Habitação Social como Costura Urbana

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UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA ARQUITETURA E URBANISMO

Uma proposta de Qualificação da Borda da Favela Jardim Jaqueline Camila Ferreira Martin l TFG 2018

Monografia apresentada para obtenção do título em nível de graduação em Arquitetura e Urbanismo pelo curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Paulista – UNIP, sob a orientação da Professora Doutora Renata Priore Lima.

São Paulo 2018


dedicatória

Negra, nordestina, mulher e mãe, lutou sozinha pela sua moradia, família, felicidade e sonhos. A mulher que me ensinou a lutar e ser forte, apoiou meu sonho e me amou por todos os dias que juntas estivemos e me fez ser a mulher que sou. A Maria Otília Ferreira, minha avó.


agradecimentos Primeiramente gostaria de agradecer a Deus por ter me fortalecido, guiado e protegido durante os cinco anos de dedicação em que pude realizar um dos meus sonhos. A minha mãe, que desde o meu nascimento até hoje luta por mim. Por cada trabalho que me ajudou a fazer, pela contribuição financeira, pelos apoios no meio das madrugadas e por ser a minha maior motivação todas os dias. A minha família e amigos, pelo apoio, compreensão e motivação. Ao meu companheiro de vida, Matheus Barreto que esteve sempre ao meu lado nos momentos bons e ruins me fazendo acreditar em mim mesma, sempre. Aos companheiros de graduação, que suportaram minhas maiores crises, discussões, além de dividirem lanches, risadas, conversas motivacionais e compartilharem esses 5 anos ao meu lado, eles: Rafael Diniz, Edilson Junior, Ítalo Souza, Mariana Molina, Renan Alves e Ronald Cavalcante. Em especial, a dois deles que foram meus fiéis amigos do começo ao fim, me ajudando, motivando, sendo além de colegas de graduação, irmãos. Jean Massolla, um anjo enviado por Deus e Gabriella Morelli, a amiga que completou todas as lacunas e levarei comigo até o fim da minha vida. As pessoas que se prontificaram a colaborar com a elaboração deste trabalho, os moradores do Jardim Jaqueline e ao fotógrafo Felipe Manorov com suas fotografias que enriqueceram este trabalho. Aos professores, que foram as peças principais para que eu se tornasse uma arquiteta e urbanista, em especial: Juan Cabello Arribas, Jaime Cunha Jr., Orlando França, Maurilio Lobato, Fernanda Militelli e Larissa Zarp. A minha querida orientadora, Renata Priore, que acreditou em mim, no meu potencial e neste trabalho do inicio ao fim, me apoiando, orientando e acolhendo da melhor forma possível, obrigada por tudo. E por fim, a todos que de alguma forma, contribuíram para que eu chegasse até aqui, meus sinceros agradecimentos.


Figura 1 – foto tirada no jardim jaqueline

Manorov, felipe, 2018.



RESUMO

Este material de pesquisa e estudo aborda o tema de Habitação de Interesse Social em um terreno contido na borda da favela do Jardim Jaqueline, situada no extremo oeste de São Paulo. O trabalho tem como ênfase a habitação social, propondo uma

solução para a maior área crítica urbana do distrito da Vila Sônia, através do principal instrumento para o ser humano, que é a sua residência. Desta forma, esta proposta nos aponta uma costura do tecido urbano através de instrumentos que junto ao conjunto habitacional proposto, visa integrar a cidade aos diversos tecidos consolidados. O projeto introduz também a flexibilidade de tipologias habitacionais, ressaltando o conceito atual ampliado

de padrão familiar diverso, fazendo com que a unidade habitacional se adapte às necessidades de cada morador. O material tem como objetivo repensar propostas habitacionais para favelas brasileiras, qualificando o espaço coletivo e tencionando a todos uma inclusão à cidade.


abstract

This research and study material deals with the theme of Social Interest Housing, on a plot of land on the edge of the Jaqueline Garden favela, located in the extreme west of SĂŁo Paulo. The work focuses on social housing, proposing a solution to the

greater urban critical area of the Vila SĂ´nia district, through the main instrument for the human being, which is his residence. In this way, this proposal shows us a sewing of the urban fabric through instruments that together with the proposed housing project, aims to integrate the city with the various consolidated fabrics. The project also introduces the flexibility of housing typologies, highlighting the current expanded concept of diverse

family standard, making the housing unit adapt to the needs of each resident. The material aims to rethink housing proposals for Brazilian favelas, qualifying the collective space and intending everyone an inclusion to the city.


“O lar deve ser o tesouro da vida�


Figura 2 – foto tirada no jardim Jaqueline

Manorov, felipe, 2018.


Figura 3 – foto tirada no jardim Jaqueline

Sumário Introdução

16

HABITAR Jaqueline

18

A Luta pela Casa Própria A Cidade Informal em São Paulo A Favela como Solução Habitacional

A ÁREA DE ESTUDO

30

Eixo Butantã – Vila Sônia Linha do Tempo: Uma Breve História do Butantã e da Vila Sônia Leitura Urbana Estrutura Urbana Infraestrutura e Mobilidade Urbana

Dinâmicas Urbanas e Equipamentos Legislação Urbanística Projetos Desenvolvidos para a Área

O PLANO DE MASSAS

44

Diagnóstico Estratégias de Projeto Elaboração da Proposta Plano de Massas - Final

Martin, camila, 2018.


A ÁREA DE INTERVENÇÃO

54

O Terreno Situação Atual

Evolução Urbana Caracterização da Área Visita In Loco – Situação Atual da Área de Intervenção

Referências projetuais

60

Estudo de Caso I: Competição de Habitação Social de Alvenaria Estudo de Caso II: Parque Santo Amaro V Estudo de Caso III: Edifício Alexandre Mackenzie Estudo de Caso IV: Vínculo Urbano

ensaios projetuais

70

Desenvolvimento da Forma Estudo em Maquete da Volumetria

Uma proposta para o jd. Jaqueline

86

conclusão

128

Referências

______________________

129


Figura 4 – foto tirada no jardim Jaqueline

“A arquitetura serve apenas aos mais poderosos; os mais pobres dela nada usufruem, vendo, revoltados, de seus barracos, o mundo dos ricos.�

14 Manorov, felipe, 2018.


Introdução O desenvolvimento de São Paulo tem refletido em diversos pontos nas periferias da cidade. Não é atoa que na maior metrópole brasileira, cresce em todos os sentidos, sendo marcada por importantes eixos territoriais. Um dos seus principais vetores de crescimento está no quadrante Oeste, passando pela Avenida Paulista, a Avenida Brigadeiro Faria Lima e chegando ao outro lado da ponte, no distrito do Butantã, região de estudo deste trabalho. O trabalho se desenvolve por todo este setor porém tem como foco o trecho Vila Sônia, observando os problemas ainda existentes e as suas potencialidades dentro do eixo entre a Rodovia Raposo Tavares, Avenida Eliseu de Almeida e a Avenida Professor Francisco Morato, que dão continuidade à Avenida Rebouças. Destacando assim a problemática

encontrada na borda da região, onde tecidos distintos causam, além da diferença sócio espacial, a segregação social dos moradores da favela Jardim Jaqueline. A ênfase do trabalho se desenvolve em resolver questões urbanas e habitacionais desta comunidade, visando soluções que possam trazer melhorias não apenas ao tecido consolidado da favela, mas também no seu entorno que hoje já recebe fortes impactos com o desenvolvimento do projeto de metrô da Linha 4 Amarela. Dessa forma, para desenvolver soluções eficazes, iremos retratar neste trabalho a história

da habitação social no Brasil, analisando os pontos positivos e negativos que ela trás como solução de integração social e como se insere novamente a tecidos urbanos espontâneos. Além disso, o trabalho irá retratar o desenvolvimento de favelas no Brasil, para que assim, as informações possam ser cruzadas e a proposta reflita na análise critica de como habitações de interesse social são capazes de costurar o tecido urbano que muitas vezes são segregados da cidade. É preciso ver a favela como caminho para novos projetos urbanos e arquitetônicos na cidade, de forma que ela faça parte do conjunto e contribua com o desenvolvimento local, sendo tão parte da cidade quanto os tecidos planejados.

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Figura 5 – foto tirada no jardim Jaqueline

16 Manorov, felipe, 2018.


[HABITAR] Jaqueline Com a análise da favela do Jardim Jaqueline e seguindo os parâmetros da lei de uso e ocupação do solo para área, que no caso para a favela temos uma ZEIS 1 prevista para moradias de

baixa renda, regularização fundiária e recuperação ambiental, assim como serviços, comércio, infraestrutura e lazer para atender as moradias, temos no terreno de escolha que está dentro da ZEIS 2 prevista para áreas ociosas ou subutilizadas adequadas para HIS (Habitação de Interesse Social) de qualquer modalidade, com a análise de dados e pesquisa com os moradores in loco, é possível ver o tema de Habitação de Interesse Social se destaca como o mais emergente para o local, junto a ele a necessidade de uma infra estrutura e equipamentos para abastecer essas pessoas que hoje vivem em situações de risco e difícil acesso aos mesmos. Pensar em habitação em favela é também pensar como poder integrar a favela a cidade, já que muitos empreendimentos “muram” seu perímetro para que percam o contato direto com a comunidade e segregam as pessoas por suas classes sociais,

por essa razão, o tema vem com os objetivos de: integrar o Jardim Jaqueline aos demais tecidos existentes no seu entorno, qualificar o espaço urbano da borda da favela, recuperar as margens do recurso hídrico hoje poluído, melhorar a condição de vida dos moradores das áreas de risco (CIT) e promover a expansão da favela mantendo sua identidade junto as áreas verdes.

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A luta pela casa própria Breve história da habitação social no brasil Figura 6 – Cortiço da rua dos inválidos – final do séc xix.

A cultura brasileira de luta pela “Casa Própria” sempre esteve presente em sua história desde a posse de terras dos índios até hoje e visa a garantia de um lugar fixo e estável para chamar de

“...como se todo o seu ideal fosse conservar inalterável para sempre o

lar. Essa conquista além de dar confiança e garantia ao morador, dava ao cidadão a sua

verdadeiro

existência na sociedade, e quando não possuía a mesma, era visto como uma pessoa sem

fluminense, a legítima, a legendária;

dignidade ou a margem da sociedade, já que muitas das pessoas sem moradia própria era

aquela em que há samba e um rolo

desempregada.

por noite; aquela em que se matam

A análise a seguir da história da habitação social no Brasil será uma forma de identificar como

homens sem a polícia descobrir os

historicamente foi solucionado um problema ainda presente hoje no país inteiro, porém com

assassinos; viveiro de larvas sensuais

ênfase no estado de São Paulo. Entender sobre a problemática habitacional do estado é poder concluir ações que possam contribuir para melhores projetos futuros que possam suprir problemas acarretados desde o fim do século XIX. O café com o passar dos anos, passou a ser o ponto forte da economia paulista e em decorrência dele o processo imigratório e migratório só cresceu, pelas pessoas acreditarem que encontrariam aqui trabalho, porém, junto a isso os problemas habitacionais começam a ser

ressaltados, já que o modelo habitacional popular eram feitos por cortiços, construídos em

tipo

de

estalagem

em que irmãos dormem misturados com irmãs na mesma lama; paraíso de vermes; brejo de lodo quente e fumegante,

donde

brota

a

Disponível em: <http://oridesmjr.blogspot.com/2011/07/vidanos-corticos-o-dificil-cotidiano.html>. Acessado em: 11 ago 2018

vida

brutalmente, como de uma podridão.” Aluíso de Azevedo – O Cortiço

Figura 7 – Cortiço no brás, são Paulo - 1950.

grandes edifícios ou em loteamentos de áreas afastadas do centro, insalubres e superlotados, os

“(...) São as casas imundas o berço do

muitos dos quais eram a grande ameaça para saúde pública pela falta de higienização sanitária.

vício e do crime.

