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Prólogo MASF Journal Nº04

MUSEOGRAFIA: ESPAÇOS E DISCURSOS

AS CONFERÊNCIAS DO MUSEU 2021 Nº 4 2022

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PRÓLOGO

A última edição do projeto As Conferências do Museu, em março de 2021, teve de acontecer via zoom, dada o contexto de fortes restrições ainda instaladas devido à pandemia. Esta situação não impediu que as Conferências, ativando em suporte digital todo um quadro de comuni cação e inter-relação entre conferencistas e participantes, pudessem dar corpo à relevância do tema e à riqueza partilhada de vários contributos e comunicações.

O tema escolhido — Museografia: Espaços e Discursos — era, na verda de, bastante nuclear quanto à centralidade que as práticas museológicas têm na configuração do que poderíamos chamar a “vida do museu”: uma instituição que se constitui sempre a partir de um lugar, espaço e tempo assumidos na referencialidade de uma memória — herança artística e bens patrimoniais — que se comunica e deixa partilhar a diferentes níveis e por públicos diversos. Portanto, uma experiência de mediação: beleza, sentido, conhecimento, identidade e pertença, dados na historicidade do seu próprio acontecer.

Se recordarmos a nova definição do ICOM — O museu é uma institui ção permanente sem fins lucrativos, ao serviço da sociedade que pesqui sa, coleciona, conserva, interpreta e expõe o património material e imate rial. Os museus, abertos ao público, acessíveis e inclusivos, fomentam a diversidade e a sustentabilidade. Os museus funcionam e comunicam ética, profissionalmente e, com a participação das comunidades, propor cionam experiências diversas para educação, fruição, reflexão e partilha conhecimento — facilmente se percebe que os múltiplos “discursos e práticas” do museu visam sempre a realização dos seus objetivos essenciais — a cultura ao serviço do homem, da comunidade, e do reforço da liber dade e da paz.

Neste sentido, a museografia será sempre uma estratégia de comunica ção, mediação discursiva para articular, no preciso espaço do museu, um dado conjunto de informações “em favor” do objeto artístico, seja ele apresentado na sua mesma individualidade, seja na sua inter-rela ção expositiva – apresentadas, uma e outra, à livre fruição da sensibi lidade e da inteligência que contempla. Enquanto exercício de media ção, a museografia terá necessariamente a arte de (entre)cruzar espaço e tempo numa constelação de referências, que permitem ao destinatário dessa comunicação, ou ao público visitante, fruir de um dado conjunto de propostas estéticas, novas ou antigas, sem que tenha de abdicar da sua própria contemporaneidade. Também aqui, a museografia, lançan do mão de técnicas e saberes que irão convergir na construção de uma dada narrativa – amplamente museológica, ou ocasionalmente exposi tiva –, pode ser um verdadeiro exercício de sabedoria, se capaz de dizer a condição humana. Ou seja: no jogo concreto das mediações, utiliza das e inscritas na comunicação da beleza, podemos ter um testemunho antropológico veraz acerca do homem enquanto existência encarnada, no mundo, com os outros. Neste sentido, a reunião no MASF Journal 4 dos contributos especiali zados dos conferencistas desta quarta edição das nossas Conferências, é um convite à continuação do debate a partir das reflexões e experi ências apresentadas, de facto tão estimulantes na sua concreta diver sidade. Resta-nos agradecer aos Autores e aos membros da Comissão Científica o seu trabalho, saber e disponibilidade, e que esta partilha de conhecimento possa servir os objetivos e o fim maior da instituição museológica.

João Henrique Silva (Diretor do Museu de Arte Sacra do Funchal)

6 MASF Journal Nº04, 2022, Museu de Arte Sacra do Funchal

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