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Introdução

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Prólogo

Prólogo

INTRODUÇÃO

EDIÇÃO DE 2017A Pintura Flamenga dos séculos XV e XVI - Arte e Ciência

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A revista MASF Journal é uma publicação em suporte digital, de acesso livre e com periodicidade anual. Está associada à iniciativa “As Conferências do Museu” de Arte Sacra do Funchal. Surge da necessidade de divulgar os temas desenvolvidos nas comunicações apresentadas pelos conferencistas que participaram na iniciativa, proporcionando deste modo a criação de uma plataforma de partilha de ideias e conhecimento gerado.

A 16 e 17 de março de 2017 “As Conferências do Museu” abordaram o tema: A Pintura Flamenga dos séculos XV e XVI - Arte e Ciência, sendo este o tema adotado igualmente para o 1º número da revista MASF Journal.

A estrutura adotada contempla ainda um espaço destinado ao convite à participação (call for papers), aberto a todos aqueles que de alguma forma pretendam publicar sobre o tema de cada edição. O convite à participação objetiva a divulgação de textos sobre investigações, estudos e ações desenvolvidas e/ou em desenvolvimento, dentro dos formatos: artigo; recensão; atividades; notícias ou acontecimentos relevantes.

Com vista à qualidade e adequação do texto ao tema a que se destina cada edição, as contribuições submetidas a publicação na revista, via convite à participação, são sujeitas a uma avaliação pela Comissão Cientifica, por pares e de forma anónima. Esta comissão foi, nesta edição, constituída por alguns dos investigadores que participaram nas Conferências do Museu 2017: Fernando António Baptista Pereira, António Candeias, Isabel Santa Clara e Mercês Lorena.

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MASF Journal Nº01,2018, Museu de ArteSacra do Funchal

ESTRUTURA E CONTEÚDOS

A primeira secção da revista, de ora em diante, dedica um espaço à partilha, reflexão e memória sobre o seu percurso e sobre as diversas pessoas que dele fizeram e fazem parte. Neste número, a partir de uma entrevista, falamos com D. Teodoro de Faria, bispo Emérito do Funchal, acerca do seu posicionamento e papel assumido na preservação, estudo e comunicação da coleção de arte flamenga do Museu de Arte Sacra do Funchal (MASF).

A segunda secção da revista incluí artigos resultantes das comunicações dos conferencistas que integraram os Painéis da primeira edição das Conferências do Museu, em 2017.

Fernando António Baptista Pereira aborda a coleção de arte flamenga dos séculos XV e XVI do Museu de Arte Sacra do Funchal analisando questões de proveniência, oficinas de produção, datações, temas devocionais predominantes e encomendadores.

Christina M. Anderson explora, numa abordagem geográfica, a presença e influência de comerciantes flamengos no Império Português, particularizando o caso da Madeira. Cruzando e confrontando dados sobre comerciantes flamengos que se fixaram em diversas regiões estratégicas, dentro e fora da Europa, lança, a partir daqui, pistas para o aprofundamento de investigações que explorem as práticas e valores das comunidades de comerciantes flamengos além-mar no que respeita à arte.

Teresa Desterro centra-se na análise à obra pictórica de Francisco Campos, pintor maneirista de origem flamenga ativo em Portugal no século XVI. Realça a originalidade e modernidade da sua obra face aos artistas seus contemporâneos e a influência que o mesmo exerceu sobre as oficinas de pintura portuguesas da época, tomando como principal objeto de estudo a análise comparativa do retábulo desmembrado da igreja de Santa Cruz – ilha da Madeira, autoria de uma oficina lisboeta cuja obra testifica a influência de Francisco Campos e remete para o papel da encomenda artística madeirense no desenvolvimento das oficinas de pintura nacionais.

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MASF Journal Nº01,2018, Museu de ArteSacra do Funchal

Carolina Ferreira realiza um estudo técnico e material sobre as intervenções de restauro realizadas à coleção de pintura flamenga do MASF. A autora toma como propósitos o de este estudo, por um lado, se constituir como complemento aos estudos estilísticos já existentes e, por outro lado, o de contribuir para que possam ser melhor compreendidas as alterações, comportamentos e compatibilidades dos materiais empregues nas intervenções realizadas a montante, tendo em vista a maior eficácia das intervenções futuras.