O processo de industrialização só vinha crescendo e com isso os operários ainda tinham

(...) Os indivíduos que vivem na miséria e

dificuldades de conquistar suas moradias. Neste período, as pessoas de baixa renda viviam de

abrigados aos pares, em cubículos

aluguéis de casas e cortiços, com valores altos e sem alternativas pela falta de renda suficiente

escuros e respirando gases mefíticos,

para adquirir casas ou terrenos. O cortiço foi a primeira configuração de habitação popular e

que exalam de seus próprios corpos não

coletiva, porém com condições insalubres a serem oferecidas aos seus moradores, com

asseados, perdem de uma vez os

banheiros e lavandarias compartilhadas por todos os moradores.

princípios da moral e atiram-se cegos ao crime e ao roubo de forma a perderem a

Uma das soluções que começam aparecer pelos donos de indústrias no final do século XIX e

liberdade ou a ganharem por essa forma

início do século XX foram as vilas operárias. Estas que ofertavam salubridade, infraestrutura e

meios de alimentarem ou dormirem

habitações unifamiliares próximas às fábricas, mantendo assim o operário próximo ao local de

melhor.”

trabalho, o que mostra que essa opção de moradia era exclusiva as famílias de operários e para o interesse dos donos de indústrias. A vila Maria Zélia é um grande exemplo disso, localizada no bairro do Belém em São Paulo, abrigava de uma infraestrutura e habitações para seus operários.

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Disponível em: <http://othaudoblog.blogspot.com/2011/08/politica-denegligenciamento.html>. Acessado em: 11 ago 2018

Relatório do inspetor sanitário Evaristo da Veiga ao presidente do estado de São Paulo em 1894.


Ainda assim, até o 1930 as habitações sociais eram propostas apenas pela iniciativa privada,

Figura 8 – vila maria zélia, são Paulo.

“(...) Muitas empresas criaram não só

onde poucos os operários eram donos de suas moradias, é nesse período que surgem novas

vilas, mas verdadeiras cidadelas,

configurações da habitação como a casa geminada e a perda dos recuos laterais e frontais

porque se estabeleciam em locais

para o aproveitamento máximo do lote para habitações para alugar por valores altíssimos.

isolados, onde inexistia mercado de

É na era Vargas (1930-1945) que o estado começa a interver na questão habitacional, nesse

trabalho ou cidades capazes de

período algumas das iniciativas foram necessárias para que se começasse a pensar em novas

concentrar trabalhadores e oferecer o mínimo de serviços e equipamentos urbanos.” Disponível em: <http://www.saopauloantiga.com.br/vilama riazelia/>. Acesso em: 20 abr 2018

Nabil Bonduki. Figura 10: conj. Residencial operário no realengo, rj.

alternativas habitacionais populares. Em 1933 foi criado o Instituto de Aposentadoria e Pensão (IAPs) que facilitou o financiamento e aquisição de moradias pelos trabalhadores associados mais carentes, cada IAP possuía seus dispositivos de acordo aos três planos: A, de locação ou venda de unidades habitacionais construídas ou adquiridas pelo instituto, B, financiamento para construção em terreno próprio e o plano C, de empréstimos hipotecários concedidos à pessoa física ou jurídica. Além de ser o

“(...) o nascimento da habitação como

“ponta pé” dos institutos, seu primeiro e grande projeto foi o Conjunto Residencial Operário do

uma questão social também significou na formação de uma nova proposta não

Realengo no Rio de Janeiro, em 1938, com cerca de 2345 unidades habitacionais (BONDUKI,

apenas de arquitetura e urbanismo, mas

2017).

também de produção, incorporando os

No Rio de Janeiro, até então distrito federal, além de serem criados órgãos a partir do IPTs, que

pressupostos do movimento moderno que propunham a edificação em série, com padronização

e

pré-fabricação,

como

Disponível em: <http://habitacaosocial.com/conjuntoresidencial-operario-em-realengo/>. Acesso em: 22 abr 2018 Figura 11 – conj. Residencial pedregulho, rj.

instrumentos para atender às grandes demandas

existentes

na

visavam para a construção de novas habitações, foram criados órgãos que buscavam enfrentar as problemáticas das favelas. Umas da maiores referências de habitação social foi construída por um desses órgãos, o Departamento de Habitação Popular da Prefeitura, em 1946, o Conjunto Residencial Pedregulho, com 328 unidades habitacionais.

cidades

Porém, foi à lei do inquilinato e o congelamento do valor do aluguel em 1942 que resultou em

contemporâneas, marcadas pela presença

grandes impactos habitacionais no padrão da República Velha, pois dessa forma os

do operariado.”

proprietários não podiam mais aumentar o valor do aluguel e assim tornando o mercado

Nabil Bonduki.

desfavorecido. O resultado principal, segundo Bonduki (2017) foram despejos restando como opção a venda, ou seja, a posse da casa própria. É neste período que começou a surgir em São

Figura 12 – antiga favela do Ibirapuera, sp. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/0112832/classicos-da-arquitetura-conjuntoresidencial-prefeito-mendes-de-moraespedregulho-affonso-eduardo-reidy>. Acesso em: 22 abr 2018

Paulo as favelas, pelas famílias que resistiam aos valores da especulação imobiliária e dos alugueis. Em 1946, foi criado o primeiro órgão federal do Brasil com o objetivo principal de tratar dos assuntos habitacionais, a Fundação Casa Popular (FCP), porém o fracasso da sua criação se deu por exigir a centralização dos recursos acumulados sob gestão do IAP, ou seja, o IAP em

Disponível em: <https://br.blastingnews.com/sao-paulo/2015/11/cinco-lugares-em-saopaulo-que-eram-favela-e-voce-nem-imaginava-00637245.html>. Acesso em: 22 abr 2018

suas produções pelo PLANO A, acaba alugando as moradias construídas para seus associados

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como justificativa para manter as reservas de previdência e dessa forma, privilegiando uma politica clientelista, deixando de construir em poucos anos habitações populares e

Figura 13 – núcleo residencial Getúlio Vargas, Deodoro – RJ.

destinando o programa a classe média e alta, assim viabilizando o processo de renovação e verticalização das áreas centrais. Mesmo assim, nesse período alguns projetos foram desenvolvidos pela FCP, como o Conjunto Residencial Presidente Getúlio Vargas (Deodoro) em 1952, com 1362 unidades habitacionais. (BONDUKI) A FCP teve fim com o golpe de 1964 e início do regime militar. Seis meses após o início do regime foi criado o Banco Nacional de Habitação (BNH), com intuito de oferecer aos trabalhadores acesso ao sonho da casa própria. Pouco antes disso, o emprego da industrialização da construção é empregado (1960) e o conceito pré-fabricado foi desestimulado com o BNH em cena.

Disponível em: <http://habitacaosocial.com/deodoro/>. Acesso em: 24 abr 2018

A estrutura do BNH era feita através do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e isso fez com que no seu tempo de vigência (1964 a 1986) ele financiasse cerca de 25% das habitações construídas no país, para todas as faixas de renda, sendo 20% delas de baixa renda. É nesse período que as responsabilidades do Estado para as questões habitacionais se iniciaram, criando assim também as Companhias Estaduais de Habitação (COHAB) e a Companhia Estadual de Casas para o Povo (CECAP). O projeto referência das construções do BNH e da CECAP foi o Conjunto Habitacional Zezinho Magalhães, em Guarulhos, São Paulo para uma população de

Figura 14 – Conjunto habitacional Zezinho Magalhães, Guarulhos, sp.

55 mil habitantes. Com o fim da ditatura militar em 1984 e com a crise econômica diminuindo os investimentos de atividades industriais e econômicas, em 1985 com a Nova República e em 1986 o fim do BNH, as companhias habitacionais perderam força e os programas tracionais voltam a favorecer as famílias de maior poder aquisitivo. Em 1988, a Constituição Federal torna obrigatório o Plano Diretor para os municípios com mais de 20 mil habitantes, passando a colocar em pauta a problemática fundiária. A crise habitacional se agravou ainda mais com o comando do presidente Fernando Collor de Mello em 1990 e os programas habitacionais voltam a ser direcionados ao capital imobiliário privado, deixando o Brasil com cerca de 60 milhões de cidadãos morando na rua (IBGE, 1991). E em 1995, com o governo do Fernando Henrique Cardoso, foi retomando os financiamentos de habitação e saneamento com base no FGTS, com mais flexibilidade,

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Disponível em: <https://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=963620>. Acesso em: 24 abr 2018


descentralização e diversidade e assim rejeitando projetos habitacionais de grandes conjuntos. Figura 15 – casas do programa “minha casa, minha vida”.

Programas como o Pró-Moradia (para urbanização de assentamentos precários) e o Programa de Arrendamento Residencial (PAR) utilizam deste recurso em seu governo. Com a promessa da solução habitacional brasileira em 15 anos, o projeto Moradia de 1999/2000 foi proposto para famílias com até três salários mínimos e para sua gestão foi criado em o Ministério das Cidades, que cuidariam das questões não só de habitação, como também saneamento, transporte e política de ordenação territorial. Em 2003, com o início do governo Lula, foi aprovada pelo conselho das cidades em 2004 a criação do Sistema Nacional de Habitação para formular estratégias para solução habitacional que seguisse planos nacionais, estaduais e municipais. Assim, com o passar dos anos, os investimentos para o financiamento habitacional crescem, direcionando sempre a população de baixa renda. Em 2007 o governo anunciou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) trazendo investimento para infraestrutura, habitação, saneamento e urbanização de favelas. E em 2009 foi implantado o Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV) com a intenção de

construir moradias e promover o desenvolvimento econômico do país, que ainda está em Disponível em: <>. Acesso em: 24 abr 2018

funcionamento até hoje. O programa recebe críticas pela qualidade das suas construções e pelos lugares de implantação das moradias, nas periferias, porém, segundo a Caixa Econômica, 14,7

Figura 16 – prédios do programa “minha casa, minha vida”.

milhões de pessoas (7% da população brasileira) já receberam moradias pelo programa. O que se conclui é que os programas criados ao longo dos anos são uma forma de mascarar os problemas habitacionais do Brasil, valorizando os interesses privados e fazendo com que as classes menos favorecidas ainda sofram com a especulação imobiliária e com cada vez mais seu afastamento dos grandes centros urbanos, da infraestrutura e de moradias de qualidade.

Tal como afirma Maricato (1997) “De um lado estão os Planos Diretores, cuja eficácia se restringe às áreas do mercado imobiliário privado. Alguns urbanistas já admitem que a detalhada legislação de zoneamento contribua decisivamente para a carência habitacional e para a segregação urbana, na medida em que alimentou a relação de monopólio do capital imobiliário sobre localizações valorizadas. A convivência da regularização detalhista com vastas regiões ocupadas ilegalmente por favelas, loteamentos irregulares e cortiços, numa mesma cidade, como acontece em todas as capitais brasileiras, não é fruto do acaso. Por outro lado, os investimentos públicos obedecem à lógica secular dos interesses privados. Foi assim com o Banco Nacional da Habitação, entre 1964 e Disponível em: <https://www.midiamax.com.br/cotidiano/2017/minha-casa-minha-vidavai-construir-mil-apartamentos-em-4-bairros-da-capital/>. Acesso em: 24 abr 2018

1986. É assim com a grande maioria dos orçamentos municipais que priorizam, há décadas, o sistema viário destinado à circulação do automóvel”.

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Figura 17 – foto de carolina maria de jesus na favela DO CANINDÉ ONDE MORAVA , sp.

“Em 1948, quando começaram a demolir as casas térreas para construir os edifícios, nós, os pobres que residíamos nas habitações coletivas, fomos despejados e ficamos residindo debaixo das pontes. É por isso que eu denomino que a favela é o quarto de despejo de uma cidade. Nós, os pobres, somos os trastes velhos.” Carolina Maria de Jesus O Quarto dos Despejos.

