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Introdução
2019Nº 2
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MUSEU DE ARTE SACRA DO FUNCHAL
ARTIGOS CIENTÍFICOSAS CONFERÊNCIAS DO MUSEU 2018
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MASF Journal Nº02,2019, Museu de ArteSacra do Funchal
INTRODUÇÃO
Associado à iniciativa As Conferências do Museu de Arte Sacra do Funchal, o número 02 da publicação MASF Journal adota o tema da 2ª edição das Conferências do Museu, divulgando particularmente os assuntos desenvolvidos nas comunicações apresentadas por conferencistas que participaram na iniciativa. Assim, 2 e 3 de março de 2018 As Conferências do Museu desenvolveram-se em torno do tema Questões de Arte Sacra, sendo este o tema do número 02 do MASF Journal. Partindo do conceito arte sacra, convocaram-se à discussão e partilha diversos temas e questões transversais, tais como, estudo da herança artística e patrimonial de caráter religioso, a construção do espaço sagrado e as questões da fé e da cultura.
Com vista à qualidade e adequação do texto ao tema a que se destina cada edição, as contribuições submetidas à publicação na revista, foram sujeitas a uma avaliação pela Comissão Científica, através do sistema de revisão cega por pares (peer-review).
A estrutura adotada continuou a reservar um espaço destinado ao convite à participação (call for papers), que esteve aberto a todos aqueles que de alguma forma pretendessem publicar sobre o tema de cada edição.
Além dos artigos, uma entrevista e uma reportagem fotográfica sobre o evento As conferências do Museu continuam, à semelhança do que aconteceu no primeiro número, a integrar a estrutura desta publicação.
ESTRUTURA E CONTEÚDOS DESTA EDIÇÃO:
Na primeira secção dedicada à entrevista, o MASF desafiou o Arquiteto Vítor Mestre a refletir e partilhar as suas ideias sobre a arquitetura religiosa e sobre a construção de espaço sagrado enquanto arquiteto, e também, sobre a sua visão em relação ao papel dos museus e, particularmente ao papel do Museu de Arte Sacra do Funchal, no convocar à discussão diversas questões e problemáticas afetas ao meio em que se insere.
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A segunda secção reúne textos resultantes dos conteúdos abordados nas comunicações pelos diversos conferencistas participantes na segunda edição d’As Conferências do Museu. A abrir esta secção, a transcrição da comunicação do conferencista principal José Tolentino Mendonça. Sucedem os artigos produzidos pelos diversos conferencistas, organizados de acordo com sequência alfabética dos apelidos.
José Tolentino Mendonça aborda, na sua elocução, a relação entre os discursos e práticas artísticas e o catolicismo na contemporaneidade trazendo à luz da reflexão gestos e sinais de rutura e de diálogo. Centrando-se na experiência da beleza, o autor situa a arte no centro nevrálgico, no lugar de encontro entre crentes e não crentes.
João Alves da Cunha analisa cronologicamente a arquitetura religiosa portuguesa no século XX, confrontando e contextualizando as características e as alterações conceptuais que se impuseram em cada tempo. Neste hiato, é salientado o papel preponderante, a partir dos anos 60, das disposições do Concílio Vaticano II e das transformações que dele advieram nas práticas litúrgicas, para as transformações na arte e arquitetura religiosa, mas também, já a partir dos 50, a ação influência do MRAR – Movimento de Renovação da Arte Religiosa em Portugal.
Joaquim Ganhão e Eva Neves apresentam um estudo de caso relativo ao Museu Diocesano de Santarém inaugurado em 2014, cuja origem se enquadra no âmbito do projeto de salvaguarda e valorização dos Bens culturais da Diocese de Santarém, iniciado em 2006 e que enreda outras dinâmicas menos visíveis como a inventariação, sinalização de património em risco, o apoio técnico e formativo às paróquias da referida diocese, bem como, outras ações e estudos. Nesta dinâmica surge também a implementação do projeto Rota das Catedrais. Os autores começam por descrever os processos procedimentos que antecedem e preparam a criação do Museu que decorre aliado à recuperação da Catedral de Santarém para, depois, expor um pouco daquela que é a estrutura, dinâmica e ação desta Instituição museológica.
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João Norton problematiza a relação entre a arte e o sagrado na contemporaneidade, a partir da ideia de crise. Apoiando-se em três autores que considera fundamentais para a análise da questão – Tilch, Couturier e Régamey – a que soma enquadramentos históricos e teóricos, o autor procura clarificar esta problemática defendendo que, num contexto cultural plural e secularizado, é premente a abertura das comunidades crentes à arte e à cultura do seu tempo.
Maria Isabel Roque centra-se nas práticas museológicas e processos de musealização da arte sacra, começando por introduzir e discutir os conceitos de sagrado, para passar depois, a uma síntese diacrónica sobre as práticas museológicas afetas à arte sacra. A partir deste enquadramento, a autora realiza uma reflexão sobre as especificidades e desafios que se impõem nos processos de musealização de objetos religiosos e aponta possibilidades e oportunidades de mediação, atendendo ao contexto de uma sociedade secularizada em que as práticas, significações e funções deste tipo de obras, não são já, muitas vezes, reconhecidas.
Nuno Saldanha confronta os conceitos de Arte Sacra e Arte Religiosa; Cultual e Cultural, suscitando a reflexão e debate acerca da musealização de objetos de Arte Sacra e da sua pertinência. Não rejeitando a musealização desta tipologia de objetos, o autor defende que estes, enquanto objetos de devoção, parte integrante dos ritos litúrgicos e intimamente ligados à comunicação e catequização dos fiéis não devem ser desligados da sua vocação cultual, sendo sempre as igrejas, a seu ver, os espaços preferenciais para garantir a preservação desta dimensão a par com as dimensões artística e cultural.
Luís Urbano desenvolve o seu contributo centrando-se particularmente nos testemunhos recolhidos em entrevistas aos arquitetos da Igreja do Sagrado Coração de Jesus em Lisboa – Nuno Teotónio Pereira e Nuno Portas. A estes testemunhos junta ainda outras fontes documentais, que constituem uma compilação de elementos relevantes sobre este espaço arquitetónico religioso atendendo a processos, percursos, relação forma-função, contextos e influências, que conduziram ao resultado concretizado no edifício que é hoje considerado uma das mais emblemáticas obras da arquitetura portuguesa do século XX.
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Joaquim Félix Carvalho apresenta “casos de estudo” sobre um conjunto de obras de arte litúrgica produzidas durante a última década, a partir da arquidiocese de Braga. Trata-se de um conjunto de criações que foram fruto do trabalho de uma equipa multidisciplinar e que resultou na criação e/ou remodelação de quatro capelas dos Seminários Arquidiocesanos de Braga, nomeadamente a capela Árvore da Vida vencedora do prémio ArchDaily 2011 para edifício religioso, e a remodelação da igreja de Pedraído em Fafe e da igreja de são Martinho de Cedofeita.
Na última secção do MASF Journal, a equipa editorial divulga a fotorreportagem referente à segunda edição d’As Conferências do Museu, decorrida em 2018. Um registo para memória futura, do programa, da projeção do documentário Sagrado e das comunicações decorridas nos dias 2 e 3 de março e 4 de abril de 2018.
Carolina Rodrigues Ferreira e Elisa Vasconcelos Freitas