Arquitetura para crianças - Livro de atividades

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ARQUITETURA PARA CRIANÇAS Um livro de atividades

MARTINA OVIES S. REUS


ARQUITETURA PARA CRIANÇAS Um livro de atividades


Olá leitor! Dentro desse livro você irá encontrar algumas atividades que relacionam a arte, a natureza, a arquitetura e a cidade; mostrando como cada um desses elementos estão presentes e podem modificar o nosso dia a dia. O volume em suas mãos e suas atividades foram desenvolvidas como o projeto de um TCC de Arquitetura¹, tendo sido pensado para professores que queiram utilizar algum exercício complementar ou aulas extras e dinâmicas, as atividades foram preparadas e experimentadas com crianças de 5 a 12 anos. A ordem das atividades segue da mais simples até a mais complexa em questões de execução e compreensão dos temas, mas nada impede que sejam utilizadas separadamente e de maneiras diferentes, assim como podem ser feitas com crianças e adultos das mais diversas idades; a idade não é um fator limitante para aprender, outras atividade e desafios podem ser adicionados sempre, basta ter imaginação!

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¹ <https://issuu.com/martinaovies/docs/arquitetura_para_crianc_as>


ÍNDICE

INTRODUÇÃO

p. 3 p. 10 p. 12 p. 13

SEMANA 1

p. 14 p. 16 p. 18 p. 20 p. 22 p. 24

SEMANA 2

p. 26 p. 28 p. 30 p. 31 p. 32

SEMANA 3

p. 34 p. 36 p. 38 p. 40

ANEXOS

p. 41 p. 43 p. 51

Cronograma de atividades Organização do guia Diretrizes gerais

Na casca do ovo Experimentando a arte Livro das casas Casa do artista Elementos da natureza

Abrigo Meu quarto Planta e corte Questão de escala

Estruturas Minha cidade Nossa cidade

Jogo da memória Geodésicas


Você pode estar se perguntando agora: “Por que eu usaria atividades de arquitetura com crianças? E como eu faria isso?" Muito bem, é para isso que estamos aqui! Mas vamos com calma. Talvez você também não saiba exatamente o que é arquitetura, seus pontos fundamentais ou todos os seus campos de atuação, então traremos aqui um breve resumo sobre isso. A primeira coisa que você deve saber é que toda a arquitetura é baseada no CORPO HUMANO; e é com base no nosso corpo, nossos sentimentos e sensações que surge o principal papel do arquiteto: CRIAR ESPAÇOS, sejam esses espaços reais ou imaginários.

FUNDAMENTOS E HISTÓRIA

Dentro da arquitetura existe um grande estudo sobre questões culturais, sociais e comportamentais que analisam nossas relações e percepções sobre o espaço das mais diversas formas. Através desses estudos entendemos como quatro paredes e um teto podem afetar as pessoas de acordo com as características desse cômodo, despertando em nosso corpo sensações muito variadas. Podemos ver ainda como uma casa ou uma rua podem despertar ideias tão diferentes em cada um de acordo com as memórias de quem a vê, os espaços também são construídos e modificados em nosso imaginário através das experiências que temos, sejam boas ou ruins.

INTRODUÇÃO

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Nossas memórias estão muito ligadas com a nossa história, e sendo a arquitetura um elemento durador mas em constante transformação é possível aprender muito sobre o desenvolvimento social, cultural e tecnológico da humanidade através dos séculos.

PROJETO

Provavelmente o campo mais conhecido da arquitetura é o de projeto, da construção efetiva do espaço. Nessa área o arquiteto pode pôr em prática e trazer para a realidade tudo aquilo que é estudado sobre nossa relação com o meio físico, é onde se trabalha a criação, composição e organização dos espaços que habitamos. A arquitetura procura abrigar as atividades humanas da forma mais prática e funcional possível, mas sempre com certa intenção plástica, buscando beleza e leveza para os ambientes. Os projetos de arquitetura podem ter os mais variados tamanhos e propósitos, podendo ser objetos ou mobiliários, casas, escolas, grandes edifícios, pontes, monumentos e tantas outras possibilidades.

