo: a União Soviética. Assim, nascia a precursora da Internet. No mesmo ano, no Brasil, vigorava o regime militar com governo ditatorial, de um lado reforçando sua linha dura com o Ato Institucional nº 5 (AI-5)1, e de outro, confirmando seu interesse em ciência e tecnologia por meio de uma política desenvolvimentista. Em São Paulo era criada a Companhia de Processamento de Dados do Estado de São

1. O AI-5 (Ato Institucional número 5) foi o quinto decreto emitido pelo governo militar brasileiro. É considerado o mais duro golpe na democracia e deu poderes quase absolutos ao regime militar. Redigido pelo ministro da Justiça Luís Antônio da Gama e Silva, o AI-5 entrou em vigor em 13 de dezembro de 1968, durante o governo do então presidente Artur da Costa e Silva. Página ao lado: CPD do CCE, ano 1977. Destaque para os terminais do computador Burroughs 6700.


Do cartão perfurado à nuvem: História do Centro de Computação Eletrônica da USP

A

B Figuras A e B mostram a abrangência da Arpanet quando começou nos EUA em 1969, e como estava em dezembro de 1970, respectivamente. Paulo (Prodesp) . Na Universidade de São Paulo, o jurista Miguel Reale assumia, pela segunda vez, a Reitoria com uma importante tarefa: consolidar a Reforma Universitária2 na USP.

2. Em 1968, o Congresso Nacional aprovou a Reforma Universitária, pela Lei n° 5.540, de 28/11/1968, fixando normas de organização e funcionamento do ensino superior. A lei, concebida dentro do acordo MEC-USAID, precedeu o AI5. 36

Com a Reforma Universitária, as cátedras vitalícias foram extintas, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras foi desmembrada e o Instituto de Pesquisa Matemática, ao qual o Centro de Computação Eletrônica estava ligado, era encerrado. Em substituição, foram criados a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e os institutos de Física, de Matemática e Estatística, Geociências, de Psicologia, Astronômico e Geofísico, além do Oceanográfico.


Parte 2: Estruturação do CCE

Essa nova conformação da USP deixou o CCE “órfão” e sem clara vinculação com a administração universitária. Porém, felizmente, esse limbo acadêmico não duraria muito. Afinal, o prof. dr. Oswaldo Fadigas Fontes Torres, então diretor da Escola Politécnica, chegou a ser presidente3 do Conselho Universitário (posicionando-o como o “segundo homem” da Universidade, atrás apenas do reitor), tinha um grande projeto: formalizar e transformar o CCE em um grande centro de computação que atenderia a toda Universidade. Autoridade para tanto ele já tinha.

Eu percebia claramente que não adiantava ter o que eu chamava, com o perdão da palavra, de ‘inferninhos’, isto é, cada um com o seu computador. Teríamos de juntar tudo e fazer um Centro com um computador grande, atendendo a toda a Universidade. Oswaldo Fadigas Fontes Torres

A carreira do professor Fadigas foi meteórica. Ex-aluno da Politécnica, havia sido estagiário do Instituto de Pesquisas Tecnológicas, o IPT, desde o segundo ano de estudo. Ao se formar em Engenharia Civil com a turma de 1943, recebeu da Universidade um pequeno prêmio em dinheiro que foi investido em livros e serviu para montar uma biblioteca particular de Engenharia Aeronáutica, a maior do Brasil. Foi então cursar mestrado em Engenharia Aeronáutica no Massachussets Institute of Tecnology, o MIT, nos Estados Unidos. Ao voltar para o Brasil, formou-se em Economia pela FEA-USP, trabalhou na Vasp e se tornou professor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Em 1960, Fadigas voltou à USP como professor auxiliar da FEA; em 1964, fez livre docência; em 1965, virou professor da Poli. Em 1967, já era catedrático, porém não vitalício. Em 1970, o reitor Miguel Reale constituiu uma Comissão de Estudo do Problema da Computação Eletrônica e Processamento de Dados4 e Fadigas foi nomeado o presidente. Também integraram a comissão os professores Oscar Sala, do Instituto de Física, Cândido Lima da Silva Dias, do IME, Flávio Fausto Manzoli, da FEA, e o engenheiro Peter Schreer, do Departamento de Administração da Reitoria. Posteriormente, os nomes de dois professores somaram-se ao grupo: Nelson Onuchic e José Savério Lia. No ano seguinte, 1971, o Centro de Computação Eletrônica passou oficialmente5 a subordinar-se a Reitoria com o obje-

3. O reitor Luis Antonio da Gama e Silva estava licenciado para ser o Ministro da Justiça e o vice-reitor, Mario Guimarães Ferri também, por motivo de saúde, na hierarquia da época (1969), o professor Alfredo Buzaid, diretor da Faculdade de Direito estava no exercício interino da reitoria e o diretor da Escola Politécnica era o seu substituto imediato. 4. Segundo Portaria GR n. 1034, de 22/01/1970. 5. A Portaria GR n. 1620 de 15/10/1971, aprovou o Regimento Interno do Centro de Computação Eletrônica. Antes a Portaria GR. n. 1444, de 01/04/1971 , subordinava o CCE à Secretaria Geral da Universidade, com a colaboração do Departamento de Administração da Reitoria. 37


Do cartão perfurado à nuvem: História do Centro de Computação Eletrônica da USP

Oswaldo Fadigas Fontes Torres Presidente da Comissão Supervisora (1972-1987). Foto de 2002.

6. Na verdade o primeiro PC surgiria nesta época, mas era apenas o início de uma tecnologia que cresceria com a invenção do microprocessador, em 1971. O Computer History Museum tem publicado em seu site que o primeiro computador pessoal do mundo seria o Kenbak-1, projeto e design de John Blankenbaker da Kenbak Corporation, em 1970. A primeira venda ocorreu no início de 1971, antes do invento do primeiro microprocessador. No entanto, esta informação convive com a controvérsia de que o Datapoint 2200 possa ter sido inventado e vendido antes do Kenbak. 38

tivo, entre outros, de dar condições ao trabalho de processamento de dados administrativos e dos registros acadêmicos, sem o que a Reforma Universitária seria prejudicada. A ideia era que o órgão também concentrasse os escassos recursos orçamentários para formar um grande centro de computação, em oposição à política de pulverização das verbas da área entre as diversas unidades universitárias. A estratégia de centralização dos recursos proposta por Fadigas justificava-se pelo alto custo dos equipamentos, numa época onde a computação era dominada por enormes máquinas principais (mainframes) já que os microcomputadores sequer existiam6. Para garantir isonomia entre as unidades e garantir que o CCE servisse a toda Universidade, alguns princípios foram traçados desde o início. Assim, ficou decidido que o CCE seria ligado diretamente à Reitoria. Além disso, o diretor do centro não poderia ser um docente ligado a qualquer escola. Também foi criada uma Comissão Supervisora (Comissão de Estudo do Problema da Computação Eletrônica e Processamento de Dados), que passaria a supervisionar as atividades administrativas e técnicas do CCE.


Parte 2: Estruturação do CCE

Formação de uma equipe O próximo passo para a constituição do CCE era escolher um diretor não docente. Fadigas justifica esta condição para demostrar independência e tratamento igual com cada órgão ou unidade da USP. Muito oportunamente, a definição dessa diretoria coincidiu com uma mudança no governo que implicou a troca de cargos técnicos na recém-criada Prodesp. Profissionais altamente qualificados estavam disponíveis no mercado; era conveniente contratá-los. No entanto, a contratação de profissionais especializados em informática esbarrou em um primeiro obstáculo: os altos salários praticados nessa promissora área. A remuneração de um diretor da Prodesp naquele tempo era de quinze mil cruzeiros, o que correspondia a cerca de vinte salários mínimos - valor muito superior ao oferecido aos docentes na USP. O professor Fadigas levou então a questão ao reitor Miguel Reale, que imediatamente mostrou-se um importante aliado do CCE. “Não

Sala de digitação do CCE, 1977. Destaque para a máquina perfuradora de cartões. 39


Do cartão perfurado à nuvem: História do Centro de Computação Eletrônica da USP

tem problema nenhum”, o reitor disse, “há um decreto que me permite contratar profissionais para cargos técnicos com qualquer salário; pode contratar”, autorizou. Mais tarde, ao ser questionado sobre a contratação de um diretor executivo que ganhava mais que o reitor, Miguel Reale teria respondido: “Reitor qualquer um pode ser; diretor do CCE tem que ser especializado”. Uma vez superada a polêmica questão dos salários, partiu-se para as contratações. O primeiro convidado para a direção do CCE foi José Adolfo Venkovski. Ex-aluno do professor Fadigas, Venkovski havia participado da implantação da Prodesp; no entanto, o convite foi recusado. Na sequência, veio a indicação de Octávio Gennari Netto, que acumulava no currículo a Secretaria Especial de Informática (SEI), a direção da Prodesp e a prestação de serviços à USP, por meio da IBM. Dessa vez, a resposta foi positiva: Gennari aceitou. Quando chegou ao CCE, em 1971, Gennari ainda não conhecia o Burroughs B 3500. Sua primeira medida foi realizar alguns testes na máquina. O resultado foi um relatório preocupante, descrevendo uma série de erros. A Burroughs foi logo chamada e questionou: — Qual sistema operacional vocês estão usando? — O seis, respondeu o professor Fadigas. — Mas já estamos no quinze! Assim, o sistema operacional da máquina foi atualizado. Entretanto, mesmo após a atualização, a máquina continuou a apresentar erros: gravava-se uma coisa, mas obtinha-se outra. A Burroughs foi chamada novamente. O disco era compartilhado: metade da Burroughs e metade da USP. Porém, o braço que fazia a leitura estava completamente desalinhado, gerando os erros. A máquina foi enfim ajustada e passou a funcionar perfeitamente.

7. O Regimento Interno do Centro de Computação Eletrônica foi aprovado pelo Conselho Técnico - Administrativo, em sessão de 12 de outubro de 1971. Com publicação no Diário Oficial do Estado de São Paulo na data 28/10/1971. 40

Gennari, que estava familiarizado com as leis aplicáveis e as regras vigentes ao serviço público, elaborou ainda um Regimento Interno do CCE7. No entanto, após apenas três meses de gestão, pediu afastamento para assumir a presidência do Prodasen (Serviço de Processamento de Dados do Senado Federal) que estava sendo constituído. O cargo assim foi passado para Paulo de Souza Moraes, engenheiro civil, formado em 1967 pela Escola Politécnica. A contratação de Moraes envolveu uma delicada negociação: ele era professor assistente de Matemática e o professor Fadigas solicitou que ele pedisse demissão dessa função para atender à diretriz do CCE de não


Parte 2: Estruturação do CCE

contratar docentes de qualquer unidade. No entanto, ele acabou assumindo a diretoria do CCE como professor licenciado.

Grande time em ação Os computadores no Brasil na década de 1970 eram tão caros quanto raros nos meios acadêmicos e até empresariais. Por isso, os profissionais que teriam a responsabilidade de lidar com esses tesouros deveriam ser escolhidos a dedo: estar ali era considerado um privilégio. Assim, foram contratados profissionais para as três áreas do CCE: Geraldo Lino de Campos (Consultoria Técnica), Victor Francisco Mammana de Barros (Projetos Administrativos para a Reitoria), e Eduardo Bonilha de Toledo Leite (Produção). Moraes também incorporou ao quadro funcional do CCE Massatoshi Kawata, membro do grupo de analistas de sistemas do Departamento de Administração da Reitoria.

Por minha iniciativa, foi criada uma área para dar assistência técnica aos usuários. Naquela época, os professores e pesquisadores tinham muitas dúvidas; muito poucos sabiam usar um computador. Então, nós criamos uma pequena seção que faria o acompanhamento, que daria suporte a essas pessoas. Geraldo Lino de Campos

Nesta época atuava como estagiário Demi Getschko, que depois de formado Engenheiro Eletricista, pela Poli, foi contratado como analista de sistemas. Outros dois futuros engenheiros também começaram como estagiário: Alberto Courrege Gomide e Heraldo Luiz Marin; eles, juntos com Geraldo, formaram um trio importante na área de processamento de dados.

O CCE continuava sendo um “laboratório” importante para alunos de graduação, mestrado ou doutorado que atuavam como estagiário ou trainee. Um terreno fértil para as práticas de inovação, tanto na área eletrônica como da computação, tudo dentro de um ambiente de trabalho excepcional. Como outros estagiários que tiveram sucesso na carreira, Demi foi brilhante. Em 1985 já ocupava o posto de diretor de divisão do CCE, quando desligou-se para assumir a direção do centro de computação e processamento de dados da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Na Fapesp foi responsável pela in41


Do cartão perfurado à nuvem: História do Centro de Computação Eletrônica da USP

terligação do Brasil às redes internacionais, em particular à Bitnet8 e a Internet, e dirigiu a construção da ANSP9 (an Academic Network at São Paulo). É considerado um dos pioneiros da consolidação da Internet no Brasil. Teve importante participação na concepção e construção da USPnet na década de 1990. Demi Getschko relembra como naquela época de CCE, o “trabalho de computação era sofisticado podendo ser considerado um trabalho de arte”:

A máquina que a gente tinha, o Burroughs B 3500, tinha 540 quilobites de memória. É zero, né? Mesmo assim, rodava vinte, trinta tarefas simultaneamente. A gente entrava no mérito das coisas mais íntimas da máquina, que era o sistema operacional, e alterava para gerar algo mais adequado. Precisava tomar muito cuidado em preservar um bit aqui, um bit ali. Tudo o que você pudesse economizar era fundamental. Hoje você joga fora toneladas de bits e o pessoal trabalha em desperdício. Ninguém está muito preocupado com esse refinamento. Eu tinha pesadelos terríveis com o sistema aluno. Se tivesse o bug lá, perderíamos os arquivos os alunos iam nos linchar, com toda razão. Perdeu-se muito da arte de programação. Hoje cada um tem na sua mesa capacidades muito grandes. Antigamente, você tinha que vir no computador, que era uma espécie de Meca, onde você ia orar. Demi Getschko

8. Bitnet(Because It’s Time to Network) foi uma rede remota criada em 1981 a partir da ligação entre a Universidade da Cidade de Nova Iorque e a Universidade Yale, para uma comunicação por um meio rápido e barato do meio acadêmico. 9. Depois da Fapesp se ligar à Internet, em 1991, ela cria a ANSP ligando diversas instituições de ensino e pesquisa de São Paulo entre si e com a Internet. 42

Pela importância dos estagiários no desenvolvimento das suas atividades, o CCE atuava com um número significativo deles. Consta que em 1978 havia 60 funcionários e 30 estagiários ou trainees, geralmente alunos da Poli, Matemática ou Física. Muitos, depois de formados, seguiram para a carreira docente em universidades ou entraram para o ramo da tecnologia. A gestão de Paulo de Souza Moraes foi interrompida por dois longos períodos de afastamento. O primeiro aconteceu na segunda metade dos anos 1970, quando se licenciou para estudar na Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, onde fez mestrado em Ciência da Computação. No início dos anos 1980, licenciou-se novamente para as-


Parte 2: Estruturação do CCE

Encontro no CCE de duas gerações de TI: Da esquerda para à direita: Oswaldo Fadigas Fontes Torres, Eduardo Bonilha de Toledo Leite e Demi Getschko. Foto de 2001. sumir a direção do IBICT (Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia), órgão do governo federal. Ao retornar do segundo afastamento, Moraes permaneceu no cargo de diretor executivo do CCE por alguns meses. Depois, Geraldo Lino de Campos, que o havia substituído durante os períodos de afastamento, foi oficialmente nomeado diretor. Geraldo era muito respeitado, considerado o mentor do grupo e se destacava pela excentricidade. Formado em Engenharia Elétrica em 1970, com licenciatura em Física, chegou ao CCE em 1971 para trabalhar na área de suporte a software. Ele trabalharia no centro até 1988, totalizando 17 anos de dedicação ao CCE. Um dos principais problemas enfrentados por ele durante sua gestão foi o alto preço dos computadores. Até 1978, devido à Reserva de Mercado10, era muito difícil adquirir a maior parte dos equipamentos necessários. As dificuldades encontradas pelas limitações de importação eram encaradas com disposição e criatividade.

10. A Comissão de Coordenação das Atividades de Processamento Eletrônico (Capre), criada em 1972 por João Paulo do Reis Velloso, ministro do Desenvolvimento do governo Emílio Garrastazu Médici, tinha como objetivo principal racionalizar as compras e otimizar a utilização de computadores dos órgãos da administração pública e de empresas vinculadas. Com o início da crise do petróleo em 1973, em 1975 o Conselho Nacional do Comércio Exterior (Concex) baixa em dezembro sua Resolução nº 4, que impõe a anuência prévia da Capre para a importação de todos os artigos de informática. 43


Do cartão perfurado à nuvem: História do Centro de Computação Eletrônica da USP

O governador Laudo Natel junto ao B 6700, na “inauguração” do CCE, em 1973. 44


Parte 2: Estruturação do CCE

As máquinas ainda eram muito caras e, com isso, as aquisições ficavam abaixo do desejado. Um dos problemas foi que isso gerava uma série de conflitos em relação à questão de prioridade de uso da máquina, à questão de cotas de uso acadêmico do computador etc. Foi estabelecido que cada departamento teria um certo número de horas de uso do computador; isto era garantido sem maiores discussões, mas era um número relativamente pequeno.

Lá no início, o aluno entregava os cartões que retirava no estágio no guichê. Depois, veio o que chamávamos de ‘cafeteria’, um sistema de autosserviços visto nos Estados Unidos que o pessoal implementou. Era uma salinha pequena, com uma portinha de entrada e uma portinha de saída: o aluno entrava, dava de cara com uma leitora de cartão onde colocava o deck dele, a máquina lia e o aluno, já do lado direito, tinha impressora, onde imprimia, pegava o seu próprio resultado e saia com seu deck de cartões. Victor F. Mammana de Barros

O acesso remoto era uma operação possível, mas o número de terminais existentes era muito pequeno. Segundo Geraldo Lino de Campos, durante um longo tempo apenas um terminal remoto estava instalado na USP, curiosamente no Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH).

A maior parte do uso de computador era feito pelos professores e pesquisadores da Universidade. A área administrativa era um usuário importante, privilegiado, mas não era o maior usuário na época. Havia no CCE, basicamente, três grandes grupos administrativos, com ligeiras diferenças de responsabilidades ao longo do tempo: um deles cuidava dos pagamentos de pessoal, outro da contabilidade e o terceiro, do registro acadêmico.

Infraestrutura e atividades Em 1973, houve uma concorrência informal entre a IBM e a Burroughs para atualizar o parque computacional do CCE, em que prevaleceu o modelo da série Burroughs, sobretudo por uma questão de custo. Em outubro desse ano, foi instalado um B 6700 para substituir o B 3500. A configuração do B 6700 era: 45


Do cartão perfurado à nuvem: História do Centro de Computação Eletrônica da USP

Paulo de Souza Moraes, diretor executivo do CCE (1972-1982). Foto de 2002. l l l l l l l l l

1 processador de dados 1 processador de entrada e saída 3 módulos de memória com 400 Kbytes cada 2 unidades de disco fixo com 20 Mbytes cada 2 unidades de disco removível com 97 Mbytes cada 4 unidades de fita magnética fr 1.600 bpi e 9 canais 3 leitoras de 1.400 cartões perfurados por minuto 3 impressoras de 1.110 linhas por minuto 1 processador de telecomunicações

As linguagens de programação utilizadas eram Cobol e Fortran. No entanto, também já se usavam alguns “pacotes” de software científico como o BMDP (BioMedical Computer Programs), originário da UCLA (Universidade of California in Los Angeles) e, mais tarde, o SPSS (Statiscal Package for the Social Sciences), ambos para estatística; o Tempo, código da Burroughs Corporation para programação matemática; o IMSL (International Mathematical and Statistical Libraries), uma extensa biblioteca de rotinas para análise numérica. Depois que a USP escolheu o B 6700, a maior parte das universidades federais brasileiras passaram a adquirir o mesmo modelo. São 46


Parte 2: Estruturação do CCE

exemplos a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A partir disso, o B 6700, se tornou, então, um padrão. A troca de computador no CCE demandava um período de treinamento dos operadores, muitos deles estagiários, como Maria Cecilia Amorozo Francisco, contratada em 1974, e em 2013, analista de sistemas da Superintendência de TI-USP.

Quando eu cheguei o CCE tinha o B 3500 que estava para ser desativado e os programas estavam sendo migrados para o B 6700. A gente operava e passávamos cartão, colocávamos a fita e fazíamos o comando na console. Quer dizer, para o B 3500 não existia uma linguagem de comando de jobs que fazia tudo automaticamente, então o operador era bem importante. Eu fiquei fascinada por aquilo, adorei! Maria Cecilia Amorozo Francisco

Em 1982, o B 6700 foi substituído por um Burroughs B 6900. Com isso, foi praticamente duplicada a capacidade de processamento instalada. O sistema Cyber 170/730 entrou em operação em janeiro de 1985 e o sistema B 6900 foi dualizado, o que significou um incremento de 100% da capacidade de processamento oferecido pelo CCE. Era a seguinte a configuração do B 6900: l

2 processadores de dados, um com 6,4 Mbytes de memória utilizado para processamento de alunos e usuários em geral.

l

4,8 Mbytes em disco

l

2.400 Mbytes em disco

l

4 unidades de fita magnética de 1600 bpi

l

4 impressoras, três de 1500 l.p.m e uma de 600 l.p.m.

l

1 leitora de cartões

l

3 processadores de comunicação de dados com 44 linhas no total, sendo 4 linhas discadas.

l

123 terminais para edição de programas

l

29 terminais de time-sharing

l

14 terminais para consulta e atualização de arquivos

l

1 terminal impressor

47


Do cartão perfurado à nuvem: História do Centro de Computação Eletrônica da USP

Rolo de fita magnética e cartão perfurado. Dois suportes de armazenamento de dados. Acervo de informática do CCE. l

4 leitoras ópticas de marca Edisa

l

1 plotter (Bausch& Lomb)

l

3 monitores para estado do sistema

Os serviços de transcrição de dados para fita magnética eram realizados em um sistema Inforex 130011, com 16 teclados e unidade de fita 1600 bpi (bytes por polegada).

11. Era um sistema de entrada de dados que permitia que as informações fossem inseridas em terminais e armazenadas diretamente em unidades de disco. O Inforex 1300 foi importante porque veio substituir o uso dos cartões perfurados. 12. Procedimento na qual a estação primária pergunta a uma estação secundária se ela está pronta para receber os dados. 48

Uma inovação revolucionária do B 6900 estava no seu hardware, projetado para suportar exclusivamente linguagens de programação de alto nível, com ausência de linguagem do tipo Assembler. Todo o software básico do sistema havia sido escrito num “dialeto” da linguagem ALGOL, que por si só era de grande interesse para cientistas da computação e de áreas do conhecimento correlatas. Do ALGOL derivaram muitas das modernas linguagens de programação, dentre as quais, Pascal e C. Para a época, esses computadores dispunham de um avançado processador de telecomunicações que possibilitava o acesso através de terminais remotos, ligados ao mainframe por meio de linhas telefônicas comuns, de baixa velocidade, utilizando protocolo poll-select12.


Parte 2: Estruturação do CCE

O Centro de Processamento de Dados do CCE trabalhou com cartões perfurados até o início da década de 1980, quando chegou o Inforex 1300. 49


Do cartão perfurado à nuvem: História do Centro de Computação Eletrônica da USP

Robô Industrial do CCE: O Grande Desafio

Quando o professor Hélio Guerra Vieira era diretor da Escola Politécnica, um de seus principais objetivos era dinamizar o Departamento de Engenharia Mecânica. Era o início da década de 1980, e a robótica estava em alta no país. Ao interromper o seu mandato para assumir a Reitoria da USP, Hélio Guerra lançou o desafio àquele departamento e ao CCE; a construção de um robô de grande porte. Aceito o desafio, começaria, a partir daí, o desenvolvimento do robô industrial, cujo projeto foi conduzido no CCE, com recursos do próprio órgão e da Reitoria. O robô foi realizado entre 1982 e 1985. A supervisão do projeto coube a Geraldo Lino de Campos. Outros nomes de destaque nessa iniciativa foram o de Demi Getschko e Flavius Portella Ribas Martins, encarregado do dimensionamento da estrutura metálica e do cálculo das características dinâmicas do equipamento. Mais pessoas compuseram a equipe, bastante eclética que se envolveu com o projeto. Alberto Gomide, coordenador da Assessoria Técnica, desenvolveu um compilador específico para gerar um código que rodasse o programa do controle do robô no microprocessador que havia sido lançado há pouco tempo, o 68000 da Motorola. Ele passou aproximadamente seis meses indo todas as noites ao CCE, com uma bengala (pão) e um saco de leite para passar as madrugadas. O também engenheiro elétrico Milton Kaoru Kashiwakure se juntou à equipe para cuidar do projeto das placas de circuitos elétricos. Na segunda etapa do projeto estiveram os analistas Rosa Maria Vega Perez e Alberto Ca-

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milli. Para Camilli a experiência com o robô resultou na sua dissertação de mestrado “Procedimento para controle de trajetórias do robô manipulador do CCE-USP”, em 1988. O time conseguiu um feito notável: usar o código fonte do compilador ALGOL do Burroughs e fazer esse compilador gerar código para o Motorola 68000, que era o processador central desse robô. O protótipo de robô industrial também deveria ter grande porte e alcançou dois metros, levantando cerca de setenta quilos. A construção do robô guarda uma cena memorável de uma madrugada: a equipe estava ansiosa para acabar a instalação. Era preciso grampear as mangueiras de pressão alta utilizadas, encaixar para poder ligar. No entanto, Portela, pianista exímio e responsável pela tarefa, já estava cansado. Após grampear o último cano, o robô foi ligado. Mas como não havia sido feito esforço suficiente, todos tomaram um banho de óleo às duas horas da manhã que os deixou encharcados. O robô foi apresentado em uma feira no Anhembi, em São Paulo (foto ao lado). Nessa época, quando a computação gráfica estava apenas começando, algumas animações foram realizadas pelo CCE e exibidas no estande como uma grande novidade. O personagem graúna, do cartunista Henfil, foi animado pelo eng. Antonio Miranda Galleão; a trilha sonora era música Feira de Mangaio, de Sivuca e Glorinha Gadelha. O filme em super oito rodava em loop, ininterruptamente. Em seguida, o robô participou também de uma exposição de informática no Rio de Janeiro. O projeto mereceu dois prêmios nacionais.


Parte 2: Estruturação do CCE

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Do cartão perfurado à nuvem: História do Centro de Computação Eletrônica da USP

No final de 1987 o CCE dispunha do Burroughs B 6930 para processamento de dados administrativos e, supletivamente, para processamento de dados de caráter científico e de pesquisa. O Control Data CDC Cyber 170/730 e IBM 4381 era usado, exclusivamente, para ciência e pesquisa. Já o PDP13 11/VS60 era um sistema de computação gráfico dotado de uma extensa coleção de rotinas para produção e edição de imagens estatísticas e dinâmicas, muitas delas elaboradas por analistas do próprio CCE. Albina Muramoto, técnica de informática e no CCE até hoje, lembra das condições de funcionamento do CDC na época:

Também tinha um computador que ficou no CCE pouco tempo chamado CDC que era refrigerado a água. Consumia uns cinco ou sete litros por dia, mas havia um problema de falta de água naquela época. Alguém inventou de fazer um poço, mas não era artesiano porque não tinha água no fundo14. Tinha que trazer um carro pipa e colocar água lá dentro. Apesar de ter filtro, a gente tinha que levantar a tampinha e olhar sempre onde estava o nível da água pra não entrar sujeira. Albina Terumi Muramoto

Para uso no B 6900 a oferta de “pacotes” de software já havia sido muito ampliada. Dentre os principais destacavam-se os seguintes: - ANOVAR – Analysis of Variance Processor - BDMP – BioMedical Computer Programs - CSMP – Continuous Systems Modeling Program - Dynano – Dynamic Modeling - ECAP – Electronic Circuits Analysis Program - ESP – Econometric Software Package 13. O PDP-11 foi uma série de microcomputadores de 16 bits, vendidos pela Digital Equipment Corporation (DEC) de 1970 até a década de 1990. 14. A perfuração do poço atingiu o lençol freático e fornecia água, porém quando o nível do lençol ficava muito baixo. havia necessidade de suplementação por carro pipa. 52

- GASP – General Purpose Simulation System - IMSL – International Mathematical and Statistical Libraries - Infostats – Interactive Forecasting and Statiscal Analysis System - LISP – List Processing - Minitab – para estatística - MONSAP – Nonlinear Structural Analysis Program - PROMIS – Project Oriented Managaement Information System - Reduce – para matemática simbólica


Parte 2: Estruturação do CCE

- SAP4 – Structural Analysis Program - Simula – linguagem para simulação de sistemas - SNOBOL – String Oriented and Symbolic Language - SPSS – Statistical Package for the Social Sciences - Tempo – para programação matemática É justo destacar o papel desempenhado por Alberto Courrege Gomide nesse período. Analista de Sistemas encarregado da administração técnica dos mainframes Burroughs/Unisys15 durante muitos anos, sua extraordinária competência e profundo conhecimento da arquitetura e do sistema operacional destes computadores, foi um fator determinante para o êxito alcançado no que se refere ao ótimo funcionamento de mui-

15. Em 1986 aconteceu a fusão da Sperry Rand com a Burroughs. Da junção das duas empresas nasceu a Unisys Corporation.

Utilização do Sistema B-6900 (1985)

As áreas de atuação, por demanda e tempo de processamento. Em 1985 os serviços administrativos da USP estavam em crescimento. Em 1989 ele ultrapassou a pesquisa. 53


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tas das aplicações neles implementadas. Segundo Heraldo, “Gomide era o cérebro do sistema operacional, pois na época, era o único no mundo a conseguir fazer patches16 no sistema operacional da Unisys”.