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Disponível em: <http://www.tve.com.br/2015/09/nacao-saiba-mais-carolina-de-jesus/>. Acesso em: 10 ago 2018


Figura 18 – vista da favela Paraisópolis para o Morumbi, sp – 2011.

A cidade informal em são Paulo o surgimento E OS DESAFIOS atuais Falamos muito em favelas hoje dia e suas problemáticas, seja em livros, músicas, notícias ou até mesmo em formas de comunicação, mas muitas vezes não entendemos o seu reflexo atual através da história, isso porque até mesmo sua denominação é ainda muitas vezes desconhecida. Porém, é importante entender nesse breve contexto apresentado o surgimento da favela no Brasil, para entender melhor o processo que se desenvolve também as periferias e até hoje configura novas favelas, aparecendo tanto nas centralidades com em subúrbios. Com ênfase no processo de favelização no estado de São Paulo, entenderemos como as classes baixas

foram cada vez mais se afastando dos centros e hoje, após muitos anos buscam alternativas de moradias em prédios abandonados ou subutilizados. O entendimento básico desta configuração urbana espontânea é importante para que possamos buscar melhores alternativas de integra-la aos demais tecidos. A denominação favela surgiu junto com a primeira favela do Brasil, com a vinda dos soldados da Guerra de Canudos com a promessa de uma habitação pela sua luta. Esta promessa não foi comprida, e junto ao povo que era desabrigado dos cortiços começa a habitar o Morro da Providência no Rio de Janeiro e por ter semelhança ao morro encontrado em batalha na Bahia que se chamava “Morro da Favela” por possuir favelas (planta da caatinga baiana), se deu um novo nome a aquele local, agora habitado por moradias construída pelos desabrigados. Assim surge a primeira favela e sua denominação.

“Finalmente ficou resolvido o caso da rua Fortaleza (...) Um oficial de justiça mais dois praças executaram o mandado de despejo. (...) O pessoal na rua, os móveis idem e a angústia se estampado no rosto de cada um. As dez famílias que residiam no cortiço se mudaram para a favela da várzea do Penteado, indo aumentar o número dos que moram sobre o brejo, respirando os miasmas do charco e dando um colorido diferente à paisagem urbana desta capital. ” (Correio Paulistano, 5/10/1946) Disponível em: <http://curtindosaopaulocomoumaturista.blogspot.c om/2012/07/pura-arte-em-paraisopolis.html>. Acesso em: 11 ago 2018

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As favelas em São Paulo tiveram um processo de formação um pouco diferente as

Figura 19 – FAVELA NA BARRA FUNDA, SP – 1972.

demais favelas do Brasil, porém, é em São Paulo onde a maior parte das favelas do país estão localizadas. O surgimento das favelas em São Paulo aconteceu em decorrência aos reflexos habitacionais vividos na época de 1942 e 1945 das famílias despejadas após o congelamento dos aluguéis ou as recém-chegadas ao estado.

Porém, existia até então uma vontade dos operários sem moradia de estarem próximos do local de trabalho. Assim, as primeiras favelas paulistas surgiram nas áreas centrais com seus barracos de madeira. Outro fator crucial para o desalojamento de pessoas foi o plano de avenidas do Prestes Maia, que fizeram com que cortiços fossem demolidos e sem condições de pagar o aluguel, eram a única alternativa para os moradores. Algumas das favelas centrais que surgiram neste período foram a favela do Ibirapuera, Vergueiro, Viera de Carvalho, Lapa e Canindé.

Disponível em: <https://dcomercio.com.br/categoria/brasil/aindacarrego-varias-favelas-na-alma>. Acesso em: 24 abr 2018 Figura 20 – ANÚNCIO DE DESPEJO.

Apenas em 1947 que o governador Abraão Ribeiro, ao se chocar com as favelas

instaladas em São Paulo, buscou com alternativa deste problema social com a construção de abrigos provisórios com galpões coletivos dotador de instalações sanitárias, chuveiros e tanques. Esta foi então a primeira ação governamental paulista como atitude de solução aos problemas habitacionais. A ação desses abrigos foi um sucesso de procura e assim, os alojamentos para abrigar essas pessoas passaram a ser feitos na periferia com a promessa de casa própria, causando com isso o afastamento das favelas em áreas centrais. Das primeiras favelas, considera-se que 95% dos moradores tinham uma fonte de

Disponível em: <Anúncio, Disponível em: https://arquiteturadaliberdade.wordpress.com/2013/04/30/1 8/>. Acesso em: 15 JUN 2018 Figura 21 – favela do VERGUEIRO, 1965 – SÃO PAULO

renda, desconstruindo assim o conceito assimilado parar esses moradores de desocupados e marginais, já que 37% deles alegavam estar ali por conta de despejo. O crescimento mais significativo das favelas acontece a partir de 1970, agora já nas periferias. Com a valorização do centro e seu aumento, habitar a centralidade com moradias feitas pelos operários tornou-se cada vez mais difícil, assim, as pessoas de baixa renda foram de afastando do centro e consequentemente se afastando do local de trabalho.

Disponível em: <https://chk.com.br/da-favela-ao-luxo/>. Acesso em: 24 abr 2018

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O processo de transposição das industrias para as periferias foi outro motivo que causou a mudança

dos operários para longe dos centros, já que o transporte não era qualificado para estar longe do local Eu arranjei o meu dinheiro Trabalhando o ano inteiro Numa cerâmica Fabricando potes e lá no alto da Moóca

Eu comprei um lindo lote dez de frente e dez de fundos Construí minha maloca Me disseram que sem planta Não se pode construir Mas quem trabalha tudo pode conseguir João Saracura que é fiscal da Prefeitura Foi um grande amigo, arranjou tudo pra mim Por onde andará Joca e Matogrosso

Aqueles dois amigos Que não quis me acompanhar Andarão jogados na avenida São João Ou vendo o sol quadrado na detenção Minha maloca, a mais linda que eu já vi Hoje está legalizada ninguém pode demolir Minha maloca a mais linda deste mundo

de trabalho. Sem infraestrutura, saneamento, escassez de transportes e entre outros problemas, a periferia paulista inclui o surgimento de diversos bairros hoje consolidados. Muitas das ocupações destas regiões iniciaram como favela e com o passar dos anos foram ganhando infraestrutura. Muitas delas se transformando em bairros de classe baixa e média baixa. Esses dois fatores, tanto o de afastamento das favelas do centro quanto a busca por novos terrenos e proximidade das industrias, fez com que a periferia aumentasse cada vez mais. Assim, é possível ver que os problemas iniciais do surgimento de favela no passado são similares aos

enfrentados pelos moradores das atuais favelas. Busca por moradia de baixo custo, o máximo de proximidade possível das centralidades, falta de oportunidades alternativas de habitação e autoconstrução são presentes até hoje, porém temos a supersaturação de alguns aglomerados e assim, acabam surgindo as moradias de risco que muitas vezes são as mais recentes que ocupam além dos limites máximos de encontro com nascentes e córregos, assentamentos instáveis, terrenos privados, grandes decliveis e áreas de proteção ambiental e de mananciais. É luta por moradia digna, seja em que parte for da cidade, centralidades ou periferias, por movimentos sem-teto ou ocupações de edifícios abandonados, é uma problemática que não tem fim em São Paulo e

precisa ser resolvida junto ao problema de défit habitacional e assim, iniciar um processo urbanístico de melhoria de dinâmicas urbanas. Hoje, destacadas com ZEIS (Zona Especial de Interesse Social) essas áreas precárias ganham parâmetros básicos de soluções para seus problemas, mas ainda é preciso mais projetos ao invés de planos e promessas, para assim resolver um problema que nunca deveria ter existido no país.

Ofereço aos vagabundos

Que não têm onde dormir Adoniran Barbosa, 1958

Figura 22 – vista DA FAVELA DO JD. JAQUELINE, 2018.

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MARTIN, CAMILA 2018.


26 Manorov, felipe, 2018.


A favela como solução habitacional Considerações finais da crise habitacional atual A cidade de São Paulo é um misto de população, cor, desigualdade, diversidade, arte,

Conseguir infraestrutura, regularização fundiária, saneamento básico a garantia da “casa

sons, culturas e muitas outras coisas que fazem dela parte da identidade do Brasil onde

própria” é um processo lento e diretamente ligado a política, ou seja, ainda hoje muitas

tudo se encontra e tudo é possível, foi vista assim durante anos por todos os brasileiros

pessoas em periferias não tem acesso a esses direitos e vivem em condições precárias.

dos demais estados, porém o reflexo da grande imigração e migração na cidade fez com

Por essa razão os programas sociais de habitação são cruciais para que as cidades

que muitas coisas saíssem do controle, uma delas, a habitação.

espontâneas, que se formam com a necessidade de ter onde morar, garantam a essas

O desenvolvimento das favelas na cidade e o desenvolvimento dos programas sociais

pessoas opção digna não só de acesso a necessidades básicas para com a sua casa e o

habitacionais estão diretamente ligados quando se trata das necessidades hoje presentes

seu bairro, mas também para que aquelas pessoas se integrem a cidade.

na cidade, onde temos em diversos pontos o grande déficit habitacional destacado, só

Hoje, as minorias são marginalizadas e apagadas da sociedade. O conceito antigo antes

que hoje, a cada ponto da cidade que estamos, verificamos problemas e particularidades

apresentado de que sem casa a pessoa não tem dignidade é retomado. É preciso ver

singulares de cada lugar. Um exemplo é a diferença do problema habitacional do centro

aquilo que esta sendo apagado, incluir aquilo que também faz parte da cidade, a favela.

de São Paulo em relação à periferia. No centro se destacam as ocupações em prédios

A máquina de morar atual precisa ser pensada para as pessoas e as famílias de hoje. Não

abandonados, a grande quantidade de moradores de rua, a Favela do Moinho sendo a

vivemos mais em uma sociedade tradicional, não temos mais a mulher dentro de casa e o

única ainda presente no centro e as ocupações de rua.

marido trabalhando, o matriarcado se tornou mais presente como liderança das famílias,

A realidade de quem hoje sofre por habitação no centro é diferente, o inimigo é a

muitas sem pai, a família homoafetiva, ou os filhos, que já são pais hoje muito mais

fiscalização presente para remover as pessoas do lugar que ocupam. A Cracolandia é

novos.

uma alternativa de muitos que não conseguem moradia em um dos lugares antes

Isso nos faz pensar que a casa precisa de uma assistência muito maior do que o que está

citados, e são nesses lugares onde encontramos muitos imigrantes e pessoas que vieram

dentro dela. Ao pensar em habitação social precisa se pensar também em sua

com sonhos para São Paulo e encontraram portas fechadas.

assistência para os tempos de hoje, para que assim, se torne uma solução urbana para as

Porém, o problema habitacional na periferia são daquelas pessoas que não encontraram

periferias brasileiras, para que as pequenas centralidades cheguem até a periferia e para

no centro uma opção de moradia e precisaram achar na periferia uma garantia de não

aonde há centralidade que se tenha planos públicos habitacionais para aqueles que lá já

serem despejado do seu “barraco”.

ocupam.

Há favelas de diversas configurações, a maioria delas em morros e nas regiões mais

A habitação social é uma das ferramentas de solução urbana mais emergente e capaz de

afastadas da infraestrutura, onde surgem de barracos de madeira e restos de construção.

transformar espaços e qualificar cidades, porém, é preciso olhar para as favelas e vê-las

Quando se consolidam viram casas de alvenaria sem reboco, ganham lojas e pequenos

como parte da cidade, não como um problema.

comércios dos próprios moradores como opção de emprego e renda de suas famílias.

27



A ÁREA de estudo –

29


30


EIXO BUTANTÃ-VILA SÔNIA Figura 23 – MAPAS DE LOCALIZAÇÃO.

