Revista Intervenção Urbana

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ENTREVISTAS COM Marcelo Ment e Gloye GALERIAS BOMBS

EDITORA MF EDIÇÃO 01 - 2017 RIO DE JANEIRO

XARPI




05 EDITORIAL 07 GALERIA 15

BOMB

20 ENTREVISTA 23 XARPI 27 BOMB 32 ENTREVISTA 39 GALERIA


BOMB

ENTREVISTA

GALERIA


Editorial A Revista Intervenção Urbana chega a todo vapor e com muita tinta!

O graffiti vem ganhando cada vez mais espaço nas mídias e sua valo-

rização é consequência disto. Novos materiais surgem e mudam o cenário da arte, e a Intervenção Urbana é mais uma peça nesse processo.

E para começar com o melhor da arte de rua, corremos atrás dos

melhores conteúdos visuais. As fotografias conceituais tem o olhar de Henrique Madeira, grande fotógrafo da arte urbana brasileira.

Nessa caminhada trocamos uma ideia com os artistas cariocas Gloye

e Marcelo Ment, que integram a primeira geração de grafiteiros do Rio de Janeiro. Eles nos contam um pouco sobre suas trajetórias, o processo de criação e da valorização da arte de rua.

E claro, muitas fotos de produções, pinturas e murais na seção de

galeria. Sem deixar a essência ficar para trás, trouxemos também a parte dos bombs e das pichações para demonstrar também sua intervenção nas grandes cidades.

A ideia é chegar para somar com aqueles que fazem a arte de rua

acontecer, de quem realmente gosta de graffiti e quer ter mais conteúdo. Então, aproveitem cada página, feita para vocês, com muita sabedoria. Divirtam-se!

5



GALERIA

TRAPA CREW

7

BASI


FINS

RDOISÓ

KOVOK CREW


KAJAMAN


MIRAGE - NIKOL - GAMÃO - FLOP

BOBI


CRANIO


ACME


BOMB RESTO - SLIKS - SCOLA

NOBÃ - SUPER - AFA

PIFO - NOIS - ORIO

15

SURTO - TITI FREAK - BR


REWS - MUS

CHOCO


SLIM - GUIL

LOCONES

SALMO


FLOW (vive)

MUDO



ENTREVISTA

glOYE

Um dos principais nomes do graffiti carioca, Paulo Seixas, mais co-

nhecido pelo apelido de Gloye, é um grafiteiro de descendência chinesa que nasceu e foi criado no Rio de Janeiro. Com mais de 20 anos de rua, gloye é uma referência para quem está começando e para quem já começou. Hoje é reconhecido além do seu graffiti por suas artes plásticas. Gloye iniciou na pixação e com o tempo foi procurando saber mais, se mostrou interessado e assim foi se aperfeiçoando, tendo atitude e ganhando espaço. Ele procura se manter “invisível”, apenas sendo visto nas ruas por seus traços e cores.

20 20


1 - COMO FOI SEU PRIMEIRO CON-

3 - QUANDO VOCÊ DECIDIU QUE

TATO COM A ARTE?

IRIA VIVER FAZENDO GRAFFITI?

Se não foi quando criança,

com guaches, aos 13 anos tive uma

Eu não decidi, apenas me en-

contro fazendo até hoje.

relação com o skate, nas ruas, e algumas atividades, praticadas nelas,

4 – QUEM SÃO SUAS REFERÊNCIAS?

me atrairam, como a pichação.

GRINGAS E BRASILEIRAS.

2 – CONTE UM POUCO DA SUA TRA-

JETÓRIA PARA OS NOSSOS LEITO-

artistas, mas minhas referencias são

RES.

as atitudes.

Admiro o trabalho de muitos

Final dos anos 90, a cena do

5 - COMO FOI SUA TRAJETÓRIA DE

graffiti no Rio de Janeiro estava para

ESTUDOS PARA DESENVOLVER UM

embalar e eu fui ao encontro de uma

ESTILO PRÓPRIO?

galera em São Gonçalo, que faziam

21

altos graffitis. Nessa época o muni-

Acredito que com o tempo nós

cípio de São Gonçalo já tinha muitas

vamos nos identificando, experimen-

pinturas pela rua e um cenário foda!

tando técnicas e efeitos, formando


combinações que nos interessam.

9 – DEIXA UM PAPO RETO PRA GALERA!

6 – O QUE VOCÊ MAIS GOSTA

SATISAFAÇÃO TOTAL.

DE PINTAR?

O que mais gosto são os

Throw-up e superfícies diversas.

Agradeço a oportunidade. E

para quem gosta de graffiti e está começando, hoje encontramos bastante informações e no mais é só praticar!

7 – O QUE O GRAFFITI SIGNIFICA PARA VOCÊ?