Contornando as dificuldades Vivia-se com as preocupações comuns de todo CPD: cumprimento dos prazos e falta de energia elétrica. Havia esforço para criar uma infraestrutura compatível com a crescente demanda, mas conseguir recursos era complicado. Não era possível recorrer à Fapesp ou outros órgãos de fomento, uma vez que o CCE não fazia pesquisa diretamente, somente oferecia serviços de apoio a elas. A solução encontrada para a falta de recursos foi a prestação de serviços para terceiros, e esta receita industrial garantiria, ao menos, o atendimento às emergências do dia a dia. O maior problema era no verão, quando as chuvas fortes provocavam variação ou falta de energia elétrica. As máquinas corriam risco de queimar alguma peça e sua reposição não seria feita de forma rápida. Então, às vezes, optava-se por correr o risco de não desligá-las. Para evitar estes riscos a compra de um nobreak era imprescindível, mas se arrastou por anos e só foi realizada após a saída de Geraldo Lino de Campos. Ao longo dos anos, as atividades de prestação de serviços de computação eram intensas e comprovadas por uma longa lista de clientes de instituições públicas e privadas. Entre os nomes conhecidos destacam-se Unibanco Leasing, Kibon S. A Ind. Alimentícias, Ultrafertil, Cetesb, Saab Scania do Brasil S.A., Unicamp, Dersa, Senai, Mercedes Benz, Fuvest, Fundação Carlos Chagas, Ericsson do Brasil S.A.

16. Palavra da língua inglesa que significa “remendo”. Em computação refere-se a um programa de computador criado para atualizar ou corrigir um software. 54

A Fuvest foi a instituição que ficou por mais tempo no catálogo de clientes do CCE, de 1976 até 1997. Suas atividades demandavam até 48 horas de processamento de dados, sem interrupção. Havia cerca de 100 mil folhas de respostas lidas opticamente, geralmente seu processamento durava até uma semana antes do Natal. A falta de recursos também era contornada com a grande capacidade técnica e criatividade da equipe. Por ter sido um dos primeiros centros de computação do país, o CCE da USP adquiriu uma expertise na área, servindo de modelo para a criação de outros centros de informática. Em 1989 a pró-reitora de Órgãos Suplementares da Universidade Federal do Paraná, Mirna Lobo, comunicou a criação do Centro de Compu-


Parte 2: Estruturação do CCE

Organograma do Centro de Computação Eletrônica (1986)

tação Eletrônica da UFPR e o uso do mesmo sistema de informações gerenciais da USP, desenvolvido pelo CCE. A implantação do centro de computação da Universidade Federal do Paraná aconteceu depois de pouco mais de um ano da visita de analistas de sistemas do CCE - USP para assessorá-los na área de informática. Com a posse do reitor José Goldemberg, em 1986, novas perspectivas de modernização se abriram para o CCE. Os sistemas implantados colocaram a USP em posição de vanguarda perante as demais universidades brasileiras. No final da década de 1980, ela era a única universidade com automação completa de suas atividades administrativas. Segundo Heraldo, “Goldemberg trouxe uma visão arrojada sobre automação e precisava de um setor atuante para a realização dos projetos de modernização da USP”. 55


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Com a crescente demanda para atender às necessidades dos setores administrativos da USP, a prestação de serviços para instituições externas foi diminuída, bem como o apoio científico, o que na década de 1960 havia sido seu principal foco.

Ganham força os sistemas administrativos Em 1987 as atividades estavam voltadas para o processamento da folha de pagamento mensal de autárquicos e celetistas, folhas avulsas, cadastramento no PIS/PASEP, sistema de contabilidade controle de

A Fuvest

Em 20 de abril de 1976, o Conselho Univer-

amostragem. O nome do aluno, as notas individuais,

sitário aprovou o projeto do Estatuto para a Fun-

o total: tudo era verificado. Era um trabalho árduo,

dação Universitária para o Vestibular — era assim

mas como era o “primeiro filho”, havia na equipe um

criada a Fuvest. No início, o processo seletivo des-

grande entusiasmo.

tinou-se às três universidades estaduais paulistas. Com o passar dos anos, a Unesp criou seu sistema próprio de vestibular e logo depois a Unicamp fez o mesmo, permanecendo apenas a USP.

mais difíceis e importantes da época: complicado e cheio de detalhes. Ele participou do vestibular de 1978 praticamente como um analista, embo-

Desde o princípio o CCE ficou responsável pelo

ra ainda fosse um estagiário, um estudante. Foi

processamento e filtragem, e para isso, destacou a

em 1979 que começou a trabalhar, efetivamente,

sua equipe oriunda da Mapofei. Na primeira prova

como responsável pelo projeto Fuvest. Foi neste

da Fuvest, em formato teste, eram três candidatos

mesmo ano, quando Victor Mammana já esta-

por vaga, o que correspondia cerca de 100 mil alu-

va na Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa

nos na primeira fase. Na época os computadores

do Estado de São Paulo), que Geraldo Lino de

eram lentos, com discos de vinte megabytes e os

Campos deixou Heraldo como responsável pela

dados guardados em fitas magnéticas. Além disso,

Fuvest. Nessa época, ainda era comum a equipe

as máquinas eram usadas pelos alunos durante o

passar horas ininterruptas de trabalho para pro-

dia; com isso, o processamento do vestibular só

cessar os dados do vestibular.

podia ser realizado à noite. Não era raro a equipe passar madrugadas inteiras tirando as listagens.

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Heraldo considera a Fuvest um dos projetos

A Fuvest também dispunha de alguns técnicos próprios que ficavam alocados numa sala nas

O processamento de dados do vestibular era

dependências do CCE. O trabalho de processa-

uma tarefa difícil e complexa. Era preciso verificar

mento durou até meados de 1997, quando pas-

a consistência dos dados, do começo ao fim, por

sou a ser feito pela própria Fuvest.


Parte 2: Estruturação do CCE

Geraldo Lino de Campos, diretor e depois coordenador do CCE (1982 - 1988). Foto de 2002. despesas, adiantamento, renda industrial, sistema de registro acadêmico de graduação entre outras atividades. A estrutura organizacional do CCE se manteve, com pequenas mudanças, com três grandes áreas de atuação por quase duas décadas: l

l

Área de Produção: coordenação dos procedimentos operacionais para otimização do fluxo da recepção de programas e documentos, transcrição de dados, processamento e devolução de programas.

l

Área de Projeto: responsável pelo desenvolvimento, teste e implantação de novos projetos para os sistemas de administração e controle acadêmico da USP. Área de Assessoria Técnica: atendimento ao usuário e desenvolvimento e manutenção dos sistemas operacionais e de programas de aplicação desenvolvidos pela Unisys e pela conversão, implantação e manutenção de programas de outras origens e desenvolvimento de programas de interesse geral para usuários da Universidade.

As atividades do CCE seguiram o movimento de expansão dos sistemas administrativos e extensão da rede. A Universidade de São Paulo 57


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Armazenamento de fitas perfuradas no CCE. Elas foram usadas até o final da década de 1980. O surgimento dos microcomputadores acelerou seu fim.

estava vivendo uma verdadeira revolução cultural interna com reflexos também sobre as atividades acadêmicas e de pesquisa, estimulando o desenvolvimento do SIBi – Sistema de Bibliotecas da USP. 17. A Dismac Industrial S. A. foi fundada em Manaus na década de 1970, pelo austríaco Joseph Martin Feder, radicado no Brasil. Na década seguinte a Dismac já dominava o mercado brasileiro de calculadoras. Este sucesso fez que se tornasse pioneira na área de produção nacional de versões nacionais, espécie de cópias dos computadores pessoais com sucesso de vendas no exterior. Também chegou a fabricar vídeo games, joystick e máquina de escrever eletrônica. A Dismac encerrou as suas atividades nos anos 1990. Joseph Feder faleceu em 2010. 58

Oswaldo Fadigas Fontes Torres aposentou-se em 1987, tendo a Congregação da Escola Politécnica lhe conferido o título de Professor Emérito. Com isso, também se afastou das atividades relativas à computação na USP, assim a centralização da computação perdeu um dos seus defensores.

Primeiros computadores pessoais Em 1980, pela primeira vez, um microcomputador era vendido em um grande magazine. A vitrine do Mappin, na praça Ramos, no Centro de São Paulo, exibia à cidade o D-8000, da Dismac17. Era a popularização dos microcomputadores que despontava. Quatro anos depois, em 1984, no mandato do reitor Antonio Hélio Guerra Vieira, foi realizada a primeira grande


Parte 2: Estruturação do CCE

compra de PCs e Apple para a Universidade. O primeiro lote de microcomputadores foi distribuído para as unidades universitárias. Era o início da descentralização computacional que viria se consolidar nos anos seguintes. Os primeiros modelos adquiridos eram Apple II e IBM PC. A CCI Comissão Central de Informática, com parceria técnica do CCE, realizou uma licitação para uma segunda compra de centenas de PCs compatíveis com IBM. O órgão também ficou encarregado de receber os equipamentos e fazer as entregas. Com a chegada desse lote, surgiu ainda a necessidade de criar uma seção de manutenção de computadores, cuja maioria dos usuários seriam professores e pesquisadores da universidade. O surgimento dos computadores pessoais provocou mudança importante, e como não poderia deixar de ser, intensas discussões entre os

Criação da Comissão Central de Informática da USP

Apesar da computação na USP ter como marco inicial a instalação do computador IBM 1620, em 1962, a criação da CCI aconteceu quase duas décadas depois, quando as questões sobre informática começaram a tomar corpo e importância. A CCI – Comissão Central de Informática foi criada em 1981 pelo reitor Waldyr Muniz Oliva. Seu primeiro presidente foi o professor Oswaldo Fadigas Fontes Torres, professor da Poli, na época também presidente da Comissão Supervisora do Centro de Computação Eletrônica. O principal objetivo da CCI era estabelecer diretrizes e políticas de informática para a USP. Um impasse acabou sendo decisivo para a criação da CCI. Um pedido de expansão do computador VAX do Instituto de Física e Química de São Carlos. Na época, por força da lei, era necessário obter a autorização da CEPD - Conselho Estadual de Processamento de Dados, para a importação de computadores. Após a criação da CCI, o CCE atuava em constante parceria com a comissão, principalmente no

que se referia as sugestões para modernização da infraestrutura na área de tecnologia da informação e comunicação. O último presidente da CCI foi Paulo César Masiero, 1998-2004. Masiero foi o principal responsável pelo projeto de criação da CTI - Coordenadoria de Tecnologia da Informação que, de certo modo, acabou por encampar boa parte das obrigações e atividades da CCI. A CTI foi oficialmente criada em outubro de 2004, pela Resolução USP número 5145, tendo Paulo Masiero como primeiro coordenador. Com isso a Comissão Central de Informática é extinta. Em 2012 muda o nome de Coordenadoria para Superintendência. Os presidentes da CCI foram:1981-1984 – Oswaldo Fadigas; 1984-1985 – Luís Guimarães Ferreira; 1986-1989 – Lucas Antonio Moscato; 1990 – Oscar Hipolito; 1991 – Antonio Marcos de Aguirra Massola; 1992-1993 – Erney Plessman de Camargo; 1994-1997 – Imre Simon; 1998 -2004 – Paulo César Masiero.

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especialistas. O CCE passava por um momento de transição e também de crise de recursos ao final da gestão do reitor Hélio Guerra. A situação da falta de recursos mudaria após a Constituição de 1988. Com a saída do prof. Fadigas, o reitor Hélio Guerra convidou Luís Guimarães Ferreira para substitui-lo na presidência da CCI. Justamente nessa época, Imre Simon voltava a trabalhar com computação na USP e também foi chamado para para ser membro dessa comissão. Nessa época havia algumas divergências em torno do que viria a ser esses computadores pessoais

Mas havia discussões bastante fortes para saber se a Universidade entrava ou não nessa linha de computação, e eu tive a sorte de estar no lugar certo na hora certa, participar dessa decisão, argumentando evidentemente pela descentralização, pelos computadores pessoais. Imre Simon

A política da USP, naquele momento, seguia no curso de centralizar todos os recursos de computação no Centro de Computação Eletrônica, justamente para o compartilhamento com toda a comunidade acadêmica. Com o tempo isso foi abrandando. Em 1984, por iniciativa do reitor Hélio Guerra, pode-se dizer que começou a descentralização da computação na Universidade de São Paulo. Ele lançou um projeto de compra de computadores pessoais, foram aproximadamente 200 unidades. Enquanto isso, o CCE lidava com as questões da manutenção dos computadores pessoais e a consequente criação de um setor no CCE com esta finalidade. Outros assuntos passaram a fazer parte da discussão como quais programas utilizar, os altos custos de licenciamento e o treinamento de docentes e funcionários. Estas questões foram enfrentadas de forma mais atuante apenas na década de 1990. Oripide Cilento Filho, engenheiro que trabalhou no CCE de 1985 até 1999, lembra-se das compras dos primeiros lotes de PCs e as dificuldades impostas pela Reserva de Mercado limitando as licitações pelas marcas nacionais da época, como Microtec, Nova Data e a homônima CCE, fabricante de eletrônicos, entre outras nacionais existentes. Os consertos de microcomputadores, terminais e monitores se intensificou por volta de 1987. Foi neste ano que começaram as compras maciças de terminais e microcomputadores. Inicialmente o setor de manutenção do CCE ficou instalado no prédio de Minas da Escola Politécnica. 60


Parte 2: Estruturação do CCE

Computador da marca Polimax. Foi um dos primeiros PCs adquiridos pela USP, início da década de 1980. Acervo de informática do CCE. Apesar da crescente aquisição de microcomputadores pela USP, por volta de 1984/85, com exceção do diretor que tinha um micro próprio, o CCE dispunha de apenas um microcomputador para uso comum de todos os seus funcionários e ele ficava numa caixa trancada com um cadeado.

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1989

1999



Parte 3. CCE como unidade universitária

E

m 1988 o Brasil conhecia sua Constituição Cidadã1, chamada assim pelo deputado Ulisses Guimarães. Um ano depois, baseado no princípio da nova Constituição, o governador de São Paulo decreta a autonomia institucional, orçamentária e financeira das três universidades estaduais paulistas, garantindo um percentual de recursos provenientes da arrecadação do ICMS.

Na área tecnológica, foi o ano da primeira conexão Bitnet no Brasil, entre o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) do Rio de Janeiro e a Universidade de Maryland, EUA. Alguns meses antes de 1988 chegar, a Universidade de São Paulo já trabalhava no projeto da nova estrutura organizacional do CCE. O objetivo era que ele pudesse atender a ampla informatização que já estava acontecendo na USP. O reitor Goldemberg participou diretamente dessa discussão, assim como a professora Elisa Wolynec, que assumira a Coordenadoria da Administração Geral, além de Heraldo Luiz Marin, que na época atuava no Departamento de Sistemas de Informação da Reitoria, mas ainda era funcionário do CCE. Os três juntos desenvolveram uma nova estrutura para o Centro de Computação Eletrônica, nos moldes da Codage, a Coordenadoria da Administração Geral.

1. Promulgada no dia 5 de outubro de 1988, a Constituição foi considerada cidadã, por ser a mais completa entre as constituições brasileiras, com destaque para os vários aspectos que garantiam o acesso à cidadania. Foto ao lado: Sala Pró-Aluno do CCE, também era chamada de sala de referência.


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O projeto deu frutos. Em janeiro de 1988 a USP publicou a Resolução que reestruturava o CCE, passando o centro a ser uma coordenadoria, agora com dotação orçamentária própria. Geraldo Lino de Campos continuou na direção como coordenador, mas logo saiu para ingressar na Escola Politécnica, como professor. Foi substituído, no mesmo ano, pelo doutor em engenharia Heraldo Luiz Marin. 2

Com a Resolução, dissolve-se a Comissão Supervisora e a CCI (Comissão Central de Informática) passou a supervisionar as atividades do CCE. A gestão de Heraldo Marin ocorreu durante a segunda metade do mandato de José Goldemberg à frente da Reitoria e perdurou até o final de 1990. Caracterizou-se, principalmente, por uma extraordinária expansão dos sistemas de processamento de dados administrativos e pelo crescimento da rede ligada ao mainframe Unisys. O CCE já havia produzido o primeiro sistema feito sob a gestão Goldemberg, chamado de sistema de protocolo Proteos. Para o seu funcionamento foi instalada uma rede de processamento de dados por todos o campi da Universidade, com cerca de 200 terminais e treinamento para todos os usuários administrativos.

Eu me lembro que na inauguração do sistema Proteos3, lá num evento na Reitoria, eu era um jovem técnico, todo orgulhoso do que eu tinha feito. Ai eu chamei o professor Goldemberg e disse: ‘Professor, veja o que a gente conseguiu fazer. Essa foi uma grande conquista, não é fácil fazer um sistema desse tipo...’. E ele respondeu assim: ‘Não. A grande coisa que você fez foi mudar a cabeça das pessoas. O sistema que você fez vai ficar obsoleto em dois anos, mas o que não vai ficar obsoleta é a mudança que estamos operando na cultura da Universidade’. Heraldo Luiz Marin

2. Resolução USP nº 3386 de 7 de janeiro de 1988, dispôs sobre a reestruturação do CCE. No seu artigo 1º que o órgão deve ser dirigido por um coordenador designado pelo reitor. 3. Proteos é um sistema para registro e acompanhamento dos processos administrativos gerados pela USP. Ele existe até hoje, mas em nova versão. 66

O efeito conjugado destes dois movimentos – expansão dos sistemas administrativos e extensão da rede – levou a Universidade de São Paulo a um primeiro estágio de automação de processos e procedimentos que desencadeou uma verdadeira revolução cultural interna no plano administrativo. Ao término deste período, os métodos utilizados pela administração universitária haviam passado de manuais, descentralizados, desconectados, ineficientes e até mesmo rudimentares, a métodos completamente automatizados.


Parte 3: CCE como Unidade Universitária

Heraldo Luiz Marin Coordenador do CCE (1988-1990). Foto de 2002.

Bitnet: a primeira conexão na USP A Bitnet (acrônimo de Because It´s Time Network) foi criada em 1981, nos EUA. Ela era administrada pelo CREN (Corporation for Research and Educational Networking) e uma conhecida rede remota de comunicação, voltada para o meio acadêmico que utilizava um programa da IBM chamado RSCS (Remote Spooling Communication Subsytem). Oferecia os serviços de correio eletrônico e de transferência de arquivos entre computadores de grande porte para instituições educacionais e de pesquisa na América do Norte, América do Sul, Europa e Japão. A Bitnet usava o protocolo NJE (Network Job Entry) e não o TCP/IP usado pela Internet, embora fosse possível a troca de mensagens entre essas duas redes. No Brasil a primeira conexão à Bitnet foi uma ligação de 9.600 bps entre o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), no Rio de Janeiro e a Universidade de Maryland, nos EUA, porém ela não evoluiu e acabou desativada com a mesma velocidade inicial. A segunda 67


Do cartão perfurado à nuvem: História do Centro de Computação da USP

ligação aconteceu cerca de um mês depois, e hoje vista como o marco da entrada do Brasil nas redes computacionais, foi a linha dedicada de 4.800 bps, estabelecida entre a Fapesp e o Fermilab (Laboratório de Física de Altas Energias), sediado em Batavia, EUA, isso também em 1988. Ela possibilitou ao CCE se ligar, imediatamente, à Fapesp e assim a USP a entrar na era das redes computacionais. A ligação da Fapesp e Fermilab contou com a participação de Demi Getschko. Quando ele saiu do CCE e foi para a Fapesp, descobriu que havia uma iniciativa no LNCC para uma conexão acadêmica. Na verdade muitos outros estavam tentando se conectar a Bitnet. A Fapesp acabou sendo rápida, pois se ligou quase ao mesmo tempo que o LNCC. Naquele ano o presidente da Fapesp era o professor da Universidade de São Paulo Oscar Sala, grande incentivador das ciências e das comunicações. Ainda em 1988, Sala criou o projeto rede ANSP (an Academic Network at São Paulo) para a interconexão das redes das três Universidades estaduais paulistas e do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) à Fapesp.

Topologia da Rede de Teleprocessamento

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Parte 3: CCE como Unidade Universitária

A equipe da Fapesp teve uma vantagem, um “acidente de percurso”, pois o pessoal da Bitnet, ao ver que a Fapesp trazia cinco instituições com ela (USP, Unicamp, Fapesp, Unesp e IPT) não achou razoável que todas elas fizessem parte da rede americana. Então propuseram que se criasse uma sub-rede local. E assim também nasceu a semente da ANSP. Desde o princípio a ANSP contou com a participação de técnicos do CCE e de outras instituições, em especial da Fapesp, na administração dos serviços de conexão. Esta participação do CCE nos projetos de construção das redes de computadores marca a importância deste Centro já naquele período. Embora já existissem algumas redes internacionais, a primeira conexão das instituições pertencentes à ANSP com os Estados Unidos foi por meio da Bitnet. Outra importante rede surgiu no ano de 1989, lançada pelo CNPq, a Rede Nacional de Pesquisas (RNP), no entanto o backbone nacional da RNP começou a ser instalado apenas em 1991, com linhas de 9.600 bps. A RNP e a USP-CCE viriam assinar um convênio anos mais tarde. A Bitnet era uma rede cooperativa, cujos custos eram repartidos por cada instituição participante. Assim, cada nó 4 ou elo da rede, contribuía com linhas de comunicação, pontos intermediários de armazenamento de dados e hardware necessário para fazer a sua parte funcionar. Não muito tempo depois da conexão com a Bitnet na USP ficar disponível, a ideia de uma rede que agregasse todos os serviços já estava madura e em testes no CCE. Foi no início de 1989 que ela recebeu o nome de Rede USP, sendo o campus de Bauru o primeiro do interior a se integrar a ela. Nesta época a USP vivia uma extraordinária expansão dos sistemas de processamento e dados administrativos e pelo crescimento da rede ligada ao Unisys (chamada de Rede Astir5 - Rede de Terminais Administrativos). Esta rede chegou a contar com cerca de 1.600 terminais propriamente ditos ou microcomputadores emulando terminais abrangendo todas as Unidades Universitárias. Foram muitos os desafios para a sua implantação, uma delas a dificuldade de conexão com os prédios das unidades administrativas e de ensino e os campi do interior. A rede consistia na conexão de um computador do CCE (na época Unisys) à Bitnet e o provimento de um microcomputador por unidade para acesso, via linha discada, ao Unisys. A Rede Astir ainda permitia o acesso ao sistema integrado de bibliotecas (Mouseion) e os serviços de consultoria do CCE. Fora da USP a conexão era com a Bitnet e RENPAC, serviço fornecido pela Embratel., ao VAX da Fapesp e ao IBM 4341 da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

4. Na rede física o nó significa um dispositivo eletrônico ativo que está ligado a uma rede, e é capaz de enviar, receber ou transmitir informações através de um canal de comunicação. 5. Por volta de 1990 a Rede USP passou a se chamar Rede Astir. 69


Do cartão perfurado à nuvem: História do Centro de Computação da USP

Na época a infraestrutura de comunicação era incipiente no Brasil, e conseguir uma linha telefônica privativa era muito difícil. Algumas ligações dentro do campus USP Capital, por exemplo, ligando o CCE ao IME (Instituto de Matemática e Estatística), precisava disponibilizar uma linha para isso. Os protocolos utilizados, alguns programas bem antigos, muitos deles necessitavam da interferência dos analistas do CCE para o desenvolvimento de tarefas específicas que contornassem a carência de uma tecnologia mais avançada. Quando a USP se integrou à Internet, em 1991, a Bitnet foi sendo substituída pelo conjunto de protocolos TCP/IP (Transmission Control Protocol/Internet Protocol). Por algum tempo, as redes Bitnet e Internet conviveram usando a mesma infraestrurura até que a Bitnet foi desativada no Brasil em 1996.

Nova estrutura Heraldo Luiz Marin foi sucedido na Coordenadoria do CCE, no início de 1990, pelo professor Carlos Antonio Ruggiero – o “Totó”, professor do Instituto de Física e Química da USP de São Carlos. Sua gestão começou pela implementação de uma reestruturação6. Foram extintos os antigos departamentos de Processamento Científico, de Sistemas de Informação e de Operação e Manutenção e criadas duas coordenadorias adjuntas:

6. Oficialmente instituído pela a Resolução n. 3698, de 6 de junho de 1990. 70

Carlos Ruggiero, o Totó, ao lado do minisupercomputador Convex C220.


Parte 3: CCE como Unidade Universitária

CAPC (Coordenadoria Adjunta de Processamento Científico) e CAPA

(Coordenadoria Adjunta de Processamento Administrativo). Para dirigir a CAPC foi convidada a professora Marília Junqueira Caldas, professora do Instituto de Física, usuária frequente dos serviços do CCE. O primeiro coordenador adjunto de processamento administrativo foi o engenheiro Victor Francisco Mammana de Barros, que havia reassumido suas funções no CCE, após servir à Fapesp como gerente de informática. Foi posteriormente substituído no cargo pela professora Helena Maria Carmo Antunes, da Escola de Engenharia de São Carlos. As mudanças não foram fáceis. Para começar, mesmo que reconhecida por ser uma universidade de ponta no que se referia à computação, a USP estava ainda bem atrasada. E isso afetava não só aos alunos da graduação como das áreas ligadas à pesquisa. Quando assumiu a coordenação adjunta de Processamento Científico, Marília Junqueira Caldas precisou contornar algumas dificuldades.

É claro que a USP era uma universidade séria, sempre foi, mas na parte de computação estávamos extremamente atrasados. Então, em 1990, quando eu fui para o CCE como coordenadora adjunta de Processamento Científico, eu tive muita dificuldade com os próprios analistas. Eles eram ótimos profissionais, mas quando eu dizia, por exemplo, que eles tinham de aprender Unix, eles achavam que eu estava contando uma anedota. Marília Junqueira Caldas

Embora no mundo a linguagem HTML estivesse sendo desenvolvida e dando início ao www (world wilde web), os analistas de atendimento estranhavam quando Marília dizia que tinham que aprender Unix, porque as linguagens que eles utilizavam iriam acabar. Foi um começo difícil, as pessoas pareciam não entender quando ela refutava todas essas linguagens que estavam usando, ela queria Unix na computação científica, e que os computadores dos alunos tivessem Windows, isso porque não só a rede deveria utilizar o protocolo da Internet, mas os computadores também deveriam utilizar uma linguagem em comum, tinham que se comunicar entre si; o usuário não podia ficar restrito a esta ou àquela máquina. Eles não entenderam quando Marília Caldas não quis Bitnet, mas Internet. 71


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Marília Junqueira Caldas ocupou dois importantes cargos no CCE: Coordenadora adjunta de Processamento Científico (1990 - 1992) e coordenadora (1994 - 2000). Demorou um tempo até que as coisas começassem a funcionar. Quando o projeto de criar a primeira rede Internet na USP foi apresentado, a equipe de analistas entendeu que o CCE só sobreviveria no futuro se tivesse rede. O entusiasmo da então coordenadora adjunta acabou contagiando a equipe. Assim, os primeiros passos para a primeira Internet da USP, foram feitos “na raça”, com analistas de sistemas e de redes instalando os cabos e terminais até onde podiam levá-los. A equipe do CCE montou a rede com os recursos disponíveis, com analistas entusiasmados que ora faziam papel de eletricistas, ora de serviços gerais.

7. SLIP é um protocolo muito simples para transmissão através de linha serial. É considerado simples, porque foi desenvolvido como uma medida muito rudimentar para fornecer duas camadas de enquadramento quando necessário. Foi criado informalmente 1980 e publicado em 1988. 72

Como uma solução de conexão, Totó trouxe o SLIP7 (Serial Line Internet Protocol), ele foi o primeiro software para se conectar à rede, mas funcionava muito precariamente. A primeira ligação foi com o prédio da Matemática. Na época, Aziz Salem era o responsável pela Divisão de Conexão de Redes e sinalizara para as equipes que começaria um processo de interligar os prédios do campus. A tarefa contou com Luíz Carlos Cunha, Elcio Eduardo entre outros. Não existia fibra óptica, mas sim modem e cabo telefônico. Esta situação perdurou por um pouco mais de um ano, até o final da gestão de Totó. Alguns anos depois, viria uma verba da Fapesp que permitiria uma grande compra de fibras para uma nova rede na universidade.


Parte 3: CCE como Unidade Universitária

Até então, Marília Caldas era a pessoa que correu atrás das verbas, “passava o chapéu”, tendo a USP como garantia de um grande nome. O processo foi difícil e a verba surgiria, bem como a rede de fibra óptica, quando Marília Caldas já não estaria no posto de coordenadora adjunta de Processamento Científico. Ela saiu em 1992, segundo justificou, “porque estavam desmanchando o CCE”. Dois fatos relevantes ocorreram na gestão de Carlos Antonio Ruggiero: primeiro a chegada e instalação do minisupercomputador Convex C2208, e a inauguração do novo edifício do conjunto ocupado pelo CCE, ambos frutos de iniciativas de gestões precedentes. Foi também um tempo de muita dedicação a atividades de planejamento e organização, além de evolução dos sistemas de processamento de dados administrativos, com maior exploração das possibilidades do acesso on-line ao mainframe Unisys para obtenção de relatórios.