REPRESENTAÇÃO

Para que todas as ideias possam sair da cabeça do arquiteto e se tornar realidade temos diversas formas de representar seus pensamentos.

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INTRODUÇÃO


Hoje em dia temos diversos softwares que agilizam e facilitam o entendimento do projeto idealizado, mas antes do computador temos nossas mãos. O desenho feito à mão, ou o desenho de observação, trazem em seus traços as sensações e percepções, deixando características mais evidentes ou mais amenas de acordo com o observador. O croqui é um dos primeiros registros de projeto, são as primeiras linhas que trazem as ideias do arquiteto de forma rápida. Depois do croqui passamos para o desenho técnico, preciso e de linguagem universal. E claro, como a arquitetura é feita para pessoas, nunca podemos nos esquecer de utilizar a escala humana nos desenhos; que nada mais é do que a representação de nossos corpos utilizado aquele espaço.

TECNOLOGIA

Para que todas essas ideias e representações saiam do papel não basta a imaginação, são precisos muitos cálculos e técnicas. Atualmente temos muitos meios diferentes e avançados de estruturas e técnicas utilizadas nas construções. O método de construção de um projeto diz muito sobre ele e pode alterar totalmente sua estrutura; uma casa pode ser construída tanto de tijolos quanto de madeira, mas ao determinar com qual ela será feita sua forma e seu sistema serão alterados.

INTRODUÇÃO

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A linha de tecnologia também estuda questões relacionadas à sustentabilidade, buscando técnicas e materiais econômicos e ecológicos que criem e mantenham um ambiente saudável para as próximas gerações.

CIDADE E PAISAGEM

A criação de espaços não acontece apenas em ambiente fechados, pelo contrário, temos diversos lugares projetados por arquitetos que estão à céu aberto pelas cidades. Através do paisagismo e do urbanismo o arquiteto constrói não só o espaço, mas também a imagem de cidades, parques ou jardins. O paisagismo tem o olhar mais voltado para a natureza, através do projeto e do planejamento busca a preservação de espaços livres e coletivos, e a organização e formação da paisagem com o uso adequado da vegetação. Já o urbanismo tem um caráter mais técnico e abrangente, sendo responsável pelo estudo, organização, regulamentação e planejamento das cidades, incluindo sistemas viários, habitação, saneamento básico e etc.

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INTRODUÇÃO


Agora que você já sabe um pouco mais sobre a arquitetura vamos falar sobre as atividades contidas neste livro. Durante o desenvolvimento dos exercícios foram estabelecidas quatro bases de trabalho:

ARTE

A arte é uma das melhores formas de se expressar através dela transmitimos e experimentamos emoções, sentimentos, a vida. Todos têm arte dentro de si, o desenho é o nosso primeiro meio de comunicação, e o mais vasto, de uma forma ou de outra todos o entendem. A arte trás a vida e a alegria para os lugares. Imagine uma sala toda branca e sem vida, ela começa a se tornar cansativa com o tempo; agora imagine que essa sala começa a se encher de quadros vivos e coloridos, cheios de detalhes. Será que a cidade também não seria mais “leve” e divertida com várias cores, pinturas e esculturas por aí?

NATUREZA

A natureza é a nossa casa, nosso planeta; é de onde tiramos tudo o que precisamos para viver. Todo mundo tem um sentimento bom em relação à natureza, mesmo sem saber explicar; pode ser: escutar os passarinhos cantando, ver uma paisagem bonita, subir em uma árvore, mexer na terra ou simplesmente sentir o sol num dia frio ou o vento no verão. A natureza é muito importante para nós, para a saúde do corpo e da mente; mas com o crescimento das cidades ela vem diminuindo aos poucos, com as pessoas tentando domina-la ao invés de reaprender a conviver com ela..

