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4 ESTRELAS E STARS
4 ESTRELAS E STARS
A fotogenia das estrelas brasileiras foi essencial nas revistas de fãs. A beleza das atrizes deveria ter o mesmo padrão das estrangeiras, e o cinema brasileiro, para prosperar, precisava de estrelas à altura das stars de Hollywood. A fotogenia, atrelada a um star system local, seria a base do estrelismo. Mas igualmente se associava o glamour ao conceito de estrela e as publicações ditavam quais atrizes eram as mais glamorosas. Ter glamour era um pré-requisito editorial e essencial à atriz. A star transpirava glamour, não era preciso reafirmá-lo, a fotografia faria essa função. O glamour era evidente nas fotografias das revistas estrangeiras, mas era menos perceptível no contexto das publicações brasileiras. As editorias esperavam poder contar com fotos a serem fornecidas pelos estúdios de cinema daqui, mas, diferente do material recebido pelas agências cooperadas ou diretamente dos estúdios de Hollywood, não havia uma estrutura organizada que alimentasse essa carência. Se havia um star system brasileiro, ele não supria as necessidades editoriais com conteúdo suficiente.
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O cinema nacional, que tanto tem progredido na qualidade dos filmes, precisa se organizar melhor. Não há Kodachromes das estrelas para serem publicados nas capas e nas páginas internas de cores. Não há serviço informativo organizado. Não há material inteligente de publicidade dos “astros” que os focalize sob os aspectos que o público mais gosta de conhecer, na vida real, fora das telas. (extrato do editorial da revista Cinelândia, no 2, jun. 1952, p. 3)
Na construção de uma celebridade, a indústria cinematográfica se aprimorou no modo de estereotipar suas estrelas. O star system baseia-se na premissa de que uma estrela é aceita pelo público em termos de um certo conjunto de traços de personalidade que permeiam todos os seus papéis no cinema. As estrelas de sucesso serão aquelas cujo apelo pode ser relacionado a uma série de características, associações e maneirismos. No processo de estereotipagem, os publicitários de Hollywood trabalharam com os formadores de políticas de estúdios para assegurar que seus esforços fossem consistentes com os da imagem da tela. Se uma atriz conseguia o reconhecimento através de papéis da “vizinha ao lado” , era importante que sua divulgação reforçasse essa imagem. Segundo Margarida Adamatti, a estrela brasileira precisava ser legitimada a partir da comparação com a estadunidense. “Essa estratégia revelava a dependência da primeira em relação à segunda” . (ADAMATTI, 2008, p. 308)