8. Fabricado pela Convex Computer Corporation, o minisupercomputador Convex C220 possuía: processador vetorial, 100 milhões de operações de ponto flutuante por segundo, 128 Mb de memória física e 16 bilhões de bytes de armazenamento no disco rígido. Em 1995, a Hewlett-Packard comprou a empresa Convex Computer.

Sobre a foto da década de 1970, foi feita a representação gráfica (em vermelho) da localização do novo edifício do Centro de Computação Eletrônica. Ele foi construído junto ao Biênio da Escola Politécnica e ligando-se aos outros prédios e instalações da Poli e CCE. O novo edifício foi inaugurado em 1991 e contou com financiamento do programa USP-BID. 73


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Por outro lado, a conjuntura política e econômica vigente à época trouxe grande dificuldade para a importação de componentes para manutenção. Isso levou quase à paralisação das atividades de manutenção de microcomputadores e de terminais. Essa situação acabou por abalar a imagem do CCE perante a comunidade universitária e gerou uma grande onda de reclamações. Esse fato provocou diversas mudanças e Carlos Ruggiero desligou-se da Coordenadoria do CCE em 1991.

Reformulação da informática Em meados de 1991, o professor Antonio Marcos de Aguirra Massola, da Poli, assumiu a coordenadoria do CCE. Ele aceitou o convite do reitor Roberto Leal Lobo e Silva Filho para assumir o cargo, além de outras responsabilidades que então já exercia na Administração Universitária, dentre as quais a direção da DTe (Divisão de Telecomunicações), órgão encarregado da administração dos serviços de telefonia em todos os campi da USP, embora formalmente vinculado à Prefeitura do Campus da Capital.

Nós reformulamos tudo, toda a parte administrativa de informática da Universidade foi transferida para o núcleo de informática da Codage (Coordenadoria de Administração Geral, órgão da Reitoria). Ao CCE coube manter toda a infraestrutura de apoio à informática da Universidade, apoio aos projetos de redes e toda a computação científica. Antonio Marcos de Aguirra Massola

Lobo queria que Massola implementasse uma política ousada de informática na Universidade, assim como fazia como diretor de telecomunicações. Desta forma, Massola criou um projeto integrado com a área de telecomunicações que passou a realizar trabalhos conjuntos com o CCE. O início da gestão de Massola foi dedicado à recuperação da imagem do CCE. Pacientemente procurou-se reativar o processo de aquisição de peças e de componentes para manutenção de microcomputadores, ao mesmo tempo em que se intensificaram as atividades das demais áreas. As características do Centro de Computação Eletrônica foram reformuladas e definiu-se um plano do que deveria ser a informática na USP. Entre as novas decisões, a transferência da equipe dos sistemas administrativos para a Reitoria. 74


Parte 3: CCE como Unidade Universitária

Antonio Marcos de Aguirra Massola Coordenador do CCE no período 1991-1994. Foto 2002. Duas reformas9organizacionais ocorreram nos anos seguintes. A primeira consistiu na extinção da CAPC, conjugada com a transformação da CAPA em Coordenadoria Adjunta única, ainda sob o comando de Helena Antunes. A segunda consistiu na criação, do Departamento de Informática (DI), subordinado à Codage (Coordenadoria de Administração Geral), após a transferência do grupo constituinte da antiga CAPA. No mesmo movimento, outros oito analistas de sistemas do CCE foram transferidos para oito unidades universitárias, o que foi explicado como sendo o início de uma descentralização da prestação de serviços de informática. Segundo Antonio Massola, foi em agosto de 1992 que a CCI começou a analisar os problemas relacionados aos sistemas computacionais da USP. A decisão foi pela descentralização da informática e à reformulação da estrutura organizacional para o desenvolvimento dos sistemas administrativos e acadêmicos. A justificativa para a descentralização estava na experiência de algumas universidades estrangeiras, entre elas a de Stanford, nos EUA, e a conclusão da inviabilidade estratégica de manter um centro de computação contendo todas as informações e recursos humanos da Universidade num único lugar. À frente da proposta estava Erney Plessman de Camargo, pró-reitor de Pesquisas da USP e presidente da CCI. Em abril de 1993 a notícia sobre a descentralização chegou ao CCE e veio com a transferência de pessoal e algumas demissões. Os funcionários

9. A Resolução n. 3919, de 31 de março de 1992, extingue as coordenadorias adjuntas de Processamento Científico e de Processamento Administrativo. 75


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que vivenciaram este momento dão outra versão para a justificativa oficial. Até hoje acreditam que a pressão da reivindicação salarial e a ameaça de greve, proposta por uma parte dos funcionários naquela época, fizeram os dirigentes optarem por um “desmonte” do CCE, assim minimizando uma possível parada de todo o sistema computacional da USP. Embora fosse anunciada uma segunda etapa de reestruturação do CCE, onde ele seria dividido em dois centros distintos: Centro de Telecomunicações (CETEL) e um Centro de Informática da Capital (CIC), isso acabou não acontecendo. A efetiva descentralização ficou apenas na primeira fase, com a transferência de 20 analistas de sistemas para a Reitoria e o remanejamento de mais 25 para outras unidades, ampliando a descentralização10 da informática nos campi da USP. 10. Jornal da USP. A descentralização da informática. São Paulo. n. 250, 1993.

Com a nova formatação as atividades do CCE voltaram-se para suporte ao usuário científico; operação dos computadores centrais; manutenção dos equipamentos relacionados com a microinformática e terminais de

Na reestruturação do CCE, de 1992, foi constituída a Divisão Técnica de Manutenção (DTM), responsável pela manutenção de microcomputadores. 76


Parte 3: CCE como Unidade Universitária

Edição de 1989 do house organ do CCE: “USP Informática”. A informatização era tema frequente.

processamento, bem como das redes de comunicação de dados, salas do projeto Pró-Aluno; e suporte aos sistemas computacionais do CCE. Com a extinção das duas coordenadorias adjuntas, o CCE passou a ter apenas um coordenador. Deste modo, o reitor não indicaria três nomes – mas apenas um. Todas estas mudanças ocorriam no início da concepção da USPnet, a rede computacional que viria a substituir a Rede Astir. Em agosto de 1993, o reitor Roberto Leal Lobo e Silva Filho renunciou a seu mandato, assumindo a Reitoria seu vice-reitor, o professor Ruy Laurenti, que além de assegurar a continuidade da Administração Universitária, fez realizar a eleição de um novo reitor. Massola permaneceu na Coordenadoria do CCE até o término da gestão de Ruy Laurenti à frente da Reitoria. A posse do reitor Flávio Fava de Moraes aconteceu em novembro de 1993. Massola transferiu o cargo de coordenador do CCE para Marília Junqueira Caldas, assim iniciando a sua segunda fase de trabalho na unidade, justamente num dos períodos mais importante para a rede computacional da Universidade de São Paulo. 77


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Informatização dos processos administrativos A informatização dos processos na Universidade começou por volta de 1986, durante a gestão do reitor José Goldemberg. Nesse período houve um boom na informatização da USP, devido a opção do reitor pela modernização e racionalização dos processos administrativos. O objetivo era permitir a tomada de decisão com bases em informações sólidas, melhor definidas e transparentes. O primeiro sistema administrativo criado pelo CCE, juntamente com a administração central da Reitoria, recebeu o nome de Proteos. Para desenvolvê-lo foi necessário contornar as barreiras da burocracia e da complexidade dos fluxos de atividades. O apoio da administração central, a construção da Rede USP e o treinamento dos funcionários fez crescer a automação da USP, vivia-se um momento de prosperidade, como lembra o analista de sistemas Luís Moreira.

É gostoso relembrar a energia que tínhamos, o pique daquele momento. Falávamos naquela época que liberávamos sistemas como se fossemos uma loja McDonald´s. A cada semana estávamos inaugurando uma versão.

Luís Carlos Moreira Gomes

As perspectivas positivas deixaram a equipe de sistemas do CCE motivada para desenvolver uma série de aplicações corporativas com foco na área administrativa da Universidade. Era o final da década de 1980 e o portfólio do Departamento Técnico de Sistemas do CCE já era significativo: Proteos (Protocolo automatizado), SIAF (Sistema Integrado de Administração de Pessoal), Anibal (Sistema de Fornecedores), Almox (Sistema de Almoxarifado), Quiron (Sistema de Registro Acadêmico de Graduação e Pós-Graduação), Mouseion (Sistema Integrado de Bibliotecas), Donner (Sistema Integrado de Impressoras), Hermes (sistema de livrarias) e HMS (sistema de gerenciamento hospitalar). Mesmo com a modernidade, os processamentos eram lentos, mas nada igual ao que se via no início da década, onde por exemplo, para processar a matrícula dos alunos eram gastos, em média, três dias. Naquela época a fita magnética precisava ser lida de ponta a ponta, pois caso rompesse, precisava ter alguém para os ajustes necessários. Nestes velhos tempos era comum ver os analistas passarem suas noites dentro do CPD, 78


Parte 3: CCE como Unidade Universitária

naqueles períodos mais complicados de processamento, alguns até possuíam o seu próprio colchonete de dormir. Já no início da década de 1990, o sucesso da automação chamou a atenção de outras instituições de ensino do país, como a Universidade Federal do Paraná. Com ela foi feito um convênio de cooperação para o CCE ceder programas e oferecer assistência técnica. O mesmo aconteceu com a Universidade Federal do Alagoas e Universidade Federal do Ceará. O desenvolvimento dos sistemas administrativos estava em fase de consolidação e já era estratégico para o CCE quando, em 1993, veio a notícia da descentralização da informática na USP e a consequente transfe-

Departamento de Informática da Reitoria (DI)

Na data de 20 de abril de 1993, sob a justificativa da descentralização da informática da Universidade de São Paulo, cerca de 20 analistas de sistemas do Centro de Computação Eletrônica, foram transferidos para a Coordenadoria de Administração Geral (Codage) da Reitoria. Antes no CCE, esses analistas atuavam no desenvolvimento e manutenção dos sistemas administrativos da USP. As transferências ocorreram de forma repentina, dado que a Reitoria ainda não dispunha de um espaço de trabalho adequado para receber os analistas. Por exemplo, não existiam terminais suficientes para todos. No âmbito organizacional, a equipe de analistas ficou vinculada a uma seção que respondia ao departamento financeiro. Em outubro de 1993, o prof. Hélio Nogueira da Cruz assumiu a direção da Codage, e observando a importância do trabalho desenvolvido pela nova seção, convidou seu colega da FEA, o prof. José Carlos de Souza Santos, para liderá-la. Graças aos esforços do professor José Carlos, a ideia da formatação de um departamento foi sendo consolidada aos poucos. Finalmente em 1º de novembro de 1994, o Departamento de Informática (DI) foi oficialmente constituído. No princípio com dois grupos de trabalho: Desenvolvimento de Sistemas, liderado pela analista Eunice da conceição Nascimento Onoe e Manutenção de Sistemas, liderado pelo analista Luís Carlos Moreira Gomes.

Concomitante às medidas de descentralização de 1993, o prof. Imre Simon já articulava uma migração dos sistemas para plataforma baixa, e como visionário, via uma oportunidade para desenvolver novos sistemas rodando em microcomputadores, essa onda tecnológica chamava-se downsizing, que significa retirar o programa do mainframe, no caso da USP um Unisys, e fazê-lo rodar em pequenos servidores e microcomputadores numa arquitetura cliente-servidor. Quando Imre passou a ser presidente da CCI, em 1994, sua aspiração torna-se possível com o projeto de modernização e reestruturação dos sistemas administrativos da USP. Embora em fase inicial, a USPnet já era realidade, e assim, os sistemas corporativos passaram a ser desenvolvidos pelo DI sob este novo paradigma. Os primeiros dois anos foram fundamentais para a criação do novo modelo de dados corporativo. O primeiro sistema a ser inaugurado sob a nova tecnologia foi o Fênix, em 1995, e deste momento em diante , ano a ano, os demais foram surgindo. Os diretores do Departamento de Informática foram: José Carlos dos Santos (1994-1995), Siang Wum Song (1995-1998), Paulo Feofiloff (1998-1999), Luis Carlos Moreira Gomes (2006-2011), Luiz Natal Rossi (19992006) (2011-2013).

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rência da sua equipe de sistemas para a Codage, seguindo com ela todas as atividades e projetos. Apesar das primeiras semanas de tensão, quando os agora antigos analistas do CCE tiveram que recomeçar o trabalho em outro local e estrutura organizacional, Luís Moreira considera positivo o período que antecedeu a criação do Departamento de Informática da Reitoria, pois a equipe teve tempo e liberdade para repensar sobre a informática da USP. Na nova casa a primeira medida foi unificar os sistemas existentes, chamados de Sistemas Integrados, na prática não estava tão integrado assim, pois haviam banco de dados e cadastros independentes para cada um deles. A equipe ficou cerca de dois anos pensando nessa efetiva integração e o resultado acabou revolucionando os processos de trabalho na Universidade. O professor Luiz Natal, que viria a ser diretor do DI em 1999, reconhece a exata dimensão deste período e de outros como este para a USP.

A USP é um desafio à parte. Eu reconheço e sempre digo que eu me sinto privilegiado. Porque em 1999, já estava pronto o alicerce. Esse trabalho foi feito nas décadas anteriores, as pessoas que organizaram a informática na USP fizeram isso com muita competência. Luiz Natal Rossi

Em 1994 ainda havia um desconhecimento sobre as áreas de informática, as pessoas tanto não sabiam o que um analista de sistemas fazia como a sua filosofia de trabalho. Nessa fase, quando os analistas do DI passavam horas e dias em frente a um monitor, pensava-se que não estavam fazendo nada, pois parecia não sair nenhum resultado dali. No entanto, Nicolau Reinhard e Imre Simon11 tinham a exata dimensão do que estava acontecendo. Eles sabiam que todo o processo precisava passar por esse momento de introspecção produtiva. Vivia-se o momento do downsizing.

11. Nicolau Reinhard e Imre Simon faziam parte da Comissão de Acompanhamento do projeto de Modernização Tecnológica da Informática Administrativa (MTIA). Uma das medidas do projeto era a substituição da Rede Astir pela USPnet implementando novos sistemas para rodar em microcomputadores. 80

Quem não estava junto desconhecia, mas a equipe estava enfrentando um grande desafio naqueles primeiros anos, pois foi necessário desenvolver as ferramentas que serviriam de apoio para desenvolver outra ferramenta para gerenciar todos os sistemas. As equipes do CCE e DI e os centro de informática do interior trabalhariam integrados várias vezes nos anos seguintes, todas elas em projetos importantes para a Universidade. O primeiro da lista foi o projeto MTIA (Modernização Tecnológica da Informática Administrativa).


Parte 3: CCE como Unidade Universitária

Sucesso do Programa Pró-Aluno Paralelamente às mudanças organizacionais pela qual passava o CCE, uma mudança cultural e tecnológica acontecia: o microcomputador estava cada vez mais próximo das atividades da comunidade acadêmica. Ciente do seu papel, o CCE trabalhava para prover uma boa infraestrutura computacional e treinamento, mas antes precisaria vencer o desafio da migração dos mainframes para os PCs. Alguns relatórios sobre a situação, a maioria dirigidos à CCI, indicavam o caminho do treinamento. Um deles de 1991, emitido pela então diretora da Divisão Técnica de Consultoria ao Usuário, Maria Cecilia de Mello Amorozo Francisco, apresentou uma proposta para ampliação e melhoria do acesso digital dos alunos. No projeto “Apoio Computacional ao Ensino de Graduação”, um trecho diz: “[...] infelizmente, hoje o aluno de graduação da USP encontra-se muito afastado dos progressos da informática.” Poucos funcionários conhecem tão bem o CCE quanto Cecilia Amorozo. Ela começou como estagiária, em 1974, no ano seguinte já estava contratada como funcionária.

Sala Pró-Aluno do CCE, foto de 1998. O ambiente sempre descontraído e amigável entre os estudantes. 81


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Foi em 1991 que surgiu a concepção do que viria mais tarde ser o Programa Pró-Aluno. Ele começou como um projeto chamado “Apoio Educacional ao Ensino de Graduação”, da CAPC. Nele é recomendada a necessidade da difusão e cultura da informática e proporcionar os recursos mínimos aos alunos em geral. Nesta época, o CCE já dispunha de uma sala de alunos que funcionava 24 horas por dia, sete dias por semana no período letivo. Ela estava equipada com 32 terminais Sagitta, ligados ao computador Unisys B 7900, e com 80 microcomputadores ligados em 5 redes. O acesso era restrito aos alunos inscritos em disciplinas que utilizavam a informática.

Capa do Caderno do Programa Pró-Aluno. Edição com regulamentos, regras, regimento interno e guia do aluno. Ed. 1997, 44 páginas. Capa ilustrada pelo aluno Frederico de Aquino. Ele também foi monitor do Pró-Aluno da sala de referência CCE. 82


Parte 3: CCE como Unidade Universitária

Inauguração da Sala de Referência do CCE - Sala Pró-Aluno. O reitor Marcovitch, em pé à direita e Heloísa Nogueira. Sentados o pró-reitor de gradução Carlos Alberto Dantas e o aluno, hoje professor da Poli, Eduardo Lorenzetti. Os programas disponíveis nas redes eram o sistema operacional DOS, e a linguagem Turbo Pascal, nas versões 2.1 e 3.0, respectivamente, que na época já eram versões antigas. Mesmo a sala não apresentando as condições ideais, no ano de 1990 foram inscritas 78 disciplinas, sendo 12 de pós-graduação, num total de 11.900 usuários autorizados. A ideia era evoluir para uma rede melhor, mais segura e efetuar uma considerável aquisição de novos programas. Havia o problema do alto custo dos programas para todas as máquinas, por isso a saída foi conseguir versões antigas. O dinheiro foi surgindo à custa de se falar com um ou outro. No caso dos programas, Marília Junqueira Caldas, na época coordenadora adjunta de Processamento Científico do CCE, conseguiu o apoio da Microsoft para fornecer seus programas gratuitamente. A garantia que a empresa exigia era que o CCE fizesse o uso regular da doação, sem pirataria. Além dos programas, a doação da Microsoft incluía os manuais em número suficiente para a consulta dos alunos. Marília considera o Pró-Aluno a sua “menina dos olhos”. Um dos objetivos firmados era instalar dez salas, cinco na Capital e cinco no Interior, equipadas com microcomputadores e software para uso exclusivo dos alunos de graduação em geral. Esse projeto foi apresentado à Reitoria em fevereiro de 1991, obtendo a sua total aprovação. Assim a administração central iniciou a aquisição dos equipamentos, enquanto o 83


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CCE se encarregava de toda a parte técnica de instalação das salas. Neste

começo, para administrar o projeto das novas salas estavam José Eduardo Magalhães Marinho e Heloísa Nogueira de Lima. Em 1992, iniciou-se a instalação das primeiras salas que receberam o nome de Salas Pró-Aluno. Ainda neste ano, a Reitoria decidiu estender o projeto para as unidades de ensino que se interessassem. Ao final de 1993, 36 salas estavam instaladas e em pleno funcionamento. O projeto deu tão certo que, com o intuito de fortalecer a iniciativa, em 1994, a administração central decidiu institucionalizar 12 a execução do “Projeto de Apoio Computacional ao Ensino de Graduação” vinculando-o à Pró-Reitoria de Graduação e dando-lhe o nome de Programa Pró-Aluno. 12. Sua institucionalização pelo Regulamento do Programa Pró-Aluno aprovado pela Resolução do Conselho de Graduação (CoG) n. 4133, de 17 de novembro de 1994.

A Pró-Reitoria de Graduação ficou responsável pelos recursos financeiros necessários ao funcionamento do programa, como aquisição dos computadores, custeio de licença do programa e pagamento das bolsas para os monitores. Ao CCE cabia cuidar da parte técnica como instalação e manutenção da rede local, instalação dos programas e conserto de equipamento, além de ficar como órgão coordenador do Programa.

Nos últimos anos, a sala Pró-aluno do CCE contava com 15 monitores, devidamente treinados para atender os alunos. 84


Parte 3: CCE como Unidade Universitária

As Unidades de ensino também poderiam ter uma Sala-Pró-Aluno, contanto que assumissem a responsabilidade pela infraestrutura do espaço, como mobiliário, ar condicionado, instalações elétricas etc. No organograma do CCE o Programa Pró-Auno funcionava como seção e respondia à Divisão de Atendimento ao Usuário. Sua equipe de trabalho também era responsável pelo controle e gerenciamento de todas as salas do projeto, tudo sob a supervisão de Heloisa Nogueira Lima. A Sala Pró-Aluno do CCE, internamente chamada de sala de referência, foi criada para servir de modelo para as outras salas espalhadas pelos campi USP. A expectativa é que fosse uma espécie de laboratório para aplicação das novas tecnologias e de infraestrutura. Por ser a maior sala Pró-Aluno do Programa, com 80 computadores, impressoras em perfeitas condições de uso e uma ótima infraestrutura, ela atraia alunos de todas as unidades. Era muito comum formaram-se filas de alunos no final de cada semestre. Outra facilidade era o apoio dos monitores13. Na primeira metade da década de 1990, a maioria dos alunos desconhecia como funcionavam os programas de texto ou tarefas simples, como gravar ou apagar arquivos, e a ajuda dos monitores era fundamental para eles. Todas estas condições contribuíram para a sala do CCE ser a mais procurada, apesar da Cidade Universitária contar com outras salas Pró-Aluno. Desde a sua inauguração, o projeto reuniu histórias curiosas, algumas engraçadas e outras nem tanto. A protagonista principal chama-se Carla Barros, técnica de informática e responsável pela sala Pró-Aluno do CCE, praticamente desde a sua inauguração. A popularidade da Carla lhe rendeu uma comunidade no Orkut, criada pelos alunos. Ela realmente levava jeito para se relacionar com as pessoas e administrar os conflitos da sala, sempre com humor e bom-senso. E precisava! Muitas vezes foi preciso lidar com casais de namorados mais afoitos, alunos nervosos com prazos para entrega dos trabalhos ou alunos inquietos para hackear algum micro. Qualquer que fosse o problema, as regras do Pró-aluno eram levadas a sério, apesar do ambiente descontraído. Carla lembra-se com bom humor daqueles momentos difíceis, quando precisou tratar com um aluno da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) que apresentava sérios distúrbios psicológicos. O estudante não gostava que ninguém lhe sorrisse. Certa vez ele surtou aos gritos e até tirou o diretor do CCE de uma reunião. Ele acreditava que todos os usuários da sala Pró-Aluno impunham opressão a Carla, devido ela ser negra, por isso, ameaçava fazer uso de uma bomba no

13. Segundo as regras do Programa Pró-Aluno, só pode ser monitor o aluno de graduação da USP, regularmente matriculado e que tenha completado o primeiro semestre do curso. 85


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CCE. Carla negociava com ele um “armistício” a cada crise apresentada

pelo estudante durante um ano inteiro. Outro caso curioso era a da aluna que levava consigo vários saquinhos de pano. Ao sentar em frente ao micro, eles eram retirados da roupa e bolsa e colocados sobre a mesa. Ninguém soube o que vinha dentro deles, todos tinham medo de lhe perguntar e mais medo ainda de saber. O perfil dos alunos que frequentavam a sala foi mudando com o tempo. No início do projeto a maioria deles era da área de exatas, basicamente estudantes da Poli ou Instituto de Matemática e Estatística. Era o tipo “micreiro”, isto é, possuía bons conhecimentos de informática e gostava de botar a mão na massa para consertar ou modificar o equipamento, ou mesmo usando um modo criativo de mexer no sistema. Depois surgiu a geração mais interessada na Internet e todas as suas facilidades. Esta geração nem queria saber de hardware ou tinha pretensão de abrir um computador algum dia. Estava mais interessada no conteúdo e suas implicações, era a geração de humanas. A seleção para contratar um monitor nem sempre seguia o método convencional, como análise do currículo, por exemplo, alunos que demonstravam alguma experiência em informática e frequentavam a sala, acabavam ficando sob a mira atenta da Carla.

Os (alunos) que davam mais trabalho na sala Pró-Aluno, os muitos espertos, eu contratava. Então quando o aluno estava sempre querendo derrubar o servidor, tentando invadir, eu ia lá e perguntava: Você quer ser o nosso monitor? Carla Barros

Nos últimos anos a sala Pró-Aluno do CCE contava com 15 monitores treinados e bem preparados para a função. Havia um programa de treinamento com workshop, seminários, encontros e até festas, tudo para ensinar as melhores práticas para ser um monitor do Pró-Aluno. Tudo isso contribuía para criar um ambiente acolhedor e de integração com toda a equipe. O Programa Pró-Aluno continua existindo, mas a sua administração ficou sob a responsabilidade da Superintendência de Tecnologia da Informação (STI) Foi por decisão desta, que em janeiro de 2011, a sala Pró-Aluno do CCE foi desativada e seus equipamentos distribuídos entre diversas salas do Programa na USP. 86


Parte 3: CCE como Unidade Universitária

Empenho na inovação Logo após se tornar reitor, no final de 1993, Flávio Fava de Moraes convocou Marília Junqueira Caldas para ser a coordenadora do CCE. A professora Marília Caldas voltava ao CCE com a experiência de já ter ficado de 1990 a 1992, como coordenadora adjunta de Processamento Científico. Neste retorno, ficaria de 1994 até outubro de 2000. Ela entende esta nova fase, como a que tirou o CCE da obscuridade em que estava, e o recolocou dentro da modernidade na parte de informática. A computação surgiu na vida de Marília Caldas quando cursava graduação em Física na USP, isso por volta de 1969. No curso a disciplina “Introdução à Cibernética”14 chamou a sua atenção, na época a palavra informática não era usada no Brasil. A partir de então passou a procurar todos os cursos sobre o assunto, o que depois lhe deu condições para atuar em importantes projetos, como por exemplo, compor a equipe de informatização da matrícula do Instituto de Física, a primeira Unidade a adotar tal procedimento de que se tem notícia. O professor José Goldemberg, então diretor do IF, já colocava em prática a modernização dos processos, depois como reitor continuou nesta empreitada.

14. Cibernética se origina do grego kibernetiké, que significa timoneiro, o que governa o timão de um barco. Na época em que os computadores começaram a ser usados, ainda não havia uma palavra que designasse esta atividade. Por isso, diferentes palavras foram adotadas e cibernética foi uma delas. Nesse contexto, cibernética significa o estudo das funções humanas de controle em relação aos sistemas mecânicos e eletrônicos com o objetivo de substituir os humanos.

Centro de Processamento de Dados do CCE, . Servidores da HP e Compaq em destaque. 87


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Foi quando Marília fazia seu doutorado em “Física Teórica em Matéria Condensada” que viu a necessidade de um computador de alto desempenho, pois sem um equipamento assim, teria dificuldade em realizar a sua pesquisa. Era 1978 e o IF possuía um computador para atividades científicas, mas era pequeno. No CCE ainda não havia um computador específico para atividades científicas. O que havia era usado para processos administrativos. Embora longe do ideal, era o que existia na época para os pesquisadores. O ritmo intenso de trabalho de Marília Caldas invadia as madrugadas, algumas vezes junto da equipe de alunos. Quando precisavam ter acesso ao computador, se deslocavam da Física até o CCE levando os cartões perfurados, ordenados e guardados em caixas. Eram outros tempos, não havia medo de andar pelo campus às duas horas da manhã. Quando foi para os EUA, para o pós-doutorado num laboratório do Departamento de Energia do governo americano, para ela ficou evidente que era realmente “um milagre alguém conseguir fazer alguma pesquisa no Brasil”. E, mesmo depois do seu esforço para a criação do LCCA muitos anos depois, ainda assim era difícil manter atualizados os equipamentos em relação à demanda por processamento avançado necessário para as pesquisas de ponta. Francisco Ribacionka, analista de sistemas atuante neste laboratório, participou de muitas negociações para uso de máquina.

Não tínhamos tantos recursos (computacionais), nem os professores tinham recursos próprios. Nós fazíamos reunião com os usuário, a Cecília Amorozo era quem comandava. Nós nos reuníamos para discutir as políticas de uso, e como eram poucos os recursos e para muita gente, era necessário estabelecer as leis. Então os grupos da Física e Química “brigavam” por mais tempo de máquina. Eram feitos acordos e o CCE organizava. Francisco Ribacionka

Voltando para a Universidade, a professora Marília Caldas foi atrás de quem pudesse melhorar as condições computacionais da USP, acredita que foram as suas reclamações a responsável por usa indicação para a coordenadoria adjunta de Processamento Científico do CCE. Por sorte, quando chegou em 1990, acontecia uma concorrência problemática para compra de um computador para uso científico; mas, no final, a própria empresa que tinha o computador administrativo, que era um Unisys, entrou em acordo com a Universidade de São Paulo e acabou instalando no início de 1991, um minisupercomputador científico, vetorial e de alto processamento, 88


Parte 3: CCE como Unidade Universitária

o Convex C220 avaliado pelo mercado internacional em um milhão de dólares. Ele viria inspirar a criação do LCCA alguns anos depois, quando Marília Caldas já estava como coordenadora do CCE. O Laboratório de Computação Científica Avançada nasceu para atender às pesquisas desenvolvidas na USP que precisavam de computadores com alto poder de processamento. Por exemplo, logo no príncipio do LCCA havia uma pesquisa do Instituto Oceanográfico que tinha o objetivo de aumentar a produção de peixes no oceano. Para efetuar os cálculos no computador, os dados de uma pequena parte do oceano eram captados por meio de um sensor instalado em boias que ficavam flutuando no mar, esses dados eram enviados para o satélite e deles para o computador. Essas informações precisavam de alto processamento, cálculos só possíveis para os computadores do LCCA.