INTRODUÇÃO

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ARQUITETURA

A arquitetura é uma forma de arte que cria ambientes, espaços e diferentes sensações nas pessoas. Nossas casas, escolas, museus e muitos outros prédios e construções foram pensados e desenhados por arquitetos; e cada um desses edifícios foi feito para passar uma sensação diferente, planejados para pessoas diferentes: uma escola infantil tem que ser feita pensando na pequena altura das crianças, já um museu de esculturas deve ser muito amplo e forte para abrigar peças grandes e pesadas. A natureza também é muito importante na arquitetura e pode influencia-la! Os quartos de uma casa são pensados de acordo com a posição do sol para que não fiquem quentes demais, as árvores podem ajudar a diminuir essa temperatura; se em um local venta muito podem ser feitas algumas proteções para que não fique tão frio e proteger a construção; assim temos infinitos problemas e soluções que podem existir em um projeto de arquitetura.

CIDADE

Muitos arquitetos trabalham como urbanistas, que são pessoas que fazem o planejamento da cidade para que ela fique cada vez melhor; infelizmente é um trabalho difícil e demorado, já que a cidade é muito grande e muda o tempo todo, dessa forma quase nunca é possível mudar tudo o que está ruim na cidade.

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INTRODUÇÃO


Dentro dela encontramos os três tópicos anteriores: há muita arte espalhada por aí, seja em museus ou nas ruas (muros?), também encontramos a natureza em praças, parques e plantada nas calçadas oferecendo alguma sombra; e vemos também a arquitetura em todos os lugares, em casas, prédios, pontes, museus, shoppings, escolas, parques... Nem sempre estão juntos ou em harmonia, mas cada um de nós pode mudar um pedaço da cidade aos poucos!

INTRODUÇÃO

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Mas afinal, como de fato esse guia funciona? Muito bem, os exercícios desse livro foram organizados em um formato que servissem como atividades extracurriculares de férias, com a duração a de três semanas, seguindo o mapa abaixo:

SEMANA 1: Arte e Natureza DIA 1 Na casca do ovo

DIA 2 Experimentando a arte

DIA 3

DIA 4

DIA 5

Livro das casas

Casa do artista

Elementos da natureza

SEMANA 2: Arquitetura DIA 6

DIA 7

DIA 8

DIA 9

DIA 10

Abrigo

Meu quarto

Planta e corte

Questão de escala

*Livre

DIA 13

DIA 14

DIA 15

SEMANA 3: Cidade DIA 11 Estruturas

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DIA 12 *Livre

Minha cidade

Nossa cidade

*Livre

CRONOGRAMA DE ATIVIDADES


A maioria dos exercícios não são diretamente relacionados, podendo ser aplicados também individualmente de acordo com a necessidade ou vontade do professor como atividade complementar para alguma matéria específica. Nada impede também que as atividades sejam aplicadas em outros ambientes que não o escolar ou com idades diferentes das sugeridas, o importante é que elas sejam adaptadas e que as pessoas se divirtam!

CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

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Como explicado nas páginas anteriores, os exercícios possuem quatro bases que podem ser identificadas dentro do guia por cores de referência utilizadas como o fundo das páginas de atividades:

ARTE = VERMELHO/ROSA NATUREZA = VERDE ARQUITETURA = AMARELO CIDADE = AZUL O livro se divide em três seções referentes às semanas de duração das oficinas, como visto no mapa da página anterior. E cada atividade se organiza da seguinte maneira:

INTRODUÇÃO

IMAGENS

Para ser lida com as crianças

MATERIAIS

ATIVIDADE

DICAS/COMO FAZER/IMAGENS

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ATIVIDADE

IMAGEM

OBJETIVOS

ORGANIZAÇÃO DO GUIA


As oficinas tem um tempo médio de 2 a 3 horas de duração, o que pode parecer bastante tempo mas quando não organizado e mal utilizado pode passar voando! Para o melhor aproveitamento das atividades foram estabelecidas algumas diretrizes gerais como sugestão.