Localizada na região Oeste de São Paulo, a área de estudo é a

região do Butantã, mais precisamente o eixo que estrutura a região, a quem chamaremos de eixo Butantã-Vila Sônia, por cruzar os bairros do Butantã e Vila Sônia. A região é gerenciada pela subprefeitura do Butantã, que atende mais cinco distritos: Butantã, Morumbi, Vila Sônia, Raposo Tavares e Rio Pequeno, que juntos chegam a ter uma área de 56, 1 km² e possuem um pouco mais de 428 mil habitantes

e

uma

densidade

demográfica

de

7.633

habitantes/km². Com a análise do eixo estrutural composto pelas principais vias que cortam o distrito, a Rodovia Raposo Tavares, a Avenida Eliseu de Almeida e a Avenida Professor Francisco Morato, foi escolhido um recorte (demarcação em branco) para uma análise aprofundada e desenvolvimento de diretrizes

de

projeto

urbano

a

fim

de

promover

o

desenvolvimento e qualificação do distrito.

Imagem da área do eixo de estudo (azul), da área escolhida para projeto urbano (vermelho) e do terreno

MARTIN, CAMILA 2018.

de desenvolvimento do projeto arquitetônico (branco.

31


32


33


Figura 1 – Diagrama de análise do eixo Butantã – Vila Sônia

Fonte: Camila F Martin e base Google Earth.

34


Leitura URBANA Na leitura do eixo completo, conforme a imagem ao lado, conclui-se que ao longo do eixo estruturador da região, polos de concentração e desenvolvimento de centralidade vão se formando ao longo do eixo, de forma que um da continuidade ao outro, muito influenciado pela linha do metrô que segue a mesma continuidade, porém parando na Vila Sônia. Esses polos estão destacados no mapa ao lado. O primeiro polo de centralidade e a mais antiga é a destacada como número 1 – BUTANTÃ, essa além da questão histórica, é estruturada pelo terminal intermodal, a proximidade com o centro, a concentração de serviços, infraestrutura e comércios e por ser o encontro dos moradores tanto do distrito como dos municípios vizinhos. O segundo – MORUUMBI, se destacada pelos grandes equipamentos de comércio como o shopping, hipermercados e grandes lojas, além de também ser o principal acesso ao estádio do Morumbi, atualmente com obras de metrô para fortalecer sua centralidade. O terceiro polo de centralidade é a VILA SÔNIA, essa é a menos consolidada das 4 em destaque porém recebe grandes propostas de desenvolvimento após a conclusão das obras do seu terminal. O última polo de centralidade é a do 4 – TABOÃO DA SERRA, essa já em outro município porém, de grande destaque por dar continuidade ao eixo até o encontro com a rodovia Regis Bittencourt, na mesma se encontra o terminal dos ônibus exclusivos do munícipio e grandes equipamentos que fortalecem sua característica.

Entre os polos do Taboão da Serra e a Vila Sônia, temos uma área desconexa que não segue o mesmo caráter que da continuidade a essa centralidade e assim se tornando uma área sem organização espacial de forma que atenda a todos que estão nesse trecho. Essa é a área que iremos destacar nas análises a seguir, visando concluir assim um ponto que pode ser propicio a uma intervenção que cause o efeito de acupuntura urbana e reflita para todo entorno caracterizando o espaço e fortalecendo essa centralidade linear.

35


Estrutura urbana Figura 24 – MAPAS DE ESTUDO DA ESTRUTURA URBANA DA ÁREA DE ESTUDO.

Com

uma

topografia

com

desníveis

consideráveis, a Av. Eliseu de Almeida que se desenvolve em um vale e apresenta uma grande concentração de áreas verdes, a região tem um forte caráter residencial que sofre um conflito por ter o encontro com diversos tecidos distintos, como: a cidade informal (favela do Jd. Jaqueline), a cidade funcionalista (verticalizada), a cidade jardim (bairros CIT planejados), o loteamento tradicional e a concentração de grandes lotes na extensão da avenida que contém áreas de grandes armazéns e empresas de

grande porte. A concentração de serviços e comércios é distribuída ao longo a Av. Prof. Francisco Morato e nas proximidades do metrô Vila Sônia.

MARTIN, CAMILA 2018.

36


Infraestrutura e mobilidade urbana Figura 25 – MAPAS DE ESTUDO DE INFRAESTRUTURA E MOBILIDADE URBANA DA ÁREA DE ESTUDO.

A mobilidade urbana predominante é o transporte

individual,

transporte

público

coletivo (ônibus), bicicleta e pedestres. Porém, é desigual a acessibilidade à região, com o transporte individual priorizado, seguido pelo transporte público, tornando o uso de bicicleta e pedestres limitados. Além disso, devido a distância entre os

equipamentos e pela

insegurança da Av. Eliseu de Almeida, torna a via ociosa e perigosa, sendo cada vez menos utilizada pelo pedestre. Ainda assim, enquanto o terminal Vila Sônia não é inaugurado, é ausente bicicletários, o

itinerário dos ônibus são limitados e a conexão entre

as

vias

principais

do

eixo

são

insuficientes para uma boa dinâmica e para desafogar concentrações de trânsito.

MARTIN, CAMILA 2018.

37


Dinâmicas urbanas e equipamentos Figura 26 – MAPAS DE ESTUDO DE DINÂMICAS URBANAS E EQUIPAMENTOS IMPORTANTES DA ÁREA DE ESTUDO.

A área apresenta diversos equipamentos para atender a população, porém ainda há ausência de equipamentos culturais, creches e mais lugares voltados para saúde da população,

que

os

existentes

são

insuficientes para atender a demanda. Além disso, há muitas áreas vazias e passiveis a demolição expansão

que

são

hoje

inadequada

propicias com

a o

desenvolvimento da região. A falta de conexão dos tecidos causa uma fraca conexão das dinâmicas urbanas, tendo assim poucos pontos de encontros e

recreação, já que as intervenções urbanas são mais centralizadas dentro dos bairros, como o baile de favela, no Jardim Jaqueline.

MARTIN, CAMILA 2018.

38


Legislação urbanística Figura 27 – MAPAS DE ESTUDO DE LEGISLAÇÃO URBANA DA ÁREA DE ESTUDO.

O zoneamento previsto para área acaba apresentando duas organizações distintas. Ao longo da Avenida Francisco Morato se destaca a zona de estruturação urbana (ZEU) com um caráter mais vertical e estrutural, enquanto na Avenida Eliseu de Almeida se concentra mais a zona de centralidade (ZC) e a zona de centralidade ambiental (Zca), também seguindo uma característica

estrutural,

porém

com

menos verticalizada, devido a grande incidência de áreas de proteção ambiental. O plano também contribui com o estimulo

de novas habitações na região, já que possuí áreas de ZEIS e de ZPR.

MARTIN, CAMILA 2018.

39


Figura 28 – implantação geral do projeto urbanístico da operação urbana vila Sônia.

Prefeitura de são Paulo – desenvolvimento urbano, agosto de 2011.

Figura 29 – mapa síntese das propostas para a área.

Figura 30 – mapa síntese da proposta de terminais urbanos.

Martin, camila f.,2018

Relatório técnico – linha 4 amarela, julho de 2008.

40


PROJETOS DESENVOLVIDOS PARA A ÁREA Existem dois grandes projetos de influência para região, ambos propostos no ano de 2011, um deles é da linha 4 Amarela do metrô, que conta com o projeto de implantação do metrô até a Vila Sônia, propondo um terminal de ônibus junto a mesma que pudesse desafogar a sobrecarga que o terminal metrô Butantã vem sofrendo, dessa forma a estratégia é de ter um terminal para atender não só os ônibus municipais, mas também os ônibus intermunicipais, que percorrem hoje

as três vias principais do eixo. Assim, reorganizando a distribuição de rotas de transporte público automotivo e possibilitando mais acessibilidade as estações de metrô. Esse plano além de influenciar a área mais próxima do centro de São Paulo, o Butantã, afeta também o eixo estruturador da região, desafogando o transito da Rodovia Raposo Tavares, potencializando a Avenida Eliseu de Almeida e fortalecendo a centralidade na extensão da Avenida Francisco Morato. O segundo grande plano que é proposto para qualificar a região é a Operação Urbana Vila Sônia, esse projeto que visa não só o transporte público coletivo, como também qualificar espaços, estruturar o entorno do terminal Vila Sônia e a Avenida Francisco Morato, unificar as áreas verdes de lazer com um parque linear, propor novos espaços públicos assim como incentivas as habitações de interesse social nas áreas de ZEIS. Esse projeto vai um pouco mais a fundo do que o anterior, por pegar toda a extensão do eixo e atendendo também bairros vizinhos à Vila Sônia, dessa maneira fortalecendo ainda mais as conexões entre as barreiras urbanas existentes. O projeto da linha 4 amarela ainda está em andamento, obras são encontradas hoje no local, porém quanto a Operação Urbana, não existe projetos em executados ou em obras. O que se destaca é ausência de projetos para a área vazia ao lado do Jardim Jaqueline, a mesma está dentro do perímetro do plano porém não é mencionada nem desenhada, sendo assim, mantendo uma grande área a disposição de

novos empreendimentos imobiliários de alto padrão, encontrados hoje, como por exemplo, ao lado do shopping Raposo, em uma antiga área de ZEIS. A favela do Jardim Jaqueline tem apontamentos de urbanização da favela, porém o destaque do projeto é a criação do parque linear que ligue o Parque Raposo Tavares a Avenida Eliseu de Almeida até chegar no Parque Chácara do Jockey.

41



plano De massas

43


Figura 31 – diagrama de diagnóstico.

DIAGNÓSTICO Após o levantamento apresentado anteriormente, é possível concluir dentro da área potencialidades e fragilidades que tornam o perímetro de análise sem uma identidade urbana ou interação entre si, dessa forma fazendo com que se tornem dentro de um bairro uma barreira que não incentiva a centralidade linear que estrutura o distrito ao longo do eixo. Ao lado, o diagrama demonstra o resumo das conclusões tiradas com a análise feita e colocada em tópicos de potenciais e fragilidades a serem desenvolvidas no plano de massas.

Potencialidades 1.

Áreas de influência com incentivo à desenvolvimento e investimento imobiliário.

2.

Áreas verdes de lazer próximas as habitações;

3.

Sistema verde de estruturação do bairro, com diferentes níveis e características;

4.

Avenida Eliseu de Almeida com suas possibilidades de conexões com o centro de São Paulo e com o munícipio do Taboão da Serra, além de também conectar com as outras vias do eixo;

5.

Uso e ocupação proposto pela legislação contribui com o incentivo de estruturar os eixos

Martin, Camila f., 2018.

e qualificar o entorno; 6.

Áreas vazias verdes que podem possibilitar conexões entre os tecidos urbanos

Fragilidades 1.

Favelas com áreas de risco e habitações irregulares insalubres;

2.

Córrego aberto que possibilita doenças e enchentes para a favela do Jaqueline;

3.

Linha de alta tensão que se torna uma barreira entre duas partes dos bairro, fazendo com que os moradores da favela do Jardim Jaqueline tenham dificuldades em acessar o Parque Raposo Tavares, assim como os outros moradores acessarem o shopping Raposo;

4.

Insciência de terrenos vazios e ociosos na Avenida Eliseu de Almeida;

5.

Diversidade de tecidos e distribuição irregular sócio espacial que provoca o muramento na cidade e incentivando novas barreiras urbanas;

6.

Carência de equipamentos de cultura, saúde e esportes na região, assim sobrecarregando a demanda dos existentes e distanciando a

população do fácil acesso à esses equipamentos; 7.

Quadras grandes e distanciamento dos equipamentos, provocando difícil locomoção de pedestres no bairro;

8.

Distância do metrô Vila Sônia a áreas de grande densidade populacional e com grande desnível, tornando difícil o acesso de pedestre até o

transporte; 9.

Plano de transportes insuficiente para a demanda.

44


Figura 32 – diagrama de intenções projetuais.