Laboratório de Computação Científica Avançada (LCCA)

O LCCA é um laboratório virtual inaugurado em 18 de abril de 1995. Ele foi criado para atender às pesquisas que dependem de computação com alta capacidade de processamento. E, embora existisse necessidade deste tipo de recurso computacional na USP há anos, a dificuldade de importação e os custos de computadores dessa envergadura, adiou a criação do laboratório. Sua existência só foi possível com o primeiro aporte, vindo de um convênio de cooperação técnica com a Cray Research do Brasil, que instalou o supercomputador Cray EL98, batizado de “Dolphin” e uma estação de trabalho Sun Sparc 20, a “Turtle”. A estação atuava como front-end para acesso à rede. Na época da sua inauguração, o LCCA contava com seis Unidades Universitárias para uso do supercomputador: Instituto de Física, Instituto de Química, Engenharia Naval, Instituto Astronômico e Geofísico e a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto.

Devido a exigência de uma alta capacidade de processamento, os computadores do LCCA, não raro ficam obsoletos em pouco tempo. A constante atualização ou aquisição de novos computadores, exigem um trabalho frequente de cooperação com empresas internacionais. Em julho de 1998, quase três anos após sua inauguração, era feito um novo acordo de cooperação, em regime de comodato com a Digital. Dois supercomputadores Apha Servers 4.100, cada um deles com quatro processadores Alpha de 466 MHz. Estes equipamentos vinham com processadores unidos em clusters. O LCCA é dirigido por um conselho diretor, escolhido entre cientistas proeminentes da USP. Cada projeto recebe horas de CPU, mediante julgamento de mérito, realizado pelos membros do conselho. O papel do CCE é oferecer a infraestrutura e suporte técnico aos pesquisadores.

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Marília Caldas fez uma gestão bem atuante como coordenadora. Realizou as reformas organizacionais e até físicas que foram possíveis, destaca-se pelo empenho no projeto USPnet. Ela havia participado da equipe que ajudou a fazer o plano de informática da gestão Fava. Houve também um facilitador por ele ter sido diretor científico da Fapesp e, nesta posição, concebeu um programa de apoio à infraestrutura de pesquisa que dispunha de um significativo montante para investimentos. Na década de 2000, a Fapesp continuou oferecendo às universidades do Estado de São Paulo a possibilidade de obter financiamento para projetos de apoio à infraestrutura de pesquisa. A USP, por sua vez, continuou a submeter propostas que visaram a expansão e a atualização da USPnet. Na segunda metade da década de 1990, constituiu-se o LInt – Laboratório de Interoperabilidade, um local destinado a teste e configuração de equipamentos de redes ativos. Depois foram instalados no CCE os primeiros equipamentos para fazer funcionar um Estúdio Multimeios (EMM) para produção, armazenamento e distribuição de vídeo, áudio e outras formas de expressão por meio de imagens e sons. Uma das primeiras Unidades a usar seus recursos foi o Instituto de Física, para produção de vídeo das experiências. O EMM viria a ser inaugurado, oficialmente, em agosto de 2000. O Pró-Aluno, a “menina dos olhos” de Marília Caldas, passou a ter regulamentos e normas definidas, assim tornando o programa fortalecido e em funcionamento até hoje. Observando que a USP carecia de um espaço com recursos multimídia para a realização de eventos, cursos, seminários e workshop, Marília fez acontecer o USPoficina, um espaço para atender quem precisasse de salas com computadores e auditório com excelente infraestrutura. O USPoficina foi desativado por volta de 2003. Na época havia a intenção que ele fosse instalado no novo prédio, ainda em construção, onde ficaria a CTI, porém isso não aconteceu.

15. O projeto Penépole foi inspirado na personagem da mitologia grega com o mesmo nome. Foi baseado no conceito de que o ato de aprender é permanente, isso é, a cada novo dia é preciso recomeçar um novo saber. 90

No ambicioso projeto MTIA , este contava com o subprojeto Penélope15, que era um programa de treinamento para os funcionários da USP preparando-os para a onda de informática que já acontecia na Universidade. O CCE participou deste subprojeto com a coordenação entusiasmada de Marília. Por volta de 1997 o CCE já sofria com a falta de profissionais no seu quadro de funcionários com tendência de piora. Como forma de resolver


Parte 3: CCE como Unidade Universitária

o problema, Marília Caldas emitiu alguns relatórios a respeito, todos indicando o que poderia acontecer com o CCE, caso a sangria de profissionais de TI não fosse estancada e revertida. Apesar dos esforços, pouco pode ser feito diante dos altos salários pagos pelas empresas chamadas ponto com.

Organograma do Centro de Computação Eletrônica (1997)

Apoio à Pesquisa

ApoioEducacional EducaApoio

Suporte Básico

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USPnet: o projeto de Internet da USP O ano de 1991 marca a integração da USP à Internet. E, desde então, é criada a USPnet que passa a ser um dos principais projetos de infraestrutura de transmissão de dados da Universidade de São Paulo até hoje. Até esta ocasião a principal ligação entre o Centro de Computação Eletrônica da USP e a Fapesp consistia em uma linha telefônica de 9.600 bps. Ela, por sua vez, estava conectada com um canal com a mesma velocidade ao Fermilab, em Batavia, nos EUA, através do qual acessava à HEPnet (High Energy Physics Network) e daí a toda Internet. Outras unidades localizadas na Cidade Universitária possuíam conexões próprias com a Fapesp, era o caso do Instituto de Física e o Instituto Astronômico e Geofísico. Era um período bastante crítico, onde a capacidade de cada técnico fazia a diferença. Luíz Carlos Cunha era analista do CCE e lembra-se das dificuldades para uma simples conexão.

Na época tudo era muito difícil, porque não havia rede de alta velocidade, você não tinha nada! Era linha telefônica com conexão fantástica com a Fapesp que começou em 1200 bps ou 2400. (Hoje falamos em 10 megas de conexão), depois virou 9600. Era um avanço uma conexão 9600 kbps com a Fapesp. Luíz Carlos Silva da Cunha

Neste início começou a fase de consolidação da Internet na Universidade e investimentos feitos pelo CCE, pelas Unidades administrativas e de ensino para prover pontos de acesso ao gateway Fapesp. Ocorre que a expansão da rede e os recursos aplicados ainda não atendiam às expectativas de evolução. O Boletim Técnico do CCE, de dezembro de 1992, informa que apenas vinte unidades da USP estavam integradas à Internet através de comunicação com a rede de computadores do CCE, por meio de pares telefônicos ou do serviço Transdata, da Embratel. No final da notícia descreve a meta de agilizar a comunicação entre todas as redes de computadores: “Há necessidade de modernização dos meios de comunicação, ou seja, utilização de links de micro-ondas, cabos ópticos, conversores óptico-eletrônicos, bridges/routers e de outros equipamentos, incluindo-se microcomputadores 386 e estações de trabalho com características próprias.” 92


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Conexões intercampi e conexões externas da USPnet

Nos primeiros quatro anos do funcionamento, a USPnet apresentava instabilidade e funcionava precariamente em todos os campi, em alguns casos, com degradação dos serviços disponíveis. Além disso, o acesso à Internet ainda estava longe de ser o que é hoje. Por isso, foi preciso administrar os recursos computacionais. Na área de armazenamento de dados em disco, os custos eram vultosos na época. Isso levou o CCE a estabelecer os seguintes critérios para concessão de acesso irrestrito à USPnet: 1. Todos os docentes ativos da universidade. 2. Docentes aposentados que ainda estejam desenvolvendo atividades de ensino, pesquisa e/ou extensão de serviços à comunidade. 3. Todos os alunos de pós-graduação, regularmente inscritos em programas de mestrado e doutorado. 93


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4. Os alunos de graduação inscritos em programas de iniciação científica ou assemelhados, sob a responsabilidade de um docente. 5. Os funcionários cujas funções ou atividades recomendem ou justifiquem a necessidade ou conveniência desse acesso; por exemplo, analistas de sistemas, bibliotecários. Um período importante da evolução do projeto ainda foi durante a gestão de Flavio Fava de Moraes. Ele convocou dois professores para coordenação da área de tecnologia da informação em sua administração: Imre Simon, do IME ( Instituto de Matemática e Estatística), assumiu a presidência da CCI e Marília Junqueira Caldas, a coordenadoria do CCE, Marília voltava ao Centro em uma nova fase. Fava manteve Antonio Marcos de Aguirra Massola à frente da DTe, posição que se mostrou estratégica mais adiante, quando aconteceu a maior revolução tecnológica por que passou a USP em toda a sua história. Antes da eleição para a reitoria da USP, Flavio Fava de Moraes havia sido diretor científico da Fapesp e, nesta posição, concebeu um programa de apoio à infraestrutura de pesquisa que dispunha de um significativo montante para investimentos. Nesse programa, lançado na gestão de seu sucessor, José Fernando Peres, enquadravam-se perfeitamente as propos-

Flavio Fava de Moraes e Imre Simon no 1º Debate do Ciclo Temático Sobre a Riqueza das Redes, promovido pelo IEA em 31/05/2007. Ambos tiveram atuação importante quando da implantação da USPnet na década de 1990. 94


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tas de alocação de recursos financeiros para a execução de projetos de redes computacionais, tanto no que diz respeito a backbones (trechos que interligam edifícios situados a pequenas e médias distâncias, tipicamente edifícios distribuídos por um campus universitário) quanto a redes locais, internas a esses edifícios. Todo o trabalho do CCE para o desenvolvido do projeto USPnet trouxe know-how para o estabelecimento de normas e padrões utilizados até hoje, tanto pela USP como instituições externas.

A Marília pediu para que eu fizesse a norma para redes locais da USP. Uma norma para interligação entre os prédios, isso para quando alguém quisesse construir uma rede com os mesmos padrões que a gente iria usar. Oripede Cilento Filho

A proposta de financiamento submetida à Fapesp foi fruto do assessoramento dos professores Marília Junqueira Caldas, Nicolau Reinhard, Jorge Lacerda de Lyra e Siang Wun Song, entre outros. Imre Simon estabeleceu uma colaboração entre CCI, CCE e as Unidades universitárias, destinada a tirar o maior proveito possível do programa de apoio lançado pela Fapesp. A parceria foi assim organizada: coube ao CCE elaborar o projeto global da USPnet, fixando os parâmetros e normas de engenharia de telecomunicações sob os quais a nova rede iria funcionar, e também a elaboração do projeto do novo backbone. A proposta de financiamento desta parte foi submetida à Fapesp em nome do próprio Imre Simon.

Quanto às unidades universitárias, sua participação no grande empreendimento começou pela tarefa de obter plantas atualizadas de todos os seus edifícios, anotar nessas plantas os pontos em que deveria haver acesso à rede e enviá-las, devidamente autuadas em processos ao CCE. Este providenciava projetos de redes locais usando os mesmos parâmetros e normas adotados para o projeto do backbone e devolvia os processos assim instruídos às unidades, que, por fim, submetiam propostas de financiamento à Fapesp baseadas nos projetos que haviam sido elaborados pelo CCE. Um fato interessante aconteceu nesta época: devido à necessidade de se obter plantas atualizadas dos prédios para a rede USPnet, o CCE acabou reunindo o mais completo acervo das plantas prediais, todas atualizadas, da Cidade Universitária. 95


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Rede Computacional da USP

O projeto USPnet recebeu uma injeção de recursos vindos da Fapesp da ordem de três milhões de reais até 1997. Em 1995, foi possível iniciar a ampliação da rede computacional estendendo o sistema a todos os prédios relevantes dos campi da USP, por meio de fibras ópticas e cabeamento metálico. Bauru e Pirassununga foram atendidos numa segunda fase. Para o gerenciamento da ampliação do sistema foi feito uma parceria entre as Unidades e os órgãos centrais da USP. Cada um ficou com a responsabilidade da montagem final da rede USPnet. Todo o processo teve a coordenação do Centro de Computação Eletrônica e gerenciamento da Comissão de Acompanhamento da Implantação da Rede USPnet (Cairu), subordinada à Comissão Central de Informática. A Cairu tinha como coordenador o engenheiro Eduardo Bonilha de Toledo Leite, na época, coordenador substituto do CCE. Caberia à Cairu supervisionar a implantação da espinha dorsal do sistema, sob a responsabilidade dos órgãos centrais, e orientar as Unidades para que pudessem implantar as suas redes locais. Estava previsto que os órgãos centrais fariam a implantação 96


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da rede até a parte externa do prédio. A complementação do sistema no interior do prédio seria de responsabilidade da direção da Unidade interessada. Para garantir o funcionamento do sistema todos os projetos e a execução de redes locais teriam que ser homologados pelo CCE. Mesmo com todos os esforços e recursos para levar a Internet, ainda havia um deconhecimento sobre ela.

Óbviamente que hoje em dia ninguém mais duvida da importância da USPnet, da Internet, mas naquela época não era essa a situação, então nós tivemos que fazer um trabalho de convencimento. Eu me lembro que nós convidamos o professor Flávio Fava, que já era o reitor, a vir ver pela primeira vez um browser, isso deve ter sido em 1995, por aí... de tão raro que era esse tipo de facilidade aqui na USP. Imre Simon

Com a evolução da USPnet, a área de redes do CCE foi adquirindo cada vez mais importância para a USP, e por isso, houve à necessidade da especialização de seus técnicos e também a criação de uma estrutura de funcionamento. Apesar da Divisão de Redes ter sido constituída em meados da década de 1990, suas atividades na área já existiam desde que a rede para processamento das aplicações administrativas começaram, isso na segunda metade da década de 1980. Já no final dela, houve uma reformulação do organograma e entre as modificações feitas, as atividades relacionadas à rede começavam a chamar a atenção, particularmente entre os pesquisadores. O novo setor recebeu o nome de Serviço Técnico de Teleprocessamento e fazia parte do Departamento Técnico de Processamento Científico. Para os testes e configuração de equipamentos de redes ativos, o CCE cria, em 1995, o LInt (Laboratório de Interoperabilidade).

No CCE, Marília Junqueira Caldas atribuiu inicialmente a Aziz Donizetti Cavalheiro Salem a função de liderar a equipe encarregada de elaborar o projeto do backbone. A equipe contava ainda com os analistas de sistemas Milton Kaoru Kashiwakura, Luiz Carlos Silva da Cunha, Jorge Marcos de Almeida, José Pedro de Oliveira e depois, Oripede Cilento Filho. Iniciados os trabalhos, e por razões alheias a ele, Aziz resolveu transferir-se para outra unidade universitária, com o que a liderança passou a ser exercida por Milton Kaoru. Os projetos das redes locais ficaram a cargo da equipe chefiada por Élcio David Eduardo. 97


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Somente na Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira foram lançados cerca de 100 quilômetros de cabos. Somando-se o interior chegou a quase 200 quilômetros de cabos de fibras ópticas, o que equivaleria a duas vezes a distância entre as cidades de São Paulo e Campinas. Os serviços de abertura de valas, instalação de dutos subterrâneos e lançamento desses cabos foi tarefa da equipe DTe, da Prefeitura do Campus Capital, comandada pelo professor Massola, que por responder ao serviço interno de telefonia, tinha o domínio da distribuição desses dutos, de sua capacidade para acomodar os cabos de fibras ópticas e o conhecimento de manobra desses serviços. A coordenação das atividades e de todas as frentes de trabalho, de modo a ter as fibras disponíveis no momento certo para instalação e o acionamento de roteadores e chaves para entrada em operação, foi feita pelo professor Hartmut Richard Glaser, da Poli, que havia se agregado à equipe para trabalhar no projeto MTIA (Modernização Tecnológica da Informática Administrativa). Em termos técnicos, na época a arquitetura da rede projetada consistia de um backbone composto de enlaces WAN (Wide Area Network), em formato de estrela, com o seu nó central no CCE, que assim concentrava todo o tráfego proveniente dos campi e das Unidades de ensino isoladas fora deles. Esse nó central possuía uma saída para a Fapesp, onde se localizava o gateway que fazia o trânsito da USP para a Internet. No final da década de 1990, a estrutura do anel no campus principal da cidade de São Paulo havia evoluído da então tecnologia FDDI (Fiber Distributed Data Interface) para tecnologia Fast Ethernet. A principal ligação da USPnet à Internet era feita por meio de um gateway localizado na Fapesp num esforço para que a ligação fosse da melhor qualidade possível. Neste período, entre os anos de1994 até 2000, ela cresceu de 64k bps para 8 Mbps, mas ainda não estava preparada para atender as muitas aplicações multimídia com suficiente capacidade de transmissão, alta capacidade de tráfego em tempo real. Isso se resolveria na década de 2000, quando a USPnet entraria em uma nova fase.

Projeto de modernização administrativa Um dos projetos de importância da gestão de Imre Simon à frente da CCI chamou-se Modernização Tecnológica da Informática Administrativa (MTIA), em cuja concepção o CCE teve papel relevante. Esse projeto consistiu, basicamente, de três fases. A primeira 98


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Apresentação do projeto Penélope pela coordenador do CCE, Marília Caldas. foi a substituição da Rede Astir (Rede de Terminais Administrativos) pela Recad (Rede Computacional Administrativa), uma sub-rede da USPnet, logicamente isolada, destinada exclusivamente ao tráfego de informações administrativas. O projeto era considerado ousado e despertou desconfiança de sua completa realização. Antes, as seções administrativas em todas as unidades da USP funcionavam com um dumb, terminal ligado ao computador antigo, formando uma “rede” de terminais administrativos com o nome de rede Astir. Agora, todas as seções administrativas seriam dotadas de microcomputadores interligados à Internet, conhecida como Recad. A substituição tornou-se possível graças ao analista de sistemas do CCEJorge Marcos de Almeida. Ele desenvolveu um software que emulava os terminais Unisys nesses microcomputadores, com duas consequências: permitir elevar o número de pontos de acesso ao mainframe e desativar a Rede Astir no dia 31 de janeiro de 1997. A decisão de modernizar de uma vez a rede administrativa, utilizando a infraestrutura da rede USPnet, foi tomada devido ao fato da Universidade não ser a proprietária do computador de grande porte da Unisys e, por isso, também da tecnologia utilizada na rede Astir. Pagava-se uma taxa mensal de manutenção relativamente alta pelo equipamento, e se tornou imperativo a modernização e barateamento dessa estrutura. 99


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Num segundo momento foi feita a reformulação completa de todo o software dos sistemas de administração gerencial da USP, que passou a utilizar a base de dados Sybase, estações de trabalho Sun, equipadas com sistema operacional Solaris. O trabalho realizado pelo Departamento de Informática da Codage possibilitou desativar o mainframe Unisys, A18. Os recursos utilizados nessa fase vieram do orçamento da USP, que era a construção das redes administrativas mínimas nas unidades num montante de quinhentos mil reais. A terceira fase foi à elaboração de programas clientes instalados nos microcomputadores ligados à Recad, funcionando com sistema Windows,

Centros de Informática no Interior

Durante quase duas décadas o Centro de Computação Eletrônica foi o único, na sua categoria, dentro da Universidade de São Paulo. Isso mudaria com dois eventos importantes: Na segunda metade da década de 1980 os microcomputadores vieram para ficar no Brasil; no ano de 1991 chega a Internet na USP. Com eles um novo paradigma na informática surge na Universidade: a ideia da descentralização dos recursos computacionais. Os mainframes, que antes reinavam absolutos dentro de grandes CPDs, começaram a ser questionados, tanto em relação aos custos como eficiência. A popularização dos microcomputadores não afetou apenas a área da administração, com a automação dos processos administrativos iniciada na gestão Goldemberg. As aplicações da microinformática caíram feito uma luva também na área científica da academia. Com este cenário, no princípio foram surgindo setores técnicos de informática pelos campi do interior, a maioria subordinados ao CCE nesse início. Por exemplo, em Bauru a seção de informática surgiu em 1988, ficou subordinada ao CCE de 1988

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a 1997. Deste último ano em diante passou a integrar o quadro da antiga Prefeitura do campus Administrativo de Bauru (PCAB), sendo posteriormente constituída como seção técnica de informática ligada a Prefeitura do Campus de Bauru. A seção de informática em Pirassununga também nasceu vinculada a Prefeitura do campus do mesmo nome, isso na década de 1990. O primeiro centro de informática do interior, oficialmente constituído, foi o Centro de Informática de São Carlos (CISC). Ele nasceu segundo a Resolução USP 3926 de 23 de abril de 1992. O campus de São Carlos tinha a tradição de abrigar cursos importantes na área de informática, e o CISC herdou esta missão. Outros dois centros de informática foram constituídos na década de 1990, mas com histórico de já terem suas atividades iniciadas na década de 1980. O Centro de Informática de Ribeirão Preto (CIRP), Resolução n. 4260, de 26 de abril de1996, e o Centro de Informática do Campus “Luiz de Queiros” (Ciagri), Resolução n. 4510, de 24 de novembro de 1997.


Parte 3: CCE como Unidade Universitária

para acesso aos novos sistemas de informação gerencial, então chamados “corporativos”. Estabeleceu-se que quando as redes ficassem prontas a Universidade faria a distribuição de microcomputadores do tipo 486 DX2, com 8 Mbytes de memória e impressoras. Um importante complemento do projeto MTIA foi a realização de um programa de treinamento a que se submeteram cerca de 1.500 funcionários da Universidade de São Paulo para familiarização com os microcomputadores equipados com Windows e aplicativos de escritórios usuais, bem como com o acesso à Internet e seu uso. Esse programa de treinamento, denominado Projeto Penélope, foi concebido e organizado pelo CCE e Codage. A instrução foi ministrada, sob contrato, pelo Senac – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial.

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2000

2013



Parte 4. Desafios do novo século

N

o final do século XX o mundo contava com 7 bilhões de seres humanos e cerca de 600 milhões de internautas. Até então, dos meios de comunicação que surgiram no planeta, a Internet foi o que mais se expandiu, e tudo indicava que continuaria crescendo. No meio do caminho, porém, parecia surgir um empecilho. Acreditava-se que na virada de 1999 para o ano 2000 os computadores poderiam “enlouquecer”, causando um colapso tecnológico de grandes proporções. Tudo porque no século passado, programadores usavam dois dígitos para a posição do ano nos campos para a data nos programas de computador. Esta temida possibilidade passou a ser chamada de Bug do Milênio.

Pensando nas consequências desse erro, chamado também de bug Y2K1, a Comissão Central de Informática da USP montou uma corrida contra o tempo. A tarefa era corrigir o quanto antes o erro de continuidade da data, isto é, o dia 1º de janeiro de 2000 não ser entendido pelos sistemas computacionais como 1º de janeiro de 1900. Para isso, foi preciso bloquear o acesso ao sistema em duas paradas do computador central instalado no CCE. Como envolveria todos os sistemas de administrativos, além do CCE, também estariam envolvidos os centros de informática do interior, o setor de informática do HU e Codage, DI.

1. Significa “problema do ano 2000”. Página ao lado: Pocket PC acessado via USPnet sem fio no CCE. Ano 2004.


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2. Mercado de ações automatizado norte-americano que negocia ações de diferentes empresas, em sua maioria de pequena e média capitalização. É o segundo maior mercado de ações em capitalização de mercado do mundo, depois da Bolsa de Nova York.

Passado o medo do bug, já que tudo transcorreu sem os problemas imaginados, outro fato estava para acontecer: A bolha da Internet estava prestes a estourar. O índice da bolsa eletrônica de Nova Iorque, a Nasdaq2, chegou a alcançar mais de 5 mil pontos e não resistiu, caindo pouco tempo depois. Entende-se que seu auge aconteceu em março de 2000, transformando toda a prosperidade das empresas “ponto com” em quase poeira. Diante da crise, os altos salários na área de TI entraram em baixa, fato que acabou resultando positivo para o setor público, pois nunca havia conseguido competir com os salários do setor privado.

Bug do Milênio

O Bug do Milênio ocorreu no fim do século XX e acabou se revelando um simples problema relacionado à informática, mas causou grande preocupação em todo o mundo. Bug é uma expressão que significa “falha”, um erro de lógica na concepção de determinado software. No caso, era um erro de continuidade de data na passagem de 1999 para 2000. O problema central do Bug do Milênio era o fato de que os sistemas antigos desenvolvidos no século XX guardavam e interpretavam as datas com dois dígitos no ano. Isso ocorria por economia, uma vez que em 1965 um megabyte de espaço de memória magnética (suficiente para gravar um texto de 300 páginas) custava US$ 761. Vários setores poderiam ser afetados caso nada fosse feito. Os bancos, hospitais e companhias aéreas eram o que pareciam sofrer mais desordens com o bug. Até os governos se movimentaram em torno do problema, por exemplo, o governo do Estado de São Paulo, por meio de um decreto, montou um comitê gestor para coordenar as ações relativas ao assunto. Na Universidade de São Paulo não foi diferente. A preparação começou no início de 1999.

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Uma das preocupações era com os sistemas de informação dos mainframes do CCE que estavam sendo migradas para estações de trabalho baseados na arquitetura cliente-servidor. Nela estavam envolvidos os sistemas de matrícula de graduação e pós-graduação, processos de compras, folhas de pagamentos etc. A CCI e demais setores de informática da USP adotaram um plano de contingência, e dentre as medidas, estavam a instalação de geradores de energia e treinamento para operação manual dos equipamentos. Para tratar dos problemas do bug foi montada uma equipe que, na virada para o ano 2000, ficou de plantão no CCE monitorando o comportamento da computação no mundo, desde Austrália até o Brasil (USP). Um trabalho devidamente acompanhado de uma garrafa de champanhe para comemorar a passagem do ano sem bug. O Bug do Milênio movimentou os esforços das equipes de informática de todo o mundo, gerando um enorme crescimento das empresas do ramo. No entanto, a quase onda de pânico que tomou conta das pessoas, algo como a crença de “fim do mundo”, resultou num grande alívio: o temido bug não provocou nenhum caso grave que merecesse destaque.


Parte 4: Os Desafios do Novo Século

No ano de 2001, o presidente do Brasil era Fernando Henrique Cardoso, em seu segundo mandato. Um fato ocorreu devido a um conjunto de situações, dentre elas a falta de investimentos, provocando “apagões” em grande parte do país. Isso mudaria alguns paradigmas referentes ao consumo de energia elétrica e à utilização e compra de equipamentos eletroeletrônicos. Os empresários tiveram que repensar todo o processo produtivo e infraestrutura. Alguns deles, ainda de maneira tímida, começaram a viabilizar alguns conceitos sobre sustentabilidade, antes um tema inóspito para o empresariado. O CCE também buscava soluções para os problemas de energia, mas havia outro “apagão” que parecia mais grave naquele momento: a falta de profissionais de informática. Para ele a solução viria, mas somente em 2002.

Final de um ciclo O ano 2000 começou com boas perspectivas econômicas para a Internet no mundo. As então modestas empresas como Google, Yahoo e Amazon estruturavam-se para enfrentar a era virtual. Parecia o momento certo para lucros excepcionais. No entanto, havia grande falta de profissionais experientes na área de TI, e os que existiam, eram rapidamente absolvidos à custa de altos salários, valores inviáveis ao setor público para competir de igual para igual. Esse fenômeno não atingia apenas o Brasil, mas todo o mundo. Artigo assinado por Moisés Naím, no jornal Folha de S.Paulo, de setembro de 2000, focaliza aquele momento:

A defasagem de salários públicos em relação aos privados no mundo é de 20%, em média. A novidade é o sorvedouro digital – a poderosa atração que a chamada “nova economia” exerce sobre especialistas em informática do governo. Os especialistas em informática do setor governamental não só estão migrando para o setor privado, como, em muitos casos, abandonando seus países. Moisés Naím3

Enquanto isso no CCE, apesar dos esforços da coordenadora Marília Caldas, ao final do ano 2000 vivia-se uma crise sem precedentes. Nos últimos três anos o CCE havia sofrido uma perda constante dos seus profissionais de informática. Em um trecho de seu relatório de 1999, dirigido ao professor Hélio Nogueira da Cruz, da Codage, Marília Caldas foi contundente: “ À situação do CCE está se tornando insustentável.”

3. Moises Naím é editor da revista Foreign Policy (EUA). Doutor pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), foi ministro da Indústria da Venezuela e diretor do Banco Mundial. 107


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O Estúdio Multimeios foi criado para antender os serviços audiovisuais, de videoconferência, transmissão via Internet e projetos multimídia para fins didáticos. Não havia dúvida quanto à capacidade técnica dos profissionais do CCE. Ao longo do tempo, superaram vários desafios para implantação de novas tecnologias, nem sempre em condições ideais, pois as verbas públicas não chegavam na mesma velocidade em que a nova tecnologia avançava. A experiência adquirida na área e os salários bem mais atraentes oferecidos pelo mercado fizeram com que alguns profissionais migrassem para empresas privadas, comprometendo sobremaneira a continuidade dos serviços oferecidos pelo CCE.