Ter mais de um tutor em sala (em especial quando houver muitas crianças); Quando possível trabalhar em um ambiente fora da sala de aula e em roda, tornando o espaço mais acolhedor, onde todos podem se ver; Fazer uma exposição e apresentação do trabalho desenvolvido no dia para que todos interajam com as ideias dos colegas; Estabelecer regras para perguntar e falar, como um objeto da fala, para que aprendam o momento certo de ouvir e de serem ouvidos; Não limitar ideias ou o raciocínio da criança; nem o uso de materiais (quando possível), incentivando o compartilhamento e uso de forma coletiva.

DIRETRIZES GERAIS

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Semana 1 Arte e Natureza


NA CASCA DO OVO Como nós temos tratado o nosso planeta? Já reparou que não temos muitas árvores nas ruas, mesmo elas nos fazendo tão bem? Elas nos oferecem sombra e alimento, e nós as prejudicamos quando não descartamos o lixo de forma correta ou não nos importamos com o meio ambiente. Mas cada um de nós pode mudar isso aos poucos, olhando e cuidando mais de pertinho da natureza do nosso mundo.

MATERIAIS Cascas de ovos Canetinhas Brotos e sementes Terra

Para usar as cascas de ovos elas devem ser bem lavadas antes! Depois de lavadas deve ser feito um pequeno furo no fundo da casca com uma faca ou um palito para a drenagem de água.. Com as canetinhas podem ser feitos desenhos nas cascas para sua identificação, você pode desenhar aquilo que foi plantado, rostos, ou apenas escrever seu nome.

Ao plantar as sementes é importante verificar a época do ano para se fazer um plantio correto. Algumas sementes germinam mais rápido que outras, como: tomate, alface, rabanete, milho, feijão, girassol, pimenta e pimentão. A casca de ovo é um recipiente biodegradável e nutritivo para o solo e para as plantas, mas também é frágil, precisando de todo o cuidado e carinho.

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Com as cascas limpas, furadas e identificadas é hora de plantar! É só encher o ovo com terra, colocar as sementes e cobrir; ou plantar, com cuidado, alguns brotos. Se necessário fazer uma primeira rega.

A partir de uma conversa sobre o meio ambiente e a natureza, onde podem ser mostradas imagens comparativas de espaços com e sem árvores e espaços verdes, se espera que haja uma primeira tomada de consciência das ações de cada um sobre a natureza e sua responsabilidade sobre o que é feito a ela.

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EXPERIMENTANDO A ARTE O que é arte para você? Aquilo o que se vê em museus, feito por um artista distante? O desenho que você fez semana passada não é arte? E será que apenas desenhos são formas de se fazer arte? Aqui faremos isso de uma forma diferente, usando a tridimensionalidade, objetos do dia a dia e a sustentabilidade a nosso favor.

MATERIAIS Papéis variados Objetos diversos Tesoura Terra Cola

Nessa atividade serão feitas esculturas de formas diferentes, e vamos precisar de muita imaginação!

ESCULTURA DE PALAVRAS

Recortar várias letras nos papéis e dobrar, amassar e colar elas em um papel de base para a nossa escultura. Podem ser feitas com as letras do seu nome ou de uma palavra nova que você aprendeu.

ESCULTURA SUSTENTÁVEL

Sabe aquela aquela caneta sem tinta? Por que ao invés de jogar ela fora não damos um novo uso pra ela? Muitos materiais que usamos podem ser arte: um lápis pode virar uma árvore e uma borracha um barquinho! Para que a tinta de terra fique boa, o ideal é uma terra sem areia e com pouca matéria orgânica. Existem vários tipos e cores de terra que podem ser usadas, também podem ser feitas outras com cores com alimentos e plantas. Lembre de misturar materiais e técnicas nas obras de arte!