ESTRATÉGIAS DE PROJETO Com o diagnóstico da área, o plano de estratégias de projeto surge para dar resposta aos problemas e potenciais destacados no perímetro de intervenção urbana de forma que consiga destacar uma área foco para o detalhamento da proposta de plano de massas, que

siga com as premissas obtidas. No diagrama apresentado ao lado, destaca que o norteador da proposta é a ligação do sistema de estruturação do bairro das áreas verdes existentes, fazendo que juntas se conecte a Avenida Eliseu de Almeida e abra ramificações na sua extensão. Dessa forma, para a área que antes destacamos sem identidade, agora trata uma nova centralidade que se juntará ao sistema de centralidade linear apresentado. O sistema de áreas verdes responsável pela conexão será um corredor que obtenha um sistema eficaz de diferentes meios moldais, qualificação ambiental e atenda com os usos as necessidades do entorno. Martin, Camila f., 2018.

As áreas verdes tem como objetivo qualificar, recrear e estruturar essa nova centralidade. Para a linha de alta tensão é proposto o aterramento da mesma com a criação no seu lugar de um parque linear, que possa possibilitar uma conexão que passe diretamente pelos três pontos do eixo. As favelas existentes nesse sistema ganha conexão e infraestrutura que atenda as mesmas, possibilitando também à elas o acesso a Avenida Eliseu de Almeida. O grande terreno vazio demarcado no centro das áreas verdes do sistema será destinado a distribuição de três usos principais: a habitação de interesse social (HIS) para poder realocar os moradores das áreas de risco do Jardim Jaqueline, o uso misto para poder atender as demandas não só da favela como dos demais tecidos de serviços, comercial e institucional e a área verde de recreação. Para a Avenida Eliseu de Almeida é necessário o incentivo comercial e de serviços, proposto no zoneamento, com o objetivo de além de atender o entorno, trazer emprego e incentivos privados para economia local, contribuindo assim com o desenvolvimento econômico, valorização da região e fortalecimento da centralidade linear por todo eixo.

45


Figura 33 – foto superior da maquete física.

46 Produção em grupo, 2018.


ELABORAÇÃO DA PROPOSTA MAQUETE VOLUMÉTRICA

Figura 34 – perspectiva da maquete física.

A proposta inicial do projeto de plano de massas segue as mesmas

premissas destacadas a seguir no plano final. O que se destaca são os primeiros estudos de volumetrias e a análise de como se interagem com o entorno, que em maquete pode ser destacado de forma mais clara os diferentes tecidos que cercam o terreno de escolha. Além do estudo da volumetria, o entendimento da topografia é feito pela maquete, buscando a valorização dos vales e distribuição

coerente das massas conforme a topografia se desenvolve, destacando o caminho verde que estrutura a proposta. Produção em grupo, 2018. Figura 35 – perspectiva da maquete física.

Figura 36 – perspectiva da maquete física.

Produção em grupo, 2018.

Produção em grupo, 2018.

47


48 Figura 37 – uso e ocupação do solo final proposto. Martin, Camila f.,2018.


plano de massas - FINAL O Perímetro de Intervenção Urbana (PEIU) escolhido para detalhar o projeto de plano de

Além de ser uma forma de conectar a favela existente com o projeto e fazendo

massas foi desenvolvido devido ao grande potencial de se instalar a nova centralidade

com que o parque seja responsável por essa ligação.

proposta, trabalhando com a conexão dos tecidos a inclusão de um sistema viário que

-

Parque Central: a parte mais nobre do terreno é reservado para o parque

possibilite o acesso dos moradores dos pontos mais altos da região acessem a Avenida

central, o mesmo que tem ligação com todas as partes do projeto e é um

Eliseu de Almeida.

grande mirante para o restante do bairro. Seu objetivo é integrar o desenho

A diretrizes do projeto que resultaram no programa são:

urbano para o pedestre dentro de todos os novos equipamentos propostos,

-

A recuperação das margens: com o córrego Água Podre e Itararê exposto e poluído

fazendo com que o caminho do corredor verde se conclua numa grande área

atualmente, o direcionamento para esse ponto é a recuperação da área destacada

verde de espaço público.

no zoneamento com ZMa, dessa forma com o corredor verde e usos mistos nas

-

Equipamentos: o programa é composto por boa parte dele áreas institucionais

bordas seguindo os parâmetros de média densidade, tratando a água com a

de formar proposital, já que essa é uma das ausências marcantes da região.

regularização do saneamento básico local e podendo usar o mesmo como além de

Nesses equipamentos encontramos cultura, lazer, educação e assistência aos

uma melhora ambiental, colaborar no escoamento de água de chuva, direcionando

moradores com o Centro Comunitário, possibilitando atender todas idades,

ele para o vale em um caminho com lagos que ao fim do trajeto de forma

assim como os idosos no Abrigo proposto. Todas as implantações são

subterrânea, passa por um tratamento de água na parte mais baixa do vale e é

pensadas na valorização da topografia com mirantes para todos os lados do

bombeado ainda por um sistema subterrâneo e essa água é transmitida para as

bairro.

instituições publicas como água de reuso. -

-

-

Corredor Verde: composto por ciclovia, faixa exclusiva de ônibus, VLT e vias

Reurbanização das áreas de risco da favela: com a remoção dos moradores das

para automóveis, o corredor verde estruturador da uma continuidade da

áreas de risco nas margens do córrego e realocando-os em uma nova área, que

Avenida Eliseu de Almeida para dentro do bairro, incentivando novos trajetos

além de uma habitação coletiva horizontal, também recebe serviços e creches.

de transporte público e possibilitando ao ciclista percorrer um caminho mais

Parque Esportivo: já existente o campo de futebol, o parque esportivo tem como

extenso e seguro até sua residência.

objetivo principal o controle da preservação da mata existente, já que a mesma perdeu parte da sua área com habitações irregulares e como forma de controle dessa borda, o parque se torna uma barreira entre espaço urbano e espaço de preservação.

49


50 Figura 38 – proposta final da implantação do plano de massas. Martin, Camila f.,2018.


Figura 39 – corte a-a

Martin, Camila f.,2018.

Figura 40 – corte B-B

Martin, Camila f.,2018.

Figura 41 – corte DE DETALHAMENTO DA VIA.

Martin, Camila f.,2018.

51



ÁREA DE INTERVENÇÃO

53


“A favela significa uma morada urbana que resume as condições desiguais da urbanização brasileira e, ao mesmo tempo, a luta de cidadãos pelo legitimo direito de habitar a cidade” (o que é favela, afinal? Pág. 97)

54


Martin, Camila f.,2018.

Figura 42 – FOTO TIRADA NO JARDIM JAQUELINE Manorov, felipe, 2018.

55


Figura 20 – Imagem satélite da área de intervenção e seu entorno.

Fonte: Google Earth e produção própria.

56


O TERRENO Com o estudo aprofundado da borda da Vila Sônia, a Favela do Jardim Jaqueline é por sua história uma ocupação de operários que buscavam terras para moradia próxima ao seu trabalho, que com o passar do tempo, a consequência da industrialização, o alto preço das terras e a expansão da região do Butantã passou a crescer cada vez mais até chegar hoje em uma área aproximada de 134.443,23 mil metros quadrados, de moradias espontâneas que parte tem regularização fundiária e a outra não. Com a análise é possível perceber que o Jardim Jaqueline sofre de um grande problema de qualidade de espaço público e a ausência de áreas de lazer e equipamentos, de mobilidade pela pouca opção de ônibus e acessibilidade a rota dos existentes, acesso escasso para Avenida Eliseu de Almeida, grande distância do metrô e a pouca qualidade nas vias, muitas delas que não apresentam passeio. Além disso, existe uma grande área de risco que chamaremos de CIT, por ocupar o espaço da companhia, atualmente com construções em cima do córrego Itararê e com crescimento continuo devido ao grande terreno vazio vizinho a comunidade. Com isso, olhar para uma região como Vila Sônia, em constante crescimento e desenvolvimento espacial e econômico e perceber que ainda existe um desenho urbano com uma desigualdade espacial explicita, com pessoas morando em condições insalubres e um grande terreno vazio que incentiva o crescimento dessa fragilidade, a minha escolha do terreno não podia ser outra. Dado a escolha, a motivação para o desenvolvimento da proposta é poder dar as pessoas que sobrevivem hoje em áreas precárias a possibilidade da moradia digna e qualificar o espaço urbano costurando os tecidos existentes. Resgatando a identidade exposta na favela, com a sua morfologia, dinâmicas e configurações para que possa integra-la a cidade sem que continue segregada e “murada” por projetos de alto padrão.

Figura 43 – FOTO SATÉLITE COM MAPEAMENTO DAS LEITURAS URBANAS. GOOGLE EARTH E EDIÇÕES PRÓPRIAS.

57


Situação atual Em laranja na imagem ao lado, se destaca a área de estudo para desenvolvimento do projeto principal no terreno escolhido (perímetro demarcado em preto), isso para que possamos concluir boas estratégias de intervenção urbana que possam agregar para todo espaço urbano, causando um efeito de acupuntura urbana, possibilitando assim focar em um projeto de intervenção mais significativo que resulte como respostar a um dos maiores problemas encontrados no bairro, a regularização fundiária junto as áreas de moradia de risco. Essas habitações estão destacas em vermelho (CIT), área de foco principal deste trabalho, assim como as linhas cheias em azul é a projeção do percurso do córrego, que hoje passa por baixo das habitações. Além dessas áreas, demarcado em amarelo são as habitações que em sua maior concentração são regularizadas e também estão sobre um córrego, sendo assim, também em áreas de risco. A área verde é o grande terreno vazio vizinho ao terreno e que foi proposto um desenho urbano para o mesmo no plano de massas. ÁREA DE ENFASÊ: ÁREA DE RISCO Hoje São Paulo é uma dos municípios brasileiros com mais moradores em áreas de risco, cerca de 674.329 pessoas, ou seja, 6% da população, esse número alarmante pede emergência para qualificação nas moradias,

possibilitando além da regularização fundiária, infraestrutura e saúde pública, já que estamos lidando com um problema que muitas vezes tira a vida de muitas famílias. No Jardim Jaqueline a área de risco ou CIT, possuí uma área aproximada de 28.650 m² (2,865 ha), sendo uma área de densidade demográfica de 207 a 351 hab/ha, uma média de 279 hab/ha, o que temos uma média estimada de 800 habitantes que vivem no Jardim Jaqueline em área de risco. Com a média de 3,6 pessoas por domicilio, cerca de 222 habitações se encontram

nessa área.

58

Figura 44 – MAPA COM AS CARACTERISTICAS MARCANTES E DEMARCAÇÃO DO TERRENO DE ESCOLHA.. MARTIN, CAMILA F., 2018


Figura 45 – MAPA DE ZONEAMENTO.

O Jardim Jaqueline está setorizado dentro da ZEIS 1 – Zona Especial de Interesse Social 1, que segue como parâmetro promover habitações de interesse social, infra estrutura, áreas verdes, comércio, serviços e equipamentos sociais, já a área do terreno é uma ZEIS 2 – Zona de Interesse Social 2, que visa garantir reassentamento se necessário, se dê preferencialmente em áreas próximas ao local de origem e dos moradores das áreas de risco, deve-se promover equipamentos sociais e habitações de interesse social. O encontro dessas duas áreas é norteado como ZMa – Zona Mista Ambiental, que tem como objetivo a recuperação ambiental com usos mistos de baixa e média demografia, atual área CIT a ser qualificada.

Abaixo o quadro de parâmetros de ocupação para área. Figura 48 – TABELA DE PARÂMETROS DE OCUPAÇÃO.

Figura 46 – MAPA DE CHEIOS E VAZIOS.

GESTÃO URBANA – PREFEITURA DE SÃO PAULO.