4. As cores azul e verde são as mais utilizadas para a técnica de chroma key. No caso, o Estúdio de gravação do EMM possuia um fundo fixo de cor verde, que mais tarde foi substituído por painéis com mais cores, dando flexibilidade aos trabalhos. 108

Em meio à situação difícil do centro, um setor deslanchava e mostrava ter futuro: o Estúdio Multimeios (EMM), que já funcionava de modo informal e cada vez mais intenso desde 1995, basicamente com mão de obra de estagiários gerenciados por Rosa M. V. Perez. O objetivo do EMM era oferecer aos professores e pesquisadores da USP um local de pesquisa e produção, utilizando métodos mais eficazes de comunicação e compreensão das ideias. Para equipá-lo houve um financiamento da Fapesp . Na época da sua inauguração, em 15 de agosto de 2000, o EMM contava com equipamentos audiovisual Betacam, SVHS, câmeras mini DV, estações de vídeo e áudio e para geração de animação em 2D ou 3D, além de estúdio de gravação com fundo chroma key4. Por volta de 2002, o Estúdio viria a ter um papel importante na área audiovisual, referente ao ensino a distância, transmissão de vídeo em tempo real via Internet e videoconferência.


Parte 4: Os Desafios do Novo Século

Marília Caldas esteve envolvida com as questões do CCE por quase uma década. Foi sua coordenadora justamente na época mais importante para a área de TI da USP, até o momento: a implantação da rede USPnet e solidificação da Internet na Universidade. Durante sua gestão costumava dedicar 80% do seu tempo ao CCE; em outubro de 2000, porém, viu que era hora de voltar para os seus projetos de Física. Ainda voltaria muitas vezes ao CCE para tratar dos assuntos do LCCA, como membro do seu Conselho Diretor.

Enfrentando a crise A administração do professor Edson dos Santos Moreira começou no final de outubro de 2000 e prolongou-se até o início de 2006, encerrando-se, praticamente, com o término do mandato do reitor Adolpho José Melfi. Edson Moreira, especialista em redes e Internet, formado em Engenharia Elétrica pela EESC-USP e professor pelo Instituto de Ciências Matemática e de Computação (ICMC-USP) de São Carlos, fora convidado por professor Paulo César Masiero, então presidente da CCI, em nome do reitor Jacques Marcovitch. O momento era o de preparar a Universidade para a terceira geração de USPnet, melhorar a infraestrutura levando em conta as novas tecnologias. O objetivo era capacitar a rede para transmissões em alta velocidade, com alta qualidade e sincronia de som e imagem. Havia muitos planos de atuação, mas alguns desafios precisavam ser enfrentados o quanto antes. Ao chegar ao CCE, o primeiro e principal problema com que Edson Moreira se deparou estava no correio eletrônico. Até então o e-mail já era considerado uma ferramenta de trabalho, mas devido à falta de pessoal não funcionava como o esperado. Os analistas que o desenvolveram eram da área de redes e haviam deixado o CCE. Sem ninguém para mantê-lo funcionando, o e-mail ficou inviável. Faltava escalabilidade, já que, de repente, o número de usuários multiplicava-se de cinco para dez vezes, tornando impossível mantê-lo dentro desse avanço. O motivo da perda dos profissionais relacionava-se ao chamado boom da Internet que teve seu início nos primeiros anos da década de 1990. A Internet comercial no Brasil cresceu e virou um grande negócio, com vários grupos brasileiros se movimentando para ser provedores ou hospedeiros, ou provedores de serviços para terceiros. Estava ocorrendo também a privatização da telefonia que, no fundo, ampliava muito o negócio 109


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da Internet no Brasil. Isso fez com que os funcionários, o capital intelectual, de conhecimento do CCE, que eram repositório importante nessa área de TI na USP, fosse perdido. Eduardo Bonilha, coordenador-adjunto do CCE, acompanhava essa perda desde a gestão anterior. Houve um êxodo tal que, em 12 meses, o quadro de pessoal do CCE perdeu dez pessoas da mais alta qualificação, em todos os aspectos e em todas as posições de carreira. Eduardo Bonilha de Toledo Leite

A parceria Edson Moreira e Paulo César Masiero foi de suma importância naquele momento crucial. Masiero viu a necessidade de trazer profissionais que entendessem muito bem de redes, de Internet, para tentar resolver o problema mais imediato do CCE. Havia também outro desafio, igualmente importante: contornar o descompasso com que as instituições públicas, mesmo as universidades, se adaptavam às novas tecnologias e estrutura de TI. As maneiras encontradas foram o gerenciamento dos processos e a modificação da estrutura organizacional, a estrutura financeira e de toda a logística necessária para que as atividades funcionassem bem e em ritmo compatível com a manutenção da qualidade dos serviços. No início Edson Moreira seguiu observando e procurou “tapar os buracos”, adotando providências para estabelecer políticas e elaborando estratégias duradouras para que aquela situação não se repetisse. Assim, no primeiro ano, fez levantamento da situação e acomodou algumas coisas que estavam fora do lugar. No segundo ano começou, de fato, a trabalhar na remodelagem estrutural do CCE. Verificou-se que certos problemas de rede, na maioria dos casos, eram problemas de contrato de manutenção, ou atraso nas compras, sobretudo por causa da burocracia nos processos; a aquisição de certos materiais, por certo, chegava demorar até dois anos.. Outro ponto trabalhado era o atendimento das falhas no sistema e na rede. Antigamente o modelo de um CPD era dos antigos mainframes dentro de uma central de processamentos. No ano 2000 ele já não era mais uma central de processamentos, mas uma central de comunicação. A Internet jogou o processamento nas pontas, e o centro seria um centro de convergência de comunicação, de armazenamento de comunicação, um centro com menos processamento. Ocorre que o CPD do CCE não 110


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era gerenciado pela mesma divisão que gerenciava o maior serviço prestado pelo Centro de Computação Eletrônica: a Internet. Por exemplo, a rede e os serviços de correio eletrônico eram administrados por setores diferentes. O CPD funcionava 24 horas por dia, sete dias na semana, initerruptamente, fosse no Natal ou Ano Novo. No entanto, se ocorresse algum problema na rede, uma parada de roteador às 8 horas da noite, por exemplo, ele só seria consertado às 9 horas da manhã seguinte, quando o técnico chegasse. Isso porque o pessoal do CPD não podia mexer na rede e vice-versa. Havia, então, um problema básico de estrutura que, assim como outros problemas, eram enfrentados paralelamente à construção de uma nova infraestrutura e modelo organizacional para o CCE. Passado um pouco mais de um ano da gestão de Edson Moreira, o CCE não vivia mais a pressão da chamada bolha da Internet, que havia, “estourado” em 2001. Já era possível buscar recursos humanos, e a reposição de pessoal aconteceu usando-se estratégias inovadoras, pensadas juntamente com CCI e com a ajuda do Departamento de Recursos Humanos da Reitoria. Como estratégia de gestão, o professor Edson Moreira empenhou-se em preparar o CCE para uma eventual nova “bolha” e, nesse sentido, promoveu-se intenso treinamento dos profissionais. Foram criadas uma

Posse do professor Edson Moreira como coordenador do CCE, ao centro. Presentes o reitor Marcovitch, à esquerda e Masiero, presidente da CCI. A reportagem trata dos desafios que o novo coordenador deverá enfrentar. Jornal da USP de 13 a 19/11/2000. 111


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academia de serviços e outras diferentes academias de grandes fabricantes de sistemas, de banco de dados, de redes como, por exemplo, a Cisco Academy. Havia a preocupação de criar as bases para que o CCE pudesse estar sempre à frente, de forma que se houvesse outra bolha, ela iria obviamente influenciar, mas a capacidade de se recompor faria a diferença

Novos equipamentos de alto desempenho Desde o momento em que começou a oferecer suporte aos pesquisadores e hospedar as plataformas do Laboratório de Computação Científica Avançada, o CCE vinha tomando medidas para atualização constante desses computadores, como convênios e parcerias. Em 2003 Edson Moreira promoveu a inauguração dos novos equipamentos de alto desempenho, frutos de investimentos com recursos orçamentários de convênio de cooperação com a empresa HP, com a Pró-Reitoria de Pesquisa e o MCT (Finep). Em todos eles, também contou com a participação da CCI como parceira do CCE.

Nova Central de Monitoramento do Internet Data Center, após a reforma. Setor funciona 24x7. 112


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O convênio firmado com a HP (Hewlett Packard Brasil) incluía a ampliação do cluster de AphaServers. Com recursos do MCT-Finep foram adquiridos storage EVA da HP com 4.3 TB; biblioteca de fitas para backup centralizado e automatizado com capacidade de 198 cartuchos SDLT; infraestrutura de rede com tecnologia fibre channel com 2 switches de 16 portas; e AlphaServer DS20 para gerenciamento de backup. Uma cooperação com a Pró-Reitoria de Pesquisa foi alinhavada e fez aumentar, ainda que de forma efêmera, a projeção da USP no cenário internacional: a aquisição, para o LCCA, de um supercomputador IBM Multiusuário com desempenho de 2,9 teraflops (o que equivale a 2,9 trilhões de operações aritméticas por segundo) levou a Universidade de São Paulo a ocupar, pela primeira vez, o ranking Top 5005, relação dos 500 mais poderosos aglomerados computacionais do mundo. Esse computador foi instalado em 2006, já na gestão da professora Tereza Carvalho. A USP tornou-se, na época, a única instituição educacional brasileira a fazer parte da lista, ocupando a 363ª posição durante um semestre. A seleção do equipamento foi feita com apoio de um grupo de 66 pesquisadores da USP, e a verba para aquisição, de US$ 650 mil, foi concedida pela Fapesp.

Aceleração das comunicações de dados e voz Após sair do CCE, no início de 2006, Edson Moreira chegou à Universidade de Cambridge para seu pós-doutorado e quis conferir qual seria o estágio daquela universidade em relação ao da área de TI da USP. Sua percepção foi positiva, não se sentiu em um mundo de novidades tecnológicas nunca antes experimentadas. Grande parte do que viu em Cambridge a USP também possuía. Ali teve a confirmação de que a sua gestão, apesar de alguns percalços, havia conseguido atingir as metas necessárias para o CCE seguir avançando e se transformar em centro de excelência. No decorrer da gestão Edson Moreira vários projetos e planos foram implementados, alguns fundamentais para que os outros se realizassem. Em 2004, a USP estabeleceu convênio com a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) para abrigar o POP-SP, Ponto de Presença da RNP no estado de São Paulo. Ele foi instalado no Internet Data Center (IDC) do CCE. As principais vantagens foram a facilidade para o desenvolvimento de projetos cooperativos entre as diversas instituições de ensino e pesquisa brasileiras e internacionais conectadas à infraestrutura de rede avançada da RNP ou as redes internacionais as quais a ela está integrada.

5. Top500. Lista dos supercomputadores mais velozes do planeta. (http://www.top500.org) Waibstadt-Daisbach, Germany, 2006. 113


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O convênio permitiu que, em 2005, a implantação da Rede COMEP (Redes Comunitárias de Educação e Pesquisa) em SP, denominada Rede MetroSampa. Essa rede é resultado de um consórcio constituído sob as premissas da rede COMEP/RNP e diversas instituições participantes. A MetroSampa constitui-se em uma infraestrutura de fibras ópticas que possibilitou, na época, ativar conexões com capacidade de l Gbps, para uso de aplicações avançadas e troca de grandes volumes de dados entre os principais centros de ensino e pesquisa da cidade de São Paulo. Outra parceria importante foi feita com o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGIbr) para hospedar o Ponto de Troca de Tráfego Acadêmico (PIX Acadêmico - USP) do PTT. Esse projeto promove e cria a infraestrutura necessária para a interconexão direta entre as redes que compõem a Internet brasileira. O cenário estava positivo, a inauguração em 2003 da nova geração da USPnet aumentou em até mil vezes a velocidade de transmissão de dados via Internet entre os seus campi. Além disso, foi possível otimizar os custos e serviços como os de telefonia e transmissão radiofônica e televisiva. O desempenho chegou a 10 Gigabits Ethernet. Antes a rede operava com velocidade entre 10 Mbps e 100 Mbps. Na época a nova configura-

O CCE passou a ter o ponto de presença da Rede Nacional de Pesquisa (RNP) tornando a comunicação rápida e o trabalho mais eficiente. 114


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Projeto iClass 6. Demonstração no CCE, em 2004, da interatividade em um tablet. ção era inédita na América Latina. Para este projeto foi feito estabelecida uma parceria entre o CCE e a Foundry Networks, que forneceu soluções integradas de roteamento. Na parceria, a Foundry doou US$ 150 mil para instalação de link que conectava a Cidade Universitária ao chamado quadrilátero da Saúde: Faculdade de Medicina, Escola de Enfermagem, Saúde Pública, Hospital das Clínicas e institutos anexos. Esta fase absorveu um investimento na ordem de R$ 7,5 milhões. Devido à maior capacidade da rede, a nova USPnet permitia a aplicação de recursos mais complexos de comunicação digital. Desde então, foi possível viabilizar a transmissão de aulas, seminários, palestras, o que antes era impossível, a não ser que se alugassem canais específicos para isso. Esta nova tecnologia fez com que o Estúdio Multimeios (EMM) desempenhasse importante a disseminação da videoconferência e transmissão via Internet na USP, assim como na produção de conteúdo para os meios de comunicação on-line. Um dos projetos pioneiros realizados pelo EMM foi a transmissão do sinal digital da Rádio USP pela USPnet, o que permitiu sua retransmissão “pelo ar” para os demais campi da USP. Nesse meio tempo a área de telefonia da USP também passou por grande transformação. A transferência da DTe (Divisão de Telecomunicações), até então vinculada à Prefeitura do Campus da Capital, veio para o

6. Projeto iClass foi um sistema desenvolvido pelo grupo da professora Maria da Graça Campos Pimentel, do ICMC. Além de capturar áudio e vídeo, software era composto de uma lousa eletrônica ou um tablet PC. O sistema foi o resultado do projeto de pósdoutorado de Maria da Graça e foi iniciado em 2000, tendo recebido apoio do CNPq e da Fapesp. O software foi inicialmente desenvolvido em parceira com o grupo de Gregory Abowd do Georgia Institute of Technology, de Atlanta, EUA e, mais tarde, o apoio da HP. 115


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CCE com o apoio do reitor Jacques Marcovitch e de Antonio Marcos de

Aguirra.Massola, diretor da DTe. A ação integrou um grande projeto de introdução da telefonia IP: um processo de convergência de transmissão de dados e voz que culminou integrando a telefonia junto a Divisão de Redes, possibilitando, dentre outros benefícios da telefonia IP, a transmissão de comunicação telefônica pela Internet no campus da USP Leste, por exemplo, em que não há sistema telefônico convencional; há apenas telefonia IP. Edson Moreira trabalhou com entusiasmo na implementação das novas tecnologias de comunicação e informação no CCE. Criou eventos temáticos e atividades concentradas, com o objetivo de instalar canais para disseminar novas soluções em TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação). Em 2004 aconteceu o 3º encontro sob o tema “Informação e mobilidade”. Nele foram apresentados a USPnet sem fio, uma tecnologia wireless, o Projeto ProSemFio, kit com access points e cartões para notebooks, telefonia WiFI, pontos de acesso (HotSpots) wireless à rede IP e videoconferência. O evento também contou com um programa de pesquisa, patrocinado pela HP e coordenado pela CCI, colocando na universidade US$ 140 mil em equipamentos (PADs, tablets, pockets PC) para uso em ambiente de ensino. Em 2005, com a aquisição inicial de 1050 aparelhos telefônicos, os recursos de ponta para a telefonia VoIP (na tradução da sigla em inglês, Voz sobre Protocolo Internet) foram efetivamente instalados. O sistema permitiu que algumas ligações, inclusive internacionais, tivessem custo zero, desde que ambas as extremidades da conexão fossem suportadas por telefones digitais. Além da economia em ligações VoIP/VoIP, o sistema reduziu os custos de outras ligações, principalmente daquelas realizadas para São Paulo. Uma pessoa, por exemplo, no campus de São

Selo da USPnet para ser fixado nos ambientes da USP que indicam acesso WiFI. 116


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Carlos, poderia realizar chamadas para toda a cidade de São Paulo ao custo de uma chamada local, pois o sinal viaja pela rede até a central de distribuição, localizada na Cidade Universitária. Chegando na Capital, a ligação é transposta para a rede normal de telefonia, dispensando os serviços interurbanos..

Governança e o novo CCE Edson Moreira e Paulo Masiero, coordenador do CCE e presidente da CCI, respectivamente, trabalharam em parceria durante mais de quatro anos. Edson considera que seria muito difícil administrar, de forma isolada, um setor como o CCE, pois a computação e Internet são tecnologias que funcionam cooperativamente. Segundo ele, que acompanhou de perto os esforços de Masiero para a criação da CTI, viu com bons olhos a USP ter conseguido um organismo central para determinar normas, padrões e programas estratégicos. A CTI viria com o papel de orquestrar e dar condições para as unidades, que embora fossem células funcionando com independência, precisavam de uma ligação para que os projetos TIC acontecessem de maneira adequada. Edson Moreira considera curioso, mas a criação da

Edson do Santos Moreira, coordenador /diretor do CCE de 2000 até início de 2006. 117


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Coordenadoria da Tecnologia de Informação foi um fator muito importante, que deu um respaldo ao CCE para trabalhar e evoluir na especialização do seu negócio de prover serviços de TI. Com a existência da CTI, em 2004, o CCE perde a condição de coordenadoria7 A mudança organizacional subordina os centros de informática da Capital (CCE), São Carlos (CISC), Ribeirão Preto (CIRP) e Piracicaba (Ciagri) à CTI. A Comissão Central de Informática é extinta e grande parte de suas atribuições passa para a nova coordenadoria de TI. A parceria também permitiu a transferência de funcionários do CCE para integrar o quadro inicial de funcionários da CTI, assim como o apoio dos serviços prestados pelos setores administrativos e financeiros do CCE à nova coordenadoria. Em contrapartida, o Programa Pró-Aluno, contratos de software e contrato com empresas de telefonia, antes de responsabilidade do CCE, ficam com a CTI. Os cinco anos de gestão de Edson Moreira resultaram em experiências fantásticas na área da administração de um centro de informática como o CCE. Ele percebeu a importância de envolver as pessoas nos projetos de TI da USP, fazendo com que os funcionários se sentissem mais valorizados e colaborativos. Mesmo porque o provimento de TI não poderia ser reativo, pois o novo modelo administrativo exige especialização, infraestrutura planejada e processos gerenciados.

Nós somos pesquisadores; existe essa percepção de que um bom pesquisador em computação é um bom diretor para o CCE, mas não é verdade, não basta conhecer informática. Não basta conhecer computação para você ser um bom gerente de serviços de computação; são coisas completamente diferentes. Então, o maior desafio que eu tive quando eu cheguei aqui, um dos maiores desafios, foi, exatamente, entender essa dimensão gerencial administrativa. Edson dos Santos Moreira

7. A Resolução USP 3386, de 07/01/1988 dispõe que o CCE fica vinculado à Reitoria e é dirigido por um coordenador, indicado pelo reitor. Esta condição foi reforçada pela Resolução USP 5089, de 2003. Ocorre que desde a aprovação do primeiro Regimento do CCE, em 1971, todas as mudanças não resultou em um novo Regimento. 118

Foi pensando nos desafios da área e na aplicação de métodos de melhoria de qualidade, que Edson dos Santos Moreira foi o introdutor da aplicação dos conceitos de governança de tecnologia da informação no âmbito do CCE. Trata-se de um subconjunto da disciplina chamada Governança Corporativa, com foco no desempenho dos sistemas de tecnologia da informação e a administração dos riscos envolvidos. O modelo


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Coordenadoria de Tecnologia da Informação (CTI)

Os aspectos técnicos, sociais, políticos e até filosóficos relacionados às atividades com computadores foram se transformando ao longo da história. Quando as grandes máquinas de processar começaram a funcionar, parecia impossível que, em apenas duas décadas, uma pequena máquina e com maior capacidade que a anterior, também pudesse ser um aparelho móvel ligado a outros como ele em uma grande rede de comunicação com o mundo. A popularização do computador, a mobilidade e a rede mudaram o paradigma dos termos: “processamento de dados”, “informática” e “computação”. Eles soavam antigos para definir todas as questões das complexas políticas, atividades e processos computacionais. O termo “tecnologia da informação” parecia englobar melhor tal complexidade. Esse termo teria surgido na segunda metade da década de 1990, mas ficou plenamente estabelecido nos primeiros anos da década de 2000. Quando Paulo César Masiero, presidente da CCI, pôs em prática a execução de um projeto que transformava a Comissão Central de Informática numa coordenadoria de TI, foi porque o modelo de comissão não mais atendia às sofisticadas questões desta área na Universidade. A criação de uma coordenadoria também havia sido um sonho de Imre Simon, ex-presidente da CCI; e Masiero por fim, trabalhou no sentido de apresentar um projeto para a sua realização o mais rápido possível. O Processo de número 02.1.6177.1.1 trata dos aspectos que culminaram com a aprovação da minuta de Resolução para a criação da Coordenadoria da Tecnologia da Informação. Assim, a CTI passa a existir, formalmente, segundo Resolução USP 5145, de 24 de outubro de 2004. Ficou estabelecido que: a Coordenadoria de Tecnologia da Informação tem por objetivo criar e manter condições

para o funcionamento sistêmico das atividades ligadas à tecnologia da informação na USP, a fim de dar suporte ao desenvolvimento do ensino, pesquisa e extensão de serviços à comunidade. Também compete a ela planejar, implantar e manter todas as atividades de interesse comum relacionadas à Tecnologia da Informação na Universidade. Por não ter caráter executivo, seu quadro de funcionários nasceu enxuto e veio transferido do Centro de Computação Eletrônica: eram cerca de 12 funcionários. Os setores administrativos e financeiro de apoio seriam compartilhados com o que o CCE já dispunha. Inicialmente a CTI ocupou um espaço no prédio do CCE, mas em 2009, já na gestão de Gil da Costa Marques, transferiu-se para edificação própria recém-construída. Masiero foi o primeiro coordenador da CTI. Projetos importantes seriam implantados já no primeiro ano de sua existência como, por exemplo, USPnet sem fio, videoconferência e ProSemGiz. Paulo Masiero e Edson Moreira atuaram em parceria em muitos momentos, o que contribuiu para o sucesso dos empreendimentos. Em 2006, ao assumir a CTI, o professor Gil da Costa Marques aportou com uma visão arrojada do papel que ela deveria representar na USP. Incentivou grandes projetos em parcerias com outras unidades, como o projeto IPTV. Em 2009, Gil da Costa Marques foi convidado a permanecer à frente da CTI por mais quatro anos. Nesta segunda fase, assumiu os projetos Univest e Redefor, tornando a CTI um órgão também dedicado ao ensino a distância. Em junho de 2011, segundo a mudança da nomenclatura administrativa da USP, a CTI passa a ser uma superintendência, alterando sua denominação para Superintendência de Tecnologia da Informação (STI).

119


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selecionado para esta aplicação foi o ITIL (Information Technology Infrastructure Library), definida como uma série de políticas e regras de melhores práticas para administração, desenvolvimento e operação de serviços de tecnologia da informação. Uma maneira eficaz foi contar com pessoas para sistemas de gerenciamento. Edson lamenta não ter conseguido terminar e implantar completamente o ITIL antes de sair do CCE. Seu desejo era ter dado tempo para a ferramenta conseguir gerenciar todos os ativos de redes, os servidores, infraestrutura em geral, mas que também pudesse ligá-la com a estrutura financeira e com o atendimento ao usuário na outra ponta. Assim os órgãos de governança poderiam “questionar”: “Eu quero um relatório, porque nós investimos tantos milhões de reais nesse sistema. Qual é o retorno?” Poderiam vir outras perguntas: “Qual é o nível de satisfação dos usuários com esse sistema? Como o sistema cresceu em termos de escalabilidade? Como aumentou o número de usuários? O que esperar dele daqui a dois anos? Quanto e quando teremos que investir para obter os resultados certos na hora certa?”

Melhorias na infraestrutura predial A gestão também deu continuidade ao processo de reforma das instalações físicas do CCE, com ações em várias frentes. Talvez a mais importante tenha sido a reforma do ambiente em que se encontravam instalados os servidores e os computadores de grande porte, agora transformado num moderno IDC – Internet Data Center, dotado de recursos de controle de acesso, detecção de fumaça e proteção contra incêndio, suprimento ininterrupto de energia elétrica etc. Otimização de recursos, sensível melhoria no nível de serviço oferecido e economia em termos de compartilhamento de recursos foram alguns dos resultados obtidos com a transformação. A realização desse projeto concorreu ao Prêmio Mario Covas, de 2004, tendo merecido menção honrosa. Também foram reformadas, visando melhorias nas condições de trabalho internas, várias dependências do prédio ocupado pelo CCE, tais como a portaria (complementada pela construção de sanitários anexos) e hall de entrada, escadaria de acesso ao andar superior, o auditório e o Estúdio Multimeios. Além disso, foi instalado um elevador, para o qual já havia previsão de local, a casa de máquinas e foi construída uma extensão do prédio do Biênio da Escola Politécnica em que se encontra a DVEMIC (Divisão Técnica de Equipamentos de Microinformática) do CCE. 120


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Gestão participativa No final de 2005 Suely Vilela assume o cargo de reitora. Será a primeira mulher a ocupar esta posição na história da USP. Ela encabeçou a lista tríplice, formada por eleição interna, e foi escolhida e nomeada pelo governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin. O professor Edson Moreira permanece no CCE até meados de janeiro de 2006, quando deixa das suas funções e segue para o curso de pós-doutorado na Inglaterra. O assistente de direção Eduardo Bonilha fica na direção do CCE até março de 2006.

Evento de inauguração do supercomputador IBM. Luiz Nunes de Oliveira pró-reitor de pesquisa ao lado do equipamento, ao centro a reitora Suely Vilela e Tereza Carvalho, diretora do CCE. 121


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Por indicação da reitora Suely Vilela, a professora da Escola Politécnica Tereza Cristina Melo de Brito Carvalho é apresentada como diretora do CCE. Formada em Engenharia Eletrônica pela Poli - USP, ela trouxe experiência em Engenharia da Computação nas áreas da Internet Avançada, Redes de Computadores e Gerenciamento e Segurança da Informação. Embora vinda da área de exatas, teve uma administração marcada pela visão humanista e pela crença de que “o humano é quem promove resultados”. Seguindo esta linha, adotou em dois momentos de sua administração o modelo de concurso interno de seleção para cargos de direção, ao invés da indicação, como normalmente ocorre para cargo de confiança no serviço público. Duas de suas chefias de divisão foram ocupadas dessa forma: a chefia da Divisão Administrativa e a da Divisão de Suporte Técnico. Também inovou quando introduziu ações socioambientais em um órgão de prestação de serviços de TI, tema pouco aprofundado e carente de políticas no Brasil na época. Logo no seu primeiro ano precisou gerenciar a chegada e instalação do supercomputador IBM. Ele consumia quase toda energia que o IDC dispunha, e se fez necessário adotar medidas de contingência em relação aos recursos de infraestrutura. Foi um período de grande dificuldade.

Um dos principais problemas foi o descompasso entre a rapidez da evolução tecnológica inerente aos sistemas da Tecnologia da Informação e a morosidade dos processos administrativos empregados na aquisição de novas tecnologias e soluções de TI. Tereza Cristina Melo de Brito Carvalho

8. Carvalho, Tereza Cristina Melo de Brito Carvalho (coord.). TI Tecnologia da Informação, Tempo de Inovação: Um estudo de caso de Planejamento Estratégico Colaborativo. São Paulo: M.Books, 2010, 458 p. 122

Sob o aspecto organizacional, como ponto de partida, a nova diretora viu a necessidade de estabelecer metas frente ao desafio de administrar uma organização responsável pela infraestrutura de TI da USP. O conceito e aplicação de governança foram iniciados na administração Edson Moreira, mas perderam continuidade por vários motivos. Tereza Carvalho resolveu retomá-los usando o Planejamento Estratégico, que se revelou um dos métodos organizacionais mais importantes da sua administração. A partir desta sua experiência com o Centro de Computação Eletrônica , e sob sua coordenação, nasceu o livro8 Tempo de Inovação.


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O movimento inicial de sua gestão foi conhecer as equipes. Assim realizaram-se várias reuniões com diretores e chefes e, posteriormente, como todos os funcionários. A primeira etapa era a realização de escrutínio interno e mapeamento do ambiente externo usados na formulação da estratégia corporativa. Os resultados permitiram identificar os pontos fracos e fortes para o início do Plano Estratégico. Um dos resultados detectados foi o problema de posicionamento dos funcionários como participantes fundamentais na obtenção do sucesso da organização, o que motivou a contratação de uma consultoria na área de recursos humanos e culminou com o mapeamento cultural do CCE. Esta consultoria acompanhou todas as etapas do processo seguindo até o final da gestão de Tereza Carvalho.

Tereza Cristina Melo de Brito Carvalho, diretora do CCE de 2006 até 2010. 123


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Presença do professor Hélio Guerra Vieira, ex-reitor da USP, no lançamento do livro “Tecnologia da Informação. Tempo de Inovação.