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TINTA DE TERRA

Você já pensou em fazer sua própria tinta? E uma tinta ecológica! É muito simples de se fazer, basta misturar muito bem: 1 medida de água 1 medida de terra 15% de cola branca

Além de desconstruir a ideia de arte apenas como desenhos e pinturas, a atividade incentiva a experimentação de novos materiais e técnicas, produzindo objetos tridimensionais a partir de objetos abstratos (palavras) e objetos do dia a dia, mostrando formas alternativas de arte e de forma sustentável ao reutilizar materiais e produzir sua tinta com elementos da natureza.

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LIVRO DAS CASAS Você já pensou em quantos tipos diferentes de casas podem existir na sua sua rua, ou na sua cidade; e no mundo todo?! Como será que nossos antepassados se abrigavam, e como vamos nos proteger no futuro? Com um pouquinho de criatividade e imaginação podemos descobrir e fazer um livro cheio de casas para morar.

MATERIAIS Papel A4 Grampeador Material de desenho

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Como demonstrado nas imagens, afolha A4 deverá ser dobrada e cortada ao meio duas vezes e grampeada formando um pequeno livro. O livro será completado e aos poucos, tendo um título revelado à medida em que o desenho anterior é terminado.


O títulos dos desenhos são: 1. Uma casa 2. A casa de um animal 3. A casa de um personagem 4. Sua casa 5. Uma casa do futuro

Já reparou como a maior parte das crianças desenha casas iguais, com um telhado de duas águas e uma chaminé com fumacinha, mesmo que em sua cidade não existam muitas casas assim? Essa atividade tem como objetivo estimular sua imaginação e memória de cada um para que enxerguem as diversas possibilidades de habitar um lugar.

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CASA DO ARTISTA Como seriam nossas casas e cidades se vivêssemos em uma obra de arte?Junte arte, arquitetura e muita criatividade e você pode criar casas super coloridas e divertidas.

MATERIAIS Jogo da memória Fotos de arte Material de desenho Papel

No final deste livro existe um pequeno jogo da memória feito com ilustrações do artista Federico Babina,; este jogo relaciona ilustrações de casas e as obras de arte que foram usadas de referência. Depois de terminar o jogo e conversar sobre as relações das obras, devem ser apresentadas e discutidas algumas obras diferentes das do jogo. Então será feito um trabalho parecido, onde cada um irá fazer o desenho de uma casa à partir das obras de arte apresentadas pelo professor.

Para as obras de referência, a sugestão são alguns artistas brasileiros: Tarsila do Amaral, Lasar Segal, Victor Brecheret e Almicar de Castro. Ao apresentar as obras o ideal é que se discuta em grupo suas principais características. Podem ser trabalhados artístas específicos de uma época ou vanguarda por exemplo.

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Obra de Lucio Fontana.

Com todos os desenhos terminados pode ser feito um novo jogo, onde o objetivo é adivinhar a obra que cada colega escolheu para representar sua casa.

Com essa atividade as crianças começam a ver a arquitetura de maneira diferente, abstraindo o modo como vivemos na realidade e pondo a imaginação em prática de forma artística; além de aprender um pouco mais sobre movimentos e artistas conhecidos no mundo.

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ELEMENTOS DA NATUREZA A natureza é importante para nós não apenas por nos fornecer alimento, mas também o sol, a chuva e o vento; e para construir nossas casas e cidades tivemos que aprender a lidar com ela para que fiquemos protegidos e confortáveis.

MATERIAIS

Você sabe a importância do sol, ventos e chuva para o planeta e como isso afeta nossas casas e cidades?

Bloquinhos Bússola Papel de seda Lanterna Papel

A partir dessa conversa o professor deve ensinar o grupo a localizar o Norte através do sol (podendo ter o auxílio de uma bússola), mostrando sua importância e indicando as luzes e sombras formadas pelo movimento do sol em um bloquinho (algo que simbolize uma casa). Em um lugar ensolarado cada um deixará um bloquinho num papel, onde será marcada sua sombra no início e no fim da oficina para ver a trajetória do sol no dia.