As dinâmicas urbanas dentro da favela do Jardim do Jaqueline acontecem em suma entorno das principais vias de acesso, essas que passam carros, e em alguns trechos possuí uma pequena faixa de passeio com passagem micro-ônibus, também são as ruas que originaram o bairro, como a Rua das Olarias. Essas ruas no mapa da figura 24 está destacado em azul, nota-se que dentre as destacadas Figura 47 – MAPA DE DINÂMICAS URBANAS.

apenas uma faz ligação com a Rodovia Raposo Tavares, sendo que não existe uma rua no bairro que dê ligação direta com a Avenida Eliseu de Almeida, porém dessas ruas existe ligações com os bairros vizinhos, que por parte é bloqueada pela linha de alta tensão. A concentração e diversidade de serviços locais que geram economia para o bairro estão mais concentradas também nessas vias. Em bege se destacam as demais vias de acesso, sendo elas vielas ou ruas estreitas, com tamanhos irregulares e desenhos que se alteram constantemente por serem também lugares que acabam sendo apropriados pelos moradores como parte da moradia. Uma das dinâmicas mais destacada é os chamados “pancadões” que além de trazer entretenimento ao local, incentiva a economia do bairro por receber pessoas que não moram no bairro. Os comércios encontrados no local são de escala de tipo de bairro, ambas dinâmicas se concentram nas demarcações de circulo amarelo e os círculos em azul são os nós de encontros de vielas.

59 MARTIN, CAMILA F., 2018


Figura 49 – MAPA DE EVOLUÇÃO URBANA

60 MARTIN, CAMILA F., 2018.


Figura 50

Evolução urbana Assim como a região do Butantã e da Vila Sônia, o Jardim Jaqueline tem um crescimento Figura 51

paralelo ao processo de expansão das centralidades que acontecem a partir do centro de São Paulo, porém é a industrialização a principal causa de expansão do território. A Vila Sônia era constituída de fazendas por volta da década de 1950 e a região do atual Jardim Jaqueline era completamente vazia nesse período e começa a ser explorada para a criação de porcos, dessa maneira que a primeira moradia é instalada e progressivamente começa a ganhar novos moradores, muitos deles eram os funcionários das olarias da região, em 1960. A região pertencia a CIA CIT e acabada sendo ao passar dos anos ocupada

Figura 52

irregularmente, ganhando ruas, como a atual rua das Olarias que foi a primeira a ser ocupada. A expansão em 1973 das demais vias é acelerada devido a industrialização na região, em 1987 as ocupações começam a se expandir ainda mais e de forma rápida e chegando próximo aos cursos d’água (terceiro tom de marrom). É nessa época que as habitações passam a ter luz e energia elétrica instalada.

O shopping Raposo, então chamado de Shopping Off Price é inaugurado em 1996, na

Figura 53

nascente do córrego que percorre o bairro e se torna uma das maiores referências de lazer, cultura e entretenimento para os moradores, porém se torna uma das grandes barreiras entre o bairro e a Rodovia Raposo Tavares. Em 2002 o esgoto, linha telefônica, água, galerias pluviais, guias e sarjetas são implantadas em parte já regularizada da favela. Figura 50 – Mapa Sara 1930 da área de intervenção Figura 54

Figura 51 – Foto Aérea de 1954 da

E a expansão destacada no tom mais escuro de marrom da ultima expansão da região segue crescendo até hoje, visitando o local é possível ver construções ultrapassando o

área de intervenção

muro de divisa com o terreno vizinho. Essa é hoje a área mais precária do local, com

Figura 52 – Mapa Vasp Cruzeiro

ausência de saneamento básico, situações de risco e ligações de água e luz clandestinas,

1954 da área de intervenção Figura 53 – Foro Aérea de 2000 da

a mesma também não tem regularização fundiária. Hoje a área é considerada pelo IPT

área de intervenção

como RISCO 2 – Risco reduzido a possibilidade de ocorrência, médio em

Figura 54 – Foto Aérea de 2018 da

escorregamento e solapamento.

área de intervenção GEOSAMPA

61


Figura 56 – Gráfico de moradores por domicílio.

Figura 55– Gráfico da População segundo a faixa etária RMSP

SP

30%

Jardim Jaqueline

26%

30

25% 21%

25

20%

20%

18%

20 15%

15 10

10%

5

5%

0 De 0 a 9

De 10 a 19

De 20 a 29

De 30 a 39

De 40 a 49

De 50 a 59

De 60 ou mais

O gráfico apresenta a média de idade dos moradores da RMSP, SP e do Jardim Jaqueline e notase que a população do bairro é predominantemente jovem, sendo de 0 a 39 anos as maiores médias e quanto mais velha a idade, menor o número de habitantes. Isso é possível por não ser um bairro tão velho e que ainda está em transformação, além de também não dar uma alta expectativa

14%

0% 1

2

3

4

5 ou mais

A média de moradores por domicílio no Jardim Jaqueline é de 3,6, isso se justifica no gráfico acima com a porcentagem maior de 26% as residências com 3 moradores, porém ainda tendo o número de 18% de residências com 5 ou mais moradores.

de vida pelas condições insalubres que o bairro tem.

Figura 57 – Gráfico de detalhamento dos domicílios segundo o tempo de residência

Figura 58– Gráfico de domicílios segundo o número de cômodos. 35%

5%

33%

30%

27%

25% 17%

35%

22%

Menos de 5 anos 20% De 5 a 9 anos De 10 a 15 anos De 16 a 25 anos

15% 10%

9% 7%

5%

19%

1% 26 anos ou mais

0% 1

2

3

4

5 ou mais

Serm informação

23%

Este é um gráfico de complemento as conclusões tiradas do gráfico de população segundo a faixa etária, onde mora a expectativa de tempo de residência dos moradores no bairro, sendo a maior porcentagem de pessoas que vivem menos de 5 anos no local.

Mesmo tendo uma média comum de moradores por domicílio, a média de cômodos por domicílio demonstra um resultado negativo, já que 33% das residências tem apenas 2 cômodos e apenas 9% tem 5 ou mais cômodos. Os dados que são inversamente proporcionais demonstram que muitas famílias vivem em espaços incompatíveis ao número de pessoas que o espaço comporta, tornando assim ainda pior as condições de moradia.

62

Fonte: Tese “Jardim Jaqueline – A disputa pela paisagem entre a cidade formal e a ocupação espontânea” de Tatiana Zamoner de 2013.


CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA Com base na leitura e análise da tese de Mestrado da Tatiana Zamoner de 2013 e destacando a pesquisa feita em 2012 pelo Pedro Abramo para um diagnóstico socioeconômico da área, é importante para poder entender a população na qual estamos

trabalhando e entender suas necessidades e características, junto aos demais dados apresentados ao longo deste trabalho. Com em média 3392 domicílios e cerca de 2867 encontrados na áreas irregulares e de risco e considerando a média de habitantes por domicilio é de 3,26 habitantes, entenda-se que mais ou menos 10 mil habitantes hoje vivem em condições precárias e podendo até encontrar residências em que 12 pessoas compartilham da mesma casa. Uma das fortes tendências do local é a verticalização das habitações, podendo ser elas por causa do crescimento familiar ou apenas para acréscimo de renda colocando as mesmas para alugar, isso faz com que essa contabilização acabe sendo uma variável a cada ano e incerta. Dos moradores cadastrados na pesquisa: 70% Intitulam proprietários de suas residências (68% deles não comprovam com documentação a propriedade), 25% Moram de aluguel (sendo 85% deles sem contrato de aluguel) e 4% Imóveis cedidos pelo possuidor do imóvel. A área de moradias irregulares e de risco são chamadas de CIT, por estarem dentro do terreno que pertence a essa companhia, dessa maneira, a área CIT hoje concentra 2% de construções de madeira do bairro e os outros 98% do bairro possuí construções de

alvenaria, justificando o bairro não ser recente, sendo a pesquisa da FINEP, as pessoas que moram a menos de 10 anos em favelas tem forte mobilidade residencial intrafavela e 60% se mudam na própria favela. Figura 59 – Tabela de Infraestrutura instalada

O bairro tem grande deficiência de infraestrutura, em especial no setor CIT, dessas deficiências se destaca a ausência de centro culturais, serviços de educação, em especial as creches públicas, que se associa a falta de vagas ou distancia, fazendo com que sejam encontradas no bairro muitas delas informais. Porém os fatores de educação e cultura não

são vistos com a prioridade pelos moradores, isso se dá parte pela falta de interesse e parte por não se tratar em um valor do cotidiano dos moradores, porém o distanciamento com a Fonte: Tese “Jardim Jaqueline – A disputa pela paisagem entre a cidade formal e a ocupação espontânea” de Tatiana Zamoner de 2013.

cultura está relacionado ao distanciamento com a educação.

63


Figura 60 – Vista da entrada na favela pela Rod. Raposo Tavares.

Figura 63 – Vista panorâmica da favela do Jardim Jaqueline e o terreno de escolha

Figura 61 – Vista do terreno de dentro de uma residência da área da CIT da favela.

Figura 64 – Esgoto passando pela viela.

FIG 63

Figura 62 – Vista do terreno de dentro de uma residência da área da CIT da favela.

Figura 65 – Córrego aberto e poluído.

FIG 74

Figura 66 – Moradia sobre o córrego.

Figura 67 – Moradia da área CIT.

Figura 68 – Muro de divisa entre a favela e o terreno.

FIG 75

FIG 65 TODAS AS FOTOS FORAM TIRADAS POR: Camila F Martin, 7 de Abril de 2018

64


FIG 60

Visita in loco situação atual Da área de intervenção Figura 70 – Moradias da favela.

Figura 71 – Ciclistas pela viela.

Figura 72 – Viela de divisa com o terreno.

FIG 73

FIG 64 FIG 72 FIG 71 FIG 67

FIG 68

FIG 70 FIG 61

Figura 73 – Moradias de madeira.

Figura 74 – Barreira urbana / linha de alta tensão.

Figura 75 – Moradia de risco.

FIG 62

FIG 66

Figura 69 – Mapa de localização das fotos. Google Earth

TODAS AS FOTOS FORAM TIRADAS POR: Camila F Martin, 7 de Abril de 2018

65


“Nunca vi cartão postal que se destaque uma favela Só vejo paisagem muito linda e muito bela Quem vai pro exterior da favela sente saudade (...) Trocada a presidência, uma nova esperança Sofri na tempestade, agora eu quero abonança O povo tem a força, só precisa descobrir Se eles lá não fazem nada, faremos tudo daqui Eu só quero é ser feliz Andar tranquilamente na favela onde eu nasci E poder me orgulhar E ter a consciência que o pobre tem seu lugar” Rap brasil – eu só quero ser feliz

66


Figura 76 – FOTO TIRADA NO JARDIM JAQUELINE Manorov, felipe, 2018.

67



REFERÊNCIAS PROJETUAIS

69


A ESCOLHA O projeto é uma solução de habitação para o bairro de Alvenaria de Lisboa, trazendo a ideia de solucionar problemas do bairro e modernizar o mesmo. A escolha desse estudo foi feita devido alguns aspectos de sistema projetual e construtivo que além de facilitar o desenvolvimento da forma, busca como uma de suas principais premissas a individualização da habitação, possibilitando ao morador a escolha de como organizar o seu espaço. O cubo é a forma modular que se repete para criar a unidade habitacional, além de também possibilitar varandas e usar da topografia para fazer o acesso em dois níveis. O programa são apenas habitações porém podendo ser de 1, 2 e 3 dormitórios, sem circulações verticais e dois acessos em circulação horizontal. Outro ponto a se destacar do projeto é a possibilidade de mudanças internas de usos, seguindo assim a necessidade de cada habitante de modo flexível.

Figura 77 – perspectiva da maquete do projeto. Fonte: Archdaily, disponível em:https://www.archdaily.com.br/br/01135370/competicao-habitacao-social-de-alvenaria-slash-fala-atelier . Acesso em: 13/03/2018


Figura 78 – diagrama da setorização das uh’s.

Figura 79 – diagrama Das tipologias de uh.