Comissões corporativas Quando iniciou sua gestão no CCE, Tereza Carvalho esperava que seus planos de ação fossem aceitos rapidamente, e não só isso, mas também colocados em prática. No entanto, seu costumeiro otimismo não foi suficiente para romper a resistência das pessoas, deixando-a intrigada sobre os motivos da falta de adesão. Tudo mudou ao participar de uma palestra ministrada por Luiza Trajano, dona do Magazine Luiza, onde tomou conhecimento de experiências positivas da empresária com a formação de comissões de funcionários em torno de um problema ou projeto. Tereza Carvalho gostou da ideia e resolveu adaptá-la para o CCE. Decidiu criar comissões para projetos que precisavam de inovação. Foram quatro comissões e planos de ação corporativa compostas por, ao menos, um funcionário de cada uma das cinco divisões do CCE. O objetivo dessa composição era manter a pluralidade de ideias e o envolvimento dos funcionários em torno de um assunto em comum. Duas das comissões acabaram se desdobrando em setores dentro da organização. Este foi o caso da Comissão de Intranet, que mais tarde se tornou Seção de Comunicação, e também da Comissão de Sustentabilidade, que inspirou a criação do Cedir (Centro de Descarte e Reuso de Resíduos de Informática). Outras duas comissões também tiveram papel importante: a Comissão de Governança e a Comissão de Treinamento. 124


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A Comissão de Sustentabilidade foi criada em agosto de 2007 com o objetivo de identificar ações e políticas sustentáveis relacionadas às atividades do dia a dia do CCE, e apresentou propostas relevantes nas áreas, de TI verde e tratamento sustentável de lixo eletrônico. A criação do conceito do selo verde foi uma de suas iniciativas. As experiências desta comissão revelaram-se fundamentais para a criação do Cedir e do fortalecimento do tema sustentabilidade na USP. Alessandra, uma das funcionárias que participou da Comissão de Sustentabilidade, afirma que ao término do Descarte Legal, que reuniu 5,2 toneladas de lixo eletrônico, precisou conter as suas expectativas diante do que existia em reciclagem naquela época.

Ficamos decepcionados quando fomos buscar parceiros e o “mercado” ainda não atendia as nossas expectativas de sustentabilidade, por exemplo, a extração dos metais nobres das placas não era feita no Brasil; era necessário pagar pelo descarte dos monitores CRT9, o vilão do e-lixo. Além disso, o ciclo industrial apresentado pelas empresas não deixava claro a destinação final dos resíduos. A nossa decepção acabou nos trazendo ganhos positivos e tomou um novo rumo que foi a criação do Cedir. Alessandra Falciano

O trabalho da Comissão de Sustentabilidade foi tão bem sucedido que mereceu menção honrosa do Prêmio Governador Mário Covas10 de 2008. A Comissão de Intranet foi criada em março de 2007 devido à necessidade de encontrar soluções para aumentar o acesso da recém-criada Intranet que entrou no ar ao final de 2006 com o objetivo de ser um canal de comunicação entre os funcionários. Como o número de acessos não correspondia às expectativas, coube à comissão reverter esta situação participando diretamente do projeto de divulgação e edição. Esta viria a ser a primeira Intranet colaborativa do CCE.

9. CRT (Cathodic Ray Tube) são os tradicionais monitores de tubo.

Os desafios gerados pela criação da Intranet também identificariam que a comunicação interna e externa do CCE nunca fora considerada área estratégica para promover os negócios de TI. Tereza Carvalho notou esse importante aspecto e tomou medida para criar, em 2009, uma seção voltada à comunicação institucional do CCE. Essa seção tornou possível TV CCE, uma TV indoor com programação de assuntos de tecnologia. Além disso, o

10. O prêmio governador Mário Covas foi instituído em 2004 pelo decreto n. 49.191/2004, alterado pelo Decreto n. 53.473/2008, voltado a identificar as boas práticas desenvolvidas por equipes de servidores públicos estaduais. 125


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Lançamento do Selo Verde, em 2008. A cerimônia contou com a presença da reitora Suely Vilela, na foto entre Roberto Saidon, à esquerda e Carlos Guizelli, ambos da Itautec. CCE foi inserido no Facebook e no Twitter, tornando-se uma das primei-

ras unidades da USP a fazer parte das redes sociais. A partir da execução do Plano Estratégico Corporativo e das Unidades de Negócio do CCE, ficou evidente a necessidade de instituir indicadores de desempenho que pudessem ser usados na avaliação dos resultados. Nas reuniões de gerentes o tema era colocado em questão, assim como quais métodos e com que frequência os indicadores seriam mensurados Surgiu daí a ideia de criar a Comissão de Governança, que ficaria com a responsabilidade de identificar frameworks11 de governança a serem adotados pelo CCE e visualizar a evolução destes indicadores.

11. Estrutura conceitual. Conjunto de conceitos e métodos. 126

No Plano Estratégico a capacitação dos funcionários técnicos e administrativos passaria a ser estratégica na administração do CCE. Até então a capacitação se fazia mediante demanda dos próprios funcionários. Não havia planejamento na área de recursos humanos voltados aos profissionais de TI. Foi, então, realizado um levantamento para identificar as competências e aquelas que precisariam ser desenvolvidas, face às necessidades dos serviços prestados pelo CCE. Coube à Comissão de Treinamento identificar o conjunto de treinamentos a serem ministrados de forma corporativa e organizar as demandas que fossem surgindo, de acordo com o momento e a evolução do negócio de TI.


Parte 4: Os Desafios do Novo Século

Cedir: projeto inovador A inspiração para a criação de um centro de descarte aconteceu em junho de 2008, como resultado do Plano de Gestão de Resíduos de Informática. A Comissão de Sustentabilidade preparou uma ação de coleta de resíduos de informática e, para isso, convidou todos os funcionários do CCE a participar da empreitada. O plano que recebeu o nome de “Operação Descarte Legal”, coletou 5,2 toneladas de peças e equipamentos obsoletos do CCE. A ideia que resultou na ação para a Operação Descarte Legal fez sucesso. Em novembro, daquele mesmo ano, o CCE submeteu o projeto do Centro de Triagem e Descarte de Resíduos de Informática, que foi selecionado por um grupo de pesquisadores do L-Lab do MIT - Massachussetts Institute of Technlogy. O objetivo era dar continuidade às pesquisas oferecendo mais subsídios para o projeto crescer.

Selo Verde

As aplicações de sustentabilidade avançavam para o setor de compras de produtos eletrônicos, mais especificamente microcomputadores e notebooks. A Comissão de Sustentabilidade resolveu investir nessa medida, contando com o apoio da CTI e da Divisão de Microinformática do CCE. A primeira grande compra de micros realizou-se tendo como premissa critérios para equipamentos com características “verdes”, isto é, que atendessem a requisitos de economia de energia elétrica, ausência de elementos nocivos à saúde e ao meio ambiente como, por exemplo, chumbo, cádmio e materiais tóxicos, em conformidade com a diretriz europeia ROHS (Restriction of Hazardous Substances) e adesão aos padrões internacionais de gestão de qualidade, ISO 9001, e de gestão ambiental ISO 14.001. Tais requisitos foram especificados como opcionais e desejáveis,

pois sua obrigatoriedade poderia causar um fracasso do pregão. Na época, em 2008, e de certo modo ainda hoje, o mercado de aparelhos eletroeletrônicos não estava preparado para atender aos requisitos determinados. Com o intuito de incentivar e motivar a empresa vencedora do pregão foi criado um “selo verde”, indicativo de um conceito de qualidade sustentável que agregaria valor à marca. A medida também procurava atender a uma política na USP para aquisição de bens de informática e telecomunicações “verdes”, permitindo reduzir a geração de lixo eletrônico com componentes tóxicos e não recicláveis. O lançamento do selo verde se deu em 17 de dezembro de 2008, e o evento contou com a presença da reitora Suely Vilela e dos representantes da empresa vencedora, a Itautec.

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Desde a inauguração (dezembro de 2009) o Cedir recebe cerca de 12 toneladas mensais de equipamentos eletrônicos como CPUs, mouses, teclados, monitores, impressoras, scanners, celulares e suportes de gravação como CD, DVD, disquetes, fitas. 128


Parte 4: Os Desafios do Novo Século

Buscando fortalecê-lo ainda mais, o projeto foi inscrito para concorrer ao Prêmio Mário Covas, categoria inovação, por boas práticas na Administração Pública no Estado de São Paulo. A confiança de todos os envolvidos era tanta, que quase não foi surpresa o fato de o projeto ter saído vencedor. A cerimônia de premiação aconteceu em fevereiro de 2009, na Sala São Paulo. O empreendedorismo da Comissão de Sustentabilidade e a parceria com o MIT, sob o apoio e incentivo de Tereza Carvalho, serviram como um laboratório para implantação de um centro de descarte de lixo eletrônico. Mais do que isso, revelaram a necessidade da sua criação na Universidade de São Paulo e mesmo fora dela. Finalmente, o projeto ganhou existência no dia 17 de dezembro de 2009, data de inauguração do Cedir (Centro de Descarte e Reuso de Resíduos de Informática). Nasceu pioneiro na sua modalidade em órgão público e instituição de ensino superior e alinhado com as diretrizes mundiais de Sustentabilidade definidas pela ONU, no World Summit 200512. Inicialmente o Cedir ocupou um galpão de aproximadamente 500 m2, que passou por reforma para permitir o acesso a carga e descarga de resíduos, área com depósito para categorização, triagem e destinação de 500 a 1000 equipamentos por mês. A reforma obedeceu às normas da COESF - USP (Coordenadoria do Espaço Físico). Dentro da estrutura organizacional do CCE, o Cedir foi estabelecido como uma seção da Divisão de Microinformática. Os cinco principais objetivos adotados: 1) Elaborar o fluxo de vida dos equipamentos eletroeletrônicos. 2) Implementar o programa de coleta e descarte do lixo

Troféu do Prêmio Mário Covas recebido em 2009 pelo CCE.

12. Reunião com 191 líderes do estados membros, que levou à Declaração do Milênio das Metas de Desenvolvimento do Milênio (ODM). 129


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O outdoor na Cidade Universitária informa a novidade: um Centro de Descarte e Reuso de Resíduos de Informática para a comunidade USP, dezembro de 2009. eletrônico. 3) Propor soluções para reaproveitamento e/ ou reciclagem do lixo eletrônico. 4) Pesquisar projetos sociais que poderiam receber sistemas eletroeletrônicos para reuso. 5) Elaborar método de homologação e certificação, tanto dos projetos sociais quanto das empresas de reciclagem. Para se dedicar às atividades que o Cedir iria demandar foi composta uma equipe de técnicos de informática do CCE, dois deles membros da Comissão de Sustentabilidade. As atividades, basicamente, seriam as seguintes: a)Recepcionar os equipamentos eletrônicos obsoletos. b) Efetuar triagem a partir da possibilidade de reutilização. c) Separar e classificar os inservíveis conforme a composição do material. d) Armazenar o material até o seu recolhimento por empresa de reciclagem devidamente cadastrada. Outra modalidade de atividade foi incorporada no primeiro ano de operação: a utilização de peças de equipamentos descartados ainda em condições de uso. Alguns equipamentos enviados para o Cedir tinham peças que poderiam ser reaproveitadas na manutenção de equipamentos ainda em uso. Além da economia, esta iniciativa prolongou o tempo de vida de outros equipamentos, que por sua vez, acabariam descartados por falta de peças de reposição. 130


Parte 4: Os Desafios do Novo Século

Segundo Tereza Carvalho, dentre os projetos importantes que desenvolveu para o CCE, o Cedir foi, sem dúvida, o mais importante. Surgiu em um momento em que a demanda por esses serviços estava reprimida, e as leis sobre descarte eram quase inexistentes. Por isso foi preciso romper barreiras, convencer muitos dirigentes sobre a importância do projeto. E lamenta não ter podido fazer mais do que havia feito até aquele momento. Após o final de sua gestão no CCE, Tereza Carvalho foi chamada em 2010 para atuar como assessora de projetos especiais da Coodenadoria de Tecnologia da Informação, com foco no Planejamento Estratégico e Sustentabilidade; o Cedir continuaria sob a sua responsabilidade, já que em 2012, ele ficou subordinado a CTI. Nesse mesmo ano as instalações do Cedir foram transferidas para a Prefeitura do Campus da Capital.

Nova identidade visual A elaboração do Planejamento Estratégico foi uma ferramenta essencial na orientação e estabelecimento de metas da gestão de Tereza Carvalho. No entanto, durante os quatro anos seguintes, nem todos os resultados seriam alcançados em médio prazo, mas em longo. Mesmo assim, foram positivas todas as etapas para se chegar ao planejamento. A parte mais complexa era envolver os funcionários do CCE e promover as mudanças necessárias. Para conhecê-los melhor, uma das medidas adotadas foi o Mapeamento Cultural Funcional, cujos resultados permitiram estabelecer uma análise da cultura e clima organizacionais. O MCF era composto de três etapas: questionário on-line, jogos de negócios e entrevistas individuais. Toda a parte voltada para o desenvolvimento de pessoas e equipe foi feita ao longo dos quatro anos. Era quase um trabalho diário para trazer percepção dos conflitos, das motivações dos desafios. A experiência das pessoas como participantes da mudança do CCE, resultou em um episódio que desencadearia um projeto inédito. Em de-

Fig. 1

Fig. 2

Fig. 3 131


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1º Workshop de Criação do CCE, em 2008: Uma das equipes no processo de criação do novo logotipo. O Workshop reuniu 168 funcionários.

terminado momento Tereza Carvalho recebeu um e-mail de uma funcionária contrariada com o logotipo do CCE (fig. 2). Ele fora criado por volta de 1994 e não tinha total aceitação internamente. Antes dele, outro (fig. 1) foi usado e imediatamente esquecido. Daí decorreu a ideia de os próprios funcionários criarem um novo logotipo, o que levou à realização do 1º Workshop de Criação. Para que acontecesse, foi preciso montar uma infraestrutura simulando um “estúdio de design”, com mesas de trabalho, lápis de desenho e grafismos para inspiração. Os funcionários foram divididos em equipes coordenadas por um designer. Depois de se criar os logotipos, era preciso justificar os conceitos para cada um e, ao final, uma votação iria classificar as três propostas que melhor descrevessem o CCE. Semanas mais tarde, uma votação pela Intranet deu vitória ao logotipo atual (Fig 3). O formato do 1º Workshop deu tão certo que se realizou um segundo para contribuir com as frases que estão publicadas no livro TI – Tecnologia da Informação – Tempo de Inovação. O título do livro, inclusive, veio da inspiração desse segundo encontro. Tereza Carvalho terminou sua gestão à frente do CCE com novas perspectivas a respeito da área de TI. O tema “sustentabilidade” começou a fazer parte da sua vida acadêmica, profissional e pessoal. 132


Parte 4: Os Desafios do Novo Século

Construção do caminho Quando Jaime Simão Sichman assumiu direção do CCE em 2010, um novo cenário começou a ser desenhado para o centro. Até então, uma das grandes áreas de atuação dos seus dois antecessores, Edson Moreira e Tereza Carvalho, era a área de redes. Ocorre que Sichman havia feito sua carreira toda na área de Inteligência Artificial, o que o fez estranhar o convite do coordenador da CTI, Gil da Costa Marques. Não aceitou de imediato: precisava de um tempo para pensar sobre tal responsabilidade. Ele já havia ocupado posições administrativas em seu departamento como coordenador da pós-graduação, coordenador de disciplinas e laboratórios, mas nunca havia tido nenhuma experiência que se equiparasse à de diretor de centro de computação. De antemão, porém, Jaime Sichman sabia que dois aspectos seriam complicados para o exercício na diretoria do CCE: a primeira, gerenciar pessoas, e a segunda, trabalhar com processos administrativos que muitas vezes ficam sujeitos a entraves nos trâmites burocráticos que, em geral, retardam a corrida tecnológica. Na direção do CCE teria de enfrentar o grande dilema de lidar com as leis dos órgãos públicos, tão rígidas para a compra de uma resma de papel quanto para aquisição de um supercomputador.

A gente lida com tecnologia. Se você atrasar uma compra três, quatro, cinco meses, por exemplo, de papel, não é a mesma coisa que você atrasar quatro, cinco meses de um equipamento de computação, porque talvez depois deste tempo ele já esteja obsoleto e existe um equipamento novo. Então você nunca consegue concretizar, parece que está sempre correndo atrás para tentar ganhar o tempo perdido. Jaime Simão Sichman

Jaime Sichman conheceu o CCE de perto em 1980, quando era estudante da Poli e utilizava cartões perfurados ainda no Burroughs B 6700. De 2000 até 2004 foi assessor da CCI. Para o exercício de diretor, havia a consciência de, com quase 50 anos, o CCE já contava com fluxo próprio de processos e rotinas. Assim, o papel do diretor seria compartilhar a sua visão sistêmica da USP e da tecnologia no mundo para, em seguida, dirigir e estabelecer os projetos e metas para o centro não ficar para trás, não perder o rumo nem a inovação tecnológica de que a USP precisa.

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Jaime Simão Sichman na cerimônia de posse como diretor do CCE, ano 2010.

Projetos para a modernização Na gestão do reitor João Grandino Rodas, a computação em nuvem13 tornou-se um projeto norteador da administração da universidade. Em razão disso, em 2011, a STI criou duas importantes comissões para tratar desta questão, a Comissão Cloud USP e a Comissão de Estratégias de Comunicação nas Redes da USP. A ideia era que a Universidade pudesse dispor de recursos da nuvem o mais breve possível. Enquanto isso, no CCE, os projetos não podiam parar, e os usuários já davam sinais de que precisavam de um outro sistema de e-mail, mais moderno e com mais recursos. Então Sichman viu que era “a hora” de mudá-lo. 13. A computação em nuvem (em inglês cloud computing), tem sido uma tendência nos últimos anos. Seu conceito principal é que ninguém precisa mais trabalhar usando os programas e discos do seu próprio computador, mas utilizando todos estes recursos pela rede. E esta rede é formada por várias redes com vários computadores, dando confiabilidade a quem usa. Por exemplo, o Google oferece uma série de serviços assim. 134

Com a introdução do novo sistema de correio eletrônico, todo o seu conceito visava que fosse um serviço na nuvem da USP. Passou-se de uma “solução caseira” ― o webmail, que teve o seu mérito ao ser desenvolvida no CCE, quando ainda não existiam ferramentas mais profissionais para isso ― para um novo sistema de e-mail que podia ter elasticidade para hospedar outros domínios de correio eletrônico e muitas outras facilidades. A novidade recebeu o nome de Ambiente Colaborativo, pois além do tradicional e-mail, também teria recursos de agenda, de porta arquivos,


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Organograma do Centro de Computação Eletrônica (2011)

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como as ferramentas modernas disponíveis hoje, por exemplo, no Gmail. Em virtude dos processos da implantação e escolha dessa ferramenta, as decisões foram tomadas no âmbito desse projeto maior, voltado para a Nuvem da USP. O projeto do Ambiente Colaborativo contou com a dedicação plena de analistas do CCE que, embora não o tivessem desenvolvido, precisaram acompanhar bem de perto a sua aplicação e realizar os testes. As ferramentas deveriam apresentar todas as facilidades necessárias para os usuários da USP, e assim que a nova plataforma estivesse finalizada e fosse aceita, o setor precisaria fazer a migração do webmail para o novo ambiente. Este processo de migração levou cerca de dois meses e mobilizou uma grande equipe. Na área de redes, Sichman contribuiu com a implantação de um segundo anel de fibra óptica interligando todo o campus. O projeto do segundo anel, iniciado na gestão anterior, teve como propósito evitar falhas. Ele dava mais garantia de continuidade dos serviços de comunicação, tal como rede de telefonia. Como hoje praticamente 99% da telefonia do campus é VoIP, se houver problema na rede, consequentemente haverá problema de telefonia. Portanto, a ideia era tentar replicar alguns equipamentos concentradores de comunicação das operadoras com a RNP (Rede Nacional de Pesquisa) e a ligação com a MetroSampa. Uma das metas da gestão de Sichman era tornar o CCE um desenvolvedor de aplicativos móveis para a USP. Quando o vice-reitor e também presidente da Comissão de Permanência Estudantil Hélio Nogueira da Cruz fez o pedido de um aplicativo voltado ao aluno, o diretor do CCE viu a oportunidade que esperava. A tarefa ficou por conta da equipe de Desenvolvimento de Aplicativos da Divisão de Apoio Tecnológico. Em uma primeira fase, ele foi criado para atender ao aluno do curso de Engenharia Elétrica da Poli. A versão beta do App recebeu o nome de “Minha Aula” e ficou disponível para testes. Outro setor do CCE finalmente também pode se modernizar. A reforma do laboratório de manutenção de microcomputadores era um desejo antigo que se concretizou na gestão de Sichman. O projeto de infraestrutura do espaço físico, bem como o mobiliário e ferramentas, contaram com as sugestões dos próprios técnicos do laboratório que sabiam, melhor do que ninguém, do que precisavam. Na parte administrativa, foi elaborado e implementado um novo organograma, aprovado em 2011. Ele veio para refletir melhor a realidade organizacional do Centro de Computação Eletrônica. 136


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Novas instalações do Laboratório de Microinformática, inaugurado em 2011. A profunda reforma deu ao laboratório uma infraestrutura moderna com tratamento acústico, iluminação adequada, sistema de ar-condicionado integrado, móveis modulares e totalmente ergonômicos etc.

Governança Foi retomado o projeto de governança parcialmente desenvolvido nas duas gestões anteriores. Desta vez as equipes estavam mais preparadas e maduras para o momento pelo qual passava o CCE. A governança foi importante, pois deu transparência às ações realizadas no centro e, ao mesmo tempo, propiciou mais controle e visibilidade aos processos realizados. Ela fornece indicadores que servem como parâmetros da evolução das atividades. No caso do CCE, a governança envolveu os diferentes setores, alinhando os interesses corporativos. Para os funcionários que estavam diretamente envolvidos nos projetos, desenvolveu-se um treinamento em duas fases: a primeira para relembrar os conceitos e objetivos; a segunda visou o uso efetivo do programa Project e suas ferramentas, dentre elas o workflow. Esse termo, que em português significa “fluxo de trabalho”, é um conceito de sequência de passos necessários para automatizar processos, de acordo com um conjunto de regras definidas, permitindo que estes possam ser transmitidos de uma pessoa para outra. Num primeiro momento foi feita uma análise de todas as atividades, quando os chefes de divisão realizaram um levantamento de todos os 137


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projetos e seus setores e os recursos disponíveis. Em seguida realizaram-se reuniões para o estabelecimento das prioridades e as metas da organização. Foi importante a inserção da governança, pois envolveu o mapeamento dos processos, dando a exata medida dos prazos. A grande vantagem da Governança em TI é a proatividade ― a possibilidade de corrigir um problema antes que ocorra, ou mesmo facilitar esse processo; na área de tecnologia, isso é fundamental. Para a governança ser efetiva, Sichman criou uma assessoria de governança junto à direção do CCE, porque uma importante questão de gestão é se ter o panorama mais completo de tudo que se faz. E a importância dessa ferramenta, dessa visão geral, está no fato de que em alguns casos certas atividades acabarem competindo entre si: usando os mesmos recursos comuns, ou a mesma sala, ou então, quando uma pessoa precisa realizar mais de uma atividade e é obrigada a fazer escolhas, tomar decisões. Por isso, Sichman sentiu que faltava alguém ao seu lado que pudesse pensar e ver novas soluções em andamento, dar sugestões. Contando com uma assessoria, ele daria agilidade às prospecções tecnológicas, prospecção de negócio: TI é um negócio para a Universidade - ela é fim para alguns pesquisadores e também meio se obterem dados. Em meio ao movimento de governança observou-se que, em breve, ela contaria com uma ferramenta importante: um novo Service Desk.14 Seu processo de aquisição estava em curso quando Sichman assumiu a diretoria. Com as novas diretrizes de planejamento e direção, a documentação com as especificações técnicas passou por complexa revisão. O objetivo era a aquisição de um sistema de Service Desk mais alinhado com as atuais metas estabelecidas. A efetiva compra do novo sistema aconteceu no final de 2012.

Sonho de um novo data center

14. O sistema Service Desk permite que uma central de serviços de atendimento fique integrada em tecnologia da informação oferecendo gerenciamento de incidentes, gerenciamento de problemas etc. Ele ajuda na assessoria, gestão e integração de recursos e ferramentas, para atendimento interno ou externo. 138

Desde o princípio, Sichman viu a necessidade da construção de um novo Internet Data Center para o CCE, e se encheu de esperança quando chegou a notícia, vinda da STI, de que a USP havia adquirido um terreno da Fapesp em frente ao portão três da Cidade Universitária. O terreno localizado na Avenida Politécnica parecia ideal para a materialização do sonho. Existia a perspectiva do novo edifício não abrigar apenas o IDC, mas todas as instalações do CCE e da STI. No entanto, por motivos alheios aos interesses do CCE, o projeto não foi em frente e, mais uma vez, os planos de um novo e moderno IDC acabaram engavetados.


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Para o diretor do CCE, não há dúvida da necessidade de um novo data center. Do ponto de vista de planejamento estratégico, o CCE dispunha, em 2012, de uma “nuvem” que ainda estava na fase inicial. Contava com os recursos computacionais do IDC e com outro data center externo, de um prestador de serviços, mas ainda precisava de muito mais.

O que é a nuvem? Nada mais é, de novo, que um “computador” que está num outro lugar. Tudo bem, é um pouco diferente dos mainframes porque ele tem outras características positivas. Ele tem resiliência, tem elasticidade, pode ter backup; antes, se caísse uma bomba no CCE e o Burroughs explodisse, você perdia tudo. Agora, com a nuvem, isso não é mais assim. Você não sabe muito bem onde estão os dados. E você não precisa mais se deslocar porque você tem a rede na sua casa e, através de um dispositivo, que pode ser outro computador, você tem acesso. Só que você trocou de gargalo. O gargalo passa a ser a rede. Jaime Simão Sichman

As novas diretrizes de TI apontam que essa construção será imprescindível nos próximos anos. O CCE tem um IDC em suas instalações físicas e, dadas as limitações de espaço de construção, ainda é o melhor que poderia existir. No entanto, ele não acompanha todos os novos requisitos que surgem a partir das necessidades atuais. Hoje, se um novo data center fosse construído a partir do zero, certamente algumas decisões de projeto não seriam as mesmas adotadas anteriormente.

Os sinais no sentido da construção de um novo data center ficaram evidentes quando, em outubro de 2012, ocorreu uma pane no sistema de alimentação elétrica. A empresa responsável pela manutenção foi acionada para resolver uma aparente falha em um quadro de distribuição, mas a falha persistiu — alguma coisa passou despercebida, ou ocorreu uma falha no equipamento — e isso fez com que o IDC simplesmente saísse do ar. Tal problema causou séria preocupação ao diretor Jaime Sichman, uma vez que no CCE há um ponto de presença da RNP. Esse ponto, por intermédio do CCE, liga-se por uma fibra ao Terremark, localizado no município de Barueri, e de lá vai para o exterior. Até recentemente, essa era a única porta de saída da Internet acadêmica do Brasil para o exterior. Por isso, se parasse o IDC do CCE, o pesquisador, por exemplo, da Universidade do Pará, não poderia falar com ninguém fora do país via Internet. 139


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Reformas no Data Center

A placa de “inauguração” do Centro de Computação Eletrônica continua até hoje na parte externa do prédio J. O. Monteiro de Camargo da Poli, desde a sua fixação original em 1973. No entanto, com a construção do bloco “B” em 1991, foi criado um hall fechado que interliga os dois prédios, e a então parede externa do J.O. Monteiro de Carvalho faz parte do interior desse hall do CCE, tendo ao lado da placa a porta de entrada do IDC.

dade por parte dos dirigentes e funcionários, o que fez a diferença. Contornava-se a falta de recursos e conhecimento na área em prol da sobrevivência do Centro.

Certamente a chegada do novo computador B 6700, da Burroughs, e a reforma necessária para instalá-lo, suscitaram a visita do então governador de São Paulo, Laudo Natel, e a ideia do evento de inauguração do CCE. Não se tem registro, mas acredita-se que esta reforma tenha sido a primeira entre tantas que viriam no decorrer de cinco décadas da sua existência.

Algumas pequenas reformas foram feitas, mais com caráter de manutenção, nada que mexesse na infraestrutura do centro; somente no final da década de 1990 o CPD passaria por sua primeira grande reforma, com recursos vindos da Fapesp.

Por algum tempo o CPD era o próprio CCE, e de certa forma, continuou assim. Sua história não foi diferente da história de muitos outros centros de computação que nasceram na década de 1960, quando a computação se resumia a dispor de um mainframe dentro de um ambiente fechado e controlado. Ainda na década de 1970 o CPD sofria com oscilações de energia elétrica e até com sua falta. Quando se ameaçava uma tempestade, em geral os equipamentos eram desligados para não sofrer avarias, já que a troca das peças era cara e incerta quanto aos prazos. A infraestrutura do CPD tinha fragilidade, pois não havia nobreak e a refrigeração do ambiente dependia dos próprios dispositivos das máquinas. Além disso, costumava-se desligar todas as máquinas no final do expediente. Diante de tais circunstâncias, esse período foi marcado por especial dedicação e criativi-

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Geraldo Lino de Campos tentou por 15 anos a aquisição de um simples nobreak: o equipamento chegou, mas apenas na segunda metade da década de 1980, quando o próprio Geraldo já não estava mais no CCE.