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Enquanto nosso bloquinho está no sol, serão apresentados elementos usados em construções e que servem para proteger e filtrar o sol e o vento, como cobogós e brises. Com o papel de seda cortado em quadrados, serão feitas dobras e cortes, formando desenhos como num cobogó. O sol será simulado com uma lanterna, mostrando o desenho formado pelos “cobogós de papel”. Através desses exercícios o objetivo é que as crianças comecem a perceber como a natureza e o meio externo afetam a nós e nossas construções, reconhecer a natureza como aliada ao mesmo tempo em que precisamos nos proteger, conhecendo algumas técnicas utilizadas para esse fim na arquitetura.

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Semana 2 Arquitetura


ABRIGO Já vimos que a natureza é importante para nós, mas que também precisamos nos proteger dela; como será que nós começamos a nos abrigar? Será que nós somos os únicos seres que buscam proteção do sol e das chuvas? E que outros tipos de abrigo podemos encontrar por aí além de nossas casas?

MATERIAIS Imagens de diversos tipos de abrigo

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As palavras casa e abrigo podem parecer muito parecidas num primeiro momento, mas se procuradas no dicionário ou pensarmos um pouco sobre elas, vemos que na realidade elas podem ser bem diferentes. Durante a conversa sobre essas palavras, mostrar imagens de cavernas, casas, casas de animais, abrigos e formas de proteção, começando pelo nosso próprio corpo. Devemos reparar que cada forma de abrigo, casa e sociedade é adaptada para os seus seres.


Para a parte prática os alunos farão um grande grupo e criar um abrigo com seus corpos, onde um colega deve conseguir entrar e se proteger. E então será feito o mesmo exercício em duplas ou trios. Cada grupo terá alguns minutos para pensar em formas diferentes de se abrigar e então apresentam suas soluções para o grupo todo..

Nessa atividade, a ideia é mostrar a necessidade de proteção de todos os seres vivos e como isso evoluiu e mudou a vida do ser humano ao longo da história, nos proporcionando diversas formas de habitar e ocupar o espaço e o planeta.

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MEU QUARTO Nós passamos tanto tempo em casa, em nossos quartos, é onde vivemos, brincamos e dormimos. Mas será que conseguimos nos lembrar de cada detalhe desses lugares e reproduzir eles?

MATERIAIS Papelão, caixas Tesoura e cola Materiais de desenho Papel

De forma rápida e prática, deve ser apresentado o conceito de maquete (a redução de um espaço para estudo) e como se faz uma. Então cada aluno um reproduzirá o seu quarto e seus elementos como: a porta, a janela, a cama, o guarda roupa.; com o máximo de detalhes que conseguirem se lembrar. Ao finalizarem as maquetes cada um apresentará o seu espaço; onde gosta de brincar, o que mais gosta no quarto e contar se foi fácil ou não se lembrar de todos os detalhes dele.

Neste primeiro contato com o mundo reduzido, a ideia é que a criança tenha que se lembrar e de fato pensar no espaço que ela vive, que ela ocupa, para que possa reproduzi-lo corretamente.

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PLANTA E CORTE Agora já sabemos como fazer a maquete de um ambiente, mas como o arquiteto usa o desenho para mostrar suas ideias e representar os detalhes do lugar que ele imaginou? Como ele faz para mostrar as paredes, portas e janelas, os pisos e degraus e todas as medidas e alturas de uma casa? Ele faz isso usando desenhos que chamamos de plantas e cortes.

MATERIAIS Planta do espaço Material de desenho Frutas Papel

Para mostrar a ideia da visão de desenho das plantas e cortes, podem ser usadas frutas cortadas. As frutas serão desenhadas inteiras e depois da maneira que forem cortadas. Além das frutas, será desenhada a planta. de sua casa ou do quarto, podendo usar a maquete de auxílio. Para que o desenho seja relacionado com o espaço físico, será feita uma "caça ao tesouro", os alunos receberão uma planta do espaço onde devem marcar os locais em que encontrarem algo diferente, podendo ser algo nunca visto ou algo escondido pelo professor.