Significa conexão de ideias e

principalmente atitudes. 8 - QUAL SEU PONTO DE VISTA SOBRE O CRESCIMENTO DO GRAFFITI DENTRO DO ATUAL MERCADO DE GALERIAS DE ARTE?

O legítimo graffiti é pertencen-

te das ruas, esse é o segmento. Eu curto a ideia de galerias disponibilizarem trabalhos de artistas de rua, além de quem só vê na rua.


XARPI

RJ

23



SP


BH


BOMB

TOES - ISE - KOYO - FINOK

FORO

27

VAPS - SOON


PLANO B - COÉ

PODER AFRO


STILE

SNOUT


OS GÊMEOS

MUTANTES CREW



ENTREVISTA

MARCELO

MENT

Marcelo Ment é um artista carioca, da Vila da Penha, que nasceu em

1977 e a 19 anos faz graffiti pelas ruas do brasil e do mundo. Um dos nomes presente na cena, ele integra a primeira geração de artistas vindos do graffiti no Rio de Janeiro. Sua arte pode ser vista em grandes publicações do gênero e principalmente nos muros, sua base e principal superfície de estudos.

“As obras e histórias que venho construindo, são fundamentadas e

baseadas em experiências e situações do dia a dia , vejo a arte acima de tudo, como forma de comunicação, troca e busca de evolução em todos os sentidos.”

32


1 - COMO FOI SEU PRIMEIRO CON-

que remetem muitas vezes a pop

TATO COM O GRAFFITI E SUA TRA-

art me fascinavam, sempre desenhei

JETÓRIA DE ESTUDOS PARA DE-

e chegando na adolescência sentia

SENVOLVER UM ESTILO?

uma grande necessidade de estudar mais e praticar , apesar de não ter

Minhas primeiras referencias

uma pretensão artística na época,

visuais foram no início da década de

sempre encarei o spray de certa ma-

90 ao assistir vídeos clipes que apa-

neira como uma extensão dos lápis,

reciam alguns graffitis de Nova York,

canetas e pincéis. Desenvolver um

vídeos de skate também e algumas

estilo ou identidade é uma constru-

marcas de roupas que já usavam a

ção diária, demorei um pouco para

linguagem em suas estampas e iden-

entender isso.

tidades. Comecei a pintar desenhos

de letras e personagens com tinta

2 - QUANDO VOCÊ DECIDIU QUE

spray em 1998, mas iniciei pixando/

QUERIA VIVER DA SUA ARTE?

assinando meu nome em 1992 como a grande maioria da minha geração ,

não existiam graffitis na cidade além

anos, sou filho mais jovem de 5 e

dos nomes em uma cor que chama-

sofri influencia direta deles, meus ir-

mos de “pixação”.

Falando de inspiração e estu-

dos, o universo dos quadrinhos com seus diferentes artistas e estéticas

33 33

Comecei a trabalhar aos 16


mãos sempre estiveram envolvidos

res mais antigos é Van Gogh com

com arte e educação, após 2 anos em

certeza, no graffiti o alemão Can2 e

meu último emprego formal, fui de-

o francês Marko93, cada vez menos

mitido e tive meus direitos negados

tenho artistas como referências, fa-

e negligenciados, a partir de então

cilmente nos decepcionamos, prefi-

passei a me dedicar exclusivamen-

ro apontar o dia a dia de uma cidade

te as artes, tinha 21 anos na época,

como o Rio, o que temos de melhor

fiz trabalhos para escolas de sam-

entre os indivíduos, boas ações e

ba, em cenários para publicidade, tv,

projetos são as minhas influências.

teatro e cinema,

estabelecimentos

comerciais, dei aulas de desenho em

4 – O QUE VOCÊ MAIS GOSTA DE

diferentes projetos,

PINTAR NA RUA?

paralelamente

a isso sempre pintando nas ruas do

Rio por todos os cantos, viajando

Eu gosto de tudo, quando pin-

para outras cidades participando de

to me sinto mais próximo do que

encontros etc, sabia que tinha algum

posso ser e do que posso oferecer

talento mas não havia uma preten-

de melhor ao universo.

são artística efetivamente no início e tudo foi simplesmente acontecendo.

5 – QUAL MENSAGEM VOCÊ TENTA PASSAR COM SUA ARTE?

3 – QUEM SÃO SUAS REFEREN-

CIAS? GRINGAS E BRASILEIRAS.