Quando essa reforma se iniciou, a situação encontrada era muito diferente e mais grave do que o esperado. O projeto precisou passar por ajustes. Exemplos: houve necessidade de se criar um novo alimentador porque era impossível utilizar os cabos de energia do sistema antigo; a antiga casa de máquina, por sua vez, foi demolida, liberando um espaço de 32m2; devido à gravidade da situação, todo o sistema de dutos do ar-condicionado precisou ser refeito. Foram instalados novos pisos elevados num total de 400m2. Essa instalação sanou o problema de “colcha de retalhos” em que o CPD havia se transformado devido aos pequenos e sucessivos consertos. Foram retirados todos os cabos antigos, já sem uso, que formavam um emaranhado impossível de se desmanchar. Foram, por fim, instalados um gerador de 440 KVA e um nobreak de 220 KVA. (Fotos 1, 2 e 3) Três décadas atrás, o antigo IDC contava com técnicos e analistas atuando junto aos mainframes ou terminais, nas máquinas de perfurar car-


Parte 4: Os Desafios do Novo Século

tões, nas máquinas digitadoras e, posteriormente, manuseando os grandes rolos de fitas magnéticas. Hoje os computadores do IDC funcionam sem a atuação direta de técnicos - as máquinas agora são monitoradas a distância, recebem tarefas remotamente via rede - o IDC foi projetado para abrigar apenas equipamentos que não necessitassem de acompanhamento intensivo de técnicos e analistas. No entanto, a pressão por um data center com infraestrutura de qualidade, segundo as normas vigentes, fez com que as reformas fossem constantes, a ponto de uma reforma “colar” na reforma seguinte. No início da década de 2000, Edson Moreira considerou imprescindível a adaptação física do CPD para um data center. Porque, naquele momento, além de abrigar os servidores corporativos, incluiu-se também uma área para o backbone da rede USPnet, das operadoras de telefonia, além de outras redes de pesquisa ou parceiras da Universidade como Giga, Kyatera e RNP. Por isso o CPD foi renomeado para IDC (Internet Data Center). Toda a reforma estrutural que faria o CCE ter um IDC de ponta, no início se mostrou suficiente, em relação a espaço físico e infraestrutura de energia e ar-condicionado. Com o passar do tempo, porém, acendeu-se um sinal de alerta. A chegada do supercomputador IBM, no início de 2006, revelou a urgência de mudanças estruturais, pois seu alto consumo de energia e a necessidade de refrigeração colocou em xeque a última reforma. O “Mamute”, como foi apelidada a máquina IBM pela equipe de Operação e Infraestrutura, ficou sob a administração do LCCA (Laboratório de Computação Científica Avançada). Era o primeiro supercomputador da USP e figurava entre os 500 mais velozes do mundo. Sua instalação e operação representou mais um desafio de gestão, pois ele consumia uma energia equivalente a tudo o que já estava instalado ali, além de constituir em carga

térmica pontual, com difícil dissipação de calor em condições normais de operação. O “Mamute” levou a infraestrutura do IDC ao limiar de sua capacidade, exigindo mais energia e mais máquinas de ar-condicionado funcionando praticamente o tempo todo. Por esta razão, foi diretamente responsável pela definição de planos para se ampliar a capacidade de fornecimento de energia e de condicionamento ambiental do data center. Uma nova reforma também deveria atender o afluxo de servidores hospedados das unidades de ensino e administração da USP. Algumas medidas foram tomadas como: a eliminação de todos os monitores CRT (Foto 4) e substituição de servidores de mesa pelos de rack e readequação das instalações elétricas. Também era necessário adquirir novo sistema de condicionamento de ar, assim como a ampliação da capacidade de energia de alimentação na entrada, passando de 800 KVA para 1500 KVA, otimização do espaço do IDC, e aquisição de novo nobreak modular, dentre outras medidas. A mais importante delas seria a construção de um segundo IDC, em outro local, para abrigar apenas os sistemas críticos da Universidade. Os planos para a construção de um segundo IDC nunca foram abandonados e estão sempre na pauta. Mas, devido às condições de urgência, foi preciso lançar mão dos serviços externo prestados por um data center na cidade de Barueri. A solicitação de um novo ar-condicionado foi feita na gestão de Tereza Carvalho, mas a sua instalação só se daria na gestão de Jaime Sichman (Foto 5), pelo motivo já conhecido: a lentidão que caracteriza a aquisição de bens na Universidade. Finalmente, o IDC está se preparando para abrigar todo o complexo computacional para a Nuvem USP. (Foto 6)

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Parte 4: Os Desafios do Novo Século

Para evitar futuros problemas tão graves como o que havia ocorrido em outubro de 2012, realizou-se uma manutenção do IDC que exigiu uma obra de coordenação complexa. Afinal, houve uma manutenção de emergência que foi seguida por uma manutenção programada, na qual o IDC parou. Todos os envolvidos na operação estavam receosos. Interromper o sistema parecia loucura, mas não havia outra alternativa. Afinal, a pane que fez o IDC parar emergencialmente não fora sanada, o que significava que o erro poderia se repetir. Era preciso interromper de maneira programada, quando todos pudessem ser avisados, e o problema fosse resolvido de vez. Esta manutenção fez o IDC parar durante um final de semana. Todo o processamento e toda a rede do campus ficaram inativos por um dia e meio. Quatro ou cinco empresas foram articuladas e empreendeu-se uma verdadeira força-tarefa: o problema não só foi sanado, como aquela contingência serviu também para atualização dos sistemas.

2013: história interrompida No primeiro semestre de 2013 o CCE comemorava o pioneirismo na instalação da primeira ligação de 100 gigabytes de Internet no país. O teste foi realizado entre o CCE e LARC (Laboratório de Arquitetura de Redes de Computadores) da Poli, em 30 de abril de 2013. Esta ligação representa um avanço importante, pois há dez anos a equipe do CCE havia instalado a primeira rede de 10 gigabytes. Quando Sichman participou de um workshop do Congresso da Sociedade Brasileira de Computação, cujo tema era “Rumo aos 100 gigabytes, ele ficou orgulhoso de poder dizer aos presentes que o “CCE já chegou lá!”. Ao longo da sua gestão, Sichman viu a necessidade de deixar um legado para o CCE. No ano de 2011 pensou em um projeto editorial para 2012, um livro que finalmente contasse a história do centro. Nesse ano seria comemorado o cinquentenário da chegada do primeiro computador da USP. O evento também era importante para o CCE, pois lembraria que o IBM 1620, que chegou na Poli em 1962, foi o responsável pela criação do Centro de Computação Eletrônica da USP. A realização deste projeto editorial foi esbarrando em várias dificuldades pelo caminho. Assim, não conseguiu ser finalizado antes que duas Resoluções USP mudassem a história do CCE como nenhuma an143


Do cartão perfurado à nuvem: História do Centro de Computação Eletrônica da USP

Entrada em comum do Centro de Computação Eletrônica e da Superintendência da Informação. Foto de 2013. tes havia conseguido. Em 18 de junho de 2013 o Diário Oficial de São Paulo publica a Resolução USP 6567, que visava integrar os processos de TI da USP, criando o DTI (Departamento de Tecnologia da Informação), vinculado à VREA (Vice-Reitoria Executiva de Administração). O objetivo da medida seria alinhar as diretrizes estratégicas da área, dar maior racionalização aos recursos humanos e financeiros, facilitar a capacitação dos profissionais de TI permitindo um gerenciamento eficaz do projeto Nuvem USP. Desse modo, ficava integrado ao DTI o CCE, DI e os centros de informática de São Carlos, Ribeirão Preto e Piracicaba. Para dirigir o DTI é indicado o professor Luiz Natal Rossi. Dois dias depois da publicação da Resolução de 18 de junho, Jaime Simão Sichman deixa a diretoria do CCE, ficando em seu lugar o engenheiro Jairo Carlos Filho, funcionário do Centro desde 1983. Ele viria a ser o último diretor do Centro de Computação Eletrônica. Por fim, a Resolução USP n. 6642 de 18 de outubro de 2013 extingue o CCE e DI e altera a denominação dos centros de informática do interior para escritórios regionais do DTI. Todos os recursos do orçamento destes órgãos passam para a VREA.

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1962-2013 Linha do tempo


1962

1963

1964 Ernesto de Vita se afasta para viagem aos EUA.

Chega o computador IBM 1620. Ele é instalado na Escola Politécnica da USP, no mesmo espaço onde hoje está o Data Center do CCE.

Para abrigar o IBM 1620 é criado o Centro de Cálculo Numérico (CCN), por J. O. Monteiro de Carvalho. O Centro fica subordinado à cátedra de Cálculo Diferencial e Integral; Cálculo Vetorial da Poli.

J. O. Monteiro de Carvalho convida Ernesto de Vita para dirigir o CCN.

Ernesto de Vita Junior e os professores da disciplina Cálculo Numérico, passam a ministrar programação de computadores e sua aplicação à resolução de problemas de Cálculo Numérico.

Alguns alunos são admitidos para estagiar no CNN, entre eles os alunos da Poli Imre Simon e Tomasz Kowaltowski. Ambos teriam papel importante na área de computação da USP e Unicamp, respectivamente.

O CNN passa a fazer parte do IPM – Instituto de Pesquisas Matemática, na época órgão ligado Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Fisicamente ele continuou alocado no prédio da Poli.

1960-1963 146

Reitor Antonio Barros de Ulhôa Cintra

CCN passa a ser chamado, de Centro de Computação Eletrônica (CCE), nome batizado por Valdemar W. Setzer.

O CCE começa a trabalhar no processamento do CESCEM, vestibular unificado de ciência Biológica da Fundação Carlos Chagas.

Criado o Serpro - Serviço Federal de Processamento de Dados, criado para modernizar e dar agilidade a setores estratégicos da administração pública.

A IBM encarrega o engenheiro do ITA, Antonio Carlos do Rego Gil, para dar suporte técnico à equipe, do então CCN, que atuava junto ao IBM 1620.

A AT&T lança o primeiro modem comercial, o Bell 103. Ele permite transmissão dupla a uma taxa de dados de 300 bits por segundo.

Chegam três recém-formados engenheiros pelo ITA para a direção do CNN/CCE José Dion de Melo Teles, Isu Fang e Valdemar W. Setzer.

Robert William Bemer estabelece o American Standard Code for Information, conhecido como código ASCII. Bemer também é o primeiro da área a alertar sobre o “Bug do Milênio”.

A Burroughs começa a rodar programas em Algol 60. Nesta época fica consolidada a ideia de que o software era importante para o projeto do computador.


1966

A Portaria USP GR n. 260 de 22 de julho de 1966, dá existência legal ao CCE. Ele fica ligado ao Instituto de Pesquisas Matemáticas (IPM).

No dia 5 de outubro é lançada a pedra fundamental da Universidade Estadual de Campinas, a Unicamp.

Foi lançado no mercado brasileiro a máquina de escrever elétrica, IBM 72.

A HP lança o seu primeiro computador, o HP 2116A. Ele é vendido ao Wood Hole Oceanographic Institution, que o usou a bordo de um navio de pesquisa.

1968

No CCE, o IBM 1620 é substituido pelo computador Burroughs B 3500.

É decretado o AI-5 (Ato Institucional número 5). Ele promove uma dura mudança política no Brasil. Foi redigido pelo ministro da Justiça Luís Antônio da Gama e Silva, entrando em vigor em 13 de dezembro de 1968. Luís Antonio da Gama e Silva era reitor licenciado da USP.

1969 O reitor Miguel Reale consolida a Reforma Universitária. Ela iria revolucionar a USP promovendo a extinção de cátedras vitalícia, criação dos departamentos de ensino e desmembrando a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Entre outras modificações o IPM foi extinto deixando o CCE sem vinculação com nenhum órgão.

Em diferentes datas, se afastam da direção do CCE: José Dion de Melo Teles, Isu Fang e Valdemar W. Setzer.

Com a saída dos três diretores, o CCE fica sob a responsabilidade de José Affonso Leão Gil

O Federal Information Processing Standard encoraja o uso do formato de datas de 6 dígitos (YYMMDD) para troca de informações, já de olho no Bug do ano 2000. Surge a Prodesp (Processamento de Dados do Estado de São Paulo). Uma comissão do CCE participou do planejamento para a sua criação.

1963-1969

Reitor Luís Antonio da Gama e Silva

147


1970

1971

A Portaria USP GR n.1034, de 22 de janeiro de 1970, o reitor Miguel Reale constitui a Comissão de Estudo do Problema da Computação Eletrônica e Processamento de dados, presidida pelo professor Oswaldo Fadigas Fontes Torres

Em 30 de março de 1971 é submetido ao reitor uma proposta de reorganização do CCE

Octávio Gennari Netto é indicado diretor do CCE e fica responsável por elaborar o Regimento da instituição.

É introduzido no mercado o floppy disk de 8 KB e a impressora daisy wheel (caracteres dispostos em um formato que lembra uma margarida).

Paulo de Souza Moraes é indicado para substituir Octávio Gennari Netto que saiu no início do Ano. Geraldo Lino de Campos viria substituir Paulo de Souza em vários momentos na direção do CCE.

Geraldo Lino de Campos entra no CCE e cria a área de Assistência Técnica aos usuários.

O SRI Shakey foi o primeiro robô móvel internacional controlado por inteligência artificial.

O Regimento Interno do Centro de Computação Eletrônica fica pronto e é aprovado pelo Conselho Técnico - Administrativo da USP, em sessão de 12 de outubro, publicado no Diário Oficial do Estado de São Paulo de 28/10/1971.

É construído o Kenbak-1, considerado o primeiro computador pessoal do mundo, segundo O Computer History Museum. A primeira venda ocorreu no início do ano seguinte.

1969-1973 148

1972

Reitor Miguel Reale

O governo federal cria a Comissão de Coordenação das Atividades de Processamento Eletrônico (Capre).

De um curso sobre arquitetura de computadores da PoliUSP, ministrado pelo professor Langdon, o projeto do computador, batizado de “Pato Feio”, teve início em 1971 e foi concluído em julho de 1972.

Prodasen (Serviço de Processamento do Senado Federal) é inaugurado em 12 de outubro. Octávio Gennari Netto, ex-diretor do CCE, passa a ser seu diretor executivo.


1973

1974

1975 Geraldo Lino de Campos fica na direção do CCE após afastamento de Paulo de Souza Moraes.

No CCE, em outubro, o computadar Burrough B 3500 é substituído pelo B 6700.

Foi lançado o FTP (File Transfer Protocol), que permite transferir arquivos entre computadores remotos. CCE instala no Instituto de Geografia, em março, o primeiro terminal time sharing da USP.

Para abrigar o novo computador B 6700 é feita uma reforma no CPD. Para marcar a importância do fato, o CCE é “inaugurado” em 16 de outubro com a presença do governador Laudo Natel.

No Brasil, em18 de julho de 1974, nasce a Cobra Computadores e Sistemas Brasileiros, com o objetivo de desenvolver tecnologia genuinamente nacional produzindo o Cobra 700.

CCE lança a edição número 1 do “CCE informativo”. Um boletim destinado aos usuários do centro.

Gates e Allen fundam a Microsoft. As primeiras conexões internacionais para a Arpanet foram estabelecidas, na University College na Inglaterra, em Londres e no Royal Radar Establishment, na Noruega.

Fundação do LSI - Laboratório de Sistemas Integráveis na Escola Politécnica da USP. Nos EUA, é criado o “Altair “, primeiro computador pessoal (PC de personal computer) disponível em grande escala para consumo em massa. Equipado com uma CPU Intel 8080, memórias SRAM (static RAM), rápidas e confiáveis, porém muito caras.

Nasce a Scopus, uma das principais empresas de informática do Brasil. Empresa criada por um grupo de exprofessores da Poli-USP que trabalharam no desenvolvimento do minicomputador G-10.

1973-1977

Reitor Orlando Marquês de Paiva

149


1976

CCE inicia um plantão noturno de atendimento ao usuário, de segunda a sexta das 19h até 22h.

O CCE começa a processar as atividades da Fuvest.

Steve Jobs e Steve Wozniak projetam e constroem o Apple I, basicamente de um único cartão de circuito impresso. A Apple é fundada por por Steve Wozniak, Steve Jobs e Ronald Wayne em 1º de abril em Cupertino, Califórnia.

1978 Para os usuários da USP que já possuem terminais com a mesma disciplina da série TD da Burroughs, o CCE começa a oferecer linhas com modens para compartilhamento.

CCE dispõe aos seus usuários uma série de programas comercializados pela Cosmic (NASA) e tem aplicações em Aeronáutica, Geociências, Ciência Espaciais, Física, computação entre outros.

150

O sistema do computador PDP 11/60 - VS60 entra em operação em outubro no CCE.

É implantado no CCE o utilitário System/Report que auxilia os programadores em Cobol no desenvolvimento de programas para produzir relatórios.

DEC introduz o VAX 11/780, um computador de 32 bits que se torna popular para aplicações científicas e técnicas.

Desenvolvido o supercomputador Cray-1, manufacturado pela Cray Research.O Cray-1 é o primeiro supercomputador com uma arquitetura vetorial.

1979

Fundada a SBC - Sociedade Brasileira de Computação. A SBC é uma instituição acadêmica criada para incentivar e desenvolver a pesquisa científica na área da computação no Brasil.

Criado a SEI - Secretaria Especial de Informática. Responsál pelo setor de informática, a Capre foi substituída pela SEI na formulação da Política Nacional de Informática.


1980

É desenvolvido no CCE um argoritmo para proporcionar visão realista de um objeto trimendicional para uso no sistema gráfico PDP-11/VS60.

1981

Criada a CCI (Comissão Central de Informática) da USP.

CCE Inicia as obras de infraestrutura para a instalação do novo computador B 6900.

A Bitnet começa a funcionar na City University de Nova York. Como já estava fazendo em anos anteriores, o CCE amplia mais o número de cursos oferecidos a docentes e pesquisadores. Desta vez são 6 cursos: WFL (linguagem de controle do B 6700), Fortran básico, SPSS, Tópicos de Fortran, Cobol e Sistema Gráfico.

A Dismac lança na Feira de Utilidades Domésticas (UD), em São Paulo, o D-8000, o primeiro microcomputador nacional, com processador Z-80 de 2 MHz, 32 Kbytes de memória e gravador cassete embutido, para armazenamento de programas.

1982

O CCE substitui o computador Burroughs B 6700 pelo B 6900.

Geraldo Lino de Campos é indicado, e aceita, a diretoria executiva do CCE.

O Boletim “CCE Informativo” n. 92 comunica aos seus usários que a franquia de espaço em disco foi aumentada de 1para 2 MB.

A IBM anuncia seu primeiro computador pessoal, o IBM-pc-Datamaster, que usava o processador 8086 de 16 bits e funcionava com o MS-DOS.

Autodesk é fundada e vende a primeira versão do AutoCAD no mesmo ano.

Mitch Kapor desenvolve o Lotus 1-2-3, software direcionado para o IBM PC.

1978-1982 Reitor Waldyr Muniz Oliva

151


1984

1985 Os terminais da Sala de Usuário do CCE começam a ser substituidos pelo modelo Burroughs - TVA 1800.

São instaladas 4 linhas sequências, com número tronco 815-8183, para acesso, via modem, com os computadores do CCE. Primeiro lote de computadores PCs são adquiridos pela USP. O CCE participou da especificação técnica para compra desses equipamentos.

1986 CCE comunica aos seus usuários que passa a ter a responsabilidade pela constituição e manutenção de uma Programoteca para microcomputadores adquiridos pela USP. A Programoteca fica especializada em empréstimos de programas e manuais utilizáveis na linha IBM-PC e Apple-CP/M.

CCE anuncia a troca de seus terminais e oferece treinamento para uso novos equipamentos.

Fundada em São Paulo a ABES - Associação Brasileira das Empresas de Software.

O CCE adquire o Inforex 1300, um sistema de entrada de dados que permite que as informações sejam inseridas em terminais e armazenadas diretamente em unidades de disco. Ele veio substituir os cartões perfurados.

Sancionada a Lei n. 7.232 que estabelecia os princípios, objetivos e diretrizes da Política Nacional de Informática, estava criada a reserva de mercado de informática no Brasil.

CCE apresenta seu robô industrial em feiras especializadas. Ganha dois prêmios, primeiro e segundo lugar. Sua construção durou cerca de 3 anos. O CCE troca o Burroughs B 6900 pelo Burroughs B 6930.

A Apple Computer Corporation lança o Macintosh, o primeiro computador com mouse e interface gráfica, com valor comercial de US$ 1,5 milhões de dólares.

1982-1986 152

Reitor Antonio Hélio Guerra Vieira

O PageMaker, de Paul Brainard, torna-se o primeiro programa de editoração de computador PC.

A Compaq desbanca a IBM no mercado quando anuncia o Deskpro 386, o primeiro computador no mercado a usar o novo processador Intel 386. Acontece a fusão da Sperry Rand com a Burroughs. Da junção das duas empresas nasceu a Unisys Corporation.


1987

Fica disponível para os usuários do CCE do sistema B 6900, o plotter Digicon. O equipamento admite dois tamanhos de folhas (A1 e A2).

1988 É realizada a conexão Bitnet entre a Fapesp e o Fermilab (Laboratório de Física de Altas Energias), sediado em Batavia, EUA. Ela possibilitou ao CCE se ligar, imediatamente à Fapesp e assim a USP entrar na era das redes computacionais. Resolução USP n. 3386 de 7 de janeiro de 1988, dispôs sobre a reestruturação do CCE. No seu artigo 1º indica que o órgão deve ser dirigido por um coordenador. É instalado no CCE o computador IBM 4381. Criada a Seção de Informática no campus de Bauru. Ela ficou subordinada ao CCE de 1988 até 1997, quando passou a integrar ao quadro da antiga Prefeitura do campus Administrativo de Bauru (PCAB).

É criada a Rede USP. Não muito tempo depois passou a ser denominada por Rede Astir. (Rede de Terminais Administrativos). Esta rede chegou a contar com cerca de 1.600 terminais propriamente ditos ou microcomputadores emulando terminais abrangendo todas as Unidades Universitárias.

CNPq lança a Rede Nacional de Pesquisas (RNP), no entanto seu backbone nacional começou a ser instalado apenas em 1991, com linhas de 9.600 bps. O CCE viria a ter a RNP como grande parceira.

Oswaldo Fadigas Fontes Torres se aposenta e deixa a presidência da CCI.

É instalado o telefone 815-5382 na sala de terminais para uso exclusivo de usuários.

Em setembro o CCE anuncia 2 cursos para uso de microcomputadores destinados aos pesquisadores e funcionários USP. São eles: “Introdução ao sistema operacional DOS” e “ “Pacote de aplicativos” com Word, Supercalc e DBase.

1989

Heraldo Luiz Marin substitui Geraldo Lino de Campos que ficou pouco tempo à frente da coordenadoria do CCE. No CCE, o sistema B 6900 é substituido pelo B 7900. A nova Constituição da República Federativa do Brasil é aprovada no dia 5 de outubro.

Tim Berners-Lee propõe o projeto World Wide Web ao CERN (European Council for Nuclear Research).

Fernando Collor de Melo é eleito presidente do Brasil, sendo o primeiro presidente eleito, diretamente, após o regime militar. Ele toma posse em 1990.

1986-1990 Reitor José Goldemberg

153


1990

1991

1992

Chega a Internet na Universidade de São Paulo com o uso do conjunto de protocolos TCP/IP (Transmission Control Protocol/Internet Protocol).

Carlos Antonio Ruggiero – o “Totó”, substitui Heraldo Luiz Marin como coordenador do CCE.

Chega o mini supercomputador Convex C220 no CCE.

A Arpanet deixa de existir.

Com a mudança organizacional do CCE é constituída a Divisão Técnica de Manutenção (DTM), responsável pela manutenção de microcomputadores.

Antonio Marcos de Aguirra Massola Assume a Coordenadoria do CCE em substituição a Carlos Antonio Ruggiero.

Entra no ar o primeiro web site e servidor web da história Ele é rodado num computador NeXT do CERN. Seu conteúdo trata sobre o projeto World Wide Web.

1990-1993 154

Nasce o Programa Pró-Aluno, fruto de um projeto “Apoio Educacional ao Ensino de Graduação”, proposto em 1991.

É inaugurado o novo edifício do CCE (Bloco B). Sua construção contou com o financiamento do programa USP-BID.

O CCE passa por reestruturação, segundo Resolução n. 3698, de 6 de junho de 1990. São extintos os antigos departamentos de Processamento Científico, de Sistemas de Informação e de Operação e Manutenção e criadas duas coordenadorias adjuntas.

Nasce a Seção de Informática do campus de Pirassununga, ela ficou vinculada a Prefeitura do campus.

Mudanças estruturais são realizadas no CCE, entre elas, são extintas as coordenadorias adjuntas. Resolução n. 3919.

É oficialmente constituído o Centro de Informática de São Carlos (CISC), segundo a Resolução USP n. 3926 de 23 de abril de 1992. CISC é o primeiro centro de Informática do interior. Com a devida aprovação da Curadoria de Fundações de São Paulo, nasce a Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo (Fusp).

Reitor Roberto Leal Lobo e Silva Filho


1993

1994 É criado o Departamento de Informática da Codage Reitoria, o DI.

O Laboratório virtual LCCA (Laboratório de Computação Científica Avançada) é inaugurado em 18 de abril. Ele foi criado para atender às pesquisas que dependem de computação com alta capacidade de processamento.

CCE Inicia a ampliação da rede computacional estendendo o sistema a todos os prédios relevantes dos campi USP, por meio de fibras ópticas e cabeamento metálico.

Em abril a equipe de sistemas do CCE é transferida para a Reitoria ficando subordinado à Codage.

O Pentium da Intel é apresentado.

1995

Marília Junqueira Caldas substitui Antonio Massola na Coordenadoria do CCE.

É inaugurada, oficialmente, o portal da USP.

O Programa Pró-Aluno é institucionalizado pela Resolução do Conselho de Graduação (CoG) n. 4133, de 17 de novembro de 1994.

Criado Mosaic, uma interface de usuário gráfica feita para navegação na Internet, pelos estudantes e profissionais da University of Illinois’National Center for Supercomputing Applications.

Ano que se inicia a concepção da USPnet com o apoio fundamental do CCE.

Em outubro é oficialmente lançado o World Wide Web, Consortium (W3C), entidade coordenada, em conjunto com a DARPA, MIT. e da Comissão Européia

É publicadas a Portaria n. 147, Interministerial, que instituiu Comitê Gestor da Internet (CGI).

A linguagem de programação Java é lançada em maio. Ela habilita o desenvolvimento de aplicações independente de plataformas.

1993-1997

Reitor Flávio Fava de Moraes

155


1996

É criado o Centro de Informática de Ribeirão Preto (CIRP), pela Resolução n. 4260, de 26 de abril.

Ano em que Bitnet foi desativada no Brasil.

1997

Constituiu-se o LInt (Laboratório de Interoperabilidade), um local destinado a teste e configuração de equipamentos de redes ativos.

Desativada a rede Astir (Rede de terminais administrativos da USP).

É oficialmente constituído o Centro de Informática do Campus “Luiz de Queiros” (Ciagri), pela Resolução n. 4510, de 24 de novembro.

1999

É iniciada a primeira grande reforma no CPD (Centro de Processamento de Dados) do CCE com financiamento da Fapesp

A Salesforce estréia com o primeiro site a oferecer aplicativos de negócios com um padrão que levou o nome de Cloud Computing. Salesforce foi pioneira no conceito de levar serviços remotamente provisionados.

As instituições se movimentam para evitar o “Bug do Milênio”. O problema relacionado à informática, um erro de continuidade de data na passagem de 1999 para 2000. Por fim não houve qualquer impacto que merecesse registro.

O Pentium Pro da Intel é apresentado.

O Netscape Navigator 2.0 é lançado com suporte para JavaScript.

1997-2001 156

Reitor Jacques Marcovitch


2000

2001

2002

Dia 15 de agosto é inaugurado o Estúdio Multimeios (EMM) do CCE.

Em outubro é feita a incorporação dos funcionários do DTe - Departamento de Telecomunicações da Prefeitura do Campos (PCO) ao CCE.

Edson dos Santos Moreira é indicado como coordenador do CCE em substituição a Marília Junqueira Caldas.

A Trek Technologies da IBM, uma empresa dos Estados Unidos, começa a vender as primeiras unidades flash USB comercialmente.

Bolha da Internet estoura e faz muitas empresas pontocom quebrarem.

Acontece o atentado terrorista de 11 de setembro nos EUA. O fato serve como prova de fogo para os sites de notícias de todo o mundo. A maioria deles teve que reduzir o peso de suas páginas para suportar o volume monstruoso de acesso de usuários em busca de informações.

O IDC (Internet Data Center) opera já quase totalmente reformado para atender as novas tecnologias de processamento, comunicação e transmissão de dados e voz.

É lançado o Windows XP. Início do apagão no Brasil. Ele foi o termo que ficou conhecido pela impossibilidade de geração de energia elétrica devido a falta de investimento e questões climáticas. O fato despertou para o consumo de energia e as pesquisas na área.

Ocorre a fusão entre HP e Compaq Computer Corporation.

2001-2005

Reitor Adolpho 157 José Melfi


2003

2004

2005

A Resolução USP n. 5089, de 2003, informa que o órgão CCE responde à Reitoria. Lançamento do CD “Memória do CCE”, com depoimentos de algumas personalidades importantes para a história do CCE.

A Coordenadoria de Tecnologia da Informação (CTI) passa a existir, formalmente, segundo Resolução n. 5145, de 24 de outubro de 2004.

O Centro de Computação Eletrônica deixa a condição de coordenadoria.