Nesta aula serão apresentadas as formas de representação do arquiteto, mostrando como ele constrói o espaço e como relacionamos esses desenhos com o espaço em que de fato vivemos e ocupamos, que por vezes se mostra como algo abstrato e longe da realidade.

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QUESTÃO

DE ESCALA

Você já se perguntou como são feitas as medidas que usamos? Por que as coisas são como são? Uma porta poderia ser mais alta, uma cadeira poderia ser maior e por que as réguas têm as mesmas medidas? Imagine que todas essas coisas fossem feitas para um elefante, as portas e janelas seriam enormes não é mesmo? Por isso tudo ao nosso redor é baseado nas medidas do nosso corpo!

MATERIAIS Papel (jornal) Fita adesiva Objetos de medição

Com o jornal serão feitos bonecos para que as crianças busquem lugares em que ele fique abrigado de forma confortável. Ele cabe em baixo da mesa, da cadeira? Dentro de uma caixa? E você? Cabe? Medir a sala com o seu próprio corpo: pés, mãos, braços, pernas, tronco, cada um terá uma medida diferente. Serão apresentadas ferramentas para medição e então, usando a trena, os grupos irão fazer uma planta rápida e anotar as medidas da sala e seus objetos.

Os bonecos de jornal foram pensados para crianças menores. Com os mais velhos é possível pular esta etapa e também lhes ensinar um pouco mais sobre escalas.

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Com as medidas corretas anotadas, ir para um espaço aberto e desenhar a sala no chão com a fita, colocando também o desenho das mesas ou cadeiras .Com os mais velhos é possível reduzir a escala, desenhando o cômodo em 1:2, pela metade.

Aqui a ideia é construir uma relação de corpo-espaço, mostrando como as nossas medidas refletem no espaço que habitamos, além da importância da unificação das medidas (cada pessoa é única e com medidas diferentes, mas seria uma loucura ter 7 bilhões de medidas diferentes não é mesmo?). Com alunos mais velhos também é pos

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Semana 3 Cidade


ESTRUTURAS Temos leis da natureza atuando sobre nós o tempo todo, e são essas leis e forças que nos ajudam a construir prédios, pontes, túneis... Nós aprendemos a calcular e testar forças como a ação e reação e a gravidade para nos ajudar a fazer sistemas que são muito fortes para nos proteger e construir nossas cidades.

MATERIAIS Imagens de estruturas Papel Palitos Massinha

Apresentar exemplos de estruturas e como elas se comportam: pontes, túneis, casas e até mesmo as mesas e cadeiras da sala da oficina . Construir com o próprio corpo uma mesa humana, uma pirâmide ou brincar com o centro de gravidade através de exercícios de equilíbrio, mostrando na prática como funcionam os pilares, as vigas e a força da gravidade. Materiais se comportam de formas diferentes de acordo com suas condições, por exemplo, podemos estruturar uma folha apenas com dobras. aqui a atividade é criar estruturas abrigadoras apenas com dobras e cortes, sem cola,

Os exercícios corporais de equilíbrio do centro gravidade podem ser simples como ao lado. No anexo no fim do livro existem mais informações sobre as estruturas geodésicas.

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No segundo dia da oficina serão apresentadas estruturas mais complexas: as geodésicas. Feita a pequena geodésica, é hora de ocupar o espaço com uma megaestrutura, que pode ser feita de qualquer material ou formato, podendo ser uma geodésica (se houver a possibilidade) ou apenas um emaranhado de palitos colados formando uma "cidade conectada". Aqui demonstramos como as leis e forças da natureza estão atuando em tudo a todo momento. A ideia deste exercício é exemplificar sua lógica, sem cálculos e complicações, e sim através de experimentações corporais, materiais e de observação.