Se fosse escolher uma men-

sagem seria de igualdade acima de

Minha referência entre pinto-

tudo, faz parte da condição humana 34


nao havia uma pretensao artistica efetivamente no inicio e tudo foi simplesmente acontecendo. construindo nos últimos séculos a

em algumas das maiores cidades do

competitividade e isso tem gerado

mundo através das obras que cons-

guerras, extremismos e intolerância,

truí nas ruas , trocando e aprenden-

com a globalização chegamos a um

do, o graffiti me proporcionou viver

nível nunca antes visto, todos quere-

essa vida como artista, experimentar

mos convencer o próximo que nos-

diferentes mídias e técnicas, estar

sas escolhas são as melhores, que

aberto a aceitar as diferenças e en-

somos os melhores em algo e incen-

tender que arte não deve ser elitista

tivados a competir desde crianças,

e isso não tem nada a ver com valo-

sem demagogia, tenho vaidades e

res de mercado etc, nobres devem

adoro ser reconhecido, mas enquan-

ser nossas atitudes e não o status do

to indivíduo não me considero me-

que produzimos, por isso os acadê-

lhor ou pior que alguém, a arte pode

micos relutam tanto em aceitar en-

ser um canal de construção para uma

quanto arte, pelo caráter “popular”

sociedade mais justa, uma comuni-

que o graffiti acaba absorvendo por

cação mais direta ao expectador e

estar nas ruas, fazendo uma compa-

não simplesmente uma celebração

ração superficial falando de Brasil,

ao ego, o que é uma vida de 60 a

aconteceu o mesmo com o samba

100 anos diante da eternidade? So-

e os músicos eruditos, o graffiti é a

mos UM.

forma mais autêntica e moderna de expressão artística na atualidade e é

6 – O QUE O GRAFFITI SIGNIFICA

o reflexo da sociedade que vivemos.

PARA VOCÊ? 7 - QUAL SEU PONTO DE VISTA SOEstilo de vida e expressão artís-

BRE O CRESCIMENTO DO GRAFFITI

tica , o “Graffiti” me levou a conhecer

DENTRO DO MERCADO DE GALE-

países, culturas e pessoas bem dis-

RIAS DE ARTE?

tantes da realidade que vivi grande parte da vida, estive como convidado 35

Acredito ser um movimento



natural, muitos artistas iniciam suas

aprendendo com este novo merca-

carreiras nas ruas mas sentem que

do a me posicionar e construir novas

se enquadram atuando como artis-

relações de negócios.

tas que pintam quadros, esculpem, fazem instalações etc, alguns como

8 – DEIXA UM RECADO AE PRA

eu por necessidade e experiências

GALERA! SATISFAÇÃO TOTAL.

adquiridas, outros por pura vaidade ou oportunismo como em qualquer

área, falando de mercado, o mun-

recente demais, pintar nas ruas é se

do está em crise e certos modelos

expor e trocar com quem passa por

estão engessados, o momento é de

elas, seja de forma legal ou ilegal ,

se reinventar e abrir portas para o

o que mais importa é você acreditar

novo, acontece o mesmo na música

no que faz, tentar entender que não

com a mudança de formatos e plata-

existem fórmulas , você precisa fazer

formas, os que pararam no tempo

apenas e ter consciência que cada

estão quebrando literalmente, tudo

escolha sua interfere no ambiente

é muito novo ainda e acredito ser o

que atua direta ou indiretamente, o

começo literalmente de uma nova

reconhecimento é consequência e

era, sou um exemplo vivo disso, te-

jamais deve ser objetivo, cada um

nho demanda e pedidos de telas

tem exatamente o que merece.

crescendo gradativamente de todo o mundo de forma independente,

Graffiti no Brasil é uma cultura



GALERIA

SIPROS


ASHMA


ISE

ICE - PIERRE - REN

ZAGRI


AREM

PREAS


GUT

ELLI

DOES


DUM

Z.O TEAM


ZEZÃO

TARM - TITO


SEBÁ

MUS - REWS - ANE


MURETZ

ED-MUN


SOCK (vive) - DJONE

BINHO

MONE E CELO


Editor responsável Mateus França Criação e Projeto Gráfico Mateus França Redação / Diagramação Mateus França Capa / Editorial (fotografia) Henrique Madeira Entrevistados Gloye e Marcelo Ment Agradecimento Gloye, ment, madeira, trapa crew, basi, fins, rdoisó, kovok crew, cazé, danilo roots, nata família, snek, afa, mag, dudu rosa, mirage, nikel, flop, kaja, bobi, cranio, acme, resto, sliks, scola, nobã, super, ldrão, teor, gueto, ligisd, surto, titi freak, br, mus, rews, mudo, born, ols, rilo, dek, flow, choco, ise, finok, toes, koyo, plano b, coé, foro, vaps, soon, poder, stile, snout, gemeos, mutantes crew, sipros, astham, ice, pierre ren, zagri, preas, arem, gut, elli, does, dum, zo.team, zezão, tarm, tito, sebá, ane, muretz, ed-mun, sock, djone, binho ribeiro, mone e celo Rua das Laranjeiras, 314 - Laranjeiras Laranjeiras, RJ - 22240-003 Rio de Janeiro - Brasil @intervencaourbana revistaintervencaourbana@gmail.com

www.revistaintervencaourbana.com.br




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