Inauguração dos novos equipamentos de alto desempenho, fruto de investimentos com recursos orçamentários de convênio de cooperação com a empresa HP, da Pró-Reitoria de Pesquisa e do MCT (Finep).

CCE promove o evento “Informação e Mobilidade”. Apresenta solucões para USPnet sem fio.

CCE participou da especificação técnica do primeiro grande lote de1050 aparelhos telefônicos com recursos de telefonia VoIP adquiridos para a USP.

Segundo acordo de cooperação por meio da Fusp. A RNP passa a ter seu ponto de Presença de São Paulo (PoP-SP) no edifício do CCE.

O Google aparece como a companhia de mídia com o maior valor de mercado do planeta.

Com a participação técnica do Estúdio Multimeios do CCE, a Rádio USP inaugura o seu sinal digital. CCE anuncia que o desempenho da rede USPnet foi para até 10 Gigabits Ethernet. Antes ela operava com velocidade entre 10 Mbps e 100 Mbps. A nova configuração é inédita na América Latina.

158

Lançados Orkut (em 24 de janeiro), Facebook (em 4 de fevereiro) e Gmail. (em 1º de abril) O domínio Youtube é ativado em fevereiro.


2006

2007

2008 É realizado o “1º Workshop de Criação” com a participação dos funcionários do CCE. O resultado foi a criação de um novo logotipo para o Centro de Computação Eletrônica.

Algumas comissões corporativas são criadas no CCE. O objetivo é integrar e identificar ações e políticas relacionadas às áreas de diversas atividades do dia a dia do centro.

Tereza Cristina Melo de Brito Carvalho é indicada diretora do CCE, em substituição a Edson dos Santos Moreira.

A Apple revoluciona a telefonia móvel com o lançamento do IPhone. O aparelho combina telefone, navegador de Internet e player de mídia. No dia 17 de dezembro acontece o lançamento do Selo Verde. O evento contou com a presença da reitora Suely Vilela.

Chega o supercomputador da IBM para fazer parte do LCCA. Na época estava no Top500, a lista dos supercomputadores mais velozes do planeta. (http:// www.top500.org). WaibstadtDaisbach, Germany, 2006

Criado o Twitter por Jack Dorsey, Evan Williams, Biz Stone e Noah Glass.

A Comissão de Sustentabilidade prepara uma ação de coleta de resíduos de informática com o nome de “Operação Descarte Legal”. Ele coletou 5,2 toneladas de peças e equipamentos obsoletos do CCE. Neste ano, pela primeira vez, a venda de televisores LCD superou a de CRT em nível mundial.

Tecnologia 3G chega ao Brasil.

Lançada a versão beta do Google Chrome.

2005-2009

Reitora Suely Vilela

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2009

Lançamento do livro “TI Tecnologia de Informação, Tempo de Inovação: Um estudo de Caso de Planejamento Estratégico”, coordenado pela Tereza Cristina Melo de Brito Carvalho. O livro trata sobre o Planejamento estratégico do CCE.

2010 Cerimônia de premiação do Prêmio Mário Covas. O projeto fora submetido em 2009 com o nome “Tratamento Sustentável do Lixo Eletrônico” O pojeto do CCE ficou em primeiro lugar na categoria Inovação em Gestão Pública

Inauguração do Centro de Descarte e Reúso de Residuos de Informática (Cedir) no dia 17 de dezembro de 2009.

O número de usuários da Internet no mundo é estimado em 1,5 bilhões.

Aprovado um novo organograma do CCE.

A Coordenadoria de Tecnologia da Informação desativa a Sala Pró-Aluno instalada no (Bloco A) prédio do CCE.

A CTI passa a ser uma superintendência, mudando o nome para Superintendência de Tecnologia da Informação (STI).

O projeto “Cadeia de Transformação de Resíduos de Informática da Universidade de São Paulo” ganha menção honrosa no prêmio Mário Covas.

É inaugurado um novo auditório do CCE com o nome “Professor Oswaldo Fadigas Fontes Torres”.

2011

Jaime Simão Sichman assume a diretoria do CCE, em substituição a Tereza Cristina Melo de Brito Carvalho.

Julian Assange, um dos membros do Conselho do WikiLeaks, vaza documentos secretos dos EUA e se torna uma das 100 pessoas mais influentes do planeta, segundo revista Time. Assange abre uma discussão importante sobre o uso da liberdade da informação e a segurança na Internet.

Inaugurado o novo Laboratório de Microinformática do CCE. Microsoft apresenta uma prévia do Windows 8.

Morre Steve Jobs.

2010-2014

160

Reitor João Grandino Rodas


2012

CCE faz a implantação de um segundo anel de fibra óptica.

2013 O primeiro canal de comunicação de 100 Gbps da Rede de Comunicação (USPnet), interligou o Centro de Computação Eletrônica (CCE-USP) ao Laboratório de Arquitetura e Redes de Computadores da Escola Politécnica (LARC-Poli).

No dia 18 de junho de 2013 o Diário Oficial de São Paulo publica a Resolução USP n.6567, que visa integrar os processos de TI da USP.

CCE lança um novo e-mail corporativo na USP, chamado de “Ambiente de Colaboração” . Ele é baseado no conceito de “Nuvem”.

Jaime Simão Sichman deixa a diretoria do CCE e é substituído por Jairo Carlos Filho que fica até outubro.

“Minha Aula”, o primeiro App criado pelo setor de Desenvolvimento do CCE é disponibilizado no site da USP.

Criada em 2009 o WhatsApp “estoura” em 2012 com 10 bilhões de mensagens.

Em 18 de outubro o Diário Oficial publica a Resolução USP n. 6642 que extingue o CCE e DI e altera a denominação dos centros de informática para escritórios regionais do DTI. Todos os recursos do orçamento destes órgãos passam para o VREA.

161


Lista de siglas

Arpanet – Advanced Research Projects Agency Network

Fapesp – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

ANSP – an Academic Network at São Paulo

FDDI – Fiber Distributed Data Interface

ARPA – Agência de Projetos de Pesquisa Avançada

FEA – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade

Astir – Rede de Terminais Administrativos

FEI – Faculdade de Engenharia Industrial

BEG – Banco do Estado da Guanabara

Fermilab – Laboratório de Física de Altas Energias

Bitnet – Acrônimo de Because It´s Time Network

FFLCH – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

BMDP – BioMedical Computer Programs

Finep – Financiadora de Estudos e Projetos

Brasscom – Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da

Fuvest – Fundação Universitária para o Vestibular

Informação e Comunicação

HEPnet – High Energy Physics Network

Cairu – Comissão de Acompanhamento da Implantação da Rede USPnet

HP – Hewlett Packard

CAPA – Coordenadoria Adjunta de Processamento Administrativo

HTML – Expressão inglesa HyperText Markup Language

CAPC – Coordenadoria Adjunta de Processamento Científico

HU – Hospital Universitário

CCE – Centro de Computação Eletrônica

IBICT – Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

CCI – Comissão Central de Informática

ICMC – Instituto de Ciências Matemática e de Computação

Cedir – Centro de Descarte e Reúso de Resíduos de Informática

IDC – Internet Data Center

CEPD – Conselho Estadual de Processamento de Dados

IF – Instituto de Física

CESCEM – Centro de Seleção de Candidatos às Escolas Médicas

IME – Instituto de Matemática e Estatística

CETEL – Centro de Telecomunicações

IMSL – International Mathematical and Statistical Libraries

Ciagri – Centro de Informática Luiz de Queiroz

IPM – Instituto de Pesquisas Matemáticas

CIC – Centro de Informática da Capital

IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas

CIRP – Centro de Informática de Ribeirão Preto

ITA – Instituto Tecnológico de Aeronáutica

CISC – Centro de Informática de São Carlos

ITIL – Information Technology Infrastructure Library

CNN – Centro de Cálculo Numérico

LCCA – Laboratório de Computação Científica Avançada

CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

LInt – Laboratório de Interoperabilidade

Codage – Coordenadoria de Administração Geral

LNCC – Laboratório Nacional de Computação Científica

COESF – Coordenadoria do Espaço Físico

Mapofei – Junção das letras das Instituições Mauá, Poli e FEI

CPD – Centro de Processamento de Dados

Masp – Museu de Arte Moderna de São Paulo

CREN – Corporation for Research and Educational Networking

Mbps – Megabit por segundo

CRT – Cathodic Ray Tube

MCF – Mapeamento Cultural funcional

CTI – Coordenadoria de Tecnologia da Informação

MCT – Ministério de Ciência e Tecnologia

DARPA – Defense Advanced Research Projects Agency

MEC – Ministério da Educação

DEC – Digital Equipment Corporation

MIT – Massachussets Institute of Tecnology

DI – Departamento de Informática

MTIA – Modernização Tecnológica da Informática Administrativa

DOS – Disk Operating System

NASDAQ – Acrônimo de National Association of Securities Dealers

DRH – Departamento de Recursos Humanos

Automated Quotations

DTe – Divisão de Telecomunicações

NJE – Network Job Entry

DTI – Departamento de Tecnologia da Informação

ONU – Organização das Nações Unidas

EMM – Estúdio Multimeios

Pasep – Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público

EVA – European Vending Association

PCO – Prefeitura do Campus Capital

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Do cartão perfurado à nuvem: História do Centro de Computação da USP

PIS – Programa de Integração Social PIX – Ponto de Interconexão Acadêmico Poli – Escola Politécnica da USP PoP – Ponto de Presença Prodam – Companhia de Processamento de Dados do Munde São Paulo Prodasen – Serviço de Processamento de Dados do Senado Federal Recad – Rede Computacional Administrativa Redecomep – Rede Comunitária de Educação e Pesquisa Ciência e Tecnologia RENPAC – Rede Nacional de Comunicação de Dados por Comutação de Pacotes RNP – Rede Nacional de Pesquisas ROHS – Restriction of Hazardous Substances RSCS – Remote Spooling Communication Subsytem SDLT – Super Digital Linear Tape SEI – Secretaria Especial de Informática Senac – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial. SERPRO – Serviço Federal de Processamento de Dados SIBi – Sistema de Bibliotecas da USP. SICLA – Sigla das iniciais dos nomes Sílvio Ursic e Cláudio Lucchesi SLIP – Serial Line Internet Protocol STI – Superintendência de Tecnologia da Informação SVHS – Super Video Home System TCP/IP – Transmission Control Protocol/Internet Protocol TIC – Tecnologia da Informação e Comunicação TISK – Sigla das iniciais dos nomes: Tomasz, Imre, Simon e Kowaltowski UCLA – Universidade of California in Los Angeles UFPR – Universidade Federal do Paraná Unicamp – Universidade Estadual de Campinas Univesp – Universidade Virtual do Estado de São Paulo UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais UFRS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul USAID – United States Agency for International Development USP – Universidade de São Paulo WAN – Wide Area Network VoIP – Voz sobre IP VASP – Viação Aérea São Paulo VREA – Vice-Reitoria de Administração

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Referências bibliográficas

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Ribacionka, Francisco. São Paulo: CCE, jan.2013. Depoimento concedido Vera Nakata. DVD ( 22 min.)

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Rossi, Luiz Natal. São Paulo: DTI, set. 2013. Depoimento concedido Marta Macedo e Vera Nakata. DVD (49 min.) Sichman, Jaime Simão. São Paulo: CCE, jun. 2013. Depoimento concedido Marta Macedo e Vera Nakata. DVD (1h22) Simon, Imre. In: Memória do CCE de 1962 a 2003. São Paulo: CCE, 2002. Depoimento concedido a Ana Ligabue e Leila Khauaja Bussab CD-Rom (16 min.) Song, Siang Wun. São Paulo: nov. 2012. Depoimento concedido Marta Macedo e Vera Nakata. DVD (60min.) Torres, Oswaldo Fadigas Fontes. In: Memória do CCE de 1962 a 2003. São Paulo: CCE, dez. 2001. Depoimento concedido a Ana Ligabue e Leila Khauaja Bussab. CD-Rom ( 59min.)

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Créditos das fotografias Parte 1 — p.16: Universidade de Stanford/©Gio Widerhold; p.18: http:// www.youtube.com/watch?v=75rDe0xICCk (frame); p. 19-21 Acervo pessoal Vera Nakata; p.23: http://www.aeitaonline.com.br/© dion, ©isu, ©setzer; p.27: Fundação Carlos Chagas; p.28: Acervo Jornal da USP/ ©Jorge Maruta; p.29: cdn.damninteresting.com/ ©Burroughs; p31: ©Habs Günter Flieg; p.32: Acervo pessoal Siang Wun Song. Parte 2 — p.34: Acervo Jornal da USP/©Jorge Maruta; p.38: Acervo CCE/© Raposo; p.39: Acervo Jornal da USP/©Jorge Maruta; p.43: Acervo CCE/©mrcm; p44: Acervo Jornal da USP/©Jorge Maruta; p.46: Acervo CCE/©Raposo; p.48: Acervo CCE/©Alex Marques; p.49: Acervo Jornal da USP/©Jorge Maruta; p.51: Acervo pessoal Demi Getschko; p.57: Acervo CCE/©Raposo; p.58: Acervo CCE; p.61: Acervo CCE/©Alex Marques.

168

Parte 3 — p.64: Acervo CCE; p.67: Acervo CCE/©Raposo; p.70: Jornal da USP, n. 139, p.12/Agência USP - ©Francisco Emolo; p.72: Acervo CCE; p.73: Acervo pessoal Vera Nakata; p.75: Acervo CCE/©Raposo; p.76: Acervo CCE; p.81: Acervo pessoal Carla Barros; p.83: Jornal da USP; p.84: Acervo CCE; p.87: Acervo IEA-USP/©Mauro Belessa ; p.94: Acervo CCE; p.99: Acervo CCE. Parte 4 — p.108: Acervo CCE/©Cecilia Bastos; p.112: Acervo CCE; p.114: Acervo CCE/ ©Cecilia Bastos; p.115: Acervo CCE/©mrcm; p.117: Acervo CCE/ ©mrcm; p.121: Acervo Jornal da USP/©Francisco Emolo; p.123: Acervo Jornal da USP/©Francisco Emolo; p.124: Acervo CCE/ ©Eduardo Bonilha; p.126: Acervo Jornal da USP/©Francisco Emolo; p.128: Acervo CCE; p.129: Acervo CCE/©mrcm; p.130: Acervo CCE/©mrcm; p.132: Acervo CCE/©mrcm; p.134: Acervo CCE; p.137: Banco de Imagem USP/©Francisco Emolo; p.142: Foto 1, 2, 3, 4 - Acervo Rafael Ferri. p.142: Foto 5: Acervo CCE/©mrcm; p.142: Foto 6: Acervo Jornal da USP/©Franciso Emolo; p.144: Acervo CCE/©Alex Marques. Todos os esforços foram feitos para identificar as fontes e/ou autores das imagens aqui reproduzidas. Estamos dispostos a corrigir eventuais falhas ou omissões em futura edição.


Índice

A

Cardoso, Fernando Henrique

AI-5 35

Carlos Filho, Jairo

Algol

Cartões perfurados

48, 50, 146

Almeida, Jorge Marcos de Almox

78

Altair

149

Anibal

78

99

Carvalho, Tereza Cristina Melo de Brito 11, 113, 121, 122, 123, 124, 129, 131, 132, 133, 141, 159 Cedir

124, 127, 128, 129, 131

Antunes, Helena Maria Carmo 71, 75 Aplicações corporativas

CESCEM

78

27, 32, 146

Chagas, Maria Isabel das

136, 161

Apple

27, 46, 48, 49, 88

Carvalho, Marcia Mello Aguiar 12

CEPD 59

App

Cibernética

59, 150, 152, 159

Aquino, Frederico

Cisco Academy

93

12

87

Cilento Filho, Oripede

82

Armazenamento de dados

11, 60, 96, 97

112

Arpa 35, 36

Cloud ver nuvem

Arpanet

CNPq

6, 30, 69, 115, 153

Cobol

30, 46, 150, 151

35, 36, 149, 154

Assange, Julio Áudio

107

12, 144, 161

160

Collor de Melo, Fernando

90

153

Audiovisual

108

Computadores pessoais ver PC

Automação

55, 66, 78, 79

Comunicação digital

115

Conselho Universitário Constituição 65

B Backbone

Convex

69, 95, 97, 98, 140, 153

Banco de dados Barros, Carla

Correio eletrônico

31

Cray

11, 85, 86

Brasscom

11, 12, 41, 43, 95, 110, 121

Cyber

Bug do Milênio

47, 52

D 105, 106, 146, 156

Burocracia/ burocrático

78, 110, 133

28, 29, 36, 40, 42, 45, 46, 47, 50, 52, 133, 140, 146, 149, 151,

Dantas, Carlos Alberto Datapoint 2200 DEC

152, 153

83, 94

38

52, 150

Descentralização

79, 80, 100

Dias, Elisabeth Lopes 12

C

Dib, Gilberto

Caldas, Marília Junqueira 11, 71, 72, 77, 83, 83, 87, 88, 89, 90, 91, 94, 95,

Digital

99, 107, 109, 155

Disco removível

Camargo, José Octávio Monteiro de 18, 20, 26, 140, 146

Dismac

Camilli, Alberto 50

Donner

CAPA

DOS

71, 75

28

89 46

58, 151 78

83, 153

CAPC 71, 75, 82

Downsizing

CAPRE

Duprat, Rogério 23

43

11, 72, 92, 97

152

30

Burroughs

79, 107, 136

Cunha, Luiz Carlos Silva da

42, 67, 68, 69, 70, 151, 153

Brainard, Paul

67

Cruz, Hélio Nogueira da

153

Bonilha de Toledo Leite, Eduardo

30 109, 110, 134, 161

89

CREN

Bemer, Robert William 146 Berners-Lee, Tim

70, 72, 89, 154

Cordeiro, Waldemar

80, 112

Bardi, Lina Bo

Bitnet

37, 56

79, 80


Do cartão perfurado à nuvem: História do Centro de Computação da USP

E

H

Eduardo, Élcio David E-mail

Hamburger , Amélia

ver correio eletrônico

Embratel EMM

71, 97

69, 92

Hermes 78

90, 108, 115, 120, 157, 158

Estúdio Multimeios Ethernet

Hipólito, Oscar

ver EMM

HMS

114, 158

HP

F Fadigas F. Torres, Oswaldo Falciano, Alessandra

11, 19, 37, 38, 39, 40, 58, 59, 148, 153, 160

12, 125

11, 20, 23, 28, 30, 146, 147

Fapesp 19, 41, 42, 54, 56, 68, 69, 71, 72, 90, 92, 94, 95, 98, 108, 113, 115, 138, 140, 153, 156 Fava de Moraes, Flavio Feofiloff, Paulo Fermilab

11, 14, 77, 87, 90, 94, 97

79

112, 113, 147, 157, 158

Ferreira, Luís Guimarães

Fita magnética

46, 47, 48, 78

Fita perfurada

58

IBM 1620 17, 18, 19 20, 22, 24, 25, 28, 32, 59, 146, 147

I Identidade visual Inforex 1300

131

48, 49 84 133

112,113, 114, 115,116, 117, 120, 122, 139, 140, 157, 160 Intranet

124, 125

68

IPTV 119 ITA

115 11, 47, 80

Fundação Carlos Chagas 11, 27, 54 Fusp 154

20, 30, 37

Itautec 126

J Jobs, Steve

32, 54, 56, 150

150, 160

K

G

Kaoru Kashiwakura, Milton

Gadelha, Glorinha

50

Kapor, Mitch

Galleão, Antonio Miranda

50

Gennari Netto, Octávio

146

40, 148

Garcei, Valdete 12 Getschko, Demi

11, 41, 42, 43, 50, 68

Gil, José Affonso Leão

146

28, 147

Glaser, Hartmut Richard

98 41, 50, 52, 54

118, 122, 126, 137, 138 115

Guerra Vieira, Hélio Guimarães, Ulisses Guizelli, Carlos

38, 148

Klavibm II

24

65

94

L Laboratório de microinformática Laurenti, Ruy LCCA

ver LCCA

136, 137, 160

77

88, 89, 141, 155

Leitoras ópticas 50, 58, 60, 124

126

Krasilchik, Myriam

Laboratório de Computação Científica Avançada

55, 65, 66, 78, 87, 100

Gomide, Alberto Courrege Gregory Abowd

41

Kowaltowski, Tomasz 11, 26, 22, 30, 146

Gil, Antonio Carlos do Rego

Goldemberg, José

Kenbak-1

50, 97

151

Kawata, Massatoshi

Gama e Silva, Luís Antônio da

170

152, 153, 157, 159

IPT

22, 25, 29, 46, 151

Governança

24, 27, 30, 40, 45, 59, 67, 69, 113, 122, 141, 143, 146, 147, 151,

Internet 42, 67, 71, 72, 92, 93, 95, 97, 98, 99, 101, 105, 107, 109, 110, 111, 31

Francisco, Maria Cecilia Amorozo

Fuvest

43

IBM

Inteligência artificial

72, 95, 98, 114, 136

Figueiredo Ferraz, José Carlos de

Foundry

IBICT

Institucionalização

59, 60

Ferri, Rafael 11

Fortran

71

Informatização 77, 78

68, 92

Fibra óptica

59

78

HTML

Fang, Isu

20

Henfil 50

48

Leser, Walter 27 Lia, José Savério

37

Lino de Campos, Geraldo 11, 41, 43, 44, 45, 54, 56, 65, 140, 148, 149, 151


Índice

LInt

90, 156

Nobreak 54, 140, 141

Lixo eletrônico LNCC

125, 127, 129, 130

Nogueira Lima, Heloisa

65, 67, 68, 159

Nova Data

Lobo e Silva Filho, Roberto Lobo, Mirna

74, 77

83, 84, 85

60

Nowak, Rosemary Miryam Martin 11

54

Nunes Oliveira, Luiz 121

Lorenzetti, Eduardo

83

Nuvem

Lucchesi , Cláudio Leonardo Lyra, Jorge Lacerda de

134, 135, 139, 141, 144, 161

22, 30

95

O Oliveira, José Pedro de

M Machado, Marcia Martins da Silva

12

Onoe, Eunice da Conceição do Nascimento

Mainframe 79, 100, 110, 140, 141

Onuchic, Peter

Mammana de Barros, Victor

Ópticos

11, 41, 45, 56, 71

Manzoli, Flávio 19, 37 Mapofei

79

37

92

Organograma

91, 95, 135, 136

31, 32, 56

Marcovitch, Jacques 83, 109, 111, 116 Margarido, Irã

11

Marin, Heraldo Luiz

11, 41, 54, 55, 56, 65, 66, 67, 70, 153

Marinho, José Eduardo Magalhães

84

Mark-sensing 27 Marques, Gil da Costa

119, 133

Martins, Flavius Portella Ribas Masiero, Paulo César

50

59, 109, 110, 111, 117, 119

Masp 31 Massola, Antonio Marcos de Aguirra 11, 59, 74, 75, 77, 94, 98, 116, 154 Medice, Emílio Garrastazu 43 Melfi, Adolpho José 109 Microcomputador

58, 60, 61, 69, 74, 76, 82, 83, 92, 99, 100, 101, 127

Microprocessador 38 Microsoft Microtec Mobilidade

Parâmetros

95

Pascal 48, 83 Pascon, Marcelo 12 Pato feio 148 PC 38, 58, 60, 61, 152 PDP

52, 150, 151

Pelinzon, Bruno 12 Penélope 90, 99, 101 Peres, José Fernando

94

Perez, Rosa Maria Vega 50, 108 Petrobrás

39

32

Pimentel, Maria da Graça Campos 115 Pinto, Carvalho

83, 149

19, 21

Planejamento estratégico 122, 131, 160

60

Plessman de Camargo, Erney

116

Moraes, Paulo de Souza 40, 42, 46, 148 Moreira Gomes, Luís Carlos 11, 78, 79, 80 Moreira, Edson dos Santos 11, 109, 110, 111, 113, 116, 117, 118, 120, 121, 122, 133, 141, 157 Moscati , Giorgio 11, 20, 24, 30 Moscato, Lucas Antonio

P

Perfuradora de cartões

MetroSampa - 114, 136

59

MTIA 80, 90, 98, 101 Multimídia

97

Onoe, Alberto Yoshinobu 11

90, 98

Muramoto, Albina Terumi 11, 52

N

Plotter

59, 75

48, 153

Poço 52 Polimax

61

Políticas de uso Pool-select

88

48

Prêmio Mario Covas 120, 125, 129, 160 Pró-aluno 65, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 90, 118, 154, 155, 160 Processador Prodam

46, 47, 50

30

Prodasen 40, 148 Prodesp

31, 36, 39, 147

ProSemFio

116

Naín, Moises - 107

ProSemGiz

119

Natel, Laudo Natel 44, 140, 149

Proteos 66, 78

Neto, Delfin 24

PUC- RJ

19

171


Do cartão perfurado à nuvem: História do Centro de Computação da USP

Q

T

Quiron - 78

TCP/IP

67, 70, 154

Telecomunicações

R

Telefonia

Rádio USP

74, 109, 114, 115, 116, 118, 136

Telefonica

115, 158

74, 76, 95, 127, 157

68, 70, 92, 116

Ramos, Edson Pereira 12

Teleprocessamento

Reale, Miguel

Teles, José Dion de Melo 20, 23, 28, 30, 146, 147

Recad

36, 37, 39, 40, 147, 148

68, 95

Terada, Routo 22, 30, 32

99, 100

Rede Astir

69, 77, 80, 99, 153, 156

Terminais 47, 48, 60, 69, 74, 76, 79, 82, 98, 99, 152, 153

Rede USP

69, 78, 95, 153

Terminal remoto

Reforma Universitária Regimento interno

Trajano, Luiza

36, 38

Transmissão de dados

40

Rego Gil, Antonio Carlos do Reis Velloso, João Paulo

U

43

Ulhôa Cintra, Antonio Barros de

69

Reserva de mercado

Unisys

43, 60

RNP

113, 136, 139, 141, 153, 158

Robô

50, 152

Rossi, Luiz Natal

Unix

17

71

Ursic , Silvio 22 USPnet 42, 77, 80, 90, 92, 93, 95, 96, 97, 98, 99, 105, 109, 111, 114, 116,

134

119, 155, 158, 161

11, 79, 80, 144

Ruggiero, Antonio Carlos

20, 21

52, 54, 69, 79, 82, 88, 99, 100

Univac-120

Ribacionka, Francisco 11, 88

Rodas, João Grandino

92, 114

30

Reinhard , Nicolau 22, 30, 80, 95 Renpac

45, 149

124

70, 73, 74, 154

USPoficina

90

V S

Vanzolini , Paulo 23

Sabia, Fernanda 12

Venkovski, José Adolfo

Saidon, Roberto

Vestibular

Sala, Oscar

126

Vídeo

19, 37, 68

Salem, Aziz Donizetti Cavalheiro Santos, José Carlos de Souza Schenberg , Mário Schreer, Peter SEI

72

79

126, 159

Service Desk

108, 115, 116

121, 126, 127, 159 20, 28, 146

116, 136, 158

W WiFI

138

Setzer, Valdemar Waingort

11, 20, 22, 23, 26, 27, 28, 30, 146, 147

78

Sichman, Jaime Simão

11, 133, 134, 136, 138, 139, 143, 144, 160, 161

Silva Dias, Candido Lima da Simon, Imre

32, 37

11, 18, 30, 22, 59, 60, 80, 94, 95, 97, 98, 146

Sistema integrado

80

Sistemas administrativos

79

Song , Siang Wun 11, 22, 25, 30, 32, 79, 95 Sonnewend, Ligia Maria C. Correa 11 Sperry Rand

52

89, 100

Sustentabilidade

172

Vilela, Suely VoIP

29, 37

Serpro 30, 146

Sun

Videoconferência

40

Selo verde

SIAF

27, 31, 32, 56, 146

90, 108

Vita Junior, Ernesto de

7, 20, 21

40

124, 125, 127, 129, 130, 131, 132, 159

116

Windows

71, 100, 101, 157, 160

Wolynec, Elisa

65



Ficha Técnica de Realização Título: Do cartão perfurado à nuvem: História do Centro de Computação Eletrônica da USP Texto: Kalinka Merkel Editor responsável: Marta Rita C. de Macêdo Revisão texto: Isabel Raposo Revisão de conteúdo Eduardo Bonilha de Toledo Leite Maria Cecilia A. Francisco Projeto gráfico: Leonardo Akamatsu Gráficos e ilustrações Leonardo Akamatsu Capa: Carlos Lima Edição e produção: Marta Rita C. de Macêdo Formato: 210 x 285 mm Número de páginas: 176 Tipologia: Garamond/ Century/ New Gothic Papel: Couchê fosco 150/m2 Impressão e acabamento: Versão digital:




Esse livro é o resultado de relatos, depoimentos e publicações sobre o Centro de Computação Eletrônica da Universidade de São Paulo (CCE-USP). A motivação para a sua edição foi a comemoração dos “50 anos de computação na USP: 1962-2012”, marco da chegada do primeiro computador na Universidade. Esse evento foi o responsável pelo despertar da história do CCE e o reconhecimento da sua importância como um dos primeiros centros de computação de universidade brasileira; assim revelando a própria evolução da computação na USP. O impacto da reserva de mercado, os mainframes e os computadores pessoais, criação das primeiras redes de computadores, Bitnet, a mudança de paradigma com a chegada da Internet, são alguns dos temas abordados no livro, segundo a perspectiva de quem atuou e venceu vários desafios nestas cinco últimas décadas.

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