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MINHA CIDADE Você presta atenção quando anda pela cidade? O que tem dentro de uma cidade? O que você gosta ou não gosta na sua cidade? Cada um tem uma visão única de onde mora e de como esse lugar poderia ser melhor, como seria a cidade ideal para você?

MATERIAIS Papel A3 Material de desenho Blocos/caixas de papel

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Com a folha de papel A3 será montado uma espécie de palco, como exemplificado nas fotos. Tendo este palco feito, cada um irá desenhar uma cidade, aquela que imagina ideal, onde gostaria de viver, uma cidade do futuro... Com blocos de montar ou caixas, podem ser adicionados elementos 3D ao seu cenário como casas, torres, pontes, árvores e pessoas, construindo a história da cidade.


Com todos os cenários prontos, chegou a hora de sentar numa grande roda e conhecer a história de todas aquelas cidades imaginárias.

Para que a criança comece a pensar, de forma sútil, sobre o que é cidade, quais elementos que caracterizam uma cidade, relacionar coisas boas e ruins sobre o lugar onde vivem e criar uma narrativa sobre como isso poderia ser diferente.

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NOSSA CIDADE Nós passamos muito tempo em nossas casas e muitas vezes não nos lembramos de detalhes. E na cidade? Será que nos lembramos de tudo? Um lugar tão cheio de vida e detalhes diferentes; será que nós prestamos atenção de verdade nela? E será que mesmo morando na mesma cidade todos tem a veem igual ou cada um pensa nela de um jeito? Pode ser que onde você mora existam várias cidades que você não conhece.

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MATERIAIS

Cada um irá listar e desenhar o trajeto até o local da atividade: objetos, pessoas, animais, prédios encontrados..

Rolo de papel/papel grande, material de desenho, caixas de papel.

Em uma conversa sobre o trajeto devem ser encontrados itens ou locais em comum. Ao reconhecer esses itens, identificar porque eles fazem parte e formam a cidade. E então todos irão desenhar juntos em uma grande folha de papel, uma cidade: a que moram ou como ela seria se fosse adequada e boa para todos. A partir do mapa coletivo, será feita uma maquete dessa cidade, utilizando materiais recicláveis como caixas, copos, papelão e etc.

Aqui o objetivo é reconhecer elementos que compõe uma cidade indiferentemente de onde seja, e as características e percepções de cada um sobre ela, sobre o que dá vida a ela e como uma única cidade pode ter diversas interpretações. São retomados os exercícios de planta e maquete, sendo também um espaço para reaproveitamento de exercícios anteriores, como as esculturas, que podem aparecer para enfeitar a cidade.


ANEXOS






GEODÉSICAS As geodésicas são estruturas fascinantes por sua auto sustentação e aparente complexidade, mas estudando e entendendo o funcionamento de sua geometria triangular se torna algo de fácil reprodução. A volumetria básica da geodésica é o icosaedro, e à medida em que são feitas subdivisões em suas faces ele se aproxima mais de uma esfera. Essas subdivisões são chamadas de Frequência e simbolizadas por "V". Para começar a entender mais sobre essas estruturas e aprender a montá-las, é possível consultar diversos materiais gratuitos, assim como uma calculadora de domos, no site do grupo "Ameríndia Design em Sustentabilidade"¹, o grupo também tem um guia para iniciantes no assunto disponível no issuu.²

________________________________________________________ ¹ <http://amerindia.eco.br/index.html> ² <https://issuu.com/viniciusmaron/docs/c_pulas_geod_sicas_-_guia_para_inic>

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Este livro é o produto de um trabalho de conclusão de curso de Arquitetura e Urbanismo. Neste guia você irá encontrar atividades sobre arte, natureza, arquitetura e cidade que podem ser trabalhadas em sala para aulas mais dinâmicas ou como atividades extracurriculares.


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