ESTUDO DE CASO 1 competição de habitação social de alvenaria Ficha Técnica Tipo / Situação Atual: Concurso

Local: Lisboa, Portugal Arquitetos: fala atelier Equipe: Filipe Magalhães e Ana Luisa Soares Ano: 2013

Figura 81 – imagens do projeto.

Martin, camila f, 2018.

Martin, camila f, 2018.

Figura 80 – diagrama de conforto ambiental do edifício.

Fonte: Archdaily, disponível em:https://www.archdaily.com.br/br/01135370/competicao-habitacao-social-de-alvenaria-slash-fala-atelier . Acesso em: 13/03/2018

APLICAÇÃO NO PROJETO Com o estudo das plantas tipo e da dinâmica que ela acaba trazendo para a volumetria do edifício, as intenções de projeto resgatadas nessa referência se da pelo uso de mudança de tamanho de tipologia conforme o pavimento para ganhar vazios na volumetria, esses que podem ser tanto uma área de lazer privativa, coletiva ou até mesmo uma possibilidade de aumentar a tipologia conforme a necessidade da família, seguindo assim o conceito também do arquiteto Alejandro Aravena. Assim também como o estudo, no projeto se aplicar uma fachada que dê

continuidade na morfologia da favela, o que nesse projeto conseguimos similar a forma a uma cidade informal. Martin, camila f, 2018.

71


A ESCOLHA A situação atual do projeto tem semelhanças com a área de

intervenção, tanto com relação ao desnível considerável,, quanto a questão de moradias de risco e a busca por qualificação dessa área critica urbana, como denomina o arquiteto Héctor Vigliecca. A escolha do estudo de caso é devido as soluções de implantação, conexão

com

o

tecido

existente

e

uma

continuidade

de

entretenimento por toda extensão do terreno. O uso de passarelas para conectar a favela é uma das características que é possível encontrar dentro do projeto desenvolvido neste

trabalho, além da dinâmica da volumetria, o uso de escadas e rampas dinamizando o terreno em desnível e a forma de buscar uma

Figura 82 – fotografia de uma das fachadas do projeto vista do campo de futebol.

morfologia que semelhe a favela.

Fonte: Archdaily, disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/623191/residencial-parque-novo-santoamaro-v-slash-vigliecca-and-associados .Acesso em: 22 de mar. De 2018


Figura 83 – Análise das conexões entre o projeto e o entorno.

ESTUDO DE CASO 2 parque santo amaro v Ficha Técnica Tipo / Situação Atual: Construído Local: Parque Independência, São Paulo - Brasil

Arquitetos: Vigliecca & Associados Equipe: Héctor Vigliecca, Luciene Quel, Neli Shimizu, Ronald Werner, Caroline Bertoldi, Kelly Bozzato, Pedro Ichimaru, Bianca Riotto, Mayara Rocha Christ, Fábio Pittas, Thaísa Fróes, Aline Ollertz, Sérgio Faraulo, Paulo Serra, Luci Maie Ano: 2012

Figura 84 – Croqui da implantação do projeto.

Área: 13.5 m² Figura 86/87/88 – fotos do projeto construído.

Fonte: Archdaily, disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/623191/residencial-parquenovo-santo-amaro-v-slash-vigliecca-and-associados .Acesso em: 22 de mar. De 2018

Martin, camila f, 2018.

APLICAÇÃO NO PROJETO Assim como destacado na escolha do projeto para estudo, o reflexo para o projeto se resulta na variação de espaços públicos e privados da implantação, dando também bolsões de lazer e atividades em diferentes níveis, como por exemplo no projeto de estudo a quadra de futebol e no projeto final deste trabalho as lajes com áreas de vivência. O uso de passarela que liga o tecido existente ao tecido projeto é outro forte destaque que se aplica em projeto, a busca por uma conexão direta

em diferente nível possibilita acessibilidade ao moradores do entorno no projeto, integrando o existente ao projetado. Outro aspecto de referência aplicado é a volumetria do edifício, não Figura 85 – foto aérea do projeto.. Fonte: Archdaily, disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/623191/residencial-parque-novo-santoamaro-v-slash-vigliecca-and-associados . Acesso em: 25/03/2018

sendo tão clara essa semelhança porém o conceito de buscar similar a morfologia do prédio a favela é resgatado para o projeto final deste 73 trabalho.


A ESCOLHA Dentre diversos projetos usados de referência e estudo para desenvolvimento do projeto do Boldarini Arquitetos Associados, o conjunto habitacional Alexandre Mackenzie com suas soluções de tipologias para Unidades Habitacionais, as duas fachadas bem marcadas e projetadas e o aproveitamento máximo dos dois tipos de solução quanto a terreno fez com que a escolha foi válida. O projeto conta com duas quadras que seguem uma dinâmica diferente, uma delas a configuração de apartamentos e a outra de casas sobrepostas, dessa forma, na primeira existe o projeto de espaços comuns, entradas e saídas coletivas e aproveitamento da circulação do térreo, otimizando o espaço. Já na segunda tipologia de conjunto, o individualismo de cada edifício e sua independência é maior, fazendo com que cada edifício funcione sozinho.

Figura 89 – Foto área do projeto executado e entregue. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/868401/residencial-alexandremackenzie-boldarini-arquitetos-associados.Acesso em: 22 de set. De 2018


Figura 90 – croqui de análise da implantação do projeto.

Figura 91 – croqui das tipologias de UH.

ESTUDO DE CASO 3 RESIDENCIAL ALEXANDRE MACKENZIE Ficha Técnica Tipo / Situação Atual: Habitação Social – Construído Local: Jaguaré, São Paulo - Brasil Arquitetos: Boldarini Arquitetos Associados Arquiteto Responsável: Marcos Boldarini Equipe: Simone Ikeda, Melissa Matsunaga, Daniel Souza Lima, Marina A.

Malagolini 1 – Dormitório 2 – Sala de Estar 3 – Circulação

Ano: 2010

4 – Cozinha 5 Banheiro

Área: 32.722 m² Figura 94 – imagens do projeto.

Martin, camila f, 2018.

Martin, camila f, 2018.

Figura 92 – croquis de análise das plantas tipo dos prédios com apartamentos.

Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/868401/residencial-alexandre-mackenzieboldarini-arquitetos-associados.Acesso em: 22 de set. De 2018

APLICAÇÃO NO PROJETO A maior referência que o projeto transmite para a proposta deste trabalho são Martin, camila f, 2018.

nas unidades habitacionais, na maneira em que se configura as unidades habitacionais quanto a corredor e ventilação das aberturas. Dessa forma, a configuração das unidades das casas sobrepostas foram mais

Figura 93 – corte longitudinal do projeto.

utilizadas, pela configuração do banheiro com divisor da sala para as áreas molhadas, otimizando a hidráulica do projeto pela concentração dessas áreas em uma área só, dessa forma, também privatizando a entrada dos quartos para áreas comuns, propondo um pequeno corredor em frente a entrada do banheiro.

75 Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/868401/residencial-alexandre-mackenzie-boldarini-arquitetos-associados.Acesso em: 22 de set. De 2018


A ESCOLHA O projeto de conexão a área residencial dos anos 60 da Espanha busca conseguir resolver os problemas urbanos de acessibilidade, carência de espaço público e conexão de desnível, propondo além disso edifícios garagem que contribuem com a necessidade local. Dessa forma, ele se desenvolve com níveis com diferentes rampas, escadas e elevadores panorâmicos que resolvem o problema de acessibilidade de dois níveis principais e promove novos espaços públicos para uma área antes esquecida devido seu grande declive.

Essa escolha foi primordial para analisar formas de solução em áreas de grande declive, como as do terreno de projeto deste trabalho, podendo assim mesmo com essa configuração projetar espaços livres junto a acessibilidade.

Figura 95 – Imagem do projeto. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/760005/vinculo-urbano-vaumm .Acesso em: 25 de abr. De 2018


Figura 96 – croqui de análise da implantação do projeto.

ESTUDO DE CASO 4 VÍNCULO URBANO Ficha Técnica Tipo / Situação Atual: Construído Local: Errenteria, Gipuzkoa - Espanha

Arquitetos: VAUMM Ano: 2013 Área: 5000 m² Figura 98 – imagem do projeto.

Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/760005/vinculo-urbano-vaumm .Acesso em: 25 de abr. De 2018

Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/760005/vinculo-urbano-vaumm .Acesso em: 25 de abr. De 2018

APLICAÇÃO NO PROJETO O conceito principal deste estudo está fortemente apresentado na solução

Figura 97 – croqui do corte do projeto.

da maior quadra do projeto deste trabalho para conseguir possibilitar uma conexão continua entre o parque e o tecido pré-existente, passando por todo o projeto e novas áreas de lazer. Dessa forma, o emprego de rampas, elevadores e escadas junto as níveis de espaço público entre as edificações é proposto também no projeto e busca da mesma forma qualificar o espaço urbano do Jardim Jaqueline.

77 Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/760005/vinculourbano-vaumm .Acesso em: 25 de abr. De 2018



ensaios projetuais

79


Figura 99 - intenções de projeto iniciais de organização espacial da proposta.

Martin, camila f, 2018.

Figura 102 - corte de destaque do objetivo da forma.

Martin, camila f, 2018.

80

Figura 100 - proposta i – croqui de volumetria e organização espacial.

Martin, camila f, 2018.

Figura 101 - proposta ii – croqui de volumetria e organização espacial.

Martin, camila f, 2018.

Figura 103 - diagrama conceitual da aplicação em projeto das características fisícas existentes na favela.

Figura 104 - corte conceitual de intenções de projeto.

Martin, camila f, 2018.

Martin, camila f, 2018.


desenvolvimento da forma Figura 105 - proposta iii – croqui de volumetria e organização da implantação..

A busca pela continuidade na morfologia existente na favela, junto a busca de alternativas de integração do tecido pré-existente ao projetado realocando as moradias de risco e promovendo novas que integrem a favela ao seu entorno, são as primícias que direcionam as formas obtidas. Ocupando inicialmente três quadras, utilizando a topográfica existente, os elementos como as lajes, vielas e caminhos espontâneos são o direcionamento para retomada desses elementos no projeto, assim como os “escadões” presentes em favelas brasileiras. Dessa forma, um eixo principal é destacado, entre os elementos do projeto e ligando diretamente a favela existente, até o Parque proposto no plano de massas. É importante exaltar no projeto uma conexão independente das habitações para os demais moradores do bairro tenho acesso ao projeto, dessa forma, obtendo nele a costura dos tecidos. Figura 106 – estudo de insolação e ventilação natural.

As

formas

irregulares

que

são

desenvolvidas aos longos dos croquis são uma forma de remeter ao perfil irregular das construções feitas pelos próprios moradores dentro da favela, dando em cada nível de conexão lajes

de áreas comuns para os moradores do conjunto habitacional e da comunidade vizinha.

Martin, camila f, 2018. Martin, camila f, 2018.

81


Figura 107 – Perspectiva da maquete ii da proposta iv de projeto Martin, camila f, 2018.

82


Estudo em maquete da volumetria Figura 108 – maquete i da primeira proposta volumétrica.

Figura 109 – maquete iii da proposta volumétrica 3 definida.

Ao longo do desenvolvimento do trabalho a produção de maquetes volumetrias junto a topografia contribuíram para o desenvolvimento do projeto, facilitando o desenvolvimento do projeto pelo entendimento tridimensional do terreno e das massas propostas.

A primeira proposta na figura 112 é a primeira ideia de uso da topografia existente de forma que ela escalonasse as edificações

remetendo

a

morfologia

existente.

Com

o

desenvolvimento da ideia, considerando a direção solar, a viabilidade da segunda forma das figuras 111 e 113 foi considerada, para que assim as habitações tivessem a principal fachada a Norte, Nordeste e Leste. Mantendo assim ideia Martin, camila f, 2018.

Figura 110 – maquete ii da proposta iv volumétrica.

Martin, camila f, 2018.