Mercês Lorena realiza um estudo técnico e material de algumas pinturas retabulares flamengas, emblemáticas em Portugal, da autoria de Metsys, Morrison e Ancede. A partir desta a análise, a Autora aborda as características inerentes ao trabalho de carater oficinal e à forma como este se dividia no contexto das oficinas flamengas, defendendo a inexistência de diferenciação nos processos e modos de pintar das oficinas flamengas para os mercados internos e para os mercados de exportação.

Isabel Santa Clara trata as importações flamengas da segunda metade do século XVI a partir caso das pinturas existentes na Sé do Funchal da autoria de Michiel Cocxie, pintor régio de Filipe II. Segundo a Autora, numa época em predominaram as artísticas encomendas dentro do contexto nacional, esta encomenda “internacional” assume particular interesse ao levantar questões sobre o papel do rei Filipe II nestas encomendas destinadas à Madeira.

Sara Valadas procura aprofundar a compreensão da obra atribuída à oficina pictórica do mestre luso-flamengo Frei Carlos, ativo na segunda metade do século XVI em Portugal. Este aprofundamento alicerça-se no recurso a novas metodologias e técnicas de exame e microanálise que permitiram compreender práticas de produção artística e estabelecer estudos comparativos, nomeadamente, com a obra de um seguidor de Frei Carlos (nome desconhecido) estabelecendo relações entre os processos de produção e especificidades técnicas de ambos.

Alberto Vieira estabelece relação entre os ganhos resultantes da economia açucareira e as encomendas artísticas realizadas no contexto da ilha da Madeira entre os séculos XV a XVII. O termo “economia do Céu” é escolhido pelo Autor para designar este contexto específico e expressar a intencionalidade tácita que motivou muitos madeirenses a realizar doações de obras de arte às igrejas da Região.

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MASF Journal Nº01,2018, Museu de ArteSacra do Funchal

Na secção dedicada aos contributos submetidos através do convite à participação, contamos, neste número, com a participação de três autores dos campos de estudo da história da arte e da biologia.

Alexandre Dimov coloca enfoque na pintura de Santa Maria Madalena, proveniente da igreja da Madalena do Mar, na Madeira e que hoje integra a coleção do MASF. Estabelece um estudo comparativo entre a referida pintura e o volante direito do Tríptico de Maria Madalena da abadia de Dieleghem, que se encontra atribuído ao designado "Mestre de 1518", hoje conservado nos Museus reais de Belas Artes da Bélgica (Bruxelas). O autor enfatiza as notáveis semelhanças entre as duas obras, questionando a atual atribuição autoral da obra proveniente da Madalena do Mar.

Lília Esteves apresenta um estudo biológico realizado ao Retábulo da Sé de Évora, de produção flamenga. Além de abordar os tratamentos por anóxia realizados e os estudos de identificação das madeiras e de datação por dendrocronologia, a autora detém-se particularmente no estudo que visou a identificação de plantas pictoricamente representadas nas pinturas deste retábulo.

Sara Lambeau realiza um estudo à Salva de prata produzida em Antuérpia, proveniente da Sé do Funchal e que integra a coleção do MASF, procurando aprofundar o conhecimento sobre a mesma, nomeadamente, no que respeita às marcas e punções nela existentes. A Autora acrescenta assim algumas hipóteses e novas linhas de pesquisa para o estudo desta peça e de outras que integram a coleção deste Museu.

Na última secção do MASF JOURNAL, a equipa editorial realiza uma fotorreportagem referente à primeira edição d’As Conferências do Museu, decorridas em 2017, onde se regista, para memória futura, o programa, as comunicações e a exposição intitulada A centralidade da arte flamenga nas mediações educacionais no MASF.

Carolina Rodrigues Ferreira e Elisa Vasconcelos Freitas

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