Figura 111 – maquete iii da proposta volumétrica 3 definida.

principal de remeter a morfologia do espaço de principal conexão, a favela. A terceira maquete realizada das figuras 114 e 115 é com uma concepção mais formulada, com propostas de fachada, lajes de conexão implantadas e com uma nova alternativa de conexão entre o existente e o projetado, a passarela de conexão entre os prédios e o entorno.

Martin, camila f, 2018.

Martin, camila f, 2018.

83



UMA PROPOSTA PARA O JD JAQUELINE

85


“A favela é uma construção comunitária: nela, cada tijolo é uma biografia. Ao contrário da “cidade formal”, e exatamente como as mais antigas aldeias da pré-história, a favela é um ambiente que foi inteiramente construído, com as próprias mãos, pelos mesmos homens que a habitam.” Luis Kehl – “breve história das favelas”

86


Figura 112 – FOTOGRAFIA NO JARDIM JAQUELINE. Manorov, felipe, 2018.

87


88

Figura 113 – foto inserção das massas na área de intervenção. Martin, camila f, 2018.


partido arquitetônico A partir do embasamento teórico junto as análises feitas no eixo Butantã – Vila Sônia e no Jardim Jaqueline, com os estudos de caso de soluções urbanas para áreas criticas, se conclui como partido principal a habitação com principio de soluções urbanas em favelas partindo da solução como um ponto de acupuntura urbana para refletir assim nas demais intervenções e no seu entorno. Buscando então uma dinâmica que pudesse proporcionar ao projeto além de novas habitações, mas também , conexões entre o projeto e o tecido consolidado tanto da favela como do entorno, de uma forma que pudesse centralizar no projeto o encontro desses tecidos. A solução que segue junto ao conceito habitacional é do espaço

livre, que além de proporcionar lazer a uma área que sofre pela ausência de espaços públicos de qualidade, proporciona também novos caminhos, com um percurso central de conexão direta entre a favela e o projeto completo, fazendo com que esse percurso seja parte do novos moradores e também da cidade. Dessa forma, priorizando o pedestre e promovendo alternativas de caminhos, as passarelas tem o objetivo de otimizar o caminho do pedestre sem interrupções por vias de automóveis, dessa forma, proporcionando ainda mais o fortalecimento do percurso central do projeto, esse que estabelece em diversos pontos equipamentos atrativos para permanência de pessoas. As áreas livres só são efetivas para suprir uma das necessidades do bairro pela implantação de equipamentos espalhados pelo projeto de lazer, como uma quadra poliesportiva, uma pista de skate, parques infantis, academias públicas e praças. A ênfase do projeto, são as habitações sociais como solução para não só a relocação dos moradores da área de risco e sem regularização fundiária mas também como uma solução de costura urbana demonstrando que a máquina de morar é sim um dos instrumentos mais importantes para a promoção da integração social em um bairro. Desde a forma até cada unidade habitacional, a busca por conceitos de diversidade, identidade e conexão são

ressaltados, de forma que a habitação seja pensada e projetada para famílias atuais, atendendo as necessidades de uma família de 2 a 6 pessoas por unidade habitacional. Sendo assim, o projeto que fortalece a integração social, principalmente dos favelados , que hoje ainda são marginalizados e “murados” perante a sociedade e cidade, tem como objetivo conectar a favela, a partir da sua borda, realocando os moradores da área de risco e promovendo em caminhos e espaços públicos a integração das pessoas e reafirmando a favela como parte da cidade.

89


Informações do Projeto Situação Atual Número de Habitações removidas para relocação em projeto (área de risco): 222 Número Estimado de Moradores: 800

Quadra E Área total do Terreno: 6550 m² Área total Construída: 9373,4 m² Coeficiente de Aproveitamento: 1,4 Taxa de Ocupação: 0,28 Taxa de Permeabilidade: 26% Número de Unidades Habitacionais: 100

Número Estimado de Moradores: 402

Quadra F Área total do Terreno: 18650 m² Área total Construída: 14839 m² Coeficiente de Aproveitamento: 0,80 Taxa de Ocupação: 0,21 Taxa de Permeabilidade: 24% Número de Unidades Habitacionais: 162 Número Estimado de Moradores: 652

Total de Habitações Concedidas no projeto: 262 HIS MISTO (HIS + COMÉRCIOS) CENTRO RECREATIVO SETORIZAÇÃO

CRECHÊ E BERÇÁRIO

SEM ESCALA

90

Figura 121 – implantação setorizada Martin, camila f, 2018.


PROGRAMA e dados do projeto Com base nos dados do IBGE de densidade demográfica da região, o número médio de pessoas em condições precárias e habitações em área de risco foi identificado, assim, a relocação dessas famílias segue

no terreno ao lado da área que antes habitavam, em cima do córrego Água Podre. Propor manter essa proximidade a área antes habitada é respeitar o pertencimento que as pessoas adquirem ao lugar que moram. No lugar dessas habitações foi desenvolvido uma infraestrutura verde no plano de massas, fazendo uma conexão direta com diversos meios moldais a Avenida Eliseu de Almeida. Para dar assistência as famílias é

Creche e berçário

CENTRO RECREATIVO Uso

18 m²

Secretaria

24 m²

Administração

18 m²

Diretoria

19 m²

Brinquedoteca

60 m²

Coordenação Ped.

18 m²

Sala de Oficinas

40 m²

Sanitários

Variado

Espaço de Jogos

45 m²

Cozinha

45 m²

Sanitários

42 m²

Refeitório

46 m²

Game House

38 m²

Despensa

14 m²

Lan House

38 m²

Depósito

13 m²

Mini Cinema

169 m²

Brinquedoteca

55 m²

Piscina

43 m²

Berçario

115 m²

Vestiários

70 m²

Salas Minigrupo

Variado

Em alguns dos térreos dos edifícios, existem pequenos comércios para atender a necessidade do bairro e do entorno, já que em pesquisa in loco foi possível identificar que muitas dessas habitações a serem removidas com que assim, esse comércio além de sustentar a infraestrutura,

Habitações sociais

mantém o trabalho dos moradores.

Vestiários

46 m²

Sala dos Professores

40 m²

Sala de Leitura

53 m²

Sala de TV/ Soneca

55 m²

Pátio externo

140 m²

Estacionamento

220 m²

Espaços abertos

Uso

Metragem

O projeto busca sustentabilidade e viabilidade financeira, para isso,

UH tipos I e II - estimado para 4 pessoas

60 m²

placas fotovoltaicas e as turbinas eólicas sustentem a energia das áreas

UH tipo III - estimado para 4 a 5 pessoas

65 m²

comuns e externas e as placas solares térmicas distribuídas para cada

Metragem

Espaço de Vivência

proposto uma Creche e um Centro Recreativo.

tem esse seus térreos o empreendimento de renda da família, fazendo

Uso

Metragem

Uso Passarela 1 - ligação favela - projeto Passarela 2 - ligação quadra A - C Praças Lajes Jardim Escadarias de Transição

UH tipos VI e V - estimado para 3 pessoas Lojas Comerciais Pequeno Porte

Variado

Áreas verdes de conservação

Cada bloco tem seu biciletário, Salão Comunitário e uma Horta

Bicicletário

Variado

Quadra Poliesportiva

Comunitária, além disso, contam com espaços comuns no decorrer da

Salão Comunitário

Variado

Playground Infantil

Espaços Compartilhados

Variado

Academia Pública ao ar livre

Estacionamento (Sub 1 e 2)

Variado

unidade habitacional garantam o aquecimento dos chuveiros de todas residências de forma sustentável.

implantação.

52 m²

Caixas de circulação vertical Rampas

91


FOTO INSERÇÃO MARTIN, CAMILA F. 2018

92


93


94


DIAGRAMAS SÍNTESE

HIPSOMÉTRICO O recorte escolhido para desenvolvimento da proposta tem 23 metros de desnível, trabalhado para atender o novo sistema viário e projeto.

CHEIOS E VAZIOS Partir de um terreno vazio junto ao tecido consolidado da favela foi o maior desafio, criando volumes distintos, porém que possibilitassem integração do entorno.

ÁREAS VERDES As áreas são tanto para lazer quanto para preservação ambiental, servindo também para criar os caminhos e fluxos pelas quadras.

ESPAÇOS DE PERMANÊNCIA São pisos em diversos pontos da topografia com equipamentos que estimulam a permanência de pessoas.

SISTEMA VIÁRIO Projetado integralmente a partir do plano de massas, o sistema viário visa ser o principal instrumento de integração dos tecidos existentes.

FLUXOS Destacado em vermelho, o principal fluxo priorizado é do pedestre, permeabilizando a quadra e dinamizando os caminhos.

95


Detalhe 1 Sem Escala

96


CORTE AA’

97


Detalhe 1 Sem Escala

98


CORTE BB’

99


ÁREA DE JOGOS

ESPAÇO PARA ATIVIDADES (YOGA, PILATES E CAPOEIRA)

PASSARELA 2 DE TRANSIÇÃO PÚBLICA. ESTRUTURA METÁLICA COM LAJE DE CONCRETO

100


IMPLANTAÇÕES

ESPAÇO CHURRASCO

101


102


PLANTAS TIPO

103


104


PLANTAS TIPO

105


CORTES

Corte CC’

Corte DD’

106


PERSPECTIVA DA PASSARELA 2 MARTIN, CAMILA F. 2018

107


108


PLANTAS TIPO

109


110


PERSPECTIVA DA QUADRA POLIESPORTIVA MARTIN, CAMILA F. 2018

111


112


PLANTAS TIPO

113


114


PERSPECTIVA DA PRAÇA NO PONTO MAIS ALTO DO TERRENO MARTIN, CAMILA F. 2018

115


Corte EE’

116 Corte FF’


PERSPECTIVA DO ESPAÇO DE CONVÍVIO EXTERNO ENTRE OS BLOCOS C E D. MARTIN, CAMILA F. 2018

117


SUBSOLO 1

118


SUBSOLOS

SUBSOLO 2

119


120


DETALHES

121


TIPOLOGIAS

122


PERSPECTIVA DA VISTA DA FAVELA PARA O PROJETO. MARTIN, CAMILA F. 2018

123


PERSPECTIVA DA HORTA COMUNITÁRIA EM UMA DAS LAJES. MARTIN, CAMILA F. 2018

124


PERSPECTIVA DO ANDAR LIVRE E PÚBLICO DO BLOCO C. MARTIN, CAMILA F. 2018


126

Figura 114 – fotografia do bairro jardim jaqueline Martin, camila f, 2018.


Pelas ruas e vielas uma história que se constrói a cada dia, de angustias, lutas e sonhos que são guardados nas paredes de tijolos sem reboco, das poucas e privilegiadas vistas do céu a busca de moradia digna, regularização fundiária e qualidade de vida para um espaço emparedado pelos empreendimentos que vivem a sua volta. Precisamos olhar para favela. Dar espaços para aqueles que se apropriam das ruas estreitas para seu lazer. Proporcionar moradias, para aqueles que encontram como solução um barraco sobre um córrego. E integrar a cidade, o tecido urbano espontâneo que é história da cidade tanto quanto prédios e bairros planejados. Não queremos que a favela seja substituída por uma configuração que tira a vida de dentro dela, queremos que a favela esteja viva, com tudo que todos tem direito, com árvores e praças e também seus becos e vielas. A favela precisa estar integrada a cidade, sem segregações

e

muros,

e

assim,

iniciaremos

um

processo

de

democratização do espaço público.

“Nós não criamos a arquitetura ou o urbanismo de nossas favelas, mas se nos dedicássemos, conseguiríamos certamente tirar partido daquilo que nelas é qualidade ou mérito para tornalas igualmente prestigiosas.”

Henri Michel Lesbaupin

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Referências bibliográficas bibliografia VILLAÇA, Flávio. “Reflexões sobre as cidades brasileiras”. 1º ed. Studio Nobel, 2012. VARGAS, Heliana Comin; CASTILHO, Ana Luisa Howard de. “Intervenções em Centros Urbanos”. 3º ed. Manole, 2015.

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